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MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento da úlcera péptica hemorrágica num hospital central Joana de Aboim Mota M 2019

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MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA

Resultados do tratamento da úlcera péptica

hemorrágica num hospital central

Joana de Aboim Mota

M 2019

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Resultados do tratamento da úlcera péptica hemorrágica

num hospital central

Joana de Aboim Mota

[email protected]

Orientadora: Doutora Isabel Margarida Moura Mesquita

Assistente Hospitalar em Cirurgia Geral; Assistente Convidada do Instituto de Ciências

Biomédicas Abel Salazar.

Coorientador: Professor Doutor Jorge Manuel Nunes dos Santos

Assistente Graduado Sénior em Cirurgia Geral; Professor Catedrático do Instituto de

Ciências Biomédicas Abel Salazar.

Mestrado Integrado em Medicina

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto

Junho 2019

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i

Agradecimentos

À Dra. Isabel Mesquita, agradeço por toda a dedicação e pela permanente disponibilidade que

demonstrou desde o primeiro dia.

Ao Dr. Jorge Santos, pela amabilidade com que aceitou colaborar na orientação deste trabalho.

Ao Serviço de Hematologia Clínica do CHUP e em especial à técnica Cidália, pela valiosa ajuda

prestada.

Aos meus pais, um eterno obrigada por tornarem este sonho possível e pelo apoio incondicional ao

longo de todos estes anos, nunca vos poderei retribuir.

À minha família, por toda a compreensão e pelo inestimável apoio que sempre me deram.

A todos os meus amigos, principalmente aqueles que ganhei ao longo deste percurso, agradeço por

todos os momentos memoráveis que partilhámos e por terem feito esta jornada valer a pena. Um

obrigada especial à Joana, por me motivar diariamente desde o outro lado do mundo, à Barbara,

por ter sido a primeira a acreditar que eu seria capaz e à Raquel, por ser a minha maior companheira

desde o primeiro dia.

Finalmente, ao meu namorado Tiago, por acreditar em mim mais do que eu própria e por viver

comigo cada conquista como se fosse sua.

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ii

Resumo

Introdução/Objetivo: A ulcera péptica hemorrágica representa uma urgência médica com elevada

taxa de morbimortalidade. Apesar de hoje em dia ser possível tratar a maioria dos doentes de forma

conservadora, a cirurgia de emergência continua a ser life-saving quando todas as outras medidas

falham. O objetivo deste estudo foi rever a gestão terapêutica e os resultados clínicos obtidos dos

doentes operados a úlcera péptica hemorrágia num hospital central, comparando-os com as

recomendações atuais disponíveis na literatura, a fim de identificar potenciais áreas de melhoria

futura.

Metodologia: Realizou-se uma análise restrospetiva dos processos clínicos eletrónicos dos doentes

operados a úlcera péptica hemorrágica, durante um período de nove anos, no Serviço de Cirurgia

Geral do Centro Hospitalar Universitário do Porto. Os doentes incluídos no estudo (n = 23) foram

selecionados com base no diagnóstico endoscópico e/ou cirúrgico. Variáveis clínicas, laboratoriais,

endoscópicas e cirúrgicas foram analisadas, desde a admissão no serviço de urgência até à alta.

Resultados: Dos 23 doentes incluídos neste estudo, 65.2% eram do género masculino, a média

etária foi de 63.7 ± 18.9 anos e a média de comorbilidades por doente de 2.9 ± 1.8. As hematemeses

constituíram a apresentação clínica mais frequente e o choque à admissão verificou-se em 21.7%

dos doentes. A média de unidades de concentrado de glóbulos rubros transfundidas por doente foi

de 7.3 ± 4.1. Todos os doentes foram submetidos a pelo menos uma endoscopia digestiva alta, em

91.3% dos casos nas primeiras 12 horas. Nesta, 69.6% das úlceras tinham localização duodenal,

52.2% apresentavam hemorragia ativa e 43.5% estigmas de hemorragia recente. O registo da

sinalização do caso à equipa cirúrgica foi documentado em 73.9% dos doentes e a indicação

cirúrgica mais frequentemente referida foi a hemorragia de alto débito impossível de controlar

endoscopicamente. Foram realizadas técnicas de cirurgia definitiva e não definitiva, em relação à

doença ulcerosa péptica, em 52.2% e 47.8% dos casos, respetivamente. No total, 60.9% dos doentes

tiveram algum tipo de complicação no pós-operatório, com uma taxa de mortalidade durante o

internamento de 13.0%. No grupo dos doentes que morreram, todos apresentaram um score

Rockall completo ≥ 6 e uma classificação ASA ≥ IV.

Conclusões: Este estudo demonstrou que a úlcera péptica hemorrágica continua a associar-se a

elevadas taxas de morbimortalidade. Com uma casuística de doentes submetidos a cirurgia cada

vez menor, a melhoria dos seus outcomes deve passar pela centralização de cuidados e pela adoção

de normas de orientação clínica que permitam otimizar a sua gestão terapêutica em contexto de

urgência.

Palavras-chave: úlcera gastroduodenal, úlcera péptica hemorrágica, hemostase endoscópica, cirurgia.

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iii

Abstract

Background/Objectives: Hemorrhagic peptic ulcer represents a medical emergency with a high

morbimortality rate. Nowadays, despite the possibility to treat most patients conservatively,

emergency surgery it’s still life-saving when all other procedures fail. Ideal timing for surgical

treatment remains controversial, relying essentially on a multidisciplinary decision. The aim of this

study was to review the therapeutic management and clinical outcomes obtained from patients

submitted to surgery due to peptic ulcer hemorrhage at a central hospital, comparing them with

the current recommendations available, in order to gain further insights into future improvements.

Subjects/Methods: Patients included in the study (n = 23) were selected based on endoscopic

and/or surgical diagnosis of hemorrhagic peptic ulcer made at Centro Hospitalar Universitário do

Porto, during a period of nine years. Clinical, laboratory, endoscopic, and surgical variables were

retrospectively analyzed from admission to discharge.

Results: 65.2% of patients were males, the mean age was 63.7 ± 18.9 years and the mean

comorbidities per patient was 2.9 ± 1.8. Hematemesis were the most frequent clinical presentation

and shock at admission occurred in 21.7% of patients. The mean number of packed units of blood

cells transfused per patient was 7.3 ± 4.1. All patients underwent at least one upper gastrointestinal

endoscopy, in 91.3% of cases within the first 12 hours. In this group, 69.6% of ulcers had duodenal

location, 52.2% had active bleeding and 43.5% had recent bleeding stigmas. Record of case

signaling to the surgical team was documented in 73.9% of patients and the most frequently

reported surgical indication was active bleeding that could not be controlled endoscopically.

Definitive and non-definitive surgical techniques were performed in 52.2% and 47.8% of cases,

respectively. Overall, 60.9% of patients had some postoperative complication with an in-hospital

mortality rate of 13.0%. All of patients that eventually died had a complete Rockall score ≥ 6 and an

ASA score ≥ IV.

Conclusions: This study showed that hemorrhagic peptic ulcer disease continue to be associated

with high morbidity and mortality rates. With a smaller number of patients undergoing surgery, the

improvement of their outcomes should focus on centralization of care and adoption of robust

clinical guidelines that optimize their therapeutic management in an emergency context.

Keywords: gastroduodenal ulcer, peptic ulcer hemorrhage, endoscopic hemostasis, surgery.

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iv

Abreviaturas

DUP Doença ulcerosa péptica

HP Helicobacter pylori

IBPs Inibidores da bomba de protões

AINEs Anti-inflamatórios não esteróides

AAP Antiagregantes plaquetários

EDA Endoscopia digestiva alta

UPH Úlcera péptica hemorrágica

CHUP Centro Hospitalar Universitário do Porto

SU Serviço de Urgência

ASA American Society of Anesthesiology

GBS Score de Glasgow-Blatchford

IMC Índice de Massa Corporal

CGR Concentrado de glóbulos rubros

ESGE European Society of Gastrointestinal Endoscopy

ACO Anticoagulantes orais

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v

Índice

Agradecimentos ..............................................................................................................................i

Resumo.......................................................................................................................................... ii

Abreviaturas ................................................................................................................................. iv

Índice ............................................................................................................................................. v

Lista de Tabelas............................................................................................................................. vi

Lista de Figuras ............................................................................................................................ vii

Introdução .....................................................................................................................................1

Materiais e métodos ......................................................................................................................2

Resultados .....................................................................................................................................4

Discussão .......................................................................................................................................7

Conclusão .................................................................................................................................... 11

Bibliografia .................................................................................................................................. 12

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vi

Lista de Tabelas

Tabela I – Codificações clínicas da amostra em estudo.

Tabela II – Caracterização da amostra.

Tabela III – Parâmetros clínicos e laboratoriais à admissão.

Tabela IV – Número de transfusões em função do tempo decorrido desde a primeira EDA até à

cirurgia.

Tabela V - Intervalos de tempo desde a admissão até à cirurgia.

Tabela VI – Achados endoscópicos na primeira endoscopia conclusiva.

Tabela VII – Scores de risco.

Tabela VIII – Dados cirúrgicos.

Tabela IX – Resultados pós-operatórios.

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vii

Lista de Figuras

Figura 1 – Fluxograma das intervenções endoscópicas até à cirurgia.

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Introdução

A doença ulcerosa péptica (DUP) permanece a principal causa de hemorragia digestiva alta

não varicosa e representa uma urgência médica com elevada taxa de morbimortalidade.1-3 Nas

últimas décadas assistiu-se a uma drástica mudança no paradigma de tratamento desta patologia,

que passou de primariamente cirúrgico para fundamentalmente médico.4 Vários fatores estão na

base desta mudança, entre eles: a descoberta do papel do Helicobacter pylori (HP), o acesso à

terapêutica de erradicação e à terapêutica de supressão ácida, nomeadamente com a introdução

dos inibidores da bomba de protões (IBPs), assim como a evolução das técnicas endoscópicas e a

sua maior acessibilidade.3-5 Apesar da diminuição significativa da incidência global da DUP não

complicada, o mesmo não se verificou para a DUP complicada e seu tratamento, cuja taxa de

mortalidade permanece elevada.1-3 Estes dados refletem um desvio na epidemiologia da DUP

complicada, verificando-se uma maior incidência em doentes com mais idade, com múltiplas

comorbilidades, polimedicados, com maior consumo anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) e

antiagregantes plaquetários (AAP), configurando assim um novo desafio na sua gestão clínica. 3-6

Hoje em dia é possível tratar a maioria dos doentes com DUP de forma médica, ou seja,

farmacológica, reservando-se a terapêutica endoscópica e cirúrgica para o tratamento das suas

complicações5, nomeadamente a hemorrágica, que será o foco deste trabalho.

A endoscopia digestiva alta (EDA), enquanto método que conjuga simultaneamente

capacidade diagnóstica e terapêutica, é atualmente a primeira linha na gestão do doente com

suspeita de úlcera péptica hemorrágica (UPH), juntamente com a terapêutica farmacológica, após

a estabilização hemodinâmica.3,4 Apesar do sucesso desta abordagem conservadora,

nomeadamente na diminuição das taxas de ressangramento e de mortalidade, a cirurgia de

emergência continua a ser life-saving quando todas as outras medidas falham.3,7

O momento ideal para o tratamento cirúrgico permanece ainda controverso5, baseando-se

essencialmente numa decisão multidisciplinar, centrada não só nas indicações cirúrgicas vigentes

como também no julgamento e experiência dos clínicos envolvidos na gestão clínica do doente. No

sentido de otimizar esta gestão terapêutica, recomendações atuais defendem a utilização

sistemática de scores de risco validados, que com base em variáveis clínicas, laboratoriais e

endoscópicas, permitem estratificar e sinalizar precocemente os doentes em baixo e alto risco.1,8-12

O objetivo deste estudo é rever a gestão terapêutica e os resultados clínicos obtidos de

doentes operados a UPH num hospital central, durante um período de nove anos, comparando-os

com as recomendações atuais disponíveis na literatura, a fim de identificar potenciais áreas de

melhoria futura.

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Materiais e métodos

Realizou-se uma análise restrospetiva dos doentes operados a úlcera péptica complicada

de hemorragia, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2018, no Serviço de Cirurgia Geral do Centro

Hospitalar Universitário do Porto – CHUP. Os doentes incluídos no estudo (n = 23) foram

selecionados com base no diagnóstico endoscópico e/ou cirúrgico. Foram definidos como critérios

de exclusão todas as situações com potencial confundidor ou que condicionassem por si só uma

alteração à normal evolução da UPH, nomeadamente: outras complicações de DUP, como a

perfuração e a obstrução, HDA de causa varicosa, DUP complicada de hemorragia no decorrer do

internamento por outra patologia, cirurgia eletiva, úlcera de etiologia neoplásica já conhecida e

doentes transferidos de outras instituições que foram previamente submetidos a intervenção

terapêutica, endoscópica ou cirúrgica. Todos os dados foram recolhidos através da consulta do

sistema informativo de registos clínicos eletrónicos – Sclínico e Processo Clínico Eletrónico, com a

exceção dos dados relativos às transfusões de componentes sanguíneos e derivados, que foram

fornecidos pelo Serviço de Hematologia Clínica do CHUP.

Os dados foram analisados para todos os doentes desde a admissão no Serviço de Urgência

(SU) até à alta ou transferência inter-hospitalar, seguida de uma análise da presença ou não na

consulta pós-operatória e respetiva evolução clínica até então. Foram estudadas variáveis

demográficas (género, idade, dados antropométricos), clínicas (comorbilidades, história de DUP,

medicação habitual e recente, apresentação clínica à admissão e avaliação hemodinâmica),

laboratoriais (à admissão), endoscópicas (número total de intervenções e tratamentos

endoscópicos até à cirurgia bem como dados iniciais relativos à primeira EDA conclusiva, incluindo

o diagnóstico endoscópico, localização e tamanho da lesão, classificação de Forrest, estigmas

endoscópicos de hemorragia recente e tratamentos endoscópicos instituídos), cirúrgicas

(indicações, tipo de cirurgia e classificação da American Society of Anesthesiology13 (ASA)), bem

como dados relativos à gestão médica dos doentes, nomeadamente terapêuticas farmacológicas e

transfusões sanguíneas. Os resultados foram avaliados sob a forma de dias de internamento,

complicações intra-hospitalares, médicas e cirúrgicas, bem como ressangramento e mortalidade

intra-hospitalar. Os Scores de Rockall (clínico, endoscópico e completo) e de Glasgow-Blatchford

(GBS)9 foram calculados de forma retrospetiva para cada doente, uma vez que não foram

encontrados registos clínicos a seu respeito. Consideraram-se como critérios para choque, tensão

arterial sistólica ≤ 100 mmHg acompanhada de uma frequência cardíaca ≥ 100 batimentos por

minuto e para coagulopatia, um INR superior a 1.5 e/ou um tempo de protrombina 3 segundos

acima do limite superior do normal (superior a 15 segundos). Foram considerados como sintomas

dispépticos a dor ou desconforto epigástrico, náuseas e vómitos.

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3

A análise dos dados foi realizada através de estatística descritiva, utilizando-se o Microsoft

Office Excel e o Software Statistical Package for the Social Sciences versão 24.0 (SPSS-24.0), ambos

para Windows. Variáveis categóricas foram representadas através do número de casos (n) e

respetiva percentagem (%) e as variáveis contínuas pela média ± desvio padrão (dp).

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Resultados

A distribuição das codificações clínicas atribuídas aos 23 doentes em estudo está

representada na Tabela I. Destas, três não codificavam especificamente a etiologia ulcerosa como

origem da hemorragia (códigos 578, 5310 e 5789), correspondendo a um total de 9 doentes e outras

três incluíam de forma errónea a perfuração como complicação concomitante (códigos 5312, 5322

e 53220), num total de 4 doentes.

Caracterização da amostra

A média de idade da amostra em estudo foi de 63.7 ± 18.9 anos (Tabela II), com 61% dos

doentes a apresentarem idade ≥ 60 anos. Verificou-se um maior número de doentes do género

masculino relativamente ao feminino (15:8). Relativamente aos dados antropométricos, apenas foi

possível determinar o índice de massa corporal (IMC) de 14 doentes uma vez que não havia registo

do peso e da altura em 8 e 9 doentes, respetivamente. A média do número de comorbilidades por

doente foi de 2.9 ± 1.8, com 56.5% dos doentes a apresentarem pelo menos duas. A hipertensão

arterial foi a comorbilidade mais prevalente (52.2%), tendo-se seguido a dislipidemia (30.4%) e a

diabetes mellitus (21.7%). Três doentes tinham antecedente de DUP, todos com história prévia de

algum tipo de complicação (dois do tipo hemorrágica e um de perfuração). Seis doentes (26.1%)

apresentaram consumo de AINEs à admissão.

Apresentação à admissão

Todos os doentes foram admitidos em contexto de urgência, 9 dos quais (39.1%) foram

transferidos de outro hospital. Os dados clínicos e analíticos à admissão no SU, encontram-se

representados na Tabela III. Quanto à apresentação clínica, a maioria apresentou-se com

hematemeses (73.9%) e/ou melenas (47.8%), acompanhados de sintomas dispépticos em 52.2%

dos casos. Em 10 doentes (43.5%) verificou-se um doseamento sérico de hemoglobina inferior a 7

g/dl.

Transfusões e IBP

Todos os doentes foram transfundidos com pelo menos duas unidades de concentrado de

glóbulos rubros (CGR) durante o internamento, com uma média global de 7.3 ± 4.1 unidades por

doente. Dezasseis doentes (69.6%) foram transfundidos nas primeiras doze horas. A média global

de unidades transfundidas foi mais alta nos três doentes que ressangraram após a cirurgia (12.3 ±

3.9) quando comparada com a totalidade da amostra (7.3 ± 4.1). A distribuição do total de unidades

transfundidas em função do tempo decorrido desde a primeira EDA até à cirurgia, encontra-se

disponível na Tabela IV.

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5

Em todos os registos clínicos havia referência à realização de IBPs no CHUP, no entanto, nos

doentes transferidos, não foi possível avaliar a sua administração no hospital de origem pela falta

de dados.

Endoscopia

Após estabilização hemodinâmica, todos os doentes foram submetidos a pelo menos uma

EDA, tendo sido realizada, em 91.3% dos casos, nas primeiras 12 horas (Tabela V). O fluxograma

relativo às intervenções endoscópicas até à cirurgia encontra-se na Figura 1 em anexo e os

resultados dos achados endoscópicos da primeira endoscopia conclusiva estão discriminados na

Tabela VI.

Dos 23 doentes, 11 foram submetidos a apenas uma EDA, com ou sem tratamento, dos

quais 8 (72.3%) apresentavam hemorragia ativa (Forrest Ia e Ib). Dos restantes, 12 (52.2%) foram

submetidos a uma segunda EDA e 4 (17.4%) a uma terceira. Relativamente à origem da hemorragia,

a localização mais prevalente foi a duodenal (69.6%). Apenas 9 relatórios endoscópicos faziam

referência ao tamanho da úlcera, cuja média foi de 2.6 ± 0.9 cm. Dos restantes 14 (60.9%), 8 (34.8%)

descreveram a úlcera como sendo de “grandes dimensões”. No total, 20 doentes foram submetidos

a pelo menos uma tentativa de tratamento endoscópico, que incluiu uma ou mais das seguintes

técnicas: adrenalina, polidocanol 1%, endoclips, termocoagulação e árgon plasma.

Os cálculos do score de Rockall (clínico, endoscópico e total) e do GBS, estão dispostos na

Tabela VII. No total da amostra, a média do score de Rockall completo foi de 6.3 ± 1.8 e do GBS 11.7

± 2.6.

Cirurgia

O registo da sinalização do caso à equipa cirúrgica foi documentado em 17 doentes (73.9%).

Os casos em que apenas foi referida a realização da EDA no bloco operatório na presença da equipa

cirúrgica, foi também considerado um registo válido. Quanto à indicação cirúrgica, a mais

frequentemente referida foi a “hemorragia de alto débito impossível de controlar

endoscopicamente”, seguida do ressangramento sob a forma de queda da hemoglobina ou má

rentabilidade transfusional. Todos os doentes foram operados por laparotomia. A distribuição da

classificação ASA e das técnicas cirúrgicas utilizadas encontra-se na Tabela VIII. Em 52.2% dos

doentes foi realizada uma técnica definitiva, como a vagotomia associada a piloroplastia ou a

ressecção gástrica, associada ou não a vagotomia, e em 47.8% foi realizada uma técnica não

definitiva, como a rafia da úlcera, associada ou não a piloroplastia. Em 78.3% dos doentes foi

realizada hemostase com laqueação do vaso sangrante.

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6

Pós-operatório

A média do total de dias de internamento foi de 15.5 ± 12.0, com 43.5% dos doentes a

necessitarem de internamento em UCI (Tabela IX). No total, 14 doentes (60.9%) tiveram algum

tipo de complicação no pós-operatório. Das complicações médicas, as mais frequentes foram as

cardíacas (21.7%) seguidas das respiratórias (17.4%). Três doentes apresentaram recidiva

hemorrágica no pós-operatório mas apenas um foi re-intervencionado cirurgicamente, através de

nova rafia da úlcera. Um segundo doente foi submetido a re-intervenção cirúrgica, por evisceração.

No total, 3 doentes morreram durante o internamento, todos por falência multiorgânica, segundo

os registos clínicos. Destes, todos apresentaram um score Rockall clínico ≥ 3, um score Rockall

completo ≥ 6 e uma classificação ASA ≥ IV. A média do score Rockall completo neste grupo (n=3) foi

superior relativamente ao grupo dos que não morreram (n=20), 7.0 ± 1.7 versus 6.25 ± 1.9,

respetivamente.

Relativamente à investigação para a presença de HP, apenas dois doentes tinham

resultados anatomopatológicos disponíveis à data do internamento, ambos negativos. Quanto à

terapêutica de erradicação, 8 doentes tinham registo da sua instituição à data da alta, ainda que

sem diagnóstico confirmado.

No total, 13 doentes tinham registo da consulta pós-operatória no CHUP, e destes, todos

tiveram uma evolução clínica favorável. Nos restantes 7 doentes, a consulta pós-operatória foi

desmarcada ou não havia registo da sua marcação.

Page 17: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

7

Discussão

Os avanços no tratamento médico e endoscópico da DUP condicionaram um marcado

declínio na necessidade de intervenção cirúrgica, que atualmente é reservada para o tratamento

das suas complicações, geralmente em contexto de urgência.5,14 O número limitado de doentes

incluídos neste estudo é um reflexo desta nova realidade. A amostra foi constituída na sua maioria

por doentes sexagenários, com múltiplas comorbilidades, cuja principal apresentação clínica foi a

hemorragia digestiva alta ativa sob a forma de hematemeses, associada a instabilidade

hemodinâmica ou choque à admissão. Estas características demográficas e clínicas são consistentes

com outros estudos, corroborando a tendência atual para uma população cirúrgica de alto risco, à

partida associada a um pior prognóstico.2,5,6,15

O primeiro passo na gestão clínica de doentes com HDA associada a instabilidade

hemodinâmica passa por medidas de reposição da volémia, onde a transfusão de CGR tem

frequentemente um papel life-saving.4,10,12 No entanto, o valor de hemoglobina a partir do qual a

transfusão deve ser iniciada é controverso, uma vez que resultados de vários estudos têm vindo a

demonstrar que estratégias de transfusão mais liberais estão associadas a piores outcomes,

nomeadamente maiores taxas de ressangramento.10,16,17 Na nossa amostra, os doentes que

ressangraram apresentaram uma média de unidades transfundidas maior do que os doentes que

não ressangraram, ainda que não tenha sido possível verificar uma relação de causalidade. A

European Society of Gastrointestinal Endoscopy (ESGE) recomenda uma estratégia de transfusão

restritiva, com um alvo de hemoglobina sérica entre 7 e 9 g/dl, devendo ser considerados valores

mais altos na presença de comorbilidades significativas, como a doença cardíaca isquémica.10

Verificou-se ainda uma tendência para um maior número de transfusões quanto maior o intervalo

desde a primeira EDA até à cirurgia, o que sugere poder haver um impacto do atraso na

referenciação cirúrgica no número de unidades transfundidas.

Relativamente à administração de IBPs, o protocolo interno recomenda realização de bólus

de 80 mg endovenoso, seguido de perfusão de 8 mg/h durante 72h ou 40 mg de 12/12h, conforme

sejam doentes de alto ou médio risco, respetivamente. Estas recomendações vão ao encontro das

orientações preconizadas pela ESGE10, cujo principal objetivo é diminuir a hemorragia e o risco de

ressangramento em úlceras de alto risco.

Atualmente, a estratificação formal do risco é considerada uma recomendação major pelas

diretivas internacionais na avaliação inicial de um doente com HDA.10-12 É recomendado que a

estratificação do risco pré-endoscópica seja realizada com o GBS (criado para prever a necessidade

de intervenção terapêutica – transfusional, endoscópica ou cirúrgica), seguido da utilização pós-

endoscópica do score de Rockall completo (criado para prever o risco de mortalidade).2,8,10,11 Na

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8

amostra em estudo, o predomínio de pontuações tendencialmente mais altas para ambos os scores

calculados, nomeadamente uma média do score Rockall completo superior no grupo de doentes

que morreu, vem reafirmar a acuidade destas ferramentas. Para que esta estratificação seja feita

de forma sistemática é necessário que haja uma familiarização dos clínicos com estes scores,

através da criação de protocolos internos que orientem a sua aplicação e de plataformas que

facilitem o seu cálculo de forma rápida e intuitiva.

De acordo com o que está preconizado, todos os doentes foram submetidos a pelo menos

uma EDA antes de avançarem para a intervenção cirúrgica. Perante a recidiva hemorrágica, após

hemostase eficaz na primeira endoscopia, é recomendada a realização de uma segunda tentativa

de terapêutica endoscópica. Caso ocorra falência deste segundo tratamento endoscópico, o

recomendado como segunda opção terapêutica, são as técnicas de radiologia de intervenção ou a

cirurgia.10-12 A embolização percutânea tem vindo a ser sugerida como alternativa à cirurgia na UPH,

principalmente em doentes de alto risco, demonstrando estar associada a menores taxas de

mortalidade.18-20 À semelhança do que acontece noutros países, também em Portugal a sua

disponibilidade é limitada, não sendo realizada no nosso hospital em contexto de urgência, na UPH.

Vários fatores têm vindo a ser estudados enquanto possíveis preditores de falência do

tratamento endoscópico. Na sua maioria são achados endoscópicos, nomeadamente hemorragia

ativa e estigmas de hemorragia recente (classificação Forrest Ia até IIb), úlcera de localização

duodenal e de tamanho superior a 2 cm, para além de outros fatores clínicos como o choque e

coagulopatia à admissão bem como presença de comorbilidades severas.6,8,18,21-23 Nesta amostra,

dados relativos à primeira EDA conclusiva, mostraram que 69.6% das úlceras eram duodenais, a

maioria de grandes dimensões, com uma média de 2.6 ± 0.9 cm nos doentes em que foi possível

apurar o seu tamanho, 52.2% com hemorragia ativa e 43.5% com estigmas de hemorragia recente.

A integração destes achados com as variáveis clínicas pré-endoscópicas já referidas anteriormente,

leva-nos a concluir que esta amostra configurava à priori, uma população de alto risco. Alguns

autores defendem que a intervenção cirúrgica precoce destes doentes de alto risco pode contribuir

para uma diminuição global da mortalidade por UPH.5,24,25

À semelhança dos resultados obtidos no UK National Audit18, também no nosso estudo a

indicação mais frequente para o tratamento cirúrgico foi a hemorragia de alto débito impossível de

controlar de forma conservadora. No entanto, apenas 34.8% dos doentes foram imediatamente

submetidos a cirurgia após uma primeira EDA com hemorragia ativa. Apesar destes dados serem

consistentes com a realidade atual, na qual a cirurgia representa o último recurso quando todas as

outras medidas falham, a sinalização precoce dos restantes doentes permitiria intervencioná-los

numa fase prévia à sua descompensação clínica, o que poderia contribuir para melhorar os seus

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9

resultados peri-operatórios. Além disso, seria possível referenciá-los ao Grupo de Cirurgia

Esofagogastroduodenal, o que nem sempre é possível em contexto de urgência.

Com a mudança de paradigma no tratamento da DUP, a cirurgia deixou de ter um papel

curativo e passou a ter como principal objetivo o controlo hemostático na fase aguda, induzindo o

mínimo de trauma possível.7,24 A escolha da técnica cirúrgica é controversa. Se por um lado há

estudos que defendem a utilização de técnicas ditas não definitivas, principalmente numa

população alto risco cirúrgico, por estarem associadas a menos complicações peri-operatórias, por

outro lado estas técnicas apresentam maiores taxas de ressangramento quando comparadas com

as técnicas ditas convencionais e definitivas, relativamente ao tratamento da doença de base.14,26,27

Com o advento de uma estratégia terapêutica primariamente médica e endoscópica, tem-se

assistido a uma diminuição da utilização de técnicas de cirurgia definitiva.7,15 Na prática clínica, esta

é uma decisão feita caso a caso, em função do historial clínico do doente face à DUP e tentativas

anteriores de tratamento, estabilidade ou instabilidade do doente no momento da decisão clínica,

risco cirúrgico e experiência do cirurgião. Assim é possível que esta natureza multifatorial seja o

motivo pelo qual não se verificaram diferenças significativas entre ambas as técnicas no nosso

estudo.

A infeção por HP é frequentemente descrita como o principal fator etiológico na UPH. A sua

erradicação no contexto agudo está associada a uma diminuição da recorrência da DUP e do risco

de recidiva hemorrágica.28,29 Orientações da ESGE10 e da American College of Gastroenterology12

recomendam que todos os doentes com UPH sejam testados para a presença de HP no contexto

agudo, seguido da terapêutica de erradicação, se o resultado for positivo. Se o resultado for

negativo, recomendam a repetição do teste em follow-up, devido à alta taxa de falsos negativos

que se verificam quando este é realizado na presença de hemorragia. Neste estudo, 34.8% dos

doentes tinham registo da prescrição da terapêutica de erradicação do HP à data da alta, ainda que

sem um diagnóstico formal. Estes dados sugerem não haver uma prática sistemática de rastreio do

HP em contexto agudo no nosso hospital, protelando o diagnóstico e terapêutica de erradicação,

ou o seu reajuste no caso dos doentes previamente medicados, para as avaliações de follow-up,

altura em que há uma maior acuidade dos testes de diagnóstico e um menor risco hemorrágico,

quando comparado com a fase aguda.

As taxas de mortalidade associadas à UPH são muito variáveis, com os valores reportados

para a mortalidade até aos 30 dias a oscilar entre os 6.5% a 25.6%, conforme os estudos.30-33 Na

nossa amostra verificou-se uma taxa de mortalidade intra-hospitalar de 13.0%, no entanto, a perda

de 7 doentes no follow-up não permitiu uma avaliação da globalidade da amostra neste período

pelo que este valor poderá estar subestimado.

Page 20: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

10

A abordagem da UPH é multidisciplinar, pelo que para melhorar a sua gestão é necessário

criar protocolos internos à luz das recomendações atuais que permitam otimizar a gestão

terapêutica destes doentes e facilitar a comunicação inter-disciplinar. Com uma casuística de

cirurgias eletivas por DUP cada vez menor, há uma crescente dificuldade em formar cirurgiões mais

novos, que acabarão por ser confrontados com esta patologia em contexto de urgência.

Precisamente por se tratar de uma patologia de urgência, acresce ainda a possibilidade destes

doentes não serem necessariamente tratados por cirurgiões da Unidade Digestiva, naturalmente

mais rotinados no pensamento e no gesto cirúrgico, o que inevitavelmente dificulta ainda mais a

melhoria dos seus outcomes. A centralização de cuidados colmataria estas dificuldades ao

aumentar o volume de casos ao mesmo tempo que melhorava o nível de especialização de

cuidados, no entanto, a sua concretização numa patologia tipicamente urgente pode ser um

desafio.

As principais limitações deste estudo centram-se no número limitado de doentes incluídos

na amostra e na colheita retrospetiva dos dados, dados esses dotados de alguma subjetividade

intra-observador, cuja acuidade não é possível verificar de forma retrospetiva. Para além disso, o

facto de termos incluído doentes transferidos de outras instituições, ainda que sem qualquer

terapêutica endoscópica ou cirúrgica prévia, pode ter subestimado alguns dados, nomeadamente

ao nível da apresentação clínica à admissão, ressangramento e unidades transfusionais

administradas. Uma das principais dificuldades encontradas prendeu-se com a identificação da

amostra, dada a variabilidade de codificações clínicas utilizadas para fazer referência à mesma

patologia, para além das codificações atribuídas de forma imprecisa. O sistema de codificação

deverá no futuro ter critérios de seleção mais uniformes e dirigidos, de forma a facilitar o processo

de inclusão e exclusão de doentes ou patologias, pela comunidade científica. Apesar da clara

melhoria na organização e rigor no preenchimento dos registos clínicos ao longo do período de

tempo estudado, continua a existir alguma dispersão de dados, para alguns dos quais poderiam ser

criados campos de preenchimento sistemático, como por exemplo para os scores de risco. No

futuro, de forma a criar um conhecimento mais alargado da realidade epidemiológica e da gestão

clínica da DUP e das suas complicações no nosso país, poderia ser considerada a realização de uma

auditoria nacional, de forma prospetiva, que colmataria as duas principais limitações impostas por

este estudo e permitira determinar estratégias futuras para melhoria dos resultados clínicos.

Page 21: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

11

Conclusão

Este estudo demonstrou que a úlcera péptica hemorrágica continua a associar-se a

elevadas taxas de morbimortalidade. Verificou-se um balanço positivo da gestão clínica

preconizada no nosso hospital quando comparada com as recomendações internacionais vigentes.

No entanto, torna-se imprescindível a oficialização de protocolos internos que orientem a gestão

clínica destes doentes, à luz das recomendações atuais, e que facilitem a comunicação

interdisciplinar. A estratificação formal do risco é hoje em dia um pilar na abordagem pré e pós-

endoscópica destes doentes, pelo que deveria ser sistematicamente realizada, sob pena do atraso

na indicação cirúrgica se associar a piores outcomes. Com uma casuística de doentes submetidos a

cirurgia cada vez menor, a melhoria dos resultados clínicos associados a esta patologia deve passar

pela centralização de cuidados e pela adoção de normas de orientação clínica robustas que

permitam otimizar a sua gestão terapêutica em contexto de urgência. No futuro, mais estudos

deverão ser desenvolvidos no sentido de melhorar o nosso entendimento atual face a esta

patologia e às suas complicações na nossa população e à adequabilidade de novas estratégias,

enquanto futuras armas terapêuticas.

Page 22: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

12

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Page 24: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

14

Tabela I Codificações clínicas da amostra em estudo.

Código Descrição n = 23 (%)

531 Úlcera gástrica 1 (4.3)

578 Hemorragia gastrointestinal 1 (4.3)

5310 Hemorragia gástrica aguda com hemorragia 5 (21.7)

5312 Úlcera gástrica aguda com hemorragia e perfuração 1 (4.3)

5320 Úlcera duodenal aguda com hemorragia 2 (8.7)

5322 Úlcera duodenal aguda com hemorragia e perfuração 2 (8.7)

5324 Úlcera duodenal crónica ou não especificada, com hemorragia 1 (4.3)

5789 Hemorragia do trato gastrointestinal, não especificada 3 (13.0)

53100 Úlcera gástrica aguda com hemorragia, sem obstrução 1 (4.3)

53200 Úlcera duodenal aguda com hemorragia, sem obstrução 5 (21.7)

53220 Úlcera duodenal aguda com hemorragia e perfuração, sem obstrução 1 (4.3)

Page 25: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

15

Tabela II

Caracterização da amostra.

IMC: índice de massa corporal, DUP: doença ulcerosa péptica, AINEs: anti-inflamatórios não

esteróides, ACO: anticoagulantes orais, IBPs: inibidores da bomba de protões, AAP:

antiagregantes plaquetários.

n = 23 (%) Média ± dp

Idade (anos) ― 63.7 ± 18.9

Género

Masculino 15 (65.2) ―

Feminino 8 (34.8) ―

Dados antropométricos

Peso (Kg) 15 (65.2) 66.9 ± 14.7

Altura (m) 14 (60.9) 1.69 ± 2.6

IMC (Kg/m²) 14 (60.9) 23.3 ± 5.8

Comorbilidades (nº)

≥1 20 (87.0) 2.9 ± 1.8

História de DUP 3 (13.0) ―

Medicação

AINEs 6 (26.1) ―

ACO 2 (8.7) ―

IBPs 2 (8.7) ―

AAP 1 (4.3) ―

Outra 16 (69.6) ―

Nenhuma 5 (21.5) ―

Page 26: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

16

Tabela III

Parâmetros clínicos e laboratoriais à admissão.

FC: frequência cardíaca, TA: tensão arterial, Choque: tensão arterial sistólica ≤ 100 mmHg

acompanhada de frequência cardíaca ≥ 100 batimentos por minuto, Coagulopatia: INR

superior a 1.5 e/ou um tempo de protrombina 3 segundos acima do limite superior do

normal (superior a 15 segundos).

n = 23 (%) Média ± dp

Apresentação clínica

Hematemeses 17 (73.9) ―

Melenas 11 (47.8) ―

Hematoquézia 1 (4.3) ―

Alteração da consciência 6 (26.1) ―

Síncope 4 (17.4) ―

Sintomas dispépticos 12 (52.2) ―

Sinais vitais e parâmetros laboratoriais

FC ― 98.7 ± 23.6

TA

Sistólica ― 102.9 ± 22.0

Diastólica ― 61.1 ± 15.4

Plaquetas (×10^3/µl) ― 228.4 ± 91.7

Hemoglobina (g/dl) ― 7.9 ± 2.0

Ureia (mg/dl) ― 93.3 ± 46.5

Creatinina (mg/dl) ― 1.1 ± 0.4

Albumina (g/dl) 21 (91.3) 2.5 ± 0.7

Choque 5 (21.7) ―

Coagulopatia 6 (26.1) ―

Page 27: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

17

Tabela IV

Número de transfusões em função do tempo decorrido desde a

primeira EDA até à cirurgia.

CGR: concentrado de glóbulos rubros, EDA: endoscopia digestiva alta.

Tempo 1ªEDA - Cirurgia (h)

< 12

12-24

> 24 9.3 ± 4.6

Transfusão CGR (unidades)

Média ± dp

6.3 ± 3.9

6.6 ± 3.4

Page 28: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

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Tabela V

Intervalos de tempo desde a admissão até à cirurgia.

EDA: endoscopia digestiva alta.

n = 23 (%) Média ± dp

Tempo admissão-1ª EDA (h)

< 12 21 (91.3) ―

12-24 1 (4.3) ―

>24 1 (4.3) ―

Tempo 1ª EDA-cirurgia (h)

< 12 11 (47.8) ―

12-24 5 (21.7) ―

>24 7 (30.4) ―

Page 29: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

19

Tabela VI

Achados endoscópicos na primeira EDA conclusiva.

EDA: endoscopia digestiva alta.

n = 23 (%) Média ± dp

EDA até à cirurgia (nº) ― 1.7 ± 0.8

Origem da hemorragia

Úlcera gástrica 3 (13.0) ―

Úlcera duodenal 16 (69.6) ―

Úlcera gastroduodedal 1 (4.4) ―

Lesão não visualizada 3 (13.0) ―

Tamanho da úlcera

COM referência a dimensões (cm) 9 (39.1) 2.6 ± 0.9

SEM referência a dimensões 14 (60.9) ―

Classificação de Forrest

Ia (hemorragia ativa em jato) 8 (34.8) ―

Ib (hemorragia ativa em toalha) 4 (17.4) ―

IIa (vaso visível) 3 (13.0) ―

IIb (coágulo aderente) 6 (26.1) ―

IIc (pigmento hemossidérico) 1 (4.4) ―

III (base limpa) 0 (0.0) ―

Page 30: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

20

Tabela VII

Scores de risco.

GBS: score de Glasgow-Blatchford.

ScoreNúmero de doentes

(n=23)

Rockall clínico (pré-endoscópico)

0 1

1 1

2 4

3 9

4 0

≥5 8

Rockall completo (pós-endoscópico)

0 0

1 0

2 0

3 1

4 1

5 7

6 6

7 2

≥8 6

Score GBS

0-5 0

6-10 8

11-15 13

16-23 2

Page 31: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

21

Tabela VIII

Dados cirúrgicos.

ASA: American Society of Anesthesiology

n = 23 (%) Média ± dp

Classificação ASA

I 0 (0.0) ―

II 2 (8.7) ―

III 5 (21.7) ―

IV 11 (47.8) ―

V 5 (21.7) ―

Técnica cirúrgica

Piloroplastia + vagotomia troncular 8 (34.8) ―

Gastrectomia parcial 3 (13.0) ―

Antrectomia + vagotomia 1 (4.3) ―

Rafia da úlcera + piloroplastia 8 (34.8) ―

Rafia da úlcera 3 (13.0) ―

Page 32: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

22

Tabela IX

Resultados pós-operatórios.

UCI: unidade de cuidados intensivos, UCIM: unidade de cuidados intermédios, CIR1: serviço

de cirurgia 1.

n = 23 (%) Média ± dp

Internamento (dias)

UCI 10 (43.5) 3.5 ± 8.3

UCIM 16 (69.6) 4.3 ± 4.9

CIR1 18 (78.3) 6.5 ± 7.4

Outras unidades 2 (8.7) 13.5 ± 6.4

Total ― 15.5 ± 12.0

Complicações durante o internamento

Médicas 11 (47.8) 1.9 ± 1.0

Cirúrgicas 8 (34.8) 1.8 ± 0.7

Médicas e Cirúrgicas 5 (21.7) ―

Alta 17 (73.9) ―

Transferência inter-hospitalar 3 (13.0) ―

Mortalidade 3 (13.0) ―

Page 33: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA Resultados do tratamento …

23

Fig.

1

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