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MESTRADO EM ANÁLISE GEOAMBIENTAL MARCIA DA SILVA BARROS REFLEXO DO USO DA TERRA NA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO DO GUARAÇAU, GUARULHOS (SP): UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS ZONAS RURAL E URBANA. Guarulhos 2017

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MESTRADO EM ANÁLISE GEOAMBIENTAL

MARCIA DA SILVA BARROS

REFLEXO DO USO DA TERRA NA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DA

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO DO GUARAÇAU, GUARULHOS (SP):

UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS ZONAS RURAL E URBANA.

Guarulhos

2017

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MARCIA DA SILVA BARROS

REFLEXO DO USO DA TERRA NA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DA

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO DO GUARAÇAU, GUARULHOS (SP):

UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS ZONAS RURAL E URBANA

Dissertação apresentada à Universidade Guarulhos, como parte das exigências dо Programa dе Pós-Graduação Stricto-Sensu em Análise Geoambiental, para obtenção dо título de Mestre Orientador: Prof. Dr. Reinaldo Romero Vargas Co-orientador: Prof Dr. Antonio Roberto Saad

Guarulhos

2017

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Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas Fernando Gay da Fonseca

B277r

Barros, Marcia da Silva

Reflexo do uso da terra na qualidade das águas superficiais da bacia

hidrográfica do ribeirão do Guaraçau, Guarulhos (SP): uma análise

comparativa entre as zonas rural e urbana. / Marcia da Silva Barros. --

2017.

51 f.; 31 cm.

Orientador: Prof. Dr. Reinaldo Romero Vargas.

Dissertação (Mestrado em Análise Geoambiental) – Centro de Pós-

Graduação e Pesquisa, Universidade Guarulhos, Guarulhos, SP, 2017.

1. Águas urbanas 2. Eutrofização 3. Poluição hídrica 4. Região

Metropolitana de São Paulo I. Título II. Ferreira, Anderson Targino da

Silva, (Orientador). III. Universidade Guarulhos

CDD. 553.790981

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A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Dissertação de MESTRADO,

intitulada: REFLEXO DO USO DA TERRA NA QUALIDADE DAS ÁGUAS

SUPERFICIAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO DO GUARAÇAU,

GUARULHOS (SP):UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS ZONAS RURAL E

URBANA, em seção pública realizada em 28 de março de 2017, considerou a

candidata MARCIA DA SILVA BARROS aprovada

COMISSÃO EXAMINADORA

1. Prof. Dr. Reinaldo Romero Vargas (UNG)

2. Profa Dra Regina de Oliveira Moraes Arruda (UnG)

3. Dra Fernanda Dall’Ara Azevedo (participante externo)

Guarulhos, SP, 28 de março de 2017.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao grande DEUS por mais uma etapa de conhecimento em

minha vida.

Agradeço aos digníssimos Prof.º Dr. Antônio Roberto Saad, Prof.º Dr.

Reinaldo Romero Vargas pela paciência e dedicação.

Agradeço em especial a Prof.ª Dra. Regina Oliveira de Moraes Arruda que

no momento que precisei gentilmente se propôs ajudar-me muito obrigada Mestra.

Agradeço aos meus pais Judite e Zulmiro, e aos meus amados sobrinhos

Júnior, Gabriel, Natalia, Catarina, Danielle, Jonathan, Bernardo, Davi e aos familiares e

amigos que me apoiam em minha trajetória. Meu porto seguro de todos os dias.

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‘Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre’

(Charles Chaplin)

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RESUMO

O processo de urbanização pelo que vem passando os grandes centros urbanos tem

afetado de forma bastante drástica a quantidade, e principalmente a qualidade das

águas. A Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau, localizada no compartimento

norte do município de Guarulhos contempla áreas rural e urbana com diferentes

classes de uso da terra. Para avaliar a qualidade ambiental, foram realizadas

análises físico-químicas de temperatura, pH, turbidez, condutividade e fósforo total,

bem como a análise microbiológica (E. coli) num período de 12 meses. As águas

superficiais do córrego Guaraçau, na área rural já se encontra comprometida, com

uma piora na qualidade da água de montante à jusante, para os parâmetros fósforo

total e E. coli, indicando contaminação fecal devido à falta de saneamento básico na

região. Locais característicos de área rural já apresentam sérios sinais de

degradação com níveis de trofia variando de oligotrófico a hipereutrófico. Reforça-se

a necessidade da construção de rede coletora e tratamento de esgoto na ETE

Bonsucesso, inaugurada em 2011, e o controle de ocupações em áreas que são

produtoras de água de boa qualidade.

Palavras-chave: Águas urbanas. Eutrofização. Poluição hídrica. Região

Metropolitana de São Paulo.

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ABSTRACT

The process of urbanization that has been passing through the major urban centers

has affected drastically the quantity, and especially the quality of the water. The

Ribeirão Guaraçau Watershed, located in the northern compartment of the

Guarulhos municipality, includes rural and urban areas with different land use

classes. To evaluate the environmental quality, physical and chemical analyzes of

temperature, pH, turbidity, conductivity and total phosphorus, as well as the

microbiological analysis (E. coli) were carried out in a period of 12 months. The

surface waters of the Guaraçau stream in the rural area are already compromised,

with worsening water quality upstream, for the parameters of total phosphorus and E.

coli, indicating fecal contamination due to lack of basic sanitation in the region.

Characteristic sites of rural areas already present serious signs of degradation with

trophic levels varying from oligotrophic to hypereutrophic. The need to build a

sewage collection and sewage treatment system at the Bonsucesso Sewage

Treatment Station (STS), inaugurated in 2011, and the control of occupations in

areas that produce good quality water is reinforced.

Key words: Urban Waters. Water Pollution, Eutrophication. São Paulo Metropolitan

Region. Water Quality.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Município de Guarulhos subdividido em dois Macrocompartimentos

norte-sul.................... ................................................................................................ 13

Figura 2 - Escoamento superficial em qualquer ponto converge para um único

ponto fixo, o exutório ................................................................................................. 18

Figura 3 - Localização da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau (BHRG) em

Guarulhos na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Fonte: Laboratório de

Geoprocessamento da UnG ( 2015) ......................................................................... 29

Figura 4 - Bacias hidrográficas do município de Guarulhos Fonte: Andrade et al.

(2008).................. ...................................................................................................... 30

Figura 5 - Pontos de amostragem das águas ao longo da BHRG. Fonte: Lab.

Geoprocessamento UnG, 2015 ................................................................................. 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Principais Bacias do Município de Guarulhos ........................................ 30

Tabela 2 - Coordenadas Universal Transversa de Mercator UTM .......................... 35

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BHRG Bacia Hidrográfica Ribeirão Guaraçau

CE Condutividade elétrica

P Fósforo

PH potencial hidrogeniônico

PT fósforo total

RMSP Região Metropolitana de São Paulo

TU turbidez

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

1.1 O conceito de qualidade da água .................................................................... 14

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 16

2.1 Objetivos específicos........................................................................................ 16

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 17

3.1 Bacia hidrográfica como unidade de análise .................................................. 17

3.2 Qualidade de água ............................................................................................ 20

3.2.1 Poluição hídrica ................................................................................................ 21

3.2.2 Eutrofização Natural e Artificial ........................................................................ 22

3.2.3 Índice de Estado Trófico (IET) .......................................................................... 23

3.2.4 Legislação ........................................................................................................ 25

4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................... 28

4.1 Localização ........................................................................................................ 28

4.2 Características da BHRG .................................................................................. 29

4.2.1 Hidrografia da BHRG........................................................................................ 29

4.2.2 Bacia do Ribeirão Guaraçau ............................................................................ 31

4.3 Clima................................................................................................................... 31

5 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 331

5.1 Pesquisas Bibliográficas ................................................................................ 331

5.2 Mapa de uso da terra....................................................................................... 331

5.3 Amostragem e Análise das Águas ................................................................. 342

5.4 Cálculo do Índice de Estado Trófico (IET) ..................................................... 353

6.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO (ARTIGO) ....................................................... 355

7.0 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 48

8.0 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 49

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1 INTRODUÇÃO

A proximidade entre o município de Guarulhos e a capital paulista, atuou

como elemento propício para a expansão da periferia urbana do município

guarulhense. A periferia é uma localização em constante movimento, um espaço em

continua transformação. Com o desenfreado crescimento urbano da periferia de

Guarulhos, que a partir de 1950, começa a apontar números cada vez mais altos em

sua composição demográfica. Ganhou impulso com a organização de loteamentos

destinados a classe operária, sem opção nos centros urbanos. Os loteamentos

surgidos na periferia de Guarulhos a partir de 1950, apresentavam-se totalmente

sem infraestruturas, não possuíam água, esgoto, pavimentação, escolas, energia

elétrica nas ruas, além da falta de transporte (MESQUITA, 2010).

O crescimento sem planejamento da periferia urbana de Guarulhos

resultou em um processo de degradação ambiental, que afetou a maior parte dos

bairros e loteamentos localizados em sua parte norte. Graça (2007) subdividiu o

município de Guarulhos em dois macrocompartimentos, separados entre si pela

Falha do Rio Jaguari, caracterizados por litologias, formas de relevo e hidrografia

distintas (Fig. 1 e Quadro 1).

Figura 1 - Município de Guarulhos subdividido em dois Macrocompartimentos norte-sul Fonte: Graça (2007)

Guarulhos: 319,2 km2

AREA NORTE: 142,7 km2

(44,7 %)

AREA SUL: 176,5 km2

(55,0%)

FALHA DO JAGUARI

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Quadro 1 - Principais características do meio físico nos macrocompartimentos norte e sul de Guarulhos

Macrocompartimentos Litologias Unidades de

relevo Drenagens

Sócio-econômico

Norte

Rochas metamórficas e

ígneas, pré-cambrianas

Serras e morros altos

e baixos

Padrão dendritico e

altas densidades de

drenagem

Àrea rural em desenvolvimento

Sul

Rochas sedimentares

terciárias e quartenárias

Colinas e planícies fluviais

Padrão paralelo e baixas

densidades de drenagem

Área urbana e industrial

Fonte: Lab. Geoprocessamento UnG, 2015

No macro compartimento norte predominam as unidades de relevo tais

como: serras, morros altos e morros baixos, enquanto que, no sul, têm-se os

morrotes, colinas e planícies fluviais (ANDRADE; OLIVEIRA, 2008). Na região sul

evidenciam áreas mais planas e de fácil acesso, onde se deu o início do processo

de urbanização. Atualmente, essa região é densamente ocupada com residências,

indústrias às margens de grandes rodovias, aeroporto internacional, dentre outras

classes de uso da terra. A região norte, por sua vez, composta por terrenos com alta

declividade e inadequados do ponto de vista geotécnico, assiste a uma urbanização

desordenada com loteamentos formais e informais, muitas vezes clandestinos

(ANDRADE PINTO et al., 2004).

As áreas localizadas no macro compartimento norte do município são

carentes de infraestrutura básica e apresentam problemas relativos a processos

erosivos acentuados, que associados a um crescimento urbano sem planejamento,

geram um alto índice de degradação dos meios físico e biótico.

1.1 O conceito de qualidade da água

Quando utilizamos o termo "qualidade de água", é necessário

compreender que esse termo não se refere, necessariamente, a um estado de

pureza, mas simplesmente às características químicas, físicas e biológicas, e que,

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conforme essas características são estipuladas diferentes finalidades para a água.

Assim, a política normativa nacional de uso da água, como consta na Resolução

número 20 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), procurou

estabelecer parâmetros que definem limites aceitáveis.

Os corpos de água foram classificados em nove categorias, sendo cinco

classes de água doce (salinidade <0,5%), duas classes salinas (salinidade superior

a 30%) e duas salobras (salinidade entre 0,5 e 30%). A classe "especial" é apta para

uso doméstico sem tratamento prévio, enquanto o uso doméstico da classe IV é

restrito, mesmo após tratamento, devido à presença de substâncias que oferecem

risco à saúde humana. A classificação padronizada dos corpos de água possibilita

que se fixem metas para atingir níveis de indicadores consistentes com a

classificação desejada (BRASIL, 1997).

A ocupação humana e desornada afeta a qualidade da água em função

da urbanização, não planejada, fruto de políticas públicas em relação à proliferação

de loteamentos clandestinos. Lançamento in natura de efluentes doméstico e

industrial e atividades agropecuárias. A exploração desordenada dos recursos

naturais, o uso inadequado dos solos (ANDRADE PINTO et al., 2004).

A Bacia Hidrográfica, do Ribeirão Guaraçau, está localizada no macro

compartimento norte do município de Guarulhos, foi um cenário excelente para fazer

a análise da qualidade de suas águas frente ao uso e ocupação da terra.

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2 OBJETIVOS

O objetivo desta pesquisa é avaliar o estágio de eutrofização das águas

superficiais ao longo da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau (BHRG) frente às

condições de uso da terra predominante nos diferentes compartimentos referentes à

zona rural e urbana.

2.1 Objetivos específicos

Os objetivos específicos são:

a) Avaliar o comportamento da qualidade da água na BHRG através de

parâmetros físico-químicos e microbiológico num período de 12

meses, tanto na área rural como na área urbana;

b) Interpretar os valores analisados frente à legislação CONAMA nº.

357/2005 e utilizar o enquadramento de acordo com Decreto Estadual

10.755/77;

c) Correlacionar o Índice de Estado Trófico (IET) em função do uso da

terra ao longo da BHRG.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Bacia hidrográfica como unidade de análise

Historicamente, a bacia hidrográfica tem sido adotada como uma unidade

territorial preferencial para os estudos, planejamento, gestão e gerenciamento dos

recursos hídricos, pois possibilita uma perfeita interação entre as características de

seus meios físico e biótico com as várias formas de usos da terra, assim como dos

recursos naturais, dos quais os hídricos se destacam (MACHADO; TORRES, 2012).

A crescente demanda para todos os usos da água (pesca, irrigação,

geração de energia elétrica, abastecimentos público e industrial, e lazer) possibilitou,

nas últimas décadas, a elaboração de políticas e legislações específicas, ao mesmo

tempo em que consagraram a bacia hidrográfica como unidade de planejamento.

Esse é o caso, por exemplo, da Lei Federal nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997 (Lei

das Águas), que estabeleceu a bacia hidrográfica como sendo a unidade territorial

para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), e atuação

do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH)

(MACHADO; TORRES, 2012). Dessa forma, percebe-se que o conceito de bacia

hidrográfica se amplia e se consolida como unidade preferencial de estudo.

Nas últimas décadas, o Brasil teve um desenvolvimento socioeconômico

significativo, com expressivo crescimento demográfico o que conduziu à formação

de regiões metropolitanas. Nessas megalópoles, as expansões urbana e industrial

implicaram em um aumento da demanda por recursos hídricos. Como consequência,

originaram-se diferentes tipos de impactos ambientais, tais como os da poluição

resultante do lançamento de efluentes (industriais e/ou domésticos) in natura nos

corpos d’água (TUCCI, 2008).

Mota (1988) chama a atenção para o fato de que nas propostas de gestão

dos recursos hídricos deve ser dispensada importância especial ao uso da terra,

com o objetivo de impedir, previamente, a deterioração da saúde ambiental de um

corpo de água. A integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental

de uma bacia hidrográfica torna-se um fato relevante, pois ao se analisar as

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modificações na sua paisagem natural, verifica-se uma relação íntima entre elas e o

processo histórico de uso e ocupação da terra (TUCCI, 2005).

Bacia hidrográfica, também chamada de bacia de drenagem, corresponde

a uma porção da superfície da Terra drenada por um rio principal, seus afluentes e

subafluentes. A topografia do terreno é responsável pela drenagem da água da

precipitação pluviométrica (chuva) para esse curso de água. Os limites entre as

bacias hidrográficas encontram-se nas partes mais altas do relevo e são

denominados divisores de água, pois separam as águas de diferentes bacias na

qual o escoamento superficial em qualquer ponto converge para um único ponto fixo,

o exutório fig. 2.

Figura 2 - Escoamento superficial em qualquer ponto converge para um único ponto fixo, o exutório Fonte: Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (2015)

A bacia hidrográfica tem como definição, um conjunto de áreas com

declividades no sentido de uma determinada seção onde está presente um curso

d’água, ou seja, uma área definida e fechada topograficamente num curso d’água

(GARCEZ; ALVAREZ, 2002). Já Botelho (1999), simplifica essa definição como

sendo uma área na superfície terrestre que é drenada por um rio principal e seus

tributários, sendo o seu limite traçado pelos chamados divisores de água.

As vantagens de se trabalhar com bacias hidrográficas para estudos

interdisciplinares, gerenciamentos e planejamentos são os seguintes:

a) a bacia hidrográfica é uma unidade física com fronteiras delimitadas;

b) possui um ecossistema hidrológico integrado, proporcionando um

gerenciamento adequado dos recursos hídricos;

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c) é uma forma de coleta e criação de um banco de dados sobre fatores

biogeoquímicos, econômicos e sociais;

d) oferece a oportunidade de parcerias, resoluções de problemas e

principalmente, estimula a participação da população local na tomada

de decisões e;

e) promove dados concretos para tomada de decisões do poder público

resultando no gerenciamento do desenvolvimento sustentável da

bacia.

Garcez e Alvares (2002) colocam que para um planejamento integrado

dos recursos presentes na bacia, devem ser levantados informações sobre:

a) quantidade e qualidade da águas presentes;

b) levantamentos de dados cartográficos já existentes;

c) informações de detalhes sobre o meio físico e biótico e dados

socioeconômicos da região.

Com isso, a bacia hidrográfica tornou-se atualmente uma unidade ideal

para estudos, levantamentos de dados e formas de planejamento de uso e

ocupação do solo. É importante salientar ainda que por ser uma unidade fechada

pode-se trabalhar em maiores detalhes, denominadas de “microbacias

hidrográficas”.

A microbacia deve ser cuidadosamente selecionada e apresentar as

condições físicas e socioeconômicas da região. É necessário como estudo inicial um

levantamento prévio geral das características naturais locais e posteriormente em

forma de detalhes como Garcez e Alvares (2002):

a) clima: revela informações importantes das épocas de enchentes,

geadas, estiagem e maior potencial de processos erosivos;

b) geologia: as características minerais, texturais e estruturais dos

corpos rochosos, bem como da forma de relevo e do solo contribuem

para o entendimento do comportamento dos processos exógenos;

c) relevo: a informação geomorfológica propicia a análise da paisagem,

mostrando fatores de acumulação ou transporte de materiais e ações

antrópicas;

d) solos: demonstra o material a ser erodido, transportado e depositado

em curto prazo, principalmente se houver ação antrópica não

planejada;

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e) drenagens: revela a disponibilidade de recursos hídricos;

f) cobertura vegetal: protegem o solo contra processos erosivos e

demonstram informações importantes sobre o uso e ocupação do

solo;

g) uso e ocupação da terra: tipos de ocupações (formais e informais).

3.2 Qualidade de água

Segundo Tucci (2008), o uso e a competição pelos recursos naturais

tiveram início na metade do século XX, devido ao desenvolvimento urbano e o

aumento da população. Tais avanços contribuíram para impactar de forma

agravante grande parte da biodiversidade natural dos rios, decorrentes das

poluições geradas pelos seres humanos.

Os recursos hídricos em grandes concentrações urbanas brasileiras

normalmente apresentam-se poluídos, dado a carga de efluentes (domésticos e

industriais) que recebem, como também devido a enchentes urbanas, que

contaminam principalmente os mananciais. Além do crescimento populacional

acelerado e do comprometimento da qualidade das águas dos rios, a diminuição da

cobertura vegetal também representa um importantíssimo fator que conduz à

escassez hídrica. O somatório desses fatores desencadeia, então, a redução relativa

da disponibilidade hídrica, comprometendo o desenvolvimento regional ou,

dependendo da relevância do recurso hídrico atingido, até mesmo o

desenvolvimento nacional (BRAGA, 2003).

Através das análises físico-químicas e microbiológica das águas pode-se

avaliar a qualidade ambiental de uma bacia hidrográfica, pois a água funciona como

um geoindicador, e uma vez associado a outros dados permite identificar problemas

ambientais. Alguns destes parâmetros físico-químicos e microbiológico analisados

nas águas estão apresentados no Quadro 2, onde encontram-se resumidos seus

respectivos significados ambientais.

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Quadro 2 - Parâmetros analíticos e seus significados ambientais.

Turbidez (TU) Pode reduzir a penetração de luz prejudicando a realização da fotossíntese devido aos sólidos em suspensão provenientes do meio natural (rochas, argila, etc.) ou antrópico (lixo doméstico, industrial, etc.).

Temperatura (T) O aumento da temperatura nos corpos hídricos pode acarretar o aumento das reações químicas, físicas e biológicas e a diminuição dos gases dissolvidos como o OD, além da transferência de gases, ocasionando mau cheiro.

pH Originário da dissolução de rochas, oxidação de matéria orgânica (m.o) (natural) além de despejos domésticos ou industriais (antrópico). Sua elevação pode estar associada a proliferação de algas além de suas alterações serem indicativos de presença de efluentes industriais

Fósforo Total (PT) Considerado nutriente essencial para o crescimento de microrganismos responsáveis pela estabilização da matéria orgânica. Usualmente encontrado nos esgotos, associados aos produtos químicos domésticos (detergentes fosfatados) ou de origem fisiológica (fósforo lipídicos).

Oxigênio Dissolvido (OD) Vital para os seres aquáticos aeróbicos, o OD é o principal parâmetro de caracterização dos efeitos da poluição nos rios por despejos orgânicos. Seus valores elevados estão associados à presença de algas e valores inferiores são indicativos de matéria orgânica (esgotos).

Sólidos Totais (ST) Os sólidos Totais podem ser considerados todos os contaminantes presentes na água, com exceção dos gases dissolvidos. Esses sólidos podem ser voláteis (orgânico) ou fixos (inorgânico). Suas presenças nos rios alteram valores de condutividade, pH, além da cor que está associada a natureza do contaminante.

Escherichia coli Encontrada em esgotos, efluentes tratados e águas naturais sujeitas a contaminação recente por seres humanos e atividade agropecuárias. Está bactéria pertencente ao grupo dos coliformes fecais proporcionam riscos à saúde dos seres humanos e animais.

Condutividade A condutividade é a expressão numérica da capacidade da água conduzir a corrente elétrica, depende das concentrações iônicas e da temperatura e indica a quantidade de sais existentes na coluna d’água representando, portanto, uma medida indireta da concentração de poluentes.

Fonte: adaptado de Sperling (2005).

3.2.1 Poluição hídrica

A água pode ter sua qualidade afetada pelas mais diversas atividades do

homem, sejam elas domésticas, comerciais ou industriais. Com o crescimento da

população e de áreas urbanas foi se tornando complexo ao longo da história da

humanidade, um controle dos recursos hídricos. Torna-se importante ressaltar a

existência dos seguintes tipos de fontes de poluição (TUCCI, 1997): atmosféricas,

pontuais, difusas e mistas. As fontes de poluição atmosférica são classificadas em

fixas (principalmente indústrias) e móveis (veículos automotores, trens, aviões,

navios, etc.).

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A poluição pontual refere-se àquelas onde os poluentes são lançados em

pontos específicos dos corpos d’água e de forma individualizada, as emissões

ocorrem de forma controlada, podendo-se identificar um padrão médio de

lançamento. A poluição difusa se dá quando os poluentes atingem os corpos d’água

de modo aleatório, não havendo possibilidade de estabelecer qualquer padrão de

lançamento, seja em termos de quantidade, frequência ou composição. Escoamento

de água de chuva sobre campos agrícolas e acidentes com produtos químicos ou

combustíveis são exemplos de poluição difusa. As fontes mistas são aquelas que

englobam características de cada uma das fontes descritas por Tucci (1997)

atmosféricas, pontuais e difusas.

Estudos sobre a qualidades das águas superficiais no município de

Guarulhos, analisadas nos últimos anos (VARGAS et al., 2015; VARGAS et al.,

2017) indicam que o uso e ocupação da terra tem comprometido a sua qualidade,

devido as consequências do processo inadequado de crescimento urbano na região,

e que as fontes poluidoras domésticas e industriais representam considerável risco à

qualidade das águas na região.

3.2.2 Eutrofização Natural e Artificial

A eutrofização é o aumento da concentração de nutrientes, especialmente

fósforo e nitrogênio, nos ecossistemas aquáticos, que tem como consequência o

aumento de suas produtividades (ESTEVES, 1988).

Tal processo acontece principalmente em lagos e represas, embora

possa ocorrer mais raramente em rios, uma vez que as condições ambientais destes

serem mais desfavoráveis para o crescimento de algas.

São vários os efeitos indesejáveis da eutrofização, entre eles: maus

odores e mortandade de peixes, mudanças na biodiversidade aquática, redução na

navegação e capacidade de transporte, modificações na qualidade e quantidade de

peixes de valor comercial, contaminação da água destinada ao abastecimento

público. A produção de energia hidroelétrica pode ser afetada pela presença

excessiva de macrófitas aquáticas. Em alguns casos, as macrofitas podem estar

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presentes na água após o tratamento da água, o que pode agravar seus efeitos

crônicos.

3.2.2 Eutrofização Artificial

Esteves (1988) explica o processo de eutrofização (eu = bem; trophos =

nutrientes) como sendo o aumento da concentração de nutrientes responsável pelo

aumento das populações. Quanto à concentração de nutrientes, principalmente

nitrogênio e fósforo, os ecossistemas lênticos podem ser classificados em:

oligotróficos (baixa concentração), mesotróficos (média concentração), eutróficos

(alta concentração) e hipereutróficos (altíssima concentração). Quanto a sua origem,

o processo pode ser classificado como natural ou artificial, ou seja, sem ou com

atuação antrópica. Quando o processo acontece sem atuação humana, ele é lento,

pois os principais agentes são as chuvas e as águas de escoamento superficial.

Quando a eutrofização surge a partir da ação humana, é chamada de artificial,

antrópica ou cultural.

3.2.3 Índice de Estado Trófico (IET)

O Índice do Estado Trófico tem por finalidade classificar corpos d’água em

diferentes graus de trofia, ou seja, avalia a qualidade da água quanto ao

enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento excessivo das

algas ou ao aumento da infestação de macrófitas aquáticas. Nesse índice, os

resultados são obtidos a partir dos valores de fósforo, e devem ser entendidos como

uma medida do potencial de eutrofização, já que este nutriente atua como o agente

causador do processo (LAMPARELLI, 2004).

Em rios, o cálculo do IET(PT), a partir dos valores de fósforo total, é feito

pela fórmula, segundo Lamparelli (2004):

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IET(PT) = 10.(6-((0,42-0,36.(ln.PT)/ln2)) (1)

Em lagos, o cálculo do IET (PT), a partir dos valores de fósforo total é feito

pela fórmula apresentada na equação 2, segundo Lamparelli (2004).

IET(PT)= 10.(6-((0,42-0,36.(ln.PT)/ln2)) -20 (2)

Onde o fósforo total (PT) é expresso em µg/L.

Os valores do IET são classificados segundo classes de estado tróficos,

apresentadas no Quadro 3 abaixo, juntamente com suas características.

Quadro 3 - Classe de estado trófico e suas características principais.

Valor do IET Classes de Estado

Trófico Características

47 Ultraoligotrófico Corpos d’água limpos, de produtividade muito baixa e concentrações insignificantes de nutrientes que não acarretam em prejuízos aos usos da água.

47<IET= 52 Oligotrófico Corpos d’água limpos, de baixa produtividade, em que não ocorrem interferências indesejáveis sobre os usos da água, decorrentes da presença de nutrientes.

52 <IET= 59 Mesotrófico Corpos d’água com produtividade intermediária, com possíveis implicações sobre a qualidade da água, mas em níveis aceitáveis, na maioria dos casos.

59<IET=63 Eutrófico

Corpos d’água com alta produtividade em relação às condições naturais, com redução da transparência, em geral afetados por atividades antrópicas, nos quais ocorrem alterações indesejáveis na qualidade da água decorrentes do aumento da concentração de nutrientes e interferências nos seus múltiplos usos.

63<IET=67 Supereutrófico

Corpos d’água com alta produtividade em relação às condições naturais, de baixa transparência, em geral afetados por atividades antrópicas, nos quais ocorrem com frequência alterações indesejáveis na qualidade da água, como a ocorrência de episódios florações de algas, e interferências nos seus múltiplos usos

> 67 Hipereutrófico

Corpos d’água afetados significativamente pelas elevadas concentrações de matéria orgânica e nutrientes, com comprometimento acentuado nos seus usos, associado a episódios florações de algas ou mortandades de peixes, com consequências indesejáveis para seus múltiplos usos, inclusive sobre as atividades pecuárias nas regiões ribeirinhas.

Fontes: CETESB (2007) e Lamparelli (2004)

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3.2.4 Legislação

Segundo Decreto nº 10.755 de 22 de novembro de 1977 (BRASIL, 1977)

que dispõe sobre o enquadramento dos corpos d’água receptores na classificação

prevista no Decreto nº 8.468, de 08 de setembro de 1976 têm-se os seguintes

enquadramentos para a área de estudo: Rio Baquirivu Guaçu e todos os seus

afluentes, com exceção do Reservatório do Tanque Grande e seus afluentes, até a

confluência com o Rio Tietê, no Município de Guarulhos – classe 3. O Quadro 4

apresenta os parâmetros físico-químicos e microbiológicos para águas enquadradas

como classe 3, de acordo com a Resolução CONAMA nº 357/2005.

Quadro 4 - Valores dos parâmetros físico-químicos e microbiológico das águas de classe 3 de acordo com a Resolução CONAMA nº 357/2005

Parâmetro Físico-Químico e

Microbiológico T ºC pH PT (mg/L)

CE (µS/cm)

Escherichia coli (UFC/100 mL)

TU (UNT)

CONAMA 357/05 classe 3

NE 6-9 Máximo 0,15

mg L-1

NE

Máximo 2400

UFC 100mL-1

Máximo de 100 UNT

Fonte: Brasil (2005)

No que se refere aos aspectos microbiológicos, a legislação brasileira

aplica a concentração de coliformes fecais como padrão para qualidade

microbiológica de águas superficiais destinada ao abastecimento público, recreação,

irrigação e piscicultura, e as concentrações de coliformes totais e de Escherichia coli

como padrões de potabilidade, conforme Resolução CONAMA nº 357/2005

(BRASIL, 2005).

Na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau BHRG, do ponto de vista de

zoneamento municipal, encontram-se zonas rurais e urbanas, que evidenciam

diferentes formas de uso da terra, as quais podem representar focos alteradores da

qualidade da água dos cursos fluviais. Esta bacia foi selecionada para investigação

do estado trófico de suas águas em função do uso e ocupação da terra por abranger

em seu curso fluvial tanto em áreas rurais como urbanas.

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3.3. Geoprocessamento e o mapeamento do uso da terra

Os primeiros trabalhos sobre uso da terra no Brasil se iniciaram no final da

década de 1930 do século passado e perduraram até os anos de 1940, quando

predominaram estudos sobre a colonização e as viagens de reconhecimento, como

os dedicados à análise da colonização do Sul do Brasil através da migração ou os

que se dedicaram à análise da ocupação da Amazônia (IBGE, 2006). Na década de

1970, foram registrados tanto os avanços em análises classificatórias das formas e

das dinâmicas de uso da terra, especialmente a partir de focos temáticos, como o

uso nos meios técnico e acadêmico de procedimentos estatísticos na geografia,

refletindo uma forte ênfase às análises quantitativas na produção dos trabalhos da

época. O primeiro trabalho sistemático utilizando o sensoriamento remoto como

ferramenta de interpretação dos fenômenos espacializáveis de significado nacional

foi o Levantamento Sistemático de Recursos Naturais, realizado pelo

RADAMBRASIL, utilizando imagens de radar (SOBRINHO, 2013).

Um dos pontos mais importantes no Uso da terra é levantar informações e

criar padrões de cobertura de terra no ponto estudado. Essas ações envolvem

pesquisas de escritório e de campo, voltadas para a interpretação, análise e registro

de observações da paisagem, concernentes aos tipos de uso e cobertura da terra,

visando a sua classificação e espacialização através de cartas. O levantamento

sobre o uso e a cobertura da terra comporta análises e mapeamentos e é de grande

utilidade para o conhecimento atualizado das formas de uso e de ocupação do

espaço, constituindo importante ferramenta de planejamento e de orientação à

tomada de decisão (SOBRINHO, 2013).

As diferentes formas de uso e ocupação ao longo das bacias hidrográficas e

demais drenagens podem induzir ou mesmo acelerar o processo de erosão, tanto no

próprio canal (leito menor) quanto no solo localizado em seus leitos (maior e

excepcional), como em uma expressiva área de uma bacia hidrográfica. Estas

atividades são realizadas para fins diversos, como nas áreas urbanizadas, rurais,

industriais, mistas. No entanto, definiu-se com mais fatores impactantes as áreas

mistas, por terem atividades diferentes no mesmo espaço, e um fluxo de pessoas

maior, especialmente quando mista em um uso rural (população permanente) e

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rural, embora menor densidade populacional, as atividades econômicas no campo

têm um forte impacto no ambiente, especialmente quando sofrem por problemas de

desmatamento, uso de maquinário pesado, dentre outros. No entanto, quando feito

com planejamento e gestão ambiental, os danos são minimizados (SOBRINHO,

2013).

Ao retratar as formas e a dinâmica de ocupação da terra, esses estudos

também representam instrumento valioso para a construção de indicadores

ambientais e para a avaliação da capacidade de suporte ambiental, diante dos

diferentes manejos empregados na produção, contribuindo assim para a

identificação de alternativas promotoras da sustentabilidade do desenvolvimento

(IBGE, 2006).

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4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Guarulhos é um dos 39 municípios da Grande São Paulo, região

economicamente mais importante do Brasil. É a segunda cidade com maior

população do Estado de São Paulo e a 12ª mais populosa do país (1.221.979

habitantes) (IBGE 2006).

Graças a diversos fatores, como forma de ocupação, políticas públicas e

localização, Guarulhos tornou-se um centro estratégico de distribuição e logística

para a economia não só da Região do Alto Tietê, como também de São Paulo e do

País. O município encontra-se estrategicamente localizado entre duas das principais

rodovias nacionais: a Via Dutra, eixo de ligação São Paulo - Rio de Janeiro e

Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte. Conta ainda com a

Rodovia Ayrton Senna, uma das mais modernas do país, que facilita a ligação de

São Paulo diretamente com o Aeroporto Internacional de Guarulhos e com o Porto

de Santos, do qual dista 108 km. Há ainda em construção o trecho norte do

Rodoanel.

A Bacia Hidrográfica rio Baquiruvu Guaçu (BHRG) objeto da presente

análise geoambiental apresenta uma área de 149 km2 como e a Bacia Hidrográfica

Ribeirão Guaraçu é uma de suas sub-bacias. A BHRG tem caráter intermunicipal

compreende aproximadamente 80% do território de Guarulhos e no município de

Arujá, abrange uma área de 19,5 km2 o qual corresponde a aproximadamente 20%

do seu território.

A área estudada, representada pela Bacia Hidrográfica situa-se no

município de Guarulhos, abrangendo os bairros: Água Azul, Jardim Nova

Bonsucesso, Jardim Ponte Alta, Mato das Cobras, Residencial Bambi e Vila

Carmélia.

4.1 Localização

A Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau (BHRG), Fig.3, encontra-se na

sua totalidade dentro do município de Guarulhos, e este por sua vez, localiza-se no

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setor norte da Região Metropolitana de São Paulo, distando, aproximadamente, 17

km da capital. Tem como limites os municípios de Arujá (leste), Itaquaquecetuba

(sudeste), Mairiporã (noroeste), Nazaré Paulista (norte), São Paulo (sul e oeste) e

Santa Isabel (nordeste).

Figura 3 - Localização da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau (BHRG) em Guarulhos na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).Fonte: Laboratório de Geoprocessamento da UnG ( 2015)

4.2 Características da BHRG

4.2.1 Hidrografia da BHRG

O Município de Guarulhos está incluído nas Unidades de Gerenciamento

de Recursos Hídricos do Alto Tietê (UGRHI - 06) e do Paraíba do Sul (UGRHI - 02).

A Fig. 4 e a Tabela 1 apresentam as principais bacias hidrográficas do município.

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Os limites com o município de São Paulo são estabelecidos,

respectivamente, com o Rio Cabuçu de Cima a oeste de Guarulhos e com o rio Tietê

a sul de Guarulhos. Faz limite ainda com o município de Arujá através do rio Jaguari.

O Rio Baquirivu-Guaçu atravessa o município.

Figura 4 - Bacias hidrográficas do município de Guarulhos Fonte: Andrade et al. (2008).

Tabela 1 - Principais Bacias do Município de Guarulhos

Fonte: Andrade et. al. (2008)

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As sub-bacias em Guarulhos têm características diferenciadas em relação

ao relevo. As sub-bacias do rio Cabuçu de Cima, do córrego do Jaguari e dos cursos

contribuintes da margem direita do rio Baquirivu-Guaçu, têm suas cabeceiras

formadas num relevo de morros e montanhas, sendo os canais encaixados e

fortemente condicionados por estruturas tectônicas, formando um padrão de

drenagem dendrítico a subparalelo, de alta densidade. Quando atingem a região da

bacia sedimentar onde o relevo é formado principalmente por colinas, assim como

os demais cursos d´água que surgem nesta região, mudam para uma densidade de

drenagem baixa, em vales mais amplos, por vezes com canais meandrantes em

planícies fluviais (ANDRADE et al, 2008).

4.2.2 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau

A hidrografia no Município de Guarulhos é distribuída em duas bacias Alto

Tietê e Paraiba do Sul subdividido em:

a) Bacia Tietê com suas sub-bacias Baquirivu-Guaçu,Cabuçu de

Cima,Central.

b) Bacia Paraiba do Sul com suas sub-bacias Parati-mirim,Jaguari

A bacia do Ribeirão Guaraçau localiza-se na maior bacia hidrográfica do

município de Guarulhos, e ocupa 46% dos 341 km2 do território municipal.

Características Geométricas área: 20,5 km² comprimento 8350m , largura

máxima: 5600 m altitude máxima: 990 m Altitude mínima: 750 m

4.3 Clima

Guarulhos situa-se na transição entre duas grandes zonas climáticas do

planeta, delimitadas pelo Trópico de Capricórnio: a Zona Tropical e a Zona

Temperada. A região desse município tem como característica principal uma maior

presença de clima mesotérmico brando úmido, com um a dois meses secos. A

temperatura média anual está entre 18°C e 19°C, sua média do mês mais frio

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inferior a 15ºC, já nos meses de verão a média varia entre 23°C e 24°C. O índice

pluviométrico está entre 1.250 e 1.500 mm/ano.

Como característica básica, tem-se o inverno seco e o verão chuvoso, com

influência de frentes frias antárticas e da umidade proveniente do oceano Atlântico.

O período chuvoso é marcado pela ocorrência de pancadas de chuvas que podem

atingir valores superiores a 50 mm acumulados em uma hora, sendo comum o

processo de enchentes nestas ocasiões. Por outro lado, a umidade do ar pode

atingir valores inferiores a 20%, em episódios problemáticos à saúde pública e risco

de incêndios.

A área mais intensamente urbanizada da RMSP e de Guarulhos encontra-

se numa região abrigada entre as Serras da Cantareira ao norte e do Mar ao sul,

onde a circulação atmosférica nem sempre é favorável, existindo a possibilidade de

eventos de baixa qualidade do ar, levando em consideração a enorme quantidade

de gases lançados pelos veículos automotores da metrópole, indústrias e

aeronaves, agravados ainda mais pelo fenômeno de inversão térmica que pode

ocorrer nos períodos de inverno (ANDRADE et al., 2008).

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5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Pesquisas Bibliográficas

A etapa inicial do trabalho envolveu consultas bibliográficas, a

fundamentação teórica e a montagem de um banco de dados espaciais, realizando

uma busca de informações quanto à área abordada e os temas relacionados em

questão. Essas informações pesquisadas foram fundamentadas em dissertações,

teses, livros, relatórios técnicos, páginas eletrônicas e artigos científicos.

5.2 Mapa de uso da terra

O mapeamento de uso da terra foi elaborado em duas etapas, na qual, a

primeira é referente à fotointerpretação e reconhecimento dos elementos

homogêneos da cobertura terrestre; a segunda corresponde ao mapeamento

através da digitalização dos layers sobre a imagem no banco de dados espaciais.

Na etapa de fotointerpretação os aspectos visuais dos objetos foram

identificados e reconhecidos considerando como parâmetros: cor, textura, geometria

(forma), tamanho, orientação e distribuição espacial. Diante do reconhecimento dos

objetos, foi adotada uma subdivisão hierárquica na etapa de classificação, com base

na composição dos objetos e pela função destes no espaço.

O mapeamento a partir dos layers sobre o banco de dados digital foi feito

através do softwareArcGis. Conforme classificação apontados por Tominaga et al.

(2004; 2005) e IBGE (2006), as áreas urbanas foram analisadas em seu estágio de

ocupação (nível de consolidação). Através da atividade de fotointerpretação e

reconhecimento dos objetos observados na cobertura terrestre, o mapeamento de

uso da terra se deu por uma classificação. O mapa de uso da terra foi elaborado

com dez classes: cobertura arbórea, vegetação arbustiva, corpo d’água, chácara/

sitio, galpões industriais, equipamentos públicos (escola, hospitais), residencial

consolidado, condomínios, residencial não consolidado e solo exposto.

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5.3 Amostragem e Análise das Águas

As amostras foram sazonais de forma a descrever o comportamento das

águas do Córrego Guaraçau entre os períodos seco e chuvoso, totalizando 6

amostras, compreendidas entre setembro de 2015 a agosto de 2016, através de

cinco (5) pontos escolhidos ao longo da bacia (Fig. 5).

Figura 5 - Pontos de amostragem das águas ao longo da BHRG. Fonte: Lab. Geoprocessamento UnG, 2015

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Os pontos de amostragem e correspondente Universal Transversa de

Mercator (UTM) são descritas na Tabela 2.

Tabela 2 - Coordenadas Universal Transversa de Mercator UTM

PONTO LONGITUDE LATITUDE

Ponto 1 23º21’26.93’’S 46º24’22.60’’O

Ponto 2 23º21’42.98’’S 46º24’16.55’’O

Ponto 3 23º22’14.45’’S 46º24’ 3.95’’O

Ponto 4 23º22’50.74’’S 46º23’44.67’’O

Ponto 5 23º24’ 3.14’’S 46º24’ 0.82’’O

Fonte: do autor (2016)

No campo foram realizadas análises das águas através de instrumentos

analíticos devidamente calibrados e com medições em triplicata para os seguintes

parâmetros físico-químicos: Temperatura (através do aparelho Condutivímetro

Digimed DM-3), pH (pHmetro Digimed DM-2), Condutividade (Condutivímetro

Digimed DM-3), Turbidez (Turbidímetro Quimis Q279P).

As demais amostras foram coletadas de acordo com Guia Nacional de

Coleta e Preservação de amostras (ANA, 2011) para os seguintes parâmetros

químico e microbiológico: Fósforo Total (PT) e Escherichia coli, e foram analisadas

conforme métodos de análise descritos no Quadro 5.

Os resultados destas análises serão avaliados mediante comparação com

os padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005 (BRASIL, 2005).

Quadro 5 - Variáveis química e microbiológica, e seus respectivos métodos de análise.

Fonte: Lab. Geoprocessamento UnG, 2016

Parâmetro Método de análise

Fósforo Total (PT) APHA (2012). Standard Methods for the Examination of Water and

Wastewater 22nd Ed – método 4500-P E

Coliformes Termotolerantes (E. coli)

APHA (2012). Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (SMEWW) 22nd Ed – método 9222

5.4 Cálculo do Índice de Estado Trófico (IET)

O Índice do Estado Trófico tem por finalidade classificar corpos d’água em

diferentes graus de trofia, ou seja, avalia a qualidade da água quanto ao

enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento excessivo das

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algas ou ao aumento da infestação de macrófitas aquáticas. Nesse índice, os

resultados do índice calculados a partir dos valores de fósforo, devem ser

entendidos como uma medida do potencial de eutrofização, já que este nutriente

atua como o agente causador do processo.

Em rios, o cálculo do IET(PT), a partir dos valores de fósforo total, é feito

pela fórmula, segundo Lamparelli (2004):

IET (PT) = 10.(6-((0,42-0,36.(ln.PT)/ln2)) Equação (1)

Em lagos, o cálculo do IET (PT), a partir dos valores de fósforo total é feito

pela fórmula, segundo Lamparelli (2004):

IET(PT)= 10.(6-((0,42-0,36.(ln.PT)/ln2)) -20 Equação (2)

Onde o fósforo total (PT) é expresso em µg/L.

Os valores do IET são classificados segundo classes de estado tróficos,

apresentadas no Quadro 3, descrito anteriormente, juntamente com suas

características ambientais (LAMPARELLI, 2004).

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A discussão e elaboração dos resultados das propostas mencionadas no

objetivo estão apresentadas no artigo intitulado “Avaliação da qualidade da água

e do estado trófico da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau,

Guarulhos (SP): uma análise comparativa entre as zonas rural e urbana”

apresentado a seguir.

Evaluation of water quality and trophic state of the Ribeirão Guaraçau

Watershed, Guarulhos (SP): a comparative analysis between rural and

urban areas

RESUMO

O processo de urbanização pelo que vem passando os grandes centros urbanos tem afetado de

forma bastante drástica a quantidade, e principalmente a qualidade das águas. A Bacia

Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau, localizada no compartimento norte do município de

Guarulhos contempla áreas rural e urbana com diferentes classes de uso da terra. O objetivo

deste trabalho foi o de avaliar a qualidade das águas e diagnosticar o estágio de eutrofização

das águas superficiais do Ribeirão Guaraçau, principal corpo hídrico da Bacia Hidrográfica do

Ribeirão Guaraçau. Para avaliar a qualidade ambiental, foram realizadas análises físico-

químicas de temperatura, pH, turbidez, condutividade e fósforo total, bem como a análise

microbiológica (E. coli) num período de 12 meses. O Índice de Estado Trófico (IET) foi

usado para averiguar as condições de degradação ambiental de ambientes lóticos e lênticos.

As águas superficiais do Ribeirão Guaraçau, na área rural já se encontra comprometida, com

uma piora na qualidade da água de montante à jusante, para os parâmetros fósforo total e E.

coli, indicando contaminação fecal devido à falta de saneamento básico na região. Locais

característicos de área rural já apresentam sinais de degradação com níveis de trofia variando

de oligotrófico a hipereutrófico. Reforça-se a necessidade da construção de rede coletora e

tratamento de esgoto na ETE Bonsucesso, inaugurada em 2011, e o controle de ocupações em

áreas que são produtoras de água de boa qualidade.

Palavras-chave: Águas urbanas. Poluição hídrica. Eutrofização. Região Metropolitana de São

Paulo.

Abstract

The urbanization process that has been passing through the major urban centers has affected

drastically the quantity, and especially the quality of the water. The Ribeirão Guaraçau

Watershed, located in the northern compartment of the Guarulhos municipality, includes rural

and urban areas with different land use classes. The goal of this work was to evaluate the

water quality and to diagnose the eutrophication stage of the surface waters of Ribeirão

Guaraçau, the main water course of the Ribeirão Guaraçau watershed. To evaluate the

environmental quality, physical and chemical analyzes of temperature, pH, turbidity,

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conductivity and total phosphorus, as well as the microbiological analysis (E. coli) were

carried out in a period of 12 months. The Trophic State Index (TSI) was used to ascertain the

environmental degradation conditions of lotic and lentic environments. The surface waters of

the Ribeirão Guaraçau in the rural area are already compromised, with worsening water

quality upstream, for the parameters of total phosphorus and E. coli, indicating fecal

contamination due to lack of basic sanitation in the region. Characteristic sites of rural areas

already present signs of degradation with trophic levels varying from oligotrophic to

hypereutrophic. The need to build a sewage collection and sewage treatment system at the

Bonsucesso Sewage Treatment Station (STS), inaugurated in 2011, and the control of

occupations in areas that produce good quality water is reinforced.

Key words: Urban Waters. Water Pollution, Eutrophication. São Paulo Metropolitan Region.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da sociedade moderna, principalmente a urbana, tem ocorrido de forma

desordenada, isenta de qualquer planejamento, à custa de níveis cada vez maiores de

degradações ambientais. Como resultado desse cenário em desequilíbrio, verificam-se

impactos significativos, que comprometem a qualidade ambiental, notadamente das grandes

metrópoles. O Município de Guarulhos, localizado na Região Metropolitana de São Paulo

(RMSP), considerado a segunda maior cidade do Estado de São Paulo, encontra-se em

expansão urbana e apresenta problemas de planejamento, induzidos pelo seu desenvolvimento

industrial, viário, aeroportuário, de serviços e por significativas obras civis, como por

exemplo, a construção do Rodoanel, trecho norte (OLIVEIRA et al., 2009; MESQUITA,

2011).

Os impactos ambientais causados pela remoção de florestas, desenvolvimento agrícola,

urbano e industrial, associado à falta de saneamento básico leva a um aumento da

concentração de nutrientes nos ecossistemas aquáticos, especialmente fósforo e nitrogênio,

que têm como consequência o crescimento de algas, inclusive de cianobactérias

potencialmente tóxicas, tornando-se um risco à saúde do ecossistema, além de implicar em

aumento no custo do tratamento da água para abastecimento (ESTEVES, 2011). Tal processo

denominado de eutrofização, pode ser quantificado através do Índice do Estado Trófico (IET)

que tem por finalidade classificar corpos d’água em diferentes graus de trofia

(LAMPARELLI, 2004). O índice classifica o corpo d'água em seis classes de trofia, de acordo

com as concentrações de fósforo total na água. As condições propícias para o processo de

eutrofização é a de um ambiente lêntico, com a presença de nutrientes, altas temperaturas,

níveis de radiação elevado, baixa turbidez e alto tempo de residência da água. Corpos d´água

de ambiente lótico, classificados como eutróficos, supereutróficos e hipereutróficos raramente

apresentam processos de eutrofização, no entanto, é através dos rios e córregos que ocorre

grande parte do aporte de nutrientes para lagos e reservatórios (ANA, 2013).

Dependendo do uso e ocupação da terra, verificam-se diferentes níveis de trofia dos corpos

hídricos. Cunha et al. (2010) estudaram três rios tropicais com diferentes níveis de

interferência antrópica. Estes autores observaram que em regiões mais preservadas, com 70%

de sua área ocupada por florestas, os níveis de trofia variaram de oligotrófico a mesotrófico.

Por outro lado, em regiões com a presença de indústrias, os níveis de trofia observados era

hipereutrófico. Em outro estudo realizado em uma bacia hidrográfica com 65% de área

urbanizada caracterizada pela presença de palafitas, onde ocorre o despejo de esgoto

doméstico in natura nas águas, os níveis de trofia variaram de supereutrófico a hipereutrófico.

No mesmo estudo, em outro rio da região com a presença de povoamentos e atividades rurais,

os níveis de trofia variaram de mesotrófico a supereutrófico (SILVA et al., 2014).

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Considerando o conceito de bacia hidrográfica como unidade de estudo (MACHADO e

TORRES, 2012), foi selecionada a Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau (BHRG),

localizada na sua maior parte no compartimento norte do município de Guarulhos, e que se

apresenta como uma área produtora de água, em zonas de mananciais (ANDRADE et al.,

2008). Nesta bacia hidrográfica, do ponto de vista de zoneamento municipal, encontram-se

zonas rurais e urbanas, que evidenciam diferentes formas de uso da terra, as quais podem

representar focos alteradores da qualidade da água dos cursos fluviais. O objetivo principal

deste trabalho foi o de avaliar a qualidade das águas e diagnosticar o estágio de eutrofização

das águas superficiais do Ribeirão Guaraçau, principal corpo hídrico da Bacia Hidrográfica do

Ribeirão Guaraçau, tanto na área rural quanto na área urbana.

Características geoambientais da área de estudo

O município de Guarulhos, localizado na porção nordeste da Região Metropolitana de São

Paulo (RMSP), é um dos 39 municípios que a integra e possui como limites os municípios de

Arujá, Itaquaquecetuba, Mairiporã , Nazaré Paulista , São Paulo e Santa Isabel (Figura 1). O

município caracteriza-se por um clima sub-tropical úmido com chuvas médias anuais de

1470mm. Os índices pluviométricos anuais na região foram 1897 mm para 2015 e 1570 mm

para 2016 (INMET, 2016). As temperaturas anuais médias nos meses mais frios ficam entre

17oC e 19oC, já para o período de verão, as temperaturas anuais médias variam entre 23oC e

24oC (OLIVEIRA et al., 2009). Em termos hidrográficos, o município está dividido em cinco

bacias, sendo a maior delas a Bacia Hidrográfica do Baquirivu-Guaçu (BHBG) com 149 Km2

de área, na qual a área de estudo encontra-se inserida.

A BHRG possui como características geométricas, área de 20,5 km² comprimento de 8350m,

largura máxima de 5600 m, altitude máxima de 990 m e altitude mínima de 750 m (RIBEIRO

et a., 2013).

Figura 1. Localização da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau (BHRG), Guarulhos (SP).

Fonte: Lab. Geoprocessamento UnG

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A BHRG possui como características geométricas, área de 20,5 km² comprimento de 8350m,

largura máxima de 5600 m, altitude máxima de 990 m e altitude mínima de 750 m (RIBEIRO

et al., 2013). As formas de relevo e os tipos litológicos presentes na BHRG estão sumarizadas

no Quadro 1.

Quadro 1. Características do meio físico da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau

ZONA CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO

Formas de Relevo Tipos Litológicos

RURAL

Montanhas e morros com cotas

superiores a 1000m Predomínio de rochas metamórficas

(filitos; formação ferrífera); ígneas

(granitos); sedimentos aluvionares

localizados

Morros altos com cotas superiores a

900m

Morrotes

Planícies fluviais restritas

URBANA

Morros baixos Metassedimentos (filitos).

Morrotes Sedimentos clásticos (arenitos

grossos a finos; argilitos);

sedimentos aluvionares. Colinas pequenas

Planícies fluviais amplas e restritas

Fonte: Ribeiro et al., (2013)

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Mapa de Uso da terra

O mapa de uso da terra foi elaborado através da atualização do mapa de Ribeiro et al. (2013).

O primeiro passo nesta atualização foi a exportação do arquivo vetorial (shapefile) deste mapa

base para o formato Keyhole Markup Language (kml), no programa ArcGIS – versão 10

(ESRI, 2013). A próxima etapa foi a importação do kml para o Google Earth, onde foi

sobreposto a uma imagem do IKONOS II, Sensor PSM Resolução de 1 m, do dia 28 de

setembro de 2016 onde os vértices do vetor foram atualizados. Na última etapa, importou-se o

arquivo kml atualizado ao ArcGIS, onde foi exportado para o formato shapefile.

2.2. Coleta e Análise da água

Para avaliação da qualidade da água ao longo do Ribeirão Guaraçau foram selecionados cinco

pontos (P1 a P5), sendo realizadas seis coletas bimestrais no período de setembro de 2015 a

agosto de 2016. A seleção da localização dos pontos de coletas (Figura 2) foi fundamentada

considerando-se a dimensão da superfície drenada e ocorrência de regiões diferenciadas

quanto aos tipos de uso da terra, sendo que os pontos P1 a P4 localizam-se em área com

predomínio de zona rural e o ponto P5 com características de zona urbana. O ponto P1

(23º21’26.93’’S e 46º24’22.60’’W) localiza-se em uma área mais preservada, com

predomínio de formação arbórea. O ponto P2 (23º21’42.98’’S e 46º24’16.55’’W) localiza-se

na saída do Lago Azul. O ponto P3 (23º22’14.45’’S e 46º24’ 3.95’’W) localiza-se na porção

norte da bacia hidrográfica e recebe a influência de diversas residências no bairro Água Azul,

onde inclusive existe a presença de uma área de ocupação urbana desordenada de alta

densidade (favela) sem coleta de esgoto. O ponto P4 (23º22’50.74’’S e 46º23’44.67’’W)

localiza-se em área agrícola, com predomínio de área vegetada em seu entorno, mas que já

traz contribuições dos pontos anteriores. O ponto P5 (23º24’ 3.14’’S e 46º24’ 0.82’’W)

localiza-se em área de ocupação urbana ordenada com alta densidade.

No campo foram realizadas análises das águas através de instrumentos analíticos devidamente

calibrados e com medições em triplicata para os seguintes parâmetros físico-químicos:

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Temperatura (através do aparelho Condutivímetro Digimed DM-3), pH (pHmetro Digimed

DM-2), Condutividade (Condutivímetro Digimed DM-3), Turbidez (Turbidímetro Quimis

Q279P). As demais amostras foram coletadas de acordo com Guia Nacional de Coleta e

Preservação de amostras (ANA, 2011) para os seguintes os parâmetros de Fósforo Total e

Escherichia coli, analisados em triplicata, segundo Standard Methods for examinations of

Water and Wastewater (APHA, 2012).

Os resultados destas análises foram avaliados mediante comparação com os padrões

estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005 (BRASIL, 2005) e de acordo com Decreto

Estadual nº 10.755 que dispõe sobre o enquadramento dos corpos d’água receptores na

classificação prevista no Decreto Estadual nº 8.468, de 08 de setembro de 1976, o Rio

Baquirivu Guaçu e todos os seus afluentes, até a confluência com o Rio Tietê, no Município

de Guarulhos foram enquadrados na classe 3 (SÃO PAULO, 1977).

2.4. Índice de Estado Trófico (IET)

Para as águas do Ribeirão Guaraçau o cálculo do IET (PT) foi realizado a partir dos valores

de fósforo total (µg.L-1) de acordo com metodologia de Lamparelli (2004).

Os valores de IET e as seis classes de estado trófico foram distribuídos da seguinte forma

(CETESB, 2007; LAMPARELLI, 2004): IET ≤47 (ultraoligotrófico); 47<IET ≤ 52

(oligotrófico); 52 <IET ≤ 59 (mesotrófico); 59<IET ≤63 (eutrófico); 63<IET ≤67

(supereutrófico) e IET > 67 (hipereutrófico).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Bacia Hidrográfica Ribeirão Guaraçau (BHRG) contempla zonas tanto com características

rurais quanto urbanas. Do ponto P1 ao ponto P4 existe um predomínio de formação arbórea e

vegetação rasteira, ocupações urbanas de baixa densidade, o que caracteriza a região como

área rural (Figura 2). A zona urbana consolidada ocupa predominantemente a porção sul da

bacia. No entorno do ponto P5, último ponto de coleta no Ribeirão Guaraçau, existe a

presença de ocupações urbanas ordenadas com alta densidade, características essencialmente

urbanas. Ao longo dos últimos dez anos, a BHRG sofreu pequenas alterações quanto à sua

ocupação (Figura 2) no período de 2007 a 2016. Um ponto negativo, é que neste período,

apesar de as ocupações desordenadas de alta densidade (favela) contribuírem com uma

pequena porcentagem, houve um aumento de aproximadamente 108% para essa classe,

distribuídos ao longo da BHRG, desde sua área rural até a área urbana. O aumento dessas

áreas sem coleta de esgoto, conduz a uma piora na qualidade dos corpos hídricos da bacia

hidrográfica. Outra alteração relevante para a qualidade da água foi a redução em 33% nas

áreas de cultura agrícola. A partir do mapa de uso e ocupação da terra, observa-se que a

maioria das culturas agrícolas em 2007, relatadas por Ribeiro et al. (2013) foram substituídas

por vegetação rasteira de campo, apesar disto não refletir em um aumento desta última classe,

devido ao aumento de 10% das ocupações urbanas de baixa densidade na região rural nestas

áreas com vegetação rasteira.

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Figura 2. Mapa de uso e ocupação da terra em 2016 com localização dos pontos de coleta de

amostras de água e classes de uso da terra com suas porcentagens (%) na Bacia Hidrográfica

do Ribeirão Guaraçau (BHRG) em 2007 e 2016. Fonte: Lab. Geoprocessamento UnG, 2016

O ponto P1 localizado em uma área de ocupação urbana de baixa densidade, apresenta a

montante uma região mais preservada com predomínio de formação arbórea. Como

consequência disto, os valores obtidos nas águas superficiais analisadas para todos os

parâmetros foram os que apresentaram melhor qualidade (Tabela 1). Somente o parâmetro

microbiológico (E.coli) apresentou valor médio acima do estabelecido na resolução

CONAMA para corpos hídricos de classe 3 (BRASIL, 2005). Este valor elevado justifica-se

pelo fato de que no entorno do ponto existem chácaras com criações de animais. O parâmetro

fósforo total para este ponto, apesar de estar abaixo do valor limite da legislação, apresentou

valor médio próximo do limite e teve valor máximo acima do limite. Isto corrobora com a

contaminação fecal do corpo hídrico, ainda que em menor intensidade, ocasionado

provavelmente pelas fezes de animais de criação.

O comportamento da temperatura das águas (Tabela 1), variou de acordo com a sua ocupação

no seu entorno, sendo o ponto P1 de menor valor, refere-se a uma área mais vegetada, e o

ponto P5 o maior valor médio por se localizar uma área urbana. Diversos estudos indicam que

a presença de área vegetada no entorno do corpo hídrico faz com que as temperaturas das

águas fiquem menores, e por sua vez, áreas mais urbanizadas, com pouca vegetação,

aumentem a temperatura da água de maneira significativa (FIA et al., 2015; VARGAS et al.,

2015; DE FREITAS PEREIRA et al., 2016; DE PAULA CARVALHO et al., 2016).

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Tabela 1. Valores dos parâmetros físico-químicos e microbiológica das águas ao longo da

BHRG no período de setembro de 2015 a agosto de 2016

Parâmetro Pontos Média dp Min Máx. CV

(%) CONAMA

357 Classe 3

T (oC)

P1 18,5 4,2 13,0 24,3 22,9

N.E.

P2 20,9 4,3 14,5 26,0 20,7

P3 20,7 4,0 14,9 24,9 19,5

P4 19,5 4,2 13,6 23,9 21,6

P5 21,8 4,0 15,3 25,6 18,5

pH (upH)

P1 6,1 0,4 5,6 6,6 5,8

6 a 9

P2 6,9 0,4 6,5 7,5 5,8

P3 7,3 0,8 5,98 8,1 11,4

P4 7,5 0,6 6,9 8,4 7,7

P5 7,0 0,7 6,5 8,3 10,7

TU (UNT)

P1 10 15 2 40 152

máx. 100

P2 22 20 2 55 88

P3 30 11 12 39 36

P4 14 10 2 30 68

P5 206 204 32 532 99

CE

(S.cm-1)

P1 83 24 51 107 28,6

N.E.

P2 138 23 115 172 16,5

P3 242 107 156 457 44,4

P4 860 415 446 1603 48,3

P5 671 235 421 956 35

PT (mg.L-

1)

P1 0,117 0,197 0,007 0,5 168

0,05 (lêntico)

0,15 (lótico)

P2 0,123 0,285 0,007 0,71 231

P3 1,88 2,1 0,007 5,14 112

P4 2,54 1,58 0,007 4,18 63

P5 4,84 3,57 0,13 9,32 74

E. coli

(UFC.100

mL-1)

P1 4,7E+03 2,2E+03 2,5E+03 8,0E+03 47

máx. 2400

P2 6,3E+03 4,1E+03 2,4E+03 1,3E+04 65

P3 5,5E+05 1,1E+06 1,2E+04 2,8E+06 205

P4 7,9E+05 1,1E+06 1,2E+05 3,0E+06 145

P5 2,2E+07 2,3E+07 3,0E+06 5,4E+07 104

P2 corpo lêntico (Lago Azul). Demais pontos: corpo lótico

Abreviações: dp (desvio padrão); CV (coeficiente de variação); T (temperatura); TU

(turbidez); CE (condutividade elétrica); PT (fósforo total); E. coli (Escherichia coli).

A análise do pH, para todos os pontos analisados, não apresentou variação significativa ao

longo da bacia hidrográfica, e com os menores valores de coeficiente de variação, sendo que

seus valores médios se encontram dentro dos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA

357/05, mesmo com áreas com atividade industrial, agrícola e com falta de saneamento básico

na região.

Os valores de turbidez dos pontos P1 a P4 se apresentaram abaixo do limite máximo

estabelecido pelo CONAMA 357/05, no entanto, a turbidez do ponto P5 apresentou valores

acima do limite estabelecido, devido a presença de esgoto doméstico e de indústrias químicas

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na região que lançam seus efluentes nas águas do Ribeirão Guaraçau. Os maiores valores de

turbidez foram encontrados no período chuvoso, conforme também observado por Sardinha et

al. (2008), Ríos-Villamizar et al., (2011), Fia et al. (2015) e Andrietti et al. (2016). Neste

período, ocorre o arraste de sólidos em suspensão através dos processos de escoamento

superficial, principalmente em regiões com solos expostos nas proximidades dos corpos

hídricos.

Inúmeros trabalhos têm relatado o uso da condutividade elétrica nos estudos de impacto de

poluentes no ambiente aquático, tanto em rios (UWIDIA e UKULU, 2013; THOMPSON et

al., 2012; VARGAS et al., 2015) quanto em lagos (DAS et al., 2006; COSTA & HENRY,

2010). Cada região apresenta uma água com condutividade elétrica característica, dependendo

principalmente dos tipos de rochas pelo qual ela permeia (TONG e CHEN, 2002). Os valores

de condutividade dos pontos P1 a P5 (Tabela 1) apresentaram um aumento crescente dos seus

valores médios, indicando um aumento da concentração de íons de montante à jusante. Um

ponto que merece ser destacado é o elevado valor da condutividade (860 S/cm) do ponto P4

localizado numa área agrícola. O uso de fertilizantes na forma de sais inorgânicos de

nitrogênio e fósforo fazem com que a condutividade aumente significativamente neste ponto.

A contribuição de outros corpos hídricos entre o ponto P4 e P5, através do processo de

diluição faz com que os valores de condutividade diminuam no ponto P5 (671 S.cm-1).

Vargas et al. (2105) observaram resultados similares na elevação dos valores de

condutividade elétrica das águas do Córrego Taquara do Reino, na bacia hidrográfica de

mesmo nome e localizada ao norte do município de Guarulhos. Segundo os autores, a falta de

saneamento básico na região foi o motivo para a elevação da condutividade elétrica.

As águas do Ribeirão Guaraçau, juntam-se a outros contribuintes que deságuam no Lago

Azul, cuja origem foi uma antiga cava de extração de areia (MESQUITA, 2011). Atualmente,

este lago é usado para atividades de recreação, como o banho e pesca, por moradores da

região. Neste ponto P2, os valores de fósforo total, para corpos lênticos, e principalmente o

parâmetro microbiológico apresentaram-se acima do estabelecido em legislação. A

contaminação fecal oriunda de ocupações regulares e irregulares, associado à falta de coleta

de esgoto e a criação de animais, leva a valores acima do permitido pela legislação e

certamente merece uma maior atenção das autoridades municipais, uma vez que a prefeitura

incentiva o uso do Lago Azul para atividades recreacionais. O ponto P3, na porção norte da

bacia hidrográfica está localizado após os corpos hídricos receberem a influência de diversas

residências no bairro Água Azul, onde inclusive existe a presença de uma área de ocupação

urbana desordenada de alta densidade (favela) sem coleta de esgoto. Tal cenário de

degradação do corpo hídrico é confirmado quando se compara o ponto P2 com o ponto P3 e

observa-se um aumento médio de 15 vezes no teor de fósforo total e 87 vezes no teor de

E.coli. Estes valores sofrem um aumento contínuo ao longo da bacia, e os valores mais

elevados foram encontrados para o ponto P5 que recebe as influências de áreas ocupadas pela

Chácara Recreio Rober e da Vila Carmela.

Os parâmetros fósforo total e E.coli tiveram comportamentos distintos quando comparados

com diferentes períodos pluviométricos. O fósforo total apresentou valores maiores em

períodos secos, com exceção do ponto P4, indicando que nos períodos mais chuvosos ocorre

um efeito de diluição do fósforo nas águas superficiais. Os valores médios e os desvios padrão

de fósforo total para o período seco e chuvoso, respectivamente, foram: P1 (0,176 ± 0,281 e

0,059 ± 0,089), P2 (0,240 ± 0,403 e 0,007 ± 0,000), P3 (2,577 ± 2,335 e 1,175 ± 2,023), P4

(2,463 ± 1,056 e 2,607 ± 2,268) e P5 (5,350 ± 3,838 e 4,329 ± 4,035). A proximidade nos

valores de fósforo no ponto P4, pode estar relacionado ao uso constante de fertilizantes na

área agrícola (figura 2). Saad et al. (2013) observaram este mesmo efeito de diluição na

concentração do fósforo total em períodos mais chuvosos, e segundo os autores este efeito foi

mais pronunciado em área urbana consolidada e com impermeabilização do solo. Rodríguez

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(2001) observou, como neste trabalho, aumento na concentração de nutrientes nas águas no

período de estiagem e atribuiu este fato ao aumento na concentração dos mesmos nas águas,

devido à redução da vazão. Similarmente Stacciarini (2002), avaliando a qualidade dos

recursos hídricos em Paulínia (SP), observou que, na maioria dos pontos estudados, as

concentrações de fósforo foram maiores no período de estiagem. Cruz (2003) avaliando as

águas do Rio Uberaba (MG) chegou às mesmas tendências deste trabalho quanto aos teores de

fósforo total em períodos chuvoso e seco.

Farage et al. (2010) observaram na região do Rio da Pombas (MG) que durante o período

chuvoso, o processo de lavagem superficial em áreas antropizadas proporcionou maior carga

de fósforo ao rio, aumentando sua concentração, mesmo com incrementos na vazão do curso

de água. Os autores justificaram este aumento no aporte de fósforo total através do

mecanismo do escoamento superficial, frequentemente ocorrido nos períodos chuvosos,

principalmente, em solos desprovidos de vegetação ou com predominância de cobertura

rasteira, conforme ocorre nas margens do Rio Pomba. De acordo com estudos de Prada e

Oliveira (2006), o aumento no aporte de fósforo nas águas de rios no período chuvoso, pode

também estar relacionado à ressuspensão dos sedimentos de fundo, com o aumento da vazão.

A quantidade de microrganismos presentes nas águas superficiais foi maior no período

chuvoso, em especial para os pontos menos preservados, conforme pode-se observar nos

valores logarítmicos da E.coli no período chuvoso e seco, respectivamente, para P3 (5,36 ±

1,20 e 4,46 ± 0,14), P4 (5,96 ± 0,55 e 5,14 ± 0,10), e P5 (7,25 ± 0,41 e 6,92 ± 0,70). Saad et

al. (2013) obtiveram resultados semelhantes na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Tanque

Grande que apresenta características geomorfológicas similares às da área estudada, e devido

à declividade mais acentuada ocorre um maior escoamento superficial das águas carreando os

microrganismos para os corpos hídricos, em comparação com sua infiltração no solo

(CHAVES e SANTOS, 2009; DE AZEVEDO LOPES e MAGALHÃES Jr., 2010;

ANDRIETTI et al., 2016).

A partir dos valores de fósforo total foi calculado o Índice de Estado Trófico (Figura 3) com

aumento crescente ao longo da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau na passagem da

zona rural para a zona urbana.

Figura 3. Comportamento do IET(PT) ao longo da BHRG de setembro de 2015 a agosto de

2016

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Nos pontos P1 e P2, os mais preservados, observa-se um nível de estado trófico variando de

oligotrófico a mesotrófico, indicando a presença de corpos de água limpos, em que não

ocorrem interferências indesejáveis sobre os usos da água, decorrentes da presença de

nutrientes, em especial o fósforo. Para os demais pontos, é possível observar uma piora

crescente no nível de trofia do corpo hídrico (Figura 3). Nos períodos mais chuvosos, o IET

(PT) apresentou níveis de trofia mais favoráveis, ou seja, menores, devido ao fator de diluição

dos nutrientes. Para o ponto P3, ocorreu um predomínio do nível supereutrófico, mas com

grande variação de oligotrófico a hipereutrófico. A presença de chácaras e de ocupação

irregular no entorno do ponto P3, associado ao efeito temporal, além da presença de obras de

pavimentação na região durante o período de coletas ocasionaram esta grande variação no

nível trófico. Resultados semelhantes foram observados por Saad et al. (2013) e Vargas et al.

(2015), em bacias hidrográficas do município de Guarulhos. O ponto P4 apresentou uma piora

no nível de trofia, passando para um nível hipereutrófico, variando de eutrófico a

hipereutrófico. A presença de área agrícola próximo deste ponto, leva a uma piora no nível

trófico devido ao aporte de fertilizantes utilizados nas plantações da região (FARAGE et al.,

2010; GONÇALVES e ROCHA, 2016; ZHOU et. al., 2016). O ponto P5 apresentou um nível

hipereutrófico para todas as determinações, indicando um corpo d'água afetado

significativamente por elevadas concentrações de matéria orgânica e nutrientes, com

comprometimento dos usos desta água.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A recente crise que passou a região Sudeste do Brasil no período de 2014 a 2016, e que

continua afetando boa parte da região nordeste do Brasil nos faz refletir sobre a política de

preservação e fiscalização das nascentes dos rios. A expansão das áreas urbanas sobre estas

áreas de mananciais afeta diretamente a qualidade das águas superficiais e subterrâneas, em

especial de países em desenvolvimento devido principalmente à falta de tratamento de esgoto,

que é despejado diretamente nos rios, poluindo e impactando o meio ambiente. O processo de

urbanização aumenta as áreas impermeáveis, produzindo aumento das cheias e diminuição da

infiltração para os aquíferos. O município de Guarulhos, situado na região metropolitana de

São Paulo, possui em sua porção norte diversas áreas produtoras de água, mas infelizmente

estudos realizados nas bacias hidrográficas do município, em especial na Bacia Hidrográfica

do Rio Baquirivu Guaçu, constatam este cenário de degradação dos corpos hídricos. No

presente estudo da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau, as águas superficiais do

Ribeirão Guaraçau, pôde-se observar que a sua área rural encontra-se comprometida, já no

entorno do Lago Azul (P2). Os demais pontos, P3 a P5, apresentaram uma piora na qualidade

da água, para os parâmetros fósforo total e E. coli, indicando contaminação fecal devido à

falta de saneamento básico na região estudada. O aumento de ocupações desordenadas na

região próximo ao Lago Azul, contribuíram para a piora da qualidade da água. Os valores de

ambos os parâmetros para estes pontos de coleta apresentaram-se acima do limite estabelecido

pela resolução CONAMA 357/05 para corpos hídricos de classe 3. Nos pontos P3 e P4

característicos de uma área rural apresentaram sinais de degradação com níveis de trofia

variando de oligotrófico a hipereutrófico para o ponto P3, com predomínio de nível

supereutrófico, e uma piora do ponto P4 com predomínio de um nível hipereutrófico, variando

de eutrófico a hipereutrófico.

A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Bonsucesso, localizada no exutório da bacia

hidrográfica do Ribeirão Guaraçau, foi inaugurado em dezembro de 2011, e responderia pelo

tratamento de esgoto de 260 mil moradores (SAAE, 2013). Nesse caso, reforça-se a

necessidade da construção de rede coletora e tratamento de esgoto na ETE Bonsucesso

(VARGAS et al., 2017).

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5. AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo pelo fomento ao Projeto de

Auxílio à Pesquisa, Processo 2015/07406-4.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7. CONCLUSÃO

A Bacia Hidrográfica Ribeirão Guaraçau (BHRG), faz parte da Bacia Hidrográfica do

Rio Baquirivu Guaçu, no município de Guarulhos e apresenta regiões com características

tanto rurais quanto urbanas. Durante um ano foram coletadas amostras de águas ao longo de

cinco pontos na BHRG, onde procurou-se avaliar os efeitos dos usos da terra e a presença de

cobertura vegetal na qualidade das águas do Ribeirão Guaraçau. Do ponto P1 ao ponto P4

observou-se a formação arbórea e vegetação rasteira e ocupações urbanas de baixa densidade,

o que caracteriza a região como área rural, já no entorno do ponto P5, a presença de

ocupações urbanas ordenada e com alta densidade, apresentam características essencialmente

urbanas.

No presente estudo da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Guaraçau, as águas superficiais

do Ribeirão Guaraçau, pôde-se observar que a área rural encontra-se comprometida, já no

entorno do Lago Azul (ponto P2). Os demais pontos, P3 a P5, apresentaram uma piora na

qualidade da água, para os parâmetros fósforo total e E. coli, indicando contaminação fecal

devido à falta de saneamento básico na região estudada. O aumento de ocupações

desordenadas na região próximo ao Lago Azul, contribuíram para a piora da qualidade da

água. Os valores de ambos os parâmetros para estes pontos de coleta apresentaram-se acima

do limite estabelecido pela resolução CONAMA 357/05 para corpos hídricos de classe 3. Nos

pontos P3 e P4 característicos de uma área rural apresentaram sinais de degradação com

níveis de trofia variando de oligotrófico a hipereutrófico para o ponto P3, com predomínio de

nível supereutrófico, e uma piora do ponto P4 com predomínio de um nível hipereutrófico,

variando de eutrófico a hipereutrófico.

A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Bonsucesso, localizada no exutório da

bacia hidrográfica do Ribeirão Guaraçau, foi inaugurado em dezembro de 2011, e responderia

pelo tratamento de esgoto de 260 mil moradores da região (SAAE, 2013). Nesse caso,

reforça-se a necessidade da construção de rede coletora e tratamento de esgoto na ETE

Bonsucesso.

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8. REFERÊNCIAS

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