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EXMO

Jernimo Mesquita & Advogados Associados

EXCELENTSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUZ(A) DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PBLICA DA COMARCA DE SALVADOR BA JOSE OLIMPIO SOUSA RAMOS JUNIOR, brasileiro, solteiro, servidor pblico municipal, inscrito no CPF sob o n. 816.468.015-04, portador do RG n. 08.121.744-70, filho de Jose Olimpio Sousa Ramos e Maria das Graas Borges de Lima, residente e domiciliado na Es. da Liberdade, n 169, Liberdade, Salvador/BA; LUCIDALVA DUARTE BORGES, brasileira, casada, servidora pblica municipal, inscrita no CPF sob o n. 356.224.235-20, portadora do RG n. 02.010.639-48, filha de Romo Duarte e Maria Jose da Conceio, residente e domiciliada na Rua Baixa de Santo Antonio, n 213, fundo, So Gonalo, Salvador/BA; LUCINALVA DUARTE BORGES, brasileira, Casada, servidora pblica municipal, inscrita no CPF sob o n. 356.224.235-20, portadora do RG n. 02.010.639-48, filha de Romo Duarte e Maria Jos da Conceio, residente e domiciliada na Rua Baixa de anto Antnio, n 203, So Gonalo do Retiro, Salvador/BA; MARCIA MONTEIRO SILVA ROCHA, brasileira, solteira servidora pblica municipal, inscrita no CPF sob o n. 628.306.005-68, portadora do RG n. 03.770.677-25, filha de Raimundo Gomes Silva e Esmeralda Monteiro Silva, residente e domiciliada na Rua Ursula Catarino, n 55 , Plataforma, Salvador/BA; MARCIA SILVA DE ASSIS PEREIRA, brasileira, casada, servidora pblica municipal, inscrita no CPF sob o n. 748.474.305-49, portadora do RG n. 04.763.375-18, filha de Edvaldo Francisco de Assis e Marizete Rezende da Silva, residente e domiciliada na Rua Benito Jekinz, n 80 E, Aguas Claras, Salvador/BA; MARCOS PAULO CASTILHO LIMA, brasileiro, casado, servidor pblico municipal, inscrito no CPF sob o n. 974.285.905-15, portador do RG n. 709083467, filho de Wilson Nunes Lima e Leia Margarida Castilho Lima, residente e domiciliado na Rua da Alegria, n 63, E, Nordeste de Amaralina, Salvador/BA; MARIA ELOISA COUTINHO PINHEIRO, brasileira, divorciada, servidora pblica municipal, inscrita no CPF sob o n. 177.182.525-15, portadora do RG n. 01.498.087-80, filha de Marina Conceio Coutinho, residente e domiciliada na Rua Paraguai, n 62 ZY, Pero Vaz, Salvador/BA, vem perante Vossa Excelncia, por meio dos seus advogados, infrafirmados, constitudos mediante o instrumento de procurao anexo (doc. 01), com endereo para intimaes na Av. Tancredo Neves, Ed. Mundo Plaza, n 620, sala 1114/1115 - C. das rvores- CEP 41820-020- Salvador-BA, promover a presenteAO ORDINRIA DE COBRANAem face do MUNICPIO DE SALVADOR, pessoa jurdica de direito pblico, por seu representante legal, com sede na Prefeitura Municipal, situada nesta cidade, Praa Municipal, s/no Palcio Tom de Souza, Centro, pelos fatos e argumentos que seguem:DA JUSTIA GRATUITA

Inicialmente, requer os benefcios da Justia Gratuita, nos termos da Lei Federal n. 1.060/50, por ser economicamente hipossuficiente, no podendo arcar com as custas processuais sem prejuzo da prpria subsistncia e de sua famlia, especialmente por se tratar de ao pleiteando verbas destinadas a garantir a sua sobrevivncia material.DAS QUESTES FTICAS E JURDICAS QUE PRECEDEM A PRESENTE DEMANDAA parte Autora exerce o cargo de Agente de Combate s Endemias do municpio de Salvador, conforme se depreende de seus contracheques em anexo.Ab initio, cumpre tecer breves comentrios acerca das circunstncias fticas que desaguaram na presente lide.

Os Agentes Comunitrios de Sade e os Agentes de Combate s Endemias foram contratados, inicialmente em regime precrio, para atender necessidade estatal de funcionrios que efetivassem o Programa de Sade da Famlia, institudo em 1994 pelo Governo Federal, atravs do Ministrio da Sade.O Programa Sade da Famlia representa mudana do paradigma de atendimento sade do cidado, focando a atuao especializada na unidade familiar, na sade preventiva; em detrimento do modelo mdico/hospitalar de atuao curativa, historicamente preconizado.

O Programa Sade da Famlia (PSF) funciona atravs do repasse de verbas da Unio ao Municpio, sendo este o ente federativo ideal para organizar e direcionar a atuao dos Agentes, dentro de suas prprias comunidades. O PSF nasceu, entretanto, como programa de governo, por opo poltica do governo federal a poca, de modo que as contrataes foram inicialmente em carter precrio.Ocorre que, desde no primeiro governo Lula, o PSF no somente foi mantido, como, em 2003, em seu primeiro ano de gesto, foi sensivelmente expandido. Tal expanso transformou definitivamente o PSF, de programa de governo, em programa do Estado Brasileiro, culminando com a aprovao da Emenda Constitucional 51/2006, que tratou de incorporar aos quadros do servio pblico permanente, os cargos de Agente de Combate s Endemias e Agente Comunitrio de Sade.Cumpre colacionar o texto atual do artigo 198, 4o da Constituio Federal:

Art. 198. As aes e servios pblicos de sade integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema nico, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

(...)

4 Os gestores locais do sistema nico de sade podero admitir agentes comunitrios de sade e agentes de combate s endemias por meio de processo seletivo pblico, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuies e requisitos especficos para sua atuao. (Includo pela Emenda Constitucional n 51, de 2006) 5 Lei federal dispor sobre o regime jurdico e a regulamentao das atividades de agente comunitrio de sade e agente de combate s endemias.(Includo pela Emenda Constitucional n 51, de 2006)(Vide Medida provisria n 297. de 2006) 5 Lei federal dispor sobre o regime jurdico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentao das atividades de agente comunitrio de sade e agente de combate s endemias, competindo Unio, nos termos da lei, prestar assistncia financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios, para o cumprimento do referido piso salarial.(Redao dada pela Emenda Constitucional n 63, de 2010)Regulamento 6 Alm das hipteses previstas no 1 do art. 41 e no 4 do art. 169 da Constituio Federal, o servidor que exera funes equivalentes s de agente comunitrio de sade ou de agente de combate s endemias poder perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos especficos, fixados em lei, para o seu exerccio.(Includo pela Emenda Constitucional n 51, de 2006)

E tambm o texto original da Emenda Constitucional:Art. 1 O art. 198 da Constituio Federal passa a vigorar acrescido dos seguintes 4, 5 e 6:

"Art. 198. ........................................................

........................................................................

4Os gestores locais do sistema nicode sadepodero admitir agentes comunitrios de sade e agentes de combate s endemias por meio de processo seletivo pblico, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuies e requisitos especficos para sua atuao.

5Lei federaldispor sobre o regime jurdico e a regulamentao das atividades de agente comunitrio de sade e agente de combate s endemias.

6 Alm das hipteses previstas no 1 do art. 41 e no 4 do art. 169 da Constituio Federal, o servidor que exera funes equivalentes s de agente comunitrio de sade ou de agente de combate s endemias poder perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos especficos, fixados em lei, para o seu exerccio." (NR)Art. 2 Aps a promulgao da presenteEmenda Constitucional, os agentes comunitrios de sade e os agentes de combate s endemias somente podero ser contratados diretamente pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios na forma do 4 do art. 198 da Constituio Federal, observado o limite de gasto estabelecido na Lei Complementar de que trata o art. 169 da Constituio Federal.

Pargrafo nico. Os profissionais que, na data de promulgao desta Emenda e a qualquer ttulo, desempenharem as atividades de agente comunitrio de sade ou de agente de combate s endemias, naforma da lei, ficam dispensados de se submeter ao processo seletivo pblico a que se refere o 4 do art. 198 da Constituio Federal, desde que tenham sido contratados a partir de anteriorprocesso de SeleoPblica efetuado por rgos ou entes da administrao direta ou indireta de Estado, Distrito Federal ou Municpio ou por outras instituies com a efetiva superviso e autorizao da administrao direta dos entes da federao.

Art. 3 Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data da sua publicao.

Depreende-se da anlise dos textos Constitucionais postos: (i) que a reforma operada incorporou definitivamente aos quadros da administrao pblica o cargo de agente de endemias, prevendo lei federal que necessariamente trataria da disciplina jurdica aplicvel a estes agentes, bem como fixou o modelo de repasses que j ocorria, em que a Unio assiste os demais entes federativos no custeio do piso salarial da categoria; (ii) que a contratao destes agentes passou a ser, como sempre deveria ter sido, necessariamente realizada diretamente pelo ente pblico especfico, atravs de concurso pblico, dada a imperiosa natureza de servidores estatutrios atribuda categoria; (iii) que os agentes de sade em atividade que ingressaram atravs de processo de seleo pblica devidamente fiscalizado no teriam que realizar novo exame de seleo.Por oportuno, destaca-se que a parte autora Agente de Combate s Endemias/Comunitrio de Sade que passou por processo de seleo pblico municipal devidamente fiscalizado. Fez jus, pois, transmudao para o regime estatutrio, conforme decreto em anexo.No mbito normativo federal, veio ento a lei 11.350/2006, que regulamentou a profisso de Agente Comunitrio de Sade e Agente de Combate s Endemias em todo territrio nacional, bem como ratificou a sua vinculao administrao direta e a incorporao daqueles agentes em atuao quando da vigncia da lei.Ainda que com toda mudana de cenrio no mbito federal, inclusive com a existncia de emenda constitucional, nenhuma alterao verificou-se, no curto perodo de tempo, no Municpio de Salvador. que, desde a instituio do PSF, quando ainda costumava ser precria a contratao dos referidos agentes, os Municpios e Salvador no fugiu regra buscaram impedir a caracterizao de qualquer espcie de vinculao entre tais agentes e a administrao, contratado ilicitamente por terceiro intermedirio. Esta municipalidade cometeu diversos destes ilcitos, figurando inclusive como r em diversas aes e tendo assinado um Termo de Ajustamento de Conduta, juntamente com a Real Sociedade Espanhola, com o Ministrio Pblico Federal.A luta pela desprecarizao das relaes de trabalho dos agentes de sade e de endemias, no municpio de Salvador, ainda manteve-se alheia a uma atuao mais contundente da administrao soteropolitana, at que, em 20 de Janeiro de 2011, foi publicada no dirio oficial a Lei 7.955, que finalmente alterou o regime jurdico dos Agentes Comunitrios em destaque, criando cargos na administrao municipal e conferindo queles abarcados pela emenda constitucional supra a possibilidade de optarem pelo regime jurdico estatutrio. Vale destacar que a Parte Autora optou pelo regime de servidor estatutrio, conforme se depreende de sua documentao em anexo.Os agentes, logicamente, foram vinculados, dentro da administrao, j enquanto servidores estatutrios, Secretaria de Sade. A lei 7.955/2011 citada acima procedeu inclusive com diversas alteraes na lei 7.967/2010, que trata dos planos de cargos e salrios Grupo Ocupacional dos Profissionais de Sade e, desde a publicao daquela lei, tambm do Grupo de Agentes de Sade. Tudo isto conforme se verifica dos referidos instrumentos normativos.Todavia, aparentemente mantendo tradio municipal de no dispensar o tratamento ideal e juridicamente acertado aos Agentes Comunitrios de Sade e aos Agentes de Combate s Endemias, seja pela desateno ao regime administrativo correto de outrora, seja pela desateno aos valores adimplidos a ttulo de vencimentos destes, ao arrepio dos ditames constitucionais; a Lei 7.955/2011, em seu artigo 15, trouxe a seguinte hiptese:Art. 15 Os servidores investidos nos cargos de Agente Comunitrio de Sade e Agente de Combate s Endemias, tanto em decorrncia da opo pela mudana no regime laboral quando de investidura originria pela aprovao em concurso pblico, somente faro jus percepo de quaisquer vantagens remuneratrias advindas da presente alterao do regime jurdico, a partir de junho de 2012, desde que respeitados os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Pargrafo nico: At que sejam implementadas as condies referidas no caput, os servidores ocupantes dos cargos criados pela presente Lei sero remunerados unicamente com o vencimento bsico, em valor correspondente ao salrio base atual, e desde que preenchidos os pressupostos legais ao adicional de insalubridade, com auxlio-alimentao e com auxlio-transporte.(grifou-se)

O objeto da presente lide, em resumo, diz respeito ao artigo acima e aos inconstitucionais efeitos decorrentes destes; tudo aquilo que se busca reparar.A previso de um lapso temporal, pelo artigo supra, no qual o tratamento dado aos Agentes Comunitrios de Sade e Agentes de Combate s Endemias, servidores estatutrios, difere daquele dispensado a todos os outros servidores municipais e principalmente de sade, representa uma violncia desarrazoada. Por outra via, a negao de direitos remuneratrios reconhecidos pelo prprio instrumento normativo no guarda motivao lgica, ou idnea a ensejar tamanha restrio.A parte Autora, pois, no encontra ao seu dispor alternativa seno ingressar com a presente ao, eis que, mais uma vez, vislumbra seu direito, enquanto Agente Comunitria de Sade/ Agente de Combate s Endemias, violado.DAS RAZES JURDICAS DA PRESENTE DEMANDA DA INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 15 DA LEI 7.955/2011 E DO DIREITO REMUNERAO LEGALComo dito acima, o cerne desta demanda repousa no artigo 15 da referida lei. Entende-se, e parece ser bastante claro, que a norma extrada do referido texto afasta-se dos preceitos Constitucionais postos, sejam os estaduais ou os federais; padecendo, pois, de vcio de inconstitucionalidade e representando empecilho parte Autora, que pretende, por esta via, perceber os valores que entende devidos.Observe-se que, nesta linha, questo prejudicial para a anlise do mrito da presente demanda, que , de forma imediata, a cobrana das vantagens remuneratrias devidas pelo Municpio de Salvador parte Autora em razo de sua condio de servidor estatutrio, a declarao incidental da inconstitucionalidade do referido artigo. pacfico o entendimento de que, no nosso sistema constitucional de controle de constitucionalidade, hbrido, em ateno previso de controle difuso de constitucionalidade; qualquer julgador, em qualquer grau de jurisdio, pode declarar a inconstitucionalidade de dispositivo objurgado. No custa trazer lio de Gilmar Mendes:

O modelo de controle difuso adotado pelo sistema brasileiro permite que qualquer juiz ou tribunal declare a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos, no havendo restrio quanto ao tipo de processo. Tal como no modelo norte-americano, h um amplo poder conferido aos juzes para o exerccio do controle da constitucionalidade dos atos do poder pblico. (MENDES, Gilmar Ferreira; O Controle da Constitucionalidade no Brasil. Repositrio de Artigos do Supremo Tribunal Federal. Disponvel em: Acesso em 13 de Novembro de 2013.Nesta linha, que se requer, desde j, que este magistrado, atento s normas Constitucionais, declare a Inconstitucionalidade do presente artigo, que impede a Parte Autora de receber o que lhe de direito. Expor-se- as razes.

flagrante a afronta do artigo 15 da Lei 7.995/2011 isonomia, sob dois aspectos: (I), pois inconstitucional (anti-isonmica), a escolha do fator tempo como discrmen para diferenciar a situaes exatamente iguais da parte Autora, em que j lhe foi atribudo, mediante sua escolha, a condio de servidor estatutrio, mas que, absurdamente, no lhe foram concedidos seus direitos remuneratrios (gratificaes); (II) pois inconstitucional (anti-isonmica), eis que ausente motivao racional/jurdica, a diferenciao apregoada pelo artigo entre os Agentes Comunitrios de Sade/Agentes de Combates a Endemias e os outros servidores da sade do municpio, todos estatutrios, todos regidos pelas mesmas leis, na qual aos primeiros foi tolhido o direito percepo de vencimentos para alm dos bsicos, enquanto aos outros nada ocorreu. Veja-se que no se invocaria aqui de forma leviana ou temerria a inconstitucionalidade do presente artigo, ainda que, flagrantemente, este se mostre contrrio a qualquer senso de racionalidade jurdica ou razo de ser. Por isto, lastreia-se a presente pretenso, em especial, nos ensinamentos do Mestre Celso Antnio Bandeira de Mello que, arrisca-se dizer, foi quem mais profundamente tratou do tema da isonomia em sua obra: O Contedo Jurdico do Princpio da Igualdade. Dentre os aspectos destacados acima, comecemos pelo primeiro.

O fator tempo no poderia ser erigido, principalmente na forma desacautelada em que foi, como elemento diferenciador entre duas situaes exatamente iguais, sendo usado, por si, para impedir que a Parte Autora, enquanto Agente Comunitria de Sade/de Combate s Endemias, percebesse os vencimentos que o prprio instrumento normativo a lei 7.955/2011 reconheceu como devidos, decorrncia lgica de sua condio de servidor estatutrio vinculado Secretaria de Sade. que, como diz o prprio Celso Antnio, fator objetivo nenhum pode ser escolhido aleatoriamente, isto , sem pertinncia lgica com a diferenciao procedida.

In casu, o tempo, conclamando na parte do texto da lei: a partir de junho de 2012 (lembremos que a lei 7.995/2011 fora publicada em 20 de Janeiro de 2011 e os Agentes tiveram 120 dias para optar pela mudana de regime) elemento chave para a diferenciao exercida pela lei entre duas situaes: (1) aquela anterior, em que a Parte Autora, j optante pela regime estatutrio, no percebeu as vantagens decorres da lei e logicamente de sua condio de servidor vinculado Secretaria de Sade; e (2) aquela posterior a junho de 2012, em que, a Parte Autora, mediante sua condio de servidor (que se obervava desde o primeiro momento) passaria a fazer jus aos direitos remuneratrios de forma ampla. Duas situaes, como se v, exatamente iguais e, portanto, que no podiam ser desequiparadas.O mestre Celso Antnio elucida com preciso:

Em outras palavras: um fator neutro em relao s situaes, coisas ou pessoas diferenciadas inidneo para distingui-las.

(...)

O asserto ora feito que pode parecer seno bvio, quando menos, despiciendo tem razo de ser. Ocorre que o fator tempo, assaz de vezes, tomado como critrio de discrmem sem fomento jurdico satisfatrio, por desrespeitar a limitao ora indicada.Esta considerao postremeira indispensvel para aplainar de ls a ls possveis dvidas.

O fator tempo no jamais um critrio diferencial, ainda que em primeiro relano aparente possuir este carter. (MELLO, Celso Antnio Bandeira de. Contedo Jurdico do Princpio da Igualdade, 3. ed., So Paulo, 2008, Malheiros, pag. 30. exatamente a hiptese na espcie, em que, atravs do fator tempo, busca-se criar situaes distintas, e fazer com que a Parte Autora, servidor estatutrio da sade, no receba as gratificaes advindas desta situao. O que se destaca que, incrivelmente, ao arrepio do preceito isonmico, o referido fator tempo foi erigido por si, alheio a qualquer justificao jurdica, como se jurdico fosse simplesmente impor prazo em que os servidores municipais no receberiam os direitos decorrentes desta condio.O prprio Celso Antnio conclui na exata linha do ora avenado:

Em concluso: o tempo, s por s, elemento neutro, condio do pensamento humano e por sua neutralidade absoluta, a dizer, porque nada diferencia os seres ou situaes, jamais pode ser tomado como o fato em que se assenta algum tratamento jurdico desuniforme, sob pena de violncia regra da isonomia.

(...)

Sintetizando: aquilo que , em absoluto rigor lgico, necessria e irrefragavelmente igual para todos no pode ser tomado como fator de diferenciao, pena de hostilizar o princpio isonmico. Diversamente, aquilo que diferencivel, que , por algum trao ou aspecto, desigual, pode ser diferenciado, fazendo-se remisso existncia ou sucesso daquilo que dessemelhou as situaes.. (MELLO, Celso Antnio Bandeira de. Contedo Jurdico do Princpio da Igualdade, 3. ed., So Paulo, 2008, Malheiros, pag. 32.)

Como dito, no h razo lgica para proceder com a distino entre as situaes. Nem com o maior esforo interpretativo, este ilustre Magistrado, ou Ente Municipal em sua defesa, podem desvelar tal razo; que decerto inexiste. O lapso temporal de 18 (dezoito) meses imposto Parte Autora, no qual no foi percebido direito remuneratrio algum que no o salrio base (somado ao adicional de insalubridade e os auxlios refeio e transporte), no tem respaldo em ponto jurdico ou motivao razovel e adveio simplesmente da vontade da municipalidade em no adimplir com suas obrigaes, de no pagar os valores devidos a um servidor.Observe que, na esteira da lio de Celso Antnio, de sutil inteleco, resta demonstrado que, com a inexistncia de diferena ftica ou jurdica plausvel no momento referente a Fevereiro de 2011, quando a Parte Autora j sob o regime estatutrio no percebia os direitos decorrentes de sua situao; e o momento referente a Julho de 2012, quando a Parte Autora, servidor nos mesmos moldes, passou a perceber os direitos remuneratrios relativos sua vinculao com o Municpio de Salvador; h, com no artigo 15 da Lei 7.955/2011, violncia frontal isonomia.E nem poderia ser de outro modo, pois as diferenas de tratamento s se justificam perante fatos e situaes diferentes. Ora, o tempo no est nos fatos ou nos acontecimentos; logo, sob este ngulo, fatos e acontecimentos em nada se diferenciam. (Idem. Pag. 33). Deste modo, tem-se que o fator tempo, na forma como posto para diferenciar situaes semelhantes (servidor estatutrio que faz jus s gratificaes inerentes a todos os servidores da sade nas condies postas) foi erroneamente empregado.

Toda esta elucubrao jurdica desgua na inconstitucionalidade que, no custa afirmar, tambm pode ser vista atravs de uma simples anlise obtida pelas regras da experincia . Faz sentido estabelecer um perodo no qual a Parte Autora, enquanto servidor pblico estatutrio ligado administrao municipal, no receber benefcios que se sabe (e a prpria lei assume) fazer direito? consonante com a Constituio o estabelecimento de prazo em que, vinculada administrao, a Parte Autora no perceber quaisquer vantagens remuneratrias e ter subtrado, portanto, seus direitos salariais?

Sabe-se que no. manifesta, pois a antijuridicidade da norma em comento.Nesta linha, pode-se concluir que o artigo 15 da Lei 7.955/2011, ao adiar a percepo dos direitos remuneratrios da Parte Autora, viola frontalmente o princpio da isonomia, corolrio do sistema jurdico, posto na Constituio Federal e na Constituio do Estado da Bahia; ao passo em que j h fundamentao suficiente para o afastamento de sua incidncia.Por outra via, em ateno ao segundo aspecto j citado, tambm no resiste o citado artigo 15 da Lei 7.995/2011 a uma anlise posterior, em que se avalia a correlao lgica entre o fator de discrmen e a desequiparao procedida entre a Parte Autora e os outros servidores municipais.Com a lei 7.955/2011 e a opo da Parte Autora pelo regime estatutrio, houve a integrao deste ao quadro dos profissionais de sade, segundo dispe o artigo 3o da referida lei, in verbis:Art. 3o Os Agentes Comunitrios de Sade e Agentes de Combate s Endemias passam a integrar, no que couber, o Plano de Cargos e Vencimentos do Profissionais da Sade da Prefeitura Municipal do Salvador, institudo pela Lei 7.887/2010.A prpria lei 7.867/2010, que regulamenta o plano de cargos e vencimentos dos profissionais da sade de Salvador, foi alterada pelo instrumento normativo posto acima e passou expressamente a incluir em sua disciplina os Agentes de Sade e Endemias, inclusive em seu artigo 27, que passou a figurar da seguinte maneira:Art. 27: O profissional de sade e os integrantes do Grupo de Agentes de Sade ocupantes de cargo efetivo podero perceber, alm do vencimento, observadas as peculiaridades de cada cargo as seguintes vantagens pecunirias, institudas pela Lei Complementar n1/91 e alteraes posteriores, bem como as institudas por legislao especfica:

I - gratificao pelo exerccio de cargo em comisso;

II - gratificao pelo exerccio de funo de confiana;

III - gratificao de periferia ou local de difcil acesso;

IV - dcimo - terceiro salrio;

V - adicional pela prestao de servios extraordinrios;

VI - adicional noturno;

VII - adicional de frias;

VIII - adicional por tempo de servio;

IX - adicional de periculosidade;

X - adicional de insalubridade;

XI - adicional pelo exerccio de atividade penosa;

XII - gratificao de incentivo qualidade e produtividade dos servios de sade;

XIII - adicional por hora/planto;

XIV - participao no produto de arrecadao decorrente da fiscalizao nas reas de controle e ordenamento do uso do solo, vigilncia sanitria, meio ambiente, servios pblicos ou transportes pblicos;

XV - gratificao pela participao em operaes especiais;

XVI - gratificao de incentivo ao desempenho gerencial;

XVII - gratificao por atividades de instrutoria;

XVIII - gratificao por avano de competncias;

XIX - gratificao de risco;

XX - gratificao por desempenho de funes especiais.Desta forma, a violao do princpio da isonomia reside tambm na imprpria diferenciao realizada pelo art. 15 da Lei 7.955/2011 entre os Agentes Comunitrios de Sade e Agentes de Combate s Endemias em face dos outros servidores municipais da sade. Os primeiros, durante 18 meses no perceberam nenhuma das gratificaes legais decorrentes de sua condio de servidores da sade, ao passo em que os demais Servidores Municipais da Sade, regidos pela mesma lei, tiveram adimplidos os benefcios postos no artigo acima.

A Parte Autora e os servidores da sade de outras categorias esto, frente administrao, em situaes iguais, vinculados mesma Secretaria, disciplinados pelas mesmas leis. No devem, pois, ser desequiparados, principalmente para restringir o mais bsico direito da Parte Autora enquanto trabalhador: aquele relativo aos seus vencimentos.Esta desequiparao entre os direitos remuneratrios da Parte Autora e aqueles percebidos pelos outros servidores de Sade no tem razo jurdica de ser. No h juridicidade numa diferenciao temporria (que perdurou de Janeiro de 2011 a Junho de 2012) em que servidores vinculados mesma secretaria, regidos pela mesma lei, percebem gratificaes dspares, sendo que Parte Autora, nenhuma gratificao foi concedida no perodo. luz dos ensinamentos de Celso Antnio, j perece o artigo em comento primeira anlise, tendo em vista a utilizao do fator tempo, por si, para diferenciar situaes idnticas. Ainda assim, caso reste dvida acerca do dito acima e fundamentado inicialmente, fulminado por vcio de inconstitucionalidade est o artigo 15 da Lei 7.955/2011 por no haver sentido jurdico na imposio do gravame (no percepo das gratificaes devidas) Parte Autora (e a todos os Agentes Comunitrios de Sade e de Combate s Endemias); mantendo-se alheia, todavia, tal restrio aos Servidores Municipais da Sade, tambm regidos pela lei 7.867/2010. Valhamos-nos da lucidez de Celso Antnio novamente:

Ento, no que atina ao ponto central da matria abordada procede afirmar: agredida a igualdade quando o fator diferencial adotado para qualificar os atingidos pela regra no guarda relao de pertinncia lgica com a incluso ou excluso no benefcio deferido ou com a insero ou arrendamento do gravame imposto. (Idem. Pag. 38)No caso, no existe fator diferenciador nenhum (o tempo por si no pode ser assim considerado) todavia, ainda que se tenha por existente tal fator; no h pertinncia lgica entre a restrio imensa imposta Parte Autora, que tem seu direitos remuneratrios, elemento bsico de sua sobrevivncia e atrelado sua dignidade e de sua famlia, subtrados; e a designao desta vacncia remuneratria, inaceitvel perante qualquer servidor pblico.O que a lio de Celso Antnio nos traz que o critrio para a diferenciao deve ser proporcional e vinculvel distino procedida. Todavia, no advm do instrumento normativo nenhum critrio objetivo que justifique a distino ocorrida entre os servidores, e que culminou com o estabelecimento de prazo em que a Parte Autora no recebeu os valores devidos.

Em resumo: no h razo para obstar a Parte Autora de perceber seus direitos enquanto servidor pelo perodo de 18 (dezoito) meses. Ou seja, valendo-se dos temos de Celso Antnio inexiste, em abstrato, uma correlao lgica entre os fatores diferencias existentes [que, in casu, inexistem, como visto] e a distino de regime jurdico em funo deles, estabelecida, pela norma jurdica. (Idem. Pag. 41).Desta forma, se percebe a inconstitucionalidade do artigo 15 da Lei 7.955/2011 no ponto em que, por no se depreender do instrumento normativo nenhuma razo para tal distino, inexiste pertinncia lgica, ou razo jurdica vlida para que se proceda com a diferenciao entre a Parte Autora, Agente Comunitrio de Sade/Agente de Combate s Endemias; e os demais servidores municipais vinculados Secretaria de Sade no que tange ao pagamento das mesmas gratificaes. Avanando na anlise da antijuridicidade ocorrida na espcie percebe-se, atravs dos contracheques da Parte Autora em anexo, que, j com a comprovao de sua integrao ao regime estatutrio, diversos benefcios devidos no foram adimplidos, como por exemplo, a grat competncia; grat perif e a gratificao SMS, o que, conforme destacado, converteu-se em flagrante inconstitucionalidade.

Observe-se que a grat perif devida em razo da Parte Autora atuar em zona perifrica, que a gratificao SMS devida em razo da Parte Autora ser servidor municipal da sade e que a grat. Competncia devida pelo avano da Parte Autora em suas competncias. Neste diapaso, imperioso que a Parte Autora perceba os valores correspondentes a tais gratificaes DESDE A SUA ADMISSO NO SERVIO PBLICO, uma vez que sempre atendeu aos critrios legais ali exigidos. Sempre atuou na periferia, sempre foi servidor municipal da sade e sempre desenvolveu suas competncias nos moldes estabelecidos. Reforando a tese posta acima, insta traar em cores fortes o quo anti-isonmica a referida desequiparao, pois todos os servidores da sade recebem a gratificao por ser servidor da sade; pelo desenvolvimento das competncias; e pelo trabalho em periferia (quando trabalham nestes locais); exceto a Parte Autora, que durante 18 meses, por fora de lei, no percebeu tais gratificaes.

Ou seja, mais do que violar a isonomia, o Art. 15 da Lei 7.955/2011 viola ainda, por no trazer consigo motivao para a desequiparao procedida, a prpria lei 7.867/2010, por retirar direitos da Parte Autora consignados ali, instrumento que disciplina os Servidores de Sade em geral.Nesta linha, pode-se dizer que a afronta isonomia e lei especfica disciplinadora dos servidores da sade (que expressamente inclui os Agentes Comunitrios de Sade e de Combate s Endemias), realizada pelo art. 15 da Lei 7.995/2011 consiste em, mais que uma inconstitucionalidade, em um ato arbitrrio, eis que provavelmente somente buscou salvaguardar momentaneamente as contas pblicas em detrimento dos direitos da Parte Autora, em detrimento da Constituio. Este entendimento presente no nosso ordenamento desde o imprio, pelo que se v:

A lei deve ser uma e a mesma para todos; qualquer especialidade ou prerrogativa que no for fundada s e unicamente em uma razo muito valiosa do bem pblico ser uma injustia e poder ser uma tirania ( Direito Pblico Brasileiro e Anlise da Constituio do Imprio, Rio de Janeiro, 1857, p. 424)

Impera destacar, ademais que, na vigncia do supracitado artigo, a Parte Autora, que antes de integrar o regime estatutrio, percebia regularmente o FGTS, por exemplo, tpico direito celetista, passou a, da publicao da lei 7.955/2011 at junho de 2012, no receber todos os direitos decorrentes da condio de servidora da sade. Foi posto, assim, em verdade, em um limbo jurdico; situao inconstitucional. Explica-se. Durante o perodo determinado pelo artigo 15 da referida lei, ora contestado, a Parte Autora figurou em um regime laboral sui generis; alheio aos direitos decorrentes do regime trabalhista (ao qual pertenceu antes da opo decorrente da regulamentao da Emenda 51) e aos direitos do regime estatutrio dos servidores da sade, em ateno s gratificaes que no foram pagas somente sua categoria (inicialmente, mas magicamente adimplidas a partir de julho de 2012). A criao desta situao jurdica absurda, contrria Constituio, no somente evidencia flagrantemente a inconstitucionalidade material do tratamento dado Parte Autora, como indica uma inconstitucionalidade formal, por incompetncia da municipalidade em, em detrimento da Emenda Constitucional 51/2006 e da Lei Federal 11.350/2006, criar regime laboral inovador para a categoria da Parte Autora.E que no se venha arguir a inocuidade da presente inicial em razo da analise aqui procedida repousar majoritariamente em entendimento doutrinrio e principiolgico. Isto, pois destes tambm decorrem o direito com muito mais fora at e tambm por haver substrato normativo textual direto no sistema jurdico ptrio a afastar a violncia cometida pelo artigo 15 da Lei 7.955/2011. que a prpria Constituio traz:

Art. 39. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios instituiro conselho de poltica de administrao e remunerao de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.(Redao dada pela Emenda Constitucional n 19, de 1998) 1 A fixao dos padres de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratrio observar: I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira; II - os requisitos para a investidura; III - as peculiaridades dos cargos.

Veja-se que tratamos na espcie de servidores municipais vinculados administrao sob o mesmo regime o estatutrio ligados Secretaria de Sade e que, logicamente, tem que fazer jus s mesmas gratificaes. Observe-se que, a ttulo exemplificativo, uma das gratificaes que a Parte Autora passou a perceber, seguindo consta de seus contracheques em anexo, posta como Gratificao SMS e diz respeito a todos os Servidores da Sade do Municpio de Salvador. Nesta linha, conforme j afirmado, a parte Autora, desde a sua transmudao para o servio pblico, conforme se depreende da prpria lei 7.955/2011, integra a Secretaria de Sade de Salvador, sendo lgico o direito da Parte Autora a tal gratificao desde a publicao da referida Lei.Trata-se tambm, na espcie, da gratificao por labor na periferia. Observe-se que, alm de sempre estar vinculada Secretaria de Sade, toda a atuao da parte autora d-se na regio perifrica, de modo que, no faz o menor sentido (jurdico ou racional) e consiste numa arbitrariedade em face da Parte Autora permitir que a gratificao referente a este direito j consagrado expressamente em lei fique refm de um lapso temporal institudo sem razo alguma. Em situaes similares, o judicirio tem se valido da mesma ratio decidendi aqui defendida, para defender que, configurando-se a hiptese tpica que enseja a Gratificao instituda em lei, no h meio para que a administrao se exima de tal obrigao. Neste sentido:MANDADO DE SEGURANA. SERVIDOR PBLICO. GRATIFICAO DE RISCO DE VIDA. SUPRESSO APS PERODO DE LICENA. ATO INQUINADO DE ILEGALIDADE, J QUE NO HOUVE ALTERAO DAS CONDIES DO AMBIENTE DE TRABALHO. OFENSA A DIREITO LQUIDO E CERTO. ISONOMIA CONSTITUCIONAL. ARTIGO 5 DA CONSTITUIO FEDERAL. REINTEGRAO DA GRATIFICAO A PARTIR DA IMPETRAO DO MANDAMUS. SEGURANA CONCEDIDA EM PARTE. A gratificao de risco de vida deve ser percebida enquanto o servidor est prestando o servio que a enseja e s pode ser suprimida nos casos em que cesse o trabalho que lhe d causa ou que desapaream os motivos excepcionais que a justifique.

(TJ-PR - MS: 1219658 PR Mandado de Segurana (OE) - 0121965-8, Relator: Wanderlei Resende, Data de Julgamento: 16/08/2002, rgo Especial, Data de Publicao: 09/09/2002 DJ: 6203)

H ainda a Lei Complementar Municipal 01/91, que trata dos regimes dos servidores pblicos do Municpio do Salvador e tambm consigna expressamente o preceito isonmico, ora defendido, de modo a corroborar com a flagrante antijuridicidade do art. 15 da Lei 7.955/2011.Art. 60 - assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de atribuies iguais ou assemelhados da administrao direta do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo e Legislativo, ressalvadas as vantagens de carter individual e as relativas natureza e ao local de trabalho e observado o disposto no inciso XII do Art. 37 da Constituio Federal.

Por fim, cumpre destacar que o prprio judicirio ptrio acata toda a tese aqui posta, irrefutvel, acerca do regime da Parte Autora; da necessria concesso das gratificaes concedidas aos outros Servidores da Sade; e do adicional de insalubridade que a Prefeitura vem concedendo. Isto conforme se depreende da seguinte decisoAGENTES COMUNITRIOS DE SADE E AGENTES DE COMBATE S ENDEMIAS. ADMISSO MEDIANTE PROCESSO SELETIVO PBLICO. CONTRATO VLIDO. Os profissionais que, na data de promulgao da EC 51/2006, desempenharem as atividades de agente comunitrio de sade ou de agente de combate s endemias, e desde que j tenham sido contratados por meio de processo seletivo pblico que atenda aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia, conforme art. 198, 4, da CF, acrescentado pela EC 51, de 14/02/2006, e regulamentado pelo art. 9, da Lei 11.350/2006, tm os seus contratos vlidos, a teor do pargrafo nico do art. 2 da EC 51, de 14/02/2006, regulamentado pelo pargrafo nico do art. 9, da Lei 11.350/2006. AGENTE DE SADE. GRATIFICAO DE PRODUTIVIDADE. PRINCPIOS DA ISONOMIA E DA LEGALIDADE. A gratificao de produtividade estabelecida na Resoluo CMS/TE n 011/97 garantida a todos os servidores lotados nas unidades de sade pertencentes Secretaria Municipal de Sade/Fundao Municipal de Sade ou sob a sua responsabilidade. Portanto, a excluso da reclamante constitui conduta discriminatria e ilegal do administrador, vez que confere tratamento diverso a servidores que se encontram na mesma situao jurdica, com ofensa ao princpio da igualdade. Assim, a reclamante faz jus percepo da referida gratificao, mas no no valor pretendido na inicial, e sim naquele que resultar do rateio a ser feito entre os servidores/empregados abrangidos pela Resoluo n 011/97, de forma a se observar o percentual mximo ali fixado, sob pena de agresso ao princpio da legalidade e do interesse pblico concernente prestao dos servios pblicos de sade. AGENTE DE SADE. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. DEVIDO. EXPOSIO A AGENTES BIOLGICOS RECONHECIDA EM LAUDO PERICIAL. Diante das informaes contidas no Laudo Pericial juntado aos autos, conclui-se que a funo desempenhada pela reclamante a conduz ao contato com pessoas portadoras de doenas infecto-contagiosas, em residncias domiciliares e em unidades hospitalares. Dessa forma, as suas atividades enquadram-se nos termos contidos no Anexo 14 da Norma Regulamentar 15 do MTE, que trata acerca das atividades e operaes insalubres que envolvam agentes biolgicos, razo pela qual deve ser reconhecido ao direito ao adicional de insalubridade, sobre o salrio mnimo.

(TRT-22 - RO: 591201000422000 PI 00591-2010-004-22-00-0, Relator: FRANCISCO METON MARQUES DE LIMA, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicao: DJT/PI, Pgina no indicada, 22/9/2010)Ressalta-se que no se pretende aqui a equiparao ou o enquadramento da Parte Autora em direitos remuneratrios de outra categoria, mas somente o pagamento das gratificaes postas expressamente em lei que este faz jus enquanto Agente Comunitrio de Sade/de Combate s Endemias. Tais gratificaes so reconhecidas pela lei e pela prpria administrao, que passou a adimpli-las aps junho de 2012. A verdadeira pretenso de que o direito hoje reconhecido legalmente e administrativamente s gratificaes seja adimplido desde a transmudao de regime, eis que, desde aquele momento todos os pressupostos para o alcance das gratificaes j se verificavam.No busca tambm, a Parte Autora, nesta linha, a obteno da majorao, via judicirio, dos seus vencimentos, o que se sabe indevido em ateno Sumula 339 do STF. Busca somente a cobrana dos valores devidos, a ttulo de gratificao desde a opo pelo regime estatutrio, eis que, conforme exaustivamente explanado, desde aquele momento a Parte Autora atende aos requisitos perceber os benefcios que somente passou a receber a partir de julho de 2012.Isto posto, espera a Parte Autora, por questo de inteira justia, que este juzo reconhea seu direito s vantagens remuneratrias inerentes ao cargo pblico ocupado desde a transmudao de regime e imponha administrao municipal o pagamento dos valores no adimplidos referentes Grat. PERIF, Grat. SMS e Grat. COMPETENCIA, bem como s demais vantagens legais aplicveis espcie.DAS PROVASProtesta provar o alegado por todas as provas em Direito admitidas, em especial testemunhos, novos documentos e mesmo percia tcnica, na eventualidade deste M.M. Juzo entender indispensvel ao deslinde do presente feito.DOS PEDIDOSAnte ao exposto, requer:a) a concesso da Justia Gratuita, nos termos acima expostos;

b) a citao do representante legal do Ru para contestar a presente ao no prazo legal, sob pena das sanes processuais pertinentes, inclusive confisso e revelia;

c) que seja conhecida e julgada totalmente procedente a presente ao ordinria, para que seja reconhecido e declarado por sentena o direito da Parte Autora em perceber todos os valores e benefcios referentes sua condio de servidor estatutrio, desde o momento da sua opo por tal regime, com a condenao do Municpio do Salvador ao imediato pagamento do montante equivalente s diferenas;d) a atualizao monetria e juros de mora legais incidindo sobre a condenao acima requerida;

e) a condenao do Municpio-Ru nas custas processuais e honorrios advocatcios, estes no equivalente a 20% do total da condenao.D-se causa o valor de R$10.000,00 (dez mil reais).Nestes termos,Pede Deferimento.Salvador, 21 de Maio de 2014.Jernimo Luiz Plcido de Mesquita

OAB-BA 20.541Yuri Oliveira ArloAcadmico de Direito

MELLO, Celso Antonio Bandeira de. O Contedo Jurdico do Princpio da Igualdade, 3a Edio, So Paulo, Editora Malheiros, 2008.

PAGE 20Av. Tancredo Neves, Ed. Mundo Plaza, n 620, salas 1114/1115 - C. das rvores- CEP 41820-020- Salvador-BA

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