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Max Weber 1 Maximilian Karl Emil Weber (Erfurt, 21 de Abril de 1864 - Munique, 14 de Junho de 1920) Intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos fundadores da Sociologia. Professor Ricardo da Cruz Assis Sociologia - Ensino Médio

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Max Weber

1

Maximilian Karl Emil Weber

(Erfurt, 21 de Abril de 1864 -Munique, 14 de Junho de 1920)

Intelectual alemão, jurista, economista e considerado

um dos fundadores da Sociologia.

Professor Ricardo da Cruz AssisSociologia - Ensino Médio

A reivindicação fundamental do trabalho de Weber foimostrar o estatuto ontológico diferenciado das ciênciashistóricas e sociais diante das ciências da natureza.

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• Max Weber concorda com o fato de que as ciênciashumanas lidam com o fenômeno do VALOR:

• O sociólogo analisa aqueles elementos da realidadeque tem algum sentido para as pessoas, a partir dasreferências de valor dessas pessoas.

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• Mas, nem por isso ele rejeitava o valor da imputaçãocausal nas ciências humanas, pois eram uminstrumento indispensável para a explicação dosmecanismos de entendimento da vida social.

• Em síntese, Weber propunha a unificação das ciênciashumanas integrando a "verstehen" (compreensão) e a"erklären" (explicação) em uma visão unitária deciência.

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Como é possível, apesar da existência dos valores, alcançar a objetividade nas ciências

sociais?

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A SOCIOLOGIA DEVE LEVAR EM CONTA:

• Compreender a ação social dos seres humanos individualmente.

• As motivações do indivíduo no agir social.

• Não fazer julgamento de valor sobre as ações humanas.

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AÇÃO SOCIAL

Toda conduta humana dotada de um significado subjetivo (sentido) dado por quem a executa e que

orienta essa ação.

Exemplos: moda, consumo, mercado, política, religião, crime, trabalho, etc.

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A explicação sociológica busca compreender einterpretar o sentido da ação social, não se propondo ajulgar a validez de tais atos nem a compreender o agenteenquanto pessoa.

Compreender uma ação é captar e interpretar suaconexão de sentido, somente a ação com sentido podeser compreendida pela Sociologia.

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As ações sociais são de quatro tipos ideais:

Tipo ideal é um modelo simplificado do real, elaborado com baseem traços considerados essenciais para a determinação dacausalidade, segundo os critérios de quem pretende explicar umfenômeno.

O tipo ideal é utilizado como instrumento para conduzir o autornuma realidade complexa.

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1. Ação racional com relação a fins:

- A ação é estritamente racional. Toma-se um fim e este é, então, racionalmente buscado. Há a escolha dos melhores meios para se realizar um fim;

- Exemplos:

. Estudar para passar de ano;

. Ser comportado para ganhar prêmio;

. Parecer ser honesto para se eleger;

. Aplicar na bolsa para ganhar dinheiro.

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2. Ação racional orientada por valores:

- Não é o fim que orienta a ação, mas o valor, seja este ético, religioso, político ou estético;

- Exemplos:

. Ser contra o aborto;

. O Capitão que afunda com o seu navio;

. Não comer carne na Semana Santa;

. Não mentir;

. Não aceitar suborno;

. Cumprir sua palavra.

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3. Ação Afetiva:

- A conduta é movida por sentimentos, tais como orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja, medo, etc.

- Exemplos:

. Ter ciúmes do amigo da namorada;

. Vingar-se de uma ofensa recebida;

. Ser fã incondicional de um político;

. Idolatrar pessoas ou artistas famosos;

. Respeitar as pessoas mais velhas.

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4. Ação Tradicional:

- É a ação menos consciente, tem como fonte motivadora os costumes e os hábitos arraigados. Totalmente irracional.

Exemplos:

. Adoração dos ingleses pela monarquia;

. Votar sempre nos mesmos políticos;

. Não comer carne na semana santa(?);

. Fazer o sinal da cruz diante de igrejas.

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Compare-se Durkheim e Weber, agora do ponto de vistado objeto de estudo sociológico:

• Durkheim dirá que a Sociologia deve estudar os fatossociais, que precisam ser gerais, exteriores ecoercitivos, além de objetivos, para esta ser chamadacorretamente de “ciência”.

• Enquanto Weber optará pelo estudo da ação social queé dividida em tipologias.

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Diferentemente de Durkheim, Weber não se apoia nasciências naturais a fim de construir seus métodos deanálises e nem mesmo acredita ser possível encontrarleis gerais que expliquem a totalidade do mundo social.

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O interesse de Weber não é, portanto, descobrir regrasuniversais para fenômenos sociais. Mas quando rejeitaas pesquisas que se resumem a uma mera descriçãodos fatos, ele, por seu turno, caminha em busca de leiscausais, as quais são suscetíveis de entendimento apartir da racionalidade científica.

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A ÉTICA PROTESTANTE E O 'ESPÍRITO' DO CAPITALISMOConsiderada a grande obra de Max Weber, é o seu texto mais lido e

conhecido.

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Weber procurou mostrar que o protestantismo de caráter ascético dos séculos XVI e XVII tinha um influxo direto

com o conceito de vocação profissional, base motivacional do moderno sistema econômico capitalista.

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O espírito do capitalismo não é caracterizado pela busca desenfreada do prazer e pela busca do dinheiro por si

mesmo.

O espírito do capitalismo deve ser entendido como uma ética de vida, uma orientação na qual o indivíduo vê a dedicação ao trabalho e a busca metódica da riqueza

como um dever moral

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Na tradução de Martinho Lutero, ao contrário da concepção católica, "vocação" deixa de ter o sentido de um chamado para a vida religiosa ou sacerdotal e passa a ter o sentido do chamado de Deus para o exercício da

profissão no mundo do trabalho.

Com Lutero o ascetismo praticado pelos monges fora do mundo é transferido das celas dos mosteiros para o

mundo secular, nasce daí o ascetismo intramundano.

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Vê-se em muitas seitasprotestantes e na vida religiosa emgeral uma tendência para aracionalização das condutas dosfiéis. Isso, segundo Weber, foifundamental para a transformaçãodas práticas econômicas eestruturas das sociedadesmodernas.

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Antigamente: ética dos virtuosos (só minoria“iluminada”). Oriente mais do que Ocidente. Depoisda origem das religiões (êxtase, milagres, etc.), asreligiões tendem para a burocracia sacerdotal – viram“igrejas”, com hierarquia (tipo Igreja Católica).

Esta hierarquia com o tempo se afasta dosprincípios espirituais que derem origem aonascimento das religiões.

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Com o tempo, as religiões têm queexplicar as injustiças sociaisterrenas e a razão dos bonssofrerem tanto – daí algumaspráticas religiosas que defendem asalvação pelo sofrimento/fé, comoo cristianismo medieval, evitandotais “explicações”.

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O Protestantismo mudou tudoisso. Criou uma ética(valores/princípios que orientam avida em geral) do trabalho comovontade de Deus e caminho para asalvação

É o contrário do “misticismo”tradicional, que levava a pessoa à“sair do mundo” concreto.

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É uma ética nova que penetratodas as relações sociais: vizinho,amigos, pobres, débeis, vidaamorosa, política, economia, artese lazer (ou falta de tal coisa).

Este novo modo de vida vaimudar toda a concepção de mundoe tornar a religião uma mola para osucesso pessoal.

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PROTESTANTISMO X CAPITALISMO

O Capitalismo surgiu comoempreendimento racional – técnicas,direito, comércio, ideologias e éticaracional na economia (ética dos resultadose lucro). Ética calvinista (protestante) erauma constante na Europa mais capitalista.Por quê? Porque era uma ética queabominava a preguiça, a perda de tempo, aociosidade, o lazer, o luxo e o excesso desono.

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Essa “teoria” de Weber foi expressa na suamais famosa obra: “A Ética Protestante e oEspírito do Capitalismo”. (1904)

Esse livro foi considerado por váriosintelectuais consultados pela “Folha de SãoPaulo”, em 2000, como o mais importante doSéculo XX, numa lista que tinha livros deFreud, Marx, Einstein, Keynes, Durkheim etantos outros gênios do pensamento humanomoderno.

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Weber – Teoria da Dominação

Por que e como as relações sociais se mantêm?

• Resposta de Weber: por conta da dominação ouprodução de legitimidade – submissão de umgrupo a um “mandato”, aceitação de uma“autoridade” (alguém que “representa” ocoletivo). Aí, então, entra a questão do “poder”.

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• Poder é a probabilidade de impor suavontade. Os meios para alcançá-lo sãomuito variados: emprego da violência,palavra/oratória, sufrágio, sugestão,engano grosseiro, tática no parlamento,tradições, etc.

• A dominação pode ser por interesses(tráfico ou jogo de interesses) ou porautoridade (mandar, obedecer,influência). Mas sempre o dominadorinflui na conduta dos dominados.

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Os tipos ideais ou puros de dominação são três:

1. TRADICIONAL

2. CARISMÁTICA

3. RACIONAL-LEGAL

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1. TRADICIONAL:

Autoridade do “ontem eterno”,passado, tradição, costume, etc. (...) dáorientação habitual para oconformismo” (Weber). Exemplos:patriarcas antigos, príncipespatrimonialistas (como em Portugal notempo das navegações, etc.). Certospolíticos brasileiros.

Ex: o político José Sarney

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2. CARISMÁTICA:

Autoridade com base no dom pessoalde uma pessoa ou líder.

Exemplos: profetas, heróis de guerra,chefes de partidos, demagogos, etc. –gente como Napoleão, Hitler, Stálin,Getúlio, Médici, Lula e outros.

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3. RACIONAL-LEGAL:

Autoridade vem das regras jurídicas ouleis racionalmente criadas.

Exemplo: autoridade dos modernosservidores do Estado (presidentes,professores, juízes, prefeitos, etc.).

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Antigamente, vigoravam os doisprimeiros tipos. Atualmente, o terceirotipo, mas sempre com “fraturas” e“espaços” para os outros dois tipos.

Não devemos esquecer que são tipos“ideais” de dominação. Um tipo nunca se

apresenta puro.

Nós podemos pensar em algum líder ebuscar identificar sua dominação?

... Pensemos em exemplos ...

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No Brasil, isso, por exemplo, é umaconfusão, pois a dominação é uma“mistura” desses três tipos.

FHC tinha autoridade mais racionallegal. ACM e outros misturam tradiçãocom carisma. Lula indica ser mais“carismático”. O melhor é analisar comcuidado, pois a confusão é grande.Razão: o capitalismo brasileiro misturaalta modernidade tecnológica com osmaiores atrasos sociais e políticos,dando margem para essa “bagunçaaparente”, que tanto “nojo” causa aopovo/eleitores.

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A essência da política, então, é a lutapelo poder/dominação. Um “mercadopolítico”, com tremenda competição,etc.

A vitória daqueles que alcançam opoder – por que meios for (o quelembra Maquiavel) – é o processo de“seleção social” (que não é a mesmacoisa do que a seleção natural deDarwin).

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A Dominação, segundo Weber – que interfereem todas as relações sociais – é que mantéma ordem legítima e a coesão social.

A coesão social, diferente do que afirmavaDurkheim, é pela “força” e não pelo“consenso”.

Karl Marx, por sua vez, irá defender que acoesão é artificial e ilegítima pois representaa alienação exercida pelo grupo dedominação, ou seja, a burguesia, e atravésdas forças de opressão.

fim

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1. (Uema 2012) No conjunto da sua Sociologia compreensiva, o sociólogo alemão Max Weber define ação social como ação

a) racional em que o agente associa um sentido objetivo aos fatos sociais.

b) desprovida de sentido subjetivo e motivacional.

c) humana associada a um sentido objetivo.

d) cuja intenção fomentada pelos indivíduos se refere à conduta de outros, orientando-se por ela.

e) não orientada significativamente pela conduta do outro em prol de um bem comum.

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2. (Unicentro 2010) “A ação social (incluindo tolerância ou omissão) orienta-se pela ação de outros, que podem ser passadas, presentes ou esperadas como futuras (vingança por ataques anteriores, réplica a ataques presentes, medidas de defesa diante de ataques futuros). Os ´outros` podem ser individualizados e conhecidos ou um pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos” (Max Weber. Ação social e relação social. In M.M. Foracchi e J.S Martins. Sociologia e Sociedade. Rio de Janeiro, LTC, 1977, p.139).

Max Weber, um dos clássicos da sociologia, autor dessa definição de ação social, que para ele constitui o objeto de estudo da sociologia, apontou a existência de quatro tipos de ação social. Quais são elas?

a) Ação tradicional, ação afetiva, ação política com relação a valores, ação racional com relação a fins.

b) Ação tradicional, ação afetiva, ação racional e ação carismática.

c) Ação tradicional, ação afetiva, ação política com relação a valores, ação política com relação a fins.

d) Ação tradicional, ação afetiva, ação racional com relação a fins, ação racional com relação a valores.

e) Ação tradicional, ação emotiva, ação racional com relação a fins e ação política não esperada.

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3. (Uel 2013) Os documentos de identificação individual podem ser analisados sob a perspectiva dos estudos weberianos a respeito da sociedade moderna.

Sobre essa análise, assinale a alternativa correta.

a) A ação racional com relação a valores é o tipo conceitual que explica o uso do CPF, uma vez que se refere às riquezas do indivíduo.

b) A adoção de documentos de identificação pessoal corresponde aos interesses dos indivíduos pelo prestígio social.

c) A identificação pelo CPF é um exemplo de imitação e de ação condicionada pelas massas, fenômenos comuns na sociedade moderna.

d) CPF e documentos pessoais fortalecem o processo de desburocratização das estruturas racionais de dominação.

e) O uso do CPF é uma ação dotada de sentido, isto é, compreensível pelos demais indivíduos envolvidos na situação.

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4. (Uema 2012) Qual das alternativas abaixo corresponde à definição de Max Weber sobre o Estado Moderno?

a) Comitê executivo dos negócios de toda a burguesia.

b) Comunidade humana que, dentro dos limites de um determinado território, reivindica o monopólio da força legítima.

c) Representante de uma das classes fundamentais.

d) Instrumento de dominação de uma classe sobre a outra.

e) Representante da burocracia pública.

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Gabarito:

• 1 – D

• 2 – D

• 3 – E

• 4 - B

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