marxismo: escola de ditadores

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ROBERTO DAS NEVES CADERNOS DA JUVENTUDE - 1 MARXISMO ESCOLA DE DITADORES

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Obra obrigatória para uma crítica bem fundamentada ao marxismo...

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  • ROBERTO DAS NEVES

    CADERNOS DA JUVENTUDE - 1

    MARXISMO ESCOLA DE DITADORES

  • CADERNOS DA JUVENTUDE 1

    Diretor: Nelson Abrantes

    MARXISMO ESCOLA DE DITADORES

    por

    Roberto das Neves

    EDIES MUNDO LIVRE

  • Este "caderno" foi confeccionado pela Grfica CARIOCA S. A. - Av Arapogi, 531 - Tel. 351-7639

    20000 Rio de Janeiro - RJ

    Capa de: Nelson Abrantes

    Colaborao e assessoria de: Adalberto S. Moreira

    Composio do linotipista: M. R. Santos

    Paginao de: Jorge P. Arruda

    Impresso de: Uedson Ramos

    EDITORA MUNDO LIVRE LTDA.

    Rua Evaristo da Veiga, 41 - gr. 504 Tel. 242-1960 -

    20000 Rio de Janeiro - RJ

    DUAS PALAVRAS DO EDITOR

    Numa poca de confuso ideolgica, em que por toda a parte se espalha, sob a capa de um re-volucionarismo emancipador, o pio de uma das mais reacionrias e escravizadoras religies que tm intoxicado a humanidade, o Marxismo, con-sideramos da maior oportunidade a publicao, em separata, do magnfico trabalho, que ides ler, de autoria de um dos mais conhecidos estudiosos da matria, o Prof. Roberto das Neves, por ele es-crito como "Introduo" a um dos mais impor-tantes livros j escritos sobre o tema, "Erros e Contradies do Marxismo", de autoria do fil-sofo, socilogo e revolucionrio russo Varlan Tcherkesoff, que, escapado das terrveis malhas da Inquisio russa, veio a falecer na Inglaterra.

    Com o presente estudo do Prof. Roberto das Neves, obra da maior erudio e brilho literrio, retoma a Editora MUNDO LIVRE a sua atividade com uma coleo de pequenos trabalhos (peque-nos no tamanho fsico, mas grandes nas suas di-menses espirituais e ideolgicas, pois os livros, como os homens, no se medem aos palmos), a que demos o ttulo de Coleo "Cadernos da Juven-tude", sobre problemas literrios, filosficos, so-ciolgicos e cientficos do nosso tempo.

    Embora o Prof. Roberto das Neves, que to co-nhecido como escritor, no necessite de apresen-tao, no nos furtaremos de recordar que ele au-tor de outras obras notveis, de que destacaremos: "Maio em Flor" (poemas lricos), "O Meu Livro (Orientao Mdico-Pedaggica)", "Pedrogo Grande" (etnologia), "Os Temperamentos e suas Manifestaes Grficas" (tese de doutoramento na Universidade de Coimbra), "Assim Cantava um Cidado do Mundo" (poemas anarquistas, "que le-

  • varam o Autor treze vezes s masmorras da Inqui-sio do Salazar"), "O Dirio do Dr. Sat" (au-tobiogrfico), "Curso Completo (Elementar, Mdio e Superior) de Esperanto"; "Voc Macrobitico ou Vegetariano? Ou Verdadeira e Falsa Macro-bitica"; "Mtodo Infalvel para Deixar de Fu-mar", precedido de "Doze Razes por que No Fumo"; "Jesus Vegetariano e Anarquista" e ainda das Introdues, que o tornaram famoso, por ele compostas para, entre outras obras da litera-tura mundial: "O Quinto Evangelho" e "Manual Filosfico do Individualista", de Han Ryner; "Pro-vas da Inexistncia de Deus", de Sebastien Faure; "Sermes da Montanha", de Toms da Fonseca; "O Novo Israel", de Augustin Souchy; "Pginas Cni-cas", de Rafael Lpez, o "Filsofo da Selva"; "Nova tica Sexual", de E. Armand; "Cooperativa sem Lucros", de Pedro Ferreira da Silva; "Curso de Literatura" e "Ao Direta", de Jos Oiticica; "Portugal Oprimido", do Capito Fernando Quei-roga; "Macrobitica-Zen", de Georges Ohsawa; "Teraputica Waerland" e "Alimentao' Waer-land, da Dra. Ebba Waerland; "Manual Waerland da Sade" e "O Sistema Waerland", do Dr. Are Waerland; etc.

    Todas estas obras se encontram venda em nossa Editora MUNDO LIVRE.

    O Editor, NELSON ABRANTES

    MARXISMO ESCOLA DE DITADORES

    Na obra de Karl Marx h que distinguir duas partes: uma, que boa, mas no dele; a outra, que dele, mas no boa.

    A primeira consiste, em resumo, na crtica da sociedade capitalista e no enunciado das teses da "mais-valia", assim chamada a parte-de-leo ar-rancada pela voracidade dos patres ao salrio dos trabalhadores; na "interpretao materialista ou econmica da Histria"; na aplicao do "mtodo dialtico" s investigaes sociolgicas; na "lei da concentrao do capital", ou seja da "expropriao do maior nmero de capitalistas pelo menor; e na "teoria do preo e do valor do trabalho".

    Ora, todas estas teses so vlidas, pelo menos relativamente. Confirmam-no diariamente as gri-tantes injustias da sociedade em que vivemos, e das quais so principais vtimas os trabalhadores, sanguessugados pelo capitalismo e triturados pelo Estado. Mas tais idias, que Marx, empanturrado da abstrusa e reacionria filosofia hegeliana e, com toda uma tradio rabnica, passando a vida inteira divorciado do trabalho calejante e dos trabalhado-res, proclamou, do alto do Sinai da sua "geniali-dade" e "sapincia", serem descobertas suas, no so dele, conforme no-lo demonstra Varlan Tcher-kesoff, ao longo do seu irrefutvel e documentado livro "Erros e Contradies do Marxismo"1, mas sim teses e teorias j antes dele formuladas por economistas liberais, socialistas e anarquistas fran-ceses e ingleses, designadamente Sismondi, Victor Considrant, Roberto Owen, William Thompson, Adam Smith, Saint-Simon, Blanqui, Gustav Thier-

    1. Publicado pela Editora GERMINAL (C. P. 15.142 - Rio de Janeiro) e venda na Livraria-Editora MUNDO LIVRE.

  • ry. David Hume, Turgot-Ricardo, Baptiste Say, Proudhon, T. Rogers, Fourier e outros, de quem Marx as furtou.

    E o mais curioso que, no satisfeito com ha-v-las furtado, Marx ainda por cima insulta, ou pretende insultar, as vtimas dos seus descabelados plgios, chamando-lhes, pejorativamente, "utopis-tas", sem ter em conta que, ao contrrio do que imagina ou se esfora por fazer crer, a expresso "utopista" nada tem de depreciativo, pois, como todos sabem, as mais luminosas realizaes de to- dos os tempos tiveram por crislida a utopia. UTOPIAS E "SOCIALISMO UTPICO"

    Que uma "utopia"? A palavra formada pelos radicais gregos "ut" (no) e "topos" (lu-gar), designando um lugar que no existe seno na fantasia; por extenso, descrio de um pas ideal onde tudo est organizado de modo a garantir a felicidade de todos.

    O primeiro, que se saiba, a usar de tal pala-vra, nesta acepo, foi Thomas More (1478-1535), uma das maiores glrias do Renascimento, que em 1516 deu luz, na Inglaterra, a sua obra imortal, justamente intitulada "Utopia", na qual se encon-tram em germe todas as grandes reformas sociais, que se lhe seguiram e que to poderosa e salutar influncia exerceu e continua exercendo, no s na Inglaterra, mas em todo o mundo.

    Para Marx, Engels e seus pintanhos, porm, a expresso "utopia" tem o significado pejorativo de "coisa irrealizvel, devaneio de loucos sem base na realidade". Assim, comum ouvir cacarejar esses pobres-diabos emprenhados da infalvel sa-pincia do Mestre: "Coitados! So uns utopistas! Coisas muito bonitas, sem dvida, aquilo com que eles sonham, mas no passam de utopias! Talvez um dia, sim, venha o seu ideal a realizar-se, mas primeiro ho-de passar uns cem a duzentos anos sob o cabresto e o chicote da ditadura-do-proleta-riado, tal como a define o marxismo-leninismo. Era o que faltava, quererem ir mais depressa do que convm!... A Natureza no d saltos, a no ser com licena do Partido Comunista! Primeiro,

    tm que gramar-nos, como comissrios-do-povo, pois para isso fizemos cursos que nos habilitam para tal funo!"

    Ao contrrio, porm, do que fazem crer os mar-xistas, "utopia" est longe de significar coisa ir-realizvel, sem razes na terra, mas to-somente aquilo que ainda se no realizou, o embrio do que h de, um dia, quando os homens quiserem, reali-zar-se. Utopias foram a monarquia liberal, no tempo das monarquias absolutas; a abolio, na poca da escravatura; a repblica, na era da mo-narquia; o nibus, o submarino, a viagem Lua, etc., quando o anarquista Jlio Verne as anunciava em seus romances utpicos. As maravilhosas reali-zaes de hoje foram as desdenhadas utopias de on-tem, como as utopias de hoje sero as realidades luminosas e triunfantes de amanh.

    Na sua apaixonante "Histria das Utopias", o Dr. Marx Nettlau, erudito historiador anarquista e maom austraco, dedicou as seguintes palavras reabilitao deste gnero literrio to escarnecido por Marx e Engels: "Facilmente se desprezam as utopias, consideradas por muitos como inteis, ilu-srias, contrrias realidade e cincia. Guarde-mo-nos de seguir essas vozes secas e utilitrias. O mundo bastante pobre, tal como agora se encon-tra, e por isso toda utopia uma das suas mais be-las e raras flores. O homem verdadeiramente po- bre se no afaga um sonho, se no leva no crebro a eterna utopia de um ideal, coletivo ou individual, concebido na sua primeira juventude, construo muito varivel, qual acrescenta modificaes em cada etapa de sua evoluo moral e intelectual, que cresce, envelhece e morre com ele. Que vacuidade a do crebro que a no conhece e que, por orgu-lho, resignao ou mera vulgaridade absoluta, no pensa mais alm do presente! Ao contrrio, o carpe diem vale sempre, mas os que esto obsolutamente absorvidos por ele so seres to incompletos como os que vivem exclusivamente no sonho, na utopia".

    Ora, a utopia , mais que um puro gnero lite-rrio, um fenmeno social de todas as pocas e uma das primeiras e mais antigas formas do pro-

  • gresso e da rebeldia fecundante e renovadora, porque o anseio que o homem sente de elevar-se acima de um presente cinzento, sombrio ou injusto, s aceitvel para o tirano, o usurpador, o explo-rador dos seus semelhantes, e para os homens sem horizontes, membros do panrgico rebanho hu-mano, converte-se em reflexo sobre o futuro, em viso do que poderia fazer-se, e, finalmente, em ao, trabalho, investigao e experincia. Nem sem-pre, porm s a utopia vara as nebulosas do por-vir. No raras vezes, tambm a fantasia popular, auxiliada por algumas tradies e pelo espetculo dos povos primitivos, entre os quais no existiam ainda espoliaes, restries e represses, se re-monta a um estado de justia, abundncia e felici-dade, no passado. o caso da Idade de Ouro e do Paraso, que constituiram as primeiras utopias. UM POUCO DA HISTRIA DAS UTOPIAS

    Contam-se por centenas, seno milhares , as utopias engendradas pela imaginao dos

    escritores, poetas e filsofos de todos os tempos, desejo-sos de acelerarem o carro do progresso social, moral ou cientfico da humanidade. De entre elas, des-tacam-se, alm da j citada, de Thomas More, pela decisiva infuncia que exerceram ou exercem na marcha das idias, as seguintes:

    A "Politia", de Plato, av ancestral de todas as utopias posteriores; a "Abadia de Tleme", de Rabelais, espcie de falanstrio crata, que tinha por nica lei o "faze o que quiseres!"; a "Cidade do Sol", do calabrs Thommaso Campanella, es-crita na priso de Npoles, entre 1620 e 1623; "Nova Atlntida", de Francis Bacon; "Telmaco", de Fe-nelon, um dos livros mais difundidos em todo o mundo; a "Repblica dos Filsofos", atribuda a M. Fontenelle: as "Cartas Persas" de Montesquieu: o "Emilio" de Rousseau; "Letho", do pa-dre Terrason, de carter manico (1731); os trs espirituosos contos alegricos de Voltaire: "Cn-dido". "Zadig" e "Micrmega": a "Idade de Ouro". de Sylvain Marechal (1782), autor do fa-moso "Dictionaire des Athes", que nos descreve um pas ideal regido por um anarquismo pastoril;

    "Equality or History of Lithconia", da qual a Europa tomou conhecimento, em 1838, atravs do "New Moral World", o importante rgo de Ro-bert Owen, em cuja colnia experimental socia-lista, na Amrica do Norte, foram ensaiadas as teses contidas nesta utopia; "Walden", de David-Henri Thoreau, utopia do verdadeiro individua-lista, que vive nos bosques a sua prpria vida; o "Humanisfrio", do anarquista francs Joseph D-jacque, emigrado na Amrica do Norte, onde a publicou, inicialmente, em folhetins, no jornal "Le Libertaire", de Nova Iorque, de 1858 a 1859; "Pa-ris en l'an 2.000" (1867), do dr. Tony Moilin, mrtir da Comuna de Paris, fuzilado no Jardim do Lu-xemburgo; "Mundo Novo", de Luza Michel (1889); a "Icria" ou "Viagem Icria", de tien-ne Cabet, uma das mais famosas utopias, apareci-da na primeira metade do sculo 19; "A Comuna Social", de James Guillaume, publicada no "Al-manach Jurasien" para 1871; "A Conquista do Po", do sbio anarquista russo Peter Kroptkine, complemento da obra do mesmo autor "Palavras de um Rebelde"; "Looking Bakward", de Edward Bellamy, escritor norte-americano, editado em por-tugus com o ttulo "No Ano 2.000", uma das obras que maior nmero de edies alcanaram em todo o mundo e que, tendo aparecido, pela pri-meira vez, em 1887, em Nova Iorque, inspirou a Kroptkine, que no se conformara com as solues estatistas propugnadas no livro, uma srie de arti-gos, sob o ttulo "O Sculo 20", no jornal anar-quista "La Revolte", em 1889, e, daquele mesmo autor, "Equality", posterior quela e de maior valor, embora de menos voga; "Uma Comuna So-cialista", do dr. Giovanni Rossi, anarquista ita-liano, cujas idias se plasmaram na Colnia Cec-lia 2, onde camponeses e operrios italianos des-

    2 Com este ttulo, publicou Afonso Schmidt, h pouco falecido, um livro, de que se esgotaram duas edies, com a histria desta experincia anarquista. Depois deste, apareceu e encontra-se venda, com o ttulo de "O Anar-quismo da Colnia Ceclia", de autoria do eng. Stadler Souza, novo livro com nova e abundante documentao, edi-tado pela Editora Civilizao Brasileira.

  • bravaram um terreno virgem doado pelo impera-dor D. Pedro 1., em Palmeira, Paran, Brasil, ali instalando uma coletividade livre e experimental, "sem ideal preconcebido" (como frisa Rossi, em livro posterior, no qual reconheceu ter a experi-ncia, que durou alguns anos, demonstrado ser pos-svel a vida em regime libertrio); "O Louco e Seus Dois Irmos" do imortal romancista e anar-quista cristo russo Leon Tlstoi (1886); "News From Nowhere" (Notcias de Nenhuma Parte), do pintor ingls William Morris; "Freiland" (Terra Livre), do dr. Franz Oppenheimer; e "Der Ju-denstat" (o Estado dos Judeus), de Theodor Herzl (1896), estas trs, de israelitas, a quem o marxis-mo repugnava pelo desprezo a que votava a liber-dade, considerada como um "preconceito burgus", e que deram origem criao dos primeiros "ki-butzim", "moshavim" e "kvutsot", coletividades agrcolas e industriais, de tipo cooperativo e comu-nista (no marxista ou autoritrio, mas libertrio ou anarquista), hoje florescentes na Palestina3; "Les Amours de l'Age d'Or" e "Evenor et Lucippe", de George Sand (1885); "Mundos Imaginrios e Mundos Reais" (Viagem Pitoresca pelo Cu) (1865), do astrnomo Camilo Flammarion, que nesta obra resume as fantasias utpicas concer-nentes aos outros planetas; "Fecundidade" e "O Trabalho", de mile Zola; "Sur la Pierre Blan-che" (publicada em portugus com o ttulo "Cris-tianismo e Comunismo") e "A Ilha dos Pingns", ambas de Anatole France; "Fragmentos de Hist-ria Futura" (1904), do filsofo francs Gabriel Tarde; "Grve des Amoureuses", de Camile Prier; "The Agnostic Island" (A Ilha dos Agnsticos), de F. J. Gould (1887), publicao de livres-pensa-dores; "Le Christ au Vatican" (O Cristo no Vati-cano) que em muitas edies se atribui a Victor Hugo, mas que, na realidade, do republicano francs Jacques Antoine Chappuis; "Nouvelle Abbay de Thlme", de Louis Estve (1906); "La

    3 Sobre as referidas utopias e o funcionamento des-tas coletividades, leia-se "O Novo Israel", por Augustin Souchy, uma das obras mais interessantes sobre o assunto, publicada pela Ed. GEMINAL e venda nesta Editora.

    Nueva Utopia", de Ricardo Mella, e "El Siglo de Oro", de M. B., ambas publicadas no "Segundo Certame Socialista" (Barcelona, 1890); "La Leg-genda del Primo Maggio" (A lenda do Primeiro de Maio), do poeta anarquista italiano Pietro Gori (1909); "Terre Libre", de Jean Grave (1908); "Os Anarquistas" (1891) e "Die Freiheitsucher" (1920), ambas do anarquista individualista J. H. Mackay; "Ten Men of Money Island" (Dez ho-mens na Ilha do Dinheiro), de Seymour F. Norton, na qual so discutidas as espinhosas questes do cmbio, que na poca do aparecimento desta obra (Londres, 1896) agitavam os individualistas in-gleses e americanos; "Como Faremos a Revolu-o", dos anarco-sindicalistas franceses mile Pou-get e mile Pataud, inspirada na concepo revo-lucionria do sindicalismo orientado pelos anar-quistas (1909); "O Meu Comunismo (ou A Felici-dade Universal)", do francs Sbastien Faure, ten-do por tema, como a anterior, a instaurao da so-ciedade libertria por meio dos sindicatos revolu-cionrios; "La Ciudad Anarquista Americana", editada, sem meno do autor, em 1914, em Buenos Aires, por "La Protesta", dirio da Federacin Obrera Regional Argentina; "Uma Utopia Moder-na" e "O Mundo Libertado", de H. G. Wells; "Les Pacifiques", entrevendo a anarquia integral de uma idade longnqua, no terreno clssico de nu-merosas utopias, desde Plato, a Atlntida; "A Vida Eterna" e "O Quinto Evangelho" (a vida e a pregao do Cristo anarquista e maom, em linguagem bblica) 4, de Han Ryner; "The Twenteth Century" (O Sculo 20), pelo sbio se-xlogo ingls Havelock Ellis (1900); "Nufragos", de Adrian del Valle, aventura de um grupo de mi-lionrios que, em companhia de seus criados, nau-

    4 Esta obra, uma das maiores da literatura univer-sal e a que mais contribuiu para que fosse concedido ao seu autor o ttulo de "Prncipe dos Escritores Filosficos", num plebiscito entre os escritores mundiais promovido pela Academia Goucourt e por Romain Rolland, foi recentemente publicada, em traduo portuguesa de Maria Anglica de Oliveira, pela Editora GERMINAL. Seguiu-se-lhe, do mes-mo autor e pela mesma Editora. o "Manual Filosfico do Individualista", ambas venda nesta Editora.

  • fragam, a bordo de um iate, salvando-se a custo e indo parar a uma ilha deserta do Pacfico, onde, despojados das suas riquezas e dos seus privilgios, reconstroem a sua vida, fundando, naquelas para-gens, uma sociedade libertria. O tema deste ro-mance o mesmo da "Ilha Misteriosa", do anar-quista Jlio Verne, que pode tambm, por isso, a par de utopia cientfica, incluir-se entre as utopias anarquistas, pois, como "Nufragos" de A. del Valle, nos pinta a existncia de um grupo de ho-mens que, tendo naufragado e arribado a uma ilha deserta, ali vivem, durante muitos anos, sem pro-priedade privada, sem dinheiro e sem Estado, na maior harmonia e felicidade.

    Na literatura brasileira, registram-se trs no-tveis utopias: "Harmonia", de Afonso Schmidt; "H 2.000 Anos", do famoso escritor Francisco Cndido Xavier, sob o pseudnimo de "Emanuel", e "Viagem ao Planeta Marte", do curitibano Her-clio Mase, sob o pseudnimo de Ramatis. Tanto a segunda, como a terceira, sob a forma de obras medinicas, refletem a aspirao ideal, da nossa poca, de uma ptria planetria, sem fronteiras, sem dinheiro, sem exrcitos, sem tribunais, sem cadeias, numa palavra, sem Estado, na qual os po-vos se entendem por meio de um idioma comum e resolvem os problemas coletivos por mtuo e li-vre acordo, e onde a intoxicante alimentao cada-vrica, que predispe doena e ao crime, foi substituda pela alimentao vegetariana. Os dois livros, de Francisco Cndido Xavier e Herclio Mase, tm esgotados sucessivas edies e correm editados em Esperanto, atravs do mundo, tendo sido, por intermdio do idioma mundial, vertidos em numerosas outras lnguas.

    Na literatura russa, apareceram tambm, como no podia deixar de ser, numerosas utopias. Alm da j citada, de Tlstoi, so dignas de meno: "La Rugha Stelo"5 (A Estrela Vermelha. Citei em espe-ranto, porque foi na edio esperanta que li, h muitos anos, esta obra famosa), de Bogdanoff

    5 "Sennacieca Asocio Tutmonda", Avenue Gambetta, 67 Paris 20.

    (1910), cujo tema consiste numa viagem ao pla-neta Marte, onde os visitantes, da Terra, encon-tram a vida organizada de conformidade com a concepo marxista; e "Como ficaram os campo-neses sem autoridades", publicada, sob a firma de Stenka Zayaz, em 1919, ou seja nos primeiros anos aps a Revoluo, obra inspirada na concepo anarquista, como do seu ttulo se infere. Depois desta, no se conhecem outras utopias. O motivo fcil de deduzir se nos lembrarmos de que na Rssia, pas de regime totalitrio, no existe liber-dade de imprensa nem artstica, e que a utopia considerada, no "pas do socialismo", como um g-nero literrio "hertico", "pequeno-burgus", "anarcide". Pasternack e outros escritores russos tiveram a idia, depois da queda de Stline, de ressuscit-la. Todos sabem o que lhes aconteceu. que a Rssia, apesar do abrandamento do regime de terror, desde a morte de Stline, ainda se no reconciliou com o sonho e com a liberdade, que continuam a ser ali considerados, desde Lnine, como "futildades" e "preconceitos burgueses". Ao devaneio tolerante, libertador e criador, da utopia, preferem os marxistas o realismo frio e esterili-zante do dogma.

    O SOCIALISMO "UTPICO" DE MARX

    Em defesa dos socialistas liberais e anarquis-tas, roubados e escarnecidos por Marx, sob o apodo de "utopistas", cumpre acrescentar que eles no se limitaram a compor utopias arrancadas fantasia ou com materiais da simples observao. A maioria deles, seno a totalidade, ensaiaram-nas em colnias experimentais e falanstrios. Foi o caso de Robert Owen e de Fourier. O primeiro destes, como atrs dissemos, chegou Amrica do Norte em 1824, e ali, juntamente com o anarquis-ta-individualista norte-americano Josiah Warren, fundou a colnia "New Harmony", onde foram ensaiados vrios sistemas de economia estranhos ao mundo capitalista. Foi l que Warren, anteci-pando-se a Marx e ao prprio Proudhon, graas aos resultados da experincia, formulou a teoria

  • do valor, que os marxistas, erroneamente, atri-buem ao seu pontfice. conveniente, a propsito, recordar que Marx, como os demais economistas burgueses, distingue entre o chamado trabalho es-pecializado e o ordinrio, atribuindo ao trabalhador intelectual remunerao mais elevada que ao ope-rrio manual. Assim, entende que uma hora de trabalho do mdico, do professor, etc., equivale a duas de trabalho do tecelo, do sapateiro, da en-fermeira, do trabalhador rural, etc. Warren esta-beleceu a mesma diferena, mas, ao contrrio de Marx e demais economistas burgueses e reacion-rios, a favor dos operrios ocupados em trabalhos pesados, desagradveis e insalubres.

    Do exposto se conclui que o verdadeiro "socia-lismo cientfico", no exato significado do termo, o daqueles a quem os marxistas designam por "utopistas", e que "socialismo utpico", no sen-tido pejorativo que os marxistas emprestam a esta expresso, o elaborado por Marx, o qual jamais submeteu as suas teorias (que, como est provado, no so dele, mas daqueles a quem chama "uto-pistas") ao controle da experincia, de conformi-dade com o mtodo cientfico, limitando-se a exa-minar os dados oficiais, frios e raramente exatos, das estatsticas. Quer, pois, no sentido que os mar-xistas do s palavras "utopia" e "utpico", quer tendo em conta que a cincia sociolgica de Marx toda ela, ou quase toda, dos "utopistas", a con-cluso, por mais estarrecedora que seja para os partidrios do "infalvel" economista, no pode ser outra seno a de que, em qualquer dos casos, Marx um "utopista" e, portanto, que o marxis-mo , nada mais, nada menos, que um "socialismo utpico", na pior acepo, atribuda, claro est, pe-los marxistas, a esta expresso.

    MARX, NOVO MESSIAS

    Ao sair da Universidade de Berlim, enverni-zado de cincia econmica, o jovem doutor em di-reito e neto de rabinos, semelhana do Menino Jesus entrando na sinagoga para discutir com os doutores da Lei, resolveu entrar no movimento

    operrio, no como aprendiz de revolucionrio, mas como pontfice e ditador, para desancar os maiores vultos do socialismo. O sabicho comeou por, no seu livro "A Sagrada Famlia", escrito em colaborao com outro sabicho, Friedrick Engels, surrar os irmos Bauer, os mais libertrios da ju-ventude que freqentava o filsofo Hegel, a quem Marx tanto ficou devendo. Depois, na "Ideologia Alem", ao longo das oitocentas pginas do en-xundioso calhamao, baixa o porrete sobre Max Stirner, o famoso anarquista individualista, pre-cursor do existencialismo, autor do imortal "O nico e a sua Propriedade" e o mais original dos pensadores alemes, conforme o reconheceram pen-sadores da estatura de Nietszche e Schoppenhauer, que naquela obra foram beber muitas das suas idias. Na "Misria da Filosofia", atira-se, como co raivoso, contra o genial terico do anarquismo, Proudhon (este, sim, autntico proletrio e revo-lucionrio), esquecido de que, antes, o incensara, confessando ter sido a sua famosa obra "Que a Propriedade?" que o convertera ao socialismo, e proclamando-o "expoente mximo do socialismo proletrio" e a referida obra "um manifesto ci-entfico do proletariado francs". Outros sobre quem ele, com seu verdadeiro nome ou sob o pseudnimo de Engels, derramou a sua blis foram

    Weitling, o discpulo revolucionrio de Fourier; Blanqui: o grande Baknine e seus discpulos; Fer-dinand Lassalle. os revolucionrios da Comuna de Paris, o naturalista Vogt, os marxistas Bebel e Liebknecht: os seus prprios genros. Lafargue e Longuet; Ferbach e Dhring. Com Baknine as coisas estiveram em vias de ficar pretas, porque, tendo o autor de "O Capital" posto a circular a infmia de que o grande agitador russo estava a servio da polcia secreta do tsar. Baknine deci-diu ir procur-lo e exigir que ele provasse tal acusao. Diante da atitude firme e decidida de Baknine, Marx, sabedor de que o seu antagonista no era para graas, acovardou-se e enguliu a in-fmia, asseverando que jamais a perfilhara.

    Entretanto, este homem ressentido, permanen-temente azedo contra tudo e todos, que s em si

  • prprio descobria perfeies e que se sentia fa-dado para ser o que, na realidade, veio a ser, um novo Messias, fundador de uma nova religio, o Marxismo, era, pelos motivos que podeis ler na obra do clebre libertrio russo Varlan Tcherkesoff, o homem menos autorizado para criticar os outros, particularmente aqueles que, como Proudhon, Ba-knine e os seus discpulos, e os revolucionrios da Comuna de Paris, haviam, quer nos seus livros de crtica ou filosofia social, quer nas barricadas (aonde o medroso Marx jamais se atreveu), afir-mado o seu amor ao povo, aos vilipendiados, e a sua deciso de ajudarem a proscrever da Terra os inimigos implacveis da humanidade: o Estado e o Capitalismo, ou seja a opresso e a explorao do homem pelo homem. MARX, PROFETA FALHADO

    Mas, ento, nada do que Marx se atribui ou do que os marxistas lhe atribuem lhe pertence? -indagar o leitor. Sim, pertencem-lhe, pelo menos, trs coisas: as deturpaes que introduziu nas idias que roubara (dir-se-ia que com o objetivo de, como fazem os ladres de automveis, as tor-nar mais dificilmente reconhecveis pelos seus au-tores), as profecias e a "ditadura do proletariado".

    No desejando ser inferior aos seus gloriosos antepassados semitas (desde Ezequiel a Nostrada-mus), Marx meteu-se, como eles, a profeta. E, en-to, preferindo s utopias as profecias (de mais sabor bblico), ps-se a congeminar vaticnios. Assim, baseando-as na decantada teoria da "con-centrao do capital" (que furtara de Buret e Vic-tor Considrant), lanou aos quatro ventos, entre outras, a predio de que a Revoluo Social iria estalar, dali a pouco, por fatalidade histrica ( semelhana dos ourios dos castanheiros) nos pa-ses atingidos pela superproduo industrial, ou concentrao capitalista (Alemanha e Inglaterra), onde a mo do proletariado, "produto e coveiro do capitalismo", no teria mais que fazer seno acanhar as castanhas tombadas da rvore do Capi-talismo. O proletariado no precisava, sequer, de "fazer fora", como pediam os velhos profetas b-

    blicos, "para ajudar as profecias a realizarem-se", pois bastaria curvar-se (ante os novos senhores, ou seja Marx e Engels, ditadores do proletariado, por este guindados s culminncias do Poder) para apanhar do cho as castanhas, que na onirologia marxista eram a representao do socialismo.

    Com efeito, diziam Marx e Engels no seu fa-migerado "Manifesto Comunista": "Os comunis-tas concentram a sua ateno sobre a Alemanha, porque este pas encontra-se s vsperas da revo-luo burguesa (determinada pela concentrao capitalista. As palavras em grifo so acrescentadas por mim, para tornar mais clara a frase. R.N.), a qual dar ao proletariado alemo, mais evoludo que o da Inglaterra do sculo 17 e o da Frana do sculo 18, a oportunidade de implantar o socialis-mo. Esperamos, pois, que a revoluo burguesa seja o prlogo da revoluo proletria".

    Este radioso augrio foi feito h 127 anos. Os acontecimentos comprazeram-se em opor o mais cruel e formal desmentido ao "infalvel" profeta do socialismo "cientfico" e s suas to "cientifi-camente" elaboradas predies. O proletariado alemo apanhou, realmente, muita castanha, mas de outro gnero. Em vez de instaurar o socialismo, obedeceu, com servilismo e entusiasmo de escra-vos, s ordens de mobilizao do kaiser Guilherme 2. e do seu Estado-Maior, seguindo para os cam-pos de batalha, a exterminar os seus camaradas de alm-fronteiras e a deixar-se, ele prprio, extermi-nar, "para maior glria da ptria" dos seus amos.

    Isto em 1914. Vinte e cinco anos depois, o mes-mo proletariado, em que Marx e Engels haviam deposto as suas mximas esperanas, como o mais evoludo do mundo e perfeitamente educado na escola do "socialismo cientfico", novamente via da luta de classes, conduzente ao socialismo (esse paraso na Terra anunciado pelos hierofantes do Marxismo), preferiu deixar-se arrastar, como car-ne de canho, para os campos ensanguentados de Marte, a servio dos interesses imperialistas.

    A culpa no coube, porm, preciso procla-m-lo, somente ao proletariado alemo, mas, mais

  • do que a este, ao "infalvel" papa do "socialismo cientfico", o qual cometera dois tremendos erros: primeiro, no compreendera que a conscincia de classe, que, como dissera Marx, o desenvolvimento das foras de produo, do trfico mundial, etc., despertam no proletariado, facilmente anulado pelo nacionalismo, sentimento estreito e reacion-rio, diametralmente oposto aos interesses do pro-letariado e da humanidade, e por isso to acari-nhado sempre por todos os ditadores ou candida-tos a tais, como se verifica pelos regimes totalit-rios dos nossos dias; segundo, os dois pontfices do "socialismo cientfico" haviam transmitido ao proletariado a crena, de que estavam possudos, de que no era necessrio fazer fora para realizar a transformao social, pois bastar-lhe-ia curvar-se e colher do cho as castanhas do socialismo cadas de maduras, por fatalidade histrica, do velho cas-tanheiro do capitalismo. O proletariado alemo acreditou nos sacerdotes mximos da religio mar-xista (se o "socialismo" por eles descoberto era "cientfico", no podia errar), e o resultado foi que, quando chegou a hora e, ao contrrio do que havia prognosticado o profeta Marx e repetido o seu sacristo Engels, se verificou ser preciso fazer fora para derrubar as castanhas do socialismo da rvore do capitalismo, o proletariado alemo reco-nheceu que no estava preparado para empresa to gigantesca.

    Sim, Marx e Engels erraram e, com eles, o proletariado

    alemo, que foi quem pagou as favas, deixando-se, por duas vezes, massacrar nos cam-pos de batalha por interesses que no eram os seus, mas sim dos seus senhores, os donos da p-tria. A Revoluo Social, que os ugures do "so-cialismo cientfico" vaticinaram para breve, na Inglaterra e na Alemanha, no estalou, at hoje, em nenhum dos dois pases de superproduo ca-pitalista, mas, ao contrrio, o proletariado, em vez de alcanar a sonhada vitria, sofreu, na segunda daquelas naes, em vez da prognosticada vitria, duas tremendas derrotas: a primeira, com Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, na revolta espar-

    taquista; e a segunda, sob Hitler, ambas sob o signo marxista. Contradizendo o profeta Marx, a Revoluo estourou, sim, mas no pas onde preci-samente menos poderiam esper-la os marxistas, na Rssia, que acabava de sair do feudalismo, com um capitalismo incipiente e, portanto, sem ne-nhuma das condies exigidas nas profecias de Marx para a revoluo. Estourou na Rssia, por-que os trabalhadores, operrios, camponeses e in-telectuais, orientados pelos anarquistas e socialis-tas-revolucionrios (exterminados, mais tarde, por Trtski, Lnine e Stline), no deram ouvidos s profecias de Marx, e por isso, no esperando que da rvore do capitalismo casse, por fatalidade histrica, o fruto sazonado do socialismo, decidi-ram colh-lo eles prprios, desencadeando, num supremo esforo da vontade, a revoluo, e esta-belecendo, por meio dela, naquele pas, o socia-lismo. Este regime durou ali trs anos, e no mais, por culpa dos marxistas, que tiveram artes de re-suscitar o Estado (sempre o maldito Estado!) que submeteu os svietes, instituies eminentemente populares. Depois, de "recuo estratgico" em "recuo estratgico", fizeram a Revoluo atolar-se no pntano, onde chafurda hoje, do mais odioso dos capitalismos, o capitalismo de Estado, com maior diferenciao de classes e de salrios do que o dos velhos pases capitalistas, e, o que pior, com a mais monstruosa tirania de que h mem-ria na Histria, a da falsamente chamada "dita-dura do proletariado", que outra coisa no se-no ditadura do novo patriciado, a burocracia do Partido Comunista, nova classe privilegiada.

    A DITADURA-DO-PROLETARIADO E OS ANARQUISTAS

    A "ditadura-do-proletariado" eis outra in-veno de Karl Marx, outra obra autntica do Marxismo, infelizmente, porm, tambm m.

    Na "Crtica do Programa de Gotha", redigida por Marx em 1875, l-se: "Entre a sociedade capi-talista e a sociedade comunista, estende-se um pe-

  • rodo de transformao revolucionria, que vai da primeira segunda. A este perodo corresponde outro, de transio poltica, durante o qual o Es-tado no pode ser outra coisa seno a ditadura do proletariado". J antes, no "Manifesto Comunis-ta" (1847), escrevera: "O primeiro passo na es-trada da revoluo proletria o da ascenso do operariado ao posto de classe dominante. O pro-letariado aproveitar-se- do seu domnio poltico para arrancar, pouco a pouco, burguesia, todo o capital, para centralizar todos os instrumentos de produo nas mos do Estado, quer dizer nas mos do mesmo proletariado, organizado como classe dominante".

    Mais tarde, Lenine reafirmaria, na sua obra "O Estado e a Revoluo", a tese marxista: "S marxista aquele que estende o reconhecimento da luta de classes ao reconhecimento da ditadura -do-proletariado". E, mais adiante: "O proletaria-do necessita do Estado apenas durante certo tem-po. A supresso do Estado, como idia finalista, no o que nos separa dos anarquistas. O que nos separa deles que ns afirmamos que, para se che-gar a essa finalidade, indispensvel utilizar tem-porariamente os instrumentos, os meios e os pro-cessos do poder poltico contra os exploradores, assim como, para suprimir as classes, indispen-svel estabelecer temporariamente a ditadura da classe hoje oprimida". "O Estado desaparecer, medida que desapaream as classes e no haja, por conseguinte, mais necessidade de oprimir nenhuma classe. Mas o Estado no estar completamente morto enquanto sobreviva o "direito burgus", que consagra, de facto, a desigualdade. Para que o Estado morra completamente, necessrio o esta-belecimento do comunismo integral".

    Socialismo sempre fora, antes de Marx, sin-nimo de sociedade sem classes, isto , sem classe dominante e classe dominada, ou seja sociedade de homens livres e iguais. Mais tarde, porm, apare-ceu Karl Marx, que falsificou o socialismo e inven-tou a "ditadura-do-proletariado", coisa inteira-mente estranha ao socialismo. Depois de Marx,

    veio Lenine, que completou a obra de falsificao do socialismo, revelando-nos, em toda a sua hedion-dez, a verdadeira fisionomia do marxismo, quando, no seu programa econmico, tornado pblico s vs-peras da revoluo de Outubro (de 1917), consig-nou a seguinte definio: "O socialismo nada mais do que o monoplio do Estado". Nestas pala-vras, mostrava-nos Lenine que, sob a capa da emancipao dos trabalhadores, o que os marxistas pretendiam era, nada mais, nada menos, do que estabelecer, no a ditadura do proletariado (pois este, no dia seguinte ao da revoluo expropria-dora e niveladora, seria a classe nica, portanto toda a sociedade), mas a ditadura do partido co-munista, que fundaria, como aconteceu, de confor- midade com os programas de Marx e de Lnine, um Estado totalitrio, mastodntico, monopolizador de todas as atividades humanas, destinado a tritu- rar impiedosamente, com a sua terrvel dentua, os trabalhadores. PORQUE SUBSISTE NA RSSIA O ESTADO

    Noutro ponto do mesmo livro, Lenine acres-centa: "A distino entre marxistas e anarquistas consiste no seguinte: 1) Os marxistas, embora se proponham destruir o Estado, no creem isto reali-zvel seno depois da destruio das classes e como resultado da vitria do socialismo, que terminar pela destruio do Estado. Os anarquistas, por seu turno, querem a supresso completa do Estado, de um dia para o outro, sem admitir as condies que, segundo os marxistas, oferecem a possibilidade de suprim-lo. 2) Os marxistas proclamam a neces-sidade de o proletariado se apoderar do poder po-ltico, de destruir completamente a velha mquina do Estado e de substitu-la por um novo apare-lho, consistente na organizao dos operrios ar-mados segundo o tipo da Comuna. Os anarquistas, por seu turno, ao reclamarem a destruio da m-quina do Estado, no sabem como nem por que o proletariado deve substitu-la, nem que uso dever este dar ao poder revolucionrio. Condenam inclu-sive todo uso do poder poltico por parte do pro-letariado revolucionrio e repelem a ditadura re-

  • volucionria do proletariado. 3) Os marxistas que-rem preparar o proletariado para a revoluo, uti-lizando o Estado moderno. Os anarquistas rejei-tam este mtodo."

    Se cotejarmos estas linhas com as do "Mani-festo Comunista" e de "O Capital", concluiremos facilmente que Lenine falseava, neste ponto, a ttica marxista, pois os marxistas no se propem destruir o Estado, mas simplesmente preveem a sua desapario natural, como conseqncia da destruio das classes por meio da ditadura-do-proletariado, o que equivale a dizer do socialismo de Estado, ao passo que, mais lgicos (pois sabem que as classes no existem sem o Estado, que o guardio da classe dominante), os anarquistas que- rem destruir as classes por meio da revoluo so-cial, que suprime, simultaneamente, o Estado e as classes. Lenine no ignorava esta interdependn- cia entre aquele e estas, pois reconhece claramen-te, noutro passo da sua obra, que "o Estado a arma de que se vale a classe dominante para man- ter submissa a classe dominada". E, por saber tudo isto e obrar como se o no soubesse, que Emma Goldmann, a grande anarquista russa resi- dente na Amrica do Norte, que Rssia regressara expressamente para tomar parte na revoluo de Outubro, e daquele mesmo pas se evadira, ao ve-rificar a impossibilidade de ali realizar obra eman-cipadora, desmascarou Lenine, chamando-lhe "o grande jesuita" num libelo por ela publicado.

    Ora, se o Estado , efetivamente, o co-cerbero da classe privilegiada ou dominante, o que equi- vale a dizer do Capitalismo, como o reconheceram os prprios corifus do marxismo-leninismo, cabe perguntar: porque que na Rssia, onde, segundo os chamados comunistas moscovitas, s existe uma classe, a dos trabalhadores, e onde foi suprimido o capitalismo, subsiste o Estado? Das duas, uma: ou na Rssia, efetivamente, no existem mais classes, e ento o Estado subsiste como sobrevivncia mi-asmtica de um tenebroso passado de opresso, que o atuais administradores mantm com sdicos objetivos; ou, ao contrrio do que afirmam os co-munistas moscovistas, a Rssia continua dividida

    em duas classes, e ento compreende-se a sobre-vivncia do Estado como instrumento indispens-vel classe dominante para impor o seu domnio classe dominada. (Sublinhei acima comunistas moscovitas, porque os comunistas de Pequim sus-tentam o contrrio, isto , que a Rssia se conserva dividida em classes) . De qualquer maneira, a con-cluso s pode ser uma: a Revoluo orientada pe-los marxistas, que, como parteira da sociedade nova, deveria ter dado nascimento ao socialismo, fracassou estrondosamente na Rssia.

    Efetivamente, a Rssia, pelo que se conclui dos testemunhos imparciais de todos quantos a tm visitado, burgueses e revolucionrios, incluindo en-tre estes tantos comunistas de valor, que emigra-ram para aquele pas, sinceramente decididos a dedicar-se grandiosa obra da "construo do so-cialismo", e que de l voltaram, anos depois, to-talmente desiludidos, est cada vez mais distante do verdadeiro socialismo. (A lista dos desiludidos enorme, no valendo a pena reproduz-la aqui, pois nos tomaria muito espao. Limitar-nos-emos, por isso, a recordar um exemplo da casa: Osvaldo Peralva, o qual, tendo sido, por vrios anos, dire-tor da imprensa do Partido Comunista brasileiro, foi para a Rssia, a convite dos dirigentes do Ko-mintern, que nele farejavam o futuro Lenine do Brasil, com o objetivo de fazer o curso de estado-maior. Osvaldo Peralva permaneceu em Moscou e em Praga cerca de quatro anos, ao fim dos quais regressou ao Brasil totalmente desencantado. Em vez do socialismo, que ele esperava ir encontrar na "ptria do proletariado", o que ele viu ali foi apenas "fascismo vermelho", conforme confessa no seu terrvel depoimento intitulado "Retrato", obra interessantssima, confirmadora do que aqui afirmamos, e qual se seguiram outros dois livros do mesmo gnero: "Lderes soviticos" e "Pe-quena Histria do Mundo Comunista"6.

    6 Osvaldo Peralva, a quem os dirigentes comunistas brasileiros, furiosos com a publicao dos seus terrveis libe-los contra os moscovitas, acusaram de vendido ao "impe-rialismo ianque", foi, depois, diretor-superintendente do

  • O MARXISMO ROMPEU, PARA SEMPRE, A UNIDADE ENTRE AS CORRENTES DO SOCIALISMO

    Os acontecimentos demonstraram que as dife-renas entre anarquistas e marxistas no eram to superficiais como fazia crer Lenine. Nas vsperas da Revoluo de Outubro, as colises entre as duas principais correntes revolucionrias eram freqen-tes nos comcios e em toda a parte onde o povo discutia a maneira de reestruturar a vida, em se-guida fasca revolucionria, que todos considera-vam iminente. Enquanto os oradores bolchevistas (marxistas) gritavam: "Os trabalhadores devem organizar o Estado, de acordo com a concepo de Marx e de Lenine, comeando por encampar to-dos os meios de produo (a terra, as fbricas, as minas, etc.) e coloc-los sob o controle imediato do Estado, do qual ficaro sendo propriedade!", os anarquistas opunham-lhes: "A terra deve perten-cer aos camponeses, que a regam com o seu suor! As fbricas pertencem, de direito, aos operrios que as movimentam! As minas so dos mineiros, que, com risco da prpria vida, extraem das suas entranhas o minrio necessrio sociedade. As escolas devem ser propriedade dos professores, e s estes devem organiz-las como entendam, para que elas cumpram a sua finalidade. Em resumo, s os trabalhadores de todos os ramos, manuais e intelectuais, devem dispor dos instrumentos de produo, que fazem funcionar, assim como dos produtos do seu trabalho. O Estado a arma da classe dominante, e por isso tem de ser eliminado juntamente com ela. Se os trabalhadores, ao faze-rem a sua revoluo, pouparem o monstro, o para-sita, o proxeneta chamado Estado, tero perdido a revoluo, pois o monstro ressuscitar a classe do-

    "Correio da Manh", um dos mais desassombrados jornais liberais do Brasil, ao qual soube imprimir uma orientao, que um desmentido s atoardas dos fanticos partidrios de Moscou. Tendo-se esgotado rapidamente a la edio, "O Retrato" reapareceu em edio de bolso da Livraria do Globo, de Porto Alegre, e, pouco depois, em novas edies, em Lisboa.

    minante, e os trabalhadores ficaro, de novo, na m de baixo!"

    Para resolver estas diferenas, que ameaavam comprometer a revoluo, convocou-se, nas vspe-ras da grande comoo social, uma reunio de re-presentantes das vrias correntes revolucionrias, a fim de encontrar-se uma frmula que permitisse a colaborao indispensvel entre elas. Ficou as-sente que se deixaria a cada corrente a liberdade de organizar a sua prpria vida, de conformidade com os seus prprios pontos-de-vista. Significava isto que cada uma das 'correntes reconhecia s ou-tras o direito de praticar, na vastssima extenso da Rssia, os seus mtodos e sistemas, a ttulo ex-perimental, sem se hostilizarem entre si. Os anar-quistas admitiam que aqueles que se consideras-sem incapazes de se administrarem, aceitassem a tutela do Estado, isto , se submetessem direo de outros homens, os governantes, aparentemente iguais a eles. Por seu lado, os marxistas compro-metiam-se a deixar que os anarquistas e os tra-balhadores, operrios, mineiros e camponeses, in-fluenciados por eles, se regessem diretamente, dis-pensando a tutela do Estado, cuja legitimidade e critrio administrativo no reconheciam.

    De conformidade com este pacto, os libertrios, que haviam ocupado lugar na primeira linha da revoluo, trataram de proceder em consonncia com as suas doutrinas. Assim, por exemplo, na Ucrania, a parte mais civilizada da Rssia, os anarquistas organizaram os operrios e campone-ses em comunas, por meio das quais procura-ram resolver os problemas concernentes existn-cia. Ao mesmo tempo, constituram um exrcito voluntrio, o qual, sob a orientao de Makn, um antigo padeiro anarquista, que passara doze anos nas masmorras do tsar e fora restitudo liber-dade por Kernski, revelando-se, mais tarde, um estratega genial, por trs vezes salvou a revoluo, derrotando, por meio de hbeis guerrilhas, os exr-citos, muitas vezes superiores em homens e arma-mentos, de Denikine. Wrangel e Koltchak, consti-tudos pelos restos dos exrcitos austro-hngaros

  • da guerra de 1914-18, armados e enviados para a Rssia pelo capitalismo internacional, com o obje-tivo de esmagar a Revoluo em marcha.

    O EXTERMNIO DOS ANARQUISTAS PELOS MARXISTAS

    Pois, quando era de esperar dos marxixstas entronizados no governo central de Moscou, se no a sua adeso aos libertrios, pelo menos um cada vez maior respeito pela sua dedicao causa do povo e fidelidade ao acordo espontaneamente fir-mado com eles, foi o contrrio o que se verificou. Enciumado com o extraordinrio prestgio alcan-ado subitamente por Makn e, de modo geral, pe-las organizaes anarquistas dos camponeses e ope-rrios da Ucrnia, Trtsky, ento frente do Exr-cito Vermelho, ordenou uma ao armada contra eles. E assim, quando os guerrilheiros libertrios da Ucrnia, aps haverem infligido tremenda der-rota aos invasores, numa batalha junto ao estreito de Perikope, qual haviam sido solicitados pelo prprio Trtsky, se retiravam, com a satisfao do dever cumprido, caem inesperadamente sobre eles, traio, dois corpos do Exrcito Vermelho, que os destroam, entre dois braos de uma tenaz. Makn, com o corpo crivado de balas, salva-se, como que por milagre, dentro de um carro de feno, e, alguns dias depois, alcana a fronteira, refugi-ando-se na Frana, onde faleceu, anos depois, tuberculoso. Estava, desta forma, rota para sempre a unidade das correntes do socialismo, pela trai-o dos que mais estridentemente gritam por uni-dade. Atos idnticos de traio praticaram, diaria-mente, contra os anarquistas, socialistas e repu-blicanos, os bolchevistas, mais tarde, na guerra de Espanha, onde eles se revelaram o inimigo n. 1 do povo espanhol e da causa da liberdade.

    Desde os trs primeiros anos da Revoluo de Outubro, a Rssia caracteriza-se pelos seguintes as-pectos essenciais, que constituem o maior desmen-tido s afirmaes dos ingnuos que, apesar de tudo, persistem em ver na Rssia (assim como em Cuba, pas igualmente orientado pelos totalitrios

    do marxismo) um pas socialista: Em primeiro lu-gar, o pas onde com mais terrvel sanha se tem perseguido o comunismo e os comunistas (em ne-nhum outro pas do mundo eles tm sido extermi-nados em to elevado nmero); como nos pases declarados fascistas, designadamente a Alemanha de Hitler, a Itlia de Mussolini, o Portugal de Sa-lazar e a Espanha de Franco, apresenta ausncia total das chamadas "liberdades fundamentais do cidado", ou seja a de eleger os seus representan-tes (sindicais e outros), a de criticarem na im-prensa os atos dos governantes, a de reunio, a de propaganda de qualquer ponto-de-vista ou credo considerado "hertico", isto contrrio "verdade oficial"; a de viajar, at mesmo dentro d pas, pois, no que concerne de viajar para o estrangeiro, o muro de Berlim dispensa-nos de co-mentrios; a liberdade de criao artstica (o dra-ma de Pasternak bastante elucidativo); etc., etc. Em resumo, quase meio sculo depois da grande gesta revolucionria, do muito alardeado pelo "so-cialismo cientfico" imposto revoluo russa, ve-mos de p somente o que esta nada mais j tem de socialismo e nada daquilo que tampouco jamais foi cincia.

    PRECISO RECOMEAR! O reconhecimento destas verdades ajuda-nos a

    compreender por que os totalitrios de todo o mundo se inclinam para os totalitrios russos. Sir-va-nos de exemplo o caso de Salazar e Franco, pre-parando, nos ltimos meses, como tem sido reve-lado pela imprensa mundial, acordos, respectiva-mente, com os governos da China comunista e da Rssia, e chegando ao ponto de darem instrues censura para que no permitisse publicar na imprensa ataques aos regimes daqueles pases. Ao mesmo tempo, numa estranha coincidncia, as polcias polticas de Salazar e Franco deixaram fu-gir, no mesmo dia e mesma hora, de trs prises diferentes, cerca de vinte dos principais dirigentes comunistas. Na Argentina, Venezuela, Brasil e ou-tras naes, os detritos do fascismo ("pelegos",

  • como o povo aqui os designou) e os bolchevistas do-se acumpliciadamente as mos contra os de-mocratas e partidrios da liberdade de todas as tendncias. a solidariedade dos afins.

    Some-se ao que fica exposto a permanncia, na Rssia (depois de quase meio sculo da Revo-luo de Outubro), do salariato e das classes (si-nal mais brutal das suas formas), e no nos restar a menor dvida de que a Revoluo dirigida pelos marxistas, ou, pelo menos, inspirada nos ensina-mentos de Marx, foi um deus que falhou, depois de, como Saturno, devorar os seus prprios filhos.

    O Marxismo, com o glido frio do seu "mate-rialismo dialtico", fez murchar as esperanas no socialismo, que o generoso calor das utopias acen-dera no corao da humanidade.

    Porm, como bem disse Nrvio, o proletariado e, mais que o proletariado, todos os homens, no importa quais sejam eles, que anelam, para a socie-dade e para o indivduo, um destino superior, no devem jamais destruir uma esperana, no devem nunca negar um propsito, seno de maneira nobre e criadora: dando vida a novas possibilidades, que por si mesmas anulem e tornem suprfluas e ana-crnicas as instituies que se repudiam. No deve ser nosso propsito matar uma f, mas afir-mar essa f: a f no homem, a f na vida livre, margem dos Salvadores, dos Messias, por mais inspirados que se creiam.

    Por isso afirmamos: preciso recomear! Tra-ar, com valentia, um bosquejo de empresa pla-netria, que mobilize para a criao livre todos os homens da Terra, que atraia e seduza a nsia de ao das geraes novas, que, ao arco tenso e flexa inflexvel da vontade afirmativa, fixe um ponto de cobia.

    necessrio rasgar as velhas e falidas normas, porm despertando, em seu lugar, firmes e auda-zes iniciativas. E, sobretudo, que estas se inspi-rem sempre na compreenso de que os homens so, no um meio, mas um fim!

    BIBLIOGRAFIA

    Alm das obras citadas no texto desta "Intro-duo": Bernstein, Edward "Die Voraussetzungen des

    Sozialismus und Aulfgaben der Sozial demo-kratie" (recm-editado no Brasil, pela Ed. Zahar, com o ttulo de "Socialismo Evolu-cionrio").

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    de la Revolution Russe)".

  • OBRAS PUBLICADAS:

    Dr. Are Waerland, "Manual Waerland (As bases ci- entficas do Waerlandismo) 60,00

    Dra. Ebba Waerland, "Teraputica Waerland: A Cura das Doenas pela Naturopatia (Sem Drogas, sem Operaes e sem Mdico)" 70,00

    Dra. Ebba Waerland, "Alimentao Waerland (250 Receitas para Conservar a Sade e Prolongar a Juventude)

    50,00 Dr. Floriano de Lemos (professor da Faculdade de Me-

    dicina do Rio de Janeiro), "Doenas da Civilizao Preveno e Cura pela Microbitica" 60,00

    Dr. Roberto das Neves, Macrobitico ou Vegetariano? Ou Verdadeira e Falsa Macrobitica (Dilogos Sobre Alimentao e Sade)" 20,00

    Dr. Roberto das Neves, "Duodeclogo do Verdadeiro Macrobitica" 10,00

    Dr. Roberto das Neves, "Mtodo Infalvel para Dei-xar de Fumar", precedido das "Doze Razes por que no Fumo" e seguido da "Frmula Prtica para um Suicdio Tcnico e Proveitoso", esta, do Dr. Eutansio Mata de Manso, mdico dos hos-pitais e professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro 15,00

    Dr. Karl Brandt, "Jesus Vegetariano" 20,00 Dr. Are Waerland, "O Sistema Waerland numa Cas-

    ca de Noz" 50,00 Elizabeth Maydell Magalhes, "Crueldade. Porqu?" 10,00 Dr. P. Carlon, "Acupunctura, Alopatia, Homeopatia

    e Naturopatia ou Naturismo" 30,00

    PRONTAS PARA PUBLICAO: Prof. R. Taylor, "Viagem ao Pas dos Hunza, no

    Tibete, o Povo que no Conhece a Doena nem o Crime".

    Prof. J. Estve Dullin, "Macrobitica Mdica". Prof. N. Capo, "Assim Cura o Limo". So Joo, "O Evangelho da Sade". Dr. Roberto das Neves, "Como Emagrecer, Comendo

    Bons Petiscos". Dr. Paul Carton, "Os Trs Alimentos Assassinos". Prof. L. Jakowsky, "Como Ver Bem sem culos". Prof. Karl Brandti, "A Superstio Mdica (Inutili-

    dade e Nocividade da Medicina Oficial, Cincia Falsa e Criminosa") .

    Vrios, "Antologia Macrobitica", organizada pelo Dr. Roberto das Neves.

    Mahatma Gandhi, "As Bases Morais do Vegetarismo" e "A Cura Natural".

    COLEO SOCIOLGICA E FILOSFICA

    Cr$ Roberto das Neves, Marxismo, Escola de Ditadores

    25,00 Roberto das Neves, O D rio do Dr. Sat (Coment-

    rios Subversivos s Escorrncias Cotidianas da S fi- lizao Crist)

    60,00 Roberto das Neves e Edgard Rodrigues, A Fome em

    Portugal

    60,00 E. Armand, Nova tica Sexual (As Cooperativas de

    Amor) 50,00

    L. Portela e E. Rodrigues, Na Inquisio do Salazar 60,00 Han Ryner, O Quinto Evangelho (o Cristo Maon e

    Anarquista) 60,00

    Han Ryner, Manual Filosfico do Individualista 50,00 A. Souchy, O Novo Israel (A Economia dos Kibutzim) 50,00 O. Algarve, Jesus de Nazar (Homem, mito ou deus?) 70,00 V. Tcherkesof, Erros e Contradies do Marxismo 50,00 P. Kroptkine, O Anarquismo e a Cincia Moderna 50,00 E. Leuenroth, O Anarquismo Roteiro 50,00 J. Oitica, Curso de Literatura (Esttica Literria) 100,00 D. Gurin, O Anarquismo (da Doutrina Ao) 60,00 J. Oiticica, Ao Direta (Antologia sociolgica), com

    biografia do Autor 60,00 Ed. Daanson, O Livro do Bem e do Mal (A Bblia

    dos Maons) 60,00 Edgar Rodrigues, Socialismo, Sindicalismo e Anarquis-

    mos no Brasil 120,00 lon Creanga, Contos Populares da Romnia 60,00

    (Estes preos anulam os anteriores e podem sofrer alte- rao sem aviso prvio).

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    DO SEU VALOR

  • Coleo Cadernos da Juventude direo de Nelson Abrantes

    "Augusto dos Anjos _ "EU" - TU - ELE - NS - VS - ELES" _ Fernando Fortes

    "Debate na Sorbonne" - Jean Paul Sartre D. Cohn-Bendit

    "Harpa de Oiro" - Sousndrade "Pontas de Cigarros"" - Baro de Itarar "Os ndios Maus" - Nunes Pereira "Causa, Princpio e Unidade" - Giordano

    Bruno "Textos Escolhidos" _ Miguel Bakunine "Antologia Potica" _ Langston Hughes "Saco de Viagem" - Tyrteu Vianna "A Psicanlise nas ruas" - diversos "Reflexes" . Joan Mir "A anarquia" - E . Malattesta "O Plenrio" - Dep. Dlio dos Santos "Miles Davis, vida e obra" - Jos Domin-

    gos Raffaelli

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