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MAPPIN STORES: OS ECOS DO CONSUMO NA SOCIEDADE PAULISTANA
NATHALIA THEOPHILO LOBATO, OSVALDO BRUNO MECA SANTOS DA
SILVA, RAISSA MONTEIRO DOS SANTOS, TAMIRES MARTINS DOS SANTOS*1
Discutiremos o papel da loja de departamento Mappin no fomento da sociedade de
consumo paulistana. Sua importância parece óbvia já que se trata da primeira loja de
departamento aberta na cidade de São Paulo, há quase um século, 1913. No entanto, pouco se
escreveu sobre o assunto (ALVIM, e PEIRÃO, 1985; BONADIO, 2007; PADILHA, 2001;
CINTRÃO, 2011: 33-36; ANDRADE, 2005: 176-187) e nestas oportunidades frisou-se que a
loja aqui estabelecida diferenciava-se de suas congêneres pelo fato de ter-se mantido,
paradoxalmente, uma loja para as elites, em pleno século XX, o que parecia subverter a
própria lógica das lojas de departamento. Tratar-se-ia de um fenômeno típico paulistano, cujo
comércio não teria conseguido até então expandir-se a ponto de promover o hábito do
consumo em outros segmentos sociais. Tal hipótese baseou-se em depoimentos eventuais de
antigos frequentadores, que relataram só frequentar a loja em tempos de liquidação, e também
na constatação de que os preços praticados eram altos.
Sustentamos, no entanto, que a loja Mappin teve um impacto muito mais amplo do que
inicialmente se supôs. Pretendemos demonstrar, ainda que em breves linhas, como a estrutura
social paulistana já apresentava desde finais do século XIX uma notável diversidade no que
identificamos como segmentos médios, ávidos por ostentar as marcas de sua ascensão social e
que encontraram na propriedade de uma casa um de seus maiores signos de distinção.
Consideramos ainda a estrutura familiar típica paulistana que, ao contrário do que se
imaginava, afastou-se dos modelos de família extensa. Para famílias nucleares que pouco
cultivaram a transmissão cotidiana da cultura de seus ancestrais, a publicidade teria
preenchido, mais cedo do que supúnhamos, funções pedagógicas importantes. Uma dessas
lições foi ensinar à mulher como esta poderia, por meio de sua exibição corporal e de sua
atuação no espaço doméstico, constituir formas materiais de produção de uma nova
identidade, moderna e urbana.
* Este texto é fruto do trabalho em equipe composto por Nathália Theophilo Lobato, mestranda em História
Social pela Universidade de São Paulo (USP); Osvaldo Bruno Meca Santos da Silva , mestrando em História
pela Escola de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Raissa
Monteiro dos Santos, mestranda em História Social pela Universidade de São Paulo(USP), Bolsista CAPES; e
Tamires Martins dos Santos, graduação em História pela Universidade de São Paulo (USP) que pesquisaram o
acervo Mappin depositado no Museu Paulista da USP.
2
Discutiremos ainda como o Mappin praticou seus preços, desenvolveu narrativas
publicitárias e incentivou práticas complexas de convívio. A loja sedimentou e expandiu
vivências com artefatos domésticos e de uso pessoal (roupas e acessórios) que se iniciaram
no século XIX em São Paulo. Como já tivemos oportunidade de demonstrar em outros
estudos, os paulistanos, mesmo os mais pobres, puderam atuar nos cenários domésticos
simulados pelos estúdios fotográficos. Tiveram também contato com os ambientes de
restaurantes, salas de espera de consultórios médicos, saguão de hotéis, exposições
comerciais, vitrines em que puderam ter contato com formas de decoração e conjunto de
objetos ainda estranhos para o dia a dia da maioria da população (CARVALHO, 2008;
CARVALHO e LIMA, 2005: 271-291).
Originalmente (e até hoje), o Mappin &Webb é uma tradicional loja inglesa de produtos
finos, pratarias e porcelanas, que data do século XVIII, fundada na cidade de Sheffield, na
Inglaterra. Após o lançamento de filiais em duas cidades da América do Sul (Buenos Aires
e Rio de Janeiro), a loja é instalada em São Paulo na rua XV de Novembro em 1912 O
Mappin Stores foi inaugurado em 1913, ocupando o mesmo prédio da Mappin &Webb
como resultado da associação do Mappin &Webb do Brasil (Walter John Mappin, Herbert
Joseph Mappine Henry Portlock) com John Kitching, gerente de uma loja de
departamentos inglesa (Debenhams). Segundo Maria Claudia Bonadio “foi deste último a
ideia de criar em São Paulo – cidade que conheceu em viagem de férias – uma loja de
departamentos” (BONADIO, 2007).Kitching acreditava que havia uma lacuna no comércio
de bens de consumo em São Paulo e pensou em suprir a cidade com uma loja de grande
porte, capaz de cativar aqueles segmentos bem abastados da sociedade com itens
importados, serviços e pontos de encontro. Diferentemente das primeiras lojas de
departamento inglesas, voltadas para um público de baixa renda (CARVALHO; 2008), é
possível que o Mappin tenha sido concebido para trazer a São Paulo o glamour que as lojas
de departamento francesas souberam implantar e expandir para públicos amplos. Foram os
lojistas de varejo parisienses que observaram que as vendas nas lojas de departamentos
dependia da “sedução” dos clientes, especialmente das mulheres. Esta forma de sedução
dependia do embelezamento da loja, a começar pela arquitetura, passando pelo acabamento
das vitrines até a organização dos produtos em suas várias seções. Somava-se a isso “um
cerimonial que incluía uma decoração cuidada, maneiras corteses, solicitude para com a
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clientela. Um ritual com uma coreografia regrada como a do balé: designação do vendedor
pelo chefe da seção, escolha da mercadoria, clientes acompanhadas pelo vendedor que carrega
carrega os pacotes através da loja, pagamento no caixa, etc.” (GAILLARD, 2007: 71-72).
No caso do Mappin, uma loja criada no século XX, o refinamento traduzia-se no
desenvolvimento de uma forte identidade visual – escolha de logotipo, cores, padrão de letra
que caracterizavam a loja. A herança francesa de um arranjo visual elegante somava-se a
investimentos em publicidade, vitrines tematizadas, anúncios diários em jornais, o logotipo do
carro de entrega das compras circulando pela cidade, a decoração especial em datas
comemorativas, como no Natal, que se transformava em um motivo para as famílias
passearem até a loja e apreciarem as exposições dos enfeites. A loja contava com vitrinistas,
artistas, designers, muitas vezes de outros países e que já tinham experiência em lojas de
departamento europeias (TEMIM, 1999).
O Mappin Stores contou, desde a sua fundação, com um Tea Room que sofreu considerável
ampliação após a mudança da loja da rua XV de Novembro para a Praça do Patriarca em
1919, quando o salão passou a funcionar também como restaurante. O almoço era servido das
12h às 14h, e após esse horário permanecia fechado para a organização do Chá, que era
servido às 16h. Para criar uma atmosfera refinada o salão contava com o som ao vivo de uma
pequena orquestra formada por violoncelo, violino e piano (ALVIM e PEIRÃO,1985). À
noite as mesas davam lugar a uma pista de dança para bailes restritos a convidados. O famoso
Salão de Chá permaneceria em funcionamento até a década de 1950, na Praça Ramos de
Azevedo, onde ficaria até sua falência em 1999.
Na Praça Ramos, anexos ao Salão foram inaugurados outros dois espaços: o American Bar,
que permanecia aberto das 11h às 22h, e o Salão Verde, reservado para eventos privados. Ao
lado do Salão de Chá localizava-se o Salão de Leitura, cujo tamanho ainda era diminuto se
comparado às proporções que viria a ter no prédio da Praça Ramos de Azevedo. Nele era
possível retirar gratuitamente livros ingleses ou novidades estrangeiras ainda não traduzidas
para o português. No mesmo andar estava o Salon de Beauté. Inaugurado em 1926, o salão
oferecia diversos tratamentos de beleza, como corte de cabelo, manicure e tratamentos de pele
(ALVIM e PEIRÃO,1985: 85).
No verdadeiro espírito das lojas de departamento, mesmo se um indivíduo não fosse ao
Mappin com a intenção de adquirir um produto, ele poderia passar a frequentar a loja como
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espaço de serviço e convivência. Os proprietários da loja tinham claro o poder catalisador
dessas atividades conjugadas à venda no varejo, vistas como um claro investimento do
comércio na cidade (PADILHA, 2001: 67-68), como aparece no seguinte anúncio da loja,
veiculado em 1931:
“[…]
Além da troca vulgar de mercadorias por dinheiro, acima dos interesses de
ordem monetária, outros, de categoria toda especial, têm absorvido o espírito da
gerência em realizações de certos melhoramentos que, hoje effectuados, podem
proporcionar ao publico que a procura, a maior somma de commodidades.
Salão de Chá, Restaurante, Livraria, Bureau de Turismo e “Salon de Beautè”
são, na verdade, departamentos montados à altura do progresso de S. Paulo.
Preenchendo lacunas sensíveis n'este campo de actividade, estes departamentos
estão installados mais para prestar serviços condignos ao publico paulistano do que
propriamente para auferir lucros immediatos.”2
Denominando de “vulgar” a essência do comércio, ou seja, a venda de mercadorias, o
Mappin procurava revestir e expandir o ato da compra com práticas que iam além do
hábito de “olhar as mercadorias”. O Mappin criava atrações à parte que possibilitavam
agregar um público que talvez não se interessasse na compra em si, mas quisesse tomar um
chá, um drink ou ver uma exposição de arte.
Não há dúvida de que estes espaços, especialmente o Salão de Chá, tornaram-se um
ponto de encontro das elites culturais, políticas e econômicas da cidade. Um exemplo
significativo era o Clube dos Artistas Modernos (CAM), liderado por Flávio de Carvalho, e
que nasceu de uma reunião no salão do Mappin, na qual estavam presentes Paulo Mendes
de Almeida, que liderou o clube, Arnaldo Barbosa e Vittorio Gobbis3. No início do século
XX, casas comerciais cediam seu espaço para uma prática ainda sem lugar próprio em São
Paulo: a exposição de obras de arte (CHIARELLI, 1995: 63). O Mappin, em seu início,
abrigou a exposição de uma artista na época ainda iniciante, Anita Malfatti. A exposição
2 OESP, 25 de setembro 1927
3Enciclopédia de Artes Visuais do Itaú Cultural. Disponível em:
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=marcos_texto&cd_verbet
e=3754. Acesso em 30/05/2012
5
ocorreu em junho de 19144, quando a loja ainda se localizava na XV de Novembro. Foi a
primeira exposição individual da artista, num rápido retorno ao Brasil antes de seguir para os
os Estados Unidos. A mostra mereceu uma nota no jornal O Estado de São Paulo em que se
se destacam os personagens que visitaram o evento: “Rachel Salles, Georgina Lefevre Belli,
Belli, Gilberta Lefevre Nardy, Rosina Cotrim, Baby Pereira de Souza, Theresa Carvalho,
Maria Antonietta Dutra, Lala Neves, Gertes Neves, Antonietta Duprat, Evangelina Duprat,
Daisy de Montfort, Alice Teixeira de Carvalho, Baby G. Carrijo, Guilhermina Chiaffarelli,
LiddyCantu, NinelaGelli, Eloisa Gelli, Georgina Malfatti, MmeLelio Pisa e os srs Edigard
Ferreira Silva, Mario Lima Campos, Mario Chaves Ferreira, Mauricio Cunha, Joaquim
Amaral, dr. E. H. Mindlin, W. Zadig, J. Almado Fagundes, S. Mendes de Castro, Pedro
Araujo, Antonio Domingos de Freitas, João A. Sampaio, Cap. Jannuario Rocco, Nestor dos
Santos, dr. João Lindenberg Junior, Amadeu Rondinelli, Roberto Teixeira, dr. G. Define, dr.
Alexandre Rodrigues e senhora, e dr. Jorge Krug”5. Certamente, para o Mappin, uma lista de
nomes associados à vida cultural da cidade servia não apenas como um alimento de consumo
endógeno deste grupo, mas como uma forma de instigar o poder de emulação desta emergente
sociedade de consumo.
Não devemos, no entanto, supor que o Mappin supria as necessidades das elites
paulistanas. Estas estavam habituadas a fazer suas compras diretamente Europa,
especialmente na França e na Inglaterra, em casas em casas como Jansene, Mercier ou Maple.
A historiadora Maria Luísa Vaz, que estudou a correspondência da família Pacheco Chaves,
relata-nos como enxovais inteiros, inclusive móveis eram trazidos da Europa (HOMEM,
1996:89). Além das compras diretas, muitas encomendas internacionais podiam ser feitas a
partir de importadores como a Casa Allemã, a Casa Garraux, a Casa Worms, Ao Financeiro,
entre outros (VAZ, 1995) .
Certamente, o potencial de uma loja de dimensões e variedades como era o Mappin
promovia aproximações sociais jamais imaginadas no comércio exclusivo das lojas
tradicionais do triângulo central. A loja de departamento potencializava a demanda de
mulheres dispostas a seguir a moda, a ostentar e a socializar-se com pessoas que
identificavam como suas semelhantes ou a aprender como consumir e como se portar com
4Enciclopédia de Artes Visuais do Itaú Cultural. Disponível em:
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=marcos_texto&cd_verbet
e=3758. Acesso em 30/05/2012 5 Recorte retirado do acervo online do Estado de São Paulo. Edição de 07/06/1914
6
elegância em ambientes públicos com pessoas com quem agora podiam conviver e
observar de perto. O poder de barganha de uma loja de departamento é grande, ela
trabalhava com compras à vista e em grande quantidade, o que permitia negociar com os
fornecedores de modo a obter mercadorias a preços mais baixos do que as lojas pequenas
eram capazes. O poder de compra de uma loja de departamento permitia colocar itens em
oferta, o que Émile Zola chamou em seu romance de “isca” – artigos vendidos até mesmo
abaixo do custo para seduzir a clientela que, já cativada passa a adquirir outros itens com a
impressão de estar comprando tudo mais barato (ZOLA, 2007: 72). É também por causa da
diversidade que ocorria a ampliação da clientela que abrangia desde a mulher rica, que
conseguia consumir mercadorias de luxo a um bom preço, até a mulher de baixa renda, que
consumia a ideia de luxo comprando um artigo simples e barato como um par de luvas.
Apesar de aberta a todos, o Mappin parece ter mantido certas regras de “etiqueta” que
garantiam à loja o efeito de refinamento e elegância que ela queria apresentar para sua
clientela abastada e “exportar” para as clientelas aspirantes a um ambiente deste tipo. O
glamour da loja não poderia ser comprometido por pessoas que a frequentassem com
uniformes que as identificavam como trabalhadoras das camadas mais pobres da
população, como era o caso da auxiliar de costureira Helena Augusta Martins. Em
entrevista, Helena relatou que, nas décadas de 1930 e 40 costumava ir ao Mappin para
comprar tecidos. Entretanto, era preciso levar um bilhete de sua chefe para apresentar ao
porteiro, sem o que ele não a deixaria entrar uma vez que estava vestida como operária6.
Indagada sobre a clientela do Mappin, a pesquisadora Zuleika Alvim, pioneira nos
estudos sobre a loja, acredita que os altos preços praticados pelo Mappin, o fato dos
produtos serem importados e de boa qualidades restringiam a sua aquisição àqueles
pertencentes às elites paulistanas. No entanto, ela mesma reconhece que, publicando
diariamente em jornais de grande veiculação, em vários idiomas (inglês, francês, árabe,
italiano, japonês e húngaro), o contato com a loja se via ampliado de maneira significativa
(BONADIO, 2007:93). 7
6 Acervo Mappin, Museu Paulista, dossiê do livro Mappin 70 Anos. 7 Informação obtida em entrevista concedida a Maria Claudia Bonadio por Zuleika Alvim, em 15 de junho
de 2000 na residência da pesquisadora em São Paulo.
7
Ao longo do século XIX, a cidade de São Paulo conheceu o desenvolvimento familiar
predominantemente diferente da tradicional família extensa. Mais de 70% dos núcleos
familiares eram compostos até quatro pessoas. Famílias pequenas que não tinham a tradição
de manterem-se unidos por várias gerações devido a uma intensa mobilidade espacial e
instabilidade financeira (SAMARA, 1983,1989). Nesse substrato, a cidade floresceu como
mercado distribuidor, com uma forte diversificação das atividades terciárias, crescimento do
pequeno comércio e das funções públicas. Movidos por um forte desejo de ascensão através
da iniciativa individual, os imigrantes, mais qualificados para inserirem-se no predominante
sistema artesanal, estabeleceram-se com pequenas oficinas que puderam crescer graças à
conquista de uma clientela abastada (FAUSTO, 1983; 25-33). Criou-se em São Paulo uma
gradação socioeconômica interna desse grupo propiciada por pequenas possibilidades de
ascensão.
A ascensão social em graus variados entre os imigrantes, movidos por um projeto pessoal
de enriquecimento e favorecidos pelas teorias eugênicas (LUCA, 1999),
criou clivagens sociais que muito provavelmente necessitavam ser demarcadas através de usos
diferenciados dos recursos materiais disponíveis para a exibição de status. O aumento das
gradações sociais nos grupos de menor poder aquisitivo, ditos remediados, e a predominância
da organização do tipo nuclear nas famílias paulistanas, especialmente o costume relativo à
saída dos filhos para a constituição de um domicílio autônomo, podem ter facilitado nestas
faixas sociais a absorção das propostas de introspecção da célula familiar, responsável pela
satisfação das necessidades afetivas dentro de casa.Em São Paulo, o esvaziamento das
funções produtivas do espaço doméstico fator fundamental para a introspecção da família e o
amadurecimento de sentimentos de intimidade e individualidade, parece ter-se dado,
diferentemente da Europa e Estados Unidos, nas famílias de extração média, que mais cedo
do que as famílias de elite,viram suas formas autônomas de sobrevivência segregadas pelos
serviços urbanos estatais e privados que se fortaleciam e tornavam a casa uma célula deles
dependente.
A importância da casa ampliava-se, pois para uma parte considerável dos assim chamados
segmentos médios, era importante viver de rendas, fosse por meio do empréstimo de dinheiro
a juros, de ações, de apólices da dívida pública ou dívida ativa, investimento em bancos ou
depósitos na caderneta da Caixa Econômica. A propriedade de uma casa estava entre as mais
8
almejadas destas estratégias. Alugada, a renda livrava seu proprietário do trabalho manual,
possibilitando-o ascender socialmente (OLIVEIRA, 2005). O investimento em mobiliário e
objetos de decoração era um passo a mais na demonstração de mudanças na escala social.
A ausência de meios para cultivar tradições próprias abriu espaço para a apropriação
dos valores europeus oferecidos pelos meios de comunicação, pelas lojas, pelos discursos
de intelectuais e pelo comportamento das elites como um repertório capaz de dar conta das
conquistas de estabilidade social desses grupos. Essas famílias, ameaçadas pelos pobres e
aspirando à riqueza, mostraram-se mais sensíveis aos discursos que condenavam o modo
de vida fora de casa (PADILHA, 2001). Junto com almofadas, móveis, tapetes e abajures,
a Mappin Stores vendia o conceito de “intimidade do lar”, condenando o hábito nômade
dos paulistanos:
“No nosso clima vive-se muito fóra de casa.A maior parte do tempo corre fóra do
lar, na rua, no escriptorio, no armazem, no theatro, no cinema. Ha pouca vida de
familia. Porisso laxam-se os vinculos de intimidade que devem apertar os membros
dessa pequena unidade celular que é a base de todas as outras.
(...) Isso explica tambem a mudança constante de casa em casa, ‘com a traquitana
dos moveis, expondo intimidades, desrespeitando pequenas coisas sagradas que são
segredos e segredos que são pequenas coisas sagradas.
Não ha nada mais lastimavel do que essa mania de bohemios, de caracoes
arrastando o casulo, de irriquietos procurando a linha pendular do repouso,
malbaratando a sua vida por todos os cantos, não deixando em parte nenhuma
florescer as meigas flores das suas recordações.
É lastimavel porque denota a falta de vida de familia e sem a vida de familia não ha
sociedade e não ha pátria”8.
Vale a pena observar que não se trata de condenar a vida de rua nos botecos e
quiosques, mas nos ambientes mais qualificados da cidade – os escritórios, o teatro, o
cinema. A citação do armazém indica o lugar socialmente mais distante onde ousa chegar
a imaginação do articulista ao descrever as opções fora de casa. O público alvo é
claramente os segmentos médios.
8 “A Intimidade do Lar”, Revista Feminina, julho de 1918, p.16.
9
Além da valorização da casa e da privacidade da família, os anúncios se dedicavam a
discutir a decoração como um sistema coerente de normas. As práticas de consumo se
desenvolveram com regularidade e consistência graças à noção sistêmica aplicada aos
artefatos domésticos – um objeto na casa não tem vida autônoma, ele está associado ao
conjunto no qual cumpre funções específicas ornamentais ou funcionais, ao mesmo tempo que
deve integrar-se esteticamente a este conjunto, reforçando a ideia de que os artefatos de uma
casa necessitam de seus pares, seus complementos. A ideia de conjunto de objetos foi
amplamente adotada pelas lojas de departamento que organizaram suas seções de forma a
mostrar a “conexão” entre diferentes objetos – um conjunto de cozinha, um conjunto de
indumentária com seus acessórios, um conjunto de roupas de cama e mesa (MALTA, 2011).
Anúncios publicitários de natureza fortemente pedagógica nos dão um exemplo de como uma
peça decorativa era explorada na sua conexão com todo o ambiente:
“O abat-jour domina o aspecto geral de uma sala e impõe-se pela graça que
empresta ao aposento. Sempre que for escolhido com bom gosto e em combinação
com o estylo e as cores da sala a que se destine, ele dar-lhe-ha uma nova feição
estectica e de incontestavel beleza. O abat-jour amortece o excessivo brilho de luz
electrica que fére a vista, localiza a claridade num lugar desejado e conserva o
resto da sala numa penumbra suave e agradável. Para popularizar este artigo
offerecemos um modelo especial por preço reduzido conforme o clichê.
Coluna alta de embuia em diversas cores com instalação electrica. Abat-jour com
cretones de interessantes desenhos e franjas de seda. Completo 58$000.”9
O texto explora o potencial do objeto como dispositivo decorativo, que forma um conjunto
com outros elementos de forma harmônica. O texto deixa igualmente claro ao leitor que ele
pode controlar seu sistema decorativo ao escolher, segundo o seu desejo, o lugar da claridade
e sua intensidade. A inovação tecnológica trazida pela luz elétrica necessita de mediações no
espaço privado para que possa ser transfigurado em elemento decorativo. O texto assume a
autoridade de um especialista na decoração interna da casa e instiga o leitor a moldar a luz
elétrica de acordo com as necessidades do ambiente privado o que se nota no uso dos verbos
9 A Importancia do Abat-jour. Anúncio de 21/07/1918. Acervo Mappin, Museu Paulista, ref. 1-170-1-1-01045-
01.
10
amortecer, localizar, conservar10. Por ser uma peça estratégica já que emite a luz que
permeia todo o ambiente – “domina o aspecto geral da sala” – ao mesmo tempo que a loja
defende uma ideia de decoração integrada ela oferece uma peça com valor panaceico.
Um dos recursos pedagógicos mais interessantes do comércio e que se torna corriqueiro
nas lojas de departamento é a apresentação de ambientes montados, em que o cliente tem
uma experiência tridimensional com os objetos de decoração.
“Venha v. exa.examinar pessoalmente este ‘ninho ideal’.
É um logar encantador onde tudo se harmonisa; os moveis dizem com as
decorações; as cortinas combinam com os tapetes; e os ‘abat-jours’ adaptam-se
com eleggancia ao ‘ensemble’...
Cada sala tem seu estylo, sua individualidade; tem vida, e os conjuntos são
artísticos e encantadores.
E tudo isto foi idealisado exclusivamente, com os grandes recursos da nossa secção
de moveis e tapeçarias, onde quem deseja mobilar (sic) uma vivenda com esthetica,
elegância, harmonia, tudo encontra em profusão.
Tapetes, cortinas, papeis de paredes, cretonnes, damascos, ‘abat-jours’,
almofadas, emfim, tudo se encontra na nossa casa para se idealisar qualquer
conjunto de interior chic.”11 (negrito do anúncio).
A importância da experiência é sublinhada pelo apelo à presença in loco dos possíveis
interessados. A denominação ao conjunto expositivo como “ninho ideal” faz-nos crer que
se trata de um ambiente voltado para noivos ou recém-casados, com posses para mobiliar
uma residência que servirá mais como espaço privado da família do que como espaço para
círculos sociais mais amplos. Apesar de oferecer um ambiente montado com móveis, o
leitor percebe ao final que o que está à venda são acessórios para revestimento de parede,
piso e móveis. O anúncio convida o cliente a visitar a “exposição” e a ele confere a
autoridade de expert que poderá “examinar” as sugestões feitas pela loja – ao mesmo
tempo em que ensina, o texto reconhece no cliente a capacidade de discernir e julgar as
proposições da loja. A competência de decorar já vinha se maturando desde fins do século
10 Sobre a introdução dos objetos elétricos no espaço doméstico ver Márcia Bomfim de Arruda. Objetos
Turbulentos, Territórios Instáveis: uma história das representações dos aparelhos elétricos no espaço doméstico
(1940-1960). São Paulo, tese de doutorado (História PUC-SP), 2010 11 Um lindo bungalow no nosso 2º andar! Anúncio Mappin de 10/6/1923. Arquivo Mappin, Museu Paulista. 1-
170-1-1-03128-01.
11
XIX (MALTA,2011:13), é verdade, a permanência das longas narrativas publicitárias em
pleno século XX, em São Paulo, é mais uma indicação da necessidade de cativar um público
público com pouca vivência cotidiana em ambientes deste tipo. É preciso dar exemplos,
mostrar os valores associados aos objetos, sua capacidade de tornar-se agentes dos valores
que estes casais gostariam de ver cultivados em seus relacionamentos conjugais. A felicidade
felicidade é uma casa bem decorada!
Os ambientes simplificados e fortemente coerentes em termos cromáticos e estilísticos que
caíram no gosto das classes abastadas européias e americanas após 1890 não influenciaramos
hábitos decorativos das elites paulistanas, que permaneceram fiéisao modo de acumulação e
ordenação próprios do ecletismo. Argumentos como simplicidade e praticidade, que
convenceram as elites fora do país vão ser aqui associados a estratégias de venda de
mobiliário mais barato e simplificado, onde se busca, por exemplo, criar laços com uma
tradição local, associada à sobriedade e rusticidade da São Paulo “colonial”:
“A nossa capital, a despeito dos seus fóros de civilisação, ainda está muito
atrazada em materia de mobiliario. Salvo raríssimas excepções, o interior das casas
mais ricas caracterisa-se pelo máo gosto. O mobiliario nacional, em certos lares
ricos, é ainda o preferido pela belleza e variedade das madeiras (...). Mas o máo
gosto com que ellas, em geral, são postas em obra, tira-lhes todo o valor. Por isso é
que, talvez, nos lares pobres ou remediados, continua a ser preferida a mobília
austriaca...Isso é bem característico.
Nós ainda não temos a cultura necessaria para impor um gosto ou um estylo.
Temos, pois, de contentar-nos com adoptar os estylos exoticos, importando a
mobília extrangeira, ou fabricando a nossa de accordo com aquelles estylos. Esses
estylos são-nos fornecidos pela França, são o Luiz XV, o Luiz XIV, Imperio, e
outros: mas todos elles ou quasi todos são sumptuosos. Essa sumptuosidade, é bem
de ver, torna-se chocante até, pelo contraste que lhe offerece o ambiente em que ella
se vem exhibir.
Mas o gosto, ou, melhor, o bom gosto, não reside apenas no luxo. O mobiliário
inglez, por exemplo, não tem esse aspecto de sumptuosidade que nós perfeitamente
dispensamos; não tem esses effeitos de semblatura artística, esses pormenores
meudos de entalhaduras em relevo, esses festões, rocalhas, escamas, etc., que a
nossa vida simples não permitte e que já se vão tornando incompatíveis com a vida
12
intensa a que aspiramos.(...) Nós, os paulistas, devemos adoptal-a, de preferencia a
outra qualquer”12.
A vida simples paulistana estaria de acordo com os pressupostos da vida moderna. A
“ausência da cultura necessária” para produzir algo de próprio podia ser substituída pela
universalidade funcional do móvel inglês. Afinal, na visão cosmopolita burguesa todas as
culturas convergem para uma modernidade única: “O estylo inglez para moveis tornou-se
universalmente reconhecido, como o que mais se approxima da perfeição (...)”13. A
valorização de móveis práticos e decorativos, tidos como confortáveis e elegantes, e a
condenação do luxo excessivo, abre infinitas possibilidades de adaptação de propostas de
decoração para todos os tipos de orçamentos. Evidentemente, esta discussão tem como
pano de fundo a disputa por mercados entre a França e Inglaterra. Esta última, teve no
Mappin Stores, como era de se esperar, um dos defensores das vantagens do mobiliário
inglês.
Dois anos antes da criação da loja de departamento Mappin, a cidade conheceu a
implantação do modelo inglês de cidade-jardim. A City of São Paulo Improvements and
Freehold Land Company Limited, constituída em 1911, tornou-se proprietária de 12,5
milhões de m2 de terrenos na cidade, o que, em 1912, correspondia a 1/3 do perímetro
urbano. Dona de parte significativa da cidade, com influência decisiva sobre os órgãos
públicos, a Cia City cria uma nova síntese entre a tradição dos palacetes paulistanos, a
tradição anglo-americana dos bangalôs e sobrados, e as formas de implantação das antigas
chácaras em torno da cidade. Financiando lotes por dez e vinte anos, ela permitiu o
acesso dos segmentos médios relativamente abastados a um programa de habitação que,
sendo uma versão mais simples e despojada do palacete, vai significar a passagem do
parlor, salão de honra da casa burguesa aberto para a recepção social formal e luxuosa,
para o living-room, espaço mais íntimo e reservado à família14.
Na casa mediana, a sala de visitas era o cômodo que marcava a distância da habitação
pobre ou operária e a proximidade com o palacete (HOMEM, 1996: 131). Os segmentos
médios foram, em São Paulo, o público alvo predileto dos conselhos e campanhas
12 “O Mobiliario Moderno”, Revista Feminina, março de 1918, p. 13. 13Idem, ibidem. 14 Sobre as intervenções da Cia City em São Paulo ver especialmente Sílvia Ferreira Santos Wolff, Jardim
América, São Paulo, Edusp/Fapesp/Imesp, 2001.
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publicitárias que previam o enfraquecimento da sala de visitas como zona de representação
social e o seu fortalecimento como área de convívio familiar, íntimo e confortável, segundo o
segundo o modelo inglês do living-room. Para as mulheres que acumulavam as funções de
dona de casa, mãe e esposa, contando eventualmente com o auxílio das filhas e com o
trabalho de uma ou duas empregadas, mais importante do que ostentar era garantir o bem
estar da família. Para isso, a sala de visitas deveria unir as duas concepções de conforto – o
espiritual e o físico.
A ampliação da clientela do Mappin não teria sido possível sem iniciativas que
procurassem baixar os preços de seus produtos. Como toda loja de departamento, o Mappin
sabia relativizar seus preços. Uma análise da documentação publicitária do arquivo do
Mappin a partir desta perspectiva permitiu perceber o seu potencial para a identificação de
indicadores que podem levar a determinar os vários públicos que a loja de departamentos
almejava ter para si.As grandes liquidações, as promoções diárias com preços abaixo da
tabela, os anúncios destinados ao público estrangeiro, o Dia dos Saldos (quando a cada mês
escolhia-se um dia em que determinadas mercadorias eram oferecidas com desconto de 20% a
30%), os serviços de encomenda pelo correio, pelo telefone,a entrega a domicílio, a aplicação
de um sistema de contas correntes para clientes privilegiados (que mostram a iniciativa
embrionária de criação do crédito e financiamentos concretizadas somente na década de
1950), o lançamento de campanhas em momentos especiais como carnaval e temporadas
líricas são demonstrações de um alargamento do espectro social atendido pela loja, onde
deviam estar incluídos indivíduos provenientes dos segmentos médios ou mesmo populares.
Um levantamento comparativo de produtos e preços veiculados pelo Mappin e por outras
lojas anunciantes em jornais e revistas da época trouxe indicações de um alargamento de sua
clientela visando atingir também os segmentos médios antes de 1950. Uma primeira
constatação foi a dificuldade de encontrar anúncios de mercadorias semelhantes com preços,
como o Mappin fazia. Os anúncios de outras lojas em periódicos eram escassos. Deixar os
preços claros em anúncios, vitrines e no interior das lojas foi uma das medidas essenciais para
romper o círculo restrito daqueles que não precisavam ter limites financeiros durantes suas
compras. É possível notar a grande quantidade e a riqueza de informações trazidas nos
anúncios. Muitas vezes eram publicados listas de mercadorias e seus respectivos preços. A
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variedade dos preços é algo que chama atenção: desde os mais baixos aos mais altos em
um só item.
Selecionamos alguns exemplos: em anúncio sobre os casacos de chuva Burberry,
publicado em 23 de setembro de 1914, nota-se que os preços variam entre 30$000 (trinta
mil réis) e 120$000 (cento e vinte mil réis). Além da variação de preço dos impermeáveis,
o mesmo anúncio traz em sua base a oferta de um produto complementar, mais barato – o
guarda-chuva. Para aqueles que não podiam custear um casaco Burberry, oferecia-se um
simples guarda-chuvas que por preços usuais entre 18$000 (dezoito mil réis) e 28$000
(vinte e oito mil réis) podiam ser adquiridos por 15$000 (quinze mil réis). O anúncio, ao
aproximar produtos de preços tão diferentes e dar destaque a uma marca como a Burberry,
já conhecida mundialmente em 1914 e que ainda hoje é símbolo de qualidade e luxo em
impermeáveis, faz com que os valores de distinção agregados a um produto “migrem” para
os demais da peça publicitária, alargando a capacidade de inclusão de clientes no ideia de
consumo de bens de luxo.
Em 1916, o Mappin15 anuncia golas entre 6$000 a 8$000 réis, enquanto a Casa
Allemã16 anunciava a venda de produtos semelhantes por preços entre 1$500 e 3$800 réis,
bem mais baixos. Porém, 42 dias depois o Mappin anuncia golas com um valor mais
próximo ao de sua concorrente, chegando a preços como 2$500. O poder de barganha de
uma loja de departamento é grande, ela trabalhava com compras à vista e em grande
quantidade, o que permitia negociar com os fornecedores de modo a obter mercadorias a
preços mais baixos do que as lojas pequenas eram capazes. Era possível colocar itens em
oferta, o que Émile Zola chamou em seu romance de “isca” – artigos vendidos até mesmo
abaixo do custo para seduzir a clientela que, já cativada passa a adquirir outros itens com a
impressão de estar comprando tudo mais barato (ZOLA, 2007: 72). A diversidade
propiciava a ampliação da clientela que abrangia desde a mulher rica, que conseguia
consumir mercadorias de luxo a um bom preço, até a mulher de baixa renda, que consumia
a ideia de luxo, mesmo comprando um artigo simples e barato.
Ainda que de forma não sistemática e em rápidas linhas, acreditamos ter trazido
elementos para rediscutir a abrangência e a importância da criação da loja de departamento
Mappin para a difusão de práticas de consumo na cidade de São Paulo a partir de 1913. A
15 O Estado de São Paulo, 3 de junho de 1916. 16O Estado de São Paulo, 9 de novembro de 1916.
15
diversificação das mercadorias e dos serviços e suas variações de preços fortaleceram hábitos
de exibição social, estimularam formas de competição social (emulação), serviram de
laboratório para o aprendizado de novas formas de sociabilidade, de novas formas de uso dos
espaços do comércio e da casa. Para aqueles que nunca entraram na loja, suas vitrines, sua
arquitetura e sua decoração externa não deixaram de se tornar uma referência urbana
importante.
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