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BB 200 ANOS Confira o quarto fascículo da coleção EDUCAÇÃO Você está preparado para as mudanças no português? A responsabilidade social é tema de discussões em todo o mundo. Tese de funcionário do Banco avalia o assunto e comprova: lucro não é o mais importante, é preciso valorizar o funcionalismo Ano XXII Maio 2008 publicação da ANABB www.anabb.com.br

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Page 1: Lucro não é tudo - ANABB · muito de sua experiência à nossa ANABB e nos dê a alegria de sabê-lo gozando de plena saúde e paz. Raymundo Affonso netto Rio de Janeiro - RJ ANABB

Ação Maio 2008 | 1

especial N o 200

BB 200 AnosConfira o quarto fascículo da coleção

EDUCAçãoVocê estápreparado para as mudançasno português?

A responsabilidade social é tema de discussões em todo o mundo. Tese de funcionário do Banco avalia o assunto e comprova: lucro

não é o mais importante, é preciso valorizar o funcionalismo

Lucro não é tudo

Ano XXII Maio 2008 publicação da ANABB www.anabb.com.br

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CARTAs

Previ: um Peso... duAs medidAs?Gostaria de cumprimentar pela reporta-gem feita pelo jornal Ação199/abril-2008, “PREVI UM PESO...DUAS MEDIDAS?”. Foi com a maior alegria que li esta matéria. Ela resume todo o meu pensamento a respei-to da distorção existente entre os antigos e não tão novos funcionários/aposentados. Hoje estou com 32 anos de BB, sem nunca ter faltado um dia o serviço. Comissionado há 25, vejo aproximar-se o dia de minha saída e observo a distância existente dos salários pagos pela empresa. Está mais do que na hora de vermos esta distância ser diminuída e até mesmo igualada, pois sempre contribuí sob os mesmos valores. Vejo na pessoa de Valmir Camilo uma po-sição firme a respeito do assunto. Somos do mesmo concurso e gostaríamos de sair para gozar o resto dos dias de existência com muita dignidade, que passa sem som-bra de dúvida por corrigir esta tremenda distorção salarial existente entre os Pré-97 x Pós-97 e os que virão logo logo, como é o nosso caso. Ficarei aguardando o desenro-lar das definições de utilização do superá-vit da Previ e torcendo para que esse tema seja verdadeiramente tocado e resolvido como exposto na reportagem, para não ter que tomar atitude isolada para ver meus direitos restabelecidos. Paulo Roberto FreireRio Grande – RS

No jornal Ação 199, de abril/2008, a ANABB declara-se publicamente contra os aposentados Pré-97. Não se trata de um peso e duas medidas, cada peso está tendo sua devida medida. O grupo Pré-97 aposentou-se segundo regras da época. E contribuiu com valores maiores para a formação do patrimônio da Previ. E não é democrático colocar esse assunto em vo-tação, pois o grupo Pós-97, aí incluído o pessoal da ativa, é bem mais numeroso

do que o grupo Pré-97, e, evidentemente, vai votar no sentido de obter vantagens para sua aposentadoria. O grupo Pré-97 contribuiu para formar o patrimônio da Previ e agora a ANABB quer distribuir os superávits só entre o pessoal do grupo Pós-97, visando corrigir políticas salariais do Banco. E tem mais, funcionários atual-mente na ativa, com 15 anos de banco/contribuição, por exemplo, daqui a 15 anos muito provavelmente estarão se aposen-tando com 30/30 avos, tendo contribuído para a formação do patrimônio da Previ durante apenas 15 anos. Enquanto isso, vários aposentados Pré-97 contribuíram para a Previ durante 28 anos quando na ativa por exemplo, e mais 10 anos após a aposentadoria e estão aposentados com apenas 28/30 avos. Essa é a justiça que a ANABB quer fazer com o dinheiro alheio. A ANABB quer distribuir o superávit da Previ só entre o grupo Pós-97. Antonio Augusto sales FigueiredoFortaleza - CE

CoisAs Por fAzerPresidente Valmir Camilo, gostei da “Carta do Presidente - Coisas por Fazer”, a mim, modestamente, cabe lhe cumprimentar e dizer: “lembre sempre da genitora do Dr. Divaldo e diga em alto e bom som - tenho compromisso com minha dignidade, mi-nha honra e minha família, e, também, com meus colegas e amigos, tenho o compromisso de dar uma palavra amiga aos que, impensadamente, movidos pela ilusão de falsa liberdade, se aposenta-ram, e, hoje, amargam uma tristeza, sem volta - fique aí Presidente, esqueça o falso céu da liberdade (aposentadoria) que não existe! Seja feliz, trabalhando e dando o muito de sua experiência à nossa ANABB e nos dê a alegria de sabê-lo gozando de plena saúde e paz. Raymundo Affonso nettoRio de Janeiro - RJ

ANABB - SCRS 507, bl. A, lj. 15 CEP: 70351-510 Brasília/DFAtendimento ao associado: (61) 3442.9696 Geral: (61) 3442.9600Site: www.anabb.com.br E-mail: [email protected] Redação: Ana Cristina Padilha, Fabiana Castro, Priscila Mendese Tatiane Lopes Anúncios: Fabiana Castro E-mail: [email protected] Edição: Felipe Alvarez Bittencourt MTB 7355JD/DF Revisão: Juliana Rodrigues Editoração: Raido Propaganda Foto da Capa: AbleStockPerio dicidade: mensal Tiragem: 160 milBanco de Imagem: AbleStockImpressão: Gráfica Positiva Fotolito: Photoimage

DIRETORIA-EXECUTIVA

CONSELHO DELIBERATIVO

VALMIR CAMILOPresidente

WILLIAM JOSé ALVES BENTODiretor Administrativo e Financeiro

DENISE LOPES VIANNADiretora de Comunicação e Desenvolvimento

GRAçA MACHADODiretora de Relações Funcionais, Aposentadoria e

Previdência

EMÍLIO S. RIBAS RODRIGUESDiretor de Relações Externas e Parlamentares

ANTONIO GONçALVES (Presidente)Ana Lúcia Landin

Antilhon Saraiva dos SantosAugusto Silveira de Carvalho

Cecília Mendes Garcez SiqueiraCláudio José Zucco

Douglas José Scortegagnaélcio da Motta Silveira Bueno

Genildo Ferreira ReisInácio da Silva MafraIsa Musa de Noronha

José Antônio Diniz de OliveiraJosé Bernardo de Medeiros Neto

José BranissoJosé Sampaio de Lacerda Júnior

Luiz Antonio CareliMércia Maria Nascimento Pimentel

Nilton Brunelli de AzevedoRomildo Gouveia Pinto

Tereza Cristina Godoy Moreira SantosVitor Paulo Camargo Gonçalves

CONSELHO FISCALHUMBERTO EUDES VIEIRA DINIZ (Presidente)

Armando César Ferreira dos SantosSaul Mário Mattei

Antônia Lopes dos SantosDorilene Moreira da Costa

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DIRETORES ESTADUAISPaulo Crivano de Moraes (AC)

Ivan Pita de Araújo (AL)Marlene Carvalho (AM)

Franz Milhomem de Siqueira (AP)Olivan de Souza Faustino (BA)Francisco Henrique Ellery (CE)

Elias Kury (DF)Pedro Vilaça Neto(ES)

Saulo Sartre Ubaldino (GO)Solonel Drumond Júnior (MA)

Francisco Alves e Silva - Xixico (MG)Edson Trombine Leite (MS)

José Humberto Paes Carvalho (MT)José Marcos de Lima Araújo (PA)

Maria Aurinete Alves de Oliveira (PB)Carolina Maria de Godoy Matos (PE)Benedito Dias Simeão da Silva (PI)

Moacir Finardi (PR)Antonio Paulo Ruzzi Pedroso (RJ)

Heriberto Gadê de Vasconcelos (RN)Valdenice de Souza Nunes Fernandes (RO)

Robert Dagon da Silva (RR)Edmundo Velho Brandão (RS)

Carlos Francisco Pamplona (SC)Emanuel Messias B. Moura Júnior (SE)

Walcinyr Bragatto (SP)Saulo Antônio de Matos (TO)

este espaço destina-se à opinião dos leitores. Por questão de espaço e estilo, as cartas podem ser resumidase editadas. serão publicadas apenas correspondências selecionadas pelo Conselho editorial da ANABB.As cartas que se referem a outras entidades, como Cassi e Previ, serão a elas encaminhadas. se você querenviar comentários, sugestões e reclamações envie um e-mail para [email protected] ou uma cartapara o endereço sCrs 507, Bl. A, Lj.15 CeP: 70351-510 Brasília/df

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A última edição do jornal Ação trouxe uma matéria que gerou polêmica entre os aposentados da nossa Caixa de Previdência: “As incoerências da Renda Certa”. Claro que o assunto é por de-mais complicado para ser tratado nesta carta. Mas não poderia deixar de lembrar que, embora o assunto não esteja em nenhu-ma das matérias desta edição, voltará com certeza na edição número 201, com detalhes sobre as decisões do Conselho De-liberativo da Previ de suspender o pagamento, por unanimidade de seus membros num primeiro momento, e depois decidir pelo pagamento, com o meu voto contrário, num segundo momento. Mantenho minha posição de que a medida, na forma como foi implementada, trouxe ainda mais desequilíbrio entre os partici-pantes do Plano de Benefícios 1.

Como o debate aconteceu durante o processo eleitoral da Caixa de Previdência, alguns grupos se apressaram para tentar identificar um rompimento da ANABB ou de seu presidente com a Chapa 3, que acabou vitoriosa. Reafirmo minha confiança de que o colega José Ricardo Sasseron saberá conduzir a diretoria de seguridade da Previ, com a ajuda dos demais companheiros de chapa, em especial dos componentes oriundos dos quadros de dirigentes da ANABB – Antonio Gonçalves, William José Alves Bento e Romildo Gouveia Pinto – para o caminho do realinha-mento dos benefícios, corrigindo inclusive os equívocos da Renda Certa. Se não for para exigir de volta os recursos de quem rece-beu quantias elevadíssimas, que seja para compensar aqueles que foram, mais uma vez, injustiçados.

Encerrados os processos eleitorais da Cassi e Previ, onde os grupos se dividiram ou se juntaram entre as chapas concor-rentes, resta agora o desafio de construir uma mesa única para discutir os destinos do superávit da Previ. Está claro que a forma utilizada na última negociação não deu certo. O Banco e a Previ não podem escolher o interlocutor. Tenho muito respeito pelo pes-soal do movimento sindical – Contraf-Cut e Contec – mas temos que admitir que pouco mais de 30 mil associados do Plano de Benefícios 1 estão na ativa. Também nunca foi tarefa do movi-mento sindical defender interesses de aposentados, até porque está na sua razão de existir o debate sobre as relações traba-lhistas, e o superávit da Previ é matéria previdenciária. A própria ANABB mantém no seu estatuto um dispositivo que reconhece o direito e a obrigação do movimento sindical de tratar com o Ban-co as questões trabalhistas e que estejam relacionadas à justiça do trabalho. Defendo que tenham representantes na Comissão

Negociadora, mas não podem agir com a autonomia que agiram na última negociação. Não é hora de procurar culpados, mas não podemos esque-cer que ficou pelo caminho o benefício antecipado aos 45 anos para as mulhe-res e esta aberração que foi o benefício especial da Renda Certa.

Se depender da ANABB, vamos ou-vir todos os grupos e todas as propostas, para encontrar uma forma de utilizar os benefícios de um plano superavitário de forma justa e que possa contemplar um maior número de participantes – nunca transformar algumas deze-nas de colegas em milionários.

Desde já, lanço aqui algumas propostas para que os grupos e entidades comecem a pensar na utilização do superávit e na justa distribuição dos recursos: a) um benefício mínimo justo, não inferior a 10% (dez por cento) do teto de contribuição para a Pre-vi, que descontado deste teto o valor médio de benefícios pagos pelo INSS, seria algo em torno de R$ 1.800,00 (um mil e oito-centos reais), para aposentados e pensionistas; b) aposentado-ria integral para quem contribuiu mais de 30 anos para o fundo, considerado os tempos de contribuição na ativa e como aposen-tado; c) um pagamento de Renda Certa para os pedevistas que saíram do Banco antes de 1997, apenas com a parte patronal de suas contribuições, que está somando nesta conta de superávit; d) a exemplo do benefício especial de Renda Certa, devolução dos valores da contribuição de todos os associados, na ativa e aposentados, a partir da 360 a contribuição efetiva ou através do fundo criado para suprir as contribuições, considerando o início das contribuições em abril de 1967; e) encontrar uma forma legal de garantir a antecipação do recebimento de benefícios, para as mulheres, aos 45 anos de idade.

Para encerrar, devo registrar minha satisfação por mais este pioneirismo da ANABB, fazendo circular esta edição de número 200 em papel reciclado que permitiu que quase 300 árvores deixassem de ser cortadas. Está de parabéns, mais uma vez, o funcionalismo do Banco do Brasil.

Valmir CamiloPresidente da ANABB

Pra não dizerque não falei das árvores

CARTA Do PREsIDEnTE

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o conceito é recente, mas tão relevante que as empresas se voltaram para a questão. o funcionário exerce papel importante

nessa discussão e o BB dá novos passos para envolver o funcionalismo

Responsabilidade socioambiental

CAPA

Para garantir o título de Especialista em Gestão de Pessoas, o funcionário do Banco do Brasil, Clístenes Henrique da Silva, de Paulo Afonso (BA), decidiu entrar de cabeça na realidade do BB. A monografia, intitulada: Sustentabilidade no Banco do Brasil S.A.: a responsabilidade socioambiental para além da vantagem com-petitiva, apresentada à Universidade do Estado da Bahia – UNEB – abordou a vantagem obtida pelo Banco do Brasil ao estabelecer, como modelo de atuação, princípios de sustentabilidade e de práti-cas de responsabilidade socioambiental. A relevância do assunto é inquestionável, já que permeia as principais discussões mundiais sobre a preservação do planeta e o consumo racional. No entanto, o debate proposto pelo autor da tese vai além e questiona o papel da responsabilidade social do Banco com seus funcionários.

A idéia proposta pelo funcionário baiano suscita várias ques-tões, entre elas, se o Banco do Brasil está respeitando a cadeia produtiva que é crucial para o funcionamento da máquina adminis-trativa. No site da instituição está publicado que responsabilidade socioambiental é “ter a ética como compromisso e o respeito como atitude nas relações com funcionários, colaboradores, fornecedo-

res, parceiros, clientes, credores, acionistas, concorrentes, comuni-dade, governo e meio ambiente”.

Em sua monografia, Clístenes destaca que a “sociedade dá si-nais de que o modelo empresarial que só objetiva a maximização de riqueza por meio do lucro deve ceder espaço para um modelo que compreenda os interesses dos diversos públicos que se relacionam com a empresa”. Em outro trecho, o autor avalia que “o cumprimen-to de leis, o pagamento de impostos ou o simples fato de oferecer vagas de trabalho não necessariamente contribuem para a redução das desigualdades. Em todos esses aspectos, a ética deve nortear a ação desenvolvida pela empresa”. Por exemplo, oferecer empregos pode ser uma atividade não responsável quando a empresa explo-ra mão-de-obra, adotando políticas de pagamento de salários em níveis abaixo da média geral. Também os critérios de oferecimento dessas vagas podem estar corrompidos por vícios como o favoreci-mento político, a discriminação racial, a exclusão da mulher e dos portadores de necessidades especiais etc.

De acordo com Sérgio Riede, gerente de responsabilidade socioambiental do BB, o Banco direciona suas ações para o

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Responsabilidade socioambiental

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investimento social, as práticas administrativas e os negócios sustentáveis. “São os trabalhos voltados para o público das comunidades carentes, onde entram os funcionários, ações voltadas para implantação de projetos com base em responsa-bilidade socioambiental para os funcionários e os produtos que visam a inclusão social das pessoas, a geração de trabalho e renda e a preservação da natureza”.

Baseado no princípio de que o sucesso da empresa depen-de das pessoas que a compõem, pois são elas que transfor-mam os objetivos, os projetos e a ética em realidade, uma das conclusões da monografia é que é necessário que o público interno - os funcionários - se comprometa com a filosofia da ins-tituição. Para Francisco de Melo Neto e César Froes, autores do livro “Gestão da responsabilidade social corporativa: o caso brasileiro”, para o pleno exercício da responsabilidade social “há que se considerar os casos em que a empresa investe em ações externas, e negligencia a relação e o compromisso com o seu público interno. Assim, se uma empresa apóia uma comu-nidade ou investe em uma ação social, como uma creche, por exemplo, mas desenvolve uma política interna descompromis-sada aos interesses de seus funcionários, é possível que seu comprometimento apenas reflita uma ética utilitarista”.

BANCO DO MERCADO x BANCO DO GOVERNOAo se discutir a responsabilidade social no âmbito do Banco

do Brasil, é preciso levar em consideração a sua natureza dual. Para o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), José Carlos de Oliveira, essa característica o di-ferencia dos outros bancos no Brasil. “O BB integra a estrutura do setor público e tem uma seqüência de políticas que é estabelecida pelo governo. Mas incorpora também uma instituição que atua no mercado, que busca competitividade. Nessa dimensão, existem os acionistas, que estão no setor privado, e cobram do Banco um de-sempenho competitivo e, por outro lado, o próprio Banco do Brasil que deve cumprir sua função de governo”.

O professor relembra que até chegar a uma posição de concor-rente no mercado brasileiro, a instituição carregava a imagem de Banco do governo. “No passado, o Banco tinha um guarda-chuva

governamental. Isso fazia com que o corpo funcional, os clientes e a sociedade percebessem o seu papel como sendo público. À me-dida que o país desenvolveu um sistema financeiro mais eficiente, sobretudo depois da criação do Banco Central, o BB teve que evoluir para uma natureza diferente da tradicional”, enfatiza. Oliveira desta-ca que esse momento foi de resistência por parte dos funcionários que acreditavam que perderiam os seus benefícios. “Ser funcionário de um banco de governo era ter um diferencial de um funcionário de mercado privado: remuneração diferenciada, benefícios incorpo-rados, proteção que ele tinha por ser concursado e, mesmo sendo ineficiente, não poderia ser despedido”.

Atualmente, por ser considerado um banco concorrencial, o funcionalismo do BB precisou se adequar às regras de mercado. “Comparativamente ao sistema financeiro privado, os salários den-tro do Banco do Brasil não são os maiores, ao contrário, é possível até questionar que em algumas funções ele não pague o que recebe um funcionário de banco privado, que sabe que está correndo risco, sabe que tem que ter desempenho para justificar sua remuneração. Exceto pelo fato de que o funcionário do BB tem a estabilidade con-quistada em concurso, o funcionalismo não tem o estímulo neces-sário que dê a ele o destaque de funcionário do Banco que anterior-mente ele tinha”, afirma o professor.

Por isso, Oliveira critica a atual política de contratação de funcionários. Para ele, se o Banco alcançou tamanha com-petitividade, se busca uma política baseada no cumprimen-to de metas como nos bancos privados, deveria selecionar profissionais mais capacitados. “Os bancos privados buscam no mercado pessoas qualificadas e que tenham potencial de atração de clientes. Esse profissional entra para agir na es-trutura executiva do banco e não para entrar na parte de bai-xo. Isso é impossível no BB, já que a entrada funcional é por meio de concurso que na verdade generaliza a característica de qualificação da pessoa. É provável que esse funcionário concursado se forme limitado ao que é a dimensão de atua-ção do Banco. Riscos ele não tem, por isso não ganha muito hoje em dia. Nunca ouvi falar de um concurso no Banco do Brasil, por exemplo, para especialista em mercado financei-ro. Esse é um dos pecados que a instituição carrega na idéia da concorrência”, resume o professor.

Para mudar esse pensamento, o gerente de responsabili-dade socioambiental do BB, Sérgio Riede, ressalta que uma das políticas que integram a Agenda 21 (uma série de com-promissos com a responsabilidade socioambiental) se refere a ascensão profissional. “Temos aperfeiçoado os processos de ascensão na empresa para torná-los mais transparentes, democráticos e conhecidos e para que o funcionário possa planejar sua carreira. Uma coisa que já foi implantada é que para a pessoa concorrer a cargo comissionado precisa ter certificação de conhecimentos. O Banco oferece periodica-mente provas de certificação em que o funcionário se ins-

sérgio Riede, gerente de responsabilidade socioambiental do BB: “temos aperfeiçoado os processos de ascensãona empresa para torná-los mais transparentes”.

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CAPA

“A sociedade dá sinais de que o modelo empresarial que só objetiva a maximização de riqueza através do lucro deve ceder espaço para um modelo que compreenda os interesses dos diversos públicos”

- Clístenes Henrique da silva

creve voluntariamente, escolhe a área em que quer se certi-ficar de acordo com a intenção de carreira que tem. Essa é a maneira de garantir que serão nomeadas as pessoas que tenham maior conhecimento”.

ARMADILHAO funcionário Clístenes Henrique da Silva observa que, no

contexto histórico do BB, houve momentos em que a empresa pouco considerava as demandas de seu público interno, fazen-do cortes de benefícios e pessoal, enquanto investia no esporte (por exemplo, o vôlei). “Como funcionário da empresa, passei e tenho passado por esses momentos de ‘desequilíbrio’ (inclusi-ve, na recente ‘Ação Estruturante’, de junho/2007, que remo-veu pessoal, incentivou demissões e cortou benefícios), que parecem não definir uma boa política ou diretriz em relação a princípios socioresponsáveis”.

Muitos especialistas no assunto garantem que, quando as empresas não consideram a participação do público nas ações sociais, surgem problemas nas relações com seus em-pregados, como conflitos de poder, choque de vaidades pes-soais, demissões injustas, perseguições, lealdade ao chefe e não à empresa, entre outros.

O funcionário Carlos (nome fictício) acredita que o Ban-co tenta, na medida do possível, envolver os funcionários na questão da responsabilidade social e da sustentabilidade. No entanto, esse é um processo que evoluirá em longo prazo. “Esses conceitos são novos, é preciso se fazer um filtro sobre o que pode e o que não pode ser aplicado, principalmente no contexto do Banco. Quando se fala em responsabilidade, não é só do Banco com os funcionários, mas também dos funcionários com o Banco. Envolve conceitos como a ética”, afirma o funcionário que preferiu não se identificar.

Para o presidente da ANABB, Valmir Camilo, as ações de res-ponsabilidade e sustentabilidade começam de dentro para fora, com atividades que envolvam os funcionários. “A sustentabilidade começa dentro de casa. Não dá para você vender para a sociedade que você é um banco que defende um desenvolvimento regional sustentável, se você não tem uma política de sustentação da sua própria cadeia produtiva e de seu funcionalismo. Como é que você vende para a opinião pública uma idéia que não está no incons-

ciente ou no consciente das pessoas que estão desempenhando um papel? O Banco caiu numa armadilha, ele tem que sair dela e sair dela é abandonar o novo mercado. Dizer assim: ‘olha, sou mesmo banco público, sou mesmo um banco de governo, tenho mesmo política diferente de um banco privado’. Encarar a mídia, o mercado e quem quer que seja. Ir para o enfrentamento para construir um país melhor”.

MIssão E TRAnsPARÊnCIAQuando falamos em sustentabilidade, é um equívoco pensá-

la apenas como um conceito relacionado às causas ambientais. Transparência no processo de promoções de funcionários, justa distribuição dos lucros, redução de infrações aos códigos e leis de defesa do consumidor; clareza nas informações verbais e contra-tuais entre o banco e os clientes e atendimento com excelência são questões importantes no dia-a-dia de uma instituição como o Banco do Brasil e que estão ligadas à sustentabilidade.

O Banco tem mostrado envolvimento com essa problemática. Entre as ações estão a criação e divulgação de um Código de Éti-ca; estruturação de projetos voltados para a preservação ambien-tal, definição de iniciativas que promovam a diversidade, desde o acesso aos quadros do BB até a ocupação de cargos gerenciais e executivos, entre outros. Ainda assim, essa não é uma missão percebida pelo seu público interno. De acordo com a pesquisa da ANABB, “ser o maior e melhor banco” e “dar lucro” figuram como as missões do Banco para mais da metade dos entrevistados (no total foram 1.088 entrevistas).

“Com relação a equidade de gênero, existem dificuldades his-tóricas. Por exemplo, nós temos cerca de 35% de mulheres no qua-dro do Banco. Já temos cerca de 32% de mulheres em cargos de gerência média, mas ainda existem na faixa de 8% de mulheres primeiras gestoras [executivas do Banco]. Isso prova que apesar de não cometer nenhum tipo de discriminação com relação à mulher, alguma coisa acontece que não permite que as mulheres tenham ascensão igual a dos homens no Banco. A mesma coisa acontece com as pessoas com necessidades especiais. No Banco, temos uma cota para ser preenchida que é de 5% de funcionários com necessidades especiais. Temos também um desafio que é o bem-estar no trabalho que envolve prédios com boas condições, lanche saudável, espaço para ginástica laboral, espaço para discussão de

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sUsTEnTABILIDADE, BAnCos E CIDADAnIA

projetos de trabalho, tudo com metas estabelecidas”, destaca Rie-de ao considerar algumas ações implementadas pelo Banco.

Até o final de junho, os funcionários do BB são os atores prin-cipais do Fórum Nacional de Sustentabilidade. O encontro dividi-do em várias etapas (local, regional, estadual e nacional) reúne o funcionalismo para discutir o tema da sustentabilidade na ins-tituição, em questões que vão do meio ambiente, práticas de res-ponsabilidade social até novos negócios. “Vamos tirar as grandes conclusões que tiveram origem entre os funcionários. Levaremos as sugestões eleitas para uma oficina que reunirá os diretores, o conselho diretor (presidente e vice-presidente) e mais um gerente executivo de cada diretoria. Esse encontro vai acontecer no dia 27 de junho e será um processo, em que os executivos vão deliberar sobre as idéias e escolher quais serão implementadas até o final do ano”, completa Riede.

Para o vice-presidente de gestão de pessoas do Banco do Bra-sil, Luiz Oswaldo Sant’lago, esse é um momento importante. “Com o fórum, nós já alcançamos 32 mil sugestões do funcionalismo do Banco do Brasil. Recuperar a fala era essencial para que o funcio-nário participasse ativamente da mudança desse Banco. Abrimos o nosso e-mail a todos os funcionários, criamos a ouvidoria, viaja-mos todos os estados do Brasil ouvindo os funcionários, porque

nós entendíamos que a liberdade de expressão é construtora de um mundo novo de um momento diferente”, disse durante um dis-curso na posse da nova diretoria da Cassi.

Na opinião dos autores Andrew Savitz e Karl Weber, que escreveram o livro “A empresa sustentável: o verdadeiro su-cesso é o lucro com responsabilidade social e ambiental”, a transparência aumenta a credibilidade. “Difunda as boas e más notícias. Não se limite a mencionar os prêmios recebi-dos ou a cobertura favorável na imprensa. Sua credibilidade na empresa será muito maior, se você anunciar: ‘no ano pas-sado, ficamos aquém de nossa meta de redução dos aciden-tes de trabalho. Expomos abaixo os detalhes, assim como os nossos planos para reverter a situação no próximo ano. Também é necessário mencionar que você está trabalhando para aprimorar o monitoramento das práticas trabalhistas insatisfatórias dos trabalhadores”.

A monografia “Sustentabilidade no Banco do Brasil S.A.: a responsabilidade socioambiental para além da vantagem competitiva”, do funcionário Clístenes Henrique da Silva, e o artigo “Sustentabilidade, bancos e cidadania”, da funcionária Kátia Silene de Oliveira Maia, estarão disponíveis na íntegra no site da ANABB (www.anabb.org.br).

Graduada em Direito, especialista em Direito Ambiental e Desenvolvimen-to Sustentável, Mestre em Gestão e Planejamento Ambiental, a funcionária do BB Kátia Silene de Oliveira Maia, as-sessora da Diretoria de Relações com Funcionários e Responsabilidade So-cioambiental, dá uma importante con-tribuição sobre o desafio das decisões pensadas à luz da sustentabilidade.

“Duas visões de mundo, duas visões de banco e um desafio: escolher nossa forma de pensar o conceito de sustentabilidade dentro do contexto do Banco do Brasil.

O Banco do Brasil, enquanto insti-tuição, está inserido no contexto da sociedade brasileira, com suas con-tradições, sua cultura específica, seus desequilíbrios e suas aspirações.

A combinação de sua missão institucio-nal e sua perspectiva de mercado – como missão social, somos uma instituição, como dinâmica operacional, somos uma empresa – faz com que todas as repre-sentações da sociedade, os chamados stakeholders, tenham interesses diretos

ou indiretos no Banco do Brasil.Tal heterogeneidade poderia ser

vista como um obstáculo. Na verdade, visto como a expressão de uma diversi-dade – que caracteriza a própria iden-tidade de nossa sociedade – o Banco do Brasil pode de maneira singular in-tegrar tais interesses, transformando o todo social em algo muito maior que a soma das partes econômicas.

O papel social dos funcionários do Banco do Brasil reflete esta singularida-de. Espalhados por todo o Brasil, da Serra Geral à planície amazônica, da Chapada dos Parecís ao planalto da Borborema, falando muitas linguagens em uma só lín-gua (a do trigo, a da soja, a do metal ou do garimpo, a das máquinas ou das florestas) os funcionários do Banco do Brasil viven-ciam em cada comunidade a expectativa de que o Banco compreenda seus pro-blemas específicos: e que os responda, sem exclusão de nenhum ator político ou social, de maneira única conforme cada comunidade ou grupo social.

Tal perspectiva constitui a essência da

dinâmica de sustentabilidade: oferecer soluções sem exclusão, no tempo, no es-paço ou no ambiente. Para implementá-la, o Banco do Brasil teria como desafio capturar e integrar em uma só política consistente a vivência de cada funcioná-rio em relação às expectativas de suas respectivas comunidades.

A soma destas múltiplas vivências permitiria a construção de uma nova ló-gica para o Banco do Brasil: a lógica de um Banco inserido em uma proposta de desenvolvimento sustentável, onde os questionamentos dos funcionários se tra-duzam em respostas cidadãs”.

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Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado por quatro dos oito países que compõem a CPLP.

Modificações devem ser implantadas no Brasil até 2010

Mudanças no Português

por Tatiane Lopes

No português escrito e falado no Brasil, escrevemos adoção e batismo. Em Portugal, usa-se, adopção e baptismo. Suponha que um professor de determinado país queira se formar em língua portuguesa para ensinar português. De que forma ele deve escrever a palavra? Em qual grafia ele deve se basear: na lusitana ou na brasileira? Dificuldades semelhantes vivem as editoras. No mundo, onde há um número restrito de leitores de obras literárias, algumas publicações, para atingir público diver-so, precisam ser feitas em duas versões: uma para Portugal, e, quando há interesse no mercado brasileiro, uma voltada para o português brasileiro. Por ser a terceira língua ocidental mais falada no mundo, a ocorrência de duas ortografias dificulta a di-vulgação do idioma. Para resolver esses e outros problemas, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) assinou um documento de unificação da ortografia da língua.

A proposta, que existe desde 1990, só agora vai entrar defini-tivamente no papel. Isso porque quatro dos oito países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste) que compõem a CPLP ratificaram as regras e decidiram colocá-las em vigor. Para começar a valer oficialmente, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa precisa-va ser aprovado por pelo menos três países. O Brasil foi o primeiro a ratificar o acordo, em 2004. São Tomé e Príncipe aderiu ao lado de Brasil e Cabo Verde. Por questões políticas, esperava-se que Portugal, o país de origem da língua portuguesa, também assi-nasse, e isso aconteceu no início de maio.

“Somos cerca de 200 milhões de falantes na Comunidade

de Países de Língua Portuguesa. O português é uma língua de expressão cultural muito grande, embora os países membros dessa língua não tenham a mesma importância política e econô-mica que tem a comunidade de língua inglesa. Isso pode mudar historicamente, porque as pessoas estão muito atentas à impor-tância que o Brasil vem ganhando no cenário internacional. A lín-gua que se fala aqui é o português e isso suscita interesse. Não há outro caso no mundo de uma língua tão importante quanto o português que tenha dupla grafia: a lusitana e a brasileira. Isso provoca uma série de problemas”, justifica o Mestre em Teoria Literária pela USP, Doutor em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), William Roberto Cereja.

Segundo Cereja, as mudanças nas escolas já estão sendo pensadas e feitas. “Faltava a assinatura de Portugal para que o Brasil começasse”, afirma. O Ministério da Educação (MEC) se pronunciou sobre o assunto. Publicou uma nota no Diário Oficial da União informando que os livros que serão comprados pelo go-verno para uso em 2010 já teriam que estar em acordo com a reforma ortográfica. Em junho, o presidente Luis Inácio Lula da Silva publicará um decreto para informar nacionalmente a popu-lação. “Percebi que os professores estão desinformados, desco-nhecem os termos do acordo, o que muda e o que não muda”, completa o professor.

O presidente do conselho diretor do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), Godofredo de Oliveira Neto, comunicou à imprensa que marcou uma reunião com os representantes dos

EDUCAção

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oito países lusófonos para discutir as estratégias de elaboração do vocabulário ortográfico oficial. O encontro está marcado para a primeira semana de julho em Cabo Verde.

MUDAnçAsEntre as principais mudanças, está a inclusão do hífen em

certas palavras. Teremos que nos adaptar, por exemplo, com a palavra “reescrever”, que será usada com hífen (re-escrever). A mesma coisa vale para “microondas”, “passatempo”, “girassol”, escritas atualmente sem hífen, e que, com o acordo, vão levar o traço. Em outros casos, vamos achar estranho, como em “anti-re-ligioso”, que será escrito com dois erres (antirreligioso), e “porta-retrato”, que poderá mudar para “portarretrato”.

Com o acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portu-gal seja modificado. No Brasil, a mudança será menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país. “Nós usamos Antônio, econômico, com acento circunflexo, e em Portugal, usa-se com acento agudo. Eles vão continuar usando a forma deles e nós vamos continuar escrevendo com a nossa. A questão é admitir nos dicionários e no Vocabulário Orto-gráfico da Língua Portuguesa (VOLP) as duas formas, coisa que até então não existia”, ressalva Cereja.

O professor da rede particular de ensino em São Paulo des-taca que a implantação das novas regras não será tarefa difícil. “As mudanças são muito pequenas, nem todas as regras têm importância grande. O trema já vinha sendo abandonado. O que pode ser feito pelo MEC para preparar professores é encaminhar um material prático que resuma o acordo. Os governos estadu-

ais também devem tomar a mesma providência. Nas escolas, as crianças que vão ter contato pela primeira vez com a língua nem vão perceber que houve mudança. O problema é o pessoal que está na quinta série, atual sexto ano. é preciso que os professo-res façam um trabalho de comparação”.

MEIo EDIToRIALAutor de obras didáticas, William Roberto Cereja conside-

ra que o acordo de unificação da ortografia da língua sacu-diu o meio editorial. Para ele, esse é o lado ruim da história. Enquanto Portugal previu um período de seis anos para im-plantação das alterações, o Brasil deu prazo até 2010, mas deixou em aberto caso as editoras decidam mudar os livros já no ano que vem. “Se tivermos que publicar um livro hoje, acabamos correndo riscos. O MEC se precipitou no processo. A partir do decreto do Lula, as escolas estarão liberadas para implementar as mudanças. Como ficam os livros que estão sendo utilizados nas escolas públicas e particulares? Se você fosse um professor de português, usaria um livro com regras defasadas? De jeito nenhum”, argumenta Cereja.

Ele avalia que as decisões deveriam ser tomadas de forma equilibrada, pensando a longo prazo. “O governo está deixando que o mercado se ajuste e isso acaba criando uma competição selvagem entre editoras, para quem vai chegar primeiro com o livro atualizado em setembro [período em que os livros são refor-mulados]. O mercado está vivendo uma correria louca, sem ne-cessidade, não era para ser assim. Era para ser um processo de longo prazo, com ampla divulgação, com professores preparados e informados sobre como agir na sala de aula”, finaliza.

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o QUE MUDA?

» As novas normas ortográficas farão com que os por-tugueses, por exemplo, deixem de escrever “húmido” para escrever “úmido”. Também desaparecem da língua escrita, em Portugal, o “c” e o “p” nas palavras onde ele não é pronunciado, como nas palavras “acção”, “acto”, “adopção”, “baptismo”, “óptimo” e “Egipto”.» As paroxítonas terminadas em “o” duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Em vez de “abençôo”, “enjôo” ou “vôo”, os brasileiros terão que escrever “aben-çoo”, “enjoo” e “voo”. » Também não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler”, “ver” e seus decorrentes, ficando correta a grafia “creem”, “deem”, “leem” e “veem”.

» O trema desaparece completamente. Estará correto escrever “linguiça”, “sequência”, “frequência” e “quinquênio” em vezde lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.» O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorpo-ração do “k”, do “w” e do “y” e o acento deixará de ser usado para diferenciar “pára” (verbo) de “para” (preposição).» Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da pri-meira conjugação, tais como “louvámos” em oposição a “louvamos” e “amámos” em oposição a “amamos”, além da eliminação do acento agudo nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas, como “assembléia”, “idéia”, “heróica” e “jibóia”.

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Projeto Liberdade responsável seleciona trabalhosde instituições voltados para a reinserção socialde jovens e adultos em situação de risco

Uma nova oportunidade

por Priscila Mendes

A situação no sistema prisional brasileiro é bem conhe-cida. Presídios e centros de medidas socioeducativas não costumam ser destaque na mídia por desenvolverem bons trabalhos. Pelo contrário, geralmente quando aparecem, é por causa de rebeliões ou por oferecerem condições precá-rias aos presos ou internos.

Para amenizar a carga de ser recebido pela sociedade como ex-presidiário ou ex-interno, e não encontrar muitas oportunida-des, o Programa ANABB Cidadania tem colaborado com comitês que desenvolvem trabalhos voltados para a reinserção social de jovens e adultos que cumpriram penas ou medidas socioeduca-tivas. Prova disso foi a criação do Projeto Liberdade Responsável, uma forma de incentivar organizações sociais a desenvolverem projetos direcionados a esse público.

As iniciativas foram motivadas pela doação do aposentado do Banco do Brasil Oswaldo Roberto Guilherme Gebler, que de-signou à ANABB a tarefa de desenvolver instrumentos que possi-bilitem aos ex-detentos um retorno mais digno ao convívio social.

A oportunidade de dar condições para que essas pes-soas tenham a chance de mudar de vida é vista de forma positiva pelo presidente da ANABB, Valmir Camilo. “Pers-pectivas de viver de forma diferente, ou seja, de não come-ter novamente infrações que os deixam à margem da socie-dade, é um direito de todos. Se nós temos como viabilizar isso, torna-se quase um dever”, argumenta.

No dia 16 de maio, o Programa ANABB Cidadania divul-gou o resultado dos projetos selecionados pelo “Liberdade Responsável”. Os contemplados receberão uma verba de até R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

De acordo com a comissão julgadora, os projetos seleciona-dos, além de atenderem aos requisitos do regulamento, terão uma grande importância no apoio aos excluídos. Participaram da comissão Ana Cláudia C. R. Silva, do Instituto Cooperforte; Sandra Fernandes, também do Instituto Cooperforte; Márcia Ferreira Soares, da DIRES do Banco do Brasil; e Rogério Mizia-ra, da Fundação Banco do Brasil.

CIDADAnIA

Arquivo ANABB

A Colônia Penal Feminina de Recife teve projetosapoiados pelo ANABB Cidadania

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Projeto Nome do Comitê Cidade/UF

Artesanato Biscuit e Pinturas Grupo Teatral Rhema Contagem/MG

Atitude Zen Ação de Cidadania dos Funcionários

do Banco do Brasil - Bairro Anchieta

Bento Gonçalves/RS

Capacitar para Socializar APAC - Associação de Proteção e

Assistência aos Condenados

Viçosa/MG

Educação para a Capacidade Cívica Instituto Cidade Juiz de Fora/MG

Formação Profissional em Refeição

e Higiene

Comitê da Cidadania dos Funcionários

do Banco do Brasil em Pernambuco

Recife/PE

Gerando Renda Através do Lixo Complexo Penitenciário Anisio Jobim

- Regime Fechado Masculino

Manaus/AM

Inclusão Digital - Laboratório de

Informática

Comitê de Responsabilidade Social Vacaria/RS

Inclusão Digital no Presídio Lajeado Conselho da Comunidade para

Assistência dos Apenados de Lajeado/RS

Lajeado/RS

Inclusão Digital para Jovens e

Adolescentes

Casa Socioeducativa de Jaru/RO Jaru/RO

Karatê Superando Limites Comitê da Cidadania dos Funcionários

do Banco do Brasil em Pernambuco

Recife/PE

Liberdade Assistida Lar de Sandro Instituição de Caridade Lar de Sandro Recife/PE

Mão na Massa APAC - Associação de Proteção

e Assistência aos Condenados

Viçosa/MG

Oficinas e Aulas de Artes Cênicas Grupo Teatral Rhema Contagem/MG

Produção de Cartões Artísticos de

Papel Reciclado

Fundação Assistencial e Beneficente

de Camaquã

Camaquã/RS

Projeto Belíssima - Linhares/ES ADASP - Assoc. Dignidade Através de

Assistência Solidária e Profissionalizante

Linhares/ES

Projeto Belíssima - Cachoeiro do

Itapemirim

ADASP - Assoc. Dignidade Através de

Assistência Solidária e Profissionalizante

Cachoeiro de Itapemirim/ES

Projeto Cidadania Brasil Comitê Ação da Cidadania Contra

a Fome, a Miséria e pela Vida

Rio Grande/RS

Projeto Futuro Cidadão Espaço Jovem Evolução Cornélio Procópio/PR

Qualificação e Treinamento da

Mão-de-Obra

Ação de Cidadania dos Funcionários

do Banco do Brasil - Bairro Anchieta

Porto Alegre/RS

Ressocializando Através da Filmagem Organização Não-Governamental

Abaquar Brasil

Lajeado/RS

Trabalhando a Liberdade Conselho Comunitário na Execução

Penal da Comarca de Porto Velho - RO

Porto Velho/RO

Contribua com essa idéia!Participe dos projetos de cidadania da ANABB em parceria com os comitês de funcionários do Banco do Brasil. Para fazer sua doação, basta acessar o site www.anabb.org.br ou entrar em contato com a ANABB pelo telefone (61) 3442-9696.

Projeto Liberdade Responsável - Premiados

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sAÚDE

Médicos alertam sobre os cuidados com as gripes e resfriados, que podem evoluir para problemas mais sérios, como asma e pneumonia

Cuide-se:aí vem o frio!

por Tatiane Lopes

Basta o frio chegar e muita gente já começa a sentir os efeitos das temperaturas mais baixas. Garganta irritada, coriza, dor no corpo são alguns sintomas que se tornam comuns já no início de maio. É no inverno, que começa ofi-cialmente no dia 20 de junho, às 20h59, que são registra-dos mais casos de infecções respiratórias, como gripes e resfriados, o aumento das crises de asma e piora da rini-te alérgica. Especialistas alertam sobre os cuidados com essas doenças, aparentemente comuns, mas que podem evoluir para problemas mais sérios, como sinusites bacte-rianas e pneumonias.

De acordo com a especialista em Alergia e Imunopato-logia e Coordenadora do Programa de Asma da Secretaria

de Saúde do Distrito Federal, Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci, o número de pessoas que procuram os hospitais públicos e consultórios particulares nos próximos meses é quatro vezes maior do que o normal. As doenças típicas do inverno trazem como principais sintomas a tosse, obstrução nasal, mal-estar e febre.

Além das gripes e dos resfriados, classificados como in-fecções respiratórias virais, é na estação mais gelada do ano que aumentam os casos de doenças como a sinusite, otite, amigdalite, pneumonia, consideradas infecções respirató-rias bacterianas. Ao contrário do que a maioria pensa, gri-pe e resfriado são bem diferentes. A gripe, causada por um vírus chamado influenza, é uma doença mais grave, cujos

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PREVInA-sE DoEnçAs Do InVERno

» Evite banhos prolongados e muito quentes;» Alimente-se bem. Uma alimentação saudável contribui para prevenção de doenças ou para melhorar sua saúde;» Abuse de sucos naturais e água; » Use sempre filtro solar e hidratante;» Evite exercícios físicos no horário das 10 às 16 horas;» Repouso é fundamental para que não haja queda na resistência; » Atividades físicas regulares são sempre recomendadas;» Mantenha a casa limpa e ventilada; » Evite contato com fumantes principalmente em lugares fechados; » Tire os casacos do armário com antecedência e lave-os. O

contato com ácaros e fungos pode causar alergias em quem tem predisposição genética;

» Para remover o pó, vassouras e espanadores devem ser substituídos por panos úmidos e aspiradores;

» Não usar umidificadores e vaporizadores por estimularem a proliferação de ácaros e fungos;

» Retirar todos os depósitos de poeira (cortinas, tapetes, carpe-tes, bichos de pelúcia, almofadas).

Resfriado: Infecção respiratória provocada pelo rinovírus, adenovírus e outros vírus. Provoca febre baixa ou ausente, coriza, obstrução nasal, vermelhidão da garganta e espirros. Gripe: Infecção respiratória provocada pelo vírus influenza. Provoca febre geralmente alta, dores musculares, dor de cabe-ça, prostração, obstrução nasal e tosse.sinusite bacteriana: Provoca febre, secreção amarelada ou esverdeada no nariz, obstrução nasal, dor de cabeça e tosse com catarro. É complicação freqüente de doença respiratória viral (gripe ou resfriado).Pneumonia: Provoca tosse com escarro, dores no peito, febre alta, calafrios e respiração ofegante. É a principal com-plicação da gripe.Asma: Provoca crises de falta de ar, chiado no peito e tosse seca, principalmente de manhã e à noite. Rinite alérgica: Tem como sintomas a coriza, espirros, obstrução e coceira nasal freqüentes. No outono e inverno aumenta o número de crises de asma e piora dos sintomas da rinite alérgica.

sintomas são febre alta, tosse, dores no corpo. Já o resfriado é mais leve, caracterizado por febre mais baixa, coriza, perda de apetite. Paliativos como chás e mel podem ser usados, mas a auto-medicação deve ser excluída da lista de opções. “Quando esses sintomas surgirem, o melhor é fazer repouso, aplicar mais soro no nariz e observar. Caso piore, a orienta-ção é a de procurar um médico”, aconselha Marta.

É importante ficar atento também para as compli-cações que podem surgir com as gripes e resfriados. A vacina é a principal maneira de prevenção, pois imuni-za contra o vírus da doença e fortalece o sistema imu-nológico. De acordo com o governo federal, pesquisas nacionais mostram que a vacina pode reduzir em mais de 50% casos de doenças relacionadas à gripe nos ido-sos e, no mínimo, 32% das hospitalizações por pneumo-nias. “A gripe é um dos fatores precipitantes para uma crise de asma e uma piora da rinite alérgica. Por isso, no outono, ou seja, antes da chegada do inverno, é o período ideal para que todos tomem a vacina de gripe. Não só os idosos, mas também as crianças com mais de seis meses de idade e principalmente aquelas que têm doenças crônicas como asma, anemia falciforme, diabe-te etc”, ressalta a médica.

CUIDADosOs cuidados com a alimentação, com a ingestão de líqui-

do, em estar bem agasalhado são primordiais para prevenir as doenças causadas pelo frio. Evitar aglomerações em am-bientes fechados e cigarros está entre as dicas. “O convívio em lugares fechados pode aumentar os casos de gripes, já que 10% da população mundial têm gripe”, justifica Marta.

Ambientes limpos e sem poeira estão na lista de medidas cautelares, principalmente para os alérgicos, que são alvo de doenças respiratórias. “Casa com carpete não é bom. Tudo o que acumula poeira deve ser evitado, como tapete, cortina, bi-chos de pelúcia, almofadas, estofados de pano. A casa do alér-gico deve ser ‘clean’. Para os alérgicos, ser fumante ou contato com fumante deve ser evitado e a dica é colocar capas imper-meáveis nos colchões e travesseiros”, orienta a médica.

A atenção com a pele deve fazer parte da rotina diária. No entanto, durante o inverno, os cuidados devem ser redo-brados. é no frio que nossa pele sofre com o ressecamento. Por isso, não poupe nos hidratantes. Para manter a saúde da pele, evite banhos demorados e com água muito quen-te. O filtro solar continua entre os principais itens e, nesse sentido, até os lábios devem ser protegidos. Já existem pro-tetores labiais para homens, que são incolores.

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Fonte: Dra. Marta de Fátima e Correio Braziliense

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Liquidação de ações judiciais – Imposto de Renda sobre férias e licença-prêmio

A ANABB foi vitoriosa, em 1999, no processo judicial que reconheceu a isenção de Imposto de Renda sobre as conversões em espécie de férias e licenças-prêmio, benefi-ciando todos os funcionários do Banco do Brasil e abrindo precedente para as demais categorias de trabalhadores.

Como resultado da referida ação, foram realizados créditos em conta corrente, no Banco do Brasil, em 17.08.1999 e 08.03.2000.

No entanto, para aqueles que não receberam os referidos créditos, os valores foram individualizados, em conta remu-nerada de Depósito Judicial Federal, vinculada ao Processo 95/0014262-7, na Ag. 4.200-5 - Poder Judiciário, em Brasília.

Apesar de constantes diligências, muitos colegas não foram localizados. Esses saldos, que variam de valores infe-

riores a R$ 10,00 até o máximo de R$ 5.000,00, encontram-se disponíveis no Banco do Brasil.

Para o recebimento do valor, é necessário comparecer a qualquer agência do Banco do Brasil, com Carteira de Identidade e CPF, e solicitar que providenciem o saque de acordo com as normas contidas no LIC 222.1.15. Na oportunidade será assinada declaração de isenção (contida no referido LIC), para que não haja retenção de imposto de renda sobre o valor recebido.

Para conferir a lista dos beneficiados que ainda não efetuaram os saques acesse www.anabb.org.br. Mais informações entre em contato com a Central de Atendimento, pelo telefone 061 3442-9696 ou pelo Fale Conosco no site da ANABB.

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noTAs

Funcionária da AnABB recebe prêmioPrevi alerta que não envia e-mail sobre recadastramento A funcionária Fernanda Nunes Feitosa Barros, que trabalha

na Diretoria de Relações Externas e Parlamentares (Dipar), rece-beu o Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero. Fernanda foi laureada na categoria Estudante de Graduação e concorreu com trabalhos de todo o Brasil. O título do artigo escrito foi “Penetras no Clube do Bolinha: a carreira política das mulheres na Câmara dos Deputados”, baseada em sua monografia, apresentada na Universidade de Brasília (UnB), sob orientação do professor Luis Felipe Miguel. O prêmio é uma iniciativa da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) e o CNPq, e integra o Programa Mulher e Ciência da SPM.

A Previ alerta aos participantes que não envia mensagem eletrônica para suposto recadastramento de associados. As al-terações de dados pessoais, como endereço e telefones, bem como da agência e conta corrente para fins de recebimento de complemento de aposentadoria são feitas diretamente no auto-atendimento do site www.previ.com.br, por meio de uso de senha. Portanto, a Previ sugere aos participantes não abrirem e deletarem qualquer e-mail que requisite informações para suposta atualização dos dados cadastrais de associados.

Fonte: Previ

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PARABÓLICA

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Amazônia mal cuidada

Fundamental para o país

Petrobrás é a 3ª maior da América

Álcool e direção não combinam

1968: vale a pena recordar

O tempo fechou na discussão sobre a Ama-zônia. O presidente Lula reagiu no dia 26/05 à notícia de que um empresário sueco disse que a floresta amazônica poderia ser comprada por US$ 50 bilhões. O presidente deu um recado: disse que a Amazônia tem dono. A Amazônia tem dono, sim, mas o dono está cuidando muito mal dela. 62% da floresta pertencem aos brasileiros, mas os números de desmatamento são alarmantes. Só nos cinco primeiros anos do governo Lula, foram cem mil quilômetros qua-drados. Isso é mais que o estado de Pernambu-co. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais adiou a divulgação dos últimos números, pois em vez de lutar contra o desmatamento, certas autoridades querem brigar com o termômetro, o número. Os dados serão divulgados com as explicações técnicas para não se tornarem mais um motivo de briga com o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi. Miriam Leitão (Bom Dia Brasil, 27/05/2008)

A Petrobrás ultrapassou a Microsoft e já é a terceira maior empresa das Américas. Estudo da consultoria Economática constatou que a estatal brasileira valia US$ 287 bilhões no dia 16 de maio – US$ 7,8 bilhões a mais que a Microsoft. Agora, a Petrobrás é a sexta maior companhia do planeta.

Isto é, (28/05/08)

A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que prevê maior rigor contra o motorista que ingerir bebida alcoólica. Com o novo texto, passa a ser considerado crime conduzir veículos com qualquer teor de álcool no organismo e a multa será considerada gravíssima – punida com suspensão da carteira de habilitação por um ano e multa. Atualmente, somente motoristas com mais de seis decigramas de álcool por litro (o equivalente a dois chopes) de sangue são punidos.

O projeto também prevê a proibição da venda de bebidas alcoólicas em zonas rurais das rodovias federais. O texto altera a medida provisória aprovada pelo Senado, que liberava a venda de bebidas alcoólicas em todas as rodovias federais.

Folha Online, 27/05/08

Os EUA estavam mergulhados na guerra no Vietnã e se agitaram com o assassinato do líder negro Martin Luther King Jr. A Europa entrou no furacão das revoltas estudantis. E o Brasil entrou numa fase de censura política e dura repressão policial.

O clima de agitação mundial se estendeu por todo o ano de 68, mas foi especialmente em maio que as revoltas foram sentidas com mais força . Quarenta anos depois as conseqüências diretas ou indiretas daquelas revoltas juvenis ainda são debatidas.

A revitalização recente do movimento estudantil no Brasil e na França, com ocupações de reitorias e indícios de distanciamento de sindicatos e partidos políticos, tem gerado comparações com as manifestações de 68; os protestos pró-direitos humanos em todo o mundo contra a realização das Olimpíadas em Pequim; a corri-da à Presidência de Barack Obama, com a possibilidade dos Estados Unidos elegerem seu primeiro líder negro na Casa Branca; o ressurgimento do interesse por artis-tas como os Mutantes - tudo isso transpira 1968.

Site G1, 10/05/08, com adaptações

Pesquisadores do IBGE começaram, no dia 19/05, a visitar famílias para colher informações que servirão para que o governo planeje gastos e investi-mentos. O IBGE vai visitar 65 mil domicílios no prazo de um ano. As famílias já foram escolhidas com base em dados do censo e serão avisadas por carta. Quem tiver dúvida pode ligar para 0800 721 8181. A pesquisa, feita a cada cinco anos, tem sete ques-tionários desta vez. Num deles, o morador vai dizer o que pensa sobre a própria casa: se está satisfeito, se o tamanho é adequado e até se o vizinho é baru-lhento. Outra novidade é uma espécie de diário da alimentação. Cada integrante da família anota hora, quantidade e o que comeu ou bebeu durante dois dias. Conhecer a fundo os hábitos de consumo e o orçamento doméstico dos brasileiros ajuda o governo a estabelecer políticas públicas na área da saúde e são importantes para a economia do país.Jornal Nacional, (19/05/08)

| nota ZERo | no CRAVo e na FERRADURA| Brasil

| nota DEZ

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Geração de empregos bate recordeA contratação de trabalhadores com carteira assinada bateu novo

recorde no acumulado dos quatro primeiros meses do ano. Segundo dados do Ministério do Trabalho, foram abertas 294.522 vagas em abril, o que representa um aumento de 1% sobre o estoque do mês de março, o recorde anterior. O resultado mensal é o segundo maior já registrado na série histórica, próximo ao recorde de abril de 2007, de 301.991 postos.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostram ainda que nos quatro primeiros meses do ano foram gerados 848.962 novos postos de trabalho, um aumento de 2,93% no ano. Nos últimos 12 meses, verificou-se expansão de 6,29% no emprego formal (o mesmo que 1.764.735 novos postos).

Folha Online, 19/05/08

Enquanto isso...Pesquisa divulgada dia 20 de maio pelo Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada (Ipea) revelou que jovens entre 15 e 24 anos são maioria entre os desempregados no Brasil. Em 2006, 46,6% das pessoas sem trabalho estavam nessa faixa etária. 5% tinham entre 30 e 59 anos. A proporção de moços e moças desempregados supera a taxa de países como México e Argentina. Nos últimos 15 anos, o índice de desemprego da juventude avançou mais do que entre os adultos. Segundo o Ipea, os números se explicam: empresas ainda têm preconceito em admitir funcionários com menos experiência.

Istoé, 28/05/08

Atenta ao dia-a-dia do Banco, em maio de 1997, a ANABB encomendou uma pesquisa para aferir o nível de motivação do funcionalis-mo. Os resultados constataram que, segundo 80% dos entrevistados, os sentimentos que melhor definiam o espírito do corpo funcional eram de mágoa, descrença no futuro e insegu-rança. A consulta envolveu a opinião de 800 funcionários de todo o país. Em novembro de 2007, a ação se repetiu e uma nova pesquisa foi encomendada pela ANABB, em que foram ouvidos mais de mil funcionários lotados em agências. Eles se manifestaram sobre diferen-tes questões, como remuneração, motivação, imagem do BB etc. Um dos pontos de insa-tisfação dos funcionários, levantados nessa pesquisa, foi a política de metas do BB. Mais de 50% dos 1.088 funcionários entrevistados a desaprovam.

O Conselho de Administração do Banco do Brasil aprovou a criação da Diretoria Menor Renda, que atuará com foco nos clientes com renda de até 1 salário mínimo. A nova diretoria vai ampliar o foco estratégico nesse segmento, além de buscar maior sinergia na implemen-tação das estratégias de relacionamento definidas para a menor renda, especializar o de-senvolvimento de produtos e serviços, realizar ofertas adequadas a esse público e aprimorar a eficiência tributária e operacional.

A nova estrutura vai integrar as operações dos Correspondentes Bancários, dos projetos de Desenvolvimento Regional Sustentável – DRS e do Banco Popular do Brasil.

Atualmente, o segmento de menor renda corresponde a 8,3 milhões de correntistas do BB, mais 1,4 milhão de correntistas do Banco Popular do Brasil e 15 milhões de clientes não-correntistas que mantêm algum tipo de relacionamento com o BB.

| no CRAVo e na FERRADURA

| memória

| Banco do BrasilMenor Renda

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TRABALHo

Após 120 anos da Lei Áurea, o trabalho escravopermanece na realidade brasileira

Escravidão:abolição apenas no papel?

por Priscila Mendes

Sair do desemprego e oferecer à família o mínimo de con-dições para sobreviver são alguns dos fatores que levam milhares de trabalhadores a se tornarem reféns do trabalho forçado. Eles deixam a cidade, ou até mesmo o estado onde moram, para não perder uma oportunidade tentadora: um serviço remunerado. Quando descobrem que o trabalho é degradante e o salário não será garantido já é tarde. Longe de casa e sem ter como voltar, o trabalhador acaba se submeten-do às condições precárias condicionadas por empregadores que exploram a mão-de-obra escrava.

Após 120 anos de abolição da escravatura no país, essa ainda é a realidade de muitos brasileiros. Segundo estimati-va da Comissão da Pastoral da Terra, calcula-se que no Brasil entre 25.000 e 40.000 pessoas sejam vítimas de trabalho forçado ou escravo. Os estados mais atingidos são Piauí, Ma-ranhão, Pará e Mato Grosso.

De acordo com a coordenadora do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Andréa Bolzon, as áreas de expansão agrícola e pecuá-ria são as que mais apresentam o problema. “Cerca de 60% dos empregadores que se encontram na ‘lista suja’ são pro-prietários de fazendas de gado”, afirma a coordenadora.

Para coibir a prática, em 2004 o governo criou um cadastro conhecido como “lista suja” no qual os empregadores flagrados explorando mão-de-obra escrava ficam impedidos de obter em-préstimos em bancos oficias do governo e também entram para a lista de empresas pertencentes à “cadeia produtiva do trabalho escravo no Brasil”. No ano seguinte, foi assinado um pacto en-tre empresários, sociedade civil e governo: o Pacto Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo. Articulado pela OIT, pelo Institu-to Ethos e pelo Governo Federal, fazem parte deste acordo gran-des empresas que assumem a responsabilidade de verificar se

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Escravidão:

no início do processo produtivo há uso de mão-de-obra escrava.A iniciativa tem também a intenção de modernizar as rela-

ções de trabalho nas cadeias produtivas dos setores signa-tários, para o cumprimento da legislação trabalhista e previ-denciária e desenvolvimento de ações preventivas da saúde e segurança dos trabalhadores.

CRIME ConTRA A PEssoADiz o artigo 149 do Código Penal Brasileiro: “reduzir al-

guém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitan-do-o a condições degradantes de trabalho, quer restringin-do, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: pena de reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.” A Legislação Trabalhista no meio rural também prevê punição para quem comete esse crime.

O governo brasileiro reconhece que no país há trabalho escravo e desde 1995 desenvolve políticas para a erradica-ção do problema. O país ratificou as convenções da OIT que dispõem sobre a eliminação do trabalho forçado, a de número 29, de 1930, e a 105, de 1957.

Iniciativas como a criação do Grupo Especial Móvel de Fiscali-zação do Trabalho Escravo, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), são importantes para combater o problema. Dados da Se-cretaria de Inspeção do MTE mostram que desde 1995, mais de 28,7 mil trabalhadores foram resgatados. Em 2008 mais de mil homens já foram libertados. Além de auditores fiscais do Traba-lho do MTE, participam do Grupo Móvel procuradores do Ministé-rio Público do Trabalho e a Polícia Federal.

Alguns fatores possibilitam identificar condições de trabalho análogo a de escravo como: cerceamento da liberdade do traba-lhador, não oferecer condições de locomoção ou mantê-lo sob vigilância, obrigá-lo a trabalhar por dívida, submetê-lo a jornadas exaustivas ou a condições de trabalho degradantes.

HERAnçAOs 388 anos de escravidão no Brasil deixaram mar-

cas que até hoje refletem nas condições de trabalho ab-sorvidas pelos negros. Segundo a coordenadora do Nú-cleo de Promoção da Igualdade Racial do Decanato de Extensão da Universidade de Brasília (UnB), Deborah Silva Santos, a abolição da escravatura mudou as rela-ções econômicas, políticas e sociais do Brasil, no entan-to, o agente trabalhador escolhido foi o imigrante euro-

peu, excluindo mais da metade da população nacional, composta por africanos e seus descendentes. “Naquele momento a população negra foi preterida do mercado de trabalho, pois o governo brasileiro não instituiu políticas públicas que viabilizassem o ingresso da população escra-vizada nesse mercado”, ressalta Deborah Santos.

Para a coordenadora do Projeto de Combate ao Traba-lho Escravo da OIT, Andréa Bolzon, a questão do trabalho análogo ao escravo ser basicamente realizado por negros é reflexo da questão social no país. “Dizem que esse tipo de trabalho não escolhe raça. As pessoas aliciadas são pobres e a pobreza no Brasil tem cor. Para isso, basta ver as fotos dos resgates de trabalhadores encontrados nessas condi-ções”, argumenta a coordenadora da OIT.

O Brasil não se desenvolveu apenas no combate ao trabalho escravo, mas também em relação a criação de políticas de ações afirmativas para combater as desigual-dades étnico-raciais. “A definição de uma política nacional de promoção da igualdade racial; a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial; a adoção do sistema de reserva para negros nas universida-des; a alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação que obriga o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica; e ações do Ministério da Educação para apoiar os Núcleos de Estudos Afro-Bra-sileiros em atividades de promoção da igualdade racial são as ações efetivas que podemos contabilizar após 120 anos”, enumera Deborah Santos. Segundo a especialista, essas ações estão fazendo a diferença, mas ainda são pontuais e não têm mudado consubstancialmente a vida da população negra.

Andréa Bolzon Deborah Santos

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BAnCo Do BAnCÁRIo

Ingressei no Banco em julho de 1961 e saí aposentado, em setembro de 1991, portanto, estive ali durante 30 anos e 2 meses, que para mim foram tão prazerosos que o tem-po decorreu como um átimo.

O Banco do Brasil, em que pese a celeridade da auto-mação, está diferente, desfigurado e impessoal, mas prefiro pensar nele como antes: humanitário, pessoal e alegre.

Na década de 1960, o governo federal determinou que os contratos agrícolas, com juros de apenas 7% a.a. (sete por cento ao ano) para o pequeno produtor, fossem majo-rados para 12% a.a. (doze por cento ao ano), a partir de 01.04 próximo. Estávamos em 10.03, em plena entressafra agrícola, e a querida e utilíssima CREAI (Carteira de Crédito Agrícola e Industrial) da nossa agência encontrava-se com centenas de propostas de custeio colhidas e ainda não con-tratadas.

Unanimemente, funcionários e comissionados, com o fito de beneficiar aqueles pequenos produtores rurais, decidem fazer um mutirão de trabalho, para bater todos os contratos e fazê-los “em ser”, dentro daquele mesmo mês, para evitar a majoração dos juros. E assim o fizemos, trabalhando de dia e de noite, inclusive sábados e domingos, sem nenhum ônus para o Banco. Esse era o nosso Banco do Brasil, pessoal e humanitário.

Quanto ao meu Banco alegre, tenho tantas histórias que encheriam todas as páginas desta revista. Desde aquela do

parvo contínuo que cansou de procurar o dossiê do Hospi-tal Regional na letra “O”, até a daquele outro, mais parvo ainda, que dizia ter organizado um fichário “na ordem alfa-bética de números”.

Porém contemos apenas uma. Funcionário de cadastro da agência, colhendo os dados de um agricultor casado para confecção da sua ficha cadastral, pedi-lhe documen-tos que comprovassem o regime do seu casamento. Ale-gando que não portava aquela comprovação no momento, informou-me que traria na próxima segunda-feira.

No dia aprazado, entrou garbosamente na agência, com um pacote debaixo do braço, e postou-se obedientemente na fila do cadastro. Chegando a sua vez, ao tempo que de-senrolava o pacote, foi logo ufanamente me dizendo: “Seu funcionário, aqui está a prova do meu casamento”.

Era uma imensa fotografia, daquelas ovais que se colo-cam na parede da sala, com ele de terno e gravata, a noiva enfeitadamente vestida, com o padre ao lado e todos ainda no altar.

Esse era o meu Banco do Brasil de histórias alegres e jocosas, mas humanitário e útil.

Francisco de Assis BarrosAposentado – ingressou no BB em 1961

BB – Humanitário e alegreQuanto ao meu Banco alegre, tenho tantas histórias que encheriam todas as páginas desta revista

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Aposentei-me em 2006. Para mim há três Bancos: aquele que me deu emprego com carteira assinada, direitos traba-lhistas, casa etc. A ele sou grato. Um outro Banco é o dos colegas. Pessoas com quem convivi durante 30 anos e que foram minha segunda família. Desse Banco tenho saudades. Um terceiro Banco é o atual, com sua política de metas, arro-cho salarial, pressão de chefes. Desse quero distância.

Vivi várias fases no Banco. Quando nele ingressei, em 1976, ainda existia a Conta Movimento. éramos bancários e não vendedores. Tínhamos duas gratificações por ano, abono de cinco dias (cumulativos), promoções de carreira, licença-prêmio, bons salários. Quando foi retirada a Conta Movimento, as coisas pioraram, pois passou-se a exigir que os funcionários vendessem o produto para compensar a perda da Conta Movimento.

Um pouco mais para a frente mexeram no concurso in-terno. Esse concurso era um teste psicológico. Após a mu-dança, ficou mais difícil, uma vez que foram introduzidas várias matérias. Além disso o “sortudo” que conseguisse passar nas provas, só poderia ser promovido se assumisse em agência indicada pela Direção Geral. Assim, as promo-ções foram drasticamente reduzidas.

Lembro-me, por exemplo, quando era presidente do Banco o Sr. Camillo Calazans, da reivindicação de 100% de reajuste, em virtude da defasagem salarial da época. Por isso foi concedida. À noite tal acontecimento foi noticiado na mídia nacional, de forma tendenciosa, passando sutil-

mente a idéia à sociedade de que éramos privilegiados. No dia seguinte o então Ministro da Fazenda, Sr. Maílson da Nóbrega, demitiu da presidência do Banco o Sr. Camillo Ca-lazans, mas teve que manter o reajuste de 100%, pois a Justiça Trabalhista não permitiria retroceder.

Daí para a frente as boas notícias ficaram cada vez mais raras. O cerco foi se apertando até o advento da campa-nha “caça aos marajás”, no fim dos anos 80. Não podíamos fazer reivindicações salariais, pois com a ajuda da grande mídia, a sociedade tinha se posicionado contra nós. Já não éramos simplesmente bancários. Fazíamos parte de uma minoria privilegiada num país de miseráveis.

Faltou-nos moral para lutar por melhorias. Fomos humi-lhados. Chegamos ao absurdo de ficar oito anos sem rea-juste salarial. Anos de chumbo. E assim, a cada golpe que sofríamos, ficávamos cabisbaixos, sem reação, envergo-nhados de nós mesmos até chegar à situação atual em que colegas da ativa, sufocados pelo trabalho até o pescoço, sonham com um desses programas que incentivam a saída de funcionários. Querem ver o Banco o mais longe possível. Termina com ressentimentos uma relação que tinha tudo para terminar com amizade.

Jaime (nome fictício)ingressou no BB em 1976 e aposentou-se em 2006

Três Bancosdo BrasilA cada golpe que sofríamos, ficávamos sem reação, até chegar à situação em que colegas sonham com um desses programas que incentivam a saída de funcionários

PARTICIPE!Envie seu depoimento sobre sua relação com o BB. Envie um e-mail para [email protected] ou uma carta para SCRS 507, bl. A, lj. 15 CEP: 70351-510 Brasília/DF. O assunto deve ser Banco do Bancário.

BAnCo Do BAnCÁRIo

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oPInIão

Só há mudança com coragemDia desses, no caminho para o trabalho, o rádio tocava uma música de Raul Seixas: “Por quem os sinos dobram”. A letra, que fala sobre coragem, me fez refletir. Pensei sobre o mundo que convivemos dia após dia: o nosso trabalho, o meio bancário, as lutas por melhores salários, a defesa de nossas entidades. Parei para analisar cada coisa que vem acontecendo no decorrer dos anos no Banco do Brasil.

No ano passado, o jornal Ação lançou a coluna Banco do Bancário, um espaço para o associado contar sua relação com o Banco. O que pudemos analisar nas histórias já contadas - e nas dezenas que estão na fila para serem publicadas - é que muita coisa mudou. E houve muita mudança para pior.

Cheguei à conclusão que mudanças sempre virão. O que não podemos é ficar de braços cruzados, esperando a “banda pas-sar”. é preciso ter coragem e enfrentar.

Este tem sido um dos meus lemas. A partir do momento que aceitei ser representante do funcionalismo, seja na ANABB ou em qualquer outra entidade, tenho o dever de ter coragem. Nin-guém precisa achar que é fácil, pois não é. Tenho que enfrentar preconceitos, encarar “peixes grandes” que nem sempre tomam atitudes em favor do funcionalismo e, até mesmo, defender ba-talhas árduas, com embates cansativos.

Mas vale a pena. Primeiro, porque sei que posso superar a cada momento e conseguir vitórias. Já conseguimos inúmeras! E como é bom ver que podemos fazer a diferença e contribuir com benefícios para milhares de colegas. Isso é muito gratifi-cante. Segundo, porque eu sei que não estou sozinha. Há muita gente boa representando o funcionalismo, com idéias novas, com iniciativa e com muita coragem. Assim, a cada momento tenho mais força para lutar.

Esta é uma carta de despedida, pois é o último texto que es-crevo como diretora da ANABB. No próximo mês, estarei lutando pelos associados na diretoria da Cassi. Agradeço a todos que

confiaram em mim para mais este desafio. Voltando a falar de música, há outra, de Alessandra Leão,

que diz assim: “Todo começo também é um fim e todo fim é um recomeço”. Começo agora outra fase da minha vida pro-fissional e estou entrando neste desafio com a coragem que sempre guiei meus dias. Não coloco um fim na minha luta pela defesa do funcionalismo, mas penso em um novo co-meço, com outros desafios. Espero contar com todos nesta nova caminhada. E, asseguro, contem sempre comigo.

Um grande abraço,

Denise

Por Quem Os Sinos DobramRaul Seixas

Nunca se vence uma guerra lutando sozinhoCê sabe que a gente precisa entrar em contatoCom toda essa força contida e que vive guardadaO eco de suas palavras não repercutem em nada

É sempre mais fácil achar que a culpa é do outroEvita o aperto de mão de um possível aliado, é...Convence as paredes do quarto, e dorme tranqüiloSabendo no fundo do peito que não era nada daquilo

Coragem, coragem, se o que você quer é aquiloque pensa e fazCoragem, coragem, eu sei que você pode mais

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Denise Lopes ViannaDiretora de Comunicação e Desenvolvimento - [email protected]

Allan Madrilis