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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULFACULDADE DE AGRONOMIA

    DEPARTAMENTO DE PLANTAS DE LAVOURA

    SOJAFatores que afetam o crescimento

    e o rendimento de gros

    Dr. Claudio M. Mundstock

    Prof. Andr Lus Thomas

    Porto Alegre-RS - 2005

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULFACULDADE DE AGRONOMIA

    DEPARTAMENTO DE PLANTAS DE LAVOURA

    SOJAFatores que afetam o crescimento

    e o rendimento de gros

    Dr. Claudio M. Mundstock

    Colaborador Convidado, atuando junto aoDepartamento de Plantas de Lavoura da

    Faculdade de Agronomia da UFRGS. Bolsista doCNPq.

    Prof. Andr Lus ThomasProfessor Adjunto do Departamento de Plantas

    de Lavoura da Faculdade de Agronomia da

    UFRGS.

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    CATALOGAO INTERNACIONAL NA PUBLICAO

    M965m Mundstock, Claudio MrioSoja: fatores que afetam o crescimento e o

    rendimento de gros / Claudio Mrio Mundstock; AndrLus Thomas Porto Alegre : Departamento dePlantas de Lavoura da Universidade Federal do RioGrande do Sul : Evangraf, 2005.

    31 p.

    1. Soja : Gro : Crescimento : Rendimento. I.Thomas, Andr Lus. II. Ttulo.

    CDD: 633.34CDU: 633

    Catalogao na publicao:Biblioteca Setorial da Faculdade de Agronomia da UFRGS

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    SUMRIO

    Apresentao .................................................6

    Estrutura e desenvolvimento da planta .................8

    Sensibilidade ao fotoperodo e temperatura do ar .....14

    Sensibilidade ao acamamento ............................20

    Sensibilidade a reteno foliar ...........................22

    Sensibilidade a falta de gua .............................24

    O rendimento de gros: o enfoque peloscomponentes primrios ....................................28

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    APRESENTAO

    A soja (Glycine max L.) uma planta da famlia dasleguminosas originria da sia (centro de origem na Chi-na, entre as latitudes de 30 a 45N), domesticada hcerca de 4500-4800 anos e cultivada na regio com o

    objetivo de utilizar o gro na dieta humana.A difuso ocorreu inicialmente na Europa em 1739 e

    nos Estados Unidos em 1765. A introduo no Brasil deu-se por volta de 1882 na Bahia, em 1891 em So Paulo eem 1914 no Rio Grande do Sul. A cultura se propagou noRio Grande do Sul, especialmente no municpio de SantaRosa, que foi o plo de disseminao para a regio das

    Misses. At meados da dcada de 1930, esta era a re-gio produtora de soja com a finalidade de utilizar ogro nas propriedades, como fonte de protena na ali-mentao de sunos. A partir da dcada de 1960 surgemas primeiras lavouras comerciais que integraram-se ra-pidamente no sistema de rotao de vero com milho eem sucesso a trigo/cevada/aveia branca ou aps a aveiapreta dessecada utilizada como cobertura no inverno.

    Coincidentemente, a partir daquela dcada, ocorreu gran-de demanda por leo e protena em todo o mundo e asoja expandiu-se diante da avidez do mercado por ali-mento energtico e protico. O aumento da rea culti-vada tambm foi facilitada pela introduo de cultivaresadaptadas s condies de clima do Estado e pela melhoriadas condies qumicas dos solos do RS.

    Os rendimentos de gros nas primeiras lavouras eraminicialmente baixos, mas foram sendo incrementadosgraas a: 1) pesquisa que gerou informaes tcnicassobre o modo de cultivo; 2) aumento no uso de insumos

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    e, 3) melhoria na eficincia do maquinrio agrcola. Amelhoria das condies de solo e de tcnicas de cultivofez com que novas cultivares tambm fossem desenvol-vidas e adaptadas s condies de clima do RS.

    A soja tem caractersticas peculiares na sua adapta-o aos diferentes locais de cultivo, especialmente nareao ao fotoperodo e temperatura do ar da regio,que regulam a poca de florao. Este aspecto muito

    relevante pois determina quanto tempo a planta se de-senvolve no perodo vegetativo, desenvolvimento este quetem alta relao com a produo de gros. Quando aflorao rpida (poucos dias aps a emergncia), aplanta no desenvolve ramos e folhas suficientes paragerarem grande nmero de flores e legumes. Quando aflorao muito retardada, o crescimento vegetativo excessivo e, embora com grande massa verde, gera igual-mente poucos gros. Este balano entre o crescimentovegetativo e reprodutivo um dos principais fatores deproduo da soja e a alterao do seu equilbrio interfe-re na mxima produo de gros.

    O crescimento, desenvolvimento e, conseqente-mente, rendimento de gros resultam da interao en-tre a cultivar utilizada e os fatores do meio decorrente

    da: 1. Sensibilidade ao fotoperodo e a temperatura doar, que induzem o florescimento e determinam o mo-mento da florao. A sensibilidade inerente de relacio-nar ao fotoperodo e a temperatura do ar o inicio doperodo reprodutivo a principal caracterstica para ozoneamento de cultivares. Tambm, dependendo da cul-tivar, expresso o hbito de crescimento (determinadoou indeterminado) que determina se todos os ns daplanta passam a gerar flores quando h o estmulo flo-ral.

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    2. Sensibilidade ao acamamento, que reduz a induo florao ocasionando um desbalano, favorecendo o cres-cimento vegetativo e diminuindo o nmero de legumes.

    3. Sensibilidade a reteno foliar durante o perodode formao de legumes/gros, mantendo a planta emcrescimento vegetativo em detrimento do reprodutivo.

    4. Sensibilidade ao excesso ou falta de gua. O ex-cesso de gua, freqente em anos de precipitao pluvi-

    al intensa, se reflete no excessivo crescimento vegetativo.Ao contrrio, na falta de chuvas, o crescimento vegetativo escasso e a planta no forma suficiente ns no caule eramos, locais estes onde vo ser geradas as flores.Estes aspectos so abordados nesta publicao visandotrazer informaes bsicas sobre o crescimento e desen-volvimento da planta de soja e como eles so modifica-dos pelos fatores do ambiente em que so cultivados.

    * * *

    ESTRUTURA E DESENVOLVIMENTODA PLANTA

    A planta de soja uma dicotilednea cuja estrutura formada pelo conjunto de razes e da parte area. Odesenvolvimento pode ser dividido em dois perodos, ovegetativo, desde a semeadura at o florescimento e oreprodutivo, do florescimento colheita.

    PERODO VEGETATIVO

    Os primrdios das razes e da parte area j se en-contram presentes na semente. Durante a germinao

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    e logo aps a emergncia da plntula ocorre o desenvol-vimento do sistema radicular seminal, o desenrolamentodas folhas primrias (seminais) e o desenvolvimento domeristema apical que dar origem a parte area. Esteconjunto faz com que a plntula passe a absorver nutri-entes do solo e a produzir fotoassimilados para seu cres-cimento e desenvolvimento. Durante a germinao, asemente de soja necessita absorver gua no volume cor-

    respondente a 50% de seu peso para iniciar o processo degerminao. A emergncia ocorre de 7 a 10 dias aps asemeadura, dependendo do vigor da semente, profundi-dade de semeadura, umidade, textura e temperaturado solo. As reservas e nutrientes dos cotildonos (Figura1) suprem as necessidades metablicas da plntula porat 7-10 dias aps a emergncia.

    O crescimento vegetativo da planta se d com base

    na emisso de folhas ao longo do caule, que possui aoredor de 16 a 20 ns, cada qual com folhas trifolioladas,sob condies edafoclimticas adequadas de crescimen-to. Em cada n, na insero do pecolo de cada folhacom o caule, h uma gema axilar meristemtica quetambm ocorre nas inseres dos cotildonos e folhasprimrias com o caule. A gema axilar pode ficar dor-mente ou originar estruturas vegetativas (ramos) oureprodutivas (floreslegumesgros), dotando a plan-ta de soja de grande plasticidade morfolgica.

    O nmero de ramos laterais (as ramificaes) vari-vel de acordo com a cultivar, nutrio mineral,espaamento entre plantas, disponibilidade de gua, tem-peratura e radiao solar. Geralmente o maior ramo sedesenvolve a partir de uma gema localizada na parte

    inferior do caule. Desse ramo podem surgir outros ra-mos secundrios menores. Cada ramo lateral tem estru-tura similar do caule principal e pode gerar outrosramos e flores, alm das folhas.

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    As gemas axilares nas inseres dos cotildonos e dasfolhas uni e trifolioladas (Figura 1) com o caule proporci-onam planta de soja uma grande capacidade de regene-rao. Se o pice do caule for danificado ou quebrado, asgemas axilares remanescentes produziro ramos pois notero mais o efeito inibitrio da dominncia apical. Casoa quebra da planta ocorra abaixo do n cotiledonar noh regenerao, pois abaixo desse n no h gema capaz

    de fazer a planta emitir novos ramos. A gema apical docaule apresenta dominncia sobre as gemas axilares du-rante a fase vegetativa de crescimento.

    A fase de estabelecimento das plantas de funda-mental importncia para a obteno de elevados rendi-mentos de gros, pois determinar o nmero de plantaspor rea e a formao do dossel compostos pelas folhase as diversas ramificaes dos caules.

    Figura 1. Plntula de soja com suas estruturas de cres-cimento.

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    Os altos rendimentos de soja so obtidas quando ocor-re um perodo de 50-55 dias de crescimento vegetativoe acmulo de 400 a 500 g de matria seca da partearea por m2 no florescimento. Neste perodo(vegetativo) formam-se o aparato fotossinttico (folhas)e o nmero potencial de locais (ns do caule e dos ra-mos) com gemas onde poder haver florescimento.

    A nutrio nitrogenada em soja atendida quando

    feita a inoculao da semente com Bradyrhizobium nasemeadura. Os ndulos so visualizados logo aps a emer-gncia da plntula, mas sero efetivos na fixao de N

    2

    apenas 10-14 dias aps esse estdio. No necessrioaplicar fertilizantes nitrogenados para auxiliar o arran-que (estabelecimento) inicial da planta, porque haverum efeito prejudicial sobre a nodulao. As exignciasnutricionais so pequenas e o N mineral do solo capaz

    de suprir as necessidades da plntula at o incio dafixao simbitica. No entanto, doses baixas de at 20kg/ha de N aplicadas na semeadura podem ser utilizadassem prejuzo fixao simbitica.

    PERODO REPRODUTIVO

    A planta de soja entra na fase reprodutiva devido ainduo interativa do fotoperodo (nmero de horas deluz ou escuro) e temperatura do ar. O perodo reprodutivocompreende o florescimento, desenvolvimento dos legu-mes, enchimento de gros e maturao.

    O florescimento inicia nos ns superiores do caule,com posterior surgimento de flores nos demais ns docaule e dos ramos. A defasagem de florescimento, de

    poucos dias, entre os ns, juntamente com adesuniformidade entre flores dentro dos racemos de cadan, fazem com que a planta floresa durante vrios dias.Em decorrncia, ela apresenta boa plasticidade para

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    manter o potencial produtivo (nmero de flores viveis)sob perodos de deficincia hdrica. Durante oflorescimento ocorre acmulo de matria seca e nutri-entes nas partes vegetativas (folhas, pecolos, ramos erazes) (Figura 2), bem como aumenta rapidamente ataxa de fixao de N

    2pelos ndulos.

    A fixao e desenvolvimento de legumes determi-nam o nmero total de legumes por planta, sendo esse o

    componente mais malevel na composio do rendi-mento de gros. Nesse perodo ocorre um rpido cresci-mento do legume, que atinge em torno de 80% de seutamanho final, no incio do enchimento de gros.

    Figura 2. Acmulo de matria seca nos componentes

    da parte area da planta de soja durante seudesenvolvimento. E = emergncia; R2 = plenoflorescimento; R5 = enchimento de gros; e R8 =maturao de colheita. Fonte: Iowa State University,Special Report, n. 53, 1994.

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    O enchimento de gros o perodo de rpido acmulode matria seca e nutrientes nos gros. No incio do pero-do, a planta atinge o mximo ndice de rea foliar, desen-volvimento de razes e fixao de N

    2. No transcorrer do

    mesmo, acelera-se a redistribuio para os gros de nutri-entes minerais, carboidratos e compostos nitrogenadosprovenientes das folhas em senescncia, ramos e caule. Nofinal desse perodo as folhas comeam a amarelar e a cair,

    comeando na parte inferior da planta.A maturao fisiolgica do gro ocorre quando cessa oacmulo de matria seca. Nesse estdio o gro perde acolorao verde, apresenta em torno de 60% de umidade econtm todas as estruturas para originar uma nova planta.Atingida a maturao fisiolgica, as folhas caem, o caule,ramos, legumes e gros vo perdendo umidade e atingema colorao caracterstica de estrutura madura de cada

    cultivar. A maturao de colheita ocorre quando os grosapresentam menos de 15% de umidade.

    As cultivares de soja podem ter hbito de crescimen-to determinado ou indeterminado, que baseado de acordocom caractersticas do pice do caule principal. As cultiva-res de hbito de crescimento determinado tem as plantascom caules terminados por racemos florais; aps o inciodo florescimento, as plantas aumentam muito pouco emaltura. As cultivares de hbito de crescimentoindeterminado no apresentam racemos florais terminaise continuam desenvolvendo ns e alongando o caule, deforma que continuam a incrementar a altura at o finaldo florescimento.

    No Rio Grande do Sul existem cultivares de hbito de-terminado (BRS 154, Fepagro RS-10, Fundacep 44) e

    indeterminado (BRS Macota e CD 216). No h uma com-provao experimental da vantagem de um hbito de cres-cimento sobre o outro quanto ao rendimento de gros.

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    SENSIBILIDADE AO FOTOPERODOE TEMPERATURA DO AR

    A poca em que a planta de soja floresce importantepara o rendimento de gros, pois afeta o balano entre ocrescimento vegetativo e o crescimento reprodutivo. Omelhor equilbrio aquele em que a planta, at oflorescimento, tenha suficiente desenvolvimento da partearea (caule, ramos e folhas) para gerar o maior nmerode legumes capazes de produzir gros.

    O florescimento precoce, quando ocorre em poucassemanas aps a semeadura, no permite que a planta pro-duza suficiente nmero de ramos e folhas e, em decorrn-cia, o nmero de ns de onde so geradas as flores

    extremamente reduzido. Este o caso das semeadurasmuito tardias em que a planta floresce com pouco mais de30 dias e que resultam em baixos rendimentos de gros. Ofenmeno acontece tambm com cultivares superprecocesno adaptadas s condies do sul do Brasil. A falta de guano perodo vegetativo causa problemas semelhantes.

    A situao oposta ocorre com cultivares que retardam

    excessivamente o florescimento e h crescimento vegetativoexagerado. Forma-se um grande nmero de ramos e, emdecorrncia, de ns. Nestes podem se originar flores, maso aborto floral e de legumes vai ser muito elevado, causan-do o desbalano entre o crescimento vegetativo ereprodutivo. Isso acontece com cultivares no adaptadas scondies de fotoperodo e temperatura do local ou em

    semeaduras muito antecipadas, para alguns materiais.A situao exemplificada na Tabela 1 com a soja(cultivar de ciclo mdio) semeada em diferentes pocas(17 de setembro a 5 de janeiro), durante dois anos, em

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    Passo Fundo. No primeiro ano de cultivo ocorreu umavariao de 30 dias para o pleno florescimento e 59 diaspara a maturao de colheita. Mesmo dentro da pocaindicada para a regio (11 outubro a 20 dezembro), houveuma variao de 10 dias para o pleno florescimento e 31dias para a maturao de colheita. No segundo ano, avariao entre pocas, dentro do perodo recomendadofoi de 11 dias, at o florescimento e 35 dias, at a

    maturao.

    Tabela 1. Durao (dias) dos sub-perodos emergnciaat pleno florescimento e emergncia at maturaode uma cultivar de soja de ciclo mdio, em dois anos,para Passo Fundo/RS.

    As variaes entre pocas de semeadura que ocasio-nam ciclos diferenciados causam diferenas nos rendi-mentos de gros entre as cultivares. Por esta razo, nacultura da soja a poca de semeadura rgida dada agrande influncia que tem na produtividade. De uma

    forma geral, para as cultivares em uso no RS, as semea-duras de meados de novembro proporcionam os melho-res rendimentos (Tabela 2) decorrente, principalmente,do que foi exposto anteriormente.

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    Tabela 2. Ciclo e rendimento de gros de cultivar desoja precoce e tardia em funo de trs pocas desemeadura, para Passo Fundo/RS.

    Em decorrncia da forte influncia da poca de se-meadura, um dos primeiros passos para a adaptao dacultura da soja a adequao de cultivares com cicloapropriado s condies de temperatura e comprimento

    do dia (fotoperodo) da latitude da regio de cultivo. Estafoi e tem sido uma das mais rduas tarefas dos melhoristasde modo a selecionar plantas com a caracterstica de in-duzir o aparecimento dos rgos reprodutivos de acordocom os elementos meteorolgicos locais. No Brasil, osgentipos adaptados s faixas de temperatura efotoperodo de cada uma das regies de cultivo (diferen-

    tes latitudes) so sistematicamente testados e utilizadospara o melhoramento de cultivares em programas locais.Os esforos do melhoramento em concentrar os pri-

    meiros trabalhos na anlise da reao ao fotoperodo de-corre do fato da planta de soja ter como caracterstica aresposta ao comprimento do dia (nmero de horas de luzou, mais corretamente, nmero de horas no escuro, numperodo de 24h) para induzir a formao das flores nas

    gemas dos ns do caule e ramos. Os trabalhos experimen-tais no incio do sculo passado, especialmente nos Esta-dos Unidos, levaram a classificar grupos de cultivares desoja de acordo com a reao ao fotoperodo. As cultivares

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    de soja foram agrupadas em 10 (dez) classes dematurao, de 00 a VIII. A faixa de maturao dentro deum mesmo grupo varia de 10 a 15 dias.

    As cultivares do grupo 00 so aquelas que induzem aformao de flores com fotoperodos longos e, por isso,so utilizadas nas maiores latitudes. As cultivares adap-tadas as menores latitudes tem exigncia de fotoperodomenor e pertencem aos grupos superiores.

    Em latitudes como as do Rio Grande do Sul, as culti-vares so classificadas dentro dos grupos VI a VIII, asprimeiras mais precoces e as ltimas mais tardias. Asprimeiras cultivares introduzidas no RS pertenceram aosgrupos V (Hill, Dare), VI (Lee, Hood, Davis, Ogden), VII(Bragg, Ransom) e VIII (Hardee, Hampton).O uso de cultivares de diferentes ciclos a estratgia demanejo mais apropriada para melhor utilizar a estao

    de crescimento. As cultivares mais tardias so preferen-cialmente semeadas no incio e fim da poca indicadapara o RS. J as cultivares precoces so escolhidas parasemeadura em perodo intermedirio da poca indicada.

    A cultivar de soja que tem dependncia absoluta aofotoperodo para que possa florescer, tem necessidadede passar por uma seqncia de dias curtos, para in-

    duzir a formao de flores. Isso se d quando o nmerode horas de luz atinge determinado valor crtico, que varivel para cada grupo de maturao. Se, por exem-plo, o valor crtico de 13 h, a induo s vai acontecerna poca em que comprimento do dia (horas de luz)atingir este valor.

    Por exemplo, o maior comprimento do dia em PassoFundo/RS (latitude de 28 15 S) se d no dia 21 de

    dezembro com aproximadamente 13 h e 48 min de luz.Aps esta data, o nmero de horas (fotoperodo) come-a a decrescer como mostrado a seguir.

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    Em latitudes como as do Planalto Riograndense, a

    variao no fotoperodo de um ms para outro deapenas poucos minutos. Em latitudes maiores como porexemplo no Sul da Provncia de Buenos Aires/Argentina,onde se cultiva soja (latitude de 36-38 S) a variao muito maior de ms para ms.

    Este fato mostra que uma cultivar utilizada para a pro-duo de gros a baixas latitudes (tipo Brasil Central) temmaior faixa de adaptao do que uma cultivar adaptada a

    altas latitudes. Por exemplo, variedades dos grupos 00 e I,exigem fotoperodos mais longos (dias com maior nmerode horas de luz) do que as cultivares dos grupos VII e VIII.Assim, se no RS for semeada no ms de novembro umacultivar do grupo 00 ou 0, provavelmente florescer rapi-damente (passado o perodo juvenil) pois encontra diasmenores (fotoperodo) do que os exigidos e que fazem a

    induo ao florescimento. J uma cultivar do grupo VII eVIII entrar em florescimento mais tardiamente e demora-r mais a encontrar o fotoperodo mnimo exigido, queacontecer no fim do vero ou incio do outono.

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    Se uma cultivar for semeada muito cedo (suponha-mos em setembro) e possui um curto perodo juvenil,pode induzir o florescimento antes de dezembro poisencontrar fotoperodos to curtos (em outubro/novem-bro) que induzem a florao.

    A exigncia por um determinado fotoperodo podeser modificada pela temperatura (especialmente a no-turna). As baixas temperaturas retardam o florescimento,

    possivelmente interferindo na reao ao fotoperodo. Poresta razo, uma mesma cultivar pode ter ciclo vegetativovarivel de ano a ano no mesmo local ou regio pararegio, na mesma latitude. Isto pode ser visto na Tabela1, onde a soja foi cultivada no mesmo local nas mesmaspocas de semeadura, por dois anos.

    A expanso da soja para o Brasil Central foi refreadanos primeiros anos em razo das cultivares testadas naregio terem dependncia obrigatria da reao aofotoperodo para florescerem. A adaptao do ciclo dascultivares para as regies de baixas latitudes, representouum srio problema e a soluo foi buscar gentipos cominsensibilidade ao fotoperodo e com longo perodo juve-nil. Nestas regies com curto fotoperodo, as cultivaressensveis ao comprimento do dia so sempre rapidamente

    induzidas a florescer, passado o perodo juvenil e assimocorreu nas primeiras tentativas de adaptar a soja. As plan-tas sensveis ao fotoperodo mais longo que o encontradonas zonas tropicais apresentavam pequeno desenvolvimen-to, floresciam rapidamente e tinham rendimentos de grosextremamente baixos.

    Uma das principais causas do sucesso da expansoda soja no centro oeste brasileiro foi a criao de culti-vares de longo perodo juvenil e adaptados s tempera-turas da regio permitindo que elas s florescessem quan-do j tivessem um bom desenvolvimento vegetativo.

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    SENSIBILIDADE AO ACAMAMENTO

    A lavoura de soja constituda de uma srie de plan-tas cada uma ocupando teoricamente 0,05 m2(com baseem 200.000 planta/ha). Sobre este espao, cada plantanecessita expandir as razes (no solo) e os ramos comfolhas, na parte rea. A pequena rea ocupada no solo

    faz com que uma planta interfira com as que a rodeiam,cada uma procurando ocupar o espao da outra. A issochamamos de competio intraespecfica.

    Na parte area esta competio d-se, especialmen-te, pela radiao solar. Cada planta procura colocar o maiornmero de folhas em posies privilegiadas a fim de cap-tar a luz solar. Elas fazem isso emitindo ramos e alongan-

    do os entrens dos mesmos. Neste af, debilitam-se algu-mas estruturas da planta, especialmente os entrens, quese tornam frgeis para suportar o peso da folhagem. Asituao pode chegar a um ponto crtico em que os entrensno resistem a fora exercida sobre eles e cedem ao peso,causando o que denominamos de acamamento.

    A competio entre plantas faz com que haja umaequilibrada distribuio das folhas de modo que a radia-

    o solar possa incidir sobre as folhas existentes, em mai-or ou menor intensidade, de forma que estas se mante-nham vivas e em produo. A esse conjunto de folhas ecaules que compem a parte rea, chamamos de dossel.

    A estrutura do dossel muito dinmica ao longo dotempo a medida que novas folhas e ramos se incorporamao mesmo e, ao mesmo tempo, folhas velhas entram

    em senescncia e morrem.Quando o dossel desenvolve-se sob condies nor-mais de ambiente, as plantas equilibram o crescimentovegetativo e reprodutivo resultando num bom ndice de

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    colheita (relao entre peso de gros e o peso de toda amassa seca produzida pela planta).

    Esta relao pode ser alterada em prejuzo produ-o de gros, se ocorrer o acamamento. A principal de-corrncia do acamamento a desorganizao do dosselcom conseqente alterao da distribuio da radiaosolar. Folhas que recebiam plena radiao podem ser som-breadas e vir a senescer. Outras, parcialmente sombrea-

    das, podem, repentinamente, vir a receber alta radia-o solar. Como resultado, a eficincia no uso da radia-o reduzida drasticamente e a produo defotoassimilados cai sensivelmente. Como resultado, a plan-ta enfrenta repentinamente um estresse que afeta tan-to o crescimento vegetativo como reprodutivo. Os efei-tos sobre o rendimento de gros so muito variveisconforme o estdio de desenvolvimento das plantas quan-do ocorre o acamamento (Tabela 3). A maior perda norendimento de gros acontece a partir do incio da for-mao de legumes e essa perda deve-se a diminuio donmero de legumes por planta e no diminuio donmero de gros/legume ou tamanho dos gros.

    Tabela 3. Efeito do acamamento em diferentes estdios

    de desenvolvimento sobre o rendimento de gros de soja.

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    Os gentipos de soja tiveram que ser selecionadosconforme o seu comportamento frente a condies tpi-cas de solo, de clima e de manejo, que afetam profun-damente a sensibilidade ao acamamento. Este fenme-no, muito comum at os dias de hoje, objeto de in-tensas pesquisas genticas para melhorar a estabilidadeda planta at a colheita.

    As causas do acamamento podem ser intrnsecas,associadas gentica de cada cultivar, ou associadas afatores do ambiente e de manejo que podem agravar oudiminuir a tendncia ao acamamento.

    Um dos principais fatores de manejo a densidadede semeadura. O aumento excessivo no nmero de plan-tas, geralmente causa o aumento do acamamento. Asplantas com excesso de populao tornam-se maiores(em estatura), com entrens mais longos e finos. Tam-bm o cultivo em solos com alta fertilidade, com boadisponibilidade hdrica durante todo o ciclo da culturapode levar ao acamamento de muitas cultivares. A se-meadura na primeira quinzena de outubro frequente-mente ocasiona um crescimento vegetativo demasiadoda soja, favorecendo o acamamento.

    * * *

    SENSIBILIDADE RETENO FOLIAR

    Os ns dos caules da planta de soja so os locaisonde so emitidas as folhas. Na insero do pecolo da

    folha com o caule, desenvolve-se a gema axilar que dorigem a ramos ou flores. No ltimo caso, as flores po-dem ou no originar legumes. Quando so gerados oslegumes, a nutrio dos mesmos feita preferencial-

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    mente pelos carboidratos originados daquela folha quese insere no caule junto com os legumes. A esta relaode nutrio entre o local de sntese e o local de utilizaodos carboidratos se chama relao fonte x demanda.Esta relao mtua se estabelece durante todo o perodode formao dos legumes e dos gros at que, quandoestes esto formados, h a senescncia da folha, inicia-da pelo amarelecimento e posterior secagem e queda.

    A senescncia um processo desencadeado na folhaque se caracteriza pela remobilizao das reservas solveisdas clulas que so translocadas para outros rgos da planta,em especial os gros. Isto causa a degradao da clorofila(que d a cor verde das folhas), protenas e outros com-postos sujeitos a degradao enzimtica.

    Ocasionalmente ocorre um desbalano nesta relaoda nutrio entre as folhas e legumes e isso desencadea-

    do por diversas causas e o sintoma comumente chamadode reteno foliar. As folhas e as hastes do caule e dosramos permanecem verdes, sem entrar em senescnciaquando os legumes (gros) j esto formados. Uma dascausas mais comuns a presena de insetos (percevejo,em especial). Estes insetos absorvem a seiva e injetamtoxinas ou outro agente (vrus), que inibe o incio dasenescncia das folhas, que permanecem verdes.

    Outra causa comum que origina a reteno foliar o excessivo crescimento vegetativo quando a poca desemeadura muito antecipada. Neste caso, so forma-dos poucos rgos reprodutivos (legumes/gros) capa-zes de receber os assimilados sintetizados nas folhas.Isto gera um excesso de carboidratos na planta (folhas)e a ausncia de um sinalizador que vai dos gros para as

    folhas, para iniciar o processo de senescncia. Este fe-nmeno facilmente visualizado quando h a removao/queda de legumes que induz a planta a tornar-se maisvegetativa, rompendo o balano reprodutivo/vegetativo.

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    A reteno foliar tambm pode ser originada peladeficincia hdrica no perodo reprodutivo, devido aoaborto de flores e legumes que diminui a demanda porassimilados. O problema pode se acentuar se ocorrerexcesso de chuvas durante a maturao dos legumes. Oexcesso de umidade na maturao pode ocasionar a re-teno foliar, mesmo havendo uma carga normal de le-gumes na planta e no ocorrendo ataque de percevejos.

    Finalmente, a reteno foliar ocorre com mais oumenos intensidade conforme a cultivar utilizada. Algumascultivares de intenso crescimento vegetativo podem terpouca induo reprodutiva e geram poucos legumes. Ou-tras, intrinsecamente, mantm suas folhas verdes por maistempo e este fenmeno pode ser agravado se as condi-es meteorolgicas foram favorveis reteno foliar.

    Um cuidado especial deve ser dado a aplicao de

    produtos que tenham ao sobre longevidade das folhas.Se aplicados muito tardiamente, seus efeitos podem seprolongar at a maturao.

    Quando ocorre a reteno foliar h dificuldades nacolheita (gros secos misturados com folhas e caules commuita umidade), no armazenamento (eleva o teor deumidade dos gros) e comercializao (impurezas).

    * * *

    SENSIBILIDADE A FALTA DE GUA

    A planta de soja tem exigncias hdricas que aumen-

    tam progressivamente com o desenvolvimento da cultu-ra. A demanda mxima no florescimento e incio deformao de legumes, mantendo-se alta at a maturaofisiolgica, como visto na Tabela 4.

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    Tabela 4. Evapotranspirao (EPT) total e mdia di-ria em sub-perodos do ciclo da soja.

    A falta de gua em qualquer estdio de desenvolvi-mento altera a quantidade de massa produzida e, comisso, afeta o balano entre o crescimento vegetativo ereprodutivo.

    No incio do ciclo a deficincia hdrica causa fortereduo da emisso de novos ramos reduzindo, com isso,o nmero potencial de ns que poderiam produzir legu-mes. Neste caso, com melhor disponibilidade de guaaps o florescimento, a planta recupera-se parcialmen-

    te, pois pode emitir e fixar um nmero maior de floresnos ns para produzir legumes, mas sofre da falta denovas folhas para sustentar o enchimento dos gros. Comboa disponibilidade de gua no perodo vegetativo, mascom falta durante o florescimento e incio de formaode legumes caracteriza-se uma situao dramtica paralavoura. Este o perodo mais sensvel da planta faltade gua pois os efeitos se daro sobre o aborto de flo-res, vulos e legumes e, posteriormente, sobre o tama-nho dos gros. Estes efeitos so devidos deficinciahdrica sobre a fotossntese.

    Berlato e Bergamaschi, Sem. Nac. Soja (1979).

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    A tolerncia da planta de soja falta da gua, quan-do comparada ao milho, devida a um conjunto de ca-ractersticas intrnsecas da espcie:

    a) Manuteno de taxa de elongao celular e ativi-dade fotossinttica maiores que o milho com baixos po-tenciais de gua nas folhas, o que permite o crescimen-to e a manuteno das estruturas verdes por certo per-odo de estresse hdrico;

    b) Sistema radicular pivotante que explora o solo auma boa profundidade;c) Rpida recuperao do metabolismo e grande

    quantidade de reservas temporrias nas estruturasvegetativas, o que permite manter o crescimento mes-mo sob regime de estresse;

    d) Perodo de florescimento que pode durar de trsa mais de cinco semanas, dependendo do gentipo e doambiente, e que fundamental para suportar perodosde secas;

    e) Emisso de grande quantidade de flores (deman-das fracas) com aborto de 60-70%, mesmo em condiestimas de cultivo, que proporcionam rendimentos de 4 tde gros por hectare.

    Cada uma destas caractersticas saliente em maior

    ou menor grau de acordo com a base gentica de cadacultivar. Estes caracteres so objeto de estudos em bio-logia molecular visando identific-los, em termos gen-ticos, e incorpor-los em cultivares produtivas, a fim deagregar tolerncia ao estresse hdrico.

    A caracterstica de boa tolerncia falta de gua(melhor do que o milho), permitiu o cultivo em locaisde menor precipitao ou de chuvas irregulares. Issofoi muito importante na sua adaptao s condiesclimticas do RS, especialmente nas regies em que freqente a falta de gua por pequenos perodos du-

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    rante o vero. Mesmo assim, quando a seca coincidecom o perodo de florao e incio do enchimento dosgros, h srios prejuzos ao desenvolvimento da plan-ta e rendimento dos gros. A deficincia hdrica afetao crescimento da planta por restringir a disponibilidadede fotoassimilados, refletindo-se em menor estatura emenor nmero de ns na planta, bem como menor n-mero de ns frteis (que apresentam ao menos um

    legume com um gro bem formado). Isso visualizadona Tabela 5, em que o rendimento de gros diminuibasicamente devido ao menor nmero de legumes fr-teis por planta (sendo este o componente mais plsticodo rendimento) e menor peso de 100 gros. O nmerode gros por legume uma caracterstica gentica poucoafetada por fatores do meio e fica em torno de 2 gros/legume para a maioria das cultivares desenvolvidas noRS.

    Tabela 5. Rendimento de gros, seus componentes ecaractersticas da planta de soja com e sem deficin-cia hdrica (DH).

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    A sensibilidade da planta de soja deficincia hdrica,quando dimensionada em termos de reduo do rendi-mento de gros, tende a aumentar com o avano dociclo da cultura, com sensibilidade mnima durante a fasevegetativa e mxima durante a formao de legumes eenchimento de gros. Entretanto, a ocorrncia de defi-cincia hdrica severa na fase vegetativa pode compro-meter o rendimento de gros devido ao pequeno desen-volvimento vegetativo da planta.

    * * *

    O RENDIMENTO DE GROS: O ENFOQUEPELOS COMPONENTES PRIMRIOS

    Os componentes primrios do rendimento da sojacompreendem:

    1) nmero de plantas por rea;2) nmero de legumes por planta (ou rea)

    3) nmero de gros por legume4) peso do gro

    O rendimento de gros de soja pode ser resumidopela equao a seguir:

    Rendimento de gros de soja = (plantas/m2) x (legu-mes/planta) x (gros/legume) x (peso do gro)

    O nmero de plantas por rea o que apresentamaior possibilidade de controle atravs do manejo e onmero a ser estabelecido determinado pelos traba-lhos experimentais.

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    O nmero de legumes por planta ou rea o compo-nente mais importante quando se busca aumentos no ren-dimento de gros. Isto se deve a grande faixa de variaoque pode ser obtida neste componente, o que garanteparte da plasticidade fenotpica da soja. A quantidade delegumes dependente da quantidade de flores produzidase fixadas durante o perodo reprodutivo da cultura. Ostrabalhos desenvolvidos no Departamento de Plantas de

    Lavoura da Faculdade de Agronomia da UFRGS demons-tram que a soja pode produzir flores para garantir rendi-mentos tericos de at 20.000 kg/ha se todas as floresfossem mantidas e chegassem a maturao produzindogros. Isso no ocorre devido as limitaes impostas pelacompetio temporal entre as estruturas vegetativas ereprodutivas por fotoassimilados, nutrientes e gua. Exis-tem estratgias diferentes entre cultivares, umas emitin-do um grande nmero de flores e abortando at 70% de-las. Outras, emitindo um menor nmero de flores masmantendo-as em maior proporo (Tabela 6). Isto eviden-cia um grande potencial que pode ser alvo de estudos e depossibilidades de aumento no rendimento.

    Tabela 6. Estimativa do potencial de rendimento degros nos estdios fenolgicos da florao e incio do

    enchimento de gros, e rendimento final de gros namaturao de trs cultivares de soja.

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    O nmero de gros por legume, dentre os demaiscomponentes, o que apresenta menor variao entrediferentes situaes de cultivo. Isso demonstra uma uni-formidade do melhoramento gentico na busca de plan-tas com produo de, em mdia, dois gros por legume.No entanto, existe variabilidade entre cultivares encon-trando-se gentipos com 1, 2 e 3 gros. Raras vezes soobservados legumes com 4 gros.

    O peso do gro (tamanho do gro), apresenta valorcaracterstico de cada cultivar (gros maiores ou meno-res). Isto no impede que este varie dependendo dascondies ambientais e de manejo as quais a culturaseja submetida.

    Alm dos componentes primrios a soja apresentauma srie de componentes secundrios do rendimentoque so as caractersticas morfolgicas e anatmicascomo distribuio de vasos condutores, nmero de ns,quantidade de ramificaes e as caractersticas fisiol-gicas como taxa fotossinttica e respirao de cresci-mento. No entanto, os componentes secundrios do ren-dimento acabam tendo efeito sobre os componentes pri-mrios, podendo ser medidos indiretamente por meiodesses.

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    AGRADECIMENTOS

    Os autores agradecem APASSUL (Associao dos Pro-dutores e Comerciantes de Sementes e Mudas do RS) eFundao Pr-Sementes de Apoio Pesquisa pelo apoiofinanceiro para a edio do livro.