pragas da soja

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PRAGAS DA SOJA NO BRASIL E SEU MANEJO INTEGRADO ISSN 1516-7860 Clara Beatriz Hoffmann-Campo Bióloga, PhD Flávio Moscardi Eng° Agr°, PhD Beatriz S. Corrêa-Ferreira Bióloga, PhD Lenita Jacob Oliveira Eng° Agr°, PhD Daniel Ricardo Sosa-Gómez Eng° Agr°, PhD Antonio Ricardo Panizzi Eng° Agr°, PhD Ivan Carlos Corso Eng° Agr°, Msc Décio Luiz Gazzoni Eng° Agr°, Msc Edilson Bassoli de Oliveira (in memorian)

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Manejo integrado de pragas na soja;Inimigos naturais das pragas da soja

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  • PRAGAS DA SOJA NO BRASILE SEU MANEJO INTEGRADO

    ISSN 1516-7860

    Clara Beatriz Hoffmann-CampoBiloga, PhD

    Flvio MoscardiEng Agr, PhD

    Beatriz S. Corra-FerreiraBiloga, PhD

    Lenita Jacob OliveiraEng Agr, PhD

    Daniel Ricardo Sosa-GmezEng Agr, PhD

    Antonio Ricardo PanizziEng Agr, PhD

    Ivan Carlos CorsoEng Agr, Msc

    Dcio Luiz GazzoniEng Agr, Msc

    Edilson Bassoli de Oliveira(in memorian)

  • Embrapa Soja. Circular Tcnica, 30 ISSN 1516-7860

    comit de publicaes

    CLARA BEATRIZ HOFFMANN-CAMPOPresidente

    ALEXANDRE JOS CATTELANALEXANDRE LIMA NEPOMUCENO

    FLVIO MOSCARDIIVANIA APARECIDA LIBERATTI

    LO PIRES FERREIRAMILTON KASTER

    NORMAN NEUMAIERODILON FERREIRA SARAIVA

    tiragem

    5000 exemplaresDezembro/2000

    diagramao

    HLVIO BORINI ZEMUNERNEIDE MAKIKO FURUKAWA SCARPELIN

    Pragas da soja no Brasil e seu manejo integrado / Clara Beatriz Hoffmann-Campo [et al.]. - Londrina: Embrapa Soja, 2000. 70p. -- (Circular Tcnica / Embrapa Soja, ISSN 1516-7860; n.30).

    1.Soja-Praga-Brasil. 2.Praga-Manejo integrado. I.Hoffmann-Campo, Clara Beatriz. II.Moscardi, Flvio. III.Correa-Ferreira, Beatriz Spalding. IV.Sosa-Gmez, Daniel Ricardo. V.Panizzi, Antonio Ricardo. VI.Corso, Ivan Carlos. VII.Gazzoni, Dcio Luiz. VIII.Oliveira, Edilson Bassoli de. IX.Srie. X.Ttulo.

    CDD 633.34970981

    Embrapa 2000Conforme Lei 9.610 de 19.02.98

  • Apresentao

    O Manejo Integrado de Pragas da Soja considerado um dos exemplos mais significativos do mundo, em relao ao impacto econmi-co, ambiental e social, servindo de modelo para outros programas no Brasil e outros pases da Amrica Latina. Aps a adoo parcial ou total do MIP-Soja, uma quantidade enorme de produtos qumicos deixaram de ser aplicados no ambiente e as aplicaes passaram a ter critrios tcnicos, baseados nos nveis de ao, estimados atravs dos dados obtidos no monitoramento das pragas. Sendo assim, o MIP promoveu uma racionaliza-o no controle de pragas, reduzindo substancialmente o volume e mudan-do o perfil dos inseticidas utilizados.

    O programa tem sido atualizado continuamente para atender as demandas do campo na obteno de um produto economicamente competitivo, mas ecologicamente vivel, respondendo aos anseios da sociedade pela preservao ambiental e por alimentos sem contaminao. A expanso da cultura para outras regies, as mudanas nos sistemas de cultivo e a adaptao da fauna a essa nova realidade, so alguns dos desafios mais recentes. Pragas da Soja no Brasil e seu Manejo Integrado fornece subsdios para a correta identificao de pragas tradicionais e daquelas mais recentemente adaptadas cultura da soja. As pragas poten-ciais ou as que atacam, esporadicamente, a soja tambm so descritas e, sempre que possvel, apresentadas em fotos para facilitar o seu reconheci-mento. Alm disso, a circular tcnica mostra os principais avanos das pesquisas, sugerindo o modo mais racional de controle, considerando sempre a preservao dos inimigos naturais, os quais mereceram ateno especial nesta publicao.

    Ao longo dos 27 anos de existncia do MIP-Soja no Pas, inmeras publicaes tcnicas foram lanadas, abordando tecnologias e aspectos especficos relacionados ao manejo de pragas. Os entomologistas da Embrapa Soja, num esforo conjunto, reuniram essas informaes disper-sas para facilitar a luta constante da assistncia tcnica e de agricultores na conduo sustentvel das propriedades rurais.

    Jos Renato Bouas FariasChefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento

    Embrapa Soja

  • ABSTRACT .....................................................................................................7

    INTRODUO ................................................................................................9

    PRAGAS DA SOJA........................................................................................11

    1 PRAGAS QUE ATACAM AS FOLHAS....................................................111.1 Anticarsia gemmatalis (Lep.: Noctuidae) .....................................111.2 Pseudoplusia includens (Lep.: Noctuidae) ...................................141.3 Colepteros desfolhadores...........................................................151.4 Outros organismos que atacam as folhas .....................................17

    2 PRAGAS QUE ATACAM VAGENS E GROS.........................................202.1 Percevejos sugadores de sementes .............................................202.2 Lagartas das vagens ......................................................................262.3 Brocas das vagens.........................................................................26

    3 PRAGAS QUE ATACAM PLNTULAS, HASTES E PECOLOS...........................................................................................273.1 Sternechus subsignatus (Col.: Curculionidae) .............................273.2 Elasmopalpus lignosellus (Lep.: Pyralidae) ..................................303.3 Epinotia aporema (Lep.: Tortricidae) ............................................313.4 Outros insetos que atacam plntulas, hastes

    e pecolos ......................................................................................323.5 Outros organismos que atacam plntulas, hastes

    e pecolos ......................................................................................33

    4 PRAGAS QUE ATACAM AS RAZES DA SOJA .....................................344.1 Cors .............................................................................................344.2 Percevejo-castanho-da-raiz ..........................................................354.3 Outros insetos que atacam as razes .............................................37

    INIMIGOS NATURAIS DAS PRAGAS DA SOJA ..........................................371 PREDADORES ......................................................................................37

    1.1 Hempteros....................................................................................381.2 Colepteros...................................................................................38

    2 PARASITIDES .....................................................................................38

    Sumrio

  • 2.1 Parasitides de lagartas ................................................................402.2 Parasitides de percevejos ...........................................................41

    3 ENTOMOPATGENOS .........................................................................433.1 Vrus...............................................................................................433.2 Fungos...........................................................................................45

    AMOSTRAGEM DAS PRAGAS ....................................................................47

    CONTROLE INTEGRADO E NVEL DE AO ..............................................49

    1 CONTROLE INTEGRADO DAS PRAGAS QUE ATACAM AS FOLHAS ...........................................................................................491.1 Anticarsia gemmatalis ..................................................................491.2 Pseudoplusia includens e outros Plusiinae...................................521.3 Colepteros desfolhadores...........................................................521.4 Outros organismos que atacam as folhas .....................................53

    2 CONTROLE INTEGRADO DAS PRAGAS QUE ATACAM AS VAGENS E GROS...........................................................................532.1 Percevejos.....................................................................................532.2 Lagarta-das-vagens.......................................................................572.3 Broca-das-vagens .........................................................................58

    3 CONTROLE INTEGRADO DAS PRAGAS QUE ATACAM PLNTULAS, HASTES E PECOLOS .....................................................583.1 Sternechus subsignatus ...............................................................583.2 Epinotia aporema ..........................................................................59

    4 CONTROLE INTEGRADO DAS PRAGAS QUE ATACAM AS RAZES .............................................................................................604.1 Cors .............................................................................................604.2 Percevejo-castanho-da-raiz ..........................................................61

    CONSIDERAES FINAIS ...........................................................................61

    AGRADECIMENTOS ....................................................................................62

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...............................................................63

  • The technology of Soybean Integrated Pest Management (Soybean-IPM) was implemented in Brazil in the decade of 1970, and it has been constantly been improved. The decision of pest control is taken based in a group of information concerning to insects presence and density, the occurrence of natural enemies and in the capacity of the crop to tolerate damage. The field scouting, the correct identification of pests and their natural enemies, as well as the knowledge of the stage of the plant development and the injury threshold levels (ITLs) are important components of the Soybean-IPM. Soybean crop is subject to the attack of insects from the germination to maturation. Soon after the germination, in the beginning of the vegetative stage, several insects as the stem borer gall maker (Sternechus subsignatus), the lesser corn stalk borer (Elasmopalpus lignosellus), the white grub complex (Scarabaeoidea) and the burrower brown bug (Scaptocoris castanea and Atarsocoris brachiareae) can cause damage to soybean. The velvetbean caterpillar (Anticarsia gemmatalis), the soybean looper (Pseudoplusia includens) and several other leaf-feeder insects attack the plants, mainly during the vegetative and blooming stage of crop development. The stink bugs (Nezara viridula, Piezodorus guildinii and Euschistus heros), among other species, cause damage to soybean from the pod set to the end of the pod filling. Soybean crop can also be attacked by other species of insects, considered sporadic, whose population increase is determined by climatic alterations, or other factors as the specific production systems of each region. The insect-pest populations are naturally controlled by predators, parasitoids and diseases, known as natural enemies. In spite of the damages caused by insects may be alarming, the preventive application of agrochemicals is not recommended. In addition to the environmental pollution problems, natural enemies can be eliminated and the cost of production can significantly be increased by unnecessary insecticide applications. As part of the Soybean-IPM, several methods can be used to the control of pests. Beside biological and chemical control, crop rotation and the manipulation of the sowing period have been recommended mainly for long cycle insects. The pests and the components of Soybean-IPM will be discussed in the subsequent paragraphs.

    ABSTRACT

  • INTRODUO

    A tecnologia de Manejo Integrado de Pragas da Soja (MIP-Soja) foi implantada no Brasil, na dcada de 1970, e tem sido aperfeioada constantemente. Essa tecnologia orienta na tomada de decises de controle de pragas com base num conjunto de informaes sobre os insetos e sua densidade populacional, na ocorrncia de inimigos naturais e na capacidade da cultura de tolerar os danos. Assim, o monitoramento da lavoura, a identificao correta das pragas e dos inimigos naturais, o conhecimento do estdio de desenvolvimento da planta e dos nveis de ao so importantes componentes do MIP-Soja.

    A cultura da soja est sujeita ao ataque de insetos desde a germinao colheita (Tabela 1). Logo aps a germinao, a partir do incio do estdio vegetativo, vrios insetos como o bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus), a lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosel-lus), os cors (Scarabaeoidea) e os percevejos-castanhos-da-raiz (Scaptocoris castanea e Atarsocoris brachiariae) danificam a cultura. Mais adiante, a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), a lagarta falsa-medideira (Pseudoplusia includens) e vrios outros desfolha-dores atacam as plantas, ocorrendo em maior nmero durante as fases vegetativa e de florao.

    Com o incio da fase reprodutiva, surgem os percevejos suga-dores de vagens e sementes (Nezara viridula, Piezodorus guildinii e Euschistus heros), dentre outras espcies, que causam danos desde a formao das vagens at o final do enchimento dos gros. A soja pode, tambm, ser atacada por outras espcies de insetos, conside-radas pragas espordicas, cujos aumentos populacionais so determinados por alteraes climticas, ou outros fatores, como, por exemplo, os sistemas de produo especficos de cada regio.

    Os insetos-pragas tm suas populaes controladas natural-

  • 1Anticarsia gemmatalis Fo Praga principalEpinotia aporema Fo, Br, Va Secundria, com alguma importncia em reas restritasOmiodes indicatus Fo Secundria, geralmente ocorrendo no final do ciclo da cultura,

    quando a desfolha no importantePseudoplusia includens Fo SecundriaRachiplusia nu Fo SecundriaCerotoma sp. Fo(A), No(L) Secundria, em reas de soja precedida por feijoDiabrotica speciosa Fo(A), Ra(L) Secundria, em reas de soja precedida por milho ''safrinha''Aracanthus mourei Fo, Pe Secundria, ocorrncia no incio do crescimento da soja Maecolaspis calcarifera Fo SecundriaMegascelis sp. Fo SecundriaChalcodermus sp. Fo Secundria, praga regionalmente importanteBemisia argentifolii Fo Secundria, com potencial alto de danoGafanhotos Fo Espordicacaros Fo EspordicaTripes Fj Secundria, importante em reas muito restritas, vetores de

    vrus da queima do broto

    Nezara viridula Va, Se Praga principalPiezodorus guildinii Va, Se Praga principalEuschistus heros Va, Se Praga principalDichelops furcatus Va SecundriaEdessa meditabunda Va SecundriaThyanta perditor Va SecundriaAcrosternum sp. Va SecundriaEthiella zinckenella Va Secundria, com alguma importncia em reas restritasSpodoptera latifascia Va EspordicaSpodoptera eridania Va EspordicaMaruca testulalis Va Espordica

    Sternechus subsignatus Ha Praga regionalmente importanteElasmopalpus lignosellus Ha Espordica, usualmente importantes em anos com prolongado

    perodo seco, na fase inicial da culturaMyochrous armatus Ha EspordicaBlapstinus sp. Pl, Ha EspordicaPiolhos-de-cobra Pl, Pp Secundria, importante em reas de semeadura diretaCaracis e lesmas Pl, Co, Fj Secundria, importantes em reas de semeadura direta

    Phyllophaga spp. (Cors) Ra Praga regionalmente importante Scaptocoris castanea Ra Praga regionalmente importanteCochonilhas-da-raiz Ra Secundria, importantes em reas de semeadura direta

    TABELA 1. Pragas da soja, parte da planta atacada e sua importncia relativa.

    InsetoParte

    da plantaatacada

    Importncia

    1 Br = brotos; Co = cotildones; Fj = folhas jovens; Fo = folhas; Ha = hastes; No =ndulos; Pe = pecolos; Pl = plntulas; Pp = plantas pequenas; Ra = razes; Se = sementes; Va = vagens.

    (A) = adulto, (L) = larva.

    10

  • mente por predadores, parasitides e doenas, conhecidos como inimigos naturais. Apesar de os danos causados por insetos serem, em alguns casos, alarmantes, no se recomenda a aplicao preven-tiva de produtos qumicos. Alm do problema de poluio ambiental, pode ocorrer a eliminao de inimigos naturais e as aplicaes des-necessrias podem elevar significativamente o custo de produo.

    Como parte do MIP-Soja, vrios mtodos como o biolgico e o qumico podem ser utilizados para o controle das principais pragas. Alm disso, a rotao de culturas e a manipulao da poca de semeadura tm sido recomendadas principalmente para insetos de ciclo longo. As pragas e os componentes do MIP sero discutidos na seqncia.

    PRAGAS DA SOJA

    1 PRAGAS QUE ATACAM AS FOLHAS

    1.1 Anticarsia gemmatalis (Lep.: Noctuidae)

    A lagarta-da-soja encontrada em todos os locais de cultivo, sendo o desfolhador mais comum da soja no Brasil. Costuma atacar as lavouras a partir de novembro, nas regies ao Norte do Paran, e a partir de dezembro a janeiro no Sul do Pas, podendo causar desfolhamento, que pode chegar a 100%.

    A mariposa (Fig. 1a) possui colorao cinza, marrom ou bege, na maioria das vezes apresentando uma listra transversal escura ao longo das asas, unindo as pontas do primeiro par de asas. O processo reprodutivo, incluindo o acasalamento e a oviposico, ocorre noite.

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  • FIG. 1. Anticarsia gemmatalis: (a) mariposa, (b) ovos, (c) lagarta, 3 nstar, (d) lagarta, forma verde, (e) lagarta, forma preta, (f) pupa

    a

    c

    e

    b

    d

    f

    12

  • Os ovos (Fig. 1b) so depositados isoladamente, na parte inferior das folhas, no caule, nos ramos e nos pecolos com maior concentrao nos teros mdio e inferior das plantas. Tm a colora-o verde clara assim que depositados e, com o passar do tempo, podem se tornar acinzentados e, posteriormente, marrom escuro, prximo ecloso das larvas. O perodo de incubao de, aproxi-madamente, trs dias e cada fmea tem capacidade para colocar at 1000 ovos; cerca de 80% so depositados nos primeiros oito a dez dias de vida. A longevidade das fmeas de, aproximadamente, 20 dias.

    Nos dois primeiros nstares (Fig. 1c), as lagartas, na mdia medem 3 e 9mm, respectivamente, e apresentam os dois primeiros pares de falsas pernas vestigiais no abdmen. Se locomovem medindo palmos, podendo ser confundidas com as lagartas falsas-medideiras. Nesses dois nstares, as lagartas raspam o parnquima foliar; somente a partir do terceiro nstar conseguem perfurar as folhas. A fase larval tem a durao de 12 a 15 dias e as lagartas podem consumir cerca de 100 a 150cm de rea foliar; aproximadamente

    o o96% desse consumo ocorre do 4 ao 6 nstares larvais.

    A lagarta (Fig. 1d) apresenta colorao geral verde, com estrias longitudinais brancas sobre o dorso. Em condies de alta popula-o, ou escassez de alimento, a lagarta torna-se escura (Fig. 1e), mantendo as estrias brancas. Possui quatro falsas pernas, no abd-men, e passa por seis nstares larvais, podendo atingir 40mm de comprimento. Quando a lagarta pra de se alimentar no ltimo nstar larval, entra na fase de pr-pupa, que dura de um a dois dias. A lagarta empupa no solo, numa profundidade de at 2cm. A pupa recm formada tem colorao verde-clara, tornando-se, posteriormente, marrom escura e brilhante (Fig. 1f). A fase de pupa dura nove a dez dias, quando emergem as mariposas.

    13

  • 1.2 Pseudoplusia includens (Lep.: Noctuidae)

    O adulto da lagarta falsa-medideira (Fig. 2a) apresenta a colora-o marrom acinzentada, com duas manchas prateadas no primeiro par de asas; em repouso, as asas da mariposa formam um ngulo de, aproximadamente, 90 graus. O acasalamento ocorre noite e os ovos so depositados individualmente, a maioria na face inferior das folhas. A fmea vive, aproximadamente, 15 dias e capaz de colocar mais de 600 ovos, durante o seu perodo de vida.

    A lagarta (Fig. 2b) apresenta colorao verde-clara, com linhas olongitudinais esbranquiadas no dorso, podendo, no 6 nstar, medir

    35mm. Possui apenas dois pares de falsas pernas abdominais, movimentando-se arqueando o corpo como se estivesse medindo palmos. O ciclo da falsa-medideira pode durar cerca de 15 dias e, durante esse perodo, pode consumir at 200cm de rea foliar da

    FIG. 2. Pseudoplusia includens: (a) mariposa, (b) lagarta, (c) pupa

    a b

    c

    14

  • soja. Como essa lagarta no consome as nervuras da folha, o desfo-lhamento apresenta um aspecto rendilhado. Na fase de pupa, de cor verde, o inseto forma uma teia sob as folhas de soja, dobrando-as. Nesse local, a pupa permanece at a emergncia do adulto (Fig. 2c).

    No Brasil, alm de P. includens, outras espcies de Plusiinae, como Rachiplusia nu, podem ocorrer associadas A. gemmatalis. Embora essas lagartas tenham sido abundantes no incio da implan-tao do MIP-Soja, atualmente, ocorrem em alta populao no sul do Maranho e, eventualmente, causam dano econmico na Regio Sul do Rio Grande do Sul.

    1.3 Colepteros desfolhadores

    1.3.1 Aracanthus mourei (Col.: Curculionidae)

    Surtos de A. mourei tm ocorrido na cultura da soja nos esta-dos do Paran e do Mato Grosso do Sul. O adulto (Fig. 3a) conheci-do como torrozinho por ter aparncia de partculas de solo aderidas aos litros. O inseto tem ocorrido em alta populao, principalmente na fase inicial do desenvolvimento da cultura e vem causando problemas a algumas lavouras no Paran, desde as duas ltimas safras. O besouro pequeno e mede 4,6mm e ao se alimentar, A. mourei causa serrilhado caracterstico nas bordas das folhas. O ataque inicial ocorre nas bordaduras da lavoura, podendo causar destruio da parte area da soja, comeando pelas folhas. Em casos extremos, o inseto pode atingir os pecolos.

    1.3.2 Maecolaspis calcarifera (Col.: Chrysomelidae)

    Populaes altas desse inseto ocorreram no Paran, em Gois e no Mato Grosso, em safras passadas, porm o inseto raramente atinge o nvel de dano. Adultos de M. calcarifera (Fig. 3b) se alimentam das folhas da soja e medem 5mm. Tem colorao geral verde-metlica, apresentando sulcos e pontuaes em toda a extenso do corpo. Os ovos tm tamanho inferior a 1 mm e so de cor branca amarelada. A larva pode medir at 7mm, apresentando cor branca acinzentada.

    15

  • FIG. 3. Colepteros desfolhadores: (a) Aracanthus mourei, (b) Maecolaspis calcarifera, (c) Diabrotica speciosa, (d) Cerotoma sp.

    a

    c

    b

    d

    1.3.3 Diabrotica speciosa (Col.: Chrysomelidae)

    O adulto do inseto popularmente conhecido como patriota pela sua cor verde, com manchas amarelas ou alaranjadas sobre os litros. Alimenta-se de folhas e, como geralmente ocorrem em alta populao, tem preocupado agricultores nas regies Oeste e Sudoeste do Paran. Os adultos de D. speciosa (Fig. 3c) medem 4,5mm. A postura realizada no solo, com cerca de 30 ovos/massa. As larvas so de cor amarela plida, tendo o trax, a cabea e as patas torcicas pretas. Alimentam-se de razes de plantas cultivadas e plantas daninhas. A fase de pupa ocorre dentro de um casulo, no solo.

    1.3.4 Cerotoma sp. (Col.: Chrysomelidae)

    Surtos de Cerotoma sp. tm ocorrido nas regies Oeste e Sudoeste do Paran, principalmente em lavouras de soja precedidas

    16

  • 1.3.5 Megascelis sp. (Col.: Chrysomelidae)

    O crisomeldio desfolhador na fase adulta quando apresenta cor verde metlica e mede cerca de 5mm. O abdmen afilado sendo o trax ainda mais estreito. Surtos desse inseto causaram grande preocupao aos produtores de sementes do sul do Estado do Mato Grosso, nas safras de 1983/84 at 1989/90. Sua ocorrncia tambm foi registrada em So Paulo. polfago e, alm da soja, alimenta-se de hortalias, feijo, milho e carrapicho. Os adultos dani-ficam as folhas sem, geralmente, comprometer a produo da soja.

    1.4 Outros organismos que atacam as folhas

    Os tripes (Thysanoptera) ocorrem principalmente no Estado do Paran. So insetos pequenos, medindo de 1 a 2mm de compri-mento, de cor marrom ou preta, que, em anos secos, podem atingir altas populaes. Raspam as folhas da soja, que tornam-se pratea-das aps o ataque, mas geralmente no causam redues de produ-tividade da cultura. Porm, a situao se agrava, em algumas regies, com a transmisso de viroses s plantas, especialmente, a do vrus causador da doena queima-do-broto (Fig. 4a), transmitido principalmente por espcies de Frankliniella.

    de feijo. Embora ocorram em populaes muito altas, sua capacida-de de causar dano soja pequena. Os adultos de Cerotoma sp. (Fig. 3d) apresentam colorao geral bege, com quatro manchas marrom escuras, duas grandes e duas pequenas, em cada litro e medem cerca de 5mm de comprimento. Nessa fase, alimentam-se das folhas da soja. Os ovos medem 0,8mm, tm formato ovalado e permane-cem em incubao por cerca de 10 dias. A larva branca, com a cabea preta, podendo medir at 10mm. Nessa fase, que dura entre 20-25 dias, alimentam-se dos ndulos de rizbio, diminuindo a disponibilidade de nitrognio e podendo afetar negativamente a produo de gros.

    17

  • ab

    c

    d eFIG. 4. (a) Sintoma da virose queima-do-broto, causada por tripes, (b) larva de

    Omiodes indicatus, (c) adulto da mosca branca, Bemisia argentifolii, (d) sintoma de ataque de caros, (e) gafanhotos.

    Foto

    : E

    mb

    rap

    a H

    ort

    ali

    as

    18

  • Na safra 1998/99, altas populao de Omiodes indicatus (Lep.: Pyralidae) foram observadas no norte do Paran, no Maranho e em Roraima. A lagarta para se abrigar, enrola ou une folhas de soja atravs de fibras muito finas de cor branca, secretadas pelo inseto. Alimenta-se apenas do parnquima das folhas, evitando a sua destruio. A mariposa de colorao alaranjada e apresenta pontos pretos nas asas. A lagarta (Fig. 4b) tem colorao verde escura, aspecto oleoso e mede, ao final da fase larval, entre 12 e 15mm. A pupa marrom e permanece no abrigo construdo pela lagarta at a emergncia do adulto.

    Desde a safra 1995/96, tm sido constatadas populaes elevadas da mosca branca, Bemisia argentifolii (Hom.: Aleyrodidae) (Fig. 4c), em algumas lavouras de soja no Paran, em So Paulo e no Mato Grosso. As ninfas liberam grande quantidade de substncia aucarada, possibilitando o crescimento de fumagina sobre as folhas que, tornando-se pretas, absorvem muita radiao solar, provocan-do queima e queda das folhas da soja. Essa praga ocorre, tambm, em vrias outras culturas, podendo ser limitante para a produo da soja.

    Em alguns anos, so observados surtos de caros (Acarina), principalmente o branco (Polyphagotarsonemus latus) e o rajado (Tetranychus urticae) em lavouras de soja. Esse artrpode diminu-to, suga a seiva das folhas e pecolos de plantas novas. Com a evolu-o do dano (Fig. 4d), as folhas ficam amarelas. Se o ataque for muito intenso, as folhas podem cair e, desse modo, diminuir a capacidade fotossinttica das plantas.

    Embora a preferncia alimentar dos gafanhotos recaia sobre as gramneas, a espcie Rhammatocerus schistocercoides (Ort.: Acrididae) tem sido observada causando danos soja, no Cerrado. No Mato Grosso, o problema mais srio, onde o inseto infesta lavouras e pastagens desde Vilhena (RO) at a divisa com Gois. Como o inseto gregrio, facilmente a populao atinge 500 inse-

    19

  • 2tos/m , podendo causar desfolhamento de at 100%, principalmente nas bordaduras da lavoura. Esporadicamente, gafanhotos (Fig. 4e), cuja espcie no foi ainda identificada, tm sido constatados causan-do problemas soja no Estado de Tocantins e nas regies norte, centro-oeste e oeste do Paran.

    2. PRAGAS QUE ATACAM VAGENS E GROS

    2.1 Percevejos sugadores de sementes

    Os percevejos, em geral, so responsveis por reduo no rendimento e na qualidade da semente, em conseqncia das picadas e da transmisso de molstias, como a levedura Nematospora coryli. Os gros atacados ficam menores, enrugados, chochos e tornam-se mais escuros (Fig. 5). A m formao das vagens e dos gros provoca a reteno das folhas das plantas de soja, que no amadurecem na poca da colheita. Assim, o complexo de percevejos constitui o maior risco cultura. Causam danos irreversveis soja, alimentando-se diretamente dos gros desde o incio da formao de vagens. As trs espcies mais importantes so: Nezara viridula, Piezodorus guildinii e Euschistus heros.

    FIG. 5. Gros danificados por perce-vejos fitfagos.

    20

  • Na implantao do MIP-Soja, o percevejo verde, N. viridula, era considerada a espcie mais abundante. Porm, atualmente mais comum apenas na Regio Sul do Brasil. Devido sua menor adapta-o a climas mais quentes, no se expandiu para a Regio Central com a mesma intensidade que E. heros e P. guildinii. O adulto totalmente verde (Fig. 6a), com tamanho entre 12 e 15mm, podendo sobreviver at 70 dias. Os ovos (Fig. 6b) so amarelos e depositados, normalmente, na face inferior das folhas, em massas regulares de 50-100 ovos semelhantes a colmias.

    o oAs ninfas, que no 1 (Fig. 6c) e 2 nstares medem 1,3 e 3,1mm, apresentam colorao preta e manchas brancas sobre o dorso, permanecendo agregadas e, praticamente, no causam danos

    FIG. 6. Nezara viridula: (a) adulto, (b) ovos, (c) ninfas recm-eclodidas, (d) ninfas de 5 nstar.

    a

    c

    b

    d

    2.1.1 Nezara viridula (Hem.: Pentatomidae)

    21

  • oplanta. A partir do 3 nstar, as ninfas passam a alimentar-se dos gros ode soja, com intensidade crescente, at o 5 e ltimo nstar (Fig. 6d),

    quando medem 9mm. O perodo ninfal pode durar entre 20 e 25 dias.

    Essa espcie polfaga e no Norte do PR completa trs gera-es em soja, de dezembro a abril. Posteriormente, utiliza vrias plantas hospedeiras, em seqncia at completar seis geraes e, novamente, colonizar a soja. No sul do Paran, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, aps a colheita da soja, o percevejo verde hiberna sob casca de rvores, ou outros abrigos, trocando de cor, passando de verde para castanho arroxeado.

    2.1.2 Piezodorus guildinii (Hem.: Pentatomidae)

    O percevejo verde pequeno, P. guildinii tem ampla distribuio geogrfica, ocorrendo desde a regio tradicional de cultivo da soja (RS, SC e PR) at as regies de expanso recente do Norte e Nordeste do Pas. O adulto (Fig. 7a) um percevejo de, aproximadamente, 10mm de comprimento, de cor verde amarelada. Apresenta uma listra transversal marrom avermelhada na parte dorsal do trax prxima da cabea (pronoto). Os ovos (Fig. 7b) so pretos, coloca-dos em fileiras pareadas, em nmero de 10 a 20 por postura. Preferencialmente, os ovos so depositados nas vagens, mas podem ser encontrados tambm na face ventral ou dorsal das folhas, no caule e nos ramos.

    As ninfas recm-eclodidas (Fig. 7c) medem apenas 1mm, possuem comportamento gregrio, permanecendo prximas postura. Os danos causados pelas ninfas aumentam de intensidade

    o ocom o desenvolvimento do inseto, prejudicando a soja do 3 ao 5 nstar (Fig. 7d), atingindo 8mm. Estudos recentes sugerem que o percevejo pequeno prejudica mais a qualidade das sementes e causa mais reteno foliar soja do que os demais percevejos.

    22

  • FIG. 7. Piezodirus guildinii: (a) adulto, (b) ovos, (c) ninfas recm-eclodidas, (d) ninfas de 5 nstar.

    a

    c

    b

    d

    Essa espcie menos polfaga que N. viridula e, em intensida-de baixa, se reproduz em plantas hospedeiras alternativas, como o guandu. No vero, P. guildinii completa trs geraes na soja e, posteriormente, se dispersa para outras hospedeiras, como as anileiras.

    2.1.3 Euschistus heros (Hem.: Pentatomidae)

    O percevejo marrom E. heros que nativo da Regio Neotropical (Amrica Tropical), est bem adaptado aos climas mais quentes, sendo mais abundante do norte do Paran ao Centro Oeste do Brasil. O adulto (Fig. 8a) um percevejo marrom-escuro, com dois prolongamentos laterais do pronoto, em forma de espinhos; a longevidade mdia dos adultos de 116 dias. Os ovos (Fig. 8b) so

    23

  • depositados em pequenas massas de cor amarela, normalmente, com 5-8 ovos por massa, apresentando mancha rsea, prximo ecloso das ninfas. So colocados, principalmente, nas folhas ou nas vagens da soja. As ninfas recm-eclodidas (Fig. 8c) medem 1mm e permanecem sobre os ovos, causando danos s sementes de soja do

    o o3 ao 5 nstar (Fig. 8d), quando atingem tamanho de 5 e 10mm, respectivamente.

    E. heros o menos polfago dentre os percevejos mais impor-tantes da soja. Durante a safra dessa cultura, tem trs geraes, podendo se alimentar tambm de amendoim-bravo. Aps a colheita da soja, alimentando-se de outras plantas hospedeiras, completa a quarta gerao e entra em dormncia (diapausa) na palhada da cultura anterior, onde se protege da ao dos parasitides e preda-

    FIG. 8. Euschistus heros: (a) adulto, (b) ovos, (c) ninfas recm-eclodidas, (d) ninfas de 5 nstar.

    a

    c

    b

    d

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  • dores. Nesse perodo, que dura aproximadamente sete meses, no se alimenta mas, consegue sobreviver das reservas de lipdios que foram armazenadas antes da diapausa.

    Outras espcies de percevejos da famlia Pentatomidae so encontradas atacando os gros da soja, em menor abundncia. Dentre elas, esto o Dichelops furcatus (Fig. 9a), Edessa meditabun-da (Fig. 9b), Thyanta perditor (Fig. 9c) e espcies do gnero Acrosternum (Fig. 9d). Esses insetos, isoladamente, no chegam a formar populaes que ameacem a produtividade e a qualidade da soja, porm seus danos acumulam-se aos das espcies principais (N. viridula, P. guildinii e E. heros).

    2.1.4 Outros percevejos

    FIG. 9. Adultos dos percevejos: (a) Dichelops furcatus, (b) Edessa meditabun-da, (c) Thyanta perditor (d) Acrosternum sp.

    a

    c

    b

    d

    25

  • 2.2 Lagartas-das-vagens

    As lagartas-das-vagens tm ocorrido esporadicamente e as mais freqentes na cultura da soja so Spodoptera latifascia e S. eridania (Lep.: Noctuidae) que, alm de vagens e gros, podem se alimentar de folhas. As mariposas de S. latifascia depositam os ovos em massas sobre as folhas. Aps a ecloso, as lagartas (Fig. 10a) possuem cor geral marrom, modificando a colorao para preta, com listras longitudinais brancas e marrons. Posteriormente, tor-nam-se preto brilhante com 16 pontuaes douradas sobre o dorso, distribudas em duas linhas longitudinais alaranjadas. A lagarta de S. eridania (Fig. 10b) pode medir 50mm de comprimento, apresentan-do cor geral castanha a cinza escura, com trs listras longitudinais sobre o dorso. O adulto uma mariposa de cor cinza, com uma mancha preta no primeiro par de asas.

    2.3 Brocas-das-vagens

    Surtos espordicos de Maruca testulalis (Lep.: Pyralidae) tm ocorrido no centro-oeste do Paran, no sul e oeste de So Paulo e do Mato Grosso, em decorrncia de fatores climticos que favorecem o aumento das populaes. A larva (Fig. 10c) broqueia vagens, axilas, hastes e pecolos da soja, podendo eventualmente, danificar inflo-rescncias, apresentando hbitos e danos semelhantes aos da broca-das-axilas (item 3.3).

    A broca-das-vagens (Fig. 10d), Etiella zinckenella (Lep.: Pyralidae), tem colorao amarela esverdeada ou azulada, com manchas negras na poro anterior do corpo, medindo cerca de 20mm de comprimento. Enquanto se alimenta, a lagarta penetra nas vagens e consome os gros de soja. No processo de alimentao, a mesma lagarta pode danificar diversas vagens.

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  • FIG. 10. Lepidpteros que atacam as vagens: lagartas-das-vagens (a) Spodoptera latifascia, (b) Spodoptera eridania; brocas-das-vagens: (c) Maruca testulalis, (d) Etiella zinckenella.

    a

    c

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    3 PRAGAS QUE ATACAM PLNTULAS, HASTES E PECOLOS

    3.1 Sternechus subsignatus (Col.: Curculionidae)

    O tamandu ou bicudo-da-soja um inseto que vem ganhando importncia pelos danos que tem causado s lavouras de vrios municpios do Paran, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Tem ocorrido com maior intensidade, desde 1984, principalmente, onde realizado o cultivo mnimo e a semeadura direta. Mais recentemente, vem causando dano soja em lavouras em todo o oeste da Bahia, alm de algumas lavouras nos estados de Gois, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul.

    O adulto raspa o caule e desfia os tecidos no local do ataque. Quando a populao alta e ocorre na fase inicial da cultura, o dano

    27

  • irreversvel e as plantas morrem (Fig. 11a), podendo haver perda total de parte da lavoura. Quando o ataque acontece mais tarde e as larvas se desenvolvem na haste principal, formando galhas, a planta pode quebrar pela ao do vento e das chuvas (Fig. 11b).

    FIG. 11. Danos de Sternechus subsignatus: (a) plantas mortas pelo adulto, (b) galha, dano causado pelas larvas.

    a b

    O adulto (Fig. 12a) mede 8mm de comprimento, preto com listras amarelas, formadas por pequenas escamas, no dorso da cabea e nos litros (asas duras). Para realizar a postura, a fmea faz um anelamento, cortando todo o crtex (casca) da haste principal. Os ovos, de colorao amarela (Fig. 12b), so postos em orifcios, na regio do anelamento, e protegidos pelas fibras do tecido cortado. Eventualmente, ovos podem ser depositados nos ramos laterais e nos pecolos.

    Na fase ativa, isto , enquanto se alimentam, desde a ecloso, as larvas (Fig. 12c) ficam no interior da haste principal, na regio do anelamento. medida que crescem, ocorre engrossamento do caule, formando uma galha (Fig. 12d), estrutura constituda externa-mente por tecidos ressecados. O perodo larval dura, aproximada-mente, 25 dias.

    oNo 5 e ltimo nstar, aps completar o seu desenvolvimento no interior da galha, a larva movimenta-se para o solo, onde hiberna

    28

  • FIG. 12. Sternechus subsignatus: (a) adulto, (b) ovos, (c) larva, (d) galha (e) larva hibernante, (f) pupa.

    a

    c

    e

    b

    d

    f

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  • em cmaras (Fig. 12e), geralmente entre 5cm e 10cm de profundida-de, podendo, entretanto, ser encontrada at em 25cm. A larva hiber-nante no se alimenta e, quando perturbada ou exposta ao sol, se movimenta muito, apresentando fototropismo negativo. A pupa (Fig. 12f) de cor branca amarelada, do tipo livre; quando vista dorsal-mente mostra os primrdios das asas. O perodo pupal mdio de 17,2 dias.

    3.2 Elasmopalpus lignosellus (Lep.: Pyralidae)

    A broca-do-colo ou lagarta elasmo (Fig. 13a) corta e broqueia o colo da planta, no incio do desenvolvimento da soja e, desse modo, causa reduo no estande de plantas. O inseto possui hbito polfa-go, alimentando-se de plantas cultivadas ou silvestres, em especial gramneas e leguminosas. Prefere solos arenosos e, para o seu estabelecimento na lavoura, necessita de um perodo de seca pro-longado durante, as fases iniciais da cultura. Inicia o ataque logo aps a germinao da soja, o qual pode se estender por 30-40 dias. Os ovos so colocados sobre a planta ou no solo, ocorrendo a ecloso em dois ou trs dias.

    As larvas medem at 16,2mm, possuem colorao branca esverdeada a amarelada, com faixas transversais marrom ou mar-rom avermelhada. A larva penetra na planta logo abaixo do nvel do solo, onde cava uma galeria ascendente na haste. Junto ao orifcio de entrada, as larvas tecem casulos cobertos com excrementos e partculas de terra. As plantas atacadas podem morrer imediatamen-te ou sofrer danos, posteriormente, sob a ao de chuvas, vento ou implementos agrcolas. A mesma lagarta pode atacar at trs plantas durante o seu ciclo vital. A pupa apresenta colorao inicial amarela-da ou verde, nos segmentos abdominais, passando a marrom e, logo antes da ecloso do adulto, assume a colorao preta. O adulto uma mariposa pequena de cor cinza amarelada, com cerca de 20mm de envergadura.

    30

  • 3.3 Epinotia aporema (Lep.: Tortricidae)

    A broca-das-axilas tem o hbito de penetrar no caule, atravs da axila dos brotos terminais da soja, situada na base do pecolo, unindo os trs fololos com uma teia e, posteriormente, cava uma galeria descendente, que lhe serve de abrigo. As regies de clima ameno, como as regies sul e sudoeste do Paran, e os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul so as preferidas do inseto. Alimenta-se da medula do caule ou dos ramos da planta, podendo causar sua quebra, bem como pelo orifcio de entrada da galeria podem ocorrer infeces por patgenos. No broto atacado, a larva pode tambm alimentar-se de pequenas pores do tecido foliar, podendo causar desenvolvimento anormal ou a sua morte. A lagarta (Fig. 13b) pequena e, inicialmente, apresenta colorao branca e cpsula ceflica preta, enquanto que, nos ltimos nstares, quando

    A intensidade de danos da lagarta elasmo est relacionada com perodos de temperatura elevada e de baixo teor de gua no solo. Nas reas de semeadura direta, em geral, a ocorrncia de E. lignosellus tem sido menor. Nas reas de semeadura convencional, em condies normais, a temperatura do solo favorvel lagarta elasmo, mas perodos longos de estiagem provocam o aquecimento a nveis letais para a praga.

    FIG. 13. Brocas: (a) do colo, Elasmopalpus lignosellus, (b) das axilas, Epinotia aporema

    a b

    31

  • podem atingir 10mm, a larva assume colorao bege, com a cpsula ceflica marrom. Alm do broto foliar, pecolos e hastes, o inseto pode se alimentar de flores e vagens da soja.

    3.4 Outros insetos que atacam plntulas, hastes e pecolos

    O bicudinho, Chalcodermus sp. (Col.: Curculionidae), vem ocorrendo em lavouras de soja desde 1994. Nas safras 1996/97 e 1997/98, grandes populaes do inseto ocorreram na regio sudoes-te do Paran e, tambm, em Santa Catarina. Os adultos seccionam pecolos, broto apical e pednculo das plantas de soja. Aparen-temente, no foram observados danos soja que possam ser atribu-dos ao inseto, mas o constante aumento populacional, nas ltimas safras, tem causado preocupao aos agricultores.

    O cascudinho-da-soja Myochrous armatus (Col.: Chrysomelidae) um inseto polfago, sendo observado alimentan-do-se de braquirias, fedegoso, amendoim-bravo, feijo e milho. Entretanto, os maiores prejuzos foram observados na cultura da soja no Estado do Mato Grosso do Sul, da safra 1983/84 at 1985/86; recentemente, no tem sido observado em populaes elevadas. Os adultos cortam a base do caule de plantas jovens que tombam e morrem. Sua colorao geral preta, embora ocorram variaes do marrom ao acinzentado, dependendo do tipo de solo em que vivem, pois, partculas de solo ficam aderidas ao seu corpo. O tamanho mdio do adulto 5,5mm e se finge de morto quando perturbado. As larvas so amarelas e vivem no solo, alimentando-se de razes.

    Blapstinus sp. (Col.: Tenebrionidae) tem sido observado em reas isoladas dos estados do Paran e do Rio Grande do Sul, cortan-do plntulas e hastes de plantas jovens. O inseto pequeno, medin-do aproximadamente 5,5mm, tem colorao geral preta.

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  • Logo aps a germinao, com o desenvolvimento dos cotildo-nes e dos primeiros pares de folhas, tm sido observados, principal-mente no Paran, outros invertebrados-pragas. Artrpodes, como os piolhos-de-cobra (Fig. 14a), pertencentes Classe Diplopoda e moluscos pertencentes Classe Gastropoda, como os caracis (Fig. 14b) e as lesmas (Fig. 14c) ocorrem, principalmente, em reas de semeadura direta. Atacam plntulas recm emergidas, cotildones e folhas de plantas jovens e, consequentemente, reduzem o estande da soja; os piolhos-de-cobra alimentam-se tambm das sementes de soja, em fase de germinao. Os caracis podem ainda ocorrer no final do ciclo da soja e quando, na colheita, ocorrem em alta popula-o podem provocar o embuchamento das colhedoras.

    3.5 Outros organismos que atacam plntulas, hastes e pecolos

    FIG. 14. Outros invertebrados-pragas: (a) Piolho-de-cobra, (b) caracis, (c) lesmas.

    a

    b c

    33

  • 4.1 Cors

    Este grupo de insetos inclui vrias espcies de besouros (Scarabaeoidea), cujas larvas rizfagas tm causado danos em lavouras de soja nas regies centro-oeste e norte do Paran, em So Paulo, no Tringulo Mineiro, no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul e em Gois. A espcie que ocorre na regio centro-oeste do Paran foi identificada como Phyllophaga cuyabana e a do Mato Grosso do Sul como Lyogenis suturalis. Entretanto, h outras espcies danifi-cando soja que ainda no foram identificadas.

    O ataque caracterizado pela presena de reboleiras (man-chas) com plantas amareladas (Fig. 15a), murchas e sem razes secundrias, quando ocorre no incio de crescimento da planta, ou plantas amareladas e com desenvolvimento retardado e razes parcialmente danificadas, quando o ataque mais tardio. As larvas podem causar a morte das plantas, principalmente, quando ocorre sincronia da fase inicial da cultura com larvas de mais de 15mm de comprimento.

    Os adultos (Fig. 15b) de P. cuyabana (Col.: Melolonthidae) medem cerca de 15 a 20mm de comprimento, ocorrem, no Paran de meados de outubro a dezembro, saindo do solo em revoadas ao entardecer para o acasalamento. Os adultos das espcies que ocorrem no Mato Grosso do Sul e em Gois so menores, raramente medindo mais que 15mm. Os ovos so colocados isolados no solo (Fig. 15c). Cerca de duas semanas aps a oviposio, eclodem as larvas (Fig. 15d) que passam por trs nstares, podendo atingir at 35mm de comprimento. As larvas de P.cuyabana ficam ativas por 130 dias, em mdia, entrando, ento, em diapausa desde o final de maro at meados de setembro, quando aparecem as primeiras pupas.

    Em reas de semeadura direta freqentemente tem sido

    4 PRAGAS QUE ATACAM AS RAZES DA SOJA

    34

  • observada a ocorrncia de larvas de outros cors que podem atingir 50mm de comprimento. Essas larvas e as fmeas adultas cavam galerias verticais visveis na superfcie do solo e, geralmente, no danificam a soja, embora, em alguns casos, possam danificar o trigo em sucesso. Esse inseto, pode inclusive ser considerado benfico, auxiliando na reciclagem da matria orgnica, pois incorpora a palha da qual se alimenta e as galerias que constri permitem a infiltrao de gua.

    FIG. 15. Phyllophaga cuyabana: (a) vista area de lavoura danificada, (b) adulto, (c) ovos, (d) larva.

    a

    c

    b

    d

    4.2 Percevejo-castanho-da-raiz

    O complexo de percevejos-castanhos-da-raiz (Hem.: Cydnidae) tem ampla distribuio geogrfica na Regio Neotropical. A ocorrncia de percevejo-castanho-da-raiz tem sido registrada com

    35

  • mais freqncia em solos arenosos, mas tambm foram observadas muitas infestaes em solos argilosos.

    O percevejo-castanho ataca as razes da soja e de outras culturas desde a fase de plntula at a colheita. Causam decrscimo no rendimento quando o ataque ocorre no incio do desenvolvimen-to da cultura. A espcie mais comum, em soja, Scaptocoris casta-nea, cujo adulto marrom-claro (Fig. 16a) e mede 7mm. As formas jovens (ninfas) so branco amareladas (Fig. 16b). O acasalamento e a oviposio ocorrem no solo e os adultos voam, principalmente ao entardecer, retornando depois ao solo. Tanto os adultos, quanto as ninfas ocorrem em reboleiras e sugam razes, causando murcha-mento, reduo de crescimento e morte da planta.

    Uma segunda espcie, Atarsocoris brachiariae, ataca, prefe-rencialmente, pastagem, mas tambm ocorre em soja. Ambas as espcies so facilmente detectadas no campo pelo cheiro caracters-tico e desagradvel que exalam. Os aspectos biolgicos e a dinmica populacional da espcie A. brachiariae tm sido melhor estudados do que os de S. castanea. Estudos conduzidos pela Universidade Federal do Mato Grosso mostraram que a fase ninfal de A. brachiari-ae dura de quatro a seis meses, com cinco nstares. Os adultos vivem

    FIG. 16. Scaptocoris castanea: (a) adulto, (b) ninfa

    ba

    36

  • de cinco a sete meses em pastagens, tm duas geraes por ano; a primeira ocorre na poca de excesso de gua no solo e a segunda durante o perodo de dficit hdrico.

    4.3 Outros insetos que atacam as razes

    Em vrias safras, surtos de cochonilhas-da-raiz (Fig. 17), provavelmente Dysmicoccus sp. ou Pseudococcus sp. (Hom.: Cocoidea), foram observados em lavouras de soja. Na safra 1998/99, foram registrados focos de cochonilhas, em razes de soja, no Mato Grosso do Sul e no Paran.

    FIG. 17. Raiz de soja atacada por co-chonilhas.

    INIMIGOS NATURAIS DAS PRAGAS DA SOJA

    1 PREDADORES

    Predadores so as espcies que controlam naturalmente os insetos-pragas, consumindo outros insetos para completar o seu desenvolvimento. Os principais predadores encontrados na cultura esto representados pelos hempteros e colepteros, embora os grupos de formigas e aranhas tambm sejam importantes. No existe classificao adequada das aranhas que habitam o ecossiste-

    37

  • ma da soja, embora todas as espcies encontradas possam ser consideradas como predadoras.

    1.1 Hempteros

    Dentre os hempteros, os predadores mais importantes medem menos de 5mm, como Orius sp. (Anthocoridae) e Geocoris sp. (Lygaeidae) (Fig. 18a), at 10mm, como Tropiconabis sp. (Nabi-dae) (Fig. 18b) e Podisus sp. (Pentatomidae) (Fig. 18c). Como esses predadores so, em geral, insetos pequenos, alimentam-se especial-mente de ovos, lagartas pequenas ou pequenas ninfas de perce-vejos.

    1.2 Colepteros

    Entre os colepteros, encontram-se com maior freqncia espcies de Carabidae como Callida spp. (Fig. 18d), Lebia concinna (Fig. 18e) e Calosoma granulatum (Fig. 18f). Todos so polfagos, nas fases jovem e adulta, alimentando-se de diversas pragas.

    2 PARASITIDES

    As espcies de parasitides mais comuns pertencem s ordens Diptera e Hymenoptera. Como regra geral, a fmea adulta efetua a oviposio diretamente nos ovos, ou sobre formas jovens (lagartas ou ninfas), ou sobre os adultos das pragas de soja. Aps a ecloso, as larvas dos parasitides passam a alimentar-se dos tecidos internos do hospedeiro, no causando a morte imediata do mesmo, de forma que possam completar o seu ciclo biolgico. A fase de pupa pode ser passada no interior do hospedeiro ou, ento, a larva desenvolvida sai do corpo do hospedeiro para transformar-se em pupa no exterior. O hospedeiro parasitado morre no decorrer desse processo ou logo aps a emergncia do adulto, o qual reinicia o ciclo de parasitismo.

    38

  • a39

    c

    FIG. 18. Predadores: (a) Geocoris sp., (b) Tropiconabis sp., (c) Podisus sp., (d) Callida sp., (e) Lebia concinna, (f) Calosoma granulatum

    e

    d

    f

    b

  • 2.1 Parasitides de lagartas

    Nas populaes da lagarta-da-soja (A. gemmatalis), os parasi-tides mais comuns so os microhimenpteros do gnero Microcharops (Ichneumonidae) (Fig. 19a), atacando principalmente lagartas pequenas, e o dptero Patelloa similis (Tachinidae) (Fig. 19b), lagartas grandes. Os ovos da lagarta-da-soja so naturalmente atacados por Trichogramma spp. (Hym.: Trichogrammatidae). A principal espcie de parasitide que ocorre em lagartas de P. inclu-dens Copidosoma truncatellum (Hym.: Encyrtidae) (Fig. 19c), muitas vezes responsvel por, naturalmente, manter a populao dessa praga em nveis reduzidos.

    FIG. 19. Parasitides de lagartas: (a) adulto de Microcharops sp., (b) adulto de Patelloa similis, (c) lagarta falsa-medideira parasitada por Copidosoma truncatellum

    a

    b c

    40

  • 2.2 Parasitides de percevejos

    2.2.1 Parasitides de ovos

    Os parasitides so considerados eficientes quando impedem que o hospedeiro cause danos cultura e, em especial, os que interrompem o ciclo biolgico da praga, impedindo o seu crescimen-to populacional. Os percevejos esto sujeitos ao ataque de parasiti-des desde a fase de ovo at a fase adulta. Dentre as 20 espcies de parasitides de ovos de percevejos j constatadas na cultura da soja, encontra-se o microhimenptero Trissolcus basalis (Scelionidae), que vem sendo produzido em laboratrios comunitrios para libera-o no campo e controle de percevejos.

    T. basalis (Fig. 20a) uma pequena vespa preta com 1 a 1,3mm de comprimento, que se desenvolve, de ovo a adulto, dentro de ovos de percevejos. Alm de ovos do percevejo verde, seu hospedeiro preferencial, parasita tambm ovos do percevejo pequeno, do percevejo marrom e outras espcies de pentatomdeos que ocorrem na soja. Os ovos parasitados (Fig. 20b) apresentam-se inicialmente acinzentados, passando a castanhos e a totalmente pretos, quando prximos emergncia dos adultos do parasitide.

    O ciclo de desenvolvimento de T. basalis curto, cerca de 10 dias. O potencial reprodutivo alto, cada fmea capaz de parasitar, em mdia, 240 ovos de percevejos. Aps a oviposio no interior do ovo hospedeiro, a fmea faz a marcao do ovo parasitado, servindo para discrimin-lo. Os adultos vivem cerca de 80 dias e normalmente so encontrados na proporo de um macho para 5,5 fmeas.

    Mais recentemente, alm de T. basalis, o parasitide de ovos Telenomus podisi (Hym.: Scelionidae) (Fig. 20c) vem sendo produzi-do para liberao e controle de E. heros. Esse parasitide tem mos-trado preferncia por ovos do percevejo marrom, que j se constitui na espcie de percevejos mais abundante do norte do Paran Regio Central do Brasil. T. podisi tem sido tambm observado,

    41

  • FIG. 20. Parasitides de ovos: (a) Trissolcus basalis adulto, (b) Ovos de percevejo parasitado por T. basalis, (c) Telenomus podisii; parasiti-des de percevejos adultos e ninfas: (d) Trichopoda nitens, (e)

    a

    d

    b

    e

    c

    42

  • 2.2.2 Parasitides de adultos e ninfas

    O parasitismo em adultos de percevejos est representado principalmente pelo dptero Trichopoda nitens (Tachinidae) (Fig. 20d), espcie importante na regulao das populaes de N. viridula, chegando a atingir nveis de at 95% de parasitismo, no perodo de entressafra, e pelo microhimenptero Hexacladia smithii (Encyrti-dae) (Fig. 20e) em populaes de E. heros. No interior desse perceve-jo, os parasitides se desenvolvem em nmero de dois a 39/hospedeiro, num perodo mdio de 35 dias, afetando o potencial reprodutivo do percevejo marrom. A maior contribuio de H. smithii tem sido observada nos meses de dezembro e janeiro.

    causando mortalidade em ovos de P. Guildinii.

    3 ENTOMOPATGENOS

    3.1 Vrus

    O baculovrus da lagarta-da-soja Baculovirus anticarsia um vrus de poliedrose nuclear (VPNAg) altamente infectivo e letal s larvas de A. gemmatalis. Ao se alimentar das folhas contaminadas com esse vrus, a lagarta se torna infectada, apresenta movimentos lentos e tende a permanecer no topo das plantas. As lagartas morrem cerca de sete dias aps a infeco apresentando corpo mole e amarelado, ficando presa ao substrato apenas pelas falsas pernas (Fig. 21a).

    Aps a morte, a lagarta escurece gradualmente e apodrece. O corpo se rompe aps alguns dias, liberando grande quantidade do vrus sobre as plantas, que serve de inculo para contaminar popula-es subseqentes de lagartas. Esse vrus controla apenas a lagarta-da-soja, no tendo efeito sobre outros insetos-pragas e inimigos naturais (predadores e parasitides). Alm disso, por ser um vrus

    43

  • FIG. 21. Entomopatgenos de lagartas: (a) lagarta-da-soja infectada por vrus, (b) lagarta-da-soja infectada por Nomuraea rileyi, (c) Plusiinae atacada por Zoophtora radicans, (d) lagarta-da-soja infectada por Paecilomyces tenuipes, (e) Plusiinae infectada por P. tenuipes, (f) Plusiinae infectada por Pandora gammae.

    a

    c

    e

    b

    d

    f

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  • restrito aos invertebrados, o baculovrus incuo aos vertebrados, inclusive raa humana.

    3.2 Fungos

    Outros inimigos naturais de grande importncia, como agen-tes de controle das populaes de insetos, so os fungos entomopa-tognicos que atacam diversas espcies de pragas. O mais conheci-do o fungo Nomuraea rileyi que ataca a lagarta-da-soja e outras espcies de lagartas. Esse fungo ocorre com elevada prevalncia, durante os perodos de alta umidade relativa (maior que 80%), dizimando populaes da lagarta-da-soja e tornando desnecessria a aplicao de outras medidas de controle.

    As lagartas atacadas por N. rileyi (Fig. 21b) apresentam colora-o branca, devido ao crescimento vegetativo do fungo, aspecto seco e mumificado, no apodrecendo como as lagartas mortas por baculovrus. Quando ocorrem condies de umidade apropriadas, o fungo esporula, passando da colorao branca verde. Os esporos formados sobre as lagartas mortas se espalham pela ao do vento, infectando outras lagartas presentes na lavoura, multiplicando o patgeno.

    A ocorrncia do fungo parece ser favorecida quando as plantas de soja fecham as linhas, criando um microclima favorvel para o seu desenvolvimento. Assim, em semeaduras no incio da poca reco-mendada, a apario do fungo antecipada. Quando h previso de perodos chuvosos, N. rileyi est presente na lavoura e as popula-es da lagarta-da-soja ainda no atingiram o nvel de dano econ-mico, conveniente monitorar a evoluo da doena na populao da lagarta para no realizar aplicaes desnecessrias de produtos qumicos.

    Entre os fungos menos conhecidos, mas de grande importn-cia como agentes reguladores de populaes de lagartas, podem ser mencionados: Zoophtora radicans (Fig. 21c) que infecta lagartas da

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  • subfamlia Plusiinae (P. includens e R. nu), e Paecilomyces tenuipes que ataca a lagarta-da-soja e as referidas plusines. Na maior parte das vezes, P. tenuipes inicia o processo de infeo na lagarta, s ocasionando sua morte na fase pupal. Assim, quando o ataque ocorre sobre a lagarta-da-soja (Fig. 21d), suas estruturas reproduti-vas podem ser encontradas sobre a superfcie do solo ou, quando infecta Plusiinae (Fig. 21e), sobre as folhas. Apesar da baixa viruln-cia, nos anos mais midos este fungo pode controlar naturalmente um grande nmero de lagartas. Outro fungo importante no controle natural das populaes de Plusiinae Pandora gammae (Fig. 21f).

    Alm das lagartas, outros insetos so suscetveis infeo por fungos entomopatognicos, como os colepteros desfolhadores, M. Calcarifera, Aracanthus sp., C. arcuata e D. speciosa (Fig. 22a) que podem ser encontrados dizimados pelo fungo Beauveria bassiana. As espcies dos percevejos-pragas E. heros (Fig. 22b), N. viridula, P. guildinii e S. castanea podem tambm ser infectadas por B. bassia-na, ou por Metarhizium anisopliae ou Paecilomyces fumosoroseus. Entretanto, a incidncia desses fungos muito baixa, geralmente no atingindo 1% de incidncia em populaes naturais de perceve-

    FIG. 22. (a) Diabrotica speciosa infectada pelo fungo Beauveria bassiana, (b) Euschistus heros infectado por B. bassiana.

    a b

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  • jos. P. fumosoroseus tambm pode ocasionar epizootias em popula-es de moscas-brancas do gnero Bemisia.

    AMOSTRAGEM DAS PRAGAS

    Para o monitoramento das lagartas desfolhadoras, dos perce-vejos sugadores de sementes e insetos de um modo geral, inclusive alguns inimigos naturais presentes na cultura da soja, utilizam-se as amostragens com o pano-de-batida, de cor branca, preso em duas varas, com 1m de comprimen-to, o qual deve ser estendido entre duas fileiras de soja (Fig. 23). As plantas da rea com-preendida pelo pano devem ser sacudidas vigorosamente so-bre o mesmo, havendo, as-sim, a queda das pragas que devero ser contadas. Esse procedimento deve ser repeti-do em vrios pontos da lavou-ra, considerando-se a mdia de todos os pontos amostrados.

    No caso de lavouras com espaamento reduzido das en-trelinhas e plantas desenvolvi-das, recomenda-se usar o pano-de-batida e bater apenas as plantas de uma das fileiras. Principalmente com relao a percevejos, essas amostra-

    FIG. 23. Amostragem de insetos utili-zando o pano-de-batida.

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  • gens devem ser realizadas nas primeiras horas da manh (at as 10 horas) ou tardinha, perodo de menor atividade dos insetos, possi-bilitando a sua contagem sobre o pano-de-batida.

    As vistorias para avaliar a ocorrncia dos percevejos devem ser executadas do incio da formao de vagens at a maturao fisiol-gica; a avaliao visual no expressa a populao presente na lavoura. No perodo de colonizao da soja pelos percevejos, reco-menda-se a realizao das amostragens, com maior intensidade, nas bordaduras da lavoura, onde, em geral, os percevejos iniciam seu ataque.

    Na mesma rea (1m de fileira) onde so feitas as amostragens com o pano-de-batida, deve-se realizar o exame de todas as partes da planta, principalmente hastes, pecolos, ponteiros e vagens. Essa anlise de plantas especialmente importante em lavouras com histrico da ocorrncia de pragas como S. subsignatus, E. aporema, M. testulalis e lagartas que atacam as vagens da soja, pois os nveis de ao para o seu controle so baseados no nmero de insetos encontrados ou na percentagem de dano dessas pragas nas diversas partes da planta.

    O nvel populacional de pragas de hbito subterrneo deve ser estimada atravs de amostragens de solo, preferencialmente nas linhas de soja. Nesse local, deve ser observado ainda o nstar e o tamanho dos insetos, alm da profundidade em que esto localiza-dos.

    Para que se possa avaliar a infestao das pragas na lavoura, sugere-se que o nmero de insetos seja anotado em cada ponto de amostragem, para posterior clculo da mdia da lavoura. Quanto maior o nmero de amostragens realizadas na rea, maior ser a segurana de previso correta da infestao de insetos-pragas na lavoura. Sendo assim, recomendam-se seis amostragens para lavouras de at 10 ha, oito, para lavouras de at 30 ha e 10, para lavouras de at 100 ha. Para propriedades maiores recomenda-se a

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  • diviso em talhes de 100 ha.

    O controle deve ser feito somente com os inseticidas recomen-dados pelo Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuria, atravs das Recomendaes Tcnicas para a Cultura da Soja na Regio Sul, na Regio Central do Brasil e no Paran. Essas recomendaes so revistas e publicadas anualmente, considerando a eficincia, a toxicidade dos produtos, o efeito sobre os inimigos naturais, os riscos e o custo da aplicao. Na escolha dos inseticidas, devem ser considerados os produtos menos txicos para o homem, que cau-sam menor impacto sobre os inimigos naturais e que tenham o menor custo por hectare.

    O controle preventivo das pragas no recomendado; quando houver necessidade de pulverizaes nas lavouras, o agricultor deve levar em conta o grau de infestao das pragas e o nvel de ao para a fase de desenvolvimento da planta (Tabela 2). Para prevenir o surgimento de resistncia aos ingredientes ativos, no se recomen-da a aplicao do mesmo inseticida em duas aplicaes sucessivas para um mesmo inseto.

    CONTROLE INTEGRADO E NVEL DE AO

    1 CONTROLE INTEGRADO DAS PRAGAS QUE ATACAM AS FOLHAS

    1.1 Anticarsia gemmatalis

    Segundo os nveis de ao pelo MIP-Soja (Tabela 2), A. gem-matalis deve ser controlada com inseticidas qumicos, quando forem

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  • TABELA 2. Nveis de ao de controle para as principais pragas da soja.

    MaturaoEmergncia Perodovegetativo FloraoFormaode vagens

    Enchimentode vagens

    30% de desfolha ou40 lagartas/pano-de-

    batida*

    15% de desfolhaou

    40 lagartas/pano-de-batida*

    Lavouras para consumo

    Lavouras para semente

    4 percevejos/pano-de-batida**

    2 percevejos/pano-de-batida**

    Broca-das-axilas: a partir de 25% - 30% de plantascom ponteiros atacados

    Tamandu-da-soja:at V3: 1 adulto/m linear

    de V4 a V6: 2 adultos/m linear

    Lagartas-das-vagens:a partir de 10% de vagens atacadas

    * Maiores de 1,5 cm.** Maiores de 0,5 cm.

    encontradas, em mdia, 40 lagartas grandes (igual ou superior a 1,5cm) por pano-de-batida ou, quando a desfolha atingir 30%, antes da florao, e 15%, to logo apaream as primeiras flores.

    No caso de ataques da lagarta-da-soja, existem vrias opes de produtos eficientes, tanto os inseticidas qumicos, quanto os biolgicos, a exemplo do B. anticarsia, especfico para a lagarta da soja, e do Bacillus thuringiensis var. kurstaki (Berliner), que uma bactria portadora de uma toxina especfica para lepidpteros. Quando o ataque ocorrer no incio da cultura (plantas com trs folhas trifolioladas), associado com perodos de seca, o controle dever ser

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  • realizado com produtos qumicos seletivos para evitar desfolha que prejudicar o crescimento das plantas. Para a escolha dos insetici-das, consultar as Recomendaes Tcnicas para a Cultura da Soja na Regio Central do Brasil, no Paran, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

    1.1.1 Controle biolgico da lagarta-da-soja por baculovrus

    A dose de baculovrus a ser utilizada por hectare de 50 LE (lagartas equivalentes), que corresponde a 50 lagartas grandes (maiores que 3cm), ou 20g de lagartas mortas por baculovrus por hectare. As lagartas mortas devem ser modas no liqidificador, com a gua, coando-se a calda obtida em tecido tipo gaze. O baculovrus formulado, disponvel na forma de p molhvel, deve ser suspenso em gua e pulverizado na dose de 20g/ha, sobre lavouras infestadas com a lagarta-da-soja. A aplicao do baculovrus tambm pode ser area, empregando as mesmas 20g de lagartas mortas pelo vrus/ha, ou da formulao em p molhvel/ha tendo como veculo, no mni-mo, 15 l/ha gua ou 5 l/ha de leo no refinado de soja.

    Para a aplicao na prxima safra, as lagartas mortas por baculovrus devem ser coletadas e lavadas em gua corrente. O material pode ser armazenado em freezer por at um ano. Como alguns dias depois da morte da lagarta por baculovrus o seu corpo apodrece, se rompe e grande quantidade de baculovrus liberada sobre o substrato, geralmente, uma aplicao do baculovrus contro-la o inseto durante toda a safra.

    O baculovrus pode ser aplicado quando forem encontradas, no mximo, 40 lagartas pequenas (no fio) ou 10 lagartas grandes (maiores que 1,5cm) e 30 lagartas pequenas por pano-de-batida (amostragem). Em condies de estiagem, considerar como nvel mximo para aplicao do vrus a metade dos valores mencionados acima. Quando a populao de lagartas ultrapassar o nvel de ao para a utilizao do VPNAg, recomenda-se a sua aplicao em

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  • mistura com doses reduzidas de inseticidas. Dessa forma, assegura-se a presena do agente biolgico no campo para o controle da prxima gerao do inseto.

    O baculovrus no deve ser aplicado quando (i) a populao de lagartas (pequenas+grandes) for superior a 20 por metro ou 40 por pano-de-batida, (ii) a maioria das lagartas na lavoura forem grandes (> do que 1,5cm); (iii) a desfolha da lavoura j tenha atingido 30% na fase vegetativa, ou 15% aps a florao; e (iv) junto com a lagarta-da-soja, ocorrerem outras espcies desfolhadoras e/ou percevejos que precisem ser controlados. Nessas situaes, o agricultor deve seguir as recomendaes do MIP-Soja e, havendo necessidade de aplica-o de inseticidas, procurar a orientao dos tcnicos da extenso rural ou de cooperativas.

    Outro produto biolgico recomendado baseado na bactria Bacillus thuringiensis, que possui toxinas que paralisam o intestino do inseto. As lagartas contaminadas param de se alimentar, algumas horas aps a ingesto do produto, e morrem poucos dias depois.

    1.2 Pseudoplusia includens e outros Plusiinae

    O controle qumico de P. includens, ocorrendo sozinha ou associada lagarta-da-soja, deve ser feito quando forem encontra-das, em mdia, 40 lagartas grandes por pano-de-batida, ou se a desfolha atingir 30% at o final do florescimento, ou 15%, to logo apaream as primeiras flores. A escolha do inseticida pode ser feita consultando as Recomendaes Tcnicas para a Cultura da Soja na Regio Central do Brasil, no Paran, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

    1.3 Colepteros desfolhadores

    A recomendao de controle para os colepteros desfolhado-res, em geral, baseada no nvel de desfolha, que no deve ultra-passar 30% at a florao e 15% a partir do surgimento das primei-

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  • 1.4 Outros organismos que atacam as folhas

    O controle qumico dos tripes no se justifica por no evitar a incidncia e a disseminao da queima-do-broto, embora vrios inseticidas tenham sido eficientes para reduzir suas populaes. A aplicao torna-se desnecessria pois, antes de o inseticida agir, o inseto j transmitiu o vrus. Tambm, no recomendado o controle qumico da lagarta enroladeira, O. indicata, considerando que o ataque normalmente ocorre prximo maturao da soja, quando a perda de rea foliar no mais afeta o rendimento da planta.

    A ocorrncia e o potencial de dano da mosca-branca B. argenti-folii preocupante. Altas populaes podem provocar perdas de 30% a 70% da produo. Alm disso, essa praga tem grande capa-cidade de tolerar a ao de inseticidas e, rapidamente, desenvolver resistncia aos seus princpios ativos. Embora alguns inseticidas sejam recomendados para culturas como hortalias, nenhum desses produtos foi registrado para o controle de mosca branca em soja.

    Pouco se sabe a respeito dos nveis de ao para gafanhotos. Sendo assim, o desfolhamento causado por eles deve ser somado ao das lagartas e outros desfolhadores. Embora alguns produtos qumicos tenham sido indicados para o controle dessa praga em outras culturas, no existe nenhum princpio ativo registrado ou recomendado para ser utilizado na soja.

    ras flores, considerando tambm os danos causados pelas lagar-tas.

    2.1 Percevejos

    O nvel de ao (Tabela 2), a partir do qual o controle qumico dos percevejos deve ser realizado, de quatro percevejos adultos ou ninfas com mais de 0,5cm, observados na mdia das amostragens

    2 CONTROLE INTEGRADO DAS PRAGAS QUE ATACAM AS VAGENS E GROS

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  • pelo pano-de-batida. Para o caso de campos de produo de semen-te, esse nvel deve ser reduzido para dois percevejos por pano-de-batida. Embora os percevejos possam estar presentes na cultura da soja, em diferentes perodos do desenvolvimento da planta, causam problemas apenas na fase de desenvolvimento de vagens e enchi-mento de gros.

    A ocorrncia de percevejos em alta populao durante o perodo vegetativo da soja comum. Entretanto, no constituem risco para o rendimento de gros da cultura e tampouco ser esta a populao que, a partir do final da florao, ir colonizar a lavoura. Em funo do uso de cultivares de soja pertencentes a diferentes grupos de maturao, as primeiras lavouras colhidas servem de inculo de percevejos para as lavouras vizinhas mais tardias que ainda esto desenvolvendo vagens e gros. Sendo assim, recomen-da-se muita ateno com essas lavouras, pois a intensa e rpida migrao dos insetos pode causar danos irreversveis soja.

    As recomendaes gerais para o controle dos percevejos so vlidas para todas as espcies de percevejos sugadores de sementes e os inseticidas recomendados so listados nas Recomendaes Tcnicas para a Cultura da Soja na Regio Central do Brasil, no Paran, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Quando a popula-o de percevejos est concentrada nas bordas da lavoura, no perodo de colonizao, o controle pode ser efetuado somente nestas reas marginais para evitar a disperso dos insetos para toda a lavoura. Recentemente, foram constatados casos de resistncia do percevejo marrom a inseticidas, principalmente endossulfan e monocrotofs. Sendo assim, recomenda-se que o mesmo produto ou grupo de produtos (organoclorados, fosforados, etc) no seja utilizado repetidas vezes, ou que se aumente a dose dos produtos, pois esses procedimentos podero intensificar o problema.

    54

  • 2.1.1 Utilizao da mistura de inseticidas e sal-de-cozinha

    Uma alternativa econmica de controle dos percevejos o uso da mistura de sal de cozinha (cloreto de sdio) com a metade da dose de qualquer um dos inseticidas recomendados para o seu controle. O sistema consiste na mistura do inseticida a uma soluo de sal a 0,5%, ou seja, com 500g de sal de cozinha para cada 100 litros de gua colocados no tanque do pulverizador, em aplicao terrestre. No caso de aplicao area, a concentrao de sal deve ser aumenta-da para 0,75%. O primeiro passo fazer uma salmoura separada que deve ser misturada gua do pulverizador que, por ltimo, receber o inseticida. Aps o uso, o equipamento de pulverizao e todas as suas partes devem ser lavados com gua e sabo neutro, para evitar a corroso pelo sal.

    2.1.2 Controle biolgico de percevejos por T. basalis

    T. basalis ocorre naturalmente nas lavouras de soja. Entretanto, o uso inadequado de inseticidas reduz drasticamente sua populao, prejudicando sua eficincia no controle dos percevejos. Sendo assim, o parasitide deve ser utilizado, preferencialmente, em reas onde o controle de lagarta-da-soja foi realizado com produtos biolgicos (B. anticarsia ou B. thuringiensis) ou produtos fisiolgicos altamente seletivos.

    Para aumentar as populaes do parasitide nas lavouras e manter a praga abaixo do nvel de ao, durante o perodo crtico de desenvolvimento de vagens e formao das sementes da soja, recomenda-se a liberao de adultos de T. basalis, na quantidade de 5000/ha. A liberao pode, ainda, ser realizada atravs de ovos parasitados, em cartelas de papelo (Fig. 24). Nesse caso, trs cartelas/ha, devem ser colocadas nas plantas de soja, um ou dois dias antes da emergncia dos adultos do parasitide.

    Melhor eficincia no controle dos percevejos ocorre quando as vespinhas so liberadas no final da florao, preferencialmente, nos

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  • per odos de menor insolao. Nessa poca, os percevejos esto iniciando a colonizao, nas bordas das lavouras. Aps a liberao dos parasitides, importante continuar fazendo o acompanhamento peridico da populao de percevejos na rea, atravs de amostragens com o pano-de-batida.

    T. basalis no deve ser utilizado quando: (i) no houver percevejos na cultura, pois o parasitide necessita de hospe-deiro para sua multiplicao; (ii) a populao de percevejos j estiver prxima do nvel de dano econmico (4 perceve-jos/pano); e (iii) tenha sido pul-

    verizado produto no seletivo para o controle de lagartas. Nessas situaes, o produtor deve seguir as recomendaes do Programa de MIP-Soja e, caso haja necessidade de aplicar inseticida, procurar a orientao de tcnicos da extenso rural ou de cooperativas.

    Em funo da abundncia do percevejo-marrom (E. heros) em lavouras de soja da regio norte do Paran para o Brasil Central, atualmente o programa de controle biolgico para percevejos utiliza, tambm, a liberao do parasitide de ovos Telenomus podisi, por ter preferncia por massas de ovos pequenas, como as de E. heros.

    Pela capacidade de disperso e suscetibilidade das vespinhas aos inseticidas, o controle biolgico dos percevejos pela utilizao de parasitide de ovos, preferencialmente recomendado para

    FIG. 24. Cartela com ovos de perceve-jo parasitados por Trissolcus basalis.

    56

  • reas contnuas de microbacias hidrogrficas. Nessas, a presena de vegetao nativa fundamental para servir de refgio e facilitar o restabelecimento do equilbrio entre as pragas e os inimigos natura-is.

    2.1.3 Outras medidas para o controle de percevejos

    As cultivares precoces geralmente escapam dos danos dos percevejos, mas permitem a sua multiplicao. Com a colheita dessas lavouras, os percevejos migram para as mais tardias que so mais danificadas. Sendo assim, os agricultores devem evitar os cultivos mais tardios.

    Os percevejos so geralmente atrados por leguminosas. O percevejo pequeno atrado pelas anileiras (Indigofera spp.), onde permanece durante a entressafra. Dessa forma, pode-se diminuir a sua populao atravs da aplicao de inseticidas ou liberao de parasitides, antes da sua disperso para a soja.

    O percevejo marrom passa, praticamente todo o perodo de entressafra, em diapausa, sob os restos da cultura anterior. Recomenda-se o exame cuidadoso desses restos e, se forem encon-trados focos de percevejos, estes devem ser eliminados atravs da aplicao de inseticidas ou enterrando a palhada.

    2.2 Lagarta-das-vagens

    A aplicao de inseticidas para o controle das lagartas-das-vagens (S. latifascia e S. eridania) recomendada somente quando houver ataque em pelo menos 10% das vagens, na mdia dos diferentes pontos de amostragens (Tabela 2), ou causando desfolha acima dos limites j mencionados para outras lagartas. Para a esco-lha dos inseticidas, consultar as Recomendaes Tcnicas para a Cultura da Soja na Regio Central do Brasil, no Paran, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

    57

  • 3.1 Sternechus subsignatus

    2.3 Broca-das-vagens

    Como M. testulalis pode causar danos semelhantes E. apore-ma, nveis de ao semelhantes, baseados no nmero de ponteiros atacados, podem ser adotados (Tabela 2). Quando o seu dano se concentra mais nas vagens, e para E. zinckenella, sugere-se o nvel de ao de 10% a 15% de vagens atacadas. Entretanto, no existe nenhum inseticida recomendado para o controle das brocas-das-vagens em soja.

    O controle do tamandu-da-soja, atravs da aplicao de inseticidas de contato, difcil, devido aos hbitos do inseto. Os ovos e as larvas so protegidos da ao dos produtos qumicos no interior do caule e os adultos ficam localizados sob a folhagem, ou no solo, sob os restos de cultura. Desse modo, para que ocorra diminuio da populao de S. subsignatus na rea, deve-se utilizar um conjunto de tticas do MIP, principalmente a rotao de culturas com plantas no hospedeiras como o milho, o sorgo e o girassol, a cultura-armadilha e o controle qumico nas bordaduras. A aplicao de inseticidas deve ser feita na entrelinha quando, no exame de plantas de soja com at duas folhas trifolioladas (V3), for encontrado, em mdia, um adulto por metro de fileira de soja e, em plantas com cinco folhas trifoliola-das (V6, prximo florao), at dois adultos por metro linear (Tabela 2).

    Antes de planejar o cultivo, nos locais em que, na safra anterior, foram observados ataques severos do inseto, importante ava-liar, preferencialmente na entressafra, a populao de larvas hibernantes no solo. Para cada 10 ha, devem ser retiradas quatro amostras de solo, centradas nas antigas fileiras da soja, com 1m de com-primento e com 25cm de largura e profundidade. Se nessas amostragens

    58

    3 CONTROLE INTEGRADO DAS PRAGAS QUE ATACAM PLNTULAS, HASTES E PECOLOS

  • 2forem encontradas de trs a seis larvas/m e/ou pupas, no mnimo um ou dois indivduos podem chegar a adulto. Sendo assim, no recomendado a semeadura da soja na rea, pois essa populao poder causar uma perda de produo da ordem de sete a 14 sacas/ha.

    A adoo da tcnica de rotao de culturas tem reduzido as populaes da praga nas reas de milho, que tem sido a cultura preferencialmente utilizada pelos agricultores. Para aumentar a eficincia de controle, as plantas no hospedeiras (milho, girassol, algodo, etc.) devem ser circundadas por plantas hospedeiras preferenciais (cultura-armadilha), que pode ser a prpria soja semea-da antecipadamente. Desse modo, ao atrair e manter os insetos nessa bordadura da lavoura, o produtor pode pulverizar um insetici-da qumico apenas numa faixa de, aproximadamente, 30m (ver Recomendaes Tcnicas para a Cultura da Soja na Regio Central do Brasil, no Paran, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina). Esse controle deve ser feito nos meses de novembro e dezembro, quando a maior parte dos adultos sai do solo, e repetido sempre que o inseto atinja os nveis de ao. Outra alternativa o tratamento das semen-tes de soja com inseticida para a semeadura, apenas nas faixas de bordaduras de 30 a 50m, a partir do milho. Dessa forma, as plantas ficaro protegidas por aproximadamente 40 dias, evitando assim, pulverizaes excessivas no perodo mais crtico ao ataque da praga, o incio do desenvolvimento da cultura. No Paran, o tratamento de sementes com inseticidas recomendado, especialmente, para as semeaduras realizadas aps a segunda quinzena de novembro, quando o perodo residual do inseticida coincide com o pico popula-cional do inseto.

    3.2 Epinotia aporema

    O controle desta lagarta com inseticidas deve ocorrer quando forem encontrados, no exame de plantas, em torno de 30% dos

    59

  • ponteiros atacados (Tabela 2), utilizando os produtos recomendados constantes nas Recomendaes Tcnicas para a Cultura da Soja na Regio Central do Brasil, no Paran, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

    4 CONTROLE INTEGRADO DAS PRAGAS QUE ATACAM AS RAZES

    4.1 Cors

    O controle qumico de cors tem se mostrado pouco vivel em funo de seu hbito subterrneo e, para a soja, no h nenhum inseticida registrado para essa finalidade. Sendo assim, o manejo integrado dos cors com a associao de diversas medidas, como a manipulao da poca de semeadura, preparo de solo e rotao de culturas, tem sido recomendado para evitar que esse grupo de insetos causem prejuzo soja. Preferencialmente, as reas infesta-das por cors devem ser semeadas antes que as larvas atinjam 1cm e, se possvel, antes das primeiras revoadas de adultos.

    O ataque de soja, por larvas de cors, ocorre tanto em sistema de semeadura direta, como em convencional. O preparo de solo s contribui para diminuir a populao, quando o implemento utilizado capaz de expor as larvas superfcie, onde as condies ambienta-is so adversas. O revolvimento do solo em reas de semeadura direta, unicamente com objetivo de controlar este inseto, no recomendado. Camadas adensadas no solo podem prejudicar o desenvolvimento das razes e agravar os danos causados por cors.

    Algumas espcies vegetais como Crotalaria juncea, C. specta-bilis e algodo, prejudicam o desenvolvimento das larvas de P. cuyabana e podem ser usadas como alternativas para semeadura em reas infestadas, em rotao com a soja. A prtica do cultivo de soja ou milho de safrinha contribui para o aumento de populao de P. cuyabana de um ano para outro e deve ser evitada.

    60

  • 4.2 Percevejo-castanho-da-raiz

    Vrios grupos de pesquisa vm testando inseticidas, mas at o momento nenhum dos produtos apresentou, consistentemente, eficincia de controle suficiente para ser recomendado pelo MIP-Soja. Alm disso, ainda no foi possvel estabelecer um programa eficiente de manejo dessa praga em culturas anuais. consenso que o manejo do percevejo-castanho-da-raiz no ocorrer com medidas isoladas, mas com a combinao de vrios mtodos culturais, qumicos e biolgicos.

    O percevejo-castanho-da-raiz ocorre tanto em sistema de semeadura direta como em convencional. O preparo de solo, de maneira semelhante ao que ocorre para cors, pode contribuir para a diminuio da populao nas camadas superficiais atingidas pelo implemento utilizado na operao, mas, em geral, no suficiente para controlar o inseto. Revolver o solo em reas de semeadura direta, unicamente com esse objetivo, no recomendado.

    O MIP-Soja do Brasil, liderado pela Embrapa Soja, tem sido considerado como um dos melhores exemplos de manejo integrado de insetos no mundo, em termos de adoo pelos agricultores e economia de insumos. Numa primeira fase, o MIP-Soja preocupou-se com a identificao e o monitoramento das pragas, sendo a recomendao de inseticidas, para o seu controle, baseada nos nveis de ao. Dessa forma, o MIP promoveu uma racionalizao no controle de pragas, reduzindo substancialmente o uso de inseticidas qumicos e mudando o perfil desses produtos. Os inseticidas clora-dos e as misturas de produtos qumicos de amplo espectro foram substitudos por doses mnimas de produtos mais seletivos, favore-

    CONSIDERAES FINAIS

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  • cendo a multiplicao dos inimigos naturais. O controle biolgico da lagarta-da-soja e dos percevejos contribuiu para a melhoria do processo, diminuindo ainda mais a utilizao dos inseticidas qumi-cos. Numa segunda fase, como o processo dinmico, outras tcnicas de controle foram incorporadas ao MIP. A seqncia de plantas hospedeiras, a dinmica populacional e as estratgias utiliza-das pelos percevejos na entressafra, bem como os estudos da biologia dos insetos da soja, forneceram importantes subsdios para a adoo das prticas culturais, principalmente para o MIP de pragas de ocorrncia mais recente e difcil controle.

    A expanso do controle biolgico, atravs da produo de parasitides in vitro, e a viabilizao econmica da produo comer-cial do baculovrus em laboratrio, assim como a liberao de genti-pos resistentes s principais pragas, esto entre os principais objeti-vos do MIP-Soja, num futuro prximo. Alm disso, com o aumento das reas de soja orgnica, aumenta a exigncia dos agricultores por tcnicas alternativas ao controle qumico e que venham a aperfeioar o MIP-Soja.

    AGRADECIMENTOS

    As tecnologias geradas atravs das pesquisas realizadas para o MIP-Soja, coordenadas pela Embrapa Soja, foram graas aos esfor-os de muitas instituies e inmeras pessoas. Os autores gostariam de agradecer especialmente a todas as instituies que colaboraram na implantao do MIP-Soja, representadas pela EMATER, principal-mente as dos Estados do Paran e do Rio Grande do Sul, s coopera-tivas e Embrapa Agropecuria Oeste. Aos colegas que auxiliaram coletando dados ou executando as pesquisas; no campo: Oriverto

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  • Tonon, Elias C. de Souza, Jos de O. Ramos, Jos Francisco, Manoel P. da Silva, Natalino M. Paulino, Natalcio S. Pereira, Valter Maimone, Wilson Pozenato; no laboratrio: Adair V. Carneiro, Antnio Carlos F. Mendes, Elis de Miranda, Fbio E. Paro, Ivanilda L. Soldrio, Joacir de Azevedo, Jos Jairo Silva, Jovenil J. da Silva, Mauro Caetano Pinto, Rosemeire Choucino, Srgio H. da Silva e Terclia M. Gelinskas; e aos ex-funcionrios da Embrapa Soja: Devonzir S. Costa, Eduardo Palma, Dra. Geni L. Villas Boas, Jair C. da Silva, Jos B. da Veiga, Jos Jovair, Joo Maria dos Santos, Joo T. da Silva, Jussara Tuffino, Nadir Damasceno, Osvaldo Cndido Batista e Youssef A. Mazlum. Como 27 anos j se passaram desde o incio do programa, mencionar ou, mesmo, lembrar de todos no uma tarefa fcil. Portanto, agradecemos a todos aqueles que de alguma forma contriburam para o MIP-Soja.

    Aos colegas Dr. Lo Pires Pereira e Dr. Odilon Ferreira Saraiva pelas sugestes e reviso dos manuscritos que geraram esta Circular Tcnica e ao bibliotecrio Ademir B. A. de Lima pela correo das citaes bibliogrficas.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ALMEIDA, A.M.R.; CORSO, I.C. A queima-do-broto da soja. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1990. 7p. (EMBRAPA.CNPSo. Comunicado Tcnico, 41)

    AMARAL, J.L. do; BORGES, V.; SOUZA, J.R.; MEDEIROS, M.O. Efeitos dos tipos de preparao do solo e dos modelos alterna-tivos de formao de pastagens no controle do percevejo

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  • castanho (Scaptocoris castanea Perty, 1830). In: REUNIO ESPECIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CINCIA, 2., Cuiab, 1995. Anais Cuiab: SBPC, 1995. p.283.

    BECKER, M. Uma nova espcie de percevejo-castanho (Heteropte-ra: Cydnidae: Scaptocorinae) praga de pastagens do centro-oeste do Brasil. Anais da Sociedade Entomolgica do Brasil, Piracicaba, v.25, n.1, p.95-102, 1996.

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    CORRA-FERREIRA, B.S. Utilizao do parasitide de ovos Trissolcus basalis (Wollaston) no controle de percevejos da soja. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1993. 40p. (EMBRAPA-CNPSo. Circular Tcnica, 11).

    CORRA-FERREIRA, B.S.; PANIZZI, A.R. Percevejos da soja e seu manejo. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1999. 45p. (EMBRAPA-CNPSo. Circular Tcnica, 24).

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    CORSO, I.C. Uso de sal de cozinha na reduo da dose de inseticida para controle da soja. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1990. 7p. (EMBRAPA-CNPSo. Comunicado Tcnico, 45).

    CORSO, I.C.; GAZZONI, D.L. Sodium chloride: an insecticide enhan-cer for controlling pentatomids on soybeans. Pesquisa Agropecuria Brasileira, Braslia, v.33, n.10, p.1563-1571, 1998.

    GAZZONI, D.L. Efeito de populaes de percevejos na produtividade, qualidade da semente e caracterstica agronmica da soja. Pesquisa Agropecuria Brasileira, Braslia, v.33, n.8, p.411-424, 1998.

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    GAZZONI, D.L.; MOSCARDI, F. Effect of defoliation levels on reco-very of leaf area, on yield and agronomic traits of soybeans. Pesquisa Agropecuria Brasileira, Brasilia, v.33, n.4, p.411-424, 1998.

    GAZZONI, D.L.; OLIVEIRA, E.B. de; CORSO, I.C.; CORRA-FERREIRA, B.S.; VILLAS BOAS, G.L.; MOSCARDI, F.; PANIZZI, A.R. Manejo de pragas da soja. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1981. 44p. (EMBRAPA.CNPSo. Circular Tcnica, 5).

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    HOFFMANN-CAMPO, C.B.; OLIVEIRA, E.B. de; MAZZARIN, R.M.; OLIVEIRA, M.C.N. de. Nveis de infestao de Sternechus subsignatus Boheman, 1836: influncia nos rendimentos e caractersticas agronmicas da soja. Pesquisa Agropecuria Brasileira, Braslia, v.25, n.2, p. 221-227, 1990.

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  • HOFFMANN-CAMPO, C.B.; SILVA, M.T.B. da; OLIVEIRA, L.J. Aspectos biolgicos e manejo integrado de Sternechus subsignatus na cultura da soja. Londrina: Embrapa Soja / Cruz Alta: FUNDACEP-FECOTRIGO, 1999. 32p. (Embrapa Soja. Circular Tcnica, 22).

    MEDEIROS, M.O.; SALES JR, O. Influence of precipitation volume and soil temperature on the population dynamics of the burro-wig bu