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Page 1: Revista SOJA 2014

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Domingo / 9 MAR

O Reino de Deus: Fábula,Conto de Fadas ou Realidade?

Sábado / 8 MAR

O Reino de Deus: Já começou

Introdução

Quarta / 12 MAR

O Reino de Deus: Uma mesana Terra, Uma mesa no Céu

Quinta / 13 MAR

O Reino de Deus:Está dentro de vós

Sexta / 14 MAR

O Reino de Deus: UmaParábola para a Comunidade

Sábado / 15 MAR

O Reino de Deus:Somente pela graça

Música

Segunda / 10 MAR

O Reino de Deus:Transformando o nosso mundo

Terça / 11 MAR

O Reino de Deus:Valores Contra Cultura

ÍNDICE

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5

4

46

53

61

70

82

36

FICHA TÉCNICA | Tradução e Revisão: Departamento de Jovens | Capa e design editorial: Augusto PereiraUnião Portuguesa dos Adventistas do Sétimo dia | Departamento de Jovens | 2014

Page 3: Revista SOJA 2014

3Pr. Pedro Esteves

Dia 1 - Que bom chegarmos a mais uma Semana de Oração de Jovens e podermos passar algum tempo juntos, em partilha, em louvor, em meditação e sobretudo numa busca intensa da pre-sença de Deus. Estou há uns dias a meditar no que quero dizer-te neste texto de introdução e dou comigo a pensar que escrever 3 ou 4 parágrafos não é difícil, mas estar seguro que te digo alguma coisa relevante e inspiradora, seja qual for a tua experiência ou as circunstâncias que estás a viver neste momento, isso preocupa-me a sério. Acho que vou escrever um diário e anotar os meus pensamentos. Preciso que o Senhor me inspire …

Dia 2 - Tenho de ser honesto contigo e dizer-te que, nem sei bem porquê, mas tenho a im-pressão que se calhar são poucos os corajosos que com tantas páginas pela frente nesta re-vista, vão perder 4 ou 5 minutos a ler este texto. Bom, mas se tu já chegaste até aqui é provável que continues e por isso o melhor é mesmo continuar a meditar sobre o assunto ….

Dia 3 - Estou sentado na gare do aeroporto de Zurich enquanto espero pelo meu voo (tenho 6 horas para esperar e por isso tempo não me falta) e observo o que se passa à minha volta. Vejo centenas de pessoas apressadas palmilhar estes corredores labirínticos. Tantas línguas, culturas, ideias e projetos de vida diferentes que se cruzam como se vivessem cada um no seu planeta. Imagino Jesus a descer pelas escadas rolantes, ao fundo, e a sentar-se à mesa com as pessoas, uma de cada vez, e a dizer-lhes “O Reino de Deus está próximo”. Pergunto-me que efeito isso teria no homem à minha frente – um executivo de cabelo grisalho e bem vestido, provavelmente com uma conta bancária bem recheada. E no jovem casal aqui ao meu lado que troca sorrisos cúmplices e apaixonados, com tantos planos para o futuro? E no trabalhador da manutenção do aeroporto atrás de mim (oxalá não tenha reparado que estava a olhar para ele), que com a sua farda de trabalho come rapidamente porque a pausa de almoço deve estar mesmo a acabar? O que seria para eles o Reino de Deus no meio de tantos euros, sonhos e rotinas? E se calhar aproveito e pergunto … e para ti? Que efeito produziria na tua vida se Jesus hoje te dissesse: “O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus”?

Dia 3,5 - Estou a mais de 11.000 metros do solo terrestre e aqui, dentro do avião, a perspetiva sobre as coisas muda radicalmente. Pela janela vejo tudo tão pequeno lá em baixo, e quando o vento faz este monstro de ferro abanar percebo que a minha vida está pendurada por um fio. Se pensar bem até estou mais perto do céu, pelo menos fisicamente, mas enquanto medito em tudo isto, acho que compreendi finalmente o que ando para te dizer há 3 dias. E é mui-to simples: percebi que aqui no ar não estou realmente mais perto do Reino de Deus! Sabes porquê? Porque ele está aí em baixo. Sim, aí mesmo onde estás agora. Eu estive lá ainda há pouco, naquele aeroporto cheio de gente. O Reino de Deus está onde alguém tem o coração a transbordar do amor de Jesus. Foi por isso que Ele disse “O Reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17.21). Jesus não desceu as escadas rolantes em Zurich mas eu desci, eu fui instrumento do Reino naquele aeroporto, só não sei se isso foi visível. Tu és o instrumento do Reino de Deus aí mesmo em casa, na escola, no escritório, na igreja, e em qualquer lugar onde estiveres. Aceitas isso?Bom, fecho aqui o diário. Mas até este avião aterrar, o Reino de Deus para mim é aqui mesmo, a 11 300 metros do chão e ao lado do Paulo, um jovem emigrante que até há meia hora era apenas um estranho para mim. Agora já sei que tem terror de andar de avião (e vou conver-sando com ele a ver se o acalmo) e ele já sabe que eu sou pastor da Igreja Adventista, nome que nunca tinha ouvido na vida. O Reino de Deus está aqui, no lugar 12C do voo TP927. Não quero esquecer isto!!

Departamental de JovensFICHA TÉCNICA | Tradução e Revisão: Departamento de Jovens | Capa e design editorial: Augusto PereiraUnião Portuguesa dos Adventistas do Sétimo dia | Departamento de Jovens | 2014

Diário do Editorial

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Gilbert Cangy(Diretor do Departamento de Jovens da

Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia)

Sê bem-vindo à Semana de Oração de Jovens (SOJA) 2014Em consulta com os Diretores dos Departamentos de Jovens da Igreja mundial, decidimos em 2014 dar continuidade ao tema “Missão e Serviço” que iniciámos na SOJA de 2013. Vamos debruçar-nos novamente sobre o tema do Reino de Deus mas a partir de uma perspetiva dife-rente. Vamos explorar a centralidade do Reino de Deus nos ensinamentos de Jesus e no que ele significa para nós enquanto jovens deste tempo. Eu estava no segundo ano dos meus estudos de Teologia em Avondale, e quando fazia o turno da noite no sanatório onde trabalhava o meu supervisor perguntou-me se era capaz de resumir a missão de Jesus em seis palavras, e que tinham de ser palavras do próprio Jesus. Depois de várias tentativas acabei por desistir, porque simplesmente não sabia o que dizer. Ele repreendeu--me e com orgulho mandou-me ver Marcos 1:14,15. Marcos descreve o início do ministério de Jesus nestas palavras: “Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho.”Marcos aponta para o momento em que Jesus começa o Seu ministério terrestre. Ele começou a proclamar as boas novas de Deus. Um momento de grande significado na história da salvação tinha chegado, e ele define a essência dessas boas novas de Deus: “é chegado o reino de Deus.” Aqui, nós entendemos “é chegado” como significando literalmente tornar próximo, estar à mão ou ao alcance.Jesus descreve o propósito da Sua vinda ao mundo exatamente nas mesmas palavras e este tema permeia o Novo Testamento como um tema fundador. “Ao romper do dia saiu, e foi a um lugar deserto; e as multidões procuravam-no e, vindo a ele, queriam detê-lo, para que não se ausentasse delas. Ele, porém, lhes disse: É necessário que também às outras cidades eu anuncie o evangelho do reino de Deus; porque para isso é que fui enviado. E pregava nas sinagogas da Judéia.” (Lucas 4:42-44) “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades.” (Mateus 9:35)A SOJA vai explorar o tema do Reino de Deus e de forma específica chamar a atenção dos leitores para a realidade presente do Reino à luz do seu culminar escatológico. Como Adven-tistas temos de forma correta dado ênfase no glorioso cumprimento (ainda por vir) da nossa esperança. Esta semana de oração terá o seu foco nas implicações da nossa “bem-aventurada esperança” hoje.Os escritores vão basear-se na proclamação e demonstração de Jesus, no Sermão da Montanha, Suas parábolas e milagres. A enfâse vai ser “tu podes entrar no estilo de vida do Céu agora, até que o tempo dê lugar à eternidade.” Entra hoje, sê transformado, sê um embaixador de reconcili-ação, busca a justiça e a misericórdia, e que as nossas comunidades de fé sejam janelas, uma antevisão da breve vinda do glorioso Reino de Deus.

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O REINO DE DEUS:JÁ COMEÇOU

Vivemos num cosmos louco e conflituoso. O nosso mundo sofre e testemunha as terríveis

disputas que estão à nossa volta e dentro de nós. O poder do bem e do mal contendem pelos corações hu-manos e pelos assuntos terrenos. Este mundo é um campo de batalha sangrento, cheio de zonas de guerra e lares desfeitos, de controvérsias e ter-ramotos, de pobreza e ansiedade, de desflorestação e exploração humana.

Algo melhor está a chegar … e será em breve. Jesus voltará outra vez para fazer novas todas as coisas. Como diz o hino, “Oh que esperança vibra em nosso ser, pois aguardamos o Senhor.” No grande dia da volta de Jesus, Deus vai operar uma renovação e uma rec-reação que nenhum poder será capaz de travar. Todo o caos será apazigua-do, todos os conflitos serão sanados. O céu, finalmente! Aleluia! Mas até lá … vivemos num “entretanto”, entre o Éden perfeito da criação e o Éden restaurado da recreação. Entretanto, ainda que os nossos corações anseiem pelo céu, os nossos pés estão firme-mente implantados na poeira deste planeta louco e conflituoso.

Se ao menos o céu pudesse começar agora… será que pode? Será possível Deus trazer o céu para a terra apenas um pouco antes do previsto para que possamos desfrutar desse reino ago-ra? Imagina se o céu pudesse começar aqui. É isto que desejamos, não é ver-dade? É por isso que, seguindo o ex-emplo do nosso Senhor, nós oramos: “Venha o teu reino e seja feita a Tua vontade aqui na terra como no céu.” Se ao menos pudéssemos viver no céu agora …As boas-novas são … bem, não as que-ro estragar. Vou deixar que seja o próp-rio Jesus a dizer-te. Vê comigo Marcos 1:14, 15. Escuta as boas-novas de Deus: “Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galileia pregando o evangelho de Deus e dizendo: O tem-po está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho ” (Marcos 1:14, 15). Jesus es-tava a proclamar, a pregar e a anunciar as boas-novas de Deus. E o que são es-sas boas-novas? “O tempo está cum-prido” e “é chegado o reino de Deus”. As boas-novas de Deus que Jesus es-tava a proclamar são hoje ainda boas--novas! “O tempo está cumprido” e “é chegado o reino de Deus”.

Marcos 1:14-15 | Mateus 11:28 | Apocalipse 21:1-4

SÁBADO8 Mar

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Jesus disse que o tempo tinha che-gado. Que relógio estava Ele a con-sultar? Um sofisticado relógio de pulso do primeiro século? Talvez Ele tenha puxado do seu telemóvel para verificar o tempo? Este não é o tipo de tempo que te diz que tens de ir para a próxima aula ou aquele que te diz que tens mesmo, mesmo, mesmo que sair da cama por que já desligaste o despertador três vezes e vais perder o autocarro. Não, a espécie de tempo de que Jesus está a falar é um tempo que está envolto em esperança, a es-pécie de tempo que Deus determinou há muitos anos atrás, o tempo que faz avançar o plano da redenção – é tempo profético.

E este relógio profético começou o seu tique-taque logo que Eva e Adão comeram daquele fruto proibido e ex-puseram o mundo a uma escuridão inconcebível. Precisamente aí, no Jardim do Éden profanado, o Senhor fez uma promessa, dizendo a Eva que os seus descendentes poderiam esmagar o inimigo Satanás (Génesis 3:15). Quando Eva ficou grávida pela primeira vez, ela teve a esperança de que o tempo tivesse chegado e de que Caim fosse O prometido. Mas o tem-po ainda não tinha chegado. E Deus manteve a esperança viva, manteve essas incríveis promessas de uma cri-ança que salvaria o mundo, promes-sas de um Deus habitando com os homens e finalmente promessas do reinado de Deus: promessas de paz e abundância, de cura e de uma vida sem fim!

Nos dias de Abraão, o tempo ainda não tinha chegado. Nos dias de Moi-sés, o tempo ainda não tinha chegado. Nos dias de David, o tempo ainda não tinha chegado. Nos dias de Isaías, o tempo ainda não tinha chegado, nos dias de Daniel, o tempo ainda não tin-ha chegado. Nos dias de Malaquias, o tempo ainda não tinha chegado.

Mas, na plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho ao mundo. O tempo tinha chegado, “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei ” (Gálatas 4:4). Uma virgem con-

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cebeu, um menino nasceu – pobre, modesto e perfeito, a criança cresceu, um homem apareceu, e esse homem, Jesus, começou a proclamar em alta voz, “O tempo está cumprido!”. Chegou o tempo. A esperança das gerações, o desejado das nações, o anseio de cada coração humano, desde Eva, até Ma-ria, até ti – Ele veio. Emanuel: “Deus connosco”. Jesus, “Salvação”. O tempo chegou. A sabedoria dos mestres e as palavras dos profetas estão cumpri-das. O tempo chegou! Em Jesus, Deus cumpriu cada promessa feita à hu-manidade através da Sua presença, da Sua ação, da Sua soberania. A excelsa beleza e a profunda bondade do reino de Deus tinham, até aqui, sido apenas promessa. Mas agora, o tempo estava cumprido! Em Jesus, Deus está a pas-sar da promessa ao seu cumprimento.

Sim, o reino de Deus aproximou-se. Satanás é conhecido nas Escrituras como o príncipe deste mundo, o deus deste século. Ele usurpou a declaração de soberania feita por Jesus como criador do planeta Terra, quando os nossos primeiros pais pecaram e se lhe submeteram. Mas Deus, no Seu amor e compaixão, já tinha concebido o plano da salvação antes que os fun-damentos da Terra fossem estabeleci-

dos. E quando o tempo se completou, Ele deu o passo decisivo de entrar no nosso mundo para nos curar da nossa cegueira. Para abrir os nosso olhos para a realidade do seu Reino Celeste e providenciar o meio pelo qual nós podemos entrar nele. “Nos quais o deus deste século cegou os entendi-mentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (II Coríntios 4:4). Pela vinda de Jesus, um pedaço do céu irrompeu na Terra, a dimensão celestial penetrou na nossa realidade terrestre. Em Jesus, o Reino de Deus chegou bem perto.Quando ouvimos Jesus anunciar algo tão notável quanto o reino de Deus, queremos saber mais alguns deta-lhes. O que é isto afinal? Com o que se parece? Marcos não nos fornece um índice para conhecer este reino; ele não nos dá os ingredientes como se se tratasse de uma receita. De forma magistral, em vez de nos dizer o que é o Reino de Deus, Marcos escreve o seu evangelho para no-lo mostrar.

Vamos ver o que Jesus fez e assim va-mos perceber o que é afinal o Reino. No capítulo 1, versículos 16-20: Jesus chama Simão, André, Tiago e João. Ele começa por reunir uma comunidade que, desde a primeira hora, está fo-cada em evangelizar. “Vinde após mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens. Então eles, deixando imediatamente as suas redes, o seguiram ” (Marcos 1:17, 18).

“O Reino de Deus tornou-sepróximo, Está ao nosso

alcance”

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No versículo 20: Jesus ensina os que estavam reunidos na sinagoga. Nos versículos 21-26: Jesus expulsa um demónio. Nos versículos 29-31: Jesus cura a sogra de Pedro de uma terrível febre. Nos versículos 32-34: Jesus cura os doentes e os endemoninhados. No versículo 35: Jesus levanta-se de madrugada para estar em comunhão com Deus através da oração. Depois Ele começava novamente, viajar, ensi-nar, pregar e curar. No capítulo 2, Jesus perdoa publica-mente os pecados do paralítico e cura os seus membros. Ele vai ao encontro de um judeu menosprezado e que era cobrador de impostos e janta com os pecadores na cidade. Depois reclama o sábado como tendo sido: “feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado ”, e apresenta-se a si mesmo como Senhor “até do sábado”. No capítulo 3 Ele cura nesse dia, res-taurando o sábado ao seu propósito de cura. A seguir chamou doze apóstolos a fim de os enviar com o evangelho e com o poder de derrubar demónios. No capítulo 4 Ele ensina vez após vez sobre o mistério do reino – que ele não é como os reinos deste mundo, não é opressivo nem violento, como é que ele deve ser partilhado, como cresce e funciona pelo poder de Deus, como ele começa pequeno mas se torna grande.Depois, Marcos começa a demonstrar o poder do reino de maneiras ainda mais evidentes. Primeiro, no capítulo 4, Jesus acalma a tempestade. Com

apenas algumas palavras, Ele silen-cia o vento e as forças tempestuosas. Jesus é o Senhor do mundo natural. A seguir, no capítulo 5, Marcos torna a contar a maneira como Jesus traz salvação ao caso perdido do homem possuído por uma legião de demónios. Pelo poder da Sua palavra, Ele liberta o lunático e derruba o poder demoníaco. Jesus é o Senhor do mundo espiritual. Depois, Jesus cura uma mulher vítima por mais de doze anos de uma doen-ça incurável. Jesus é Senhor sobre a doença. E depois – DEPOIS! – Ele res-suscita de entre os mortos uma jovem de doze anos, restaurando a sua vida e a alegria dos seus pais. Jesus é Senhor sobre a morte.

E a história continua sem parar, Jesus revelando o reino de Deus no mundo.

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E o que é o Reino? É comunidade, é evangelismo, é libertação do poder satânico, é cura física, é o perdão dos pecados, é doutrina verdadeira, é ex-perimentar o Sábado, é a libertação do temor é a esperança para além da doença e da morte, é comungar com Deus e comer com pecadores.Em Jesus, o reino de Deus ficou próxi-mo. Um pouco de céu brilhando sobre a Terra, a dimensão celeste invadindo a nossa realidade terrestre. O Céu começou aqui. “O tempo está cum-prido. É chegado o reino de Deus”.Se tão somente pudéssemos viver no céu agora … e nós podemos! Porque em Jesus, o céu começou aqui. Mas, como podemos viver no céu agora? Jesus também nos disse isso: “O tem-po está cumprido.” disse Ele. “É che-gado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho ” (Marcos 1:15). Como podemos viver a vida do reino agora? Arrepende-te e acreditanas boas-novas!

Deus tem sempre uma forma de nos falar no momento de necessidade. Quando as nossas esperanças e so-nhos nas coisas terrestres parecem desiludir-nos, Ele desafia-nos através da impressões profundas do Espírito Santo a considerarmos o que Ele tem para nos oferecer a fim de abrirmos os olhos da cegueira onde “o deus deste século” nos prendeu. À luz da bondade de Deus nós vemos a nossa maldade, e lançamo-nos nos braços da Sua misericórdia. Pedimos ar-

rependimento e Ele concede: uma mudança de mentalidade, uma mu-dança de coração, uma mudança de vida. Arrepender-se significa mudar de direção e abandonar o pecado, à medida que nos agarramos ao Sal-vador. Não trilhamos mais os nossos próprios caminhos, mas os caminhos do Senhor. Não somos mais senhores dos nossos planos, mas escolhemos Jesus como nosso Senhor. Através do batismo da água para nos purificar e do batismo do Espírito Santo para nos transformar e capacitar, somos conduzidos ao encontro de uma nova vida no reino de Deus.

Às vezes temos a ideia errada de que temos de nos arrepender antes de ir a Jesus. Pensamos, “PRIMEIRO, eu te-nho de me entristecer pelo pecado e operar uma reforma”, ENTÃO eu vou a Jesus e receberei a Sua graça.” Mas nada pode ser mais inútil do que isto! O arrependimento não se interpõe en-tre o pecador e o Salvador. Não é um obstá-culo que temos de transpor an-tes de alcançarmos Jesus. Não! Não! É uma oferta que recebemos unica-mente da Sua mão. Temos de ir a Jesus para recebermos arrependimento! Ele diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vosaliviarei ” (Mateus 11:28).Por isso vamos a Jesus, cansados e oprimidos, e supliquemos-Lhe a oferta do arrependimento. “Faz-nos ver o nosso pecado como Tu

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o vês, Jesus. Faz-nos ver a beleza da santidade como tu a viveste. Faz-nos experimentar o arrependimento.”

Como é que entramos no céu que Jesus nos fez chegar? Façamos um retrato do reino de Deus na Terra como uma rede de grandes e pequenos postos avançados dentro do território inimigo. Dentro de cada um dos postos avan-çados estão as coisas mais maravi-lhosas: comida deliciosa, companhei-rismo caloroso, cura e bem-estar, paz e alegria. Ao sabermos o que está no seu in-terior, queremos entrar claro. Ansiosamente precipita-mo-nos na sua direção ao ouvirmos o som de risos e regozijo, tão perto de sentirmos o sabor daqueles deliciosos croissants de amêndoas. Mas quando estamos mesmo a ponto de entrar, somo apanhados.

“Mas qual é o problema afinal?Porque é que não consigo entrar?”“Amigo, antes de entrares neste lugar, tens de abandonar as tuas armas.”Arrependimento é abandonarmos as nossas armas. Humilhar os nossos corações rebeldes perante o Rei e desis-tir do que pensávamos serem os nossos direitos e recebermos, em vez disso, o que sabemos ser a Sua melhor oferta.

“O tempo está cumprido”, disse Je-sus. “É chegado o reino de Deus. Arre-

pendei-vos, e crede no evangelho.”

A segunda condição para experimen-tar o Céu na terra é crer nas boas-no-vas, confiar na mensagem de Jesus. Crer e confiar. Soa demasiado simples não é? Mas é na verdade tão simples quanto isso! Crer e confiar na men-sagem e experienciar o Céu na terra. Quando depositamos a nossa confian-ça em Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito, abrimos as portas para que

entrem nas nos-sas vidas de formas profun-das e cheias de significado. Em lugar de solidão,

encontramos companheirismo. Em lugar de inquietude encontramos des-canso. Em vez de vazio, encontramos abundância. Em lugar de confusão, encontramos propósito. Em vez de en-fermidade, encontramos cura. Em lu-gar de erro, encontramos verdade. Em lugar de egoísmo, encontramos amor. Em lugar de desespero, encontramos esperança.

“O tempo está cumprido”, disse Je-sus. “É chegado o reino de Deus. Ar-rependei-vos, e crede no evangelho.” Em Jesus, o Céu já começou aqui. Nós deixamos o pecado para trás e agarra-mo-nos a Ele porque Ele é a porta para o Céu aqui e no que há-de vir, Ele é o caminho para o Céu aqui e para o que há-de vir, Ele é a luz para o Céu aqui e para o que há-de vir. Em Jesus, o Céu já

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começou aqui.

No livro O Desejado de Todas as Nações, a inspirada autora Ellen White explora muito bem esta ideia: “Quando por meio de Jesus, entramos no repouso, o Céu começa aqui. Atendemos-Lhe ao convite: Vinde, aprendei de Mim; e as-sim fazendo começamos a vida eter-na. O Céu é um contínuo aproximar--se de Deus por intermédio de Cristo. Quanto mais tempo estivermos no céu da bem-aventurança, tanto mais e sempre mais de glória nos será mani-festado; e quanto mais conhecermos a Deus, tanto mais intensa será nossa felicidade. Ao andarmos com Jesus nesta vida, podemos encher-nos de Seu amor, satisfazer-nos de Sua pre-sença. Tudo quanto a natureza hu-mana é capaz de suportar, é-nos dado receber aqui ” (pg. 230).

Extraordinário! Para os que confiam na mensagem de Cristo, a vida eterna começa agora. E apenas se tornará infinitamente melhor quando Jesus regressar e a Terra for recriada e Deus fizer para sempre a Sua morada aqui e nos deleitarmos na luz da Sua pre-sença. Nós não podemos nem sequer imaginar as incríveis delícias da vida eterna na Nova Jerusalém. Nem se-quer conceber a maravilhosa excelên-cia da vida na nova terra. O céu de eternidade vai ser mais do que os nos-sos corações conseguem desejar! Mas não temos que esperar para começar-mos a desfrutar da experiência do céu agora. Podemos ter um vislumbre aqui. Podemos, agora mesmo, uma boa “dentada” do que vai ser o céu. Conhecermos Jesus, andando com Ele, confiando na Sua mensagem: o céu começa aqui.

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fé e confiança, e juntamente com os crentes que estão vivos, eles vão subir ao Seu encontro no ar. Ele vai amar-rar Satanás na Terra durante mil anos, tempo durante o qual todos os santos no Céu terão o privilégio de mergu-lhar na sabedoria de Deus e nos seus justos juízos. Após os mil anos, Jesus descerá novamente a purificar a Terra e torná-la nova. À medida que Jesus e os Seu santos anjos se aproximam da Terra, todos os que morreram em rejeição e em provocação contra Deus vão voltar à vida e juntar-se a Satanás na sua última tentativa de frustrar o último ato purificador de Deus. Mas eles serão consumidos no fogo purifi-cador e Deus fará desta terra renovada

Este sermão é longo, mas Jesus foi bem mais curto: “O tempo está cum-prido”, disse Jesus. “É chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho.” É que vais fazer? Vais en-trar no Reino agora? Vais dizer sim, pousar as tuas armas e entrar na delí-cia da Sua companhia? Eu oro para que o faças.

E este mundo louco e conflituoso precisa que o faças. Este mundo está carregado de dor, carregado de pes-soas no erro e na confusão, carregado de pessoas quebradas pelo pecado e abatidas pelo desespero. Está cheio de pessoas rodeadas pelo inimigo e cheio de pessoas perdidas em solidão. Essas pessoas precisam que tu digas sim a Jesus e que te tornes um agente para que este Reino se faça sentir, e que as ajudes a entrar no Céu que já começou aqui. Vive como um agente do Reino para que quando outros testemun-harem a tua vida, eles vejam o Reino em ação. E o que é o Reino? É comu-nidade, é evangelismo, é libertação do poder satânico, é cura física, é o perdão dos pecados, é doutrina verdadeira, é experimentar o Sábado, é a libertação do temor é a esperança para além da doença e da morte, é comungar com Deus e comer com pecadores.

Um dia, em breve, o que Jesus começou aqui Ele vai voltar para terminar. Ele romperá os céus e surgirá com a trom-peta do arcanjo. Ele vai ressuscitar os mortos que depositaram nEle a sua

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a nossa morada permanente.Apocalipse 21:1-4 diz: “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já se foram o primeiro céu e a primeira ter-ra, e o mar já não existe. E vi a santa ci-dade, a nova Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo. E ouvi uma grande voz, vinda do tro-no, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são pas-sadas.”

Que gozo o Céu será!Que excelsa alegria!

Mas entretanto, que nunca nos es-queçamos que, em Jesus, o Céu já começou aqui. Amigos, não diremos sim a esta promessa, depositando as nossas armas e entrando?

O tempo está cumprido.

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tantas pessoas? Pensei nisto durante várias semanas e cheguei à conclusão de que nós, os seres humanos, dese-jamos viver o nosso próprio conto de fadas. Temos inscrito no nosso inte-rior, talvez no nosso ADN, o desejo profundo de fazer parte de uma outra história. Todos nós, num ou noutro momento, desejamos fazer parte destas histórias fantásticas.C. S. Lewis disse: “Se existem anseios nos nossos corações que nada neste mundo consegue satisfazer, isso só pode querer dizer uma coisa. Nós fo-mos pensados para outro mundo.”Quando éramos crianças, acreditáva-mos nesse outro mundo, nessa outra história, que nos soava mesmo a con-to de fadas. O dicionário Webster de-fine conto de fadas como: “histórias (para crianças) que envolvem seres e forças fantásticas – uma história na qual eventos improváveis conduzem a um final feliz.”

Eu costumava acreditar em todo o tipo de contos de fadas: no pai na-tal, no coelho da páscoa, e até na

DOMINGO9 Mar

Mateus 11:4-5 | Filipenses 3:4-8 | I Coríntios 2:9

Sabias que no final do mês de abril de 2011, ocorreu um dos maiores eventos da história? Na

verdade, é um momento que tenho a certeza que a maioria das pessoas no mundo se recordam. É um daqueles momentos de que vamos falar daqui a vinte anos dizendo: “Lembras-te onde estavas quando …?”

Qual foi o acontecimento? Foi o dia em que o princípe William, duque de Cambridge, se uniu em matrimónio com Catherine Elizabeth Middleton. O casamento real foi o acontecimento mais visto da história, tal como tinha acontecido com o casamento do pai de William, em 1980. De acordo com as estatísticas, o casamento real foi visto por aproximadamente 2,5 bi-liões de pessoas, ou seja, aproxima-damente 35% da população mundial. Estamos a falar de qualquer coisa como 1 em cada 3 pessoas no planeta.

Como observador da vida sinto-me forçado a perguntar, o que é que este evento tem para atrair a atenção de

O REINO DE DEUS:FÁBULA,

CONTO DE FADASOU REALIDADE?

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fada do dentinho. Mas depois cresci e deixei de acreditar nesses contos de fadas. Eu sei muito mais agora. Estudei. Dois diplomas na parede do meu escritório e anos de experiência no currículo dizem-me que os contos de fadas são, tão simplesmente, bons demais para serem verdade. Ninguém vive feliz para sempre – quinze minu-tos a ver notícias chegam para o per-ceber – fome, doença, tráfego sexual, catástrofes naturais, terrorismo, di-vórcio. O mundo é um lugar horrível e os contos de fadas da minha juven-tude todos se desvaneceram.Mas curiosamente, eu ainda leio as histórias da Bíblia aos meus filhos. Não quero que eles percam a opor-tunidade de terem sonhos reais e de aprenderem sobre heróis verdadeiros. E quando lhes leio estas histórias, a minha mente divaga, tenho desejos, esperanças e até temores. Dou por mim a desejar que fosse certo que a vida terminasse com toda a gente a viver feliz para sempre. Mas também dou comigo temendo que os meus fi-lhos um dia deixem de ser crentes.

Vou contar-vos duas histórias. A primeira é sobre a realidade deste mundo - a vida que enfrentamos diariamente - uma vida de rotinas, incrivelmente stressada, cheia de de-silusões e de situações dolorosas que preenchem os nossos dias. Mas de-pois temos esta outra possibilidade, outra história, talvez até uma outra realidade – uma que se parece para

todos os efeitos a um conto de fadas, mas em que vale a pena acreditar porque é verdade. A minha esperan-ça, o meu desejo e a minha oração é que ao contar estas duas histórias, os teus olhos se abram e que escolhas viver esta outra história, a que vamos chamar o “Conto do Reino”.

Acontece inevitavelmente com todos nós, chega o dia em que os contos de fadas morrem. Alguma coisa acon-tece para nos tirar essa ilusão: os nossos pais divorciam-se, um amigo morre, um professor bem-inten-cionado diz-nos que não podemos trabalhar como artistas porque não conseguiremos sobreviver. Talvez nos seja diagnosticada uma depressão ou

O REINO DE DEUS:FÁBULA,

CONTO DE FADASOU REALIDADE?

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uma outra doença mental. Ou talvez tenhamos simplesmente crescido. Seja o que for, isso acontece a quase todos. Tanto quanto vos posso dizer, respondemos a esta grande perda es-forçando-nos e dando o nosso melhor para fazer desta vida alguma coisa. Trocamos os castelos e os cavalos do passado por carros desportivos, por um escritório situado na melhor zona da cidade e uma casa de campo. Lu-tamos por obter diplomas para nos sentirmos importantes, compramos outro tipo de brinquedos para nos ajudarem a esquecer o vazio que ex-iste dentro de nós. Alguns procuram os bares para entorpecer as suas “al-mas” ou vão atrás de relacionamen-tos sem grande significado, reais e/ou virtuais, para pelo menos terem a ilusão de intimidade. Ou então, atiramo-nos à religião em busca de uma vida “perfeita”, ou pelo menos da aparência disso. Procuramos a esposa perfeita, que completamos com 2 ou 3 filhos, e somos iludidos a pensar que se ao menos tentarmos com força suficiente, se nos portar-mos como deve ser, e se trabalhamos tempo suficiente, um sentido para a vida há-de surgir.

Num estudo realizado pelo Institute of Higher Education em 2012, chega-ram à conclusão de que para 78,1% dos caloiros da universidade ser fi-nanceiramente bem sucedido era a coisa mais importante na vida.

Agora, não estou a dizer que ser bem sucedido e possuir bens materiais, é em si mesmo o que está errado. NÓS somos o que está errado. Nós é que deixamos de acreditar no conto do Reino e portanto perdemos o sen-tido do que é mais importante na vida. Nós é que procuramos sentido para a vida em lugares destituídos de qualquer sentido. Nós fazemos perguntas importantes, tais como: “Quem sou eu? Qual é o meu obje-tivo? Qual é o significado da vida?” Mas as respostas que encontramos na realidade deste mundo continuam a deixar-nos vazios. Reparem, e se conseguíssemos obter tudo o que al-guma vez sonhámos, para depois nos apercebermos que esse caminho não nos conduz a lado a nenhum?Tom Brandy, defesa do New England Patriots, um dos jogadores mais bem pagos do futbeol americano, disse uma vez numa entrevista: “Por que é que eu tenho três anéis do Super-Bowl (prémio individual ganho pelos jogadores da equipa vencedora da liga nacional de futebol americano) e continuo a pensar que há algures algo melhor para mim? Quero dizer, uma grande parte das pessoas pode dizer: ‘Ó homem, tu tens tudo o que inter-essa’. Alcancei o meu objetivo, o meu sonho, a vida que sempre quis. Eu? Eu penso ‘Tem que haver algo mais do que isto.’ O que eu quero dizer é que isto não é, não pode ser, tudo o que há para viver.” (CBS TV entrevista)

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Quando perguntaram ao ator Brad Pitt se tinha conseguido alcançar o “sonho americano”, ele respondeu: “Eu conheço todas as coisas que são supostas ser importantes para nós – carros, casas, a nossa versão de sucesso – mas se isso é verdade, por que razão o sentimento generalizado nos mostra mais impotência e isola-mento, desespero e solidão? Se me perguntarem, eu digo-vos: deixem tudo isso – temos que encontrar outra coisa. Porque tudo o que eu sei, é que neste momento da história estamos a caminhar para um beco sem saída, um entorpecimento da alma, uma completa atrofia do ser espiritual. E eu não quero isso ” (Rolling Stone magazine).

E se a realidade que vemos com os nossos olhos, a fome, a doença, a falta de sentido, o sofrimento… e se esta não for a história verdadeira? E se a vida que muitos estão a viver não passa de uma fábula… uma far-sa, uma mentira, o resultado de um engano? E se a resposta para a nos-sa procura por sentido e propósito depender da nossa capacidade de acreditar no conto do Reino?

A fim de explorarmos esta outra re-alidade, este outro Reino, temos de recorrer a um livro antigo. Ele é, no mínimo, um dos mais controversos livros alguma vez escritos. Alguns na verdade seriam capazes de o ro-tular como um conto de fadas: cheio de “histórias do outro mundo”, e de lições improváveis. Alguns diriam simplesmente que são demasiado in-teligentes e instruídos para acreditar-em em ideias tão ridículas. O agnós-tico do século XIX, Robert Ingersoll, disse uma vez a propósito deste livro, que era: “uma fábula, uma obsceni-dade, um embuste, uma farsa e uma mentira.” O famoso ator Sir Ian McK-ellan disse: “Sempre pensei que (este livro) devia trazer no início um aviso alertar o leitor que se trata de ficção e não de factos.” Mas verdade seja dita, centenas de milhares de pessoas morreram para garantir que este livro e estas histórias fossem transmitidas de geração em geração ao longo de milhares de anos. Nenhum outro livro foi tão cuidadosamente preservado e

"[...] neste momento da

história estamos a caminhar

para um beco sem saída, um

entorpecimento da alma, uma

completa atrofia do ser espiritual."

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tão “exaustivamente” reproduzido. E muitos ao redor do mundo, acreditam que este livro é muito mais do que um simples conto de fadas. Creem, em vez disso, que ele contém os se-gredos para dar sentido à existência.

Vou dar-vos a verdadeira versão con-densada da história:Era uma vez, numa terra de trevas, um Criador cheio de amor para dar veio e criou luz e vida. Ele trouxe o mundo à existência pela Sua palavra. Criou depois as Suas criaturas mais amadas, à Sua própria imagem os cri-ou, macho e fêmea, e deu-lhes o mais extraordinário, ainda que arriscado, presente. Deu-lhes o presente do livre arbítrio: a capacidade de fazer-em as suas próprias escolhas e de es-colherem seguir o Criador ou rejeitá-Lo. Era a única forma de O poderem amar livremente. Tudo era magnífico e a vida era cheia de amor, propósito e significado, até que uma serpente falante entrou em cena. Ele mentiu aos seres criados e fê-los questionar

as intenções do Criador. Eles duvidar-am da bondade do Criador e assim morderam o fruto, doce no exterior mas amargo no interior, e assim trou-xeram uma tremenda maldição sobre eles e sobre este mundo. A maldição trouxe com ela, dor, fadiga, lutas, doença, rejeição e morte. Foi perdida a possibilidade de comunicar com o Criador no jardim ao entardecer. O paraíso foi perdido. Muita coisa acon-teceu no caminho, mas o Criador nun-ca abandonou a Sua criação, nunca. O Seu amor por eles nunca o permitiria. Na verdade o Criador fez algo ainda mais extraordinário do que ao con-ceder o primeiro presente do livre ar-bítrio. No momento certo, enquanto a criação ainda era impotente para se libertar da maldição, o Criador veio a este planeta e tornou-se uma das Suas criaturas. Deixou o paraíso, sa-crificou a Sua própria vida para entrar no mundo amaldiçoado a fim de nos conduzir a uma nova história.

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“Quando Deus deu Seu Filho ao nosso mundo, dotou os seres humanos com riquezas imperecíveis — riquezas di-ante das quais as entesouradas for-tunas dos homens desde o princípio do mundo nada são. Cristo veio à Terra e esteve perante os filhos dos homens com o acumulado amor da eternidade, e esse é o tesouro que, mediante nossa ligação com Ele, de-vemos receber, revelar e comunicar ” - Ellen White, A Ciência do Bom Viver, pg. 37.

Todos os teólogos parecem concordar que nos quatro Evangelhos o tema central em todo o ensino de Jesus é a proclamação da vinda do Reino de Deus, uma nova realidade. Esse rei-no é mencionado mais de 120 vezes no Novo Testamento, a maioria pelo próprio Jesus. Ele falou sobre três rei-nos, o primeiro era o reino deste mun-do, o segundo era o reino que está ao nosso alcance, perto, dentro de nós, e o terceiro é o reino que há-de vir. Já falámos sobre o reino deste mundo e o que ele tem para oferecer, e para ir-mos diretos ao assunto, vamos falar do reino que já está entre nós, porque ele é um antegozo do reino que está para vir.

Que reino é este?Em primeiro lugar, não é aquilo que estarias à espera, nunca é. Deus rev-ela-se muitas vezes de formas que nunca esperarias: um arbusto a arder,

um sussurro, um jumento que fala, um rapaz com uma funda, um bebé numa manjedoura, um carpinteiro, uma cruz. Deus gosta de surpresas. E portanto para se estar aberto à re-alidade deste reino, uma mudança prévia tem de acontecer. Temos, como Jesus disse, de nos arrepender.

Jesus iniciou o seu ministério com es-tas palavras: “Arrependei-vos porque o Reino dos Céus, ou de Deus, está próximo.” Alguns de nós já ouvi-mos dizer que a palavra arrependi-mento significa desviar-se, mudar de direção, e associamo-la a nos desviarmos do pecado. Se pecámos, necessitamos de nos arrependermos ou de nos afastarmos dele. Isto é ver-dade, mas a palavra arrependimento em grego é a palavra metanoeõ, e como muitas outras palavras gregas, metanoeõ tem vários significados. Metanoeõ também pode significar pensar de maneira diferente. Por ou-tras palavras, Jesus está a anunciar que é tempo de começar a pensar de maneira diferente porque o reino de Deus está aqui.

Arrependimento está associado à fé e é enfatizado nos evangelhos como es-sencial para a salvação. Paulo pregou o arrependimento. Ele disse: “como não me esquivei de vos anunciar coi-sa alguma que útil seja, ensinando--vos publicamente e de casa em casa,

O reino de Deus está aqui

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testificando, tanto a judeus como a gregos, o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus ” (Atos 20:20, 21).

“Não existe salvação semarrependimento ”Ellen G. White, T.S., Vol. I, pg. 365.

Pensar de maneira diferente é uma ideia poderosa. Na realidade, há uma empresa que utilizou este slogan para reverter a sua situação de quase ban-carrota e tornar-se numa das mais bem sucedidas empresas de todos os tempos, e a única que nos mercados mundiais não perdeu valor durante a recessão. De que companhia estou a falar? Apple.

Portanto para estarmos abertos à re-alidade do reino de Deus, precisamos de pensar de maneira diferente, mas como? Pensa, como fazê-lo? Feliz-mente, Jesus também nos deu essa resposta. Cercado por um grupo de homens instruídos e de discípulos que os buscavam com sinceridade, Je-sus disse: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças; de modo algum entrareis no reino dos céus.” Porque é que temos de nos tornar como crianças? Quer dizer, não gastá-mos nós tanto tempo e dinheiro para crescermos e deixarmos as nossas atitudes infantis? Permitam-me su-gerir-vos que a razão pela qual Jesus

disse que necessitamos de nos tornar como crianças está relacionada com a capacidade que as crianças têm de sonhar, de imaginar, e de acreditar no impossível. Acreditar que contos de fadas existem mesmo.

Então vamos usar este contexto, o desafio de pensarmos de maneira diferente, como uma criança, acerca da realidade do Reino de Deus. Va-mos explorar o que Jesus descreve como sendo este reino.A mais clara descrição do reino de Deus foi dada por Jesus em resposta aos discípulos de João Batista, en-quanto o seu mestre se encontrava na prisão. Até João Batista, aquele que veio para anunciar a vinda do Messias, aquele que identificou Jesus como o Messias, aquele que ouviu a voz de Deus declarar que Jesus era o Filho de Deus, foi apanhado nesta outra realidade. Vendo bem as coi-sas, se o Messias veio estabelecer o Seu reino, porque é que João estava a apodrecer atrás das grades?Jesus respondeu às dúvidas de João dizendo-lhe que espécie de coisas acontecem no reino.Lê Mateus 11:4-5.

Jesus avançou, através do Evangelho, para explicar o reino como um lugar onde os quebrantados seriam res-taurados, onde os piores pecadores seriam os primeiros a entrar, um lu-gar que invade cada aspeto das nos-sas vidas e que pode fazer sobressair

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o que de melhor há em cada um. Um lugar tão maravilhoso que quando o descobrimos, estamos dispostos a perder tudo o que temos para nos mantermos nele. É um lugar que está aberto a todas as pessoas que o que-iram aceitar. É um reino que não pode ser medido pelos títulos que antece-dem o teu nome ou o número de vír-gulas na tua conta bancária, ou pelos teus belos olhos, mas na medida em que és amado e amas os outros. É um reino generoso, um reino de graça abundante, um reino que dá um sen-tido à vida, um reino que te enche de esperança, um reino orientado pelo amor, e um reino acessível para que entres nele aqui e agora. Não o deixes escapar. “Lembrai que Cristo tudo arriscou! Para a nossa redenção o próprio Céu esteve em jogo. Meditando junto à cruz, que Cristo teria dado Sua vida por um único pecador, podeis apreciar o valor de uma pessoa ” - Ellen White, Parábolas de Jesus, pg.100.Jesus arriscou tudo para vir e trazer--nos uma nova história. Orígenes, o teólogo do terceiro século, descreveu o Reino de Deus dizendo que Jesus é o auto basilia, o que significa que Jesus Ele mesmo é o Reino de Deus. Onde quer que a presença de Jesus esteja nesta Terra, a maldição do Jardim de Éden começa a ser revertida. O surdo pode ouvir, o cego pode ver, o coxo pode andar, os mortos são ressusci-tados, os desesperados encontram

esperança, os perdidos encontram direção, e os inúteis pecadores, como eu, percebemos que somos mais vali-osos para Deus do que alguma vez poderíamos imaginar.

Uma história pessoal

Há alguns anos atrás, passei por uma crise de ansiedade que tomou conta de mim durante vários meses. No meio dessa crise, eu criei uma reali-dade alternativa, uma história dife-rente da que Jesus estava a tentar oferecer-me. Na forma como eu con-tava a história, eu tinha a certeza que ia falhar. Uma certa manhã, a minha querida esposa entrou no quarto onde me encontrava enroscado e deitado sobre um travesseiro encharcado pe-las minhas lágrimas, e corajosamente ela segurou-me pela mão e conduziu--me do conto de fadas que eu próprio tinha criado para o conto de fadas do Reino de Deus. Ela disse-me, como se fosse o próprio Deus a dar-me aquela mensagem, o quanto eu era amado e que o Pai nunca me tinha deixado e que nunca o faria. Ela traçou diante de mim um quadro do Reino, onde o que era realmente importante era o quanto eu era amado e que aqu’Ele que me amava, chamava-me e es-taria comigo para sempre.

Eu não conseguia ver esta história por mim mesmo. Com a sua ajuda comecei a ver essa realidade nos me-ses seguintes. Comecei lentamente

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a caminhar para fora do reino deste mundo e dos elementos da história que eu tinha criado, e comecei a viver no reino de Deus e na história pela qual Ele veio, viveu e morreu. Em I Co-ríntios 2:9 lemos: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” E por isso eu começo a ver com o meu novo olhar, a ouvir com novos ouvidos e há certas oca-siões onde me podem ver até aos sal-tos. Mas para começar a aceitar esta versão da história e a afastar-me da fábula e a aproximar-me do verdadei-ro “conto de fadas”, eu tive de pensar de maneira diferente, mais como uma criança, para que conseguisse voltar a acreditar no impossível.

O apóstolo Paulo aprendeu a viver no reino deste mundo. Antes de Je-sus o cegar na estrada de Damasco , Paulo tinha tudo: autoestima, poder, riqueza, influência e instrução. Ele tinha uma posição elevada neste reino. Mas depois de Jesus, Paulo chegou ao ponto de escrever estas palavras: “O que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo; sim, na verdade, tenho tam-bém como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as con-sidero como refugo, para que possa ganhar a Cristo ” - Filipenses 3:7, 8.

A tradução The Message (em inglês), di-lo de forma ainda mais enfática:

Paulo aprendeu que as coisas deste mundo, sem Jesus, não têm qualquer significado. Ele aprendeu que a coisa mais importante é conhecer Jesus Cristo e que todo o resto, sem Ele, é lixo. Educação, riqueza, poder, con-forto e o “sonho americano” … nada disso tem sentido sem conhecer a Jesus. Foi acreditar nisto que per-mitiu a Paulo cantar louvores a Deus na prisão, escrever cartas de alegria e encorajamento enquanto definha-va preso às correntes, ou mesmo ir para a morte cantando hinos de lou-vor, porque a realidade na qual vivia não era deste mundo. A realidade de Paulo era o Reino de Deus, e isso, nada nem ninguém lho poderia tirar. Podiam tirar-lhe as suas vestes, mas

“Sim, todas as coisas que outrora pensei serem tão im-portantes desapareceram da minha vida. Comparado com o alto privilégio de conhecer Jesus Cristo como meu Mes-tre, tudo o que antes achava que queria para mim tornou-se insignificante – como es-trume de cão. Deitei tudo isso para o lixo para poder acolher Cristo na minha vida e ser por Ele acolhido.” (Versão "The message")

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nunca poderiam tocar no seu título como filho do Deus vivo. Podiam bat-er-lhe sem explicação com varas de madeira, mas nunca poderiam apagar o fogo nos seus olhos. Podiam cuspir no seu rosto, mas a única maneira de o impedirem de proclamar as boas-novas do Reino de Deus era tirarem--lhe a vida, da qual abdicou de bom grado para estar com Jesus.

E foi com este tipo de paixão que as boas-novas do Reino de Deus se espalharam como um incêndio no mundo antigo. Comerciantes e escra-vos, jovens e adultos, os enfermos, os pobres e os excluídos, aceitaram as boas-novas e anunciaram-nas em alta voz desde as montanhas até aos becos nas cidades. Cresceram de doze para milhões de crentes, no que pareceram apenas instantes nas pá-ginas da história.

O que atraiu tantas pessoas tão rapi-damente? Foi a história, que é na ver-dade tão boa que só pode ser verda-deira, a história que supera todas as histórias, o lugar onde a maldição é invertida: a história do Reino de Deus. Foi esta história que permitiu a cen-tenas de milhares de crentes na igreja primitiva caminharem corajosamente para a morte, porque eles não podiam imaginar-se a retroceder para às limi-tações da sua história anterior. Eles acreditavam e sabiam que o “conto de fadas” que estavam a viver era a única história verdadeira e estavam

dispostos a morrer por ela.Tens alguma coisa na tua vida pela qual valha a pena viver? Pela qual valha a pena morrer? Posso sugerir-te uma nova realidade? O reino do Deus vivo. Não se trata de uma fábula. É o Caminho, e a Verdade, e a Vida, e o Seu líder estende as Suas mãos cravejadas para ti, e pede-te, implora … que acredites. Fábula ou conto de fadas? A escolha é tua.

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SEGUNDA10 Mar

Lucas 5 | Romanos 14:17 | Tiago 1:27 |

O espetáculo de fogo de artifí-cio de San Diego na Califórnia, nos EUA, está entre os mais

impressionantes do mundo e atrai milhares de pessoas. O espetáculo do ano passado (2012) foi descrito por muitos como tendo sido épico. Eu vi um vídeo com imagens desse momento e se vocês não viram vale a pena procurarem. Foi, aparente-mente, uma falha informática que fez explodir três dos quatro barcos cheios de fogo de artifício em apenas nove segundos. O vídeo é impressionante: três barcos carregados com fogo de artifício a explodir de uma só vez!

Para mim, talvez ainda mais interes-sante que a explosão, foi o facto de a multidão ter ficado a deambular cerca de 45 minutos até que uma voz soou num altifalante para dizer basicamente: “Bom, é isto pessoal, desculpem.” As pessoas estavam à espera de mais. Esperavam ver aquele fogo brilhante em tons de roxo trans-formar-se em prateado. Elas estavam à espera do fogo de artifício vermelho, branco e azul que as faria recordar a

sua infância e criar memórias nos seus filhos. Elas estavam na expeta-tiva de um final em apoteose. Aque-les que viveram essa experiência sabem como é quando somos miú-dos. Estamos sempre a perguntar se já é o final e os pais a responder: “ain-da não, espera mais um pouco.” E nós ali sem paciência para esperar mais, queremos é ver o grande final. Mas quando ele chega, percebemos logo do que se trata. Sabíamos que ia ser qualquer coisa de diferente, que isto sim ia valer a pena, que era mesmo aquilo que estávamos à espera.

Mas aquelas “pobres” pessoas em San Diego, experimentaram o começo, o meio e o fim do seu fogo

O REINO DE DEUS:TRANSFORMANDOO NOSSO MUNDO

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de artifício em apenas nove curtos segundos! E depois ficaram à espera do grande final que nunca viria. Elas foram simplesmente deixadas ali na expetativa de ver o fim. A imprensa cobriu a história com palavras como “desapontados” ou “aborrecidos” na espera pelo final que afinal já tinha acontecido. Foi realmente uma pena que não tivessem podido usar aquele tempo para outra coisa. O conjunto de todos aqueles minutos e segun-dos de todas aquelas pessoas poderi-am ter mudado o mundo se tivessem sido bem usados. Mas eles estavam à espera do grande final.

Regressámos há bem pouco tempo do encontro campal da Igreja Adven-tista do Sétimo Dia na Federação Norte de New England. Um ótimo lu-gar, com excelentes pessoas. Foi uma experiência magnífica em que quatro jovens foram batizados e onde pu-demos estar num dos mais antigos lugares da história da nossa Igreja. Foi muito bom e eu estou grato pela oportunidade. Mas ao chegarmos ao aeroporto em Boston recebemos uma notícia de cortar o coração: o nosso voo estava atrasado! Bom, para mui-tas pessoas isto talvez não fosse as-sim tão aborrecido, mas eu tenho três crianças e os seus vários dispositivos eletrónicos estavam mesmo a ficar sem bateria. Tempos difíceis aproxi-mavam-se. Os rapazes insistiam em fazer asneiras e meterem-se com tudo o que os rodeava. As coisas não

lhes estavam a correr bem e por con-seguinte, a mim também não. Pare-cia que nunca mais íamos embora. Por cada cinco minutos que o avião estava atrasado, tínhamos a sen-sação de ter esperado mais uma hora. Os meus filhos estavam chateados e arranjavam problemas, e eu e aminha mulher a perdermos a cabeça. O pon-to é este, quando esperamos por al-guma coisa isso não apenas faz com que o tempo passe bem devagar mas também nos deixa com muito tempo para nos metermos em sarilhos.

Porque estou a falar deste assunto? Porque nós somos um povo que ex-perimentou um grande desapon-tamento. No entanto os nossos corações ainda anseiam por essa bem-aventurada esperança que arde dentro de nós. Esperança na vinda do Senhor! E neste período de espera tentamos passar o mais tranquilos possível. Alguns de entre nós têm esta ideia de que Jesus veio a esta Terra simplesmente para nos salvar e, no momento certo, vir buscar-nos para o céu. No entanto, vamos ver as palavras de Jesus e perceber o que Ele acreditava ser a razão para a Sua vinda:

“Chegando a Nazaré, onde fora cri-ado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava escrito:

O REINO DE DEUS:TRANSFORMANDOO NOSSO MUNDO

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O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas-novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cati-vos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor. E fechando o livro, devolveu--o ao assistente e sentou-se; e os o-lhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer--lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos ” - Lucas 4:16-21, negrito adicionado.

O que estava Jesus a dizer? Será pos-sível que Ele estivesse a afirmar que justiça, paz e retidão estavam prestes a ser estabelecidos para sempre? A Sua foi resposta: SIM! E nós sabemos que com Jesus não há forma de con-tornar uma declaração clara que Ele faça. Não há lacunas ou caminhos al-ternativos. Se fores como eu, gostas de fazer uma argumentação sólida mas depois certificaste que deixas uma saída, uma brecha, no fundo uma pequena porta de escape, para que se alguém tiver um argumento melhor, então haja sempre uma ma-neira de “ficar bem na fotografia”. Jesus, no entanto, não deixou espaço para que isto acontecesse. O tempo de justiça, paz e reconciliação estava agora diante de nós, na medida em que Ele o inaugurou com Sua vida, morte e ressurreição. Ficava assim claro que este não seria um tempo simplesmente ou apenas para nos

salvar pessoalmente, mas também para declarar as boas-novas aos po-bres.

Mas vamos parar por um momento e colocar a pergunta: “O que são boas--novas aos pobres?” Serão “boas-novas aos pobres” o facto de que assim que deixamos esta vida mis-erável a próxima coisa que vemos é Jesus Cristo e depois subimos ao Céu? Com certeza! Isso será sempre uma boa-nova, para os ricos, pobres, ul-tra pobres, ultra ricos, e para a classe média também. Sabes o que mais é uma “boa-nova aos pobres”? Ali-mentos, roupas, bebida, abrigo. Es-tas coisas criam em nós a capacidade de prosseguirmos. Às vezes “boas--novas” é tudo o que pode aliviar no imediato uma situação difícil. São as nossas “boas-novas aos pobres” algo que mude a sua condição de vida? Ajuda-os a viver a vida no presente reino de Deus? São as nossas “boas--novas aos pobres” apenas as novas do futuro, ou são boas-novas para hoje também?

“O governo sob que Jesus viveu era corrupto e opressivo; clamavam de todo lado os abusos — extorsões, in-tolerância e abusiva crueldade. Não obstante, o Salvador não tentou ne-nhuma reforma civil. Não atacou ne-nhum abuso nacional, nem condenou os inimigos da nação. Não interferiu com a autoridade nem com a admi-nistração dos que se achavam no

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poder. Aquele que foi o nosso exemp-lo, conservou-Se afastado dos gover-nos terrestres. Não porque fosse indiferente às misérias do homem, mas porque o remédio não residia em medidas meramente humanas e ex-ternas. Para ser eficiente, a cura deve atingir o próprio homem, individual-mente, e regenerar o coração ” - Ellen G. White: DTN pg. 358. Será que as nossas boas-novas têm apenas a forma de um folheto ou de um livro, ou podem assumir a forma de roupas ou pão? Porque eu sei do que preciso quando tenho fome – e refiro-me a fome física – e tu também sabes.

Ao ajoelhar-se com uma bacia e uma toalha, Jesus redefiniu o conceito de grandeza.

Ao proclamar as boas-novas e de-pois torná-las práticas, Ele reivindi-cou as boas-novas para o presente reino de Deus e nós precisamos des-sa redefinição desesperadamente. “Porque o reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, na paz, e na alegria no Espírito San-to” (Romanos 14:17). Os filhos de Israel tinham-se tornado uma fraca amostra do reino de Deus vindouro.

Na televisão e nos órgãos de comu-nicação social fazemos escolhas ba-seando-nos nos previews que vemos de um programa, de uma série ou um qualquer evento multimédia. Se forem aos trailers da Apple podem ver o que está a ser preparado e o que está atualmente a acontecer nas ex-periências e produções multimédia. Mas por vezes os previews tornam--nos completamente desinteressa-

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dos em perder o nosso tempo a ver o que está a ser oferecido. Outras vezes acontece o inverso, ou seja, o preview excede em muito a experiência com-pleta. Nós assistimos por exemplo a um preview de uma nova série e os dois minutos que vemos criam-nos uma expetativa muito positiva, mas depois quando a vemos realmente percebemos que na verdade aqueles dois minutos eram a única coisa que valia a pena ser vista.

Até Jesus vir à Terra, o preview do Reino de Deus era bem fraco. Os fi-lhos de Israel não tinham dado ao mundo uma expressão do carácter de Deus que pudesse interessar a mui-tos. O trailer não estava a fazer nin-guém querer ver o “filme” completo, porque a sua definição de grandeza baseava-se apenas no facto de serem o povo escolhido e na “lei”, nas suas tradições e herança. Pobreza e aflição eram sinais da desaprovação divina, e isto dificilmente eram boas-novas para os pobres e aflitos.

E assim tínhamos um mundo que precisava desesperadamente de bo-

as-novas no qual Jesus que se apres-sou em fazer dessas boas-novas mais do que simples palavras. As boas-no-vas de Cristo iam para além de meros argumentos teológicos. Elas foram feitas carne. As Suas boas-novas es-tavam revestidas de pele, e tinham pão, roupas e saciavam a sede. As boas-novas tornaram-se cura física e tornaram-se também numa comuni-dade que partilhava tudo o que pos-suía e que se assegurava que à sua volta ninguém tinha fome, frio ou qualquer outra aflição. As boas-novas do céu tornaram-se as boas-novas de aqui e agora, nas suas vidas, no seu, dia a dia ao acordarem e ao andarem. Não eram apenas um projeto para o reino de “um dia em breve”, eram para HOJE. Hoje era o dia em que as boas-novas de justiça, paz e liber-dade eram proclamadas.

“Um dia em breve,” nós vamos expe-rimentar o culminar de todas as nos-sas esperanças e sonhos no estabele-cimento do reino glorioso e eterno de Deus, mas o “Céu” começa aqui e agora.

Esta é uma verdade que me deixa cheio de entusiasmo porque quando as boas-novas são algo real e pre-sente é impossível não ficar empol-gado. Eu penso que esta é uma das razões pelas quais os discípulos não jejuavam quando estavam perto de Jesus. Eles sabiam que as Suas boas--novas eram boas demais para terem

Nem mesmo a lei era uma boa

nova para aqueles que se

esforçavam por cumpri-la sem

recurso a um Salvador, porque a

lei convence e revela o pecado.

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de aparentar um pesar estoico.

Mas estas boas-novas eram duras para os “bons velhos” religiosos dos quatro custados. Era demais e pare-cia muito estranho. Era demasiado inclusivo e significava que tinham de amar os que não mereciam amor. Podemos perceber portanto que Deus estava farto dos seus atos de justiça. As suas reuniões tinham-se tornado meros desfiles de aparato e os seus cultos eram algo que Deus não supor-tava mais. Isto já tinha acontecido. Vamos ler Isaías 1:10-17 (apesar de não parecer ele está a falar com Je-rusalém!):

“Ouvi a palavra do Senhor, governa-dores de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra. De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Es-tou farto dos holocaustos de carnei-ros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novi-lhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átri-os? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abomi-nação. As luas novas, os sábados, e a convocação de assembleias... não posso suportar a iniquidade e o ajun-tamento solene! As vossas luas no-vas, e as vossas festas fixas, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Quando

estenderdes as vossas mãos, escon-derei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai--vos, purificai-vos; tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos; cessai de fazer o mal; aprendei a fazer o bem; buscai a justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao ór-fão, defendei a causa da viúva.”

E outra vez Isaías 58:1-10:“Clama em alta voz, não te deten-has, levanta a tua voz como a trom-beta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados. Todavia me procuram cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos; como se fossem um povo que praticasse a justiça e não tivesse abandonado a ordenança do seu

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Deus, pedem-me juízos retos, têm prazer em se chegar a Deus! Por que temos nós jejuado, dizem eles, e tu não atentas para isso? por que temos afligido as nossas almas, e tu não o sabes? Eis que no dia em que jejuais, prosseguis nas vossas empresas, e exigis que se façam todos os vossos trabalhos. Eis que para contendas e rixas jejuais, e para ferirdes com pu-nho iníquo! Jejuando vós assim como hoje, a vossa voz não se fará ouvir no alto. Seria esse o jejum que eu es-colhi? O dia em que o homem aflija a sua alma? Consiste porventura, em inclinar o homem a cabeça como jun-co e em estender debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu a isso jejum e dia aceitável ao Senhor? Acaso não é este o jejum que escolhi? Que sol-tes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo? E que deixes ir livres os oprimidos, e des-pedaces todo jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os po-bres desamparados? Que vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará. E a tua justiça irá adiante de ti; e a glória do Senhor será a tua retaguarda. Então clamarás, e o Se-nhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente, e se abrires a tua alma ao faminto, e fartares o aflito; então a tua luz nascerá nas trevas, e a

tua escuridão será como o meio-dia.”

Isto é Deus a chamar bons membros de igreja para fora. Ele queria mais do que as suas liturgias, as suas ofer-tas, os seus hinos e o seu louvor. Ele queria que as suas vidas refletissem o Seu amor de foram tangível, com pele, com compaixão, de formas reais e poderosas. AMEM MAIS é cons-tantemente o grito de Deus ao Seu povo. Ele não pretende outra coisa. Podemos ver a função da igreja em 1 João 3:16-18:

“Nisto conhecemos o amor: que Cris-to deu a sua vida por nós; e nós deve-mos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitando, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? Filhinhos, não ame-

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mos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade.”

É sempre difícil quando Jesus define alguma coisa, porque Ele fá-lo de forma tão diferente. Com frequência pensamos que sabemos o que Jesus diria, mas a verdade é que Ele rara-mente disse os que as pessoas pen-savam que Ele ia dizer. Basicamente, Jesus estava a dizer que seguir a Cristo é estar disponível para perder estatuto num mundo que nos seduz com o sonho de um estatuto cada vez mais elevado. As boas-novas são um novo conjunto de valores, uma nova trajetória, um novo foco, uma nova orientação e um novo estilo de vida. Quando o Reino de Deus é algo real e palpável as boas-novas não são uma disciplina espiritual que praticamos, mas uma nova forma de orientar a

vida por completo.

Usando o universo da orientação como ilustração, pensa na ideia de encontrar os pontos cardeais na vida de alguém. Quando fazes surf, tens um ponto de referência na praia. Quando navegas tens um ponto no horizonte. Numa pista de orientação tens um ponto no mapa. Qual é o teu ponto cardeal quando se trata da tua caminhada de fé? É importante que o teu ponto de referência, no que diz respeito ao Reino de Deus, seja algo de concreto, algo que se possa ver e tocar. É por isso que o serviço cristão, ou a capacidade de servir os outros sem esperar nada em troca, é tão fun-damental para uma experiencia de fé saudável no Reino de Deus. Ignorar o valor das obras de compaixão é perder literalmente o caminho, é ver o reino de Deus como aquele espetáculo de fogo de artifício onde tudo acontece nos primeiros nove segundos, e de-pois ficas apenas à espera do final. É tornar o Reino de Deus fastidioso e isso não faz sentido.

As boas-novas significam que nós acreditamos de facto que há um reino e que esse reino tem um rei. Deixem--me explicar o que quero dizer. Mui-tos cristãos parecem ter a falsa per-ceção de que a vinda de Jesus a esta Terra foi simplesmente para salvar-nos. Mas, como vemos nos textos que já citámos, Ele veio não apenas para oferecer salvação espiritual,

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mas também para criar uma nova sociedade baseada nos princípios do Reino de Deus. Ellen White descreve o arranque do ministério terreno de Jesus registado em Lucas 4:18-21 da seguinte forma:

“Jesus Se postou diante do povo como vivo expositor das profecias concernentes a Si próprio. Expli-cando as palavras que lera, falou do Messias, como de um libertador dos oprimidos e dos cativos, médico dos aflitos, restaurador de vista aos ce-gos e reve-lador da luz da verdade ao mundo. Sua maneira impressiva e a maravilhosa significação de Suas pa-lavras arrebataram os ouvintes com um poder nunca antes por eles ex-perimentado. A corrente de influên-cia divina derribou todas as barreiras; viram, qual Moisés, o Invisível. Sendo seu coração movido pelo Espírito Santo, respondiam com fervorosos améns e louvores ao Senhor.” - O De-sejado de Todas as Nações, pg. 158.

E ao longo do tempo, com muita frequência os crentes perderam este sentido de missão e caíram numa ex-pressão de Jesus que é baseada em crenças intelectuais mais do que em compaixão. No entanto, o Reino de Deus é um reino de compaixão. Sem-pre o foi e sempre será. O apóstolo Tiago disse-o claramente: “A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-

-se isento da corrupção do mundo ” (Tiago 1:27). Um reino de compaixão é o que somos chamados a experi-mentar e a expressar. Fazê-lo, im-plica abraçarmos a “economia” deste reino, o estilo de vida deste reino, e isto é algo maravilhoso.

Há muitos que acreditam num reino de compaixão e trabalham nele ativa-mente, mas muitos destes recusam aceitar que este reino tem um Rei. E é aqui que o Cristianismo tem a opor-tunidade de se revelar mais do que apenas uma maneira bondosa de vi-ver ou um sistema de compaixão para com o mundo. No ideal, nós acredita-mos neste reino e reconhecemos e adoramos o Seu Rei. O contrário no entanto é muito frequente, ou seja, que os Cristãos comecem a sua jorna-da de fé aceitando o Rei, mas que se recusem a participar de forma ativa no Seu Reino. Aceitam a abundância de Graça nas suas vidas, mas não es-tão disponíveis para tornar a sua fé em algo concreto e visível. Aceitaram Jesus como Salvador mas negam-no como Senhor. São batizados na água para perdão dos seus pecados, mor-rendo para o seu passado, mas não ressuscitaram pelo poder do Espírito Santo para uma nova vida no Reino em Cristo. Aceitar Jesus como Salva-dor e negá-lo como Senhor deixa mui-tos Cristãos sem nada para fazer, ne-nhum lugar para ir, e assim eles usam o seu tempo tratando dos pecados dos outros dentro da igreja. Ó se tão

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somente pudéssemos colocar essa energia em nos tornarmos as mãos tangíveis de Cristo neste mundo.

Uma das formas mais poderosas de superar uma religião que não passa da esfera filosófica é envolver-se numa religião prática que é tangível. Duas histórias podem ilustrar bem este ponto. Li há uns tempos uma história num email sobre um grupo de vendedores que se deslocaram a uma convenção fora da sua cidade, há alguns anos atrás. Enquanto cor-riam pelo terminal para não perderem o avião de regresso a casa, um deles bateu acidentalmente numa mesa que estava cheia de maçãs expostas. Eles continuaram a correr para o avião mas voaram maçãs para todo o lado, e assim chegaram mesmo em cima da hora para o embarque. Mas um deles sentiu realmente compaixão da jovem que tomava conta da banca de maçãs que eles abalroaram e disse aos colegas que fossem sem ele e que dissessem à esposa que ele iria no voo seguinte. Ele voltou então ao terminal onde o chão estava coberto de maçãs e fi-cou satisfeito pela sua decisão. A menina das maçãs era uma jovem de 16 anos e invisual. Ela chorava, desesperada, enquanto tateava im-potente para apanhar a fruta caída sem que ninguém parasse para a ajudar. O vendedor ajoelhou-se en-tão ao seu lado enquanto apanhava as maçãs, as colocava na mesa e aju-

dava a organizar a banca. Enquanto o fazia, reparou que muitas das maçãs tinham ficado pisadas e por isso foi separando-as para outro cesto. Quando terminaram de arranjar tudo ele pegou na carteira e disse à jovem: “Toma, aceita por favor estes 40 dólares pelos estragos que fizemos. Estás bem?”. A rapariga acenou com a cabeça que sim, enquanto secava as lágrimas, e ele disse-lhe: “Espero não termos estragado o teu dia com-pletamente”. E quando o homem começava a caminhar, ainda meio desnorteada a jovem cega chamou por ele: “Senhor …”. Ele parou e o-lhou para trás, quando ela perguntou “Você é Jesus?” A pergunta deixou-o meio perdido. Então, lentamente, ele voltou ao seu caminho para procurar o voo seguinte, mas aquela pergunta ardia ainda no seu interior: “Você é Jesus?”

Outra história

Abraham Lincoln foi uma vez a um mercado de escravos e movido de compaixão fez uma licitação por uma jovem negra. Ele ganhou o leilão e por isso abandonou o local com a sua nova “propriedade”. Na face daquela jovem havia uma expressão de raiva e descontentamento porque sabia que diante dela estava mais um homem branco que a tinha comprado e que abusaria dela. Mas enquanto cami-nhavam para longe do mercado de es-cravos, Lincoln disse para a menina:

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“Agora estás livre.” “O que significa isso” perguntou ela.“Significa que estás livre”“Isso significa que posso ser o que quiser?” “Sim, tu podes ser exatamente o que quiseres.”“Isso significa que posso dizer o que quiser?”“Sim, tu podes dizer o que bem en-tenderes.”“Isso significa que posso ir ondequiser?”“Sim, tu poder ir onde quiseres.”“Então …” disse ela “Eu vou consigo.”

Esta história pode ilustrar um outro ponto importante.

Quando tu encontras Jesus,

tu queres ficar com Ele.

Muitas vezes pensamos que a nossa ortodoxia (a crença correta) será já de alguma forma viver no Reino de Deus. Mas, muitas vezes também, esque-cemos que a nossa ortopraxia (a ação correta) é o que fazemos no reino de Deus. Será que a nossa fé se tornou como aquelas pessoas em San Diego – simplesmente à espera do final, aborrecidos, dececionados e parados, enquanto esperamos pela Segunda Vinda, sem pensarmos que os que nos rodeiam que estão a sofrer?

Para os Adventistas do Sétimo Dia, há um Rei e Ele tem um Reino. A tarefa da igreja não é fazer o serviço por ti, mas criar oportunidades para que tu te envolvas. Independentemente da tua paixão, a tua igreja deve ajudar-te a vivê-la. Ministrar com a tua paixão é uma parte muito significativa do que é viver no Reino de Deus. O serviço

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de Culto deve ser o tempo de vir e celebrar os momentos que vivemos com Deus enquanto testemunhamos e servimos a comunidade que nos envolve. Mas com tanta frequência a vinda à igreja é o único momento alto da semana na nossa vida espiritual - ouvem-se palavras maravilhosas, boa música faz-nos sentir a presença de Deus - mas parece ser raro haver tempo para expressarmos a nossa gratidão pelo que Deus nos tem aju-dado a descobrir e a fazer no “reino” em que vivemos cada semana, mês e ano, cada segundo do nosso dia a dia. Se apenas nos sentarmos e nada fizermos, Deus vai ficar cansado dos nossos encontros.

O filósofo espanhol Unamuno fala acerca do aqueduto Romano da ci-dade de Segóvia na sua nativa Espa-nha. Foi construído em 109 D.C. e por 1800 anos transportou água fresca das montanhas para a cidade quente e sedenta. Quase sessenta gerações de Homens beberam do seu fluxo. Depois veio outra geração, uma mais recente, que disse: “Este aqueduto é uma maravilha tão grande, que deve ser preservado para os nossos filhos como uma peça de museu. Vamos aliviá-lo de seu trabalho de séculos. E foi isso que fizeram! Colocaram tu-bos de ferro modernos e deram aos tijolos e à argamassa tão antigos, um descanso reverente. E foi assim que o aqueduto começou a desmoronar. O sol ardente a bater na argamassa

seca fê-lo desmoronar. Os tijolos e a pedra cederam e ameaçavam cair.O que era de serviço não conseguiram destruir, o ócio desintegrou. E é isto o que pode acontecer a uma igreja que não se investe no serviço aos outros.

“O grande violinista Nicolo Paganini quis que o seu maravilhoso violino fosse levado para Génova - a sua ci-dade natal - mas apenas sob a con-dição de que o instrumento nunca mais fosse tocado. Foi na verdade uma condição lamentável, porque umas das particularidades da ma-deira é a de ter pouco desgaste en-quanto for usada e manipulada, mas assim que é abandonada começa o seu processo de decadência. O re-quintado violino de tonalidade suave, começou então a ser corroído pelo bi-cho da madeira dentro do seu belo es-tojo, tornando-se sem qualquer valor exceto como relíquia. O instrumento apodrecido é um lembrete de que a vida afastada do serviço aos outros perde o seu significado “ (Bits & Piec-es, 25 de junho de 1992).

Esta é a verdade: há um reino, e este Reino tem um Rei. Esse Rei, em Lu-cas capítulo 4, deixou muito claro ao que vinha. Faz sentido portanto que abracemos os valores que Jesus abraçou: misericórdia, justiça, com-paixão, graça e cura. Se as nossas comunidades de fé mostrarem essas características, elas não estarão ape-nas cheias, elas vão transbordar!

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TERÇA11 Mar

Mateus 5:1-16 | Mateus 6:10 |

O Reino do Céu era, e é, um as-sunto muito importante para Jesus. Na verdade, alguns

dizem que enquanto Ele esteve na Terra falou mais do Reino do Céu do que de qualquer outro assunto. O Reino, aparentemente, era a reali-dade mais importante. Jesus contou muitas parábolas acerca do Reino (Mateus 13). Contrastou o Reino do Céu (o Reino de Seu Pai) com os rei-nos inferiores deste mundo (Mateus 4:8-10). Também descreveu a Sua missão como sendo a de trazer, Ele próprio, o Reino do Céu à terra (Ma-teus 4:17). A oração de Jesus: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”, (Ma-teus 6:10) mostra-nos que Deus deseja que os meios e as formas do Seu reino conquistar os meios e as formas dos reinos deste mundo.

O Reino do Céu era, e é, um assunto muito importante para Jesus.

Um reino, claro está, tem um rei. Deus é o rei do Seu reino – Pai, Filho e Espírito Santo estão no trono. São Eles que comandam e ditam as

regras. A vida de Jesus retrata o que é afinal esse reino. Encontramos na Sua vida compaixão, santidade, propósito, verdade e amor. Vemos na Sua interação com é que os habi-tantes do reino devem viver. Desde os Seus milagres de cura, até aos Seus ensinos práticos sobre dinheiro ou à Sua morte sacrificial na cruz, compreendemos os valores do reino. Jesus veio revelar Deus, mostrar-nos como Deus quer que o mundo funcione. Cristo trouxe-nos a Sua “legislação” que está fundada sobre a lei do amor - Mateus 22:37.

O nosso objetivo neste texto não é identificar o rei, nem as regras e regulamentos do seu reino. Em vez disso vamos explorar o conceito de cidadania o reino. Quem faz parte do reino? Numa tentativa de responder a esta questão iremos analisar Mateus 5:1-14, que é o início do famoso “Sermão da Montanha”. É provável que saibam que este é o grande discurso sobre ética de vida segundo Jesus – a vida vivida em harmonia com o Reino de Deus. Mas nestes primeiros versículos, Jesus

O REINO DE DEUS:VALORES CONTRA

CULTURA

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O REINO DE DEUS:VALORES CONTRA

CULTURA

deseja, em primeiro lugar, explorar a questão “quem” realmente está habilitado para ser membro do reino. Comecemos por ler Mateus 5:1-2“Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assenta-do, aproximaram-se os seus discípu-los, e ele se pôs a ensiná-los.”

Uma leitura rápida e superficial destes versículos pode deixar-nos com a sensação de que não há muita coisa para refletirmos para além de alguns factos básicos e sem grande interesse. “Jesus estava a ensinar a multidão na encosta da montanha:”

Mas a história é muito mais do que isso! Sim, Jesus está a ensinar. Ele era um rabi, um professor. Sim, ele sentou-se e essa era uma posição comum para rabis ensinarem. E sim, a palavra discípulo significa “aquele que está a aprender com o rabi”, e as grandes paisagens ao ar livre eram locais comuns para ensinar, e aquele declive deve ter dado um grande ambiente de sala de aula. Tudo isto faz sentido. Só uma coisa não faz sentido: Jesus ensinava multidões.

O problema é este: os rabis eram normalmente muito seletivos sobre quem deveriam ensinar. Apenas os melhores e mais brilhantes podiam entrar nas suas aulas. Apenas os políticos bem relacionados tinham assento nos seus anfiteatros. So-mente os que fossem santos, justos, da linhagem certa, apenas os que fossem Judeus e rapazes eram autorizados a matricularem-se nas suas escolas. Se fossem meninas, não tinham direito a aprender. Se fosse o filho de um homem pobre, não tinha direito a aprender. Um doente, também não tinha direito a aprender. Se fosse um gentio, definitivamente não tinha direito a aprender. Se não se atingisse aquele seletivo nível preestabelecido, não se tinha hipótese.

Jesus no entanto ensina multidões. Jesus fala às massas como se fos-sem parte do grupo que tem direito a

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aprender. Não há nenhum detetor de fervor para testar o mérito espiritual dos que o queiram ouvir. Esta multi-dão é diversificada: ricos, pobres, homens, mulheres, jovens, adultos, altos e baixos QI’s, os que conhecem as doutrinas e os não sabem nada acerca delas. A decisão de Jesus de ensinar as multidões, apresenta uma nova e surpreendente visão do que significa ser cidadão do reino. Os portões que protegem o condomínio fechado da comunidade, estão a ser derrubados. A ideia de que apenas alguns são os escolhidos de Deus - os Seus especiais - está a desmo-ronar-se. É um conceito que Jesus está a desafiar. Então que espécie de pessoas querem Jesus ver na encosta da montanha?

Versículo 3: “bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.”

Nunca foste “humilde de espírito”? Já te sentiste de espírito abatido? Já te sentiste em baixo e deprimido? As trevas já te cercaram a ponto de te sentires desesperado? Já alguma vez duvidaste se a vida é boa? Já alguma vez te questionaste: “Deus, será que existes mesmo”? Já alguma vez te sentiste vazio e pobre de espírito?

Jesus diz: “bem-aventurado és.” O que é que Ele quer dizer com isso? Foste escolhido por Deus. Deus sorri para ti. Deus ama-te. Deus está feliz contigo. Tem bom ânimo. Tu podes experimentar uma forma de alegria mesmo no meio de uma grande dor. Só porque estás no “fundo do poço” não significa que foste de alguma forma afastado de Deus.

Vivemos num mundo onde as doenças mentais são olhadas com desconfiança. Ainda hoje olhamos

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perturbada por vezes. E isso não faz de nós seres amaldiçoados! Ao con-trário, somos abençoados, amados. Somos convidados a nos tornarmos cidadãos do reino dos céus, do reino de Jesus. Se hoje te sentes em baixo, lembra-te, tu és bem-aventurado, és amado.

Jesus olha novamente para a multi-dão (versículo 4): “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.” Pesar e mágoa não são pecado. Até mesmo Jesus chorou com a família de Lázaro (João 11:35).

“Não foi só pela simpatia hu-mana para com Maria e Marta, que Jesus chorou. Havia em Suas lágrimas uma dor acima da simples mágoa humana, como o Céu se acha acima da Terra. Cristo não chorou por Lázaro; pois estava prestes a chamá--lo do sepulcro. Chorou porque muitos dos que pranteavam a Lázaro iriam em breve arquitetar a morte dAquele que era a ressurreição e a vida. Mas quão incapazes eram para interpreter as Suas lágrimas! Alguns, que não conseguiam ver senão as circunstâncias exteriores da cena que perante Ele estava, como causa de Sua tristeza, disseram baixinho: “Vede como o amava!” Outros, procurando lançar a semente da incredulidade no coração dos pre-sentes, disseram, irónicos: “Não po-dia Ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não

morresse?” João 11:36 e 37. Se estava no poder de Cristo salvar a Lázaro, por que, então, o deixou morrer?” - Ellen White, O Desejado de Todas as Nações, pg. 533, 534

Ser membro do Reino não requer uma felicidade perpétua. Podemos estar tristes e mesmo assim es-tar em harmonia com o Salvador. Podemos chorar – ainda que com sentimentos de cólera. A angústia implica muitas vezes sentir raiva: de nós mesmos, das circunstâncias, de outros seres humanos, até mesmo raiva de Deus. Emoções muito fortes no contexto da deceção e da perda, não são necessariamente contrárias a ser um seguidor de Jesus. Fideli-dade a Deus não significa eliminação dos sentimentos humanos. Estás a sofrer? Não estás amaldiçoado. Acredita que és bem-aventurado, que és amado por Deus.

Jesus continua (versículo 5): “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.”

O nosso mundo não tem admiração pelos mansos. A fragilidade é vista com uma falha. Admiramos aque-les que são financeiramente fortes, atleticamente fortes, fortes dentro do apertado conceito de beleza que os media promovem. Gostamos de pessoas extrovertidas. Gostamos de pessoas autoconfiantes e as-tutas. Aqueles que são lentos, feios,

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de lado para aqueles que necessitam de aconselhamento, para os que precisam de falar com um profis-sional de saúde mental. Às vezes assumimos que uma depressão significa, “Esta pessoa não está bem com Deus, nem com a vida”. Dizemos de alguém que está instável na sua capacidade de ter fé em Deus: Estes são agnósticos, ateus, céticos… têm problemas com Deus. Muitas vezes associamos estados de mau humor e escuridão mental, a uma inapti-dão para ser parte do Reino. Mas esquecemo-nos até das palavras de Jesus “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27:46). Mesmo Jesus, que permaneceu sem pecado, sentiu o peso das trevas. Até mesmo Jesus se questionou se Deus o tinha abandonado. Uma experiência tão extrema teria levado qualquer um de nós a duvidar, e até mesmo a rejeitar a realidade de Deus. No entanto, a experiência de Jesus mostra-nos que sermos confrontados com experiências extremas, não é prova da ausência de Deus. Podemos ser pobres de es-pírito. Podemos viver com a “alma” perturbada por vezes. E isso não faz de nós seres amaldiçoados! Ao con-trário, somos abençoados, amados. Somos convidados a nos tornarmos cidadãos do reino dos céus, do reino de Jesus. Se hoje te sentes em baixo, lembra-te, tu és bem-aventurado, és amado.

Jesus olha novamente para a multi-dão (versículo 4): “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.” Pesar e mágoa não são pecado. Até mesmo Jesus chorou com a família de Lázaro (João 11:35).

“Não foi só pela simpatia hu-mana para com Maria e Marta, que Jesus chorou. Havia em Suas lágrimas uma dor acima da simples mágoa humana, como o Céu se acha acima da Terra. Cristo não chorou por Lázaro; pois estava prestes a chamá--lo do sepulcro. Chorou porque muitos dos que pranteavam a Lázaro iriam em breve arquitetar a morte

“Bem-vindos ao reino todos os que estão

espiritualmente famintos. Há espaço

suficiente para os que não são “super santos”.

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dAquele que era a ressurreição e a vida. Mas quão incapazes eram para interpreter as Suas lágrimas! Alguns, que não conseguiam ver senão as circunstâncias exteriores da cena que perante Ele estava, como causa de Sua tristeza, disseram baixinho: “Vede como o amava!” Outros, procurando lançar a semente da incredulidade no coração dos pre-sentes, disseram, irónicos: “Não po-dia Ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse?” João 11:36 e 37. Se estava no poder de Cristo salvar a Lázaro, por que, então, o deixou morrer?” - Ellen White, O Desejado de Todas as Nações, pg. 533, 534

Ser membro do Reino não requer uma felicidade perpétua. Podemos estar tristes e mesmo assim es-tar em harmonia com o Salvador. Podemos chorar – ainda que com sentimentos de cólera. A angústia implica muitas vezes sentir raiva: de nós mesmos, das circunstâncias, de outros seres humanos, até mesmo raiva de Deus. Emoções muito fortes no contexto da deceção e da perda, não são necessariamente contrárias a ser um seguidor de Jesus. Fideli-dade a Deus não significa eliminação dos sentimentos humanos. Estás a sofrer? Não estás amaldiçoado. Acredita que és bem-aventurado, que és amado por Deus.

Jesus continua (versículo 5):

“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.”

O nosso mundo não tem admiração pelos mansos. A fragilidade é vista com uma falha. Admiramos aque-les que são financeiramente fortes, atleticamente fortes, fortes dentro do apertado conceito de beleza que os media promovem. Gostamos de pessoas extrovertidas. Gostamos de pessoas autoconfiantes e as-tutas. Aqueles que são lentos, feios, pobres ou enfadonhos … não so-mos grandes fãs desses infelizes. E claro está, estes valores distorcidos podem ser muitas vezes encontra-dos na Igreja. Gostamos de grandes pregadores, de grandes líderes, de cristãos fortes que sejam muito efi-cientes. E os mansos? E os fracos? Aqueles que vivem muitas vezes nas “fendas” da vida? Mas depois aparece Jesus e diz que não são os evangelistas cativantes, os doadores abastados ou os sopranos de voz perfeita e afinada que têm acesso ao Reino dos Céus: “Bem-aventurados os mansos”.

E Jesus olha novamente para a multidão (versículo 6): “Bem-aven-turados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos”.

Uau! Na comunidade cristã celebra-mos aqueles que estão cheios de justiça. Amamos os homens santos e as mulheres dignas. Amamos os

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Misericórdia significa não andar à procura de justiça quando ela é merecida. É graça. Pureza de coração não implica perfeição, mas antes confissão honesta e transparente. Uma pessoa pura de coração admite os seus erros, clama pelo dom da graça de Deus e almeja ser como Jesus. E os pacificadores? Os que procuram a paz estão menos interes-sados em alcançar o que é justo e mais interessados em trabalhar para o bem comum – uma comunidade de graça. Estas três qualidades podem ser atrativas para nós, mas com demasiada frequência admiramos exatamente o oposto na religião: gostamos daqueles que discipli-nam os caídos, gostamos dos que têm uma aparência de santidade, gostamos dos que são vencedores. Misericórdia, pureza de coração, e ser pacificador, são muitas vezes deixa-dos de fora, ao frio. Mas Jesus diz à Sua multidão de discípulos, “tragam--nos para dentro, para o aconchego da sala de estar da vossa vida”.

guerreiros da oração e os campeões do estudo da Bíblia. Amamos aque-les que dão os dízimos até ao último cêntimo e aqueles que não comem queijo. Aqueles que estão bem nutri-dos – o remanescente, do remanes-cente, do remanescente – esses são os verdadeiros filhos de Deus! Mas aqui Jesus anuncia uma bênção, uma confirmação do favor de Deus para com aqueles que têm fome e sede. Jesus refere-se àqueles que não têm tomado as suas vitaminas sagradas e que não têm tomado “pratadas” de piedade todos os dias. Jesus diz: “Bem-vindos ao reino todos os que estão espiritualmente famintos. Há espaço suficiente para os que não são “super santos”.E Jesus continua (versículos 7-9): “Bem-aventurados os misericordi-osos, porque eles alcançarão miser-icórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. Bem-aventurados os pacifica-dores, porque eles serão chamados filhos de Deus.”

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E então, Jesus diz (versículos 10-12): “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Regozijai-vos e exultai porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.”

Jesus disse aos homens e às mu-lheres que se encontravam sentados na encosta para estarem atentos. Entrar no Reino não vai ser fácil. Serão perseguidos. Zombarão de vós. Serão torturados e talvez até mortos. A vida no Reino não acontece numa espécie de redoma de vidro prote-tora. Ser cidadão na comunidade de Jesus tem um custo. Seremos perse-guidos como os profetas do pas-sado. Quem fará essa perseguição? Sim algumas vezes foram forças seculares, profanas e maldosas – tal como o Faraó, Acabe ou Nabuco-donosor. Mas os profetas foram também perseguidos por aqueles que diziam estar a fazer o trabalho de Deus. Em Mateus 21:33-46 Jesus conta uma parábola para ilustrar a longa história das perseguições – às mãos dos líderes religiosos. No final da parábola os publicanos e os fariseus perceberam que Jesus tinha estado a falar deles. Que ironia! As

pessoas que podiam reivindicar um estatuto especial no reino de Deus, são exatamente as que fazem guerra a esse mesmo reino.

É um pensamento inquietante, que aqueles que se apresentavam a si mesmos como os mais santos, os mais justos, os mais religiosos, os que levavam mais a sério a necessi-dade de purificação da sinagoga – fossem exatamente os líderes religiosos que estavam a causar os maiores prejuízos à Igreja. Os seus corações não eram puros. Estavam prontos a atar fardos pesados sobre os outros, mas eles mesmos nem com um dedo queriam carregá-los (Mateus 23:4). E por isso Jesus disse aos que entre a multidão já sen-tiam esta perseguição “Só porque a liderança religiosa vos persegue, não

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dar sabor e cor ao mundo. Podes virar o mundo ao contrário e virá-lo para o lado certo!”. A mensagem de Jesus é não apenas de aceitação: és amado por Deus e podes fazer parte do Seu reino), mas é também uma mensagem de confiança: com a tua vida pode és capaz de fazer grandes coisas por Deus. “Eu amo-te e espero de ti coisas fantásticas.” E a multidão, que nunca tinha ouvido falar nem da ternura de Deus nem da confiança que Ele depositava neles, ficou maravilhada.

Para concluirHá alguns anos, eu e a minha esposa planeamos uma festa para a nossa filha, Audrey, quando ela ainda fre-quentava o ensino pré-escolar. Para que uma coisa destas corra bem é preciso realmente preparar-se muito bem. Planeámos a comida que iría-mos servir, a decoração, os jogos e as atividades que deviam ser divertidas (e não demasiado aborrecidas) para crianças de 5 anos de idade. A noite da festa chegou e tudo estava a cor-rer excecionalmente bem. As crian-ças estavam a divertir-se e os outros pais, acho que o podemos dizer, tam-bém estavam muito agradados. A determinada altura durante a festa, convidámos todos os pais e crianças a descerem à cave, onde tínhamos um piano vertical, e onde tínhamos preparado o jogo da “dança das cadeiras”. Colocámos dez cadeiras

significa que estejam no caminho er-rado. Na verdade, são esses homens que se chamam de líderes religiosos, os meus opositores.” Uau! Quão au-daz é Jesus em esclarecer o que é de facto ser membro do Seu reino!É então que Jesus muda o sentido do Seu sermão. Ao longo destes ver-sículos Ele abriu as portas de par em par - aos deprimidos, aos tristes, aos pobres, aos marginais espiri-tuais, aos humildes, aos que são vistos com desdém pelos sistemas religiosos. E agora, Ele convida a multidão para algo grandioso (Ma-teus 5:13-16). “Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”

Imagina como estas palavras de-vem ter sido sentidas por aqueles que acreditavam que as suas vidas eram inúteis. Jesus está a dizer: “Tu podes fazer a diferença. Tu podes fazer o meu trabalho. Podes fazer do mundo um lugar melhor. Podes

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em círculo, viradas para o exterior, a minha esposa explicou as regras do jogo e as crianças ocuparam os seus lugares. Comecei a tocar piano e, de acordo com as regras do jogo, as cri-anças começaram a correr à volta do círculo. A minha esposa retirou uma cadeira e eu continuei a tocar du-rante mais alguns segundos até que de repente parei. Dez rapazes e ra-parigas precipitaram-se para as nove cadeiras que restavam, e todos eles conseguiram ocupar uma cadeira à excepção de um menino. Imediata-mente, o rapazinho de cinco anos de idade, e sem cadeira, olhou para os pais e começou a chorar, soluçando enquanto correu na direção deles. A minha esposa e eu trocámos um olhar preocupado - não estava a cor-rer como tínhamos planeado. Então comecei novamente a tocar, e os nove rapazes e raparigas começaram a correr outra vez à volta do círculo. A minha esposa retirou mais uma cadeira, eu toquei durantes alguns segundos, e de repente a música parou. Desta vez, os nove rapazes e raparigas correram na direção das oito cadeiras. Oito conseguiram ocupar o seu lugar, deixando desta vez uma menina de fora. Imediata-mente ela olhou para a mãe e para o pai, desatou a chorar, e correu para os seus braços. Eu e a minha esposa trocamos novamente um olhar que ambos compreendemos bem: Temos de fazer alguma coisa o mais de-pressa possível para que a situação

não piore. E assim convencemos as (abaladas) crianças que tinham saído a tentarem mais uma vez. A minha esposa colocou as duas cadeiras que faltavam e as crianças tomaram os seus lugares. Comecei a tocar o piano e … nenhuma cadeira foi retirada. Toquei durante mais alguns segun-dos e de repente a música parou. Cada um dos dez meninos e meninas encontraram um lugar nas cadeiras disponíveis. As crianças gritavam e pediam-me “Pastor Alex, podemos jogar outra vez! Pastor Alex, toque novamente!”. Jogámos até todas as crianças (e os meus dedos) estarem exaustas.

O Reino dos Céus tem uma cadeira para cada pessoa

Há espaço suficiente para todos os rapazes e raparigas, para cada um dos filhos de Deus. A música do céu convida-nos todos a nos juntarmos num “jogo celestial” cheio de risos, alegria e a oportunidade de atrair-mos outros para este jogo. Não importa a tua posição na vida. Não importam as circunstâncias.Não interessa o teu passado. Deus tem um lugar para ti.

Vais entrar no jogo eocupar o teu lugar?

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QUARTA12 Mar

Marcos 2:13-17 | Mateus 22:1-14 |

Como defines quem pode en-trar no teu círculo de amizades e quem fica excluído? Tens al-

gum tipo de “teste mental de mere-cimento” ao qual os sujeitas? É ba-seado nas suas convicções religiosas ou sociais? Têm de ser cristãos ou especificamente Adventistas? Têm de ser bons e con-stantes amigos do Facebook, ou és um pouco mais flexível do que isso?

Tomem alguns minutos em grupos e respondam à seguinte questão: Como defines quem faz e quem não faz parte do teu grupo de amigos?

Se havia uma coisa acerca de Jesus que aborrecia mais do que tudo os líderes do seu tempo e confundia até mesmo os seus discípulos, era a forma como ele tratava aqueles que eram excluídos socialmente. Todos acreditavam que quando viesse o Messias, Ele iria restaurar de novo a glória de Israel, mas ninguém espe-

rava que o reino fosse constituído por toda e qualquer pessoa da sociedade. A inclusão dos “excluídos sociais” no reino e no favor de Deus, nunca foi algo que alguém esperaria que acon-tecesse. E no entanto, é isso que tor-

na a vida e o ministério de Jesus tão belo quanto lemos nos evangelhos.

Marcos 2:13-17 pinta um quadro do reino que Jesus veio estabelecer, não somente na sociedade de Israel, mas também no coração dos Seus dis-cípulos. Levi, também conhecido como Ma-teus, é um cobrador de impostos. Ele é odiado por Judeus e Gentios porque cobra o Imposto Romano. O Imposto Romano foi estabelecido pelos Ro-manos, mas ninguém sabia na reali-dade o objetivo desse imposto, a não ser os próprios cobradores de impos-tos. Por isso, era prática comum que os cobradores aumentassem o valor do imposto e ficassem com uma

O REINO DE DEUS: UMA MESA NA TERRA, UMA MESA NO CÉU

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parcela pessoal. Levi era o mais odi-ado porque se tratava de um Judeu que cobrava o Imposto Romano, tor-nando-o assim pior que um Gentio. De todas as maneiras ele não estava apto para ser cidadão do reino, nem discípulo. Como Judeu, cresceu num ambiente religioso, foi aos tições, desbravadores, reuniões de jovens e escola sabatina do seu tempo. Mas algures no seu percurso, distraiu-se com o brilho do mundo tal como o filho pródigo, e pensou que ter um dinheirito extra e fácil iria fazê-lo mais feliz. É curioso o que uma pes-soa é capaz de fazer de forma a en-curtar o caminho para a felicidade. Ele passou para terreno “inimigo” e começou a trabalhar contra o seu próprio povo.Muitos jovens que andam no mes-mo caminho que andou Levi, cedo ou tarde acabam por perceber que a procura da felicidade sem Deus, é como descascar uma cebola - no fim do dia descobrem que não tem nada no interior. Levi não sabia exata-mente como lidar com a sua angústia … não podia ir à sinagoga, pois pro-vavelmente ia sentir a rejeição por parte do seu povo e por isso decidiu guardá-la para si, até que Jesus - que tem a arte de aparecer no momento certo - apareceu.

No versículo 14 é dito que Jesus pas-sou pelo posto de cobrança de im-postos onde Levi estava sentado a trabalhar e intencionalmente dirige-

lhe as palavras “Segue-me!” Há aqui algo profundamente simples que não nos pode passar ao lado. Jesus não espera que as pessoas o encontrem, Ele encontra-as primeiro. Não somos chamados a esperar que as pessoas nos encontrem, o reino de Deus está ativamente à procura dos perdidos onde eles estão. O convite “Segue--me!” é feito para declarar o amor de Deus por Levi, apesar de ele ser um excluído social.

Se as pessoas souberem que são amadas e aceites, mesmo estando sentadas no “posto de cobrança de impostos” da vida - o que os torna socialmente desprezados- encon-trarão o poder de Deus que permite que se levantem de onde estão e vão

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para onde Ele está. O mundo não se vai importar com o que sabemos, até que saiba que nos importamos! Três rápidas lições são apresentadas nos versículos 13 e 14:

1. Vidas capacitam vidas!Os ensinos de Jesus que terão mais impacto na maioria das pessoas da nossa sociedade são os que se refe-rem à nossa vida quotidiana. As pa-lavras, ações e vida de Jesus, estavam em consonância. O que Ele ensinou, viveu e disse refletem quem Ele era verdadeiramente. Isto é o que vai fazer com que as pessoas saiam de onde estão e nos sigam enquanto nós seguimos a Cristo!

2. É impossível ignorar um amorconsistente.A consistência é o resultado de sentir o valor que Deus coloca nas pessoas que nos envia. Os atos de Jesus para com os perdidos permaneceram con-sistentes durante toda a sua vida e ministério. Jesus não amou por aca-so, pelo que nós também não deve-mos fazê-lo. O amor é a dádiva mais intencional na experiência humana, que não acontece por acaso e por isso é que é tão transformador.

3. Jesus relaciona-se com osrejeitados. Jesus disse a Nicodemos em João 3:17 que Deus não tinha enviado o seu Filho para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Então Ele mostra o seu

compromisso para com este ideal ao passar mais tempo com os excluídos da sociedade e ao trazer-lhes a ver-dade acerca do reino de Deus. E o que é essa verdade? É o facto de que Deus associa o seu amor e a sua vida aos rejeitados, e fá-lo sem desculpas.

Marcos relembra que Levi se levanta e deixa o seu local de cobrança de impostos. Ele deixou tudo! Ele nun-ca mais pode voltar àquele lugar e escolhe mesmo não fazê-lo. O seu novo rumo supera em muito a sua realidade passada. Qual é o resul-tado desta mudança de direção? Ele estende a Jesus e aos outros do amor que lhe foi oferecido. Ele passou a sua vida de trabalho a preparar uma mesa de cobrança de impostos para fazer aquilo que o tornou num mar-ginalizado da sociedade, mas agora prepara uma mesa em sua casa para Jesus.

Marcos 2:15 diz que Levi dá uma festa, um banquete, para o qual con-vida Jesus, o seu convidado de honra. Repara nos restantes convidados: à mesa com Jesus estão cobradores de impostos, pecadores e outros mar-ginalizados. Nenhuma diferença é mencionada entre estes e os discípu-los. Marcos 2:15 apenas assinala que “eram muitos os que O seguiam.” O banquete que Mateus organiza para os seus amigos “marginali-zados” faz lembrar o banquete de casamento que Jesus refere numa

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das suas parábolas relativas ao rei-no do tempo do fim em Mateus 22. O banquete estava cheio de todo o tipo de convidados, “bons e maus.” O facto estranho em relação a esta parábola é que os que apareceram na festa não foram os convidados origi-nais. Os que foram convidados ini-cialmente nunca apareceram. Tudo estava pronto, a mesa estava posta, e a orquestra estava pronta para tocar a marcha nupcial; o rei estava à porta e o filho estava à espera da sua noiva, a igreja, mas ninguém apareceu. O rei pediu aos servos que lembrassem aos convidados que tinham rece-bido um convite, mas estes estavam muito ocupados com os seus assun-tos pessoais, que não tinham tempo para o rei ou o seu filho; alguns até ficaram aborrecidos a tal ponto com a insistência do Rei, maltrataram e até mataram os servos inocentes.

Pergunto-me a quem se referia Je-sus nesta parábola? É fácil apontar

rapidamente o dedo aos Judeus que rejeitaram o Filho do Rei? Mas… e quanto às pessoas religiosas de hoje? E quanto a mim? Estou eu tão ocu-pado com as minhas atividades pes-soais que desprezo o maior chamado da minha vida, o convite do Rei? Pergunto-me se fico impaciente com aqueles que o Rei enviou para me lembrar do seu convite?

Então o Rei acaba por enviar os seus servos a estender o convite às pes-soas que passam na rua, a qualquer um que encontrem e que queira vir à festa, e sem demora a sala estava cheia de convidados. Que bela ima-gem do amor inclusivo que Jesus tem pela humanidade perdida. Voltando a Levi, o convite que fez aos seus amigos “marginalizados” foi um testemunho poderoso de uma vida mudada por este amor e esta aceitação. Jesus chamou Levi de uma mesa que o separava da humanidade e da salvação e Levi põe uma mesa

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para Jesus que traz humanidade e salvação tornando o espaço glorioso.

Como sempre, havia aqueles que não gostavam da ideia que o reino de Deus pudesse ser um lugar onde Jesus não tem favoritos, onde todos são igualmente amados. Como resul-tado, os versículos 16 e 17 dizem que se queixavam, mas Jesus deixa bem claro que os doentes necessitam de ajuda e que essa é a razão pela qual os chama. O gesto de Levi ao abrir a sua casa não somente a Jesus, mas a todas as pessoas com quem costumava sen-tar-se, mostra-nos quatro perspeti-vas acerca do reino de Deus e de Jesus que não podemos perder:

À mesa de Jesus não se sentam sem-pre os mais óbvios. Nunca devemos pretender saber quem Jesus quer salvar e quem não. Quando nas escrituras Jesus diz “todo aquele que crer” Ele está falando lit-eralmente. Não tenhamos a presun-ção de julgar saber quem pode e quem não pode ser salvo. Não sejamos uma igreja que põe a mesa do amor e da amizade apenas para os que parece ser óbvio.

A mesa de Jesus é umamesa aberta. Muitos ainda hoje têm medo da ideia de abrir as portas da igreja a todo e

qualquer um, mas o reino de Deus salva toda e qualquer pessoa a cada dia, todos os dias. Não temos uma palavra a dizer acerca daquele em cujo coração o Espirito de Deus es-colhe trabalhar. Nós só conseguimos ver os resultados e recebemo-los na família para que possam crescer também em amor e graça. Façamos da nossa mesa uma mesa aberta, sabendo que Jesus senta-se especial-mente nessas mesas.

À mesa de Jesus lembramo-nos dos que se costumavam sentar à nossa mesa. Levi nunca esqueceu de onde veio e quem costumava sentar-se à sua mesa antes de Jesus o chamar. É tão fácil para nós como cristãos, es-quecer onde Jesus nos encontrou e quão longe nos trouxe. Jesus deseja que nos lembremos das pessoas que deixamos para trás quando o encon-tramos. Ele quer que no lembremos quem costumava sentar-se à mesa connosco e ter um lugar para estas pessoas na nossa nova mesa. Deve-mos ser cuidadosos para não nos tor-narmos ‘hiper-salvos.’ Uma pessoa ‘hiper-salva’ olha com desprezo para os seus antigos conhecidos porque tem uma vida diferente da que tinha anteriormente. Tal como Levi, quan-do encontramos esta nova vida em Jesus, devemos lembrar-nos daque-les que deixámos para trás e reservar um lugar à mesa também para eles.

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I NCLUSIVO

A mesa de Jesus não tem de apresen-tar desculpas pelos que se sentam, mas defende-os.Jesus nunca se desculpou pelas pes-soas que se sentaram à sua mesa. Ele sempre defendeu a presença destas pessoas e a razão pelas quais esta-vam à mesa com Ele. Ele veio para mostrar primeiro por ações e depois por palavras, que Deus estava mes-mo connosco. Ele não se distanciou daqueles que eram segundo os lí-deres do seu tempo, indignos de re-ceber a salvação ou de receber ajuda.

Vivemos numa sociedade que não ouve mais o que dizemos, mas vê o que fazemos. É verdadeiro o velho ditado “Atos falam mais alto do que palavras!”. A vida e o amor de Jesus em nós serão sempre revelados na forma como nós defendemos aqueles que não são amados e não possuem nada. Jesus fez questão de fazer isto para que soubéssemos como viver com os outros e uns pelos outros.

Finalmente, Jesus é o único caminho que leva à mesa.

Voltando à parábola das bodas, o rei tinha preparado roupas especiais de casamento para cada convidado. No entanto, alguns convidados vieram mas recusaram-se a vestir a roupa que tinha sido feita especialmente para eles. O nosso único meio de acesso ao banquete do reino eterno,

é o manto da justiça que Jesus proveu de graça a cada um de nós, através do seu precioso sangue derramado no calvário. Neste manto de justiça, não há um único fio de origem humana, nossa é apenas a possibilidade de o aceitar.

Que bom é sabermos que apenas Deus é que decide quem tem acesso ao seu reino, porque nós não temos acesso ao coração das pessoas. A nossa função é sermos generosos no convite a todos os homens e deixar a separação entre o bom e o mau para Deus, que é o único que conhece os verdadeiros motivos e intenções do coração humano. Cada um de nós é uma “mesa de Jesus”: nossas casas,

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elas falam mais alto do que qualquer sermão o fará? Enquanto estamos ocupados a tentar encontrar outra

igrejas, salas de aula, mesmo o Fa-cebook, Instagram, Twitter, blogs e páginas de internet podem ser me-sas de Jesus, se fizermos a escolha de utilizá-las de maneira que O glo-rifiquem.

Será que, para uma Igreja que luta em conseguir que o evangelho tenha um impacto real nas nossas socie-dades seculares ocidentais, Jesus o tenha tornado tão simples como abrir nossas casas? Será que o verdadeiro evangelho do reino que Jesus nos está pedir que partilhemos é a nossa vida transformada e que partilhemos me-sas abertas? Será possível que Jesus nos esteja a pedir que partilhemos as nossas vidas transformadas, porque

P A R A O R A R E R E F L E T I R

1) Que possamos sentir agora necessidade do Salvador!

2) Que criemos espaços / me-sas onde Jesus e a sociedade se encontrem.

3) Que eu nunca sinta vergonha de quem Jesus escolhe para se sentar e partilhar uma mesa.

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QUINTA14 Mar

Lucas 17:21 | Mateus 23:26 |

O REINO DE DEUS:TRANSFORMANDOO NOSSO MUNDO

A Universidade Adventista South-ern está localizada na periferia de Chattanooga, Tennessee.

Chattanooga é uma linda e ecológica cidade, que está na moda, mas que tem uma história muito rica. A maio-ria dos seus habitantes desfruta de uma grande variedade de desportos ao ar livre e de deliciosos restau-rantes locais, sem contudo saber o que está por debaixo dos seus pés. Na verdade existem duas Chattanoo-gas: a que vemos e a que não vemos. A que não vemos está debaixo das ruas – um labirinto de pedaços da história do comércio enterrado há um século, mas visto apenas em vestígi-os encontrados em caves e passagens que já foram o rés do chão da cidade. Não vemos a cidade que Chatta-nooga enterrou para poder salvar a que temos hoje. Após uma série de inundações devastadoras no final do século XIX e início do século XX, a cidade que começou como um posto de comércio fluvial em Ross’ Land-ing reinventou-se a si mesma. Com o tempo, eles construíram uma área de quarenta quarteirões da cidade cerca de um piso acima. Os segundos pi-sos tornaram-se primeiros pisos. Os

primeiros pisos tornaram-se caves. Imponentes arcadas de janelas tor-naram-se decoração dos alicerces ou respiradores. Estruturalmente, isto deixa a cidade em perigo uma vez que as vigas ficam enferrujadas e os anti-gos edifícios estão a cair aos pedaços debaixo dos novos que tomaram o seu lugar. No entanto, este enorme feito, o erguer de uma cidade, tem sido largamente ignorado na história da cidade. Não há quase nenhuma docu-mentação desta realidade e a maioria da população de Chattanooga nem sequer sabe que existiu. E assim, todos os dias eles vivem numa falsa segurança enquanto caminham em alicerces sob seus pés, sem saber o que se encontra por baixo.

E se um dia, a divisão em que es-tão sentados desabasse mais de um metro? O que faria isso à sua perceção da realidade? Mudaria a forma como eles caminham? Será que de repente se sentiriam inseguros ao andar em Chattanooga? Nós colocamos muita fé nas coisas que podemos ver, nas estruturas que estão construídas à nossa volta. Enquanto isso, há todo um outro mundo a acontecer que nos

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passa completamente despercebido. Sabias que os nossos olhos só veem algo em 1/24 de um segundo? A tele-visão é vista em 15 cadências por segundo, logo vemos o que aparece como um lampejo, ou seja, há 15 ins-tantes que o olho não está ver ou não é capaz de processar. As galáxias movem-se a uma velocidade incrível, mas parecem estar imóveis por causa do nosso ponto de vista. Uma mosca a voar a um centímetro da nossa cara é capaz de se mover mais rápido do que o olho humano pode acompan-har, o que significa que um objeto parece tornar-se invisível quando se move mais rápido, a uma determina-da distância, do que o olho e o cére-bro podem processar. Mas, será real-mente invisível? É o inseto à frente do nosso rosto invisível para o falcão (cuja visão é 3-4 vezes melhor que a nossa)? Portanto, a invisibilidade é baseada na nossa perceção. Neste caso, a invisibilidade nem sequer é real! Se algo existe então pode ser visto, podemos é não ser sempre nós.

E no entanto estamos obcecados com o que podemos ver, o que podemos tocar, o que podemos ouvir, com o que os nossos próprios sentidos nos dizem como se tivessem autoridade universal, quando, na verdade, o chão está prestes a cair debaixo de nós.

Abram por favor as vossas Bíblias em Lucas 17:20-21. Estou a ler a partir da versão Almeida Atualizada (isto é importante). “Sendo Jesus inter-rogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com aparên-cia exterior; nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós”.

Então, aqui temos os fariseus che-gando-se até Jesus e, basicamente, desafindo-O de forma sarcástica. João Batista, três anos antes, saiu do deserto proclamando que “o reino de Deus está próximo”. E, desde então, Jesus tinha estado constantemente a falar sobre o reino de Deus – “o reino

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dos céus é semelhante a uma pérola... como um grão de mostarda... como um tesouro... está próximo”. Por isso os fariseus eram do estilo “OK, Jesus, então onde está esse reino de que es-tás há tanto tempo a falar? E quando vai chegar? Porque até agora, não o VEMOS!” Eles tentavam minar com-pletamente o ministério de Jesus e as Suas reivindicações de autoridade da parte de Deus. A sua insinuação era de que a missão de Jesus falhou.

Existiam muitos judeus naquele tempo que estavam “à espera do reino de Deus.” Mas quando o Rei veio de facto, não se parecia com um rei. E quando Ele disse que o reino tinha chegado, não se parecia com um reino. É por isso que os fariseus viam como ridículo que as pessoas acreditassem n’Ele! Era tão irritante, uma vez que (nas suas mentes) Ele era uma fraude tão óbvia. Mas … eles estavam à procura do lado de fora. Na Terra, Jesus não era um rei e não tinha um reino. Hoje Ele teria sido considerado como demente devido às coisas que dizia (Marcos 3:21). E por isso zombaram d’Ele na cruz, colocando por cima da sua cabeça “Este é Jesus - Rei dos Judeus.”. Era uma inscrição sarcástica. Eles esta-vam a tentar mostrar quão ridículo era as pessoas acreditarem n’Ele, numa tentativa de retirar qualquer esperança que alguém ainda tivesse de que Ele se levantaria como um rei. Mas Ele levantou-se – não como um

rei desta Terra, mas um novo tipo de rei vindouro, para aqueles que per-tencem a um novo tipo de reino, um reino invisível, porque ainda não é o tempo para que seja revelado. Volte-mos a Lucas 17:21.

Como é que Jesus respondeu? Ele diz: “O reino de Deus não vem através da observação...” O reino de Deus NÃO é algo que tu VÊS. É por isso que ninguém será capaz de dizer: “Veja aqui!” ou “Veja ali!”

Porque o REINO de DEUS está dentro de TI! O quê? Isto é muito confuso. Não apenas para os judeus, mas para os eruditos cristãos modernos. Vamos começar por aí, com nossos eruditos modernos.

Dependendo da Bíblia que tenhas, a expressão será traduzida de forma diferente. Algumas dirão “dentro de vós”, algumas dirão “entre vós”, e outro ainda dirão “no meio de vós.” Há outras variações por aí? A palavra usada no grego é o advérbio ‘entos’, que se traduz literalmente “dentro ou no interior.” Esta palavra aparece apenas mais uma vez no Novo Testa-mento, em Mateus 23:26, onde é tra-duzida por “dentro”, falando do inte-rior de um copo, por isso a linguística só por si torna a tradução “dentro”, parecer mais precisa. A razão pela

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qual algumas Bíblias e estudiosos têm problemas com esta palavra é porque eles não acreditavam que Je-sus pudesse ter dito aos fariseus que o reino de Deus estava dentro DELES, porque obviamente não estava, de modo que os tradutores alteraram a formulação de acordo com a sua in-terpretação. Mas, se olhares para o contexto do verso, Jesus está a con-trastar o exterior com o interior. Ele diz que o reino de Deus não é algo que possas ver, o que significa que é algo que não vês, e portanto não po-dia ser algo “entre eles” ou “no meio deles”, porque nesse caso eles pode-riam vê-lo.

Ellen White ajuda-nos a esclarecer esta passagem sugerindo: “O reino de Deus começa no coração. Não busqueis, aqui e ali, manifestações de poder terrestre para assinalar-lhe a vinda” - O Desejado de Todas as Nações, pg. 506.

E Jesus, ao dizer isto, estava a abor-dar diretamente a falsa concepção dos fariseus – de que o Messias de-veria vir e erguer a nação judaica acima de todas as outras nações do mundo político. Os judeus tinham tornado todas as promessas espiritu-ais de Deus em promessas de poder e riqueza terrestres. Jesus então cor-rige-os e diz: “Eu não estou a falar de um reino feito de tijolos e arga-massa, estou a falar de um reino de carne e osso. Eu não estou a falar de quem governa a Terra, estou a falar de quem governa o teu coração. Não estou a falar de coisas temporárias, estou a falar de coisas eternas. O rei-no de Deus não tem nada a ver com ambição vã, direitos de nascimento, posição teocrática, rico ou pobre, bo-nito ou feio, carta de condução ou bi-lhetes de autocarro, quadro de honra ou castigo, cortes de cabelo ou de barba, caloiro ou veterano. Tem a ver com teu o coração.”

Mais alguém se sente confortado com isto? Deus não decide quem são os Seus com base no que os outros veem de ti, porque a nossa visão é limitada pelo nosso ponto de vista. Ele escolhe-te com base em quem tu és e no potencial que está den-tro de ti. Tal como quando Ele disse a Samuel para ir ungir o adolescente “zé-ninguém”, David. Ele disse: “O homem vê a aparência exterior, mas Deus vê o coração.”

“O reino de Deus não é algo que possam estar à espera de ver através de observação cuidadosa com a vossa visão natural. Vão descobri-lo, se o poderem alcançar, dentro dos vossos próprios corações.”Comentário Bíblico Adventista

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Sabes, os fariseus estavam a basear a sua perceção do reino de Deus naqui-lo que eles podiam ver. O coração e a mente humana são invisíveis, para eles e para nós, mas Deus, como o falcão, tem uma visão melhor que a nossa. Ele sabe o que realmente está por baixo dos nossos pés e se estamos a caminhar firmemente ou prestes a cair. E Jesus está a dizer--lhes para terem fé, que é a crença nas coisas que não vemos, porque Deus vê TUDO.

A realidade é que mesmo que os fariseus entendessem exatamente o que Jesus estava a dizer, eles não estavam interessados neste tipo de reino. Eles queriam posição e poder na esfera humana. Eles queriam um reino terreno. Eles queriam um reino visível. Em contraste, Jesus muda o reino de Deus do mundo visível, para um mundo interno invisível que pode ou não ser visto por outros, a não ser por Deus. Pode não haver benefícios terrenos neste tipo de reino. O reino exterior tem as vantagens do prestí-gio, poder e popularidade. O interno apenas as vantagens da humildade e do amor – não muito atraente para os que estão focados nesta vida. O que levanta a questão – que tipo de reino estás à procura? Porque o que quer que estiveres a procurar é o que vais encontrar, e é que virá ao teu en-contro. E quando chegar vai fazer de ti um servo. Porque estes dois reinos não são aliados. Ou és um cidadão de

um ou de outro. O reino terreno tem muitas vezes gratificação instan-tânea e agrada mais aos teus senti-dos, deixando-te sentir o que tu quis-eres sentir. Mas é enganosamente feito de estruturas que não são segu-ras ou reais (como Chattanooga).

O reino terreno busca os seus próp-rios interesses, resultando em relações pobres, pessoas feridas, desapontamento, morte, destruição, escravidão, prisão e ódio. O reino de Deus é baseado em promessas que são certas, mesmo se a gratificação pode chegar mais tarde. O reino de Deus é governado pelo Espírito San-to, dando-te a capacidade de ver e compreender o domínio invisível do universo onde habita a vida, a criação, a liberdade e o amor. As coisas espir-ituais discernem-se espiritualmente, razão pela qual o reino da Terra envi-ará o ladrão para a prisão, mas o reino de Deus também lhe dará a tua cami-sa e os teus sapatos. O reino da terra vai retaliar, o reino de Deus vai dar a outra face. O reino da terra está cons-tantemente a esforçar-se para se exaltar a si mesmo e o reino de Deus esforça-se para erguer os outros mais do que a si mesmo. O reino da Terra vai usar-te e descartar-te quando não precisar mais de ti. O reino de Deus vai amar-te incondicionalmente, valorizar-te e ajudar-te a crescer na plenitude de tudo o que tu te podes tornar segundo o Seu poder. Como é que o povo deste reino invi-

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sível se torna assim? Este é o misté-rio do reino de Deus. Como é que algo tão grande cabe dentro de alguém tão pequeno? Como a água num copo, muitas vezes o conteúdo molda-se para caber no recipiente, mas não é assim com Deus. Quando o Espírito Santo enche os nossos corações, Ele, molda-nos então à Sua semelhança. Assim, a física é invertida e o recipi-ente deve moldar-se para conter o conteúdo. Como os outros te veem pode ou não ser alterado. As tuas circunstâncias podem permanecer as mesmas, mas o teu ponto de vista, o lugar a partir do qual percebes o mun-

do, é alterado. Em “Testimonies”, volume 7, Ellen White diz: “O reino de Deus não vem com aparência exte-rior. Ele vem através da suavidade da inspiração da Sua Palavra, por meio da operação interior de Seu Espírito, a comunhão da alma com Aquele que é a sua vida. A maior manifestação de seu poder é visto na natureza hu-mana levada à perfeição do caráter de Cristo.”

Por último, este versículo é tão im-portante porque é um dos poucos que coloca o reino no presente. Já não é algo que estamos à espera, mas algo que podemos ter AGORA. Quando nos decidimos juntar a este reino, experimentamos AGORA paz em vez de tumulto, alegria em vez do desespero, amor em vez de solidão. E temos uma legião de anjos prontos para combater os demónios em nos-so lugar ao pegarmos na verdadeira armadura de Deus, porque no mundo REAL não lutamos contra a carne e o sangue. Armas terrenas não irão funcionar no reino invisível. Devemos ter a espada do Espírito, o escudo da fé, o capacete da salvação, o cinto da verdade, a couraça da justiça, e os pés cobertos no evangelho da paz. Então, podemos permanecer firmes qualquer que seja a luta. Então, te-mos um reino inteiro apoiando-nos em oração, com os anjos, e com o próprio Deus. Quem pode ser contra nós? Estamos num reino invisível, in-vencível!

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Há muitas pessoas que escolhem Deus por causa do medo da vida após a morte. Eles querem ir para o Céu.

Mas como é que o Céu será um lugar melhor para ti nessa altura, se não é um lugar em que gostari-as de viver agora?

A glória do Céu é estar com Jesus, e isso tu podes tê-lo agora. O reino de Deus pode começar em ti agora – curando-te, mudando-te, governan-do-te, protegendo-te, servindo e amando através de ti, e preparando uma eternidade para passar contigo. O Céu é a continuação do que está a acontecer agora – não começa na Segunda Vinda – que será a manifes-tação externa do presente reino invi-sível. E vai ser uma festa que não vais querer perder! Mas, até lá...

Uma história verdadeira: Jessica Eaves, de Guthrie, Oklahoma, viu recentemente a sua carteira ser roubada por um homem enquanto fazia compras numa mercearia. A maioria das pessoas nesta situação iria chamar imediatamente as au-toridades, mas ela encontrou uma maneira de resolver o seu problema. “Eu vi este senhor aproximar-se de mim no corredor”, partilha a Jessica. “Ele passou por trás de mim, e alguns metros mais à frente percebi que a minha carteira tinha desaparecido.

Vi-o num outro corredor cheio de pes-soas e abordei-o”, continua ela. “Eu tenho uma personalidade um bocado forte mas senti-me calma e serena e disse-lhe: ‘Eu acho que o senhor tem algo meu. Vou dar-lhe uma escolha: pode dar-me a minha carteira e eu vou perdoá-lo agora, e vou mesmo acompanhá-lo à caixa e pagar as suas compras.’ ”A alternativa? A Jessica chamava a polícia.“Ele meteu a mão no bolso do capuz e deu-me a minha carteira”, conta ela, acrescentando que o homem estava extremamente grato pela sua aju-da e perdão. “Ele começou a chorar quando seguimos para a caixa”, diz ela. “Ele disse que se arrependeu 20 vezes durante o tempo que em que foi do corredor para a fila, mas que estava desesperado.”A Jéssica gastou 27 dólares com as compras dele, que incluíam leite, pão, salsichas, biscoitos, sopa e que-ijo. “A última coisa que ele disse foi: ‘Eu nunca vou esquecer esta noite. Estou falido, tenho filhos, estou en-vergonhado e lamento.’ ”.“Algumas pessoas criticam o facto de eu não o ter entregue às autoridades, mas às vezes tudo o que precisamos é de uma segunda oportunidade”, ela acrescenta.

Este é um exemplo do reino pre-sente – não apenas o que ela fez por ele, mas a mudança que ocorreu no coração dele como resultado da sua

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graça. Num ápice transformou-se de ladrão em amigo. Como seria então o mundo se o reino invisível se tornasse visível através do derramamento do Espírito Santo nas nossas vidas? Não queres fazer parte desse tipo de reino? O que vês e experimentas no mundo nunca se poderá comparar com o que Deus pode fazer a partir do Seu ponto de vista omnisciente. Nada é invisível para Ele. Aliás, nada é realmente invisível. Tudo é baseado na nossa perceção. Confias em Deus ou em ti? Vives no mundo externo ou no mundo interno? Junta-te às filei-ras hoje, pois o reino de Deus está aqui, agora e acessível.

? ??O Reino de Deus está dentro de ti?

E se está, o que vais fazer com ele?

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SEXTA15 Mar

Marcos 4:30-34 | Marcos 1:15 | Mateus 4:17-18 |João 14:6-7 |

Semente de mostarda -Uma Parábola para Comunidade

Vivemos numa comunidade global. Com o uso da Internet e dos aparelhos móveis, es-

tamos sempre a poucos minutos de distância de saber as últimas notí-cias e tendências. Temos mesmo um novo vocabulário para esta época da comunicação a tempo inteiro e das comunidades virtuais e seguidores. “Twittar”, “Googlar”, “FaceTime” e “vídeos virais” tornaram-se parte da nossa conversação diária. Num mundo acelerado em que as necessi-dades são atendidas em segundos, não é de admirar que percamos de vista a intenção de Deus para este planeta a que chamamos lar. Será possível que, apesar de parecer es-tarmos sempre conectados, possa-mos na verdade estar mais sozinhos do que imaginamos? Não é incomum ver pessoas juntas para o jantar ou numa saída e quase todas estão com um dispositivo móvel conectando-se virtualmente com alguém, enquanto ignoram aqueles que estão bem à

sua frente. Longe vão os dias em que seria de esperar conheceres todas as pessoas que vivem na tua rua, mas ainda assim podemos declarar ami-zade a pessoas que vivem por todo o mundo e que nunca encontrámos face a face. Esta desconexão física afeta todas os níveis da sociedade, não importa em que parte mundo vivamos e afeta definitivamente a nossa comunidade de fé, a igreja.

Comunidade é definida pelo di-cionário online Merriman-Webster como: “um grupo de pessoas que vivem na mesma área (como uma ci-dade, vila ou bairro) ou um grupo de pessoas que têm os mesmos inter-esses, religião, raça, etc., ou um grupo de nações”. Hoje muitos negligen-ciam reunir-se para adorar, preferem “assistir online”, enquanto outros não criam raízes permanentes com uma igreja porque gostam da flexi-bilidade de estar com seus amigos. Ocorreu-me, ao ver este fenómeno ao longo dos últimos anos, que mui-tos de nós não conseguimos reco-nhecer que este modo de vida não é

O REINO DE DEUS: UMA PARÁBOLA

PARA A COMUNIDADE

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um reflexo do que a Escritura nos diz sobre a comunidade. Uma passagem que destaca a nossa necessidade de recalibrar e repensar a nossa com-preensão de comunidade é a que en-contramos em Marcos 4:30-32:“E dizia: A que assemelharemos o reino de Deus? Ou com que parábo-la o representaremos? É como um grão de mostarda, que, quando se semeia na terra, é a menor de todas as sementes que há na terra; mas, tendo sido semeado, cresce; e faz-se a maior de todas as hortaliças, e cria grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem aninhar-se de-baixo da sua sombra.”

As multidões que seguiam o Mes-sias não tinham a certeza do que era o “reino de Deus” e Ele usou fre-quentemente histórias e parábolas para explicar o que queria dizer. A sua confusão era compreensível, porque enquanto descendentes de Abraão, Isaque e Jacó, eram desafiados pela ocupação e opressão dos romanos e esperavam salvação do Messias prometido. Estas massas tinham ouvido e respondido à pregação de João Batista e estavam conscientes do milagre no batismo de Jesus. Cada demónio expulso, cada pessoa curada ou alimentação miraculosa de milhares, despertou neles a esperan-ça de que talvez este fosse de facto O prometido. Quando Jesus declarou que o reino de Deus estava ali, mui-tos esperavam que este seria real-

mente o rei-guerreiro que iria libertá--los e reestabelecer Israel como reino. Havia uma expetativa muito grande acerca do que a comunidade de Israel se tornaria. E tu, quais são as tuas expetativas em relação a Jesus? São fundadas no que Ele fez na tua vida, ou apenas no que tu gostavas que ele fizesse?

O que é o Reino de Deus?

Por que razão não temos pregado ou ensinando sobre isto antes, especial-mente se esta foi a mensagem de Jesus enquanto viajou durante três anos através das cidades poeirentas da Galileia? A primeira mensagem de Jesus depois de seu batismo no Jordão foi: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 4:17-18 e Marcos 1:15). Esta declaração revelou que havia uma nova comuni-dade, sociedade e estilo de vida, que estava a ser firmemente estabeleci-da por Jesus. Esta nova comunidade iria prosperar tendo Jesus como sua cabeça, seu chefe, seu líder, seu rei.

O método de ensino de Jesus não era incomum. Os rabis, professores religi-osos contemporâneos do Seu tempo, usavam com frequência histórias e parábolas para explicar ideias teo-lógicas. As histórias favoritas de Je-sus estava muitas vezes como que encapsuladas numa parábola. Uma parábola é uma história simples com personagens familiares e atividades

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que ilustram um princípio. Nem to-dos os que ouviam estas histórias poderiam facilmente entendê-las. Na realidade, Jesus contou muitas vezes as parábolas para grandes audiências e muitos ficaram sem a certeza do seu significado. Ele, no entanto, dizia aos Seus discípulos em particular o que muitas deles significavam.À medida que procuramos entender o “reino de Deus”, devemos exami-nar esta história com mais atenção. Aqueles que vinham para ver e ouvir Jesus nunca ficavam dececionados porque muitas vezes usava as coisas comuns da sua experiência enquan-to galileus para educá-los acerca de Deus. Consegues imaginá-los em pé nas margens do rio Jordão, do Mar da Galileia ou das ondulantes e empoei-radas colinas ouvindo Jesus durante horas? Alguma vez estiveste entu-siasmado para ir às aulas? Alguma vez quiseste ser o primeiro a chegar à sala de aula para ficar com um bom lugar antes que o professor entrasse? Era assim que muitos dos que segui-am Jesus se deviam sentir. Eles fica-vam entusiasmados para saber de que coisas interessantes Ele falaria naquele dia, a fim de lhes ensinar as Suas lições.

O cenário do texto coloca-nos com Je-sus no meio de uma aula a partir da proa de um barco no Mar da Galileia. Não temos a certeza de quanto tem-po as pessoas terão passado ali reu-nidas ou que hora do dia seria. O que

sabemos é que as multidões vieram ouvir Jesus e Ele não as dececionava. Algumas das histórias registadas em Marcos 4 têm um foco rural em “coi-sas que crescem”: a parábola do se-meador (Marcos 4:1-20) e a parábola da semente (Marcos 1:26-29).Quando olhamos para esta curta passagem podemos ficar distraídos pela sua simplicidade e perder a im-portância da mensagem. Jesus diz ao público atento que o reino de Deus é como uma semente de mostarda. Ele afirma que esta pequena semente cresce para se tornar maior do que todas as outras ervas ou arbustos do jardim. Nas versões de Mateus e de Lucas, Jesus refere-se à planta da mostarda madura como uma árvore.

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“Outra parábola lhes propôs, dizen-do: O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu cam-po; O qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos” (Mateus 13:31-32).“E dizia: A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei? É se-melhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta; e cresceu, e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninha-ram as aves do céu.” (Lucas 13:18-19).

É importante notar que a árvore da mostarda não era sempre a árvore mais alta que poderia crescer num jardim, porque as oliveiras geral-mente eram mais altas que as ou-tras plantas. Assim, o ponto para os ouvintes é que o reino de Deus não é determinado pelo tamanho da se-mente. Por causa da ocupação Roma-na, aqueles que O ouviam estavam familiarizados com o que significa ser deixado de fora da classe dominante. Ao escolher um grão de mostarda, Jesus mostrava aos Seus ouvintes que estava mais preocupado com a forma como eles terminariam do que como começaram. A semente de mo-starda comum na zona da Palestina era a mostarda preta, e era cultivada tanto em jardins como nos campos. As plantas podiam crescer até três metros de altura, mas era de facto a menor das sementes entre as plan-tas cultivadas na época. A semente de mostarda pode ser vista como uma metáfora para o conceito de “ter potencial”. Havia grande poten-cial de crescimento nesta semente e há igualmente um grande poten-cial naqueles que O ouvem. Esses precisam de aprender a desbloquear esse potencial. Mas como podem tor-nar-se parte deste reino?

Agricultura em vez de guerra

“É como um grão de mostarda, que, quando se semeia na terra, é a menor de todas as sementes que há na

“Ao escolher um grão de

mostarda, Jesus mostrava aos Seus ouvintes

que estava mais preocupado com a forma

como eles terminariam do que como começaram."

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terra” (Marcos 4:31). Ele diz simples-mente que o reino de Deus é como uma semente de mostarda. Jesus era “contra-cultural”. Usou uma analogia agrícola para demonstrar o plano de Deus para a humanidade, o que era a antítese da expetativa de uma nação aguardava um rei-guerreiro. Ele usa esta história para criar uma mudan-ça de paradigma na mente dos seus ouvintes: de lutar para cultivar; da guerra para a adoração; de César para a comunidade; de lutar com a lei para a graça.

O comentador bíblico R. P. Martin, afirma: “Tudo no ministério de Je-sus contrariava a compreensão que tinham do que seria o seu líder. Em vez disso, Jesus tentou incutir nas suas mentes a perspetiva de que o caminho preparado para a Sua glória seria o da cruz, e a consequente ex-periência de rejeição, sofrimento e humilhação”. Jesus declarou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; nin-guém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6-7). As sementes encer-ram a vida dentro de si, mas para que produzam vida têm primeiro de morrer. Jesus diz em João 12:24: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto” (João 12:24). O tamanho

da semente não determina o seu crescimento ou função. No entanto, sementes pequenas são mais rápidas a amadurecer e podem ser espalha-das mais cedo. Esta “mais pequena entre as sementes” cresce para ser uma árvore que é formidável no seu tamanho e na quantidade de som-bra e proteção que fornece a todos os que procuram abrigo nela. Deus fez-te semente para fazeres parte do Seu reino eterno. Ele colocou dentro de ti tudo o que é necessário, não apenas para a tua sobrevivência, mas para a propagação do evangelho. Estás dis-posto a morrer, morrer para ti mes-mo, para os teus desejos e planos, para que Deus possa obter a glória?

Como disse antes, o público de Jesus tinha uma experiência pessoal com a agricultura – mais do que nós temos – o que significa que Ele não tinha de explicar as condições necessárias para esta semente crescer. Embora seja verdade que todos nós podería-mos “googlar” esta informação sobre agricultura e coisas que crescem, se nos falta a experiência podemos não compreender plenamente as lições na analogia de Jesus. A semente passa por um processo chamado de “germinação” a fim de desbloquear a nova vida dentro de si.

Há três condições principais que per-mitem à semente germinar: (1) o embrião deve estar vivo, chama-do de “vigor de semente”.

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(2) Todos os requisitos de dormência que impedem a germinação devem ser superados. (3) As condições am-bientais apropriadas devem existir para a germinação.Uma vez reunidas as condições, a semente vai germinar e nova vida, uma planta imatura chamada plân-tula, começa a crescer. As plântulas vão crescer até à idade adulta e for-mar uma planta madura. Jesus salta da semente à planta madura sem descrever os processos que levam a planta até à sua completa maturação. A seguir ele afirma no versículo 32, “Mas, tendo sido semeado, cresce; e faz-se a maior de todas as hortaliças, e cria grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem aninhar-se debaixo da sua sombra”.

No livro Parábolas de Jesus, lemos: “O embrião, contido na semente, cresce pelo desenvolvimento do princípio vital que Deus nele implantou. Seu desenvolvimento não depende de

meios humanos. Assim é com o reino de Cristo. Há uma nova criação. Os princípios de desenvolvimento são di-retamente opostos aos que regem os reinos deste mundo” - Ellen White, Parábolas de Jesus, pg. 77.

Vamos refletir mais uma vez no que foi escutado pelos galileus que ou-viam a analogia da plantação. Deve-mos também tentar perceber as pis-tas que estão escondidas na história. O público galileu sabia a importância e o valor da semente de mostarda e que valia a pena a ser cultivada. A declaração de Jesus significava que eles eram realmente os escolhidos de Deus e que a sua tarefa era reproduzir o amor de Deus para o mundo. Jesus, Deus conosco, estava a reformular o conceito que eles tinham de “reino”. Os jovens de hoje são também con-vidados a viver em contracultura e a rejeitar as pseudo-comunidades e pseudo-amizades criadas no ciber-espaço, que querem atenção a cada

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toque e notificação nos dispositivos digitais. Jesus está a chamar-te para algo melhor. Estás a ser chamado por Cristo para fazeres parte da comuni-dade que tem como modelo o ideal de Deus para nós. As implicações para os ouvintes desta mensagem – então e agora – são que somos con-vidados a mudar o nosso modo de pensar e crescer. Para que a planta cresça desde a plântula até à maturi-dade, o jardineiro rega, alimenta, lim-pa e poda as plantas a fim de manter um ambiente de crescimento ideal. As sementes produzem plantas e as plantas produzem ainda mais se-mentes. A partir de uma semente sabemos que haverá mais plantas de mostarda. Parece simples. Mas com o Messias nada é tão simples assim.

Reino em vez de nacionalismo

Embora seja verdade que as parábo-las eram histórias teológicas com ilustrações contemporâneas, as histórias de Jesus deixavam muitas vezes os seus ouvintes envergonha-dos e confusos. Marcos 4:33 diz: “E com muitas parábolas tais lhes dirig-ia a palavra, segundo o que podiam compreender. E sem parábolas nunca lhes falava; porém, tudo declarava em particular aos seus discípulos (Marcos 4:33-34). Devido ao nosso método de querer premiar todos e não excluir ninguém, isto parece-nos injusto. No entanto, Jesus parecia

muito à vontade com o mistério que cercava seu ensinamento.

Uma informação pertinente sobre a qual falta refletir é a definição de “reino”. Um reino é uma comunidade politicamente organizada ou uma unidade territorial principal que tem uma forma de governo liderado por um rei ou por uma rainha. Lembra-te que aqueles que ouviram a história de Jesus estavam acima de tudo à espera que este “reino”- a que Jesus se referia-, subvertesse os romanos e restabelecesse Israel à sua antiga glória, semelhante ao reinado de Salomão. Eles ansiavam também i-naugurar um período de segurança e paz num mundo que adorasse Jeová. Vamos ser francos. Pode ser usado o

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argumento de que Israel era mais na-cionalista, ou seja, que sentiam uma forte lealdade e tinham um enorme orgulhosos do seu país. Israel pode ter acreditado que era melhor e mais importante do que outro país. Um rei-no deve ter um governante, a quem as pessoas juram lealdade e que por sua vez promete cuidar de seus súb-ditos. Mas Jesus oferecia-lhes a opor-tunidade de confiarem e dependerem do Soberano Deus, em vez da sua herança. Também nós, como jovens e adultos, devemos estar conscientes de que não vale a pena nos agarrar-mos às nossas opiniões pessoais em detrimento do crescimento do reino de Deus. Não podemos estar mais preocupados com estarmos seguros ao “ornamento” do adventismo, e fazê-lo à custa do crescimento do reino de Deus.

Os reinos foram geralmente gover-nados com poderio militar e com conselheiros que proporcionavam sabedoria ao rei sobre como governar os seus súbditos. Jesus é mais uma vez contracultural e cria um reino onde o Rei morre pelos seus súb-ditos, para que eles vivam. Ele luta

em nosso nome não para um reino terrestre, mas para um reino feito à imagem do reino celestial de Deus, onde todos os súbditos juraram leal-dade por que amam e estimam o Rei. Quando cada um de nós aceita Jesus e se submete à Sua autoridade como Rei, a nossa fé cresce e torna-se um lugar a que outros podem vir para en-contrar descanso em Jesus.

Implicações para nós hojeEstamos nós a refletir este reino de Deus na Terra? As principais condições já foram cumpridas para que tu cresças como esta semente de mostarda? Para que isso aconteça: (1) Jesus tem de estar vivo em ti, tornando assim a tua fé sustentável. (2) Não podes permitir que algo ou alguém na tua vida force esta semente de fé a ficar dormente, estancando ou impedindo assim o crescimento. (3) Tens de re-mover tudo o que à tua volta impeça o Espírito Santo de fazer Jesus crescer plenamente no teu coração.

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Assim como uma semente de mos-tarda não pode crescer no solo se as condições adequadas não estiverem reunidas, esta semente de mostarda espiritual também não pode crescer, reproduzir-se ou fornecer abrigo. É motivo de enorme gratidão saber que Jesus está disponível para nos ajudar a obter o ambiente e as condições ideais para que possamos crescer e amadurecer. E se não estão ainda reunidas, por que não pedir a Deus que te mostre hoje o que deves dei-tar fora, cortar, limpar ou retirar da tua vida para garantir que o reino de Deus comece a crescer à tua volta? Se estás entre os que podem afirmar que as condições espirituais estão reunidas, não estás livre de perigo! Assim como a planta é cuidada pelo jardineiro para garantir que atinge a maturidade, também nós – também tu – devemos submeter-nos à mão do jardineiro. Jesus é o jardineiro. De-vemos submeter-nos enquanto Ele, através das circunstâncias da vida,

cria as condições ideais para que pos-samos crescer. Ele vai podar, limpar, alimentar e nutrir-nos. Infelizmente, não podemos ditar as condições e definir o tempo exato. Estás a sub-meter diariamente os teus planos a Jesus? Aceitas quando Ele permite que os outros consigam as “coisas que tu queres” antes que tu mesmo as consigas? És capaz de ser grato não importa os desafios que experi-mentas?O mundo precisa desesperadamente de uma comunidade autentique e capaz de comunicar vida. Como se-guidores de Cristo temos de parti-lhar a boa nova de que Deus deseja proporcionar esta bênção a cada pes-soa neste planeta. O desafio que está diante de nós hoje é sermos o grão de mostarda que cresce até uma planta da mostarda, a tal ponto que as pes-soas com que nos relacionamos nas nossas famílias, igrejas, escolas e comunidades venham e encontrem descanso e abrigo.

1) Como é que a tua compreensão da frase “o reino de Deus” mudou?

2) Quais são as barreiras para seres a semente de mostarda que cresce até uma planta da mostarda madura na tua casa/igreja/comunidade?

3) Discute com o teu grupo soluções práticas ou tangíveis para criar comunidade autêntica em vez do mundo virtual do Facebook, Twit-ter, etc.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

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SÁBADO16 Mar

Mateus 20:1-16 | Marcos 10: 21 | Efésios 2:8-9 |João 1:12-13 | II Coríntios 5:17-19

Quando eu emigrei para a Aus-trália em setembro de 1981, recebi bons conselhos de al-

guns amigos emigrantes bem-in-tencionados que chegaram ao país antes de mim. Eles sugeriram que eu deveria encontrar imediatamente um trabalho – qualquer trabalho – e não ser demasiado exigente ou difícil uma vez que a minha prioridade era conseguir rapidamente uma forma de independência financeira. Eu re-cebi o conselho e fiz saber aos meus amigos e membros da igreja que de facto estava disponível para qualquer trabalho.

Pouco depois, o meu novo amigo Kevin aproximou-se de mim, a seguir aos serviços da igreja, para me dizer que ele era um gerente de produção e que havia uma vaga onde ele traba-lhava e eu poderia ficar com o trabalho se o quisesse. Aceitei imediatamente e nem senti a necessidade de pergun-tar sobre a natureza do trabalho, à luz do conselho que tinha recebido. As únicas coisas que eu perguntei foram onde era o trabalho, quando eu pode-

ria começar e a que horas tinha de me apresentar. Ele respondeu imediata-mente: “segunda-feira de manhã, às 5:00h”. Eu pensei que era uma piada, e esperei que ele o dissesse, mas ele continuou e perguntou-me se tinha um carro, o que eu não tinha. Como ele ia para o trabalho passando pelo local onde eu morava, propôs levar--me. Disse-me que como gerente de produção tinha de lá estar às 4:30h da manhã e por isso apanhava-me às 4:00h, que só tinha de trazer uma muda de roupa. Eu senti-me encur-ralado, mas já era tarde demais para recuar.

Isto aconteceu em pleno inverno e eu embrulhei-me no meu casaco St Vincent de Paul de dez dólares en-quanto esperava ser apanhado por baixo de um semáforo. Rapidamente chegámos ao local de trabalho: era o Mercado Flemington – um armazém de embalagem e distribuição de fru-tas e legumes. Depois de chegarmos o Kevin informou-me acerca do meu trabalho: eu era o novo embalador de batatas na linha de batatas.

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Grandes caixas de batatas sujas eram viradas para uma correia transpor-tadora, eram lavadas ou escovadas, pesadas , embaladas em sacos de plástico de cinco quilos e seladas au-tomaticamente. Estas embalagens de cinco quilos iam até uma mesa gi-ratória onde uma senhora encaixava habilmente cinco delas em grandes sacos de papel castanho. Era aqui que eu entrava em ação. Eu tinha de levantar o saco de batatas de 25 quilos e colocá-lo sobre uma correia móvel conectada a uma máquina de costura. No momento certo, eu car-regava um pedal para coser os sacos e empilhar 40 deles numa palete. Eu tinha de usar um porta-paletes para levar a palete para a parte de trás do armazém e voltar. Quando voltava, havia cerca de 15 sacos cheios que eu tinha de recuperar e não havia como parar a máquina (por vezes orávamos para que ela avariasse). Este era o meu trabalho. Quando a sirene tocou às 10:00h para um intervalo, eu mal podia andar ou mover meus braços – apenas coloquei a minha cabeça na mesa do refeitório, suspirei e gemi.

Quando cheguei a casa naquela tar-de, a minha esposa quase não me reconheceu e imediatamente pediu que eu me demitisse. Mas eu não queria demitir-me, seria muito ver-gonhoso desistir depois de gabar-me que eu faria qualquer coisa. Depois de um mês no emprego, o meu amigo Kevin disse-me que o trabalho es-

tava a crescer e perguntou se eu es-tava disposto a fazer algumas horas extras – duas horas todos os dias. Eu estava com dores, mas concordei. No-vamente, duas semanas mais tarde, ele disse-me que o negócio estava a andar muito bem e perguntou se eu poderia trabalhar aos domingos. Mais uma vez, eu disse que sim. Nessa altura, o meu amigo Kevin já não me ia buscar, eu ia de comboio e nunca chegava atrasado.

Consegues adivinhar qual dia da se-mana que eu mais gostava? Sábado? Sim, de certa maneira era o Sábado, porque eu podia descansar. Mas devo confessar que havia um outro dia da

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semana que era mesmo entusias-mante – era a quinta-feira – dia de pagamento. Por causa do trabalho duro e as longas horas, era sempre entusiasmante ver qual a espessura do meu salário. Eu estava disposto a fazer este trabalho de partir as costas por longas horas, e privar -me de lazer e da família aos domingos por causa do molho de notas do meu salário.

É assim que a sociedade funciona – quanto mais trabalhas, mais recebes de pagamento. Ganhas o que mere-ces. A vida, em geral, funciona desta maneira. Há um sentido natural de justiça e equidade. Existem leis que regem a nossa sociedade e se vives dentro dos limites dessas leis estás geralmente bem. Fazes o que é certo e és recompensado , fazes o que é er-rado e és responsabilizado. Aplicas-te e estudas muito, passas nos exames. Se não te preparas, fazes algumas orações extra, mas ainda assim fal-has. Se excederes o limite de veloci-dade ou passares um sinal vermelho,

tornas-te uma celebridade: és apa-nhado na fotografia. Ganhas o que mereces! Isto é ser justo.

Quando se trata da vida religiosa, aplica-se o mesmo princípio. No hin-duísmo, existem quatro formas de “Moksha” ou salvação – quando a mente humana se liberta do ciclo de vida e morte e se tornar uma com Deus:

1. O caminho da ação – observas ce-rimónias religiosas, deveres e ritos.

2. O caminho do conhecimento – ad-quires completa compreensão do uni-verso

3. O caminho da devoção – os teus atos de adoração

4. 0 caminho real – a prática de técni-cas de ioga e meditação

No budismo, o “bem-aventurado” es-tado de Nirvana é alcançado através do Nobre Caminho Óctuplo:

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1. Entendimento correto2. Pensamento correto3. Linguagem correta4. Ação correta5. Ocupação correta6. Esforço correto7. Contemplação correta8. Meditação correta

No Islão é um exercício de equilíbrio. A salvação é baseada numa combi-nação da graça de Allah e das obras do muçulmano. No Dia do Juízo Final, se as boas obras de um muçulmano superam as más e se Deus assim o quiser, ele pode ser perdoado de to-dos os seus pecados e em seguida en-trar no paraíso. O bem que fazes anu-la o mal que fizeste. Se vais a uma peregrinação a Meca, acumulas um crédito enorme nos livros do Céu. Se morres como um mártir defendendo a fé, tens acesso direto ao Céu.

Um jovem veio a Jesus com essa preo-cupação. Ele veio a Jesus com a per-gunta para um milhão de dólares. É uma das mais famosas e mais pun-

gentes histórias dos evangelhos.“E eis que, aproximando-se dele um homem, disse-lhe: ‘Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?” - Mateus 19:16.

Ao juntarmos as narrativas de Ma-teus, Marcos e Lucas, descobrimos que esse homem era jovem, rico e bem-sucedido – ele era um gov-ernante em sua comunidade. Por que razão alguém assim estaria in-teressado na vida eterna ou no reino de Deus? Ele tinha tudo, não tinha? Marcos diz-nos que Jesus estava efe-tivamente a deixar um lugar especí-fico quando este jovem correu até Ele e caiu de joelhos diante d’Ele, publi-camente. Quão desesperado estava? “Que bem farei para conseguira vida eterna?” Marcos 10:17-27

Sabes, a vida eterna não começa ape-nas quando Jesus vier pela segunda vez. O estilo de vida eternal, aquela qualidade de vida com paz, satis-fação, alegria, serenidade e serviço com propósito começa hoje, no aqui e agora, em antecipação da gloriosa Segunda Vinda de Jesus. Riqueza, posição e poder nunca podem trazer esta experiência, nem o poder a re-ligião, pois este homem também era religioso e professou ter observado a lei perfeitamente desde que era cri-ança.

O encontro deste jovem, rico, bem-

E quanto ao cristianismo? O que tem Jesus a dizer so-bre como podemos entrar no reino de Deus? Como podemos herdar a vida

eterna?

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-sucedido e religioso estava cheio de promessas:1. Ele tinha vindo com a pergunta certa.2. Ele tinha vindo com a atitude certa.3. Ele tinha vindo até à pessoa certa.Tudo estava montado para um grande final da história.

“Que bem farei para conseguir a vida eterna?” “O que me falta ainda?” per-guntou ele.Abordando a vida eterna como o hindu, o budista e o muçulmano em termos de coisas a serem feitas, ele estava à procura de mais uma coisa para fazer. “Jesus olhou para ele e amou-o. ‘Só mais uma coisa te falta’, disse Ele” (Marcos 10: 21)

“CONFIA EM MIM!”

A resposta de Jesus pode ser resumi-da num “Confia em mim”. Coloca -me em primeiro lugar na tua vida, eu não posso ser apenas “mais uma coisa” a fim de salvar-te. Construíste a tua vida na busca de riqueza, posição e ações religiosas que agora definem a tua existência e reconheceste que não está a satisfazer os anseios mais profundos do teu coração. Agora vieste até mim apenas para acres-centar mais uma coisa à tua lista de coisas a fazer. Mas precisas de buscar primeiro o reino de Deus. “Confia em mim.”

O jovem tirou a sua calculadora, fez um cálculo rápido, e quando olhou para o que podia entregar, a Bíblia diz que seu rosto caiu. Isto ia custar-lhe demasiado. Com todo o seu deses-pero, com todo o seu observar dos mandamentos, com todo o amor que Jesus poderia entregar-lhe, ele saiu triste e perdido. Ele não podia colocar Jesus em primeiro lugar. Ele não podia colocar a sua vida nas mãos de Jesus. Ele não podia cantar o último hino ... “tudo a Ti entrego”. Ele saiu triste e perdido.

Os discípulos que tinham testemu-nhado este encontro estavam con-fusos e envolveram Jesus numa dis-cussão. Se este rapaz que parecia ser o PRIMEIRO na fila para o reino de Deus não poderia chegar lá, quem poderá? Eles não podiam deixar de fazer a pergunta:

“Quem pode ser salvo?” “Jesus olhou para eles e disse: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.” E o comentário final de Jesus foi “muitos que são primeiros serão últi-mos, e muitos que são últimos serão primeiros”. Lembra-te desta frase, pois vamos voltar a ela.Para estabelecer esta verdade, Jesus leva-nos de volta ao Mercado Fle-mington, de volta ao armazém, de volta aos locais de trabalho, e dá-nos

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uma parábola agressiva onde a en-trada para o julgamento final no reino de Deus é comparado a uma cena de dia de pagamento onde o princípio humano de “mais trabalho equivale a mais dinheiro” é completamente desrespeitado, daí o título “A parábo-la do juiz iníquo”.

Lê Mateus 20:1-2Aqui é o encontro do rico e do pobre. O rico fazendeiro sai de manhã cedo para o mercado, onde as pessoas po-bres estão reunidas à espera de ver se haverá naquele dia a comida para eles e para as suas famílias. Eles são jornaleiros à espera que lhes seja ofe-recido um dia de trabalho pelo salário de um dia. O rico proprietário é sábio. Ele sai cedo depois de ter feito o seu trabalho de casa e já decidiu quan-tos trabalhadores precisa para fazer o trabalho do dia. Ele recruta e, an-tes de se dirigirem para a vinha, eles entram numa espécie de negociação salarial e ele “concorda” em pagar-lhes um denário pelo dia – que era um salário muito generoso para a época. São 6:00 da manhã e está fresco quando eles chegam à vinha, reco-lhem as cestas que amarram às suas costas – estilo mochila – e começam o dia. Três horas depois, o mestre sur-preende-nos.

Lê Mateus 20:3-5É a terceira hora; são 9:00. O objetivo do mestre ao sair não é recrutar, ele tem um plano de negócios e o recru-

tamento já foi tratado. O texto diz-nos apenas que ele saiu e, ao fazê-lo, ele viu outros que estavam no mes-mo sítio mas que não tinham sido contratados. Este mestre é diferente, ele não é impulsionado por fins lucra-tivos, mas é tocado pela condição dos necessitados que não têm trabalho. Bem, estes trabalhadores não têm direito ao salário de um dia inteiro e eles sabem disso e portanto desta vez não há discussão sobre o salário. “Confia em mim, vou pagar-te o que for justo”. Assim, o novo grupo parte para a vinha, sem regatear, mas ap-enas confiando na justiça do Mestre.

Imagina que és um trabalhador árduo que negociou o seu salário e começou a trabalhar às 6:00 da manhã. O sol está no alto e começaste a suar ao subir as colinas com a cesta a ficar cada vez mais pesada. Agora vês um novo grupo de trabalhadores che-garem. O que pensas deles? Prova-velmente que eles não são tão em-penhados como tu. É como na igreja, estás lá ao começar a Escola Sabatina - sempre a horas.Três horas mais tarde, o mestre sur-preende-nos novamente.

Lê Mateus 20:5Sexta hora: meio-diaNona hora: 15:00Movido pela sua preocupação e com-paixão para com as pessoas necessi-tadas, o mestre ainda está a recrutar. Parece que a sua mente já não tem

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um plano de negócios, mas que ele é impulsionado a considerar a situa-ção das pessoas que não têm pão para colocar na mesa à noite. Não há nenhuma menção de salários, nem por parte do mestre nem dos novos trabalhadores. Este mestre é im-placável no seu desejo de satisfazer as necessidades das pessoas em det-rimento de seu próprio bem-estar e ganho pessoal.Lembra-te que tu ainda és das pes-soas de trabalho duro que começa-ram às 6:00. O que pensas daqueles que chegaram na hora do almoço e até mesmo às 15:00? Isso é ridículo, não é? Aqueles que chegam ao meio-dia são aqueles que só vêm à igreja para a segunda parte – para o Culto Solene. Os das 15:00 chegam mesmo em cima do começo do sermão, sem introduções. O que achas tu dessas pessoas? Como se não tivéssemos tido surpresas suficientes!! Isto agora está a ficar ridículo.

Lê Mateus 20:6, 7Isto é absolutamente ridículo – a déci-ma primeira hora – um recrutamento às 17:00 para terminar às 18:00?

Agora o mestre incita-os numa con-versa: ele quer saber por que eles estiveram ali “o dia todo” sem fazer nada. O mestre deve tê-los visto logo pela manhã; e cada vez que ele vol-tou, eles ainda estavam lá, e às 17:00 também. A resposta deles foi muito reveladora: “Ninguém nos contratou”. Eles não eram empregáveis , não vali-am nada aos olhos de cada possível empregador que veio ao mercado. Eles tinham uma coisa a seu favor: não desistiram, ainda procuram as suas hipóteses àquela hora ridícula. Aquele foi o cenário perfeito para este mestre especial que tinha sido cheio de surpresas durante todo o dia. O mestre generoso tinha um jeito de aparecer quando as pessoas mais dele precisavam, quando as coisas estavam prestes a desmoronar, e as-

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sim o novo grupo de trabalhadores também é convidado a ir para a vi-nha. Estes são aqueles que vêm para o último hino e para o almoço de con-fraternização. O que pensas tu deles?

Quando chegam à vinha, são orienta-dos e pegam nas suas cestas – mas é o final do dia e o sino toca. É o fim do dia de trabalho e agora é hora de pagar.

Mesmo agora, o mestre não terminou de nos surpreender

Lê Mateus 20:8Todos estão alinhados, os traba-lhadores mais duros à frente na fila, é claro. Mas o mestre instrui o encarre-gado de reorganizar a fila. “Será que aqueles que começaram a trabalhar às 6:00 irão para a parte de trás da fila e aqueles que apenas chegaram agora virão para a frente?”. O mestre está a reorganizar a linha de tal forma que o que está prestes a acontecer vai ser visível e evidente para todos. Esta distribuição de salários, este ve-redito, este juízo final se quiserem, vão ficar claros para que todos os que testemunham e contemplam.

Obviamente as pessoas que traba-lharam no duro não estão muito satis-feitas, mas elas argumentam entre si que o mestre não quer constranger aqueles que acabaram de chegar, pois eles só vão receber alguns trocados e ficarão invejosos quando virem os

que trabalharam no duro receberem o salário de um dia inteiro.

Mais surpresas do mestre

Lê Mateus 20:9Os trabalhadores que acabaram de chegar recebem o salário de um dia inteiro. Eles estão confusos e pro-vavelmente começam a desaparecer muito rapidamente, a pensar que o patrão deve ter cometido um erro. As pessoas que trabalharam ardu-amente desde a manhã estão a rir de-les, pensando que eles estão a fugir do embaraço que é a insignificância do seu salário e perguntam: “Quanto ganhaste?” O primeiro não se atreve a responder, o segundo mostra ape-nas um dedo, os que trabalharam a sério estão a rir-se imenso e pergun-tam: “um pondion?” (um pondion são doze avos de um denário), mas a resposta vem de volta: “Não, um denário.”

“Um denário? Um denário por uma hora de trabalho?” Imediatamente começam a recalcular os seus salári-os. Se uma hora é igual a um denário, então 12 horas é igual a doze denári-os. A festa já começou na vinha: eles estão a fazer planos para novas sandálias, novas túnicas e férias em família.

Lê Mateus 20:10aMas o resto do versículo traz a primei-ra surpresa desagradável da história.

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Lê Mateus 20:10b-12.Não sei se estás a ver, mas quando o encarregado coloca um denário na mão do trabalhador árduo e diz “Próximo”, ninguém se mexe. Eles começam a resmungar que nem tro-vões e chamam o mestre. Como o senhor ousa fazer uma coisa destas? Como ousa tratar as pessoas que trabalharam arduamente como nós, da mesma maneira que tratou os preguiçosos que só trabalharam du-rante uma hora. Isso é tão ofensivo e injusto.

Lê Mateus 20:13-16“Mas ele, respondendo, disse a um de-les: Amigo, não te faço injustiça; não ajustaste comigo um denário? Toma o que é teu, e vai-te; eu quero dar a este último tanto como a ti. Não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom? Assim os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.”

Lembras-te desta frase? O jovem príncipe viu-se como o PRIMEIRO, acaba EM ÚLTIMO. Os trabalhadores das 17:00 viram-se como ÚLTIMOS, acabam em PRIMEIRO.

O que é isto? O que farias se fosses uma daquelas pessoas que trabal-haram a sério na vinha naquele dia? O que faria eu? O que eu fiz para no Mercado Flemington?

Esta história é uma pedra de tropeço para o nosso senso de justiça. É ver-dadeiramente escandaloso.

Como regra geral nas parábolas, o rei, o mestre, o proprietário é sempre o próprio Jesus. Então a pergunta é: “Deus é injusto?”

QUAL É A LIÇÃO DA HISTÓRIA?A chave para a história é encontrada na introdução da parábola:

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“Porque o reino dos céus é semelhan-te a...”Esta história não é sobre trabalho real e pagamento real, é sobre a en-trada no reino de Deus hoje e o juízo de Deus no tempo do fim. A entrada no reino de Deus não é sobre o quão bom tu és e quantas boas obras fi-zeste, porque ela é um dom de Deus. Esta é a forma de Deus conceder vida eterna. A eternidade é um dom de Deus a todos os filhos indignos da raça humana. A graça, a maravi-lhosa graça de Deus, é a lição desta história. Todos são igualmente ime-recedores de tão grande soma, como de um denário por dia. Ela é dada pela generosidade do Mestre àqueles que percebem que não trazem nada à mesa de negociações da salvação, exceto a sua profunda consciência da necessidade da graça de Deus. Isto é mais facilmente aceite por aqueles que ainda estão no mercado às 17:00 e têm um noção muita clara da falta de “empregabilidade”. Porque todos nós pecamos e estamos destituídos da glória de Deus.

Nesse sentido, Deus é injusto quando se trata de vida eterna.Se ser justo significa dar-nos ou tra-tar-nos como merecemos, como seria se Deus lidasse connosco de acordo com as nossas:Promessas não cumpridas?Dureza de coração?Insensibilidade para com as necessi-dades dos outros?

O nosso preconceito? O nosso orgulho?Pensamentos e motivos impuros?A nossa inveja e ciúme?SIM – Deus é injusto e devemos nos alegrar de que Ele é injusto! Pois Ele não nos trata como nós merecemos.

Salmos 103:8-13Misericordioso e piedoso é o Senhor;longânimo e grande em benignidade.Não nos tratou segundo os nossos pecados,nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades.Pois assim como o céu está elevado acima da terra,assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem.Assim como está longe o oriente do ocidente,assim afasta de nós as nossas trans-gressões.Assim como um pai se compadece de seus filhos,assim o Senhor se compadece daque-les que o temem. Isaías 53:5, 6:Mas ele foi ferido por causa das nos-sas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades;o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fo-mos sarados.Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós to-dos.

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Efésios 2:8-9:Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;

Desejado de Todas as Nações, pág 25:“Cristo foi tratado como nós merecía-mos, para que pudéssemos receber o tratamento a que Ele tinha direito. Foi condenado pelos nossos pecados, nos quais não tinha participação, para que fôssemos justificados por Sua justiça, na qual não tínhamos parte. Sofreu a morte que nos cabia, para que recebêssemos a vida que a Ele pertencia. “Pelas Suas pisaduras fomos sarados.”

Todos nós pecamos. Estamos espi-ritualmente falidos. Cristo morreu como nosso substituto. Devemos acreditar, admitir isso; aceitar e con-

fiar nele.“Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” - João 1:12-13.O resultado é uma transformação espiritual pelo Espírito Santo.“Assim que, se alguém está em Cris-to, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da re-conciliação” - II Coríntios 5:17-19.“E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Ar-rependei-vos, e crede no evangelho” - Marcos 1:14,15.

Conta-se da história de Blondin, o equilibrista francês que caminhava na corda bamba, que anunciou que

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iria esticar um cabo através da cata-ratas do Niágara desde o lado cana-diano até ao lado dos Estados Unidos e atravessar. Grandes multidões e a imprensa juntaram-se em ambos os lados. Quando Blondin terminou a sua primeira travessia a multi-dão aplaudiu e gritou e declarou-o o maior. Então Blondin levou uma bici-cleta de impulso especial com sulcos nos pneus e pedalou através da cor-da. Mais uma vez a multidão ficou em êxtase e gritava pelo seu nome. En-tão Blondin levou um carrinho de mão e empurrou-o por cima das cataratas, e desta vez a multidão foi à loucura e disse que não havia nada que ele não pudesse fazer. Então Blondin silen-ciou a multidão e perguntou se eles achavam que ele poderia atravessar Niagara com alguém sentado no car-rinho de mão. Todos eles gritaram que não havia dúvida de que ele po-deria fazê-lo. Então Blondin pediu um voluntário. Houve silêncio no meio da multidão, mas não houve quem quisesse.

Na pessoa de Jesus, o reino de Deus veio até nós e está ao alcance da mão. Jesus diz a cada um de nós: “Ele está ao nosso alcance – arrepende-te e

acredita – vou levar-te para o outro lado. Eu ofereço-te graça, perdão e um novo tipo de vida com propósito no presente e, como teu Advogado no julgamento final, um reino eterno glorioso quando eu voltar em breve para levar o meu povo para o lar.”

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2014CALENDÁRIO J.A. 28 FEV - 4 MAR | Convenção Nacional J.A. /GAM

8-15 MAR | Semana de Oração de Jovens (S.O.J.A.)

15 MAR | Dia Global da JA em Missão17-20 ABR | Acampamentos Regionais

8-13 JUN | Semana de Formação JA para Pastores

Escola de Formação JA (Nível III)

| 7 e 8 JUN (Norte e Centro) | 14 e 15 JUN (Lisboa e Alentejo/Algarve)

Assembleias JA Regionais | 22 JUN (Norte/Centro/Lisboa) | 29 JUN (Alentejo/Algarve)

4-6 JUL | Acampamento de Estudo e Oração

Acampamentos Nacionais

| Rebentos: 11-13 JUL | Tições: 20-27 JUL

| Companheiros: 28 JUL - 7 AGO

| Desbravadores: 10-20 AGO

| Impacto: 21-31 AGO

1 - 7 SET | Abraçar O Mundo

4 e 5 OUT | Conselho Nacional JA

Escola de Formação JA (Nível IV)

| 25 e 26 OUT (Norte e Centro) | 6-8 DEZ (Alentejo/Algarve)