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COLGIO AGRCOLA ESTADUAL DE TOLEDO - CAET

CULTURA DA SOJA (Glycine max)

Prof. DAIANE CORRA

TOLEDO 2010

CULTIVO DA SOJA (Glycine max) Origem da Soja A evoluo da soja comeou com o aparecimento de plantas oriundas de cruzamentos naturais entre duas espcies de soja selvagem que foram domesticadas e melhoradas por cientistas da antiga China. Sua importncia na dieta alimentar da antiga civilizao chinesa era tal, que a soja, juntamente com o trigo, arroz, centeio e milheto, era considerada um gro sagrado, com direito a cerimoniais ritualsticos na poca do plantio e da colheita. Em 1940, no auge do seu cultivo como forrageira, foram plantados nos Estados Unidos cerca de dois milhes de hectares com tal propsito. A partir de 1941, a rea cultivada para gros superou a cultivada para forragem, cujo plantio declinou rapidamente, at desaparecer em meados dos anos 60, enquanto a rea cultivada para a produo de gros crescia de forma exponencial, no apenas nos EUA, como tambm no mundo todo. A soja no Brasil No Brasil, o gro chegou primeiramente provindo dos Estados Unidos, em 1882. Os primeiros imigrantes japoneses tambm introduziram novos gros na agricultura brasileira, em 1908, mas foi introduzida oficialmente no Rio Grande do Sul em 1914. Porm, a expanso da soja no Brasil aconteceu nos anos 70, com o interesse crescente da indstria de leo e a demanda do mercado internacional. Evoluo da Soja no Brasil

Causas da expanso Muitos fatores contriburam para que a soja se estabelecesse como importante cultura, primeiro no sul do Brasil (anos 60 e 70) e, posteriormente, nos Cerrados do Brasil central (anos 80 e 90). Alguns desses fatores so comuns a ambas as regies, outros no. Dentre aqueles que contriburam para seu rpido estabelecimento na Regio Sul, podemos destacar: A semelhana do ecossistema do sul do Brasil com aquele predominante no sul dos Estados Unidos, favorecendo o xito na transferncia e adoo de variedades e outras tecnologias de produo; O estabelecimento da Operao Tatu no RS em meados dos anos 60, cujo programa promoveu a calagem e a correo da fertilidade dos solos, favorecendo o cultivo da soja naquele Estado; Os incentivos fiscais disponibilizados aos produtores de trigo nos anos 50, 60 e 70 beneficiaram igualmente a cultura da soja, que utilizava, no vero, a mesma rea, mo de obra e maquinrio do trigo plantado no inverno; O mercado internacional em alta, principalmente em meados dos anos 70, em resposta frustrao da safra de gros na Rssia e China, assim como da pesca da anchova no Peru, cuja farinha de peixe era amplamente utilizada na fabricao de raes, quando os fabricantes passaram a utilizar o farelo de soja; O desenvolvimento de um bem sucedido pacote tecnolgico para a produo de soja na regio; A topografia altamente favorvel mecanizao, favorecendo o uso de mquinas e equipamentos de grande porte, o que propicia economia de mo de obra e maior rendimento nas operaes de preparo do solo, tratos culturais e colheita; As boas condies fsicas dos solos da regio, facilitando as operaes do maquinrio agrcola e compensando, parcialmente, as desfavorveis caractersticas qumicas desses solos;

Classificao Botnica da Soja Reino: Plantae Classe: Magnoliopsida Famlia: Fabaceae Gnero: Glycine Espcie: Glycine max L. Merril Importncia Econmica O gro da soja d origem a produtos e subprodutos utilizados atualmente pela agroindstria de alimentos e indstria qumica. A protena de soja d origem a produtos comestveis como ingredientes de padaria, massas, produtos de carne, cereais, misturas preparadas, bebidas, alimentao para bebs, confeces e alimentos dietticos. utilizado tambm pela indstria de adesivos e nutrientes, alimentao animal, adubos, formulador de espumas, fabricao de fibra, revestimento, papel emulso de gua para tintas. Em 2007, mais de 75% da soja cultivada no Brasil foram vendidos para o exterior, o que representou 24% do comrcio mundial da oleoginosa e rendeu US$ 9,47 bilhes. O nmero corresponde a 22% dos resultados das exportaes agrcolas e 8% do total gerado pelas exportaes brasileiras. Destino: 90% destinam-se ao esmagamento, e destes, 79% converte-se em rao animal. O leo de Soja representa 30% de todo leo vegetal produzido no mundo. Soja em nmeros (safra 2008/2009) Soja no mundo Produo: 510,6 milhes de toneladas rea plantada: 96,3 milhes de hectares Soja nos EUA (maior produtor mundial do gro) Produo: 87,5 milhes de toneladas rea plantada: 30,2 milhes de hectares Produtividade: 2.666 Kg/ha Soja no Brasil (segundo maior produtor mundial do gro)

Produo: 57,1 milhes de toneladas rea plantada: 21,7 milhes de hectares Produtividade: 2.629 Kg/ha MT (maior produtor brasileiro de soja) Produo: 17,963 milhes rea plantada: 5,8 milhes de hectares Produtividade: 3.082 Kg/ha PR (segundo produtor brasileiro de soja) Produo: 9,510 milhes de toneladas rea plantada: 4,1 milhes de ha Produtividade: 2.337 kg/ha Fonte: CONAB Impactos negativos do cultivo da Soja Desmatamento de reas de preservao (migrao rural). Transformao do hbitat e perda de biodiversidade. Degradao e eroso do solo. Solo: perda de 25 toneladas de solo por hectare ao ano no cerrado. Explorao excessiva de recursos hdricos. Poluio e efeitos dos defensivos agrcolas na sade humana e ao meio ambiente. Perda dos meios de subsistncia dos pequenos agricultores. Conflitos pela terra (aquisio ilegal, violao dos direitos de uso e direitos das comunidades indgenas). Ecofisiologia da Soja Os estdios fenolgicos da Soja so descritos segundo a Escala de Fehr & Caviness. Tem um padro de descrio precisa, objetiva e nica. O ciclo da cultura da Soja composto pelas fases: Vegetativa - VE Emergncia - VC Cotildone - V1 primeiro n a Vn Enzimo n

Reprodutiva - R1 Incio do florescimento a R8 Maturao plena FASES VEGETATIVAS Estdio VE VC V1 V2 V3 V4 V5 V6 Vn Observaes: VE 5 a 14 dias aps a semeadura. Cotildones acima da superfcie do solo. VC Par de folhas unifolioladas completamente desenvolvidas. Folhas so opostas. V1 Primeiro triflio aberto (fololos no se tocam). V2 Segundo triflio aberto (fololos no se tocam). Estabelecimento dos ndulos. Momento para checar nodulao. V3 Terceiro triflio aberto (fololos no se tocam). Cotildones desaparecem. Intenso crescimento radicular. Uso de N da adubao e do N produzido pelas bactrias. Consumo de gua aproximadamente em torno de 3 mm dia. Denominao Emergncia Cotildone Primeiro n Segundo n Terceiro n Quarto n Quinto n Sexto n Ensimo n Descrio Cotildones acima da superfcie do solo. Cotildones completamente abertos. Folhas unifoliadas completamente desenvolvidas. Primeira folha trifoliada compl. desenvolvida. Segunda folha trifoliada compl. desenvolvida. Terceira folha trifoliada compl. desenvolvida. Quarta folha trifoliada compl. desenvolvida. Quinta folha trifoliada compl. desenvolvida. Ante-ensima folha trifoliada compl. desenvolvida.

V5 Capacidade de recuparao de danos. Inicio da formao dos ramos laterais. Menor adensamento na entre linhas. V6 Ramificaes visveis. Aumenta o consumo de gua 5 mm dia. Novo estdio a cada 3 dias. 50% de perda de rea foliar: perda de 3% na produtividade. FASES REPRODUTIVAS Estdio R1 R2 R3 Denominao haste principal. Florescimento completo Uma flor aberta num dos 2 ltimos ns do caule com folha completamente desenvolvida. Primeiras vagens Vagens com 5 mm de comprimento num dos 4 ltimos ns do caule com folha completamente desenvolvida. R4 Vagens cheias Vagens com 2 cm de comprimento num dos 4 ltimos ns do caule com folha completamente desenvolvida R5 Primeiras sementes Gro com 3 mm de comprimento em vagem num dos 4 ltimos ns do caule, com folha completamente desenvolvida. R6 Sementes cheias Vagem contendo gros verdes preenchendo as cavidades da vagem num dos 4 ltimos ns do caule com folha completamente desenvolvida. R7 R8 Incio da maturidade Maturidade fisiolgica Uma vagem normal no caule com colorao de madura. 95% das vagens com colorao de maduras. Descrio

Incio do florescimento Uma flor aberta em qualquer n do caule na

Observaes:

R1 50% das plantas com pelo menos uma flor em qualquer n. R2 Consumo de gua em torno de 7 mm dia. Controle de pragas mais intenso. Maioria dos racemos com flor aberta. R3 Final do florescimento. Vagens com 2,5 cm. Abortamento natural de flores: 60-75%. R4 Hbito de crescimento indeterminado em flores e vagens. Vagens com 2 cm de comprimento num dos 4 ltimos ns do caule com folha completamente desenvolvida. Vagens do tero superior com 2 a 4 cm. Incio do perodo crtico para definio da produtividade. R5 Mxima demanda por gua e nutrientes. R5.1: gros perceptveis ao tato a 10% de gradao. R5.2: ...11 a 25% R5.3: ...26 a 50% R5.4: ...51 a 75% R5.5: ...75 a 99%

R7 Incio da maturao. Uma vagem em qualquer parte da planta com a cor tpica da maturidade fisiolgica. R7.1: 50% de amarelecimento de folhas e vagens R7.2: 51 a 75% de amarelecimento de folhas e vagens R7.3: Maior que 76% de amarelecimento de folhas e vagens R8 Ponto de maturao fisiolgica Incio da desfolha. R8.1: Incio a 50% de desfolha R8.2: Mais de 51% de desfolha a pr-colheita 95% das vagens apresentam a cor tpica da maturidade fisiolgica Possibilidade de colheita: 7 a 10 dias.

Cor das vagens de soja nos estdios: - R6 (verde) - R7 (amarela) - R8 (marrom)

Porque conhecer como a planta cresce? O conhecimento da fenologia possibilita otimizar os recursos naturais e insumos norteando as aes de manejo no intuito de obter altas produtividades. poca de semeadura Populao Aplicao de Herbicidas Aplicao de Fertilizantes Aplicao de Fungicidas Colheita ESTDIOS FENOLGICOS

CICLOS VEGETATIVOS

Implantao da cultura da Soja poca de semeadura No estado do Paran, a poca de semeadura indicada, para a maioria das cultivares, estende se de 15 de outubro a 15 de dezembro. Regio Centro-Oeste - De modo geral, o perodo preferencial para a semeadura de soja vai de 20 de outubro e 10 de dezembro. Entretanto, no ms de novembro que se obtm as maiores produtividades e altura de planta adequada. Cultivares de ciclo tardio: 01/10 a 31/12. Ciclo semi-tardio: 11/10 a 20/12. Ciclo mdio: 11/10 a 20/12. Ciclo precoce e semi-precoce: 21/10 a 10/12.

Profundidade de semeadura As sementes de soja devem ser semeadas a uma profundidade de 3 a 5 cm. Semeaduras em profundidades maiores dificultam a emergncia, principalmente em solos arenosos, sujeitos a assoreamento, ou onde ocorre compactao superficial do solo. Espaamento entre linhas O espaamento entre linhas na cultura da soja varia com o ciclo vegetativo do cultivar. Os cultivares precoces so semeados no espaamento de 36 a 45cm. Para os demais cultivares recomendado o espaamento de 60cm que pode ser reduzido para 50cm se houver atraso do plantio. Densidade de semeadura A densidade de semeadura da ordem de 30 sementes por metro linear (poder germinativo das sementes - 80%). A emergncia de aproximadamente 25 plantas por metro linear desejvel.

Espaamento entre linhas, densidade e profundidade: Espaamento: 36 a 60 cm. Populao: 300.000 plantas/ha ou 30/m2. Variao de 20 % ( + ou -) no afeta rendimento desde que bem distribudas. Condies p/ acamamento: - 20 %. Semeadura tardia: + 20 %. Profundidade: 3,0 a 5,0 cm.

Exigncias hdricas A gua constitui aproximadamente 90% do peso da planta, atuando em, praticamente, todos os processos fisiolgicos e bioqumicos. A disponibilidade de gua importante, principalmente, em dois perodos de desenvolvimento da soja: Germinao - emergncia Florao - enchimento de gros. Durante o primeiro perodo, tanto o excesso quanto o dficit de gua so prejudiciais obteno de uma boa uniformidade das plantas. A semente de soja necessita absorver, no mnimo, 50% de seu peso em gua para assegurar boa germinao. A necessidade de gua na cultura da soja vai aumentando com o desenvolvimento da planta, atingindo o mximo durante a florao-enchimento de gros (7 a 8 mm/dia), decrescendo aps esse perodo. Dficits hdricos causam: enrolamento de folhas, queda prematura de folhas e de flores e abortamento de vagens, reduo do rendimento de gros. A necessidade total de gua na cultura da soja, para obteno do mximo rendimento, varia entre 450 a 800 mm/ciclo, dependendo das condies climticas, do manejo da cultura e da durao do ciclo. A irrigao uma medida eficaz, porm tem um custo elevado. Exigncias trmicas A soja melhor se adapta a temperaturas do ar entre 20C e 30C, a temperatura ideal para seu crescimento e desenvolvimento est em torno de 30C. Sempre que possvel, a semeadura da soja no deve ser realizada quando a temperatura do solo estiver abaixo de 20C, porque prejudica a germinao e a emergncia. A faixa de temperatura do solo adequada para semeadura varia de 20C a 30C, sendo 25C a temperatura ideal para uma emergncia rpida e uniforme. O crescimento vegetativo da soja pequeno ou nulo a temperaturas menores ou iguais a 10C. Temperaturas acima de 40C tm efeito adverso na taxa de crescimento, provocam distrbios na florao e diminuem a capacidade de reteno de vagens. Esses problemas se acentuam com a ocorrncia de dficits hdricos.

A florao da soja somente induzida quando ocorrem temperaturas acima de 13C. A florao precoce ocorre, principalmente, em decorrncia de temperaturas mais altas, podendo acarretar diminuio na altura de planta. A maturao pode ser acelerada pela ocorrncia de altas temperaturas. Temperaturas baixas na fase da colheita, associadas a perodo chuvoso ou de alta umidade, podem atrasar a colheita e prejudicar a qualidade dos gros. Preparao do solo e semeadura O plantio direto uma tcnica de cultivo conservacionista na qual procura-se manter o solo sempre coberto por plantas em desenvolvimento e por resduos vegetais. Essa cobertura tem por finalidade proteg-lo do impacto das gotas de chuva, do escorrimento superficial e das eroses hdrica e elica. Plantio Direto A semente colocada em sulcos ou covas, com largura e profundidade suficientes para a adequada cobertura e contato das sementes com a terra. - Eliminao/reduo das operaes de preparo do solo. - Mantm a estrutura do solo, evitando compactao sub-superficial. - Reduz as perdas de gua por evaporao, aumentando a disponibilidade de gua para as plantas, a atividade biolgica do solo e a manuteno da matria orgnica. - comum o uso de herbicidas para o controle de plantas daninhas. - Formao e manuteno de cobertura morta, com a sua decomposio, incorpora matria orgnica ao solo, aumentando a atividade microbiana, que permite maior reciclagem de nutrientes. Cuidados na semeadura Considerar os mecanismos da semeadora: o dosador de semente. o controlador de profundidade. o compactador de sulco.

Tipo de dosador - Entre os tipos existentes, destacam-se os de disco alveolado horizontal e os pneumticos. Os pneumticos apresentam maior preciso, com dosagem das sementes uma a uma, ausncia de danos s sementes durante o processo de dosagem e so mais caros. Limitador de profundidade - O sistema com roda flutuante acompanha melhor o relevo do solo, mantendo sempre a mesma profundidade de semeadura. O sistema com roda fixa, no copia os obstculos no terreno, no garantido uniformidade na profundidade entre os sulcos. Compactador de sulco - O sistema em V aperta o solo contra a semente nas laterais dos sulcos, eliminando as bolsas de ar do leito, permitindo um melhor contato do solo com as sementes, sem compactar a superfcie sobre o sulco. Ao contrrio, com o tipo de roda nica traseira, no proporciona um bom contato solo-semente, alm de provocar crosta superficial na linha de semeadura, em casos de chuvas pesadas posteriores semeadura. Velocidade de operao da semeadora - A velocidade ideal de deslocamento est entre 4 km h-1 e 6 km h-1, dependendo, principalmente, da uniformidade da superfcie do terreno. Posio semente/adubo - O adubo deve ser distribudo ao lado e abaixo da semente. O contato direto prejudica a absoro da gua pela semente, podendo at matar a plntula em crescimento, principalmente em caso de dose alta de cloreto de potssio no sulco (acima de 80 kg de KCl ha-1). Compatibilidade dos produtos qumicos - Produtos qumicos como fungicidas e herbicidas, nas doses recomendadas, normalmente, no afetam a germinao da semente de soja. Porm, em doses excessivas, prejudicam tanto a germinao quanto o desenvolvimento inicial das plntulas. Calagem e adubao Os nutrientes tm sua disponibilidade determinada por vrios fatores, entre eles o valor do pH (medida da concentrao/atividade de ons hidrognio na soluo do solo).

A avaliao da necessidade de calagem realizada a partir da interpretao dos resultados da anlise do solo da camada de 0 a 20 cm de profundidade. O efeito residual da calagem de 3 a 5 anos, dependendo do poder tampo do solo, do sistema de produo adotado e da quantidade de calcrio aplicada. Gessagem O gesso deve ser utilizado em reas onde a anlise de solo, na profundidade de 20 a 40 cm, indicar a saturao por alumnio maior que 20% e/ou quando o nvel de clcio for inferior a 0,5 cmolc dm-3. A dose mxima de gesso agrcola (15% de S) de 700, 1200, 2200 e 3200 kg de gesso ha-1 para solos de textura arenosa (60% de argila), respectivamente (Sousa et al., 1996). O efeito residual destas dosagens de cinco anos, no mnimo. Nitrognio O nitrognio (N) o nutriente requerido em maior quantidade pela cultura da soja. Estima-se que para produzir 1000 kg de gros so necessrios 80 kg de N. Basicamente, as

fontes de N disponveis para a cultura da soja so os fertilizantes nitrogenados e a fixao biolgica do nitrognio. Fixao biolgica do nitrognio (FBN) - a principal fonte de N para a cultura da soja. Bactrias do gnero Bradyrhizobium, quando em contato com as razes da soja, infectam as razes, via plos radiculares, formando os ndulos. A FBN pode, dependendo de sua eficincia, fornecer todo o N que a soja necessita. Resultados obtidos em todas as regies onde a soja cultivada mostram que a aplicao de fertilizante nitrogenado na semeadura ou em cobertura em qualquer estdio de desenvolvimento da planta, em sistemas de semeadura direta ou convencional, alm de reduzir a nodulao e a eficincia da FBN, no traz nenhum incremento de produtividade para a soja. No entanto, se as frmulas de adubo que contm nitrognio forem mais econmicas do que as frmulas sem nitrognio, elas podero ser utilizadas, desde que no sejam aplicados mais do que 20 kg de N/ha. Inoculantes A dose de inoculante a ser aplicada deve fornecer, no mnimo, 1,2 milhes de clulas viveis por semente. Alm disso, o volume de inoculantes lquido a aplicar no deve ser inferior a 100 ml por 50 kg de semente. - Deve-se fazer a inoculao sombra e manter a semente inoculada protegida do sol e do calor excessivo. Evitar o aquecimento, em demasia, do depsito da semente na semeadora, pois alta temperatura reduz o nmero de bactrias viveis aderidas semente; - Fazer a semeadura logo aps a inoculao, especialmente se a semente for tratada com fungicidas e micronutrientes. Para inoculantes acompanhados ou possuidores de protetores especficos, que garantam a viabilidade da bactria na semente, seguir a orientao do fabricante; - Para melhor aderncia dos inoculantes turfosos, recomenda-se umedecer a semente com 300 ml/50 kg semente de gua aucarada a 10% (100 g de acar e completar para um litro de gua); - imprescindvel que a distribuio do inoculante turfoso ou lquido seja uniforme em todas as sementes para que tenhamos o benefcio da fixao biolgica do nitrognio em todas as plantas.

- Deve-se adquirir inoculantes recomendados pela pesquisa e devidamente registrados no MAPA. O nmero de registro dever estar impresso na embalagem; - Certificar-se de que os inoculantes contenham uma ou duas das quatro estirpes recomendadas para o Brasil (SEMIA 587, SEMIA 5019, SEMIA 5079 e SEMIA 5080); Adubao Fosfatada Indicao de adubao fosfatada corretiva : - A correo do solo de uma s vez (total) a lano e incorporada, com posterior adubao de manuteno do nvel de fertilidade atingido. - A correo gradual, que pode ser utilizada quando no h a possibilidade de realizao da correo do solo total. Esta prtica consiste em aplicar, no sulco de semeadura, uma quantidade de P superior extrao da cultura, de modo a acumular, com o passar do tempo, o excedente e atingindo, aps alguns anos, a disponibilidade de P desejada. Ao utilizar as doses de adubo fosfatado sugeridas, espera-se que, num perodo mximo de seis anos, o solo apresente teores de P em torno do nvel bom. Adubao Potssica A indicao para adubao corretiva com potssio de acordo com a anlise do solo. Esta adubao deve ser feita a lano, em solos com teor de argila maior que 20%. Em solos de textura arenosa, no se deve fazer adubao corretiva de potssio, devido s perdas por lixiviao. Na semeadura da soja, como manuteno, aplicar 20 kg de K2O para cada 1.000 kg de gros que se espera produzir. Nas dosagens de K2O acima de 50 kg ha-1 ou quando o teor de argila for 8 km h-1), mesmo utilizando bicos especficos para reduo de deriva; Pode-se utilizar baixo volume de calda (mnimo de 100 L ha-1) quando as condies climticas forem favorveis e desde que sejam observadas as indicaes do fabricante (tipo de bico, produtos); A aplicao de herbicidas deve ser realizada em ambiente com umidade relativa superior a 60%. Alm disso, deve-se utilizar gua limpa; No deve-se aplicar quando as plantas, da cultura e invasoras, estiverem sob estresse hdrico; Manuseio de herbicidas e descarte de embalagens Ler com ateno o rtulo e a bula do produto e seguir todas as orientaes e os cuidados com o descarte das embalagens.

Devolver as embalagens vazias (aps a trplice lavagem das embalagens de produtos lquidos), no prazo de um ano aps a compra do produto, ao posto de recebimento indicado na nota fiscal de compra, conforme legislao do MAPA (Lei 9.974, de 06/06/2000 e Decreto 4.074, de 04/01/2002). Manejo de Insetos-Pragas O controle das principais pragas da soja deve ser feito com base nos princpios do Manejo de Pragas. O qual consiste de tomada de deciso de controle com base no nvel de ataque, no nmero e tamanho dos insetos-pragas e no estdio de desenvolvimento da soja, informaes estas obtidas em inspees regulares na lavoura com este fim. Especificamente para os percevejos, as amostragens devem seguir as seguintes indicaes: Devem ser realizadas nos perodos mais frescos do dia, quando os percevejos se movimentam menos; Devem ser feitas com maior intensidade nas bordas da lavoura, onde, em geral, os percevejos iniciam seu ataque; Devem ser repetidas, de preferncia, todas as semanas, do incio da formao de vagens (R3) at a maturao fisiolgica (R7); e Devem usar o pano-de-batida em apenas 1m de fileiras de soja. A simples observao visual sobre as plantas no expressa a populao real presente na lavoura, especialmente dos percevejos. O controle deve ser realizado somente quando forem atingidos os nveis de danos. Na escolha do produto, levar em considerao a toxicidade, o efeito sobre inimigos naturais e o custo ha-1. Atentar para as doses indicadas, utilizar EPI (equipamento de proteo individual) durante o preparo e a aplicao dos defensivos e dar o destino correto s embalagens, conforme legislao vigente.

Cuidados na Colheita O solo mal preparado pode causar prejuzos na colheita devido a desnveis no terreno que provocam oscilaes na barra de corte da colhedora, fazendo com que ocorra corte em altura desuniforme e muitas vagens sejam cortadas ao meio e outras deixem de ser colhidas. A semeadura, em poca pouco indicada, pode acarretar baixa estatura das plantas e baixa insero das primeiras vagens. Ocorrncia de plantas daninhas prejudica o bom funcionamento da colhedora e exigindo maior velocidade no cilindro de trilha, resultando em maior dano mecnico s sementes. Em lavouras infestadas, a velocidade de deslocamento deve ser reduzida, causando menor eficincia operacional. Com o retardamento da colheita poder ocorrer a deiscncia, havendo ainda casos de redues acentuadas na qualidade do produto. As sementes colhidas com teor de umidade superior a 15% sofrem danos mecnicos. Quando colhidas com teor abaixo de 12%, causam a quebra. A umidade ideal gira entre 15% e 12%. As perdas sero mnimas se forem tomados alguns cuidados relativos velocidade adequada de operao e pequenos ajustes e regulagens desses mecanismos de corte e recolhimento, alm dos mecanismos de trilha, separao e limpeza.

Doenas da Soja Entre os principais fatores que limitam a obteno de altos rendimentos em soja esto as doenas. Aproximadamente 40 doenas causadas por fungos, bactrias, nematides e vrus j foram identificadas no Brasil. Esse nmero continua aumentando com a expanso da soja para novas reas e como conseqncia da monocultura. A importncia econmica de cada doena varia de ano para ano e de regio para regio, dependendo das condies climticas de cada safra. As perdas anuais de produo por doenas so estimadas em cerca de 15% a 20%, entretanto, algumas doenas podem ocasionar perdas de quase 100%. Devido a este fato, alguns Estados implantaram o vazio sanitrio de 60 a 90 dias, para diminuir e evitar a incidncia de ferrugens na safra de vero. Doenas foliares Crestamento foliar de cercspora Cercospora kikuchii Ferrugem americana Phakopsora meibomiae Ferrugem asitica Phakopsora pachyrhizi Mancha foliar de altenria Alternaria sp. Mancha foliar de ascoquita Ascochyta sojae Doenas da haste e da vagem Antracnose Colletotrichum truncatum Cancro da haste Diaporthe phaseolorum var. meridionalis Diaporthe phaseolorum var. caulivora Mancha prpura da semente Cercospora kikuchii Seca da haste e da vagem Phomopsis spp. Seca da vagem Fusarium spp. Mancha de levedura Nematospora corily Mancha foliar de mirotcio Myrothecium roridum Mancha parda Septoria glycines Mancha olho-de-r Cercospora sojina Mldio Peronospora manshurica

Mancha foliar de filosticta Phyllosticta sojicola Mancha alvo Corynespora cassiicola Mela ou requeima da soja Rhizoctonia solani AG1 Mofo branco Sclerotinia sclerotiorum Odio Erysiphe diffusa Doenas radiculares Podrido de carvo Macrophomina phaseolina Podrido parda da haste Cadophora gregata Podrido de fitftora Phytophthora sojae Podrido radicular de cilindrocldio Cylindrocladium clavatum Tombamento de esclercio Sclerotium rolfsii Murcha de esclercio Sclerotium rolfsii Tombamento de rizoctonia Rhizoctonia solani AG1 Morte em reboleira. Rhizoctonia solani AG1 Podrido da raiz e da base da haste Rhizoctonia solani Podrido vermelha da raiz (sndrome da morte sbita - PVR/SDS) Fusarium spp. Podrido radicular de roselnia Rosellinia sp. Podrido radicular de corinspora Corynespora cassiicola Doenas bacterianas Crestamento bacteriano Pseudomonas savastanoi pv. glycinea Pstula bacteriana Xanthomonas axonopodis pv. glycines Fogo selvagem Pseudomonas syringae pv. Tabaci Doenas causadas por vrus Mosaico comum da soja VMCS (Soybean mosaic virus) Queima do broto TSV (Tobacco streak virus) Doenas causadas por nematides Nematides de galhas Meloidogyne incognita

Nematide de galha Meloidogyne javanica Nematide de galha Meloidogyne arenaria Nematide de cisto da soja Heterodera glycines Nematide reniforme Rotylenchulus reniformis Nematide das leses radiculares Pratylenchus brachiurus Mosaico clico AMV (Alfalfa mosaic virus) Necrose da haste CPMMV (Cowpea mild mottle virus) Anomalia Soja Louca II

Ferrugem Asitica (Phakopsora pachyrhizi) Sintomas - Podem aparecer em qualquer estdio de desenvolvimento da planta. Os primeiros sintomas so caracterizados por minsculos pontos (no mximo 1 mm de dimetro) mais escuros do que o tecido sadio da folha, com colorao esverdeada a cinzaesverdeada, com correspondente protuberncia (urdia), na parte inferior (abaxial) da folha. As urdias adquirem cor castanho-clara a castanho-escura, abrem-se em um minsculo poro, expelindo os esporos hialinos que se acumulam ao redor dos poros e so carregados pelo vento. O tecido da folha ao redor das urdias adquire colorao castanho-clara a castanho-avermelhada. Modo de disseminao - A disseminao da ferrugem feita principalmente atravs da disperso dos uredsporos pelo vento. Danos - A infeco por P. pachyrhizi causa rpido amarelecimento ou bronzeamento e queda prematura das folhas. Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor ser o tamanho dos gros e, conseqentemente, maior a perda do rendimento e da qualidade. Em casos severos, quando a doena atinge a soja na fase de formao das vagens ou no incio da granao, pode causar o aborto e a queda das vagens, resultando em at perda total do rendimento. Manejo - Para reduzir o risco de danos, sugere-se o uso de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no incio da poca recomendada, para evitar a maior carga de esporos do fungo que ir iniciar a multiplicao nas primeiras semeaduras. Fungos causadores de ferrugens so classificados como biotrficos, ou seja, necessitam do hospedeiro vivo para

sobreviver e se multiplicar. Portanto a sobrevivncia de P. pachyrhizi, na entressafra, pode ocorrer em cultivos de soja sob irrigao no inverno e em hospedeiros alternativos, pois P. pachyrhizi infecta 95 espcies de plantas. Vrios Estados produtores implantaram o vazio sanitrio (perodo sem plantas de soja vivas no campo), de 60 a 90 dias, com o objetivo de reduzir a quantidade de inculo nos cultivos da safra de vero. O monitoramento da doena e sua identificao nos estdios iniciais so essenciais para a utilizao eficiente do controle qumico. A deciso sobre o momento de aplicao (sintomas iniciais ou preventiva) deve ser tcnica e baseada na presena da ferrugem na regio, no estdio fenolgico da cultura, nas condies climticas e na logstica de aplicao (disponibilidade de equipamentos e no tamanho da propriedade), a presena de outras doenas e o custo do controle. Odio [(Erysiphe diffusa) sin. Microsphaera difusa] O odio uma doena que tem apresentado severa incidncia em diversas cultivares em todas as regies produtoras. As lavouras mais atingidas podem ter perdas de rendimento de at 40%. Esse fungo infecta diversas espcies de leguminosas. um parasita obrigatrio que se desenvolve em toda a parte area da soja, como folhas, hastes, pecolos e vagens. O sintoma expresso pela presena do fungo nas partes atacadas e por uma cobertura representada por uma fina camada de miclio e esporos (condios) pulverulentos que podem ser pequenos pontos brancos ou cobrir toda a parte area da planta, com menor severidade nas vagens. Nas folhas, com o passar dos dias, a colorao branca do fungo muda para castanho-acinzentada. Sob condio de infeco severa, a cobertura de miclio e a frutificao do fungo, alm do dano direto ao tecido das plantas, diminuem a fotossntese. As folhas secam e caem prematuramente, dando lavoura aparncia de soja dessecada por herbicida, ficando com uma colorao castanho-acinzentada a bronzeada. A infeco pode ocorrer em qualquer estdio de desenvolvimento da planta, porm, mais visvel por ocasio do incio da florao, sendo comum em regio com temperaturas amenas. Em condies controladas, temperaturas entre 18C e 24C favorecem a doena.

Mela da soja (Rhizoctonia solani AG1) A mela da soja ocorre causando redues mdias de produtividade de 30%, podendo chegar a 60%, em condies climticas favorveis. Em situao severa e em cultivares altamente suscetveis, a colonizao das clulas da epiderme das hastes impede a expanso do tecido cortical e, simultaneamente, causa o engrossamento do lenho, rachadura das hastes e cicatrizes superficiais. A infeco pode ocorrer em qualquer estdio de desenvolvimento da planta, porm, mais visvel por ocasio do incio da florao, sendo comum em temperaturas entre 25C e 30C e umidade relativa do ar acima de 80%, as quais favorecem a doena. O mtodo mais eficiente de controle do odio atravs do uso de cultivares resistentes. Outra forma de evitar perdas por odio no semear cultivares suscetveis nas pocas mais favorveis ocorrncia da doena. O controle qumico, atravs da aplicao de fungicidas foliares pode ser utilizado. O momento da aplicao depende do nvel de infeco e do estdio de desenvolvimento da soja. A aplicao deve ser feita quando o nvel de infeco atingir de 40% a 50% da rea foliar da planta como um todo. Condio de clima chuvoso e a freqncia e a distribuio das chuvas durante o ciclo da cultura so fatores determinantes para o desenvolvimento da doena. O fungo sobrevive no solo em restos de cultura, e em hospedeiros alternativos ou eventuais. A disseminao ocorre principalmente atravs de respingos de chuva, carregando fragmentos de miclio de uma planta para a outra. Cancro da haste (Diaporthe phaseolorum) Os agentes causais so altamente dependentes de chuvas para disseminar os esporos dos restos de cultura para as plntulas em desenvolvimento. Quanto mais freqentes forem as chuvas nos primeiros 40 a 50 dias aps a semeadura, maior a quantidade de esporos do fungo que sero liberados dos restos de cultura e atingiro as hastes das plantas. Aps esse perodo, a soja estar suficientemente desenvolvida e a folhagem estar protegendo o solo e os restos de cultura do impacto das chuvas, portanto, liberando menos inculo. Alm das condies climticas, os nveis de danos causados soja dependem da suscetibilidade, do ciclo da cultivar e do momento em que ocorrer a infeco. Como o cancro da haste uma doena de desenvolvimento lento (demora de 50 a 80 dias para matar

a planta), quanto mais cedo ocorrer a infeco e quanto mais longo for o ciclo da cultivar, maiores sero os danos. Nas cultivares mais suscetveis, o desenvolvimento da doena mais rpido, podendo causar perda total. Antracnose (Colletotrichum spp.) A antracnose uma das principais doenas da soja. Sob condies de alta umidade, causa apodrecimento e queda das vagens, abertura das vagens imaturas e germinao dos gros em formao. A infeco ocorre na haste e em outras partes da planta, causando manchas castanho escuras. A alta intensidade da antracnose nas lavouras atribuda maior precipitao e s altas temperaturas, como o excesso de populao de plantas, cultivo contnuo da soja, estreitamento nas entrelinhas, uso de sementes infectadas, infestao e dano por percevejo e deficincias nutricionais, principalmente de potssio, so tambm responsveis pela maior incidncia da doena. A reduo da incidncia de antracnose, s ser possvel atravs de rotao de culturas, maior espaamento entre as linhas e populao adequada, com o tratamento qumico de sementes e manejo adequado do solo, principalmente, com relao adubao potssica. Seca da haste e da vagem (Phomopsis spp.) uma das doenas mais tradicionais da soja e, anualmente, pode ser responsvel pelo descarte de grande nmero de lotes de sementes. Seu maior dano observado em anos quentes e chuvosos, nos estdios iniciais de formao das vagens e na maturao, quando ocorre o retardamento de colheita por excesso de umidade. Em solos com deficincia de potssio, o fungo causa srio abortamento de vagens. O tratamento da semente com fungicidas recomendados eficiente no controle dos fungos. Mancha alvo e podrido da raiz (Corynespora cassiicola) Surtos severos tm sido observados, cultivares suscetveis podem sofrer completa desfolha prematura, apodrecimento das vagens e intensas manchas nas hastes. Atravs da infeco na vagem, o fungo atinge a semente e, desse modo, pode ser disseminado para

outras reas. A infeco, na regio da sutura das vagens em desenvolvimento, pode resultar em necrose, abertura das vagens e germinao ou apodrecimento dos gros ainda verdes. Podrido parda da haste [Cadophora gregata (sin. Phialophora gregata)] A doena de desenvolvimento lento, matando as plantas na fase de enchimento de gros. O sintoma caracterstico o escurecimento castanho escuro a arroxeado da medula, em toda a extenso da haste e seguida de murcha, amarelecimento das folhas e freqente necrose entre as nervuras das folhas, caracterizando a folha carij. Em reas afetadas indica-se a rotao com milho ou a semeadura de cultivares de soja que no tenham sido afetadas na regio. Podrido radicular de fitftora (Phytophthora sojae) uma das doenas mais destrutivas da soja, podendo causar redues de rendimento de gros de at 100% em cultivares altamente suscetveis. Pode afetar a cultura em qualquer fase de desenvolvimento, causando apodrecimento de plntulas em pr e psemergncia, tombamento de plntulas ou podrido radicular e de haste em plantas adultas. O maior desenvolvimento da doena est diretamente relacionado com maior teor de umidade do solo, principalmente aps chuvas pesadas na fase de emergncia. Em reas infestadas, mais comum em locais de solo compactado, como cabeceiras de lavoura. Durante a pr-emergncia, ocorre apodrecimento de sementes ou flacidez na radcula, que adquire colorao marrom. Sementes infectadas germinam lentamente e, quase sempre, as plntulas morrem durante a emergncia, com hipoctilo com aspecto de anasarca e colorao escurecida. Durante a emisso da folha primria, a extremidade da raiz principal torna-se flcida e marrom. Essa descolorao estende-se e envolve o hipoctilo at o n cotiledonar, ocorrendo o colapso do tecido. Na seqncia, as folhas tornam-se amareladas, murcham e a planta seca e morre. Plantas mais desenvolvidas morrem lentamente, apresentando folhas com amarelecimento e seca de tecido entre as nervuras, seguindo a murcha completa e a seca dos tecidos, permanecendo as folhas presas s plantas. A podrido de fitftora favorecida por qualquer fator que mantenha gua livre disponvel no solo, como textura muito argilosa, compactao e prolongados perodos de saturao de umidade, que provocam a liberao e a disseminao de zosporos. O

desenvolvimento da doena mais rpido em temperatura igual ou superior a 25C. Prticas culturais como preparo reduzido de solo, plantio direto, monocultura de soja e aplicao de altas doses de fertilizantes orgnicos ou com potssio, imediatamente antes da semeadura, podem tornar a doena mais severa. A doena predominantemente controlada atravs de resistncia gentica. Podrido branca da haste ou mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) uma das mais antigas doenas da soja, ocorrendo em diversas regies produtoras. Em anos de ocorrncia de chuvas acima da mdia, o mofo branco pode causar severas perdas em diversas dessas regies. Os primeiros sintomas so manchas aquosas que evoluem para colorao castanho-clara e logo desenvolvem abundante formao de miclio branco e denso. O fungo capaz de infectar qualquer parte da planta, porm, as infeces iniciam-se com freqncia a partir das inflorescncias e das axilas das folhas e dos ramos laterais. Ocasionalmente, nas folhas, podem ser observados sintomas de murcha e seca. Em poucos dias, o miclio transforma-se em massa negra e rgida, o esclercio, que a forma de resistncia do fungo. A fase mais vulnervel da planta vai do estdio da florao plena ao incio da formao das vagens. Altas umidades relativas do ar e temperaturas amenas favorecem o desenvolvimento do fungo. Como medidas de controle, recomenda-se evitar a introduo do fungo na rea utilizando sementes certificadas livre do patgenos. Em reas de ocorrncia da doena, fazer a rotao/sucesso de soja com espcies no hospedeiras como milho, aveia branca ou trigo; eliminar as plantas hospedeiras do fungo; fazer adubao adequada; aumentar o espaamento entre linhas, reduzindo a populao ao mnimo recomendado, para evitar o acamamento e facilitar a ventilao e a penetrao dos raios ultravioletas do sol, que diminuem a incidncia do mofo branco. Podrido da raiz e da base da haste (Rhizoctonia solani) A doena ocorre em reboleiras. A morte das plantas comea a ocorrer a partir da fase inicial de desenvolvimento das vagens. O sintoma inicia-se por podrido castanha e aquosa da haste, prximo ao nvel do solo e estende-se para baixo e para cima. Em fase

posterior, o sistema radicular adquire colorao castanho escura, o tecido cortical fica mole e solta-se com facilidade, expondo um lenho firme e de colorao branca a castanho- clara. Na parte superior, as plantas infectadas apresentam clorose, as folhas murcham e ficam pendentes ao longo da haste. Na parte inferior da haste principal, a podrido evolui, atingindo vrios centmetros acima do nvel do solo. Inicialmente, de colorao castanho clara e de aspecto aquoso, a leso torna-se, posteriormente, negra. Como medidas para o controle de incidncia da doena destacam-se a manuteno dos nveis adequados de fsforo e potssio que auxiliam o desenvolvimento e a resistncia das plantas, manuteno de umidade com a cobertura vegetal do solo e o bom manejo do solo para evitar compactao. Crestamento bacteriano da soja (Pseudomonas savastanoi pv.glycinea) A doena comum em folhas, mas pode ser encontrada em outros rgos da planta, como hastes, pecolos e vagens. Os sintomas nas folhas surgem como pequenas manchas, de aparncia translcida circundadas por um halo de colorao verde-amarelada. Essas manchas, mais tarde, necrosam, com contornos aproximadamente angulares, e coalescem, formando extensas reas de tecido morto, entre as nervuras secundrias. Na face inferior da folha, as manchas so de colorao quase negra apresentando uma pelcula brilhante nas horas midas da manh, formada pelo exsudato da bactria. Infeces severas, nos estdios jovens da planta, conferem aparncia enrugada s folhas, como se houvessem sido infectadas por vrus. A infeco primria pode ter origem em duas fontes: sementes infectadas e restos infectados de cultura anterior. Transmisses secundrias, das plantas doentes para as sadias, so favorecidas por perodos midos e temperaturas mdias amenas (20C a 26C). Dias secos permitem que finas escamas do exsudato da bactria se disseminem dentro da lavoura, mas, para haver infeco o patgeno necessita de um filme de gua na superfcie da folha. recomendadas para essa doena. Mosaico comum da soja (Soybean mosaic virus - SMV) O SMV causa reduo do porte das plantas de soja, afetando o tamanho e o formato dos fololos, com escurecimento da colorao e enruga-mentos. Em alguns casos, h No h medidas de controle

formao de bolhas no limbo foliar. O SMV causa tambm reduo do tamanho das vagens e sementes e prolongamento do ciclo vegetativo, com sintoma caracterstico de haste verde. Necrose da haste da soja (Cowpea mild mottle virus - CPMMV) As plantas de soja atacadas pelo vrus, na fase inicial da lavoura, apresentam curvatura e queima do broto, podendo morrer ou originar plantas ans, com folhas deformadas. Quando a infeco mais tardia, nem todas as plantas morrem, mas h reduo do nmero de vagens formadas, as quais podem apresentar pequenas leses superficiais circulares e escuras ou leses que cobrem toda a vagem. As sementes podem ter seu tamanho reduzido. As plantas desenvolvem a necrose da haste, principalmente, aps a florao. As cultivares suscetveis podem apresentar perda total da produo. O vrus transmitido pela mosca branca (Bemisia tabaci). No entanto, devido ao grande fluxo dos insetos nas lavouras, o controle qumico insatisfatrio. A incidncia de plantas mortas depende da populao de mosca branca e da presena de plantas hospedeiras. Nematides de galhas (Meloidogyne spp.) O gnero Meloidogyne compreende um grande nmero de espcies. Entretanto, M. incognita e M. javanica so aquelas que mais limitam a produo de soja no Brasil. M. javanica tem ocorrncia generalizada, enquanto M. incgnita predomina em reas cultivadas anteriormente com caf ou algodo. Nas reas onde ocorrem, observam-se manchas em reboleiras nas lavouras, onde as plantas de soja ficam pequenas e amareladas. As folhas das plantas afetadas normalmente apresentam manchas clorticas ou necroses entre as nervuras. s vezes, pode no ocorrer reduo no tamanho das plantas, mas, por ocasio do florescimento, nota-se intenso abortamento de vagens e amadurecimento prematuro das plantas atacadas. Em anos em que acontecem veranicos, na fase de enchimento de gros, os danos tendem a ser maiores. Nas razes das plantas atacadas observam-se galhas em nmeros e tamanhos variados, dependendo da suscetibilidade da cultivar de soja e da densidade populacional do nematide.

Ao constatar que uma lavoura de soja est atacada, o produtor nada poder fazer naquela safra. O primeiro passo a identificao correta da espcie de Meloidogyne predominante na rea. Para o controle dos nematides de galhas, as medidas de controle mais eficientes so a rotao/sucesso com culturas no ou ms hospedeiras e a utilizao de cultivares de soja resistentes. A adubao verde com Crotalaria spectabilis, mucuna preta, ou nabo forrageiro contribui para a reduo populacional de ambas, M. javanica e M. incognita. O mtodo de controle mais econmico, barato e de fcil assimilao pelos agricultores o uso de cultivares resistentes. Nematide de cisto da soja (Heterodera glycines) O nematide de cisto da soja (NCS) uma das principais pragas da cultura pelos prejuzos que pode causar e pela facilidade de disseminao. Ele penetra nas razes da planta de soja e dificulta a absoro de gua e nutrientes condicionando porte e nmero reduzido de vagens, clorose e baixa produtividade. Os sintomas aparecem em reboleiras e, em muitos casos, as plantas acabam morrendo. O sistema radicular fica reduzido e infestado por minsculas fmeas do nematide. Inicialmente de colorao branca, a fmea, posteriormente, adquire a colorao amarela. Aps ser fertilizada pelo macho, cada fmea produz de 100 a 250 ovos, armazenando a maior parte deles em seu corpo. Quando a fmea morre, seu corpo se transforma em uma estrutura dura denominada cisto, de colorao marrom escura, cheia de ovos, altamente resistente deteriorao e dessecao e muito leve, que se desprende da raiz e fica no solo. O cisto pode sobreviver no solo, na ausncia de planta hospedeira, por mais de oito anos. Assim, praticamente impossvel eliminar o nematide nas reas onde ele ocorre. Em solo mido, com temperaturas de 20C a 30C, os juvenis de segundo estdio eclodem e, se encontrarem a raiz de uma planta hospedeira, penetram e o ciclo se completa em trs a quatro semanas. A gama de espcies hospedeiras do NCS limitada, destacando-se a soja (Glycine max), o feijo (Phaseolus vulgaris) e o tremoo (Lupinus albus). A maioria das espcies cultivadas so resistentes.

As estratgias de controle incluem a rotao de culturas, o manejo do solo e a utilizao de cultivares de soja resistentes, sendo ideal a combinao dos trs mtodos. O uso de cultivares resistentes o mtodo mais econmico e eficiente. Reguladores de crescimento Reguladores de crescimento so compostos orgnicos, naturais ou sintticos que, em pequenas quantidades, promovem, inibem ou modificam, de alguma forma, processos morfolgicos e fisiolgicos do vegetal. Quando aplicados nas sementes ou nas folhas, podem interferir em processos como germinao, enraizamento, florao, granao e senescncia. Os hormnios vegetais no atuam isoladamente, mesmo quando uma resposta no vegetal atribuda aplicao de um nico regulador de crescimento, pois o tecido que recebeu a aplicao contm outros hormnios endgenos que contribuem para as respostas obtidas. Evidenciam-se interaes sinergsticas, antagonsticas e aditivas entre dois ou mais hormnios vegetais. Para a cultura da soja, pode ser utilizado o regulador de crescimento lquido composto de cinetina (0,09 g/L), cido 4-indol-3-ilbutrico (0,05 g/L) e cido giberlico (0,05 g/L), cuja recomendao de 0,25 L/ha em pulverizao foliar entre os estdios V5 e V6. O volume de calda deve ser de 100 a 200 L/ha.