livro fundamentos de agronegocios

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    un amen os eAgronegcios

    2-'1 Edio revista, ampliada e atualizada

    SO PAULO

    EDITORA ATLAS S.A. - 2007

    Massilon J. Arajo

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    Sumrio

    Prefcio, 9

    1 AGRONEGCIOS: CONCEITOS E DIMENSES, 13

    1.1 Agricultura e agronegcios, 13

    1.2 Conceito de agronegcio, 15

    1.3 Sistemas agroindustriais, 18

    1.3.1 Especificidades da produo agropecuria, 18

    1.3.2 Viso sistmica do agronegcio, 19

    1.3.3 Vantagens da viso sistmica do agronegcio, 22 1.4

    Cadeias produtivas e cadeias de valor, 221.5 Clusters e arranjos produtivos locais, 24

    1.6 Importncia do agronegcio, 27

    2 SEGMENTOS DOS SISTEMAS AGROINDUSTRlAIS, 33

    2.1 Segmentos antes da porteira, 33

    2.1.1 Insumos agropecurios, 33

    2.1.2 Inter-relaes de produtores de insumos comagropecuaristas, 42

    2.1.3 Servios agropecurios, 42

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    6 FUNDAMENTOS DE AGRONEGCIOS

    2.2 Segmentos dentro da porteira, 48 2.2.1

    Produo agrcola, 49

    2.2.2 Produo pecuria, 53

    2.2.3 Coeficientes tcnicos na agropecuria, 56 2.2.4

    Organizao do segmento agropecurio, 69 2.2.5

    Adoo de tecnologia no agronegcio, 71 2.2.6

    Gesto de custos na agropecuria, 75

    2.3 Segmentos depois da porteira, 79 2.3.1

    Canais de comercializao, 79

    2.3.2 Agentes comerciais e a formao de preos, 85

    2.3.3 Agroindstrias, 93

    2.3.4 Logstica em agronegcio, 101

    2.3.5 Instituies e entidades de apoio comercializao, 109

    2.3.6 Atuaes do governo na comercializao, 1113 VERTICALIZAES E INTEGRAES AGROINDUSTRIAIS; 1184 AGREGAO DE VALORES E MARGEM DE COMERCIALIZAO

    NO AGRONEGCIO, 122

    5 COORDENAO DAS CADEIAS PRODUTIVAS, 126

    5.1 Mercados, 1265.2 Mercados futuros, 127

    5.3 Agncias e programas governamentais, 127 5.4

    Agncias de estatsticas, 127

    5.5 Cooperativas, 128

    5.6 Integraes, 128

    5.7 Tecnologia, 128

    5.8 Joint ventures, firmas individuais e tradings, 1296 MARKETING EM AGRONEGCIOS, 130

    6.1 Marketing estratgico e marketing operacional, 132 6.1.1

    Anlise, 133

    6.1.2 Adaptao, 133

    6.1.3 Ativao, 133

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    suMRlo 7

    6.1.4 Avaliao, 133

    6.2 Estratgias de marketing, 135 6.2.1

    Produto, 135

    6.2.2 Preo, 135

    6.2.3 Ponto-de-venda, 137 6.2.4

    Promoo, 137

    6.3 Aplicao dos conhecimentos de marketing em agronegcios, 139 6.3.1

    Mercadologia em nvel da empresa, 139

    6.3.2 Mercadologia em nvel de produto, 141

    - A COMPETNCIA DO AGRONEGCIO BRASILEIRO, 143 7.1Competncia "antes da porteira", 147

    7.2 Competncia "dentro da porteira", 148

    7.3 Segmento "depois da porteira", 152

    Bibliografia, 157

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    Prefcio

    o termo agricultura foi usado at bem recentemente para entender a produoagropecuria em toda a sua extenso, ou seja, desde o abastecimento de insumosnecessrios produo at a industrializao e a distribuio dos produtos obtidos.Porm, nas ltimas dcadas, esse setor econmico passou por muitas transformaes,tornando-se muito mais complexo e abrangente.

    As transformaes foram to grandes que o entendimento do setor somentecomo agriculturapassou a ser insuficiente, porque as atividades, antes desenvolvidasquase exclusivamente dentro das fazendas, passaram a ser efetuadas pre-dominantemente fora, tanto antes como depois da produo agropecuria propria-mente dita.

    Para que haja produo agropecuria e para que o produto chegue aoconsumidor, aparece um complexo de atividades sociais, agronmicas, zootcnicas,agroindustriais, industriais, econmicas, administrativas, mercadolgicas, logsticas eoutras. Assim, a produo agropecuria deixou de ser "coisa" de agrnomos, deveterinrios, de agricultores e de pecuaristas, para ocupar um contexto muitocomplexo e abrangente, que o do AGRONEGCIO, envolvendo outros segmentos.

    Em conseqncia, passaram a surgir mudanas tambm nos meios acad-micos, inclusive nas instituies de ensino superior. Inicialmente, surgiram os cursosem nvel de ps-graduao, como especializaes. Mais recentemente foram criadas,no Brasil, vrias faculdades de agronegcios, com cursos de graduao oferecidos

    tanto por instituies tradicionais em Cincias Agrrias, como tam-

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    10 FUNDAMENTOS DE AGRONEGCIOSbm por habilitaes em cursos de Administrao. A diversidade de caractersticas dealunos e a exigncia de especialidades de professores so uma constantes nessasinstituies de ensino, passando a necessitar de nivelamentos conceituais bsicos.

    Os novos conceitos bsicos e fundamentais so imprescindveis aoentendimento do significado de agronegcios e concretizao de anlises maisaprofundadas e, como o prprio nome diz, de negcios, tanto para alunos degraduao e professores de outras disciplinas como para empreendedores. Porm, aliteratura disponvel est com os contedos dispersas, ou mesmo encontram-se comestruturas para profissionais em nvel de especializao, pressupondo-se a existnciade conhecimentos bsicos j adquiridos.

    Quando iniciamos nossos trabalhos no Curso de Administrao comhabilitao em Agronegcios na Faculdade de Tecnologia e Cincias (FTC) emSalvador - Bahia, sentimos exatamente a dificuldade inicial dos alunos de graduaoter um conhecimento real do curso que estavam fazendo e da profisso que iriamexercer - a grande maioria deles imaginava-se mais como administradores rurais doque profissionais de agronegcios.

    Notamos tambm a dificuldade enfrentada por professores de outrasdisciplinas no especficas de agronegcios, como Sociologia, Psicologia,Matemtica, Teoria Geral da Administrao, Informtica, Metodologia do TrabalhoCientfico, Economia e outras. Esses professores no tinham o conhecimento

    especfico de agronegcios e encontravam dificuldades de acesso a literaturas quelhes permitissem, pelo menos, os conhecimentos preliminares para melhor adequar ocontedo de suas disciplinas ao curso.

    A direo da FTC teve essa viso to logo iniciou o curso de Administraocom habilitao em Agronegcios e criou o Ncleo de Estudos Avanados emAgronegcios (Nucleagro). Esse ncleo tem como misso, entre outras, procurarvencer essas dificuldades e, de imediato, sugeriu a introduo da disciplinaFundamentos de Agronegcios na grade curricular do curso.

    Como professor dessa disciplina na FTC, notei a dificuldade dos alunos degraduao no entendimento de conceitos bsicos e dos princpios gerais com vista emdisciplinas mais avanadas do curso e mesmo para leitura de textos. Por isso, tive a

    preocupao e o cuidado de ir anotando as snteses de cada aula, introduzindo nelasconceitos extrados de literaturas diversas e observaes obtidas no exerccioprofissional anterior, sempre que possvel dentro de uma linguagem mais simples,para que o contedo pudesse ser entendido sem grandes conhecimentos prvios sobreo assunto.

    Assim nasceu esta publicao, destinada queles que esto se iniciando nesseestudo, de modo que possam entender melhor os conceitos e us-los emtrabalhos enegcios especficos, bem como nas aplicaes do contedo de outras disciplinas nocampo de agronegcios. Ela se destina tambm queles que exer-

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    PREFCIO

    11cem atividades profissionais no agronegcio e que tenham a vontade de melhorentender o contexto no qual esto inseridos, podendo tambm extrair dela algunsexemplos prticos e mesmo alguns procedimentos operacionais.

    Portanto, foi apresentado todo o contedo em uma linguagem simples, svezes quase jornalstica, sem muito aprofundamento terico. Como a idia atender apblico diversificado que, inclusive, pode ainda no ter embasamentos tericos maisprofundos, o texto est apresentado em uma linguagem multidisciplinar, de modo queenvolva conhecimentos preliminares da administrao, agronomia, economia e outros.

    O que se espera que, com base neste livro, o leitor tenha condiesconceituais de entender outros textos mais profundos, com linhas tericas muito maisdefinidas.

    Esto includos nesta publicao assuntos diversos, como os conceitos bsicosde agronegcios, de cadeias produtivas e de sistemas agroindustriais. Tambm soapresentadas descries dos principais segmentos anteriores produo agropecuria,das caractersticas desta produo propriamente dita, bem como dos segmentosposteriores produo agropecuria, tanto do ponto de vista da produo de benscomo da prestao de servios diversos.

    Os assuntos mais gerais, como comercializao, marketing, logstica, agre-gao de valores, custos de produo e outros, foram apresentados de forma maisampla, procurando, sempre que possvel, exemplificar com contedos especficos docontexto de agronegcios.AGRADECIMENTOS

    O ato de escrever, por si, j engrandecedor e nos traz muita satisfao e, porque no dizer, vem junto com a felicidade e o regozijo de ver uma etapa vencida.

    Pois bem, tudo isso veio acompanhado de uma dose de carinho e de com-preenso por parte de pessoas especiais que me estimularam a transformar asanotaes de aulas em um texto que possa ser compartilhado por outras pessoas almdas classes de alunos.

    Agradeo muito a essas pessoas, assim como aos colegas professores, queleram a primeira verso condensada, comentaram-na e apresentaram sugestes, como:

    Eduardo Souza Seixas - Administrador de Empresas

    Guilherme A. Vieira - Mdico Veterinrio

    Itana Nogueira Nunes - Doutora em Letras

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    12 FUNDAMENTOS DE AGRONEGCIOS

    Lenaldo Cndido de Almeida - Engenheiro Eltrico

    Jos Ponde Jnior - Economista

    Srgio Nobre de Andrade - Engenheiro Agrnomo

    Sou grato tambm queles leitores que, de diversas partes do Brasil, melocalizaram e me estimularam continuidade deste trabalho, ampliando-o eatualizando informaes nele contidas.

    o Autor

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    1Agronegcios: Conceitos eDimenses

    1.1 AGRICULTURA E AGRONEGCIOSNo incio das civilizaes, os homens viviam em bandos, nmades de acordo

    com a disponibilidade de alimentos que a natureza espontaneamente lhes oferecia.Dependiam da coleta de alimentos silvestres, da caa e da pesca. No havia cultivos,criaes domsticas, armazenagem e tampouco trocas de mercadorias entre bandos.Assim, passavam por perodos de fartura ou de carestia. Em cada local em que um

    bando se instalava, a coleta, a caa e a pesca, fceis no incio, ficavam cada vez maisdifceis e distantes, at um momento em que as dificuldades para a obteno dealimentos se tornavam to grandes que os obrigavam a mudar sempre de lugar, semfixao de longo prazo.

    Com o passar dos tempos, descobriram que as sementes das plantas, devi-damente lanadas ao solo, podiam germinar, crescer e frutificar e que animais podiamser domesticados e criados em cativeiro. o comeo da agropecuria e tambm o

    incio da fixao do homem a lugares predefinidos.Durante milhares de anos, as atividades agropecurias sobreviveram de forma

    muito extrativa, retirando o que a natureza espontaneamente lhes oferecia. Os avanostecnolgicos eram muito lentos, at mesmo de tcnicas muito simples, como asadubaes com materiais orgnicos (esterco e outros compostos) e o preparo de solos.

    Com a fixao do homem terra, formando comunidades, surgem orga-nizaes as mais diferenciadas no que se refere ao modo de produo, tendendo

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    14 FUNDAMENTOS DE AGRONEGCIOS formao de propriedades diversificadas quanto agricultura e pecuria. Ostrabalhadores eram versteis, aprendendo empiricamente e executando mltiplastarefas, de acordo com a poca e a necessidade.

    Alguns fatores socioeconmicos histricos condicionaram por muito tempo aspropriedades rurais, ou mesmo pequenas comunidades, a sobreviver praticamenteisoladas ou a ser auto-suficientes.

    Esses fatores foram basicamente a distribuio espacial da populao, acarncia de infra-estrutura, a pouca evoluo da tecnologia de conservao de

    produtos e as dificuldades de comunicao. A populao era predominantementerurcola, com mais de 80% do total de habitantes vivendo no meio rural. As estradas,quando existiam, eram muito precrias. Os meios de transporte eram muito escassos eos armazns insuficientes. Os produtos obtidos tinham sua perecibilidade aceleradapor insuficincia de tcnicas de conservao. Os meio de comunicao eram muitolentos.

    As propriedades rurais eram muito diversificadas, com vrias culturas ecriaes diferentes, necessrias sobrevivncia de todos que ali viviam. Eram comunsas propriedades que integravam suas atividades primrias com atividades industriais(agroindustriais).

    No Brasil, por exemplo no Estado de Minas Gerais, cada propriedade rural

    podia produzir ao mesmo tempo: arroz, feijo, milho, algodo, caf, cana-deacar,fumo, mandioca, frutas, hortalias e outras, alm de criaes de bovinos, ovinos,sunos, aves e eqinos. E mais, nessas propriedades o algodo era tecido etransformado em confeces; o leite, beneficiado e transformado em queijos,requeijes e manteiga; da cana-de-acar faziam a rapadura, o melado (ou mel deengenho), o acar mascavo e a cachaa; da mandioca fabricavam a farinha, opolvilho e biscoitos diversos; o milho era usado diretamente como rao e/oudestinado ao moinho para transformao em fub, que era usado para fabricao deprodutos diversos; e assim por diante. Na Regio Sul do pas, o modelo de colniastransformava cada uma delas em um complexo de atividades de produo e deconsumo, com pouca gerao de excedentes e pouca entrada de outros produtos.Assim extraam a madeira, tinham suas prprias serrarias e marcenarias, produziam os

    produtos de subsistncia alimentar (arroz, trigo, milho, feijo e outros), inclusivealgumas transformaes, e compravam poucos produtos. Nas fazendas de produo deacar, durante o perodo de escravatura, o sustento dos trabalhadores era obtido empequenas reas, concedidas aos escravos para produo de alimentos.

    Esses acontecimentos no se referem a passados muito longnquos. Elesaconteceram at h menos de cinco dcadas.

    Esse modelo geralmente continha uma atividade comercial (como fumo, trigo,acar ou outras), em escalas de produo diferenciadas, com objetivo de gerar receitapara compra de alguns bens no produzidos no local, como sal, querosene parailuminao e outros produtos e para gerar riquezas para poucos.

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    AGRONEGCIOS: CONCEITOS E DIMENSES 15

    As propriedades praticamente produziam e industrializavam tudo de quenecessitavam. Assim, eram quase auto-suficientes.

    Por isso, qualquer referncia "agricultura" relacionava-se a todo o conjuntode atividades desenvolvidas no meio rural, das mais simples s mais com?lexas, quasetodas dentro das prprias fazendas.

    Ainda comum ser encontrada, em literatura e em citaes, a diviso da economia emtrs setores: primrio, secundrio e tercirio, incluindo no primeiro setor o conjunto detodas as atividades desenvolvidas no meio rural, inclusive as Jirroindustriais,denominando-as normalmente de AGRICULTURA.

    1.2 CONCEITO DE AGRONEGCIO

    A evoluo da scio-economia, sobretudo com os avanos tecnolgicos, muoutotalmente a fisionomia das propriedades rurais, sobretudo nos ltimos 50 anos. Apopulao comeou a sair do meio rural e dirigir-se para as cidades, passando, nesse

    perodo, de 20% para 70% a taxa de pessoas residentes no meio bano (caso do Brasil).O avano tecnolgico foi intenso, provocando saltos nos :ndices de produtividadeagropecuria. Com isso, menor nmero de pessoas cada dia obrigado a sustentarmais gente.

    Assim, as propriedades rurais cada dia mais:

    perdem sua auto-suficincia;

    passam a depender sempre mais de insumos e servios que no so seus;

    especializam-se somente em determinadas atividades;

    geram excedentes de consumo e abastecem mercados, s vezes, muitodistantes;

    recebem informaes externas; necessitam de estradas, armazns, portos, aeroportos,softwares,bolsas de

    mercadorias, pesquisas, fertilizantes, novas tcnicas, tudo de fora dapropriedade rural;

    conquistam mercado;

    enfrentam a globalizao e a internacionalizao da economia.

    Ento, o conceito de setor primrio ou de "agricultura" perdeu seu sentido,.?Orque deixou de ser somente rural, ou somente agrcola, ou somente primrio.

    ,A "agricultura" de antes, ou setor primrio, passa a depender de muitos

    servios, mquinas e insumos que vm de fora. Depende tambm do que ocorre epois

    da produo, como armazns, infra-estruturas diversas (estradas, portos e outras),agroindstrias, mercados atacadista e varejista, exportao.

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    16 FUNDAMENTOS DE AGRONEGCIOS

    Cada um desses segmentos assume funes prprias, cada dia mais espe-cializadas, mas compondo um elo importante em todo o processo produtivo ecomercial de cada produto agropecurio. Por isso, surgiu a necessidade de umaconcepo diferente de "agricultura". J no se trata de propriedades auto-suficientes,mas de todo um complexo de bens, servios e infra-estrutura que envolvem agentesdiversos e interdependentes.

    Foi analisando esse processo complexo que dois autores (John Davis e RayGoldberg), professores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos da Amrica, em

    1957, lanaram um conceito para entender a nova realidade da agricultura, criando otermo agribusiness, e definindo-o como:" ... o conjunto de todas as operaes e transaes envolvidas desde afabricaodos insumos agropecurios, das operaes de produo nas unidadesagropecurias, at o processamento e distribuio e consumo dos produtosagropecurios 'in natura' ou industrializados" (apud RUFINO, 1999).

    o termo agribusiness espalhou-se e foi adotado pelos diversos pases. NoBrasil, essa nova viso de "agricultura" levou algum tempo para chegar. S a partir dadcada de 1980 comea a haver difuso do termo, ainda em ingls. Os primeirosmovimentos organizados e sistematizados surgiram de focos, principalmente em SoPaulo e no Rio Grande do Sul. Nessa poca surgiram a Associao Brasileira de

    Agribusiness (Abag) e o Programa de Estudos dos Negcios do SistemaAgroindustrial, Universidade de So Paulo (Pensa/USP).

    A Abag teve a inteno de congregar segmentos do agronegcio, como:insumos, produtos agropecurios, processadores, indstrias de alimentos e fibras,distribuidores e reas de apoio financeiro, acadmico e de comunicao. Para melhordesempenhar sua misso, criou o Instituto de Estudos de Agribusiness. Estaassociao passou a representar mais os interesses das grandes empresas, sobretudomultinacionais, produtoras de insumos ou compradoras de produtos agropecurios.

    O Pensa foi formado inicialmente por tcnicos (professores) da Escola deAdministrao da USP, sob a coordenao do Prof. Dcio Zylbersztajn.

    Nesse incio, houve uma tentativa de se criar um segmento mais voltado paraa produo agropecuria e com maior abertura participao do pblico em geral, emum movimento liderado pelas Universidades de Cincias Agrrias, sob a liderana daUniversidade Federal de Lavras (Ufla), Universidade Federal de Viosa (UFV) eEscola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), resultando na criao daAssociao Brasileira de Administrao Rural (Abar), em 25 de maio de 1993.

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    AGRONEGCIOS: CONCEITOS E DIMENSES 17

    Como primeira publicao mais representativa sobre o tema, cita-se o livro doengenheiro agrnomo Ney Bittencourt de Arajo e outros, 1 sob o ttulo Complexoagroindustrial: o agribusiness brasileiro,publicado em 1990.

    O termo agribusiness atravessou praticamente toda a dcada de 1980 semtraduo para o portugus e foi adotado de forma generalizada, inclusive por algunsjornais, que mais tarde trocaram o nome de cadernos agropecurios para agribusiness.No eram raras as discusses sobre a utilizao do termo em ingls ou a traduoliteralmente para o portugus para agronegcios, ou ainda os termos complexoagroindustrial, cadeias agroeconmicas esistema agroindustrial. Todos com a inteno

    de um mesmo significado.Somente a partir da segunda metade da dcada de 1990, o termo agronegcios

    comea a ser aceito e adotado nos livros-textos e nos jornais, culminando com acriao dos cursos superiores de agronegcios, em nvel de graduao universitria.

    Na Bahia, as primeiras discusses sobre a necessidade de se entender o setorno mais como agricultura surgiram em nvel da Secretaria da Agricultura, Irrigao eReforma Agrria (Seagri), nos anos de 1988/89, com publicaes de artigos emjornais locais e algumas discusses, lideradas pelo autor deste livro e pelo economistaGilton Alves Arago. Porm, na poca, faltou um trabalho mais sistematizado e demaior relevncia. Na dcada de 1990, as discusses tcnicas sobre o tema seaprofundaram e entram em cena outras instituies, ressaltando, no incio, os trabalhose as propostas da Gerncia de Agroindstria da Secretaria da Indstria, Comrcio e

    Turismo (SICT),2 sob a direo do autor deste livro e contribuies de outrostcnicos, principalmente o engenheiro agrnomo Paulo Jos Simes de Amorim.Ainda na Bahia, em nvel de instituies de ensino superior, a primeira

    proposta de levar o Agronegcio para o meio acadmico surgiu na UNYAHNA, em1997, e na Faculdade de Tecnologia e Cincias (FTC), em 1999.3Foi esta instituioque deu maiores saltos, criando cursos de graduao de Administrao comHabilitao em Agronegcios em seis cidades diferentes (Salvador, Feira de Santana,Vitria da Conquista, Jequi e Itabuna, na Bahia, e Porto Velho, em Rondnia). Emdezembro de 2000, a FTC criou o Ncleo de Estudos Avanados em Agronegcios(Nucleagro).4

    1 ARAJO, Ney Bittencourt; WEDEKIN, Ivan; PINAZZA, Luiz. Complexo agroindustrial: oagribusiness brasileiro. So Paulo: Agroceres, 1990.238 p.

    2 Transformada em Secretaria da Indstria, Comrcio e Minerao (SICM), em 1995.3 A rigor esses trabalhos foram concomitantes, vez que a FTC instituio formada basicamente

    por ex-scios da UNYAHNA.

    4 Nucleagro foi criado com a misso maior de constituir-se como elo de integrao entre osmeios acadmico e empresarial, mas assume tambm funes acadmicas, pesquisas, informaes e

    promocionais do curso de Agronegcios.Os primeiros componentes deste ncleo foram os professores: Guilherme A. Vieira, Leandro D.

    Pinto e Massilon J. Arajo.

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    18 FUNDAMENTOS DE AGRONEGCIOS1.3 SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS1.3.1 Especificidades da produo agropecuria

    Para melhor entendimento do agronegcio, sero apresentadas inicialmentealgumas especificidades da produo agropecuria, que a diferenciam da produo deoutros bens manufaturados:1.3.1.1 Sazonalidade daproduo

    A produo agropecuria dependente das condies climticas de cadaregio, apresentando perodos de safra e de entres safra, ou seja, perodos de abun-dncia de produtos alternados com perodos de falta de produo, salvo raras

    excees. J do lado do consumo, grosso modo, no h grande variao ao longo doano nas quantidades procuradas, que permanecem mais ou menos constantes.

    Com isso surgem algumas implicaes:

    variaes de preos: mais elevados na entres safra e mais baixos nos pe-rodos de safra;

    necessidade de infra-estrutura de estocagem e conservao;

    perodos de maior utilizao de insumos e fatores de produo;

    caractersticas prprias de processamento e transformao das matrias-primas;

    logstica mais exigente e mais bem definida.1.3.1.2 Influncia de fatores biolgicos: doenas e pragas

    Tanto no campo como aps a colheita, os produtos agropecurios estosujeitos ao ataque de pragas e doenas que diminuem a quantidade produzida e aqualidade dos produtos, ou podem at mesmo levar perda total da produo.

    A ocorrncia de pragas ou de doenas assume importncia com relao nosomente s perdas diretas dos produtos nos locais onde so produzidos oucomercializados, mas tambm, possibilidade de levar as pragas ou as doenas paraoutros locais, onde podero provocar perdas. Alm disso, algumas doenas queocorrem em animais podem tambm ocorrer nos seres humanos.5 Da, a grandeimportncia dada atualmente s pragas e s doenas dos produtos agropecurios nasrelaes comerciais entre regies e entre pases, chegando a ponto de excluso

    comercial de pases onde elas ocorrem. E, tambm, a partir do momento em5 Como exemplos recentes, entre outros, so citados a "gripe asitica dos frangos" e a ''vaca

    louca".

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    AGRONEGCIOS: CONCEITOS E DIMENSES 19

    que as pragas ou as doenas provocam danos econmicos, h a necessidade decombat-Ias, sob pena de perda da produo. Conseqentemente, o combate smesmas implica o uso de insumos (inseticidas, fungicidas e outros), predominan-temente qumicos, cuja aplicao resulta em:

    elevao dos custos de produo e, conseqentemente, reduo nos lucros

    da atividade; riscos para os operadores e para o ambiente;

    possibilidade de resduos txicos nos produtos, que sero levados at osconsumidores.

    Obviamente, nenhuma regio ou pas tem interesse na entrada de praga ou dedoena originria de outra regio.

    Tambm conseqentes da ocorrncia de pragas e doenas, surgem as ne-cessidades de:

    pesquisas especficas;

    desenvolvimento e produo de produtos para control-Ias ou combatIase de mquinas, equipamentos e implementos apropriados;

    servios especializados.

    1.3.1.3 Perecibilidade rpida

    Mesmo aps a colheita, a atividade biolgica dos produtos agropecurioscontinua em ao. Com isso, a vida til desses produtos tende a ser diminuda deforma acelerada. Sem cuidados especficos, esses produtos, aps colhidos, podemdurar poucas horas, dias, ou poucas semanas.

    Devido a essas especificidades, o agronegcio passa a envolver outros seg-

    mentos da economia, tornando-se muito mais complexo que a produo agropecuriapropriamente dita e passando a necessitar de uma compreenso muito mais ampla,envolvendo o desenvolvimento de tecnologia, colheita cuidadosa, classificao etratamento dos produtos, estruturas apropriadas para armazenagem e conservao,embalagens mais adequadas, logstica especfica para distribuio etc.

    1.3.2 Viso sistmica do agronegcio

    A compreenso do agronegcio, em todos os seus componentes e inter-relaes, uma ferramenta indispensvel a todos os tomadores de deciso, sejam

    autoridades pblicas ou agentes econmicos privados, para que formulem polticas eestratgias com maior previso e mxima eficincia.

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    20 FUNDAMENTOS DE AGRONEGCIOS

    Por isso, fundamental compreender o agronegcio dentro de uma visode sistemas que engloba os setores denominados "antes da porteira", "der:= (ou'durante a') porteira" e "aps a porteira", ou ainda, significando a mesma "amontante da produo agropecuria", "produo agropecuria propri~-dita" e"ajusante da produo agropecuria".

    Os setores "antes da porteira" ou "a montante da produo agropec socompostos basicamente pelos fornecedores de insumos e servios, mquinas,implementos, defensivos, fertilizantes, corretivos, sementes, tecn financiamento.

    "Dentro da porteira" ou "produo agropecuria" o conjunto de adesdesenvolvidas dentro das unidades produtivas agropecurias (as faz--ou produoagropecuria propriamente dita, que envolve preparo e manc._ solos, tratosculturais, irrigao, colheita, criaes e outras.

    "Aps a porteira" ou "a jusante da produo agropecuria" refere-::,:;atividades de arrnazenamento, beneficiamento, industrializao, embalage--tribuio, consumo de produtos alimentares, fibras e produtos energticos nientesda biomassa.

    Visto assim, o agronegcio envolve as funes seguintes:

    suprimentos produo agropecuria;

    produo agropecuria propriamente dita;

    transformao;

    acondicionamento; armazenamento;

    distribuio; consumo; servios complementares (publicidade, bolsas de mercadorias, pc cas

    pblicas etc.).

    Os primeiros trabalhos nessa concepo foram desenvolvidos por Davis eRay Goldberg, da Universidade Harvard, e publicados em 1957. Esses trabalhosforam aprofundados e, em 1968, Ray Goldberg, em estudos de casos (produtosagrcolas) especficos, apresentou a necessidade de entender o agroneg"~em umaviso de Sistemas Agroindustriais, introduzindo o conceito de Comm SystemApproach (CSA), como:

    "todos os participantes envolvidos na produo, processamento e marketng deum produto especfico. Inclui o suprimento das fazendas, as fazenc1:...operaes de estocagens, processamento, atacado e varejo envolvidos em fluxodesde aproduo de insumos at o consumidor final. Inclui as unstitui-

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    Sistema Agroalimentar " o conjunto das atividades que concorrem

    formao e distribuio dos produtos alimentares e, em conse-qncia, o cumprimento da funo de alimentao";

    Figura 1.1 Visualizao desistema agroindustrial.

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    Sistema Agroindustrial No Alimentar" o conjunto das atividades que concorrem obteno de produtos oriundos da

    agropecuria, florestas e pesca, no destinadas alimentao mas aos sistemasenergtico, madeireiro, couro e calados, papel, papelo e txtil".1.3.3 Vantagens da viso sistmica do agronegcio

    A compreenso do agronegcio como sistema apresenta as vantagens se-

    guintes: compreenso melhor do funcionamento da atividade agropecuria;

    aplicao imediata para a formulao de estratgias corporativas, vez quea operacionalizao simples e pode resultar em utilizao imediata pelascorporaes e governos;

    preciso com que as tendncias so antecipadas; importncia significativa e crescente do agronegcio, enquanto h

    declnio da participao relativa do produto agrcola comparado aoproduto total (Tabela 1.1).

    Entendida assim, vale repetir a afirmao:

    "Esta viso sistmica do negcio agrcola - e seu conseqente trata-mento como conjunto -potencializa grandes benefcios para um desenvolvimentomais intenso e harmnico da sociedade brasileira. Para tanto, existem problemase desafios a vencer. Dentre estes, destaca-se o conhecimento das inter-relaesdas cadeias produtivas para que sejam indicados os requisitos para melhorarsua competitividade, sustentabilidade e equidade" (RUFINO, 1999).

    1.4 CADEIAS PRODUTIVAS E CADEIAS DE VALORNa dcada de 1960, surge na Frana, mais precisamente na Escola Francesa

    de Organizao Industrial, o conceito de ''filiere'' (fileira = cadeia) aplicado aoagronegcio.

    Como uma caracterstica de escola voltada para processos industriais, a

    concepo francesa embute muitos princpios de processos, de interdependncia e demtodos. Em 1985, Morvan definefiliere como:

    "uma seqncia de operaes que conduzem produo de bens, cuja arti-culao amplamente influenciada pelas possibilidades tecnolgicas e definidapelas estratgias dos agentes. Estes possuem relaes interdependentes

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    e complementares, determinados pelas foras hierrquicas" (MORVAN, 1985,apud MACHADO FILHO, 1996).Ou ainda, segundo Montigaud:

    ''filieres so sucesses de atividades ligadas verticalmente, necessrias pro-duo de um ou mais produtos correlacionados" (MONTIGAUD, 1991, apudMACHADO FILHO, 1996).A anlise de filiere (ou cadeia produtiva) de cada produto agropecurio permite

    visualizar as aes e inter-relaes entre todos os agentes que a compem e dela

    participam. Assim, mais fcil: efetuar descrio de toda a cadeia da produo;

    reconhecer o papel da tecnologia na estruturao da cadeia produtiva;

    organizar estudos de integrao;

    analisar as polticas voltadas para todo o agronegcio;

    compreender a matriz de insumo-produto para cada produto agro-pecurio;

    analisar as estratgias das firmas e das associaes.

    As principais caractersticas de cadeias produtivas so as seguintes:

    "Refere-se a conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vo sendotransformados e transferidos os diversos insumos, em ciclos de produo,distribuio e comercializao de bens eservios;

    implica em diviso de trabalho, na qual cada agente ou conjunto de agentesrealiza etapas distintas doprocesso produtivo;

    no se restringe, necessariamente, a uma mesma regio ou localidade;

    no contempla necessariamente outros atores, alm das empresas, tais comoinstituies de ensino, pesquisa e desenvolvimento, apoio tcnico,financiamento, promoo, entre outros" (ALBAGLI et al., s.d.).

    As anlises efetuadas para cada produto dentro de urna viso de cadeia produtiva,

    corno concebida, levam possibilidade de no incluir, nas inter-relaes, todos ossegmentos econmicos, aps a produo. Corno o prprio nome diz: cadeia produtiva.Ento, h necessidade de um conceito mais amplo, que englobe todos os segmentos at o

    produto chegar ao consumidor e que inclua as agregaes de valores, as fases decomercializao, a distribuio etc. Da surgir, muito recentemente, a idia de cadeia devalor, corno sendo um conceito mais abrangente, que inclua esses segmentos.

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    24 FUNDAMENTOS DE AGRONEGCIOS1.5 CLUSTERS E ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

    Entre as diversas definies de cluster, a que mais se aproxima do sentidcque aqui se quer entender a seguinte:

    " umgrupo econmico constitudo por empresas instaladas em determinadaregio, lderes emseus ramos, apoiado por outras que fornecem produto:: e

    servios, ambas sustentadas por organizaes que oferecem profissionai:qualificados, tecnologias de ponta, recursos financeiros, ambiente propc' paranegcios e infra-estrutura fsica. Todas estas organizaes interagem. ao

    proporcionarem umas s outras os produtos eservios de que necessitarr_estabelecendo, deste modo, relaes que permitem produzir mais e melhor, umcusto menor. Oprocesso toma as empresas mais competitivas" (OPER..P.-DORES DO PROJETO CHIHUAHUA. Mxico: SIGLa Veinteuno, apuLOPES NETO, 1998. p. 14).

    Como apresentados, os estudos do agronegcio efetuados sob a ptica ="sistemas agroindustriais", da escola de Harvard, ou defiliere (ou cadeia), da e._ colafrancesa, visualizam o conjunto de participantes e de operaes para a produo,

    processamento e mercadologia de um produto especfico, incluindo c::::possibilidadestecnolgicas e as estratgias adotadas pelos agentes envolvidos.

    Em ambas as concepes no ficam claras as inter-relaes entre sistem2.:, eentre cadeias produtivas diferentes, mas complementares. Como por exemplc em seestudando o sistema agroindustrial (ou cadeia produtiva) do milho, n: ficam claras asinter-relaes com o sistema agroindustrial da soja, da suinoculturc. da avicultura, dasindstrias de leo ou de amido ou de farinhas, nem delimita.= espaos regionaisespecficos.

    Cluster significa aglomerado e o estudo dos clusters agroindustriais prOIT ramostrar as integraes e inter-relaes entre sistemas (ou cadeias) do agron gcio, emum espao delimitado. Por exemplo, os sistemas agroindustriais da so: e do milho tmvinculaes diretas montante e jusante de outros sistem~ agroindustriais (Figura

    1.2). Ento, quando esses sistemas agroindustriais enco::. tram-se integrados entre si,em determinada regio, possvel denomin-Ios COIT.:' um cluster. Em algunspases, como na Itlia, no especificamente em agronegd denominam-se "distritosindustriais" a esses aglomerados, delimitados em dete:minadas regies e envolvendotoda a cadeia produtiva.

    Assim, ao analisar o agronegcio do milho e da soja, observa-se que a pduo agrcola desses produtos est diretamente integrada e inter-relacionadamontante com produo de insumos e prestao de servios e a jusante comagroindstrias e com a produo animal (aves, sunos, bovinos e outros).

    Essas agroindstrias por sua vez produzem farelo, leo e outros derivad Estesdois ltimos produtos destinam-se a outras agroindstrias ou seguem pa: adistribuio, que os destina ao mercado consumidor. O farelo obtido segue para

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    Figura 1.2 Integrao entre sistemas agroindustriais.

    fbricas de rao. Estas produziro os insumos bsicos para a produo animal,corno aves, sunos, peixes, bovinos e outros. Por sua vez, os resduos gerados nasgranjas de aves e de sunos tambm podero ser utilizados corno insumos (alimen-tos) para bovinos e peixes ou corno insumos (adubos) para a soja e o milho.

    Os animais obtidos so destinados aos frigorficos para abate, gerandocarnes e processados e farinhas diversas (carne, ossos e sangue), que iro para as

    fbricas de rao, retomando ao ciclo produtivo dos sistemas agroindustriais.

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    As carnes e processados seguem para os segmentos de distribuio, que osdestinam ao mercado consumidor. Ento, quaisquer empreendimentos econmicos ouanlises em situaes semelhantes no podem restringir-se a determinado sistemaagroindustrial isoladamente, porque existem interdependncias entre sistemas, dentrode determinados espaos.

    As vantagens dos clusters, em relao a sistema isolado, esto exatamente na

    integrao com outros sistemas, de modo que h possibilidade de sinergismos entre asdiversas atividades, aproveitamento de produtos, subprodutos e resduos de umsistema para outro, bem como possibilidade de utilizao de estruturas fsicas paramltiplos sistemas, permitindo economias de escala, trocas de informaes, menordependncia a segmentos externos, diminuio de custos etc., enfim, como maiorcompetitividade das empresas isoladamente e do conjunto.

    Os Arranjos Produtivos Locais (APLs) significam a maneira como todos osagentes de determinadas cadeias produtivas se organizam e se inter-relacionam,inclusive com outras cadeias produtivas, em determinado espao e territrio. Comobjetivo de tornar o conceito mais abrangente, de modo a incluir todas as variveis,so considerados tambm os sistemas correlacionados, de modo que se deve tratar deuma abordagem no mais de APL, mas de Arranjos e Sistemas Produtivos Locais

    (ASPLs). Esse tipo de abordagem para anlise regional tem sido utilizado maisrecentemente, j no sculo XXI, sobretudo nos estudos para projetos dedesenvolvimento regional. O resultado final uma rede de inter-relaes, envolvendotodos os segmentos direta ou indiretamente relacionados a determinado produto.

    De acordo com o Termo de Referncia elaborado pelo Grupo de TrabalhePermanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL),6 um APL deve ter a se-guinte caracterizao:

    "1. ter um nmero significativo de empreendimentos no territrio e de indivduosque atuam em torno de uma atividade produtiva predominant,

    2. que compartilhem formas percebidas de cooperao e algum mecanism degovernana. Pode incluir pequenas, mdias e grandes empresas" (http://www.desenvolvimetno.gov.br/sitio/ sdp/proacao/ arrProLocais).

    A viso de APL e de ASPL resulta da necessidade de melhor entender e de-senvolver determinada localidade e um aprofundamento da viso de cluste~Normalmente, quando se analisa uma cadeia produtiva, so enfatizadas somente EIrelaes e inter-relaes econmicas e tcnicas como os nicos elementos necessrios para a competitividade dos agentes envolvidos. No entanto, outros aspect-tmde ser considerados, como as relaes polticas e sociais e o espao onde elas s=

    6 o GTP APL foi criado por Portaria Interministerial n 200, de 3-8-04, envolvendo entidadesgovernamentais e no governamentais, sob coordenao do Ministrio do Desenvolvirne:. to, Indstria eComrcio Exterior.

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    realizam, por isso a necessidade de constituio de APL, ou mais precisamente, deASPL. Essa constituio permite a efetiva implementao de polticas e de propostasde desenvolvimento, com a participao local de todos os agentes interessados, comoempresrios, trabalhadores, polticos, instituies prestadoras de servios e entidadesrepresentativas, de modo a buscar as solues mais viveis.

    A evoluo de um APL segue aproximadamente um padro, que pode serdividido em quatro fases (MACHADO, s.d.):

    embrionria: no h ainda uma atrao de firmas correlatas e a cooperao baseada, principalmente, em relaes familiares;

    crescimento do mercado: iniciam-se inovaes para consolidar economiasde escala e h uma preocupao maior com qualidade, com a competiose concentrando nos preos;

    maturidade: a competio acirra-se em tomo de qualidade, flexibilidade,design ou marca e a cooperao aparece entre os diversos segmentos dacadeia de valor, tanto a jusante como entre as firmas em um mesmo nvel,e as economias de escala no tm mais papel de destaque;

    ps-maturidade: a proximidade geogrfica no a condicionante prin-cipal, e o arranjo pode ter outro direcionamento para algum setorcorrelato.

    1.6 IMPORTNCIA DO AGRONEGCIO

    O agronegcio o segmento econmico de maior valor em termos mundiais, esua importncia relativa varia para cada pas.

    Em mbito mundial, o agronegcio participou, em 1999, com US$ 6,6trilhes, significando 22% do Produto Interno Bruto (PIB). As projees para o ano de2028 apontam para o valor de US$ 10,2 trilhes, com crescimento anual de 1,46% aoano. Em 2003, o comrcio internacional do agronegcio movimentou cerca de US$7,3 trilhes.

    Tambm muito importante visualizar a distribuio dos valores entre os

    diversos segmentos que compem o agronegcio. Embora todos tenham crescimentoabsoluto, eles crescem de forma desproporcional: enquanto os segmentos de insumos eda produo agropecuria decrescem relativamente, os segmentos de processamento edistribuio apresentam crescimento altamente positivo, com tendncia a ultrapassar80% de toda a dimenso do agronegcio (Tabela 1.1).

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    Tabela 1.1Dimenses do agronegcio mundial (U5$ bilhes) eparticipao de cadasetor (%).

    No Brasil, o agronegcio foi estimado, para o ano de 2004, em aproxima-damente R$ 524,8 bilhes, significando mais de 31 % do PIB. O agronegcio bra-sileiro tem grande importncia na balana comercial, participando com mais de 40%da pauta de exportaes e sendo altamente superavitrio, de modo a contri buirsensivelmente para evitar os dficits comerciais do Brasil.

    Outros indicadores relevantes para o agronegcio no Brasil referem-se agerao de empregos, ao custo para cada!emprego gerado e absoro dos gastosfamiliares. O agronegcio emprega 51% da Populao Economicamente Ativa (PEA)(cerca de 36 milhes de pessoas). Quanto quantidade de investimento, relativamente baixa para gerao de empregos. Segundo informaes do BancoNacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDS), entre os dez segmentos

    econmicos que geram empregos a menor custo, sete so segmentos do agronegcio,com estimativas que apontam para a necessidade mdia de RS 5.000,00 deinvestimento para cada emprego gerado no agronegcio, portanto, muito menos queem outros setores econmicos.? Quanto aos gastos das famlias brasileiras,aproximadamente 45% deles so de produtos do agronegcio.

    Ainda so poucos os estudos sobre a participao do agronegcio em toda aeconomia brasileira e mais escassos so os que analisam a composio doagronegcio quanto participao de seus diversos componentes.

    Nunes e Contini analisaram os dados fornecidos pelo Instituto Brasileir deGeografia e Estatstica (IBGE), para o ano de 1996, e chegaram s seguintesconcluses:

    7 Na indstria automobilstica so necessrios cerca de US$ 250.000,00 para gerar ur:: empregodireto. Na indstria blica, de produtos de alta tecnologia, para cada bilho de dlares (US~1.000.000.000,00) gasto, so gerados 20.000 empregos diretos e indiretos, ou seja, so necessrios US$50.000,00, para gerar um emprego (direto + indireto). No agronegcio, com este mesmo valor podem sergerados quase 70 empregos diretos e indiretos.

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    O valor da produo do Complexo Agroindustrial (CAI) atingiu R$330.568 milhes, representando 25% do valor da produo total do pas(R$ 1.323.411 milhes);

    somente a agropecuria, compreendida como produo dentro das fa-zendas, teve o valor da produo de R$ 96.140 milhes, significando6,9% do valor da produo total do pas e 29,08% de todo o agronegcio;

    os bens e servios que precedem produo agropecuria tiveram o valor

    da produo estimado em R$ 15.500 milhes, que significam 1,17% dovalor da produo total do Brasil e 4,7% do valor total do agronegciobrasileiro;

    o valor da produo das atividades aps a produo agropecuria foi deR$ 219.995 milhes, significando 16,6% de toda a produo brasileira e66,2% de todo o agronegcio.

    Nas relaes internacionais, o agronegcio brasileiro deu, desde o ano de1500, forte contribuio para a economia do pas, marcando pocas de ciclos eco-nmicos, como: pau-brasil, acar, caf, borracha, cacau, algodo, fumo, soja, frutas ederivados, carnes, couros, calados e outros.

    Essa contribuio foi mais relevante ainda nos ltimos anos, quando o Brasilabriu as portas s importaes e no teve a mesma resposta s exportaes de modogeral. Porm, o agronegcio, sobretudo a produo agropecuria, tem respondidomuito bem s expectativas e vem servindo como ncora para todos os programaseconmicos do pas e salvando a balana comercial brasileira.

    Embora com pequeno crescimento das reas cultivadas, que h mais de dezanos permanecem em tomo de 37 a 48 milhes de hectares, a produo brasileira degros cresce anualmente, iniciando a dcada de 1990 com 57,8 milhes de toneladas eaproximando-se aos 132 milhes de toneladas para a safra 2004/ 2005 (Tabela 1.2 eGrfico 1.1). O pequeno crescimento da rea cultivada, em contraste com o rpidocrescimento da produo de gros, demonstra a grande competncia do agricultorbrasileiro, enquanto produtor de matria-prima. Fato semelhante observado emoutros segmentos, como os da avicultura, suinocultura, bovino cultura e fruticultura.

    Estimativas para o ano de 2010, efetuadas no Congresso sobre o AgribusinessBrasileiro,8dentro de um cenrio "mais atrevido" - denominado Meta Brasil-, projetama produo brasileira de gros em 142 milhes de toneladas, com crescimento mdiode 4,1% ao ano (RODRIGUES, 2002). De acordo com o desempenho da agriculturanos trs anos seguintes realizao desse congresso, com crescimento bastantesuperior a 4,1% a.a., possvel prever que essa meta dever ser a1canada maisbrevemente, possivelmente em 2007.

    8 Realizado em So Paulo, nos dias 12 e 13 de junho de 2002.

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    Tabela 1.2Evoluo da rea cultivada e daproduo degros a2004.

    Grfico 1.1Brasil- rea plantada/produo degros.

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    Com referncia s exportaes, nos anos de 1995 a 1999, o agronegciocontribuiu para diminuir os dficits da balana comercial brasileira e, nos anosseguintes, para possibilitar supervits (Tabela 1.3 e Grfico 1.2), valendo ressaltarque, em todos os momentos do perodo, a balana comercial do agronegcioseparadamente foi superavitria.

    O agronegcio, em 1995, apresentou um saldo na balana comercial brasileirade US$ 8,3 bilhes. Em 2002, as previses do "Congresso sobre o Agribusiness

    Brasileiro", para o ano de 2010, apontavam o saldo nessa balana em US$ 28 bilhes(RODRIGUES, 2002). No entanto, no ano de 2004 o saldo foi de US$ 34,1 bilhes,superando em muito essas previses.

    Tabela 1.3 Saldos da balana comercial (US$ bilhes) Brasil, 1995 a 2004.

    Fontes: NUNES & CONTINI (1995 a 1999) e MAPNCONAB (2000 a 2004).

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    Grfico 1.2 Saldos da balana comercial (US$ bilhes). Brasil, 1995 a ,-

    Em verdade, os dados apresentados na Tabela 1.3 estosubestimados para o setor de Agronegcios, porque neles no estoincludos vrios segmentos. Por exemplo, no esto includos os produtosflorestais, cujas receitas de .embarques totalizaram, em 2004, cerca deUS$ 6,8 bilhes, quando somados os produtos oriundos de florestasplantadas e de florestas naturais, respectivamentE US$ 5,8 bilhes e R$

    1,0 bilho.9

    9 Dados fornecidos por Marco Tuoto, assessor tcnico da Associao Brasilei:::: tria deMadeira Processada Mecanicamente (Abirnci) e divulgados em Gazeta Mercantil de 14-06-2005

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    Segmentos dos SistemasAgroindustriais

    A concepo de sistemas agroindustriais ou de cadeias produtivas, ou decadeias de valor, visualiza o agronegcio de forma integrada e inter-relacionada entreos diversos agentes que o compem, bem como as atividades efetuadas entre si.

    Mesmo sabendo-os inteiramente interligados, os segmentos "antes da por-teira", "dentro da porteira" e "aps a porteira" sero apresentados, a seguir, sepa-radamente, com objetivo didtico de melhor compreend-los.

    2.1 SEGMENTOS ANTES DA PORTEIRA

    2.1.1 Insumos agropecurios

    Aqui sero apresentados os insumos principais, necessrios produoagropecuria em geral, tais como: mquinas, implementos, equipamentos e com-plementos, gua, energia, corretivos de solos, fertilizantes, agroqumicos, compostos

    orgnicos, materiais genticos, hormnios, inoculantes, raes, sais minerais eprodutos veterinrios.

    Tambm ser feita uma abordagem das inter-relaes principais dos fabri-cantes e distribuidores de insumos com os produtores agropecurios.

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    34 FUNDAMENTOS DE AGRONEGCIOSA. Mquinas, implementos, equipamentos e complementos

    As mquinas mais utilizadas na agropecuria so os tratores, as colh e osmotores fixos. Cada mquina tem seus implementos e/ou complement'~pendendo da atividade a ser desempenhada e do tamanho do servio a se:tuado.Por exemplo, em operaes de desmatamento, podero ser usados res de pneus demaior potncia at grandes tratores de esteira. Em reas pe. nas e de vegetaoarbrea de pequeno porte, os tratores de pneus com lfl~ dianteiras podero efetuaressa operao com xito, desde que no haja di bilidade de tratores de esteira. Emgrandes reas com vegetao arbrea c= queno e at de mdio porte, mais vivela utilizao de dois tratores de escom corrento, com cada ponta presa ao rabichode cada mquina.

    Outro exemplo: para preparo leve de solos arenosos podem ser utiliza..tratores menores de pneus, com arados de trs discos. Esses tratores poder: usadostambm para tracionar grades niveladoras, pequenas plantadeiras, tas, roadeirasetc. J tratores de pneus maiores, de trao simples ou 4 x utilizados para araespesadas, com arados de discos ou de aivecas maiores, . como para araes maisprofundas e subsolagens.

    Em suma, existem diferentes tipos e portes de mquinas, equipame::::;:implementos e complementos, cada um mais adequado operao a ser e da.Ento, so necessrias eficincia e anlise de custos dos conjuntos dispo paradefinio do mais vivel.B. gua

    Esse insumo natural, indispensvel vida, no tem sido tratado de~ mentecomo insumo agropecurio. Essa ausncia de abordagem devida ao de, no Brasil,a gua ter sido um recurso abundante e disponvel gratuitamede difcil ttulo depropriedade por parte de empresas. Porm, medida qnatureza alterada pelohomem e que crescem as reas cultivadas e as cidad gua comea a se constituirem recurso escasso e j tem sido motivo de co das e processos judiciais.

    Alguns Estados brasileiros tm sua legislao prpria de uso da gua e,projetos de irrigao, j so exigidas outorgas d'gua para aprov-Ios. Em" metrosirrigados, a gua um insumo que tem preo e, logicamente, implica to deproduo. Essa viso economicista no descarta a viso ambientalist2... contrrio,valoriza-a e exige de cada empreendimento agropecurio a neces de de medidas dedefesa do ambiente.

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    SEGMENTOS DOS SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS 35

    C. Energia

    As diferentes fontes alternativas de energia tm sido pouco utilizadas naagropecuria brasileira, permanecendo uma viso muito direcionada energia hidroou termo eltrica, que ficam ambas cada vez mais onerosas e escassas.

    Como exemplos de fontes de energia alternativas citam-se:

    energia solar: para secagem e desidratao de produtos agrcolas, aque-cimento de gua, iluminao e para pequenos equipamentos (bombea-mento d'gua, baterias etc.);

    energia elica: para iluminao, baterias (refrigerador, televiso, r:'" dioetc.);

    energia hidrulica: rodas d'gua, carneiro hidrulico etc.;

    energia de biogs: obtido da fermentao de materiais orgnicos, comoestercos de estbulos, resduos de sunos e outros, que so colocados parafermentao em cmaras especiais (biodigestores) para produo de gsnatural;

    energia trmica de resduos, resultante da queima direta. As fontes tra-dicionais de lenha e carvo vegetal para queima, geralmente para aque-

    cimento direto, podem e esto sendo substitudas por outros resduos.Nesse sentido destaca-se o bagao da cana-de-acar que, de entulho,passa a ser grande gerador de energia, quer seja diretamente em fornalhase caldeiras em pequenos empreendimentos, quer seja em usinastermoeltricas, anexas a usinas de acar e destilarias de lcool de cana-de-acar.

    D. Corretivos de solos

    Os corretivos agrcolas so produtos utilizados para corrigir deficincias nossolos, visando coloc-Ios em condies ideais para produo, detectadas por meio deanlises laboratoriais. Os corretivos mais comuns so os calcrios agrcolas, gesso,adubos e matria-orgnica.

    Os calcrios agrcolas so ricos em xido de magnsio (MgO) e xido declcio (CaO) e tm por finalidade diminuir a acidez do solo (elevar o pH), eliminar oefeito txico causado s plantas pelo alumnio trocvel e corrigir deficincias demagnsio e clcio nos solos.

    O gesso agrcola tem a finalidade de corrigir a deficincia de clcio nossolos.

    Os adubos ou fertilizantes so classificados em macro e micronutrientes.Os macronutrientes so: fsforo (P), nitrognio (N), potssio (K), enxofre (S), clcio(Ca) e magnsio (Mg), enquanto os micronutrientes so: ferro (Fe), molibdnio (Mo),cobalto (Co), mangans (Mn) e zinco (Zn).

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    De modo geral, os solos brasileiros so naturalmente deficientes em quasetodos esses nutrientes, sobretudo os solos das regies dos cerrados e dos tabuleiros.Necessitam, portanto, de correes.

    As principais fontes de fsforo so: fosfatos naturais, superfosfatos (simples,diamnio e triplo) e farinha de ossos.

    As principais fontes de nitrognio so: compostos orgnicos (estercos), uria,sulfato de amnio e nitratos (salitre do Chile). Na prtica no se usam adubos

    nitrogenados qumicos como corretivos de solos; no entanto, eles so usados emadubaes de manuteno.

    As principais fontes de potssio so o cloreto de potssio e o sulfato depotssio.

    As principais fontes de clcio so: calcrios agrcolas, farinha de ossos, gessoe compostos qumicos.

    A principal fonte de magnsio o calcrio agrcola, tipos magnesianos edolomticos.

    As deficincias de enxofre so normalmente corrigidas quando so usadossuperfosfatos simples, ou sulfato de amnio, sulfato de potssio, ou gesso agrcola.

    As deficincias de micronutrientes so corrigidas mediante a aplicao de

    compostos qumicos especficos e, s vezes, a incorporao de materiais orgnicos nossolos tambm pode disponibiliz-los de forma suficiente.

    E. Fertilizantes

    Os fertilizantes ou adubos podem ser usados como corretivos, conformedescrito, ou em adubaes de manuteno das culturas. Como corretivos, os adubosso aplicados mais comumente direto durante as operaes de preparo dos solos. Nasadubaes de manuteno das culturas, os fertilizantes so usados no preparo dascovas para lavouras perenes, ou no momento de plantio das lavouras anuais ou deformao de pastagens.

    No caso de caracterizada, por meio de anlise foliar, a deficincia de nu-

    trientes durante a conduo de lavouras, e na aplicao de adubos nitrogenados, osfertilizantes podem ser aplicados diretamente nas folhas mediante pulverizaes, oumesmo irrigao por asperso ou gotejamento.

    Nas culturas perenes, as adubaes de manuteno podem ser feitas dire-tamente no solo na projeo da copa ou pela irrigao (fertirrigao).

    F. Agroqumicos

    Os agroqumicos so produtos qumicos denominados tambm de agrotxicos,ou defensivos agrcolas, ou biocidas, utilizados para combate a plantas concorrentes,pragas e doenas das plantas. Os principais so:

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    SEGMENTOS DOS SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS 37

    herbicidas: usados para controle de plantas concorrentes (ou plantasinvasoras, ou ervas daninhas), tm por objetivo permitir o livre cres-cimento da cultura desejada, livre de plantas concorrentes, dispensando ouso de ferramentas (enxadas) e de cultivos mecnicos;

    inseticidas: usados no combate a insetos (moscas, lagartas, pulges etc.);

    acaricidas: usados especificamente no combate a caros, simultaneamenteatuam como inseticidas;

    formicidas: so inseticidas especficos para combate a formigas;

    fungicidas: so usados para combate e controle de fungos nas plantas.

    G. Compostos orgnicos

    Os compostos orgnicos so obtidos pela decomposio de resduos org-nicos, como estercos, restos de culturas, resduos de fbricas (principalmenteagroindstrias), hmus, lixo e outras fontes e so utilizados para correo de de-ficincia de matria orgnica nos solos, como melhoradores da estrutura dos solos ecomo adubao.

    H. Materiais genticos

    Os principais materiais genticos utilizados so as mudas e as sementes naagricultura e o smen e o vulo na pecuria.

    Mudas

    As mudas podem ser obtidas diretamente das sementes, ou por enxertias, oureproduo assexuada, ou reproduo in vitro.

    As mudas obtidas diretamente das sementes, tambm denominadas de "pfranco", resultam da germinao das sementes. De modo geral, tm a probabilidadeelevada de no reproduzir as boas caractersticas da planta-me. Por enquanto so

    mais recomendadas para algumas culturas com difcil utilizao de outra tcnica,como as palmeiras (coco-da-baa, pupunha, aa, macaba, gairoba, babau, tmaraetc.).

    As mudas obtidas por enxertia resultam da fixao de parte de uma plantaem outra. A parte fixada tambm denominada de enxerto ou "cavaleiro" e pode seruma gema ou a ponta mais nova de um galho. A planta fixadora, tambm denominadade porta-enxerto ou "cavalo", tem bom sistema radicular para suportar uma copaprodutiva semelhante planta-me. Das culturas que mais so cultivadas pelo sistemade enxertia citam-se: citros, uva e abacate.

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    As mudas obtidas por reproduo assexuada so mais comumente as dedifcil reproduo por sementes, como: banana, figo, alho, abacaxi, ornamentais(hibisco, bromlias, bugainville, quaresmeira, crton, rosa).

    Algumas culturas, mesmo utilizando a prtica da produo de mudas por meioda germinao direta das sementes, tm as plantas-filhas bastante similares s plantas-

    mes, como, por exemplo, fumo e hortalias em geral (tomate, alface, pimento eoutras). Essa semelhana devida sobretudo ao mtodo de reproduo gentica (auto-fecundao) e tecnologia adotada.

    A reproduo in vitro efetuada por tcnica bastante refinada, que exigelaboratrios e estruturas de climatizao. A tcnica consiste na retirada de gemasapicais (clulas novas das pontas dos galhos) e colocao delas em meio de cultura invitro para multiplicao. Trata-se de um mtodo mais caro, porm tem diversasvantagens:

    reproduo das qualidades genticas da planta-me;

    eliminao de doenas portadas pela planta-me;

    obteno de nmero elevado de mudas muito mais rapidamente;

    garantia de qualidade das mudas.

    Embora a tcnica da reproduo in vitro seja bastante conhecida, as espciesmais difundidas no Brasil so: banana e abacaxi.

    Sementes

    As sementes tradicionais no mercado so as varie tais e as hbridas; maisrecentemente, tm surgido as sementes transgnicas e j existe tecnologia parasementes suicidas (ou terminator).

    As sementes varietais puras so de uma nica variedade e produzem "filhas"iguais s "mes" por geraes sucessivas, desde que no ocorram fecundaes

    cruzadas com outras variedades. Das culturas mais comumente cultivadas comsementes varie tais citam-se: soja, arroz, feijo, ervilha e caf.

    As sementes hbridas resultam do cruzamento de duas variedades, cujassementes-filhas portam 50% da carga gentica de cada uma das variedades que lhesderam origem. No Brasil, as sementes hbridas mais comumente usadas so as demilho e as de coco (hbrido entre "ano" e "gigante").

    As sementes-filhas das plantas originrias de sementes hbridas no devem sercultivadas, porque a maior parte delas j no traz as boas caractersticas do hbrido.

    As sementes transgnicas1 so obtidas originalmente em laboratrios,mediante a tcnica de deslocamento de um ou mais genes menos desejveis

    1 A gentica transgnica tambm utilizada em animais.

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    e introduo de genes em substituio, visando introduzir caractersticas mais de-sejveis, como: maior resistncia ps-colheita (tomate), maior resistncia a deter-minados herbicidas (soja), resistncia a doenas, elevao do valor nutricional,produo de medicamentos etc.

    O uso de produtos transgnicos muito discutido, porque ainda no se temegurana sobre possveis efeitos nos consumidores e sobre o meio ambiente, e

    tambm porque poucas empresas no mundo so produtoras dessas sementes. Esse fatocoloca milhes de agricultores totaLmente dependentes de pouqussimos for-necedores.

    As sementes suicidas (ou tenninator) constituem-se em outro tipo desementes desenvolvidas e caracterizam-se pela no-germinao das sementes-filhasou, quando germinam, pelo no-desenvolvimento das plantas ou pela morte delasainda jovens.

    Esse tipo de sementes tambm colocaria milhes de agricultores merc deum nmero muito restrito de fornecedores .

    Smen e vulo

    A introduo de smen visa melhorar as caractersticas desejveis do rebanho,enquanto vulos podem ser fecundados por meio de inseminao artificial etransferidos para outros teros ("barriga de aluguel"). Essa tcnica denomina-setransferncia de embrio e utilizada em matrizes de elevada qualidade, que passam aser produtoras de vulos; entretanto, no concluem a gestao e obtm-se progniemuito mais numerosa.

    Essa melhoria obtida pela introduo de animais reprodutores diretamenteno meio do rebanho (monta direta) ou por smen conservado a baixas temperaturas,geralmente em meio de nitrognio lquido, para inseminao artificial.

    I. Hormnios

    Os hormnios, de modo geral, so produtos usados para acelerar atividadesbiolgicas das plantas (fito-hormnios) e dos animais (zoo-hormnios).Os fito-hormnios mais comumente usados so os indutores do florescimento

    (cultura da manga), indutores de brotao (uva) e aceleradores de ciclo vegetativo(abacaxi). Com essa tcnica possvel, por exemplo, obter duas safras de manga porano, colheitas dirias de uva e reduo do prazo de colheita do abacaxi.

    Os zoo-hormnios mais comumente desejados pelos pecuaristas so osaceleradores de crescimento e indutores de aumento de massa muscular e, con-seqentemente, maior velocidade de ganhos de peso.

    O emprego de zoo-hormnios muito discutido e pouco aceito legalmente,devido a possveis resultados negativos nos consumidores.

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    40 FUNDAMENTOS DE AGRONEGCIOS

    Na piscicultura, por exemplo, usa-se hormnio na rao para alevinos (fi-lhotes) com objetivo de induzir a reverso sexual, de modo a no existirem fmeas emum mesmo criatrio.

    J. Inoculantes

    Os inoculantes so produtos biolgicos introduzidos nas plantas, geralmentepelas sementes, com objetivo de melhorar caractersticas desejveis.

    O exemplo mais conhecido o da inoculao de fixadores de nitrognio(Rhizobium) em sementes de leguminosas (soja, ervilha e feijo), de modo que asplantas germinadas de sementes inoculadas ampliam suas capacidades de absoro donitrognio do ar e de elevao da produtividade, dispensando, assim, o uso de adubosnitrogenados, ou seja, reduzindo custos de produo.

    As plantas da famlia Leguminosae (como feijo, ervilha, soja e outras) sonaturalmente fixadoras de nitrognio do ar, mas no o suficiente e na velocidadenecessria a seu rpido desenvolvimento. Ento, o Rhizobium inoculado desenvolve-se e ajuda a planta a acelerar sua caracterstica fixadora de nitrognio do ar.

    L. Raes

    Os alimentos para os animais dividem-se em dois grupos bsicos: concen-trados e volumosos. Os concentrados so compostos principalmente por sais mineraise vitaminas e podem tambm conter antibiticos. Os volumosos contm fibras, energiae protenas.

    As raes a serem fornecidas devem ser balanceadas em seus componentes, deacordo com as espcies animais, ciclo de vida deles e finalidades (lactao, engorda).

    Os concentrados de modo geral so produzidos e distribudos por empresasespecializadas, enquanto os volumosos so produzidos nas prprias fazendas (milho,cana-de-acar, sorgo, pastagens, capineiras, feno, silagem etc.) ou obtidos emagroindstrias (farelos, farinhas, bagao, vinhoto, melao, cascas de frutas, cevada

    etc.); exceo a uria, que petroquri:1ica.

    M. Sal comum e sais nlinerais

    Os sais so necessrios como nutrientes e como mantenedores da pressoosmtica das clulas. Nos concentrados para raes balanceadas, os sais vm emquantidades equilibradas, j em doses suficientes recomendadas para os animais. Nascriaes bovinas, tanto o sal comum como os sais minerais devem ser fornecidosseparadamente do restante da rao, colocados em cochos vontade dos

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    animais. Nesse caso, a composio dos sais depende do resultado de anlise do teornutritivo dos demais alimentos fornecidos.

    N. Produtos veterinrios

    Os produtos veterinrios so variados: probiticos, antibiticos, vacinas,ectoparasiticidas, endoparasiticidas, estimulantes do apetite e medicamentos diversos.

    Probiticos

    Os probiticos so produtos utilizados com a finalidade. de tomar os animaismais resistentes; evitam a entrada e o estabelecimento de doenas em geral,diminuindo assim o uso de antibiticos e de outros medicamentos. Os mais comunsso base de lactobacilos .

    Antibiticos

    Os antibiticos e os demais medicamentos visam combater doenas es-pecficas, j estabelecidas nos animais.

    Vacinas

    As vacinas so formas atenuadas de agentes causadores de doenas es-pecficas que, aplicadas nos animais, estimulam a criao de resistncia do organismodeles entrada dessas doenas, no caso de ocorrncia mais forte. Por exemplo,existem vacinas contra aftosa (bovinos), peste africana (sunos), New Castle (aves),parvovirose (ces), entre outras.

    Ecto e endoparasiticidas

    So produtos destinados ao combate e controle de ecto e endoparasitas nosanimais.

    Os ectoparasitas (parasitas externos) mais comuns e que do prejuzoseconmicos so os carrapatos, bernes, sarnas, piolhos, pulgas e mosca do chifre. Osendoparasitas (parasitas internos) so os vermes em geral. O controle e o combate acada parasita so feitos de acordo com a espcie animal e a realidade local. J existemno mercado produtos que afirmam combater simultaneamente ecto e endoparasitas nasespcies bovinas.

    Estimulantes do apetite

    Os estimulantes do apetite (no hormonais) objetivam induzir os animais aalimentar-se mais e melhor, de forma a se tomarem mais produtivos.

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    Medicamentos veterinrios

    Os medicamentos veterinrios predominantemente visam suprir deficinciasnutritivas (por exemplo, ferro em leites e complexos vitamnicos) ou combaterdoenas (medicamentos no antibiticos tradicionais).

    2.1.2 Inter-relaes de produtores de insumos com

    agropecuaristas

    Os agentes econmicos atuantes no agronegcio "antes da porteira" so asindstrias (de mquinas, adubos etc.), as empresas produtoras de materiais genticos eos distribuidores de insumos (atacadistas, varejistas e seus representantes).

    No geral, em cada segmento agropecurio existem agentes especficos "antesda porteira", constitudos por poucas e grandes empresas que, atuando em conjunto ouisoladamente, so capazes de influir nos preos e nas quantidades dos produtosofertados, alm de ter acessos polticos. Essas condies caracterizam uma relaotpica de oligoplio, ou s vezes de monoplio, em face de numerosos, pequenos edesorganizados produtores agropecuaristas.

    De forma complementar, ainda se tem oferta crescente mas controlvel deprodutos escassos (os insumos em geral), e quase todos de fontes no renovveis, parauma oferta constantemente em crescimento.

    Em outras palavras, os agentes econmicos atuantes no agronegcio "antes daporteira" so formadores de preos e os agropecuaristas so tomadores de preos. Issosignifica que os agropecuaristas, quando vo comprar insumos, fazem a perguntatradicional: "Quanto custa ou qual o preo?"

    Essa relao entre fornecedores e compradores uma das principais causas daelevao histrica e constante dos preos dos insumos e, conseqentemente, doscustos de produo na agropecuria.

    2.1.3 Servios agropecurios

    Os principais servios para atendimento aos agropecuaristas "antes daporteira" so os seguintes: pesquisas agropecurias; fomento, extenso rural eassistncia tcnica; elaborao de projetos; anlises laboratoriais; crdito e finan-ciamentos; vigilncia e defesa agropecuria; proteo e defesa ambiental; incentivosfiscais; comunicaes; infra-estrutura; treinamento de mo-de-obra e assentamentosdirigidos.

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    A. Pesquisas agropecurias

    As pesquisas agropecurias no Brasil so predominantemente efetuadas pelo setorpblico federal e estadual, com destaque para Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuria (Embrapa), Comisso Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac),Secretarias de Agricultura dos Estados e universidades.

    Na iniciativa privada, as pesquisas so mais restritas aos prprios interessados (asempresas), com destaque para os trabalhos de melhoramento gentico da cana-de-acar

    efetuados pela Cooperativa dos Produtores de Acar e lcool (Copersucar) .

    Embrapa

    A Embrapa uma empresa pblica federal, vinculada ao Ministrio daAgricultura, da Pecuria e do Abastecimento (Mapa); com sede em Braslia, tem 39unidades de pesquisa distribudas nos diversos Estados da Federao. Cada unidade dessas especializada em determinados segmentos do agronegcio. Por exemplo, na Bahia (Cruzdas Almas): mandioca e fruticultura tropical; Minas Gerais (Sete Lagoas): milho e sorgo;Minas Gerais (Juiz de Fora/Coronel Pacheco): gado de leite; Mato Grosso do Sul: gado decorte; Cear (Sobral): caprinos e ovinos; Cear (Fortaleza): agroindstria tropical; Rio deJaneiro: agroindstria de alimentos; Distrito Federal (Braslia): recursos genticos; e assimpor diante. Em quase todos os Estados brasileiros h pelo menos um centro de pesquisa da

    Embrapa, com destaque para So Paulo, que conta cinco deles.

    Ceplac

    A Ceplac uma instituio pblica federal, tambm vinculada ao Mapa, com sedena estrada Itabuna/Ilhus (Bahia) e atuao nos Estados de Bahia, Esprito Santo, SoPaulo, Maranho e na Regio Norte do Brasil.

    A Ceplac desenvolveu pesquisas mais diretamente relacionadas com a lavoura docacau, mas tem obtido alguns resultados com outras culturas, como coco, dend, guaran epupunha.

    Secretarias de Agricultura

    As Secretarias de Agricultura dos governos estaduais tm, cada uma, suainstituio de pesquisa, geralmente uma empresa que de modo geral tem participaodireta da Embrapa, nas formas de participao acionria e/ou de convnios.

    Na Bahia, a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrcola (EBDA) a ins-tituio vinculada Secretaria da Agricultura, Irrigao e Reforma Agrria (Seagri)responsvel pelo segmento de pesquisa em nvel estadual.

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    Universidades

    As universidades, pblicas e privadas, alm do ensino, tambm desempenhama funo de pesquisas agropecurias, principalmente as que mantm cursos nas reascorrelatas, como: agronomia, zootecnia, medicina veterinria, fitotecnia, biologia,engenharia agrcola, engenharia florestal, agronegcios.

    Na Bahia, algumas universidades desempenham essas funes, como, porexemplo:

    Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia (EAUFBA), emCruz das Almas;

    Escola de Medicina Veterinria da Universidade Federal da Bahia(EMVUFBA), em Salvador;

    Universidade do Estado da Bahia/Faculdade de Agronomia do Mdio SoFrancisco (Uneb/Famesf), em Juazeiro;

    Universidade Estadual do Sudoeste Baiano (Uesb), com a Escola deAgronomia em Vitria da Conquista e a de Zootecnia em Itapetinga;

    Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), em Ilhus;

    Faculdade de Tecnologia e Cincias (FTC), em Salvador, Feira deSantana, Jequi, Itabuna e Vitria da Conquista.

    Copersucar

    A Copersucar uma cooperativa, fundada em 1959, composta por 91agroindstrias sucroalcooleiras do Estado de So Paulo, Minas Gerais e Paran, quevem efetuando trabalhos de melhoramento gentico da cana-de-acar, criando asvariedades com a marca "SP" (So Paulo), mantendo o Centro de TecnologiaCopersucar (CTC) em Piracicaba (SP), um dos mais avanados centros de pesquisacanavieira mundial, e as estaes de pesquisa em Piracicaba, Ja e Miracatu no Estadode So Paulo e em Camamu no litoral do Estado da Bahia.

    Os trabalhos de melhoramento gentico so efetuados inicialmente nestaestao de pesquisas, onde so obtidas as sementes. Depois, estas so levadas para oEstado de So Paulo, onde so testadas em campos experimentais para seleo e, seaprovadas, posterior lanamento comercial.

    B. Fomento, extenso rural e assistncia tcnica

    As atividades de estmulo, orientao e assistncia tcnica produoagropecuria so, de modo geral, desempenhadas pelo setor pblico, por intermdiodas secretarias de Agricultura, tanto pelos rgos da administrao centralizada comopelos da descentralizada.

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    A iniciativa privada tambm tem desempenhado papel importante nesses segmentosda prestao de servios, sobretudo as grandes empresas agroindustriais interessadasna compra de produtos agropecurios e as empresas que buscam ercado para seusprodutos, como insumos e/ou servios.

    C. Elaborao de projetos

    Essa uma etapa muito importante precedente produo agropecuria. nela que so definidos os objetivos, as metas, os processos e os meios de produo,bem como os mercados e a comercializao. Porm, a grande maioria dosempreendimentos agropecurios somente faz uso de projetos tcnicos e econmico-financeiros quando quer ter acesso a financiamentos bancrios e, mesmo assim, se oagente financeiro o exigir.

    A elaborao de projetos agropecurios tem sido efetuada mais comumentepor escritrios especializados da iniciativa privada, vrios deles distribudos espa-cialmente em todos os Estados.

    D. Anlises laboratoriais

    Para boa conduo das atividades agropecurias, imprescindvel a realizaode anlises de solos, gua, folhas, adubos e corretivos agrcolas, bem como de anlisesclnicas.

    As anlises de solos so necessrias para a implantao de culturas agrcolas epara a formao de pastagens e capineiras.2

    As anlises foliares (das folhas) so as que melhor refletem as necessidadesdas plantas e pastagens no momento da retirada das amostras. De modo geral so maisutilizadas para culturas perenes.

    As anlises de adubos e de corretivos agrcolas so recomendadas sobretudoquando so adquiridas grandes quantidades. A finalidade delas comprovar avalidade das informaes dos fabricantes quanto composio. Normalmente, oslaboratrios que efetuam anlises de solos tambm fazem anlises de adubos e decorretivos agrcolas.

    2 Os principais laboratrios existentes na Bahia so os da Ceplac em Ilhus, da EBDA emBarreiras, da Embrapa em Cruz das Almas e do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas(DNOCS) em Salvador. As anlises de gua so necessrias para atividades de irrigao e de pisciculturae podem ser realizadas nos laboratrios da Empresa Baiana de guas e Saneamento S.A. (Embasa), doDNOCS e da Ceplac. Na Bahia, no existem laboratrios que faam anlises foliares rotineiramente.

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    E. Crditos e financiamentos

    As operaes de crdito so mais comumente efetuadas pelas empresasfornecedoras de insumos e de servios que, respectivamente, entregam seus produtosou prestam seus servios para receber os pagamentos em oportunidades futuras, como,

    por exemplo, na poca das colheitas ou quando ocorrer liberao de recursosprovenientes de financiamentos.

    Os financiamentos so formas de emprstimos financeiros, no caso, efetuadosaos agropecuaristas e destinados para operaes de investimento, capital de giro ecusteio agrcola e/ou pecurio.

    Os financiamentos aos agropecuaristas so mais comumente realizados porbancos estatais e por empresas interessadas na compra futura de produtos oriundos daagropecuria, em geral as agroindstrias interessadas em assegurar o abastecimento dematrias-primas a suas fbricas.

    Os principais agentes financeiros pblicos so o Banco Nacional de Desen-volvimento Econmico e Social (BNDES), o Banco do Brasil (BB), o Banco doNordeste e os bancos estaduais (na Bahia a Agncia de Fomento do Estado da Bahia

    (Desenbahia).Esses bancos operam com diversas linhas de crdito, dependendo de cada

    programa, com variaes de prazos de carncia, prazos totais, taxas de juros e formasde correo monetria.

    O BNDES, o Banco do Nordeste e a Desenbahia atuam mais intensamente naslinhas de longo prazo, para operaes de investimentos e capital de giro, enquanto oBB atua mais nas operaes de custeio e capital de giro.

    F. Defesa agropecuria

    As funes de defesa agropecuria so desempenhadas por instituiespblicas federais, estaduais e municipais, com objetivo de assegurar sobretudo a

    sanidade das plantaes e das criaes, como, por exemplo, o zelo para evitar aentrada de material gentico portador de doenas infectocontagiosas, a conduo deprogramas de combate e/ou controle de epidemias etc.

    As instituies que desempenham essas atividades na Bahia so a DelegaciaFederal de Agricultura (DFA), do Mapa e a Agncia Estadual de Defesa Agropecuriada Bahia (Adab), vinculada Seagri.

    G. Proteo e defesa ambienta!

    O crescimento da agropecuria passa necessariamente por medidas que visemao desenvolvimento sustentvel, de produo com segurana de proteo do meioambiente. Para isso j existem leis que, mesmo no sendo ainda as me-

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    lhores, precisam ser obedecidas. Por exemplo, so necessrias licenas paradesmatamento; as propriedades necessitam ter reas de reserva e no podem poluir omeio ambiente etc.

    As instituies de proteo ao meio ambiente so o Instituto Brasileiro deRecursos Naturais Renovveis (Ibama), o Centro de Recursos Ambientais (CRA) e oDepartamento de Defesa Florestal (DDF), sendo o primeiro de mbito federal e osdemais estaduais.

    H. Incentivos governamentais

    Em alguns pases, como os da Unio Europia (UE), o Japo e os EUA, osagropecuaristas tm direitos a subsdios produo, que se constituem em incentivose at mesmo em planejamento da produo com objetivo de regular a oferta de acordocom a procura.

    No Brasil, a agropecuria tributada em todos os segmentos do agronegcioe, dentro da "poltica agrcola" existente, ela tratada como uma atividade econmicaigual a qualquer outra, sem respeitar suas especificidades.

    Ento, nessa condio de atividade tributada, tm-se que procurar todas asformas possveis de incentivos disponveis, que se encontram basicamente na reduo

    de impostos estaduais para alguns insumos e para alguns produtos agropecurios.

    I. Comunicaes

    Os meios de comunicao so to importantes para a agropecuria quantopara qualquer outra atividade empresarial. S a ttulo de exemplo, nos EUA 52% daspropriedades rurais tm acesso Internet. No Brasil, embora sem estatstica oficial,provavelmente esse percentual no chegue a 2%. Ento, j estamos numa poca emque telefone no meio rural no s para transmitir recados; ele j tem uma funo deintegrao com a economia globalizada. Os demais meios de comunicao passam aser necessrios, j muito mais no sentido de imprimir no meio rural a caracterstica dequalidade de vida.

    J. Infra-estrutura

    A infra-estrutura externa propriedade mais importante , sem dvida, aforma de entrada de insumos e sada de produtos, ou seja, as estradas de acesso.

    Todos os detalhes tm de ser analisados, como capacidade de suporte depontes, ladeiras e/ou curvas que impeam a entrada ou sada de transporte de grandecapacidade, formas alternativas de transporte e outras, desde o local de origem dosinsumos at a propriedade, bem como o fluxo inverso de sada de produtos at oprimeiro comprador, durante todos os dias do ano.

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    Outro fator importante a disponibilidade de energia eltrica. necessrioverificar no s a disponibilidade de rede de transmisso, mas sobretudo a de cargaeltrica, para no correr o risco de dimensionar equipamentos para uma demandasuperior oferta disponvel de energia.

    L. Treinamento de mo-de-obra

    A mo-de-obra rural no Brasil uma das menos preparadas para as atividadesque desempenha, como resultado de uma evoluo muito rpida das tecnologias, noacompanhada por treinamento suficiente e, mesmo, porque o nvel de instruo dapopulao rural , em mdia, muito baixo, o que dificulta a maior velocidade doaprendizado, bem como a absoro de ensinamento mais elevado.

    Algumas instituies tm-se preocupado com esse segmento da mo-deobra,porm incipiente em relao necessidade. Nesses esforos esto os trabalhosdesenvolvidos por instituies de extenso rural: EBDA, na Bahia; o Servio Nacionalde Aprendizagem Rural (Senar); o Servio Brasileiro de Apoio s Micro e PequenasEmpresas (Sebrae); as Secretarias do Trabalho dos governos estaduais; algumas

    Organizaes No Governamentais (ONG) e outras.A maioria desses trabalhos est voltada para o treinamento, e no exatamente

    para a aprendizagem, de mo-de-obra, sobretudo o trabalhador rural, em adoo denovas tcnicas, geralmente as mais simples. Com isso esto aparecendo vcuos, comoo da gesto dos negcios, da comercializao e das tcnias mais avanadas ou maisexigentes, alm de faltar continuidade dos treinamentos, quando os "treinados" vopara a prtica do "aprendido".

    M. Assentamentos dirigidos

    O Brasil , em mbito mundial, a ltima grande fronteira agrcola e conta comgrandes reas improdutivas, pertencentes ao governo e iniciativa privada. Para

    ocupar essas reas existem leis e, para algumas, j h projetos prontos, tanto por partedo governo como da iniciativa privada, sobretudo por intermdio de cooperativas.Normalmente, nesse caso, so projetos maiores e mais empresariais, loca-

    lizados em reas de fronteiras agrcolas ou em permetros irrigados. No geral, essesprojetos trazem tambm uma srie de infra-estrutura e de servios de apoio, nor-malmente no encontrados em projetos isolados.

    2.2 SEGMENTOS DENTRO DA PORTEIRA

    Os segmentos produtivos que se realizam "dentro da porteira" constituem aproduo agropecuria propriamente dita, os quais so divididos em

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    SEGMENTOS DOS SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS 49

    subsegmentos distintos: agricultura (ou produo agrcola) e pecuria (ou criao deanimais).

    "Dentro da porteira" significa dentro das fazendas, desde as atividades iniciaisde preparao para comear a produo at a obteno dos produtos agropecurios innaturaprontos para a comercializao.

    Uma classificao difcil a agroindustrializao verticalizada dentro dasfazendas, como, por exemplo, laticnios, fumo em corda, acar, rapadura, cachaa,

    lcool, doces, polpas de frutas e outros, cujos produtos j saem processados dasfazendas. A rigor, esses produtos so processados dentro das fazendas, mas cons-tituem-se uma etapa posterior produo agropecuria, com caractersticas bastantediferenciadas do processo de produo agropecuria. Portanto, a agroindustrializaoverticalizada dentro das fazendas no faz parte do segmento do agronegcio "dentroda porteira", mas "depois da porteira".

    2.2.1 Produo agrcola

    A produo agrcola compreende o conjunto de atividades desenvolvidasno campo, necessrias ao preparo de solo, tratos culturais, colheita, transporte e ~armazenagem internos, administrao e gesto dentro das unidades produtivas ~

    (as fazendas), para a conduo de culturas vegetais.De modo geral, os analistas, os profissionais da rea e os prprios empresrios

    no incluem a administrao e a gesto dos empreendimentos agrcolas, comocomponentes do segmento dentro da porteira. Isso leva a um erro grave, sobretudoporque, procedendo assim, excluem a gerao de empregos e boa parcela dos custosde produo, sugerindo viabilidades econmicas nem sempre verdadeiras enegligenciando a importncia desses aspectos.

    Com o objetivo de melhor entender o que ocorre em uma produo agrcola, necessrio entender as principais atividades que so realizadas e, para possibilitar esseentendimento, a seguir so apresentados alguns conceitos bsicos em agricultura.

    A. Ciclo vegetativoo ciclo vegetativo de uma espcie vegetal o tempo necessrio para que as

    plantas processem suas atividades biolgicas para obteno de produtos maduros eprontos para reproduo de novas plantas, ou seja, da germinao colheita.

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    B. Plantas anuais, plantas perenes e plantas semiperenes

    Asplantas anuais so as que completam seu ciclo vegetativo e morrere. emmenos de um ano. Ou seja, nascem, crescem, frutificam e morrem em meno~ de um

    ano, reproduzindo uma nica vez. Assim, aps o trmino de cada colheitc. necessrio proceder-se a tudo de novo, desde o preparo de solos, plantio, tratosculturais e colheita novamente. Como exemplos de culturas anuais: arroz, feij~.cevada, soja, milho, sorgo, amendoim, batata, alho, cenoura, melancia, abbora.melo, alface.

    Algumas culturas apresentam ciclos bianuais (mais de um ano para completaro ciclo vegetativo), como algumas variedades de mandioca, abacaxi, cebola.

    J

    As culturas perenes so as que, aps plantadas, reproduzem por v-rias vezes sem a morte vegetativa da planta-me. Assim, por muitos anos, elas flo-rescem e frutificam sem a necessidade de novo plantio. Por exemplo: mangueira.coqueiro, dendezeiro, cacaueiro, laranjeira, limoeiro, jaqueira.

    As culturas semiperenes so as que florescem e frutificam algumas POLcas

    vezes sem necessariamente haver novo plantio, algumas porque perfilham, corr::brotos laterais emergindo do solo, e outras que produzem normalmente por doi5 a trsanos. Como exemplos das plantas que perfilham, so citadas a banan