edição 78 - revista agronegocios

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1 MAR 2013

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Edição 78 - Revista Agronegocios

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3MAR2013

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4MAR 2013

DES

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leit

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FÉAD

UBO-

VERD

ECA

FÉDI

REI

TO

Reconhecimento e controle do Bicho MineiroConsiderada uma das principais pragas da cafeicultura, o Bi-cho Mineiro é tema do artigo da pesquisadora Andréa Oliveira. Desde a biologia do inseto até indicação de controle.

Utilização de leguminosas na Adubação Verde

Artigo do pesquisador Carlos Bar-radas, da Pesagro-Rio, orienta os agricultores sobre a importância da utilização de leguminosas em siste-mas de produção.

A inconstitucionalidade da cobrança do FUNRURALArtigo do advogado André An-tunes, que busca, de forma su-cinta e didática, mostrar as con-siderações feitas à cobrança já declarada inconstitucional pelo Superior Tribunal Federal.

Mão de Obra compromete 20% da receita no leiteArtigo do CEPEA-ESALQ e da Superintendência Técnica da CNA mostra o peso da mão de obra na atividade leiteira, chegan-do a comprometer nos estados do Centro Oeste e no Sudeste brasileiro cerca de 20% da receita obtida com a venda do leite.Paralelamente ao custo, o produ-tor enfrenta a difi culdade de en-contrar profi ssionais especializa-dos. Segundo os pesquisadores: uma reclamação constante no setor.

Planejamento é importanteTAMBÉM NA PECUÁRIA DE LEITE

Mancha Aureolada gera preocupação no setorA incidência da bacteriose au-mentou nos últimos meses e pode ser observada em várias regiões produtoras de café do país.

8

16

14

24

EDITORIAL

30

18CAFÉ

Nutrição do cafeeiro na fase de frutificaçãoNono artigo do pesquisador Re-nato Passos Brandâo, do Grupo Biosoja, sobre a importância da nutrição para o cafeeiro. Neste mês destaque para a fase de frutifi cação.

Não há mais lugar para empresários rurais que não planejem o seu negócio. Não adi-

anta mais apenas conhecer como plantar ou criar, adubar ou curar doenças, época ideal de colheita ou de abate, raça ou variedade. É preciso mais.

A globalização, o apareci-mento de novos concorrentes e a agressividade do mercado exige mais que simplesmente “gostar de ser agricultor ou pecuarista”.

Nesta edição, apresentamos artigo importante do CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, de Piracicaba, abrangendo a atividade leiteira nas principais bacias produtoras do país.

No Sudeste e no Centro Oeste, o estudo comprovou que o custo da mão de obra na pecuária leiteira pode comprometer até 20% da receita obtida com a ven-da do leite.

Desta forma, caso o pecu-arista não tenha um planeja-mento bem feito de sua ativi-

dade, corre o risco de “dar com os burros n’água”. Para que isto não aconteça, sugerimos que o produtor rural procure orienta-ções técnicas.

Também nesta edição, apresentamos três artigos impor-tantes sobre a cafeicultura. No primeiro, mostramos a preocu-pação de cafeicultores de várias regiões produtoras do país com o aumento da incidência bactéria causadora da Mancha Aureolada.

No outro - mais uma con-tribuição do pesquisador Renato Passos Brandão, do Grupo Bio-soja, mostra a importância da nutrição do cafeeiro na fase de frutifi cação.

E no terceiro, a pesquisa-dora Andréa Oliveira fala so-bre o Bicho-Mineiro, praga que necessita de reconhecimento e controle efetivo, já que é um dos principais responsáveis por que-das na produção de café.

A partir desta edição pas-saremos a contar com o articu-lista André Antunes, advogado especializado em assuntos do meio rural.

Abraços e boa leitura!

Page 5: Edição 78 - Revista Agronegocios

5MAR2013

EVENTO

A Agrishow, consolidada como a principal feira do setor agro da América Latina, completa 20 anos de história em 2013. Programada para os dias 29 de abril a 03 de maio, em Ribeirão Preto (SP), a feira

terá uma área total de 440 mil m², uma vitrine do que há de mais moderno em tecnologia para o agronegócio.

A feira terá a participação de 790 expositores, entre fabricantes de máquinas e equipamentos agrícolas, insumos, ferramentas, associações de classe, centros de pesquisa e universidades, e instituições fi nanceiras que apresentarão as mais modernas tecnologias e soluções para pequenas, mé-dias e grandes propriedades rurais. A expectativa é receber um público visitante de 152 mil pessoas.

Uma facilidade para os visitantes é a maior regiona-lização por áreas. Para otimizar sua visita, o produtor ru-ral poderá ir diretamente a setores da feira que concentram expositores de irrigação, armazenagem, agricultura de pre-cisão, ferramentas, aviação, caminhões, ônibus, transbordos, automobilístico, máquinas para construção, pneus, pecuária,

AGRISHOW 2013 será marcada pelaCOMEMORAÇÃO DOS 20 ANOS DA FEIRA

sementes, defensivos e adubos.Diversas melhorias serão implantadas no local do

evento, graças, principalmente, à concessão da área de ex-posição por 30 anos, assinada na edição de 2012 da feira. “A concessão tirou a insegurança jurídica, criando um ambien-te motivador para investimentos. Teremos um comitê que avaliará as melhorias que poderão ser implementadas para expositores e visitantes. Após a realização da feira deste ano, será elaborado um plano diretor de investimentos”, informa o presidente da Agrishow, Maurilio Biagi Filho.

As demonstrações de campo, consideradas o DNA da Agrishow, terão novidades para o público. Uma delas é a criação do Núcleo da Tecnologia, com plots comparati-vos de sementes, adubos e defensivos agrícolas de culturas como milho, cana de açúcar e pastagens. A outra novidade é a implantação em parceria com a Embrapa de uma área de 16 hectares com diversos manejos de integração lavoura pecuária fl oresta (ILPF).de 16 hectares com diversos manejos de integração lavoura

A

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6MAR 2013

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7MAR2013

Page 8: Edição 78 - Revista Agronegocios

8MAR 2013

LEITE

Mão de Obra compromete cerca de 20% da receita doPECUÁRIA DE LEITE NO SUDESTE E CENTRO OESTE 1

O aumento do salário mínimo federal para R$ 678,00, a partir de janeiro de 2013, com reajuste de

9%, traz à tona, mais uma vez, o peso da mão-de-obra na atividade leiteira. Nos Estados do Centro-Oeste e Su-deste, este peso é maior, comprome-tendo cerca de 20% da receita obtida com a venda do leite.

Nos Estados do Sul, onde existe maior escala de produção e também grande participação da mão-de-obra familiar, a contratação de fun-cionários compromete em torno de 10% da receita do leite.

Paralelamente ao custo, o produtor enfrenta a difi culdade de encontrar profi ssionais especia-lizados, reclamação constante no setor. Quando encontra bons tra-balhadores, o produtor precisa pagar salários elevados face à disputa por

350 litros, respectivamente.O Estado de São Paulo foi o que apresentou a menor

produtividade da mão-de-obra, apenas 170 litros/homem/dia. No outro extremo, Paraná foi o mais efi ciente, com 700 litros, seguido pelo Rio Grande do Sul e Minas Gerais, com 345 e 320 litros, respectivamente. Goiás e Santa Catarina, que completam a pesquisa, tiveram médias de 240 e 195 litros.

Essa relação entre desembolso com mão-de-obra e produtividade indica a necessidade de elevação na efi ciên-cia produtiva, de modo a diluir o peso dos salários no custo de produção. A utilização de máquinas e equipamentos mais práticos, treinamento constante da mão-de-obra, estrutura-ção e análise de indicadores relacionados ao uso do maqui-nário e insumos são algumas iniciativas que podem auxiliar o produtor a melhorar a produtividade de seus colaboradores.

O Custo Operacional Efetivo (COE), composto por todos os gastos usuais da propriedade, e o Custo Operacio-nal Total (COT), que considera também as depreciações dos bens de produção e o pró-labore do produtor, seguiram novamente estáveis, em dezembro, como vem ocorrendo desde setembro.

Esse estudo leva em consideração os Estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, cujos dados possibilitam o estabelecimento da “Média Brasil” do custo de produção da pecuária de leite Cepea, em parceria com a CNA.

1 - Publicado originalmente no Boletim Ativos da Pecuária de Leite, Edição 25, fevereiro 2013, elaborado pela Superintendência Técnica da CNA (Con-federação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e do CEPEA (Centro de Estu-dos Avançados em Economia Aplicada) da ESALQ/USP.

seus serviços.A pesquisa de custos de produção do Centro de Estu-

dos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mostra que, dos 19 painéis (reuniões de pesquisadores com produtores e técnicos locais) realizados nos seis principais Estados (Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo), 95% contam com ordenha mecanizada – o parâmetro de produtividade para a ordenha manual e mecânica são de, pelo menos, 150 e

PARÂMETRO DE SOLO 0-20cm

PROFUNDIDADE

698,6343,6322,0241,9194,0169,8

ÉPOCA

Tabela 1: Produtividade da mão-de-obra e participação na re-ceita do leite.

27/01/2011 02/04/2012ANTES CVD DEPOIS CVD

PRRSMGGOSCSP

9,2%11,7%19,1%20,9%9,2%

23,9%

FONTE: Cepea/CNA

FOTO

: Divu

lgaç

ão C

ATI/S

AA-

SP

Page 9: Edição 78 - Revista Agronegocios

9MAR2013

MEIO AMBIENTE

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10MAR 2013

LEITE

COE diminuiu 1,8% e o COT 1,5%. Além da estabilidade de alguns itens de produção, as quedas de 4,6% no gasto com concentrado (devido à escolha do produtor por fontes alternativas para a ração animal), de 2,6% do material de ordenha e de 1,7% dos defensivos agrícolas contribuíram para a redução do custo. Frente a dezembro de 2011, o COE aumentou 12,7% e o COT 10%.

O produtor gaúcho também teve diminuição no de-sembolso para produzir leite. Apenas vacinas, medicamen-tos para controle parasitário e combustível apresentaram e-levação, reajustados em 4,9%, 0,6% e 0,4% respectivamente, em relação a novembro. O restante dos itens se manteve praticamente estável. Já no caso dos fertilizantes e do concentrado, em dezembro, houve reduções de 2,3% e 0,9%, respectivamente. Essa combinação resultou na queda de 0,3% do COE e do COT, quando comparados aos de no-vembro. Já em relação a dezembro/11, o COE subiu 17% e o COT avançou 15%.

No Paraná, a queda do COE e do COT foi bem redu-zida de um mês para outro, sendo mantida a estabilidade do custo de produção dos meses anteriores. Em dezembro, o COE caiu 0,32% e o COT, 0,29%. As ligeiras quedas ocorre-ram em decorrência da redução de 4,8% no desembolso com fertilizantes, o que barateou a produção de alimentos volu-mosos. Apesar dos aumentos do concentrado e dos defen-mosos. Apesar dos aumentos do concentrado e dos defen-

Se comparado a novembro de 2012, o COE teve leve queda de 0,14% e o COT de 0,10%. Goiás, São Paulo e Minas Gerais apresentaram pequenos aumentos no COE e COT, principalmente porque a soja e o milho são as principais al-ternativas para a alimentação concentrada do rebanho.

E foi justamente nestes Estados onde se registraram os maiores aumentos do milho em relação a novembro do ano passado. Em Goiás, por exemplo, o grão teve acréscimo de 4,3%. Tal fato se justifi ca na elevação da demanda para o reabastecimento dos estoques num período de entressafra e exportações aquecidas. Nos três Estados do Sul, no entanto, a possibilidade de utilização de outros produtos para com-por a ração animal permitiu ao pecuarista reduzir o custo de produção, já que o concentrado é o item de maior represen-tação no COE.

Goiás foi o que apresentou os maiores aumentos men-sal e anual do COE. Em relação à novembro de 2012, o COE avançou 1,2% e, na comparação com dezembro de 2011, 23,5%. Mesmo com a queda de 1,3% do preço do farelo de soja, a alta na cotação do milho elevou em 1,3% os gastos com concentrado em dezembro. Outro item que afetou os dispêndios do produtor, no mês, foi a suplementação mi-neral, cujo aumento foi de 5,9%. Os demais itens do custo de produção continuaram estáveis.

O COE e COT também registraram leves aumentos em Minas Gerais, de 0,6% e 0,5% em relação a novembro. Essas pequenas variações refl etem a estabilidade da maio-ria insumos, mas também o aumento no preço de insumos importantes, como sementes forrageiras suplementação mi-neral (ambos com 4,3%) e do concentrado (1,6%). O COE de dezembro subiu 17,3% em relação ao índice de dezembro de 2011 e o COT se elevou em 14,2%.

Em São Paulo, de novembro para dezembro, o COE aumentou 0,6% e o COT, 0,7%. As pequenas variações são consequência do aumento de 0,9% do gasto com concen-trado, de 8,5% com sementes forrageiras e da estabilidade dos outros componentes do custo de produção. O aumento do preço das sementes decorre da maior demanda para im-plantação de pastagens com o início das chuvas. Em um ano, a contar de dezembro de 2011, o COE em São Paulo subiu 14% e o COT, 10,7%.

Santa Catarina apresentou as maiores quedas no cus-to de produção, entre novembro e dezembro, sendo que o

Tabela 2 - Preço médio do leite pago ao produtor (em valores nominais) e do Custo Operacional Efetivo (COE) - média dos Estados de GO, MG, PR, RS, SC e SP.

FONTE: Cepea-Esalq/USP

INSUMOS

1.489,111,9

46,19

ESTADO DO PARANÁ

Tabela 3 - Relação de troca de leite por uréia, glifosato e rações com 18% e 22% de PB (proteína bruta).

MESESnov/12

Uréia (t)Glifosato (L)Ração 18% PB (40kg)

dez/12 dez/11 mês ano1.420,2

11,245,45

1.315,98,5

-

-4,6%-5,9%-1,6%

7,9%31,8%

-

VARIAÇÃO

1.589,811,9

48,22

ESTADO DO PARANÁMESES

nov/12 dez/12 mês ano1.660,9

12,047,93

1.580,48,2

-

4,5%0,5%

-0,6%

5,1%46,3%

-

VARIAÇÃO

1.475,611,8

44,80

ESTADO DO SANTA CATARINAMESES

nov/12 dez/12 mês ano1.463,7

11,343,49

1.492,77,1

-

-0,8%-3,6%-3,2%

-1,9%59,6%

-

VARIAÇÃOdez/11 dez/11

INSUMOSESTADO DE MINAS GERAIS

MESESnov/12 dez/12 dez/11 mês ano

VARIAÇÃOESTADO DE SÃO PAULOMESES

nov/12 dez/12 mês anoVARIAÇÃO

ESTADO DE GOIÁSMESES

nov/12 dez/12 mês anoVARIAÇÃO

dez/11 dez/111.532,1

17,950,5

Uréia (t)Glifosato (L)Ração 18% PB (40kg)

1.488,119,252,1

1.529,217,4

-

-2,9%7,4%3,2%

-2,7%10,3%

-

1.492,118,1

56,95

1.430,418,7

60,35

1.363,916,3

-

-4,1%3,3%6,0%

4,9%14,9%

1.507,310,440,9

1.533,19,1

41,9

1.600,08,0

-

1,7%-12,6%

2,5%

-4,2%14,1%

-

FONTE: Cepea/CNA

Page 11: Edição 78 - Revista Agronegocios

11MAR2013

LEITE

Page 12: Edição 78 - Revista Agronegocios

12MAR 2013

sivos agrícolas, os custos de produção diminuíram no mês. Entre dezembro/11 e dezembro/12, no entanto, houve au-mento de 23% do COE e de 21% do COT.

Os preços de alguns insumos da atividade leiteira ti-veram comportamentos distintos, de novembro para dezem-bro, entre as regiões pesquisadas pelo Cepea. No balanço, os custos de produção seguiram praticamente estáveis, mas se mantiveram num dos maiores níveis desde o início da pes-quisa, em janeiro de 2008 - média ponderada dos custos de produção nos estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná, RioGrande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

A alimentação concentrada subiu especialmente no Sudeste e Centro-Oeste. Em contrapartida, fi cou mais barata na região Sul.

A expectativa de agentes de mercado para o início de 2013 é de que, com a colheita da safra de grãos, os preços da alimentação concentrada recuem, o que poderá ajudar a contrabalançar o aumento do salário mínimo. É fato que,

em dezembro de 2012, o poder de compra do produtor de leite piorou em relação à maioria dos insumos utilizados nos sistemas de produção típicos, captados nas pesquisas do Ce-pea em parceria com a CNA, no comparativo com dezem-bro/11.

A alta na alimentação concentrada, cujo custeio requer cerca de 40% da renda obtida com a venda do leite veio do encarecimento de suas principais matérias primas, caso do milho e do farelo de soja. Já os fertilizantes e defensivos, que têm os preços de muitos de seus componentes atrelados ao mercado internacional, tiveram impacto da desvalorização do real frente ao dólar, em 2012 – que encareceu o produto no mercado interno.

Na região Sul, a relação de troca de leite por glifosato em um ano (dezembro/12 frente a dezembro/11), por e-xemplo, piorou em média 46%, considerando os três Esta-dos.

A maior diferença foi para o produtor catarinense que, na comparação com dezembro/11, gastou 4,2 litros a mais de leite para adquirir um litro do herbicida.

No caso da uréia, o produtor paranaense desembolsou, em dezembro/12, quase 105 litros de leite a mais, com um incremento de 8% em relação ao mesmo período do ano an-terior.Na comparação com o mês de novembro, o preço da ração comercial na região Sul recuou, diferente do visto em outros Estados da pesquisa.

Essa queda se deve, principalmente, segundo agentes consultados pelo Cepea, à maior gama de produtos capazes de substituir o milho e o farelo de soja na composição da mistura.

Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, em dezembro, os gastos com alimentação concentrada ainda subiram mais um pouco. O destaque foi o Estado de São Paulo, onde a relação de troca de leite por ração com 22% de PB (proteína bruta) piorou 6%, um acréscimo de 2,5 litros de leite por saco de 40 kg. No caso dos fertilizantes, importantes para o estabeleci-mento das pastagens nessa época, os preços, em sua maioria, diminuíram.

Em São Paulo, a pressão se justifi ca especialmente pela baixa demanda do fi m do ano, decorrente dos menores preços recebidos por produtores de cana de açúcar e citros. Com isso, o poder de compra do produtor de leite melhorou cerca de 4% em dezembro, o que representou a economia de 62 L de leite para a compra de uma tonelada de uréia.

ITENS

42,8%11,2%10,6%5,6%4,1%3,8%3,6%2,2%2,1%1,8%1,7%1,7%1,1%0,8%0,4%0,0%

Tabela 5 - Variações dos itens que compõem o Custo Opera-cional Efetivo (COE) da pecuária de leite - Média Ponderada para GO, MG, PR, RS, SC e SP *

% EM RELAÇÃO ÀRENDA DO LEITE(dezembro 2012)

ConcentradoSilagemMão de obra contratada para manejoMedicamentosForrageiras anuaisEnergia e combustívelGastos administrativos, impostos e taxasSuplementação mineralManutenção - Máquinas/ImplementosManutenção - BenfeitoriasAssistência TécnicaMaterial de OrdenhaInseminação Artifi cialManutenção - Forrageiras PerenesTransporte do LeiteOutros

0,1%-1,0%0,0%1,1%

-3,3%0,3%0,0%1,7%0,0%0,0%0,0%

-0,1%0,0%

-0,8%0,0%0,0%

VARIAÇÃODO MÊS

(dez. 2012)

* A produção de leite dos 6 estados da pesquisa representa 75% do total produzido no Brasil (PPM-IBGE, 2011). O cálculo é baseado nos painéis do custo de leite e ponderado pela produção dos estados (IBGE), de modo que encontram-se na amostra sistemas de produção distintos em relação aos re-sultados técnico-econômicos, que refl etem a realidade dos produtores naquele momento. FONTE: Cepea/USP - CNA

1 - Custo Operacional Efetivo; 2 - Custo Operacional Total; 3 - Inclui frete e impostos; 4 - Média ponderada dos estados de GO, MG, PR, RS, SC e SP.FONTE: Cepea/USP - CNA

ESTADOS

1,15%0,60%

-0,32%-0,36%-1,84%0,66%

-0,14%

COE 1

Tabela 4 - Variação mensal e acumulada dos custos de produção de leite em dezembro.

dezembro 2012

GoiásMinas GeraisParanáR. Grande do SulSanta CatarinaSão PauloBRASIL 4

23,55%17,33%23,41%16,99%12,69%13,99%20,00%

23,55%17,33%23,41%16,99%12,69%13,99%20,00%

Acumulado no ano

Acumulado 12 meses

0,94%0,54%

-0,29%-0,31%-1,52%0,73%

-0,10%

COT 2

dezembro 2012

18,05%14,20%20,98%15,18%10,01%10,74%17,15%

18,05%14,20%20,98%15,18%10,01%10,74%17,15%

Acumulado no ano

Acumulado 12 meses

-1,78%-1,06%2,10%

-0,45%1,43%0,26%0,65%

PREÇO BRUTO LEITE (R$/litro) 3

dezembro 2012

8,38%6,97%6,03%1,70%

-0,21%3,82%5,59%

Acumulado no ano

Acumulado 12 meses

8,38%6,97%6,03%1,70%

-0,21%3,82%5,59%

14,5%36,4%15,9%16,1%10,5%

6,7%-

Ponderações

A

LEITE

Page 13: Edição 78 - Revista Agronegocios

13MAR2013

Page 14: Edição 78 - Revista Agronegocios

14MAR 2013

TECNOLOGIA

Utilização de leguminosas nas práticasDA ADUBAÇÃO VERDE

Carlos Antonio de Almeida Barradas 1

A técnica da adubação verde consiste em introduzir, em um sistema de produção, a espécie apropria-da para depositar sobre o solo ou incorporar sua massa vegetal.

Os benefícios da prática da adubação verde relacio-nam-se diretamente com o ganho de matéria orgânica no sistema, proporcionando melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo (ESPÍNDOLA et al., 1997), estimulando a atividade microbiana e, consequentemente, proporcionando, através da concorrência, redução do po-tencial de inóculo de agentes patogênicos que vivem no solo, como fungos, bactérias e nematóides.

A introdução de cultivos de adubos verdes na proprie-dade promove, ainda, a quebra do ciclo vegetativo das várias espécies que compõem a vegetação espontânea, impedindo-as de produzir e lançar sementes e propágulos vegetativos ao solo, ao mesmo tempo em que parte desse material perde sua viabilidade devido ao impedimento à sua germinação e desenvolvimento. Como consequência, obtém-se menor in-festação de plantas concorrentes no plantio da cultura sub-sequente.

Na maioria das propriedades rurais do Estado do Rio de Janeiro, predomina a pequena produção familiar, o uso intensivo do solo e o elevado aporte de insumos químicos nos sistemas de produção. O manejo inadequado, baseado no conhecimento empírico do produtor, cria desequilíbrios no solo, capazes de comprometer a produtividade dos culti-vos comerciais, muitas vezes exigindo o aporte de elevadas quantidades de agrotóxicos para defender as lavouras do ataque de pragas e doenças.

O restabelecimento do equilíbrio mineral e biológico do solo é meta que deve ser perseguida pelo produtor, pois plantas bem nutridas tendem a apresentar menores pro-blemas fi topatogênicos e, consequentemente, demandam menores gastos com agrotóxicos. Assim, é recomendável que o produtor providencie a análise da fertilidade de suas terras, a fi m de conhecer a capacidade de nutrição do solo antes de efetuar a calagem e a adubação mineral.

A introdução do adubo verde deve ser prática pre-viamente planejada dentro da propriedade, considerando as diferentes características das espécies que apresentam potencial para esse fi m. Além disso, é recomendável que o produtor tenha em mente que os melhoramentos em seu sistema de produção podem não vir de imediato, pois, como se trata de sistema, é preciso que se dê tempo para que o processo possa dar resposta.

ESCOLHA DA ESPÉCIE A SER CULTIVADA - A es-colha da espécie de adubo verde a ser introduzida no sistema é de suma importância, uma vez que cada uma apresenta características próprias que devem ser consideradas, objeti-vando, assim, melhor aproveitamento da prática. A espécie a ser introduzida deve, primeiramente, ser capaz de melhorar os fatores limitantes à produtividade, atendendo, emsegundo plano, a objetivos secundários mais amplos, como a melhoria de todo o sistema. Assim, se o produtor detectar a presença de nematóides no solo que estejam limitando a produção da cultura comercial, a escolha deverá recair em espécie capaz de reduzir o potencial de inóculo desse micro-organismo no solo, como as crotalárias.

Se a intenção do produtor é elevar a disponibilidade de nitrogênio no solo, a escolha deverá ser por uma legumi-nosa, capaz de incorporar ao sistema elevadas quantidades de nitrogênio através da fi xação biológica. Ao contrário, se o solo contiver elevadas quantidades de nitrogênio, fruto de repetidas adubações com esse nutriente, deve-se preferir o cultivo de espécies da família das gramíneas, pois a palhada produzida tem maior capacidade de promover a imobili-zação de parte desse nutriente livre e que pode trazer pro-blemas à produtividade da cultura comercial.

A fertilidade do solo é fundamental para a escolha da espécie do adubo verde, uma vez que a produção de massa verde vai depender do adequado suprimento de nutrientes pelo solo. As espécies diferenciam-se muito em relação à tolerância e à baixa fertilidade do solo. A escolha de espécie inadequada certamente comprometerá o seu rendimento. O produtor deve considerar, também, as características da sua propriedade, como topografi a, altitude, tipo de solo e dis-ponibilidade de água para irrigação.

1 - Eng. Agr., M.Sc. Pesquisador da PESAGRO-RIO/Estação Experimental de Nova Friburgo. Rua Euclides Sólon de Pontes, 30 - Centro - 28601-970 - Nova Friburgo-RJ. E-mail:[email protected]

Campo com Mucuna-Preta (Stizolobium aterrimum)

FOTO

: Divu

lgaç

ão P

iraí S

emen

tes

Page 15: Edição 78 - Revista Agronegocios

15MAR2013

TECNOLOGIAOutra preocupação é com a possível concorrência do

adubo verde com as espécies econômicas que normalmente cultiva. Em pomares devem-se evitar adubos verdes de cres-cimento indeterminado, devendo a escolha recair em espé-cie capaz de formar colchão vegetativo nas entrelinhas e, assim, protegê-lo da erosão, auxiliando na manutenção da umidade.

O produtor não deve perder de vista que, quando se trabalha com adubos verdes, almeja-se a melhoria de todo o sistema agrícola. Cultivos comerciais sequenciais, sem o mínimo de preocupação com a reposição da matéria orgâni-ca e dos nutrientes do solo, levam ao seu rápido esgotamen-to, com consequências socioeconômicas às comunidades que vivem da produção agrícola.

Assim como na vida, em que dos erros é que se tiram as experiências mais positivas, é com a experiência que o produtor aprende e tira o melhor proveito da técnica da adubação verde em sua propriedade.

PLANTAS MAIS UTILIZADAS

A) - Família das LeguminosasAs leguminosas têm sido preferidas para a adubação

verde devido à capacidade de se associarem simbioticamente às bactérias do gênero Rhizobium e Bradyrhizobium, que fi xam o nitrogênio atmosférico. A bactéria forma nódulos nas raízes das plantas, sendo facilmente destacáveis sob leve pressão, diferenciando-se, assim, das estruturas formadas

pelos germes de solo denominados nematóides, que fi cam fortemente aderidos e muitas vezes se confundem com as próprias estruturas da raiz.

Os nematóides causam baixas importantes na produção de muitas espécies comerciais. A diferenciação das estrutu-ras formadas por esses dois microrganismos é importante, pois muitas leguminosas, inclusive, apresentam elevada sus-cetibilidade aos nematóides.

As sementes das leguminosas podem ser inoculadas com a bactéria Rhizobium, que é específi ca para cada espécie de leguminosa. A técnica está descrita em De-Polli e Franco (1985) e consiste em cobrir as sementes com inoculante à base de turfa, contendo elevadas concentrações da bactéria e pode aumentar a efi ciência da simbiose, promovendo a elevação da capacidade de fi xação biológica do nitrogênio atmosférico.

Devido à simbiose com o Rhizobium, a palhada das leguminosas normalmente apresenta maiores teores de ni-trogênio quando comparada à de outras espécies. Essa carac-terística é importante, uma vez que possibilita maior rapidez na decomposição dos restos vegetais.

B) - Família das GramíneasAlgumas espécies da família das gramíneas têm mer-

ecido destaque, pois são capazes de acumular elevadas quan-tidades de matéria verde, mesmo em condições de baixa fer-tilidade do solo. As gramíneas apresentam elevado

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desenvolvimento radicular superfi cial, o que favorece a ativi-dade dos microorganismos do solo, que exercem forte com-petição com muitos agentes causadores de moléstias das plantas cujas cepas conseguem sobreviver no solo. O milho é o me-lhor exemplo dessa família, sendo muito utilizado em sistemas de rotação de culturas por promover boa desinfecção do solo, reduzindo, assim, a população de fi topatógenos. A aveia-preta também é indicada para cultivo em áreas contaminadas por nematóides.

A palhada das gramíneas normalmente é mais pobre em nitrogênio, sendo, por isso, de decomposição mais lenta no solo, o que pode ser benéfi co ou não, dependendo do ponto de vista. Decomposição mais rápida signifi ca maior mineralização e, con-sequentemente, maior disponibilização de nutrientes para as plantas; decomposição mais lenta, ao contrário, signifi ca maior tempo de ação dos microrganismos no solo, o que traz benefí-cios de outra natureza, como, por exemplo, aumentar o período de residência da matéria orgânica no solo. Em solos excessiva-mente adubados com nitrogênio, como nas áreas de produção de hortaliças, a decomposição da palhada pode ocorrer de forma mais rápida, já que a atividade microbiológica será estimulada pela abundância desse elemento.

Entretanto, o uso das gramíneas merece maior cuidado por parte do produtor, pois a maioria das espécies se propaga vegetativamente, podendo, em poucos anos, estabelecer-se na área e fazer concorrência direta por nutrientes, luz e água com a cultura comercial. Assim, o que deveria ser um benefício ini-cialmente, pode se transformar em problema.

C) - Espécies de outras famíliasAlgumas espécies, como a colza e o nabo forrageiro, rep-

resentantes da família das brássicas, têm sido utilizadas como adubos verdes. Entretanto, essas espécies são bas-tante exigentes em fertilidade do solo, além de não se adaptarem ao clima quente da maior parte do Estado do Rio de Janeiro. Nas regiões de serra, o cultivo é possível, embora não recomendável em áreas de cultivo de couve-fl or e brócolis, que são muito sensíveis ao fungo de solo que causa a hérnia das crucíferas.

O girassol (família Compositae) e a espérgula (famí-lia Cariofi lácea) são espécies que merecem menção, em-bora sejam muito exigentes em fertilidade do solo, o que tem limitado o seu cultivo em algumas regiões do país.

4. Recomendações para o cultivo de adubos verdesAo decidir introduzir cultivos de adubos verdes em

seu sistema de produção, o produtor deve atentar par al-gumas recomendações a fi m de otimizar os benefícios da prática:

• A espécie escolhida deve ser apta ao cultivo na época em que o produtor normalmente deixa suas ter-ras em pousio. Assim, o produtor não estará deixando de obter remuneração da propriedade.

• A espécie escolhida não deve ser da mesma famí-lia das espécies econômicas que o produtor normalmente cultiva. Isso evita a disseminação de pragas e doenças cu-jos agentes podem sobreviver no solo.

• A espécie escolhida deve ser capaz de se adaptar às condições de fertilidade das terras, a fi m de potencializar a produção de massa vegetal.

• Espécies de adubos verdes são cultivadas para serem decepadas, incorporadas ou não ao solo, antes de serem capazes de produzir e jogar ao solo sementes viáveis, evitando que se estabeleçam na área e difi cultem o seu controle.

• A espécie de adubo verde deve concorrer minima-mente em luz, água e nutrientes com a espécie comercial cultivada, procurando-se, assim, manter a produtividade da cultura.

• Em casos de plantio consorciado, a espécie de adubo verde escolhida não deve ser trepadeira, já que, ao ganhar altura, difi cultará os tratos culturais e promoverá redução da área fotossintética da cultura comercial, re-duzindo a sua produtividade.

5. Indicadores técnicos do uso de adubos verdesHá muitos estudos sobre a economicidade do uso

de adubos verdes na propriedade. A contribuição de ni-trogênio ao sistema tem sido o parâmetro mais mencio-nado pelos pesquisadores do assunto. Ganhos apreciáveis desse nutriente têm sido relatados por diversos autores. Apenas como referência, pode-se citar o trabalho desen-volvido por Araújo e Almeida (1987), que relata que a adubação verde foi capaz de suprir as necessidade de N em quantidades equivalentes à aplicação de até 80kg de N/ha à cultura do milho sob a forma de uréia.

Da mesma forma, muitos autores vêm recomen-dando o cultivo de espécies de adubos verde no controle de nematóides do solo. Resultados animadores no con-trole desses vermes de solo foram obtidos por diversos pesquisadores, destacando-se, recentemente, os tra-

TABELA 1 - Algumas espécies de adubos verde, cultivo de verão.

TABELA 2 - Algumas espécies de adubos verde, cultivo de inverno.

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trabalhos desenvolvidos por Inomoto et al. (2006).A maioria dos resultados de pesquisa, embora consis-

tentes, mostram-se específi cos, sendo incapazes de medir a real contribuição do adubo verde para o sistema como um todo. O retorno econômico já na cultura posterior à utiliza-ção da adubação verde depende, normalmente, da capaci-dade de essa prática modifi car aqueles fatores que atuam na limitação da produtividade e da qualidade da cultura comer-cial cultivada em sucessão.

Na região Serrana Fluminense, o cultivo de algumas variedades de tremoço branco, durante quatro meses, como adubos verdes de inverno, em substituição ao pousio das terras, foi capaz de produzir em torno de 9,0 toneladas de matéria seca por hectare e incorporar quase 250kg de N/ha (BARRADAS, 1992), demonstrando o potencial da prática em trazer benefícios aos sistemas de produção de hortaliças da região.

Trata-se da geração de elevadas quantidades de ma-terial vegetal rico em nitrogênio em curto espaço de tem-po, podendo até mesmo vir a substituir o uso de cama de aviário, insumo cada vez mais difícil e dispendioso devido à decadência da atividade avícola no estado.

6. Considerações fi naisO presente trabalho tem por objetivo sensibilizar os

produtores familiares do Estado do Rio de Janeiro sobre a importância de se promover intervenções adequadas no sistema de produção a fi m de torná-lo mais econômico e auto-sustentável.

O manejo adequado da matéria orgânica do solo, a adubação racional com base na análise da fertilidade do solo, a rotação de culturas e a adubação verde são práticas indis-sociáveis para o atendimento a esse objetivo.

O cultivo de espécies objetivando a prática da aduba-ção verde, assim como a lida na terra, exige do agricultor muita atenção para compreender os fatores naturais que atu-am diretamente sobre o sistema de produção. É certamente esse conhecimento que fará com que o produtor aperfeiçoe seu sistema e possa tirar o melhor proveito econômico dele, bem como da técnica da adubação verde.

A produção de sementes das espécies mais adaptadas às condições da propriedade e mais produtivas é desejável. Para isso, basta o produtor separar e reservar uma pequena área da propriedade. A possibilidade do cultivo de espécies perenes, visando criar na propriedade bancos de proteína

animal ou fontes de material vegetal rico em nitrogênio para deposição na superfície ou incorporação ao solo para utiliza-ção nos cultivos econômicos, também pode ser considerada.

Como demonstrado, o cultivo de espécies para adubos verdes abre possibilidades para o produtor investigar e deci-dir o mais adequado ao seu sistema de produção. Entretanto, o aprofundamento sobre o assunto é desejável, devendo o produtor buscar esse conhecimento sempre que tiver opor-tunidade, seja através da Extensão Rural, da Pesquisa Ag-ropecuária ou mesmo pela experiência compartilhada com outros produtores.

ARAÚJO, A. P.; ALMEIDA, D. L. de. Efeito da adubação verde asso-ciada à adubação com fosfato natural na cultura do milho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 21., 1987, Campinas. Programas e re-sumos... Campinas: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1987. p. 62-63.

BARRADAS, C. A. A. Possibilidades da adubação verde de inverno na região Serrana Fluminense. 1992. 171 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Solo)-Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Serópedica, 1992.

DE-POLLI, H.; FRANCO, A. A. Inoculação de leguminosas. Rio de Ja-neiro: EMBRAPA-UAPNPBS, 1985. 31 p. (EMBRAPA - Circular Técnica, 1).

ESPÍNDOLA, J. A. A.; GUERRA, J. G.; ALMEIDA, D. L. de. Adubação verde: estratégia para uma agricultura sustentável. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, 1997. 20 p.

INOMOTO, M. M. et al. Reação de seis adubos verdes a Meloidogyne javanica e Pratylenchus brachyurus. Nematologia Brasileira, Brasília, v. 30, n. 1, p. 39-44, 2006.

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Campo com Calopogônio (Calopogonium muconoides)

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Incidência de Mancha Aureolada aumenta eGERA PREOCUPAÇÃO EM CAFEICULTORES

CAFÉ

Uma das maiores preocupações dos cafeicultores atualmente são as bacterioses do cafeeiro, prin-cipalmente a mancha aureolada, doença que se espalha rapidamente causando grandes prejuízos

em viveiros e no campo. Nos últimos meses a incidência do problema aumentou e já pode ser observado em várias regiões produtoras de Minas Gerais.

De acordo com o coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT Café), Mário Lúcio Vilela de Resende, é preciso ter atenção com as mudas dos viveiros de café, que são as grandes disseminadoras da bacte-riose. “A doença começa no viveiro com as mudas contami-nadas, onde há grande incidência de bactérias. Aí as mudas contaminadas são levadas para o campo. Há um grande risco de se levar a doença para regiões onde ela ainda não existe. Temos notado que a severidade da doença tem aumentado grandemente de uns cinco anos para cá”, explicou.

A mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv. gar-çae) é a bacteriose mais importante no parque cafeeiro es-tadual. A doença é caracterizada por lesões foliares de colo-ração parda e escura, que podem ou não ser acompanhadas por um halo amarelado, seca de ramos e lesões nas rosetas, infl orescências e frutos novos, o que provoca, posterior-mente, a desfolha intensa dos ramos.

O coordenador do INCT Café destacou ainda a im-portância dos cuidados com a doença no estágio inicial do cafeeiro e da busca por produtos sistêmicos no combate à bactéria, já que os produtos a base de cobre usados para este fi m não se translocam pela planta, o que deixa as folhas no-

vas desprotegidas.“O tratamento deve ser preventivo no viveiro, ou seja,

pode-se fazer o tratamento com produtos a base de cobre, que estão registrados no Ministério da Agricultura. A planta está em crescimento rápido, então as folhas novas não estão protegidas. O tratamento tem que ser semanal. É importante também reduzir a água e a umidade. Quanto mais água, mais bacteriose vai ocorrer”, explicou.

A bactéria penetra no café por meio de ferimentos causados por outras pragas, colheita mecanizada ou não, ou por aberturas naturais, como estômatos, hidatódios e nectários. Segundo o Prof. Mário Lúcio, importantes medi-das complementares podem ser adotadas como adubações periódicas, nutrição equilibrada e o roguing, que é a retirada e a queima ou compostagem das plantas doentes, principal-mente nos viveiros.

O cafeicultor José Lúcio de Carvalho, que possui cerca de 160 hectares de café em Três Pontas (MG), foi um dos muitos produtores afetados pela doença nos últimos meses. Aguardando uma solução e assustado, ele ressaltou que fi -

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CAFÉcou impressionado com a força da bacteriose. “Pensei que os danos foram causados por chuva de pedra porque o ataque foi muito rápido e destruidor. Está bem afetado, mais na parte onde venta mais na lavoura. É violento, bactéria como essa eu nunca tinha visto igual”, disse o produtor, que pensa em plantar alguma outra cultura para diminuir a incidência do vento nas lavouras de café.

Pesquisadores da UFLA e Epamig, ligados ao INCT Café, estão estudando as espécies de bactérias responsáveis pelos danos nos viveiros e campo, bem como as condições climáticas que favorecem a doença e novas estratégias para o manejo da mesma. Os estudos passam pela resistência gené-tica e novos produtos, menos nocivos ao homem e ao ambiente.

Os pesquisadores também alertam que é necessário evi-tar que a mancha aureolada seja confundida com a mancha de phoma, doença causada pelo fungo Phoma tarda. A con-fusão resulta no agravamento dos danos porque as medidas adequadas de controle não são adotadas a tempo. O o diag-nóstico correto da doença é fundamental para o seu controle.

ATAQUE GENERALIZADO - Em todas as regiões produtoras de café do Brasil, os sintomas do ataque da Man-cha Aureolada é observado com frequência. Na rede social Peabirus (www.peabirus.com.br) - com comunidades técni-cas que debatem vários assuntos, inclusive a cadeia produ-tiva do café - vários são os relatos do problema.

A foto da página anterior foi postado pelo cafeicultor Carlos Henrique, de Camacho (MG), no Peabirus. Segundo ele, “o problema está arrebentando com a lavoura e que já perdeu 60% da produção, com morte de parte das plantas”.

Sérgio Martins Cerávolo, cafeicultor de Muzambinho

(MG) disse que já fez todos os tipos de tratamentos, mas afi r-ma que são “paleativos”. “Quando a temperatura cai abaixo de 20°C, com chuva e/ou ventos, não há produto químico que segure o patógeno. Agora, consegui reduzir 90% da doença com o plantio de barreiras de vento, associada a apli-cações com hidroxido de cobre, usando adesivo siliconado e evitando excesso de adubações nitrogenadas”.

Já o pesquisador Alexandre Henrique Leonel, de Franca (SP), afi rma estar desenvolvendo trabalhos de campo junto a cafeicultores orgânicos que tiveram problemas com Mancha Aureolada. Lavouras que estão recebendo tratamento com preparados homeopáticos apresentam menor sensibilidade à doença e uma recuperação bem destacada após episódios agudos. (Fonte: Peabirus e Polo de Excelência do Café - Car-los Camacho)

Coordenador do INCT Café, Mário Lúcio Vilela de Resende, observando uma folha de café afe-tada pela mancha aureolada.

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Andréa Oliveira

O bicho-mineiro é considerado a principal praga do cafeeiro, por ser sua ocorrência general-izada nos cafezais e pelos prejuízos quantitati-vos e econômicos causados por esse inseto na

produção de café O bicho-mineiro das folhas do cafeeiro, Leucoptera

coffeellum, foi disseminado, no Brasil, a partir de 1851, por meio de mudas de café, provenientes das Antilhas e da Ilha de Bourbon. É uma praga restrita à região Neotropi-cal (América do Sul e Central e à maior parte das ilhas do Caribe). Atualmente, é considerado a principal praga do cafeeiro, por ser sua ocorrência generalizada nos cafezais e também pelos prejuízos quantitativos e econômicos causa-dos por esse inseto na produção de café. O bicho-mineiro recebeu este nome vulgar pelo fato de a lagarta minar as fol-has do cafeeiro. É uma praga monófaga, ou seja, só ataca o cafeeiro.

Biologia do bicho-mineiro - As mariposas (adultos)

do bicho-mineiro são microlepidópteros de hábito crespus-cular-noturno. São bem pequenos, medindo aproximada-mente 6,5 mm de envergadura, coloração geral prateada, apresentando em cada ponta das asas anteriores uma man-cha circular preta e de halo amarelado. As asas posteriores são franjadas. Quando em repouso, as asas anteriores cobrem as posteriores. Durante o dia, as mariposas ocultam-se sob as folhas dos cafeeiros, na metade inferior das plantas. Para

Bicho-Mineiro das folhas do cafeeiroRECONHECIMENTO E CONTROLE

vê-las, basta agitar a folhagem do cafeeiro a fi m de que sa-iam voando. À tardinha, início do anoitecer, abandonam o esconderij o e iniciam suas atividades.

Minas ou lesões nas folhas - “As minas ou lesões nas folhas, causadas pelo bicho-mineiro, transformam-se em áreas necróticas, mortas, e, consequentemente, em uma menor área fotossintetizadora, afi rmam os professores Júlio César de Souza e Paulo Rebelles Reis, do curso “Pragas do Cafeeiro – Reconhecimento e Controle”, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.

Como resultado do ataque do bicho-mineiro, ocorre, no período seco do ano, a queda das folhas minadas a partir do topo das plantas. Foto: reprodução.

Queda das folhas minadas - Como resultado do ataque

do bicho-mineiro, ocorre, no período seco do ano, a queda das folhas minadas a partir do topo das plantas. Dependendo da intensidade de infestação da praga, ocorrem desfolhas drásticas dos cafeeiros na época das fl oradas, com conse-quente redução na produção de café na safra seguinte. Mes-mo nas infestações antecipadas do inseto, como, em abril, as folhas minadas também caem, resultado da presença de minas ou lesões nelas. Como o cafeeiro no Sul de Minas vegeta até maio, em uma grande emissão de folhas, a queda destas, nesse período, não resulta em desfolha drástica das plantas como aquela verifi cada no período seco do ano.

Controle biológico natural - O controle biológico natu-

ral ocorre pela ação dos parasitoides (microhimenópteros) e vespas predadoras, encontrados naturalmente nas lavouras de café. Estes insetos procuram nas minas ou lesões das

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CAFÉfolhas dos cafeeiros, lagartas do bicho-mineiro para parasitar ou predar. Alguns patógenos (bactérias e fungos) podem ocorrer, causando doenças e mortes em lagartas do bicho-mineiro. As bactérias Erwinia herbicola e Pseudomonas ae-ruginosa são apontadas como os microrganismos mais efi ci-entes, até agora conhecidos, em epizootias de lagartas de bicho-mineiro. Os microhimenópteros parasitam e matam as lagartas do bicho-mineiro. Já as vespas predadoras, que constroem os seus ninhos, nos próprios cafeeiros ou em ár-vores e arbustos e outros suportes próximos das lavouras de café, voam e procuram, nas plantas, as lesões. Em seguida, rasgam com a mandíbula a epiderme da folha, na lesão, reti-ram as lagartas e as comem.

Os inimigos naturais auxiliam o cafeicultor no con-trole do bicho-mineiro. A presença desses insetos e pató-genos, nas lavouras de café, limita o controle químico dessa praga em determinadas épocas do ano. A efi ciência dos in-setos predadores está em torno de 69% de controle e dos parasitoides, em torno de 18%. No entanto, sob condições climáticas ideais, em determinadas épocas do ano, a infesta-ção do bicho-mineiro evolui rapidamente, ocasião em que os inimigos naturais, por si só, não mais controlam a praga efi cientemente, devendo o cafeicultor lançar mão também do controle químico.

Controle químico - inseticidas granulados no solo - Os

inseticidas sistêmicos granulados destacam-se pela elevada

efi ciência no controle do bicho-mineiro e pela importância que eles exercem no moderno conceito de manejo integrado de pragas. Estes devem ser aplicados no período chuvoso, no início ou ao seu fi nal, dependendo da natureza dos produtos recomendados.

Sua aplicação deve ser feita no solo, com incorporação, sempre que houver umidade, evitando-se, assim, qualquer contaminação de águas, pela erosão laminar, além da morte de aves, de animais e até do homem. Esta incorporação pode ser feita com o auxílio de granuladeiras (tratorizada ou tra-ção animal), matracas e outros aplicadores próprios.

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A partir de sua aplicação no solo, os inseticidas granulados pro-tegem os cafeeiros por um período máximo de 110-160 dias, aproxim-adamente, ou um pouco mais, dependendo de sua natureza (lipofílica ou polar), da dosagem e da época de sua aplicação dentro do período chuvoso.

Da mesma forma, dependendo de cada produto, gastam de 25 a 40 dias para que sejam absorvidos pelas raízes e levados à parte aérea do cafeeiro (folhas) via xilema, quando é iniciado o controle do bi-cho-mineiro. Já atuando, matam as lagartas da praga, presentes em algumas poucas lesões nas folhas e previnem posteriores infestações. Esses produtos, uma vez absorvidos pelos cafeeiros via xilema e acu-mulados nas folhas, voltam ao fl oema e, depois, ao xilema para serem posteriormente levados e depositados em folhas novas emitidas nas extremidades de ramos, protegendo-as.

Inseticidas em pulverização - O bicho-mineiro também pode

ser controlado por meio da aplicação de inseticidas em pulverização,

em talhões, após constatação de 20% ou mais de folhas minadas no terço superior dos cafeeiros, em regiões de clima quente, ou 30% ou mais de folhas minadas, nos terços médio e superior, em regiões de clima ameno, como o Sul de Minas, conside-rando-se somente as folhas minadas com minas intactas, de qualquer tamanho, inclusive aquelas diminutas, denominadas de “cabeça-de-alfi nete”.

Portanto, devem-se descontar as folhas mi-nadas com todas as suas minas ou lesões dilacera-das (rasgadas) por vespas, ou aquelas com todas as suas lesões sem epiderme superior.

O controle químico deve ser feito somente nos talhões ou parte de talhões mais infestados, a fi m de auxiliar na preservação dos inimigos nat-urais.

Os inseticidas fosforados apresentam efeito de choque e uma ótima ação de profundidade, pen-etrando na folha e matando as lagartas da praga no interior das minas ou lesões. Como desvantagem, apresentam um curto efeito residual, aproximada-mente de 20 a 35 dias, dependendo do produto.

Ao contrário, os inseticidas piretróides apre-sentam um longo efeito residual e, praticamente, nenhuma ação de profundidade, não devendo, portanto, ser aplicados isoladamente, quando a praga já estiver ocorrendo no campo. Assim, a atu-ação dos inseticidas piretróides, pulverizados nas folhas, só se dará naquelas lagartinhas que eclodem dos ovos postos após a pulverização, pois estas pen-etram nas folhas para iniciar a formação das minas pela alimentação, ocasião em que ingerem o ali-mento, junto ao inseticida, e morrem.

Os inseticidas recomendados para o controle do bicho-mineiro em pulverização poderão ser uti-lizados:

- Em regiões cafeeiras, nas quais as infesta-ções desse inseto são menores, em razão do clima ameno, tal como ocorre no Sul de Minas, onde se recomendam até duas pulverizações por ano;

- Para complementar, durante o ano, o controle dos inseticidas granu-lados sistêmicos, naquelas regiões em que sempre ocorrem altíssimas infesta-ções do bicho-mineiro, devido ao clima favorável;

- Em qualquer região cafeeira, onde poderão ser feitas até três pulver-izações por ano;

- Em qualquer uma das três situa-ções, cada pulverização a ser realizada dependerá de levantamentos da in-festação do inseto nos talhões da lavou-ra. (Fonte: CPT– Centro de Produções Técnicas - www.cpt.com.br) A

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A 16ª edição da EXPOCAFÉ será realizada entre os dias 11 e 14 de junho na Fazenda Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG - em Três Pontas (MG). A pro-

gramação terá início com o 4º Simpósio de Mecanização da Lavoura Cafeeira que acontece no dia 11. O Simpósio, que reúne pesquisadores, técnicos, produtores e estudantes, é exclusivo para participantes previamente inscritos. Nos dias 12, 13 e 14, a EXPOCAFÉ será aberta ao público, com a re-alização da exposição de equipamentos, máquinas e insumos e de eventos paralelos, como as dinâmicas de campo, nas quais produtores e operadores conhecerão o funcionamento de máquinas e equipamentos demonstrados pelas empresas fabricantes; cursos; palestras e reuniões técnicas.

Considerada a maior feira do agronegócio café no Bra-sil e uma das principais difusoras de tecnologias no segmen-to, a EXPOCAFÉ oferece a produtores e representantes da indústria a oportunidade de conhecer e adquirir novidades em máquinas, equipamentos e insumos. Pelo quarto ano consecutivo, o evento será organizado pela EPAMIG que

Três Pontas (MG) sediará emJUNHO A 16ª EDIÇÃO DA EXPOCAFÉ

iniciou, no último mês de dezembro, a comercialização das áreas para a edição 2013. 45% dos estandes já estão vendidos. “Até o dia 8 de fevereiro estamos atendendo aos expositores que participaram da edição 2012 e fi zeram a pré-reserva de estandes. Após este período a venda será aberta a novas em-presas. Até o momento temos uma lista de espera de 14 ex-positores”, informa Antônio Augusto Braighi, coordenador de Comercialização da EXPOCAFÉ.

Para a edição 2013 estão previstos 180 estandes em uma área de exposição, de aproximadamente, 10 mil m2 . A expectativa é que 140 empresas participem do evento.

Com o objetivo de melhorar a infraestrutura e facilitar o acesso de expositores e visitantes, a Comissão Organizado-ra da EXPOCAFÉ elaborou um projeto buscando o apoio dos governos estadual e federal para adequação da área de ex-posição. “Como a feira acontece em uma área aberta, fi camos sujeitos às variações climáticas. Para evitar que imprevistos e fenômenos naturais prejudiquem o acesso e a circulação do público estamos propondo três módulos de ações”, informa o coordenador-geral da EXPOCAFÉ, Mairon Mesquita.

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CAFÉ

Nutrição do Cafeeiro (parte 9)NA FRUTIFICAÇÃO DO CAFEEIRO

1 - Engº agrônomo, Mestre em Solos e Nutrição de Plantas e Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja.

Renato Passos Brandão 1

Na edição anterior da Revista Attalea Agronegó-cios foi abordado a interpretação da análise fo-liar de um determinado talhão de café arábica irrigado de um cafeicultor da região de Franca/

SP, cliente da Bio Soja.A produtividade do cafeeiro na safra 2011/12 foi de 75

sc. benefi ciadas/ha e na safra anterior foi de 70 sc. benefi cia-das/ha. Portanto, a produtividade média nas duas primeiras safras foi de 72,5 sc. benefi ciadas/ha, bem acima da média nacional.

Nesta safra, a expectativa de produtividade é de 50 a 55 sc. benefi ciadas/ha proporcionando uma boa rentabilidade ao cafeicultor mesmo com a redução nas cotações do café.

Até o presente momento, o café desta propriedade

Figura 1. Desenvolvimento vegetativo e carga pendente do cafeeiro arábica (talhão 7) no Sitio Rancho Alegre, Jeriquara/SP.

está com um exuberante desenvolvimento vegetativo e uma carga pendente que comprova a viabilidade agronômica e econômica do manejo nutricional com o acompanhamento através das análises de solo e foliares (Figura 1).

A partir deste momento, será abordada a importância da nutrição na frutifi cação do cafeeiro e a sua infl uência na produtividade e no desenvolvimento vegetativo da cultura.

Quando escutamos a palavra frutifi cação automatica-mente passa pela nossa mente, lavouras de café com os ra-mos carregados de frutos vermelhos ou amarelos (Figura 2). Esta imagem nos remete para o momento que antecede a colheita do café. Entretanto, muita coisa ocorreu desde ja-neiro ou fevereiro de 2012 quando as gemas vegetativas in-duzidas pela fotoperiodismo (dias curtos) transformaram-se em gemas reprodutivas.

Figura 2. Cafeeiro em produção em plena frutifi cação.

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CAFÉA frutifi cação é a fase do cafeeiro na qual ocorre a formação

dos seus frutos e é dividida em três fases: vingamento fl oral, desen-volvimento dos frutos e a maturação.

O vingamento fl oral é a maturação das fl ores após a antese ou abertura das fl ores. No Sudeste Brasileiro, o vingamento fl oral ocorre entre setembro e dezembro.

O desenvolvimento dos frutos do cafeeiro é caracte-rizado pelo aumento na massa seca e alterações na sua composição química e na sua coloração e pode ser dividida em três etapas: chumbinho, expansão dos frutos e granação.

A primeira etapa do desenvolvimento dos frutos é denominada de chumbinho e ocorre entre setembro e novembro dependendo do início das primeiras chuvas. Nesta etapa, os frutos não apresentam crescimento visível.

Na segunda etapa denominada de expansão dos frutos, ocorre uma rápida expansão dos frutos do cafeeiro até atingirem crescimen-to máximo por volta de dezembro.

A granação, terceira fase do desenvolvimento dos frutos do cafeeiro, ocorre normalmente em pleno verão entre janeiro e março.

A maturação dos frutos normalmente ocorre entre abril e junho. Nessa etapa, a evapotranspiração do cafeeiro decresce sig-nifi cativamente e as defi ciências hídricas moderadas benefi ciam a qualidade do produto.

Neste momento, o cafeeiro em produção está na terceira etapa do desenvolvimento dos frutos que é denominada de granação. Con-forme comentado anteriormente, a granação ocorre em pleno Figura 3. Efeito das doenças, pragas, estresse hídrico e desequilí-

brios nutricionais no cafeeiro.

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26MAR 2013

CAFÉ

verão entre janeiro e março. É caracterizada pela solidifi -cação dos líquidos dos frutos com acumulo de massa seca e alterações na composição química e na coloração dos frutos do cafeeiro originando os grãos. A partir de janeiro acentua-se a cor verde do fruto (fase grão verde) e a partir de março ocorre a solidifi cação dos líquidos internos formando a se-mente propriamente dita.

A granação é uma das fases que mais desgasta o cafee-iro. Os frutos em pleno desenvolvimento necessitam de grande quantidade de carboidratos ou fotoassimilados. Em safras de grande produção, o desenvolvimento vegetativo que será o responsável pela produção da próxima safra é se-riamente afetado, pois as reservas de carboidratos e aquelas produzidas pela fotossíntese são preferencialmente direcio-nadas para o desenvolvimento dos frutos.

Um estresse hídrico prolongado na granação do cafee-iro afeta negativamente a produtividade atual. Além disso, prejudica também a qualidade dos grãos do cafeeiro e o cres-

cimento vegetativo reduzindo a produtividade futura (Figu-ra 3). De forma similar ao estresse hídrico, o desequilíbrio nutricional também afeta a atividade fotossintética reduz-indo a síntese de carboidratos.

Neste momento, qual a missão do cafeicultor?A missão do cafeicultor na frutifi cação do cafeeiro é

manter a lavoura enfolhada com folhas sadias, com concen-tração adequada dos nutrientes e adotar práticas culturais que estimulem o aparecimento de novas folhas.

Basicamente, o cafeicultor tem que realizar os procedi-mentos abaixo:

1. Manter as lavouras de café nutricionalmente equilibradas;2. Adequado controle fi tossanitário mantendo sob controle a

infestação de pragas e doenças;3. Minimização dos estresses hídricos.

1. Lavoura nutricionalmente equilibradaO equilíbrio nutricional é de extrema importância em

todas as fases do cafeeiro com destaque para a fase da fruti-fi cação (Lei do Mínimo - “A produtividade de uma cultura é limitada pelo nutriente que estiver em menor disponibilidade no solo, mesmo que os demais estejam disponíveis em quanti-dades adequadas”).

Qualquer desequilíbrio nutricional pode comprom-eter um ou mais processos metabólicos prejudicando o de-senvolvimento do cafeeiro e a sua produtividade na safra corrente e nas próximas safras. Além disso, dependendo da intensidade dos desequilíbrios nutricionais, pode ocorrer também redução na longevidade do cafeeiro.

Na Tabela 1 têm-se a faixa adequada dos nutrientes nas folhas do cafeeiro arábica em produdução. Atualmente, há tabelas regionalizadas que devem ser utilizadas pelos ca-feicultores e profi ssionais envolvidos com a cafeicultura. Por exemplo, no Estado de Minas Gerais, há tabelas de interpre-tação da análise foliar em cafeeiro para as diversas regiões produtoras.

Conforme comentado na edição anterior, a análise fo-liar realizada na fase do chumbinho (dezembro a janeiro) é essencial para avaliação do estado nutricional do cafeeiro. Se o teor de um ou mais nutrientes estiver fora da faixa ade-quada (Tabela 1), é possível realizar as devidas correções nas adubações de solo e foliares a serem realizadas entre fever-eiro e março maximizando o potencial produtivo do cafee-iro.

Na Tabela 2 há um resumo das principais funções dos nutrientes no cafeeiro. É importante mencionar que todos os nutrientes estão interrelacionados. Por exemplo, o mag-nésio é constituinte da clorofi la que realiza a fotossíntese. A energia produzida na fotossíntese é utilizada pelo cafeeiro e o excedente é armazenado como ATP que necessita do fós-foro. O nitrogênio é o constituinte da clorofi la conferindo o verde característico das folhas bem nutridas e é responsável pelo bom desempenho fotossintético do cafeeiro.

Fonte: Malavolta et al. (1997).

NUTRIENTE

29 a 32 g/kg1,6 a 1,9 g/kg22 a 25 g/kg13 a 15 g/kg4,0 a 4,5 g/kg1,5 a 2,0 g/kg50 a 60 mg/kg11 a 14 mg/kg

100 a 130 mg/kg80 a 100 mg/kg15 a 20 mg/kg

Tabela 1 - Teores adequados dos nutrientes no cafeeiro arábica em produção.

NitrogênioFósforoPotássioCálcioMagnésioEnxofreBoroCobreFerroManganêsZinco

TEORES

Boro (B)

Cobre (Cu)

NUTRIENTES

Tabela 2 - Principais funções dos nutrientes no cafeeiro.

• Desenvolvimento vegetativo e síntese de clorofi la• Estimula a formação e o desenvolvimento das gemas fl oríferas• Formação das raízes • Armazenamento e transferência de energia•Estimula o enchimento dos grãos diminuindo o chochamento• Maior tolerância do cafeeiro a seca, geadas, pragas e doenças• Formação da estrutura do cafeeiro (raízes, caules e folhas)• Aumenta a resistência do cafeeiro às doenças• Síntese de clorofi la (fotossíntese)• Aumenta a absorção de fósforo do solo• Constituinte de três aminoácidos cistina, cisteína e metionina• Atua no desenvolvimento vegetativo e na frutifi cação do cafeeiro• Formação das raízes• Pegamento da fl orada • Enchimento dos grãos do cafeeiro• Atua na fotossíntese• Síntese de lignina aumentando a resistência do cafeeiro às doenças• Atua na fotossíntese. 70% do ferro das folhas estão nos clo-roplastos• Atua na fotossíntese • Resistência do cafeeiro às doenças• Constituinte da enzima, redutase do nitrato, responsável pela conversão inicial do nitrogênio mineral em compostos nitroge-nados orgânicos• Maior resistência do cafeeiro às pragas e doenças• Produção do triptofano, precursor do hormônio de crescimen-to, ácido indol-acético (AIA)

FUNÇÕES

Nitrogênio (N)

Fósforo (P)

Potássio (K)

Cálcio (Ca)

Magnésio (Mg)

Enxofre (S)

Cloro (Cl)

Ferro (Fe)

Manganês (Mn)

Molibdênio (Mo)

Silício (Si)Zinco (Zn)

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27MAR2013

CAFÉO teor do nutriente em azul está acima da faixa ad-

equada ao cafeeiro em produção. Neste caso, as adubações programadas na frutifi cação do cafeeiro podem ser elimina-das ou a dosagem dos fertilizantes pode ser reduzida levan-do-se em consideração o teor foliar do nutriente e o histórico do talhão.

Por exemplo, o teor de boro nas folhas do cafeeiro em produção (Tabela 3) está acima da faixa adequada. Neste caso, teríamos que analisar o histórico das adubações com boro. O boro foi aplicado no solo e via foliar? Qual a dosa-gem do nutriente aplicado desde o início da safra 2012/13? Como foi o regime pluviométrico neste período e como es-tão as chuvas a partir da coleta das folhas do cafeeiro em produção?

Na safra 2011/12, um talhão de café em produção es-tava também com o teor de boro nas folhas acima da faixa adequada. Neste talhão não tinha sido aplicado boro no solo e foi realizado três adubações foliares com fertilizantes for-necedores de boro. A adubação foliar com boro foi elimina-da da última adubação foliar (fevereiro de 2012). Cerca de 35 dias após a última adubação de solo e foliar foi realizada uma reamostragem das folhas do cafeeiro e foi constatado que o teor de boro nas folhas estava abaixo da faixa adequada.

Portanto, para que possamos ter sucesso no manejo nutricional do cafeeiro é importante conhecer muito bem o histórico do talhão.

As adubações de solo e foliares a serem realizadas na frutifi cação têm por fi nalidade manter os nutrientes na faixa adequada ao cafeeiro (Tabela 1).

Os desequilíbrios nutricionais também aumentam a susceptibilidade do cafeeiro às doenças fungicas (ferru-

O cafeeiro demanda uma grande quantidade de água e nutrientes que são fornecidos pelo solo. Portanto, para que o cafeeiro tenha um sistema radicular bem desenvolvido e exuberante é necessário quantidades adequadas de fósforo, cálcio e boro nos solos.

Portanto, o diagnóstico do estado nutricional do cafe-eiro com análises foliares na frutifi cação permite as correções das defi ciências e toxidez dos nutrientes maximizando o po-tencial produtivo da cultura (Tabela 3).

O teor do nutriente em vermelho está abaixo da faixa adequada necessitando de uma maior dosagem do nutriente em relação as adubações anteriores. Por exemplo, se o teor de zinco nas folhas estiver abaixo da faixa adequada (Tabela 3) na próxima adubação foliar aumentar a dosagem do fer-tilizante foliar fornecedor deste nutriente.

NUTRIENTE

g/kgg/kgg/kgg/kgg/kgg/kg

mg/kgmg/kgmg/kgmg/kgmg/kg

Tabela 3 - Análise foliar do cafeeiro arábica realizada em 9 de janeiro de 2013 (Talhão 7 - Sítio Rancho Alegre, Jeriquara/SP)

UNIDADE

32,711,34

24,7611,354,122,47

93,1211,99

128,70189,60

12,99

TEOR DONUTRIENTE

Nitrogênio (N)Fósforo (P)Potássio (K)Cálcio (Ca)Magnésio (Mg)Enxofre (S)Boro (B)Cobre (Cu)Ferro (Fe)Manganês (Mn)Zinco (Zn)

FAIXA ADEQUADA1

29 a 321,6 a 1,922 a 2513 a 154,0 a 4,51,5 a 2,050 a 6011 a 14

100 a 13080 a 10015 a 20

* Fonte: Malavolta et al. (1997).

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28MAR 2013

CAFÉgem, cercosporiose ou mancha de olho pardo ou olho de pomba, phoma, mancha de aschocita e complexo seca dos ponteiros). Teores foliares de cálcio na faixa adequada pro-porcionam menor intensidade das doenças no cafeeiro.

A defi ciência de nitrogênio, cálcio e magnésio aumen-ta a incidência da cercosporiose principalmente em lavouras com alta carga pendente e em solos com alto teor de potás-sio. O desequilíbrio entre o nitrogênio e o potássio favorece a incidência da doença.

Os mecanismos de defesa das plantas, dentre os quais, o cafeeiro, são regulados por vários nutrientes. O manganês, o cobre, o ferro, o boro e o cobalto estão envolvidos na sín-tese de vários compostos orgânicos que auxiliam nos proces-sos de defesa das plantas, como na dos fenóis, quinonas e ligninas.

2. Adequado controle fi tossanitário mantendo baixa infestação de pragas e doenças

Um dos objetivos do controle fi tossanitário é manter o maior enfolhamento do cafeeiro. Quanto maior o enfolha-mento do cafeeiro, maior é o pegamento da fl orada e pro-vavelmente, a produtividade será bem maior.

Entretanto, em safras com alta carga, o cafeeiro tente a fi car muito mais susceptível às pragas e doenças. Portanto, os cuidados para o controle das pragas e doenças devem ser redobrados em cafeeiros com altas cargas pendentes para evitar o desfolhamento precose do cafeeiro.

3. Minimização dos estresses hídricos.A irrigação é um dos principais aliados do cafeicultor.

A irrigação é um fator de garantia dos investimentos realiza-dos nas lavouras do cafeeiro.

Os défi cits hídricos sucessivos na frutifi cação do cafe-eiro causam uma série de prejuízos ao cafeeiro, dentre os quais:

a) - Redução no desenvolvimento do cafeeiro;b) - Redução no tamanho dos frutos;c) - Redução no rendimento coco/benefi ciado;d) - Compromete a produtividade e a qualidade dos

frutos do cafeeiro.

O estresse hídrico também provoca a morte das raíz-es fi nas e pode causa dependendo da sua intensidade, uma maior desfolha do cafeeiro.

Adubações de solo e foliares na frutifi cação do cafeeiroa) - Adubações de soloNesta fase do cafeeiro, realizar a última ou as últimas

adubações nitrogenadas e potássicas no solo.A dosagem de nitrogênio e potássio a ser utilizada no

cafeeiro em produção leva em consideração a carga pen-dente (expectativa de produtividade), o teor de potássio no solo e o histórico do talhão (por exemplo, análises de folhas, desenvolvimento das plantas e aspecto visual). A dosagem destes nutrientes deve ser ajustada levando-se em conside-

ração uma nova avaliação da expectativa de produtividade e os teores foliares destes dois nutrientes, ambas as etapas realizadas na granação do cafeeiro (dezembro a janeiro).

Se o teor de nitrogênio e potássio nas folhas do cafeeiro estiver na faixa adequada, manter a dosagem de nitrogênio e potássio previamente ajustadas no início da safra.

Se os teores destes dois nutrientes, estiverem abaixo da faixa adequada (Tabela 1), aumentar a dose dos nutri-entes em 25%. Utilizar preferencialmente o nitrogênio na forma nítrica ou amoniacal (nitrato de amônio ou nitrato de cálcio). Desta forma, o cafeicultor minimiza as perdas de nitrogênio por volatilização (N-NH3). Umas das melhores fontes de nitrogênio para o cafeeiro é o nitrato de cálcio fornecendo o nitrogênio nítrico (N-NO3-) e cálcio pronta-mente disponível. Entretanto, o preço do nitrato de cálcio é bem superior aos demais fertilizantes nitrogenados.

Se o teor de fósforo nas folhas do cafeeiro estiver na faixa adequada, na próxima safra, manter a dosagem do fósforo aplicada no início da estação das chuvas. Caso con-trário, aumentar a dose do fósforo aplicado no solo em pelo menos 25%. Sempre utilizar fertilizantes fosfatados com substâncias húmicas para minimizar as perdas do fósforo por fi xação. As substâncias húmicas tem a capacidade de “prote-ger” o fósforo no solo melhorando a efi ciência das adubações fosfatadas no cafeeiro.

Neste momento, é importante salientar a importância da adubação com cálcio no cafeeiro em produção. O cálcio é um dos nutrientes mais absorvidos pelo cafeeiro e tem uma grande infl uência na resistência do cafeeiro às doenças fun-gicidas. Tem sido verifi cado que teores adequados de cálcio nas folhas do cafeeiro aumentam a sua resistência às doen-ças. Portanto, é necessário que o cafeicultor sempre acom-panhe através da análise de solo, os teores dos nutrientes no solo com destaque para o cálcio, magnésio e potássio. Altos teores de potássio no solo reduz a absorção do cálcio e pre-dispõe o cafeeiro às doenças.

Na Tabela 3 verifi ca-se que o teor de cálcio nas fo-lhas do cafeeiro está ligeiramente abaixo da faixa adequada. Neste caso, verifi car a saturação de bases do solo e a por-centagem das bases do solo (cálcio, magnésio e potássio). A fonte mais econômica para o fornecimento de cálcio ao solo é o calcário e o gesso agrícola. Eventualmente, pode ser apli-cado o nitrato de cálcio.

Se o teor de enxofre nas folhas do cafeeiro estiver abaixo da faixa adequada, realizar a aplicação do sulfato de amônio como fonte de enxofre e nitrogênio. Eventual-mente, aplicar o gesso agrícola como fonte de enxofre (500 kg/ha).

Se o teor de magnésio nas folhas do cafeeiro estiver abaixo da faixa adequada, realizar a aplicação do Gran Mag-nésio 30 na dosagem de 150 a 200 kg/ha (45 a 60 kg/ha de Mg).

Na análise foliar (Tabela 3), o teor de magnésio está na faixa adequada ao cafeeiro. O Gran Boro Mag na dosagem de 200 kg/ha aplicado antes do fl orescimento do cafeeiro

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29MAR2013

CAFÉfoi efi ciente fornecimento do magnésio. Neste caso, o Gran Boro Mag só será utilizado antes do fl orescimento do cafeeiro (agosto ou setembro de 2013).

O teor de boro nas folhas do cafeeiro está bem acima da faixa adequada. De forma similar ao magnésio, o Gran Boro Mag também foi efi ciente no fornecimento de boro ao cafeeiro em produção. Neste caso específi co, não há necessidade da apli-cação do boro via foliar em fevereiro/março deste ano pois o boro no solo está sendo sufi ciente para manter o seu teor na faixa adequado no cafeeiro em produção.

Em solos arenosos e de textura média, se o teor de zinco nas folhas do cafeeiro estiver abaixo da faixa adequada, realizar a aplicação do NHT® Zinco no drench na dosagem de 2 L/ha.

b) - Adubação foliarBaseado nos resultados da análise foliar, re-

alizar a aplicação dos fertilizantes foliares na fruti-fi cação do cafeeiro.

Bioamino® Extra: realizar uma aplicação fo-liar na dosagem de 1 L/ha. Em cafeeiros com des-folha ou desenvolvimento vegetativo abaixo do adequado, aumentar a dosagem para 2 L/ha

Fertilis® Fosfi to 28-26: fertilizante foliar re-sponsável pela síntese de fi toalexinas pelo cafeeiro aumentando a resistência do cafeeiro às doenças. A dose do produto é de 1,0 a 1,5 L/ha.

Naft® ou Silkon®: realizar uma ou duas apli-cações destes produtos na dosagem de 100 a 200 mL/ha.

NHT® Cobre Super: realizar uma ou duas aplicações foliares na dosagem de 300 mL/ha. A maior dosagem do produto deve ser aplicada em lavouras com o teor de cobre abaixo da faixa ad-equada.

NHT® Magnésio: realizar de uma a duas apli-cações foliares na dosagem de 1 L/ha. Em cafeeiros com teor do magnésio abaixo da faixa adequada, realizar a aplicação do Gran Boro Mag ou do Gran Magnésio no solo na dosagem de 150 a 200 kg/ha.

NHT® Manganês +: em solos sob cerrado ou com baixo teor de manganês, realizar uma ou duas aplicações foliares na dosagem de 1,5 a 2,0 L/ha.

NHT® Mega K: realizar duas aplicações fo-liares na dosagem de 1 a 1,5 L/ha com intervalo médio de 30 dias.

NHT® P-Boro-P: realizar uma aplicação fo-liar na dosagem de 500 mL a 1 L/ha. A maior dosa-gem do produto deve ser aplicada em lavouras com o teor de boro abaixo da faixa adequada.

NHT® Zinco: realizar uma aplicação foliar na dosagem de 150 a 300 mL/ha. A menor dosagem

do NHT® Zinco é para a manutenção do teor foliar do zinco na faixa adequada. Se o teor de zinco nas folhas for muito superior a faixa ad-equada, cancelar a adubação foliar com o NHT® Zinco.

Considerações fi naisA frutifi cação é a fase que antecede a colheita do café e neste

momento, o cafeicultor não pode descuidar do manejo das suas lavou-ras.

A manutenção da área foliar é premissa para a obtenção de uma boa produtividade e a manutenção do potencial produtivo para as próximas safras.

Realizar o manejo nutricional e o controle fi tossanitário mini-mizando ao máximo os estresses que possam proporcionar desfolha do cafeeiro.

Se houver disponibilidade de água, o cafeicultor precisa fazer uso da irrigação visando a obtenção de altas produtividades no cafee-iro. Mesmo nas regiões cafeeiras tradicionais aonde o défi cit hídrico não é muito acentuado, a irrigação quando bem manejada propor-ciona maior uniformidade da fl orada e do pegamento das fl ores e dos chumbinhos, maior enfolhamento do cafeeiro e aumenta a produtivi-dade da cultura. A

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30MAR 2013

O presente artigo busca, de forma sucinta e didática, mostrar as considerações feitas à cobrança já declarada in-constitucional pelo Supremo Tribunal Federal exigida de produtores rurais, sejam pessoas naturais (físicas) ou jurídi-cas – o Funrural.

Procurou-se evitar, na medida do possível, o excesso de citações de artigos de Lei, para que haja uma maior com-preensão do leitor sobre o tema, bem como propiciar uma explanação simples e prazerosa.

1. INTRODUÇÃOSegundo FREITAS1:“Há muito tempo a agropecuária desempenha um pa-

pel de grande importância no cenário da economia nacional, além disso, foi uma das primeiras atividades econômicas a serem desenvolvidas no país.

(...)

A atividade agropecuária no Brasil representa 8% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e gera emprego para pelo menos 10% da população economicamente ativa do país”.

No Brasil, em tempos antigos, os escravos é que foram os trabalhadores que se dedicaram às atividades agrícolas, pecuárias ou extrativistas, atividades estas que foram gra-dativamente evoluindo para a dedicação dos trabalhadores informais - os exploradores de pequenas propriedades.

Porém não se tinha, à época, qualquer mecanismo legal que visasse proteger esta classe de trabalhadores de forma diferenciada daqueles mecanismos protetivos aplicados ao trabalhador urbano, eis que não eram contribuintes diretos da previdência social.

Assim, diante desta necessidade protetiva, foi sancio-nada no ano de 1955 a Lei 2.613 (FUNRURAL) que, com o passar dos anos, aperfeiçoou-se até a promulgação da Lei complementar nº. 11 de 1971, vindo a instituir o Programa de Assistência do Trabalhador Rural, mais conhecido como PRORURAL, legislação essa que defi niu a hipótese de in-cidência, base de cálculo e o próprio sujeito passivo da ob-rigação tributária/previdenciária, incidente sobre a venda dos produtos rurais, e também sobre a folha de salários.

Após diversas alterações, principalmente no que se refere às alíquotas defi nidas pela Lei complementar nº. 11 de 1971, para fi ns de custeio do PRORURAL, fora promulgada

André Antunes - Advogado, especialista na área de Defesa do Consumidor e Direito Agrário.

A ANÁLISE DA INCONSTITUCIONALIDADE SOBRE A COBRANÇA EXIGIDA DE PRODUTORES RURAIS (físico ou jurídico)AR

TIG

O

a Carta Política de 1988, sendo que a partir da nova Con-stituição, o sistema Previdenciário brasileiro fora unifi cado, independente de ser o trabalhador urbano ou rural, de sorte que a matéria é hoje disciplinada pela Lei 8.212/91, legis-lação essa que veio regulamentar o disposto no artigo 195 da Constituição Federal, que sofrera algumas modifi cações desde sua entrada em vigor, até a presente data.

2. A INCONSTITUCIONALIDADE DO FUNRURALA partir da Constituição de 1988, no Brasil passou a

existir apenas um único regime de previdência, o qual abriga toda a sociedade (seja pessoa física ou jurídica), de sorte que novas contribuições diversas daquelas já defi nidas no texto constitucional, somente poderiam ser criadas por meio de Lei Complementar.

Conforme mencionamos a Lei que regula o Funrural é a Lei 8.212/91, e como tal, trata-se de uma Lei Ordinária.

Além disso, veio a estabelecer de maneira equivocada uma nova fonte de contribuição para a seguridade social, qual seja, a cobrança de contribuição incidente sobre a com-ercialização da produção do EMPREGADOR RURAL, con-tribuição essa que deveria ter se limitado tão somente sobre a produção daqueles que trabalhem exclusivamente em RE-GIME DE ECONOMIA FAMILIAR, SEM EMPREGADOS PERMANENTES, nos exatos termos do § 8º. do artigo 195 da CF/88.

2.1 A DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALI-DADE DO FUNRURAL PELO STF

Basicamente a inconstitucionalidade do Funrural teve enfrentamento perante o Supremo Tribunal Federal através do Recurso Extraordinário número 363.852, originário do Estado de Minas Gerais, cuja relatoria fi cou a cargo do Min-istro Marco Aurélio Mello, deixando claro que:

“Assevera-se que o resultado da comercialização da produção constituía base de cálculo da contribuição social apenas para os produtores rurais que exercessem suas ativi-dades em regime de economia familiar, sem empregados, sendo inviável que se estendesse tal hipótese de incidência, mediante lei ordinária, aos demais empregadores rurais, eq-uiparando-os aos segurados especiais”.

A contribuição a qual menciona o art. 195, § 8º. da Constituição Federal (Funrural), é para uma classe diferen-ciada ou seja, para o SEGURADO ESPECIAL.

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31MAR2013

ARTIGOO segurado especial é o produtor rural que exerce a

sua atividade individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio eventual de terceiros, sem utilização de empregados, ou seja, o produtor rural que não exerce suas atividades em regime de economia familiar e que tem empregados está, segundo o STF, isento desta cobrança.

3. CONSIDERAÇÕES ACERCA DO FUNRURAL E AS PESSOAS JURÍDICAS

Além das inconstitucionalidades supra citadas para as pessoas físicas no que pertine à cobrança do Funrural, a pes-soa jurídica possui ainda uma peculiaridade a mais.

Em 1991 a União instituiu a Contribuição para o Fi-nanciamento da Seguridade Social – a COFINS, exercendo a competência conferida para tributar o faturamento (receita bruta) de toda e qualquer pessoa jurídica.

A Cofi ns, portanto, fora criada com o objetivo de levar a efeito a competência conferida a União para a tributação dos ingressos fi nanceiros inerentes à atividade das pessoas jurídicas, sejam elas rurais ou urbanas, produtoras, vendedo-ras ou prestadoras de serviço, exaurindo, portanto, qualquer possibilidade de a União instituir “nova” contribuição sobre a mesma base de cálculo.

Todavia, como já sinalizado, não foi o que ocorreu: em seguida à instituição da Cofi ns, em 1994, o legislador insti-tuiu outra contribuição sobre o faturamento ― desta vez sobre o faturamento da pessoa jurídica produtora rural ―, passando, no caso, tal entidade a recolher duas contribuições de hipóteses materiais idênticas - a COFINS e o Funrural - o que, na forma como está posto, é vedado pelo sistema.

Em suma, na forma que está na Lei, hoje cobra-se da pessoa jurídica duas contribuições com idênticos fato gera-dor e base de cálculo – a Cofi ns e o Funrural.

4. PRESCRIÇÃOSegundo a maioria da jurisprudência, estão prescritas,

ou seja, não dá mais para discutir em juízo, as parcelas an-

ou seja, pelos ditames esculpidos na Constituição Federal, haja vista que fora criado por Lei Ordinária ao invés de ter sido instituído por Lei Complementar.

Assim, os trabalhadores rurais, pessoas físicas e jurídi-cas, possuem o direito de restituição deste tributo por sua fl agrante inconstitucionalidade, devidamente explicitadas nos tópicos anteriores.

Neste sentido, o que veio com o objetivo de ser uma proteção aos trabalhadores rurais acabou por prejudicar uma classe de trabalhadores que são isentos desta cobrança – os trabalhadores rurais que não trabalham sobre o regime de economia familiar e possuem empregados, bem como as pes-soas jurídicas que comercializam seus produtos rurais.

Portanto, muitos produtores rurais que serão benefi cia-dos com a restituição dos valores cobrados indevidamente, poderão investir estes valores agregando-os em insumos e matérias-primas para benefi ciar a sua própria produção ru-ral.

Assim, pensamos que acertou o Supremo Tribunal Federal quando declara a inconstitucionalidade da cobrança do Funrural para pessoas físicas que não trabalham sobre o regime de economia familiar e que tenha empregados, bem como as pessoas jurídicas, posto que já contribuem com a Cofi ns.

Este artigo não se esgota em si mesmo, sendo apenas um breve explicativo do tributo Funrural bem como a decla-ração de sua inconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

BIBLIOGRAFIAFREITAS, Eduardo de. A Importância da Agropecuária

Brasileira. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/brasil/a-importancia-agropecuaria-brasileira.htm>. Acesso em 13/02/2012.

SABBAG. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Editora Saraiva. 2012. SENAR. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural . Disponível em: http://www.senarminas.org.br/. Acesso em 2012.teriores à 5 (cinco) anos do ajuizamento da ação

do Funrural, sendo restituíveis os valores pagos em 5 (cinco) anos anteriores ao ajuizamento do processo judicial.

5. SENAR A contribuição devida ao SENAR, de 0,2% sobre a receita bruta da co-mercialização da produção, prevista no artigo 1º da Lei nº 8.315/91, artigo 2º da Lei 8.540/92 e na Lei 9.528/97, com a redação dada pela Lei 10.256/2001, continua sendo obrigatória, eis que a mesma não faz parte do FUNRURAL, ai-nda que seja sobre o valor da comercialização da produção e recolhida na mesma GPS – Guia da Previdência Social, pois possui natureza jurídica distinta e o SFT declarou inconstitucional tão so-mente a contribuição devida à previdência social, não eximindo nenhum produtor rural de efetuar o recolhimento da contribuição ao SENAR.

6. CONSIDERAÇÕES FINAISComo visto, o Funrural foi criado para ben-

efi ciar uma classe de trabalhadores rurais, por isso que é chamado de tributo extra-fi scal.

Porém, não fora criado de forma correta,

A

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32MAR 2013