livro de resumos - spnd-spp.com · 1 secção de pediatria do desenvolvimento sociedade portuguesa...
TRANSCRIPT
1
Secção de Pediatria do Desenvolvimento
Sociedade Portuguesa de Pediatria
V SEMINÁRIO DA SECÇÃO DE
PEDIATRIA DO DESENVOLVIMENTO
LIVRO DE RESUMOS
8 e 9 de Abril de 2005 Auditório da Casa do Farol - ANJE
Porto
2
Apoios:
Organização: Secção de Pediatria do Desenvolvimento
Sociedade Portuguesa de Pediatria
http://www.sec-desenvolvimento-spp.com/
3
PROGRAMA
08-04-2005
08:30 H Abertura do Secretariado 09:00 H Conferência: Nutrição e Desenvolvimento Cerebral – Amélia Ferreira 10:00 H Sessão de Abertura 10:15 H Intervalo – Café
10:45 H Mesa Redonda: Nutrição nas Perturbações do Desenvolvimento Moderadora: Graça Andrada
Perspectiva do Pediatra do Desenvolvimento – Fátima Bessa
Perspectiva do Gastrenterologista – Gonçalo Cordeiro Ferreira
Perspectiva do Cirurgião – Paolo Casella
Ponto de Vista do Nutricionista – Maria Antónia Campos
Ponto de Vista do Terapeuta da Fala – Lurdes Tavares
12:45 H Discussão 13:00 H Almoço 14:30 H Conferência: Dislexia – Paula Telles 15:15 H Mesa Redonda: Dificuldades Específicas de Aprendizagem - Indicadores em
Idade Pré-Escolar Moderadora: Susana Nogueira
Perspectiva do Educador – Margarida Almeida
Perspectiva do Terapeuta da Fala – Isabel Lucas
Perspectiva do Psicólogo – Margarida Almeida
16:15 H Intervalo – Café 16:30 H Casos Clínicos Moderadora: Mafalda Brito
17:30 H Assembleia-geral
Aprovação dos Estatutos
Eleição da Nova Direcção
4
PROGRAMA
09-04-2005
09:00 H Mesa Redonda: O Sono na Criança com Perturbação do
Desenvolvimento
Moderadora: Rosa Gouveia
O Normal e os seus Desvios – Pedro Cabral
Intervenção Terapêutica – Fernanda Torgal Garcia
Intervenção pela Saúde Mental – Georgina Maia
Testemunhos dos Pais
10:15 H Discussão
10:30 H Intervalo – Café
11:00 H Workshop Janssen–Cilag: Perturbação de Hiperactividade e Défice de
Atenção em Idade Pré-Escolar
Generalidades – Teresa Temudo
Intervenção – Luísa Telles Correia
12:00 H Casos Clínicos Moderadora: Fernanda Melo 13:00 H Encerramento do Seminário
5
Nutrição e Desenvolvimento Cerebral M. Amélia Ferreira - Instituto de Anatomia da FMUP e Centro de Educação Médica da
FMUP
O estudo do desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC) constitui um dos mais
excitantes campos de investigação na área da biologia do desenvolvimento. Relacionar o
desenvolvimento cerebral com factores que possam influenciar a sua normal “construção”
tem constituído um desafio histórico das neurociências, tomado na perspectiva de perceber
as alterações funcionais decorrentes dessa interacção. O desenvolvimento do cérebro é
caracterizado por uma série integrada de eventos, designadamente a proliferação,
diferenciação, migração (radial ou tangencial) dos neurónios. É um “alvo em movimento” em
que a origem, maturação e morte são parte integrante da função cerebral e formam a base
a partir da qual se gera qualquer conhecimento sobre este orgão. Nos últimos anos, a
biologia molecular permitiu a aquisição de dados que tornaram mais acessíveis do que nunca
os mecanismos do desenvolvimento, constituindo importante base para a intervenção na
correcção e/ou prevenção dos desvios impostos a esse desenvolvimento. A concepção do
modo como a má-nutrição precoce afecta o sistema nervoso sofreu considerável evolução
desde os anos 60. A perspectiva actual é menos dramática do que as concepções anteriores,
tendo em conta as reconhecidas capacidades plásticas do SNC. O hipocampo e o cerebelo
parece serem as áreas do SNC preferencialmente afectadas nesta situação. Contudo, as
alterações cognitivas e comportamentais descritas nas situações de má-nutrição têm sido
agora relacionadas com as respostas emocionais às situações de stress, mais do que com os
défices cognitivos “per se”. Nesta apresentação serão descritos os princípios gerais que
regem o desenvolvimento do SNC, abordando sequenciadamente aspectos da neurogénese,
migração, diferenciação, arborização dendrítica e axonal, sinaptogénese, formação de
circuitos neuronais e morte neuronal. O desenvolvimento normal e as alterações
decorrentes desse processo serão abordados no contexto das alterações nutricionais,
tendo em conta que está ainda aberta a discussão sobre qual o grau da má-nutrição
necessário à produção de alterações permanentes no desenvolvimento cerebral.
(Financiamento Plurianual ao IBMC).
6
Maria Amélia Duarte Ferreira
Licenciada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), em
1978, iniciou a sua carreira académica em 1977 como Monitora de Anatomia. Em 1985,
obteve o Doutoramento em Medicina - área de Ciências Morfológicas - na FMUP, com uma
dissertação na área das Neurociências. Desde 1993, é Professora Catedrática da FMUP. Em
1997, obteve o “Diploma in Medical Education” pelas Universidades de Cardiff e de Lisboa
e, em Julho de 2000, obteve o grau de Mestre em Educação Médica. É Directora do Centro
de Educação Médica da FMUP. Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Educação
Médica. Regente da Disciplina de Anatomia Clínica da FMUP e consultora para o curso de
Medicina da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho. Investigação científica
desenvolvida Instituto de Anatomia da FMUP e no Laboratório de Neurocomportamento do
IBMC na área das Ciências Morfológicas, em Neurotoxicologia Experimental. Investigadora
responsável de projectos de investigação científica financiados pela Fundação para a
Ciência e Tecnologia, na área das Neurociências. Investigadora responsável de diferentes
Programas de Cooperação JNICT/INSERM, JNICT/British Council e Acções Integradas
Luso-Espanholas. Investigadora responsável da Unidade de Neurocomportamento do IBMC
(Instituto de Biologia Molecular e Celular). Tem desenvolvido a actividade científica em
projectos de neurotoxicologia experimental que estudam os efeitos da exposição a drogas
uso ilícito durante o desenvolvimento pré e pós-natal. Actual interesse em projectos de
investigação na área da Educação Médica.
Domínios de Especialização: Morfologia, Neurociências, Neurotoxicologia experimental,
Educação médica.
Actuais Interesses de Investigação: Mecanismos de acção de drogas de uso ilícito;
Sistemas neurotransmissores e drogas de uso ilícito; Novas tecnologias na educação
médica.
Tem mais de 100 apresentações em reuniões científicas na área das Neurociências
(Neurotoxicologia experimental e Neurotoxicologia do desenvolvimento) e mais de 80
publicações em revistas internacionais indexadas na área das Neurociências e da Anatomia.
7
Contactos: Instituto de Anatomia J. A. Pires de Lima da Faculdade de Medicina
da Universidade do Porto; Alameda Hernâni Monteiro - 4200-319 –
Porto – Portugal. Tel. 225096808; Fax: 225505640; e-mail:
Centro de Educação Médica da FMUP - Alameda Hernâni Monteiro -
4200-319 Porto – Portugal. Tel. 225518884; Fax: 225518883; e-
mail: [email protected]
8
Nutrição nas Perturbações do Desenvolvimento:
A Perspectiva do Pediatra do Desenvolvimento
Fátima Bessa – Médica Pediatra Unidade de Avaliação do Desenvolvimento e Intervenção Precoce (UADIP)
Nas crianças com deficiência, a maior parte das perturbações da nutrição estão
associadas a dificuldades de alimentação.
As crianças com paralisia cerebral e com atraso mental têm um maior risco de
apresentarem problemas de coordenação oro-motora, de deglutição, de refluxo
gastro-esofágico e de comportamentos alimentares aversivos. Também, as crianças
com perturbações pervasivas do desenvolvimento exibem, com frequência,
comportamentos alimentares aversivos e de base sensorial.
Os problemas de alimentação não detectados, diagnosticados e tratados
precocemente levam a atraso de crescimento e mal-nutrição e que interferem
negativamente com o potencial de desenvolvimento e estabilidade clínica e
emocional das crianças, sendo altamente perturbadores da dinâmica e qualidade de
vida familiar.
Na abordagem dos problemas de nutrição e de alimentação é imprescindível o
trabalho em Equipa que inclua os Pais e na qual o Pediatra do Desenvolvimento tem
um papel fundamental.
Fátima Bessa Médica Assistente Hospitalar Graduada de Pediatria da UADIP Mestre em Psicologia e Educação da Criança – Intervenção Precoce Vice-presidente da Secção de Pediatria do Desenvolvimento da SPP Coordenadora Médica Centro Reabilitação de Paralisia Cerebral do Porto (1983 a 1997) Coordenadora Técnica da UADIP (1997 a 2005) Presidente Secção de Pediatria do Desenvolvimento da SPP (1998/2001) Contacto: [email protected]
9
Nutrição nas Perturbações do Desenvolvimento:
A Perspectiva do Gastrenterologista Pediátrico
Gonçalo Cordeiro Ferreira - Pediatra e Gastrenterologista Pediatra
O estado de nutrição de uma criança depende do balanço entre o aporte e o gasto
energético (que compreende a actividade física e os custos do crescimento).
Apesar de nas crianças com patologia do desenvolvimento este segundo ramo da
equação estar muitas vezes diminuído (menor crescimento linear em patologias
sindromáticas e actividade física reduzida nos doentes com patologia motora grave)
a verdade é que se encontram com maior frequência nestas casos problemas de
desnutrição do que de obesidade.
Este facto é devido na grande maioria dos casos a diminuição da ingesta global ,
muitas das vezes causada por patologia gastro-intestinal, centrada em 4 aspectos :
1) Disfunção oral ou oro-motora :
Estes problemas são muito frequentes e causadores de anorexia e dificuldade em
alimentar adequadamente a criança. Um estudo no Japão com um grande número de
doentes com handicap motor constatou que 65% necessitavam de apoio na
alimentação, 40% apresentavam problemas na mastigação, 20% problemas da
deglutição e 30% anorexia.
As alterações da cavidade bucal relacionadas com patologia da implantação dentária
ou com problemas gengivais (secundários ao uso de anticonvulsantes) e os distúrbios
da deglutição ou da sucção-deglutição são predominantes. Os problemas da
deglutição podem também condicionar engasgamento e fenómenos aspirativos para
a árvore respiratória com apneia e infecções repetidas.
A resolução destes problemas implica o uso de técnicas de suporte nutricional como
o uso de sondas naso gástricas de longa duração ou de gastrostomias.
10
2) Refluxo Gastro-esofágico (RGE)
O RGE é um problema muito comum nestes doentes. Um estudo belga com um
número muito significativo destas crianças, concluiu que 20-30% apresentavam
RGE e destes 10-20% complicava-se de hematemeses e anemia.
O RGE resulta de uma combinação de factores que passam pela alteração da
motilidade esofágica, hipotonia do esfíncter esofágico inferior, muitas vezes hernia
do hiato, associando-se a uma frequente posição em decúbito.
O resultado é a constituição de uma esofagite péptica com alteração nutricional por
recusa na alimentação pela dor. O RGE pode ainda ser agravado pelas técnicas de
nutrição assistida como a colocação de sondas naso gástricas ou de gastrostomias.
O tratamento exige a toma prolongada de inibidores da secreção ácida gástrica ,
mas muitas vezes há recurso a cirurgia (fundoplicatura de Nissen), se bem que os
resultados a longo prazo não sejam muito encorajantes.
3) Obstipação
A obstipação é frequente nestes doentes (cerca de 60% dos casos).
É causada por uma hipomotilidade global do intestino, a que acresce a toma de
alguns medicamentos obstipantes, e o uso de dietas pobres em fibras. A
imobilização é também um factor contributivo importante.Pode condicionar uma
diminuição da ingestão de alimentos por dor (reflexo gastro-cólico) ou compressão
gástrica pela grande retenção fecal no colon.
A resolução passa pelo uso regular de laxantes osmóticos, emolientes fecais e
ocasionalmente clisteres de limpeza.
11
4) Interacções medicamentos-nutrição
Muitos dos medicamentos utilizados nestes doentes, nomeadamente alguns
anticonvulsantes, agravam as anomalias nutricionais,quer por terem uma acção
anorexígena global, quer pelas interacções sobre a absorção ou metabolismo de
factores nutricionais como as vitaminas D e B12 e o ácido fólico.
A avaliação do impacto da patologia gastro-intestinal nas alterações do estado
nutricional destas crianças, implica a sua referência a centros especializados com
capacidade de execução de técnicas (endoscopia, pH metria, manometria, colocação
de PEG), experiência no manejo destes problemas e dotados de uma equipa
multidisciplinar composta de Gastrenterologistas Pediatras, Cirurgiões,
Neuropediatras, Fisiartras e Nutricionistas.
Gonçalo Cordeiro Ferreira Pediatra e Gastrenterologista Pediatra Director do Serviço 1 do Hospital Dona Estefânia Professor auxiliar convidado de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa Presidente da SPP
12
Nutrição nas Perturbações do Desenvolvimento:
A Perspectiva do Cirurgião
Paolo Casella – Médico Cirurgião
Hospital Fernando da Fonseca
13
Nutrição nas Perturbações do Desenvolvimento:
A Perspectiva do Nutricionista
Maria Antónia Campos - Assistente de Nutrição
Quando falamos de nutrição adequada, correcta e equilibrada estamos a falar de
uma nutrição que forneça quer em quantidade quer em qualidade todos os
nutrimentos essenciais para uma correcta promoção do crescimento físico e óptimo
desenvolvimento cerebral.
Quando tal não acontece, surge a malnutrição (subnutrição e sobrenutrição), que a
nível mundial tem uma distribuição geográfica mais ou menos padronizada.
A desnutrição tem graves repercussões no desenvolvimento fisico e cerebral,
iniciando-se frequenteente esta situação durante a gravidez - feto- bebé - criança.
As consequências mais nefastas da desnutrição traduzem-se no atraso do
desenvolvimento cerebral, na limitação do desenvolvimento motor, no aumento dos
défices cognitivos, no atraso do crescimento e maturação óssea e na diminuição das
defesas imunitárias e da resistência às infecções.
CONCLUSÃO: uma nutrição adequada é imprescíndivel para um correcto
desenvolvimento fisico e intlectual.
Crianças saudáveis permitem uma fundação sólida da sociedade, contribuindo desta
forma para o desenvolvimento do país.
Maria Antónia Campos,
Assistente de Nutrição - Nutricionista do CRPCP
14
Nutrição nas Perturbações do Desenvolvimento
Ponto de Vista do Terapeuta da Fala
T. F. Mª de Lourdes Tavares Existe uma relação entre o controlo motor utilizado na alimentação oral e o controlo
motor utilizado na produção de fala?
Qualquer suporte teórico consegue explicar tanto as excepções como as regras!
Em ambas as actividades se verificam padrões de movimento similares, processos
de desenvolvimento sensoriomotor e de diferenciação complementares.
O desenvolvimento de competências funcionais resulta de um acerto constante
entre estabilidade e mobilidade. As competências motoras orais devem ser
entendidas numa perspectiva global onde se incluem todas as áreas do
desenvolvimento sensoriomotor. Deste modo, a intervenção do terapeuta da fala
apenas poderá ser entendida quando integrada num projecto mais vasto, de uma
equipa pluridisciplinar, conducente a um desenvolvimento mais harmonioso da
criança com alterações na alimentação.
Maria de Lurdes Nabais Tavares Actualmente a exercer funções de Terapeuta da Fala na Unidade de Avaliação do
Desenvolvimento e Intervenção Precoce, do Centro Distrital de Segurança Social do Porto; previamente exerceu as mesmas funções no Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral do Porto desde a formação deste Centro.
- Mestrado na área de Intervenção Precoce, Faculdade de Psicologia do Porto - Desenvolvimento de alguns projectos nacionais e transnacionais, na área da
Comunicação Aumentativa e Alternativa e Tecnologias de Apoio para a Comunicação - Funções de docência na Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto - Participação como tutora nos Cursos TND (Bobath) - Contribuição de artigos em publicações na área da Comunicação Aumentativa e
Alternativa
15
Dislexia: Da Teoria à Intervenção
Paula Teles - Psicóloga Educacional
Método Distema®
Introdução
O saber ler é uma das aprendizagens mais importantes, porque é a chave que permite o acesso a todos os outros saberes.
Até há poucos anos a origem desta dificuldade era desconhecida, era uma incapacidade invisível, um mistério, que gerou mitos e preconceitos estigmatizando as crianças, os jovens e os adultos que a não conseguiam ultrapassar.
Esta formação pretende ainda ser um contributo para a sinalização e orientação das crianças em risco, ou com dificuldades nesta aprendizagem.
Tem como objectivo apresentar os resultados dos recentes estudos sobre funcionamento do cérebro durante as actividades de leitura e escrita e dar resposta a diversas questões:
Como funciona o cérebro durante as actividades de leitura? Quais as competências necessárias a essa aprendizagem? Quais os défices que dificultam esta aprendizagem ? Quais os princípios educativos dos métodos que conduzem a um maior sucesso?
Plano da Apresentação:
Dislexia: Perspectiva Histórica, Definições Teorias dos Défices Bases Neurobiológicas, Epidemiologia, Comorbilidades Prognóstico, Diagnóstico Diferencial, Sinais de Risco, Mitos Terapias Controversas Avaliação - Diagnóstica Princípios de Intervenção Educativa: Ensino Multissensorial, Fonomímico,
Sistemático e Cumulativo Método Distema®. Como nasceu, quais os pressupostos teóricos, a quem se
destina? Dislexia: Ortografia, Línguas Estrangeiras e Matemática - Aritmética Dislexia: Ambiente Educativo e Avaliação Conclusões
16
Maria Paula Campante Carvalho Ferreira Teles,
nasceu em Borba em 1943. Concluiu o Curso do Magistério em Évora, em 1962. Licenciou-se em Psicologia Educacional no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em 1986. Na monografia de fim de curso aprofundou os conhecimentos sobre os “Processos Cognitivos Envolvidos na Aprendizagem da Leitura e Escrita”, tendo realizado diversos trabalhos sobre esta temática.
Desenvolveu a sua actividade profissional, como Professora e Psicóloga Educacional, nas Equipas de Apoio Educativo do Ministério da Educação, entre 1963 e 1999.
É membro da “International Dyslexia Association” e de outras associações científicas. É consultora do Centro de Desenvolvimento Diferenças, na área de Dislexia.
Tem consolidado os seus conhecimentos frequentando diversos congressos, seminários, conferências e cursos de formação.
Tem apresentado, comunicações em congressos, seminários, encontros, jornadas e reuniões de formação, sobre Dislexia - Perturbação da Leitura e Escrita e Perturbação de Défice de Atenção e Hiperactividade, em iniciativas de âmbito diversificado: universidades, institutos, associações profissionais e culturais.
Complementou a sua actividade profissional em clínica privada, atendendo crianças e jovens com Dislexia e outras Perturbações do Desenvolvimento.
Criou e desenvolveu, em colaboração com a Dr.ª Leonor Machado, um método de ensino e reeducação da leitura e da escrita, Método Distema®- Dislexia Teles Machado.
O Método Distema e os primeiros materiais foram recentemente apresentado no XI Seminário de Desenvolvimento - A Criança Disléxica - , organizado pelo Centro de Desenvolvimento e Neurologia Pediátrica do Hospital Pediátrico de Coimbra.
É um Método de Ensino e Reeducação da Leitura e da Escrita, Fonomímico, Multissensorial, Estruturado e Cumulativo. Foi elaborado com base nos resultados dos recentes estudos cognitivos e neurocientíficos sobre dislexia e a nossa experiência profissional.
O método destina-se a crianças com perturbações fonológicas da linguagem e que apresentem indicadores de risco de dislexia, a crianças e jovens disléxicos a todos os que apresentam dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita, em maior ou menor grau, independentemente da sua etiologia.
Endereço para correspondência:
Paula Teles, Leonor Machado Rua República da Bolívia, 22 2º D 1500 - 547 Lisboa Tel. 21 715 12 60 / 21 711 09 51 / 52 ; Tm. 96 249 80 73 e-mail: [email protected]: [email protected]
17
Dificuldades Específicas de Aprendizagem – Indicadores em
Idade Pré-Escolar
Perspectiva do Educador, do Terapeuta da Fala, do Psicólogo
Margarida Almeida – Educadora e Psicologa
Isabel Lucas - Terapeuta da Fala
Alguns estudos de prevalência, estimam que 3 a 10% das crianças, ao entrarem para a
escola, virão a apresentar problemas de aprendizagem, apesar de terem uma inteligência
normal, um ensino adequado e estarem inseridas num meio sócio-cultural estimulante.
Se atendermos ao impacto negativo que este problema poderá vir a ter, quer no
desenvolvimento social e emocional da criança, quer na vida futura dos indivíduos e da
sociedade, cedo nos apercebemos da necessidade da identificação o mais precocemente
possível dos factores de risco que poderão estar na origem dessa problemática, podendo
ser desenvolvido todo um trabalho a nível da prevenção.
Na idade pré-escolar, o papel da educadora de infância, do psicólogo e da terapeuta da fala
torna-se duma importância primordial quer na identificação dos sinais de risco, quer no
encaminhamento o mais cedo possível destas situações e também ao nível da intervenção,
podendo ser desenvolvido todo um trabalho, no sentido de promover o desenvolvimento das
capacidades necessárias a uma aprendizagem com sucesso. Este trabalho de equipa deverá
ser desenvolvido sempre numa perspectiva transdisciplinar, onde a família ocupa um papel
central.
18
Maria Margarida Alves Sousa Almeida
Em 1979 conclui curso de Educadora de Infância tendo iniciado a sua actividade
profissional no jardim de infância da rede pública como educadora.
Em 1982 inicia actividade profissional como educadora, no Centro de Desenvolvimento da
Criança do Hospital Pediátrico de Coimbra (CDC – HPC), integrada em equipa
multidisciplinar.
Em 1996 conclui licenciatura em Psicologia - ramo de psicologia do desenvolvimento na
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, exercendo
desde então funções de psicóloga nas Consultas de Desenvolvimento, Metabólicas (PKU) e
Trissomia 21 no mesmo serviço (CDC).
Em 2004 ingressa no mestrado de Avaliação Psicológica coordenado pelo Professor Mário
Rodrigues Simões na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de
Coimbra.
Maria Isabel Lucas
Terapeuta da Fala especialista formada pela Escola Superior de Saúde de Alcoitão em 1982
e em funções no Hospital Pediátrico de Coimbra – Centro de Desenvolvimento da Criança
desde 1990.
19
Casos Clínicos
Gastrostomia e doença neurológica: que realidade?
Carmen Gan, Maria Gabilondo, Pilar Valente, José Cabral, Eulalia Calado
Serviço de Neurologia Pediátrica e Unidade de Gastroenterologia do Hospital de
Dona Estefânia
Muitos avanços tecnológicos foram feitos na abordagem da criança com doença
neurológica mas a má-nutrição continua a ser um problema de elevada prevalência
com graves consequências nestes doentes. Nesse sentido têm-se utilizado
diferentes métodos para assegurar a alimentação entérica, ocupando a
gastrostomia endoscópica percutânea (PEG) um papel de relevo.
Objectivos: caracterizar a experiência do Hospital Dona Estefânia em relação às
crianças com doença neurológica que realizaram gastrostomia e determinar as
dificuldades sentidas pelos pais e o grau de satisfação com a colocação desta.
Material e métodos: realizou-se um estudo retrospectivo das crianças com doença
neurológica que colocaram gastrostomia desde Janeiro de 1994 até Junho de 2004.
Foram avaliadas uma série de variáveis: sociodemográficas, estado clínico,
procedimento, evolução clínica e inquérito aos pais no sentido de objectivar receios,
satisfações e influências na decisão.
Resultados: dos 64 processos válidos observou-se que as crianças tinham uma idade
média de 13,87 anos, 32 (50%) correspondiam ao sexo masculino. A paralisia
cerebral foi a patologia mais frequentemente encontrada (50 – 78,1%). Da situação
clínica pré-gastrostomia 25 (39%) das crianças apresentavam dificuldades
oromotoras e 19 (29,6%) esofagite.
O motivo clínico que justificou o procedimento em 32 (50%) das crianças foi a
alimentação prolongada/dificuldades na alimentação.
20
A idade média de colocação da gastrostomia foi de 7,93 anos em 48 crianças foi
realizada PEG, em 12 crianças foi realizada fundoplicatura de Nissen. A evolução
ponderal foi favorável na maioria das crianças estudadas.
Foi possível a realização de 20 inquêritos, a maioria das famílias pertenciam a meios
socio-culturais pouco favorecidos.
O tempo demorado relativamente à decisão em 80% dos pais entrevistados foi
condicionado pelo aparecimento de complicações, sendo a maioria destas infecções
respiratórias (56,2%). 90% dos pais reconhecem terem sido os médicos quem mais
influenciou na decissão. Em 60 % das crianças o procedimento foi realizado em
menos de um mês após a tomada de decisão.
Os receios iniciais mais frequentemente referidos pelos pais foram a dificuldade
em alimentar os seus filhos (45% - 7) e os cuidados a ter com o estoma (40%- 8).
A alimentação mais rápida (8- 40%), e a melhoria na progressão estaturo-ponderal
(9-45%) foram os motivos de maior satisfação.
Nenhum dos pais mostrou insatisfacção com o procedimento e 95% mostraram-se
disponíveis em aconselhar outros pais.
21
O Sono na Criança com Perturbação do Desenvolvimento
O Normal e os Desvios
Pedro Cabral
Neurologista Pediátrico. Hospital de Egas Moniz – Servº de Neurologia
Hospital de S. Francisco Xavier – Servº de Pediatria
22
O Sono na Criança com Perturbação do Desenvolvimento
Intervenção Terapêutica
Fernanda Torgal Garcia - Pediatra do Desenvolvimento
Um dos bio-ritmos do comportamento da criança é o sono, que é o reflexo do
equilíbrio global da criança, da sua homeostase .A arquitectura do sono vai-se
estabelecendo com a maturação do SNC do bebé, com a aprendizagem e tem ainda
relação com o temperamento, com base no estabelecimento de ritmos circadianos,
ultradianos e infradianos. Se a criança sem patologia tem perturbações do sono,
estas são muito mais marcantes e difíceis de controlar nas crianças com problemas
de desenvolvimento. São analisadas estratégias terapêuticas em várias patologias
do desenvolvimento : défices cognitivos, T.21, S.Prader-Willi, S.Rett, X-frágil,
S.Angelman, S.Williams, autismo, S,Asperger, défices cognitivos, visuais e
auditivos.
Fernanda Torgal Garcia
Assistente Hospitalar Graduada do H.S. Maria -Lisboa
Pediatra do Desenvolvimento do H.S.M.
Assistente Convidada da Faculdade de Medicina de Lisboa
23
O Sono na Criança com Perturbação do Desenvolvimento
Intervenção pela Saúde Mental
Georgina Maia - Pedopsiquiatra
A autora aborda as perturbações do sono, enquandrando-as no desenvolvimento da
criança e na interacção familiar. Salienta-se a importância de avaliar a sua
gravidade de acordo com a intensidade, duração e repercussão na criança e família.
As perturbações do sono na 1.ª infância associam-se a uma maior prevalência de
depressão materna e de uma interacção com componentes negativos, o que muito se
tem investigado se serão a causa ou a consequência das perturbações do sono nesta
idade. Numa criança com alterações do desenvolvimento, quando estas
diagnosticadas precocemente, os pais encostaram-se a elaborar esta situação o que
pode potenciar o que atrás foi mencionado.
Dada a noção de que um sono tranquilo é sinal de que o bebé consegue um equilíbrio
entre a vigília e o sono, com capacidade de homeostase, e transmite aos pais que
está bem, reafirma-se a necessidade de que os pediatras introduzam nas consultas
de rotina a pesquisa sobre a qualidade do sono da criança e em que condições se
verifica.
Georgina Maia Chefe de Serviço de Pedopsiquiatria
Directora do Serviço de Pedopsiquiatria e Saúde Mental da Infância e Adolescência
do Hospital de São Francisco Xavier
Assistente Convidada da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de
Lisboa
24
O Sono na Criança com Perturbação do Desenvolvimento
Testemunhos dos Pais
Joaquina M.ª Magalhães Teixeira e Emídio José Silva
Irene e Rui Moutinho Barreira
25
Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção em
Idade Pré-Escolar
Generalidades
Teresa Temudo - Neuropediatra Hosp. Sto António - Porto
26
Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção em
Idade Pré-Escolar
Intervenção
Luísa Telles Correia - Médica pediatra Hosp. Amadora Sintra
27
Casos Clínicos
Capacidades de Fala e Linguagem em indivíduos com Síndrome de Prader – Willi
Maria Luísa Pinto, Maria João Ximenes, Rosa Gouveia
Instituição: Unidade de Desenvolvimento – Clínica Universitária de Pediatria -
Hospital de Santa Maria - Lisboa
Apresentação de um estudo de Barbara A. Lewis; Lisa Freebairn (Rainbow Babies
and Children’s Hospital, Case Western Reserve University, Cleveland) e de Shauna
Heeger (Suzanne B. Cassidy, University of California, Irvine) sobre as capacidades
de fala e linguagem em indivíduos com Síndrome de Prader-Willi, publicado no
American Journal of Speech – Language Pathology · vol.11 · 285 – 294 · August 2002
· American Speech – Language – Hearing Association.
Este estudo tem como objectivos: descrever a heterogeneidade das capacidades de
Fala e Linguagem, incluindo as capacidades narrativas, encontradas no Síndrome
Prader – Willi; analisar as capacidades de Fala e Linguagem em quatro grupos
etários: Nascimento até ao inicio da marcha, Pré – Escolar, Escolar, Adolescente/
Adulto, existente em 55 indivíduos com Síndrome de Prader – Willi (27 do sexo
masculino e 28 com sexo feminino), com idades compreendidas entre os 6 meses e
os 42 anos de idade; comparar os resultados de fala e linguagem no que diz respeito
às diferentes anomalias genéticas do próprio síndrome.
Observou-se que a maioria dos indivíduos apresentava erros articulatórios
caracterizados por: imprecisão articulatória (85%); dificuldades motoras orais
(91%), hipernasalidade (62%); hiponasalidade (14%). Outras características do
discurso foram observadas: baixo débito de fala, entoação monocórdica, alteração
da altura tonal e da qualidade vocal (rouca e áspera).
28
Observou-se um deficit nas capacidades narrativas de recontar histórias, mais
evidente ao nível de tarefas de sequenciação de histórias.
Não se verificam diferenças significativas a nível das capacidades de fala e
linguagem nos indivíduos com síndrome de Prader – Willi, quer este seja originado
por delecção do cromossoma 15 ou por dissomia uniparental.
Por fim, apresenta-se um Caso Clínico, de uma criança do sexo feminino com 7 anos
com Síndrome Prader – Willi, seguida na Consulta como ilustração do que se concluiu
no estudo.