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1

Índice

APRESENTAÇÃO 3

PREFÁCIO 5

PREMIADAS DO GRUPO I

PERDI A PACIÊNCIA (Lucas Gomes de Queiroz) 7

FICAR SEM PACIÊNCIA (Maria Helena Costa Drumond de Moura) 8

A SURPRESA DE RICARDO (Paulo Henrique Caldeira Costa) 9

PREMIADAS DO GRUPO II

UM FINAL FELIZ PARA... (Mirela Mendonça Baliano Vieira Claudino) 10

A BARATA (Manuela Santos Brizon de Oliveira) 11

UM RATO NA ARMADILHA (Guilherme Quintanilha Marcello) 12

PREMIADAS DO GRUPO III

AMIGOS (Laura Rolinho Pereira da Silva) 13

NA NOSSA RUA... (Lara Mel Soares Di Leta) 15

AS TRÊS FAMINTAS DA TIJUCA (Emanuelle Martins Alves) 17

PREMIADAS DO GRUPO IV

ANGÚSTIA SEM FIM (Gabriel Garcia Marques) 18

DESABAFO DE UM EGOMANÍACO (Octávio Lyra Heitor) 19

O QUE MAIS DESEJO AGORA (Carolina Valente Correa de Sá e Benevides)20

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SELECIONADAS DO GRUPO I

VENHA VER O NASCER DO SOL (Pedro Susumu Kamino) 21

UMA SURPRESA PARA RAQUEL (Sofia Chaves Couto) 22

SELECIONADAS DO GRUPO II

VIDA DE RATO FEIO (Luísa Braga Antoun da Cunha) 23

O AMOR DE UM ANIMAL (Marianne Cattete Reis de Aguiar) 24

CÃO (Rafael Cabral Molisani Mendonça) 25

SELECIONADAS DO GRUPO III

UM ATO DE SOLIDARIEDADE (João Pedro Cordoville Freire Rautha) 26

CHOQUE DE REALIDADE (Kaylanie Lourenço Gamba) 27

A FILHA (Luana Tramujas de Souza Lima) 28

FIQUE ONDE ESTÁ E ENTÃO CORRA!(Manuela de León Rebelo de Souza) 30

MISÉRIA DO DIA A DIA (Sofia Cerqueira Kim) 31

SELECIONADAS DO GRUPO IV

ÓDIO DA MULHER FELIZ (Ana Luiza de Medeiros Santos) 32

A VIDA E SUA EFEMERIDADE (Brunna Botelho Esperança) 33

JURA DE “AMOR” (Gabriela Tavares Magalhães) 34

A ÚNICA CERTEZA DA VIDA (Letícia Brandão Rosetti de Oliveira) 35

AGRADECIMENTOS 36

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3

Apresentação

Ampliar o interesse pela leitura; motivar a escrita e dialogar com a realidade; tornar real o impossível. Há trinta e três anos o Concurso de Literatura Maria Helena Xavier Fernandes transforma alunos em escritores, estimulando-os a entender a leitura e a escrita como ferramentas de comunicação e de construção de sua individualidade no mundo.

A equipe de Língua Portuguesa, no início de cada ano letivo, reúne-se para escolher o(s) autor(es) homenageado(s), cujos textos determinam e motivam a produção dos alunos. Em 2018, Lygia Fagundes Telles e Paulo Mendes Campos foram os escolhidos para inspirarem a criação dos nossos escritores.

Os textos e a vida dos autores selecionados foram apresentados nas aulas de Língua Portuguesa II (Redação e Literatura) logo nas semanas seguintes. Os professores acrescentaram textos e notas dos autores nas avaliações a fim de familiarizar os alunos com a obra dos escritores –linguagem, estilo e gênero predominante, por exemplo.

Em maio chegou, enfim, o Dia da Criação, quando toda a escola vivenciou a essência dos autores por meio de obras e trechos selecionados. Os alunos produziram seus textos a partir de propostas direcionadas aos seus grupos – Grupo I (4° e 5° anos), Grupo II (6° e 7° anos), Grupo III (8° e 9° anos) e Grupo IV (Pré I, Pré II e Pré III).

Depois da produção, os professores de Literatura e Redação fizeram a correção de cada texto, atribuindo um grau a cada redação. Aconteceu então a primeira etapa da seleção: após conferir uma nota para cada redação, o professor selecionou aquelas que se destacaram em algum aspecto: originalidade, forma, conteúdo, dentre outros.

A banca examinadora, composta por um grupo de professores e membros da equipe diretivo-pedagógica da escola, avaliou cada redação (sem identificação) de modo impessoal, a fim de manter o sigilo e a imparcialidade do resultado. Após etapas de leitura e releitura, cada texto selecionado compôs este livro, entregue aos premiados do Concurso no dia da cerimônia e culminância do evento.

A ECO pretende que cada participante do Concurso de Literatura se perceba como protagonista deste momento tão relevante para a comunidade escolar.

Desejamos, principalmente, que a cada ano, novos e mais alunos sejam motivados a tornarem-se escritores que dividem com o leitor o frescor de sua juventude aliado ao desejo e à coragem de criarem e viverem suas histórias.

Ana Carolina

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Prefácio

Viver é um verdadeiro impasse entre a vida que se vive e a vida possível. A palavra é nossa maneira de nos tornar conscientes de nossos mundos internos, de se conectar mais ou menos com a realidade exterior. A palavra é como uma antena, pela qual captamos o mundo, pela qual imprimimos nossa cor alaranjada numa paisagem nublada, pela qual nos damos suporte em tempos difíceis. A palavra nos faz (re)conhecer cidades que onde nunca pisamos, países que não existem, pessoas que queríamos ser e, ao mesmo tempo, nos faz pertencer no mundo, nas situações que vivemos.

O poeta alemão Hoelderlin dizia que “o homem poeticamente habita”. Portanto, a palavra não deve ser vista como mera união de letras, sons e sílabas. A palavra é nossa cidadania, nossa certidão de nascimento e, ao mesmo tempo, nosso passaporte só de ida, para um mundo possível e ideal onde não há cidadanias. Em momentos de guerra, de ditadura, a palavra foi tanto a nossa expressão necessária, como um oásis na crueldade do mundo real.

Seguindo essa lógica, os livros, povoados de palavras, seriam nossos aviões, nossas espaçonaves, nosso quartel general encadernado em papel. À bordo de um livro, toda a leitura é uma viagem extraterrestre! Escrever é, portanto, estar a caminho do desconhecido, conhecer o outro, conhecer a si mesmo.

Este ano, o XXXIII Concurso de Literatura Maria Helena Xavier Fernandes homenageia dois exímios pilotos desta tripulação-livro: Lygia Fagundes Telles e Paulo Mendes Campos. Tanto Lygia quanto Paulo, a seu modo, nos fazem ver o íntimo de nós mesmo. Paulo em sua cíclica viagem no amor que “sempre acaba para recomeçar, todas as vezes”; já Lygia, em “As meninas”, revela o movimento constante da vida: “Ana Clara fazendo amor. Lião fazendo comício. Mãezinha fazendo análise. As freirinhas fazendo doce, sinto daqui o cheiro quente de doce de abóbora. Faço filosofia. Ser ou estar.”

Quando falamos dos homenageados deste ano, estamos falando, então, de movimento, da oscilação entre ser e estar, da reconstrução dos amores, das necessidades, das realidades. Viver é se autoconstruir, todos os dias. Não há melhor instrumento para isto, entre o que queremos ser e o que vamos ser, que a palavra escrita. Como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade, “Ó, vida futura nós te criaremos!”.

A equipe de Língua Portuguesa convida a todos nessa viagem em que somos antenas capazes de nos captar, captar o mundo, apreender o exterior e nos reconstruir para construir um mundo possível.

Prof. Fernando

Em nome da equipe de Língua Portuguesa.

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7

Premiadas do Grupo l - 4º e 5º anos

"– É porque a gente está com o telefone quebrado, desculpe-me. Vai querer o quê?

– Nada, tchau."

1º lugar – 4º Ano – Ensino Fundamental - Lucas Gomes de Queiroz

PERDI A PACIÊNCIA

Um dia, à tarde, eu estava na minha casa vendo um filme e senti muita fome. Parei o filme e fui ligar para uma pizzaria, mas deu caixa postal outra vez.

Depois da oitava ligação, eu cansei e fui para a pizzaria. Cheguei lá e fui direto falar com o atendente:

– Poxa, cara, eu liguei para cá oito vezes e nada! Vocês não atenderam, por quê?

E o atendente:

– É porque a gente está com o telefone quebrado, desculpe-me. Vai querer o quê?

– Nada, tchau.

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8

"Depois desses dias, Larissa foi pedir desculpas para Clara, ela aceitou, então voltaram a ser amigas. O que você não sabe é que antes dessa briga, elas já brigaram por esse mesmo motivo várias vezes!"

2º lugar – 4º Ano – Ensino Fundamental - Maria Helena Costa Drumond de Moura

FICAR SEM PACIÊNCIA

Existem duas amigas, Clara e Larissa, que moram no mesmo prédio, estudam na mesma escola e fazem natação juntas.

Clara fica sem paciência quando Larissa vai passear com suas outras amigas e não a chama.

Um dia, Larissa convidou suas outras amigas, Juliana e Bruna, para ir ao parque e não chamou Clara, que então começou a brigar com Larissa pelo celular. Elas pararam de se falar por uns sete dias^ Nesses dias, brigadas, Clara ficou muito sem paciência para olhar para a cara de Larissa.

Depois desses dias, Larissa foi pedir desculpas para Clara, ela aceitou, então voltaram a ser amigas. O que você não sabe é que antes dessa briga, elas já brigaram por esse mesmo motivo várias vezes!

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"Quando já era de noite, Ricardo lembrou que aquele era o dia em que as estrelas e a lua brilhavam mais e a levou até o topo da colina, um lugar bem alto e bem bonito para ver as estrelas."

3º lugar – 5º Ano – Ensino Fundamental - Paulo Henrique Caldeira Costa

A SURPRESA DE RICARDO

Raquel até concordou em fazer outro programa, aliás queria logo sair dali.

Ricardo teve a ideia de levá-la ao cinema para ver um filme chamado Guerra Infinita, um filme de heróis que é bem legal. Raquel não gostou do filme.

Depois Ricardo levou-a para almoçar em um restaurante chique, mas ela também não gostou, pois achou a comida muito salgada.

Quando já era de noite, Ricardo lembrou que aquele era o dia em que as estrelas e a lua brilhavam mais e a levou até o topo da colina, um lugar bem alto e bem bonito para ver as estrelas. Ela adorou, até deu um abraço nele.

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Premiadas do Grupo ll - 6º e 7º anos

"Infelizmente, também fui pega pelo terrível “jato inseticida”. Eu e minhas irmãs, amigas, amigos e o resto da colônia fomos colocados dentro de um saco preto. Foi horrível essa sensação.

Acordei no paraíso, cheio de lixo. Baratas felizes, sol, belas moscas e ratos. Parece que eu morri! Eles me levaram para um lugar melhor!

1º lugar – 6º Ano – E. Fundamental - Mirela Mendonça Baliano Vieira Claudino

UM FINAL FELIZ PARA^

Vivíamos bem, felizes numa vida normal de qualquer barata. Até que um dia, avistamos um ser humano de máscara. Todos aqui têm nojo de humanos, como eu — eles são muito nojentos.

Sempre víamos esses seres pelo buraco da luz. Mas um dia, eles abriram mais ainda o buraco. O apocalipse iria começar. “Olá, caos!”.

Eles chegaram invadindo, matando, apavorando. Nossa rainha nos chamou para o abrigo secreto. Corremos e corremos. Porém um jato forte vinha a nos pegar. Os humanos o denominaram de “inseticida”.

Infelizmente, também fui pega pelo terrível “jato inseticida”. Eu e minhas irmãs, amigas, amigos e o resto da colônia fomos colocados dentro de um saco preto. Foi horrível essa sensação.

Acordei no paraíso, cheio de lixo. Baratas felizes, sol, belas moscas e ratos. Parece que eu morri! Eles me levaram para um lugar melhor!

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"Eu nasci faz duas semanas, de um ovo qualquer perto de um pequeno lago. Mesmo tendo pouco tempo de vida, já passei por diversas coisas."

2º lugar – 7º Ano – Ensino Fundamental - Manuela Santos Brizon de Oliveira

A BARATA

Oi! Eu sou apenas uma entre milhões e milhões de baratas que existem nesse mundo, e aqui vai a minha história.

Eu nasci faz duas semanas, de um ovo qualquer perto de um pequeno lago. Mesmo tendo pouco tempo de vida, já passei por diversas coisas.

No meu segundo dia de vida, já achei um lugar para morar. Uma casa bonita, grande e limpa, isso era tudo o que eu queria! Fiquei quieta em um canto da parede da cozinha, aproveitando enquanto podia.

Passou um tempinho e apareceu uma humilde mulher, que logo fez cara feia ao me ver. Apavorada, ela pegou a vassoura que estava do seu lado e ameaçou me matar. Nem pensei duas vezes e saí pela janela.

Fiquei três dias na rua. As pessoas passavam pela calçada e quando me viam, saíam pulando ou até correndo.

Nesse momento estou em outra casa e aprendi que se aparecer alguém e tentar me matar, é só eu abrir as minhas asas e esse alguém vai correr e gritar.

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"Passou o tempo e eu fui perdendo as forças. Minhas pernas tremiam muito, meu olho começou a fechar. Eu não aguentei, me deixei ir."

3º lugar – 6º Ano – Ensino Fundamental - Guilherme Quintanilha Marcello

UM RATO NA ARMADILHA

Estava escondido em um bueiro, quando senti um cheiro delicioso no ar.

Resolvi sair e ver de onde vinha esse cheiro tão gostoso.

Quando cheguei ao local, vi um pedaço muito bonito de queijo.

Fui logo comer aquele delicioso lanche.

Má ideia.

Em um piscar de olhos, eu me vi preso numa armadilha, que ia me apertando cada vez mais.

Passou o tempo e eu fui perdendo as forças. Minhas pernas tremiam muito, meu olho começou a fechar. Eu não aguentei, me deixei ir.

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Premiadas do Grupo III - 8º e 9º anos

"Não sei explicar como, mas consigo chegar ao meu destino sem derramar uma lágrima sequer, estava começando a me acostumar com aquela realidade paralela à minha."

1° lugar – 9º Ano – Ensino Fundamental - Laura Rolinho Pereira da Silva

AMIGOS

O carro andava deixando para trás toda a loucura da minha cidade, tudo ficava mais calmo conforme nos aproximávamos do destino final. Os prédios viraram mato que, por sua vez, deu lugar para pequenas casas de tijolos expostos. Poderia jurar que eram casas abandonadas há muito tempo, mas a triste verdade é que moravam pessoas nessas casas, e eu sabia disso. Fechei os olhos e aumentei o volume da música, uma tentativa de me isolar do ambiente exterior.

Não sei explicar como, mas consigo chegar ao meu destino sem derramar uma lágrima sequer, estava começando a me acostumar com aquela realidade paralela à minha. Saltei do carro antes mesmo dele parar. Logo a terra da rua não asfaltada entrou no meu sapato, algo que raramente acontecia na cidade. Estava sentindo uma mistura divergente de sentimentos, uma luta interna entre a vontade de chorar e a de sorrir.

As pessoas que caminhavam pela rua, em sua maioria, eram crianças da minha idade, me olhavam estranhamente, dizendo com os olhos que eu não pertencia àquele lugar. De fato eu não pertencia, ou melhor, não morava ali. Sempre acreditei que fosse minha roupa a culpada por me julgarem logo de cara, o diferente sempre assusta. Apesar disso, nunca me senti desprezada por eles, algo que aconteceria caso a situação fosse invertida, caso fossem eles visitando minha cidade com esses farrapos, as melhores roupas que possuem.

Não demorou muito para eu me ver cercada por amigos, crianças moradoras daquela comunidade. A partir daquele momento, o dia passou voando, tendo sido repleto de brincadeiras. Mas não foram apenas brincadeiras, também conversamos, principalmente sobre o preconceito. O

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que os outros diriam — os moradores ricos de minha cidade ao me verem brincando com crianças pobres — algumas até mesmo de rua? Nós ríamos e achávamos graça, estávamos batendo de frente com as classes sociais, com as pessoas que queriam nos separar por conta do dinheiro.

Quando voltei para o carro, estava irreconhecível. O cabelo bagunçado pelo vento, as roupas sujas e rasgadas pelas brincadeiras, já os sapatos perderam-se em algum lugar. Acenei para eles através do vidro do carro, enquanto o mesmo se afastava rumo à minha cidade. Assim que eu não podia mais vê-los, tirei o sorriso do rosto e desatei a chorar. Chorei por eles, por cada aperto que passariam sem que eu pudesse ajudar. Chorei pela injustiça: eu ter tanto e eles nada. Chorei até chegar a minha cidade, cheia de gente que nunca vai entender porque choro.

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"Eu tinha dois reais na bolsa — os dois reais conquistados com o trabalho, o estudo, que eu já nem dava mais importância."

2° lugar – 9º Ano – Ensino Fundamental - Lara Mel Soares Di Leta

NA NOSSA RUA^

A história é única, mas são várias. Vários “ser”, “sentir”, “eu” e “nós”. A cada vez que ando na rua, passo, repasso, desvio o olhar e tento olhar para o fundo dos nossos olhos. Cada vez que nos entreolhamos, sinto a dúvida entre sorrir ou ficar séria. Tento me aproximar, apesar de me impedirem, apesar de eu me impedir, apesar de dizerem que é errado, apesar de tudo^

Ando pela rua atravessando hierarquia e meritocracia, lá surgem nossas histórias. Vejo sempre um ser humano, dois ou três jogados na calçada. Sim! Eu dou dinheiro! Pra mim! Para mim como pessoa, como alguém que está se sentindo culpado por ter acabado de sair de uma loja e ter comprado uma roupa nova; sabendo que pessoas morrem de fome. A culpa e o dar dinheiro fomentam essa nossa história.

O moço estava lá: era alto, não tinha todos os dentes, usava uma bengala e era sujo. Menos sujo que minha culpa e minha falta de humanidade. Eu tinha dois reais na bolsa — os dois reais conquistados com o trabalho, o estudo, que eu já nem dava mais importância. Era pouco dinheiro para mim e muito para ele. Um ser humano como eu, como todos. “Não sai dessa situação porque é relaxado, um fracassado”. “Burra, idiota, boazinha, né? Isso é preguiçoso, vagabundo!”. Eu dei dinheiro foi pra mim. Para o meu ego, para minha narrativa, meu futuro, minhas lembranças, minhas escolhas. Isso tudo. Somente dois reais. Os dois reais mais bem gastos da vida.

Os meus dois reais.

Eu entreguei o dinheiro, comovida com meu egocentrismo; pago por aqueles dois reais, apesar do medo de encostar nos dedos daquele ser humano igualzinho a mim. Aqueles segundos se passaram em câmera lenta. Como assim? Por que eu fiz isso? Para que tanto medo? Tive que entrar dentro de mim, fazer uma autoinvestigação para entender o motivo

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disso ter acontecido. Revi meus medos, minhas questões^ por aí vai. O que a sociedade fez de mim e faz de todos?

Pronto! Entregue^ Saí com um sorriso da missão cumprida, como se tivesse feito grande coisa! Agora era só esperar minha avó se virar pra mim e dizer “como você é boa, minha netinha!”. Meu ego massageado e razão dizendo “fez o mínimo!”. Enquanto isso, eu me debatendo por dentro.

As eternas buscas sem soluções. Depois de tudo, depois de todos, nada ainda acabou! Ainda vivemos todos os dias assim: na luta por uma sociedade para todos! A eterna luta do bem contra o mal, da humanidade contra nossa desumanidade.

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17

"A garotinha menor segurava uma bonequinha com força nos braços, como se fosse preciosa. Ninava o brinquedo que estava sujo de um lado para o outro, assim como suas roupas esfarrapadas."

3° lugar – 9º Ano – Ensino Fundamental - Emanuelle Martins Alves

AS TRÊS FAMINTAS DA TIJUCA

Naquela tarde nós íamos ao mercado fazer a usual “compra do mês”. Nós nos aprontamos e entramos no carro, rumo ao grande supermercado da Tijuca. Conversávamos no caminho: aquela reclamação diária dos problemas que aparecem.

Paramos no sinal, ao lado de uma grande panificadora. Olhei para o chão da frente da construção e ali se encontrava uma mulher, junto a duas crianças de mais ou menos quatro anos de idade. Todas as três jogadas em um canto, largadas, sujas e famintas.

A garotinha menor segurava uma bonequinha com força nos braços, como se fosse preciosa. Ninava o brinquedo que estava sujo de um lado para o outro, assim como suas roupas esfarrapadas. A mãe pedia esmolas para cada pedestre que cruzava sua vista, e todos a ignoravam.

De repente apareceu um funcionário da panificadora com um embrulho nas mãos e entregou à mulher, que o abriu e pegou os pães, devorando-os ferozmente, faminta.

O sinal abriu, os carros aceleraram, os pedestres andaram. Elas ficaram ali: no descaso, convivendo com o frio daquela noite, na grande Tijuca.

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Premiadas do Grupo lV - PRÉ l, PRÉ II e PRÉ III

"A angústia, que me consome, é a mesma que me comove Acabar com o sofrimento de forma covarde é opção"

1° lugar – Pré I – Ensino Médio - Gabriel Garcia Marques

ANGÚSTIA SEM FIM

Em meu peito a perda aperta

Em minha boca a saudade grita

O sentimento se esvai ou se intensifica

Uma incógnita que cada vez mais se ratifica.

O equilíbrio e a lucidez já não são problemas

Uma ferida que parece nunca cicatrizar a dor

Na tentativa de identificar as emoções em poema

Fracasso e sigo sem compreender o real significado do amor.

A angústia, que me consome, é a mesma que me comove

Acabar com o sofrimento de forma covarde é opção

Espero que minha alma, julgada não se torne

Pois não encontro outra solução para a minha solidão.

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19

"Então qual a razão daquela meretriz me abandonar? Foi algo que eu disse? Algo que eu deixei de dizer? Ou teria sido ela como todas as outras? Mais uma sanguessuga se aproveitando da minha fortuna?"

2° lugar – Pré III – Ensino Médio - Octávio Lyra Heitor

DESABAFO DE UM EGOMANÍACO

Não compreendo:

Tenho a inteligência

Tenho o carisma

E a beleza.

Então qual a razão daquela meretriz me abandonar?

Foi algo que eu disse?

Algo que eu deixei de dizer?

Ou teria sido ela como todas as outras?

Mais uma sanguessuga se aproveitando da minha fortuna?

Então, ela já deve ter encontrado outro macho para tirar proveito

Bem, que ela ande com os outros vermes

Obviamente ela não era digna de minha pessoa

Logo, continuarei minha busca

A busca por uma dama digna de meu ser

Até o dia em que eu seja reduzido a cinzas.

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20

É ótimo estar sem você, Muito bom não precisar do seu amor. E se acha que ainda o quero, Desculpe-me, mas se enganou. O que mais desejo agora É com quem importa eu ficar. O que mais desejo agora É nem pensar que já quis amar você.

"Como foi boa sua partida. Como isso me fez bem. E eu achando que depois de você Não amaria mais ninguém."

3° lugar – Pré II – Ensino Médio - Carolina Valente Correa de Sá e Benevides

O QUE MAIS DESEJO AGORA

Quando você partiu,

Parecia que o chão ruiu.

Quando você me deixou,

Parecia que o mundo acabou.

Achei que fosse eterno,

Tão bom que não teria fim.

Pensei que assim fosse minha vida,

Até você desistir de mim.

Passei muitos dias a pensar,

E o que antes não vi

Agora passei a notar,

E se antes fui tristeza

Pude, enfim, me aliviar.

Como foi boa sua partida.

Como isso me fez bem.

E eu achando que depois de você

Não amaria mais ninguém.

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Selecionadas do Grupo l - 4º e 5º anos

"Ela não sabia que naquele cemitério os avós de Ricardo estavam enterrados. Ele queria mostrar o túmulo dos avós dele para Raquel."

5º Ano – Ensino Fundamental - Pedro Susumu Kamino

VENHA VER O NASCER DO SOL

Ricardo levou Raquel para outro lugar que ele sabia que ela iria gostar. Ele a levou para um restaurante que a lembrava de sua infância. Eles comeram um prato que Raquel gostava, que era feito pela sua mãe.

Logo depois Ricardo levou Raquel para casa, e voltou para casa também. Raquel ficou pensando naquele encontro esquisito, perguntando-se por que Ricardo a levara para o cemitério.

Ela não sabia que naquele cemitério os avós de Ricardo estavam enterrados. Ele queria mostrar o túmulo dos avós dele para Raquel.

No dia seguinte, Ricardo a convidou de novo para sair. Eles fizeram um passeio pelo parque enquanto conversavam. Nessa conversa, Ricardo contou que, naquele cemitério, seus avós estavam enterrados.

Raquel ficou surpresa e, ao mesmo tempo, triste, pois aquele cemitério abandonado que ela tinha desprezado significava tanto para Ricardo. Ela tentou se desculpar e Ricardo a perdoou.

Eles continuaram um relacionamento e se casaram.

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”Na primeira impressão, Raquel não “gostou”. Depois da sua pequena discussão com Ricardo, ele resolveu ir para o plano B."

5º Ano – Ensino Fundamental - Sofia Chaves Couto

UMA SURPRESA PARA RAQUEL

Na primeira impressão, Raquel não “gostou”. Depois da sua pequena discussão com Ricardo, ele resolveu ir para o plano B.

O plano B tinha que dar certo, então ele preparou uma grande surpresa: foi para uma casinha ali perto e pediu para entrar.

Quando ela entrou, ficou surpresa com o que estava preparado.

Ela entrou na casinha com a maior empolgação, pois lá dentro havia coisas incríveis, como uma mesa velha toda arrumada e com comidinhas deliciosas. Lá também tinha um espaço para eles se deitarem e relaxarem com o silêncio.

Depois dessa noite maravilhosa que ela teve, pediu desculpas a Ricardo e eles passaram a sair sempre para lugares diferentes.

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Selecionadas do grupo Grupo lI - 6º e 7º anos

"Eu estava no meio da rua. Vi um animal monstruoso, feito de metal, com rodas no lugar de patas e com olhos brilhantes. Ele era muito veloz.

Saí correndo até a primeira casa que vi. Me escondi e pedi para Deus que ninguém me visse. Não deu certo."

6º Ano – Ensino Fundamental - Luísa Braga Antoun da Cunha

VIDA DE RATO FEIO

Eu sou o Bartolomeu, um rato de esgoto.

Nesses dias, está muito frio para ficar banhado em águas cheias de fezes.

Essa foi a nona vez que eu saí do esgoto e sempre é a mesma coisa. Nunca sou bem-vindo.

Eu estava no meio da rua. Vi um animal monstruoso, feito de metal, com rodas no lugar de patas e com olhos brilhantes. Ele era muito veloz.

Saí correndo até a primeira casa que vi. Me escondi e pedi para Deus que ninguém me visse. Não deu certo.

Uma mulher me viu, pegou a vassoura e começou a tentar me acertar.

Corri o mais rápido que pude. Cheguei a um quarto que tinha uma gaiola com outro rato. A única diferença é que ele era mais limpo e mais fofo que eu. Pensei:

– Por que ela quer me matar, mas não quer matá-lo?

Continuei correndo até ver uma janela. Eu pulei e saí da casa rapidinho.

Eu ainda não entendo por que todos que me veem querem me matar. Se eu fosse fofo, aposto que não levaria nenhuma vassourada.

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"Penso que devemos dar amor aos animais enquanto estão aqui, dispostos a nos dar carinho gratuitamente."

7º Ano – Ensino Fundamental - Marianne Cattete Reis de Aguiar

O AMOR DE UM ANIMAL

Ter um animal de estimação é uma maneira de dar e receber amor. Mesmo não tendo um, sei que a maioria dos animais são carinhosos e fiéis aos seus donos.

Para uma família, um animal pode contribuir para o bem-estar, pois, com seu carinho espontâneo, conseguem quebrar o estresse, ansiedade ou receio dos donos nos dias ruins.

Há alguns anos, havia uma vizinha, que tinha um cachorro com o qual eu adorava brincar. Infelizmente ele faleceu. Lembro de como me senti, uma das piores sensações que já tive.

Penso que devemos dar amor aos animais enquanto estão aqui, dispostos a nos dar carinho gratuitamente.

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"Eu não gosto, mas acontece isso sempre, mas eu apenas não gosto, só ignoro quando eu estou mamando."

6º Ano – Ensino Fundamental - Rafael Cabral Molisani Mendonça

CÃO

Lá estava eu. Não tinha visão para saber quem me empurrava, pois eu era recém-nascido.

Eu sempre sentia um calorzinho gostoso, mas de vez em quando, tudo ficava frio. Sentia um cheiro delicioso, minha mãe se alimentando, esse era o cheiro, vinha da ração.

Depois, quando abri um olho, vi várias formas esquisitas correndo e ouvia vários sons, e quando abri o segundo eu vi minha mãe, uma cachorra grande e forte. Fiquei feliz por poder vê-la, mesmo que fosse embaçado.

Eu ia mamar na minha mãe sempre que estava com fome ou sede, assim como meus irmãos.

Eu sou grato por tudo, mas eu não gosto nem um pouco de ser empurrado! Eu não gosto, mas acontece isso sempre, mas eu apenas não gosto, só ignoro quando eu estou mamando.

Quando cresci, passei a comer ração e beber água e, assim que minha visão ficou boa, eu pude ver quantos irmãos eu tinha, muitos! Até hoje eu sou empurrado.

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Selecionadas do Grupo III - 8º e 9º anos

"Naquele dia eu fiquei realmente frustrado. Por isso, nem almocei em casa para evitar discussões."

9º Ano – Ensino Fundamental - João Pedro Cordoville Freire Rautha

UM ATO DE SOLIDARIEDADE

Era um dia ensolarado, sem nuvens, pássaros cantando. Um clima agradável. Um dia que aparentemente daria tudo certo. Mas, na realidade, foi tudo ao contrário. Eu tinha brigado com minha mãe, meu cachorro urinou no meu tênis e a alça da minha mochila tinha arrebentado.

Naquele dia eu fiquei realmente frustrado. Por isso, nem almocei em casa para evitar discussões. Saí de casa e fui almoçar em um restaurante no final da minha rua. Chegando lá, uma coisa chamou minha atenção: um homem sentado ao lado do restaurante com os braços esticados, pedindo esmolas para comprar um prato de comida.

Aquela situação me comoveu profundamente. Como consequência fui até aquele homem e dei uma parte do dinheiro que tinha comigo. O homem, após receber o dinheiro, olhou para mim com seus olhos brilhando e me agradeceu pelo gesto. Eu entrei no restaurante com aquela imagem em minha cabeça, refletindo sobre o que acontecera. Percebi, dessa forma, que por mais que estivesse chateado com meu dia frustrante, nada se comparava com a rotina daquele homem.

Na minha cabeça nada mais passava sem ser aquela cena. Como fiquei feliz em poder ajudar aquele homem! A partir dali, meus pensamentos mudaram. Não estava mais aborrecido com meu cachorro nem com minha mãe. Pude perceber que os pequenos atos modificam vidas.

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"Foi um dia específico que me marcou, me deixou em choque. E podia não ser nada demais, mas, pela primeira vez, pude ver que a realidade era muito maior que aquilo."

8º Ano – Ensino Fundamental - Kaylanie Lourenço Gamba

CHOQUE DE REALIDADE

Eu tinha apenas oito anos, era uma criança inocente e que não enxergava a maldade, ou melhor, a realidade das coisas. Não sabia dos problemas da vida, muito menos que o mundo em que vivia não era um conto de fadas.

Foi um dia específico que me marcou, me deixou em choque. E podia não ser nada demais, mas, pela primeira vez, pude ver que a realidade era muito maior que aquilo.

Estava de manhã, era um dia como qualquer outro, tinha-me levantado cedo, pois minha mãe precisava resolver coisas na rua, daquelas coisas de adulto.

Eu, com meus olhos quase se fechando de sono, desci com ela para entrar no carro e sair. Foi quando algo me chamou à atenção. Tal como uma voz rouca e cansada, chamando por ajuda.

Olhei para trás e era uma senhora que aparentava ter uns oitenta anos. Ela estava com roupas furadas, carregando uma sacola, e sem sapatos. Ela pedia para a minha mãe roupas, mas aceitava de tudo. Contou que estava doente e que se não aparecesse amanhã lá em casa era porque teria falecido. Eu nunca mais a vi.

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"Senti vontade de ajudar aquela menina. Infelizmente o máximo que eu poderia fazer era pagar um salgado gorduroso de bar de esquina e um guaravita."

9º Ano – Ensino Fundamental - Luana Tramujas de Souza Lima

A FILHA

Eu tinha acabado de sair de um banco no Centro. Tive a visão de pessoas indo para todos os lados em busca de não passar do horário do almoço. Andei, apressada, até o prédio comercial em que eu trabalhava, não muito longe dali.

No caminho passei por diversos camelôs e vários moradores de rua que dormiam em pedaços de papelão. Isso é tão triste. Pessoas não têm o que comer ou onde dormir e, diariamente, ignoramos isso. Contudo, entre várias pessoas sujas, pedindo dinheiro e comida, uma me chamou a atenção.

Era uma criança. Uma simples menina sozinha, com o vestido mal cuidado e uma boneca suja nas mãos. Ela pedia ajuda. Não tinha casa, pais ou qualquer pessoa ou lugar que lhe desse carinho e atenção. Senti vontade de ajudar aquela menina. Infelizmente o máximo que eu poderia fazer era pagar um salgado gorduroso de bar de esquina e um guaravita. Ela comeu de uma forma que mostrava que ela não via comida há muito tempo. Ela agradeceu com um sorriso lindo.

No dia seguinte, encontrei a mesma menininha do dia anterior. Quando me viu, abriu aquele sorriso e acenou para mim. Novamente paguei um salgado e um guaravita. Ela agradeceu e voltou para seu canto saltitante.

Passaram-se dias. Em todos esses dias, eu ajudei aquela menina, que, mesmo nas piores condições, vivia com um lindo sorriso no rosto. Porém, um dia, seu sorriso tinha sido substituído por lágrimas. Perguntei o que lhe tinha acontecido e vi sangue em seu vestido. Ela respondeu que um "tio" tinha olhado por baixo de seu vestido mal cuidado e lhe tocado ali. Era óbvio, aquela menina tinha sido estuprada. Não aguentei e a levei para a minha casa. Eu não podia mais deixar aquela pobre menina na rua.

No dia seguinte, dei entrada na papelada para adotá-la.

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Hoje, ela está com seus quinze anos. Estuda e planeja ser advogada. Sempre vai ao psicólogo para tratar de seu antigo trauma.

Essa menina foi a melhor coisa que me aconteceu e tenho orgulho de chamá-la de filha.

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"Esse livro fala de um pequeno menino que soube no dia do seu aniversário que seu pai iria lutar na Primeira Guerra Mundial. No começo, seu pai mandava cartas para ele falando como estava, depois havia parado de mandar."

9º Ano – Ensino Fundamental - Manuela de León Rebelo de Souza

FIQUE ONDE ESTÁ E ENTÃO CORRA!

Estou entregando esse livro para você, encare-o como um presente e ao mesmo tempo como uma lição de vida. Terminei de lê-lo semana passada e já encaro a vida de outra forma: bem melhor (no meu ponto de vista). Ele se chama “Fique onde está e então corra”, como já deve ter reparado, esse é o nome dele.

Quero que você o leia, pois se mudou minha maneira de pensar em relação a alguns aspectos pode mudar a sua também.

Esse livro fala de um pequeno menino que soube no dia do seu aniversário que seu pai iria lutar na Primeira Guerra Mundial. No começo, seu pai mandava cartas para ele falando como estava, depois havia parado de mandar. Sua mãe dizia que ele estava em uma missão secreta e não podia mandar mais cartas para ele.

O menino descobre que seu pai estava mais perto do que imaginava e que sua mãe estava “mentindo” para ele. Então ele vai à procura de seu pai!

Sabe o aprendizado de vida que tirei desse livro? Que sempre devemos ser otimistas, sorrir, agradecer por mais um dia de vida, pelas pessoas que você tem ao seu lado e que, com a loucura do dia a dia, não damos o devido valor.

Na Guerra falada nesse livro (e como em todas as outras) todos perderam pessoas importantes para eles: filhos perderam pais, esposas perderam seus maridos, irmãos perderam irmãos. Amigos perderam amigos. E isso me faz pensar em quanto tempo perdemos por besteira e no quanto a vida passa tão rápido. Por isso temos que desfrutar todos os momentos intensamente, porque depois que passarem, não dará mais para voltar atrás.

Enfim, espero que goste e leia esse livro. Eu adorei e recomendo muito.

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" —— Por favor, falta pouco dinheiro para comprarmos as últimas coisas —— a mulher parecia perder as esperanças a cada frase ignorada.

A outra mulher, que aparentava ser mais velha, havia até sentado no chão e apenas nos olhava passando."

8º Ano – Ensino Fundamental - Sofia Cerqueira Kim

MISÉRIA DO DIA A DIA

Era domingo e havíamos ido para a casa do meu avô, junto com minha tia e minha prima.

Andávamos na calçada, era de tarde. Estávamos indo para uma lanchonete conhecida por ali, que sempre íamos. Passamos em frente a um supermercado que ficava a caminho da lanchonete. Avistei duas moças, rodeadas com algumas sacolas. Usavam roupas simples e uma delas dizia algo para as pessoas que passavam.

— Por favor, falta pouco dinheiro para comprarmos as últimas coisas — a mulher parecia perder as esperanças a cada frase ignorada.

A outra mulher, que aparentava ser mais velha, havia até sentado no chão e apenas nos olhava passando.

Meu avô, que já havia passado por elas, nem percebeu a presença das duas. Afinal, conversava com minha tia. Eu, que passei mais perto, olhei, sendo retribuído: olhos nos olhos. Desviei o olhar. Não tinha dinheiro comigo. Chamaria muita atenção se eu corresse até minha mãe e pedisse? Sim, chamaria.

Senti depois remorso, pensando se alguém havia dado dinheiro para aquelas pobres moças. Não sabia seus nomes, nem nada sobre aquelas mulheres. Mas sempre irei me lembrar daquelas moças que pediam dinheiro, como vítimas da desigualdade social que existe entre os humanos.

Infelizmente, é assim que as coisas são.

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era uma verdadeira puta! Que ódio dessa mulher! Ela só queria uma coisa E ao se separar conseguiu: Felicidade.

Selecionadas do Grupo lV - PRÉ l, PRÉ II e PRÉ III

"Logo eu, um homem de verdade! Botava dinheiro em casa, Chamava-a de linda, e de vez em quando até ajudava."

Pré III – Ensino Médio - Ana Luiza de Medeiros Santos

ÓDIO DA MULHER FELIZ

Que ódio dessa mulher!

Saiu de casa,

Separou-se de mim do nada,

E ficou com um qualquer.

Logo eu, um homem de verdade!

Botava dinheiro em casa,

Chamava-a de linda,

e de vez em quando até ajudava.

Que ódio dessa mulher!

O que eu fiz de errado?

Bati? Berrei?

Mas isso é passado^

Ela que foi abusada!

Andava de saia curta,

me respondia,

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"Relacionamentos terminam, amizades acabam e familiares se vão. É quando a morte atinge o próximo que a importância da vida cai sobre a consciência."

Pré II – Ensino Médio - Brunna Botelho Esperança

A VIDA E SUA EFEMERIDADE

A vida é tão curta que pode passar em um piscar de olhos. As coisas começam em um instante e podem terminar em outro. Dias, meses e anos passam cada vez mais rápido a partir do nascimento de uma pessoa. Relacionamentos terminam, amizades acabam e familiares se vão. É quando a morte atinge o próximo que a importância da vida cai sobre a consciência.

Os momentos vividos se tornam apenas memórias e um tempo que não pode voltar, mesmo que esse seja o desejo de cada um. A vida é como uma montanha russa tem seus altos e baixos, momentos tão bons quanto momentos ruins. Todos eles deixam marcas na essência de uma pessoa. Cabe a ela decidir se vai afetá-la ou não a seguir com a sua vida.

É por esse tempo ser tão curto que se deve correr atrás dos sonhos, tentar aquele emprego almejado, dizer a pessoa que a ama e demonstrar tudo o que sente pelos seus familiares. Em instantes, tudo que começou acaba, e o arrependimento de ter deixado de fazer alguma coisa é para sempre.

Fazer com que a vida valha a pena, apenas vivendo ou só existindo? Buscar a felicidade nas pessoas, nas coisas e principalmente, a gratidão por viver. Um dia, com tudo acabado, então, sentiremos orgulho e satisfação por termos vivido tudo aquilo, superando o medo do tempo acabar.

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"Ele dizia que me amava Todo dia, ele me jurava seu coração. Sem mim, sua vida não continuaria Mesmo agora, com uma arma em sua mão."

Pré II – Ensino Médio - Gabriela Tavares Magalhães

JURA DE “AMOR”

Um beijo

Um toque

Uma declaração

Todo dia ele me jurava seu coração.

Uma briga

Uma desconfiança

Até que um dia o amor acabou

E apenas a minha mágoa sobrou.

Uma lição

Uma perseguição

Uma ameaça

E da minha vida, ele fez uma desgraça.

Ele dizia que me amava

Todo dia, ele me jurava seu coração.

Sem mim, sua vida não continuaria

Mesmo agora, com uma arma em sua mão.

Um beijo

Um toque

Uma declaração

E tudo acabou com meu sangue no chão.

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"As pessoas pensam no ato de se desfazer de certas coisas ou de relacionamentos como algo ruim. Mas mudanças fazem parte da vida e às vezes são necessárias para que os indivíduos cresçam e alcancem outros objetivos."

Pré III – Ensino Médio - Letícia Brandão Rosetti de Oliveira

A ÚNICA CERTEZA DA VIDA

Desde o início das civilizações, é de conhecimento comum que tudo na vida é passageiro. Objetos, relacionamentos, sentimentos e até mesmo a própria vida em si não duram para sempre. E por mais que muitos não aceitem, a efemeridade das coisas é algo que acontece no dia a dia de todos.

As pessoas pensam no ato de se desfazer de certas coisas ou de relacionamentos como algo ruim. Mas mudanças fazem parte da vida e às vezes são necessárias para que os indivíduos cresçam e alcancem outros objetivos. Um exemplo disso é que, uma amizade pode perder o seu encanto e não precisa ser culpa de ninguém que isso ocorra — as pessoas mudam e com essas mudanças algumas coisas vão embora.

Além disso, a sociedade precisa aceitar a morte como ela é. Ela é a única certeza da vida. Muitos a temem por conta do desconhecido e pelo fato dela ser considerada o fim definitivo, mas como diria Alvo Dumbledore, personagem de “Harry Potter”, a “morte é somente a próxima grande aventura”.

No final das contas, tudo na vida pode ser efêmero, mas isso não tira a beleza das coisas e nem a sua importância. O que temos que fazer é apreciar o que puder, para que assim não nos arrependamos.

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Agradecimentos

Abelardo Soares

Ana Carolina Nóbrega

Antônio Carlos Tonnesen

Cristiane Souza

Cristina Andrietta

Eloísa Zoccaratto

Fernando Impagliazzo

Flávia Macedo

Iglaê Torres Soares

Lourdes Fonseca

Ludwig Araujo

Márcia Martins

Nei Xavier

Patrícia Torres Soares

Rogério Melo

Simone Marques

Produção Gráfica:

Abelardo Neto

Fabio Carvalho

Heloisa Gomes

Luana de Britto Vidal

Sergiana Marques

Multimídia e Plotagens:

Fabio Carvalho

Produção e Impressão:

Fabio Carvalho

Heloisa Gomes

Luana de Britto Vidal

Sergiana Marques

Coordenação:

Ana Carolina Nóbrega