lelé - minha casa minha vida

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Pré-fabricação e montagem manual caracterizam os projetos habitacionais criados por Lelé para o programa Minha Casa, Minha Vida Estrutura metálica e argamassa armada compõem proposta de Lelé para o projeto Minha Casa, Minha Vida, e contempla edificações em encostas Por Cláudia Estrela Porto SLIDE SHOW DESENHOS FICHA TÉCNICA A notícia correu: Lelé foi convidado pela presidenta Dilma Roussef para rever e apresentar uma solução ao programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Conhecido pela Rede Sarah de Hospitais e Tribunais de Contas da União, um dos maiores especialistas brasileiros na pré-fabricação apresentou, então, a proposta de um projeto facilmente exequível, no qual une invenção, funcionalidade, baixo custo e estética. Embora tenha inicialmente detalhado propostas para duas regiões de favelas de Salvador - a urbanização de Pernambués, com ocupação mista de apartamentos e casas geminadas, e o conjunto habitacional para Cajazeiras -, as soluções podem ser adaptadas a qualquer parte do País. "O programa tem de levar em conta as diversas tipologias brasileiras, típicas de cada lugar, inclusive topográficas. No caso de Salvador, a topografia dificulta muito a implantação de um prédio convencional, conforme está sendo feito", explica. Desenvolvida e apresentada em janeiro, a proposta está ainda à espera da superação de entraves burocráticos para ser implementada. Até aqui, as propostas do Minha Casa, Minha Vida não contemporizavam as construções em encostas, e recebem críticas pela baixa qualidade e pelo custo elevado. São realizadas por construtoras contratadas pela Caixa, que se responsabilizam pela entrega dos imóveis concluídos e legalizados. O programa Minha Casa, Minha Vida foi criado pelo então presidente Lula em 2009 com o intuito de construir 1 milhão de moradias, e meta de erguer 400 mil unidades habitacionais no triênio 2009/2011 nas capitais estaduais e respectivas regiões metropolitanas, e municípios com população igual ou superior a 50 mil habitantes. As unidades habitacionais, depois de concluídas, são vendidas sem arrendamento prévio às famílias que possuem renda familiar mensal até 1.395 reais. O projeto, no entanto, não tem respondido bem à demanda. Após a tragédia da região serrana do Rio de Janeiro, onde centenas de pessoas morreram devido ao deslizamento de terra provocado pelas chuvas, Dilma Roussef convocou Lelé para trazer novas soluções, baseadas no programa funcional estabelecido pela Caixa Econômica Federal, com prédios de quatro pavimentos sem elevador e apartamentos econômicos com área útil de 39,60 m 2 . Lelé apresentou dois projetos. O primeiro, com 40 apartamentos, para terrenos planos e utilizando a tecnologia da construção, com uma minifábrica. "Mas não nos agrada pura e simplesmente fazer o prédio sem levar em conta o entorno. Esta primeira proposta teria uma praça com playground", detalha Lelé. O outro projeto, para Pernambués, inclui prédios e casas geminadas. Os dois projetos têm por princípio construtivo uma estrutura mista metálica com argamassa armada. Esta estrutura mista trabalha unida. Todas as peças, inclusive as metálicas, são montadas manualmente. "A peça mais pesada, uma laje que vence 2,70 m de vão, pesa 86 kg, o que permite que duas pessoas a montem manualmente", explica Lelé. O sistema foi desenvolvido para evitar equipamentos como o bate-estaca, que o terreno não suportaria. "Você não pode estaquear, não pode colocar guindaste, grua, nada. Então, tudo tem de ser na mão, inclusive a estrutura metálica", explica.

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Lelé, sobre o Projeto Minha casa, minha vida

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  • Pr-fabricao e montagem manual caracterizam os projetoshabitacionais criados por Lel para o programa Minha Casa, MinhaVidaEstrutura metlica e argamassa armada compem proposta de Lel para o projeto

    Minha Casa, Minha Vida, e contempla edificaes em encostas

    Por Cludia Estrela Porto

    SLIDE SHOW DESENHOS FICHA TCNICA

    A notcia correu: Lel foi convidado pela presidenta Dilma Roussef para rever e

    apresentar uma soluo ao programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Conhecido

    pela Rede Sarah de Hospitais e Tribunais de Contas da Unio, um dos maiores

    especialistas brasileiros na pr-fabricao apresentou, ento, a proposta de um projeto

    facilmente exequvel, no qual une inveno, funcionalidade, baixo custo e esttica.

    Embora tenha inicialmente detalhado propostas para duas regies de favelas de Salvador

    - a urbanizao de Pernambus, com ocupao mista de apartamentos e casas

    geminadas, e o conjunto habitacional para Cajazeiras -, as solues podem ser adaptadas

    a qualquer parte do Pas. "O programa tem de levar em conta as diversas tipologias

    brasileiras, tpicas de cada lugar, inclusive topogrficas. No caso de Salvador, a

    topografia dificulta muito a implantao de um prdio convencional, conforme est sendo

    feito", explica. Desenvolvida e apresentada em janeiro, a proposta est ainda espera

    da superao de entraves burocrticos para ser implementada.

    At aqui, as propostas do Minha Casa, Minha Vida no contemporizavam as construes

    em encostas, e recebem crticas pela baixa qualidade e pelo custo elevado. So

    realizadas por construtoras contratadas pela Caixa, que se responsabilizam pela entrega

    dos imveis concludos e legalizados. O programa Minha Casa, Minha Vida foi criado pelo

    ento presidente Lula em 2009 com o intuito de construir 1 milho de moradias, e meta

    de erguer 400 mil unidades habitacionais no trinio 2009/2011 nas capitais estaduais e

    respectivas regies metropolitanas, e municpios com populao igual ou superior a 50

    mil habitantes. As unidades habitacionais, depois de concludas, so vendidas sem

    arrendamento prvio s famlias que possuem renda familiar mensal at 1.395 reais. O

    projeto, no entanto, no tem respondido bem demanda.

    Aps a tragdia da regio serrana do Rio de Janeiro, onde centenas de pessoas

    morreram devido ao deslizamento de terra provocado pelas chuvas, Dilma Roussef

    convocou Lel para trazer novas solues, baseadas no programa funcional estabelecido

    pela Caixa Econmica Federal, com prdios de quatro pavimentos sem elevador e

    apartamentos econmicos com rea til de 39,60 m2.

    Lel apresentou dois projetos. O primeiro, com 40 apartamentos, para terrenos planos e

    utilizando a tecnologia da construo, com uma minifbrica. "Mas no nos agrada pura e

    simplesmente fazer o prdio sem levar em conta o entorno. Esta primeira proposta teria

    uma praa com playground", detalha Lel.

    O outro projeto, para Pernambus, inclui prdios e casas geminadas. Os dois projetos

    tm por princpio construtivo uma estrutura mista metlica com argamassa armada. Esta

    estrutura mista trabalha unida. Todas as peas, inclusive as metlicas, so montadas

    manualmente. "A pea mais pesada, uma laje que vence 2,70 m de vo, pesa 86 kg, o

    que permite que duas pessoas a montem manualmente", explica Lel. O sistema foi

    desenvolvido para evitar equipamentos como o bate-estaca, que o terreno no

    suportaria. "Voc no pode estaquear, no pode colocar guindaste, grua, nada. Ento,

    tudo tem de ser na mo, inclusive a estrutura metlica", explica.

  • A primeira fase constituda de elementos em argamassa. A estrutura metlica se

    integra, na concretagem, argamassa armada da segunda fase. Com isso, consegue-se

    enxugar a estrutura. "S como comparao: a Usiminas, que vai fornecer os perfis, fez

    uma proposta com o mximo de economia, conseguindo chegar a 27 kg/m2 de estrutura

    metlica. Conseguimos, com o sistema misto, 19 kg/m2. Se considerarmos o preo da

    unidade de 40 m2, 28 mil reais, teramos por volta de 700 reais o metro quadrado

    construdo", explica Lel.

    Esta proposta, alm das unidades habitacionais, inclui creche, escola, rea de lazer.

    "Habitao no s o lugar onde voc mora, um conjunto de coisas que fazem voc

    sobreviver, inclusive o trabalho. Em Salvador, onde a economia informal tem um peso

    forte, impossvel pensar em uma proposta como essa sem levar em considerao todos

    os parmetros", avalia.

    Para no levar os moradores para longe, o objetivo escolher terrenos livres, ao lado

    das favelas. "O terreno ao lado de Pernambus, uma favela gigantesca que j est

    comendo os terrenos pela beirada, livre. O que estamos propondo: nas encostas,

    dividir em dois tipos de implantao. Uma implantao mais simples, j na cumeada,

    onde o terreno plano. E nas encostas usar um tipo de implantao que permite

    apartamentos de um, dois, trs, quatro andares, da forma que feito atualmente pelos

    moradores." A proposta cpia fiel da implantao usada nas favelas, em que cada

    unidade se amplia verticalmente para se ajustar a eventuais mudanas do respectivo

    programa familiar.

    Lel pretende realizar o projeto pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat, sem

    fins lucrativos, que criou h dois anos em Salvador, cujo objetivo, alm da pesquisa, a

    realizao de obras pblicas com a pr-fabricao. Segundo Lel, um programa de

    abrangncia nacional como este requer industrializao e qualidade, o que s se

    consegue com tecnologia. E disso, ele entende.

    Proposta Construtiva

    Execuo industrializada com estrutura mista em argamassa armada e chapas dobradas

    de ao SAC 300.

    Pr-lajes e paredes executadas em argamassa armada.

    Argamassa estrutural de segunda fase aps a montagem das pr-lajes polida logo aps a

    fundio.

    Argamassa armada produzida em miniusinas montadas no canteiro.

    Divisrias externas com painis duplos isolados entre si por lminas de isopor.

    Divisrias entre apartamentos com painis duplos isolados entre si por lminas de l de

    rocha.

    Divisrias internas dos apartamentos em painis duplos.

    Transporte manual dos componentes de argamassa armada - peso mximo 70 kg.

    Montagem da estrutura preferencialmente soldada.

    Parede sanitria visitvel.

    Fiaes visitveis e executadas independentemente da montagem.

    Acabamento das paredes e tetos sem pintura.

    Esquadrias externas em chapas pr-pintadas de ao ou alumnio, dependendo da regio

    da implantao.

    ENTREVISTA - Joo Filgueiras Lima,

    Lel

    Por Cludia Estrela Porto

    Como foi seu trabalho para o Minha Casa, Minha Vida?

    Fiz uma anlise do programa para o caso de Salvador, onde a topografia

    dificulta muito a implantao de um prdio convencional, conforme est

    sendo feito. Alm do mais, uma violncia terrvel retirar uma populao

    sem poder aquisitivo que vive, melhor dizendo, sobrevive, graas ao

    comrcio informal, do local onde mora, mesmo que seja uma favela feia, e coloc-la a 40 km de distncia, onde se consegue um terreno plano para fazer

    um prdio. uma violncia, porque ela j tem as crianas nas escolas, h toda uma frmula de vida. Habitao no unicamente o espao que voc

  • um prdio. uma violncia, porque ela j tem as crianas nas escolas, h toda uma frmula de vida. Habitao no unicamente o espao que voc

    habita, so as coisas todas que criam a sua vivncia local, o trabalho que voc tem, a escola de seu filho.

    A proposta no tirar as pessoas do local, refazer, com o apoio de uma fbrica. Estamos propondo uma urbanizao com creche, escola, posto de

    sade, prximo ao local onde as famlias vivem. Assim no haver quebra na rotina da vida dessas pessoas, elas continuaro com o trabalho ao lado.

    De que forma a fbrica trabalharia?

    As casas tm de ser bem-feitas, industrializadas. Montaramos uma miniusina em cada local, para atender a uma demanda de 300 unidades e uma

    populao de 2 a 2,5 mil pessoas. A minifbrica, que pode ser desmontvel e transportada para outro local, tem capacidade para fazer 40 apartamentos

    em 45 dias. As unidades devem ser flexveis, para que possam crescer de acordo com o programa de necessidade de cada um. No programa atual de

    Minha Casa, Minha Vida se constri uma unidade tpica de 30 m2, 40 m2, e todos os membros da famlia tm de caber ali, sem levar em conta suas

    necessidades.

    Qual o sistema construtivo?

    Um sistema misto de ao com argamassa armada. Todo o sistema uma espcie de palafita, distribuindo as habitaes pelos patamares. As encostas de

    Salvador tm uma boa estabilidade, desde que voc no faa movimento de terra. o que eles fazem na favela: enfiam estacas de concreto, s vezes at

    de madeira, e constroem as casas como se fossem palafitas. Nas encostas eles no fazem movimento de terra, porque so muito ngremes. Em uma

    encosta com a declividade de Salvador, se cortar ou aterrar, destri-se a estrutura do terreno.

    So construes com at quatro pavimentos, como as que eles constroem hoje, e at com uma pequena oficina no quarto nvel, pois essa populao vive

    do que produz em casa. A proposta contempla a forma de vida que eles adotam hoje, dando-lhes conforto. O bondinho sobre trilhos, por exemplo, leva os

    moradores morro acima, evita que eles subam 40 metros feito cabritos.

    Quanto tempo levaria para ser construdo?

    Montei um mdulo mnimo de fbrica que permite fazer 40 unidades do tamanho mdio, que corresponde a um apartamento de dois quartos, em 45 dias.

    Essa fbrica pode ser duplicada facilmente. Basta dispor de um terreno um pouco maior, sem acrscimo de equipamentos. Ela custa 220 mil reais, e com

    os mesmos 220 mil reais voc s precisa aumentar o nmero de frmas. Se voc dobrar as frmas que custam 40 mil reais, totalizando 260 mil reais, voc

    dobra a produo para 80 unidades. Ento, na proposta de construir 300 unidades com uma minifbrica, em seis meses voc monta um tipo de

    superquadra como as de Braslia.

    Quanto custaria?

    Atualmente, o programa Minha Casa, Minha Vida desenvolvido pelas construtoras - o preo inicial era de 46 mil reais para uma habitao de 40 m2.

    Eles j pediram para aumentar para 52 mil reais, e agora esto pedindo para aumentar para 70 mil reais, dizendo que a infraestrutura puxa o preo para

    cima.

    J o custo para a habitao de 40 m2 que estamos propondo, o preo de custo, sem BDI, sem lucro, de 28 mil reais, e sem infraestrutura. No prottipo

    de dois apartamentos para Cajazeiras, incluindo uma praa e playground para as crianas, se incluirmos o preo da fbrica e da infraestrutura, as unidades

    saem por 46 mil reais. Se adotarmos este preo, o valor das 40 unidades seria de 1.840.000 reais. Mas conseguimos diminuir este custo. Vejamos: 40

    unidades a 28 mil reais cada, sai 1.120.000 reais. A fbrica custa 220 mil reais, a infraestrutura e a praa, 250 mil reais, totalizando 1.590.000 reais.

    Sobram 250 mil reais. H algumas despesas no computadas, mas ainda fica abaixo de 1.840.000 reais. Ou seja: sobra dinheiro para outras construes.

    Fiz, inclusive, arrimos para criar reas planas para as crianas brincarem.

    A presidenta j aprovou?

    Sim, desde janeiro, e est se empenhando ao mximo para a viabilizao. Mas h o problema do repasse de verba da Caixa Econmica para o Instituto

    Habitat, j que se trata de uma instituio sem fins lucrativos. Se fssemos uma construtora, no haveria problema, tudo poderia ser feito mediante

    contrato. No interessa ao Instituto Habitat se transformar em empresa construtora, e sim fazer pesquisa. A sobrevivncia de uma construtora baseada

    no lucro. O Instituto tem como objetivo a pesquisa arquitetnica e a construo, conforme vnhamos fazendo todos esses anos no CTRS.

    As pessoas da comunidade poderiam trabalhar para fazer as suas prprias moradias, ou necessrio mo de

    obra qualificada?

    A gente qualifica a mo de obra num instante. A qualificao pequena, porque, a rigor, trata-se de um jogo de armar que se aprende com rapidez. Lgico

    que h os instrutores. O que estamos propondo a racionalizao da construo nos mnimos detalhes, nada improvisado. Um tipo de construo que vai

    se multiplicando e que pode ser repassada para qualquer pessoa, e para as empresas.

    H a possibilidade de expanso da moradia?

    fundamental. Voc pode ter uma moradia mnima, desde que seja tambm flexvel. Estou propondo um espao de 40 m2, que eu gostaria inclusive de

    mobiliar. A flexibilidade permite uma melhor utilizao do espao, que pode se adequar s necessidades dos moradores.

    O projeto difere muito se construdo na regio plana ou nas encostas?

    No, o mesmo projeto. O mesmo elemento, o mesmo componente, a mesma estrutura. No tem modificao, a fbrica executa os dois sistemas, no

    importando o tipo de terreno. Mesmo nas encostas, pelo fato de ter muitos pilares metlicos, o sistema leve, voc pode fazer tudo com fundao direta.

    O mesmo para as construes na rea plana.

    O princpio bsico no criar aterros, deixar o terreno como est. Se l em cima voc tem sempre uma pequena rea plana, ento voc faz blocos. A

    implantao nas encostas feita por patamares sucessivos, interligados por escadarias drenantes e elevador em plano inclinado, integrado aos transportes

    urbanos. O bondinho j foi criado e testado, e liga a cumeada ao vale, chegando plataforma de acesso s casas. Esse o elevador que fizemos na Rede

    Sarah. No tem mistrio: pendurado l em cima, os trilhos vencem o vo.

    Qual a grande dificuldade para a implantao?

    A empresa que vai construir, que vai receber essa tecnologia, esse projeto, no tem autonomia para criar, de repente, o sistema de transporte. Ir construir

  • A empresa que vai construir, que vai receber essa tecnologia, esse projeto, no tem autonomia para criar, de repente, o sistema de transporte. Ir construir

    algo, mas no tem autonomia para chamar um morador e dizer que a sua casa ser substituda. Pressupe-se que o setor pblico esteja organizado para

    isso. Precisa existir algum que diga ao cara que ele vai ser realocado, que vai morar melhor, h a necessidade de ajustar o programa de cada casa e tem

    a questo da venda dos apartamentos. O esquema administrativo dificulta tudo, est desestruturado, no tem poder para fazer nada, a burocracia impera.

    Se o sistema for implantado em Salvador onde j existem barracos, os moradores no teriam de sair do stio,

    no ?

    o que eu estou propondo. Nestes locais voc tem reas verdes acopladas. Para a urbanizao de Pernambus, por exemplo, existe uma rea verde que

    no est sendo usada. perto da favela. Constri-se ali, transfere-se a populao, e segue construindo. Comea por uma rea onde no tem ningum e

    transfere os assentamentos na favela j construda. H muitas reas, faclimo. s voc pegar uma faixa pequena e comear a realocar, e ir andando, ir

    andando.

    OUR HOME, OUR LIFE

    Lel was invited by President Dilma Roussef to renew and present a solution to the Minha Casa, Minha Vida

    (My Home, My Life) housing program. Even though he had originally detailed proposals for two slum regions

    in Salvador - the Pernambus urbanization, with mixed occupation of apartments and townhouses, and the

    Cajazeiras housing complex -, the solutions may be adapted to any part of the country. The proposal is still

    awaiting bureaucratic obstacles in order to start. Lel presented two projects. The first one, with 40

    apartments, is to be used in flat lots. The other project has as constructive principle a mixed metallic structure

    with reinforced mortar. This mixed structure operates united. All the parts, including the metallic ones, are

    assembled manually. "The heaviest part, a slab covering a 2.70 m span, weighs 86 kilos, allowing two workers

    to assemble it manually", explains Lel. The first phase consists of mortar elements. The metallic structure

    integrates itself, during concreting, to the second phase's reinforced mortar. This proposal, in addition to the

    housing units, includes a day care center, a school, and a leisure area. "Home is not only where you live, it is a

    complex of things that make you happy, including work. It is impossible to think of a proposal without taking

    all the parameters into consideration", she says.