lay artigo 2
TRANSCRIPT
Entulho da construção civil
Os resíduos de construção civil ou demolição (resíduo de C&D) ou simplesmente
denominado entulho, tem uma composição muito heterogênea e varia muito conforme a
região em função das alterações das técnicas construtivas.
A constituição dos entulhos é argamassa, areia, cerâmica, concreto, madeira, metais,
papéis, plásticos, pedras, tijolo e tintas. O concreto é o segundo material mais utilizado
pela humanidade, logo depois da água.
O entulho da construção civil sempre foi considerado inerte. Inerte é todo material que
mantido durante 24h em água bi-destilada não altera as propriedades físico químicas da
água. Mas é claro que não é todo resíduo de construção civil que é inerte. Gesso
dissolve em água. Tinta contém metais pesados em sua composição, que se solubilizam
na água. As telhas de fibro cimento antigamente continham amianto que no ar é
altamente cancerígeno.
Os índices de perda de matérias-primas na construção civil é bastante elevado. Muitos
autores divergem sobre as quantidades mas o certo é que são quantidades elevadas.
(AGOPYAN, V. et al. Alternativas para a redução do desperdício de materiais nos
canteiros de obras. São Paulo, 1998 (Relatório final: vol. 1 ao 5); SOIBELMAN, L. As
perdas de materiais na construção de edificações: sua incidência e seu controle. Porto
Alegre: Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Dissertação (Mestrado), 1993. 127 p.).
Este fato tem duas conseqüências imediatas e inevitáveis: o setor repassa sua
ineficiência para os preços dos imóveis, que nós pagamos. O setor produz um impacto
ambiental desnecessário ao utilizar matérias-primas naturais em quantidade superior ao
necessário, registrando uma contabilidade sócio ambiental negativa.
Devemos ressaltar que o setor de construção civil é um dos maiores empregadores de
mão de obra não qualificada, e que este é o preço que acaba tendo que pagar por este
fato.
Atualmente são aceitos índices de desperdício no consumo de matérias primas que
oscilam desde 8% em empresas com alto padrão de desempenho gerencial, até cerca de
20 ou 30% nas obras em geral. Neste último caso, podemos afirmar que para cada 3
edifícios, sobraria material para construir um quarto, caso o material fosse bem
gerenciado em “lay outs” de obra adequados.
As obras de reforma, pela falta de uma cultura de reutilização e reciclagem, geram
muitos entulhos. Em todas as cidades a geração de entulho se equivale a quantidade de
geração de resíduos sólidos urbanos domésticos. E quando as cidades são submetidas a
grandes intervenções urbanas, como novas avenidas, túneis ou obras de saneamento,
geralmente a proporção de geração de entulhos fica muito maior.
O pequeno construtor e o chamado “construtor formiga”, em todo Brasil, continuam
jogando estes materiais em estradas, avenidas, terrenos baldios, rios e córregos. O
surgimento dos caçambeiros contribuiu para que este quadro fosse amenizado, com a
criação de locais para depósitos, mas estes locais nem sempre são adequados e esta não
é a melhor solução.
Algumas prefeituras como a de Belo Horizonte, Ribeirão Preto e Curitiba tem
implantado usinas de reciclagem de entulho. Em Belo Horizonte existe uma rede de
pontos de coleta de recebimento de pequenos volumes que em geral são transportados
por carroceiros autorizados, e duas usinas de reciclagem, uma no bairro Estoril e outra
na Pampulha.
Nestas usinas o entulho é beneficiado produzindo agregados que são reutilizados como
sub-leito de pavimentos ou no processamento de artefatos de concreto para a própria
construção civil.
Dados de São Paulo estimam em 372.000 toneladas a produção mensal de entulho
(ZORDAN, S. E. A Utilização do Entulho como Agregado na Confecção do Concreto.
Campinas: Departamento de Saneamento e Meio Ambiente da Faculdade de Engenharia
Civil, Universidade Estadual de Campinas. Dissertação (Mestrado), 1997). Em Cuiabá
não existem dados publicados, mas é possível estimar em 15 a 20.000 toneladas mês de
entulhos da construção civil.