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O tráfico de drogas é um dos crimes mais graves de nossa sociedade, pois vários outros crimes se relacionam diretamente a ele.

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  • Superior Tribunal de Justia

    RECURSO EM HABEAS CORPUS N 58.278 - SP (2015/0083274-6) RELATOR : MINISTRO SEBASTIO REIS JNIORRECORRENTE : SERGIO HENRIQUE ROVERI (PRESO)ADVOGADOS : PATRCIA HERREIRO E OUTRO(S)

    JOO INCIO PIMENTA JNIOR RECORRIDO : MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE SO PAULO

    EMENTARECURSO EM HABEAS CORPUS . TRFICO DE DROGAS. PRISO PREVENTIVA. FUNDAMENTAO. GRAVIDADE DO CRIME E PERICULOSIDADE SOCIAL. ELEMENTOS CONCRETOS A JUSTIFICAR A MEDIDA. EXPRESSIVA QUANTIDADE E NATUREZA DA DROGA APREENDIDA. MOTIVAO IDNEA. OCORRNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NO CONFIGURADO. 1. A priso preventiva constitui medida excepcional ao princpio da no culpabilidade, cabvel, mediante deciso devidamente fundamentada, quando evidenciada a existncia de circunstncias que demonstrem a necessidade da medida extrema, nos termos dos arts. 312 e seguintes do Cdigo de Processo Penal.2. No carece de fundamentao idnea o decreto de priso preventiva que evidencia a necessidade da medida extrema para a garantia da ordem pblica, diante da gravidade concreta da conduta tpica em tese praticada. Na espcie, as instncias ordinrias fundamentaram a custdia cautelar na expressiva quantidade e natureza da droga apreendida (63 pores de cocana), a revelar a periculosidade social do recorrente. Precedentes.3. Recurso em habeas corpus improvido.

    ACRDOVistos, relatados e discutidos os autos em que so partes as acima

    indicadas, acordam os Ministros da SEXTA Turma do Superior Tribunal de Justia, por unanimidade, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro, Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP) e Maria Thereza de Assis Moura votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Braslia, 16 de junho de 2015 (data do julgamento).

    Ministro Sebastio Reis Jnior Relator

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  • Superior Tribunal de Justia

    RECURSO EM HABEAS CORPUS N 58.278 - SP (2015/0083274-6)RELATRIO

    O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIO REIS JNIOR: Trata-se de

    recurso ordinrio em habeas corpus interposto por Srgio Henrique Roveri

    preso em flagrante em 26/9/2014 e denunciado pela suposta prtica do crime

    previsto no art. 33, caput , da Lei n. 11.343/2006 contra o acrdo do

    Tribunal de Justia de So Paulo que denegou a impetrao originria,

    mantendo a priso preventiva, com a seguinte ementa (HC n.

    2203861-88.2014.8.26.0000 fl. 62):

    HABEAS CORPUS - Acusao de trfico de estupefacientes - Apreenso de 63 pores de cocana e dinheiro - No violao do estado de presuno de inocncia - Gravidade do delito que autoriza, mais os danos subjetivos, a priso cautelar em apreo da ordem pblica, para preservar a instruo do processo e garantir o imprio da lei penal - Denegao da ordem.

    No presente recurso, a defesa alega constrangimento ilegal, em

    razo da ausncia de fundamentao da priso cautelar, e, ainda, a

    desnecessidade da referida segregao, ante as condies de favorabilidade

    do ora recorrente.

    Contrarrazes s fls. 94/98.

    Despacho de admissibilidade fl. 100.

    O Ministrio Pblico Federal opinou pelo desprovimento do recurso

    (fls. 109/114):

    RECURSO EM HABEAS CORPUS . PRISO PREVENTIVA. TRFICO DE DROGAS. GRAVIDADE CONCRETA DO DELITO. DROGA APREENDIDA EM QUANTIDADE RELEVANTE. FUNDAMENTO IDNEO PARA A CUSTDIA CAUTELAR. PRECEDENTES DO STJ. PARECER PELO DESPROVIMENTO DO RECURSO.

    o relatrio.

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  • Superior Tribunal de Justia

    RECURSO EM HABEAS CORPUS N 58.278 - SP (2015/0083274-6)VOTO

    O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIO REIS JNIOR (RELATOR):

    Est em discusso a idoneidade de fundamento do decreto prisional.

    Foi o recorrente denunciado porque (fls. 49/50 grifo nosso):

    [...] tinha em depsito, para fins de trfico, 63 (sessenta e trs) pores de cocana, envoltas individualmente em plstico transparente, com peso lquido de 69,7 gramas, substncia entorpecente capaz de causar dependncia fsica ou psquica, sem autorizao ou em desacordo com determinao legal ou regulamentar, conforme auto de exibio e apreenso de fls. 21 e laudo de constatao prvia de fls. 25/27.

    Apurou-se que policiais civis da DISE local, em diligncia no Bairro Coester, a fim de l se apurar a incidncia de trfico de drogas, ao passarem pela Avenida Lbero de Almeida Silvares, avistaram o denunciado, defronte a uma oficina, recebendo quantia em dinheiro da testemunha L.R.A.A., em atitude suspeita e indicativa da ocorrncia de trfico de entorpecentes, o que ensejou a imediata abordagem dos policiais, tendo ento a aludida testemunha admitido que havia entregado a quantia de R$100,00 (cem reais) ao denunciado como pagamento da aquisio de cocana adquirida dias atrs de Srgio, que, indagado, confessou o trfico e afirmou que em sua casa havia cocana para ser comercializada, para onde ento os referidos policiais se deslocaram e, com anuncia do denunciado, localizaram e apreenderam as pores de cocana em questo, que Srgio tinha em depsito no bolso de uma bermuda que estava no guarda-roupas do quarto dele.

    No referido cmodo ainda foi apreendida a importncia de R$335,00 (trezentos e trinta e cinco reais) em dinheiro, que estava no interior da carteira do denunciado, encontrada sob um colcho.

    A natureza, quantidade e forma de embalagem das drogas, na forma tpica para fornecimento a consumo de terceiros; a quantia em dinheiro indicativa de ser produto da traficncia; a confisso do denunciado, que inclusive afirmou ter comprado a droga em Corumb/MS, e demais circunstncias acima narradas, esto a indicar que o denunciado tinha em depsito a referida droga para fins de trfico.

    [...]

    Ao converter a priso em flagrante em preventiva, disse o

    magistrado singular que (fl. 35 grifo nosso):

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  • Superior Tribunal de Justia

    Trata-se de priso em flagrante do indiciado Srgio Henrique Roveri pela prtica do crime de trfico de drogas, com apreenso de 63 pores de cocana embaladas de forma prpria para a comercializao.

    [...]A abordagem policial se deu justamente pelas informaes prvias da

    DISE local sobre a dedicao do indiciado ao trfico de drogas, tendo sido presenciado o pagamento de aquisio de droga por usurio, o qual dizia respeito a negcio feito anteriormente.

    Posteriormente, houve apreenso de vrias pores de drogas na residncia do indiciado, a revelar que o trfico de drogas era atividade ilcita que este desenvolvia regularmente, valendo-se do seu domiclio para depsito das drogas.

    Isso significa que qualquer outra medida cautelar, afora a priso preventiva, no poder impedir a permanncia da atividade ilcita; nem mesmo a medida imediatamente menos rigorosa do que o encarceramento, a priso domiciliar, ter o condo de evitar a reiterao, posto ser o domiclio do indiciado local de depsito da droga, que poderia ser usado tambm (se j no for) como ponto de venda de drogas.

    Da a irrelevncia de eventual trabalho lcito paralelo ao ilcito e da existncia de endereo fixo para alterarem o destino do caso porque no foram suficientes para impedir a atividade criminosa.

    [...]

    Ao mant-la, o Tribunal de origem f-lo sob estas razes (fls. 67/72

    grifo nosso):

    [...]A denncia ministerial descreve episdio em que o paciente tinha em

    depsito, para fins de trfico, 63 (sessenta e trs) pores de cocana, com peso lquido de 69,7g, sem autorizao legal ou regulamentar.

    Segundo consta, policiais civis da DISE estavam em diligncia a fim de apurar a ocorrncia do comrcio proscrito na regio dos fatos, quando avistaram o acusado recebendo certa quantia em dinheiro de determinado indivduo, o qual, ao ser abordado, reconheceu ter entregado a importncia de R$100,00 (cem reais) ao denunciado a ttulo de pagamento pela aquisio de cocana.

    O paciente, por sua vez, confessou a prtica da traficncia e indicou que em sua residncia havia mais pores daquela mesma substncia a serem destinadas para a mercancia ilcita. E, em busca realizada no imvel em questo, os policiais apreenderam os estupefacientes, bem como o montante de R$335,00 (trezentos e trinta e cinco reais) em espcie.

    A custdia provisria, pois, apresentou-se devidamente informada pelos pressupostos da priso preventiva, tais como o fumus comissi

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  • Superior Tribunal de Justia

    delicti e o periculum libertatis , em perfeita conformidade com os preceitos dos arts. 312 e 315, ambos do CPP, e 93, inciso IX da CF de 1988, afigurando-se irrelevantes outros eventuais indicadores, como suposta primariedade, bons antecedentes, residncia fixa e ocupao lcita, atributos que se espera de todo e qualquer cidado.

    Pelos mesmos motivos acima destacados, aqui tambm no h lugar na espcie para qualquer das medidas cautelares pessoais elencadas no art. 319 do CPP, com a redao que lhe deu a Lei n. 12.403/2011.

    [...]Inexistente ilegalidade visvel icto oculi a hiptese de manuteno da

    custdia.[...]

    Como se v, integra a deciso de priso fundamento concreto,

    explicitado na quantidade e natureza da droga apreendida, pois, conforme a

    denncia (fls. 49/50), foi encontrado com o acusado 63 pores de cocana.

    Pacfico o entendimento desta Corte Superior de que, embora no

    sirvam para a priso fundamentos genricos (do dano social gerado por

    trfico, crime hediondo, ou da necessidade de resposta judicial), podem a

    periculosidade e os riscos sociais justificar a custdia cautelar no caso de

    trfico, assim se compreendendo a quantidade da droga apreendida.

    Nesse sentido: HC n. 291.125/BA, Ministra Laurita Vaz, Quinta

    Turma, DJe 3/6/2014; AgRg no RHC n. 45.009/MS, Ministro Rogrio Schietti

    Cruz, Sexta Turma, DJe 27/5/2014; HC n. 287055/SP, Ministro Moura Ribeiro,

    Quinta Turma, DJe 23/5/2014; RHC n. 42.935/MG, da minha relatoria, Sexta

    Turma, DJe 28/5/2014.

    Ausente, portanto, ilegalidade a ser sanada neste caso.

    Em face do exposto, nego provimento ao recurso ordinrio.

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    CERTIDO DE JULGAMENTOSEXTA TURMA

    Nmero Registro: 2015/0083274-6 RHC 58.278 / SPMATRIA CRIMINAL

    Nmeros Origem: 0020000 20000 20150000014550 22038618820148260000 RI002INJM0000

    EM MESA JULGADO: 16/06/2015

    RelatorExmo. Sr. Ministro SEBASTIO REIS JNIOR

    Presidente da SessoExmo. Sr. Ministro SEBASTIO REIS JNIOR

    Subprocuradora-Geral da RepblicaExma. Sra. Dra. MARIA ELIANE MENEZES DE FARIA

    SecretrioBel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA

    AUTUAO

    RECORRENTE : SERGIO HENRIQUE ROVERI (PRESO)ADVOGADOS : PATRCIA HERREIRO E OUTRO(S)

    JOO INCIO PIMENTA JNIORRECORRIDO : MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE SO PAULO

    ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislao Extravagante - Crimes de Trfico Ilcito e Uso Indevido de Drogas - Trfico de Drogas e Condutas Afins

    CERTIDO

    Certifico que a egrgia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epgrafe na sesso realizada nesta data, proferiu a seguinte deciso:

    A Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

    Os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro, Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP) e Maria Thereza de Assis Moura votaram com o Sr. Ministro Relator.

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