jornal impressÃo ediÇÃo 190 caderno 1

16
7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1 http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 1/16 CÂNCER Ano 30 • número 190 • Dezembro de 2012 • Belo Horizonte/MG Chega de silêncio Melhor que omitir o nome é conhecer os avanços da ciência, ser solidário e acreditar na superação PÁGINAS 8 a 11 do!s - rck, a, uu itativ, Ti But iiia JorNALISMo GoNZo Repórter se inltra na cena sertaneja BH    F    O    t    O   :    J     É    S    S    I    C    A    A    M    A    R    A    L    M    O    N    t    A    G    E    M   :    G    U    I    L    H    E    R    M    E    P    A    C    E    L    L    I

Upload: lorena

Post on 04-Apr-2018

227 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 1/16

CÂNCER Ano 30 • número 190 • Dezembro de 2012 • Belo Horizonte/MG

Chega de silêncioMelhor que omitir o nome é conhecer os avanços da ciência,ser solidário e acreditar na superação PÁGINAS 8 a 11

do!s - rck, a, uu itativ, Ti But iiia

JorNALISMoGoNZo

Repórter se inltrana cena sertaneja

BH

   F   O   t   O  :   J    É   S   S   I   C   A   A   M   A   R   A

   L

   M   O   N   t   A   G   E   M  :   G   U   I   L   H   E   R   M   E   P   A   C   E   L   L   I

Page 2: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 2/16

piia aava Impressão2 Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

pArA seGUIr o JornAl

Facebook 

Impressão - Jornal Laboratório

do UniBH

Site:

www.jornalimpressao.com.br

Twitter:

twitter.com/impressaounibh

@

eXpedIenTe

REITORProf. Rivadávia C. D. de Alvarenga Neto

INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E DESIGNProf. Rodrigo Neiva

COORDENAÇÃO DO CURSODE JORNALISMOProfa. Fernanda de Oliveira Silva Bastos

LABORATÓRIO DEJORNALISMO IMPRESSO

EDITORESProf. Leo CunhaProf. Maurício Guilherme Silva Jr.

PRECEPTORAProfa. Ana Paula Abreu

(Programação Visual)

ESTAGIÁRIOSCamila FreitasGuilherme PacelliJéssica Amaral

MONITORESDany StarlingJoão Luís Chagas

LAB. DE CONVERGÊNCIA DE MÍDIASEDITORAProfa. Lorena Tárcia

ParceriasLACP – Lab. de Criação PublicitáriaLaboratório de ModaLaboratório de Convergência de MídiasLaboratório de Fotograa

IlustraçõesCristiano Soares(aluno de Publicidade e Propaganda)

Modelo da capaChristiane Lasmar

IMPRESSÃO / TIRAGEMSempre Editora2000 exemplares

eit h Ja-abatói aí a exc 2009

2º h a exc 2003

O jornal IMPRESSÃO é um projeto deensino coordenado pelos professoresMaurício Guilherme e Leo Cunha, com osalunos do curso de Comunicação Social

- Habilitação em Jornalismo - do UniBH.

Mesmo como projeto do curso de Jorna-lismo, o jornal está aberto a colaboraçõesde alunos e professores de outros cursosdo Centro Universitário. Espera-se que osalunos possam exercitar a prática e divul-gar suas produções neste espaço.

Participe do IMPRESSÃO e faça contatocom a nossa equipe:

Rua Diamantina, 463Lagoinha – BH/MGCEP: 31.110-320Telefone: (31) 3207 -2811Email: [email protected]

FERNANDO DUtRA 

João Luís Chagas6° Período

O Impressão celebra, em 2012, 30 anosde existência. Trinta anos de sucesso, depautas improváveis e muito aprendizado. Oaniversário foi comemorado em uma mesaredonda do Uni+, que contou com a presen- ça dos atuais professores responsáveis pelo jornal, Maurício Guilherme e Leo Cunha,e dos estimados João Joaquim, Fabrício Mar- ques e Fernanda Agostinho, que em anos

anteriores estiveram à frente da publicação.O presente, contudo, veio durante a ceri- 

mônia de entrega do 6º Prêmio Délio Rocha,promovido pelo Sindicato dos JornalistasProfissionais de Minas Gerais, quando areportagem “Quem Guarda os Guardiões?”,produzida por Gustavo Pedersoli, Jéssica Amaral, Guilherme Pacelli e Dany Starling,e publicada na edição 188, ficou com o 2ºlugar na categoria Reportagem Impressa –Estudante de Jornalismo.

Nesta edição, monitores e estagiários do jornal se debruçaram sobre o câncer, commatérias que procuram entender melhor ouniverso da doença. O desenvolvimento de

uma vacina que pode combater até 80%dos tipos de tumores conhecidos e a faltade investimento em pesquisas dão o tom daabertura, que segue mostrando o caminho,espinhoso, enfrentado por pacientes do SUSe por clientes de planos de saúde em buscade tratamento. Solidariedade também foi foco do dossiê, que mostrou a importância dotrabalho voluntário e de ONGs que atuam junto a pacientes e hospitais.

 A solidariedade também está presentena seção Eu estava lá. Conheça melhor a

realidade das pessoas que habitam as ruasde Belo Horizonte pelos olhos do aluno Ro- naldão e pelos faróis da Generosa, kombi queroda pela cidade distribuindo sopa e carinhopara pessoas carentes.

Falando em comida, acompanhe LilianeMendes, carnívora convicta, durante uma se- mana vegetariana. A aluna conta as dificul- dades que enfrentou e benefícios e malefíciosde uma dieta sem carne. Já a seção “Outros(so)papos”, que mudou de nome apenas nes- ta edição, conta a história e a rotina de trei- nos do lutador de MMA Thiago Michel, re- latada pelos alunos Lucas Garabini, MozartDias e Felipe Braga.

No DO!S, a matéria Projeções do Admi- rável Mundo Novo, dos alunos Anita An- dreoni, Jonathan Goudinho e Leilane Stau-  ffer, explora a tecnologia presente em museusde Belo Horizonte. Telas sensíveis ao toque,vídeos e interatividade convivem junto a ob-  jetos antigos. Descubra alguns dos ambientesmais interessantes da cidade.

O jornalismo gonzo também está presen- te no DO!S. O repórter Dany Starling, com- pletamente avesso às duplas que chegaram àuniversidade, se aventurou pelo universo da

música sertaneja em casas noturnas famosas(ou não) da capital. Do Alambique ao Va-  galume Center Show, conheça melhor quemsão os frequentadores desses estabelecimentose os personagens que ganham a vida traba- lhando na noite.

 A inf luência do gênero imortalizado por Hunter S. Thompson confirma o caráter ex- perimental, único e atrevido do Impressão,presente desde sua concepção e que marcoutodo o trabalho desenvolvido ao longo de2012. Felizes somos nós, alunos do UniBH,que podemos propor as pautas mais inusita- das e escrever, sem censura, nessas páginas,há 30 anos.

Impssã:

mais 30 anos!

Maurício Guilherme, João Joaquim, Fabrício Marques, Leo Cunhae Fernanda Agostinho comemoram 30 anos do Impressão

O Dossiê “Raio X da Imprensa”, publicado no Impssã 188,

recebeu o 2º lugar no Troféu Délio Rocha de Jornalismo de

Interesse Público - categoria alunos

Page 3: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 3/16

Vi cíticaImpressão 3Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

Nos últimos meses, o drama dosíndios Kaiowás, que durante muitotempo foi ignorado pela chamada “gran- de imprensa”, pautou os debates nasredes sociais.

 A internet foi fundamental para dar publicidade à tragédia eminente daque- la tribo e mobilizou milhares de pessoasem prol da causa.

Textos, vídeos, fotos, enfim, uma gama de conteúdos trouxe a distante re- alidade do Mato Grosso do Sul para ocotidiano das pessoas.

Chamada pejorativamente de “ati- vismo de sofá” pelos mais críticos, aatuação dos internautas foideterminante para que a Justiça sus- pendesse a liminar que autorizavaa retirada dos 170 Kaiowás da fa- zenda Iguatemi, localizada em ter- ritório histórico para os indígenasdessa tribo.

Por fim, só aceito críticas aos "click-  -revolucionários" de quem estiver debaioneta nos dentes, prestes a derrubar um castelo de inverno.

Por Pedro tiago7º Perodo

 Ativism sfá

De roça acidade empresa

Diziam que Belo Horizonte era umaroça grande. Bom se fosse. Na roça, te- mos espaços para as folias de reis, rodade viola, tempo para prosa no portãodo vizinho, soltar pipa, jogar bola...Recreações impossíveis na cidade que semoderniza sem saber para quem.

 A cidade está em curso de pavi- 

mentação total, pega-pega na rua sópara automóveis. O espaço público foireduzido a ruas, avenidas e locais deconsumo. Os interesses empresariais in-  fluenciam o planejamento urbano.

O único rio que corta o centro dacidade foi tapado, para virar avenida,com o pomposo nome de Boulevard Arrudas. BH está prestes a ostentar omaior prédio da América Latina, ocu- pando uma área de 15 mil metros qua- drados, próximo ao tradicional bairroSanta Tereza.

De roça grande à Babilônia de con- creto, Belo Horizonte trocou suas hortasde quintal, seus pomares, por imensas

construções. E cobra uma conta cara docidadão pela chegada à urbe.

O primeiro disco da cantora mineiraLaura Lopes, denominado  Abaporu, - nome de famoso quadro de Tarsila do Amaral, abrasou mais minha paixãopela música contemporânea de Minas.Mas sempre que os novos artistas fi-  guram na imprensa local, são taxadoscomo netos do Clube da Esquina. Um

apego histórico-musical desnecessário,que impede as novas baladas de se apre- sentarem em plenitude.

Muito além da Esquina – e cami- nhando longe dela também – estão os"novinhos", como Gustavito, que espa- lha suíngue e sensualidade brasileiraem seu trabalho, Rafael Martini, umpianista extraordinário, que demandahoras de atenção musical para digestãosonora, e o grupo Capim Seco transandomarujadas do interior mineiro às possi- bilidades do sambajazz.

Outros nomes, como o evidente esubstancial Graveola e o Lixo Polifônico, figuram na cena independente. É tempo

de assumir o novo e conhecer a profusãoda juventude musical de Minas.

 A nova músicamineira

Leilane Stauffer6º PEdição: Dany Starling

Difícil, cheia de regras, imposições enão-me-toques. Com todo respeito, vocêé bem complicada às vezes. Na verdade,quase sempre. Por outro lado, com aque- le ar imortal que a existência de mais dedois mil anos revela, tem toda a pompade quem já viveu bastante e mostra queas transformações a deixaram mais char- mosa e com uma beleza coerente. Inde- pendentemente das controvérsias, é assimque te imagino. Eu e provavelmente vá- rios habitantes dos oito países que, hoje,te adotam oficialmente. São cerca de 230milhões de pessoas que te usam. E, comcerteza, abusam.

É, dona Língua Portuguesa, não deveser confortável para você que – verdadeseja dita – veio de um idioma morto,mas se consagrou como língua culta, ser escrita, falada e pensada por estilos, jei- tos, comportamentos e culturas diferentes.Mas também, quem mandou ser assim?São análises morfológicas e sintáticas, figuras de linguagem, concordâncias ver- bais e nominais, milhões de sentidos parao mesmo verbo e milhões de tempos ver- bais para tantos sujeitos... Haja paciênciapara dominar essas e mais tantas outrasminúcias suas. Ai, de nós!

 Às vezes, acho que foi você quecriou aquele enigma da esfinge edona Hera, lá da Grécia, resolveupatentear. Essa história de “Decifra-meou devoro-te” é bem a sua cara, sabia?Dias atrás mesmo, não te decifraramda maneira correta e você já imagina oresultado: constrangimento total. Umdos jornais ainda mais respeitados donosso Brasil esqueceu como se conjuga- va o verbo “manter”. Em uma baitamanchete, resolveram reproduzir uma

declaração nada bem sucedida, nosaspectos de forma e conteúdo, seé que a senhora me entende. Elespublicaram: “Servidor que manter 

 greve ficará sem reajuste, diz governo”(sic). A tentativa de acordo, grafadade maneira equivocada pela F olhade S. Paulo, diz respeito aos setores federais que promoveram paralisações,buscando por melhorias, principalmen- te salariais. O reajuste oferecido pelo governo foi de 15,8% até 2015 e pre- tendia alcançar os professores uni- versitários e os policiais federais,citados na matéria. A falha foi vergo- nhosa e não apenas para você, querida flor do Lácio.

E a gente fica assim, neste eternocaso de amor e... não, ódio não. Éuma expressão pesada. Olha aí!Benditos signos linguísticos esses seustambém, hein! Enfim... neste casoconstante de admiração e atrito.Como você bem sabe, de vez em quan- do, os eufemismos conseguem apaziguar a situação. No final das contas,estamos cansados de ouvir – e dereconhecer também – que só serelaciona bem com você quem lê, emuito. Eu sei, e você há de concordar comigo, que a frase já ficoumanjada. Mas, como dizem por aí, quan- do repetimos muito as coisas, elas se tor- 

nam verdades. Não necessariamente o fato em questão precisa ser mentira, que fique bem claro. E por falar em repetição,dona Língua Portuguesa, o nosso convíviodiário só vai funcionar quando a gentepraticar o verbo que conjugamos (e corre- tamente, lógico!) em um futuro – aindadistante, infelizmente – do subjuntivo:quando eu ler, quando tu leres, quandoele/ela ler, quando nós lermos, quandovós lerdes, quando eles/elas lerem. Quan- do todo mundo ler.

 A diva nossa de

todos os diasREPRODUÇÃO

CRIStIANO SOARES

Page 4: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 4/16

Taa ctâa Impressão4 Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

perl que

 vale porConheça o lósofo que é congadeiro, o economista que canta música erudita e o advogadoque toca pagode – desaos, prazeres e recompensas de quem leva uma jornada dupla

 Ana Carolina AbreuJúnia RodriguesMarcela MartinsRaquel Braga6º PeríodoEdição: Dany Starling

 João Carlos já carregaa a bandei-ra de São Sebasião uando chegueià igreja de NossaSenhora do Rosário,na cidade de Conagem. A missa con-ga esaa preses a ocorrer. João usaa eses coloridas e uma coroa. Lá, ele érei. Denro da sala de aula, ele é JoãoPio, e procura se esir com máximadiscrição. Foi esse João ue enconreidias depois, num shopping de BeloHorizone. Ele olaa de uma escolapública, onde é professor, e mais ardese dirigiria à Prefeiura de Conagem,

onde ocupa o cargo de coordenadorde Policas para a Igualdade Racial. A agenda não é somene cheia, masmulifocal: é filósofo, professor, coor-denador público e congadeiro.

Os eixos emáicos de anas es-feras aé se cruzam em deerminadomomeno (podemos dizer, liremen-e, ue a lua pela igualdade racial éa base da auação do professor), mas

é surpreendene ue alguém ão gra-duado na academia se dediue a ir acampo. “Desempenho papéis muiodiferenes e preciso er jogo de cinu-

ra para fazer o meu melhor em cadaum deles”, cona.Um currculo e ano: João cona

ue grande pare dos congadeiros ueinegram a guarda à ual ele perenceem pouco ou nenhum esudo. Ele,ao conrário, acumulou formações.Graduou-se em Filosofia pela PUCMinas e começou a dar aulas. Anosmais arde, fez mesrado em Educa-ção. Anes disso, concluiu um cursode Esudos sobre Religião na Unier-sidade Gregoriana de Roma, na Iália. João ganhou a bolsa de inercâmbioem função de rabalhos sociais uedesenolia à época. Um dos mais

marcanes foi esar à frene do grupo Agenes de Pasoral Negros. Mais ar-de, a pasoral o colocaria em conaocom a comunidade uilombola dos Aruros, onde João conheceu o Con-gado. Por enuano, os rabalhos emprol da igualdade racial lhe daamouras oporunidades. Fez pare da Associação dos Sociólogos Negros,enidade ue promoia esudos sobre

raça e democracia e, em 2001, parici-pou da Conferência da Organizaçãodas Nações Unidas (ONU), realizadana África do Sul.

Reinado perpétuo“Os mais anigos conam ue, há

muio empo, uma imagem de Nossa

Senhora foi isa ao mar. Os brancosa rouxeram para a erra, mas, de noi-e, a imagem olaa para as águas.Só uando os negros foram buscá--la, com fesa, é ue ela ficou”. Essahisória não figura nos liros, mas éa resposa ue enho uando pergun-o a João como o congado surgiu. O

A at ta ut

Pedro, Luiz Eduardo e João Carlos conseguem administrar a vida prossionale os projetos paralelos de forma harmoniosa, mas esta não é uma tarefa fácilpara todos. A analista de carreiras Fátima Dutra diz que, para conciliar umadupla rotina, é preciso ter foco. “Nem sempre as pessoas sabem qual ativi-dade devem priorizar, ou quanto tempo é necessário destinar a cada umadelas”, arma. O primeiro passo é organizar o tempo, eleger prioridades edenir objetivos prossionais.

“Para manter o equilíbrio, o prossional precisa saber aonde quer chegarcom cada uma das carreiras”, destaca. Além disso, é fundamental ter respon-sabilidade, comprometimento e organização. Fátima ressalta que as ativida-des paralelas podem, inclusive, trazer ganhos à prossão. “Hobbies, dons ehabilidades são valor izados pelas empresas”, diz. Desenvolver uma atividadeprazerosa contribui não só com o desempenho prossional, mas tambémpara a realização pessoal.

Rei do Congado, professor e funcionário público, João Carlos divide sua vida em atividades distintas

FOtOS: ARqUIvO PESSOAL 

Page 5: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 5/16

 Algumas paixões nos acompa-nham desde sempre e, por mais ue,às ezes, enhamos ue seguir cami-nhos diferenes, elas esarão aguar-dando apenas uma oporunidade

para ressurgir.O economia mineiro Luiz

Eduardo Pacheco é apaixonado pormúsica. Foi em sua cidade naal, Juiz de Fora, ue deu os primeiros

passos na carreira de músico, aoparicipar do coro da cidade.

O fascnio pelos rimos o acom-panhou durane oda a adolescência:

no perodo em ue cursaa Economiana Uniersidade Federal de Juizde Fora (UFJF), Luiz Eduardo par-icipaa do coral da insiuição,canando MPB e música erudia.

Luiz foi poso à proa uando,depois de sua formaura, precisoudecidir enre a ida de músico e acarreira como economisa. “Não foiuma escolha fácil, mas as chances deuma rajeória de sucesso fala-ram mais alo nauele momeno”,relembra. Aualmene, ele aua comoanalisa de gesão na CompanhiaBrasileira de trens Urbanos (CBtU).

Durane 20 “longos” anos, o

cano foi deixado de lado, mas, re-cenemene, o economisa decidiudar ouidos ao coração e reingres-sar na música erudia. Durane rêsnoies por semana, faz aulas de can-o lrico, o ue permiiu ue, alémde desenoler o dom, preparasseum reperório com cerca de 20canções napolianas. “tenho mededicado basane e já esou em fasede finalização do meu primeiro discosolo, Sapore d’Ialia”, afirma.

Ele cona ue, na CBtU, a de-dicação à música foi uma grandesurpresa, mas, aos poucos, odosperceberam ue o goso pela

 ocação arsica fazia pare daessência do economisa. “É precisoer coragem para se lançar e deixar o a-leno aflorar”, ressala. A cada ez ueoue as palmas do público, ele em cer-eza de ue odo esforço esá alendomuio a pena.

Taa ctâaImpressão 5Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

 Após 20 anos, a volta para a música

Dos palcos ao escritórioquem enra no escriório do Dr.

Pedro Henriue Abreu percebe ouano o adogado, de 23 anos, esá

acosumado a luar pelos ineressesde seus clienes nos ribunais. Maso ue ninguém imagina é ue Pedro ia uma siuação parecida com a dobarono Luiz Eduardo.

Há cinco anos, uando ainda es-aa na faculdade, conuisou áriosamigos ue inham, além da apidãopelo Direio, um goso em comum:

a música. No caminho enre as idase indas ao Fórum, os esudanes i- eram a ideia de criar uma banda de

pagode. “Como começamos a inesircedo na profissão, nhamos poucoempo de folga. quando nos sobraaempo, brincáamos de canar pago-de”, afirma.

Dos ribunais aos palcos, assim éa roina de Dr. Pedro Henriue, ouPedrinho, como ambém é conheci-do uando esá com a PegaSamba,

banda em ue é ocalisa e oca per-cussão. “Começou como brincadeira,mas hoje emos uma agenda de shows

cheia”, diz, ao lembrar ue nem udoé um mar de rosas. “Às ezes, enfren-o problemas: clienes do escriórioligam na hora da apresenação oushows são marcados para dias em uepreciso me dedicar às aiidades doescriório”. Mas Pedro não desanima.“Eu me dedico muio às duas profis-sões e não ou deixar nenhuma delas”.

mio é ensinado de geração para ge-ração, como odos os ouros riuaise crenças ue são a base do Reinado– ue, aliás, é mais abrangene ueo congado, a manifesação em si, adança, o enconro dos congadeiros.O reinado é um compromisso coma comunidade, em odos os senidos.

 A caracerização das guardas ue,no dia da fesa, em Conagem, pren-de-se à esruura do mio. João é o reida bandeira de São Sebasião. Foradali, durane odo o ano, ele se esfor-ça para mosrar a força desse compro-misso para as noas gerações – embo-ra ele próprio só enha conhecido ocongado bem mais arde.

 A hisória ue ligou o filósofoao Congado, de alguma forma, noslea a refleir sobre a ancesralidade,ermo ão presene nas crenças dacomunidade e ue em a er com aenergia ue liga as pessoas a deer-minada coisa. Aconeceu ue a aual

esposa de João, Anase, foi rabalharcom educação na comunidade de Aruros. Os Aruros êm sua origemligada à hisória do negro Arhur Ca-milo Silério, cujo nome ornou-sedenominação de seus descendenes,ue foram criados unidos em ornoda famlia, da erra e da fé em NossaSenhora.

O grupo familiar habia uma pro-priedade paricular siuada em Con-agem. Anase começou a pariciparda ida da comunidade em função deum projeo dos Agenes de PasoralNegros. Um dia, de brincadeira, elapegou a coroa usada nos fesejos e co-

locou na própria cabeça. Enão, brin-cou com alguns membros da comuni-dade e disse ue seria óima rainha. A resposa foi unânime: “você já é”!

Mais arde, foi a ez de JoãoCarlos ser coroado rei. Ele explicaue, nem sempre, rei e rainhasão casados. “Não em a er comisso. tudo depende de uma análise dosmais elhos, da aceiação deles. Uma ez coroado rei, esse compromissoé perpéuo”, explica.

Desde ue foi coroado, a comu-nidade é pare imporanssima da ida dele. Lá, ele desenole inúme-ros rabalhos, cuida de ários proje-

os e ie o congado, não por reco-nhecer sua imporância denro dasociologia, mas por se senir ligadoa ele pela dimensão da fé. “O con-gado não é folclore, não é uma apre-senação arsica: é muio mais doue isso. E eu me sino priilegiado deacrediar”, garane.

Universos paralelos João enumera alguns proble-

mas por ransiar ão inensameneneses dois mundos, mas diz uenão são comuns. O ue é comumé a esranheza e a curiosidade.“Leo coisas da academia para

a comunidade, e ice-ersa, masem erdades álidas apenas emcada um deses lugares. Pela minhaexperiência, sei ue é muio mais álido beber na culura do ouro doue rejeiá-la. Sou apaixonado peloconhecimeno, e, por isso mesmo,sei ue conhecimeno não é sinô-nimo de erudição. Conio comculuras diferenes, faço pare deuniersos diferenes, mas emos uelembrar ue odos eles esão nummesmo mundo”.  Advogado e pagodeiro, Pedrinho (com o microfone) se desdobra para dividir seu tempo com as duas paixões

Luiz Eduardo Pacheco: paixão pela música erudita

Page 6: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 6/16

Page 7: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 7/16

ChcitImpressão 7Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

 Abner AugustoLiliane MendesLorena ScafuttoNayara Vianna6º PeríodoEdição: Dany Starling

O ue ocê faria se fossedesafiado a passar um dia semconsumir carne ou deriadosde animais? O ue, para mui-as pessoas, parece assusadorà primeira isa, em se orna-

do práica popular enre osbrasileiros. É o ue aponaa pesuisa do Insiuo Bra-sileiro de Opinião Pública eEsasica (Ibope), realizadaem 2010: 9% dapopulação brasi-leira segue a diea egeariana. Osmoios ão desdeo fao de não apre-ciarem o saborda carne a ues-ões religiosas.

 A esudane dejornalismo Liliane

Mendes, ue nãoconsegue se ima-ginar sem carne,enfrenou umasemana de egea-rianismo. O uenão foi nada fácil.“O desafio, conu-do, reelou-se bas-ane insigane”,confessou a joem,ue descobriu umnoo mundo de sa-bores e sensações– além dos benef-cios ue ese esilo

de ida pode razerà saúde.Diferenemen-

e do ue muiospensam, a arefafica pior com o passar do em-po. A disciplina orna-se ua-se impraicáel, como reelouLiliane: “Pensaa ue as pes-soas ue deixaam de comercarne, por ideologia, crençaou uesões filosóficas, só po-deriam mesmo esar fora desi. Hoje, meu pensameno écompleamene diferene”.

Xô, presunto! A primeira eapa da ex-

periência deu-se no dia 12de ouubro, o ue ornaria aproa ainda mais desafiadora. Afinal, maner disância dascarnes jusamene no feriado,uando se pode comer commais liberdade, não é fácil.“Me dei cona de auele seriao dia ‘do udo’, menos da car-ne, o ue me causou uma sen-sação de desconforo muio

grande. Para o café da manhã,pensei ue seria simples, mas,já de cara, i uma das paixõesda minha ida...” Lili – comoé conhecida pelos amigos – re-fere-se ao alimeno ue lhe pa-receu ainda mais suculeno aparir da resrição: o presuno,“a ue resisi com muia for-ça de onade. Confesso ueie ânsia de dar uma peue-na ‘fugida’, sem ue ninguémpercebesse. Mas a, perderia o

primeiro dia da experiência.Resignei-me, deixei o fadicopresuno a um cano e segui,com café e um pãozinho soli-ário, para a aranda.

 Ao longo do dia, Lilianefoi esada por familiares eamigos. Foi difcil suporaro passar das horas. Por o-dos os lados haia carne! Namesa do almoço, no lancheda arde e no da noie... “A essa sensação, eu chamei cari-nhosamene de ‘o mundo esáconra mim’. Por mais ue eucomesse salada, barras de cere-

ais e biscoios sem fim, nuncaesaa saisfeia”, ressalou.

 Alface X Batatas fritasNo segundo dia, udo pa-

receu pior. Lili começou a fi-car mal humorada com a falade opções alimenares. “Foia ue procurei me informarsobre como subsiuir a carnena minha alimenação. Essafoi uma grande falha, poisdeeria er essas informações

anes mesmo de iniciar a die-a”, lamenou. A esudanedescobriu ue os especialisasaenam para um cuidado es-pecial: os noos egearianosendem a comer carboidraosem excesso. Sem as carnes,sobram baaas frias, pizzas,arroz e muio ueijo – por ezes, subsiuindo a inges-ão de proenas e ouras i-aminas fornecidas com oconsumo de carne.

“A siuação do carboidraoem excesso aplicou-se a mim”,conou Lili. Em conersa coma endocrinologisa ticianeCorrea, ficou claro ue, ao

conrário do ue imaginammuias pessoas, se houerconsumo exagerado de uei-jos e oos, o egeariano podeaé ganhar peso, além de pre-judicar sua saúde. Ainda deacordo com ticiane, uemadoa a diea não precisa so-frer: a alimenação pode serbasane saborosa e ariada.

Os dois dias ue se segui-

ram foram mais lees – apesarde mais desafiadores – paraa recém-egeariana. “Desco-bri ue poderia diersificara alimenação. As premis-sas de ‘o mundo esá conra ocê’ e de ‘azio alimenar’dissiparam-se. Ao conrário,seni, inclusie, ue o mundoesaa a meu faor, deido àuanidade de informaçõespara ue eu complemenasseminha alimenação”. Somou-

-se a isso o fao ue o organis-mo de Lili começar a se acos-umar com uma alimenaçãomenos pesada. “Pude seniruma sensação de leeza e debem esar, ue se ransfor-mou no ue chamo de ‘corpoem funcionameno’”.

Descoberta de saboresNo uino dia de diea,

a esudane fez a sua gran-de descobera. Na inerne,

deparou-se com inúmeras re-ceias egearianas e resoleuse aenurar na cozinha. “Fizum delicioso esrogonofe decarne de soja. Inesi, ainda,

num hambúrguer egano parao lanche, ue ficou muiogososo! Comecei a enenderue o difcil não é deixar decomer a carne, mas er dispo-sição e curiosidade para brin-car com ingredienes ue nãoproêm do animal”. A uara

sensação a ser experimenadapor Lili foi, por isso, o ue elachamou de “descobera deum mundo de sabores”.

No sexo dia, a “cobaia” isiou um resaurane egea-riano e descobriu as delciasue ais locais podem oferecer.“Como meu paladar esaamais apurado, aproeiei mui-o. Porém, como a carne esápresene na minha ida desdea infância, sua ausência conri-

buiu para o consumo excessiode ouros alimenos e, conse-uenemene, para o ganho depeso”, descree. Além disso, arepórer passou a sofrer com

problemas comoirriação esomacale náuseas.

No séimodia, foi a hora das“cons ideraçõesfinais”. A primei-ra delas: não sigaesa experiênciaao pé da lera. Se ocê uer mesmo

ornar-se egearia-no, pesuise, ana-lise e reflia muioanes de iniciar oseu processo, uedee ser gradual– e sempre com oacompanhamenode um especialis-a. “O ue eu digoagora, após passarpelo desafio, semingerir nada decarne? vale a penaenfrenar odas es-sas sensações. você

conhecerá melhoro seu corpo e abri-rá a mene paraesse unierso depossibilidades”.

 você dee esar se per-gunando: será ue a Lilianeconinuará a ser egeariana?Pois ela lhe responde, comsegurança: “Acredio ue não,mas já esou subsiuindo re-feições diárias por ouras uenão enham carne”.

Prazer, senhora alface!

REPRODUÇÃO

Uma semana em meio aos vegetais: experiência de virar a cabeça

Fã de churrasco, estudante passa sete dias sem comer carne e relata

os efeitos – corporais e psicológicos – da inusitada experiência

Vaia

A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) considera vegeta-riano “todo aquele que exclui, de sua alimentação, todos ostipos de carne, aves e peixes e seus derivados, podendo ounão utilizar laticínios ou ovos. O vegetarianismo inclui o ve-ganismo, que é a prática de não utilizar produtos oriundosdo reino animal para nenhum m (alimentar, higiênico, devestuário etc.).” Ainda de acordo com SVB, o indivíduo que se-gue a dieta vegetariana pode ser classicado de acordo como consumo de subprodutos animais (ovos e laticínios).

Page 8: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 8/16

diê Impressão8 Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

João Luís Chagas 6°Período Edição: Dany Starling

O Brasil sempre foi referência empesuisas sobre doenças infecciosas,aé pela ampla ariedade enconrada

por aui. Nos úlimos anos, conudo,a medicina brasileira em olado seusolhos para males conhecidos como“enfermidades dos pases ricos”. As-sim são classificadas, informalmene,a obesidade, as alergias e o câncer.Esa úlima deerá, segundo o Insi-uo Nacional do Câncer (Inca), serdiagnosicada em mais de 54 mil mi-neiros aé o fim dese ano, um aumen-o de 10% em relação a 2011.

 Apesar da ala incidência de cân-cer no Brasil, ainda engainhamosuando o assuno é pesuisa, masesse é um uadro em muação. A prosperidade econômica dos úlimos

dez anos em proocado alerações nodia a dia da população. Sedenarismo,hábios alimenares ruins e poluiçãosão exemplos de um noo esilo de ida – cada ez mais semelhane aodos pases desenolidos. Juno comessas ransformações, “noas” doen-ças passaram a fazer pare de nossa re-alidade, criando uma necessidade deconhecê-las melhor.

Hoje, a grande maioria das inui-rições, no mundo odo, rabalha nacriação de mecanismos de deecção

dos ários ipos de câncer. Um dosaanços nessa área foi feio recene-mene na Uniersidade Federal deUberlândia (UFU) pelo professor epesuisador Luiz Ricardo Goular.Ele criou um exame menos inasioe mais objeio para a deecção do

câncer da prósaa. O ese é feio aparir da colea de sangue, de ondeé exrada uma molécula das célulassanguneas para análise laboraorial.O procedimeno – ue alcança 80%de precisão – já em permissão legalpara comercialização. Além disso, ocuso do diagnósico chega a ser 50%mais barao ue de similares feios emouros pases.

 Vacina contra o câncerO sisema imunológico do corpo

humano não combae células próprias,o ue impede o aaue aos umores –aglomerados de células defeiuosas do

nosso corpo. Para enfrenar as célulascancergenas, a bióloga e douora emImunologia pela Uniersidade Federalde Minas Gerais (UFMG), Caroline Junueira, rabalha no desenoli-meno de uma acina.

 A pesuisadora modificou ge-neicamene o trypanosoma Cruzi,proozoário causador da Doença deChagas, de forma ue ele passasse aproduzir uma molécula presene em80% das células umorais: a proenaNY-ESO-1. Ela explica ue, por esar

juno ao parasia, a proena passa aser idenificada pelo sisema imuno-lógico como uma ameaça. “Nos esescom camundongos, eles desenole-ram uma proeção conra o parasiae conra o angeno”, relaa. Dessaforma, o organismo esaria preparado

para impedir a formação de umoresno fuuro, pois já “saberia” idenificá-

-los e desru-los. A douora lembra ue a acina

pode ser usada ambém no raamen-o daueles ue já esierem doenes,esimulando o sisema imunológico acombaer células cancergenas. Sem

a uilização de drogas sinéicas, osefeios colaerais são menores, o uepode aumenar as chances de sucessodo raameno.

 A próxima fase da pesuisa con-empla os eses em ouros animais.“Nós escolhemos rabalhar com cães,por ser um modelo mais complexoe ambém por ue eles desenolemcâncer al como os humanos”, explicaCaroline. Oura anagem de se reali-zar a pesuisa em cachorros é desen- oler raameno para os animais, jáue, aé o momeno, as soluções exis-enes são paliaias. Se udo correrbem, os eses em humanos poderão

começar em uaro anos.

Dependência estatalO goerno federal, por meio da

Lei nº 12.715/2012, deu um impor-ane passo para fomenar o esudode noas doenças. Ela esabelece umanoa maneira para ue as empresasfaçam o recolhimeno das conribui-ções preidenciárias, o ue permieà União ampliar o financiameno àpesuisa, hoje feia uase ue exclu-siamene com erbas públicas. taisinesimenos, por pare da iniciaiapriada, ainda são incipienes no pas.Dependem de uniersidades e cenros

federais, como o Inca e a FundaçãoOswaldo Cruz (Fiocruz).

Dos ricos para

os emergentesNúmero de casos de câncer dispara, mas pesquisas sobre o assunto ainda são tímidas

Caroline Junqueira desenvolve vacina que pode revolucionar o tratamento do câncer no Brasil

Pesquisas e estudos dependem maciçamente de verbas federais

FOtOS : JOÃO LUíS CHAGAS

Page 9: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 9/16

Camila Freitas2°PeríodoGuilherme Pacelli4°PeríodoEdição: João Luís Chagas

O Minisério da Saúde esimaue, aé o fim de 2012, serão regisra-dos cerca de 500 mil noos casos decâncer no pas. Nos úlimos anos, osaanços da medicina proporcionarammelhorias significaias nas formas deraameno da doença, mas o acesso aelas ainda é desigual.

Pacienes ue dependem anoda rede pública, como de conênios

priados, sofrem com a espera poraendimeno,a escassez na ofera e na ariedade de remédios, além de difi-culdades para marcar e fazer exames,muias ezes cruciais para incio doraameno do câncer.

 A presidena Dilma Rousseff san-cionou, no fim do mês de noembro,lei ue obriga o Sisema Público deSaúde (SUS) a iniciar o raamenode pacienes com a doença em aé 60dias. A medida eio numa boa hora,mas aé ue pono esabelecer empolimie para ue o SUS inicie o raa-meno, sem oferecer as condições ade-uadas, pode resoler o problema?

No úlimo mês, Rafaela Lima* en-frenou erdadeira maraona para con-seguir dois exames para seu pai, An-ônio*, ue acabara de descobrir umcâncer da prósaa. Ele foi diagnosica-do com a doença há apenas um mês,uando se seniu mal deido a cólicasrenais. “A parir da, as dificuldadespara conseguir marcar os exames fo-ram imensas”, cona a filha.

Para iniciar o raameno, o paide Carolina precisaa fazer biópsia –colea de amosra de ecido para eri-ficação da doença – e omografia. Oplano de saúde informou à filha nãosaber onde Anônio poderia realizar

os exames, mas ue os cobriria assimue se enconrasse um local, em BeloHorizone, capaz de realizá-los.

Passada a dificuldade de conseguirum local para os exames, Carolina eseu pai procuraram o SUS, onde afilha alega er ido péssimo aendi-meno.Primeiramene, o exame uecomproaa o diagnósico de câncer,feio pelo conênio, foi recusado. Ca-rolina ee ue buscar ouro médico,dessa ez do SUS, para er o aesadoda doença. Só assim eles enraram nafila de espera.

Nesse nerim, a operadora do con- ênio médico de Anônio finalmene

liberou os exames para seu pai, ueserão realizados em dezembro. No en-ano, ela não esconde a reola com oaendimeno burocráico e demoradoue enconrou nos dois sisemas desaúde, ue em ese deeriam garan-ir raameno imediao. “Eu pensoassim: a pessoa não morre de câncerapenas, mas de esperar ambém”, de-sabafa Rafaela, ue aé hoje não rece-beu reorno do SUS.

DemoraO Minisério da Saúde esima ue,

aé o fim de 2012, cerca de 54 mil pes-soas deerão apresenar algum ipo

de umor cancergeno, somene emMinas Gerais. Em BH, deerão sermais de 8 mil casos, número dez ezesmaior ue os leios disponeis parapacienes de oncologia. Segundo oprofessor André Márcio Murad, espe-cialisa em oncologia do Hospial dasClnicas, o paciene pode esperar aérês meses para conseguir iniciar o ra-ameno. “Aumenou muio a deman-da, mas não houe melhora no núme-ro de funcionários, na uanidade demedicamenos, nem na esruura doshospiais.”

Para Murad, o SUS não em acom-panhado os aanços no raameno,

apesar de a oncologia er melhoradoa eficácia de seus medicamenos. Elelembra ue, no final dos anos 1980, omesmo raameno oferecido na redepriada era o ue ele fazia para os pa-

cienes da rede pública. “O SUS emuma abela com proocolos de medica-menos. Enão, pare das drogas maismodernas acaba ficando fora”, afirma.

Em resposa, o Sisema Único deSaúde declarou ue o Minisério eas secrearias de saúde não fornecemdireamene os medicamenos, masapresenam lisas com uma série deindicações erapêuicas para os dife-renes ipos e siuações umorais. In-formou, ainda, ue cabe aos médicose aos esabelecimenos credenciados ehabiliados para assisência em onco-logia a padronização, a auisição e aprescrição de drogas.

 André Murad diz ue há muia re-sisência por pare dos conênios pri- ados em fornecer ceros medicamen-os para seus clienes – e ue muiosrabalham com abelas semelhanes

ou idênicasà do SUS. Por isso, aca-bam sofrendo diersos processos, namaioria das ezes, com ganho de causapara o paciene. “Agora, os pacienesambém êm recorrido e acionado osconênios. vários deles êm inúme-ras ações, na jusiça, por causa disso.todos os processos enolendo me-dicamenos, ue eu acompanhei, ouo goerno ou as empresas acabaramperdendo.” Sobre as afirmações, otribunal de Jusiça de Minas Gerais(tJMG) afirmou não saber a uan-idade de processos desse gênero emramiação.(*Nomes fictícios por escolha das fontes)

diêImpressão 9Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

Pacientes ainda enfrentam diculdades para tratar câncer no SUS e na rede privada

Maratona do tratamento

Conhecer seus direitos e ler ocontrato é importante na hora deaderir um serviço de plano de saú-de privado, para evitar quaisquereventualidades futuras. Mas, seocorrer de o plano de saúde nãoatender as diretrizes do contratoou da lei, o usuário pode acionar oProcon, ou reclamar na Agência Na-cional de Saúde Suplementar (ANS).

Além disso, pode-se consultarsobre os planos de saúde e suas

relações como prestadores de servi-ço, ligando ou entrando no site daagência. Em último caso,é possívelrecorrer à Justiça.

Já no caso do SUS, a melhor al-ternativa é entrar com uma ação judicial, requerendo outro tipo detratamento. Cada vez mais pacien-tes usam esse recurso, já que, por

meio de grupos de apoio aos do-entes, tem chegado cada vez maisao seu conhecimento a existênciade remédios mais ecazes contra ocâncer, que o Sistema geralmentenão fornece.

A nova lei sancionada pela pre-sidenta Dilma, no m de novembro,também prevê que a “padronizaçãode terapias do câncer, cirúrgicas eclínicas, deverá ser revista e repu-blicada, e atualizada sempre que

se zer necessário, para se adequarao conhecimento cientíco e à dis-ponibilidade de novos tratamentoscomprovados”.

Se realmente funcionar, essaoutra medida pode diminuir muitoo número de processos de reque-rimento de medicamentos, que oSUS sofre todos os anos.

Page 10: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 10/16

diê Impressão10 Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

Jéssica Amaral4°Período Edição: João Luís Chagas

Em meio às dificuldades de um raameno decâncer, esão pessoas engajadas em fazer o bem ese dedicar ao próximo. Muias doam seu empo;ouras, suas habilidades, ou, aé mesmo, recursosfinanceiros. Essa correne de carinho é fore e fazmoer a esperança denro de cada um. que o diga ocaso de Aninha, de 4 anos, ue, ao enfrenar raa-menos exausios – necessários ao combae do tu-mor de Wilms, diagnosicado há cerca de 24 meses

–, recebe odo o apoio de ue precisa na AssociaçãoUnificada de Recuperação e Apoio (AURA). Ali, apeuena paciene conie com ouras crianças, alémde brincar e paricipar de aiidades recreaias,conando sempre com euipe clnica, esagiários e olunários. O apoio é muio imporane de odasas pares, pois beneficia a ualidade de ida dos por-adores.

Para a psicóloga Mara Alice, ue rabalha noCenro de Apoio a Pessoas com Câncer (Capec), aexperiência de lidar direamene com os pacienesé bem mais reconforane do ue a roina nos con-sulórios: “É um rabalho alioso, porue ocê per-cebe a recuperação pelo ema laene, diferene doconsulório.” O Capec, ue, no incio, uase eeas poras fechadas, pode coninuar em frene graças

aos auais proprieários da associação, ue se uni-ram para não deixar essa ideia solidária se apagar. A enidade auxilia os assisidos paralelamene ao

raameno hospialar, em busca de garanir maiorualidade de ida e oferecer – além de amparo psi-cológico – programas sociais e exerccios semanais,como aiidades de aresanao. Nese caso, raa-sede projeo ue, além de melhorar a auo-esima dosassisidos, sere-lhes de caminho para aduirir auo-nomia financeira. Afinal, após a descobera da do-ença, muios pacienes ficam sem renda. vera Lúciados Sanos, de 45 anos, diz ue, desde ue enrouno Capec, sene-se basane reconforada. “É umacasa acolhedora, ue me preenche. Só enho a elo-giar e a agradecer. Aui, enho apoio com medica-menos e alimenação e o aresanao e a psicologia

me fazem muio bem”. Anoniea Gomes, conhecida na associação

como “Fifia” e ue esá no Capec desde sua funda-ção, ambém é só elogios. “tenho 81 anos e esouhá cinco aui, onde me disraio, recebo apoio e e-nho meus amigos”. Nos próximos anos, os freuen-adores da enidade, ue se senem ão saisfeiose acolhidos, erão ainda mais moios para come-morar. Hoje com 75 funcionários e 186 pacienes,a associação, ue se maném com doações, esá demudança para uma unidade maior.

 Amigos solidáriosCriado em 1944, o Hospial da Baleia aende

pacienes com câncer e é ambém conhecido porseu compromisso e responsabilidade social, dando

espaço para árias formas de olunariado denro dainsiuição. Uma das iniciaias desenolidas há 30anos pelo hospial, a Rede de Amigos, ao inceniaro olunariado, possibilia uma correne solidária,em ue a humanização e a cidadania se desacam.Para fazer pare da proposa, é preciso paricipar deum reinameno de inegração e, em seguida, rea-lizar enreisa, para idenificação das habilidadesdas aiidades olunárias. Além disso, é necessárioesar com as acinas em dia.

 A insiuição ambém possui programas solidá-rios como o “Adoe um leio”, ue consise na ma-nuenção e conseração de leios por doadores. A 

“adoção” colabora para a melhoria das condiçõesde raameno e bem esar do paciene. Oura ma-neira de ajudar a insiuição é por meio do imposode renda. Pessoas fsicas ou jurdicas podem fazer asdoações. Esse projeo é ligado ao Fundo da infânciae Adolescência (FIA) um insrumeno legal de ajudaá crianças e adolescenes Brasileiros em risco social.

Na busca de pessoas compromeidas com a causasocial, o Hospial ambém abre espaço para campa-nhas rápidas e de fácil adesão pela Rede de voluna-riado Amigos da Baleia. Daliane Sanos, esudanede publicidade, realizou juno á alguns colegas declasse a campanha solidária Sou Yellow. A ideia foi

diulgada na uniersidade e ambém pela páginacriada no Facebook. “O projeo se expandiu com

a colaboração das pessoas. Não em preço ajudar opróximo”, explica Daliane.

O grupo de alunos se mosrou muio empolga-do com o projeo e seu bom resulado, encarando aexperiência como um aprendizado para a ida. Pau-la Medeiros, ue ambém faz pare do Sou Yellow,cona da isia feia ao hospial para enrega de do-ações e da sensação de er feio pare da iniciaia.“Foi muio bom enrar nos uaros e lear a alegriaàs crianças e fazê-las sorrir. Foi graificane senirue podemos mudar o dia de alguém.”

(COLABORARAM:

 JANAíNA PRAEIRO E LUíSA REIFF6º PERíODO)

Fazer o bem faz bem Ajudar o próximo é um ato multiplicador. Entre hospitais e casas de apoio,

a solidariedade faz com que a esperança de dias melhores mantenha-se viva

Ocina de artesanato é uma das atividades lúdicas promovidas pelo Capec

FOtOS: JÉSSICA AMARAL 

Page 11: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 11/16

diêImpressão 11Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

IMAGENS: ACERvO vIRtUAL E

COLEÇÃO PARtICULAR (DANY StARLING)

MONtAGEM: GUILHERME PACELLI

Dany Starling7º Períodoeiçã: João Luís Chagas

Moio de inuieação, curiosi-dade e pesuisa por pare da popu-lação comum, o câncer sempre foialo de grandes reporagens. No pe-rodo pré-Google, era por meio dejornais e reisas ue as pessoas seinformaam sobre a doença, conhe-ciam noos raamenos e os meiosposseis de preenção. Além disso, aimprensa ambém exploraa uesõescomo superação, a angúsia dos mo-

menos finais dos poradores de cân-cer e como celebridades encaraama enfermidade.

 Ainda ue o jornalismo cienfi-co e as maérias sobre saúde enhamse ornado mais comuns a parir dosanos 1980, é possel enconrar ma-érias e reporagens sobre o câncerem publicações ainda mais anigas.Nas úlimas duas décadas, conudo,foi ue esse ipo de assuno ganhoumesmo as páginas das publicações,principalmene com o surgimeno de eculos especficos, como as reisasGalileu e Superinteressante e ouras liga-

das à órgãos públicos, como a Minas faz c iência, ediada pela Fundação de Amparo à Pesuisa do Esado de Mi-nas Gerais (Fapemig).

Marca do jornalismo narraio noBrasil, calcado em reporagens den-sas, de apuração esmerada e redaçãoacurada, a Realidade, desde seus pri-meiros números, deu espaço para ocâncer em suas páginas. Em feereirode 1967, em sua edição número 11,a reisa publicou a maéria “tenhocâncer e não uero morrer”. Em rêspáginas, uma mulher de 24 anos, cujaidenidade foi preserada pela reisa,

conou sua experiência com a doença,as relações com os diersos médicosue consulou, o perodo de reola eo reenconro com a esperança.

Pouco mais de um ano depois –janeiro de 1960 –, a mesma Realidade olou à carga, desa ez com uma re-poragem de capa: “Câncer: a úlimabaalha”. Em seis páginas, um erda-deiro dossiê sobre o ema, mosrandoas ariedades da doença, como o cân-cer surge no organismo, as noidadesno raameno (na época, cienisasaposaam em egeais com aiida-des aniumorais) e a eolução da

ciência. Na aberura, conudo, umapromessa ue, infelizmene, não secumpriu. “Denro de poucos anos, ocâncer esará ineiramene derroadopelo homem”, disse o professor Bin-do Guida Filho, enão presidene doInsiuo Cenral da Associação Pau-lisa do Combae ao Câncer, uma dasfones consuladas pelo repórer Ary Coelho.

O câncer na Veja A mais longea reisa brasileira –

publicada desde seembro de 1968 –,a Veja sempre deu desaue ao câncer.

Em seus 44 anos de exisência, a do-ença foi maéria de capa noe ezes:abril de 1973, feereiro de 1976, no- embro de 1981, dezembro de 1985,abril de 1996, maio de 1998, janeirode 2001, noembro de 2004 e ouu-bro de 2008. Sem conar as inúmerasmaérias sobre o assuno ue não re-ceberam o mesmo desaue e as capassobre o câncer enolendo policos– como o ex-presidene Lula e a pre-sidena Dilma Rousseff – e arisas –como o aor Reinaldo Gianecchini.

 A primeira reporagem, iniula-da “Uma ragédia brasileira”, foi ão

ou mais complea uano a publica-da pela Realidade uaro anos anes.Curiosamene, assim como em “te-nho câncer e não uero morrer”, a re- isa não reelou o nome das pessoasacomeidas pela doença ue seriramcomo personagens para a maéria – o-das foram apresenadas somene comsuas iniciais. quadros com os ipos decâncer com maior incidência no Bra-sil (colo do úero, com 34,3%, apare-ceu em primeiro lugar enre as mulhe-res. Nos homens, o campeão foi o depele, com 27,4%) e as probabilidadesde cura de acordo com a ariedade en-

riueceram a reporagem. A úlima maéria de capa da Vejasobre a doença abordou uma arie-dade especfica: o câncer de prósaa.Um gráfico mosrou a eolução noraameno, mosrando ue, hoje,97% dos pacienes sobreiem após odiagnósico, conra 10% no incio doséculo XX e 40% em 1950. Ao conrá-rio das reporagens aneriores, as per-sonagens não foram escondidas – peloconrário, foram mosradas inclusieem foografias. também ganharamdesaue um hisórico da doença e asopções mais modernas de raameno.

O câncer na mídiaDoença é recorrente em matérias e reportagens na imprensa brasileira

Page 12: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 12/16

eu tava á Impressão12 Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

Uma noite GenerosaConheça a história da kombi que leva solidariedade em forma

de sopa e pão para pessoas carentes da capital mineiraRonaldo de Souza6º PeríodoEdição: João Luís Chagas

São 18h30 de uma sexa-feira. Ando apressado pelo viaduo Sanateresa e ou obserando as pessoasue iem em orno dele. Olho aPraça da Esação e nela ejo de udo:pessoas, bêbados, drogados, cães ecrianças se misuram, num ai e emdiário. Conerso comigo mesmo, ob-serando udo, e chego à rua Iambé,

me enconro com Generosa. Bran-ca, conserada e parada na esuina.O cheiro fore de droga no local mechama a aenção, mas não ligo. Perodela esão rês homens. Cumprimen-o, um por um, e me apreseno.

Senhor Inácio, um japonês ue seornou mineiro; Wallace, um joemue perdeu uma das pernas em umacidene de moo, e o ouro homem,o Nialdo. todos esaam junos deGenerosa. O grupo faz pare do “Mo- imeno de Promoção e AssisênciaSocial Sopão Mineiro”, ue disribuisopa, pão e água aos necessiados epobres da Região Meropoliana de

Belo Horizone.Logo de cara, me resumiram o ueo “Sopão Mineiro” faz e já me dele-garam uma função: disribuir os pães,os asilhames (feios com garrafas pe)e as colheres descaráeis para as pes-soas ue ali pediam os alimenos. Noincio, houe fila, e me chamou a aen-ção uma mulher de roupas limpas,não parecia ser mendiga. Ela esaacom seu filho, de uns cinco anos, e fa-laa sem parar. A senhora pedia cerauania em dinheiro para complear apassagem, com o objeio de olar àcasa dela. Senhor Inácio, o moorisa,aisou-a ue dinheiro não inha, mas

sopa e pão eram garanidos.

Homens, joens e elhos chega- am pero do grupo e uns aé recu-saam o pão e preferiam só a sopa,ue cheiraa bem. Esa sopa uenefica denro de dois panelões. Segun-do Wallace, o ouro ajudane, cabianeles 200 liros de sopa. Meu pen-sameno “giraa” em orno dauelasiuação e eu olhaa para Generosa,ue ali ficaa uiea, como uma mãeolhando seus filhos a saciar a fome

deles. Conersa ai, conersa em, jáme senia pare fiel do sopão mineiroe pergunei aos rês sobre a segurançado grupo. Disseram-me ue, uanoà segurança, era ranuila e ue se al-guém chega mais exalado, udo eraconornado com um bom diálogo ecalma. É ue, às ezes, algumas pesso-as pedem coberores, para se abrigardo frio. E eles dão o aiso: coberornão eriam para doar.

Sopa contra as drogas

19h30. O sopão mineiro seguepara ouro local de disribuição pelacidade. O senhor Inácio ai ao olan-e, Wallace se ajeia no banco de ráse eu ou à frene, juno ao moorisa.Generosa ai com a gene. Pelo ca-minho, o papo ai pela minha curio-sidade em saber mais sobre o sopãomineiro. Eles me dizem ue udo éfeio por doações, e nada é cobrado. A cada semana, eles se reezam nadisribuição dos alimenos. Perceboue exise prazer e responsabilidadeneles em ajudar as pessoas. Generosase maném firme em odo o rajeo.

Olho em ola e ejo uma resera

de colheres e pães. Sem pressa, che-gamos à Praça da Esação, onde onúmero de dependenes umicos égrande. Paramos e oferecemos a sopae logo nos pedem água. O crack de-sidraa seus iciados e a sede nelesé grande. Obsero uma mulher, deuns 20 e poucos anos, bonia, corpoainda firme e de esido, ue chegaaé nós e pede o alimeno para ela epara seus uaro colegas, deiados nochão. Coninuamos, seguindo pela Aenida do Conorno, em direção àRodoiária. O pono escolhido ficapróximo do Merô. Mais joens sedesruindo com o cio do crack. Eu

conerso com alguns deles, não so-bre drogas e álcool, e ejo ue, pelasroupas de alguns, eles êm famlias ecasa. Há gene pobre, mas os iciadossão maioria nese pono da cidade. Ogoerno de Minas Gerais lançou umprograma de ajuda aos dependenesumicos, porém eles êm de enrarnesse projeo por onade própria eo cio da droga, uase sempre, falamais alo.

 A experiência iida, nesse dia, aime fazendo pergunas: e o preconcei-o da sociedade, uano à disribui-ção do sopão mineiro aos pobres ecarenes? É deer do Esado amparar

essas pessoas? Perguno ao senhorInácio e ele me responde ue o gru-po faz a pare dele. E faz bem. Percebiue as pessoas já sabem o dia da en-rega da sopa e do pão e aé comemo-ram a chegada deles em suas regiões.Generosa sabe de udo isso e segueconfiane.

Passamos ambém pela “urma”do Eleado Caselo Branco. Genero-sa conhece uem ie por lá. Esaaeu disribuindo as colheres e os pães, Wallace enchendo os asilhames com

Sopão da Generosa:alimento, altruísmo e calor humano

pelas ruas de Belo Horizonte

Percebo

que existe 

prazer e

responsabilidade

em ajudar

as pessoas

FOtOS : JÉSSICA AMARAL 

Page 13: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 13/16

Camila Freitas2º Período

O Sopão Mineiro surgiu em maiode 1980, liderado por um grupo dejoens de alo esprio humaniárioe grande senso de solidariedade, ueresoleu, de forma improisada e comrecursos próprios, disribuir sopae pães para a população de rua. Oprojeo cresceu e ornou-se uma eni-dade filanrópica, sendo regisrada e

reconhecida como Uilidade PúblicaMunicipal, Esadual e Federal. Au-almene o Sopão desenole uaroprogramas sociais disinos, conandocom o apoio parcial da Prefeiura deBelo Horizone.

Para organizar a disribuição, o sie

do grupo informa aos posseis o-lunários uando e onde a sopa serádisribuda, além da euipe ue sairápelas ruas com Generosa. O moi-meno acredia ue odos podem ser olunários, paricipar e conribuir.Para eles, o ue realmene impora éa moiação solidária, o desejo de aju-dar e o prazer de se senir úil.

O Sopão cona com a ajuda de o-lunários e empresas, para seguir nasua missão de ajudar os moradores de

rua de BH. Os ineressados em aju-dar podem acessar o sie da enidade(www.sopaomineiro.org.br), escolhera opção “olunários” e preenchero formulário de inscrição. O moi-meno ressala ue não rabalha comagenciadores de rua e ue, para fazerualuer

doação ou conribuição, é precisoligar para 3272-3998, deixar um re-cado no mural do sie, ou eniar e--mail para [email protected].

Os pães e os ingredienes da sopa sãorecolhidos de pora em pora. Basaligar ue Generosa busca os donaiosna sua casa. Repasses em dinheiro sãofeios por meio de boleo bancário.

 A comida não segue uma recei-a única, ela aria de acordo com oue é arrecadado e dos “chefs” uea preparam: dois grupos se reezam,semanalmene, no preparo. Além deajudar com dinheiro e manimenos, ocê pode preparar sua própria sopa eenrar em conao com o moimeno,ue proidenciará uma isia de Ge-nerosa.

No sie uma lisa, “Dez dicas sobre

 olunariado”, chama a aenção. Os10 ópicos abordam os benefcios deser um olunário. Desaco aui algu-mas pares: “volunariado não emnada a er com obrigação, com coisachaa, rise, moiada por senimen-o de culpa. volunariado é uma ex-periência esponânea, alegre, prazero-sa, graificane. O olunário doa suaenergia e criaiidade, mas ganha emroca conao humano, coniênciacom pessoas diferenes, oporunida-de de ier ouras siuações, aprendercoisas noas e saisfação de se senirúil. O olunariado não compeecom o rabalho remunerado nem

com a ação do Esado. Sua funçãonão é apar buracos nem apenas com-pensar carências.”

Os ineressados ue desejarem i-siar a sede da enidade, podem agen-dar por elefone ou email. A casa daGenerosa fica na Rua Serpenina, 62– Carlos Praes.

eu tava áImpressão 13Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

A açõ s mii

• ditibuiç a/: distribuiçãosemanal de 400 litros de sopa e 250 pães, a

desabrigados e pessoas carentes.

• Aitêcia a gtat cat (kitBbê): atendimento a gestantes carentes,com acompanhamento psicológico, sio-terápico e orientação médica. Também sãoministradas palestras e,por m, é doado oenxoval do bebê.

• Aitêcia à saú: abordagem e aten-dimento da população de rua nos casosde saúde de urgência e emergência, orien-tando, acompanhando e transportando osnecessitados às Unidades do Sistema de

saúde (hospitais), após a sua indispensávelhigienização.

• ditaiaç piquiática/ sviçricia Taêutic: Administração emanutenção de residências, abrigando pa-cientes desospitalizados de saúde mental,às vezes rejeitados pelas próprias famílias,que necessitam de uma readaptação à so-ciedade.

Conheça o Sopão Mineiroa sopa, e nos chega um homem uenão parecia esar muio bem. Eleesaa bêbado e ueria comer algo.Ofereci a sopa e lhe disse para comerdeagar, para ajudá-lo a melhorar seuesado cambaleane. Mais pedidosde coberor e nossos aisos foram osmesmos: sopa em, coberor, não. O

sopão mineiro seguiu para o bairroSão Francisco e, chegando lá, a meni-nada com panelas fez fila para pegaro alimeno. No rajeo pelo bairro, euia griando, inceniado pelo senhorInácio: “Olha o sopão, gene! Sopão!” As pessoas iam chegando e percebiue, nauela região, a pobreza eraala.

 A sopa já esaa uase no fim eainda chegaa mais gene. Algunsficaram sem pegar o alimeno. Eufiuei cabisbaixo, pelo fim da sopa,mas Generosa se manee firme. Mui-as crianças learam a sopa, panelas ebaldes cheios para casa. Uma delas me

disse: “vou lear para o meu pai”. Osouros olunários do sopão mineirome aisaram ue era assim mesmo,ue eles olariam na próxima sema-na, nauele lugar. Informaram ueeles ão dosando a disribuição, ueé para a sopa e os pães darem paraodos. No final do urno, ue aria,em dias ue o grupo fica aé arde.E em dias ue a sopa acaba rápido.Experimenei e proei o sopão e sen-i o goso de carinho e o empero dagraidão.

 volamos ao bairro Carlos Praes,onde fica a sede do sopão mineiro. Re-colhemos os panelões, me despedi do

grupo e fui embora com uma sensa-ção de bem-esar. Pensei na noie, emodas as pessoas ue ajudei a alimen-ar com a sopa e, principalmene,naKombi, ue mosrou muia disposi-ção para ransporar odo o grupo eos alimenos. Da o nome: Generosa.

Carinho na hora de distribuir a sopa

Page 14: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 14/16

U ia ... Impressão14 Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

Lúcia SantosShirley Pereira6º PeríodoEdição: Dany Starling

Minas Gerais é conhecida por árias caracersicas marcanes. Ojeiinho mineiro, o pão de ueijo, asmonanhas, o Clube da Esuina, ominério de ferro e os rens. trens dalngua, rens de carga, de passageiros.E, porue não, o merô.

quem nunca andou de merô,ceramene um dia irá fazê-lo. Porser um meio de ranspore rápido,

eficiene e barao, é preferência paramilhares de usuários. tomar ou “pe-gar”, como muios cosumam dizer, ai muio além de uma simples ia-gem. Pelo menos para uem acompa-nha a roina das pessoas ue por lápassam.

Chefe de esação há 23 anos, Ale- xandre Sanos já perdeu a cona deuanas pessoas iu passar pelas ca-racas, e diz ue lidar com “gene” éo ue há de melhor em sua roina.Diariamene, ele abre as esações econfere cofres, euipamenos de si-nalização, áudio e deo e o uadrode funcionários.

 Alexandre recorda as muias mu-danças ocorridas no merô, princi-palmene em relação ao número depassageiros, ao conforo oferecido eà capacidade dos rens. Mas o chefede esação ressala ue a modifica-ção mais significaia foi a eoluçãodas pessoas. “Anigamene, o usuá-rio não inha educação. Hoje, odosrespeiam as normas e sabem ue oseriço esá sendo presado para ele”.

Dentro do regulamento“O merô é um canal de Deus

para udo o ue eu enho. Procuroser gene boa, mas denro das nor-mas. Muias ezes, sou chamado dechao porue goso de fazer meu ser- iço ranuilamene e denro das nor-mas”. Como um manra, Alexandrerepee isso árias ezes ao longo daenreisa.

Sábado é o dia em ue o merôrecebe um maior número de crian-ças, leadas pelos pais para passear. Alexandre cona ue muios dessesusuários são pessoas simples, ue não

podem oferecer oura forma de lazeraos filhos. “Sempre me pergunam se,para cada esação, deerão pagar umanoa passagem. Explico ue, se nãopassarem pelas caracas, podem ficarpasseando por odas as esações, semer ue pagar noamene”.

 Apesar de não ser usuário, poisue o merô ainda não aende a seubairro, Alexandre diz ue ese é omelhor meio de ranspore ue exiseaualmene. “A regularidade de ho-rários, a possibilidade de não pegarrânsio, o fao de ser barao e de ain-gir grande pare da capial faz o merôser um dos meios mais procurados

pela população”, aalia.

 A vista da cabineMauinisa do merô há seis anos,

com roina de rabalho ranuila,percebida em sua forma de conersare rabalhar, Alexandre Fonseca dizachar increl a relação de sua profis-são com a sociedade em geral.

Segundo o mauinisa, a relaçãocom os colegas de rabalho é a melhor

possel. O ue credia à roina doseriço, diferenciada das demais pro-fissões. Afinal, ele ê (e conersa) comos colegas apenas poucos minuos nasala dos mauinisas, localizada naesação Minas Shopping. Como elee os demais companheiros passam amaior pare do empo na cabine doconduor, não há empo para desen-endimenos ou ouros conflios.

Para Alexandre, a oporunida-de de enconrar os amigos de raba-lho é na fesa anual ue a empresaoferece em comemoração ao dia domeroiário. “Lá, a gene ri basane

e se diere com casos pessoais e dorabalho”, lembra.

UsuáisDe denro de sua cabine de con-

duor, Alexandre obsera o poo irde um lado para o ouro. Cona ue,diariamene, é cada ez maior o nú-mero de noas pessoas ue começam

a usar o seriço. “Muias eu acabopor conhecer, pois são rabalhadoresou esudanes ue pegam o merôno mesmo horário, para iniciar suasroinas diárias. Porém, o número deusuários noos aumena a cada dia”.

Há aueles usuários ue deixammarcas e não são esuecidos. Para Ale- xandre, o ‘coronel’ é um deles. Umsenhor de aproximadamene 60 anose de pouca fala freuena o merô es-ido com farda do Exércio, já desgas-ada. Embarca na esação vilarinhoe segue aé a esação Eldorado. Aochegar, cumprimena a odos, inclu-

sie o mauinisa, e, ao desembarcar,corre ao lado do rem, acenando e sedespedindo do conduor. “Acredioue ele seja um senhor soliário, ueaui enconra uma forma de se senirinserido na sociedade noamene. Aocorrer ao lado do rem, parece umacriança. É alegre e rise ao mesmoempo”, emociona-se o mauinisa.

Homem das multidõesUm olhar de quem vê a vida correr nos trilhos

“Ói, ói o trem!” Não apita nem fumega, mas é fundamental “para os que sabem do trem”

LÚCIA SANtOS

pa agiia aa t

O primeiro metrô subterrâneo foi construído em Londres, em 1863, paraatender uma população que crescia e demandava rapidez e uidez.

Em São Paulo, a novidade do transporte elétrico sobre trilhos foi inau-gurada no dia 14 de setembro de1974. O veículo buscava atender ocrescimento populacional.

Em Belo Horizonte, o metrô também surgiu como promessa de atender apopulação que crescia desordenadamente. Com apenas 14 estações, eleatende, por dia, cerca de 250 mil passageiros, segundo dados da Compa-nhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

Page 15: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 15/16

out ()aImpressão   15Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

Lucas GarabiniMozart DiasFelipe César Silveira Braga6º PeríodoEdição: Dany Starling

Um espore ue esá nos holo-foes. Bruo, pesado, impacane.Como será a ida de uem cresceunesse meio? O dia a dia é ão glamu-roso como se imagina, principalmen-e diane dos profissionais badaladosue aparecem na eleisão? Na ida deum luador de MMA (sigla em inglêspara ares marciais misas), a porrada em só no ocógono?

 A infância de thiago Michel foidauelas ue nenhuma criança po-deria reclamar. Cercado de amigos,em um bairro simples, e com o in-cenio familiar para a práica de es-pores... Ainda cedo, numa fase em

ue os peuenos são conhecidos pelacuriosidade com relação ao mundoue os rodeia, surgiu o ineresse - in-flado pela naural admiração de umfilho - pela profissão paerna. “viiapergunando sobre udo e repeindoos moimenos. Aé ue meu pai meleou para reinar na academia ondeera professor e eu nunca mais sa delá”, cona.

O pai de thiago, Ely Pereira, foi agrande inspiração para seu incio nasares marciais. Os primeiros chues

foram ensaiados aos seis anos, comos ensinamenos do ae-kwon-do.Logo em seguida, aos oio, passou apraicar kung fu e, poseriormene,kickboxing, jiu-jisu e wresling (luaolmpica). Sempre muio amparado

pela famlia, o joem não esconde aadmiração pelo pai. “Sou muio gra-o, pois além do carinho e da aenção,recebi ensinamenos sem os uaisnão esaria fazendo o ue goso, ueé ier das ares marciais”, diz thiago,faixa prea em odas as modalidadesue já praicou.

Com o passar do empo, o luadorornou-se peça imporane na ida dereinos de seu pai e mesre. Preseneà maioria das aulas, o filho ajudaa amonar os euipamenos, limpaa oaame e auxiliaa o incio dos alunosnoaos. O companheirismo exrapo-lou, inclusie, os limies da academia.

“Seguia meu pai em udo o ue fazia.quando ele se ornou egeariano, euinha 8 anos, e, mesmo ão noo, de-cidi acompanhá-lo nessa decisão. Des-de enão, nunca mais comi carne.”

 Vida de corujaEly cona ue nunca obrigou o

filho a fazer nada conra a onade.toda iniciaia surgiu de thiago. Ain-da ue a presença do menino fosse as-sdua aos reinos, em ceros momen-os, Ely o chamaa para acompanhá-lo

na academia, mas o joem negaa. “Às ezes, aconecia de ele uerer brincarcom os colegas do conjuno habia-cional onde moráamos. Era raro,mas, de ez em uando, ele daa umaescapadinha dos reinos”, lembra,

aos risos. As escapulidas, enreano, nãoeram isas como um problema.“Nunca exigi ue ele luasse. thia-go começou a se senir imporanena medida em ue coniia com oespaço em ue eu rabalhaa. É umorgulho para um pai er um filho re-alizando seu sonho, e, mais do ueisso, fazendo isso ao se espelhar emmim”,desaca.

Temores naturais Apesar de dizer ue já se acosu-

mou, Ely confessa senir um pouco demedo e aflição uando ê os comba-

es de thiago. “Ele é ineligene, saberaciocinar denro da lua. Raramenelea um golpe fore”, analisa. O paigarane ue, embora enha essa con-fiança, uando precisar, jamais hesi-ará em jogar a oalha e inerromperuma siuação de muia desanagem.“Em ualuer espore, a inegridadedo alea esá em primeiro lugar. Issoaconece com ualuer um dos meusalunos, não só com meu filho.”, afir-ma o mesre.

 Já a mãe do luador, Ângela Perei-

ra, sempre sofreu - de maneira saudá- el, segundo ela - com as escolhas pro-fissionais do filho. O curioso é uesua maior inuieação em relação aoalea não é com as luas em si, oucom a possibilidade dele se machucar,

mas com sua alimenação rigorosadesde ue ingressou no MMA. Essapreocupação ambém pare da esposade thiago, Mariana, ue se resseneuando o marido se ausena de een-os familiares por causa dos compro-missos, reinos e luas no exerior.

Cercado de cuidados e afeo, thia-go ê em sua famlia a maior forçapara enrar no ocógono e conuisarmais espaço como luador. “A maio-ria dos luadores pensa em algumacoisa uando esá subindo no cage [ermo inglês ue significa jaula e dánome aos ringues de MMA]. Nessahora, não iro minha famlia da cabe-

ça.”, complea.

Thiago pai Apesar de ser um luador de

MMA, profissão cheia de pariculari-dades, thiago sempre ee ida sim-ples e pacaa. Casou-se aos 18 anose em um filho de oio, Pedro, ueambém já segue os passos do pai edo aô na práica das ares marciais.Mas ue, se o pai puder escolher, nãoserá um luador profissional. “Amoessa ida e não roco por nada, masexisem dealhes difceis de assimilar,como a alimenação, a roina de rei-nos, a ida regrada. Não gosaria ue

ele passasse pelas mesmas dificulda-des. Meu filho, hoje, fala ue uer sercienisa. vou apoiar ualuer esco-lha ue ele fizer no fuuro, inclusiese for para luar”.

 Vida de atletaEnre reinos de jiu-jisu e wres-

ling, além de dar aulas de boxe e ki-ckboxing, thiago se ê diidido enrea profissão de luador e mesre. “Gos-o de fazer as duas coisas, mas confes-so ue sofro com a sobrecarga de ra-balho. A ida de um luador ainda éincera. Precisamos ue o MMA eo-lua ainda mais para sobreiermos só

da renda ue em das luas”, explica.qual conselho o luador daria

para uem deseja iniciar no espore?“É preciso conhecer a realidade. Mui-os enam, mas poucos conseguem sedesacar e conseguir algum dinheiro.Nada ali é fácil, e auilo ue emos natv é só uma peuena pare do mun-do ue cerca os aleas. Enreano, seese é o seu sonho, corra arás, raba-lhe muio, se esforce, pois pode alera pena. Se, ao final, ocê se senir felize realizado, nada mais impora”.

 A luta que não

conta pontosThiago Michel, lutador de MMA, mostra que no combate da vida o importante é car em pé

Discípulo do pai, Thiago Michel trouxe da infância a paixão pelas artes marciais

 JÉSSICA AMARAL 

Page 16: JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

7/29/2019 JORNAL IMPRESSÃO EDIÇÃO 190 CADERNO 1

http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-edicao-190-caderno-1 16/16

Ja daqui Impressão16 Belo HorIzonTe, dezemBro de 2012

REPRODUÇÃO

Thiago Teodoro Welbert Emery 6º PeríodoEdição: Dany Starling

Direo da região da Lagoinha,em Belo Horizone, o grupo gospelDiane do trono, comemora 15 anos

de carreira nese ano. Como um dosauais expoenes do gênero, o grupojá lançou 15 álbuns e já endeu maisde 10 milhões de CDs e dois milhõesde DvDs, além de possuir o recordede público para um arisa nacional,com dois milhões de pessoas em umaúnica apresenação em São Paulo.

O primeiro disco foi graado em1998 pela Igreja Baisa da Lagoinha,onde ainda ocam aos domingos, in-iulado “Diante do Trono”. Dez milcópias, com o inuio de serem comer-cializadas enre os membros da igreja,foram produzidas na primeira ira-gem. O dinheiro arrecadado foi usa-

do para obras sociais na índia, ondeo Minisério susena o projeo  Ashas- tan, casa de apoio à meninas imasde prosiuição infanil ue já aendeucerca de 200 crianças.

Em Belo Horizone, o grupo am-bém susena, há seis anos, abrigo so-cial para crianças em siuação de risco,no bairro Lagoinha.

Sucesso  As primeiras cinco mil cópias do

CD “Diante do Trono” se ornariam

insignificanes diane do sucesso uesurgiria logo em seguida, uandoconuisaram um Disco de Ouro. “ODiane do trono explodiu no Brasil,ficamos assusados com o sucessodo primeiro disco”, explica o pasorLourial de Jesus, um dos lderes dodeparameno de musica da Igreja daLagoinha e lder do grupo Manancial(ue seriu de incubadora). Pelo Ma-nancial passaram nomes imporanesdo Diane do trono, como a ocalis-a Nea Soares, o ecladisa GusaoSoares e o baerisa Bruno Gomes.“Me lembro ue o pasor Márcio fa-lou uma ez uma coisa ue eu nunca

esueci: a Ana [Paula valadão] indo,odo mundo ai juno. E foi o ueaconeceu. O Manancial paricipou,aé a uara graação do Diane dotrono, do coral formado”, relembra

Lourial.Os números de endagens e de pú-

blico do Diane do trono chamaram aaenção da mdia. A graação do uar-o rabalho do grupo, “Preciso de Ti”,em 2001, foi a maior loação da hisó-ria do Mineirão, em Belo horizone:cerca de 210 mil pessoas loaram o

gramado, a aruibancada e o lado defora do ginásio. Na primeira semanade lançameno, foram endidas maisde 400 mil cópias e, hoje, mais dedois milhões de cópias já foram disri-budas. Em 2002 o grupo graou NosBraços do Pai, em Braslia, e reuniu ummilhão e meio de pessoas. Em 2003,o grupo fez seu maior ajunameno (eum dos maiores públicos musicais dahisória do Brasil), uando 2 milhõesde pessoas compareceram no Campode Mare em São Paulo, na graaçãodo CD/DvD “Quero me Apaixonar”.

Em 2009, a Som Lire assinou con-rao com o Diane do trono para a

disribuição dos produos do grupomineiro. Essa parceria inoadora in-ceniou um dos melhores momenosna hisória da música gospel no pas,pois mosrou para o mercado fonográ-

fico ue era possel fazer no Brasil omesmo ue já ocorre em ouros pases,como nos EUA: inserir arisas religio-sos no cast das grandes graadoras.

Para comemorar os 15 anos de car-reira, o grupo graou, em Manaus, seunoo CD e DvD, iniulado Creio. Oeeno conou com a paricipação de

 ários ouros canores renomados damúsica gospel, como Ludmila Ferbere Mariana valadão. De acordo cominformações do direor execuio doDiane do trono, Júnior Moneiro,os inegranes do grupo já mosraamesse desejo de graar em Manaus des-de 2009. “Essa onade ficou guarda-da, pois nunca a descaramos. E coma graça de Deus, conseguimos marcara graação do show. Nossos shows emManaus esão sempre loados de fiéisue uerem receber as graças de nos-so Senhor. E ese será mais uma proada iória do público crisão”, disse Júnior.

15 anos de

sucessoBanda Diante do Trono, formada na Igreja Batista da Lagoinha,mantém projetos sociais no Brasil e no mundo