jornal cobaia. edição 114

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Diversidade garantida ou seu dinheiro de volta 02 Olhares Múltiplos Cultura indígena Seriado 04 JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI Itajaí, junho/julho de 2012 Edição 114 Distribuição Gratuita Ombudsman 14 Centreventos de Itajaí sediou o oitavo encontro regional, onde brilharam modelos como este Cadillac Cobaia Jornal Eliza Doré 06 No universo mágico da fotografia Matthew Shirts fez com que cada um desejasse viver um pouco da revista National Geographic Júlia Paniz Fotomontagem Presença constante em Balneário Camboriú, índios sobrevivem da venda de artesanato 13 ESPECIAL Exposição de antigos Guaranis lutam por seus direitos 2ª temporada de Game of Thrones Traições, alianças, mentiras e sexo esquentam a trama, mas não convencem telespectador Divulgação

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Cobaia Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade do Vale do Itajaí. Edição 114, junho/julho de 2012

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Page 1: Jornal Cobaia. Edição 114

Diversidade garantida ou seu dinheiro de volta 02

Olhares MúltiplosCultura indígena Seriado

04

JORNAL LABORATÓRIO DOCURSO DE JORNALISMODA UNIVALIItajaí, junho/julho de 2012Edição 114Distribuição Gratuita

Ombudsman

14

Centreventos de Itajaí sediou o oitavoencontro regional, onde brilharammodelos como este Cadillac

CobaiaJorn

al

Eliza Doré

06

No universo mágico da fotografiaMatthew Shirts fez com que cada um desejasse viver um pouco da revista National Geographic

Júlia PanizFotomontagem

Presença constante em Balneário Camboriú, índios sobrevivem da venda de artesanato

13 ESPEC IAL

Exposiçãode antigos

Guaranis lutam por seus direitos 2ª temporada de Game of ThronesTraições, alianças, mentiras e sexo esquentam a trama, mas não convencem telespectador

Divulgação

Page 2: Jornal Cobaia. Edição 114

de Itajaí, reunindo aficionados por modelos raros e pratica-mente originais; uma crítica sobre a temporada de Game of Thrones e uma coluna so-bre Netnografia. Além disso, esta edição traz algumas pro-duções realizadas por alunos do primeiro período de jorna-lismo, na disciplina de Técni-ca de Reportagem (sob minha responsabilidade), sobre a cultura indígena.

Vale lembrar que o princi-pal objetivo desta publicação é dar visibilidade ao texto dos acadêmicos de jornalismo. Contudo, há espaço para alu-nos de outros cursos integra-rem as páginas deste jornal-laboratório, como exercício de sua produção textual e diver-sificação dos olhares da reali-dade que nos rodeia.

Boa leitura!

Vera Sommer*

Demorou, mas saiu o Cobaia de junho/julho. E com uma edição especial sobre Olha-

res Múltiplos 2012, que mobilizou os cursos do Ceciesa - Comunica-ção, Turismo e Lazer, nos campi de Itajaí, Balneário Camboriú e Florianópolis – Unidade Ilha. As palestras, os minicursos e as ofi-cinas, realizados nos dias 29, 30 e 31 de maio, renderam inúmeras matérias jornalísticas, produzi-das por alunos do sétimo período de jornalismo, sob a coordenação da professora Jane Cardozo da Silveira, presentes nas páginas centrais.

Esta edição também conta com uma matéria especial so-bre a conferência Rio+20, com direito a uma contracapa só de imagens do evento que, duran-te quase duas semanas, reuniu representantes de centenas de países. Enquanto dentro das sa-las de convenção, havia discus-sões em torno de problemas am-

Diversidade garantidaou seu dinheiro de volta

Jane Cardozo da Silveira*

IN - Agência Integrada de ComunicaçãoItajaí, junho/julho de 2012. Distribuição gratuita

EDIÇÃOVera Sommer Reg. Prof. 5054 MTb/RS

FOTO PRINCIPAL DE CAPA Eliza DoréPROJETO GRÁFICO Raquel da CruzDIAGRAMAÇÃO Raquel da CruzGRÁFICA GrafinorteTIRAGEM 2 mil exemplaresDISTRIBUIÇÃO Nacional

02 JORNAL COBAIA Itajaí, junho/julho de 2012

bientais urgentes relacionados a água, energia, lixo etc, fora delas, jovens manifestantes chamavam a atenção da mídia e dos demais participantes para outras ques-tões envolvendo o destino do pla-neta Terra.

Há ainda uma reportagem sobre a exposição de carros an-tigos, ocorrida no Centreventos

Pauta diversificada na edição anterior: ponto para o Cobaia, que quase conseguiu sintetizar a movimentada agenda cultu-ral e esportiva que chacoalhou a região num período atípico

do ano. A inclusão de Itajaí na rota da Volvo Ocean Race explica essa agenda inflada e justifica o amplo espaço dedicado à cobertura da regata nas páginas 06, 07, 10 e 11 do jornal de maio. Pelo mesmo motivo (a grande regata, claro), o Festival de Música foi antecipado e não faltou voluntário para acompanhar bem de perto os shows pop. Assim, Nando Reis e banda ganharam destaque na capa e di-vidiram com o Paralamas as páginas centrais, onde se abriu espaço também à nobreza de Sir McCartney em memorável passagem por Florianópolis. Tudo muito justo e apropriado. Contudo, é preciso explicar o “quase” lá da abertura: uma pena o Cobaia não ter regis-trado a emocionante, refinada e preciosa apresentação da Família Caymmi durante o Festival de Música de Itajaí: ver os irmãos Dori, Nana e Danilo nas páginas deste jornal laboratório seria confortan-te nestes tempos de gostos musicais tão duvidosos. Enfim, quem sabe numa próxima vez ...

Frustração à parte, a edição passada trouxe Luís Nachbin e Fernando Morais (viva!). Ainda teve o mérito de antecipar atrações dos “Olhares Múltiplos”, que é alvo de cobertura especial neste nú-mero, editado em meio ao ritmo nervoso e alucinante das bancas de TCC - sigla para Trabalho de Conclusão de Curso e assunto para muita pauta, com certeza.

Voltando ao número anterior, relevante a reportagem sobre abandono de animais. Faz pensar em responsabilidade comparti-lhada: não vale cobrar atitudes só dos poderes públicos, tampouco aplacar a consciência diante do “bom samaritano” que sempre dá jeito de acolher mais um enjeitado. Nada disso. Espera-se que a matéria tenha levado cada um a refletir sobre o papel que lhe cabe nessa história. Será que conseguiu? Tomara.

Outros temas também estamparam aquela edição: moda, com-portamento, cinema. Nossos acadêmicos são corajosos, não te-mem correr riscos. Imagine escrever sobre um filme de Almodóvar, é mole? Bacana, muito bacana esse experimento.

Se podemos melhorar? Claro que sim. Em alguns momentos, repetimos palavras em dois títulos muito próximos um do outro, ou recorremos a um chavão (transformar sonho em realidade, no box da 07). O termo “evento”, coitado, foi empregado à exaustão. E as fotos poderiam trazer ângulos menos convencionais, com focos mais ajustados. Enfim, temos muito chão pela frente. Ainda bem. Sem essa de dinheiro de volta!

*Jane Cardozo da Silveira é jornalista. Formada há 28 anos,está no Curso de Jornalismo da Univali desde 1994.

*EditoraReg. Prof. 5054 MTb/RS

Ombudsman

Expediente

Espaço do Leitor

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSODE JORNALISMO DA UNIVALI

Fica esperto!Prêmios Santander Universidades Curtir para entender

Formaturas da Comunicação Social

XXVI Prêmio Jovem Cientista

Estão abertas as inscrições para a terceira edição do Prêmio Destaques do Ano – Guia do Estudante, que faz parte dos Prêmios Santander Universidades – Edição 2012. Tem como objeti-vo reconhecer as instituições de ensino superior (IES) que mais se destacaram nos últimos doze meses – de julho de 2011 a junho de 2012 – em qua-tro aspectos do mundo acadêmico. Essas áreas são definidas, em cada edição, de acordo com os temas mais relevantes para o desenvolvimento da educação superior em nosso país. Para este ano, as categorias são: Sustentabilidade: Integração entre graduação e pós-graduação: Internacionali-zação: e Combate à evasão. A premiação é aberta a todas as IES brasileiras, e a inscrição se dá por meio do preenchimento e envio de um formulário eletrônico e o prazo para preenchimento do ques-tionário vai até o dia 16 de setembro de 2012. Os projetos ou iniciativas descritos deverão, necessa-riamente, ter sido implementados. Serão conside-rados aqueles realizados ou que estavam em vigor entre julho de 2011 e junho de 2012. Mais informa-ções no [email protected].

Em meio a “curtidas” e compartilhadas, há muitos “experts” em redes sociais. Mas como utili-zá-las como ferramenta eficiente na comunicação? As turmas do 3º período de Relações Públicas e Publicidade e Propaganda pesquisaram algumas dicas e produziram conteúdos relacionados ao tema. O material está exposto, em bânneres, no terceiro andar do bloco C3 e hospedado na página da internet projetomidiassociais.blogspot.com.br. Essas atividades fizeram parte da disciplina Proje-to Interdisciplinar, sob a responsabilidade da pro-fessora Lígia Najdzion.

Será realizada, no dia 28 de julho, a formatura dos acadêmicos de Comunicação Social - Habili-tação e Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas, 2012/1. A solenidade de cola-ção de grau terá início às 17h, no Clube Ariribá, lo-calizado na avenida das Arapongas, 700, no bairro Ariribá, em Balneário Camboriú.

No Jornalismo, a professora Valquíria Michela John será a paraninfa; o professor Carlos Praxe-des, nome de turma; e o patrono, o jornalista Rob-son Souza. Em Relações Públicas, a paraninfa será a professora Cristiane Maria Riffel; a patronesse, Eni Maria Ranzan; e Ediene do Amaral Ferreira, nome de turma. Em Publicidade e Propaganda, os professores Robson Freire e Cleiton Marcos serão, respectivamente, patrono e nome de turma; e o publicitário Hans Peder Bering, o paraninfo.

O culto ecumênico será no dia 27, às 21h, na Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento, em fren-te à praça Governador Irineu Bornhausen, no Centro de Itajaí.

Estudante ou pesquisador, se você desenvolve pesquisa em Inovação Tecnológica no Esporte, participe. As inscrições estão abertas até o dia 31 de agosto, no site do concurso.

A pesquisa desenvolvida deve propor soluções capazes de promover a inclusão social e o avanço na saúde por meio dos esportes.

Os vencedores concorrem a bolsas de Iniciação Cientifica, Mestrado, Doutorado ou Pós-Doutora-do Júnior, além de dinheiro e viagens. Professores, que atuarem como orientadores na metodologia de pesquisa, serão premiados com um laptop.

Mais informações: jovemcientista.cnpq.br.

Tem algum assunto que você gostariade ler nas próximas edições?Conte-nos! E-mail: [email protected]

Editorial

Há espaço para

alunos de outros

cursos integrarem as

páginas deste jornal-

laboratório

Camila Castro

Especial sobre Olhares Múltiplos e Rio+20

Page 3: Jornal Cobaia. Edição 114

03JORNAL COBAIAItajaí, junho/julho de 2012

Enade

Vanderlei Maria*

No início, por não ter interação com o usuário, a internet era chamada de 1.0. Com a chegada da internet 2.0, o usuário pode interagir com outras pessoas por meio de postagens

e compartilhamentos de informações, havendo a possibilidade de interação. Com isso, começou a surgir várias plataformas so-ciais, como o blog, facebook, Orkut e outras. Com o surgimento das mesmas, surge a netnografia.

Segundo Christine Hine, a Netnografia é a transposição da etnografia, a etnografia, em sua forma básica, consiste em que o pesquisador submerja no mundo que estuda por um tempo de-terminado e leve em consideração as relações que se formam en-tre quem participa dos processos sociais deste recorte de mun-do, com objetivo de dar sentido às pessoas, que esse sentido seja por suposição ou pela maneira implícita em que as próprias pessoas dão sentido às suas vidas, para o ambiente virtual.

As plataformas sociais reúnem milhões de pessoas do mun-do todo, e algumas permitem a criação de comunidades onde se encontram pessoas com os mesmos gostos e trocam informa-ções sobre os mais variados assuntos e produtos. Claro que para as pessoas “normais” não passam de mídias sociais, mas para os profissionais de Netnografia são verdadeiras “minas de ouro”, porque nos perfis dos usuários, encontram-se os seus hábitos de consumo.

Antes de começar uma pesquisa, deve-se ter em mente o que se pretende conseguir com a mesma, também é indicado seguir três passos básicos. Segundo Robert V. Kozinets, a primeira são os dados coletados e copiados diretamente dos membros das comunidades on-line de interesse, onde, devido ao grande nú-mero de informações coletadas e às dúvidas que estas possam causar, é prudente o pesquisador se utilizar de vários tipos fil-tros para que sobrem apenas informações de relevância para o contorno da pesquisa.

A segunda coleta referese às informações que o pesquisa-dor observou das práticas comunicacionais dos membros das comunidades, das interações, simbologias e de sua própria par-ticipação. A terceira, finalmente, são os dados levantados em entrevistas com os indivíduos, através da troca de e-mails ou em conversas em chats, mensagens instantâneas ou outras fer-ramentas.

Ao iniciar uma pesquisa, pode-se encontrar algumas limita-ções, como estarmos pesquisando um perfil falso, ou um usuário que coloca informações falsas para fazer parte de comunidades diferentes, ou o usuário, na terceira parte da pesquisa, pode não querer passar mais informações.

A criação de plataformas sociais possibilitou o surgimento da Netnografia, que é a transposição da etnografia para o am-biente virtual. As informações coletadas para análises vêm dos perfis cadastrados nessas plataformas. Para dar início a uma pesquisa desse porte, é preciso ter em mente o que se pretende pesquisar, e conhecer os três passos para uma coleta de dados eficiente.

*Publicidade e Propaganda, 4º período

Internet

“Para os profissionais deNetnografia, são verdadeiras “minas de ouro”, porque, nos

perfis dos usuários, encontram-se os seus hábitos de consumo.

Netnografia

Você escreve e quer participar deste espaço?Entre em contato com a gente!E-mail: [email protected]

*Jornalismo, 3º período

MEC convoca universitários de diversos cursos no país

Ei, você aí! Responda rápido: o que é o Enade? Sabe dar, pelo menos, três motivos

sobre o que você tem a ver com isso? Alunos, professores e outros envolvidos com a comunidade universitária, de alguma forma, têm a ver com o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade).

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesqui-sas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), é a forma de o Ministério da Educação (MEC) acompanhar o processo de aprendizagem nas instituições de ensino superior do país. A gerente de Ensino e Ava-liação da Pró-reitoria de Ensino da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Blaise Keniel da Cruz Duarte, explica: “o MEC precisa de parâmetros para conseguir acompanhar a educação em cada cidade do país”. E o Enade é essa ferramenta.

Para fazer essa análise, os cur-sos participantes recebem uma nota de zero a cinco, conforme o desempenho e a avaliação dos estudantes. No Enade de 2011, os cursos de Medicina, Odontologia, Fonoaudiologia e Nutrição, da Univali, tiveram nota quatro. E os cursos de Enfermagem, Fisiote-rapia, Farmácia e Serviço Social, três.

Embora seja atribuída uma pontuação, Blaise afirma que “o Enade não tem função de ran-quear, mas de analisar a situação da educação superior”. Esclarece que, quando um curso tem nota dois, a instituição precisa justi-ficar o desempenho e traçar um plano de melhorias. Além disso, o MEC passa a acompanhar a exe-cução desse plano até o próximo Enade.

Os escolhidos para fazer a pro-va são os bacharelados em Admi-nistração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Comuni-cação Social, Design, Direito, Psicologia, Relações Internacio-

Governo promete divulgar, em setembro, a lista dos selecionadospara realizar o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

Raquel da Cruz*

nais, Secretariado Executivo e Turismo. Enquanto que, entre os cursos técnicos, estão Gestão Comercial, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Financeira, Logística, Marketing e Processos Gerenciais.

Quem faz o Enade?Engana-se quem pensa que só

alunos dos últimos períodos de-vem fazer o Enade. O MEC convo-ca calouros, formandos, estudan-tes que tenham completado mais de 80% da carga horária do curso e aqueles que foram seleciona-dos, em anos anteriores, mas, por qualquer razão, não participaram. “Fiquei surpresa. Achei que os acadêmicos mais experientes se-riam os escolhidos”, conta Maya-ra Cristina Bail, 20, acadêmica do Curso de Relações Públicas. Ela fez a prova em 2009, quando es-tava no primeiro período. “Parti-cipamos de um simulado, promo-vido pela instituição, para testar nossos conhecimentos e ‘termos

uma noção’ do que seria a prova”. Ela acredita ter sido o suficiente, mas acha que só os veteranos de-veriam fazer o Enade.

No dia 20 de setembro, será divulgada a lista dos alunos se-lecionados para participar do Enade 2012. Quem for convocado deverá responder um cadastro socioeconômico, na página da internet portal.inep.gov.br. Esse questionário estará disponível entre os dias 15 de outubro e 18 de novembro. Nele, o aluno infor-ma ao MEC situação social, ren-da, endereço, recursos para pagar a faculdade e avaliação da quali-dade de ensino na instituição em que estuda. Ao completar esses dados, poderá imprimir o Cartão de Informação do Estudante, que contém informações sobre o ho-rário e o local de prova. O segun-do passo é comparecer, munido de documento de identidade com foto, no dia 18 de novembro e res-ponder ao exame.

Acadêmicos de Comunicação Social da Univali serão convocados

Camila Castro

Page 4: Jornal Cobaia. Edição 114

04 JORNAL COBAIA Itajaí, junho/julho de 2012

SeriadoSegunda temporada de Game of Thrones

A adorada série Game of Thrones foi exibida pelo canal pago HBO, entre

abril e junho, com transmissão simultânea no Brasil e nos Esta-dos Unidos. Neste segundo ano, o canal mostra que, em termos de qualidade, o seriado é impecá-vel. Com produção tão grandiosa quanto qualquer filme da trilogia O Senhor dos Aneis, com takes, fotografia, direção de arte, figuri-no magníficos.

Criada e produzida por David Benioff e D.B. Weiss, a segunda temporada desenvolve-se sob a sombra da rápida aproximação do inverno – a estação do corvo branco. Em Porto Real, o deseja-do Trono de Ferro está ocupado pelo jovem e cruel Joffrey (Jack Gleeson), que recebe conselhos da conspiradora mãe Cersei (Lena Headey) e do tio Tyrion (Peter Dinklage), nomeado como a Mão do Rei.

O domínio dos Lannister so-bre o Trono, no entanto, está sob ataque de várias frentes. Robb Stark (Richard Madden), filho de Ned Stark (Sean Bean), o Se-nhor de Winterfell, busca auto-nomia no Norte, e tomou o irmão de Cersei, Jaime (Nikolaj Coster-Waldau), como prisioneiro na batalha. Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) procura manter seu combalido poder no Leste com a ajuda de seus três dragões recém-nascidos.

Stannis Baratheon (Stephen Dillane), irmão do falecido Rei Robert, rejeita a legitimidade de Joffrey e faz uma aliança com uma poderosa sacerdotisa para orquestrar um ataque naval. E Renly (Gethin Anthony), o caris-mático irmão de Stannis, man-tém sua ideia de tomar o trono depois de fugir de Porto Real. No meio disso tudo, um novo líder começa a se erguer no selvagem norte da Muralha, acrescentando novas ameaças para Jon Snow (Kit Harington) e a ordem da Pa-trulha da Noite.

A essência de Game of Thro-nes mantém-se a mesma, com muitas traições, alianças, menti-ras e sexo. E, se o elenco da pri-meira temporada já era grande, o da segunda não fica pra trás. Há mais de 20 novos personagens, com alguma relevância para a trama. É justamente nesse acrés-cimo que o seriado acaba escorre-gando. Como não li a obra literá-ria, não posso julgar a partir dela. Posso falar apenas sobre a série e os dez episódios, com quase uma hora de duração cada, não conse-guem dar prestigiar devidamente cada personagem. São tantos na tela que fica difícil dar a devida atenção e profundidade para to-dos. É um trabalho árduo man-

Traições, alianças, mentiras e sexo movimentam a trama da série exibida para o Brasil e os EUA, mas não convence

Rodrigo Ramos*

Precisa de algo mais.

O segundo ano é

confuso, não

consegue desenvolver

seus personagens

e perece em ação e

boas tramas

ter o interesse em tantas tramas paralelas. Talvez, no futuro, elas façam mais sentido juntas (acre-dito que a intenção seja juntar as pontas nas próximas tempora-das). Entretanto, da forma como foram entregues nesta tempora-da, não conseguem aproximar o espectador da série, a não ser que já saiba o rumo dos perso-nagens por causa dos livros. Há tantos núcleos distintos que a dinâmica parece com a de uma novela. Além disso, os papéis não são carismáticos, salvo uma ou outra exceção, dificultando a identificação do público com os personagens.

Às vezes, tem-se a impressão de que nada acontece. É muito falatório, pouco desenvolvimen-to e quase nenhuma ação. Muitos episódios sofrem com isso. Está truncada demais. Com exceção

da batalha de Blackwater – ápi-ce tanto do seriado como do livro –, não há grande movimentação. Quanto ao elenco, vale ressaltar a atuação de Peter Dinklage, mais uma vez impecável como Tyrion, o melhor personagem da série, e que lhe rendeu o Emmy de melhor ator coadjuvante no ano passado.

Como espectador, quero en-treter-me e assistir a uma boa história, com bons personagens. Diferente da ótima primeira, a segunda temporada de Game of Thrones peca nisso. Uma produ-ção caprichada conta bastante, mas não é o suficiente. Precisa de algo mais. O segundo ano é con-fuso, não consegue desenvolver seus personagens e perece em ação e boas tramas.

*Jornalismo, 5º período

Divulgação

Divulgação

Divulgação

Apesar de ser uma superprodução, explora pouco seus personagens (centenas) e peca em ação e trama

Arya Stark está presente novamente na segunda temporada da série de Game of Thrones (Jogo dos tronos)

De perfil, o ator Peter Hayden Dinklage como Tyrion Lannister, mais uma vez numa atuação impecável

Page 5: Jornal Cobaia. Edição 114

05JORNAL COBAIAItajaí, junho/julho de 2012

Olhares MúltiplosE S P E C I A L

Olhares Múltiplos é um encontro acadêmico - profissional que desde

2011 oferece conferências, pa-lestras, oficinas, workshops e minicursos. Em 2012, a segun-da edição do evento promovido pelo Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Comunicação, Tu-rismo e Lazer veio recheada

Roberto Dávila

Ela caminhou junto dele até o palco principal do Teatro Adelaide Konder da Univali,

em Itajaí. Observada pelos olhos atentos da plateia que lotou o espaço, deixou-o em frente aos poucos degraus que levam até o tablado e retornou para seu lu-gar nas cadeiras da primeira fila. Camila Uberto, acadêmica do 7º período de Publicidade e Propa-ganda, ainda ouviu seu nome ser pronunciado pela voz dele duas vezes. A noite de Caco Barcellos, um símbolo do telejornalismo brasileiro, então começou.

Realizar o evento mobilizou equipe de 300 pessoas, entre acadêmicos, professores e funcionários do Ceciesa-CTL

Conhecer para transformar, inovar e diversificar-se: a proposta em 2012

Trabalho de formigas para o voo da borboleta

Gabriela Piske e Morgana Bressiani

de boas opções. Palestrantes como Caco Barcellos, Christian Barbosa e João Paulo Cavalcan-ti compartilharam experiências com a moçada ávida por apren-der. O evento se realizou entre 29 e 31 de maio, simultanea-mente, nos campi da Univali em Itajaí, Balneário Camboriú e Unidade Ilha, com o objeti-

vo de promover intercâmbio científico e tecnológico. A bor-boleta sintetizou o tema deste ano - Transformação Social - dividido em cinco áreas temá-ticas: criatividade, tecnologia, tendências, mercado e social. Quem viveu a aventura do co-nhecimento proporcionada por essa multiplicidade de olhares

Logo no início da palestra mais esperada da segunda edi-ção do Olhares Múltiplos, Caco cumprimentou, com um jeito informal, autoridades presentes e agradeceu a receptividade dos anfitriões. Camila estava entre eles. Ele também pediu ajuda a ela para exibir os vídeos que trouxe.

Além de Camila, dezenas de pessoas trabalharam voluntaria-mente no Olhares Múltiplos 2012. Para que as palestras, oficinas e workshops se realizassem, foi preciso muito mais que a partici-

pação de convidados renomados e dos acadêmicos da instituição: uma força tarefa composta por funcionários e voluntários se mo-bilizou. De acordo com a coorde-nadora do evento, Emiliana da Silva Campos Souza, cerca de 300 pessoas, entre monitores, estagi-ários, voluntários, funcionários e professores se envolveram na or-ganização.

A segunda-feira, 28, que an-tecedeu ao primeiro dia do Olha-res, foi um agito só nos blocos da Comunicação. Durante a noite, na sala da IN - Agência de Co-municação Integrada, o entra e sai de pessoas demonstrava que faltavam menos de 24 horas para tudo começar. Num canto, para entregar as credenciais da im-prensa, estavam Patrícia Lopes de Jesus e Geisyani Cristina, do 1º semestre de Cosmetologia e Estética. Em outro espaço, Heli-sa Rosa e Luiza Marques, calou-ras de Relações Públicas, eram as responsáveis por fazer inscrições. Na sala ao lado, encontravam-se as voluntárias que recebiam os estudantes para buscar as cre-denciais de participação.

De manhã, à tarde ou à noi-te, nos três campi - Itajaí, Bal-neário Camboriú e Unidade Ilha - era possível se deparar com voluntários auxiliando para que tudo desse certo. No corre-corre eles estavam lá, para montar e desmontar salas, receber pa-lestrantes, controlar entrada e saída de estudantes e trabalhar no que fosse preciso. A cami-seta branca, estampada com a borboleta, já identificava: orga-nização. Maiara Moura, estu-dante do 7º período de Relações Públicas, participou da grande

A palavra de ordem estava em todas

as camisetas

equipe e se diz satisfeita com o resultado final. “Um evento que se realiza nos três campi simul-taneamente é um desafio, mas,

na minha avaliação, foi muito organizado”. Para ela, depois de todo o trabalho, veio a sensação do dever cumprido.

Fazer parte da comissão organizadora foi gratificante para os alunos

Morgana Bressiani

Morgana Bressiani

com certeza experimentou al-guma metamorfose. E, é claro, teve quem encarasse tudo isso como pauta. A tarefa coube à turma do 7º período, desafiada a fazer o trabalho pela profes-sora Jane Cardozo na disciplina Reportagem Especial. O resul-tado está aqui, revelado entre as páginas 05 a 11 .

Page 6: Jornal Cobaia. Edição 114

06 JORNAL COBAIA Itajaí, junho/julho de 2012

Olhares Múltiplos

O rosto tem traços estrangei-ros e o sotaque carregado entrega a origem estadu-

nidense de Matthew Shirts. Logo se vê que o editor-chefe da Natio-nal Geographic Brasil – que tam-bém mantém o site Planeta Sus-tentável e é colunista da Veja São Paulo - é daqueles “gringos” que tem um pedaço do coração pinta-do de verde e amarelo. Em meio às paredes brancas do auditório do bloco de Farmácia, Matthew, a quem se pode chamar de Mateus,

Júlia Dourado

Matthew Shirts fez com que cada um desejasse viver um pouco da National Geographic

Uma hora no universo mágico da fotografia

O experiente Matthew acredita que a leitura é um dos melhores caminhos para se voar alto em jornalismo

Atentos, acadêmicos acompanham a descrição do processo produtivo da revista e as histórias de Matthew Shirts, jornalista norteamericano, editor-chefe da National Geographic Brasil

Júlia Paniz

“O contador de histórias

fotográficas tem que

ser excepcional

palestrou no dia 29 de maio, pri-meira noite do Olhares Múltiplos. Ele veio à Univali para contar a história da National Geographic e encantou os acadêmicos com o universo da revista e da socieda-de que a mantém.

A fotografia é a protagonista de todas as histórias impressas nas páginas da National Geogra-phic e faz a ponte entre o conhe-cimento científico e os leitores. Para tanto, o time de fotógrafos não deixa a desejar em criativida-de nem em coragem. “O contador de histórias fotográficas tem que ser excepcional, só pensar em fotografia. E tem que ser meio louco. Tem fotógrafo que nada entre tubarões. Não sei como a mãe deixa”, destacou, arrancan-do risos da plateia. As fotografias projetadas para todo o auditório provocaram desde suspiros de vontade de poder fazer um traba-lho como aquele até comentários de espanto, que tentavam adivi-nhar como a imagem foi obtida em meio a tubarões ou próximo a uma montanha em que um meni-no escalava sem proteção.

Com um jeito brincalhão e único de contar histórias, Mat-thew fez com que toda a plateia tivesse o desejo de participar da publicação, nem que fosse por apenas um dia. Logo todos se mostravam animados para o mo-mento de ter seus questionamen-tos respondidos e os dedos co-meçaram a apontar, como forma de mostrar que havia muito fervi-lhando na cabeça dos presentes.

Já nas primeiras perguntas, pode-se perceber que alguns as-pirantes a foca e outros já profis-sionais de mercado sonham em ver seu nome estampado na im-portante publicação. O processo

produtivo da revista (deadlines, sugestões de pauta, principais enfoques, porcentagem de maté-rias feitas no Brasil ou enviadas pela matriz americana, tratamen-to das imagens, entre outros) foi

o assunto da maior parte das per-guntas. Em uma hora Matthew apresentou os detalhes desco-nhecidos do mundo da National Geographic. Os questionamen-tos e respostas se alongaram por

um tempo maior que o da própria palestra. Muitos aproveitaram a oportunidade, pois não é todo o dia que se consegue dar um rápi-do mergulho no mundo de Mat-thew Shirts.

Júlia Paniz

Page 7: Jornal Cobaia. Edição 114

07JORNAL COBAIAItajaí, junho/julho de 2012

Camila Maurer

Júlia Paniz

“Pode me chamar de Mateus”, explica o jornalista que, nos anos 70, via-se em apuros para explicar aos brasi-leiros a pronúncia do seu nome, Matthew. Dono de uma

simpatia desconcertante e de um humor quase ingênuo, Matthew Shirts é responsável pela edição brasileira de uma das revistas mais importantes do mundo. Do aeroporto à universidade – com uma balsa no meio –, o homem de sorriso largo e aperto de mão suave contou histórias da revista que retrata o mundo em uma moldura amarela.

Cobaia - Como surgiu o con-vite para editar a National Geo-graphic no Brasil?

Matthew Shirts - Eu já era conhecido como jorna-lista gringo em português, tinha uma coluna no Estado de São Paulo desde 94. Em 99, O Ricardo Setti foi encar-regado de trazer a National [para o Brasil] e achava que precisava de um jornalista muito bilíngue. E se tem uma coisa que eu sou é bilíngue. Bilíngue, bicultural, bipolar... (Risos). Ele me chamou e eu levei mais ou menos dois segundos para aceitar, nem perguntei o salário, nem nada, coisa que me arrepen-do um pouco... (Risos). Mas é um trabalho muito bom.

Cobaia - Como foi o proces-so de trazer a National Geogra-phic para o Brasil?

Matthew Shirts - O Roberto Civita queria publi-

car a National desde os anos 70, mas eles não quiseram, nunca tinham feito nenhuma edição fora. Em 95, resolve-ram globalizar. Quando eles abriram, o Roberto Civita foi atrás. No começo, a revista era bem mais americana do que hoje. Com o tempo ela foi se abrasileirando, mas a ideia ainda é que ela seja 80% americana. Por quê? Porque nenhuma revista no mundo investe no editorial como a National. Nenhuma revista tem os mesmos valores de produção de uma reporta-gem. Chega-se a gastar, só para dar ideia, meio milhão de dólares numa única re-portagem. Tem os melhores fotógrafos, os melhores escri-tores, e a gente tenta apro-veitar isso ao máximo.

Cobaia - Como funciona o processo de produção da edi-ção brasileira da revista?

Matthew Shirts - O mate-rial internacional vem pron-to para a gente com mais ou menos dois meses de ante-cedência, aí a gente tem um mês para traduzir, editar e colocar na página. Quando você traduz para o português ou qualquer língua latina, o texto tende a crescer, de 10 a 20%, então a gente acaba cortando o texto.

Retrato do mundo em moldura amarelaOlhares Múltiplos

Cobaia - O texto acaba sen-do sacrificado porque a foto é o prato principal...

Matthew Shirts - Exato. A National é pautada pelas imagens. Ela é muito diferen-te de qualquer outra revista que eu conheço, porque tem uma narrativa visual. A ideia é que as fotos contam uma história e que essa história é autoral, o fotógrafo conta a sua versão. Depois, o re-pórter faz, no texto, a versão dele. As fotos são ligadas ao texto através da legenda. A legenda na National Ge-ographic é tão importante que existe o cargo de editor de legendas lá [na matriz americana]. As legendas são pequenos textos que devem ligar a narrativa principal com a narrativa das fotos.

Eu posso dizer, inclusive, que quando a gente corta o texto principal, eu não acho difícil. Muitas vezes, eu acho que melhora o texto porque a gente corta umas “gordu-rinhas” e ele fica tão bom ou melhor do que o texto que veio, em inglês. Na legenda, é tanta informação tão bem colocada que a gente tem que cortar no osso.

Cobaia - A transição entre a fotografia analógica e a fo-tografia digital gerou impacto entre os fotógrafos?

Matthew Shirts - Imagi-na... Gerou uma crise exis-tencial gigantesca! A Natio-nal Geographic era a maior cliente da Kodak. Os fotó-grafos chegam a fazer, para uma única reportagem, 20 mil fotos. Muita gente dizia, naquele tempo, que qualquer bom fotógrafo seria tão bom quanto os caras da National se tivesse a mesma quantida-de de filme. Mas isso se pro-vou falso. Os mesmo fotógra-fos que eram bons no filme continuam bons no digital. Mas alguns fotógrafos resis-tiram muito, alguns tiveram retrocessos psicológicos e voltaram para máquinas de grande formato. Enfim, teve todo tipo de reação.

“Chega-se a gastar,

só para dar ideia,

meio milhão de

dólares numa única

reportagem

“A National é pautada pelas imagens.

Ela tem uma narrativa visual

Júlia Paniz

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08 JORNAL COBAIA Itajaí, junho/julho de 2012 09JORNAL COBAIAItajaí, junho/julho de 2012

Com o livro “Abusado” nas mãos, adquirido ali mesmo no balcão improvisado na

entrada do teatro Adelaide Kon-der, a acadêmica de jornalismo Tatiana Sandri, 19 anos, tinha pressa para escolher o melhor lugar e ter uma visão privilegiada do palestrante Caco Barcellos. Esperava ansiosa pelo autógra-fo do livro. Cerca de 800 pessoas também aguardavam o jornalista na quarta-feira, 30, no campus da Univali em Itajaí. Ele chegou com voz mansa e deu seu recado com sabedoria.

Em dado momento falou: “Sou herdeiro, filhinho de papai mesmo”. Um silêncio tomou con-

ta da plateia. Todos na expecta-tiva do que viria a seguir. E ele concluiu: “Sou herdeiro da boa educação, de humildade, de ser trabalhador. Meu pai me deixou de herança uma lição: Um homem tem que ter vergonha na cara. Já o meu avô dizia: O homem deve ter dinheiro no bolso”. Caco jun-tou as duas lições para ganhar dinheiro de maneira honrada. E revelou como fez isso: sendo perseverante nos ideais e tendo coragem de ir em frente. Ele des-creveu os caminhos trilhados por um profissional que quer chegar ao ápice: “Os jovens de hoje, aca-dêmicos de jornalismo, devem es-crever sobre a ‘Etiópia brasileira’.

Ele tem um currículo alme-jado por todo profissional de jornalismo. Reúne na

bagagem importantes serviços prestados, experiências ousadas, vontade de transformar a socie-dade. Caco Barcellos foi desta-que na edição 2012 do “Olhares Múltiplos”, atraindo acadêmicos de diversas áreas. Ao contrário

Em palestra que atraiu múltiplos olhares, o premiado repórter exibiu itens básicos para a grande viagem do jornalismo

Antônio Sabará e Luís Costa

Miriany Farias e Neuseli Bastos

Caco Barcellos de mala e cuia

do que se poderia esperar, o perfil do público foi bem variado, sem a predominância de estudantes de jornalismo. Para Daniele Ramos, que faz Publicidade, a palestra permitiu o intercâmbio entre os acadêmicos.

Até para quem estava traba-lhando o momento era de ansie-dade: o cinegrafista Emerson Luiz

Kufner, da TV Univali, enquanto gravava o evento, também queria aproveitar o conteúdo da pales-tra, que tem tudo a ver com sua profissão.

Conversas paralelas na pla-teia, antes do início, mostravam que a expectativa era comum. Tatiana Sandri da Silva (20 anos / Jornalismo) e Gabriela Seara (17 anos / Designer de Interiores), esperavam agregar conhecimen-to e, se possível, interagir com o palestrante. Além dos alunos, os professores também queriam compartilhar a experiência, como no caso de Leonardo Stuepp Jr. (Marketing Digital).

Durante quase duas horas, Caco segurou a atenção do pú-blico contando episódios da sua vida pessoal e profissional, ilus-trados com objetos que o acom-panham sempre: um taxímetro – “lembrança dos tempos de ta-xista em Porto Alegre”, a bandei-ra do Brasil – “para proteção em territórios de conflito internacio-nal”, uma bala de fuzil – “resquí-cios de uma cobertura no Orien-te Médio”. Tudo isso faz parte do seu “kit de sobrevivência”. Pode-se ver que a “profissão repórter” também é “profissão perigo”.

PolêmicaCaco fez duras críticas, tanto

à cobertura da imprensa frente às ações da Polícia Militar, quan-to a própria polícia, pauta que lhe rendeu o livro “Rota 66” (2003). Para ele, as estratégias policiais em geral pecam pela violência exacerbada, com a conivência de parte da imprensa. A plateia re-agiu: uma acadêmica interpelou o palestrante para dizer que, na opinião dela, a mídia atribui à polícia a responsabilidade pela violência. Caco seguiu discordan-do, enquanto contava a saga de repórter investigativo nos morros cariocas.

Ao fim do encontro, a lição que deixou pode ser resumida em duas frases: “Um homem deve ter vergonha na cara”, ensinamento recebido do pai; “Um homem tem de ter dinheiro no bolso” – lição deixada pelo avô. Ele diz ter jun-tado as duas máximas de modo que a segunda fosse decorrência da primeira e conseguiu fazê-lo sendo um jornalista que assume a condição de “defensor dos fra-cos e oprimidos”, sem medo de ser tachado de “demagogo”.

Houve, sim, um momento de tietagem depois da palestra. Fo-tos e autógrafos precederam uma breve entrevista com a participa-ção de alunos repórteres. Caco demonstrou que a fama e o rela-tivo poder do jornalista não são motivos para que a humildade deixe de fazer parte da bagagem – ou do “kit de sobrevivência”. Quem sabe seja esse um dos se-gredos do sucesso.

Caco Barcellos trouxe o seu inseparável e curioso kit de sobrevivência

Voz da experiência: histórias e lições de um apaixonado pela reportagem

Público fez fila para conseguir autógrafo num momento de tietagem

Núcleo de Fotografia - Univali Neuseli Bastos

Morgana Bressiani

Roberto Dávila

““

Os jovens de hoje, acadêmicos de jornalismo,

devem escrever sobre a ‘Etiópia brasileira’. Ou

seja, mostrar outros lados. Tem muito anônimo

que precisa de voz

Ou seja, mostrar outros lados. Tem muito anônimo que precisa de voz”.

A jornalista Dirleni Dalbosco, 28 anos, formada pela Univali des-de dezembro de 2006 e pós-gradu-ada pela mesma universidade no curso de Gestão em Comunicação Empresarial, prestigiou a confe-rência por admirar o trabalho re-alizado pelo jornalista. “A palestra superou todas as minhas expec-tativas. Hoje o admiro mais, pois além de ótimo profissional, sabe lidar com as pessoas. Ao mesmo tempo em que é um homem ele-gante, é também um “abusado”.

Ouvi-lo representou um com-bustível para seguir adiante na

prática de um jornalismo que seja voz de quem não a tem. “E o mais legal é saber que se pode fazer isso em qualquer veículo de co-municação, não precisa estar na Globo”.

O acadêmico de Gastronomia do campus Balneário Camboriú, Oliver Gandini Silveira, 20, fez questão de assistir ao jornalista. “Além de fã, o que mais me im-pressionou é o carisma que ele tem e, quando ele disse que qua-se desistiu da carreira me fez ver que devemos sempre batalhar por aquilo que queremos e sonhamos. Agora, levo uma frase dele: “Des-confie dos arrogantes, quase sem-pre eles são desonestos”.

Jornalista Caco Barcellos mostrou sob vários ângulos como é a reportagem de rua, onde a notícia acontece

Noite quentena plateia e no palco

Meu pai me deixou de

herança uma lição:

Um homem tem que

ter vergonha na cara

Núcleo de Fotografia - Univali

Olhares Múltiplos

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08 JORNAL COBAIA Itajaí, junho/julho de 2012 09JORNAL COBAIAItajaí, junho/julho de 2012

Com o livro “Abusado” nas mãos, adquirido ali mesmo no balcão improvisado na

entrada do teatro Adelaide Kon-der, a acadêmica de jornalismo Tatiana Sandri, 19 anos, tinha pressa para escolher o melhor lugar e ter uma visão privilegiada do palestrante Caco Barcellos. Esperava ansiosa pelo autógra-fo do livro. Cerca de 800 pessoas também aguardavam o jornalista na quarta-feira, 30, no campus da Univali em Itajaí. Ele chegou com voz mansa e deu seu recado com sabedoria.

Em dado momento falou: “Sou herdeiro, filhinho de papai mesmo”. Um silêncio tomou con-

ta da plateia. Todos na expecta-tiva do que viria a seguir. E ele concluiu: “Sou herdeiro da boa educação, de humildade, de ser trabalhador. Meu pai me deixou de herança uma lição: Um homem tem que ter vergonha na cara. Já o meu avô dizia: O homem deve ter dinheiro no bolso”. Caco jun-tou as duas lições para ganhar dinheiro de maneira honrada. E revelou como fez isso: sendo perseverante nos ideais e tendo coragem de ir em frente. Ele des-creveu os caminhos trilhados por um profissional que quer chegar ao ápice: “Os jovens de hoje, aca-dêmicos de jornalismo, devem es-crever sobre a ‘Etiópia brasileira’.

Ele tem um currículo alme-jado por todo profissional de jornalismo. Reúne na

bagagem importantes serviços prestados, experiências ousadas, vontade de transformar a socie-dade. Caco Barcellos foi desta-que na edição 2012 do “Olhares Múltiplos”, atraindo acadêmicos de diversas áreas. Ao contrário

Em palestra que atraiu múltiplos olhares, o premiado repórter exibiu itens básicos para a grande viagem do jornalismo

Antônio Sabará e Luís Costa

Miriany Farias e Neuseli Bastos

Caco Barcellos de mala e cuia

do que se poderia esperar, o perfil do público foi bem variado, sem a predominância de estudantes de jornalismo. Para Daniele Ramos, que faz Publicidade, a palestra permitiu o intercâmbio entre os acadêmicos.

Até para quem estava traba-lhando o momento era de ansie-dade: o cinegrafista Emerson Luiz

Kufner, da TV Univali, enquanto gravava o evento, também queria aproveitar o conteúdo da pales-tra, que tem tudo a ver com sua profissão.

Conversas paralelas na pla-teia, antes do início, mostravam que a expectativa era comum. Tatiana Sandri da Silva (20 anos / Jornalismo) e Gabriela Seara (17 anos / Designer de Interiores), esperavam agregar conhecimen-to e, se possível, interagir com o palestrante. Além dos alunos, os professores também queriam compartilhar a experiência, como no caso de Leonardo Stuepp Jr. (Marketing Digital).

Durante quase duas horas, Caco segurou a atenção do pú-blico contando episódios da sua vida pessoal e profissional, ilus-trados com objetos que o acom-panham sempre: um taxímetro – “lembrança dos tempos de ta-xista em Porto Alegre”, a bandei-ra do Brasil – “para proteção em territórios de conflito internacio-nal”, uma bala de fuzil – “resquí-cios de uma cobertura no Orien-te Médio”. Tudo isso faz parte do seu “kit de sobrevivência”. Pode-se ver que a “profissão repórter” também é “profissão perigo”.

PolêmicaCaco fez duras críticas, tanto

à cobertura da imprensa frente às ações da Polícia Militar, quan-to a própria polícia, pauta que lhe rendeu o livro “Rota 66” (2003). Para ele, as estratégias policiais em geral pecam pela violência exacerbada, com a conivência de parte da imprensa. A plateia re-agiu: uma acadêmica interpelou o palestrante para dizer que, na opinião dela, a mídia atribui à polícia a responsabilidade pela violência. Caco seguiu discordan-do, enquanto contava a saga de repórter investigativo nos morros cariocas.

Ao fim do encontro, a lição que deixou pode ser resumida em duas frases: “Um homem deve ter vergonha na cara”, ensinamento recebido do pai; “Um homem tem de ter dinheiro no bolso” – lição deixada pelo avô. Ele diz ter jun-tado as duas máximas de modo que a segunda fosse decorrência da primeira e conseguiu fazê-lo sendo um jornalista que assume a condição de “defensor dos fra-cos e oprimidos”, sem medo de ser tachado de “demagogo”.

Houve, sim, um momento de tietagem depois da palestra. Fo-tos e autógrafos precederam uma breve entrevista com a participa-ção de alunos repórteres. Caco demonstrou que a fama e o rela-tivo poder do jornalista não são motivos para que a humildade deixe de fazer parte da bagagem – ou do “kit de sobrevivência”. Quem sabe seja esse um dos se-gredos do sucesso.

Caco Barcellos trouxe o seu inseparável e curioso kit de sobrevivência

Voz da experiência: histórias e lições de um apaixonado pela reportagem

Público fez fila para conseguir autógrafo num momento de tietagem

Núcleo de Fotografia - Univali Neuseli Bastos

Morgana Bressiani

Roberto Dávila

““

Os jovens de hoje, acadêmicos de jornalismo,

devem escrever sobre a ‘Etiópia brasileira’. Ou

seja, mostrar outros lados. Tem muito anônimo

que precisa de voz

Ou seja, mostrar outros lados. Tem muito anônimo que precisa de voz”.

A jornalista Dirleni Dalbosco, 28 anos, formada pela Univali des-de dezembro de 2006 e pós-gradu-ada pela mesma universidade no curso de Gestão em Comunicação Empresarial, prestigiou a confe-rência por admirar o trabalho re-alizado pelo jornalista. “A palestra superou todas as minhas expec-tativas. Hoje o admiro mais, pois além de ótimo profissional, sabe lidar com as pessoas. Ao mesmo tempo em que é um homem ele-gante, é também um “abusado”.

Ouvi-lo representou um com-bustível para seguir adiante na

prática de um jornalismo que seja voz de quem não a tem. “E o mais legal é saber que se pode fazer isso em qualquer veículo de co-municação, não precisa estar na Globo”.

O acadêmico de Gastronomia do campus Balneário Camboriú, Oliver Gandini Silveira, 20, fez questão de assistir ao jornalista. “Além de fã, o que mais me im-pressionou é o carisma que ele tem e, quando ele disse que qua-se desistiu da carreira me fez ver que devemos sempre batalhar por aquilo que queremos e sonhamos. Agora, levo uma frase dele: “Des-confie dos arrogantes, quase sem-pre eles são desonestos”.

Jornalista Caco Barcellos mostrou sob vários ângulos como é a reportagem de rua, onde a notícia acontece

Noite quentena plateia e no palco

Meu pai me deixou de

herança uma lição:

Um homem tem que

ter vergonha na cara

Núcleo de Fotografia - Univali

Olhares Múltiplos

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10 JORNAL COBAIA Itajaí, junho/julho de 2012

J. P. Cavalcanti: jovem e inovador

“Com organização e tem-po, acha-se o segredo de fazer tudo e bem

feito”. Essa citação, que parece tão atual, é datada antes mes-mo de Cristo por Pitágoras. Isso nos permite refletir sobre como o bom uso do tempo atravessa milênios. Gestão do tempo foi o tema da palestra de Christian Barbosa, considerado na atuali-dade um dos maiores especialis-tas na área.

Nerd declarado, Barbosa iniciou sua carreira aos 15 anos quando passou em uma prova da Microsoft e abriu uma empre-sa de Tecnologia da Informação. Um dos pioneiros no Brasil, foi responsável por desenvolver si-tes e tecnologia para grandes empresas. Os negócios prospe-raram e aos 18 anos Christian viu-se refém do trabalho. Aca-bou adoecendo. Surgia aí seu in-teresse pela gestão do tempo.

Em uma pesquisa global, Christian percebeu que o assunto estava desatualizado, aprimorou as ideias e escreveu seu primeiro livro, “A Tríade do Tempo”. Em seguida, fundou a TriadPS, es-pecializada em consultoria para

É o tempo que você leva para ler essa reportagem. Será que estamos sabendo como gastar esse bem tão precioso?

Pitter Hurmann e Bárbara Bianchi

BOX 1824 apresenta projeto e partilha experiência inédita

Nos Estados Unidos é muito difundida a expressão “so-nho americano” e tudo que

ela evoca. E qual seria o sonho brasileiro? Responder a essa per-gunta é um dos desafios propos-tos pela agência BOX1824, que esteve representada no Olhares Múltiplos pelo publicitário e só-cio-fundador, João Paulo Caval-canti. Fundada há oito anos em Porto Alegre, a BOX1824 é um empreendimento inovador que pesquisa o comportamento dos jovens entre 18 e 24 anos. Daí o nome da agência, que não quer ser reconhecida como grande; quer sim, compartilhar conheci-mento: “Não queremos divulgar a BOX, só precisamos ser reconhe-cidos pelo bom trabalho”, afirma João Paulo.

Hoje, no Brasil, há 25 mi-lhões de jovens entre 18 e 24 anos. Saber o que eles pensam é a pretensão da pesquisa inti-tulada Sonho Brasileiro, que já levantou dados em quase todos os estados. E fez algumas desco-bertas: o jovem não pensa mais individualmente, ele ainda quer ter sua liberdade como nos anos

Jéssica Eufrazio de Oliveira

80, mas está mais consciente. A internet tem colaborado

para isso com as redes sociais que criam grupos e ajudam a di-fundir ideias. A pesquisa também aponta que 70% dos jovens que-rem fazer parte de um projeto de transformação social, principal-mente por meio do esporte e da cultura.

A palavra com que os jovens mais se definiram foi “sonhador”. João Paulo avalia que a troca de informações pela internet resulta em mudanças sociais - embora de maneira lenta, a sociedade vai evoluindo.

Entenda como foifeita a pesquisaO estudo tem três dimensões: o sonho individual - revelou que 55% dos jovens querem ter uma formação profissional e ser feli-zes. Ter uma casa própria está em segundo lugar na lista de desejos, com 15%. A segunda di-mensão é o sonho coletivo: mos-trou que 31% desejam viver em um país onde o respeito e a cida-dania prevaleça; 18% dizem que-rer um país não violento e 13 %

sonham com menos corrupção.A terceira é o futuro do so-

nho, como esse sonho vai ser expandido. Nesta parte da pes-quisa a BOX1824 adota uma pi-râmide em que figuram pessoas alpha, as mais influenciadoras,

inovadoras; os beta, pessoas com muita informação e que irão traduzir as tendências e inova-ções para os grupos, os chama-dos mainstream. João acredita que nenhum destes jovens quer banir o sistema, até porque já estamos todos dentro do siste-ma; apenas estão criando suas microrrevoluções sem a ajuda de grandes entidades.

A Box intitula estes jovens que fazem projetos sociais e mi-crorrevoluções como jovem pon-te. André Gravatá é um deles e conta que sempre gostou desta convergência na internet. Está sempre conhecendo pessoas e fazendo conexões. Tanto que destas conexões conseguiu uma bolsa de estudos na PUC para o curso de jornalismo. Hoje, forma-do, ele trabalha em duas revistas da editora Abril, uma delas é a Superinteressante. Além disso, tem vários projetos, como even-tos em países tão díspares quan-to Estados Unidos e Zâmbia. Sem modéstia, ele acredita que isso está mudando o mundo.

Ri ao lembrar que todos o chamam de louco, sua mãe e

amigos, mas não dá importância. Acredita estar fazendo sua parte e é isso que importa. Um outro projeto de André chama-se Jogo de Cinema: feito em escolas, mostra para os alunos que eles podem se expressar tendo uma idéia e um celular. E ele tem mais ações: às vezes, vai até o centro de São Paulo e levanta um car-taz com a palavra “sorria”.

Para João Paulo, esse tipo de jovem, o jovem ponte, é a resposta aos desafios do futu-ro, pois nas ações que realizam e espalham existe a semente da mudança coletiva.

Por causa do nome, muitos pensam que a BOX só se dedica à faixa entre 18 e 24 anos, mas a agência também pesquisa ten-dências em outras idades, embo-ra não seja esse o seu principal foco. A equipe da BOX acredita que os jovens entre 18 e 24 anos estão numa posição estratégi-ca e influenciam tanto crianças e adolescentes quanto pessoas mais velhas. Mas a 1824 preten-de expandir seu nicho de pesqui-sa – quando encontrar tempo na agenda movimentada.

grandes empresas, treinamento sobre produtividade e desenvol-vimento de softwares para or-ganização e gestão de equipes. Líder do mercado atualmente, atende 50% das mil maiores em-presas do Brasil, além disso, pos-sui uma filial nos Estados Unidos e clientes no mundo inteiro.

“Jovens de resultado” foi um dos principais tópicos da con-versa. Segundo Christian, pes-soas que aprendem a usar bem o seu tempo desde cedo terão uma carreira de maior sucesso, resul-tado e principalmente qualidade de vida. Com bom humor, ele cativou a plateia e buscou incen-tivá-la a sonhar. Com exemplos práticos, ensinou métodos que ajudam a reconhecer como esta-mos lidando com tarefas diárias.

A acadêmica de Publicidade e Propaganda Cíntia Pacheco, 21, saiu aliviada após ouvir as ex-periências de vida do palestran-te. A estudante fez uma escolha recente, quando largou um em-prego para se dedicar a um está-gio na área. Agora sente que fez o certo, seguindo seu sonho. De acordo com Christian, 70% dos formandos não atuam na área,

Defina uma ordem se-quencial para o que vai fazer em cada dia, se surgir algo novo, você deve reorganizar e priorizar a ordem novamente.

Esta teoria ensina as pessoas a classificarem seu tempo em três esferas.

Algumas dicas de Christian Barbosa:

3ª2ª1ª

Conheça a Tríade do Tempo

Utilize uma ferramenta e não a cabeça para lembrar tudo. Use uma agenda ou smartphone, por exemplo, para organizar suas tarefas.

Procure planejar suas ta-refas não para o dia de hoje. Antecipe-as pelo menos em três dias.

Importante: É aquilo que você tem tempo pra fazer, traz resultado para sua vida a curto, médio ou longo prazo. Exemplo: reuniões focadas, planejamento pessoal, relacionamentos, lazer, etc.

Urgente: Tarefas para as quais o tempo está curto ou terminou, qualquer atividade que você realiza em cima da hora, com pressa, sem tempo, em geral traz estresse, pressão e preocupação. Exem-plo: acidentes, relatórios de última hora, problemas imprevistos com clientes, esquecimentos.

Circunstancial: Aquilo que gasta seu tempo à toa, que você faz sem querer ou em excesso. Exemplo: bate-papos sem sentido, excesso de lazer, algumas festas, mau uso da internet.

totalizando 3500 horas desper-diçadas na vida de um universi-tário.

“Devemos amar a segunda-feira”, disse o palestrante, sur-preendendo o público. Ele frisou que não devemos desprezar o primeiro dia da semana. É hora de criar, começar algo novo e dar continuidade ao trabalho. Jean Marques, de 18 anos, estudante de Gastronomia, acompanhou atentamente cada detalhe do discurso. “Sem dúvida foi um aprendizado que vou levar por toda a vida. Tentarei adminis-trar uma agenda, para me ligar mais no que devo fazer e evitar a perda de tempo”.

Morgana Bressiani

Apenas dois minutos e vinte e cinco segundosOlhares Múltiplos

Page 11: Jornal Cobaia. Edição 114

11JORNAL COBAIAItajaí, junho/julho de 2012

Olhares Múltiplos

Mestra Raquel Dias orienta acadêmicos sobre correções na oratória

Numa sala perfumada, Robson Freire e Marcela Machado orientaram sobre o uso mercadológico dos aromas

Neuseli Bastos

Roberto Dávila

A bra bem a boca para pro-nunciar Pa-Ta-Ka, Pla-Tla-Kla, Pra-Tra-Kra. Faça isso

trocando as vogais. Não, isso não é brincadeira de criança, nem maluquice, mas um dos exercí-cios realizados no workshop de oratória durante o Olhares Múl-tiplos. Cerca de 25 pessoas se-guiram as instruções de Raquel Dias, mestra em psicolinguísti-ca pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Uma das primeiras dicas de Raquel: “Olhe as pessoas nos olhos. Pergunte o nome e o gra-ve”. A mestra descreve a oratória como um conjunto de habilida-des, comportamentos e aptidões que favorecem o sucesso. “Qual-quer profissão precisa de técni-cas de persuasão. Por isso, em um discurso, é importante buscar as pessoas, olhar em seus olhos e não olhar para o horizonte”, ex-plica.

Ela lembra que em todo o Bra-sil os sons e fonemas são iguais. Independentemente do sotaque de cada região, é fundamental pronunciar corretamente todas as palavras. Para começar a cor-

Oficina de oratória ensina método para melhorar comunicação verbal e reforçar imagem do profissional no mercado

Miriany Farias

rigir a oratória, Raquel ressalta a importância da respiração. “Co-meçar a respirar pelo diafragma é uma das maneiras de melhorar a comunicação”.

A acadêmica do 5º período

de Relações Públicas, Patrícia Ventura, 22 anos, participou do workshop e acredita que a ora-tória seja muito importante para a imagem pessoal e profissional. “É a maneira de vender nossas ideias e conquistar parcerias. Se relacionar é preciso e vital para o ser humano”.

Para Patrícia, a oficina trouxe boas dicas contra os maus hábi-tos linguísticos e alertou para o impacto que causam. “Foi pou-co tempo, mas valeram as dicas repassadas pela instrutora. Meu objetivo é desenvolver uma boa dicção e mais poder de persua-são para conseguir maior visibi-lidade profissional. Assim, perder os medos de falar e expor minhas ideias em público”.

A acadêmica de Cosmetolo-gia e Estética do campus Balne-ário Camboriú, Lurdes Freitas, também aproveitou todos os mo-mentos do evento. “Minha pri-meira atitude a partir da oficina é que terei mais calma, vou respi-rar mais para falar pausadamen-te e ter controle emocional para não interferir no jeito que irei me articular”, garante.

Oficina sobre marketing dos sentidos inspira criatividade

Jasmim, Capim Limão, Pa-tchouli, aromas que reinven-taram o contexto da sala de

aula e envolveram os alunos em um ambiente descontraído para a palestra de Marketing Senso-rial, ministrada pelos professores Robson Freire, Mestre em Admi-nistração de Empresas e Marcela Carolina Machado, graduada em Farmácia e Acupunturista. Áreas distintas, mas a paixão pela co-municação inspirou a oficina que foi preparada com exclusividade para o Olhares Múltiplos, na Uni-vali de Itajaí.

Marketing Sensorial, Marke-ting Experiencial ou Marketing dos cincos sentidos, definições que podem ser utilizadas quan-do nos referimos à aplicação deste conceito inserido no Brasil desde 1979. Em uma apresenta-ção didática e bem-humorada, o professor Robson ministrou a primeira parte da palestra, dis-correndo sobre estratégias de Marketing e explicando como se aplica o conceito de Marke-ting sensorial nas empresas. Ele citou companhias brasileiras de grande porte, como Melissa, Ha-vaianas e Cacau Show, que já uti-

Fernanda de Freitas Pereira

lizam entre suas estratégias de venda as teorias sensoriais.

Estímulos olfativos podem desencadear nos clientes sen-sações que os façam preferir um estabelecimento em lugar de outro. Ou, ao contrário, pro-vocar algum tipo de aversão ao local. De acordo com a professo-

“Qualquer profissão

precisa de técnicas

de persuasão.

Por isso, em um

discurso, é

importante buscar

as pessoas, olhar

em seus olhos

ra Marcela Carolina, pesquisas indicam que o olfato é o sentido mais eficaz em termos de Marke-ting Sensorial. Por isso mesmo, durante a oficina, ela trabalhou com diferentes aromas de modo que os participantes pudessem confirmar a teoria. Conhecer os aromas é fundamental, conforme

Como falar em público sem ter medo de errar

a professora, para adaptá-los ao mercado de acordo com a pro-posta de cada empreendimento: entreter, seduzir, envolver públi-cos específicos.

Essa área de pesquisa englo-ba Aromaterapia, Aromacologia, Aromatologia e Osnologia, com objetos de estudo distintos, mas

um ponto em comum - entender os efeitos que os aromas pro-vocam no indivíduo. Enquanto diversos óleos voláteis ou “es-sências”, como popularmente são conhecidos, circulavam pela sala, a professora Marcela, com o suporte de slides e uma fala sucinta, trouxe informações que abrangeram desde a história dos aromas, no antigo Egito, até as mais recentes experiências cien-tíficas em torno do tema. E, para finalizar, um exercício instigante: distinguir combinações de aro-mas e ambientes. Isso exigiu do pessoal um “faro” apurado pelas orientações da dupla de espe-cialistas no assunto. Três mis-turas foram jogadas ao ar, uma após a outra, e os participantes tiveram de requisitar a memória olfativa para identificar em qual ambiente aquele aroma ficaria mais adequado. A maioria acer-tou. Estudos dos aromas ainda não compõem uma disciplina no currículo acadêmico, mas segun-do os professores, já está na hora de saber mais sobre este assunto nas academias. Afinal, novas fer-ramentas de venda são sempre bem vindas.

Numa sala perfumada, Robson Freire e Marcela Machado orientaram sobre o uso mercadológico dos aromas

Page 12: Jornal Cobaia. Edição 114

12 JORNAL COBAIA Itajaí, junho/julho de 2012

Descendentes aprendem a sua história e cultura na escola da Aldeia de Biguaçu, próxima de Florianópolis

Francielle Mianes

Mais de 500 anos de abandono e exclusão

Mãos ao alto! É um assalto. Não vou roubar seu di-nheiro, tirar sua vida ou

qualquer coisa do tipo. O que es-tou para fazer é algo muito pior e cruel. A partir de agora, você e toda sua cultura serão ignorados por completo, passando ao papel de meros coadjuvantes no teatro da vida. Você não tem escapató-ria, estamos em maior número e viemos para ficar. Invadimos, li-teralmente, sua praia.

Triste, não? Essa foi a reali-dade enfrentada pelos nativos brasileiros. Domados por por-tugueses, alemães, espanhóis e italianos. Cheios de tradição e cultura, os índios viram no des-cobrimento das terras brasilei-ras, sua maior tristeza. Sem for-ças e sem saída, tiveram que se adaptar ao novo, ao intruso, ao ladrão.

Infelizmente, os anos se pas-saram e nada mudou. Na cidade de Balneário Camboriú, tristes histórias se repetem. Inara, 42, é uma entre os vários. Descenden-te indígena, ela se vê pressionada com a nova realidade.

Para sua subsistência, sua única saída são os calçadões a beira da estrada, a qual sentada junto aos seus filhos tenta ven-der seus artesanatos. “Eu venho aqui quase sempre e sei que mui-ta gente não me quer por aqui”. A condição humana em casos as-sim é justificada em uma só pa-lavra: abandono.Uma realidade sentida não só pelos turistas que

Cacique Hiral Moreira, formando em Direito, reconhece a importâcia de garantir os direitos civis dos índios

Alberto Mergen Neto, Francielle Mianes, Frank Riquelme, Gabriel Oliveira e Guilherme Amorim*

Cultura indígena

rodeiam a cidade em época de temporada, mas também pelos moradores. Edilson Ribeiro, 31, morador do Bairro das Nações, ressalta o quão constrangedor é a maneira como os indígenas fi-cam expostos nas calçadas.

A situação, sem dúvidas, é mais crítica do que se imagina, pois se trata de um sentimento de difícil compreensão para al-guém de fora deste circulo, a qual não se importa. Todavia, existem entidades que tentam estagnar essa tristeza, entretanto, as do-ses são homeopáticas. As ONGs especializadas, o Serviço de Pro-teção ao Índio, SPI, e a Fundação Nacional do Indio, Funai,fazem o que podem, mas, uma história de mais de 500 anos de abandono e exclusão, não consegue ser re-mediada tão facilmente e por um grupo de tão poucos.

Entrelaçamento de culturasE quanto à escolaridade in-

dígena? Em 1988, os povos indí-genas conseguiram, através da Constituição Federal, o poder da educação diferenciada, isto é, uma forma com que as esco-las respeitassem as culturas e as crenças dos índios ao escolarizá-los.

A Funai, afirma que no Brasil vivem cerca de 820 mil índios, que estão entre 215 grupos indíge-nas. Nas aulas, os ensinamentos vão além de sua própria língua. Aprendem a história do país, as suas histórias, suas culturas,

como por exemplo, o significado de suas danças, como salienta Jonas Vidal Monteiro, gestor da escola indígena da Aldeia Kassa-wá, em entrevista para o Canal Futura.

O cacique da Aldeia de Bi-guaçu, Florianópolis, Hiral Mo-reira, formando em Direito, afir-ma: “Hoje a gente precisa muito ter o conhecimento na parte ju-

rídica. É uma garantia constitu-cional desses direitos, tendo que ser exercida por alguém que te-nha conhecimento da realidade do povo indígena sabendo assim defender”.

Desse modo, através do ensi-no, eles vão aos poucos se adap-tando à sociedade. Algo que para alguns cidadãos é visto como negativo, pois enxergam nisso

a disseminação de uma cultura, para outros, é importante devido ao mundo globalizado a qual se vive hoje. “O jeito seria um meio de equilibrar as duas coisas”, conclui Diego Bernardi, 25, estu-dante de psicologia da Universi-dade do Vale do Itajaí, Univali.

*Jornalismo, 1º período.

*Jornalismo, 1º período.

Prefeitura faz o possível para auxiliar famílias

A cultura indígena vem su-mindo em meio a tantas no-vidades e tecnologia encon-

trada no mundo. Poucas pessoas ainda lembram e reconhecem a importância do índio para a his-tória brasileira. Comemorado no dia 19 de abril, o Dia do Índio é uma iniciativa do ex-presidente Getúlio Vargas, que buscava pre-servar um pouco da essência cul-tural desta raça.

Atualmente é comemorada por escolas, fundações e secre-tarias da cultura. Entretanto, é notável a falta de conhecimento das crianças sobre a cultura e a maioria ainda idealiza a figura de cara pintada, vivendo em matas e caçando. A coordenadora do Nú-cleo de Educação Infantil (NEI)

Luiz Fernando da Silva, Pricila Baade, Rafaela Dalago e Samia Abreu*

Pequeno Mundo, Fabiana Pinhei-ro, diz que as atividades realiza-das durante essa semana no NEI tem objetivo de fazer com que as crianças entendam a importân-cia de resgatar uma tradição que permanece influenciando diver-sas áreas da atualidade.

O sociólogo Victor Gallardo-afirma que o povoado traz em sua trajetória muito sofrimento, sendo eles alvo de baixa autoes-tima e pouca motivação. Victor comenta: “Por mais que sua cul-tura esteja presente em nosso co-tidiano, este povo vem perdendo sua identidade ao passar dos dias e cada vez mais adota caracterís-ticas do chamado homem bran-co, mas, não entendo o porquê de apenas um dia ser reservado

a eles”.Em Balneário Camboriú, in-

dígenas são encontrados em cal-çadas de determinados pontos de grande fluxo comercial, onde tentam comercializar seus arte-sanatos. Durante conversa com uma das índias, a mesma afirmou que parte da população a olha com cara de reprovação. A mes-ma transmite nas palavras o des-conforto que sente em estar ali e comenta que, infelizmente, essa vem sendo sua única opção.

Luiz Maraschin, secretário de Desenvolvimento e Inclusão Social de Balneário Camboriú, diz ter consciência das condições precárias deste povoado e que a prefeitura tem feito o possível ao seu alcance para auxiliar estas

famílias e retirá-las das vias pú-blicas. Maraschin comenta que o projeto da prefeitura é a constru-ção de um lugar adequado para que os mesmos comercializem seus produtos.

Para o superintendente da Fundação Cultural de Balneá-rio Camboriú (FCBC), Eduardo Meneghelli Junior, é essencial que este povoado tenha sim seu espaço na cidade para a venda do artesanato. Ressalta ainda a extrema importância de que a atual geração conheça a raça fun-damental em todo processo de criação da cultura e identidade brasileira.

Trajetória indígenaAcredita-se que antes da che-

gada dos europeus à América, 100 milhões de índios viviam no continente, sendo que em territó-rio brasileiro o número se aproxi-mava dos cinco milhões. Hoje se calcula que em torno de 400 mil índios habitem terras brasileiras, a maioria em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São cerca de 200 etnias e 170 línguas.

É estimado que cerca de 150 mil índios brasileiros estejam em idade escolar, atendidos em esco-las de ensino médio e fundamen-tal em suas aldeias e municípios próximos. Há também um total de dois mil jovens indígenas que frequentam faculdades.

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13JORNAL COBAIAItajaí, junho/julho de 2012

Cultura indígena

*Jornalismo, 1º período

Fotomontagem

Fotomontagem

Índios guaranis lutam pelo direito de ir e vir

Arcos, flechas, tacapes e cho-calhos de pajés são uma constante nas calçadas da

área central de Balneário Cam-boriú. Pertencem aos índios, de várias idades, que vendem seus produtos pelas ruas e avenidas, onde há intenso fluxo de turistas. Eles estão acampados às mar-gens da BR-101, bem próximo ao parque da Santa Catarina Tu-rismo S/A, Santur, e sobrevivem com precariedade.

Muitas vezes, os índios po-dem ser encontrados na Aveni-da Brasil, na altura da loja das Havaianas, sobre um pedaço de pano, com listras coloridas, esti-cado na calçada. O tecido parece ser fabricado por eles mesmos, pois tem características marcan-tes da tribo Guarani. Sobre o te-cido, vários objetos de fabricação indígena. No cantinho, um tigre entalhado em madeira,. Se olhar bem de perto, pode-se ver uma expressão triste no rosto do ani-mal, descrevendo, talvez, o senti-mento das mãos que o fizeram.

Mais adiante, um bicho que se parece com tamanduá, na cor de madeira com pintinhas em marrom escuro. Entre esses ar-tefatos, uma criança, entre seis a sete anos de idade. Tem olhar cabisbaixo, como quem pede, silenciosamente, ajuda. Olhos tristes, rosto sujo, e roupas tam-bém. Parece estar implorando por uma vida mais digna, pois quer apenas uma chance de ser alguém na vida.

Mais adiante, outra criança, entre chocalhos à venda, brinca

Presença constante em Balneário Camboriú, eles sobrevivem da venda do próprio artesanato para os turistas

Juliana Glaba, Juliana da Silva e Patrícia S. Schmitz*

com uma peteca. Também tem olhar triste, rosto e roupa sujos.Levanta os braços e logo os abai-xa, mas não produz sons. Rara-mente dá um sorriso. De repente, larga o brinquedo e corre para o colo da mãe. Está com fome e chora para mamar no peito.

Além de ficarem o dia todo na calcada, a maioria das vezes por não tem como voltar para casa. Dormem ali mesmo, sejam adul-tos, sejam crianças, muitos bebês de colo. O que ganham durante o dia gastam para se alimentar, pois não trazem comida de casa e vêm apenas com o dinheiro da passagem.

Segundo o atual secretário de Inclusão Social de BC, Luiz Ferreira dos Santos, esse é um velho problema no município. Ele conta que já tentaram todos os recursos para resolver a situa-ção, mas os índios se recusam a aceitar ajuda. O espaço da Praça Higino Pio está aberto para eles venderem suas mercadorias, mas não querem ir para lá. “O princi-pal motivo dos índios estarem na cidade é por causa da tempora-da, quando Balneário chega a ter um fluxo de 80 a 90 índios”.

Os índios presentes em Bal-neário Camboriú são da tribo Guarani, que tem suas casas na cidade de Palhoça, 80 quilôme-tros de onde estão agora. O atual secretário relata que vai recorrer à Justiça para tentar resolver a situação. Esclarece que o Minis-tério Público entrará com ação impedindo que os índios venham para BC.

“Eles vem para cá para pedir dinheiro. Não vão para a praça porque lá não vendem nada... Ali-ás, o negocio deles não é vender, e sim pedir. Pode ver que nunca tem um homem vendendo os ar-tesanatos. É sempre uma mulher com filhos junto, para comover os turistas. Isso, se Deus quiser, vai ter uma solução”, conclui o secretário.

Mudança cultural via escola

Essa situação dos índios, per-ceida em BC, é comum em várias cidades do país. Será que ess realizada pode ser revertida de alguma forma? Talvez, sim, a co-meçar pela educação formal na escola. Você consegue imaginar, num futuro próximo, o estudo da cultura indígena como parte da grande curricular na educação infantil? Saber quem são, onde eles vivem e o que eles fazem? E ainda descobrir a importância de estudar essa cultura desde cedo? Essa é a proposta da professora Maristela T. da Silva, que traba-lha há mais de doze anos na rede municipal de ensino.

No dia 10 de março de 2008, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei N°11.645, que institui o ensino da cultura indígena nas escolas. O objetivo é fazer com que as cul-turas indígena e afro-brasileira sejam abordadas em disciplinas como literatura e história do Brasil. Mas será que essa lei esta sendo cumprida? Ou só está va-lendo para os estudantes do en-sino fundamental? E porque não trabalhar a cultura indígena des-de a educação infantil?

Segundoa professora Maris-tela, na educação infantil, a cul-tura indígena não é trabalhada corretamente. “Acaba sendo só lembrada no dia 19 de abril, o que não acrescenta em nada na educação cultural das crianças. A cultura indígena deve estar dentro de uma grade curricular e ser trabalhada durante todo o ano, não só no dia 19 de abril pin-tando as crianças”, relata.

O cumprimento da lei é de suma importância, pois ajuda na construção da identidade brasileira, além de combater o preconceito, o racismo e a discri-minação. a professora entende como essencial lutar contra as desigualdades e trabalhar isso desde cedo, para, em um futu-ro próximo, existirem cidadãos mais conscientes de sua identi-dade e valorizarem suas raízes étnicas e culturais.

A professora Maristela lem-bra que a formação do povo brasileiro é uma mistura de ne-gros, índios e brancos. “Traba-lhar isso em sala de aula é uma forma de firmar o lugar histórico dos povos indígenas, rompendo o preconceito. Não se pode es-quecer que a cultura indígena é um mundo cheio de informações. Então, cabe ao professor se infor-mar para trabalhar os conceitos e principalmente os preconceitos que os alunos trazem consigo”.

A data comemorativa do dia do índio, 19 de abril, foi criada em 1943, pelo presidente Getúlio Vargas, que assinou o decreto-lei. Foi escolhido porque, em 1940, o Primeiro Congresso Indigenis-ta Interamericano, realizado no México, reuniu líderes indígenas

Vale salientar o conteúdo do site mundowalmart.com.br: “O dia do índio celebra a importân-cia cultural dos povos indígenas, fundamentais na consolidação de hábitos da sociedade brasilei-ra, da alimentação aos utensílios, da língua ao comportamento”.

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14 JORNAL COBAIA Itajaí, junho/julho de 2012

ExposiçãoAmantes de carros antigos reunidos em Itajaí

Juntar o útil ao agradável. Foi o que motivou um grupo de amigos a montar, em 2000,

o Clube de Veículos Antigos de Balneário Camboriú e Itajaí. Em todas as quartas-feiras, o clube se reúne com o objetivo de tro-car ideias e reunir os amigos, que dividem a mesma paixão por carros antigos. Essa quase ´ob-sessão` trouxe, neste ano, o 8° Encontro Regional de Veículos Antigos em Itajaí. Realizado no Centreventos, integrou as come-morações dos 152 anos da cida-de. Considerado um dos mais importantes no calendário esta-dual, contou com a exposição de

Quatrocentos automóveis, de diferentes estilos, marcas e ano de fabricação, à mostra no Centreventos

Eliza Doré*

400 automóveis, dentre os mais diversos estilos, marcas e anos de fabricação.

O entretenimento ficou por conta do que existe de melhor em matéria de automóveis an-tigos, nacionais, importados, muscle cars, hot rods, hood ride e rat rods. Foi possível apreciar uma infinidade de veículos ori-ginais, como Mercedes, Volvo, Mercury, Ford e Chevrolet, todos com placa preta, o que indica 90% de originalidade do carro. Também chamaram a atenção modelos como Corcel GT de 1969, Cadillac, MGA Conversí-vel, Triumph modelo Mayflower,

o Chevrolet Impala adaptado para o estilo Rat Rod e o carro da funerária Semente, um Ford modelo Galaxie 500.

Quem vive de passado são os expositores do mercado de pul-gas do evento, onde os coleciona-dores e restauradores puderam encontrar peças automobilísti-cas originais. Uma das atrações a presença de Ana Maria Buarque, de Blumenau, uma colecionadora obsessiva por antiguidades. Seu estande contava com peças ra-ras, como um Gramofone de 1887 e uma vitrola de 1920.

A paixão pelos veículos é evi-dente, desde a sua conservação

até a quantidade colecionada. Alguns chegam a ter 70 carros na garagem. E, junto de tantos car-ros, surgem histórias, como a do colecionador Tarcio, que possui um Ford Mercury Cougar 1968. Na necessidade de restauração, o proprietário desmontou o car-ro e encontrou moedas, cédulas e embalagens de chicletes ame-ricanas. Intrigado foi em busca do antigo dono, e descobriu que o ele havia entrado no país via Embaixada dos Estados Unidos no Rio de Janeiro.

A paixão pelos

veículos é evidente,

desde a sua

conservação até

a quantidade

colecionada.

Eliza Doré

Eliza Doré

Eliza Doré

Ford modelo Galaxie 500 foi um dos destaques do encontro regional em Itajaí Ford modelo Phaeton - 1929 EUA chamou a atenção dos visitantes

*Jornalismo, 1º período

Page 15: Jornal Cobaia. Edição 114

15JORNAL COBAIAItajaí, junho/julho de 2012

Meio ambiente

A Rio+20 foi um evento com-pletamente dinâmico. No Rio Centro, na Barra da Ti-

juca, foram realizados os debates formais da Conferência. Local de decisão dos acordos mundiais. Para ter acesso, era preciso pas-sar por um sistema muito com-plicado de segurança e três revis-tas, além da necessidade de estar credenciado. Foi o local, onde a imprensa concentrou a cobertu-ra como se o documento fosse a coisa mais importante, e denomi-nado de espaço internacional da ONU.

No Rio Centro, a cada dia, a discussão focou em um assun-

Foram quase duas semanas de debates sobre economia, alimento, água e energia na cidade maravilhosa

Ana Paula Keller*

As diversas faces da Rio+20

to. Discutiram a desertificação, oceanos, florestas, alimentos. Há dias dedicados ao debate sobre economia verde, alimentos, água, cidades sustentáveis, energia, de-senvolvimento sustentável e so-cial. Uma pauta distinta e longa que iniciou pela manhã e encerra a noite.

No Parque dos Atletas, tam-bém na Barra da Tijuca, houve inúmeros pavilhões com expo-sições dos trabalhos ambientais realizados em todo o país. Es-tados e capitais estiveram com estandes montados. Do Sul, es-tão o Paraná e Rio Grande do Sul. Santa Catarina não teve

estande. É um local que reuniu também discussões formais do Major Groups, mas já é possível ter acesso sem credenciais em al-guns espaços.

Paralelamente, no Forte de Copacabana, outras ações da Rio+20: uma exposição denomi-nado Humanidades. Foi o local mais concorrido. Para ter acesso, a média de espera chegou a duas horas. Entrada gratuita e sem formalidades.

Outro espaço da Rio+20 se concentrou no Píer Mauá. Hou-ve discussões sobre religião, co-municação e questões sociais. O deslocamento para todos esses

Eventos paralelos dinamizaram o encontro de representantes vindos de vários continentesNa Confererência das Nações Unidas, a língua oficial dos debates foi a inglesa

“eventos” podia ser feito com ôni-bus de transporte oficial de dele-gações. Você se deslocava, em-bora precisasse de paciência, de uma área para outra com ônibus colocados à disposição de todos.

Na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, localizava-se a participação popular. É de fato o espaço que representou a realidade do povo, onde todo cidadão podia ter acesso e par-ticipar. Não foi preciso nenhum tipo de inscrição. Bastava esco-lher o que ver ou de qual diálogo participar.

Ana Paula Keller Ana Paula Keller

Guarim de Lorena

Estados e capitais

estiveram com

estandes montados.

Do Sul, estiveram o

Paraná e Rio Grande

do Sul. Santa Catarina

não teve estande

*Jornalismo, 1º período

Page 16: Jornal Cobaia. Edição 114

E N S A I O F O T O G R Á F I C O

Fernanda Terra Stori

Fernanda Terra Stori

Rio + 20

Fernanda Terra Stori

Fernanda Terra Stori

Fernanda Terra Stori

Sabrina Schneider

Juliana Adriano

Sabrina Schneider