jornal cobaia. edição 113

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Metamorfose ambulante 02 O jornalista da Rede Globo, coordenador do programa Profissão Repórter, fala sobre os desafios do jovem no novo jornalismo Literatura Aventura Olhares Múltiplos Caco Barcellos na Univali de Itajaí 03 JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI Itajaí, maio de 2012 Edição 113 Distribuição Gratuita Ombudsman Nando Reis: 08 No palco da Vila da Regata, a plateia cantou, pulou e dançou ao som do eterno titã, acompanhado pela banda Os Infernais Cobaia Jornal Gabriela Piske 30 anos de sucesso 04 e 05 A escrita de Fernando Morais Biógrafo mineiro conversa com estudantes e fãs sobre a necessidade de se investir em educação e leitura na Feira do Livro de Joinville Adriano Corrêa Carlos Praxedes O olhar de Luís Nachbin Com uma câmera na mão e olhos atentos ao cotidiano das pessoas, ele viaja pelo mundo e conta as histórias que encontra pelo caminho 13 Divulgação

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Cobaia Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade do Vale do Itajaí. Edição 113, maio de 2012.

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Page 1: Jornal Cobaia. Edição 113

Metamorfose ambulante 02

O jornalista da Rede Globo, coordenador do programa Profissão Repórter, fala sobre os desafios do jovem no novo jornalismo

LiteraturaAventura Olhares Múltiplos

Caco Barcellos na Univali de Itajaí

03

JORNAL LABORATÓRIO DOCURSO DE JORNALISMODA UNIVALIItajaí, maio de 2012Edição 113Distribuição Gratuita

Ombudsman

Nando Reis:

0808

No palco da Vila da Regata, a plateia cantou, pulou e dançou ao som do eterno titã, acompanhado pela banda Os Infernais

CobaiaJorn

al

Gabriela Piske

No palco da Vila da Regata, a plateia cantou, pulou e dançou ao som do eterno titã, acompanhado pela banda Os Infernais

30 anosNo palco da Vila da Regata, a plateia cantou, pulou e dançou ao som do eterno titã, acompanhado pela banda Os Infernais de sucesso

04 e 05

A escrita de Fernando MoraisBiógrafo mineiro conversa com estudantes e fãs sobre a necessidade de se investir em educação e leitura na Feira do Livro de Joinville

Adriano CorrêaCarlos Praxedes

O olhar de Luís NachbinCom uma câmera na mão e olhos atentos ao cotidiano das pessoas, ele viaja pelo mundo e conta as histórias que encontra pelo caminho

13

Divulgação

Page 2: Jornal Cobaia. Edição 113

“Foram dias e noites de

intensa programação,

tanto para jovens e

adultos quanto para

crianças

Abril marca a história de Itajaí e região

Vera Sommer*

Abril foi um mês marcante, especialmente, para a co-munidade de Itajaí. Não

bastasse a Volvo Ocean Race, movimentando a economia e o turismo, da região do Vale do Itajaí, ao longo de 19 dias con-secutivos, tivemos o Festival de Música concentrado em parte desse período da realização de uma das etapas da maior regata do mundo. Foram dias e noites de intensa programação, tanto para jovens e adultos quanto para crianças. Atrações as mais variadas, com shows gratuitos na Vila da Regata, como os do Paralamas do Sucesso, no dia 12, e de Nando Reis e Os Infernais, na sexta-feira 13, retratados na página central do Cobaia.

Esta edição traz ainda uma breve retrospectiva desses even-tos de grande relevância e reper-cussão nacional e internacional, com matérias e fotos produzidas pelos acadêmicos da disciplina

Metamorfose ambulante

Jane Cardozo da Silveira*

IN - Agência Integrada de ComunicaçãoItajaí, maio de 2012. Distribuição gratuita

EDIÇÃOVera Sommer Reg. Prof. 5054 MTb/RS

FOTO PRINCIPAL DE CAPA Gabriela PiskePROJETO GRÁFICO Raquel da CruzDIAGRAMAÇÃO Raquel da CruzGRÁFICA GrafinorteTIRAGEM 2 mil exemplaresDISTRIBUIÇÃO Nacional

02 JORNAL COBAIA Itajaí, maio de 2012

de Jornalismo de Revista. Além disso, apresenta uma reporta-gem especial com o documen-tarista Luís Nachbin, presen-ça prestigiada pelos alunos do Curso de Jornalismo da Univali,

O Cobaia vive assim, em constante processo de transformação. Afinal, para isso serve um jornal laboratório. Há quem criti-que essa postura, defendendo a ideia de que, para se firmar,

ele deveria fixar um projeto editorial e gráfico que contribuísse para dar-lhe identidade. Mas, não residiria justamente aí a identi-dade do jornal? Nessa capacidade de se recriar e se renovar junto com as turmas de acadêmicos que o elaboram?

Em sua nova fase, o Cobaia volta suas atenções para o cenário local e regional, algo que o inspirou inicialmente e é retomado em boa hora. Veja-se a reportagem de capa – “Disputa pelo bem do mar” – que registra um evento tradicional em Bombinhas, mas pouco conhecido fora da comunidade: a corrida das canoas de um pau só.

A ressalva quanto a essa matéria fica por conta da chamada de capa, que promete um enfoque mais amplo do que o texto adota: “Tradição, cultura e sustentabilidade marcam a história de Bom-binhas, antiga vila de pescadores no litoral catarinense” remete a aspectos que vão além da interessante corrida de barcos estampa-da na contracapa.

A salvo desse problema estão as páginas 10 e 11, onde se revela como Itaipava preserva as memórias do século passado.

Nas páginas 06 e 07, sobre o perfil da mulher catarinense, a li-nha de apoio poderia ser: A maioria é branca, urbana e assalariada, em vez de “Ela é branca, ....”, o que livraria o discurso do tom exclu-dente e afastaria o risco do reducionismo a que as estatísticas às vezes nos condenam.

No mais, há alguns probleminhas ortográficos, de pontuação, ... Como sempre, eles se escondem na fase de edição e depois reapa-recem quando o texto é publicado, para desespero do revisor. Cito alguns, até por serem recorrentes: vírgula entre o sujeito e o verbo; flexão do verbo haver no plural quando usado no sentido de existir; cacófato; “com” tomando o lugar do “como”. Em termos gráficos, precisamos tomar cuidado com as “linhas viúvas” (o entretítulo “Pequena Veloz” na página 05 é um exemplo) e com a visibilidade dos caracteres, que em alguns pontos se misturam ao fundo.

*Jane Cardozo da Silveira é jornalista. Formada há 28 anos,está no Curso de Jornalismo da Univali desde 1994.

e uma entrevista com o bió-grafo Fernando Morais, que proferiu palestra na 9ª Feira do Livro de Joinville.

É preciso registrar, e com ênfase, a participação de alu-nos de outros períodos de Jor-nalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda, cursos da Comunicação So-cial, bem como de Fisiotera-pia. Que cada vez mais estu-dantes da Univali façam parte do conteúdo deste jornal la-boratório. Para a próxima edição, o Cobaia prepara uma cobertura especial do Olhares Múltiplos 2012, evento que oferece mais de 100 ativida-des diferentes e simultâneas, nos campi de Itajaí, Balneário Camboriú e Florianópolis – Unidade Ilha.

Boa leitura!

*EditoraReg. Prof. 5054 MTb/RS

Ombudsman

Expediente

Espaço do Leitor

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSODE JORNALISMO DA UNIVALI

Fica esperto!

Convidadas especiais em RP

Patrono e Nome de Turma de PP

Homenageados do Jornalismo

Formandos de Relações Públicas fizeram, no último dia 15, o convite formal às professoras Cristiane Maria Riffel, para Paraninfa, e Edie-ne do Amaral Ferreira, como Nome de turma. A Patronesse é a ex-professora do curso, Eni Maria Ranzan. Convidada via telefone, ela demonstrou grande emoção com o convite, já que se afastou da universidade em 2010. A turma fez o convite de maneira diferente. Os formandos criaram as fra-ses em folhas rosa com uma palavra em cada. E as professoras foram surpreendidas durante a aula com balões e alto astral dos formandos. Algumas alunas entraram, ficaram de costas e viravam-se uma a uma, formando a pergunta. As duas home-nageadas ficaram emocionadas e aceitaram o con-vite com muita alegria.

Os formandos de Jornalismo agitaram os cor-redores do bloco 12, no dia 4 de maio, para revelar os homenageados na cerimônia de formatura des-te semestre. Após o estouro de balões e a exposi-ção de um cartaz exclusivo, a professora Valquíria Michela John foi surpreendida com o convite para ser paraninfa da turma. Em seguida, os alunos se dirigiram para o laboratório de áudio, onde o pro-fessor Carlos Praxedes foi recebido com aplausos e um vídeo sobre sua trajetória com os formandos. “Você aceita ser o nosso nome de turma?”, convi-da a formanda Júlia Paniz. Para a alegria dos futu-ros jornalistas, mais um sim! Agora os dias estão contados para a grande festa.

A noite do dia 8 de maio foi uma data impor-tante para os alunos formandos de Publicidade e Propaganda 2012/1 e os professores Robson Freire e Cleiton Marcos. Eles foram escolhidos, respec-tivamente, como Patrono e Nome de Turma da formatura. Os mestres foram homenageados pe-los alunos com um convite surpresa nos estúdios da TV UNIVALI e presenteados com faixas que lembravam as de concurso de beleza. Eles ficaram muito felizes e, honrados, aceitaram o convite. A formatura de Publicidade e Propaganda, junto com os cursos de Relações Públicas e Jornalismo, ocorrerá no dia 28 de julho. A solenidade de cola-ção de grau será às 17h e o baile às 23h30.

Tem algum assunto que você gostariade ler nas próximas edições?Conte-nos! E-mail: [email protected]

Editorial

Daniele Heinig

Gabriela Piske

Rafaella Brunetti

Page 3: Jornal Cobaia. Edição 113

03JORNAL COBAIAItajaí, maio de 2012

Diversifique-seOlhares voltados para eles

Caco Barcellos, Martha Ga-briel, João Paulo Cavalcan-ti, Christian Barbosa e Gil

Giardeli são algumas das perso-nalidades que o Centro de Ciên-cias Sociais Aplicadas – Comu-nicação, Turismo e Lazer recebe nesta semana. Este encontro está marcado para os dias 29, 30 e 31 de maio, durante o Olhares Múl-tiplos 2012. O evento acontece, simultaneamente, pela segunda vez, em Itajaí, Balneário Cam-boriú e Florianópolis – Unidade Ilha, campi da Univali.

Neste ano, as atividades es-tão divididas em arenas: social, criatividade, tendências, merca-do e tecnologia. Para represen-tar cada área, foram convidados cinco especialistas reconhecidos

Especialistas reconhecidos nacionalmente vêm a Univaliconversar com estudantes, professores e comunidade

Raquel da Cruz*

nacionalmente.Em Itajaí, no dia 30, os olhares

estarão voltados para a palestra do repórter da Rede Globo, Caco Barcellos. A confirmação de sua presença repercutiu na comuni-dade local, o que leva a crer que reunirá não só acadêmicos e pro-fissionais da comunicação, mas também fãs e o público em geral.

Na manhã do dia 31, Martha Gabriel falará sobre criatividade e inovação no campus da Univa-li, em Balneário Camboriú. Para quem não puder participar nes-te dia, a professora de Marketing dará nova palestra à noite, na Unidade Ilha, em Florianópolis.

Ainda na capital, o especia-lista em cultura digital, Gil Giar-deli, dará a palestra intitulada

“Colaboração Humana, Inovação Coletiva e Social Good”, no dia 29. Giardeli falará sobre tendên-cias e o comportamento do con-sumidor no mercado atual.

O publicitário João Paulo Ca-valcanti apresentará, em Balne-ário Camboriú, estudo feito pela agência BOX1824 “Sonho Brasi-leiro”, sobre a geração atual e o momento brasileiro no cenário mundial.

E para fechar o evento, na noi-te do dia 31, Christian Barbosa estará, em Itajaí, com a palestra “Jovens de resultado” (Gestão de tempo).

Um dos repórteres mais famosos da TV bra-sileira está, atualmente, no programa Profissão Repórter. É especialista em jornalismo investiga-

Caco Barcellos 30/05

Especialista em produtividade e gerenciamen-to de tempo e sócio-diretor da Triad Consulting e Blue Agle. É articulista de revistas e sites no Brasil e exterior e autor de quatro livros, entre eles, “A Evolução da Produtividade Pessoal”.Tema: Jovens de Resultado (Gestão de Tempo)Local: Campus ItajaíHorário: 19h30

31/05Christian Barbosa

Especialista em cultura digital, professor de pós-graduação e MBA na ESPM e CEO da Gaia Creative, empresa que implementa inteligência de mídias sociais, economia colaborativa e gestão do conhecimento.Tema: Colaboração Humana, Inovação Coletiva e Social GoodLocal: Florianópolis - Unidade IlhaHorário: 19h

29/05Gil Giardelli

Publicitário e sócio-fundador da BOX1824, uma das principais empresas de pesquisa de mer-cado e tendências de comportamento e consumo na América Latina.Tema: O Sonho BrasileiroLocal: Campus Balneário CamboriúHorário: 19h

29/05João Paulo Cavalcanti

Diretora de tecnologia da New Media Deve-lopers, coordenadora e professora de MBA em Marketing da HSM Educação, palestrante interna-cional e autora de quatro livros, inclusive do best-seller “Marketing na Era Digital”.Tema: Criatividade e InovaçãoLocal/horário: Campus Balneário Camboriú - 10h Florianópolis Unidade - Ilha - 19h

31/05Martha Gabriel

Divulgação

Bruna Zuquete

*Jornalismo, 3º período.

Promover a excelência em comunicação institucional, pla-nejar e implementar estratégias de comunicação, além de vender ideias, são algumas das tarefas da Quorum Agên-

cia de Comunicação, criada no início dos anos 90. O trabalho da comunicação institucional exige o desenvolvimento e a implan-tação de alguns planos e estratégias para uma melhor gestão de relacionamentos, formação de uma boa imagem e a construção da credibilidade com seus públicos, sejam eles internos ou ex-ternos.

Gastão Cassel, jornalista formado pela Universidade de San-ta Maria, pode ser compreendido como um empreendedor de sucesso no ramo da comunicação institucional. Ele ressalta a importância da presença de canais acessíveis e demarcados aos seus públicos, já que a melhor maneira de se lidar com crises é a prevenção. Por isso, ele salienta a necessidade de se estabelecer uma comunicação permanente, a fim de evitar eventuais desen-tendimentos e complicações dentro e fora da instituição.

Num bate papo bastante informal realizado no início de abril com os acadêmicos dos 1º e 5º períodos do curso de Relações Públicas da Univali, o jornalista de Florianópolis conta um pou-co de suas histórias e experiências reais dentro do mercado com sua agência Quorum Comunicação. A empresa está na ativa há 17 anos, e iniciou suas atividades prestando assessoria para sin-dicatos.

Depois de ´bater com a cara na porta`, devido a algumas dificuldades em relação ao foco da empresa, Cassel partiu para o ramo mais promissor: o da comunicação institucional. Hoje trabalha arduamente com sua agência para proporcionar, aos seus clientes, um trabalho de excelência, processo que envolve muita dedicação e profissionalismo.

O nicho principal para a criação do negócio foi o Fundo de Pensão e Aposentadoria que, segundo o jornalista, na época em que a agência começou, apresentava uma deficiência no merca-do principalmente devido à falta de confiança e má comunica-ção nas instituições. Entre as instituições, que trabalham junto à Quorum, destacam-se sindicatos, empresas privadas, os Fun-dos de Pensão e campanhas políticas. A agência atende hoje, principalmente, as instituições que não visam lucro.

Comunicação serve como estratégiapara empresas Crystopher Kinder e Gerusa Prudêncio*

*Relações Públicas, 1º período.

tivo, documentários e reportagens sobre injustiça social e violência.Tema: O desafio dos jovens no novo jornalismoLocal: Campus ItajaíHorário: 19h30

Especialistas reconhecidos nacionalmente vêm a Univaliconversar com estudantes, professores e comunidade

Jornalista Gastão Cassel fala com alunos de Relações Públicas

Page 4: Jornal Cobaia. Edição 113

04 JORNAL COBAIA Itajaí, maio de 2012

Literatura

Da biblioteca modesta de seu pai, com cerca de qua-tro mil exemplares, nas-

ceu o gosto pela leitura e, con-sequentemente, pela escrita. Foi alfabetizado antes da escola. Dos livros que mudaram sua vida, re-vela Sete Histórias, de Graciliano Ramos, um dos primeiros lidos por ele, e Metamorfose, de Franz Kafka. Nascido em 1946, na ci-dade de Mariana (MG), começa a escrever aos 13 anos, para um jornal de Belo Horizonte. Assim, Fernando Gomes de Morais ini-cia a carreira de jornalista.

O pai não era nenhum ativis-ta político. Era bancário e tinha mais oito filhos. Desde 1961, é jornalista. Em 1965, muda-se para São Paulo. Nos tempos de juventude, partilha da amizade de Ricardo Ramos, filho do es-critor Graciliano Ramos. Acu-mula três prêmios Esso, quatro Abril de Jornalismo e um Jabuti. Trabalha nas redações dos peri-ódicos: Jornal da Tarde, Gazeta, Estadão, Folha de São Paulo e TV Cultura. Também passa por partais de internet, como o IG.

É apreciador de charutos, mas somente os cubanos. De música, ele gosta de ouvir a clás-sica e, ouvindo muito, aprende a cantar uma ou outra Ária. Por onde viaja, a trabalho ou para

Jornalista mineiro, famoso por suas biografias, conversa com plateia na 9ª Feira do Livro de Joinville

Fernando Morais e suas histórias de vida

Ana Paula Keller*

Na conversa com fãs e estudantes, o jornalista e biógrafo falou sobre suas obras mais populares

Adriano Corrêa

“ “[Chateaubriand] Foi um visionário, mas

também um picareta e vigarista.

Chantageava as pessoas para

conseguir as coisas, sob o risco

de terem seus nomes publicados

nas capas dos seus jornais

[Montenegro] Ele

fundou o Instituto

Tecnológico da

Aeronáutica (ITA),

com a intenção de

torná-lo um espaço

de produção para

a sociedade

lazer, leva um ipad que revela o gosto pela tecnologia e salienta a necessidade profissional. Nele, carrega a imagem da neta, a qual está entre suas paixões e para quem dedica muito das horas de folga. Também adora motoci-cletas. É casado há 30 anos com uma historiadora. Em São Paulo, onde mora, vizinha com perso-nalidades como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Simples, vestindo camisa polo, Fernando Morais senta-se na poltrona e pede para que a palestra seja um espaço de diálo-go com a plateia, em vez de dar

dicas de como praticar narrati-vas, investigação e interpreta-ção dos documentos que recebe para compor suas obras. Na 9ª Feira do Livro de Joinville, esteve como convidado. “Apesar de ser conhecido como biógrafo, escre-vi apenas quatro”, revela ao fazer referência aos personagens Olga (1984), Chatô (1994), Montene-gro (2006) e O Mago (2008).

Outros dez livros escritos são fragmentos da história. É o caso de Os Últimos Soldados da Guer-ra Fria, lançado em 2011. Viajou a Cuba, e, com intervenção de Raul Castro, conseguiu passar dois dias numa prisão, conversando com um sobrevivente da batalha. Precisou partilhar da alimenta-ção e das demais condições de vida em uma cela para obter da-dos daquele personagem. “O que move a escrever sobre algumas pessoas e não outras é o fato de-las terem algo diferente das nor-mais. Escrevo sobre personagens que me permitem contar histó-rias que não nos foram contata-das nos bancos de escola”, diz o jornalista.

Com o dedo indicador apon-tado, enquanto fala, expõe a per-sonalidade determinada. Um ar de autoridade mistura-se à sim-plicidade. Na palestra “A escrita da vida”, promovida na Feira do

Livro, ele dedica parte do tempo de sua fala a destacar detalhes dos quatro personagens das bio-grafias. O escritor diz que a es-colha por escrever o livro Olga, lançado em 1984, deve-se ao fato de estar inserido no contexto da Ditadura Militar, início do Esta-do Novo, e por apresentar a am-biguidade do governo Getúlio Vargas. Há revelações de como o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial e a relação com o nazis-mo de Hitler. “Olga é deportada do país para viver na Alemanha até ser executada numa câmara de gás. Um personagem nuclear

da nossa história”, explica o es-critor. Para Morais, o livro conta um pouco do que foi a tragédia nazista.

Em 1994, ele lança Chatô. Um personagem inovador em todos os sentidos. Assis Chateaubriand instalou a televisão no Brasil em 1950, na cidade de São Paulo. À época, só havia TV em outros três países: Estados Unidos e Cuba – televisão privada e comercial – e na Alemanha, a TV pública. “So-mos o quarto país do mundo a ter televisão. Além disso, nos anos 30, ele já havia instalado inúme-ras estações de rádio nas princi-pais capitais. Chatô permite que se conte o que era o Brasil, a polí-tica e o jornalismo na metade do século passado”, destaca.

Além disso, Chateaubriand instalou cinco mil aeroclubes - desde a Amazônia, Rio Grande do Sul, Mato Grosso - onde trei-nou os primeiros pilotos brasilei-ros. Houve um momento no Bra-sil que o país tinha mais aviões que a Inglaterra, inclusive, aviões de guerra. Ele também construiu o Museu de Arte de São Paulo. “Foi um visionário, mas também um picareta e vigarista. Chanta-geava as pessoas para conseguir as coisas, sob o risco de terem seus nomes publicados nas capas dos seus jornais”. E complemen-ta: “Ele era uma contradição, um personagem polêmico, mas que deu muitas contribuições para o país. Com o Chatô dá para contar mais de uma história do Brasil”, fala Morais, exaltando orgulho dessa biografia.

No ano de 2006, ele escreve a história do marechal Casemiro Montenegro Filho. “Era um ho-mem bonito, namorador”. Pilo-to de avião, deixou o estado do

Ceará para ir ao Rio de Janeiro, onde participou da Revolução de 30 e fez carreira na aeronáutica. O Marechal conheceu o Massa-chusetts Institute of Technology (MIT), e, fascinado, decidiu criar no Brasil um local similar para a produção científica. Ele fundou o Instituto Tecnológico da Aero-náutica (ITA), com intenção de

torná-lo um espaço de produção para a sociedade. “Naquela épo-ca, nosso país importava pinico e arame farpado, e ele queria um Brasil potência”, ironiza o jorna-lista. Hoje, os três maiores pro-dutores de aviões no mundo são a Boeing, Airbus e a brasileira Embraer, criada por Montenegro. “Não há motivo de construir uma história se o personagem não for sedutor. Montenegro era”.

Biografia de Paulo CoelhoQuando encerra o trabalho do

Marechal, começa a pesquisar a vida de Paulo Coelho. Em 2008, lança O Mago, biografia do escri-tor brasileiro com maior tiragem de livros vendidos no mundo. “Esse salto de personagens tão distintos um do outro é porque, no fundo, me interesso muito mais por pessoas do que por coi-sas”, explica Morais. Paulo Coe-lho nasceu numa família de clas-se média alta no Rio de Janeiro, foi educado no colégio jesuíta Santo Inácio. Saiu dali ainda adolescente e se meteu com sa-tanismo, missa negra, execução de animais. Conflitos como se-xualidade, religião e família leva-ram-no às drogas. “Tudo, tudo, tudo o que existia no mundo de entorpecente, ele experimen-tou”, afirma.

Paulo Coelho foi empresário da indústria fonográfica, roquei-ro - época em que ganhou muito dinheiro. “As melhores músicas do Raul Seixas foram escritas com ele”, relata o escritor. “O Paulo era uma pessoa da minha geração, temos a mesma idade, que não lutava contra a Ditadu-ra Militar”. Começou a ganhar dinheiro com rock aos 20 anos. “Ele dizia que tinha medo do Co-munismo vir para o Brasil e levar a grana dele”. Para Morais, a his-tória do Mago é de uma profunda dramaticidade e uma sucessão de tragédias. “Inacreditável que uma pessoa, com aquela vida, escreva uma obra tão suave. Apesar disso, não me cabe fazer qualquer avaliação da obra de Paulo Coelho. O sonho dele era ser escritor líder em todo mun-do, e ele conseguiu. Eu li isso es-crito nos diários dele, aos quais tive acesso”.

Page 5: Jornal Cobaia. Edição 113

05JORNAL COBAIAItajaí, maio de 2012

Literatura“Perdemos a qualidade com a instantaneidade da internet”

Adriano Corrêa

Fernando Morais não con-segue relatar qual sua me-todologia de trabalho por

causa da diversidade de seus personagens. Diz que, às vezes, o comparam com Ruy Castro. “Mas, diferente do Ruy Castro, que só escreve com quem ele tem simpatia, eu escrevo sobre perso-nagens sedutores”. O jornalista tenta fugir do relato de suas prá-ticas narrativas, de investigação, de documentação e interpreta-ção dos documentos. No entan-to, afirma que seus livros são baseados em documentos histó-ricos e pessoais, como os diários. Pega tudo o que puder.

Por alguns instantes, o bió-grafo deixa de comentar temas históricos para opinar sobre jor-nalismo. Diz ainda que a internet prejudica muito a profissão. “A minha avaliação do jornalismo é que virou uma porcaria. Perde-mos a qualidade com a instan-taneidade da internet”, apesar de a internet ser sua aliada para escrever as obras. Ele grava de-poimentos e coleta informações com viúvas, esposas, amigos e com os próprios biografados. Salva as conversas em arquivos digitais e os remete para sua se-cretária particular, em São Pau-lo. Ela transcreve os áudios para o Word e os envia por e-mail. “Aí, então, começo a esboçar o livro, seja onde estiver”. Mas a meto-dologia de trabalho muda por-que cada livro e personagem têm uma história diferente.

O jornalista já tem material reunido para outros dois livros. “Estou esperando ele descansar um pouco mais”, brinca, ao fa-zer referência à futura biografia de Antônio Carlos Magalhães. “A história do Brasil também foi escrita por ele porque, do Jusce-

lino ao Lula, ele sempre esteve no poder”, justifica. Apesar de, no período do governo de Ita-mar Franco, ACM ter ficado no ostracismo, para o escritor foi testemunha ocular do centro do poder. Ele também se prepara para escrever sobre Luis Inácio Lula da Silva. “Meu livro inicia quando ele sai da cadeia, em 1980, até entregar o poder para a presidente Dilma Rousseff. Tal-vez eu avance mais na história, até o dia em que ele descobre o câncer”. Explica que estava es-crevendo o livro sobre José Dir-ceu, mas precisou interromper. Enquanto não sair o julgamento

do Mensalão, não pode dar con-tinuidade à obra.

Sobre a questão de seus li-vros virarem filmes, Morais con-ta que não há como satisfazer o autor. “Fidelidade somente se filmarem as páginas”. O escritor exige adaptações rigorosas de suas obras, no que diz respeito ao aspecto histórico, tanto que roteiristas e diretores subme-tem os textos a sua leitura antes das filmagens. “Digo o que não pode mudar, do ponto de vista histórico, mas há uma liberdade dramatúrgica no cinema”. Ape-sar de Olga ter sido massacrada pela crítica, ele admite gostar

do filme.Em breve, será rodado o fil-

me Corações Sujos, com base em seu livro. “Será mais sofisti-cado”. Morais esclarece que, na obra, não tem nenhuma mulher e todos os personagens são ho-mens. “Mas o roteirista, dentro de sua liberdade dramatúrgi-ca, colocou uma mulher para relembrar e contar a história desses homens”. A propósito, o biógrafo mineiro usa uma frase de Jorge Amado: “Livro é livro, filme é filme”.

De qualquer forma, para Morais, a história do persona-gem precisa ser boa. “Para eu

escrever sobre alguém, a pessoa precisa ser um grande persona-gem e, num segundo momento, um grande ser humano, porque as pessoas não são aquilo que, à primeira vista, apresentam”. Ele complementa: “Não acredi-to que viverei tempo suficiente para escrever todos os livros que gostaria”. Na cidade onde nas-ceu, em Mariana, está montando um museu. Parte da biblioteca, que herdou do pai, vai compor o acervo do local.

Leitura e educação

Apesar das editoras estran-geiras estarem de olho no Brasil, o jornalista entende que isso não significa crescimento da leitura. Há um horizonte promissor no Brasil, pois já são 15% dos adul-tos lendo regularmente. Isso sig-nifica 30 milhões de pessoas, três Chile e seis Dinamarca. “Mas é a quantidade da população que está determinando a vinda das editoras e não o potencial de lei-tores”, afirma. “Lê-se muito pou-co no Brasil”.

O jornalista também atuou na política. Foi deputado esta-dual e secretário de Cultura e de Educação, em São Paulo. Dos anos 70 até 1993, agregou a expe-riência e, desde então, acredita que o Brasil só possa melhorar com investimentos maciços no setor. “A solução é a educação, sobretudo, no primeiro e segun-do graus. Pagar bem os professo-res”, opina Morais. Ele também acredita num sistema de ensino de escola integral. “O Brasil não será civilizado se não resolver a educação”.

Para eu escrever

sobre alguém, a

pessoa precisa ser um

grande personagem e,

num segundo

momento, um grande

ser humano, porque

as pessoas não são

aquilo que, à primeira

vista, apresentam

A solução é a

educação, sobretudo,

no primeiro e segundo

graus. Pagar bem os

professores. [...] O Brasil

não será civilizado se

não resolver a educação

*Jornalismo, 1º período.

Adriano Corrêa

Page 6: Jornal Cobaia. Edição 113

Ajudando, explicando e observando...

O redescobrimento europeu do Brasil

06 JORNAL COBAIA Itajaí, maio de 2012

Muitos visitantes não precisaram da ajuda dos recepcionistas, mas perceberam a importância de seus serviços

A comitiva sueca foi preparada pela Embaixada do Brasil em Estocolmo

Vila da Regata

A cidade de Itajaí esteve de cara nova, com uma grande novidade: A Volvo Ocean

Race. Quem chegava à Vila da Regata, muitas vezes, não sabia exatamente o que encontraria. Um pavilhão com portas de vi-dro abria caminho para o evento, maior regata de volta ao mundo. Na recepção, plantas naturais deixavam o local cheio de vida. Sofás e cadeiras se mostravam o lugar perfeito para os visitantes descansarem, enquanto sensores nas portas faziam a contagem do público. Bânneres de fotos em alto mar deixavam os visitantes no clima do evento.

As sete mil pessoas que visita-ram o local diariamente não tive-ram muito trabalho para encon-trar os profissionais responsáveis por receber os visitantes. Eles eram muitos e bem identificados. “A maioria prefere descobrir por si mesmo, andar e encontrar, mas alguns param e perguntam onde está cada coisa”, disse a recepcio-nista Marlene Menezes. “É legal andar e descobrir tudo o que tem aqui, mas é bom saber que, se precisar, tem quem ajude”, afir-

É como se, por um momen-to, os visitantes da Vila da Regata de Itajaí estivessem

fora do Brasil, mas sem se au-sentar da cidade. Quem circulou pelas instalações da Volvo Ocean Race, a maior Regata de Volta ao Mundo de Vela, corriqueiramen-te se pegou tentando entender o que as pessoas a volta falavam, sem êxito. E não podia ser dife-rente: espalhados pelo Centre-ventos e pela área ao ar livre da Vila, estrangeiros de variadas nacionalidades e idiomas causa-ram nos brasileiros a sensação de estar no exterior sem ter viajado para fora do território nacional.

E não era difícil identificá-los. Geralmente altos, louros, olhos azuis, vestindo camisetas com a logo da Regata estampada na frente e a palavra “staff” (funcio-nário em inglês) nas costas. Os estrangeiros, das comitivas que acompanham a Regata em cada parada pelo mundo, circulavam pelo espaço do evento falando

O trabalho dos recepcionistas foi além de dar boas vindas aos visitantes. Foi essencial para o sucesso do evento

Estrangeiros chegaram a Itajaí com uma visão estereotipada do país, mas se surpreenderam

Lucas Coppi, Naiara Candido e Patrícia Schmitz*

Luciano da Silva Neto, Luís Costa e Thayse Gioppo*

mou Luiz Filipi Testoni, visitante da Vila.

Por sua localização na Vila, os recepcionistas tiveram a chance de acompanhar o que a maioria das pessoas que visita o evento não vê: a reação do público. E, na maioria das vezes, puderam perceber a expressão de satisfa-ção das pessoas que foram até a estrutura montada na Beira Rio. “É engraçado escutar o que o pessoal sai falando. A maioria fala muito bem, diz que se sur-preendeu com os barcos e todas as atrações”, lembrou Marlene.

Mas também houve quem deixasse a Vila com algumas crí-ticas. “Esses dias alguém saiu daqui reclamando do preço de um pastel de Belém. Eram cinco reais e a pessoa disse ‘por esse preço deveria vir a caixa’”, con-tou a recepcionista. “Outro saiu falando que era muito bonito, mas que não tinha muita coisa para fazer”, lembrou ela. Luiz Fi-lipi concordou em parte. “Tam-bém achei a comida um pouco cara, mas a Vila tem muita coisa para olhar. Para as crianças tam-bém tem bastante atrativos”.

No entanto, o balanço geral pode ser considerado positivo. A maioria dos visitantes deixou a Vila da Regata satisfeito. Raquel da Costa, de 30 anos, natural de

os idiomas nativos entre si ou auxiliando os visitantes com um português atrapalhado ou inglês simplificado.

O choque de culturas ficou perceptível no local. A florianopo-litana Helga Zimmerman, intér-prete de seis idiomas da Santur (órgão oficial de promoção do tu-rismo em Santa Catarina), contou que os europeus se sentem em-baraçados com beijos e abraços calorosos típicos dos brasileiros. Entretanto, a intérprete garantiu que todos os estrangeiros, que re-cebeu, ficaram encantados com a receptividade e o jeito amigável dos locais, e que planejam voltar ao Brasil de férias. Incluam-se aí sul-americanos, neozelandeses, estadunidenses, europeus, entre outros.

A comitiva sueca, a maior por ser do país de origem da Volvo, foi preparada pela Embaixada do Brasil em Estocolmo para lidar com os perigos que poderiam pas-sar por aqui. “Os suecos contam

que esperavam encontrar muita pobreza, trânsito caótico, violên-cia e hostilidade no país. Depois de fazerem um tour pela nossa re-gião, eles se disseram maravilha-dos com o que viram e que Santa Catarina lhes parece um pedaço da Europa no sul do Brasil”, rela-tou Helga Zimmerman.

Afirmação reforçada pelo sue-co Jonas Eriksson, 28, gerente de projetos da Volvo, confirmando o encantamento dele e de seus con-terrâneos com a região. Ele acres-centou que a infraestrutura do lo-cal, a boa preparação técnica e o engajamento dos voluntários fo-ram as grandes surpresas ao che-garem a Itajaí. Já o escocês Blair Provan, 25, vendedor da Puma, revelou que a ideia, que tinha do Brasil, era muito diferente do que viu por aqui. Ele adoraria voltar ao país para conhecer as outras regiões.

*Jornalismo, 7º período.

*Jornalismo, 4º e 7º períodos.

Itajaí, disse que toda a estrutura foi bem utilizada pelo público. “A segurança no local esteve refor-çada e organizada, e pode-se pre-senciar o evento com tranquilida-

de, trazendo toda a família para um dia diferente”.

Patrícia Schmitz

Luciano da Silva Neto

Page 7: Jornal Cobaia. Edição 113

07JORNAL COBAIAItajaí, maio de 2012

Vila da Regata

A Náutica Show recebeu

mais de 200 mil

visitantes nos 68

estandes de 60

empresas expositoras

Público supera expectativas em feira multissetorial

Centreventos permitiu que empresas fechassem importantes negócios com vários países

Funcionárias não pouparam esforços para manter limpo o local

Os barcos atraíram milha-res de pessoas curiosas para conhecer a estrutu-

ra da maior regata de volta ao mundo. Além de shows e expo-sições, o público aproveitou, nas dependências do Centreventos, outros atrativos que movimen-taram a economia do município. A Náutica Show, por exemplo, superou as expectativas de pú-blico. A feira multissetorial re-cebeu mais de 200 mil visitantes nos 68 estandes com aproxima-damente 60 empresas exposito-ras.

Os principais segmentos econômicos da cidade estavam representados na feira. “A gente não quis fazer meramente uma feira expositiva, mas gerar, de uma forma bem clara, com me-todologias e uma programação consistente, a possibilidade das empresas fecharem negócios com outros países”, explicou o diretor comercial da Pathros, empresa organizadorada feira, Jean Gern.

Um dos estandes mais visi-tados foi o Aroma Sabor & Arte Catarina, do Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina – Sebrae. “O di-ferencial que temos é o contato do produtor com o consumidor final”, destacou o consultor de

Principais segmentos da economia local presentes no evento

Iara da Cunha, Lucas Pavin e Paulo Mueller*

*Jornalismo, 7º período.

*Jornalismo, 4º e 7ºperíodos.

Patrícia Schmitz

agronegócios Alan Claumann.Ali foram expostos produtos artesanais e agroindustriais de empreendedores de Santa Cata-rina. A organizadora do espaço, chamado de “Mais que produ-tos... talento e tradição”, Schei-la Gadotti, aposta em eventos

como este para disseminar a arte e cultura catarinense. “Vejo nossos produtos serem cada vez mais vendidos e divulgados no nosso país. Aqui vendemos mais na área do agronegócio, mas com forte venda também nos

artesanatos”, comemorou ela. A culinária trazida à Ita-

jaí pelos imigrantes açorianos também esteve presente no Centreventos. A tradição criada por volta de 1835 nos conventos de Portugal, ajudou a doceira Jandira Muller a incrementar a renda familiar. Ela garante que: a receita dos doces é simples! “Castanhas, nozes, amêndoas, avelã e gema de ovo. Mistura uma e outra especiaria, e pron-to. Agora basta saborear um dos 12 tipos diferentes de doces portugueses vendidos no estan-de de uma empresa vinda de São Paulo. Cada um foi vendido a cinco reais.

A gaúcha Elisangela Silva de Souza mora em Itajaí há 10 anos. Quando viu os docinhos, logo parou para saborear um dos preferidos dela, o Pastel de Belém. Assim como ela, outros visitantes aproveitaram a gas-tronomia e os atrativos da rega-ta, considerada um dos maiores eventos recebidos pela cidade portuária. Por sinal, o município marcou a história da competi-ção com a segunda maior marca de pessoas a receber as embar-cações.

Voluntariadotransforma sonho em realidadeCamila Aragão, Raquel Reschke e Daira Gomes*

As grandes realizações nascem do ímpeto dos sonhos. As-sim fizeram alguns dos desbravadores da história, como Vasco da Gama, que descobriu o caminho das Índias e

Cristóvão Colombo as Américas: navegando. Os filmes de his-tórias de piratas mexem com as almas de espírito aventureiro. Herman Melville, autor americano do romance Moby Dick, es-creve em seu livro: “Por que quase todos os rapazes robustos e saudáveis, dotados de almas robustas e saudáveis, decidem, em determinado momento, que seu destino é o mar? Por que, naquela primeira viagem como passageiro, você sente tamanha vibração mística, quando é informado, pela primeira vez, de que você e seu navio já não podem avistar a terra?”.

Porque a sensação de dar a volta ao mundo, sentindo o ven-to, o sol e a brisa do mar no rosto, é indescritível para os vele-jadores da maior regata volta ao mundo, a Volvo Ocean Race. Para que as etapas se realizem, é necessário uma boa equipe de trabalho, principalmente de voluntários. Contudo Mickael Dominik Lazzaris, 15 anos, que trabalhou no evento, comenta que, das 600 inscrições de voluntariado, apenas 200 comparece-ram. Os voluntários não perdem tempo. Andam para lá e para cá para deixar o público bem à vontade. Para Mayckon Borgo-novo, 20 anos, trabalhar em evento como este é uma oportu-nidade única. O amante do esporte náutico de aventura teve o primeiro contato na época do ensino fundamental, quando sua escola participou de atividades oferecidas pela ONG Asso-ciação Náutica de Itajaí, e, desde então, nunca mais deixou de praticar.

Mayckon também se inscreveu para participar como volun-tário na Volvo Ocean Race Academy, um programa de incen-tivo à vela para crianças. Essa atividade paralela à regata de volta ao mundo acontece em todas as etapas do evento. Em Itajaí, ocorreu no Saco da Fazenda. Durante o evento, Mayckon trabalhou das 14h às 17h como monitor no veleiro de modelo francês Ludic, com capacidade para oito pessoas. O Ludic é um dos três veleiros trazidos pela organização, como barcos escola, à disposição dos interessados em experimentar o iatismo.

Cinema 3DSorriso nos lábios, alegria no olhar, tempo de espera, pesso-

as de todos os tipos aguardavam na fila do cinema 3D na Volvo Ocean Race, a atração que mais contou com voluntários. A es-trutura da sala com 90 cadeiras, óculos 3D e gratuita, chamou atenção dos visitantes. Lucas Krammel Motta, volúntario des-sa atração, comenta que algumas pessoas chegavam a aplaudir o documentário ao final da exibição.

Anelise Margraf

Page 8: Jornal Cobaia. Edição 113

08 JORNAL COBAIA Itajaí, maio de 2012 09JORNAL COBAIAItajaí, maio de 2012

Nando Reis traz

de sucessosa Itajaíde sucessosa Itajaía Itajaí

30 anos As primeiras gotas d’água vieram assim que soaram os acordes do violão acústico,

vindos do palco principal da Vila da Regata, em Itajaí. Como se fosse combinado, a intensidade da chuva aumentava junto com a energia daquele cara magrelo, ruivo, de calça marrom, camisa xadrez e boina. Nando Reis e os Infernais foram a atração mais esperada da noite de sexta-feira 13 na Volvo Ocean Race, maior evento náutico do mundo.

Ainda na passagem de som, começaram a chegar os primei-ros fãs do eterno titã, eles apro-veitaram para ficar na grade, lo-calizada bem em frente ao palco, para curtir o show quase “parti-cular”. Nando estava à vontade.De pés descalços e sem camisa, ele coordenava os últimos de-talhes antes do show começar. Enquanto a banda se dirigia ao camarim, o espaço destinado ao público, que possibilitava ampla circulação, foi sendo preenchi-do por casais, famílias, crianças e jovens de 16 a 60 anos. Câme-ras e celulares disparavam flashs por todos os lados. Enquanto o show não começava o jeito era se distrair de alguma forma.

A voz grossa e inconfundível do apresentador anunciava que o show iria começar. A chuva caía suavemente quando Nando Reis e os Infernais começam a tocar a primeira música. Alguns pro-curaram por um lugar coberto, outros, mais prevenidos, abriram seus guarda-chuvas em meio a multidão. E assim seguiu o show de diversidades, graças ao jeito eclético e único de Nando, que não poupou voz ao cantar melo-dias que marcaram época na sua trajetória e de outros artistas re-nomados do Brasil. Wando, Tim Maia e Roupa Nova foram lem-brados com as músicas “Fogo e Paixão”, “Gostava tanto de você” e “Whisky a go go”.

Nando também cantou com-

Sexta 13 com chuva e troca de energia com o eterno titã

Gabriela Piske*

Festival de Música

posições suas eternizadas por Cássia Eller e Jota Quest, e ain-da do tempo de Titãs. O show continuou debaixo de chuva e parecia que ninguém estava se molhando. Um grupo de amigos se abraçava e dançava perto da fila do caixa, e um casal se beijava ao som da música “Sou Dela”. O Bailão do Ruivão foi elogiado por quem passou pelo Centreventos. “O show do Nando Reis não tem o que falar! Foi muito bom”, opi-nou o publicitário Eduardo Fran-cisco, 30 anos, que veio de Penha para curtir com amigos.

Um grupo de

amigos se abraçava e

dançava perto da fila

do caixa, e um casal

se beijava ao som da

música “Sou Dela”

O trabalho de Nando Reis foi tão amplo que, após cantar tantas músicas importantes da carreira e finalizar de maneira incrível – que fez o público vi-brar – com “Marvin”, sua música voltaria à cidade no dia seguinte. Uma canção composta pelo ar-tista seria ainda ouvida no Fes-tival, através da banda Cidade Negra: “Onde você mora?” foi mais uma lembrança que Nando deixou para Itajaí.

*Jornalismo, 7º período.

O público, que veio ao show, não se importou com a água da chuva, curtindo as músicas mais importantes do cantor e compositor Mais de 30 mil fãs viveram uma noite inesquecível na Ressacada

Um show de diversidades, graças ao jeito eclético de Nando Reis e Os Infernais

Os espectadores aguardaram pacientemente o início do espetáculo para cantar os hits com Hebert Vianna

Gabriela Piske

Gabriela Piske

A 15ª edição do Festival de Música de Itajaí abre com show de um dos maiores mitos do rock brasileiro

Paralamas celebra as alegrias mais populares

O b-la-di, Ob-la-da, life goes on, braaaa, lalalala – how the life goes on! E a vida

continua mesmo. Algumas se-manas não foram suficientes para dispersar a energia acumu-lada durante aquela noite chu-vosa do dia 25 de abril, quando Florianópolis estremeceu com a presença de Sir Paul McCart-ney. Sim, ele mesmo, o cara que fumou um baseado no palácio de Buckingham, junto de seus companheiros de banda, antes de ser agraciado pela rainha da Inglaterra com a medalha da Ordem do Império Britânico. O cara que, supostamente, havia morrido em 1966, responsável por algumas das canções mais populares da história do Rock, como Yesterday e Hey Jude. Lá estava ele, o ex-Beatle com seus quase 70 anos que merecem um capítulo especial na história da música, pronto para presentear

Florianópolis estremece com presença de Sir McCartneyCrystopher Kinder*

*Relações Públicas, 1º período.

Florianópolis e seus 30 mil fãs com uma noite inesquecível.

O maior evento musical que Santa Catarina já recebeu não poderia ter começado de manei-ra diferente. Alguns fãs, obceca-dos pela ideia de conquistar um lugar privilegiado no gramado, montaram acampamento nas portas do estádio da Ressa-cada dias antes do evento. No entanto, quem chegou à Res-sacada por volta das duas da tarde, com um pouco de sorte, ainda conseguiu uma boa visão do palco. Ao contrário do que todos esperavam, Paul McCart-ney chegou ao estádio de carro, no meio de todo mundo, com os vidros abertos, arriscando até mesmo sair do veículo e cum-primentar alguns fãs sortudos. Pura simpatia.

Pontualidade britânica con-firmada, às 21h30min, Paul McCartney deu início às três

Uma hora antes do show começar, a coletiva de im-prensa com Os Paralamas

do Sucesso já estava para acon-tecer. Câmeras, microfones e gra-vadores ligados, os jornalistas aguardavam ansiosos para entrar no camarim e conversar de perto com essas feras do rock nacional. Hebert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone dispunham de apenas cinco minutos para conversar com a imprensa ávida por entre-vistas exclusivas.

O guitarrista e vocalista He-bert Vianna parecia mais acos-tumado com os microfones e respondeu à quase todas as per-guntas de forma sutil e poética. Sobre o evento, ele não teve dúvi-das e disparou: “Isso é maravilho-so. O fato de que uma atividade social, esportiva e econômica, de alguma maneira, crie um canal pra que exista uma respiração cultural da população, uma cele-bração das alegrias mais popula-res, que merece pontos de excla-mação e letras maiúsculas.”

Após 30 anos de sucesso, a banda, que integra o chamado “Quarteto sagrado do rock bra-sileiro”, agitou o público da Vila da Regata, em Itajaí, com seus incansáveis hits como “Óculos”, “Vital e sua moto”, “Selvagem” e tantos outros. Ainda durante

Bianca Escrich*

a coletiva à imprensa, o baixis-ta Bi Ribeiro comentou que a banda se conheceu durante um festival de música. Hebert Vian-na, por sua vez, relembrou a im-portância de manter esse tipo de manifestação cultural. “A música é um dos aspectos da cultura de cada país mais presentes no dia a dia e na vida prática. Quan-to mais nós pudermos investir, não só dinheiro, mas, esforços na construção dessa máquina cultural da sociedade, isso tudo vale muito a pena”.

*Jornalismo, 7º período.

horas de show, começando de maneira espetacular com Ma-gical Mystery Tour, seguida de mais 42 músicas. Dentre elas, sucessos dos Beatles como A Day in The Life, Let it Be, Ele-anor Rigby, além de suas famo-sas composições com sua banda Wings e carreira solo, como Jet, Band On The Run, Maybe I’m Amazed e, seu mais recente su-cesso, My Valentine. No último show da turnê On The Run, na América do Sul, Paul esbanjou vitalidade, pulou, berrou, dan-çou, fez piada, riu e se divertiu com o público manezinho. Este recebeu-o da maneira tradicio-nal brasileira, calorosamente cantando as músicas na íntegra, com todas as forças.

Até a próxima, Paul.

Marina Taques Panazollo

Bianca Escrich

Júlia Dourado

Page 9: Jornal Cobaia. Edição 113

08 JORNAL COBAIA Itajaí, maio de 2012 09JORNAL COBAIAItajaí, maio de 2012

Nando Reis traz

de sucessosa Itajaí

30 anos As primeiras gotas d’água vieram assim que soaram os acordes do violão acústico,

vindos do palco principal da Vila da Regata, em Itajaí. Como se fosse combinado, a intensidade da chuva aumentava junto com a energia daquele cara magrelo, ruivo, de calça marrom, camisa xadrez e boina. Nando Reis e os Infernais foram a atração mais esperada da noite de sexta-feira 13 na Volvo Ocean Race, maior evento náutico do mundo.

Ainda na passagem de som, começaram a chegar os primei-ros fãs do eterno titã, eles apro-veitaram para ficar na grade, lo-calizada bem em frente ao palco, para curtir o show quase “parti-cular”. Nando estava à vontade.De pés descalços e sem camisa, ele coordenava os últimos de-talhes antes do show começar. Enquanto a banda se dirigia ao camarim, o espaço destinado ao público, que possibilitava ampla circulação, foi sendo preenchi-do por casais, famílias, crianças e jovens de 16 a 60 anos. Câme-ras e celulares disparavam flashs por todos os lados. Enquanto o show não começava o jeito era se distrair de alguma forma.

A voz grossa e inconfundível do apresentador anunciava que o show iria começar. A chuva caía suavemente quando Nando Reis e os Infernais começam a tocar a primeira música. Alguns pro-curaram por um lugar coberto, outros, mais prevenidos, abriram seus guarda-chuvas em meio a multidão. E assim seguiu o show de diversidades, graças ao jeito eclético e único de Nando, que não poupou voz ao cantar melo-dias que marcaram época na sua trajetória e de outros artistas re-nomados do Brasil. Wando, Tim Maia e Roupa Nova foram lem-brados com as músicas “Fogo e Paixão”, “Gostava tanto de você” e “Whisky a go go”.

Nando também cantou com-

Sexta 13 com chuva e troca de energia com o eterno titã

Gabriela Piske*

Festival de Música

posições suas eternizadas por Cássia Eller e Jota Quest, e ain-da do tempo de Titãs. O show continuou debaixo de chuva e parecia que ninguém estava se molhando. Um grupo de amigos se abraçava e dançava perto da fila do caixa, e um casal se beijava ao som da música “Sou Dela”. O Bailão do Ruivão foi elogiado por quem passou pelo Centreventos. “O show do Nando Reis não tem o que falar! Foi muito bom”, opi-nou o publicitário Eduardo Fran-cisco, 30 anos, que veio de Penha para curtir com amigos.

Um grupo de

amigos se abraçava e

dançava perto da fila

do caixa, e um casal

se beijava ao som da

música “Sou Dela”

O trabalho de Nando Reis foi tão amplo que, após cantar tantas músicas importantes da carreira e finalizar de maneira incrível – que fez o público vi-brar – com “Marvin”, sua música voltaria à cidade no dia seguinte. Uma canção composta pelo ar-tista seria ainda ouvida no Fes-tival, através da banda Cidade Negra: “Onde você mora?” foi mais uma lembrança que Nando deixou para Itajaí.

*Jornalismo, 7º período.

O público, que veio ao show, não se importou com a água da chuva, curtindo as músicas mais importantes do cantor e compositor Mais de 30 mil fãs viveram uma noite inesquecível na Ressacada

Um show de diversidades, graças ao jeito eclético de Nando Reis e Os Infernais

Os espectadores aguardaram pacientemente o início do espetáculo para cantar os hits com Hebert Vianna

Gabriela Piske

Gabriela Piske

A 15ª edição do Festival de Música de Itajaí abre com show de um dos maiores mitos do rock brasileiro

Paralamas celebra as alegrias mais populares

O b-la-di, Ob-la-da, life goes on, braaaa, lalalala – how the life goes on! E a vida

continua mesmo. Algumas se-manas não foram suficientes para dispersar a energia acumu-lada durante aquela noite chu-vosa do dia 25 de abril, quando Florianópolis estremeceu com a presença de Sir Paul McCart-ney. Sim, ele mesmo, o cara que fumou um baseado no palácio de Buckingham, junto de seus companheiros de banda, antes de ser agraciado pela rainha da Inglaterra com a medalha da Ordem do Império Britânico. O cara que, supostamente, havia morrido em 1966, responsável por algumas das canções mais populares da história do Rock, como Yesterday e Hey Jude. Lá estava ele, o ex-Beatle com seus quase 70 anos que merecem um capítulo especial na história da música, pronto para presentear

Florianópolis estremece com presença de Sir McCartneyCrystopher Kinder*

*Relações Públicas, 1º período.

Florianópolis e seus 30 mil fãs com uma noite inesquecível.

O maior evento musical que Santa Catarina já recebeu não poderia ter começado de manei-ra diferente. Alguns fãs, obceca-dos pela ideia de conquistar um lugar privilegiado no gramado, montaram acampamento nas portas do estádio da Ressa-cada dias antes do evento. No entanto, quem chegou à Res-sacada por volta das duas da tarde, com um pouco de sorte, ainda conseguiu uma boa visão do palco. Ao contrário do que todos esperavam, Paul McCart-ney chegou ao estádio de carro, no meio de todo mundo, com os vidros abertos, arriscando até mesmo sair do veículo e cum-primentar alguns fãs sortudos. Pura simpatia.

Pontualidade britânica con-firmada, às 21h30min, Paul McCartney deu início às três

Uma hora antes do show começar, a coletiva de im-prensa com Os Paralamas

do Sucesso já estava para acon-tecer. Câmeras, microfones e gra-vadores ligados, os jornalistas aguardavam ansiosos para entrar no camarim e conversar de perto com essas feras do rock nacional. Hebert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone dispunham de apenas cinco minutos para conversar com a imprensa ávida por entre-vistas exclusivas.

O guitarrista e vocalista He-bert Vianna parecia mais acos-tumado com os microfones e respondeu à quase todas as per-guntas de forma sutil e poética. Sobre o evento, ele não teve dúvi-das e disparou: “Isso é maravilho-so. O fato de que uma atividade social, esportiva e econômica, de alguma maneira, crie um canal pra que exista uma respiração cultural da população, uma cele-bração das alegrias mais popula-res, que merece pontos de excla-mação e letras maiúsculas.”

Após 30 anos de sucesso, a banda, que integra o chamado “Quarteto sagrado do rock bra-sileiro”, agitou o público da Vila da Regata, em Itajaí, com seus incansáveis hits como “Óculos”, “Vital e sua moto”, “Selvagem” e tantos outros. Ainda durante

Bianca Escrich*

a coletiva à imprensa, o baixis-ta Bi Ribeiro comentou que a banda se conheceu durante um festival de música. Hebert Vian-na, por sua vez, relembrou a im-portância de manter esse tipo de manifestação cultural. “A música é um dos aspectos da cultura de cada país mais presentes no dia a dia e na vida prática. Quan-to mais nós pudermos investir, não só dinheiro, mas, esforços na construção dessa máquina cultural da sociedade, isso tudo vale muito a pena”.

*Jornalismo, 7º período.

horas de show, começando de maneira espetacular com Ma-gical Mystery Tour, seguida de mais 42 músicas. Dentre elas, sucessos dos Beatles como A Day in The Life, Let it Be, Ele-anor Rigby, além de suas famo-sas composições com sua banda Wings e carreira solo, como Jet, Band On The Run, Maybe I’m Amazed e, seu mais recente su-cesso, My Valentine. No último show da turnê On The Run, na América do Sul, Paul esbanjou vitalidade, pulou, berrou, dan-çou, fez piada, riu e se divertiu com o público manezinho. Este recebeu-o da maneira tradicio-nal brasileira, calorosamente cantando as músicas na íntegra, com todas as forças.

Até a próxima, Paul.

Marina Taques Panazollo

Bianca Escrich

Júlia Dourado

Page 10: Jornal Cobaia. Edição 113

10 JORNAL COBAIA Itajaí, maio de 2012

Vila da RegataSegurança reforçada na terra, no céu e no mar

Falta de área para estacionar carro e bicicleta

Durante 19 dias, a organiza-ção do evento não regis-trou nenhuma ocorrência

grave, apenas o furto de uma mo-tocicleta. “Isso é quase nada se levarmos em consideração o ta-manho da estrutura” – afirmou o coordenador da Codetran, Ewer-son Luiz Gama. O policiamento foi reforçado na terra, no céu e no mar. A operação conjunta contou com pelo menos 800 profissionais. Destes, 250 eram seguranças par-ticulares, contratados pela pre-feitura de Itajaí, através de uma empresa terceirizada. Só neste setor, os investimentos chegaram a 170 mil.

Para ser escolhido como um dos 10 destinos da Volvo Ocean Race no mundo, não foi fácil. A organização da Stopover preci-sou do apoio de outros municí-pios da região para mostrar que era capaz de garantir a segurança de milhares de visitantes durante a passagem dos veleiros.

Silvia de Matos, 25, por exem-plo, é de Balneário Camboriú. Ela trabalhou como segurança no lo-cal, e se surpreendeu com tudo. “Não gosto de barco, nem de

A poluição não teve vez na Volvo Ocean Race. O pou-quinho ar puro de Itajaí era

o clima ideal para quem quisesse prestigiar o evento, mas com o carro estacionado em qualquer outro lugar da rua que não fosse dentro do Centreventos. Por um lado, a iniciativa foi incrível, por outro o sincronismo das sinalei-ras é o que determinava quem iria conseguir primeiro uma vaga para o seu carro na avenida que ia de encontro com o evento.

Na tentativa de estacionar o automóvel em algum lugar pu-blico sem precisar pagar, havia quem insistisse em dar várias voltas pela mesma quadra até encontrar a melhor vaga. O que chamou a atenção foi o contrário disso. A multidão não se intimi-dou e pagou flanelinhas que esta-vam por toda a parte, próximos ao evento, e por um preço bem salgado. Digamos, tabelado, de R$10. Em geral, para o bolso vale a pena, já que os flanelinhas pro-

Mais de 800 profissionais foram mobilizados ao longo dos 19 dias de realização do evento

Multidão não se intimidou para pagar os flanelinhas espalhados nas ruas próximas do Centreventos

Douglas Marcio, Fernando Moraes, Jessica Oliveira, Ricardo de Oliveira, Antônio Sabará e Waltermiriam dos Santos*

Paula da Silva e Talita Wodzinsky*

água, mas a chegada dos veleiros foi muito bonita”.

Além do policiamento interno e externo, 12 câmeras de moni-toramento também foram insta-ladas em pontos estratégicos da Vila da Regata. Amilcar Gazaniga, presidente do Comitê Central Or-ganizador (CCO), diz que a equipe de segurança não mediu esforços para evitar contratempos comuns em grandes eventos. Dentro do parque, o policiamento foi feito a pé, diferente da área externa, onde a segurança contou com a ajuda de motos, viaturas e da ca-valaria. A Polícia Militar de Santa Catarina convocou 120 policiais. Em dias de show, o batalhão de choque foi acionado. Além de 20 agentes, a Polícia Civil estacionou duas delegacias móveis bem em frente ao Centreventos. Os veícu-los eram utilizados em operações policiais e contavam com acesso a internet. Dois delegados fizeram plantões diários.

No mar, a Polícia Federal, a Guarda Portuária e a Marinha do Brasil atuaram em rondas marítimas. A intenção era iden-tificar embarcações, e realizar

metem segurança e praticidade.A flanelinha Rosangela, de

48 anos, já estava com os braços doloridos de tanto indicar a di-reção aos motoristas do terreno, onde os carros deveriam estacio-nar. Ela lida com a situação exa-tos há vinte e cinco anos, sempre presentes em todos os eventos que acontecem em Itajaí. Ela não poderia perder a Stopover também. O terreno utilizado pertence a um senhor de 70 anos, que mora em Balneário Cambo-riú. Por noite, mais de cinquenta carros circularam pelo estacio-namento, que tem vaga apenas para vinte e oito veículos. O fatu-ramento foi de aproximadamen-te R$550 por dia. Esse valor foi dividido com outro flanelinha, que ajudava a manobrar os car-ros no terreno.

A concorrência foi acirrada, mas, todos levaram na esportiva. O estacionamento mais cobiçado foi o da Marejada, que funcionou noite e dia e contava com uma

comodidade extra para os clien-tes: lavação. Ou seja, o cliente que deixasse seu carro estacio-nado o dia inteiro no espaço ti-nha a sorte de voltar e encontrar o veículo limpo.

*Jornalismo, 4º e 7º períodos.

*Jornalismo, 7º período.

Fernando Moraes

Talita Wodzinsky

salvamentos. Lanchas, um navio patrulha e uma fragata ficaram a disposição das instituições. A lém disso, a Polícia Rodoviária Federal fez patrulhas nas BRs

101, 470 e 282. O empresário Sil-vio Rocha,42, vai sentir saudades, não só das emoções, mas tam-bém da segurança. “Acredito que a cidade nunca esteve tão segura.

É realmente lamentável que, jun-to com os velejadores, os policiais também vão embora”, alfineta o morador de Itajaí.

A iniciativa do evento foi im-portante, entretanto, esqueceu-se das bicicletas. A organização da regata não reservou nenhum espaço para guardá-las. Ficando impossível deixá-las acorrenta-

das em qualquer lugar, causando um transtorno para a comunida-de acostumada com as “zicas”.

Segurança reforçada na terra, no céu e no mar

Além de cuidar da segurança, a Polícia Militar ajudou a orientar os visitantes dentro da Vila da Regata

Terrenos, nos arredores do Centreventos, estiveram lotados durante todos os dias da Volvo Ocean Race

Page 11: Jornal Cobaia. Edição 113

11JORNAL COBAIAItajaí, maio de 2012

Vila da RegataRestaurantes quase vazios

Comerciantes ansiavam por clientes, após as 22h, horário de fechamento da Vila da Regata

Onde fica a praça de alimen-tação? Essa foi a maior in-dagação de quem entrava

no Centreventos em Itajaí. Ape-nas duas opções foram colocadas dentro do espaço e em lugares diferentes. A Au-Au Lanches, que ficou nos fundos do piso térreo, e o restaurante Trattoria, no se-gundo andar. Alguns esperavam encontrar uma praça de alimen-tação com mais variedade e reu-nidos em um só lugar. “Faltou op-ções de comida”, diz a hoteleira de Bombinhas, Simone Labis, 31 anos, enquanto observa o cardá-pio da lanchonete. Sua amiga Ali-

Os estabelecimentos gas-tronômicos, localizados na parte externa do Centre-

ventos de Itajaí, ficaram lotados na noite da sexta-feira (13), ma-cabra para alguns, mas que esta-va fluindo bem em todo o even-to. De acordo com cálculos da Polícia Militar, mais de oito mil pessoas passaram pela vila da re-gata somente neste dia. Do outro lado do pavilhão, quiosques, ba-res, lanchonetes e restaurantes ficaram lotados durante toda a noite.

A praça de alimentação se dis-tribuiu por toda a área do evento, tendo sido locado cada espaço por preços variados. Quiosques com venda de pipoca, churros, bebida especial como caipirinha, cerveja, lanches rápidos, pizzas e cachorro quente. Além das lan-chonetes menores, um restau-rante tradicional da cidade mon-tou uma estrutura diferenciada

Garçons receberam treinamento especial para melhor atender osestrangeiros, que, praticamente, não apareceram

Aline Hodecker, Roberto Dávila, Maria Cecília Largura, Ediane Souza e Karine Nunes*

*Jornalismo, 4º e7º períodos. *Jornalismo, 4º e 7º períodos.

*Jornalismo, 7º período.

Maria Cecília da Silva Largura

Grazieli Till

na extensão construída sobre o rio Itajaí-Açu. Neste local, os pre-ços não eram tão atraentes como o ambiente. “A cerveja longneck custou oito reais. Normalmente eu pago três reais em outros lu-gares”, conta Valdenir de Melo, 42 anos.

Do lado de fora, na via gas-tronômica, cardápios foram tra-duzidos, equipes reforçadas, e os garçons treinados para bem atender os turistas. Essas foram algumas das medidas tomadas por proprietários de restaurantes da Beira Rio. O Sebrae e o Sindi-cato de Bares e Restaurantes de Itajaí ofereceram aulas básicas de inglês para os garçons, que te-riam contato com os estrangeiros envolvidos no evento.

Eles estudaram, foram treina-dos, mas não puderam exercitar o que aprenderam. Orlando Tor-res, 45 anos, garçom há 25, afirma que se preparou para o evento,

mas acha que não foi tudo aqui-lo que divulgaram. “Nós fizemos curso três vezes por semana. Aprendemos como atender os turistas que, são bem exigentes. Mas nós atendemos poucas pes-soas de fora”.

De acordo com Murilo Cher-vinski, 23 anos, proprietário de uma pizzaria localizada na Beira Rio, os investimentos foram su-periores ao retorno pretendido. “Para gente não melhorou em nada. Ao contrário, o movimento piorou bastante”, afirma. Murilo comentou ainda sobre a melhora disfarçada na segurança da cida-de. Segundo ele, vários restau-rantes da Beira Rio já sofreram assaltos. Com o evento, houve constante policiamento no local. “Acho que isso é só maquiagem durante o evento. Depois tudo será como antes”, finalizou.

Sucesso da pipoca

Falta de alternativa na praça de alimentaçãoPitter Hurmann e Miriany Farias*

Cristiéle Borgonovo, Grazieli Till, Julia Dourado eNeuseli Bastos*

ce Taufer, 33, comenta que, como esse era um evento internacional, deveria oferecer outros pratos.

O Restaurante Trattoria le-vou seu cardápio padrão de car-nes e massas e agregou comidas típicas brasileiras para atrair os estrangeiros. De acordo com o proprietário Adirley Nonino, 52, levaram boa parte da estrutura existente no centro da cidade e, com isso, transformou o lugar num verdadeiro restaurante. Se-gundo ele, todas as expectativas com o evento foram alcançadas e o chope foi o carro chefe da casa. O itajaiense Cleonir Haroldo Por-

tes, 50 anos, diretor de marketing elogiou o atendimento e princi-palmente os preços práticos que estavam dentro de um padrão, Portes relatou que, em outros eventos, é comum cobrar mais caro do que o normal.

A iniciativa de oferecer ca-chorro quente aos visitantes par-tiu dos organizadores do evento segundo o coordenador da Au-Au, Renato Augusto Didomeni-co, 26. A franquia, que oferece vá-rios tipos de hot-dog, tem ainda saladas, doces e outros itens no cardápio. Didomenico comenta que o movimento é muito gran-

de, inclusive pelos estrangeiros. Afinal, cachorro-quente é um lanche praticamente universal. Outro aspecto positivo é que ele mesmo fala fluentemente inglês e espanhol, o que facilitou o atendi-mento aos clientes. A lanchonete já é conhecida pelos visitantes da região, como a advogada Morga-na Faria Philippi, 45, de Balneá-rio Camboriu. Ela diz ser cliente assídua da filial na sua cidade e logo que descobriu que havia Au-Au na Volvo, foi direto para lá.

Apesar da falta de outros lu-gares, os clientes se mostraram satisfeitos, como a professora

aposentada Suly Conceição, 56. Quase todas as noites, esteve degustando os pratos ou beben-do uma cerveja com os amigos. Suly ainda aponta como as pes-soas, principalmente moradores de Itajaí, estavam felizes com a realização da Volvo Ocean Race na cidade. Por isso, valorizaram tudo que acontecia dentro da Vila da Regata. Conceição finali-za dizendo que, nem sempre tudo é perfeito. Provavelmente, a pró-xima edição será ainda melhor e mais organizada.

Olha a pipoca, tem doce e salgada! Crianças e adultos es-colhem os sabores e vão para a fila de espera do cinema e dos brinquedos. A pipoca da Rô faz sucesso por onde

passa, declara Rosangela Rocha Santos de 39 anos, proprietá-ria dos carrinhos de pipoca “Pipoca da Rô”. Ela trabalha nesse ramo há 22 anos. Além do movimento em cada canto exterior da vila da regata que abriga parte da estrutura da Volvo Ocean Race acontece outras atrações.

Na tenda da Nestlé, quem vê Maria Aparecida Ramos cha-mar atenção do publico para comprar sorvetes e picolés, nem imagina que ela que já deu a volta ao mundo. Cida, como gosta de ser chamada, trabalha embarcada para uma agência. Nas folgas, faz trabalhos extras para complementar o orçamento familiar. Natural de Londrina, Paraná, veio para Santa Cata-rina aos 11 anos para ser babá. Cida fala inglês fluentemente, idioma que aprendeu quando foi, clandestinamente, para os Estados Unidos, onde trabalhou em um restaurante lavando pratos, e fazendo faxinas.

A vida em um show começa bem antes dos artistas tocarem seus primeiros acordes. As luzes do palco já estavam acesas e eram acompanhadas de musicas de diversos estilos. Vendedo-res ambulantes passeavam pela multidão, que ficava maior a cada minuto. Gabriela Máximo, 16 anos, e suas amigas comen-tavam entre elas as experiências adquiridas durante o evento. Indicadas por um professor, as meninas de Itajaí conseguiram um trabalho na área de recreação de crianças.

Para Aurea dos Santos, 50 anos, professora e moradora de Itajaí, a água de seu Agenor foi muito preciosa. Seu Agenor e sua esposa trabalharam todos os dias do evento vendendo água mineral e guloseimas. Em eventos como esse ele conse-gue faturar em média R$ 300,00 por dia.

Page 12: Jornal Cobaia. Edição 113

O telefone toca. É mais um ouvinte que participa do programa matinal de uma

radio blumenauense. O assun-to do dia se baseia num tema central, em que os participantes denunciam, agradecem ou rei-vindicam soluções para proble-mas nos bairros da cidade. Dessa vez, o morador não perdoa. Dona Roseli atira para todos os lados, como se fosse procurar um culpa-do pelos transtornos da rua.

- Aqui na rua Vereador Ro-mário da Conceição Badia, tem um monte de cachorros grandes. Eles vivem incomodando, latin-do e não deixam ninguém dor-mir. Ficam atacando as pessoas que vão ao trabalho. O pior é que se a gente mata um bicho desse, se incomoda”.

Dona Leonilde também liga, mas para denunciar a morte de cachorros em sua rua:

- É uma barbaridade, sabe? É o quarto cachorro que enterro.

São inúmeros animais aban-donados durante o ano. Em es-pecial no período de férias. De acordo com levantamento da Vigilância Ambiental e Zoonoses de Blumenau, não há local espe-cífico para o abandono. Porém, há lugares mais propícios como a região da Estrada do Rio Boni-to, no bairro Vila Itoupava, e nas proximidades da Toca da Onça, na Nova Esperança. “São ruas não asfaltadas, íngremes e com poucas residências. Mas tem aquelas pessoas que também abandonam em áreas urbanas”, explica Valdecir José Argenton, coordenador.

12 JORNAL COBAIA Itajaí, maio de 2012

Descaso

A sociedade de Blumenau deve discutir uma solução para reduzir a média mensal de 15 cachorros recolhidos nas ruas

Abandono de animais vira problema de saúde

Felipe Adam*

No rancho de Rogério da Silva, devoto de São Francisco de Assis, convivem 101 cachorros de várias espécies

Felipe Adam

Felipe Adam

“Para alimentar os 101 cães,

Rogério cozinha, diariamente,

16 quilos de arroz e prepara 10

quilos de ração. E o banquete é

servido três vezes ao dia

Sempre cabe mais um

De jeito simples, com uma ber-muda surrada, pés descalços e fala rápida. Rogério da Silva é um dos 60 mil moradores de Gaspar, uma cidade com costumes italia-nos, entre os municípios de Blu-menau, Brusque e Ilhota.

Ex-frentista, Rogério ganha algum dinheiro em consertos de

Dados da coordenação com-provam que são recolhidos de três a quatro cachorros por semana, uma média de 15 por mês. Argen-ton cita os critérios para recolher algum animal na rua. “Debilitado ou doente; segundo, atropelado e machucado ou, ainda, um ani-mal que contenha alguma doen-ça transmissível a outros animais ou ao próprio ser humano”. Em relação aos maus tratos, são de duas a cinco denúncias por mês. Mas o que complica mesmo é que as pessoas denunciam, mas não querem se responsabilizar pelas informações prestadas.

Por enquanto, o prédio, onde ficaria o Centro de Zoonoses de Blumenau, não está concluído. Apesar de ter saído do papel, apresenta algumas irregularida-des no projeto. Enquanto isso, cachorros perambulam pelas ruas sem eira nem beira. Mesmo diante das dificuldades, Argen-ton esclarece que seu trabalho é duro pela frieza dos casos:

- Quando ajudo e consigo reverter a situação do animal, a sensação é de gratidão e de alí-vio enorme.

máquinas e serviços de jardina-gem, mas durante anos, lutou na boleia do seu caminhão Mer-cedes – Benz MB 1318. Nascido e criado no bairro Gaspar Grande, esse senhor de 46 anos cuida de amigos e colegas que não falam a mesma língua.

- Piticooooo! Rambooo! Scooby, onde você tava, meu fi-lho? Morcego, seu fujão! Vem cá com o pai!

O carinho para com os seus 101 cachorros se baseia num sen-timento que vai além de beijos e abraços. Para ele, não existe dis-tinção entre raça e tamanho: “A gente quando gosta, a ideia não surge, isso vem espontâneo”.

No terreno, o Pastor Alemão guarda a porteira, guapecas bri-gam por um chamego do dono, Basset’s correm e rolam pelo ca-pim, Chihuahuas ficam atentos para a próxima traquinagem e os filhotes fazem a festa com o ca-darço dos calçados dos visitan-tes. Entre uma fala e outra, Ro-gério sente falta de Alemão. Fica angustiado e começa a andar para um lado e para outro. O as-sobio alto e seco tenta chamar a

atenção do “menino”. Nenhuma resposta. Mesmo assim, o dono enumera os principais casos de abandono, tentando assim dis-farçar a preocupação.

- E é isso que vês aqui. São tudo cachorros apedrejados, que quebraram a perna e a coste-la. Enforcados com fio elétrico, amarrados dentro de saco e jo-gados no ribeirão.

Durante a conversa, sabe-se do nascimento de mais três filhotes. “São mais três bocas para alimentar”, deve ter pen-sado. Para manter essa alcateia, Rogério cozinha 16 quilos de ar-roz e prepara 10 quilos de ração por dia. E o banquete é servido três vezes ao dia.

Segundo a tradição da Igreja Católica, São Francisco de Assis é o padroeiro dos animais. As-sim sendo, Rogério acredita que toda a ajuda expressada aos ani-mais vem da devoção para com o santo. E isso tudo pode ser visto no rosto cansado do samaritano. Cansado, mas feliz, por saber que a sua atitude já ajudou mui-tos animais.

- A pessoa me pega um ca-

Rogério da SilvaEstrada Geral do GarubaBairro Gaspar GrandeGaspar - SCFone: (47) 3332-4733

Quer ajudar?

chorro e aí pensa: “Pequeno é bonitinho e, depois, quando cresce, vai incomodar”. Não, o ser humano é quem incomoda. O ser humano acha que pegou, adotou, ah, não quero mais, e depois descarta como um pano velho, um papel.

A tarde cai e os animais, dig-nos amigos e filhotes por adoção, começam a silenciar no rancho a eles reservado. São quase 17h, e os cachorros se preparam para mais uma refeição. E é só ouvir o estalar dos grãos de ração tocan-do fundo o prato de alumínio, que Alemão se desperta em meio às cestas. Rogério o abraça emocio-nado, como se tivesse reencon-trado o filho pródigo, um amigo que não via há anos. Até elogia o meninão na frente dos outros.

- Se eu fosse uma menina, na-morava com você. Olha só! Como ele é bonito, gente.

Pelo carinho e pela fidelidade, não resta dúvida da gratidão e do comprometimento que os dois têm um para o outro.

*Jornalismo, 5º período.

Page 13: Jornal Cobaia. Edição 113

13JORNAL COBAIAItajaí, maio de 2012

Aventura

Nachbin respondeu às perguntas do público e

contou sobre suas experiências com a

produções do Passagem para... e Entre fronteiras

Um olharsobre o outro

O menino curioso, que cor-ria ao atlas para ver onde ficavam os países para

os quais o pai viajava, cresceu. E apareceu. Mas de um jeito bastante peculiar: por trás da câmera, e não em frente a ela. Viajando sozinho para os quatro cantos do planeta, o jornalista Luís Nachbin produz documen-tários nos quais conta as histó-rias que encontra pelo caminho. Com um detalhe importante: Nachbin produz os vídeos sem equipe, apenas com uma câme-ra na mão e os olhos atentos ao cotidiano das pessoas. O traba-lho de “repórter-abelha” - como são chamados os jornalistas que adotam essa dinâmica - rendeu a Nachbin as séries de documen-tários Passagem para... e Entre fronteiras, ambas veiculadas pelo Canal Futura.

Em Itajaí, por ocasião do ciclo de palestras sobre sustentabili-dade, integrado à programação da Volvo Ocean Race, Nachbin fez “escala” na Rádio Univali, na quinta-feira, 12, para uma entre-vista ao programa Viva Voz. Car-regando uma mala, um caderno e mil e uma histórias, o jornalis-ta esbanjou simpatia, típica de quem é feliz com o que faz, du-rante os 30 minutos em que es-teve sob o foco das câmeras da TV Univali.

Não é difícil entender os mo-tivos que levam Nachbin a ser um viajante nato. Luís veio ao mundo em meio a uma viagem dos pais. Durante a infância, frequentemente via o pai partir em viagem - sozinho - para pa-íses distantes, os quais, curio-so, procurava no mapa. Adulto, cursou comunicação para atuar como repórter esportivo de rá-dio, meio que até hoje o fasci-na. Acabou por trabalhar como repórter da TV Globo e, quando o cansaço chegou, decidiu apos-tar num trabalho independente. Preferências pessoais o levaram, inicialmente, à Índia, país com o qual ainda mantém estreita rela-ção.

Para Nachbin, o gosto por via-jar sozinho se justifica pelo grau

Luís Nachbin viaja para os quatro cantos do planeta e conta as histórias queencontra pelo caminho

Camila Maurer*

Muitas pessoas permaneceram no auditório, ao final da palestra, para conversar com Nachbin, pedir autógrafos e bater fotografias

de interferência mínimo que um viajante solitário representa no cenário que busca conhecer, ga-rantindo a espontaneidade das relações desenvolvidas nesse contexto. Sua experiência ensi-na, ainda, que o fato de estar so-zinho em um país estranho gera no morador local uma espécie de compaixão. Sentimento que facilita a aproximação e a capta-ção de histórias, proporcionan-do a “química” necessária para que os personagens nasçam. Ao dizer que é brasileiro, então... A receptividade é imediata e o papo inevitavelmente “descam-ba” para futebol.

Dificuldades também exis-tem e são diversas. A impossibi-lidade de apurar a informação e captar imagens ao mesmo tem-po é um dos fatores que tornam árduo o trabalho de Nachbin. A sobrecarga, gerada pela soma dos trabalhos físico e criativo, aliada à solidão, que, vez ou ou-tra, bate à porta, também estão entre as pedras que esse viajante encontra pelo caminho.

Adotando um modelo de tra-balho, nem sempre aceito pelo mercado do audiovisual, Nach-bin considera razoável a recep-tividade do público em relação aos documentários que produz, tendo em vista o “editismo”, isto é, a linguagem rápida e cheia de cortes, ao qual o brasileiro está habituado. Os vídeos apresen-tam narrativas mais lentas e in-timistas, que buscam proporcio-nar ao telespectador um tempo maior para absorção e digestão do conteúdo. Para Nachbin, o maior diferencial do trabalho que produz é o que fica no teles-pectador depois que ele desliga a TV: “No fim das contas, acho que alguma reflexão, algum con-teúdo fica na cabeça, no peito de quem tiver prestado o mínimo de atenção”.

O jornalista, que acabou de voltar da Tanzânia, agora se pre-para para ir à Nigéria, onde deve produzir mais um episódio da sé-rie Entre fronteiras. A diversida-de que encontra por onde passa é a motivação para arrumar as

malas, uma vez mais. “Me sinto muito motivado a cada país por-que sei que vai ser uma realida-de bem diferente da anterior que conheci”, conta. Uma das lições que o exercício de lançar um olhar sobre o outro ensina.

Janela para o mundo“Até agora eu não entendi

por que eu fui convidado para participar de um fórum sobre sustentabilidade”, confessou o jornalista Luís Nachbin ao abrir a palestra da noite de quinta-feira, 17, no Ciclo de Palestras Stopover Univali da Volvo Ocean Race. Equilibrando-se na borda do palco – dando a impressão de que cairia a qualquer momento – Nachbin dividiu com os pre-sentes algumas de suas experi-ências de anos de andanças pelo mundo em busca de algo que o fizesse feliz.

Entre vídeos e relatos, Luís mostrou ali o que sabe fazer de melhor: contar histórias. Do alto dos 47 anos que não aparenta, o jornalista narrou a própria vida, misturando experiências pesso-ais e profissionais pelos quatro cantos do globo. Enquanto, do lado de fora, a energia da mú-sica do Paralamas do Sucesso agitava a multidão, ali dentro, no auditório acarpetado, Nach-bin e suas histórias abriam uma janela com vista para o mundo. Os olhos vidrados da plateia e o bombardeio de perguntas, que se seguiu, evidenciam seu talen-to para construir narrativas ca-tivantes.

A indagação de Nachbin ao abrir a palestra talvez encontre resposta nas palavras do anfi-trião da noite, professor João Luiz Baptista de Carvalho: “Para que se tenha sustentabilidade, é preciso que se viva em uma so-ciedade mais generosa”. Gene-rosidade é tirar os olhos de si e lançar um olhar para o outro. E nisso, Nachbin é mestre.

*Jornalismo, 7º período.

Raquel da Cruz

Raquel da Cruz

Eliza Doré Eliza Doré Eliza Doré

Page 14: Jornal Cobaia. Edição 113

14 JORNAL COBAIA Itajaí, maio de 2012

ComportamentoUm adeus sem Deus

Uma reflexão sobre as mídias do futuro

A casa de dona Rosa Fernan-des sempre viveu cheia de amigos do filho Ricardo.

Na infância, eram as festinhas de aniversário, uma noite em que ele juntava a turma para assis-tir a um filme, e até mesmo para fazer os trabalhos de escola. Na adolescência, a casa era referen-cial de encontro. E, depois mais velho, era lá, na casa da mãe, que Ricardo promovia os “esquen-tas” antes de ir para festas, ou o famoso churrasco de domingo. Estava sempre arrumando al-gum motivo para reunir todos de quem gostava.

A última reunião dos amigos de Ricardo na casa de dona Rosa parecia qualquer outra. Gente animada rindo alto pelos corre-dores e em torno da piscina. Mú-sicas de bom gosto escolhidas pelo próprio anfitrião, além de comida e bebida. Mais uma festa, sim, só que, desta vez, Ricardo não estava lá rindo, servindo os

A necessidade de se comu-nicar sempre existiu na natureza do ser humano,

seja para simplesmente indicar um ponto geográfico por onde já tenha passado ou para situa-ções como expressão de sua rai-va, frustração, medo e desejos. Quando começou a experimentar a convivência em grupos maiores, o ser humano, provando de sua natureza evolutiva, precisava ga-rantir a sua sobrevivência e dos demais membros do seu grupo, o que lhe obrigava a se comunicar com os outros integrantes. Nun-ca saberemos ao certo o que le-vou o homem, durante sua longa evolução, a viver em grupos. Po-rém, sabemos que este é o ponto crucial para a criação de sistemas de comunicação.

Antes de abordarmos a evolu-ção das mídias e suas ferramen-tas, faz-se necessário a definição desta. De forma simples, “mídia” é um canal ou uma ferramenta utilizada para a transmissão de informações. O homem procu-rava a comunicação por meio de palavras - mesmo sendo capaz de emitir apenas sons ou grunhidos -, gestos e, posteriormente, procu-rou se expressar através de sím-bolos. Se relevarmos o conceito

Sem preces, figuras religiosas, ou esperança de outra vida.Uma despedida transformada em uma festa

Morgana Bressiani*

Gabriel Soares Miranda*

amigos ou importunando as ir-mãs mais novas para usarem rou-pas maiores. Também não estava ali implorando para a mãe sair da cozinha e se juntar aos demais convidados. Na verdade, Ricardo estava lá, no centro da sala, em sua última festa. Era um adeus à família e aos amigos, num velório planejado por ele mesmo.

Aos 29 anos, Ricardo desco-briu um tumor no cérebro. Os médicos explicaram sobre os riscos e as complicações que a cirurgia traria, e, mesmo assim, ele resolveu arriscar. A cirurgia correu bem, entretanto houve complicações no pós-operatório. Enquanto a mãe, católica fervo-rosa, inconsolável, rezava por um milagre, Ricardo, ateu declarado desde os 11 anos, resolveu acei-tar o destino. O último pedido feito para dona Rosa foi planejar a sua festa de despedida.

À Dona Rosa coube acatar o último desejo do filho. “Ele me

disse que velórios são apenas para os vivos. Quem se vai não se importa se vai haver flores, ou quem vai chorar. É uma reunião social, ele dizia”, explica a mãe. Sem flores, figuras religiosas ou roupas pretas. Na mesa de cen-tro da sala, a urna escolhida por Ricardo. Trata-se da mais alegre que encontrou, e está ao lado um porta retrato com sua foto prefe-rida. Não houve discursos tristes. Como um adeus, os amigos con-tavam suas melhores histórias com Ricardo: uma festa, uma viagem, um aniversário. Lem-branças para confortar quem fi-cou entre lágrimas e saudades.

“Ricardo era o tipo de pessoa que diria: ´Me defenda, caso fa-lem de mim como um monstro. Mas também não deixem pen-sar que fui um anjo´”, lembrou a melhor amiga, que, apesar das lágrimas, manteve o sorriso que prometeu à ele. Dona Rosa não mudou sua opinião. Tem certe- *Jornalismo, 7º período.

*Publicidade e Propaganda,4º período.

Ateu convicto, Ricardo não aceitou a realização de cerimonial religioso

de mídia de hoje e a entendermos como o simples canal de trans-missão de mensagem, neste caso, a pedra deste exemplo seria uma mídia. Embora os conceitos mais modernos da palavra talvez digam respeito a tecnologias e meios de comunicação, a raiz é a mesma. Em termos práticos e exemplifi-cando nosso conceito, a televisão é uma mídia, assim como um ou-tdoor na estrada e o panfleto que você recebeu quando estava indo à padaria pegar pão.

O jornal do alemão Gutenberg é a mídia impressa antiga mais utilizada nos tempos modernos, principalmente em tempos acele-rados, quando não paramos para – ou não queremos – ler um jor-nal ou revista – assumindo, nes-te caso, que seja uma revista de cunho cultural e não de fofocas (embora esta também seja uma mídia). Em dias em que tempo é algo tão veloz e cada vez mais es-casso, as mídias foram forçadas à adaptação. Daí o surgimento das mídias online (mídias da inter-net), dos canais por assinatura, do marketing de guerrilha que utiliza mídias alternativas em suas ações, e de outras tantas que nos circundam nas avenidas congestionadas, calçadas, shop-

pings, mercados e até os meios públicos de transporte. Se con-siderarmos que a raça humana cresce de forma assustadoramen-te veloz e que possivelmente seu sobrinho de 8 anos entende mais de iPhone do que você, pensar na mídia do amanhã é uma tarefa di-fícil e preocupante, além de exi-gir doses de criatividade e horas de conversa com crianças sobre Max Steel, Os Jetsons, Futurama e alguns filmes futuristas.

Hoje, você, ao se inscrever em um site, já tem opções de assi-nar informativos com assuntos que lhe interessam. O conteúdo, assim como a mídia, também é impactado por esta aceleração

do mundo moderno. Aventure-mos-nos, agora, em um exemplo fictício de uma nova mídia. Você acorda e a primeira coisa que faz é abrir a janela do seu quarto. Você não aperta em nada, sim-plesmente comanda: “vamos ver como está o dia”. As cortinas se abrem e uma voz delicada come-ça a lhe informar da previsão do tempo. Baseada em suas prefe-rências já gravadas anteriormen-te – possivelmente quando com-prou o programa – e no histórico de suas compras, a voz lhe sugere: “temos algumas ofertas de bol-sas, sapatos e restaurantes hoje, Joana, você as quer ouvir?”. En-quanto você está indo ao armário escolher sua roupa, a voz anuncia uma oferta de bolsa que lhe inte-ressa e você replica: “quero ver esta bolsa”. Instantaneamente, seu espelho mostra a bolsa, bem como as possíveis variações do modelo para que você, em tempo real, na privacidade de seu quar-to, possa escolher o modelo e cor que mais combinam com seu ves-tido comprado semana passada. Essa mídia poderia ser batizada de “porta a porta 2.0 realtime”, versão moderna – e de nome su-gestivamente complicado para que você se atrapalhe com sua

“O jornal do alemão

Gutenberg é a mídia

impressa antiga mais

utilizada nos tempos

modernos

terminologia – do porta a porta de hoje, em que o vendedor vai até sua casa para lhe oferecer um produto.

Mídias como esta estão mais perto da realidade do que se pos-sa imaginar. Hoje, já existem tec-nologias que permitem a projeção de imagens em superfícies como vidros e programas de automa-ção residencial que agem por co-mandos de voz que podem, inclu-sive, ser programados através de telefones celulares. O surgimento dessas novas mídias é excitante e pensar em suas aplicações e possibilidades é mais ainda. Em-polgante, sim, preocupante tam-bém. Os problemas que novas mídias podem gerar, questões éticas como invasão de privaci-dade e outras tão importantes quanto, como problemas sociais, de recursos naturais, de saúde e saúde psicológica. Imaginar é fá-cil, criar com responsabilidade é uma tarefa que, até onde vemos, não conseguimos por completo. Se poderemos nos proteger do futuro ou se saberemos usar as ferramentas com prudência e in-teligência, só o amanhã saberá.

za de que o filho está com Deus, mas respeita a decisão do filho. Para ela, ele transformou o mo-mento mais triste, no que fazia a vida toda, uma festa para todos. “É uma última homenagem que lhe prestamos. Nada mais justo

do que realizar seus desejos. Ele permanece envolto em nosso ca-rinho. Sempre lembraremos do bem, da ajuda, da amizade que tivemos dele”.

Morgana Bressiani

Page 15: Jornal Cobaia. Edição 113

15JORNAL COBAIAItajaí, maio de 2012

Passarelas

Lauro Correa Junior e Caroline Zarske*

A Fisioterapia há tempos, vem buscando modos de preven-ção quanto à postura adequada nos vários setores de tra-balho humano. A música é uma das áreas pouco comenta-

das quanto à postura durante o trabalho, porém uma postura correta aumenta a qualidade das apresentações.

Um músico sabe que a voz muda de acordo com as situações boas e ruins que passa. Qualquer desarmonia pode diminuir o rendimento do profissional, por isso, o mais difícil na profissão é tentar harmonizar as emoções e ansiedades com os distúrbios corporais dolorosos.

As alunas do curso de Música da Univali, Rafaela e Marcela, participaram do programa de reeducação postural estabelecido entre o curso de Música e de Fisioterapia da Univali, desde o 2° Semestre do ano de 2011. Sabem que o primeiro obstáculo a ser vencido é a timidez e a dificuldade de apresentação, pois alguns músicos e instrumentistas, que se apresentam sentados ficam em uma posição com os ombros caídos prejudicando assim a co-luna, e também a voz. Dificultam a respiração correta, por que, nessa posição, os músculos da respiração se comprimem fazen-do com que a respiração seja feita com maior dificuldade e a voz flua com menos propriedade, prejudicando a apresentação. No caso do instrumentista, o problema pode ser maior devido ao peso dos instrumentos, as posições exigidas para segurá-los e também pelos movimentos repetitivos que podem causar alte-rações crônicas.

Já vimos, então o que a má postura pode causar, mas o que podemos fazer para ter uma boa postura na apresentação?

Começando pelos pés. Eles devem estar confortáveis, e o peso do corpo deve ser distribuído igualmente pela borda ex-terna dos pés. Os músculos do corpo devem estar relaxados, principalmente os da região do pescoço e ombros, onde os mús-culos são muito importantes para a respiração e a sonoridade. A cabeça bem equilibrada e a coluna reta, como se existisse uma linha bem no centro da cabeça segurando-a. Quando os braços estiverem livres, podem ser usados para se comunicar com o pú-blico e se expressar.

Para os que trabalham sentados, o importante é manter as curvas da coluna, apoiar os pés totalmente no chão, e posicio-nar, de um jeito confortável, o instrumento. Tendo em vista que uma performance em pé seja melhor, comparada com uma sen-tada, pois em pé e os vícios da má postura são mais difíceis de acontecer. Alguns exemplos de vícios ao tocar sentado: encolher os ombros, cruzar as peras, esticar as pernas para frente, segu-rar a cadeira com as pernas.

Lembrando que a postura está no nosso dia a dia e é de nos-sa responsabilidade corrigi-la para não nos depararmos com consequências futuramente. No caso dos músicos, a Fisiotera-pia ajuda a trabalhar a consciência corporal, o equilíbrio, e a resistência, trabalhando em conjunto com os fatores psicológi-cos pessoais, assim visando aumentar o rendimento, não só do musico, de qualquer trabalhador, trazendo uma postura correta prevenir problemas futuros.

*Fisioterapia, 3º período.

Saúde

“Para os que trabalhamsentados, o importante émanter as curvas da coluna, apoiar os pés totalmente no chão, e posicionar, de um jeito confortável, o instrumento

No ritmo da Fisioterapia

Você escreve e quer participar deste espaço?Entre em contato com a gente!E-mail: [email protected]

Novo formato paraa moda catarinense

O principal evento de moda da região do Vale do Itajaí pôde ser apreciado pelo

público em seu novo formato, inspirado nas semanas interna-cionais de moda. Realizado nos dias 17, 18 e 19 de maio, o evento teve a estrutura montada no hall central do Balneário Camboriú Shopping, com desfiles de 40 em 40 minutos. Lojistas, convidados especiais e o público em geral pu-deram acompanhar o que estará em alta nas vitrines do próximo outono/inverno.

A novidade da comunicação do evento foi o convite, que, em homenagem à sétima arte, lem-brava os bilhetes de entrada dos cinemas e outros elementos ce-nográficos. Já marcas conceitu-adas, como Puramania, Angel, Renner, Exco, Dudalina Double, Planet Girls, Beagle e também as Infantis Lilica & Tigor e Ticket, deram uma prévia das principais tendências para a estação mais fria do ano.

Mix de texturas, brilhos e couro colorido deixaram a pas-sarela mais divertida. Entre as principais tendências apresen-tadas, destaque para o chapéu, um acessório muito em uso na Europa. E promete agora fazer as cabeças em Santa Catarina. Além das roupas, houve também um desfile exclusivo de joias, da

Os desfiles do Balneário Fashion Show aproximam público leigo das cores e tendências para a próxima estação do ano

Gerusa Florêncio*

designer Bárbara Santana, onde grandes pedrarias em tons que variam do preto ao verde e azul, deram um brilho todo especial à passarela.

Para Alexandre Padilha, di-retor artístico do evento, a moda está cada vez mais democrática e

essa evolução precisa ser acom-panhada. Pensando neste con-ceito, o Balneário Fashion Show aconteceu de forma brilhante e aproximou muito mais o público da moda e das tendências.

Para o diretor artístico do Balneário Fashion Show, Alexandre Padilha, a moda está cada vez mais democrática

Marcas famosas de Santa Catarina estiveram presentes no eventorealizado no hall central do Balneário Camboriú Shopping

*Relações Públicas, 1º período.

Gerusa Florêncio

Gerusa Florêncio

Page 16: Jornal Cobaia. Edição 113

16 JORNAL COBAIA Itajaí, maio de 2012

CinemaAlmodóvar surpreende com A Pele que Habito

Pedro Almodóvar é um dos diretores europeus mais respeitados, mas não ousa

em suas películas já faz algum tempo. Em A Pele Que Habito, contudo, Almodóvar retorna incrivelmente pirado e surtado num conto de suspense e muitas surpresas.

Almodóvar entregou pouco na divulgação do longa-metra-gem. O que sabíamos era que Robert (Antonio Banderas) era um cirurgião plástico e havia uma mulher envolvida. Era basi-camente isso que se tinha notí-cia. Contudo, a trama de A Pele Que Habito é muito mais ampla e sombria do que isso. Aliás, é algo bem doentio, se me permi-tem dizer.

Robert mantém Vera (Ele-na Anaya) trancafiada em um quarto de sua casa. O cirurgião é um dos poucos que realizou uma operação de mudança de rosto no mundo inteiro. Nesta sua especialização plástica, ele está desenvolvendo um tipo de pele mais resistente, que pode-ria impedir até mesmo a picada de um mosquito da malária. O problema é que na composição é utilizado sangue de animais vi-vos e isso vai totalmente contra a bioética. Entretanto, isso não é o suficiente para impedir Robert de ir além nesta sua jornada.

Para conseguir testar seu ex-perimento, ele precisa de uma cobaia humana, que vem a ser Vera. Inicialmente, Vera é ape-nas uma mulher qualquer. Nos primeiros minutos de metragem, é possível ver que a personagem é um tanto perturbada. Ela logo tenta se matar, mas não conse-gue. Por que ela foi a escolhida como cobaia? Por que é manti-

Novo longa-metragem do diretor espanhol aborda o lado sombrio do homem obcecado pelo avanço da medicina

Rodrigo Ramos*

O ator Antonio Banderas interpreta o cirurgião plástico Robert, que desafia os limites da ética e da humanidade em suas experimentações pessoais

da presa? Quais os segredos por trás desta pele que ela habita? Estas são respostas que não me cabem contar, pois estragaria muita coisa sobre o filme.

Almodóvar conduz este lon-ga-metragem com a coragem que lhe faltava nos últimos anos. Do início até os minutos finais, A Pele Que Habito deixa o espec-tador aflito, inquieto e perturba-do. Os personagens parecem ser uma coisa e descobrimos que há máscaras encobrindo a verdade naqueles rostos.

Tomemos a personagem fe-

minina da trama. Aliás, Almodó-var sempre dá um jeito de cruci-ficar de alguma forma a figura da mulher e tomá-la como heroína. Vera parece ser inocente, triste e até mesmo adorável. Então vol-tamos no tempo, seis anos atrás. Lá, descobrimos os motivos que levam Robert a fazer o que faz (a certo modo, justificável, mas depois torna-se algo doentio) e o que Vera fez para transfor-mar-se nisso que ela é agora. O diretor faz questão de ressaltar este flashback e, depois, volta ao presente. Nem precisava, mas

não é pretensão dele confundir o espectador em um filme onde o foco está longe de ser este.

Almodóvar realiza aqui um resgate daquele espírito do ver-dadeiro suspense. Aquele em que você não precisa de sustos, mas cria situações de aflição, deixan-do o espectador tão perturbado quanto a trama. Quem gostava de fazer isso era Hitchcock. As-sim como este, o diretor espanhol mostra que há espaço para este nicho dentro do gênero. A Pele Que Habito é cheio de surpresas e, a cada revelação, o espectador

fica ainda mais abismado e até mesmo nauseado.

Em parceria com Antonio Banderas, presente em vários fil-mes do diretor nos anos 80 e 90 (o último foi Ata-me), Almodó-var prova porque merece respei-to e continua a manter o status de diretor intrigante, que transi-ta entre gêneros e concebe obras originais que somente sua mente seria capaz de criar.

O diretor espanhol

Pedro Almodóvar

sempre dá um jeito

de crucificar, de

alguma forma, a

figura da mulher e

tomá-la como

heroína

*Jornalismo, 5º período.

Divulgação

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