cobaia | #107 | 2010

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Cobaia #107 | Dezembro | 2010 | Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo - Univali Alta do IPCA eleva preços de produtos típicos do verão Subiu, e agora? É VERÃO no litoral Taquarinhas vale ouro: ambientalistas e construtora travam luta na Justiça por uma das mais belas praias da região | 11

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Existem muitas obviedades num verão tropical. A primeira delas é o calor abaixo do equador, do qual não escapam nem mesmo regiões mais ao sul do Brasil, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul. De dezembro a março, a população do hemisfério sul do Globo Terrestre muda de hábitos e de costumes, passa a dormir menos, se alimenta menos e com menor qualidade, passa cada vez menos tempo em casa e, em consequência, provoca muito mais exageros.

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Cobaia#107 | Dezembro | 2010 | Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo - Univali

Alta do IPCA eleva preços de produtos típicos do verão

Subiu, e agora?

É VERÃOno litoral

Taquarinhas vale ouro: ambientalistas e construtora travam luta na Justiça por uma das mais belas praias da região | 11

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Participaram desta EdiçãoAlberto César Russi, Aline Cristina Siegel, Aline Hodecker, Daira Gomes, Eduarda de Jesus Clau-dino, Grazieli Terezinha Till, Karine Nunes, Le-onardo Régis da Luz, Leonardo Wosiak, Walter-miriam Alves, Maycon Cosme, Maria Cecília da Silva, Mariana de Souza Feitosa, Naiara Candi-do, Patrícia Cancelier, Raquel Zubiaurre e Ricar-do Oliveira.

Cobaia Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da UNIVALI

EditorSandro Lauri GalarçaReg. Prof. 8357 MTb/RSProjeto Gráfico/CapaSandro Lauri GalarçaEstagiárioRafael Huppes Piassini Ensaio FotográficoDiogo de Sousa Campos

Alberto César Russi

E ditorial

Sandro Galarç[email protected]

Quando o verão dita a pauta

Pela primeira vez reunidos em um único CD,16 grupos e intérpretes itajaienses expõem seus respectivos trabalhos no disco “Pirão Catarina”. O título é homônimo ao programa da Uni-vali FM, o qual lhe deu origem. Pirão Catarina está no ar desde março de 2000, sob a batuta da jornalista e professora Liza Lopes Corrêa, com produção de acadê-micos do curso de Jornalismo da Univali. É Liza quem abre a

Música itajaiense para todos os gostos

Existem muitas obviedades num ve-rão tropical. A primeira delas é o calor abaixo do equador, do qual não escapam nem mesmo regiões mais ao sul do Bra-sil, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul. De dezembro a março, a popula-ção do hemisfério sul do Globo Terrestre muda de hábitos e de costumes, passa a dormir menos, se alimenta menos e com menor qualidade, passa cada vez me-nos tempo em casa e, em consequên-cia, provoca muito mais exageros.

Daí pensamos como um jornal especial de verão pode servir como uma maneira in-teligente de sair da mesmice, do cotidiano das pau-tas que abordam o verão, o calor e tudo o que decorre do clima quente dos trópicos sul-americanos. Surgem, no pri-meiro período de jornalismo da Univali, as primeiras dúvidas: o que é uma pau-ta e como fazê-la já de primeira? Quais assuntos soam menos factuais para um jornal mensal? Como abordar um assun-to tão importante com tão pouca experi-ência de redação e pauta?

Auxiliados pelos professores das dis-ciplinas de Introdução ao Jornalismo, Técnica de Reportagem e Jornalismo In-formativo, os repórteres de primeira via-gem produziram suas pautas, apuraram suas matérias e foram a campo na tarefa mais nobre do jornalismo: reportagem. Ainda que de uma maneira iniciante, to-

dos puderam praticar um pouco do que a vida profissional vai-lhes oferecer de-pois de formados. Agora, ainda no pri-meiro semestre de academia, a experiên-cia lhes foi útil para romper a timidez, disparar a primeira pergunta e organizar tanta informação de uma só vez. A agi-tada vida de quem precisa pautar-en-trevistar-apurar-escrever-editar, nosso fazer cotidiano, teve o apoio das discipli-nas teóricas e dos professores do primei-ro semestre do curso.

Assim, nasceram matérias mais objeti-vas e outras mais apro-fundadas. Algumas pautas recorrentes ga-nharam atualização, outras com aborda-gens diferenciadas deram um toque todo especial a esta edição temática que pensa em como enfrentamos mais um verão em nossas vidas.

A temporada de transatlânticos e o tu-rismo oferecido pelos cruzeiros, cada vez

mais em moda no país, o convívio nada amigável com o mosquito que atrapa-lha nossas noites de sono, os preços das mercadorias que disparam em nossa re-gião litorânea – e que vive dos turistas e de seu consumo durante a temporada – foram destaque em nossas páginas. Os calouros de jornalismo ainda produziram matérias sobre o cuidado com os animais neste período mais quente do ano, os esportes de verão, as profissões e suas particularidades e a vida de doentes que não podem passar muito tempo em fé-rias, como os diabéticos, dependentes de tratamentos em hospitais. Essas e outras preocupações jornalísticas você acompa-nha a partir de agora. Seja bem-vindo!

apresentação do álbum escre-vendo - “tem rock, tem pop, tem reggae, tem MPB – O CD Pirão Catarina – Edição Itajaí apre-senta uma amostra do que há de melhor na produção musical ca-tarinense, mais especificamente na cidade de Itajaí”.

O álbum foi lançado oficial-mente no dia 3 de dezembro, no auditório do Porto de Itajaí, du-rante show ao vivo que contou com a participação de alguns cantores e grupos que integram essa obra histórica. O disco tem o apoio do Porto de Itajaí, Fun-

dação Cultural de Itajaí, Univali, Lei de Incentivo à Cultura, Fun-dação Cultural de Itajaí, Prefei-tura de Itajaí e cursos de Comu-nicação Social da Univali.

Em síntese, é resultado de várias edições de um programa que se dispõe a abrir espaços para o talento local. Traduzida em CD, essa versão peixeira do Pirão Catarina é também um marco pioneiro na história da “culinária musical catarinense”. Reflete igualmente o pensamen-to da Univali FM ao dar espaço a estilos musicais heterogêneos

onde o que mais importa é a qualidade. A água foi fervida, a farinha acrescentada, e a mistu-ra ficou pronta. Agora, o pirão está sendo servido para ficar na história da música de Itajaí, de Santa Catarina e do País.

Na verdade, desconheço ou-tro disco, com carcaterística lo-cal, que tenha incluído em seus acordes tantos músicos, cantores e compositores de uma só vez e com generosa diversidade e ten-dências. Creio ser um marco na história da música em terras bar-riga verdes. É o Pirão Catarina

litorâneo. E agora é só perguntar: se “quéx” com peixe, linguiça ou carne seca, afinal sua diversidade permite que seja oferecido assim: para todos os gostos. Durante 10 anos, alunos do curso de Jornalis-mo da Univali, liderados por Liza, foram à bica para pegar água e ao engenho, à procura de farinha. Colocaram a água a ferver e a ela juntaram a farinha. O resultado foi o saboroso Pirão Catarina em sua versão musical prontinho para ser degustado. Agora cabe também a pergunta: “se quéx, quéx, se não quéx, dix, ixtepor”.

Um jornal especial de verão pode servir

como maneira inteligente de sair

da mesmice

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Participaram desta EdiçãoAlberto César Russi, Aline Cristina Siegel, Aline Hodecker, Daira Gomes, Eduarda de Jesus Clau-dino, Grazieli Terezinha Till, Karine Nunes, Le-onardo Régis da Luz, Leonardo Wosiak, Walter-miriam Alves, Maycon Cosme, Maria Cecília da Silva, Mariana de Souza Feitosa, Naiara Candi-do, Patrícia Cancelier, Raquel Zubiaurre e Ricar-do Oliveira.

Cobaia Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da UNIVALI

EditorSandro Lauri GalarçaReg. Prof. 8357 MTb/RSProjeto Gráfico/CapaSandro Lauri GalarçaEstagiárioRafael Huppes Piassini Ensaio FotográficoDiogo de Sousa Campos

sxc.hu

Animais exigem mais cuidados no verãoNossos amigos também sofrem com as altas temperaturas deste verão e mercem cuidados especiais para manterem a saúde em dia

Grazieli Terezinha [email protected]

É sempre bom lembrar que não se deve viajar com animais menores de três meses de idade, se isso for necessário. A caixa para o transporte deve ser de fibra, com tamanho suficiente para que o cão possa se virar ou ficar de pé, não cami-nhar nos horários mais quentes do dia, não se esquecer de trocar a água do ani-mal ao longo do dia.

Fique atento

Com a chegada do verão, é preciso redobrar os cuidados com a saúde dos animais de esti-mação, principalmente os cães. A estação é o paraíso dos insetos e, consequentemente, dos parasi-tas. Carrapatos, pulgas e piolhos são um tormento e um perigo para o cão, pois podem transmitir doenças como a verminose por Dipilydium canino (pela pulga) e Babesiose e aEliquiose (pelo carrapato). Nesta época do ano também são muito frequentes as alergias, devido ao calor e à umi-dade, como informa o médico ve-terinário Glauber Gelsieichter.

Glauber explica que os cães têm sensibilidade maior que os gatos, por isso são mais fáceis de ter problema de pele. “É in-dicado usar sempre o filtro solar próprio para animais”, alerta. O médico orienta que os animais mais peludos precisam ser tosa-dos, e todos devem tomar banho uma vez por semana, para que os parasitas não se proliferem. A dona de casa Maria Aparecida Dalbosco já se prepara para re-dobrar os cuidados com os dois cães que possui. Cida, como é

mais conhecida, diz estar atenta ao calendário de banho deles.

Férias adequadas também para eles

Para muita gente que tem um animalzinho, a aproximação do período das férias traz sempre o mesmo dilema: onde deixar o cão enquanto a família viaja? Embora seja comum hoje em dia as pesso-as levarem os animais de estima-ção nas viagens, nem sempre isto é possível e elas acabam pedindo ajuda de um vizinho, amigo ou parente para tomar conta dos bi-chos. Mas a moda agora é hotel e babá. Este é um negócio que também se expande e oferece novas alternativas. As “babysit-ter” visitam os animais em suas residências durante a ausência dos donos, e os hotéis oferecem todos os cuidados necessários e ampla área livre para conforto do animal.

A proprietária de um pet shop, Maria Cristina Leonardo, 37 anos, diz que para se hospe-dar, o animal precisa estar vaci-nado e com proteção contra pul-gas e carrapatos. Ela aconselha o dono do animal a visitar o canil antes de fazer a reserva, sempre com antecedência, pois o animal precisa de um período para adap-tação.

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Colônia de férias

Nesta época em que as aulas acabam, lugares especiais para deixar os filhos são uma opção

segura e cada vez mais divertida

http:// casaartevida.org.br

Karine [email protected]

O que fazer com a garotada quando as férias dos pais não coincidem com o recesso esco-la? Esse dilema é enfrentado por muitas famílias todos os anos. Os pais trabalham onde não dá para viajar durante os dois me-ses sem aula.

Uma boa opção para o pro-blema costuma ser a colônia de férias, alternativa que ocupa as crianças durante o horário que estariam em aula, ao longo de aproximadamente quatro sema-nas. Estas colônias trabalham com atividades coordenadas por profissionais especializados em atendimento ao público infantil.

São implantadas progra-mações específicas, diferente do ano letivo, neste período as crianças têm o dia inteiramente preenchido por diversas ativida-des. Os alunos costumam des-frutar de oficinas de culinária, oficinas de materiais reciclados, fazem passeios a bairros próxi-mos, clubes e pontos turísticos da cidade.

A auxiliar de coordenação Maria da Paz Silva, 47, do Cen-tro Educacional Rosemary Klo-ck, situado no bairro Dom Bos-co, nos explica que neste ano a chamada colônia de férias pas-

sou a ser intitulada de plantão de férias, que acontece entre os dias 03 de janeiro a 3 de feverei-ro, em período integral, em toda a rede municipal. “A procura por este serviço é grande, cerca de 60% dos alunos permanecem nas creches durante o período de recesso escolar. Neste ano as matrículas já foram feitas. Nos-so objetivo é atender às neces-sidades dos pais que trabalham neste período”, conta Maria da Paz.

Em Itajaí, as creches são se-paradas em zoneamento, nem todas as unidades oferecem o serviço. Enquanto algumas creches fecham no período de férias, outras recebem os alu-nos destas entidades. A coor-denadora infantil Juliana Fur-man, 32, garante que nenhuma criança matriculada nos centros educacionais municipais ficará sem vaga.

Nas creches particulares as programações são as mesmas. Os preços do serviço variam de acordo com o número de sema-nas que a criança permanece na colônia. Os valores são na faixa de R$ 100 por semana.

Cada creche tem sua ma-neira de trabalhar. No Centro Educacional Gênesis, no bairro São João, os pais que precisam deixar os filhos sobre cuidados dos profissionais do centro não

vão desembolsar nada a mais pelo serviço. A mensalidade é cobrada normalmente, sem acréscimos. Os pais optam por deixarem ou não os filhos na creche. De acordo com a profes-sora Bruna Fernanda Beraldo, 26, no Gênesis o serviço é pres-tado apenas para alunos já ma-triculados, sem haver a abertura de novas vagas.

De acordo com a professora Ariane Cardozo, 24, o comporta-mento das crianças que partici-pam das colônias sofre alterações: uns ficam mais elétricos e outros mais chorões. “Algumas crianças se mostram mais frágeis, dizem que queriam estar na praia ou em casa com os pais como alguns amiguinhos. Outros não param um segundo, pois trabalhamos muito com recreações”.

Para os pais, esta opção de lazer para os filhos enquanto eles estão em recesso escolar é muito viável, "porque além de diversão as crianças sempre aprendem algo extracurricular", conta a mãe de um aluno, Vera Victorino, 32.

Ainda para os pais nas quais as creches não oferecem o ser-viço de colônia de férias, tem a opção de procurarem o Sesc em Itajaí, que estará com as matrí-culas abertas a partir da segun-da semana de janeiro, e aceita crianças de um a seis anos.

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Raquel Zubiaurre [email protected]

Vira pra cá, vira pra lá. Mal pegou no sono e ele aparece. Não deixa ninguém dormir. Um carneirinho, dois carneirinhos, três carneirinhos. Volta a dormir, pega no sono finalmente, mas ele surge de novo. Agora são vá-rios. Ataque aéreo. Zziiiiiiiiiiiii, zziiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Parece filme de guerra. Travesseiro voa como um míssil teleguiado. O arremesso certeiro abate meia dúzia. As marcas de sangue denunciam a chacina.

A noite foi longa. No dia se-guinte, além das olheiras, o ras-tro de picadas semelhante a uma sequência de metralhadora, além da irritante coceira. Pior de tudo é que o chato do sugador não é o mosquito e sim a “mosquita”, já que neste caso é apenas a fêmea que pica. O alento para as noites mal dormidas é que essa vampi-ra voadora vive apenas por 24h.

Chega o verão e com ele uma invasão de mosquitos. Tudo bem que no equilíbrio da cadeia bio-lógica ele tenha a sua importân-cia, mas o que fazer para convi-ver com este inconveniente sem agredir a natureza e a saúde? A dona de casa Rosina Jesus de Borba, 73, utiliza um meio alter-nativo para se livrar dos insetos. No lugar das pastilhas de inse-ticidas, coloca casca de laranja no aparelho elétrico que, além de espantar o inseto, deixa um aroma agradável no ambiente. Já a aposentada Sônia Gonçal-ves, 63, optou por uma solução mais popular: colocar telas nas janelas de sua casa, para evitar a entrada dos artrópodes.

Outra técnica simples e efi-caz – isenta de componentes defensivos – é conservar mudas de citronela nos locais de grande concentração de mosquitos (bei-ra de rios, sítios) e próximas às aberturas do domicílio. O Clube de Campo Itamirim, de Itajaí, utilizou este método. Plantou

Alternativas eficazes sem agredir o meio ambiente

Fonte: http://boaluz.com.br/mosquitos

mais de centenas de mudas e solucionando 80% do problema causado pelo inseto, conforme afirma Élio Ramos, gerente ope-racional do clube, que destaca que continuarão cultivando as mudas de citronela.

O professor Rene Arthur Ferreira, da disciplina a Farma-cognosia do curso de Farmácia, da Univali, explica que tanto a casca da laranja quanto a citro-nela possuem um óleo essencial aromático, de efeito repelente, liberado pela planta através do cheiro, o que afasta os mosqui-tos. O óleo concentrado libera pequenas gotículas a partir do momento da ruptura celular por trauma (quebra) ou por aque-cimento. Essas substâncias são expelidas pela planta, e ao en-trar em contato com o ar trans-formam-se em gás, tomando conta do ambiente.

Rene indica o uso das folhas secas da citronela diretamen-te nos aparelhos elétricos. Para isso, devem-se deixar as folhas uma semana à sombra secando, assim perdem a umidade. A fo-lha seca já eliminou a água, e as substâncias ativas ficam retidas. Quando colocadas no aparelho, ao esquentar vão exalar o aroma com mais efeito.

O professor ressalta que existe também a produção de velas aromáticas com este tipo de óleo que durante a queima vai sendo expelido. Ele lembra que este princípio é utilizado como defesa das próprias plan-tas para afastar aqueles que se aproximam para se alimenta-rem delas. No mesmo sentido, conhecedores disso, alguns ani-mais esfregam-se nessas plan-tas aromáticas como método de defesa contra o inimigo que ao sentirem o cheiro pensam duas vezes antes de chegar perto. E o homem, observando a natureza, apropria-se disso cientificamen-te, destaca o professor.

Estas técnicas alternativas ajudam a afastar os mosquitos e não prejudicam o meio am-

biente. Hoje em dia as soluções inseticidas utilizam menos com-ponentes defensivos. Mesmo sendo à base d’água, ainda sim podem prejudicar. Sobretudo a saúde, em especial das crian-ças – mais sensíveis aos fatores de exposição – além trazer pre-juízos ao ambiente. Se utiliza-dos em grandes quantidades, os agrotóxicos envenenam a flora e a fauna. Quem não se lem-bra das bombas de inseticida, a base de querosene? Schiiiiiiiiii, schiiiiiiiiiii, schiiiiiiiii... Todavia, o professor ressalta que mesmo os ingredientes naturais, se uti-lizados em quantidade concen-trada, podem trazer alergias e incômodo.

População indesejável cresce no verão

Outra espécie indesejada que aumenta no verão é a do mosquito da Dengue. Com a chegada das chuvas e das altas temperaturas, a proliferação do Aedes aegypti, mosquito trans-missor do vírus, também costu-ma crescer de forma acelerada nesta estação. Quando chove, os locais que servem de criadouros de mosquitos se multiplicam. Já o calor acelera o ciclo de de-senvolvimento desses insetos. O controle da proliferação depende fundamentalmente da popula-ção, que deve eliminar qualquer ponto de água parada – esgotos, valas, vasos de plantas, caixas d’água sem tampa, entre outros. De acordo com estatísticas do Ministério da Saúde, até outu-bro em 2010, foram notificados 936.260 casos de dengue clás-sica no país, dos quais 14.342 foram classificados como graves. O número de mortes no período foi de 592.

Para este caso também há métodos alternativos de elimi-nação tanto do mosquito comum quanto da Dengue. Saiba como eliminar mosquitos de forma ecologicamente correta, se as-sim pode-se se dizer.

Medidas simples contra mosquitos e demais insetos podem evitar uma noite mal dormida no calor do verão

Passo a passoConfira abaixo o infográfico que explica passo a passo

como montar uma armadilha para eliminar qualquer mos-quito, inclusive o da dengue. Em duas semanas você verá a quantidade de mosquitos que morreram dentro da garrafa. A armadilha é segura para a saúde e pode ser colocada em escolas, creches, hospitais e residências, locais públicos, en-tre outros.

O que é preciso:

200 ml de água;50 gramas de açúcar mascavo; 1 grama de levedura (compra na loja de produtos naturais)e uma garrafa plástica de 2 litros .

A seguir os passos para desenvolver a armadilha:

1. Corte uma garrafa de plástico no meio. Guardar

a parte do gargalo:

2. Misture o açúcar mascavo com água

quente. Deixar esfriar depois e despejar na metade de baixo da

garrafa.

3. Acrescentar a Levedura. Não há necessidade de

misturar. Ela criará dióxido de carbono, o que atrai a

fêmea do mosquito.

4. Colocar a parte do funil, virada para baixo,

dentro da outra metade da garrafa.

5. Enrolar a garrafa com algo preto, menos a parte

de cima, e colocar em algum canto de sua casa.

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Marcos Porto/C

licRBS

Horário de verão impulsiona

economia de Itajaí

Waltermiriam [email protected]

A chegada do horário de verão traz consigo mudanças significativas na economia do município de Itajaí. Apesar de o nome se referir à estação verão, ele começa na primavera tendo, a partir de 2008, o seu início no 3º domingo de outubro e térmi-no no 3º domingo de fevereiro. Embora o objetivo principal do horário de verão seja reduzir a demanda no horário de pico, en-tre as 18 e 21 horas, para evitar a sobrecarga no sistema (colapso), a expectativa de redução no con-sumo para este ano é de aproxi-madamente 5% em todas as regi-ões que o adotam, sul, sudeste e centro-oeste.

O secretário da fazenda do município de Itajaí, Osvaldo Gern, afirmou em entrevista que o município deverá economizar em torno de 500 a 700 mil reais por mês, “essa é a nossa previ-são”, afirmou ele. O ocorrido se dá devido à mudança no horário de trabalho no setor adminis-trativo durante o período, que passa a funcionar das 7:30h às 13:30h direto. Por se tratar de um horário do dia menos quente, o consumo de energia diminui e um dos motivos é um menor uso do ar condicionado. Outro setor que traz bastante economia com a chegada do horário de verão é o setor de transportes, uma vez

que o funcionário o utiliza du-rante um turno apenas, fazen-do, portanto, 2 viagens ao invés de 4. Quem ganha com tudo é o município, a própria população, pois “o dinheiro que nós deixa-mos de gastar reaplicamos em mais educação, mais saúde, na construção de creche”, afirma ele. Assim se posiciona também o secretário de comunicação do município, Cleber Almeida Costa Pinto quando, em entrevista diz: “vai sobrar verbas para todos os serviços necessários para o bom andamento da cidade.”

Para o economista Eduardo Guerini, professor do curso de Direito e do Instituto de Pes-quisas Sociais e colaborador do mestrado de Políticas Públicas da Universidade do Vale do Itajaí, o horário de verão traz economia na geração e distribuição do con-sumo de energia, podendo pro-mover benefícios para a popu-lação. A redução alcançada, em sua fala, é uma poupança gerada que aumenta a possibilidade de dispor de “renda para outras ati-vidades ou bens necessários ao município”. Ao contrário, “quan-to maior for a necessidade do uso de energia, maior será a neces-sidade de construção de barra-gens, de hidrelétricas e de ou-tras fontes de energia”, gerando assim a um maior investimento. Em sua opinião, o horário de ve-rão deveria ser estabelecido em todo o período ano.

Itajaí e região vêm sendo gradativa-mente ponto de visita de muitos navios transatlânticos e iates. O mercado está em alta e a movimentação de turistas por esse tipo de transporte vem atraindo mais turistas e mais investimentos, aquecendo a economia da região, mas semesquecer da segurança.

Quando o assunto é turismo maríti-mo, Itajaí sai na frente. Não só por ser a única cidade catarinense a ter um píer turístico, mas pelo grande fluxo de navios e passageiros. A Secretaria Municipal de Turismo informa que nesta temporada haverá uma movimentação de 32 navios trazendo para região cerca de 38 mil pas-sageiros, os navios MS Imperatriz e MS Horizon, os maiores da temporada, leva-rão cerca de 1.850 em cada viagem.

Mas isso está acontecendo graças a uma parceria entre o poder executivo e as agências de turismo, só uma delas vendeu 29.550 pacotes com desembar-que aqui em Itajaí. “Hoje, graças aos investimentos turisticos e hoteleiros a região de Itajaí e Balneário Camboriú é reconhecida nacionalmente e tem uma grande procura de brasileiros e estran-geiros que conheceram ou ouviram ou-tras pessoas falarem das praias, do clima. As vendas de pacotes para essa região é espontânea, ela se vende sozinha. Isso é

Leonardo Régis da Luz [email protected]

o mais marcante”, diz Iñaki Ureña dire-tor de marketing da Pullmantur Cruzei-ros sediada em Barcelona, proprietária dos navios da CVC Turismo.

Além dos grandes navios transatlân-ticos, os diminutos iates estão invadindo a costa, com duas marinas, uma em Ita-jaí e outra em Balneário Camboriú, estão sempre cheias. Mas isso não impede que a venda de mais barcos, lanchas e iates se desenvolva na região. Além das em-presas que fabricam, originárias da costa mediterranea, vislumbram a costa cata-rinense como novo mercado a ser con-quistado. “Isso aqui está sempre cheio, mas no verão a procura por lugares nas marinas sempre aumenta”, comenta Di-dier Bourbon, belga, visitante freqüente da região.

A segurança é indispensável. Nesse assunto a maior autoridade é a Delega-cia da Capitania dos Portos de Itajaí, um órgão militar ligado a Marinha que cuida do trafego aquáviario. O Delegado Capi-tão de Fragata Alexandre Herculano Pin-to Malizia Alves, afirma que a segurança e as condições de navegabilidade das embarcações estão sempre em conformi-dade das legislações nacionais e interna-cionais que regem o transporte aquaviá-rio. E que a região está preparada para qualquer imprevisto, como o encalhe do navio MS Splendor, devido a um incên-dio na casa de maquinas que aconteceu em novembro na costa mexicana.

Um mar de turistas, a partir de muitos pontos de vistaMercado marítimo em alta potencializa Itajaí como destino

Dias mais longos são ótimos para o comércio local

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Por que não viajar no verão

Patricia [email protected]

José Elio morava tranquilo no Estado do Mato Grosso, vinha a Santa Catarina quase sempre vi-sitar a família de sua esposa que reside em Camboriú. Mas sua vida estava prestes a mudar em 2001, quando descobriu que era paciente renal crônico. Come-çou a fazer planos, e agora mora em Balneário Camboriú. Deci-diu se mudar para Santa Catari-na por ser um estado referência em transplantes de órgãos e pela qualidade de vida. José era fun-cionário público, morou 30 anos em Roraima, em Ji-Paraná , onde trabalhava no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrá-ria (INCRA).

Insuficiência renal crônica é a síndrome metabólica de-corrente da perda progressiva, irreversível e geralmente lenta da função dos rins (glomerular, tubular e endócrina). O rim para de fazer seu papel no organismo. Quando ocorre a perda de até 50% na função renal não provo-cam sinais e sintomas evidentes no paciente, enquanto que redu-ções maiores causam inúmeros sinais, sintomas e complicações em quase todos os órgãos e sis-temas do organismo.

Máquina da vida

Para compensar essa falta de rim, o paciente passa pelo pro-cesso de hemodiálise. Hemodiá-

lise é o processo para a remoção de líquidos e substâncias tóxicas do sangue através de uma má-quina, que faz o papel de um rim artificial, que tira as substâncias indesejáveis do sangue como a creatinina e a ureia. A hemodi-álise é uma terapia de substitui-ção renal realizada em pacientes portadores de insuficiência renal crônica ou aguda, já que nesses casos o organismo não consegue eliminar tais substâncias devido à falência dos mecanismos ex-cretores renais. Os pacientes re-nais crônicos fazem hemodiálise três vezes por semana, e cada di-álise leva cerca de quatro horas atrelado numa máquina.

Por esse motivo, o paciente renal crônico não pode trabalhar, e tem inúmeras dificuldades para viajar “Como minhas filhas fica-ram no Mato Grosso, lá é muito quente, tenho que tomar muito líquido, e isso me faz mal. Além disso a unidade de hemodiálise mais perto fica a 80 Km da cida-de onde minhas filhas moram e se torna um pouco cansativo”, conta José Elio. Ele não voltou mais para visitar seu estado, onde morou por 30 anos.

Já o paciente renal crônico Jorge Fernando Vilarinho tem um roteiro restrito. Médico e profes-sor aposentado da Universidade Federal de Santa Maria, quando quer viajar para sua cidade natal tem a felicidade de poder contar com uma clínica de hemodiálise no Rio Grande do Sul. Mas nem sempre consegue vaga para fa-

zer seu tratamento, e a viagem tem que ser adiada. E ainda tem os problemas burocráticos, tanto pelo SUS ou pelo plano de saúde, tem que ser enviada uma solicitação para a clínica da cidade que se deseja visitar, tendo que aguardar a liberação do pagamento do procedimento pela Prefeitura ou plano de saú-de. “Grande parte dos doentes renais crônicos sofre para acei-tar o quadro clínico, ficando de-primida, com baixa estima, sem animo”, relata a psicóloga Gise-le Santim Pimentel.

José Elio conviveu muito tempo com o esporte, e isso o ajudou muito psicologicamente para aceitar a doença, pois com 18 anos como nos conta se em-brenhava na floresta amazônica e ficava de 15 a 20 dias traba-lhando, só retornava para casa quando o helicóptero ia buscar. E conviveu com muitas famílias pobres e dizimadas pela malá-ria, hepatite, e isso lhe ajudou muito a aceitar ser um paciente crônico renal.

É difícil nas férias o paciente renal crônico conseguir viajar, pois são vários os motivos que os impedem, como a dificuldade de conseguir uma vaga para he-modiálise em uma clínica fora de seu domicilio, problemas bu-rocrático para a liberação, clíni-cas que não são conhecidas ofe-recem riscos para a saúde deles. Para quem paga o procedimento particular, o custo sai R$ 360,66 por sessão.

Na hemodiálise, o sangue é obtido por um acesso vascular, unindo uma veia e uma artéria superficial do braço (cateter venoso central ou fístula artério-venosa) e impulsionado por uma bomba até o filtro de diálise, também conheci-do como dialisador. No dialisador, o sangue é exposto à solução de diálise (também conheci-da como dialisato) através de uma membrana semipermeável, permitindo assim, as trocas de substâncias entre o sangue e o dialisato. Após ser retirado do paciente e filtrado pelo diali-sador, o sangue é então devolvido ao paciente pelo acesso vascular.

As máquinas de hemodiálise possuem vá-rios sensores que tornam o procedimento segu-ro e eficaz. Os principais dispositivos presentes nas máquinas de diálise são: monitor de pres-são, temperatura, condutividade do dialisato, volume de ultrafiltração, detector de ar etc.

Hemodiálise

Pacientes que precisam de tratamento constante não podem deixar a cidade

por longos períodos no verão

sxc.hu

http://boasnoticias.pt

Horário de verão impulsiona

economia de Itajaí

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Subiu, e agora?

quiosque Solange Corrêa de Lima, esses fatores os obrigam a subir o preço dos produtos. “O alvará subiu, o milho de R$0,50 foi à R$0,70, e todo o resto tam-bém”, diz, justificando os R$ 0,50 agregados ao milho, que agora custa R$ 3 e o aluguel de cadeiras e guarda-sóis que saem a R$ 4 e R$ 5 respectiva-mente. “Mas na praia de laran-jeiras, o guarda sol está por R$ 10”, alerta.

A lei da oferta e da procu-ra é o que dita os preços no verão. Quanto mais procura houver por um determinado produto maior será seu valor, considerando que em épocas de temporada a população de Balneário Camboriú mais do que triplica fica evidente o au-mento. Há quem diga que isto é necessário, como Marinez Nunes da Silva, diarista: “é na temporada que eles podem ganhar dinheiro, tem o inverno todo para se manter, tem mais é que cobrar!”. Mas também há quem discorde: “acho que deveria ser a mesma coisa o ano todo”, defende Elisabete Pinheiro, proprietária de casa de veraneio e moradora de Ita-pema.

Para Elisabete, paga-se mais pela comodidade. Ao invés de enfrentar um trânsito caótico ou encarar pesquisas de preço em meio ao calor de dezem-bro é mais fácil comprar perto de casa e pagar mais por isso, ela diz ter encontrado a banana branca por R$0,99 em um mer-cado pequeno e por R$ 2,49 em

uma loja de uma grande rede. “A comida aqui está muito cara, penso em não voltar mais no ano que vem, existem outros lugares tão bonitos e mais ba-ratos”, declarou Antônio.

“O verão é um incentivo ao consumo, décimo terceiro em mãos, preocupação com a saúde em foco, é claro que os comerciantes se aproveitam da ocasião”, esclarece o eco-nomista Jairo Ferrracioli. Isto é cada vez mais presente nas regiões de população sazonal como é o caso do litoral catari-nense. Não existe uma lei que interfira diretamente nos pre-ços cobrados pelos comercian-tes, eles seguem a inflação e os preços internacionais no caso das commodities, como a soja, mas quem se sentir lesado ou explorado pode sempre recor-rer ao PROCON, para registrar denúncias e buscar informa-ções.

Dicas do economista

Procure sempre os produtos equivalentes, se estava acos-tumado a comer laranjas e se deparar com o preço maior, compre maçãs, que vêm mais baratas nesta estação. Trocar as marcas também é uma boa ideia.

Se puder esperar para de-pois das festas para comprar produtos como eletrodomésti-cos e vestuário de verão, espe-re, as lojas sempre “queimam” seus estoques com promoções no começo de ano.

QUEM PROCURAR?

PROCON DE ITAJAÌ

Av. Joca Brandão, 655, CentroE-mail: [email protected]

Telefones: 3349 6147 ou 3248 8174Horário de atendimento:

Das 8h às 12h e das 14h às 18h,de segunda a sexta-feira

PROCON DE BALNEÁRIOCAMBORIÚ

Rua 2000, 856, CentroE-mail: [email protected]: 3367 0619, 3366 6144 ou

3268 6707Horário de atendimento:

Das 13h às 18h,de segunda a sexta-feira

Domingo de sol, o melhor programa para relaxar é apro-veitar um dia de praia, certo? Talvez. Se você é do tipo de lei-tor preocupado com as finanças, prepare-se para não “cair da cadeira”. Os produtos típicos de verão tiveram alta média de 25% e segundo índice divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os gastos aumentaram 4,37% em 2010. Os principais vilões? Os alimentos.

O IPCA/IBGE mede a va-riação dos custos dos gastos no período do primeiro ao último dia de cada mês de referência e no período compreendido entre o dia 8 e 12 do mês seguinte. O aumento registrado no mês de outubro foi de 0,75%, número próximo à máxima registrada nos últimos dois anos. Fatores que influenciam diretamente os preços do verão são a alta dos combustíveis, necessários para o transporte do alimento e também as questões climáticas. “Tivemos muitas chuvas em se-tembro”, explicou o economista e professor universitário Jairo Romeu Ferracioli.

O turista de Santo Anastá-cio, 8 horas de São Paulo, Antô-nio Roberto Cauz, já frequenta Balneário Camboriú há cinco anos consecutivos e disse que este ano realmente “levou um susto” com o que viu: “paguei R$ 12 no quilo da carne de car-neiro na minha cidade, aqui vi por R$ 29,90”. Para a dona de

Mariana de Souza [email protected]

Especial

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Veja a evolução do IPCA nos últimos 12 meses (em %)

0,8

0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0N O V D E Z J A N F E V M A R A B R M A I J U N J U L A G O S E T O U T

2009 2010

Fon t e : I BGE

0,41

0,37

0,750,78

0,52

0,57

0,43

0 0,01 0,04

0,45

0,75

Especial

Page 10: Cobaia | #107 | 2010

Mar de guarda-sóis

Temporada que traz os turistas também deixa a cidade superlotada

Para garantir um lugar é pre-ciso chegar bem cedo, quando o sol ainda está fraco. Pouca rou-pa, muito protetor. 30 minutos só pra instalar todo mundo. O pai coloca o guarda-sol, a mãe as cadeiras, toalhas, comida, água e, ainda, corre atrás do filho que já está a 50 metros catando con-chinhas. A área de areia, antes vazia,pouco a pouco vai enchen-do e o sossego diminuindo. É um tal de “mega-sena, é hoooje!”, “olha a casquinha de biju e algo-dão doceeee!”, “Picolé, picolé!”.Na praia tem de tudo: milho, churros, água de coco, jornal, revista, areia, roupa, sorvete, ca-deira, água salgada.O que está além do calçadão pouco interes-sa.

Do outro lado da rua, muitas pessoas levam sua vida quase normalmente, se não fossem as filas em todo lugar, talvez nem notassem o aumento de pesso-as na cidade. A quantidade de turistas que vêm para Balneário Camboriú no final do ano inter-fere, muito, na vida dos mora-dores da cidade. A comerciante autônoma Maria Ivone Vieira Barbosa, 44 anos, adora a tempo-rada de verão porque os turistas trazem dinheiro para a cidade.

Maria Cecília da [email protected]

Seu lucro chega a aumentar 20 vezes na temporada.

A economia cresce cada vez mais e a quantidade de turistas é de se espantar. Só nos últimos meses de dezembro de 2009 e ja-neiro de 2010 quase um milhão e meio de pessoas estiveram na cidade. Mas, será que tem espa-ço para tanta gente? A assesso-ra de imprensa da Secretaria de Turismo de Balneário Camboriú, Silvia Bomm, afirma que sim, é possível acolher todos quem vêm de fora além dos residentes. “A rede hoteleira da cidade tem quase 20 mil leitos, e ainda os apartamentos e casas para alu-guel de veraneio”.

No entanto, o trânsito, a su-jeira, o lixo nas ruas e praias, que os garis não conseguem manter sempre limpas, mostram que receber mais de um milhão de turistas em dois meses não é simples.O porteiro José Luiz An-cel, 57 anos, conta que para ele os piores problemas da tempora-da são o trânsito complicado e a falta de estacionamento: “Quan-do preciso sair vou sempre a pé, porque de carro não dá”, se queixa.

Para o Sr. Rubens, aposen-tado, o problema da temporada são as pessoas passeando com seus cachorros: “os animais fa-zem suas necessidades na areia

ou na calçada e o dono não lim-pa”. Sua mulher, Sra. Marta, aposentada, reclama da falta de vigilância na praia: “é preciso ter vigilantes desde cedo, para controlar essas pessoas que não limpam a sujeira de seus cachor-ros; também porque tem gente que fica a noite inteira na praia bebendo e depois sai por aí fa-zendo besteiras”, reclama ela.

Grande parte da população de Balneário Camboriú gosta da cidade na temporada de ve-rão. Daylton Jesus Guimarães, aposentado, relata que o turismo ajuda na economia da cidade, e para os comerciantes isso é mui-to bom, vale a pena.

Silvia, a assessora de im-prensa da Secretaria de Turis-mo, diz que a relação da comu-nidade com os turistas tem sido boa, mas ainda existem pessoas que não entendem que a cida-de tem o turismo como princi-pal indústria. Muitas vezes a Secretaria recebe ligações de moradores que se surpreendem com atitudes típicas do turismo – como as músicas altas, festas até de manhã, falta de horários regulares – mas eles, da Secre-taria, precisam ter cautela em tratar desses assuntos para não espantar os visitantes, porque são eles que fazem a roda da economia girar.

De dezembro a janeiro praias da região lotam, bar-zinhos dobram ou triplicam seu faturamento e muitas ve-zes, como é o caso de Balne-ário Camboriú, fica difícil ou quase impossível conseguir uma mesa para se sentar e um estacionamento para o carro. O comércio prolon-ga seus horários e a cidade notavelmente fica de “bra-ços abertos” para receber os milhares de turistas que frequentam o litoral catari-nense.

Segundo o portal clicrbs, Santa Catarina foi eleito o melhor Estado para se viajar no Brasil. A premiação é da revista Viagem e Turismo e os votos foram pela internet. Cidades como Florianópolis, Balneário Camboriú e Bom-binhas ganharam destaques na premiação que reúne 22 categorias, entre elas, bele-za, hospitalidade, serviços e preços. Para o verão e alta temporada, as cidades procu-ram ampliar cada vez mais o seu mapa turístico, deixando à disposição dos visitantes uma rotina diversificada.

André Horski, 27, advo-gado, passa as férias na praia de Taquaras, em Balneário Camboriú. Ele conta que es-colheu essa região porque ainda conserva característi-cas de uma praia tranquila. No entanto, o advogado real-ça que há algum tempo cos-tumava ir a Laranjeiras, mas depois que o Interpraias foi instalado não frequenta mais a região. “Virou uma muvu-ca, muita gente mal educa-da. Até por questão de segu-rança é complicado”, afirma. André diz que prefere um lu-gar mais tranquilo, longe do movimento intenso.

É o mesmo caso de Sue-len Siebert, 25, enfermeira. Ela vem passar a alta tem-porada na praia de Armação, onde sua família possui casa própria. Suelen conta que pretende visitar Balneário Camboriú para aproveitar as opções do comércio.

Segundo dados da pes-quisa de demanda turística da Santur, em 2009 foram 770.355 turistas nacionais e/ou estrangeiros que passaram pela cidade. Se por um lado esse dado desfavorece mo-radores e até mesmo turistas que não aprovam a bagunça, por outro fortalece aqueles que trabalham no comércio. A Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento Turísti-co garante que os visitantes permanecem, em média, dez dias na cidade.

Informe-se

Em Itajaí, a Fundação Itajaiense de Turismo atende turistas e principalmente mo-radores, buscando esclarecer dúvidas sobre os serviços da cidade e os trajetos até pon-tos turísticos. Waldir Sar-mento Junio, 26, funcionário público, conta que a funda-ção costuma atender muitos moradores que não sabem o endereço de algum lugar ou procuram algum determina-do serviço. Segundo ele, os turistas que descem do navio não chegam a passar pela Fundação, ao contrário dos ônibus que trazem a terceira idade por volta de abril/maio. Waldir diz que a Fundação disponibiliza a qualquer um vários materiais explicati-vos com os pontos turísticos, além de mapas e guia de em-presas. O expediente é de segunda a sábado em horário comercial e aos domingos até o meio-dia.

Turistas preferem lugares calmos

Praias menos famosas e mais tranquilas são ótima alternativa para fugir do agito

Aline Cristina [email protected]

sxc.hu

Mar de guarda-sóis

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Taquarinhas vale ouro

No dia 3 de novembro de 2010 foi por água abaixo mais uma tentativa de conciliação en-tre a construtora Thá e o Ministé-rio Publico Federal. Há na justiça um processo contra a empresa, que busca impedir o loteamento na área da Praia de Taquarinhas. A construção se trata do Taquari-nhas Eco Resort e o que impede a construção, segundo o MPF, é que se trata de uma Área de Preservação Ambiental. Algumas perguntas rondam o caso: Será que estamos fadados a perdermos esse paraíso para este verão? Será que isso melhorará o verão?

Área de Preservação Am-biental é uma área geralmente extensa podendo ter ocupação humana mas até um certo limi-te. Esse limite foi o que provo-cou a briga toda. De um lado os ambientalistas da ONG Ideia, que querem transformar Taqua-rinhas em um Parque Natural Municipal, por ser um dos últi-mos ecossistemas costeiros alta-mente conservados. E do outro lado a Thá empreendimentos Imobiliários, que propõe fazer em 20% da sua área na região um Resort, e nos outros 80% uma Reserva de Patrimônio Par-ticular (uma RPPN).

Para Alberto Veiga Filho, de 52 anos, um dos proprietários da Thá, esses parques particulares, como proposto pelo empreendi-mento Thá, são a melhor alter-nativa para a comunidade. Ele

Ricardo [email protected]

afirma que os parques criados por empresas privadas estão em melhor manutenção do que os parques sob a responsabili-dade do governo. Outro motivo que ele defende para criação do parque é a economia do Es-tado, pois não terá que pagar a indenização para que a empresa deixe o terreno, que Alberto ga-rante que é dele . Questionado sobre o Resort, o empresário afir-ma: “estou dentro da lei da APA, e tenho a aprovação da Fatma para obra, então não estou co-metendo crime algum, e este hotel juntamente com o parque vai alavancar o turismo da praia, que não é muito frequentada”.

Indo para o lado dos am-bientalistas, João Garcia Lopes, 29 anos, que é morador da re-gião de Taquaras, e parente de um dos fundadores da cidade, se diz profundamente irritado e triste com esse projeto, já que isso tira todo o sossego dos mo-radores. Ele alega que há uma única entrada de carros para a praia, ou seja, congestionará o lugar. Além de tirar a intimida-de que os moradores dali têm, já que todos se conhecem e são amigos, e diz até que os mora-dores se sentirão intimidados com os muros do hotel, e a guar-da armada.

Para João, o maior crime co-metido pela empresa foi a der-rubada de árvores na parte de dentro do terreno, e a colocada de bois piratas, para pastar den-tro do local, que acaba matando a vegetação local. Mostrando

uma das fotos batidas no terreno, o ambientalista conta que havia uma nascente no local, e que foi entupida pelas fezes dos bois, o que acaba contaminando a água do local. Mas João fica feliz com o número grande de apoios que está sendo recebido em favor da preservação da praia, até mes-mo de gente importante, como o Ibama de Brasília, e o ex-mi-nistro do meio ambiente, Carlos Minc.

A fundadora do Ideia, Carla Cravo, de 37 anos, também in-dignada com a construção, ale-gou que um dos maiores desejos dela em manter a praia, é pelo menos deixar uma reserva natu-ral e uma praia para as gerações futuras para que eles possam aproveitar as águas e o verão como nós aproveitamos.

E quem está olhando tudo com imparcialidade é o secre-tário do meio ambiente, André Ritzmann, 52 anos. Ele afir-ma que mesmo com a empresa cumprindo a lei, e estando den-tro das normas, quem precisa ter opinião maior na decisão da construção ou não do Resort é a comunidade de taquarinhas. Ela que é essencial averiguar a le-gitimidade do abaixo-assinado que a ONG Ideia promoveu pra impedir que o empreendimento avance, e contou com mais de 15000 assinaturas de Balneário Camboriu e região.

Então os verões estão amea-çados, ou salvos? Como se pode perceber, isso vai dar muito o que falar.

Construtora e ambientalistas travam uma batalha jurídica que tem como objeto uma das praias mais preservadas

http://travel.webshots.com/photo

Gustavo Rosa

Movimento liderado por ambientalistas locais tenta impedir a construção de um resort de luxo em Taquarinhas

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O projeto Piloto dos Idosos é uma caminhada efetuada por vários núcleos de todos os bair-ros da cidade. O coordenador geral de Itajaí Ativo, Lúcio Mau-ri Vipych, 36, conta que os tra-balhos foram iniciados em 2006. A idade média no começo era 57 anos, mas um ano mais tarde as pessoas a partir dos 30 já parti-cipavam.

Hoje, crianças de nove anos começam a se exercitar também. Os 26 polos do Piloto dos Idosos estão localizados em todos os bairros de Itajaí. As caminhadas começam sempre às 7h e são acompanhadas por professores de Educação Física, que preci-sam ser registrados em carteira.

Dona Maria José, 61, en-fermeira aposentada, procurou o projeto após ter curado um câncer maligno. Com acompa-nhamento de profissionais da área que motivaram a participar da caminhada, Rita Augusta da Costa, 64, recém viúva, deu iní-cio à caminhada para cura de de-pressão. Rosa P. de Andrade, 61, professora aposentada passando dificuldades em ter de ficar em

casa todos os dias, se envolveu no projeto para novas amizades e distração diária.

Hoje, o projeto conta com 1.250 participantes, e com a chegada do verão a preocupa-ção aumenta principalmente com os idosos. Os professores orientam que todos passem pro-tetor solar, usem bonés e cami-setas, pois recebem no próprio projeto, e também que tomem muita água.

Ao término das caminhadas algumas pessoas fazem exer-cícios nos aparelhos instalados nas praças de cada bairro. Em outros polos as atividades como jogos de cartas, dança, culinária, são oferecidas a todos os partici-pantes. O sedentarismo faz mal à saúde, por isso a caminhem, irá ajudar na melhora da qualidade de vida. O coordenador Lúcio afirma que se preocupa em man-ter a ideia das caminhadas viva. “Sinto satisfação em vê-los cami-nhando todos os dias”, confessa.

Marli Simão Candido, 71, não participante do projeto, conta que ficou bem satisfeita com tantas pessoas aprovando o programa, durante todas as ma-nhãs, podendo escolher em qual núcleo fará a caminhada.

Naiara Candido [email protected]

Piloto dos idososCaminhadas orientadas atraem cada vez mais adeptos em Itajaí

Operação verãoTreinamento é importante para garantir a segurança dos moradores e veranistas nas praias da região

Leonardo Wosiak [email protected]

Está sendo realizado o cur-so de salva–vidas em Balneário Camboriú e região, serão recru-tados de 40 a 50 guarda vidas, homens e mulheres, com idade mínima de 18 anos, para a tem-porada de verão 2011, que vai do dia 1º de dezembro até 20 de março.

O curso para se tornar salva-vidas, é ministrado pelo corpo de bombeiros de Santa Catari-na com verba vinda do governo do estado, tem duração de dois meses, e todo ano deve ser re-novado para que não perca sua validade. Para realizar o curso o aluno deve ser aprovado em um teste de aptidão física (nadar 500m em 11minutos), realizado na piscina do corpo de bombei-

ros da cidade de Itajaí.Após o término do curso os

recrutados trabalharão das 8h às 20h, a cada 3 dias de trabalho terá direito a um dia de folga, a remuneração é de 75 reais por dia de trabalho.

De acordo com o bombeiro Paulo Sérgio de Souza, 42 anos, a cidade de Balneário Camboriú possui 5 postos salva-vidas para 7 quilômetros de praia, contan-do todos os dias com 20 guarda-vidas na praia central. Paulo também conta que Balneário Camboriú possui o terceiro sal-va-vidas mais velho do mundo.

Nas cinco praias agrestes também será realizado o serviço de salva-vidas, porem com um número menor de efetivos. Esse efetivo central e agreste, é ge-renciado por salva-vidas milita-res do estado de Santa Catarina.

http://ww

w.cbm

.sc.gov.br

clicrbs.com.br

Menos chuvas no verão

Page 13: Cobaia | #107 | 2010

clicrbs.com.br

Richard Rosenbaum Kramer

Mesmo com a menor incidência de chuvas em virtude do fenomeno La Niña, população de Balneário Camboriú fica

assustada cada vez que o céu fica escuro

As chuvas de verão alagam as ruas em questão de minutos e destroem bueiros, enchendo ruas e avenidas e assim dificul-tando a mobilidade dos que por ali residem, Um belo exemplo disso é o caso da Avenida Bra-sil, que fica paralela à Avenida Atlântica. Juntas, elas são as principais avenidas de Balneário de Camboriú, e ambas sofrem com problemas de alagamento. A comerciante Elvira Benetti, 68, relata que já foi bem pior: "depois que eles passaram mais uma ca-mada de asfalto e reformaram a 3ª avenida deu uma melhorada, mas ainda não solucionou o pro-blema. Eu particularmente acho que o problema maior está no ta-manho da tubulação que é bas-tante antiga e não comporta tan-ta água em tão pouco tempo”.

O secretário de obras de Bal-neário camboriú, Valmir Pereira, 47, explicou a situação da cidade e principalmente das avenidas: “Hoje o maior investimento da Prefeitura é em drenagem plu-vial. Esse ano não dará pra fazer nada nessa questão, mas esta-

Maycon [email protected]

mos estudando a bacia hidrográ-fica pra saber ao certo que tubu-lação utilizar no caso da Avenida Brasil, pois no caso da Atlântica a tubulação é a adequada e com-portará a intensidade pluviomé-trica, após a reforma na Avenida Brasil”. O que mais complica hoje são os vários ligamentos que já estão submersos na aveni-da, como esgoto, telefone e água cortando a avenida submersa-mente. “A nossa principal tarefa hoje e saber como fazer e quanto ira custar essa obra que é bem mais complexa do que se pode imaginar”, ressalta o secretário.

A gerente administrativa An-dréa Waltrick, 41, diz não saber mais o que fazer, pois cada vez que precisa fazer trabalhos de banco ou até ir atrás de coisas pra casa se depara com uma for-te chuva. “Parece que ela sabe quando eu tenho alguma coisa pra fazer”, diz, referindo-se ao aguaceiro do dia 24 de novem-bro às 19h e do dia 25 às 12h, horários em que as pessoas estão saindo do trabalho para casa.

O geógrafo Sergey Alex de Araújo, 46, explica que estamos sofrendo com o fenômeno La Ninã, e que por isso está cho-

vendo 50% menos do que se esperava desde março. Porém, as pancadas de chuvas ocorri-das nos últimos dias são o que os meteorologistas chamam de continentalidade, ou seja, quan-to mais próximo do mar maior serão as incidências de chuva.

O que explica o motivo de tanta chuva em tão pouco tem-po é a proximidade com o mar devido à mudança de estação e o aumento da temperatura. O Geógrafo explica como são as formações das grandes nuvens: “com o aumento da temperatu-ra as parcelas de ar sobem com muita umidade e calor formando assim nuvens carregadas muito próximas ao continente, confor-me essas nuvens vão ganhando altura diminuem a temperatura e a pressão atmosférica vai au-mentando sobre ela, fazendo com que ela condense rapidamente, dando o resultado de uma forte e rápida chuva de verão”.

E o que um dia foi poético hoje é um problema, uma vez que os aguaceiros de verão cas-tigam todos os anos a população que desfruta desse clima sub-tropical e a proximidade com o mar.

Menos chuvas no verão

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Cães-guias marcam presença nas praias de Itajaí

Eduarda de Jesus [email protected]

O professor Álvaro da Silva, 48 anos, formado em matemáti-ca e pedagogia, cego há 30 anos, conta que a 5 meses anda na companhia de Rama, seu cão-guia. Álvaro, quando questiona-do sobre os benefícios de seu cão na praia, afirma: “hoje não ne-cessito mais de um personal trai-ner, pois sempre tive o sonho de poder realizar minhas caminha-das até a praia tranquilamente depois de cego, e hoje o meu cão me proporciona uma cami-nhada com segurança e satisfa-ção. Rama sempre está pronto a qualquer momento para sairmos para qualquer lugar”, justifica.

Mas a mesma compreensão Álvaro não encontrou em outros lugares. O professor conta que já passou por constrangimentos em locais públicos algumas vezes, sendo convidado a se retirar do local por estar com o cão-guia. Mas fez valer a lei federal.”Em nenhum deles eu deixei de en-trar”, relata.

Jair Suavi, 39 anos, psicó-logo, ex-acadêmico da Univali, hoje vive uma nova realidade em sua difícil convivência com sua cegueira. Por onde anda, olhares surpresos e expressão de espan-to o perseguem. Jair sabe disso e confessa que gostaria de passar despercebido. Mas também sabe que é difícil não olhar para um cego que passeia com tanta se-gurança, graças à ajuda de um cão-guia, nas praias de Itajaí.Isso só é possível devido a exis-tência da escola Hellen Keller, situada na cidade de Balneário Camboríu.

Sita é um dos quatro animais já entregues a cegos da região e que foram treinados pela escola de Cães.

Jair, em uma de suas formas de lazer, diz encontrar na praia o acolhimento dos banhistas e comerciantes, e ainda ressalta que hoje sua qualidade de vida deu um salto. Descreve que sua autoestima em relação a sua convivência entre a sociedade melhorou bastante por ter tanta acessibilidade, o que lhe propor-

ciona um relaxamento psíquico. Segundo a avaliação dele mes-mo sendo psicólogo, este bem estar traz benefícios a seu orga-nismo, aumentando assim a sua qualidade de vida.

Jair relata que gostaria que todos fizessem uma reflexão en-tre a importância das clínicas oftalmológicas e a escola atual-mente Hellen Keller. "Para mim a escola tem a mesma impor-tância, sendo que ela hoje ofe-rece aos deficientes visuais uma forma diferente de ver, mas dá oportunidade de viver com qua-lidade de vida entre a sociedade e os caminhos tortuosos que eu enfrento nas calçadas e estabe-lecimentos públicos no meu dia-a-dia”, desabafa.

Marcos Antonio Gerhardh, 44 anos, corretor de imóveis, atu-almente residindo em Balneário Camboriu, é um dos transeuntes da Beira-Rio. Ele para e observa Jair caminhando do lado de Sita, e embora leigo no assunto, diz já ter visto matérias sobre cães-guias.” Acho muito interessante e importante estar atualizado, para sabermos reagir em deter-minadas situações como a pre-sença de Sita”, coloca. Ele não se opõe ao cão-guia na praia, e compreende que é um cão dócil e treinado para isso. Atraído pela curiosidade, até pede para acari-ciar o cão.

Fabiano Pereira, 36 anos, treinador de animais e instru-tor de treinadores, é um dos 3 brasileiros a obter a certificação da Federação Internacional de Cães-guias (IGDF) e faz parte da escola Hellen Keller. Fabiano ressalta que os cães-guias não apresentam qualquer tipo de risco para as pessoas. Sendo que o treinamento inicia aos quatro meses, os cães levam em mé-dia um ano e meio para ficarem aptos a ajudar alguém com defi-ciência visual a caminhar pelas ruas.

Marcelo Werner, 32 anos, atual vereador de Itajaí, também deficiente visual, é um dos prin-cipais militantes em busca dos direitos das pessoas com defi-ciência. Ele afirma que ”o cão-guia hoje vem para somar e pro-piciar a inclusão dos deficientes visuais na sociedade como um todo”, alerta.

Deficientes visuais encontram na companhia do fiel amigo a liberdade para curtir o lazer nas praias da região

Fotos: Eduarda Claudino

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Pedaladas rumo ao verãoCom a chegada da estação mais quente do ano, academias lotam de pessoas querendo entrar em forma

Música alta, calor, cansaço, e cerca de até 700 calorias perdi-das em 45 minutos. Com a tem-peratura subindo, a tão cobiçada perda de peso faz as academias lotarem. A busca de resultado rápido faz a aula de RPM se destacar nas academias. É um dos treinos mais indicados para quem deseja emagrecer. A aula é divida em nove músicas, e é indicada para todas as idades, homens e mulheres. Esta moda-lidade de bike indoor não exige coordenação motora avançada e pode ser feita tanto por seden-tários, quanto por pessoas com preparação física avançada. Ex-ceto pessoas com problemas no tornozelo e joelho.

O professor de academia Fábio Bissacotti Rodrigues, 28 anos, garante que a aula de RPM não tem contra-indica-ções (salvo aquelas apontadas por um médico em um exame individual). O treino simula uma corrida de bicicleta, com subidas, descidas e giros. Cada aluno, orientado pelo professor, controla sua carga, conforme sua condição física. A cada três meses, a academia recebe um novo CD, com nove músicas

Aline [email protected]

novas. Entre as canções, estão as badaladas vozes de Kesha e do grupo The Black Eyed Peas.

Os treinos dessa modalida-de de bike indoor são prepa-rados na Nova Zelândia – ori-gem do RPM – e antes de ser lançado os treinos trimestrais, passam por uma bateria de tes-tes. Assim que é lançado o novo CD, os professores começam a estudar as aulas para aplicarem o mais rápido possível. A reco-mendação dos profissionais é o uso de tênis com solado duro para isolar o movimento de pe-dalar e a utilização de blusas que permitam a melhor transpi-ração. Fábio Bissacotti comenta a importância da hidratação e da boa alimentação para segu-rança durante a ginástica. “A hidratação é importante antes, durante e depois da aula. As-sim como os cuidados da ali-mentação, que deve ser sem exageros. ’’ O professor Fábio também aconselha seus alunos a se alimentarem até uma hora antes do treino.

Sobre o aumento do movi-mento nas aulas desta modali-dade, o personal Fábio, que já exerce a profissão há sete anos, garante que tem um público fiel, frequentadores da aula du-rante todo o ano. Mas afirma

que com o verão a procura do RPM, por seu rápido resultado, aumenta de 70 a 80%. Assim como o movimento da acade-mia em geral. “Pra quem de-seja perder peso, o RPM traz um resultado imediato.”

O ortopedista George Ma-duell de Mattos, 35, fala que para prática do RPM é neces-sária uma melhor preparação física, mas que em geral o trei-no não traz problemas. George ressalta a diferença do sistema da bicicleta ergométrica e das bicicletas para a prática do RPM. “O RPM tem uma sobre carga bem maior, já a bicicleta ergométrica é uma atividade mais leve e controlada”, expli-ca o médico. O doutor acon-selha exames para o sistema cardiovascular para pessoas sedentárias e com mais idade. Já para portadores de proble-mas mais sérios no joelho, ele indica a prática de hidrogi-nástica, natação e pilates. De acordo com Dr. George, é ne-cessário analisar cada caso, ou individualizar o treino. “O condicionamento físico tem que ser adquirido progressiva-mente. É o que sempre digo: é necessário subir um degrau de cada vez, não dois”, finaliza o ortopedista.

Cuidados simples são fundamentais para aproveitar a estação

Daira [email protected]

A estação mais quente do ano desperta certas preocupações em algumas pessoas. A alimen-tação saudável, corpo em forma e um bom divertimento são re-quisitos básicos para um verão perfeito. Muitas vezes, porém, por falta de alguns cuidados simples, a época tão esperada do ano pode deixar marcas que poderiam ser evitadas. A prepa-ração já começou e prova disso são as academias lotadas e haja disposição para acompanhar o ritmo das aulas: vale tudo para conseguir o resultado estético desejado.

Na academia Dançar e Cia, em Penha, a personal trainer Vanessa Vailatti, 19, conta que não existe uma fórmula mágica para ficar em dia com o corpo e que só depois de muita dedica-ção e disciplina já se pode no-

tar as diferenças nas medidas. “Em qualquer período do ano a prática do exercício físico é fun-damental, mas muitas pessoas procuram justamente o calor para ter um resultado imediato, porém, para um resultado espe-rado é preciso o mínimo de três meses”.

A saúde é uma das maiores beneficiadas com a prática re-gular de atividades físicas, mas com o forte calor é importante prevenir acidentes ou proble-mas como insolação, diarreia, desidratação, entre outros. Se-gundo a nutricionista Manoela Lima Lamim, 26, o verão pode favorecer o aparecimento de ou-tros problemas que podem cau-sar um verdadeiro desconforto nas pessoas, como a intoxicação alimentar. A profissional atenta para os alimentos consumidos em restaurantes e praias. Ela explica que a falta de higiene de quem manipula os alimen-

tos pode desencadear a infecção. “Nesta época as pessoas preci-sam tomar cuidados tanto com a pele quanto a alimentação. Se a família resolve fazer um lanche na praia pode ficar vulnerável a consumir alimentos contamina-dos.”

Os cuidados com o sol devem ser tomados em todas as esta-ções do ano, mas neste período a atenção deve ser redobrada. A exposição excessiva ao sol pode danificar a pele, e quem sofre são as crianças e idosos, já que não possuem a imunidade to-talmente desenvolvida ou muito baixa por serem mais suscetí-veis a doenças. Para ambos os casos valem os mesmos cuida-dos, como alerta a nutricionista Letícia Franz, 25: “crianças ou idosos devem tomar, no máximo, 20 minutos de sol antes das 10 horas ou após as 16 horas. Fora isto, o melhor é ficar na sombra com muito líquido”.

Não só para quem está na acade-mia, mas para todos que desejam ter uma alimentação saudável, é neces-sário ter bons hábitos, tais como: fra-cionar as refeições, comer de três em três horas, beber dois litros de água por dia, evitar frituras e bebidas alco-ólicas. Porém, especificamente quem quer ganhar massa muscular deve se-guir a seguinte regra: comer um car-boidrato de rápida absorção (fruta, io-gurte) antes do treino e após o treino comer uma fonte de proteína (queijo, ovo ou uma fonte de carne).

Dicas da nutricionistaLetícia Franz

Dicas para o verão

De olho no verão

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Ensaio FotográFico

Por Diogo de Sousa Campos

Um olhar sobre as praias