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I 0\ .-I .-I U I Õ ri.) z I I == ,� -< -e o >- -e z E::: -< ri.) I / .. Cadê a Liberdade? "._---'" (d I ') , .' _' "" ........ SUMÁRIO Separatismo NE não. quer país dividido. Pá�.:6 Black or White . . Família dita preconceito 'Pág.'7 , Enecom em Recife, Estudantes debatem futuro, Pág. 6 ' Vestibular Quem é o. calouro? Pág.7 página 5 Por telefone,com amesma facUldade que se pede uma pizza, qualquer pessoa pode negociar algumas horas de prazer. As agências de garotas de programa, contabilizam em dólar os lucros que a prostituição proporciona quando oferece aos clientes sigilo e comodidade. l:Jm programa não sal por menos de 20 dólares. Quanto se paga pelo prazer? Página 3 Eduardo Paredes Protesto. vira rIlme. Centrais. " . Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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Page 1: Liberdade? - hemeroteca.ciasc.sc.gov.brhemeroteca.ciasc.sc.gov.br/jornais/cobaia/COB1993001.pdf · Asmenoresprostitutasiniciamcedo,nasruasou-nosbarescOlivivemcom_drogaseviolência

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SUMÁRIO

Separatismo �.

NE não. quer país dividido. Pá�.:6 '

Black orWhite. .

Família dita preconceito 'Pág.'7,

Enecom em Recife,Estudantes debatem futuro, Pág. 6 '

VestibularQuem é o. calouro? Pág.7

.

página 5

Por telefone,comamesma

'

facUldade que se

pede uma pizza,qualquer pessoapode negociaralgumas horas deprazer. Asagências degarotas deprograma,contabilizam em

dólar os lucrosque a

prostituiçãoproporcionaquando ofereceaos clientes sigiloe comodidade.l:Jm programanão sal pormenosde 20 dólares.

Quanto se paga.

pelo prazer? Página 3Eduardo ParedesProtesto. vira rIlme. Centrais.

".Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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EDITORIAL,

A o concluir esta e�içã(J do"Cobaia", a Faculdade de Ioma­Iismo da Univali estará dando. umpasso. importanttssimo para sua

consolidação como opção séria, dequalidade e definitiva para os que

, pretendem obter a graduação. nestaespecialidade. O projeto do. jornal­laboratôrio, tão. prometido, tão. co­'brado. e tão. aguardado, começa adar sinais de vida. E, mais ainda,.de que veio. para ficar.

Com a ampliação. do. quadro.de alunos envolvidos, a tendênciaé de se alcançar a periodicidadeideal (quatro. edições por semestre)já em 1994. No.momento, o. pessoaldo. quinto. e sexto. periodos trabalhana edição. do. próximo. número, quedeve sair em outubro, A turma do.quarto. periodo se movimenta paragarantir um espaço, ou uma alter­'nativa, para publicar seus traba­lhos.

Os alunos do. terceiro e segun­do.periodos também pretendempar­tir lo.go. par.O:, tr_abalho$pr4tico.s. En­fim, nosso jomal, apesar das críti­cas e doceticismo. de determinadossetores não. compromissados com o.

crescimento. da qualidlule de ensino.daFaculdade deJornalismo, come­ça a demonstrar -sua força. Paraesses (assim comopara os queacre­ditam noprojeto, é claro) apresen- ,

tamos a segunda edição. do. "C0.­

baia",-jo.rnal redigido, editado, fo.­tografado, diagramado. e revisado.pelos alunos do. sexto. periodo deJo.rnalismo. da Univali.

' ,

Jornalista José Augusto GayosoProfessor coordenador do projeto

ExpedienteConselho editOrial: alunos do Sexto Período­Adriana Fermiano, Alfredo Rosar Ramos, An­dré Pinto Silveira, Christiane de Oliveira, Cláu­dia Cristina Batschauer, Daniela Maia Fortes,Eduardo Wendhausen Ramos, Emerson Pedro,

Ghislandi, Fabiana Ladi Benhke, Gislene Ma­ria Bastos, Janaíria Darós Juvenal, Krisley de

Aquino Rosa, Marta Regina da Costa Vizzotto,Monica Proençô Rosa, Roberta Diedrich, Ru­bens Flôres, Stênio dos, Santos Stein, VilmarFelício Adriano.ADOio 80 proJato: professores Alcebiades Muniz (fotografia),Alexandre Fernandes (diagramação), Alberto Russi (reP.O!,a·gemI, Fábio Muniz (redação) e José ÀUQusto Gayoso (revlsao).

, Todos os textos, fotografias, diagramação montagem aiotrabalhos dos alunos

2

tSPALHAfATOS

Comemorar o que?Golfinho Semana'

Desde segunda-feira os estudan­,

,

I No dia 26 de agosto último foi tes e professores da Faculdade de,

r,'&sg'ata(tt> 'por acadêmicos do curso de Comunicação e Arte (Facoart) estãoIVenvolvidos com a II Semana de Jor­oceanografia da Unival�, na Prai� nalismo. Pelo que pôde ser consta­Brava, o corpo de u� golfinho. O an�- tado na programação da noite demal aprese!1tava fenmentos produzi- .abertura, os debates podem propor­dos por obJet_?s pe�ro-c0T!an!es, - cionar excelentes temas para refle­

fa�s ou _arpao caseiro - indicando xão e apontar caminhos para discus­a interação co� a pesca, com.o prová- são em cima da realidade da profis­vel causa-mortis. Os pesquisadores são, bem como do papel da univer­transportaram o mamífero para o 'la- sidade na formação dos profissio­boratório de biologia, com o objetivo fiais. A Aja (Associação dos Jorna­de determinar a espécie e coletar ma- listas Acadêmicos), que organizou oterial para análises. Após a lavagem evento, também coordena a cober­e o levantamento dos dados morfomé- tura jornalística da Semana, através,tricos (peso, comprimento, etc), con- da edição de um boletim diário comcluíram que tratava-se de um Golfi- o resumo das palestras da noite ante­nho-Pintado-do-Atlântico, conhecido rior. E o pessoal do sexto períodocientificamente como SteneUa fronta- vai editar um boletim mais detalha­lis. O corpo osteológico coletado é do, com a conclusão dos trabalhos,único em instituições nacionais. a ser distribuído na próxima semana.

Conscientização', , A� campanhas de

conscientização para se

evitar a Aids começam a

surtir efeito. Entre os tra­vestis que trabalham na

nía, em Florianópolis,"Nívea" é um dos que fazponto com uma caixa decamisinhas na bolsa. Elegarante que só transa coma camisinha, pormedo deser contaminado com ovírus HIV. Brincando,comenta que tem camisi- '

nha para todos os tama­nhos. E no final, revela:"tem para o pequeno, omédio e o grande. Maspara Q grande, a vontadede não usar a camisi­nha ... "

• LaboratóriosOs alunos estão atentos àconstrução dos laboratôriosde rádio e TV e à compra deseus equipamentos, pois pre­cisam deles no inicio de 94,como prevê a graàe curricu­lar. O laborat6rio defoto estáem funcionamento, assim co­

mo as salas de redofão e dia­gramação. Mas, além disso,

'

a UNlVALI deveria ter uma

gráfica capaz de produzir oCOBAIA. Vários impressospoderiam também serprodu­zidos na prôpria Universida­de.

•Enfim, sós!Nosso Curso, de Comunica­ção Social, habilitação em

Jornalismo", desvinculou-seda Facultade de Filosofia,Ciências e Letras, incorpo­rando-se à recém-criada Fa­culdade de Comunicação e

Artes.Agora já se pode so­

nhar com Departamento deProfessores, menos buro­cracia, mais autonomia e,cada vez mais, melhoresprofessores, desde os 'pri­meiros semestres, é clato!

•Ele gostOU!o grupo de alunos responsá·veis pelo primeiro COBAIAagradece a correspondênciado 'Réitor, Edison Villela,cumprimentando pelo traba·lho apresentado e colocandoa reitoria à disposifão paro

, o que for necessário, a fimque se seja garàntida a pro­dução desse jornal laborat6-rio. É o que todos esperam.••

i .É O Cíceroa Indo para Recife, numa das'C paradas no interior da Ba­� hia, Cícero, do 3� período

de Jornalismo, perguntou a

quatro colegas: - Já passa­mos em João Pessoa"? Umdeles, respondeu: - A Pa­raíba fica acima de Pernam­buco. Nunca viu o mapa?Irritado, Cícero retrucou:__;_ Eu não estou falando daParaíba, eu estou falandode João Pessoa!

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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As menores prostitutas iniciam cedo, nas ruas ou -nos bares cOlivivem com_ drogas e violência

sexo masculino. Segundo Wilson, a po­pulação não se incomoda tanto com a

.prostituição. Nesta casa são dadas.orientações sobre sexualidade para os

menores, de maneira informal, apro-,veitando as dúvidas das crianças. Cha­

_

ves diz que hámeninos que se envolvemcomo homessexualismo.

-

O menor J. S. garante que foi pro­curado por um professor da Univali,conhecido nomeio por Roberval, paramanter relações sexuais ou assistir uma

Inflação ecrisenãopreocupam,quemvive do comérciodo sexo

tm Itajaí não há nenhum proje�·de assistência, amparo e proteção àsmenores prostitutas ou envolvidas cof!ldrogas. O Conselho Tutelar do muni­

cípio, teoricamente o responsável poresta assistência, é formadopor 18 pes­soas, mas desde sua criação, pouco­ou nada - fez para tentar reverter a

situação. ,

Há entidades na cidade quetraba­lham com crianças carentes, mas ne­

nhuma trata especificamente da criançana rua. O Lar Padre Jacõb.no bairroFazenda, é dirigido por quatro irmãssalesianas, e atende 120 crianças. Elasexercem atividades profissionalizantese recebem reforço escolar. A institui­ção é mantida co� ajuda da Prefei�r�,Estado e, principalmente, contnb.ul�ções da comunidade. A Irmã HononnaDias explica: "Não trabalhamos com

crianças prostitutas e envolvidas com

drogas porque prejudicaria todo um

trabalho com filhos de famílias caren­

tes, mas que não têm a experiência dasruas". -

O Lar Assistencial Fabiano deCristo também promove atividadesprofissionalizantes e é sustentado pelaCapem i (Caixa de Pecúlio Militar),além de receber verba, da Prefeitura e

LBA.,

A única entidade de Itajaí que tra­balha com os meninos que vivem na

nia é o CCCA (Centro de Convivênciada Criança e Adolescente), em atíví­dade há um ano e mantida pela Prefei­tura. Seu orientador, Wilson Chaves,acredita que "o CCCA serve como re­

ferencial para.osmeninos na rua". Eletem conhecimento de que há garotasse prostituindo, mas admite que o CC­CA não tem estrutura para orientá-las.O Centro só trabalha com crianças do

I

Desde os tempos deAdão e Eva, guandoatravés da: maça desco­briu-se que o "pecado"é bom, a preocupação emsatisfazer o instinto dohomem em matéria desexo nunca esteve tão emalta e ao alcance do tele­fone. É como pedir umapizza: você escolhe a cor,o tamanho e fica cienteque nas duas horas se­

guintes (tempo médio deum 'programa, que em

agosto custavaCR$ 1.500,00), tem di­reito ao prazei total -com camisinha. Fora os

motéis, existem: livrarias,videolocadoras e maisuma infinidade de servi­ços da chamada indústriado prazer.

,

Só para se ter uma

idéia, nos classificados deum jornal de circulaçãoestadual, na seção demassagistas especiais,edição de domingo 22 deagosto, contam-se 25anúncios. Cada linha sai.por ÇR$ 98,54 nos diasmais caros. Consideran­do-se que um anúnciodestes tem sete linhas, seele for publicado em to­dos os cadernos classifi­

_

cados até o final di> ano,

3

o lucro do jornal será deCR$ 76.517,00.

, As agências especia­lizadas na contratação degarotas para programaou acompanhamento deexecutivos, responsáveispor esses anúncios, cres­ceram muito nos últimosdois anos. No começo, ospróprios jornais não sa­biam lidar com os anún­cios, eles vinham acom­

panhados de fotos dasmulheres, o que foi proi­bido. As mulheres geral­mente vêm de outros es­

tados, é um tipo de ins­trumento de segurançaque garante por exem­plo, que elas não venhama sair com alguém: da pró­pria família.

Não há qualquer ti­po de relação afetiva, se­gundo Camila, 19: "a vi­da é normal, como a: devocês, é difícil ter namo­rado". Essa morena tra­balha há 4 meses em Flo­rianópolis. A agência dá '

moradia e alimentação, eos lucros divididos meioa meio. Camila j,á tent?llsair, mas quando a cnse

aperta elas sabem onde.encontrar dinheiro fácil("dinheiro que entra fácilsai fácil"). O_que os

clientes mais pedem é pa­ra transar sem camisinha,mas é como ela já respon­deu: "Eu posso até tran­sar, mas amanhã, com to­do o dinheiro eu não pos­so me curar da Aids' .

Existe tambémquem trabalha sozinhonesse ramo.Eo caso dostravestis que fazem pon­to nas principais ruas dacidade. Segundo os pró­prios clientes, algunschegam a dar "um ba­nho" 'em muita mulherbonita. Nívea, 42, não émodelo de beleza, mes­

mo assim dá pra faturarCR$ 10.000,00 por se­mana. Atendente em um

, .hospital da _ grande Flo­rianópolis, sentiu o ho­mossexualismo aos 13anos, e com 16 começoua fazer pont\). A maioriados clientese deicasados,pessoas que procuramsair da rotma de um rela­cionamento desgastado,e encontram neles a li­berdade de não serem co­brados por nada quequeiram, t-é uma coisaanimal"). Apesar de al­guns problemas com a

polícia, ela não encara o

trabalho como uma pro­fissãO: "faço porque gos-

relação entre dois menores - conhe­cida entre os meninos como "troqui­nha" - enquanto ele se masturbava.

A prostituição e as drogas fazemparte da vida das crianças na rua. Aex-prostituta V. A., mãe de dois filhos,relata que foi estuprada por policiaiscivis aos 13 anos em Itajaí. V. A., umaadolescente de estrutura franzina, sus­tenta que o primeiro estupro aconteceucom quatro policiais, "Eles me pega­ram, apontarani um arma e me obriga-

----------------�------._----

ram a transar, eu ainda estava grávidade 1 mês". Ela ressalta que havia cocaí­na no bolso dos· policiais.

A ex-prostituta permaneceu pordois anos na extinta Fucabem, ("ondea, droga rolava solta"). Ela recebeuorientações sexuais, mas se julgava

, "descabeçada", devido à pouca idade.Nos programas da ex-prostituta, o sexoera praticado de forma tradicional, co­nhecida como "papai-mamãe". Suasrelações duravam no máximo 15 minu-

, tos e se cobrava um mil cruzeiros reais.V. A. vem de uma família pobre, comproblemas: seus irmãos são ladrões; al­gumas de suas irmãs vivem da prosti­tuição e envolvem-se com drogas; e a

mãe é aleijada. Eles moram num becono centro de Itaja] onde circula drogaabertamente nas mãos de crianças de3 ou 4 anos. V. A. preferia atenderà clientela mais tradicional nos bares·onde freqüentava, no bairro São Vicen-:te, Rio Bonito e beira do porto. "Osmarinheiros e os gregos são muito estú-pidos" , justifica; .

Os bares são os lugares preferidosdas menores. Em um deles, próximoao porto de Itajaí, vive a menor E ..

Ela paga sua hospedagem e alimenta­ção em troca do seu corpo. Neste bar,segundo a ex-prostituta, há portas nos

fundos para fuga. Os policiais avisama proprietária do horário da batida. Nos.últimos meses de junho e julho, nãohouve nenhuma ocorrência da PolíciaMilitar registrando prostituição de me­nores. V. A. nunca foi procurada porentidades assistenciais. Mesmo sem

orientação optou por não voltar paraa prostituição. Já a menor E. contínuase prostituindo no bar.

Texto: Daniela Maia FortesJllD8Úla Darós Juvenal .

_ Fablana Laell 8enhke

to".O mercado edito­

rial, também como o devídeo, vem recheado denovidades. A rapidezque novos títulos sao lan­çados 'chega a espantaraqueles que acreditavamqua a AIDS Jogana. uf!lbalde de água fria, pnncí­palmente na produção devídeos. A qualidade, ocuidado nas produçõesgarantem às locadorasprateleiras vazias.nos fi-

nais de semana, no setorfilme eróticos, principal­mente agora que estãopara chegar ao mercadoos filmes com duas horasde duração, os chamadoslongas metragens. Osaficcionados do gêneroconhecem os principaisdiretores, as atrizes maisimportantes e conse-

_

guem citar -os clássicossem muito esforço. Oque já não acontece comas revistas. A variedade

-

não vem acompanhadade qualidade. Mesmo as­

sim a procura nas bancasé grande. Para Roberto'Nunes, dono de umabanca de jornais. é uma

mercadoria que não en­calha: "tem revista que ésuja mesmo; às vêzesatéeu fico com vergonha. sóque tenho que vender�

Adriana FermIanoMélnlca ProençoRubens F16res

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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Cineasta prepara seu.

_

.

novo curta metragemApesar da crise na Em­

.

brafdme e em toda área dacultura brasileira, este ci­neasta radicado na Ilha, fezcom que seus curtas metra­

gem ajudassem a segurar ocinema nesta época.

Paredes, com seu talentoe persistêncià manteve-se na

+'ativa", ganhando prêmiosinéditos para'Santa Catari­na com o rdme "Desterro" •Agora não satisfeito Paredescomeça a rodàr seus doeu­mentários sobre o episódioacontecido em Florianópolis .

no dia 30 de novembro de1979. "NoveJllbrada prome­te buscar,consciência políti- ..

ca nas pessoas ao relembrartamanha violência prativada.pelo General Figueiredo e

seus aliados".

Alfredo Ramos

�tênio Stein

sua empresa ADP System, Monopoli­zando assim, uma boa parte do mercadode comunicação do País.

Com o advento do Mercosul, abre­se a perspectiva do grupo conquistar umespaço nos países do Mercado Comumdo �ul! o que P!eocupa o pr�sidentedo sindicado dos Jornalistas, pors a "ten­dência, se não houver-uma mudança naconstituição brasileira, é que aconteçaa massificação da informação". Vicenzifinaliza dizendo que seu desejo, entre­tanto não é a destruição da RBS, e sim,que haja uma legislação que permitamaiores condições de concorrência e a

distribuição de concessões a fundações,universidades, sindicatos, igrejas, etc.

!

O Grupo RBS, entretanto, nãoconcorda com as críticas. Derly Anun­ciação, diretor executivo do Diário Ca­tarinense, lembra que a palavra mono­

pólio, no dicionário, significa "direitoexclusivo de exploração de um serviço".Para ele, as empresas que se enquadram

,nessa classificação são estatais como Pe­trobrás, Eletrobrás, etc. "Se estamoscom o dobro de audiência das outras

. redes juntas, isso quer dizer gue esta­.mos atingindo um objetivo. Afinal, nos­sa meta é Iiderar os mercados em queatuamos". E complementa: "em SantaCatarina, temos 25 jornais de circulaçãodiária, e só depois pertencem à RBS.Temos mais ou menos 140 emissoras derádio, e somente sete do grupo. Essesnúmeros não demonstram que temos o

"monopõlio" .

Liberdad de ExpressãoEla gerou obras importantes, mas a censura anda solta por aí

"Infelizmente só se faz cinema '

com dinheiro na mão", segundo" Eduardo Paredes; paranaense, 37 -

anos há 13 radicado em Santa Ca­tarina. Aos 16 anos, quando nãosabia o que fazer da vida, Paredesfoi presenteado, pelo seu tio, comwna máqUina,fotográfica, fato es­

te que o despertou para sétima ar­te.

Após trabalhar 6 an� como

repórter fotográfico em vários jor­nais do PR,�ssou no curso de

. jornalismo da Pontifícia Univer­sidade Católica de Curitiba. Mes- Fernando Collor, que assumiu o

mo sem concluir o' curso, pois já .poder, mudando toda política eco­tinha o registro profissional como nômica, fazeMo com queospatro­fotojornalista. Foi em 1978 o seu cioadores desistissem dos investi-1: contato. "real" com clnema; mentos na área cultural.com o filme "Maldita Concidên- Julho de 1990, dêpois ele se

cia" considerado oa época, under- ver obrigado a vender seu auto­

ground, Logo depois, ·fez vários móvel Fiat 82, para não parar a

cursos, oficinas, em F1orUmópolis, produção, Paredes conseguiu fina­São Pauio, Rio de Janeiro; e quei- Iizar o filme com a, aquda ,finan­moo muita "pestana" para poder ceira .!lo governo' de Santa Cata-

i '�sacar" os conceitos dos cinemas rina e prefeitura de Florianópolis.,

alemães, americanos; e ingleses.''

� Ele entregou a primeira cópia do

Finalmente, em 1989, após 11 iilme à comissão organizadora doanos de trabálho, Paredes achou. Festival de Gramado.

.

que estava preparado para a es- No diá 18 de agosto o filme '

tréia do filme "Desterro". Para foi exibido pela primeira vez, nO

ele, este filme 'oi um "ato de desa- Brasil, apesar .de já estar sendobafo e uma homenagem ao povo . comerciali,zado no exterior e terda Oba, que teve seu nome usur- ganho prênuos para Santa Cata­

pado pelo maior carrasco do Bra- riDa. "Desterro" abriu inúmerassiI, Marechal Floriano Peixoto". portas para o cineasta Eduardo

Foi unia fita dificU de ser pro- Páredes, que já está se preparandoduzida, pois se trata de um filme para um estágió' na Europa.'Osde época, onde é neceSsário buscar cursos são de roteiro e direção,informações. ESSe periódo de fina- na Itália e oa Espanha. $e admitelização coincidiu com a posse de. que sua voc.o é mesmo traba-

Se a liberdade de expressãoao longo da história forjou obras'sublimes nas mais diversas áreasda atividade humana .:._ literatu­ra, música, teatro, cinema -:-, éinegável também que contra elamuitas injustiças e atrocidades jáforam cometidas, principalmentedurante os re�imes políticos deexceção. Naditadura militar im­plantada no Brasil a partir de1964, por exemplo, não forampoucos os livros, os filmes, as pe­ças teatrais e as composições mu­sicais censurados, com seus auto­res sendo perseguidos, presos,exilados, torturados e até mortos.

E dentro desse contexto se

inclui, com maior ênfase, a Im­prensa, uma das vítimas maiores

,da violência e arbitrariedade pra­ticadas pelo autoritarismo dos po­derosos, mesmo nos dias atuais,conflitando com os avanços da de­mocracia -.Mas o ódio contra a Im-

prensa no Brasil é secular, e podeser detectado desde' a época doimpério. Provas documentaisatestam que o Marechal Deodoroda Fonseca, o proclamador daRepública, apoiou o empastela­mento do jornal A Tribuna; queo .presidente Epitácio Pessoaachava que "coagir o pensamentonacional' era uma tarefa meritó-,ria; e que o presidente Artur Ber­nardes mandou encarcerar uni-jornalista por longos meses, sem

processo nem culpa formada,após que�er SUb*á-l<;>,.

e come­

teu um cnme de g nocídío ao au­

torizar o bombar '0 de São Pau­lo' em 1924, causando a morte dedezenas de velhos, mulheres e

crianças,O jornalista Fernando Jorge,

em seu livro "Cale a Boca, Jorna­lista!", pulveriza o mito CarlosLacerda democrata. Informa comprovas insofism�,,(lis:_�!:-acerdal

Jornalista.solta o

verbo e acaba preso:.

"Sem conhecer o passado ninguémé capaz de formar uma opiniãopolítica". (Eduardo Paredes)

Um dos pressupostos maiscaros dademocracia é a existênciade uma imprensa livre. No Brasila história é repleta de episódiosexemplares nos quais a imprensapratícamente assumiu a vanguar­Ida das grandes questões nacionaisao comunicar a sociedade com in-

. formações relevantes sobre os es­cândalos de todo-tipo e qualidadeque pontuaram os últimos gover­nos. A própria Constituição Fe­deral, no seu artigo 5, incisos 6�e�, garante a livre manifestaçãoe expressão do pensamento em

atividades intelectuais, artísticas,científicas e de comunicação, in­dependente de licença ou censu­ra.

.Entretanto, .em Itajaí, o jor­

nalista e advogado Dalmo Vieira,64 anos, diretor do jornal"Diáriod? Litoral", penou durante 24dias no cárcere da Cadeira Públi­ca por suposto atentado à moralpública e aos bons costumes, acu­sado que foi pelo prefeito muni­cípal Arnaldo Schmitt Júnior. Aprisão prevéntiva do jornalista,decretada pela juíza Marly Mosí­mann Vargas, originou-se em re­

portagem publicada em 17 de ju­lho último, na qual Vieira relatouurn caso oconndo na década de60, quando urna freira teria sidoflagrada em pleno ato sexual comum enfermeiro, fia .cozínha doHospital Marieta Konder Bor-nhausen. .

"Não é só pela irreverênciada linguagem do jornal que fuipreso. Na verdade venho denun­ciando irregularidades e atos decorrupção em diversas esferas dopoder público e privado da re-

Ihar com fatos históricos.Paredes agora está f"malizan­

do outro filme da história nacionál

"Novembrada", "que mostra a.�de vivida pelo povo Doria­

nopoUtano nodia trinta de novem­bro ,de 1979, na praça quinze denovembro". Um protesto exacer­

bado, feito por estudantes e cida-­dãosanônimoscontrao presidenteGeneral Figueiredo. "Este fato fezo povo, que já nã(faguentavamaistanta pressão, sofrer uma catarse

positiva, aqudando a iniciar emFlorianópolis os protestos que se

estenderam em todo o país, pelófim do regime miUtar pós 64".

"Novembrada" será rodadoem forma de documentário e está

orçado em 30miI dólares, que Pa­redes já conseguiu. Para, este eí-

.

'neasta o que importa em seus fiI-I'

mes é. despertar nas pessoas a·

consciência desses fatos históricos,pois sem conhecer o páSsado nin­guém é ca� de formar u.... opi­nião política�

.

gião", argumentou Dalmo Viei­ra; que já enfrentou mais de 30processos durante os 14 anos emque mantém o jornal. Nesse pe­ríodo teve sua casa metralhada e

a redação do jornal empasteladasem que tenham sido descobertosos autores. ..

Dalmo, libertado por habeascorpus, estã entrando com repre­sentação contra a juíza que decre­tou sua prisão, pófabuso de po­der. A inexistênci� de prisão pre­ventiva na Lei detImprensa; tersido conduzido aI�emado; o con-.finamento em cela comum, são

algumas das írregtâaridades rela- .

cionadas pelo joràalista no pro­cesso.

D$lo vaip� � Juíza

. quando era g,overnador do Esta:do de. Guanabara, procedeu co­

mo um fascista, pois mandouI

apreender .o Correio da Manhãe outros jornais. Além disso, notempo do Estado Novo, ele rece­

bia dinheiro do DIP - Departa-:menta de Imprensa e Propagandapara ficar a serviço da ditadura:' .

O órgão foi criado pelo próprioGetúlio Vargas para fiscalizar. osjornais e censurá-los quando jul­gasse necessário. Outros fatos dolivro dignos de serem menciona­dos: os socos de Leonel Brizolana cara de David Nasser; o pulodo general Newton Cruz em cimado repórter Honório Dantas (gri­tando a frase "Caie a boca, jorna­lista!", utilizada como título do

livro) e os suplícios bárbaros�:gidos durante o governo Médiciaos jornalistas Rodolfo Konder,Miriam de Almeida Leitão Netto,Renato Oliveira da Mota, José

Augusto Pires, Antônio CarlosFon, Frederico Pessoa da Silva e

Wladimir Herzog. Este último,após ser preso ilegalmente, foitorturado e morto em '1975 nos

porões do.Doi-Codi.No final da década de 70, de­

vido.

a um processo baseado na

Lei de Imprensa, o repórter daFolha de São Paulo Ricardo Kots­cho, chegou a ser condenado a

"

um ano e quatro meses de prisão,mas obteve a suspensão condicio­nai da pena. Em seu retrato deurna época de terror, Kotscho re­

lata: " ...era raro .o fim-de-semanaem que um jornalista não desapa­recia misteriosamente no prosai­co trajeto entre a casa e Q traba­lho". No início dos anos 80 quatrojornalistas, responsáveis pelosdiários Gazeta do Vale, de Itajaí,e Afinai; de Florianópolis, viram­se enquadrados nos artigos 14 e

. 33 da Lei de Segurança Nacional.Haviam reproduzido matéria da

, Hora do Povo sobre as autorida­des que possuíam conta bancária

, naSuíça, na qual constavao nomedo governador Jorge Bornhau­sen.

As bombas também não fal­taram na história do jornalismobrasileiro após a revolução de 64.: ,

bomba na Associação Brasileira.de Imfrensa, em 1968; bomba noJorna do Brasil, no mesmo ano;bomba no Correio da Manhã, em69; bomba no semanário Pas­

quim, em 1970 (duas vezes, em. março e em maio); mais .uma

.bomba na Associação Brasileirade Imprensa, em .76; bomba no

periódico Hora do Povo, em 80.Por tudo isso e muito mais,

o abuso de autoridade e a agres­são refletem a concepção que vâ­rias autoridades fazem da impren­sa e dos meios de comunicação.E mesmo os ares de democraciaque passaram a soprar' no país

. não conseguem evitar que as arbi­trariedades e a censura continuema ser cometidas.

r

o Grupo Sirotsky decideos caminhos da informaçãoo

RBSA Rede Bra- emissoras estão presentes em 7'19.374

.

sil Sul atualmente domicílios com TV no estado, obtendo'comandada por' 63% de audiência média (estimativa deNelson Sirotsky, 1991).

atinge um mercado de 13.5 milhões de Conforme pesquisa Ibope, durantepessoas, através de suas 56 empresas o h?rário nobre, de c�da �O pe�soas quede comunicação espalhadas nos estados assistem TV, sete estao s�Ato�lZadas nado Rio Grande do Sul Santa Catarina RBS, 70% do total da audiência, contraParaná Rio de Janei�o São Paulo � 30% das outras redes juntas. SegundoDistrit�Federal.' Vicenzi, estes números representam um

O grupo Sirotsky.jiascido em 1975 "9uasemonopólio" da�S TV em fun­

com a Rádio Gaúcha de Porto Alegre, çao dela ser retransmissora da Rede

não é diferente dos outros controlados Globo.

por outras poucas famílias (8), que de- Mas a RBS n�o' se restringe à televi­têm os meios de comunicação do País, são. Ela controla também 7 rádios -conseguidos através da barganha e dos duas AM (Diário da Manhã -'- Floria­favores políticos. O presidente do Sindi- nópolis e Princesa de Lages), e cincocato dos Jornalistas Profissionais de FM (Atlântida de Florianópolis, Blu­Santa Catarina, Celso Vicenzi, lembra menau, Lages e Chapec6, e a Rádioque em quase todos os países, inclusive Itapema, também na capital). Além dis­os do chamado 'primeiro,mundo' que so, possui dois jornais: o Diário Catarí­eles gostam tanto há uma legislação res- nense (DC) e o Jornal de Santa Cata­tritiva quanto à distribuição de conces- rina. O DC foi o primeiro no País a

sões a veículos de comunicação. Porém, trabalhar com composição e edição ele­aqui permite-se essa concentração: uma trõnica e hoje é o de maior tiragem domesma família ou grupo pode ser pro- estado, com 36 mil exemplares/dia. Já

� prietãrío de canais de rádio e televisão, o Santa pertence ao grupo. desde o diaJornais e revistas. Isso é que é uma ques- primeiro de, setembro de 1992 e vemtão de se�urança nacional, passando por renovações que obvia-

A Venus Platinaêa dos Pampas en- mente visam aumentar sua' atual tira­trou no ar em Santa Catarina no dia gem de 20.()()() jornais diários. '

primeiro de maio de 1980, com a TV A cada ano que passa, a Rede Bra­Catarinense de Florianópolis. Depois, sil Sul se expande ainda mais. Adquiriu.comprou a TV Coligadas de Blumenau, os direitos de comercializar os sinais dea TV Cultura de Chapecó e a Compa- TV a Cabo em SC, representando a

nhia Catarinense de Rádio e Televisão Globo Sat, através da "Horizonte Sul",(hoje RBS TV Joinville) essas quatro e entrou no ramo da informática <:O�

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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OU comprar rãdío, TV e

jornal, ao mesmo tem-

po).Para encaminhar as

deliberações do encon­

tro, foram criados gruposde trabalho por região,com seus respectivos pro­pósitos. Os principais'são: Universidades deBrasília ....,.- Lei da Infor­mação Democrática;Universidade FederalFluminense - Agência e

Rede de Notícias; Unisi­nos (Universidade doVale dos Sinos, RS) -Publicações; FaculdadeTiradentes (SE) - Ban­co de Temas. Os alunosde Jornalismo da Univalificaram com o tema dasescolas pagas. São res­

ponsáveis por um levan­tamento dos cursos decomunicação em todo o

país, suas situações, valo­res de mensalidades e

atuação em pesquisa e

extensão. O intuito é di­vulgar as experiênciasbem sucedidas e aproxi­mar os cursos.

O próximo Enecomserá em São Luís (MA),Belém (PA) ou PortoAlegre (RS). A decisãovai ser tomada num en­

contro de representan­tes, em Vitória (ES),agora em setembro. .!

- .

Enecom reúne mais de dois mil estudantesDurante uma sema­

na (l8.a 24 de julho), alu­nos de comunicação so­

cial de todo o Brasil se. reuniram em Recife (PE)para discutir sua linha deatuação e. o posiciona­mento diante de impor­tantes temas nacionais.Discutiu-se a votação daLei de Imprensa no Con­gresso Nacional é, conse­qüentemente, a luta pelaaprovação da Lei da In­formação Democrática(LID), que leva a assina­'tura do Deputado Fede­ral Zaire Rezende(PMDB-MG).

Foi o ENECOM(Encontro Nacional dosEstudantes de Comuni­cação), integrando estu­dantes do Pará ao RioGrande do Sul, com cer­

ca de 2 mil participantes.:Entre eles, 40 alunos daUNIVALI (Universida­de do Vale do Itajaí). Es­te evento acontece anual­mente no'mês de julho,

, Mesmo com as dificulda­des de organização (oReitor da. UniversidadeCatólica de Pernambucoretirou seu apoio'dias an­tes e proibiu que o eventofosse realizado em suas

dependências), o encon­

tro foi proveitoso paraApresentação teatral em intervalo de palestras. (Sadi, do Rio) guem_ est,av,� realmente

O Sul, O Nordeste ou oDos nordestinos en­

Itrevlstados, 870/; sãoI contra o separatismo doSul do Brasil; 10% aindanão formaram opinião e

'apenas 3% se posiciona­ram a favor. A respeitoda onda separatista doNordeste, 58% são con­

tra; 40% nunca ouviram.

falar e somente 2% sãofavoráveis.

A maioria'acha queo separatismo do Sul éum movimento muito or­ganizado e conta a parti­

;éipação ativa da popula-ção. A televisão, veículocom maior capacidadepara formar opinião, nãocostuma apresentar da­dos sobre o número depessoas que apóia os gru­pos separatistas, e queparcela da população se­rá beneficiada.

"Seu" Elias GuedesLima, 46, guardador decarro em Recife, ouviufalar do separatismo doSul no Jornal Nacional(Rede Globo). Ele se po­siciona contra a separa­ção e utiliza o argumentodos separatistas paracqntra-argumentar: "OSul produz mais alimen­tos e ajuda o Nordeste.Com a separação, nós va­IDQS ficar mais _P..QbJes

mteressaoo em novas ex­periências como, porexemplo, os estudantesda Universidade Federaldo Pará. Eles mostraramcomo se organiza um gru­po para participar de umencontro nacional. Alémde discutirem ativamen­te, mostraram sua cultu­ra, com apresentações deteatro, danças típicas e

pesquisas.A Universidade Fe­

deral Fluminense, de Ni­terói (RJ), também apre­sentou um belo trabalho.Os alunos montaramuma agência de notíciascom o apoio financeirode entidades ecológicas.Outras escolas de comu­

nicação também queremter sua agência de notí­cias. Para isso, há o pro­jeto de Daniel Herz (mi­litante do Fórum Nacio­nal pata a Democratiza­ção da Comunicação) pa­ra fazer uma rede de notí­cias, onde os, universitá­rios de todo o país pode­rão trocar informações.Os estudantes de PortoAlegre, com o auxílio deHerz, iniciarão o projetoainda este ano. AUnivalitambém tem alunos res­

ponsáveis por tentar im-:plantar a idéia. .

. No dia 20, na Câma­ra de Vereadores de Re-

cife, houve uma audiên­cia pública para discutira,LID, com a presença.do Deputado Federal Pi- .

nheiro Landim (PMDB),relator do Projeto da Leide Imprensa, que serávotado ainda este ano.

Foi a terceira audiênciaque o Deputado Landimparticipou (as outras fo­ram em Brasília e Forta­

leza) para contemplar a

maior parte possível dasociedade em seu pare­cer.

Landim ouviu aten­tamente José Carlos Ro­cha, professor da USP(Universidade de SãoPaulo) e representanteda Executiva do FórumNacional para a Demo­cratização da Comunicà­ção. Falaram, também,representantes sindicaisde áreas da comunicaçãoe estudantes, principal­mente de jornalismo. ALID prevê a liberdade demanifestação do pensa­mento, o direito de pro­var a verdade, garantiasprofissionais aos Jorna­listas, a possibilidade dacriação de rádios e tevêspúblicas (livres), a regio­nalização da produçãoem rádio e televisão,além de.proibir monopó­lio, oligopólio ou multi-

.

mídia (obter concessão

Brasil é omeu país?

ainda porque eles nãovãomais ajudar a gente"":�"Seu" Elias nunca ouviufalar em grupos separa­tistas do Nordeste, poisa televisão não dá desta-:que.

Sandro Moraes, 29,jornalista, é totalmentecontra o separatismo porconsiderá-lo como um

"bode expiatório" parase .tentar explicar a atualcrise no país. Ele entendeque o Sul discrimina o

Norte/Nordeste. De. Olind�,- Sandro manda

um recado: "Estão pro­curando justificar a crisecolocando a culpa no pri­mo pobre".

Uma das três pes­soas que se posicionarama favor de separar o Sulfoi a alagoana Márcia Li­ma! 19, estudante de jor­nalismo. "O povo do Sulse acha auto-suficiente,mas o Nordeste tambémtem condições de se de­senvolver sozinho. Seeles não querem vivercom a .gente, nós pode­mos viver��m eles, Além

disso, já somos separa­dos mesmo", concluiMárcia.

É fundamental des­tacar que, no Sul, há os

que queremmesmo sepa­rar a região e criar umpaís. Mas há um outro

ponto muito discutido: aproporcionalidade da re­presentação no Congres­so Nacional. Um deputa­do federal se elege com

cerca de 3 mil votos no

Amapá e não se elegecom 300mil em São Pau-_lo, por exemplo. E hã

Recife vista do alto de Olinda. Há quem nãoa queira em seupais .

.

..

.

uma pressão para que is­so se modifique por meio.de votação, no Congres­so. Daí rorque a reformaeleitóra e a reorganiza­ção federativa (mais au­

tonomia aos estados) às .

vezes se confundem comomovimento separatista.Um dos que defendemestas idéias é o grupo "OBrasil é o meu país",criado em Joinville paracombater o separatismo.Sua carta de princípios ci­ta a federalização dos Es­tado! Unidos e a adoção

do voto distrital como os

pontos principais para a

organização sócio-políti­ca brasileira.

No Nordeste' tam­bém há grupos separatis­tas, mas eles foram cria­dos em represália aosmovimentos do Sul. Al­guns encaram este assun­to com ironia e outros fi­c� furiosos pelo desca­so com que o Nordesteé tratado. '.

Texto e ·fotos: Eduardo Wen­e1ba_n

6Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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Cor.da pele faz. a diferença socialNegros e brancos vivem umaguerra fria de racismo disfarçado

Na sociedade de hoje ser branco é uma

questão de honra. Esse pensamento acom­

panha não só as pessoas de pele clara, �asos próprios negros, de acordo. com pesquisanacional do Instituto Gallup. Enquanto na

África do Sul existe um apartheid claro e

declarado, no Brasil o racismo vem escon­

dido atrás de atitudes. Esse sentimento de

superioridade da raça branca fica ainda maisacentuado, tratando-se da região sul do País.

O censo de 1980 revelou que 7% da po-, pulação de Itajaí é negra. Apesar disso, �saproximadamente dez mil negros do muni­

cípio correspondem a 35% das pessoas cadas­tradas em entidades de assistência à popu­lação de baixa renda, com ganhos de no má­ximo dois saláriosmínimos. Em cargos públi­cos de destaque, a presença de negros é rara.Na Câmara de Vereadores por exemplo,existem três negros, um recorde na históriado poder legislativo. ., . _

"A dificuldade de atingir altas posiçoesacompanha o negro desde criança", afirmaJosé Bento Rosa da Silva, membro do Movi­mento Negro Tio Marco, de Itajaí, criadopara combater o racismo, divulgar os casos

de discriminação e promover o res�ate dacultura negra. Em cinco anos de' existênciao movimento já defendeu vários casos dere jeição a negros que foram impedidos deentrar em clubes ou de concorrer a empregos.Um dos casos mais recentes foi o da estu­

dante de EStudos Sociais, Gabrielade Souza.Ela foi impedida de preencher uma ficha .desolicitação de emprego no Banco Américado Sul. O gerente Sun Yui Lin, alegou que

,

a instituição não estava precisando de funcio-

nãrios e que não existe racismo no banco."Temos seguranças e vigias negros", afirmou.o bancário.

Para o ativista Bento, que também é

professor universitário "O próprio negro sen­te-se rejeitado já na escola; o padrão de bele­za difundido no mundo não é o que ele vêno espelho. O homem de pele escura procurater relacionamento com mulheres brancas

porque elas estão dentro do estereótipo euro- .

peu", .

- -.'Gilberto e Cleide namoram há sete me­

ses e estão há um noivos. O. casal sente na

pele o racismo da sociedade. "Não foram

poucos os empecilhos neste relacionamento,até as nossas famílias ficaram chocadas a

princípio, "Beto como é conhecido afirma:estamos fora do padrão social, por isso écomum andarmos na rua sendo observadospor olhares surpresos das pessoas", Beto é,

negro e Cleide branca.Nos últimos tenipos a televisão, os jor­

nais e vários veículos de comunicação têmabordado o tema. São histórias de discrimi­nação que acontecem todos os dias nas ruas.Numa enquete realizada pela equipe do jor­nal "Cobaia" no centro de Itajaí; cinqüentapessoas foram consultadas.A pergunta prin­cial "Voce se considera racista?" Setenta e

oito por cento responderam que não. Masa segunda 'pergunta questionava, "Você se

casaria com pessoas de outra raça? Mais dametade acabou confessando que teria dificul­dades de enfrentar um relacionamento des­tés. A enquete abordou apenas pessoas depela clara.

.'.

Texto: Roberta Dietricb, Marta Vizzottº,-VOQ)ar FeUclo

Calouros esperam qualidadeApós anos de estu­

do, chega a hora do vesti­bular. Todos os candida­tos buscam pontos, na

tentativa de conseguir o: seu lugar na universida­; de. Apesar do nível ter'sido considerado médiopelos próprios candída­tos as provas de física e

matemática apresenta­. rammaior dificuldade.

Mesmo não se pre­parando, Scheila Maris­tel Michel tinha esperan­ça de passar, e hoje cursa

lo 1� período de Comércio

Exterior. "Este era o cur- sos iniciaram as aulas noso que eu queria. Agora colégio Pedro Paulo Feli­espero viajar bastante e pe, longe dos corretores

alcançar os conhecímen- da UNIVALI..

tos necessários para tor-/ Conscientes de' que

.

nar-me uma profissional as dificuldades serãode qualidade", declarou. muitas durante o decor­Zaira Garcez fez a sua rer dos semestres, os' ca­primeira opção pra Di- louros mostraram-se dis­reito, porém passou em postos a enfrentar o pre­Estudos Sociais, Ela pre- ço das mensalidades e

tende cursar o primeiro das passagens de ônibus.período, transferindo-se Segundo Scheila, "tudoposteriormente. depende de cada um",

Apesar de aprova- considerando-se tambémdos no vestibular, os ca- a estrutura e a boa quali­louros dos diversos cur-

...

dade de ensino que o cur-

7

Pedro PauloPhilippi: o :

.decepcionanteingresso àuniversúlode

so lhe apresentar,' alémdo apoio por parte da

.

universidade. �'O impor­tante, não é procurarcriar novos cursos, mas

sim dar condições de es­

truturação, a fim de queos já existentes ofereçamcondições para que o alu­no torne-se um bom pro-

.

fissional", disse o aluno.A primeira visão do

calouro, ao chegar a

UNIVALI é decepcio­nante, pois a expectativade convivência com o

ambientéuniversitãrio sóacabará quando estive­rem no segundo período ..Porém a sensação de seruniversitário os faz se

sentirem maiores e maisinteligentes, pertencen­tes a uma classe pensantede uma sociedade.

Texto:' André SilveiraAlexandre LettiKrisley de Aquino Rosa

"

"

.Isolamento entreUnivali e 'calouros

Todo início de' se- .dade. AalunaKarina, do

mestre na Univali, Uni- primeiro período de Pe­versidade do Vale do Ita-

. dagogia, diz que a distân­jaí, acontece o mesmo cia atrapalha. Se quizer­transtorno. A falta de es- mos pedir alguma opi­trutura física do Cam- nião fica mais difícil. Nãopus-1 obriga que os pri- temos noção das coisas" .

meiros períodos das fa- Segundo os alunos a es­

culdadesnoturnas sejam trutura não atrapalha,deslocados para outros mas a falta de convívioestabelecimentos de en- sim. Leonidas fala quesino. Neste semestre 11 não sobe o que está acon­cursos tiveram seus ca- tecendo na universidade,louros conduzidos a Es- pois não conhece nin­cola Básica Pedro Paulo guém lá.Philippi, distanciada 500 Outro problema en­

metros da Univali. Os es- frentado pelos calourostudantes ficaram subme- .que não estudam dentro.tidos ao isolamento do da universidade, é o tem­convívio universitário. po desnecessário que

O estudante, Leoni- gastam quando precisamdas Guziviak, calouro do de serviços.como a bi­Curso de Comércio Exte- blioteca. Conforme a

rior, não sabe explicar aluna Karina, "não é jus­porque está estudando to ficarmos tão longe dafora da Univali: "Nos biblioteca. Não temosdisseram que o trote-esta- tempo para nos deslocar­vamuito violento, por is- mos até lá durante o pe­so nos colocaram aqui. ríodo das aulas. Precisa­Outros nos dizem que- mos pedir para quem es­

não há salas disponí- "

tuda no campus pegar li­veis". O afastamento dos vros para nós". A faltacalouros gera grande fal- de informações por parte .

ta de comunicação entre da secretaria não 'foi daseles e os veteranos e até melhores, comenta Kari-com a própria universi- na.

;

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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o alcoolismo pode serr- considerado uma compulsão fí­sica aliada a uma obsessãomental. Um alcóolatra tem um

_ desejo físico, bem distinto, .deconsumir mais álcool _

do queé capaz de controlar. Ele nãosabe parar de beber. Estádoente, mas não percebe. Éportador de uma doença incu­rável, porém, comomuitas ou­tras enfermidades, pode ser es­tacionada.

Segundo a OrganizaçãoMundial da Saúde, 10% da po­pulação do mundo é alcoóla­tra. E apesar de todo avançotecnológica da medicina, ela _

pouco pode fazer. O alcoolis­mo não tem cura:O único tra­tamento oferecido em um hos­pital é o de desintoxicação. Pa­ra se livrar do problema, so­mente através da força de von-tade.,

-

-

_ Determinação e força devontade não faltam aos Alcoó­licos Anônimos (A.A.), umairmandade de homens e mu­

lheres doentes de alcoolismo.Possui cerca de 2 milhões demembros em todo mundo,compartilhando suas experiên­cias e problemas comuris. Estefoi o caminho por eles encon­

trado para a recuperação .

. O 1� A.A. foi fundado em10 de junho de 1935, duranteuma conversa entre um corre­

tor da Bolsa de Nova Iorque,Bill, e um médico daquela ci­dade, Dr. Bob, ambos comproblemas com o álcool.

Hoje, o A.A. existe em

136 países domundo, commaisou menos 86.000 grupos. Des­tes, 130 estão estruturados em

Santa Catarina. Em Itajaí há7 grupos com uma estimativa'de 2000 integrantes.

Para se ingressar nos AI-

o drallla do álcoolo alcoolísme atinge lO%. .da humanidade

coólicos Anônimos, antes detudo a pessoa precisa estarconsciente do �eu problema, edesejar conqUistar a sobrieda­de. E difícil imaginar que o sr. -

G., de mais oumenos quarentaanos, tenha sido um alcoólatra:"A ciência médica descobriuque o alcoolismo é uma doençaprogressiva. Ver um pai,. u!Desposo, sempre bêbado e tns­te. Eu era doente e minha fa­mília não sabia. Eu não bebiacachaça, só whisky, e mesmo

bêbado, fazia propaganda doA.A.cDiz um ditado: 'Quandonão é pelo amor é pela dor'.Em 1975, fuiatropelàdo quan­do estava alcoolizado. Levei 50pontos na cabeça, perdi a me­

mória. Voltei para casa e bebi,um dia depois joguei todas as

bebidas fora. Desde então eu

participo do AA." ,

Sendo uma entidade semfins lucrativos, vínculos religio­sos ou políticos, o AlcoólicosAnônimos não recebe doa-

ções. Também não faz promes­sas. Seus integrantes procuramviver um dia de cada vez; sembeber o primeiro gole. "Se eu

não tivesse encontrado o A.A, não teria sobrevivido. Sen­ti que podia me manter s��rio,mas precisava me modificar.NoAA., descobri uma irman- _

dade �spiritu�l, e o cres�imen­to espiritual � abase sóh.�a ��uma abstinência tranquila ,-

assegura sr. S. -

_ _

Talvez a família seja quem

Univali na boca do povoHá dois anos o curso de

Odontologia da Univali desen­volve _ um programa de atendi-

,

mento à comunidade de Itajaí.Com um fluxo de aproximada­mente quarenta - pacientes pordia, o atendimento é feito pelosalunos que já estão nas fases fi­nais do curso, acompanhadospor professores. Este trabalho édesenvolvido em-convênio com

o SUS - Sistema Unificado deSaúde.

_ O convênio não destina_verba definida para o programa.Ele cobre uma parte dos custos'de material didático utilizadonos tratamentos, e remunera

mensalmente a universidade pe­la produção acadêmica. Alémdos casos considerados rotinei­ros são feitos atendimentos es­

pecializados como próteses, -ci­rurgias e tratamento de canal.

, Em convênio com o SUS, a Uni­vali é aüníca instituição na cida­de que presta este tipo de atendi­mento de forma gratuita (os pos­tos de atendimento do municí­pio realizam apenas extrações e

restaurações), Porém, nem todo<> material didático é custeadoPelo SUS. Assim, 9 que fica fal-­tando é trazido pelos alunos. Es­tes materiais, que não estão in-

S

cluídos nos custos das mensali­dades, hoje em tomo de vintee dois mil cruzeiros reais, agu­lhas, filmes para raio-x e outrosnecessários. -

Infra-estrutura: .0 curso deOdontologia da Univali possui'hoje duas clínicas de atendimen­to com vinte e doisequipamen­tos em cada uma; duas pré-clí­nicas, onde os alunos vão trei­nando em modelos antes de tra­tar os pacientes, ainda: oito bo­xes com aparelhos raio-x e um

laboratório que produz materialdidático, modelos de boca, den­tes, gengivas, etc. De acordocom o protético responsável pe­lo laboratório; Sérgio Souza Ju­mor, esta é uma forma de redu­zir os custos, já que não é neces­sário buscar fora da universida­d o material e pagar mais pore e (além de ser um produtouito usado pelos acadêmicos).curso tem também uma sala

ci'

rgica equipada com apare­Ih s de tecnologia aval!çada e

u á outra, em fase de implan-tação. .

-

-

A clínica funciona de se­

gunda à sexta-feira e no atendi­mento varia de seis meses a um

ano. Inicialmente é' feita uma

triagem entre os pacientes e as-

sim-que os' trabalhos vão sendoconcluídos, novas pessoas sãochamadas. Com uma estrutura

qualificada entre asmelhores dopaís, a universidade entra com

o espaço físico e com o corpodocente. De acordo com o vice­diretor da faculdade, Túlio Val­canaia "que seja louvado quemprecisa", ou seja, muitos bene­fícios adquiridos pelo curso se

devem ao diretor do curso, que­sempre está em busca de novos

convênios, contratos e melho-. rias. Inclusive ele não pôde nos

dar uma entrevistá no dia -

em

que o procuramos porque estavaem Bauru, firmando novos con­

vênios pára a Faculdade deOdontologia. _

Texto:Marta VlzzottoRoberta DietricbKrisley de AquinoVilmar FeUdo

-

mais sofra com a experiência'de conviver com um alcoóla­tra. "Um dia eu corri com umnamorado da minha filha.Completamente bêbada, eu fa­lei para o rapaz: 'Tu és feioassim mesmo, ou levassse umap ... na cara?! Ele nunca maisvoltou", lembra dona A. Já ahistória do seu,C. é igual a demuitas outras confadas por

· aqueles com o mesmo proble­ma: "Ao me aproximar de ca­

sa, ao cruzar os umbrais daporta, eu procurava um defeitopara demonstrar o 'macho' queeu era. Descontava nos maisfracos, meus filhos e minhamulher. Eles eram uma forta­leza, agüentaram vinte anos de ialcoolismo!" .

i. O por quê do anonimato?A irmandade deve ser a atra­ção, não as vitórias de cadaum.

Recuperação não é privi­légio de todos os alcoólatras.'oelo contrário. Erico, 36 anos,esteve no A.A., porém nãoconseguiu manter a sobridade

'

.por muito tempo. "Em 78, um· amigo me levou para os alcoó­latras anônimos; seis meses de­pois me convidou para bebercerveja. Aí, eu acabei voltandoà bebida".

- Érico ainda conta: "porcausa da bebida eu perdi mui­tos empregos, me separei da

· minha companheira, porquebatia nela. Eu fico muito agres­sivoquando bebo".

.

Assim como Érico, OclairLima, 30 anos, também con­vive com o problema: "nãoposso ficar sem tomar. Já bebona cama, deitado, pois a .fra­queza não me permite ficar empé".

Texto:,<:;bristiíme iii! 'OÚvelraCI,,-,dia Cristina Batscbaner

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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina