jorge luiz castanheira alexandre américo siqueira filho dr. nelson de...
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Diretoria da LIESA (Triênio 2009-2012)
Presidente - Jorge Luiz Castanheira Alexandre
Vice-Presidente e
Diretor de Patrimônio - Zacarias Siqueira de Oliveira
Tesoureiro - Américo Siqueira Filho
Diretor Jurídico - Dr. Nelson de Almeida
Secretário -
Wagner Tavares de Araújo
Diretor de Carnaval - Elmo José dos Santos
Diretor Comercial - Hélio Costa da Motta
Diretor Cultural - Hiram Araújo
Diretor Social - Jorge Perlingeiro
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ÍNDICE
PÁGINA
ORDEM DOS DESFILES 05
RANKING DAS ESCOLAS 07
G.R.E.S. RENASCER DE JACAREPAGUÁ 09
G.R.E.S. PORTELA 19
G.R.E.S. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE 27
G.R.E.S. MOCIDADE IND. DE PADRE MIGUEL 35
G.R.E.S. UNIDOS DO PORTO DA PEDRA 43
G.R.E.S. BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS 57
G.R.E.S. UNIDOS DE VILA ISABEL 65
G.R.E.S. SÃO CLEMENTE 77
G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR 89
G.R.E.S. ACADÊMICOS DO SALGUEIRO 97
G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA 105
G.R.E.S. UNIDOS DA TIJUCA 117
G.R.E.S. ACADÊMICOS DO GRANDE RIO 125
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GRUPO ESPECIAL
ORDEM DOS DESFILES
CARNAVAL/2012
ORDEM
HORÁRIO
DE INÍCIO
DOMINGO
(19/02/2012)
SEGUNDA
(20/02/2012)
1 Às 21:00 h RENASCER DE
JACAREPAGUÁ SÃO CLEMENTE
2 Entre 22:05 e 22:22 h PORTELA UNIÃO DA ILHA DO
GOVERNADOR
3 Entre 23:10 e 23:44 h IMPERATRIZ
LEOPOLDINENSE
ACADÊMICOS DO
SALGUEIRO
4 Entre 00:15 e 01:06 h MOCIDADE IND.
DE PADRE MIGUEL
ESTAÇÃO PRIMEIRA
DE MANGUEIRA
5 Entre 01:20 e 02:28 h UNIDOS DO
PORTO DA PEDRA UNIDOS DA TIJUCA
6 Entre 02:25 e 03:50 h BEIJA-FLOR DE
NILÓPOLIS
ACADÊMICOS DO
GRANDE RIO
7 Entre 03:30 e 05:12 h UNIDOS DE
VILA ISABEL
As Escolas de Samba, cuja posição na Ordem dos Desfiles
corresponda à numeração ímpar deverão se concentrar a partir da
lateral do Setor 01 (um) da Avenida dos Desfiles no sentido do
Edifício “Balança Mas Não Cai”;
As Escolas de Samba, cuja posição na Ordem dos Desfiles
corresponda à numeração par deverão se concentrar a partir do
prédio do Juizado de Menores no sentido do prédio da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos.
6
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RANKING LIESA
2007 / 2011
OR
DE
M
ESCOLA 2007 2008 2009 2010 2011
TO
TA
L
Col. PT. Col. Col. Col. Pt. Col. Pt. Col. Pt.
1º Beija-Flor de Nilópolis 1º 20 1º 20 2º 15 3º 12 1º 20 87
2º Unidos da Tijuca 4º 10 5º 8 9º 2 1º 20 2º 15 55
Acadêmicos do Salgueiro 7º 4 2º 15 1º 20 5º 8 5º 8 55
4º Acadêmicos do Grande Rio 2º 15 3º 12 5º 8 2º 15 - - 50
5º Unidos de Vila Isabel 6º 6 9º 2 4º 10 4º 10 4º 10 38
6º Estação Primeira de
Mangueira 3º 12 10º 1 6º 6 6º 6 3º 12 37
7º Portela 8º 3 4º 10 3º 12 9º 2 - - 27
8º Imperatriz Leopoldinense 9º 2 6º 6 7º 4 8º 3 6º 6 21
9º Unidos do Viradouro 5º 8 7º 4 8º 3 12º 0 - - 15
10º Mocidade Independente de
Padre Miguel 11º 0 8º 3 11º 0 7º 4 7º 4 11
11º Unidos do Porto da Pedra 10º 1 11º 0 10º 1 10º 1 8º 3 6
12º São Clemente - - 12º 0 - - - - 9º 2 2
13º União da Ilha do
Governador - - - - - - 11º 0 - - 0
Império Serrano 12º 0 - - 12º 0 - - - - 0
Estácio de Sá 13º 0 - - - - - - - - 0
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“O Artista da Alegria dá
o Tom na Folia”
G.R.E.S. RENASCER DE
JACAREPAGUÁ
Presidente: Antonio Carlos Salomão
Carnavalesco: Edson Pereira
Fundação: 02/08/1992
Cores: Vermelho e Branco
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G.R.E.S. Renascer de Jacarepaguá
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“O Artista da Alegria dá o Tom na Folia”
... No princípio criou Deus os céus e a terra.
E a Terra era sem forma e vazia...
E disse Deus: haja luz! E houve luz!
Gênesis Cap. I, II e III
E de tudo que Deus criou, da luz surgiram as cores!
O G. R. E. S. Renascer de Jacarepaguá te convida a
embarcar em uma colorida viagem pelo universo das
obras de Romero Britto.
Uma viagem que não tem fronteiras, início, meio ou fim.
É como um conto de fadas que toca o coração, liberta a
alma e realiza nossos desejos.
A mente humana guarda sonhos, fantasias, mistérios,
loucuras e magias. É como uma abstrata máquina que
subindo e descendo, girando para todos os lados carrega
milhares de células que conferem ao Homem dons divinais
entre eles o poder de pensar e criar. E Deus deu a ele a
genialidade na arte de brincar com formas sem formas. Na
arte de transformar o insano em sano e de fazer surgir das
mais fantásticas fantasias de sua mente, formas que
encantaram o mundo inteiro. Mente querida e forte que
não se rendeu à infância sofrida.
O Criador o fez assim: moleque, maneiro, faceiro e
arrêtado. Em suas mãos o abstrato criou forma e as cores se
transformaram na razão de sua vida!
Carnaval/2012
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Desembarcamos na história da arte ocidental; viajamos à
barroca Itália do Mestre Caravaggio que retratava o
aspecto mundano dos eventos bíblicos, usando o povo
comum das ruas de Roma.
Caravaggio quebrou as regras e se opôs a elas em um estilo
de pintura natural, direta e até mesmo brutal. Os contrastes
de forma e luz sublinham formas maciças que na maior
parte de suas obras, emergem vigorosamente de um fundo
negro.
Em sua infância Romero recebeu de seu irmão, um jovem
vendedor de enciclopédias, um livro a respeito de
Caravaggio. Sequer havia ouvido falar do Mestre, mas se
impressionou com a violência de sua obra. Sua infância
pobre nas favelas de Recife, repletas de adversidades,
poderia fazer de Romero o novo Caravaggio, o
Caravaggio tropical. Dores e dificuldades não faltariam
para retratar. Romero era na verdade uma dessas milhares
de pessoas comuns que Caravaggio retratava em suas telas.
Mas o que faz uma pessoa comum? As circunstâncias? O
cenário de sua vida? Ao escolher seu estilo artístico,
Romero nos apresenta uma grande lição de vida: não somos
o que temos, somos o que guardamos em nosso interior, o
que podemos contribuir para um mundo melhor. Das obras
de Caravaggio teve a exata noção do que não queria retratar
em suas obras, se poderia influenciar o mundo e as
pessoas com uma obra feliz, serena e brilhante, por que
iria compartilhar seus pesadelos?
Ainda na Europa sua inspiração viaja para Espanha de Pablo
Picasso. O artista das formas certamente é um traço
G.R.E.S. Renascer de Jacarepaguá
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reconhecido na obra de Romero. Picasso, o pai do cubismo
no mundo é um marco em suas obras.
Dizem que a propaganda é alma do negócio, mas no
fundo a propaganda é uma nave por onde uma obra navega e
chega a muitos lugares. Quando um artista idealiza uma
obra, ela se limita a um espectador, alegra uma única vida,
altera uma única história. Uma obra que ilustra um produto,
tem um poder de alcance inimaginável. As obras de
Romero transmitem alegria e através dos inúmeros
produtos mundiais que carregam os traços de Britto, esta
arte isenta de ansiedade e medo rompeu fronteiras étnicas,
sociais e religiosas alcançando um número incalculável de
vidas e de histórias.
É o início do ciclo publicitário de sua carreira onde Romero
descobre que o infinito é realmente intocável e sua obra
abraça o mundo, chegando aos cinco continentes.
Dezenas de trabalhos publicitários, selos para a ONU e
esculturas que tiraram do artista o poder de perceber até
onde pode chegar, embora tenha durante sua vida, criado
sem a pretensão de voos distantes, pois criou com a alma e
com a emoção de ver uma vida ou sorriso modificado. E
neste aspecto, já é muito mais que um vencedor.
O mundo conhece Romero e ele está ou esteve nos maiores
circuitos artísticos do mundo. Suas obras públicas ilustram
várias cidades do mundo, inclusive sua doce e bela Miami.
A cidade que abriu as portas para sua arte e reconhece seu
brilhantismo em quase toda sua extensão territorial. Museus
mundiais puderam apresentar a sua nação o encanto das
telas e peças deste artista. Romero Britto chega à Cidade
Carnaval/2012
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Luz, ao Louvre em Paris, o mais visitado museu do
mundo, onde nosso genuíno artista pôde se encontrar com
os maiores Gênios das artes plásticas do mundo que até
então, viviam apenas nas lembranças de sua infância.
Do alto do morro e de braços abertos o Corcovado
recebe este artista que no maior espetáculo da terra
conta as maravilhas deste gênio modernista. É a capital
do samba que explode de felicidade e suas paisagens
naturais vão ganhando as cores e a cara de Romero. O
Rio de Janeiro recebe agora um olhar carinhoso de
Britto e a cidade do samba da mulata e futebol, aos
poucos se rende.
Em 06 de outubro de 1963, quando o quarto exército
invadia Recife para uma luta armada contra a revolta
dos camponeses, nascia Romero Britto, um garoto
pernambucano que aos 8 anos de idade chamava a
atenção na escola onde estudava, além de decorar
cadernos com desenhos coloridíssimos passava horas no
quintal de sua casa criando. Sucatas, papelão e jornal
serviam de suporte para suas pinturas. E ele adorava
ganhar de presente livros de arte. “Eu ficava ali sentado e
copiava mestres da pintura por dias e dias”, lembra o artista.
“Nasci com um dom, e quero dividir com todos”
Britto criou obras que invocam o espírito de esperança e
transmitem uma sensação de aconchego. Suas obras são
chamadas, por colecionadores e admiradores, de “arte da
cura”. Sua arte contém cores vibrantes e composições
ousadas, criando graciosos temas com elementos compostos
do cubismo.
G.R.E.S. Renascer de Jacarepaguá
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Nesta Noite a passarela branca vai se colorir de alegria, a
Renascer abre as portas da folia para contar a vida e arte
de Romero Britto esse mágico artista que aos 47 anos
contribui para a formação artística de milhares de jovens
e vem chegando de mansinho para encantar a Marquês de
Sapucaí. Romero, que há mais de 20 anos mora em Miami é
Made in Brazil e a Renascer que é Especial, apresenta seu
carnaval: O ARTISTA DAS CORES DÁ O TOM NA
FOLIA.
Carnavalesco: Edson Pereira
Pesquisa: Anderson Ferreira
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“... E o povo na rua cantando.
É feito uma reza, um ritual...”
G.R.E.S.
PORTELA
Presidente: Nilo Mendes Figueiredo
Carnavalesco: Paulo Menezes
Fundação: 11/04/1923
Cores: Azul e Branco
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G.R.E.S. Portela
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“...E o povo na rua cantando.
É feito uma reza, um ritual...”
Pequena Prece ao Senhor do Bonfim.
Salve, meu Pai Oxalá, Meu Senhor do Bonfim!
Senhor do branco, pai da luz.
Força divina do amor...
Epa Babá!
Meu pai, “... sou filha de Angola, de Ketu e Nagô
Não sou de brincadeira
Canto pelos sete cantos
Não temo quebrantos
Porque eu sou guerreira
Dentro do samba eu nasci,
Me criei, me converti
E ninguém vai tombar a minha bandeira.”
E venho a ti pedir sua benção e proteção, e pedir, também,
licença aos meus padroeiros, para conduzir a minha águia
altaneira, o meu altar do samba, até a sua presença.
Sabe, meu senhor, sempre fomos muito festeiros, muito
devotos, e gostaria muito que o meu povo conhecesse o seu
povo e a sua maneira de festejar, de reverenciar a sua
crença, a sua fé.
Por muitas vezes cantei a Bahia, agora chegou a hora de
mostrá-la.
Carnaval 2012
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“... essa Bahia gostosa
Cheia de encanto e feitiço
Que deixa a gente dengosa
E a gente nem dá por isso”
Bahia que tem o dom de encantar.
Terra em que o branco e o negro, o sagrado e o profano, o
afro e o barroco se misturam e se tornam uma coisa só. No
mar da Bahia, tudo e todos se misturam.
Bahia de vários corações... sagrados corações.
Terra de cores, cheiros e temperos.
Terra de festas e de fé, de santos e orixás.
Terra de samba.
Terra de amor e devoção.
A Bahia é festa o ano todo e o povo vai pra rua manifestar a
sua fé.
“... E esse canto bonito que vem da alvorada.”
Alvoradas, missas, procissões, afinal “quem tem fé vai a
pé”.
Novenas, flores, fitas, águas e perfumes.
Cortejos, fiéis e cânticos.
Velas, orações e adoração.
Gente que dança!
Tambores e atabaques, samba-de-roda, batucadas.
Comidas, pois festa sem comida não é na Bahia.
Gente que canta!
G.R.E.S. Portela
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Canta pro santo, canta pro orixá. Canta para os dois ao
mesmo tempo. É o sincretismo se fazendo presente.
Louva a alegria, a liberdade, a esperança.
Gente que pula!
Pula como pipoca, como cordeiro, em blocos e trios.
Transforma as ruas em um mar branco, de paz.
Mar branco, mar vermelho, mar azul. Bahia é feita de mar, é
feita de água.
Gente que louva!
Beatos, filhos-de-santo, padres, mães-de-santo, fiéis e iaôs,
todos juntos num mesmo ideal. Deuses e mortais, passado e
presente.
Altares e terreiros, tudo é mistério. As divindades tão
próximas e tão íntimas. O milagre da cumplicidade com o
sagrado.
A luz dos orixás refletida nos olhares.
“... Tem um mistério que bate no coração
Força de uma canção que tem o dom de encantar.”
É dia de festa na Bahia. Não importa como começou. Não
importa se um dia tudo vai terminar, pois o riso e o gesto já
estão gravados na eternidade, no céu e no mar.
Bem-aventurados todos aqueles que puderem ver a Bahia
em festa.
E neste momento, meu Senhor, vejo que tudo aquilo que
move o baiano: a fé, a alegria, a esperança, a crença e a
devoção, move também o meu povo, o portelense.
Carnaval 2012
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Um povo que nunca desiste, vive a sorrir e a festejar.
E que essa Bahia que é de Todos os Santos, seja a partir de
então dos santos da Portela também, que eles passem a fazer
parte do seu panteão, estendendo sobre eles o seu divino
manto e nos conduza a um desfile triunfal sobre o altar do
carnaval.
Bem-aventurados aqueles que puderem ver a Portela em
festa.
Afinal,
Sou Clara,
Sou Portela,
Sou Guerreiros,
Sou Amor!
Salve o manto azul e branco.
Amém!
Paulo Menezes
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“Jorge, Amado Jorge”
G.R.E.S. IMPERATRIZ
LEOPOLDINENSE
Presidente: Luiz Pacheco Drumond
Carnavalesco: Max Lopes
Fundação: 06/03/1959
Cores: Verde, Ouro e Branco
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G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense
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“Jorge, Amado Jorge”
“Briguei pela boa causa, a do homem e a da grandeza, a do
pão e a da liberdade, bati-me contra os preconceitos, ousei
as práticas condenadas, percorri os caminhos proibidos, fui
o oposto, o vice-versa, o não, me consumi, chorei e ri, sofri,
amei, me diverti”
Jorge Amado (Navegação de Cabotagem, 1992)
Sinopse
Ave Bahia! Bahia Sagrada!
1912. A lua prateada banha o céu de axé...
Eis a coroa de Oxalá, o Senhor da Bahia!
Venha nos proteger, meu Senhor do Bonfim!
Vem do mar a esperança... Litoral de magia... Iemanjá!
Oferendas à rainha do mar!
“Ela é sereia, é a mãe-d’água, a dona do mar, Iemanjá”
Velas bailam ao som do vento baiano. Veleiros, canoinhas e
jangadas deixem-se levar.
“... cerca o peixe, bate o remo, puxa corda, colhe a rede
“Canoeiro puxa rede do mar...”
Jorge, Amado Jorge... Eis aqui sua história, vida e memória!
Vai, criança baiana, descubra os segredos dessa terra.
Jorge conheceu fazendas, ruas, vielas,
Becos e guetos, tipos e jeitos.
- Quem quer flores? Frutas? – grita o vendedor.
- Olha o acarajé! – oferece a velha baiana.
Águas de Oxalá! Venha ver a Lavagem do Bonfim!
As letras chegam num sopro. Um vento de liberdade em
defesa do povo.
Carnaval 2012
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Ah... O Rio de Janeiro... Nova casa do rapaz escritor.
Graduado na vida e na universidade.
Na política, com o “coração vermelho”, se engajou.
É a vida na capital. Amigos, papos e mulheres...
Ah... As Mulheres... Vida perfumada e sensual...
Bares e cabarés... Eis a malandragem, o primeiro livro: o
“país do carnaval”.
Primeiros romances. Romances da guerreira e apimentada
Bahia, sua eterna paixão.
O ciclo do cacau, grande inspiração.
Viver nas areias da história e sonha em ser capitão
Um ideal. O valor do homem. O reconhecimento da valente
alma do povo.
Vivência e personagens se confundem. Verdadeiros baianos
traduzidos nos folhetins.
Onde está a liberdade?
Essa é a “Bahia de todos os santos” de toda gente! Gente
brasileira.
Doce amor, doce flor Amiga, companheira, parceira de
letras e caminhadas
Que o segue fielmente pelo “sem fim”do mundo.
Retornar a sua origem... Os passos rumo à alvorada da
literatura.
Rumo à consagração: premiado e Amado. De farda e fardão.
Busca no tempero de Gabriela os sabores da vida. O aroma
da crônica do interior.
A brisa que balança as madeixas da morena embala palavras
ao encontro de Dona Flor.
Tieta do “chão dos prazeres”, do agreste. Tereza Batista,
“fonte de mel”.
Mulheres e “milagres” do Nordeste.
G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense
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Jogue a rede, pescador! Traga do mar de memórias as
palavras inspiradoras.
Hoje o capitão é Jorge Amado. Capitão de sua navegação.
“Navegação de Cabotagem”.
Misticismo e miscigenação. Candomblé, alma desse chão.
Que Exu nos permita caminhar! “Se for de paz, pode
entrar.”
Okê Arô Oxossi! Salve todos os Orixás! Joga búzios, canta
e reza!
Kaô Kabesilê! Kaô meu pai Xangô! Jorge é obá no Ilê Axé
Opô Afonjá!
Ora iê iê Oxum! Mãe de Mãe menininha do Gantois, amiga
na fé, axé!
È festa na ladeira do Pelô! É festa na Bahia! Fervilha a
mestiça terra de Jorge!
A Magia dos filhos de Ghandi... É energia do sangue
nordestino...
Tocam atabaques e alabês. O Pelourinho estremece! Vem
descendo Ilê Aiyê!
É o tambor! É a força do ritmo! É o som do Olodum!
Venham, amigos queridos! Amada família do escritor,
venha conosco cantar!
100 anos do nascimento de Jorge Amado... Comemora A
Imperatriz Leopoldinense!
De alma e coração, vamos todos brindar ao mestre das
letras!
Sentadas sob a sombra da copa de uma grande árvore, suas
palavras vão para sempre descansar...
Jorge, Amado Jorge...
Muito Obrigado!
Hoje, a ti canto e me declaro:
sou mais um gresilense apaixonado!
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“Por Ti, Portinari,
rompendo a tela, a realidade”
G.R.E.S. MOCIDADE
INDEPENDENTE DE PADRE
MIGUEL
Presidente: Paulo Vianna
Carnavalesco: Alexandre Louzada
Fundação: 10/11/1955
Cores: Verde e Branco
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G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel
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“Por Ti, Portinari, rompendo a tela, a realidade”
Justificativa
Ao escolher Candido Portinari como tema, a Mocidade
Independente vem celebrar um dos maiores nomes da
pintura brasileira no cinquentenário de seu
desaparecimento.
Através de suas mais importantes obras, mostraremos a
trajetória deste artista que acima de tudo retratou em seus
quadros e murais, a história, o povo e a vida dos brasileiros,
através dos traços fortes e vigorosos carregados de
dramaticidade e expressão.
Esta homenagem escrita em forma de poema é a maneira
mais digna encontrada para festejar este mestre que além de pintar também foi poeta e que entre outras manifestações
artísticas soube tão bem ilustrar com seus desenhos os poemas de Carlos Drummond de Andrade, seu grande
amigo e parceiro na versão do livro “Dom Quixote de La Mancha”, de Miguel de Cervantes.
Por fim é a Mocidade Independente que se orgulha em
levar para o desfile um pouco da obra imortal de Portinari
ao conhecimento do grande povo, aquele que sempre foi a
sua grande fonte de inspiração.
Carnaval 2012
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“Por Ti, Portinari, rompendo
a tela, a realidade”
Num voo mágico, viaja o
samba, a conduzir meu povo
feliz em seu viajante sonho. Solto no universo garboso, prosa em
verso, na fantasia a se tornar
realidade, leva os tambores da
felicidade, para despertar o artista na
morada celestial. Ó mestre, ergueis do sono esse quadro
vazio. Sua obra vive no cantar de nossa
gente. Põe nas tuas mãos o teu
instrumento, tua tela hoje é o
firmamento, que a arte se deixa
tingir o breu da noite, com um
colorido de festa, a aquarela do
carnaval.
Vai, reinventa mais um lúdico
céu. Pinta por nós a nossa
estrela, tu que pintaste tanto a
Mocidade, deixa a tua mão
deslizar Independente.
Hoje, somos as tintas que
envolvem as cerdas do teu
G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel
41
pincel, e que, na mistura das
cores, por ti, Portinari, rompem
a tela para a realidade e
brilham no samba de Padre
Miguel.
Hoje, uma moldura viva e
humana enquadra a tua
história na pista, e teu traço se
refaz nos pés, no passo do
sambista, que vai riscar
murais de sonhos e estampar
retratos, cena dos Brasis que
tu desenhastes.
À luz da inspiração, vem fazer reluzir em nossa
mente a cândida infância de tua Brodowski
querida, e reflorescer os campos com suor da
lida, dos mestiços viris a lavrar a ampla terra.
“Entre o cafezal e o sonho”,
vem reunir retalhos e as lembranças
coloridas, como as dos espantalhos a
oscilar na brisa, serenos sobre as
plantações.
Hoje, é um tempo que não
passa. Um turbilhão, um vento
que sopra, que varre e traz
recordações, e que vem
devolver a ti a meninice.
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“Da Seiva Materna
ao Equilíbrio da Vida”
G.R.E.S. UNIDOS DO
PORTO DA PEDRA
Presidente: Francisco José Marins
Carnavalesco: Jaime Cezário
Fundação: 08/03/1978
Cores: Vermelho e Branco
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G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra
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“Da Seiva Materna ao Equilíbrio da Vida”
Organização de Setores
Abertura: OS MAMÍFEROS.
Como inspiração, tomamos o cuidado materno como fonte
de vida e desenvolvimento. Do período Neolítico aos dias
atuais a evolução dos mamíferos e a importância do leite
para a preservação das espécies dando todas as condições
nutricionais aos novos rebentos para um crescimento
saudável e pleno.
Setor 01: O LEITE: A “FORÇA DA VIDA”.
Recheados de simbolismos pontuarão a presença do leite
como agregador de Força, Fé e Esperança em várias
civilizações. Exemplificaremos ao mencionar algumas como
A Loba de Rômulo e Remo na fundação de Roma. Nas
palavras de Moisés, ao descrever a nova Israel dos Judeus
onde menciona rios de leite e mel.
Na mitologia greco-romana, o leite é fator de união entre o
divino e o humano, entre o mortal e o eterno e, além disso, o
gerador de vida no céu e na Terra. Conta-se que Zeus, em
um de seus envolvimentos com mortais, no caso Alcmene,
gerou Hércules – herói famoso, principalmente por sua
força. Tendo se afeiçoado a seu filho, quis que ele fosse
imortal. Para isso, levou-o sorrateiramente para ser
amamentado por sua esposa, Hera, enquanto ela dormia. O
Carnaval 2012
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pequeno Hércules sugou o seio com tamanho ímpeto que
este continuou jorrando, mesmo depois do fim da
amamentação. Do leite derramado no céu, surgiu a Via
Láctea e, daquele vertido sobre a terra, surgiu a flor-de-lis.
Na mitologia hindu, existem muitas histórias ligadas ao
leite. Entre elas conta-se que Manu, o pai de todos os
homens, ganhou devido à sua inteligência o respeito do deus
Vischnu e, por isso, foi salvo do dilúvio universal. Em
retribuição, Manu ofereceu um bolo de leite coalhado,
manteiga e creme de leite. Do bolo, nasceu Ida, mulher de
extraordinária beleza que despertou a atenção de Manu.
Esta, para evitar o assédio que se aproximava, transformou-
se em uma vaca. Manu, percebendo a manobra, transmutou-
se em touro e a possuiu. Em seguida, em uma versão hindu
da arca de Noé, iniciou-se uma perseguição com diversas
transmutações para outros animais, sempre fêmeas e machos
que, repovoaram a Terra após o grande dilúvio.
Dos Egípcios, vem a Deusa Thueris representada por uma
fêmea de hipopótamo que através dos seus mamilos nutria
de força seus seguidores. Para o povo da Mesopotâmia,
Ninharsa era uma divindade dedicada ao leite, seu poder
concedia uma bênção especial aos seus seguidores.
Para os Nórdicos, uma vaca era venerada sob o nome de
Audumla, cujo leite alimentou o gigante Imir, pai de todos
os deuses escandinavos. Coincidentemente na China temos
também uma vaca sagrada chamada Zing-Po ,que alimenta
os signos do zodíaco estelar, o que mostra a importância do
leite como alimento tido como sagrado tanto no Ocidente
como para os Orientais.
G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra
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Setor 02: A ORIGEM DOS DERIVADOS.
Abrindo cronologicamente a História buscaremos as origens
dos derivados do leite através das várias regiões do planeta e
mostrando o início e a consolidação destes produtos na
gastronomia mundial. Líquidos lácteos fermentados, batidos
e naturais, queijos com as suas propriedades de textura e
sabor, manteigas e cremes, todos muito apreciados em suas
culturas. A maioria das pesquisas históricas atribui a criação
do iogurte aos povos do período Neolítico da Ásia Central
por volta de 6.000 a.C.
Diversas histórias mencionam a origem do queijo, mas a
versão mais aceita pelos historiadores é a do mercador árabe
que, cansado e faminto após atravessar um deserto asiático,
tentou beber o leite de cabra que levava em seu cantil feito
de estômago seco de carneiro. Mas o que saiu do cantil foi
apenas um líquido aguado e fino. Curioso com o fato, abriu
o cantil e encontrou uma massa branca que hoje sabemos
que é a coagulação do leite causado pelo coalho existente
no estômago do carneiro. O viajante faminto experimentou
e, claro, gostou.
Os egípcios tiveram no leite e no queijo um importante
alimento muito difundido, podendo ser encontrado,
inclusive, nas tumbas de seus reis.
Na Europa, eles foram introduzidos pelos gregos e os
romanos tiveram papel fundamental na distribuição desta
iguaria, que servia para alimentar seus atletas e soldados.
Ainda na Europa, com as ordens religiosas, os queijos
ganharam em qualidade e padrões específicos.
Carnaval 2012
50
A coalhada produzida mundialmente, com os diferentes
tipos de leite de mamíferos domesticados, principalmente de
cabra, ovelha, búfala e vaca, ainda conserva as mais
diversas tradições culinárias na sua elaboração, difundidas
através de migrações continentais e intercontinentais das
populações, desde milênios passados até os atuais dias. Sua
origem se confunde com a do queijo que se dá junto à pré-
história, sendo estimada desde aproximadamente 8.000 anos
a.C., quando as ovelhas foram, pela primeira vez,
domesticadas, até por volta de 3.000 anos a.C. Então,
através da combinação leite, calor e bactérias, chegou-se à
coalhada, tendo provavelmente sido originada a partir dessa
combinação “acidental”, onde na Ásia Central, as tribos
nômades tinham o costume de carregar leite em suas
viagens.
Em suma estes três produtos, coalhada, queijo e iogurte em
combinação culinária, geram uma incontável quantidade de
iguarias como pães, bolos, molhos entre outros alicerçando
culturas e costumes.
Setor 03: A EXPANSÃO DE UM PRODUTO.
Do surgimento nos Bálcãs à disseminação por volta do
terceiro milênio antes de Cristo para o Egito, Assíria,
Oriente, Pérsia, Índia e Mediterrâneo se dá através de
guerras, comércio ou expansão cultural e migratória.
É geralmente aceito entre os historiadores que o iogurte e
outros produtos fermentados lácteos foram descobertos
acidentalmente como resultado de leite sendo armazenados
G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra
51
por métodos primitivos em climas quentes. Os descendentes
dos povos que originam os turcos, búlgaros, sírios, gregos,
romenos e árabes, desde épocas remotas já conheciam a
preparação de alimentos fermentados, tais como iogurtes e
coalhadas, reconhecendo a boa digestibilidade e aroma
desses alimentos.
Pastores começaram a prática da ordenha de seus animais, e
as enzimas naturais nos recipientes de transporte (estômagos
de animais) o leite coalhado, essencialmente, faz o iogurte.
Ao contrario do leite a conservação do iogurte dura por mais
tempo, pensa-se que na prática as pessoas preferiam o gosto
mais suave deste ao da coalhada e, consumido de modo
continuado, evolui ao longo dos séculos ainda antes de
Cristo.
Setor 04: UMA BEBIDA LÁCTEA.
A evolução do “Iogurte” e suas variações nas antigas
civilizações, seu uso como alimento doce ou salgado,
temperado ou acompanhante de pratos típicos e sua
aplicação também na medicina.
Depois das conquistas Alexandrinas e do Império Romano a
combinação de culturas forja uma derivação do “Modus
Vivendi” de várias sociedades dando assim prosseguimento
à evolução e ao aprimoramento da gastronomia com essa
miscigenação. Por fim está gravado na história que Genghis
Khan, o fundador do Império Mongol, e seus exércitos
viviam se alimentando de iogurte e com o expansionismo
deste Império mais uma leva de mudanças ocorre em grande
Carnaval 2012
52
parte do mundo civilizado entre os séculos XII e XIII
estendendo-se das Muralhas da China até o Mediterrâneo,
passando por toda a Ásia até a Hungria.
Setor 05: EPOPEIA EUROPEIA.
Com as conquistas Otomanas as práticas alimentares destes
se expandem pela Europa. A assimilação de hábitos e
costumes soma ao cotidiano europeu, novas possibilidades
de subsistência. Novamente a história se repete porém agora
com novos atores. Desde a queda de Constantinopla ,que dá
fim ao Império Romano,a cultura muçulmana ganha espaço
desde o Mar Mediterrâneo até as penínsulas Itálica e
Hispânica varrendo a Europa Ocidental inteira, mas com
ares de aglutinamento cultural em contraponto da conquista
armada.
Paradoxalmente a Igreja Cristã reprimida também ajuda na
disseminação dos conhecimentos eclesiásticos e
filantrópicos, claro, com os seus interesses, se manteve viva
na missão de proteger os pobres e oprimidos da barbárie do
período feudal e dos invasores. Mecanicamente usam as
técnicas de subsistência a seu favor, assim conquistando
mesmo que de forma velada, mais cabeças para o seu
rebanho mantendo a hegemonia do poder da igreja
principalmente nas soluções sobre a alimentação, já que,
para os desabonados, os laticínios como o iogurte, alguns
grãos e a carne de animais de pequeno porte constituíam a
base da alimentação, e as criações de animais de grande
porte eram direcionadas em boa parte para as cortes dos
grandes castelos europeus.
G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra
53
Seguindo os conhecimentos herdados da Antiguidade, o
Iogurte, mesmo que de forma tímida, ganha espaço na
manipulação alimentar das mesas como também evolui
como terapia medicinal incorporando-se e evoluindo como a
própria civilização.
O desenvolvimento europeu nos séculos que seguiram às
Grandes Navegações difunde o prazer gastronômico e
começa a traçar novos comportamentos no preparo de
iguarias cada vez mais sofisticadas.
Os molhos de iogurtes combinados às especiarias que vêm
da Índia e do Oriente, as sobremesas quentes e geladas
resgatam do antigo Império Romano a combinação de
açúcar, frutas e mel em suas composições cuja base é o
iogurte, sem contar a divulgação cada vez maior das crenças
do seu poder curativo, que ao longo dos tempos tem se
consolidado e estudado fazem com que este produto caseiro
se torne mais divulgado e apreciado no continente.
Setor 06: O ENVASAMENTO PARA CONSERVAÇÃO E
TRANSPORTE.
A manipulação e a industrialização será a tônica deste
segmento. Serão mostradas as fases da evolução das
embalagens e também das fábricas de Iogurte criadas na
década de 20 na Espanha, na França, onde daremos uma
atenção especial, sua migração para as Américas, na década
de 30, principalmente nos Estados Unidos e, por fim, o
alimento conhecido no mundo inteiro.
Carnaval 2012
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O Iogurte mesmo que bastante difundido e apreciado era um
produto produzido artesanalmente, de forma doméstica para
o consumo das próprias famílias até o surgimento da
primeira fábrica de iogurte que se deu na Espanha na década
de 20 no século XX. Estes iogurtes inicialmente eram
embalados em garrafinhas de vidro e com o passar do tempo
foi substituído por recipientes de cerâmica, que agregava
valor ao produto envasado.
A chegada na América do Norte se dá no período da
Segunda Guerra Mundial e continua com a mesma filosofia
que criou a primeira fábrica: Uma empresa familiar
cuidando de famílias.
Não poderia deixar de ser uma família mineira na década de
70, cujo Estado é tradicionalmente produtor de laticínios, a
primeira a buscar na Europa a forma de fabricar e embalar o
tradicional iogurte cremoso acrescido de polpa de morangos
no Brasil. Esta família também importa o pensamento
original da empresa, assim promovendo saúde e bem estar
com dedicação de uma família para a família brasileira.
Logo o produto caiu no gosto popular pelo seu aroma,
textura, paladar, embalagem prática e atrativa,
principalmente para o consumidor infantil.
Exponencialmente consolidou-se nos lares e mercados
brasileiros dando assim o começo de uma história de
sucesso no universo alimentício nacional.
G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra
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Setor 07: O ALIMENTO FUNCIONAL.
Dividido em Cosmética e Alimentícia este setor irá
descortinar a vasta gama de produtos voltados ao Bem-Estar
e potencializadores de Saúde.
Alimentos baseados em Iogurte com propriedades
específicas são criados para a maior performance e
manutenção do corpo. Uma troca de cepa (bactéria) muda as
propriedades destes produtos lácteos. A criação destes só faz
consolidar as propriedades já conhecidas há milênios e hoje
com a ajuda de novas tecnologias aliadas a talentosos
pesquisadores fornecem ao mercado produtos mais
eficientes na promoção de saúde ajudando o homem
moderno a se cuidar mais. Podemos afirmar que o
sentimento de proteção e cuidado nos remete mesmo que de
forma muito sutil aos cuidados da época da amamentação
quando recebíamos carinho, proteção física e biológica
quando do ato de mamar. Essa é a missão de muitos
abnegados que ao longo dos anos dedicam suas vidas para
um bem maior, levar de forma inteligente e criativa as
funcionalidades destes laticínios para os lares promovendo
equilíbrio físico em um mundo que exige de forma extrema
a capacidade humana. Muito ainda se pode criar nesse nicho
para alcançar a excelência do melhor viver e este novo
horizonte se descortina trazendo esperança e confiança
nessa forma de nutrição. As aplicações destes compostos
láticos transcendem a alimentação e também é aplicado na
indústria cosmética com produtos diferenciados para a pele,
cabelos e hidratação facial e o que mais vier.
Carnaval 2012
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O mais importante é não nos esquecermos de que mesmo
para o simples deleite do paladar, agrega valor nutricional à
nossa vida corrida, tornando-a mais prazerosa e saudável.
Jaime Cezário
Carnavalesco
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“São Luís – O Poema
Encantado do Maranhão”
G.R.E.S. BEIJA-FLOR DE
NILÓPOLIS
Presidente: Nelson David
Carnavalescos: Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva,
Victor Santos e André Cezari
Fundação: 25/12/1948
Cores: Azul e Branco
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G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis
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“São Luís – O Poema Encantado do Maranhão”
SINOPSE
Areias infindas das terras das palmeiras do meu país, depois
do oceano, do areal extenso, o horizonte imenso, onde a
terra esboça luz. Upaon-Açu, solo sagrado, terra de
encantarias, onde vive em plena mata, a tribo dos homens
nus. São guerreiros dos cumes dos montes, dos vastos
horizontes, onde canta o sabiá. São combatentes bravos, que
não se fizeram escravos do estalar do açoite dos que vieram
te dominar.
Sem saber o que esperar, três Coroas te cobiçaram as
riquezas, os relatos do Novo Mundo inflamaram as paixões,
por cidades de ouro puro a serem descobertas, de fantásticos
prazeres, ilusão hiperbólica dos seres, transformados em
quimera bestial.
A França te fundou, Holanda te invadiu, mas Portugal
conseguiu, por fim, te colonizar. Mas para tanto, o que se
deu foi um quadro medonho e triste, que, ao surgir, no mar
se achou. Abrindo as velas ao soprar das virações marinhas,
surge espectro sombrio. Em meio às brumas, desenha
grande navio, que traz um canto funeral. Choro, amargura e
horror fazem do cúmulo da maldade, a mordaça da
liberdade para triste multidão; o navio da escravidão, ferida
aberta nos mares, vem macular os ares de São Luís do
Maranhão.
Carnaval 2012
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Fatalidade atroz, envolve reis e rainhas, soberanos de selvas
longínquas da majestade dos leões. Ontem belos, livres e
bravos, agora míseros escravos; sem luz, sem lar, sem
amplidões.
E a terra se desdobra, cresce, evolui, se renova, a ferro, fogo
e escravidão. Mas nos planos divinos, nos reinos cristalinos,
nos píncaros da luz eterna, surge nova terra, cultivada à
força da oração.
Upaon-Açu, ressurge agora mística no poder dos voduns e
ao som dos tambores de Daomé, na manifestação dos
antigos e na força do candomblé. Desse misticismo santo,
surge a alegria e o encanto das festas que te enfeitam, por
vezes, como o Boi morto e ressuscitado da negra mãe
Catirina, celebração divina em meio a enfeitados casarões
de azulejos portugueses; teu folclore tem brilho farto, que à
tua riqueza conduz.
Terra dos ludovicenses, Ilha do Amor e dos mitos da Fonte
do Ribeirão, da terrível serpente encantada, da lenda da
praia do olho d’água, de Iná princesa, e do milagre de
Guaxenduba. Fala-se de uma sinhá incompreendida, que
virou assombração, e no soar da meia-noite, surge o
espectro sinistro, ouvem-se o ranger de correntes, estalar de
açoites, seres sombrios como a noite, escravos arrastados
em imenso turbilhão.
E a Sinhá Ana Jansen sofre agora, aprisionada em
carruagem encantada por antigos escravos seus, furiosos,
desesperados, cortejo de celerados, esquecidos filhos de
Deus. E a cena só termina, quando o galo, na campina,
anuncia o dia raiar.
G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis
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São Luís, capital do Maranhão, terra de Alcione, de
Joãozinho Trinta, de Zeca Baleiro, de Rita Ribeiro, do
Reggae Brasileiro, de Gonçalves Dias, de Ferreira Gullar e
Josué Montelo.
Vestindo a fantasia, vem celebrar nossa folia o fofão, o vira-
lata, cruz-diabo, o corso do meretrício e as cabrochas a
brincar com os mascarados dos salões do Moisés.
Em meio a tanta festa reluz o Eldorado da bauxita, minério
batizado pela Coroa que te fundou e que desconheceu essa
tua riqueza, que hoje é chama acesa para que possas
progredir; na luz dos céus incomparáveis do futuro que te
aguarda, na imensidão, para te consagrar, enfim, São Luís,
pérola sagrada da Coroa encantada do glorioso Maranhão.
Laíla
Diretor Geral de Carnaval
Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos e
André Cezari
Comissão de Carnaval
Bianca Behrends
Pesquisa e Documentação Artística
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“Você Semba Lá...
Que Eu Sambo Cá!
O Canto Livre de Angola”
G.R.E.S. UNIDOS DE
VILA ISABEL
Presidente: Wilson da Silva Alves
Carnavalesca: Rosa Magalhães
Fundação: 04/04/1946
Cores: Azul e Branco
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G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel
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“Você Semba Lá... Que Eu Sambo Cá!
O Canto Livre de Angola”
O Brasil e Angola são ligados por laços afetivos,
linguísticos e de sangue. São irmãos pela história que os
une.
Desde a Antiguidade, já existiam bestiários que
repertoriavam as estranhezas da fauna e das características
geográficas. Segundo o jesuíta Sandoval (1625), “Os calores
e os desertos da África misturavam todas as espécies e raças
de animais, em redor de poços, criando um ecossistema
particular, capaz de engendrar hibridações monstruosas. Tal
circunstancia fazia da África, o continente de todas
bestialidades, o território de eleição do diabo.”
As bestialidades de que falava tal escritor eram hipopótamos
e rinocerontes, chacais e hienas, zebras e girafas, avestruzes
e palancas negras, entre outros.
A estranheza também era causada pela cor da pele de seus
habitantes.
As regiões abaixo do deserto do Saara, chamadas de
Ndongo e Matamba, eram habitadas por dois povos
distintos: os ambundos e os jagas. Os primeiros eram
excelentes ferreiros, cuja habilidade era muito apreciada. Os
jagas, por sua vez, se destacavam como guerreiros
invencíveis, pois se exercitavam diariamente em local
apropriado a que chamavam de quilombo.
Carnaval 2012
70
Na época da expansão marítima portuguesa, esses dois
povos possuíam um soberano a que chamavam de Ngola.
No século XVII, a região de Angola era governada por uma
rainha chamada Njinga, que era ambundo pela linhagem
materna e jaga, pela paterna. Expressão do encontro de dois
grupos étnicos, que apesar de semelhantes, tinham
organizações distintas, Njinga os governou com sabedoria.
A persistência do incômodo causado pelo seu sexo,
entretanto, levou-a a assumir um comportamento masculino,
liderando batalhas pessoalmente e vestindo de mulher seus
muito concubinos, que faziam parte de seu harém.
Apesar da fama de Njinga ter sido construída na luta da
resistência contra o domínio de Portugal, entre os
portugueses o reconhecimento de seu talento político e
capacidade de liderança surgiu a partir de seu desempenho
como chefe de uma embaixada que o então Ngola do
Ndongo, enviou ao governador português, em 1622.
Recebida com uma pompa que deve tê-la impressionado,
Njinga também teria causado impacto entre os portugueses
ao agir e falar no mesmo idioma que o deles, como chefe
política lúcida e articulada.
O interesse português era um só – mão de obra para outra
colônia de além–mar, o Brasil. Embora fossem ricos em
minerais, em diamantes, nada disso os interessou. Pois na
época, o reino de Angola era o grande manancial
abastecedor dos engenhos do Brasil. Sem o açúcar, não
havia o Brasil. Sem negros não haveria o açúcar. Sem
Angola, não havia negros. E, sem Angola não havia o
Brasil.
G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel
71
Apesar da resistência de Njinga, o comércio era feito de
modo avassalador. Os negros cativos ficavam em barracões,
que podiam acolher cerca de 5.000 almas, que eram
embarcadas rumo ao novo continente, em viagem longa,
cuja duração podia ultrapassar dois meses, dependendo das
condições climáticas. O porto e partida era Luanda, o maior
centro de comércio escravagista africano. A cidade
alcançara essa posição a partir do momento em que os
escravos passaram a ser embarcados diretamente para as
colônias americanas. Aproximadamente doze mil viagens
foram feitas dos portos africanos para o Brasil, para vender,
ao longo de três séculos, quatro milhões de escravos, aqui
chegados vivos.
A despedida era simples. A cerimônia de batizado era na
hora do embarque: - Seu nome é Pedro; o seu é João; o seu,
Francisco, e assim por diante. Cada viajante recebia um
pedaço de papel com um nome escrito. Então, um intérprete
ironicamente dizia: “Sois filho de Deus, a caminho de terras
portuguesas, esquecei tudo que se relaciona com o lugar de
onde viestes, agora podeis ir e sede felizes”.
A morte social despe o escravo de seus ancestrais, de sua
família, e de sua descendência. Retira-o de sua comunidade
e de sua cultura. Ele é reduzido a um exílio perpétuo.
E lá se vão, num navio abarrotado, sem alimentos
adequados, sem sequer espaço para se acomodarem. Levam
na memória, os cantos, as danças, os ritmos, as tradições.
Levam Njinga e seu espírito combativo, a levam na
memória, apesar das ordens para esquecerem tudo....
Carnaval 2012
72
Os navios negreiros aportavam no Cais do Valongo, longe
do rebuliço da cidade. Alí os escravos viviam em depósitos,
a espera para serem comprados. Pois foi em 1779, por
ordem do Vice-Rei, marquês de Lavradio, que nesta região
se localizaram o cais, o mercado e as precárias instalações
para abrigar os recém chegados.
Por ironia do destino, foi neste mesmo cais, que anos mais
tarde, receberia em 3 de setembro de 1843, a princesa
Tereza Cristina, futura Imperatriz do Brasil, e também mãe
da princesa Isabel, aquela que terminaria de vez com o
regime de escravidão. O cais foi remodelado e uma
cenografia decorativa escondia aos olhos reais as imagens
da pobreza extrema e a humilhação a que eram submetidos
os recém chegados.
Presente em vários lugares em que houve a escravidão, a
coroação de um rei e uma rainha negra era uma forma de
diminuir o sentimento de inferioridade social, assim como
as irmandades permitiam a reunião para reverenciar algum
santo, mas sobretudo como relacionamento social entre os
escravos.
“Nesta santa irmandade se farão todos os anos hum Rey e
huma rainha os quais serão de Angolla, e serão de bom
procedimento, e terá o rey tão bem seu voto em meza todas
as vezes que se fizer visto da sua esmolla avantajada.” O
titulo a que se dava era Rei do Congo e a Rainha Njinga. A
fama de Njinga atravessou os séculos e os mares, sendo
evocada em festas populares no Brasil. Mas antes de se
alojar no imaginário popular, as lições de Njinga foram
G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel
73
muito provavelmente postas em prática na luta dos
quilombolas de Palmares.
Com o intuito de se divertirem, as irmandades
aproveitavam-se das comemorações dos dias dedicados a
este ou aquele santo, para organizarem seus festejos. E era
quase que o ano inteiro, pois S. Pedro, S. João, Santo
Antonio, o Espírito Santo e outros tantos mais, se
espalhavam no calendário. Tudo era oportunidade para
comemorações festivas.
Na Festa do Divino, segundo Manuel Antonio de Almeida,
embora os músicos fossem muito apreciados pelo publico,
ele considerava que eram desafinados e desacertados: “Meia
dúzia de aprendizes de barbeiro, negros, armados este, com
um pistom desafinado, aquele com trompa diabolicamente
rouca formavam uma orquestra desconcertada, porém
estrondosa, que fazia as delicias dos que não cabiam ou não
queriam estar dentro da igreja. Mas era musica buliçosa, um
convite aos jovens à dança”. Os instrumentos que usavam
eram basicamente trombetas, trompas, cornetas, clarinetas e
flautas e os de corda – as rabecas, violões, tambores,
bumbos e triângulos também eram encontrados.
A festa reunia uma enorme economia e produção. Os fogos,
no Campo de Santana, era a maior atração. Depois as
barracas, com comidas e bebidas, show de ginástica e muita
cantoria. A que fazia mais sucesso, entretanto, era a barraca
conhecida como Três Cidras do Amor, frequentada pela
família e pelo escravo, pela plebe e a burguesia. Era um
salão um tanto acanhado. Num dos cantos havia um
teatrinho de bonecos com cenas jocosas e honestas. O
Carnaval 2012
74
conjunto de atrações das Três Cidras do Amor era longo e
variado. Peças como Judas em Sábado de Aleluia eram
encenadas. Depois do inicio do baile com valsas, as
apresentações cada vez mais se afastavam de uma pretensa
seriedade, e a dança tradicional e eletrizante do povo
brasileiro assumiam o espaço, com os dançarinos
bamboleando, cantando, requebrando-se, ondulando as
nádegas a externuar-se, e dando umbigadas. Os homens e as
mulheres que realizavam os indefinidos e inimitáveis
requebros, umbigadas e movimentos lascivos não nasceram
nos ricos salões de baile, estavam nas ruas, reuniam-se nas
festas de largo, onde seus ritmos prediletos eram
apresentados como atração e divertimento.
A junção dos violões, cavaquinhos e flautas já era praticada
pelos músicos barbeiros, ou como insistem alguns
especialistas, havia sido realizada nos casebres populares do
Rio, mais precisamente na Cidade Nova.
Lá, destaca-se Tia Ciata, dando continuidade aos festejos
que já aconteciam no Campo de Santana, abandonado pelos
festeiros após a Reforma do local. Tia Ciata nasceu em
Salvador em 1854, e aos 22 anos, trouxe da Bahia o samba
para o Rio de Janeiro. Foi a mais famosa das tias baianas,
trazendo também o candomblé, do qual era uma ialorixá. Na
casa da Tia Baiana foi criado “Pelo Telefone”, o primeiro
samba gravado em disco, no ano de 1916, assinado por
Donga e Mauro de Almeida. Na sua residência ecoavam
livremente os batuques do samba e do candomblé.
G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel
75
Segundo Mary Karash, das danças escravas, como o lundu,
capoeira e jardineira, a que ficou conhecida no século XIX
por “batuque” é a mais próxima do samba carioca moderno.
O termo SAMBA, possuía uma clara origem angolana. O
verbo kusamba, que significava saltear e pular,
provavelmente expressasse uma grande sensação de
felicidade.
Hoje, “O Samba é considerado como um produto da história
social brasileira”. De acordo com o presidente do Iphan, “O
gênero musical e coreográfico pode ser considerado tanto
como sendo próprio de comunidades culturais identificáveis
(executantes e brincantes inseridos em agrupamentos sociais
de pequena escala) e também no contexto da vida urbana, e
da indústria cultural mediatizada. O vigor do Samba
enquanto gênero cultural encontra-se em sua plasticidade e
capacidade de gerar inúmeras variantes, como o samba-de-
roda, o samba carioca, o samba rural paulista, a bossa nova,
o samba-reggae e outros mais, em suas diversas
interpretações.”
Aqui na Vila Isabel, que é de Noel, e de Martinho, devemos
a ele esta história. Ele que, nos anos 70, fez sua primeira
viagem ao continente negro e durante muitos anos foi a
ponte entre o Brasil e Angola, sendo considerado um
Embaixador Cultural. Levou a música brasileira como um
presente ao povo amigo e irmão, através das vozes tão
brasileiras de Caymmi, João Nogueira, Clara Nunes e ainda
Chico Buarque, Miúcha, Djavan, D. Ivone Lara, entre
outros. Três anos mais tarde, Martinho elaborou um projeto
trazendo a música angolana para os brasileiros, a que
chamou de O Canto livre de Angola.
Carnaval 2012
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Nosso samba.... seu semba ...por isso enquanto eu sambo
cá.... você semba lá...
AUTORES DO ENREDO: Rosa Magalhães
(Carnavalesca) e Alex Varela (Historiador)
MENTOR DO ENREDO: Martinho da Vila
Bibliografia consultada:
ABREU, Martha. O Império do Divino. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1999.
ALENCASTRO, Luis Felipe. O Trato dos Viventes. A
Formação do Brasil no Atlântico Sul. S. Paulo: Cia.
das Letras, 2000.
KARASCH, Mary C. A Vida dos Escravos no Rio de
Janeiro, 1808-1850. São Paulo: Companhia das Letras,
2000.
LOPES, Nei. Kitabu. Rio de Janeiro: Editora Senac,
2005.
MARTINHO DA VILA. Kizombas, Andanças e
Festanças. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial,
1992.
MOURA, Roberto. Tia Ciata e a Pequena África do Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro: Arquivo Público do Estado,
1992.
RODRIGUES, Jaime. De costa a costa: Escravos,
Marinheiros e Intermediários no trafico de Angola ao
Rio de Janeiro. São Paulo: Editora Schwarcz, 2005.
77
“Uma Aventura Musical na
Sapucaí”
G.R.E.S. SÃO CLEMENTE
Presidente: Renato Almeida Gomes
Carnavalesco: Fábio Ricardo
Fundação: 25/10/1961
Cores: Preto e Amarelo
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G.R.E.S. São Clemente
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“Uma Aventura Musical na Sapucaí”
A São Clemente tem uma espécie de dever: dever de
sonhar, e sonhar sempre!
E assim nossa Escola se constrói em ouros e sedas,
Inventa palcos, cenários, para viver o seu sonho:
Lutar quando é fácil ceder, vencer o inimigo invencível,
negar quando a regra é vender; voar num limite
improvável, tocar o inacessível chão!
(Do musical Homem de La Mancha, e
da Poesia de Fernando Pessoa)
ENREDO:
UMA AVENTURA MUSICAL NA SAPUCAÍ
Na escuridão do terceiro-sinal, foco de luz no mestre-
maestro, delirantemente aplaudido pela gente que vai
assistir a aventura musical. Silêncio.
Prólogo: Seguindo o apito e a batuta, a orquestra no
recuo do fosso ataca, e há música encantadora no ar; é
quando a cortina amarelo-negra abre-se lentamente!
“Gatos” (Cats) esgueiram-se na arquibancada/platéia, e
vão evocando as “Memórias”, refazendo a História:
“Senhoras e senhores, bem-vindos ao desfile do ‘Teatro
Musical Brasileiro’! E por quê apaixona-se a São Clemente
pelo início do teatro musicado no Brasil? Porque, como ela,
as operetas curtas daquele tempo eram satíricas, críticas e
irreverentes. E aproximavam o povão da mais fina arte!
Influência francesa que gerou nos trópicos, um ‘u-lá-lá’ pra
lá da malandragem. Mais ou menos 1850. bom humor era
Carnaval 2012
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tudo, rapidez rimava com qualidade, e, para quem entende,
um pingo é letra: a parisiense nasceu na Lapa, e ia da
canção, do xote à valsa, da mazurca ao tango. Só no truque
da ingênua maliciosa, e o diabo que a carregue lá pra casa!”.
Luz em resistência. Um astro vai descendo a alegórica
escadaria de luzinhas piscantes, acompanhado daquilo
que secretamente nos bastidores chamamos da sua
“Comissão de Frente”: lindíssimas vedetes, em maiôs
cavados com franjas de diamantes falsos e transparência
sobre os seios, escoltadas por bailarinos, luxuosamente
vestidos em fraques. A vida é um “Cabaret”. Ouve-se a
voz do Mestre de Cerimônia: “Ora, se os desfiles de
Escolas de Samba são os maiores dos musicais de que se
tem notícia, nada melhor que esta grande aventura musical
clementiana falar em ritmo de samba, de como viveu e vive
esse grande e longevo negócio, que reúne na ribalta,
empresários, artistas, técnicos: a tal gente do show business
– Nós! Avante legítimas representantes carnavalizadas desta
verve, as Comissões de Frente, espetáculo à parte na
Avenida, quando sobem pernas, arrancam roupas, despertam
o aplauso e o inesperado acontece: é a Broadway
tupiniquim! A abertura é mágica!”.
O palco/passarela abre-se, e sobe o espetacular elevador
com a sua montanha verdejante onde “A Noviça
Rebelde” rodopia, cantando para as suas crianças que a
“Música, é Divina Música”: “Precisa de dinheiro para
botar o bloco na rua, levantar cenários, contratar estrelas,
fazer figurinos, vender bilhetes e acender a rica luz: aí o
prazer do público é total, quando a beça Estrela seminua
G.R.E.S. São Clemente
83
com cara de safadinha, faz biquinho e começa solfejando os
acordes”.
Desce da escuridão do urdimento a magistral teia com a
“Mulher Aranha”, arrebatadora Rainha e Madrinha da
Companhia. Das laterais, no chão surgem as mulatas
com o estonteante figurino “Sopro de Purpurina”. O
primeiro setor de assentos, em suspense, puxa o fôlego,
sem acreditar na tamanha opulência flutuante sobre si.
Confetes prateados caem salpicados. A aracnídea está
em êxtase, pendurada quase solta no espaço, e declama
coquete: “Leques de plumas abanam em glória a primeira
das grandes: Chiquinha Gonzaga! E o Brasil era cantado em
prosa, verso e música em 1885, com um pé no caipira e
outro na cidade grande. Festa de São João, conversa de
botequim, prosa de malandro, vida de bairro, amor feliz.
Artur Azevedo apareceu logo depois, saindo através de uma
cortina de gotas de vidro: adorava meter o pau (ui!) no
político-social, sem jamais esquecer “pernas à mostra e
seios nus...”. Igualzinho ao carnaval! Olhar bem humorado,
uma forma de ver a vida: temas alegres, língua apimentada e
um bububú no bobobó. Duplo sentido, para um povo cujo
sexto sentido avisava que de perto ninguém é normal”.
Uma parede de elásticos brilhosos é atravessada por
ritmistas, quando ouve-se a sirene: - Teatro?, pergunta a
“Bela”. – Musical?, devolve a “Fera”. – Sapucaí!,
Exclamam os dois juntos. Entre românticos balanços de
flores, o casal avança na narrativa: “A cena, a dança, a
cantoria. Sopravam ventos de influência da Liberdade,
América, numa revolução cenográfica e coreográfica.
Tiraram a orquestra, botaram a banda, e o público exigia
Carnaval 2012
84
que arrancassem as meias daquelas pernas que eles queriam
ver em pele. E veio a fantasia musicada na Praça Tiradentes:
era hora das estrelas de primeira grandeza dando ataque e
atraindo multidões, divas da pá virada em decotes abissais e
rabo de penas raras. Fila na porta, empurra-empurra e o
ingresso a tapa: todos pagavam para ver a belíssima e
talentosa Loura falsa”.
Do Balcão da Casa Rosada, envolta na fumaça de gelo-
seco e construído do papelão e compensado, “Evita”
abre os braços. E, em vez de cantar “Não Chores por
Mim Argentina”, inesperadamente faz seu tributo de
amor ao musical brasileiro, porque o espetáculo não
pode parar (a não ser na frente do júri), e continua
dobrando a esquina: “Foi aí que o jogo avançou: girou a
roleta do Cassino, porque o Brasil Pandeiro esquentava seus
tamborins e fazia os dados rolarem: todo o país queria
Rosetá e em 1945 Walter Pinto mandava: “Canta Brasil”. E
não é que o país resolveu investir? A maquinaria
espetaculosa em efeitos de cena se tornou tão importante
quanto as Estrelas. Abre e fecha, sobe e desce, acende e
apaga, ou dá ou desce! Deus é brasileiro, e do limão
estrangeiro fez-se uma limonada à tropicália, e o Brasil
conhecia o Brasil. Deu tão certo que o mito grego de Orfeu,
quem diria, foi parar na favela brasileira; e a querida
senhora Pigmaleão armou sua barraca de feira por aqui.
Com Carlos Machado o musical brasileiro alcança sucesso
internacional”.
Uma gaiola espelhada é trazida pelo ciclone do “Mágico
de Oz” e dentro está a menina Dorothy. Guardas com
cassetetes de strass batem no pobre Homem de Lata.
G.R.E.S. São Clemente
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“Os Miseráveis” surgem pelas laterais, tentando
socorrer. Parte triste da História, tentam calar os
Musicais Brasileiros: “ A língua do Zé-Povinho estava
afiada e fazia anedotas com a vida dos poderosos. Tudo
devidamente amordaçado pela censura, que fez a cortina
fechar pelos idos dos 60. Proibido proibir deu nó em pingo
d’água e fez a tigresa (Sonia Braga) estrelar e deixar todo
mundo de cabelo (Hair) em pé, tal a força deste libelo, que
duas vezes o Brasil aclamou seduzido por tanta qualidade
ideológica e musical. Acordes para os hippies. Faça humor,
não faça a guerra, nós temos um sonho: deixe o sol entrar!
Foi uma Roda-Viva para os brasileiros, cuja profissão
sempre foi a esperança. Como Calabar resistiram, a Gota
d’água no oceano da incompreensão”.
Deitada numa lua de paetês surge “Vitor ou Vitória”. A
indecifrável fala sobre gays, machões e lembranças
musicadas: “Nisso jogaram gliter. Anunciada a era de
Aquarius, houve o rompimento, a mudança, a fuga dos
padrões e a busca do novo. Deboche de músculos másculos,
pernas cabeludas, cílios postiços e saltos altos. Foi com os
Dzi croquetes que devolvemos à Europa o que dela
tínhamos recebido um século antes: o vigor do teatro
musicado, desta feita, andrógino. Mas isso era só um lado da
moeda. Faltava um pedaço, aquela marca de pegador do
brasileiro, do machão que não é Mané. E a sacada da Ópera
do Malandro foi fazer do Brasil um bordel, quando o
homem brasileiro assumiu de vez sua vocação para o cantar,
dançar e interpretar. No rodopio dos 80 e 90, do conteúdo
político partimos para revisitar os mitos de nossa música
popular. Ganhou o samba, que viu de novo Assis Valente,
as Irmãs Batista e Elizeth Cardoso, revividas e exaltadas em
Carnaval 2012
86
grandes montagens; a música popular brasileira virou fio
condutor de uma torrente de paixões”.
Todo o elenco internacional de imorredouros
personagens, para sempre em nossos corações, estão em
cena. Entraram Arlequins, Pierrots e Colombinas para
receberem calorosos a carroça brasileira dos
Saltimbancos, que fez cantar gerações seguidas de
crianças, e “Sassaricando, e o Rio inventou a
Marchinha...”. O flash, a emoção do sassarico, porque
sem sassaricar, esta vida é o “ó”! Maria Escandalosa
junto com a Galinha e o Jumento, brasileiríssimos,
cantam “Yes, Nós temos Bananas”. Pós modernos, falam
da virada do terceiro milênio.: O Brasil e o mundo, a
aldeia global fazendo prosperar abaixo da linha do Equador
o que antes era reserva de Nova York, Las Vegas, Paris e
Londres: o trânsito de diretores, produtores, autores, a festa
das platéias brasileiras. O mistério extraordinário do
musical: Raia equilibrava-se na pequena Loja dos Horrores;
esfregávamos os olhos para saber se era verdade que a
mesma Bibi que cantava o pequeno pardal Piaf, também se
rasgava nas entranhas ao cantar os fados de Amália; Marília
podia ser Dalva de Oliveira ou Elis, ou todas Elas por Ela; e
agora José Mayer é o definitivo Violinista no Telhado.
Grande dança final, com toda a companhia executando
impecavelmente a marcação coreográfica e o canto
afinado do Samba-Enredo. Ciclorama da vida, mágica
do Teatro, entretenimento profissional apaixonado. A
fagulha que restará eterna. Milhares de microlãmpadas
formam palmeiras artificiais, orgulhosas de serem
simulacros. Micos leão- dourados de acetato caem
pendurados. “Deus lhe pague”: “Dizer que conseguimos
G.R.E.S. São Clemente
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copiar de maneira impecável as montagens estrangeiras é
pouco: damos um passo à frente, vamos além da virtuose
técnica, adicionamos à perfeição deles o chica-chica-boom
da gente bronzeada que faz pulsar o já montado, de maneira
diferenciada. Há um quê de povo renovador em nós”.
Epílogo: surge o Fantasma da Ópera voando a bordo de
seu colossal lustre de cristal. Por trás da mascara
misteriosa, há uma lágrima verde-amarela, de amor a
esta gente incansável que monta Musicais. São os
sonhadores: “Musicais são janelas para o imaginário de um
povo, cuja qualidade é viver no País das Maravilhas. Que a
Ópera de Paris seja a Marquês de Sapucaí e que o fantasma
vague em nossas memórias, reafirmando o direito ao sonho.
Mascaradas, faces de papel em desfile, é chegada a hora.
Avante brincantes do mundo do carnaval musical, pois não
há, no mundo dos humanos, gente parecida contigo. Vai ter
fim a infinita aflição, e o mundo vai ver uma flor brotar, do
impossível chão!”.
Feliz é a São Clemente, que da grandeza deste gênero faz
o seu carnaval. Feliz meu samba, que sai pela vida em
alegria incontida, nessa maravilhosa aventura musical.
Revoada de graças translúcidas parte em direção ao pôr-
do-sol, no infinito. O perfil de Carmem Miranda vai
beijando Renato Russo, até desaparecer no Black-out.
Cai o Pano.
Fábio Ricardo
São Clemente 2012
Pesquisa: Tânia Brandão e Marcos Roza
88
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“De Londres ao Rio:
Era Uma Vez... Uma Ilha...”
G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA
DO GOVERNADOR
Presidente: Sidney Filardi
Carnavalesco: Alex de Souza
Fundação: 07/03/1953
Cores: Vermelho, Azul e Branco
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G.R.E.S. União da Ilha do Governador
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“De Londres ao Rio: Era Uma Vez... Uma Ilha...”
Argumento
“Once upon a time”, ou “ERA UMA VEZ”... é a forma mais
popular, desde 1380, de iniciar histórias em língua inglesa.
E se tornou convencional na abertura de narrativas a partir
de 1600, da mesma forma que terminam com um: “E
VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE”. Prevalecem em
contos de fadas para crianças e na tradição oral de recontar
mitos, fábulas e folclore.
A cada quatro anos o mundo se une para o grande momento
do esporte e para celebrar a paz. A cidade anfitriã faz em
sua abertura uma representação artística de sua história e sua
cultura. No ano de 2012, Londres será a sede desse evento.
A União da Ilha fará uma versão bem carioca e carnavalesca
dessa festa. E também uma contagem regressiva para os
jogos olímpicos do Rio de Janeiro.
Em vermelho, branco e azul, as mesmas cores do Reino
Unido, a Ilha falará da Ilha que sambará ao batuque da Ilha.
Saint George, padroeiro da Inglaterra, estará ao lado de São
Sebastião do Rio de Janeiro, ambos padroeiros da nossa
escola.
O fogo que atravessou nosso último carnaval nos uniu,
assim como o fogo olímpico une as nações. Superamos as
dificuldades, assim como cada atleta supera seus limites
para atingir o pódio.
Carnaval 2012
94
Era uma vez uma Ilha feita de alegria e muito samba que vai
contar histórias de outra Ilha. Incendiando a avenida
misturando irreverência e tradição, vamos acender a pira
com o fogo da paixão e transformação. Foi dada a partida!
A festa vai começar!!!
Sinopse
... Onde vivia um povo valente e guerreiro. Um dia, apesar
de ser defendida com bravura, um grande império a
conquistou. O imperador invasor fundou uma cidade que
cresceria até se tornar uma das mais importantes do mundo.
Capital de um país e depois de um reino que se tornaria
unido. Sua história é feita de reis e rainhas, príncipes e
princesas, e de heróis errantes.
Nobres cavaleiros cruzaram terras para defender a sua
fé. Vestidos e armados com as armas de um santo
guerreiro e com sua cruz estampada na bandeira,
seguiram em sua saga de bravos, pondo sob as patas de seus
fiéis ginetes o mais temível dragão.(1)
Nesta terra, a fantasia e a realidade se confundem. Em sua
tradição, narram contos onde espadas são encantadas e
cálices são sagrados. Histórias de távolas redondas, fiéis
escudeiros e magos a serviço de um só Rei.
Nos palcos encenam histórias de amores impossíveis,
comédias, dramas e tragédias. Onde nesta noite de verão, há
somente uma questão: ser ou não ser? Nas ambições por
um trono, até as “rosas” guerreiam. (2)
G.R.E.S. União da Ilha do Governador
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Em uma era dourada, conquistaram os mares e a Coroa
aliou-se a corsários e piratas em busca de inesgotáveis
tesouros. Dominaram por séculos boa parte do planeta.
Lançaram, sob a ótica da ciência, um novo olhar sobre fatos
naturais e a todo vapor se tornaram condutores
revolucionários, pondo o progresso nos trilhos e no
campo do pensamento. Publicaram temas que nos deram
arrepios e nos levaram a um delirante país das maravilhas.
Seus artistas brilharam nas telas e sob as luzes da ribalta.
Com swing (3) encurtaram medidas, mudaram
comportamentos e deram uma chance à paz e ao amor.
Inventaram com a bola nos pés a nossa maior paixão.
Hoje convidam a todos para um encontro onde pessoas do
mundo inteiro mostram o que é superação, exaltando a
cultura de paz. Saudemos aqueles que ultrapassam seus
limites e dentre esses os nossos patrícios que sempre nos
enchem de orgulho.
Era uma vez... A nossa Ilha, onde também vive um povo
valente e guerreiro, que defende com bravura a sua
bandeira. Que todo ano vem para conquistar o coração
de um lugar que cresceu até se tornar um dos mais
importantes da terra e que em breve será o próximo
anfitrião. A Ilha é a pista para esse sonho aterrissar e a
porta de entrada das nossas vitórias.
Nessa grande paródia carnavalesca, vamos adiantar os
ponteiros do relógio e imaginar que a festa é aqui e
agora. Acender a chama da paixão, incendiar de alegria
toda a cidade e renovar as esperanças.
Carnaval 2012
96
Contos de fadas são como o carnaval, e sempre nos levam
ao imaginário, sendo assim, esta história não poderia
terminar diferente: “E viveremos felizes para sempre”.
Alex de Souza
Carnavalesco
(1) Referência á oração de São Jorge, Padroeiro da Inglaterra.
(2) Citações ás peças de Willian Shakespeare. O maior dramaturgo de
língua inglesa.
(3) Swinging London foi uma expressão utilizada nos anos 60 para
descrever a vanguarda londrina. Swinging representaria algo com
arrojo, moderno, etc.
97
“Cordel Branco e Encarnado”
G.R.E.S. ACADÊMICOS DO
SALGUEIRO
Presidente: Regina Celi Fernandes Duran
Carnavalescos: Renato Lage e Márcia Lage
Fundação: 05/03/1953
Cores: Vermelho e Branco
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99
100
G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro
101
(Cheio de poesia, imaginação e encantamento) apresenta:
“Cordel Branco e Encarnado”
Minha “fia”, meu senhor
Deixa eu me apresentar
Sou poeta e meu valor
Vai na avenida passar
Basta imaginação
Um “cadim” de inspiração
Que eu começo a versar
Vou cantar a minha arte
Que nasceu bem lá distante
Num lugar que hoje é parte
Da nossa origem errante
Vim das bandas da Europa
Nas feiras, a boa trova
Era demais importante!
Foi assim que o mar cruzei
Na barca da encantaria
Chegou por aqui um Rei
Com bravura e poesia
Carlos Magno de França
Dele eu trouxe tal herança:
Meu reinado e fidalguia
E veio toda a nobreza
Que um dia eu imaginei
Rainha, duque, princesa
Carnaval 2012
102
E até quem eu não chamei:
Um medonho de um dragão
Irreal assombração
Dessa corte que eu sonhei
Também tem causo famoso
Que nasceu lá no Oriente
De um tal misterioso
Pavão alado imponente
Que cruza o céu de relance
Dois jovens, e um só romance
Vencendo o Conde inclemente
Todas essas histórias
Renasceram no sertão
Onde vive na memória
O eterno Lampião
E não teve um brasileiro
Que de Antônio Conselheiro
Não tivesse informação
Pra viajar no meu verso
É preciso ter “corage”
Vai que um bicho perverso
Surge que nem “visage”?
Nas matas sertão afora
Lobisomem, caipora
Que medo dessas “image”!!
Mas pra que esse rebuliço?
Rezar é a solução!
Valei-me meu “padim” Ciço!
G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro
103
Vá de retro, tentação!
Nossa Senhora eu não quero
(Tô sendo muito sincero)
Cair nas garras do cão!
E não é que meu santo é forte?
Cheguei ao céu divinal
É tamanha a minha sorte
A minha vitória afinal
É cantar com alegria
Fazer verso todo dia
Na terra do carnaval
Vem chegando a tal hora
Da minha alegre partida
Saudade, palavra agora
Tem posição garantida
Mas não se avexe meu irmão
Que hoje a coroação
Acontece é na avenida
Lá vem ele a flanar
Por esse sertão sonhado
Um grande rei popular
Da corte do Sol dourado
Patativa do Assaré!!
Receba com muita fé
Um cordel branco e encarnado
E agora eu vou sem medo
Fazer festa “de repente”
Vai nascer um samba-enredo
Carnaval 2012
104
Pra animar toda a gente
Afinal, não sou melhor
Muito menos sou pior
Só um poeta diferente!
Renato Lage, Márcia Lage
e Departamento Cultural
Nobre compositor-trovador,
Eis aqui o nosso Cordel Branco e Encarnado que você vai
transformar em samba de grande inspiração. Este enredo é
a nossa forma de louvar a todos os poetas populares deste
imenso, rico e tão maravilhoso país. A fantástica história do
cordel unida à energia “furiosa” da nossa bateria, dos
versos e melodias com aquele tempero valente que só você
sabe criar, é a receita de um carnaval pra cabra nenhum
botar defeito.
É “nóis”, oxente!!!
105
“Vou Festejar!
Sou Cacique, Sou Mangueira”
G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA
DE MANGUEIRA
Presidente: Ivo Meirelles
Carnavalesco: Cid Carvalho
Fundação: 28/04/1928
Cores: Verde e Rosa
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G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira
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“Vou Festejar! Sou Cacique, Sou Mangueira”
Tudo começou na África, num tempo em que eu era
ainda moço e minha tribo estava a mercê do perigo e os
sacerdotes cuidavam de expulsar com reza forte as
vibrações de má sorte que rondavam nossa morada.
Lembro-me que os mensageiros da morte vieram de
longe, do outro lado das águas, talvez, não tivessem
sequer no corpo o bronze da nossa pele, não tinham os
lábios carnudos, eram estranhos em tudo! E até mesmo
esses detalhes que constroem a nossa face, neles eram
diferentes. Juro que inocente, pensei até em disfarce.
Conduzido pela dor, fui levado prisioneiro ao traiçoeiro
Negreiro, o reino da apatia. Lá, sujeito às doenças e a fome
que habitavam aquele porão sombrio, caí no mais denso e
frio estado de melancolia.
E era como um açoite, a escuridão da noite, toda vez que ela
chegava. E eu sofria pesadelos, acordava assustado. Ainda
na inocência, confundia a luz da vidência com as trevas dos
maus presságios.
Ao desembarcar, os pés feridos, descalços, vi quando o sal
do oceano espalhou-se sobre o chão molhado desenhando
uma linda concha do mar e, ouvi a voz de Iemanjá me
falar: este “Mundo” é o teu “Novo” lar! Prepara-te, o teu
futuro te reserva coisas lindas, surpresas te virão ainda.
Carnaval 2012
110
Já em terra firme, nos primeiros anos depois que saí da
minha terra, suportei a mão pesada da escravidão e as
feridas da solidão.
Certa vez, escondido pelo breu da noite, resolvi caminhar na
mata. Eu já andara bastante. Com a respiração ofegante,
parei pra descansar um instante.
E o sono foi me apagando, a cabeça meio tonta, eu já
nem me dava conta do perigo de dormir longe da
senzala, do povo da minha tribo, sem a proteção de um
abrigo.
E ali sonhei meu destino. No sonho um guerreiro caçador, o
cacique dos índios, passeava naquelas terras e me viu
sentado sob uma tamarineira que ele havia plantado no seu
tempo de menino.
Sentou-se ali, ao meu lado, desenhou com seu arco, no
chão, uma pequena flecha e, com amabilidade, perguntou a
minha idade, quis saber em que cidade eu havia nascido. E eu, me sentindo à vontade lhe falei dos deuses iorubás, da
minha terra natal, do cordão umbilical, do rio da minha
aldeia.
E ele, com calma, me falou do poder das folhas e das raízes
que transformam em cicatrizes ferimentos e mordeduras de
aranhas e de serpentes; dos banhos quentes de algumas
ervas e sementes, que curam até os doentes de alma.
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira
111
Ao voltar pra senzala era como se meu coração tivesse fala.
O Rio de Janeiro era o meu novo terreiro e nas batucadas,
nas festas, na alegria das ruas, nas brincadeiras do povão,
encontrei meu destino e enganei a solidão.
Quando o Entrudo chegava uma maravilha de ruídos invadia
as ruas, um barulho encantador que contrastava com a
sujeira reinante. Divertidas batalhas com limão de cera,
água e farinha branca atiradas sobre os participantes
aconteciam a todo instante.
Zé-pereira, bumbos, rostos e bumbuns de negros
azucrinando nas praças e no passeio público, zombando, se
divertindo, enquanto a viola chorava e espinoteava
espantando a tristeza. E tudo era instrumento, flauta,
violões, pandeiros, latas, gaitas, frigideiras de ferro, caixotes
e trombetas. Instrumentos sem nome, inventados
subitamente no delírio da improvisação, do ímpeto musical,
na força do sentimento.
Já que batucar na cozinha Sinhá não deixava, o nosso canto
ecoava nas senzalas e invadia as ruas. Aliás, na rua do
Ouvidor, na rua Direita ou no Largo de São Francisco tudo
era canto e os sons sacudiam e movimentavam as
vestimentas de cores vivas, ardentes, dançando e tateando os
corpos que exalavam o doce perfume da alegria.
A elite fazia biquinho e implicava, chamava nossa festa
de selvagem e brutal e que o verdadeiro carnaval estava
nos salões da nobreza de Paris e Veneza.
Carnaval 2012
112
Discriminada e com as autoridades policiais no encalço, a
turma dos descalços e descamisados tratou de arrumar um
jeitinho para continuar festejando.
Com um olho no padre e outro na missa lutamos dançando,
dançamos rezando e rezamos cantando. As festas,
celebrações e procissões dos brancos, agora, serviam
como máscaras e disfarces. Por trás delas festejávamos
nossas entidades sagradas e batucávamos até o sol raiar.
Organizados em Cordões carnavalescos, cantadores e
dançarinos, palhaços, a morte, os diabos, os reis, as rainhas,
as baianas, os morcegos e os índios também entraram na
dança e colocaram a polícia pra dançar.
No noturno da Praça Onze, ali mesmo na nossa “Pequena
África”, os desfiles do Pastoril e dos Maracatus em louvor à
Ciata D’Oxum, a tia-mãe-baiana dos festejos, se tornaram a
sensação e os luxuosos Ranchos cantadores, dominados
pelos negros e castanhos, rompiam a massa colorida em
grande animação. Para matar a sede dos cantadores e dos
berradores, os refrescos de coco, os gelados de abacaxi e
limão. Para a fome, bolos de fubá, pé-de-moleque, alcaçuz,
tapioca, manauê e feijoada no caldeirão.
Mascarada, a elite branca se esbaldava no luxo dos salões,
nos desfiles dos corsos e das grandes Sociedades. O povo
negro e pobre, barrado no baile burguês, continuou dono das
ruas e vielas como legítimos senhores da folia.
Música, fanfarra, préstito, maxixe e, finalmente, de semba
se fez samba. Abençoadas por Nossa Senhora do Rosário,
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira
113
na Festa da Penha, as negras suspendiam as saias rodadas e
dançavam, nos requebros das ancas, no arranco das
umbigadas. Enquanto os senhores rezavam na parte alta das
escadarias, na parte de baixo, a sensualidade era religiosa, o
ritmo dos batuques era sacerdotal e feiticeiro. Ali
desaguavam os cantos e as melodias de todo o povo
brasileiro e os compositores da primeiríssima geração de
sambistas, testavam a popularidade do seu cancioneiro.
O tempo passou. A cidade se transformou em uma selva de
pedra onde a “Onça” reinava absoluta e era a principal
atração. “Vejam todos presentes, olha a empolgação, este é
o Bafo da Onça que eu trago guardado no meu coração”.
Até que um dia, um “Cacique” bamba entrou na folia e
dividiu a tribo do samba sem vacilação. “Foi lá no fundo do
seu quintal que o samba pegou moral e agitou a massa, e
o povo voltou a cantar e sorrir, caciqueando aqui e ali,
abrindo o coração pro amor”.
De repente as ruas esvaziaram-se! Será que a “Onça”
vacilou, foi beber água de cheiro e se afogou?! Até mesmo
o bravo “Cacique” parecia cansado das batalhas de confetes
e desanimou! Para onde teria ido a alegria? Onde estaria a
espontaneidade que transformava cem pessoas saídas de um
bairro em quinhentas, em mil, sem ninguém se conhecer?
Mas o samba é eterno, não tenho medo de responder! Ele
até pode agonizar, mas jamais irá morrer! A “Onça” marcou
bobeira e não mais saiu da toca, mas o “Cacique”,
malandro, mudou de oca, foi fazer morada à sombra de
uma tamarineira e ali no subúrbio da Leopoldina,
abençoado por Oxossi, o pagode ecoou vindo do “Fundo
Carnaval 2012
114
do Quintal” e embalado por banjos, repiques, tantãs e
pandeiros conquistou o Brasil inteiro.
“Batam palmas, gritem, soltem a voz. Pra manter o pique só
depende de nós”!
O carnaval, a partir daí, não terminava mais na quarta-feira
de cinzas. Quase sem querer, ele se fragmentou em diversas
festas nos lares das famílias simples, em animadas rodas de
samba, em batuques sobre mesas de bares, confirmando
que a tribo do samba ainda queria apito, sem
necessariamente o pau ter que comer!
Isso tudo já faz muito tempo. Hoje eu chego com o vento e
volto aos pés da velha tamarineira, sento-me novamente ao
lado do guerreiro e de Oxossi em saudação ao meio século
de história do Cacique de Ramos. Nós somos as raízes e
o Cacique é o tronco desta árvore que deu frutos como
Jorge Aragão, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Dicró, Mauro
Diniz, Zeca Pagodinho, Luis Carlos da Vila e Neguinho da
Beija-Flor, entre outros nomes, além da dindinha Beth
Carvalho um bendito fruto feminino entre tantos homens.
Salve a tribo dos bambas; esse “Doce Refúgio” de
pagodeiros e malandros no bom sentido da palavra.
A tribo que bate tambor e faz ecoar o surdo de primeira pra
saudar a sagrada tamarineira e confirmar que o bom samba
também mora em Mangueira.
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira
115
Afinal, “onde eu cheguei, nem um mortal chegou, modesta
parte nessa arte, Deus me consagrou e o meu canto ecoou
por todo universo, até em Marte o meu samba fez sucesso!”
Por tudo isso vou festejar, pois sou Cacique, sou Mangueira!
Bibliografia:
1) Cacique de Ramos – Uma História que deu Samba. Autor: Carlos Alberto Messeder Pereira.
2) Blocos. Autor: João Pimentel.
3) Almanaque do Carnaval.
Autor: André Diniz
4) Ogundana – O Alabê de Jerusalém.
Autor: Altay Veloso.
116
117
“O dia em que toda a realeza
desembarcou na Avenida para
coroar o Rei Luiz do Sertão”
G.R.E.S. UNIDOS DA TIJUCA
Presidente: Fernando Horta
Carnavalesco: Paulo Barros
Fundação: 31/12/1931
Cores: Azul Pavão e Amarelo Ouro
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G.R.E.S. Unidos da Tijuca
121
“O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida
para coroar o Rei Luiz do Sertão”
“Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e
cantou muito seu povo, o sertão,
que cantou as aves, os animais, os padres, os
cangaceiros, os retirantes,
os valentes, os covardes, o amor.”
Luiz Gonzaga
Toca a sanfona porque a festa vai começar!
Abre e fecha esse fole que a comitiva vai chegar
A Avenida é a estrada que leva sertão adentro
E ninguém que aqui está esquecerá esse momento
De lembrar que, em noite de estrela, nasceu um rei no sertão
Que virou majestade de tanto ensinar o baião
Andando e cantando a história de seu povo
Cem anos depois, ele vai ser coroado de novo
Convidamos reis e rainhas pra mostrar que desde menino
Luiz Gonzaga, o Lua, já tinha de astro o destino
Mostrava o sorriso e a alegria, cantava e dava lição
Mas lá no fundo guardava saudade no coração
Senhoras e senhores, o roteiro dessa viagem
Leva a terras distantes, onde um povo de coragem
Desafia a seca e a poeira, do barro ganha a vida
Esculpe a terra, tece a renda, de sol a sol nessa lida
Carnaval 2012
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No mercado, montam a banca e é bonito de se ver
E de tudo que há no mundo, nele tem para vender
Cores, cheiros, sabores da cultura nordestina
Lá se compra toda a sorte dessa vida Severina
Segue o comboio real, vai cruzando o caminho
No lombo do burro, chega às terras de Vitalino
O mestre da escultura, que todo mundo copia
Bonecos que contam a vida, as coisas do dia a dia
Mas pra conhecer o sertão, é preciso ter coragem
Atravessar a caatinga, seguir em frente a viagem
Pedir benção, rezar com fé, ser beato, ser romeiro
E reunir com toda a tropa, lá na Missa do Vaqueiro
Senhores, rainhas e reis, o Rei do Baião anuncia
Que, depois de tanta reza, vai crescer a valentia
É pegar a beira do rio, é ser Lampião e Corisco
Pra conhecer a beleza do Vale do São Francisco
Andar pela margem pra ver a vida que brota dos rios
O Velho Chico crescendo, com água que vem dos baixios
A cana, os frutos, o gado, o canto do passarinho
Cantar a saudade do rei, desse tempo de menino
Toca a boiada, vaqueiro! Segue em guarda o cangaço
Que cada afluente que corre do Velho Chico é um braço
Desce pro sul até ver carrancas que trazem a sorte
A cara feia que espanta não deixa ter medo da morte
“Simbora” que vem a noite, é hora de ver balão
Que as festas já começaram, tem “arraiá”, tem quentão
G.R.E.S. Unidos da Tijuca
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São José foi no plantio, na colheita é São João
A quadrilha já tá pronta, vai ter forró e baião
E a sanfona anima o povo, todos vão se apresentar
Pra comitiva real, ao som do fole brincar
Bumba-meu-boi, maracatu, frevo, pagode e reisado
E tudo que precisar pra gente ficar animado
Foi cantando pelo sertão que Gonzaga virou rei
De tanto cantarem junto, sua canção hoje é lei
Da poesia na praça, da valentia e coragem
Sua lição ganha as rádios, difunde sua mensagem
Nas estações onde passa, vai contando sua vida
Espalha alegria e raça, hoje ganha a Avenida
E a Tijuca agora brinca e pra todo o mundo diz
Que a estrela de Gonzaga no céu descansa feliz.
Isabel Azevedo, Ana Paula Trindade,
Simone Martins e Paulo Barros
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“Eu Acredito em Você!
E Você?”
(Histórias de Superação)
G.R.E.S. ACADÊMICOS DO
GRANDE RIO
Presidente: Hélio Ribeiro de Oliveira
Carnavalesco: Cahê Rodrigues
Fundação: 22/09/1988
Cores: Vermelho, Verde e Branco
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G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio
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Na manhã do dia 07 de Fevereiro de 2011 o G.R.E.S
Acadêmicos do Grande Rio viu a história de seu carnaval
tomar novos rumos. Um incêndio destruía o que estava
construído para o desfile que se aproximava, bem como,
toda sua estrutura de Barracão e acervo de vinte e três anos
de história. Naquele dia, parecíamos não termos nada. A
cena era de destruição e o sentimento era o de perda. Do
Barracão, só os destroços de um carnaval transformado em
cinzas, antes da quarta-feira.
Na mesma semana havia um ensaio na quadra da Escola. A
comunidade estava triste. A Escola não estava feliz, mas há
nisso um enorme porém: ninguém naquele ensaio deixou de
cantar! Ali, entre as lágrimas e o canto da comunidade,
surgia o sentimento que serviria de inspiração para o
enredo do Carnaval que propomos agora. O povo de Caxias
havia entendido antes de todos nós, o que era preciso fazer.
A comunidade ensinava aos que haviam se abatido com o
incidente, o que era necessário ser realizado: era preciso
superar!
A sinopse que apresentamos agora é fruto do sentimento
compartilhado a partir do momento em que fomos
obrigados a superar uma adversidade imposta. Ela traduz
um momento particular da Escola, mas revela também que
o ato de superar é pertinente e recorrente junto à vida do
homem. Debruçados sobre as histórias de alguns deles,
descobrimos incríveis exemplos que nos obrigam a
acreditar na força em reerguesse após o adverso.
É por isso que eu acredito em você!
E você?
Carnaval/2012
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“Eu Acredito em Você! E Você?”
(Histórias de Superação)
“A nossa maior glória não reside no fato de nunca
cairmos, mas sim, em levantarmo-nos depois de cada
queda.” (Confúcio).
Não me peça para desistir. Acredito, sigo em frente porque só
sei caminhar! Não me desanimo: caio, levanto, a volta por
cima hei de dar. A força não está em mim: Para quem do céu
herdou a promessa, a vitória é coisa certa; a questão é esperar.
Por entre as nuvens os anjos se puseram a anunciar: “não
te desespera, não deixa o desânimo tomar conta de ti, tira os
olhos das dificuldades e coloca-os em mim.
Com a palavra, o céu desce a terra. Das alturas, rica fonte de
entusiasmo: a direita do pai, a me guiar, aquele que ao
enfrentar o adverso, foi grato exemplo da importância de
aprender a superar. Com os olhos fitos nos céus, sinto o calor
luminoso que rompe a barreira das nuvens que outrora foram
de tempestade. Me banho junto às águas de bonança que
seguem após a revolta das marés. Me conforto, ganho ânimo,
e um novo carnaval assim eu faço: tudo o que renasce com
maestria, todo aquele que enfrenta e vence o que lhe desafia,
faz crescer o que imagino, para construir um carnaval.
Na perda do amor que se foi, faço hora para o que virá. Se a
saúde fizer despedida, espero ela voltar. Não há medo, vício,
ou preconceito, que eu não possa enfrentar. Enfrento a perda
e a dor, venço o medo com sabedoria, rimo a piada com o que
não tem graça, lhe conto um conto, de sabedoria popular: Não
tema o que lhe parece “maior”, não te desespere diante ao
que lhe parece impossível. Precisamos, dia-a-dia, enfrentar e
derrubar nossos temidos gigantes!
G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio
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Por isso vos digo como exemplo a lhe ofertar: Se o som for
sepultado em meus ouvidos, faço melodia e canção no
silêncio que habita a imaginação. Se na escuridão meus
olhos me lançarem, solto a voz para multidões, faço do
canto, luz para iluminar.
Quando a dor me castigar, faço dela o incentivo para o
entalhe mais perfeito da beleza de um altar. Se pobre eu
nascer, se a vida me bater, se a dor me esmagar; abro sorriso
ao adverso, luto de peito aberto, para as luzes da ribalta me
consagrar! Se a vida me testar, tirar-me o que julgo precisar,
se a firmeza das mãos me faltar, o dom de Deus
resplandecerá e uma orquestra surgirá.
Na busca por superar, topo aceitar o desafio: Vou suar a
camisa, correr distancias longas, meu corpo está posto à
prova; certamente, eu chego lá! Quero um lugar no pódio,
quero os louros da vitória, quero mérito por superar.
Cambaleei, enverguei, não desisti, e exemplo me tornei!
Na luta pela conquista, sou herói, sou atleta! Recebo sopro
divino, corro em linha reta, corro atrás de bola, um
fenômeno surgirá. Alço as velas do meu barco e lavo minhas dores nas águas do azul que tinge o mar. Em águas
cristalinas nado com a força de um tubarão, faço o mundo
avançar em braçadas. Saltando próximo as nuvens, com os pés
no chão, ou sobre rodas, o que me guia é a superação!
Na história do homem sobre a terra, exemplos ei de dar:
Quando um homem ajuda um homem, não há dor coletiva
que ele não possa curar. Avança o dia, avança a noite. Corre
o tempo, a tristeza fica pra trás. O que se expandiu junto a
uma manhã que explodiu, hoje é página virada, “rosa
desbotada,” que ninguém mais viu.
Carnaval/2012
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O que se destruiu, se reconstruiu. Onde o “preto” não era
“branco,” onde o “branco” não era “preto”, levantou-se a
voz da nova ordem a anunciar a união. Dando a mão a um
irmão, tijolo por tijolo, lágrima por lágrima, erguemos um
bem precioso, reconstruímos uma Nação.
O vento sopra a bandeira verde e amarela e faz o exemplo de
seus filhos brilharem em nossos olhos. São “Joãos” “Marias,”
“Silvas,” “moleques” que correm descalços, trabalhadores do
asfalto, gente que luta, gente que vence. São mulheres que
rompem as barreiras das limitações. São homens que vencem
a “seca” e o “pau de arara,”para ocupar, quem sabe, o mais
alto posto no comando da Nação. Jovens que ultrapassam os
barracos da cidade. Mães que fazem da luta prova de
superação. Homens e mulheres que levantam a poeira do
chão, guerreiros que batem samba na palma da mão; a
baiana que gira, o sorriso da velha-guarda, o passista que risca
o chão, a bateria que marca o pulsar do coração, gente que
“enverga mas não quebra”, gente que vem a ser o
significado mais claro e puro para o nome SUPERAÇÃO!
Cahê Rodrigues – Carnavalesco
Pesquisa e texto: Leandro Vieira, Lucas Pinto e Cahê
Rodrigues
Dedico este enredo a todos os profissionais, artistas e
voluntários que juntos reconstruíram o carnaval de 2011,
levando para o Sambódromo carioca um desfile de garra,
dedicação, amor, amizade, união e superação.
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Digitação e Diagramação:
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