jorge luiz castanheira alexandre américo siqueira filho dr. nelson de...

133
Diretoria da LIESA (Triênio 2009-2012) Presidente - Jorge Luiz Castanheira Alexandre Vice-Presidente e Diretor de Patrimônio - Zacarias Siqueira de Oliveira Tesoureiro - Américo Siqueira Filho Diretor Jurídico - Dr. Nelson de Almeida Secretário - Wagner Tavares de Araújo Diretor de Carnaval - Elmo José dos Santos Diretor Comercial - Hélio Costa da Motta Diretor Cultural - Hiram Araújo Diretor Social - Jorge Perlingeiro

Upload: phungkiet

Post on 29-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Diretoria da LIESA (Triênio 2009-2012)

Presidente - Jorge Luiz Castanheira Alexandre

Vice-Presidente e

Diretor de Patrimônio - Zacarias Siqueira de Oliveira

Tesoureiro - Américo Siqueira Filho

Diretor Jurídico - Dr. Nelson de Almeida

Secretário -

Wagner Tavares de Araújo

Diretor de Carnaval - Elmo José dos Santos

Diretor Comercial - Hélio Costa da Motta

Diretor Cultural - Hiram Araújo

Diretor Social - Jorge Perlingeiro

Page 2: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

2

Page 3: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

3

ÍNDICE

PÁGINA

ORDEM DOS DESFILES 05

RANKING DAS ESCOLAS 07

G.R.E.S. RENASCER DE JACAREPAGUÁ 09

G.R.E.S. PORTELA 19

G.R.E.S. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE 27

G.R.E.S. MOCIDADE IND. DE PADRE MIGUEL 35

G.R.E.S. UNIDOS DO PORTO DA PEDRA 43

G.R.E.S. BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS 57

G.R.E.S. UNIDOS DE VILA ISABEL 65

G.R.E.S. SÃO CLEMENTE 77

G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR 89

G.R.E.S. ACADÊMICOS DO SALGUEIRO 97

G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA 105

G.R.E.S. UNIDOS DA TIJUCA 117

G.R.E.S. ACADÊMICOS DO GRANDE RIO 125

Page 4: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

4

Page 5: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

5

GRUPO ESPECIAL

ORDEM DOS DESFILES

CARNAVAL/2012

ORDEM

HORÁRIO

DE INÍCIO

DOMINGO

(19/02/2012)

SEGUNDA

(20/02/2012)

1 Às 21:00 h RENASCER DE

JACAREPAGUÁ SÃO CLEMENTE

2 Entre 22:05 e 22:22 h PORTELA UNIÃO DA ILHA DO

GOVERNADOR

3 Entre 23:10 e 23:44 h IMPERATRIZ

LEOPOLDINENSE

ACADÊMICOS DO

SALGUEIRO

4 Entre 00:15 e 01:06 h MOCIDADE IND.

DE PADRE MIGUEL

ESTAÇÃO PRIMEIRA

DE MANGUEIRA

5 Entre 01:20 e 02:28 h UNIDOS DO

PORTO DA PEDRA UNIDOS DA TIJUCA

6 Entre 02:25 e 03:50 h BEIJA-FLOR DE

NILÓPOLIS

ACADÊMICOS DO

GRANDE RIO

7 Entre 03:30 e 05:12 h UNIDOS DE

VILA ISABEL

As Escolas de Samba, cuja posição na Ordem dos Desfiles

corresponda à numeração ímpar deverão se concentrar a partir da

lateral do Setor 01 (um) da Avenida dos Desfiles no sentido do

Edifício “Balança Mas Não Cai”;

As Escolas de Samba, cuja posição na Ordem dos Desfiles

corresponda à numeração par deverão se concentrar a partir do

prédio do Juizado de Menores no sentido do prédio da Empresa

Brasileira de Correios e Telégrafos.

Page 6: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

6

Page 7: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

7

RANKING LIESA

2007 / 2011

OR

DE

M

ESCOLA 2007 2008 2009 2010 2011

TO

TA

L

Col. PT. Col. Col. Col. Pt. Col. Pt. Col. Pt.

1º Beija-Flor de Nilópolis 1º 20 1º 20 2º 15 3º 12 1º 20 87

2º Unidos da Tijuca 4º 10 5º 8 9º 2 1º 20 2º 15 55

Acadêmicos do Salgueiro 7º 4 2º 15 1º 20 5º 8 5º 8 55

4º Acadêmicos do Grande Rio 2º 15 3º 12 5º 8 2º 15 - - 50

5º Unidos de Vila Isabel 6º 6 9º 2 4º 10 4º 10 4º 10 38

6º Estação Primeira de

Mangueira 3º 12 10º 1 6º 6 6º 6 3º 12 37

7º Portela 8º 3 4º 10 3º 12 9º 2 - - 27

8º Imperatriz Leopoldinense 9º 2 6º 6 7º 4 8º 3 6º 6 21

9º Unidos do Viradouro 5º 8 7º 4 8º 3 12º 0 - - 15

10º Mocidade Independente de

Padre Miguel 11º 0 8º 3 11º 0 7º 4 7º 4 11

11º Unidos do Porto da Pedra 10º 1 11º 0 10º 1 10º 1 8º 3 6

12º São Clemente - - 12º 0 - - - - 9º 2 2

13º União da Ilha do

Governador - - - - - - 11º 0 - - 0

Império Serrano 12º 0 - - 12º 0 - - - - 0

Estácio de Sá 13º 0 - - - - - - - - 0

Page 8: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

8

Page 9: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

9

“O Artista da Alegria dá

o Tom na Folia”

G.R.E.S. RENASCER DE

JACAREPAGUÁ

Presidente: Antonio Carlos Salomão

Carnavalesco: Edson Pereira

Fundação: 02/08/1992

Cores: Vermelho e Branco

Page 10: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

10

Page 11: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

11

Page 12: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

12

Page 13: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Renascer de Jacarepaguá

13

“O Artista da Alegria dá o Tom na Folia”

... No princípio criou Deus os céus e a terra.

E a Terra era sem forma e vazia...

E disse Deus: haja luz! E houve luz!

Gênesis Cap. I, II e III

E de tudo que Deus criou, da luz surgiram as cores!

O G. R. E. S. Renascer de Jacarepaguá te convida a

embarcar em uma colorida viagem pelo universo das

obras de Romero Britto.

Uma viagem que não tem fronteiras, início, meio ou fim.

É como um conto de fadas que toca o coração, liberta a

alma e realiza nossos desejos.

A mente humana guarda sonhos, fantasias, mistérios,

loucuras e magias. É como uma abstrata máquina que

subindo e descendo, girando para todos os lados carrega

milhares de células que conferem ao Homem dons divinais

entre eles o poder de pensar e criar. E Deus deu a ele a

genialidade na arte de brincar com formas sem formas. Na

arte de transformar o insano em sano e de fazer surgir das

mais fantásticas fantasias de sua mente, formas que

encantaram o mundo inteiro. Mente querida e forte que

não se rendeu à infância sofrida.

O Criador o fez assim: moleque, maneiro, faceiro e

arrêtado. Em suas mãos o abstrato criou forma e as cores se

transformaram na razão de sua vida!

Page 14: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval/2012

14

Desembarcamos na história da arte ocidental; viajamos à

barroca Itália do Mestre Caravaggio que retratava o

aspecto mundano dos eventos bíblicos, usando o povo

comum das ruas de Roma.

Caravaggio quebrou as regras e se opôs a elas em um estilo

de pintura natural, direta e até mesmo brutal. Os contrastes

de forma e luz sublinham formas maciças que na maior

parte de suas obras, emergem vigorosamente de um fundo

negro.

Em sua infância Romero recebeu de seu irmão, um jovem

vendedor de enciclopédias, um livro a respeito de

Caravaggio. Sequer havia ouvido falar do Mestre, mas se

impressionou com a violência de sua obra. Sua infância

pobre nas favelas de Recife, repletas de adversidades,

poderia fazer de Romero o novo Caravaggio, o

Caravaggio tropical. Dores e dificuldades não faltariam

para retratar. Romero era na verdade uma dessas milhares

de pessoas comuns que Caravaggio retratava em suas telas.

Mas o que faz uma pessoa comum? As circunstâncias? O

cenário de sua vida? Ao escolher seu estilo artístico,

Romero nos apresenta uma grande lição de vida: não somos

o que temos, somos o que guardamos em nosso interior, o

que podemos contribuir para um mundo melhor. Das obras

de Caravaggio teve a exata noção do que não queria retratar

em suas obras, se poderia influenciar o mundo e as

pessoas com uma obra feliz, serena e brilhante, por que

iria compartilhar seus pesadelos?

Ainda na Europa sua inspiração viaja para Espanha de Pablo

Picasso. O artista das formas certamente é um traço

Page 15: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Renascer de Jacarepaguá

15

reconhecido na obra de Romero. Picasso, o pai do cubismo

no mundo é um marco em suas obras.

Dizem que a propaganda é alma do negócio, mas no

fundo a propaganda é uma nave por onde uma obra navega e

chega a muitos lugares. Quando um artista idealiza uma

obra, ela se limita a um espectador, alegra uma única vida,

altera uma única história. Uma obra que ilustra um produto,

tem um poder de alcance inimaginável. As obras de

Romero transmitem alegria e através dos inúmeros

produtos mundiais que carregam os traços de Britto, esta

arte isenta de ansiedade e medo rompeu fronteiras étnicas,

sociais e religiosas alcançando um número incalculável de

vidas e de histórias.

É o início do ciclo publicitário de sua carreira onde Romero

descobre que o infinito é realmente intocável e sua obra

abraça o mundo, chegando aos cinco continentes.

Dezenas de trabalhos publicitários, selos para a ONU e

esculturas que tiraram do artista o poder de perceber até

onde pode chegar, embora tenha durante sua vida, criado

sem a pretensão de voos distantes, pois criou com a alma e

com a emoção de ver uma vida ou sorriso modificado. E

neste aspecto, já é muito mais que um vencedor.

O mundo conhece Romero e ele está ou esteve nos maiores

circuitos artísticos do mundo. Suas obras públicas ilustram

várias cidades do mundo, inclusive sua doce e bela Miami.

A cidade que abriu as portas para sua arte e reconhece seu

brilhantismo em quase toda sua extensão territorial. Museus

mundiais puderam apresentar a sua nação o encanto das

telas e peças deste artista. Romero Britto chega à Cidade

Page 16: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval/2012

16

Luz, ao Louvre em Paris, o mais visitado museu do

mundo, onde nosso genuíno artista pôde se encontrar com

os maiores Gênios das artes plásticas do mundo que até

então, viviam apenas nas lembranças de sua infância.

Do alto do morro e de braços abertos o Corcovado

recebe este artista que no maior espetáculo da terra

conta as maravilhas deste gênio modernista. É a capital

do samba que explode de felicidade e suas paisagens

naturais vão ganhando as cores e a cara de Romero. O

Rio de Janeiro recebe agora um olhar carinhoso de

Britto e a cidade do samba da mulata e futebol, aos

poucos se rende.

Em 06 de outubro de 1963, quando o quarto exército

invadia Recife para uma luta armada contra a revolta

dos camponeses, nascia Romero Britto, um garoto

pernambucano que aos 8 anos de idade chamava a

atenção na escola onde estudava, além de decorar

cadernos com desenhos coloridíssimos passava horas no

quintal de sua casa criando. Sucatas, papelão e jornal

serviam de suporte para suas pinturas. E ele adorava

ganhar de presente livros de arte. “Eu ficava ali sentado e

copiava mestres da pintura por dias e dias”, lembra o artista.

“Nasci com um dom, e quero dividir com todos”

Britto criou obras que invocam o espírito de esperança e

transmitem uma sensação de aconchego. Suas obras são

chamadas, por colecionadores e admiradores, de “arte da

cura”. Sua arte contém cores vibrantes e composições

ousadas, criando graciosos temas com elementos compostos

do cubismo.

Page 17: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Renascer de Jacarepaguá

17

Nesta Noite a passarela branca vai se colorir de alegria, a

Renascer abre as portas da folia para contar a vida e arte

de Romero Britto esse mágico artista que aos 47 anos

contribui para a formação artística de milhares de jovens

e vem chegando de mansinho para encantar a Marquês de

Sapucaí. Romero, que há mais de 20 anos mora em Miami é

Made in Brazil e a Renascer que é Especial, apresenta seu

carnaval: O ARTISTA DAS CORES DÁ O TOM NA

FOLIA.

Carnavalesco: Edson Pereira

Pesquisa: Anderson Ferreira

Page 18: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

18

Page 19: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

19

“... E o povo na rua cantando.

É feito uma reza, um ritual...”

G.R.E.S.

PORTELA

Presidente: Nilo Mendes Figueiredo

Carnavalesco: Paulo Menezes

Fundação: 11/04/1923

Cores: Azul e Branco

Page 20: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

20

Page 21: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

21

Page 22: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

22

Page 23: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Portela

23

“...E o povo na rua cantando.

É feito uma reza, um ritual...”

Pequena Prece ao Senhor do Bonfim.

Salve, meu Pai Oxalá, Meu Senhor do Bonfim!

Senhor do branco, pai da luz.

Força divina do amor...

Epa Babá!

Meu pai, “... sou filha de Angola, de Ketu e Nagô

Não sou de brincadeira

Canto pelos sete cantos

Não temo quebrantos

Porque eu sou guerreira

Dentro do samba eu nasci,

Me criei, me converti

E ninguém vai tombar a minha bandeira.”

E venho a ti pedir sua benção e proteção, e pedir, também,

licença aos meus padroeiros, para conduzir a minha águia

altaneira, o meu altar do samba, até a sua presença.

Sabe, meu senhor, sempre fomos muito festeiros, muito

devotos, e gostaria muito que o meu povo conhecesse o seu

povo e a sua maneira de festejar, de reverenciar a sua

crença, a sua fé.

Por muitas vezes cantei a Bahia, agora chegou a hora de

mostrá-la.

Page 24: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

24

“... essa Bahia gostosa

Cheia de encanto e feitiço

Que deixa a gente dengosa

E a gente nem dá por isso”

Bahia que tem o dom de encantar.

Terra em que o branco e o negro, o sagrado e o profano, o

afro e o barroco se misturam e se tornam uma coisa só. No

mar da Bahia, tudo e todos se misturam.

Bahia de vários corações... sagrados corações.

Terra de cores, cheiros e temperos.

Terra de festas e de fé, de santos e orixás.

Terra de samba.

Terra de amor e devoção.

A Bahia é festa o ano todo e o povo vai pra rua manifestar a

sua fé.

“... E esse canto bonito que vem da alvorada.”

Alvoradas, missas, procissões, afinal “quem tem fé vai a

pé”.

Novenas, flores, fitas, águas e perfumes.

Cortejos, fiéis e cânticos.

Velas, orações e adoração.

Gente que dança!

Tambores e atabaques, samba-de-roda, batucadas.

Comidas, pois festa sem comida não é na Bahia.

Gente que canta!

Page 25: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Portela

25

Canta pro santo, canta pro orixá. Canta para os dois ao

mesmo tempo. É o sincretismo se fazendo presente.

Louva a alegria, a liberdade, a esperança.

Gente que pula!

Pula como pipoca, como cordeiro, em blocos e trios.

Transforma as ruas em um mar branco, de paz.

Mar branco, mar vermelho, mar azul. Bahia é feita de mar, é

feita de água.

Gente que louva!

Beatos, filhos-de-santo, padres, mães-de-santo, fiéis e iaôs,

todos juntos num mesmo ideal. Deuses e mortais, passado e

presente.

Altares e terreiros, tudo é mistério. As divindades tão

próximas e tão íntimas. O milagre da cumplicidade com o

sagrado.

A luz dos orixás refletida nos olhares.

“... Tem um mistério que bate no coração

Força de uma canção que tem o dom de encantar.”

É dia de festa na Bahia. Não importa como começou. Não

importa se um dia tudo vai terminar, pois o riso e o gesto já

estão gravados na eternidade, no céu e no mar.

Bem-aventurados todos aqueles que puderem ver a Bahia

em festa.

E neste momento, meu Senhor, vejo que tudo aquilo que

move o baiano: a fé, a alegria, a esperança, a crença e a

devoção, move também o meu povo, o portelense.

Page 26: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

26

Um povo que nunca desiste, vive a sorrir e a festejar.

E que essa Bahia que é de Todos os Santos, seja a partir de

então dos santos da Portela também, que eles passem a fazer

parte do seu panteão, estendendo sobre eles o seu divino

manto e nos conduza a um desfile triunfal sobre o altar do

carnaval.

Bem-aventurados aqueles que puderem ver a Portela em

festa.

Afinal,

Sou Clara,

Sou Portela,

Sou Guerreiros,

Sou Amor!

Salve o manto azul e branco.

Amém!

Paulo Menezes

Page 27: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

27

“Jorge, Amado Jorge”

G.R.E.S. IMPERATRIZ

LEOPOLDINENSE

Presidente: Luiz Pacheco Drumond

Carnavalesco: Max Lopes

Fundação: 06/03/1959

Cores: Verde, Ouro e Branco

Page 28: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

28

Page 29: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

29

Page 30: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

30

Page 31: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense

31

“Jorge, Amado Jorge”

“Briguei pela boa causa, a do homem e a da grandeza, a do

pão e a da liberdade, bati-me contra os preconceitos, ousei

as práticas condenadas, percorri os caminhos proibidos, fui

o oposto, o vice-versa, o não, me consumi, chorei e ri, sofri,

amei, me diverti”

Jorge Amado (Navegação de Cabotagem, 1992)

Sinopse

Ave Bahia! Bahia Sagrada!

1912. A lua prateada banha o céu de axé...

Eis a coroa de Oxalá, o Senhor da Bahia!

Venha nos proteger, meu Senhor do Bonfim!

Vem do mar a esperança... Litoral de magia... Iemanjá!

Oferendas à rainha do mar!

“Ela é sereia, é a mãe-d’água, a dona do mar, Iemanjá”

Velas bailam ao som do vento baiano. Veleiros, canoinhas e

jangadas deixem-se levar.

“... cerca o peixe, bate o remo, puxa corda, colhe a rede

“Canoeiro puxa rede do mar...”

Jorge, Amado Jorge... Eis aqui sua história, vida e memória!

Vai, criança baiana, descubra os segredos dessa terra.

Jorge conheceu fazendas, ruas, vielas,

Becos e guetos, tipos e jeitos.

- Quem quer flores? Frutas? – grita o vendedor.

- Olha o acarajé! – oferece a velha baiana.

Águas de Oxalá! Venha ver a Lavagem do Bonfim!

As letras chegam num sopro. Um vento de liberdade em

defesa do povo.

Page 32: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

32

Ah... O Rio de Janeiro... Nova casa do rapaz escritor.

Graduado na vida e na universidade.

Na política, com o “coração vermelho”, se engajou.

É a vida na capital. Amigos, papos e mulheres...

Ah... As Mulheres... Vida perfumada e sensual...

Bares e cabarés... Eis a malandragem, o primeiro livro: o

“país do carnaval”.

Primeiros romances. Romances da guerreira e apimentada

Bahia, sua eterna paixão.

O ciclo do cacau, grande inspiração.

Viver nas areias da história e sonha em ser capitão

Um ideal. O valor do homem. O reconhecimento da valente

alma do povo.

Vivência e personagens se confundem. Verdadeiros baianos

traduzidos nos folhetins.

Onde está a liberdade?

Essa é a “Bahia de todos os santos” de toda gente! Gente

brasileira.

Doce amor, doce flor Amiga, companheira, parceira de

letras e caminhadas

Que o segue fielmente pelo “sem fim”do mundo.

Retornar a sua origem... Os passos rumo à alvorada da

literatura.

Rumo à consagração: premiado e Amado. De farda e fardão.

Busca no tempero de Gabriela os sabores da vida. O aroma

da crônica do interior.

A brisa que balança as madeixas da morena embala palavras

ao encontro de Dona Flor.

Tieta do “chão dos prazeres”, do agreste. Tereza Batista,

“fonte de mel”.

Mulheres e “milagres” do Nordeste.

Page 33: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense

33

Jogue a rede, pescador! Traga do mar de memórias as

palavras inspiradoras.

Hoje o capitão é Jorge Amado. Capitão de sua navegação.

“Navegação de Cabotagem”.

Misticismo e miscigenação. Candomblé, alma desse chão.

Que Exu nos permita caminhar! “Se for de paz, pode

entrar.”

Okê Arô Oxossi! Salve todos os Orixás! Joga búzios, canta

e reza!

Kaô Kabesilê! Kaô meu pai Xangô! Jorge é obá no Ilê Axé

Opô Afonjá!

Ora iê iê Oxum! Mãe de Mãe menininha do Gantois, amiga

na fé, axé!

È festa na ladeira do Pelô! É festa na Bahia! Fervilha a

mestiça terra de Jorge!

A Magia dos filhos de Ghandi... É energia do sangue

nordestino...

Tocam atabaques e alabês. O Pelourinho estremece! Vem

descendo Ilê Aiyê!

É o tambor! É a força do ritmo! É o som do Olodum!

Venham, amigos queridos! Amada família do escritor,

venha conosco cantar!

100 anos do nascimento de Jorge Amado... Comemora A

Imperatriz Leopoldinense!

De alma e coração, vamos todos brindar ao mestre das

letras!

Sentadas sob a sombra da copa de uma grande árvore, suas

palavras vão para sempre descansar...

Jorge, Amado Jorge...

Muito Obrigado!

Hoje, a ti canto e me declaro:

sou mais um gresilense apaixonado!

Page 34: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

34

Page 35: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

35

“Por Ti, Portinari,

rompendo a tela, a realidade”

G.R.E.S. MOCIDADE

INDEPENDENTE DE PADRE

MIGUEL

Presidente: Paulo Vianna

Carnavalesco: Alexandre Louzada

Fundação: 10/11/1955

Cores: Verde e Branco

Page 36: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

36

Page 37: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

37

Page 38: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

38

Page 39: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel

39

“Por Ti, Portinari, rompendo a tela, a realidade”

Justificativa

Ao escolher Candido Portinari como tema, a Mocidade

Independente vem celebrar um dos maiores nomes da

pintura brasileira no cinquentenário de seu

desaparecimento.

Através de suas mais importantes obras, mostraremos a

trajetória deste artista que acima de tudo retratou em seus

quadros e murais, a história, o povo e a vida dos brasileiros,

através dos traços fortes e vigorosos carregados de

dramaticidade e expressão.

Esta homenagem escrita em forma de poema é a maneira

mais digna encontrada para festejar este mestre que além de pintar também foi poeta e que entre outras manifestações

artísticas soube tão bem ilustrar com seus desenhos os poemas de Carlos Drummond de Andrade, seu grande

amigo e parceiro na versão do livro “Dom Quixote de La Mancha”, de Miguel de Cervantes.

Por fim é a Mocidade Independente que se orgulha em

levar para o desfile um pouco da obra imortal de Portinari

ao conhecimento do grande povo, aquele que sempre foi a

sua grande fonte de inspiração.

Page 40: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

40

“Por Ti, Portinari, rompendo

a tela, a realidade”

Num voo mágico, viaja o

samba, a conduzir meu povo

feliz em seu viajante sonho. Solto no universo garboso, prosa em

verso, na fantasia a se tornar

realidade, leva os tambores da

felicidade, para despertar o artista na

morada celestial. Ó mestre, ergueis do sono esse quadro

vazio. Sua obra vive no cantar de nossa

gente. Põe nas tuas mãos o teu

instrumento, tua tela hoje é o

firmamento, que a arte se deixa

tingir o breu da noite, com um

colorido de festa, a aquarela do

carnaval.

Vai, reinventa mais um lúdico

céu. Pinta por nós a nossa

estrela, tu que pintaste tanto a

Mocidade, deixa a tua mão

deslizar Independente.

Hoje, somos as tintas que

envolvem as cerdas do teu

Page 41: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel

41

pincel, e que, na mistura das

cores, por ti, Portinari, rompem

a tela para a realidade e

brilham no samba de Padre

Miguel.

Hoje, uma moldura viva e

humana enquadra a tua

história na pista, e teu traço se

refaz nos pés, no passo do

sambista, que vai riscar

murais de sonhos e estampar

retratos, cena dos Brasis que

tu desenhastes.

À luz da inspiração, vem fazer reluzir em nossa

mente a cândida infância de tua Brodowski

querida, e reflorescer os campos com suor da

lida, dos mestiços viris a lavrar a ampla terra.

“Entre o cafezal e o sonho”,

vem reunir retalhos e as lembranças

coloridas, como as dos espantalhos a

oscilar na brisa, serenos sobre as

plantações.

Hoje, é um tempo que não

passa. Um turbilhão, um vento

que sopra, que varre e traz

recordações, e que vem

devolver a ti a meninice.

Page 42: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

42

Page 43: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

43

“Da Seiva Materna

ao Equilíbrio da Vida”

G.R.E.S. UNIDOS DO

PORTO DA PEDRA

Presidente: Francisco José Marins

Carnavalesco: Jaime Cezário

Fundação: 08/03/1978

Cores: Vermelho e Branco

Page 44: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

44

Page 45: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

45

Page 46: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

46

Page 47: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra

47

“Da Seiva Materna ao Equilíbrio da Vida”

Organização de Setores

Abertura: OS MAMÍFEROS.

Como inspiração, tomamos o cuidado materno como fonte

de vida e desenvolvimento. Do período Neolítico aos dias

atuais a evolução dos mamíferos e a importância do leite

para a preservação das espécies dando todas as condições

nutricionais aos novos rebentos para um crescimento

saudável e pleno.

Setor 01: O LEITE: A “FORÇA DA VIDA”.

Recheados de simbolismos pontuarão a presença do leite

como agregador de Força, Fé e Esperança em várias

civilizações. Exemplificaremos ao mencionar algumas como

A Loba de Rômulo e Remo na fundação de Roma. Nas

palavras de Moisés, ao descrever a nova Israel dos Judeus

onde menciona rios de leite e mel.

Na mitologia greco-romana, o leite é fator de união entre o

divino e o humano, entre o mortal e o eterno e, além disso, o

gerador de vida no céu e na Terra. Conta-se que Zeus, em

um de seus envolvimentos com mortais, no caso Alcmene,

gerou Hércules – herói famoso, principalmente por sua

força. Tendo se afeiçoado a seu filho, quis que ele fosse

imortal. Para isso, levou-o sorrateiramente para ser

amamentado por sua esposa, Hera, enquanto ela dormia. O

Page 48: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

48

pequeno Hércules sugou o seio com tamanho ímpeto que

este continuou jorrando, mesmo depois do fim da

amamentação. Do leite derramado no céu, surgiu a Via

Láctea e, daquele vertido sobre a terra, surgiu a flor-de-lis.

Na mitologia hindu, existem muitas histórias ligadas ao

leite. Entre elas conta-se que Manu, o pai de todos os

homens, ganhou devido à sua inteligência o respeito do deus

Vischnu e, por isso, foi salvo do dilúvio universal. Em

retribuição, Manu ofereceu um bolo de leite coalhado,

manteiga e creme de leite. Do bolo, nasceu Ida, mulher de

extraordinária beleza que despertou a atenção de Manu.

Esta, para evitar o assédio que se aproximava, transformou-

se em uma vaca. Manu, percebendo a manobra, transmutou-

se em touro e a possuiu. Em seguida, em uma versão hindu

da arca de Noé, iniciou-se uma perseguição com diversas

transmutações para outros animais, sempre fêmeas e machos

que, repovoaram a Terra após o grande dilúvio.

Dos Egípcios, vem a Deusa Thueris representada por uma

fêmea de hipopótamo que através dos seus mamilos nutria

de força seus seguidores. Para o povo da Mesopotâmia,

Ninharsa era uma divindade dedicada ao leite, seu poder

concedia uma bênção especial aos seus seguidores.

Para os Nórdicos, uma vaca era venerada sob o nome de

Audumla, cujo leite alimentou o gigante Imir, pai de todos

os deuses escandinavos. Coincidentemente na China temos

também uma vaca sagrada chamada Zing-Po ,que alimenta

os signos do zodíaco estelar, o que mostra a importância do

leite como alimento tido como sagrado tanto no Ocidente

como para os Orientais.

Page 49: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra

49

Setor 02: A ORIGEM DOS DERIVADOS.

Abrindo cronologicamente a História buscaremos as origens

dos derivados do leite através das várias regiões do planeta e

mostrando o início e a consolidação destes produtos na

gastronomia mundial. Líquidos lácteos fermentados, batidos

e naturais, queijos com as suas propriedades de textura e

sabor, manteigas e cremes, todos muito apreciados em suas

culturas. A maioria das pesquisas históricas atribui a criação

do iogurte aos povos do período Neolítico da Ásia Central

por volta de 6.000 a.C.

Diversas histórias mencionam a origem do queijo, mas a

versão mais aceita pelos historiadores é a do mercador árabe

que, cansado e faminto após atravessar um deserto asiático,

tentou beber o leite de cabra que levava em seu cantil feito

de estômago seco de carneiro. Mas o que saiu do cantil foi

apenas um líquido aguado e fino. Curioso com o fato, abriu

o cantil e encontrou uma massa branca que hoje sabemos

que é a coagulação do leite causado pelo coalho existente

no estômago do carneiro. O viajante faminto experimentou

e, claro, gostou.

Os egípcios tiveram no leite e no queijo um importante

alimento muito difundido, podendo ser encontrado,

inclusive, nas tumbas de seus reis.

Na Europa, eles foram introduzidos pelos gregos e os

romanos tiveram papel fundamental na distribuição desta

iguaria, que servia para alimentar seus atletas e soldados.

Ainda na Europa, com as ordens religiosas, os queijos

ganharam em qualidade e padrões específicos.

Page 50: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

50

A coalhada produzida mundialmente, com os diferentes

tipos de leite de mamíferos domesticados, principalmente de

cabra, ovelha, búfala e vaca, ainda conserva as mais

diversas tradições culinárias na sua elaboração, difundidas

através de migrações continentais e intercontinentais das

populações, desde milênios passados até os atuais dias. Sua

origem se confunde com a do queijo que se dá junto à pré-

história, sendo estimada desde aproximadamente 8.000 anos

a.C., quando as ovelhas foram, pela primeira vez,

domesticadas, até por volta de 3.000 anos a.C. Então,

através da combinação leite, calor e bactérias, chegou-se à

coalhada, tendo provavelmente sido originada a partir dessa

combinação “acidental”, onde na Ásia Central, as tribos

nômades tinham o costume de carregar leite em suas

viagens.

Em suma estes três produtos, coalhada, queijo e iogurte em

combinação culinária, geram uma incontável quantidade de

iguarias como pães, bolos, molhos entre outros alicerçando

culturas e costumes.

Setor 03: A EXPANSÃO DE UM PRODUTO.

Do surgimento nos Bálcãs à disseminação por volta do

terceiro milênio antes de Cristo para o Egito, Assíria,

Oriente, Pérsia, Índia e Mediterrâneo se dá através de

guerras, comércio ou expansão cultural e migratória.

É geralmente aceito entre os historiadores que o iogurte e

outros produtos fermentados lácteos foram descobertos

acidentalmente como resultado de leite sendo armazenados

Page 51: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra

51

por métodos primitivos em climas quentes. Os descendentes

dos povos que originam os turcos, búlgaros, sírios, gregos,

romenos e árabes, desde épocas remotas já conheciam a

preparação de alimentos fermentados, tais como iogurtes e

coalhadas, reconhecendo a boa digestibilidade e aroma

desses alimentos.

Pastores começaram a prática da ordenha de seus animais, e

as enzimas naturais nos recipientes de transporte (estômagos

de animais) o leite coalhado, essencialmente, faz o iogurte.

Ao contrario do leite a conservação do iogurte dura por mais

tempo, pensa-se que na prática as pessoas preferiam o gosto

mais suave deste ao da coalhada e, consumido de modo

continuado, evolui ao longo dos séculos ainda antes de

Cristo.

Setor 04: UMA BEBIDA LÁCTEA.

A evolução do “Iogurte” e suas variações nas antigas

civilizações, seu uso como alimento doce ou salgado,

temperado ou acompanhante de pratos típicos e sua

aplicação também na medicina.

Depois das conquistas Alexandrinas e do Império Romano a

combinação de culturas forja uma derivação do “Modus

Vivendi” de várias sociedades dando assim prosseguimento

à evolução e ao aprimoramento da gastronomia com essa

miscigenação. Por fim está gravado na história que Genghis

Khan, o fundador do Império Mongol, e seus exércitos

viviam se alimentando de iogurte e com o expansionismo

deste Império mais uma leva de mudanças ocorre em grande

Page 52: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

52

parte do mundo civilizado entre os séculos XII e XIII

estendendo-se das Muralhas da China até o Mediterrâneo,

passando por toda a Ásia até a Hungria.

Setor 05: EPOPEIA EUROPEIA.

Com as conquistas Otomanas as práticas alimentares destes

se expandem pela Europa. A assimilação de hábitos e

costumes soma ao cotidiano europeu, novas possibilidades

de subsistência. Novamente a história se repete porém agora

com novos atores. Desde a queda de Constantinopla ,que dá

fim ao Império Romano,a cultura muçulmana ganha espaço

desde o Mar Mediterrâneo até as penínsulas Itálica e

Hispânica varrendo a Europa Ocidental inteira, mas com

ares de aglutinamento cultural em contraponto da conquista

armada.

Paradoxalmente a Igreja Cristã reprimida também ajuda na

disseminação dos conhecimentos eclesiásticos e

filantrópicos, claro, com os seus interesses, se manteve viva

na missão de proteger os pobres e oprimidos da barbárie do

período feudal e dos invasores. Mecanicamente usam as

técnicas de subsistência a seu favor, assim conquistando

mesmo que de forma velada, mais cabeças para o seu

rebanho mantendo a hegemonia do poder da igreja

principalmente nas soluções sobre a alimentação, já que,

para os desabonados, os laticínios como o iogurte, alguns

grãos e a carne de animais de pequeno porte constituíam a

base da alimentação, e as criações de animais de grande

porte eram direcionadas em boa parte para as cortes dos

grandes castelos europeus.

Page 53: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra

53

Seguindo os conhecimentos herdados da Antiguidade, o

Iogurte, mesmo que de forma tímida, ganha espaço na

manipulação alimentar das mesas como também evolui

como terapia medicinal incorporando-se e evoluindo como a

própria civilização.

O desenvolvimento europeu nos séculos que seguiram às

Grandes Navegações difunde o prazer gastronômico e

começa a traçar novos comportamentos no preparo de

iguarias cada vez mais sofisticadas.

Os molhos de iogurtes combinados às especiarias que vêm

da Índia e do Oriente, as sobremesas quentes e geladas

resgatam do antigo Império Romano a combinação de

açúcar, frutas e mel em suas composições cuja base é o

iogurte, sem contar a divulgação cada vez maior das crenças

do seu poder curativo, que ao longo dos tempos tem se

consolidado e estudado fazem com que este produto caseiro

se torne mais divulgado e apreciado no continente.

Setor 06: O ENVASAMENTO PARA CONSERVAÇÃO E

TRANSPORTE.

A manipulação e a industrialização será a tônica deste

segmento. Serão mostradas as fases da evolução das

embalagens e também das fábricas de Iogurte criadas na

década de 20 na Espanha, na França, onde daremos uma

atenção especial, sua migração para as Américas, na década

de 30, principalmente nos Estados Unidos e, por fim, o

alimento conhecido no mundo inteiro.

Page 54: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

54

O Iogurte mesmo que bastante difundido e apreciado era um

produto produzido artesanalmente, de forma doméstica para

o consumo das próprias famílias até o surgimento da

primeira fábrica de iogurte que se deu na Espanha na década

de 20 no século XX. Estes iogurtes inicialmente eram

embalados em garrafinhas de vidro e com o passar do tempo

foi substituído por recipientes de cerâmica, que agregava

valor ao produto envasado.

A chegada na América do Norte se dá no período da

Segunda Guerra Mundial e continua com a mesma filosofia

que criou a primeira fábrica: Uma empresa familiar

cuidando de famílias.

Não poderia deixar de ser uma família mineira na década de

70, cujo Estado é tradicionalmente produtor de laticínios, a

primeira a buscar na Europa a forma de fabricar e embalar o

tradicional iogurte cremoso acrescido de polpa de morangos

no Brasil. Esta família também importa o pensamento

original da empresa, assim promovendo saúde e bem estar

com dedicação de uma família para a família brasileira.

Logo o produto caiu no gosto popular pelo seu aroma,

textura, paladar, embalagem prática e atrativa,

principalmente para o consumidor infantil.

Exponencialmente consolidou-se nos lares e mercados

brasileiros dando assim o começo de uma história de

sucesso no universo alimentício nacional.

Page 55: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra

55

Setor 07: O ALIMENTO FUNCIONAL.

Dividido em Cosmética e Alimentícia este setor irá

descortinar a vasta gama de produtos voltados ao Bem-Estar

e potencializadores de Saúde.

Alimentos baseados em Iogurte com propriedades

específicas são criados para a maior performance e

manutenção do corpo. Uma troca de cepa (bactéria) muda as

propriedades destes produtos lácteos. A criação destes só faz

consolidar as propriedades já conhecidas há milênios e hoje

com a ajuda de novas tecnologias aliadas a talentosos

pesquisadores fornecem ao mercado produtos mais

eficientes na promoção de saúde ajudando o homem

moderno a se cuidar mais. Podemos afirmar que o

sentimento de proteção e cuidado nos remete mesmo que de

forma muito sutil aos cuidados da época da amamentação

quando recebíamos carinho, proteção física e biológica

quando do ato de mamar. Essa é a missão de muitos

abnegados que ao longo dos anos dedicam suas vidas para

um bem maior, levar de forma inteligente e criativa as

funcionalidades destes laticínios para os lares promovendo

equilíbrio físico em um mundo que exige de forma extrema

a capacidade humana. Muito ainda se pode criar nesse nicho

para alcançar a excelência do melhor viver e este novo

horizonte se descortina trazendo esperança e confiança

nessa forma de nutrição. As aplicações destes compostos

láticos transcendem a alimentação e também é aplicado na

indústria cosmética com produtos diferenciados para a pele,

cabelos e hidratação facial e o que mais vier.

Page 56: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

56

O mais importante é não nos esquecermos de que mesmo

para o simples deleite do paladar, agrega valor nutricional à

nossa vida corrida, tornando-a mais prazerosa e saudável.

Jaime Cezário

Carnavalesco

Page 57: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

57

“São Luís – O Poema

Encantado do Maranhão”

G.R.E.S. BEIJA-FLOR DE

NILÓPOLIS

Presidente: Nelson David

Carnavalescos: Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva,

Victor Santos e André Cezari

Fundação: 25/12/1948

Cores: Azul e Branco

Page 58: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

58

Page 59: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

59

Page 60: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

60

Page 61: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis

61

“São Luís – O Poema Encantado do Maranhão”

SINOPSE

Areias infindas das terras das palmeiras do meu país, depois

do oceano, do areal extenso, o horizonte imenso, onde a

terra esboça luz. Upaon-Açu, solo sagrado, terra de

encantarias, onde vive em plena mata, a tribo dos homens

nus. São guerreiros dos cumes dos montes, dos vastos

horizontes, onde canta o sabiá. São combatentes bravos, que

não se fizeram escravos do estalar do açoite dos que vieram

te dominar.

Sem saber o que esperar, três Coroas te cobiçaram as

riquezas, os relatos do Novo Mundo inflamaram as paixões,

por cidades de ouro puro a serem descobertas, de fantásticos

prazeres, ilusão hiperbólica dos seres, transformados em

quimera bestial.

A França te fundou, Holanda te invadiu, mas Portugal

conseguiu, por fim, te colonizar. Mas para tanto, o que se

deu foi um quadro medonho e triste, que, ao surgir, no mar

se achou. Abrindo as velas ao soprar das virações marinhas,

surge espectro sombrio. Em meio às brumas, desenha

grande navio, que traz um canto funeral. Choro, amargura e

horror fazem do cúmulo da maldade, a mordaça da

liberdade para triste multidão; o navio da escravidão, ferida

aberta nos mares, vem macular os ares de São Luís do

Maranhão.

Page 62: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

62

Fatalidade atroz, envolve reis e rainhas, soberanos de selvas

longínquas da majestade dos leões. Ontem belos, livres e

bravos, agora míseros escravos; sem luz, sem lar, sem

amplidões.

E a terra se desdobra, cresce, evolui, se renova, a ferro, fogo

e escravidão. Mas nos planos divinos, nos reinos cristalinos,

nos píncaros da luz eterna, surge nova terra, cultivada à

força da oração.

Upaon-Açu, ressurge agora mística no poder dos voduns e

ao som dos tambores de Daomé, na manifestação dos

antigos e na força do candomblé. Desse misticismo santo,

surge a alegria e o encanto das festas que te enfeitam, por

vezes, como o Boi morto e ressuscitado da negra mãe

Catirina, celebração divina em meio a enfeitados casarões

de azulejos portugueses; teu folclore tem brilho farto, que à

tua riqueza conduz.

Terra dos ludovicenses, Ilha do Amor e dos mitos da Fonte

do Ribeirão, da terrível serpente encantada, da lenda da

praia do olho d’água, de Iná princesa, e do milagre de

Guaxenduba. Fala-se de uma sinhá incompreendida, que

virou assombração, e no soar da meia-noite, surge o

espectro sinistro, ouvem-se o ranger de correntes, estalar de

açoites, seres sombrios como a noite, escravos arrastados

em imenso turbilhão.

E a Sinhá Ana Jansen sofre agora, aprisionada em

carruagem encantada por antigos escravos seus, furiosos,

desesperados, cortejo de celerados, esquecidos filhos de

Deus. E a cena só termina, quando o galo, na campina,

anuncia o dia raiar.

Page 63: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis

63

São Luís, capital do Maranhão, terra de Alcione, de

Joãozinho Trinta, de Zeca Baleiro, de Rita Ribeiro, do

Reggae Brasileiro, de Gonçalves Dias, de Ferreira Gullar e

Josué Montelo.

Vestindo a fantasia, vem celebrar nossa folia o fofão, o vira-

lata, cruz-diabo, o corso do meretrício e as cabrochas a

brincar com os mascarados dos salões do Moisés.

Em meio a tanta festa reluz o Eldorado da bauxita, minério

batizado pela Coroa que te fundou e que desconheceu essa

tua riqueza, que hoje é chama acesa para que possas

progredir; na luz dos céus incomparáveis do futuro que te

aguarda, na imensidão, para te consagrar, enfim, São Luís,

pérola sagrada da Coroa encantada do glorioso Maranhão.

Laíla

Diretor Geral de Carnaval

Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos e

André Cezari

Comissão de Carnaval

Bianca Behrends

Pesquisa e Documentação Artística

Page 64: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

64

Page 65: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

65

“Você Semba Lá...

Que Eu Sambo Cá!

O Canto Livre de Angola”

G.R.E.S. UNIDOS DE

VILA ISABEL

Presidente: Wilson da Silva Alves

Carnavalesca: Rosa Magalhães

Fundação: 04/04/1946

Cores: Azul e Branco

Page 66: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

66

Page 67: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

67

Page 68: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

68

Page 69: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel

69

“Você Semba Lá... Que Eu Sambo Cá!

O Canto Livre de Angola”

O Brasil e Angola são ligados por laços afetivos,

linguísticos e de sangue. São irmãos pela história que os

une.

Desde a Antiguidade, já existiam bestiários que

repertoriavam as estranhezas da fauna e das características

geográficas. Segundo o jesuíta Sandoval (1625), “Os calores

e os desertos da África misturavam todas as espécies e raças

de animais, em redor de poços, criando um ecossistema

particular, capaz de engendrar hibridações monstruosas. Tal

circunstancia fazia da África, o continente de todas

bestialidades, o território de eleição do diabo.”

As bestialidades de que falava tal escritor eram hipopótamos

e rinocerontes, chacais e hienas, zebras e girafas, avestruzes

e palancas negras, entre outros.

A estranheza também era causada pela cor da pele de seus

habitantes.

As regiões abaixo do deserto do Saara, chamadas de

Ndongo e Matamba, eram habitadas por dois povos

distintos: os ambundos e os jagas. Os primeiros eram

excelentes ferreiros, cuja habilidade era muito apreciada. Os

jagas, por sua vez, se destacavam como guerreiros

invencíveis, pois se exercitavam diariamente em local

apropriado a que chamavam de quilombo.

Page 70: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

70

Na época da expansão marítima portuguesa, esses dois

povos possuíam um soberano a que chamavam de Ngola.

No século XVII, a região de Angola era governada por uma

rainha chamada Njinga, que era ambundo pela linhagem

materna e jaga, pela paterna. Expressão do encontro de dois

grupos étnicos, que apesar de semelhantes, tinham

organizações distintas, Njinga os governou com sabedoria.

A persistência do incômodo causado pelo seu sexo,

entretanto, levou-a a assumir um comportamento masculino,

liderando batalhas pessoalmente e vestindo de mulher seus

muito concubinos, que faziam parte de seu harém.

Apesar da fama de Njinga ter sido construída na luta da

resistência contra o domínio de Portugal, entre os

portugueses o reconhecimento de seu talento político e

capacidade de liderança surgiu a partir de seu desempenho

como chefe de uma embaixada que o então Ngola do

Ndongo, enviou ao governador português, em 1622.

Recebida com uma pompa que deve tê-la impressionado,

Njinga também teria causado impacto entre os portugueses

ao agir e falar no mesmo idioma que o deles, como chefe

política lúcida e articulada.

O interesse português era um só – mão de obra para outra

colônia de além–mar, o Brasil. Embora fossem ricos em

minerais, em diamantes, nada disso os interessou. Pois na

época, o reino de Angola era o grande manancial

abastecedor dos engenhos do Brasil. Sem o açúcar, não

havia o Brasil. Sem negros não haveria o açúcar. Sem

Angola, não havia negros. E, sem Angola não havia o

Brasil.

Page 71: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel

71

Apesar da resistência de Njinga, o comércio era feito de

modo avassalador. Os negros cativos ficavam em barracões,

que podiam acolher cerca de 5.000 almas, que eram

embarcadas rumo ao novo continente, em viagem longa,

cuja duração podia ultrapassar dois meses, dependendo das

condições climáticas. O porto e partida era Luanda, o maior

centro de comércio escravagista africano. A cidade

alcançara essa posição a partir do momento em que os

escravos passaram a ser embarcados diretamente para as

colônias americanas. Aproximadamente doze mil viagens

foram feitas dos portos africanos para o Brasil, para vender,

ao longo de três séculos, quatro milhões de escravos, aqui

chegados vivos.

A despedida era simples. A cerimônia de batizado era na

hora do embarque: - Seu nome é Pedro; o seu é João; o seu,

Francisco, e assim por diante. Cada viajante recebia um

pedaço de papel com um nome escrito. Então, um intérprete

ironicamente dizia: “Sois filho de Deus, a caminho de terras

portuguesas, esquecei tudo que se relaciona com o lugar de

onde viestes, agora podeis ir e sede felizes”.

A morte social despe o escravo de seus ancestrais, de sua

família, e de sua descendência. Retira-o de sua comunidade

e de sua cultura. Ele é reduzido a um exílio perpétuo.

E lá se vão, num navio abarrotado, sem alimentos

adequados, sem sequer espaço para se acomodarem. Levam

na memória, os cantos, as danças, os ritmos, as tradições.

Levam Njinga e seu espírito combativo, a levam na

memória, apesar das ordens para esquecerem tudo....

Page 72: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

72

Os navios negreiros aportavam no Cais do Valongo, longe

do rebuliço da cidade. Alí os escravos viviam em depósitos,

a espera para serem comprados. Pois foi em 1779, por

ordem do Vice-Rei, marquês de Lavradio, que nesta região

se localizaram o cais, o mercado e as precárias instalações

para abrigar os recém chegados.

Por ironia do destino, foi neste mesmo cais, que anos mais

tarde, receberia em 3 de setembro de 1843, a princesa

Tereza Cristina, futura Imperatriz do Brasil, e também mãe

da princesa Isabel, aquela que terminaria de vez com o

regime de escravidão. O cais foi remodelado e uma

cenografia decorativa escondia aos olhos reais as imagens

da pobreza extrema e a humilhação a que eram submetidos

os recém chegados.

Presente em vários lugares em que houve a escravidão, a

coroação de um rei e uma rainha negra era uma forma de

diminuir o sentimento de inferioridade social, assim como

as irmandades permitiam a reunião para reverenciar algum

santo, mas sobretudo como relacionamento social entre os

escravos.

“Nesta santa irmandade se farão todos os anos hum Rey e

huma rainha os quais serão de Angolla, e serão de bom

procedimento, e terá o rey tão bem seu voto em meza todas

as vezes que se fizer visto da sua esmolla avantajada.” O

titulo a que se dava era Rei do Congo e a Rainha Njinga. A

fama de Njinga atravessou os séculos e os mares, sendo

evocada em festas populares no Brasil. Mas antes de se

alojar no imaginário popular, as lições de Njinga foram

Page 73: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel

73

muito provavelmente postas em prática na luta dos

quilombolas de Palmares.

Com o intuito de se divertirem, as irmandades

aproveitavam-se das comemorações dos dias dedicados a

este ou aquele santo, para organizarem seus festejos. E era

quase que o ano inteiro, pois S. Pedro, S. João, Santo

Antonio, o Espírito Santo e outros tantos mais, se

espalhavam no calendário. Tudo era oportunidade para

comemorações festivas.

Na Festa do Divino, segundo Manuel Antonio de Almeida,

embora os músicos fossem muito apreciados pelo publico,

ele considerava que eram desafinados e desacertados: “Meia

dúzia de aprendizes de barbeiro, negros, armados este, com

um pistom desafinado, aquele com trompa diabolicamente

rouca formavam uma orquestra desconcertada, porém

estrondosa, que fazia as delicias dos que não cabiam ou não

queriam estar dentro da igreja. Mas era musica buliçosa, um

convite aos jovens à dança”. Os instrumentos que usavam

eram basicamente trombetas, trompas, cornetas, clarinetas e

flautas e os de corda – as rabecas, violões, tambores,

bumbos e triângulos também eram encontrados.

A festa reunia uma enorme economia e produção. Os fogos,

no Campo de Santana, era a maior atração. Depois as

barracas, com comidas e bebidas, show de ginástica e muita

cantoria. A que fazia mais sucesso, entretanto, era a barraca

conhecida como Três Cidras do Amor, frequentada pela

família e pelo escravo, pela plebe e a burguesia. Era um

salão um tanto acanhado. Num dos cantos havia um

teatrinho de bonecos com cenas jocosas e honestas. O

Page 74: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

74

conjunto de atrações das Três Cidras do Amor era longo e

variado. Peças como Judas em Sábado de Aleluia eram

encenadas. Depois do inicio do baile com valsas, as

apresentações cada vez mais se afastavam de uma pretensa

seriedade, e a dança tradicional e eletrizante do povo

brasileiro assumiam o espaço, com os dançarinos

bamboleando, cantando, requebrando-se, ondulando as

nádegas a externuar-se, e dando umbigadas. Os homens e as

mulheres que realizavam os indefinidos e inimitáveis

requebros, umbigadas e movimentos lascivos não nasceram

nos ricos salões de baile, estavam nas ruas, reuniam-se nas

festas de largo, onde seus ritmos prediletos eram

apresentados como atração e divertimento.

A junção dos violões, cavaquinhos e flautas já era praticada

pelos músicos barbeiros, ou como insistem alguns

especialistas, havia sido realizada nos casebres populares do

Rio, mais precisamente na Cidade Nova.

Lá, destaca-se Tia Ciata, dando continuidade aos festejos

que já aconteciam no Campo de Santana, abandonado pelos

festeiros após a Reforma do local. Tia Ciata nasceu em

Salvador em 1854, e aos 22 anos, trouxe da Bahia o samba

para o Rio de Janeiro. Foi a mais famosa das tias baianas,

trazendo também o candomblé, do qual era uma ialorixá. Na

casa da Tia Baiana foi criado “Pelo Telefone”, o primeiro

samba gravado em disco, no ano de 1916, assinado por

Donga e Mauro de Almeida. Na sua residência ecoavam

livremente os batuques do samba e do candomblé.

Page 75: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel

75

Segundo Mary Karash, das danças escravas, como o lundu,

capoeira e jardineira, a que ficou conhecida no século XIX

por “batuque” é a mais próxima do samba carioca moderno.

O termo SAMBA, possuía uma clara origem angolana. O

verbo kusamba, que significava saltear e pular,

provavelmente expressasse uma grande sensação de

felicidade.

Hoje, “O Samba é considerado como um produto da história

social brasileira”. De acordo com o presidente do Iphan, “O

gênero musical e coreográfico pode ser considerado tanto

como sendo próprio de comunidades culturais identificáveis

(executantes e brincantes inseridos em agrupamentos sociais

de pequena escala) e também no contexto da vida urbana, e

da indústria cultural mediatizada. O vigor do Samba

enquanto gênero cultural encontra-se em sua plasticidade e

capacidade de gerar inúmeras variantes, como o samba-de-

roda, o samba carioca, o samba rural paulista, a bossa nova,

o samba-reggae e outros mais, em suas diversas

interpretações.”

Aqui na Vila Isabel, que é de Noel, e de Martinho, devemos

a ele esta história. Ele que, nos anos 70, fez sua primeira

viagem ao continente negro e durante muitos anos foi a

ponte entre o Brasil e Angola, sendo considerado um

Embaixador Cultural. Levou a música brasileira como um

presente ao povo amigo e irmão, através das vozes tão

brasileiras de Caymmi, João Nogueira, Clara Nunes e ainda

Chico Buarque, Miúcha, Djavan, D. Ivone Lara, entre

outros. Três anos mais tarde, Martinho elaborou um projeto

trazendo a música angolana para os brasileiros, a que

chamou de O Canto livre de Angola.

Page 76: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

76

Nosso samba.... seu semba ...por isso enquanto eu sambo

cá.... você semba lá...

AUTORES DO ENREDO: Rosa Magalhães

(Carnavalesca) e Alex Varela (Historiador)

MENTOR DO ENREDO: Martinho da Vila

Bibliografia consultada:

ABREU, Martha. O Império do Divino. Rio de Janeiro:

Nova Fronteira, 1999.

ALENCASTRO, Luis Felipe. O Trato dos Viventes. A

Formação do Brasil no Atlântico Sul. S. Paulo: Cia.

das Letras, 2000.

KARASCH, Mary C. A Vida dos Escravos no Rio de

Janeiro, 1808-1850. São Paulo: Companhia das Letras,

2000.

LOPES, Nei. Kitabu. Rio de Janeiro: Editora Senac,

2005.

MARTINHO DA VILA. Kizombas, Andanças e

Festanças. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial,

1992.

MOURA, Roberto. Tia Ciata e a Pequena África do Rio

de Janeiro. Rio de Janeiro: Arquivo Público do Estado,

1992.

RODRIGUES, Jaime. De costa a costa: Escravos,

Marinheiros e Intermediários no trafico de Angola ao

Rio de Janeiro. São Paulo: Editora Schwarcz, 2005.

Page 77: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

77

“Uma Aventura Musical na

Sapucaí”

G.R.E.S. SÃO CLEMENTE

Presidente: Renato Almeida Gomes

Carnavalesco: Fábio Ricardo

Fundação: 25/10/1961

Cores: Preto e Amarelo

Page 78: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

78

Page 79: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

79

Page 80: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

80

Page 81: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. São Clemente

81

“Uma Aventura Musical na Sapucaí”

A São Clemente tem uma espécie de dever: dever de

sonhar, e sonhar sempre!

E assim nossa Escola se constrói em ouros e sedas,

Inventa palcos, cenários, para viver o seu sonho:

Lutar quando é fácil ceder, vencer o inimigo invencível,

negar quando a regra é vender; voar num limite

improvável, tocar o inacessível chão!

(Do musical Homem de La Mancha, e

da Poesia de Fernando Pessoa)

ENREDO:

UMA AVENTURA MUSICAL NA SAPUCAÍ

Na escuridão do terceiro-sinal, foco de luz no mestre-

maestro, delirantemente aplaudido pela gente que vai

assistir a aventura musical. Silêncio.

Prólogo: Seguindo o apito e a batuta, a orquestra no

recuo do fosso ataca, e há música encantadora no ar; é

quando a cortina amarelo-negra abre-se lentamente!

“Gatos” (Cats) esgueiram-se na arquibancada/platéia, e

vão evocando as “Memórias”, refazendo a História:

“Senhoras e senhores, bem-vindos ao desfile do ‘Teatro

Musical Brasileiro’! E por quê apaixona-se a São Clemente

pelo início do teatro musicado no Brasil? Porque, como ela,

as operetas curtas daquele tempo eram satíricas, críticas e

irreverentes. E aproximavam o povão da mais fina arte!

Influência francesa que gerou nos trópicos, um ‘u-lá-lá’ pra

lá da malandragem. Mais ou menos 1850. bom humor era

Page 82: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

82

tudo, rapidez rimava com qualidade, e, para quem entende,

um pingo é letra: a parisiense nasceu na Lapa, e ia da

canção, do xote à valsa, da mazurca ao tango. Só no truque

da ingênua maliciosa, e o diabo que a carregue lá pra casa!”.

Luz em resistência. Um astro vai descendo a alegórica

escadaria de luzinhas piscantes, acompanhado daquilo

que secretamente nos bastidores chamamos da sua

“Comissão de Frente”: lindíssimas vedetes, em maiôs

cavados com franjas de diamantes falsos e transparência

sobre os seios, escoltadas por bailarinos, luxuosamente

vestidos em fraques. A vida é um “Cabaret”. Ouve-se a

voz do Mestre de Cerimônia: “Ora, se os desfiles de

Escolas de Samba são os maiores dos musicais de que se

tem notícia, nada melhor que esta grande aventura musical

clementiana falar em ritmo de samba, de como viveu e vive

esse grande e longevo negócio, que reúne na ribalta,

empresários, artistas, técnicos: a tal gente do show business

– Nós! Avante legítimas representantes carnavalizadas desta

verve, as Comissões de Frente, espetáculo à parte na

Avenida, quando sobem pernas, arrancam roupas, despertam

o aplauso e o inesperado acontece: é a Broadway

tupiniquim! A abertura é mágica!”.

O palco/passarela abre-se, e sobe o espetacular elevador

com a sua montanha verdejante onde “A Noviça

Rebelde” rodopia, cantando para as suas crianças que a

“Música, é Divina Música”: “Precisa de dinheiro para

botar o bloco na rua, levantar cenários, contratar estrelas,

fazer figurinos, vender bilhetes e acender a rica luz: aí o

prazer do público é total, quando a beça Estrela seminua

Page 83: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. São Clemente

83

com cara de safadinha, faz biquinho e começa solfejando os

acordes”.

Desce da escuridão do urdimento a magistral teia com a

“Mulher Aranha”, arrebatadora Rainha e Madrinha da

Companhia. Das laterais, no chão surgem as mulatas

com o estonteante figurino “Sopro de Purpurina”. O

primeiro setor de assentos, em suspense, puxa o fôlego,

sem acreditar na tamanha opulência flutuante sobre si.

Confetes prateados caem salpicados. A aracnídea está

em êxtase, pendurada quase solta no espaço, e declama

coquete: “Leques de plumas abanam em glória a primeira

das grandes: Chiquinha Gonzaga! E o Brasil era cantado em

prosa, verso e música em 1885, com um pé no caipira e

outro na cidade grande. Festa de São João, conversa de

botequim, prosa de malandro, vida de bairro, amor feliz.

Artur Azevedo apareceu logo depois, saindo através de uma

cortina de gotas de vidro: adorava meter o pau (ui!) no

político-social, sem jamais esquecer “pernas à mostra e

seios nus...”. Igualzinho ao carnaval! Olhar bem humorado,

uma forma de ver a vida: temas alegres, língua apimentada e

um bububú no bobobó. Duplo sentido, para um povo cujo

sexto sentido avisava que de perto ninguém é normal”.

Uma parede de elásticos brilhosos é atravessada por

ritmistas, quando ouve-se a sirene: - Teatro?, pergunta a

“Bela”. – Musical?, devolve a “Fera”. – Sapucaí!,

Exclamam os dois juntos. Entre românticos balanços de

flores, o casal avança na narrativa: “A cena, a dança, a

cantoria. Sopravam ventos de influência da Liberdade,

América, numa revolução cenográfica e coreográfica.

Tiraram a orquestra, botaram a banda, e o público exigia

Page 84: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

84

que arrancassem as meias daquelas pernas que eles queriam

ver em pele. E veio a fantasia musicada na Praça Tiradentes:

era hora das estrelas de primeira grandeza dando ataque e

atraindo multidões, divas da pá virada em decotes abissais e

rabo de penas raras. Fila na porta, empurra-empurra e o

ingresso a tapa: todos pagavam para ver a belíssima e

talentosa Loura falsa”.

Do Balcão da Casa Rosada, envolta na fumaça de gelo-

seco e construído do papelão e compensado, “Evita”

abre os braços. E, em vez de cantar “Não Chores por

Mim Argentina”, inesperadamente faz seu tributo de

amor ao musical brasileiro, porque o espetáculo não

pode parar (a não ser na frente do júri), e continua

dobrando a esquina: “Foi aí que o jogo avançou: girou a

roleta do Cassino, porque o Brasil Pandeiro esquentava seus

tamborins e fazia os dados rolarem: todo o país queria

Rosetá e em 1945 Walter Pinto mandava: “Canta Brasil”. E

não é que o país resolveu investir? A maquinaria

espetaculosa em efeitos de cena se tornou tão importante

quanto as Estrelas. Abre e fecha, sobe e desce, acende e

apaga, ou dá ou desce! Deus é brasileiro, e do limão

estrangeiro fez-se uma limonada à tropicália, e o Brasil

conhecia o Brasil. Deu tão certo que o mito grego de Orfeu,

quem diria, foi parar na favela brasileira; e a querida

senhora Pigmaleão armou sua barraca de feira por aqui.

Com Carlos Machado o musical brasileiro alcança sucesso

internacional”.

Uma gaiola espelhada é trazida pelo ciclone do “Mágico

de Oz” e dentro está a menina Dorothy. Guardas com

cassetetes de strass batem no pobre Homem de Lata.

Page 85: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. São Clemente

85

“Os Miseráveis” surgem pelas laterais, tentando

socorrer. Parte triste da História, tentam calar os

Musicais Brasileiros: “ A língua do Zé-Povinho estava

afiada e fazia anedotas com a vida dos poderosos. Tudo

devidamente amordaçado pela censura, que fez a cortina

fechar pelos idos dos 60. Proibido proibir deu nó em pingo

d’água e fez a tigresa (Sonia Braga) estrelar e deixar todo

mundo de cabelo (Hair) em pé, tal a força deste libelo, que

duas vezes o Brasil aclamou seduzido por tanta qualidade

ideológica e musical. Acordes para os hippies. Faça humor,

não faça a guerra, nós temos um sonho: deixe o sol entrar!

Foi uma Roda-Viva para os brasileiros, cuja profissão

sempre foi a esperança. Como Calabar resistiram, a Gota

d’água no oceano da incompreensão”.

Deitada numa lua de paetês surge “Vitor ou Vitória”. A

indecifrável fala sobre gays, machões e lembranças

musicadas: “Nisso jogaram gliter. Anunciada a era de

Aquarius, houve o rompimento, a mudança, a fuga dos

padrões e a busca do novo. Deboche de músculos másculos,

pernas cabeludas, cílios postiços e saltos altos. Foi com os

Dzi croquetes que devolvemos à Europa o que dela

tínhamos recebido um século antes: o vigor do teatro

musicado, desta feita, andrógino. Mas isso era só um lado da

moeda. Faltava um pedaço, aquela marca de pegador do

brasileiro, do machão que não é Mané. E a sacada da Ópera

do Malandro foi fazer do Brasil um bordel, quando o

homem brasileiro assumiu de vez sua vocação para o cantar,

dançar e interpretar. No rodopio dos 80 e 90, do conteúdo

político partimos para revisitar os mitos de nossa música

popular. Ganhou o samba, que viu de novo Assis Valente,

as Irmãs Batista e Elizeth Cardoso, revividas e exaltadas em

Page 86: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

86

grandes montagens; a música popular brasileira virou fio

condutor de uma torrente de paixões”.

Todo o elenco internacional de imorredouros

personagens, para sempre em nossos corações, estão em

cena. Entraram Arlequins, Pierrots e Colombinas para

receberem calorosos a carroça brasileira dos

Saltimbancos, que fez cantar gerações seguidas de

crianças, e “Sassaricando, e o Rio inventou a

Marchinha...”. O flash, a emoção do sassarico, porque

sem sassaricar, esta vida é o “ó”! Maria Escandalosa

junto com a Galinha e o Jumento, brasileiríssimos,

cantam “Yes, Nós temos Bananas”. Pós modernos, falam

da virada do terceiro milênio.: O Brasil e o mundo, a

aldeia global fazendo prosperar abaixo da linha do Equador

o que antes era reserva de Nova York, Las Vegas, Paris e

Londres: o trânsito de diretores, produtores, autores, a festa

das platéias brasileiras. O mistério extraordinário do

musical: Raia equilibrava-se na pequena Loja dos Horrores;

esfregávamos os olhos para saber se era verdade que a

mesma Bibi que cantava o pequeno pardal Piaf, também se

rasgava nas entranhas ao cantar os fados de Amália; Marília

podia ser Dalva de Oliveira ou Elis, ou todas Elas por Ela; e

agora José Mayer é o definitivo Violinista no Telhado.

Grande dança final, com toda a companhia executando

impecavelmente a marcação coreográfica e o canto

afinado do Samba-Enredo. Ciclorama da vida, mágica

do Teatro, entretenimento profissional apaixonado. A

fagulha que restará eterna. Milhares de microlãmpadas

formam palmeiras artificiais, orgulhosas de serem

simulacros. Micos leão- dourados de acetato caem

pendurados. “Deus lhe pague”: “Dizer que conseguimos

Page 87: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. São Clemente

87

copiar de maneira impecável as montagens estrangeiras é

pouco: damos um passo à frente, vamos além da virtuose

técnica, adicionamos à perfeição deles o chica-chica-boom

da gente bronzeada que faz pulsar o já montado, de maneira

diferenciada. Há um quê de povo renovador em nós”.

Epílogo: surge o Fantasma da Ópera voando a bordo de

seu colossal lustre de cristal. Por trás da mascara

misteriosa, há uma lágrima verde-amarela, de amor a

esta gente incansável que monta Musicais. São os

sonhadores: “Musicais são janelas para o imaginário de um

povo, cuja qualidade é viver no País das Maravilhas. Que a

Ópera de Paris seja a Marquês de Sapucaí e que o fantasma

vague em nossas memórias, reafirmando o direito ao sonho.

Mascaradas, faces de papel em desfile, é chegada a hora.

Avante brincantes do mundo do carnaval musical, pois não

há, no mundo dos humanos, gente parecida contigo. Vai ter

fim a infinita aflição, e o mundo vai ver uma flor brotar, do

impossível chão!”.

Feliz é a São Clemente, que da grandeza deste gênero faz

o seu carnaval. Feliz meu samba, que sai pela vida em

alegria incontida, nessa maravilhosa aventura musical.

Revoada de graças translúcidas parte em direção ao pôr-

do-sol, no infinito. O perfil de Carmem Miranda vai

beijando Renato Russo, até desaparecer no Black-out.

Cai o Pano.

Fábio Ricardo

São Clemente 2012

Pesquisa: Tânia Brandão e Marcos Roza

Page 88: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

88

Page 89: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

89

“De Londres ao Rio:

Era Uma Vez... Uma Ilha...”

G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA

DO GOVERNADOR

Presidente: Sidney Filardi

Carnavalesco: Alex de Souza

Fundação: 07/03/1953

Cores: Vermelho, Azul e Branco

Page 90: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

90

Page 91: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

91

Page 92: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

92

Page 93: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. União da Ilha do Governador

93

“De Londres ao Rio: Era Uma Vez... Uma Ilha...”

Argumento

“Once upon a time”, ou “ERA UMA VEZ”... é a forma mais

popular, desde 1380, de iniciar histórias em língua inglesa.

E se tornou convencional na abertura de narrativas a partir

de 1600, da mesma forma que terminam com um: “E

VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE”. Prevalecem em

contos de fadas para crianças e na tradição oral de recontar

mitos, fábulas e folclore.

A cada quatro anos o mundo se une para o grande momento

do esporte e para celebrar a paz. A cidade anfitriã faz em

sua abertura uma representação artística de sua história e sua

cultura. No ano de 2012, Londres será a sede desse evento.

A União da Ilha fará uma versão bem carioca e carnavalesca

dessa festa. E também uma contagem regressiva para os

jogos olímpicos do Rio de Janeiro.

Em vermelho, branco e azul, as mesmas cores do Reino

Unido, a Ilha falará da Ilha que sambará ao batuque da Ilha.

Saint George, padroeiro da Inglaterra, estará ao lado de São

Sebastião do Rio de Janeiro, ambos padroeiros da nossa

escola.

O fogo que atravessou nosso último carnaval nos uniu,

assim como o fogo olímpico une as nações. Superamos as

dificuldades, assim como cada atleta supera seus limites

para atingir o pódio.

Page 94: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

94

Era uma vez uma Ilha feita de alegria e muito samba que vai

contar histórias de outra Ilha. Incendiando a avenida

misturando irreverência e tradição, vamos acender a pira

com o fogo da paixão e transformação. Foi dada a partida!

A festa vai começar!!!

Sinopse

... Onde vivia um povo valente e guerreiro. Um dia, apesar

de ser defendida com bravura, um grande império a

conquistou. O imperador invasor fundou uma cidade que

cresceria até se tornar uma das mais importantes do mundo.

Capital de um país e depois de um reino que se tornaria

unido. Sua história é feita de reis e rainhas, príncipes e

princesas, e de heróis errantes.

Nobres cavaleiros cruzaram terras para defender a sua

fé. Vestidos e armados com as armas de um santo

guerreiro e com sua cruz estampada na bandeira,

seguiram em sua saga de bravos, pondo sob as patas de seus

fiéis ginetes o mais temível dragão.(1)

Nesta terra, a fantasia e a realidade se confundem. Em sua

tradição, narram contos onde espadas são encantadas e

cálices são sagrados. Histórias de távolas redondas, fiéis

escudeiros e magos a serviço de um só Rei.

Nos palcos encenam histórias de amores impossíveis,

comédias, dramas e tragédias. Onde nesta noite de verão, há

somente uma questão: ser ou não ser? Nas ambições por

um trono, até as “rosas” guerreiam. (2)

Page 95: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. União da Ilha do Governador

95

Em uma era dourada, conquistaram os mares e a Coroa

aliou-se a corsários e piratas em busca de inesgotáveis

tesouros. Dominaram por séculos boa parte do planeta.

Lançaram, sob a ótica da ciência, um novo olhar sobre fatos

naturais e a todo vapor se tornaram condutores

revolucionários, pondo o progresso nos trilhos e no

campo do pensamento. Publicaram temas que nos deram

arrepios e nos levaram a um delirante país das maravilhas.

Seus artistas brilharam nas telas e sob as luzes da ribalta.

Com swing (3) encurtaram medidas, mudaram

comportamentos e deram uma chance à paz e ao amor.

Inventaram com a bola nos pés a nossa maior paixão.

Hoje convidam a todos para um encontro onde pessoas do

mundo inteiro mostram o que é superação, exaltando a

cultura de paz. Saudemos aqueles que ultrapassam seus

limites e dentre esses os nossos patrícios que sempre nos

enchem de orgulho.

Era uma vez... A nossa Ilha, onde também vive um povo

valente e guerreiro, que defende com bravura a sua

bandeira. Que todo ano vem para conquistar o coração

de um lugar que cresceu até se tornar um dos mais

importantes da terra e que em breve será o próximo

anfitrião. A Ilha é a pista para esse sonho aterrissar e a

porta de entrada das nossas vitórias.

Nessa grande paródia carnavalesca, vamos adiantar os

ponteiros do relógio e imaginar que a festa é aqui e

agora. Acender a chama da paixão, incendiar de alegria

toda a cidade e renovar as esperanças.

Page 96: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

96

Contos de fadas são como o carnaval, e sempre nos levam

ao imaginário, sendo assim, esta história não poderia

terminar diferente: “E viveremos felizes para sempre”.

Alex de Souza

Carnavalesco

(1) Referência á oração de São Jorge, Padroeiro da Inglaterra.

(2) Citações ás peças de Willian Shakespeare. O maior dramaturgo de

língua inglesa.

(3) Swinging London foi uma expressão utilizada nos anos 60 para

descrever a vanguarda londrina. Swinging representaria algo com

arrojo, moderno, etc.

Page 97: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

97

“Cordel Branco e Encarnado”

G.R.E.S. ACADÊMICOS DO

SALGUEIRO

Presidente: Regina Celi Fernandes Duran

Carnavalescos: Renato Lage e Márcia Lage

Fundação: 05/03/1953

Cores: Vermelho e Branco

Page 98: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

98

Page 99: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

99

Page 100: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

100

Page 101: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro

101

(Cheio de poesia, imaginação e encantamento) apresenta:

“Cordel Branco e Encarnado”

Minha “fia”, meu senhor

Deixa eu me apresentar

Sou poeta e meu valor

Vai na avenida passar

Basta imaginação

Um “cadim” de inspiração

Que eu começo a versar

Vou cantar a minha arte

Que nasceu bem lá distante

Num lugar que hoje é parte

Da nossa origem errante

Vim das bandas da Europa

Nas feiras, a boa trova

Era demais importante!

Foi assim que o mar cruzei

Na barca da encantaria

Chegou por aqui um Rei

Com bravura e poesia

Carlos Magno de França

Dele eu trouxe tal herança:

Meu reinado e fidalguia

E veio toda a nobreza

Que um dia eu imaginei

Rainha, duque, princesa

Page 102: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

102

E até quem eu não chamei:

Um medonho de um dragão

Irreal assombração

Dessa corte que eu sonhei

Também tem causo famoso

Que nasceu lá no Oriente

De um tal misterioso

Pavão alado imponente

Que cruza o céu de relance

Dois jovens, e um só romance

Vencendo o Conde inclemente

Todas essas histórias

Renasceram no sertão

Onde vive na memória

O eterno Lampião

E não teve um brasileiro

Que de Antônio Conselheiro

Não tivesse informação

Pra viajar no meu verso

É preciso ter “corage”

Vai que um bicho perverso

Surge que nem “visage”?

Nas matas sertão afora

Lobisomem, caipora

Que medo dessas “image”!!

Mas pra que esse rebuliço?

Rezar é a solução!

Valei-me meu “padim” Ciço!

Page 103: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro

103

Vá de retro, tentação!

Nossa Senhora eu não quero

(Tô sendo muito sincero)

Cair nas garras do cão!

E não é que meu santo é forte?

Cheguei ao céu divinal

É tamanha a minha sorte

A minha vitória afinal

É cantar com alegria

Fazer verso todo dia

Na terra do carnaval

Vem chegando a tal hora

Da minha alegre partida

Saudade, palavra agora

Tem posição garantida

Mas não se avexe meu irmão

Que hoje a coroação

Acontece é na avenida

Lá vem ele a flanar

Por esse sertão sonhado

Um grande rei popular

Da corte do Sol dourado

Patativa do Assaré!!

Receba com muita fé

Um cordel branco e encarnado

E agora eu vou sem medo

Fazer festa “de repente”

Vai nascer um samba-enredo

Page 104: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

104

Pra animar toda a gente

Afinal, não sou melhor

Muito menos sou pior

Só um poeta diferente!

Renato Lage, Márcia Lage

e Departamento Cultural

Nobre compositor-trovador,

Eis aqui o nosso Cordel Branco e Encarnado que você vai

transformar em samba de grande inspiração. Este enredo é

a nossa forma de louvar a todos os poetas populares deste

imenso, rico e tão maravilhoso país. A fantástica história do

cordel unida à energia “furiosa” da nossa bateria, dos

versos e melodias com aquele tempero valente que só você

sabe criar, é a receita de um carnaval pra cabra nenhum

botar defeito.

É “nóis”, oxente!!!

Page 105: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

105

“Vou Festejar!

Sou Cacique, Sou Mangueira”

G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA

DE MANGUEIRA

Presidente: Ivo Meirelles

Carnavalesco: Cid Carvalho

Fundação: 28/04/1928

Cores: Verde e Rosa

Page 106: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

106

Page 107: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

107

Page 108: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

108

Page 109: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira

109

“Vou Festejar! Sou Cacique, Sou Mangueira”

Tudo começou na África, num tempo em que eu era

ainda moço e minha tribo estava a mercê do perigo e os

sacerdotes cuidavam de expulsar com reza forte as

vibrações de má sorte que rondavam nossa morada.

Lembro-me que os mensageiros da morte vieram de

longe, do outro lado das águas, talvez, não tivessem

sequer no corpo o bronze da nossa pele, não tinham os

lábios carnudos, eram estranhos em tudo! E até mesmo

esses detalhes que constroem a nossa face, neles eram

diferentes. Juro que inocente, pensei até em disfarce.

Conduzido pela dor, fui levado prisioneiro ao traiçoeiro

Negreiro, o reino da apatia. Lá, sujeito às doenças e a fome

que habitavam aquele porão sombrio, caí no mais denso e

frio estado de melancolia.

E era como um açoite, a escuridão da noite, toda vez que ela

chegava. E eu sofria pesadelos, acordava assustado. Ainda

na inocência, confundia a luz da vidência com as trevas dos

maus presságios.

Ao desembarcar, os pés feridos, descalços, vi quando o sal

do oceano espalhou-se sobre o chão molhado desenhando

uma linda concha do mar e, ouvi a voz de Iemanjá me

falar: este “Mundo” é o teu “Novo” lar! Prepara-te, o teu

futuro te reserva coisas lindas, surpresas te virão ainda.

Page 110: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

110

Já em terra firme, nos primeiros anos depois que saí da

minha terra, suportei a mão pesada da escravidão e as

feridas da solidão.

Certa vez, escondido pelo breu da noite, resolvi caminhar na

mata. Eu já andara bastante. Com a respiração ofegante,

parei pra descansar um instante.

E o sono foi me apagando, a cabeça meio tonta, eu já

nem me dava conta do perigo de dormir longe da

senzala, do povo da minha tribo, sem a proteção de um

abrigo.

E ali sonhei meu destino. No sonho um guerreiro caçador, o

cacique dos índios, passeava naquelas terras e me viu

sentado sob uma tamarineira que ele havia plantado no seu

tempo de menino.

Sentou-se ali, ao meu lado, desenhou com seu arco, no

chão, uma pequena flecha e, com amabilidade, perguntou a

minha idade, quis saber em que cidade eu havia nascido. E eu, me sentindo à vontade lhe falei dos deuses iorubás, da

minha terra natal, do cordão umbilical, do rio da minha

aldeia.

E ele, com calma, me falou do poder das folhas e das raízes

que transformam em cicatrizes ferimentos e mordeduras de

aranhas e de serpentes; dos banhos quentes de algumas

ervas e sementes, que curam até os doentes de alma.

Page 111: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira

111

Ao voltar pra senzala era como se meu coração tivesse fala.

O Rio de Janeiro era o meu novo terreiro e nas batucadas,

nas festas, na alegria das ruas, nas brincadeiras do povão,

encontrei meu destino e enganei a solidão.

Quando o Entrudo chegava uma maravilha de ruídos invadia

as ruas, um barulho encantador que contrastava com a

sujeira reinante. Divertidas batalhas com limão de cera,

água e farinha branca atiradas sobre os participantes

aconteciam a todo instante.

Zé-pereira, bumbos, rostos e bumbuns de negros

azucrinando nas praças e no passeio público, zombando, se

divertindo, enquanto a viola chorava e espinoteava

espantando a tristeza. E tudo era instrumento, flauta,

violões, pandeiros, latas, gaitas, frigideiras de ferro, caixotes

e trombetas. Instrumentos sem nome, inventados

subitamente no delírio da improvisação, do ímpeto musical,

na força do sentimento.

Já que batucar na cozinha Sinhá não deixava, o nosso canto

ecoava nas senzalas e invadia as ruas. Aliás, na rua do

Ouvidor, na rua Direita ou no Largo de São Francisco tudo

era canto e os sons sacudiam e movimentavam as

vestimentas de cores vivas, ardentes, dançando e tateando os

corpos que exalavam o doce perfume da alegria.

A elite fazia biquinho e implicava, chamava nossa festa

de selvagem e brutal e que o verdadeiro carnaval estava

nos salões da nobreza de Paris e Veneza.

Page 112: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

112

Discriminada e com as autoridades policiais no encalço, a

turma dos descalços e descamisados tratou de arrumar um

jeitinho para continuar festejando.

Com um olho no padre e outro na missa lutamos dançando,

dançamos rezando e rezamos cantando. As festas,

celebrações e procissões dos brancos, agora, serviam

como máscaras e disfarces. Por trás delas festejávamos

nossas entidades sagradas e batucávamos até o sol raiar.

Organizados em Cordões carnavalescos, cantadores e

dançarinos, palhaços, a morte, os diabos, os reis, as rainhas,

as baianas, os morcegos e os índios também entraram na

dança e colocaram a polícia pra dançar.

No noturno da Praça Onze, ali mesmo na nossa “Pequena

África”, os desfiles do Pastoril e dos Maracatus em louvor à

Ciata D’Oxum, a tia-mãe-baiana dos festejos, se tornaram a

sensação e os luxuosos Ranchos cantadores, dominados

pelos negros e castanhos, rompiam a massa colorida em

grande animação. Para matar a sede dos cantadores e dos

berradores, os refrescos de coco, os gelados de abacaxi e

limão. Para a fome, bolos de fubá, pé-de-moleque, alcaçuz,

tapioca, manauê e feijoada no caldeirão.

Mascarada, a elite branca se esbaldava no luxo dos salões,

nos desfiles dos corsos e das grandes Sociedades. O povo

negro e pobre, barrado no baile burguês, continuou dono das

ruas e vielas como legítimos senhores da folia.

Música, fanfarra, préstito, maxixe e, finalmente, de semba

se fez samba. Abençoadas por Nossa Senhora do Rosário,

Page 113: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira

113

na Festa da Penha, as negras suspendiam as saias rodadas e

dançavam, nos requebros das ancas, no arranco das

umbigadas. Enquanto os senhores rezavam na parte alta das

escadarias, na parte de baixo, a sensualidade era religiosa, o

ritmo dos batuques era sacerdotal e feiticeiro. Ali

desaguavam os cantos e as melodias de todo o povo

brasileiro e os compositores da primeiríssima geração de

sambistas, testavam a popularidade do seu cancioneiro.

O tempo passou. A cidade se transformou em uma selva de

pedra onde a “Onça” reinava absoluta e era a principal

atração. “Vejam todos presentes, olha a empolgação, este é

o Bafo da Onça que eu trago guardado no meu coração”.

Até que um dia, um “Cacique” bamba entrou na folia e

dividiu a tribo do samba sem vacilação. “Foi lá no fundo do

seu quintal que o samba pegou moral e agitou a massa, e

o povo voltou a cantar e sorrir, caciqueando aqui e ali,

abrindo o coração pro amor”.

De repente as ruas esvaziaram-se! Será que a “Onça”

vacilou, foi beber água de cheiro e se afogou?! Até mesmo

o bravo “Cacique” parecia cansado das batalhas de confetes

e desanimou! Para onde teria ido a alegria? Onde estaria a

espontaneidade que transformava cem pessoas saídas de um

bairro em quinhentas, em mil, sem ninguém se conhecer?

Mas o samba é eterno, não tenho medo de responder! Ele

até pode agonizar, mas jamais irá morrer! A “Onça” marcou

bobeira e não mais saiu da toca, mas o “Cacique”,

malandro, mudou de oca, foi fazer morada à sombra de

uma tamarineira e ali no subúrbio da Leopoldina,

abençoado por Oxossi, o pagode ecoou vindo do “Fundo

Page 114: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

114

do Quintal” e embalado por banjos, repiques, tantãs e

pandeiros conquistou o Brasil inteiro.

“Batam palmas, gritem, soltem a voz. Pra manter o pique só

depende de nós”!

O carnaval, a partir daí, não terminava mais na quarta-feira

de cinzas. Quase sem querer, ele se fragmentou em diversas

festas nos lares das famílias simples, em animadas rodas de

samba, em batuques sobre mesas de bares, confirmando

que a tribo do samba ainda queria apito, sem

necessariamente o pau ter que comer!

Isso tudo já faz muito tempo. Hoje eu chego com o vento e

volto aos pés da velha tamarineira, sento-me novamente ao

lado do guerreiro e de Oxossi em saudação ao meio século

de história do Cacique de Ramos. Nós somos as raízes e

o Cacique é o tronco desta árvore que deu frutos como

Jorge Aragão, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Dicró, Mauro

Diniz, Zeca Pagodinho, Luis Carlos da Vila e Neguinho da

Beija-Flor, entre outros nomes, além da dindinha Beth

Carvalho um bendito fruto feminino entre tantos homens.

Salve a tribo dos bambas; esse “Doce Refúgio” de

pagodeiros e malandros no bom sentido da palavra.

A tribo que bate tambor e faz ecoar o surdo de primeira pra

saudar a sagrada tamarineira e confirmar que o bom samba

também mora em Mangueira.

Page 115: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira

115

Afinal, “onde eu cheguei, nem um mortal chegou, modesta

parte nessa arte, Deus me consagrou e o meu canto ecoou

por todo universo, até em Marte o meu samba fez sucesso!”

Por tudo isso vou festejar, pois sou Cacique, sou Mangueira!

Bibliografia:

1) Cacique de Ramos – Uma História que deu Samba. Autor: Carlos Alberto Messeder Pereira.

2) Blocos. Autor: João Pimentel.

3) Almanaque do Carnaval.

Autor: André Diniz

4) Ogundana – O Alabê de Jerusalém.

Autor: Altay Veloso.

Page 116: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

116

Page 117: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

117

“O dia em que toda a realeza

desembarcou na Avenida para

coroar o Rei Luiz do Sertão”

G.R.E.S. UNIDOS DA TIJUCA

Presidente: Fernando Horta

Carnavalesco: Paulo Barros

Fundação: 31/12/1931

Cores: Azul Pavão e Amarelo Ouro

Page 118: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

118

Page 119: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

119

Page 120: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

120

Page 121: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Unidos da Tijuca

121

“O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida

para coroar o Rei Luiz do Sertão”

“Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e

cantou muito seu povo, o sertão,

que cantou as aves, os animais, os padres, os

cangaceiros, os retirantes,

os valentes, os covardes, o amor.”

Luiz Gonzaga

Toca a sanfona porque a festa vai começar!

Abre e fecha esse fole que a comitiva vai chegar

A Avenida é a estrada que leva sertão adentro

E ninguém que aqui está esquecerá esse momento

De lembrar que, em noite de estrela, nasceu um rei no sertão

Que virou majestade de tanto ensinar o baião

Andando e cantando a história de seu povo

Cem anos depois, ele vai ser coroado de novo

Convidamos reis e rainhas pra mostrar que desde menino

Luiz Gonzaga, o Lua, já tinha de astro o destino

Mostrava o sorriso e a alegria, cantava e dava lição

Mas lá no fundo guardava saudade no coração

Senhoras e senhores, o roteiro dessa viagem

Leva a terras distantes, onde um povo de coragem

Desafia a seca e a poeira, do barro ganha a vida

Esculpe a terra, tece a renda, de sol a sol nessa lida

Page 122: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval 2012

122

No mercado, montam a banca e é bonito de se ver

E de tudo que há no mundo, nele tem para vender

Cores, cheiros, sabores da cultura nordestina

Lá se compra toda a sorte dessa vida Severina

Segue o comboio real, vai cruzando o caminho

No lombo do burro, chega às terras de Vitalino

O mestre da escultura, que todo mundo copia

Bonecos que contam a vida, as coisas do dia a dia

Mas pra conhecer o sertão, é preciso ter coragem

Atravessar a caatinga, seguir em frente a viagem

Pedir benção, rezar com fé, ser beato, ser romeiro

E reunir com toda a tropa, lá na Missa do Vaqueiro

Senhores, rainhas e reis, o Rei do Baião anuncia

Que, depois de tanta reza, vai crescer a valentia

É pegar a beira do rio, é ser Lampião e Corisco

Pra conhecer a beleza do Vale do São Francisco

Andar pela margem pra ver a vida que brota dos rios

O Velho Chico crescendo, com água que vem dos baixios

A cana, os frutos, o gado, o canto do passarinho

Cantar a saudade do rei, desse tempo de menino

Toca a boiada, vaqueiro! Segue em guarda o cangaço

Que cada afluente que corre do Velho Chico é um braço

Desce pro sul até ver carrancas que trazem a sorte

A cara feia que espanta não deixa ter medo da morte

“Simbora” que vem a noite, é hora de ver balão

Que as festas já começaram, tem “arraiá”, tem quentão

Page 123: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Unidos da Tijuca

123

São José foi no plantio, na colheita é São João

A quadrilha já tá pronta, vai ter forró e baião

E a sanfona anima o povo, todos vão se apresentar

Pra comitiva real, ao som do fole brincar

Bumba-meu-boi, maracatu, frevo, pagode e reisado

E tudo que precisar pra gente ficar animado

Foi cantando pelo sertão que Gonzaga virou rei

De tanto cantarem junto, sua canção hoje é lei

Da poesia na praça, da valentia e coragem

Sua lição ganha as rádios, difunde sua mensagem

Nas estações onde passa, vai contando sua vida

Espalha alegria e raça, hoje ganha a Avenida

E a Tijuca agora brinca e pra todo o mundo diz

Que a estrela de Gonzaga no céu descansa feliz.

Isabel Azevedo, Ana Paula Trindade,

Simone Martins e Paulo Barros

Page 124: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

124

Page 125: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

125

“Eu Acredito em Você!

E Você?”

(Histórias de Superação)

G.R.E.S. ACADÊMICOS DO

GRANDE RIO

Presidente: Hélio Ribeiro de Oliveira

Carnavalesco: Cahê Rodrigues

Fundação: 22/09/1988

Cores: Vermelho, Verde e Branco

Page 126: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

126

Page 127: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

127

Page 128: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

128

Page 129: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio

129

Na manhã do dia 07 de Fevereiro de 2011 o G.R.E.S

Acadêmicos do Grande Rio viu a história de seu carnaval

tomar novos rumos. Um incêndio destruía o que estava

construído para o desfile que se aproximava, bem como,

toda sua estrutura de Barracão e acervo de vinte e três anos

de história. Naquele dia, parecíamos não termos nada. A

cena era de destruição e o sentimento era o de perda. Do

Barracão, só os destroços de um carnaval transformado em

cinzas, antes da quarta-feira.

Na mesma semana havia um ensaio na quadra da Escola. A

comunidade estava triste. A Escola não estava feliz, mas há

nisso um enorme porém: ninguém naquele ensaio deixou de

cantar! Ali, entre as lágrimas e o canto da comunidade,

surgia o sentimento que serviria de inspiração para o

enredo do Carnaval que propomos agora. O povo de Caxias

havia entendido antes de todos nós, o que era preciso fazer.

A comunidade ensinava aos que haviam se abatido com o

incidente, o que era necessário ser realizado: era preciso

superar!

A sinopse que apresentamos agora é fruto do sentimento

compartilhado a partir do momento em que fomos

obrigados a superar uma adversidade imposta. Ela traduz

um momento particular da Escola, mas revela também que

o ato de superar é pertinente e recorrente junto à vida do

homem. Debruçados sobre as histórias de alguns deles,

descobrimos incríveis exemplos que nos obrigam a

acreditar na força em reerguesse após o adverso.

É por isso que eu acredito em você!

E você?

Page 130: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval/2012

130

“Eu Acredito em Você! E Você?”

(Histórias de Superação)

“A nossa maior glória não reside no fato de nunca

cairmos, mas sim, em levantarmo-nos depois de cada

queda.” (Confúcio).

Não me peça para desistir. Acredito, sigo em frente porque só

sei caminhar! Não me desanimo: caio, levanto, a volta por

cima hei de dar. A força não está em mim: Para quem do céu

herdou a promessa, a vitória é coisa certa; a questão é esperar.

Por entre as nuvens os anjos se puseram a anunciar: “não

te desespera, não deixa o desânimo tomar conta de ti, tira os

olhos das dificuldades e coloca-os em mim.

Com a palavra, o céu desce a terra. Das alturas, rica fonte de

entusiasmo: a direita do pai, a me guiar, aquele que ao

enfrentar o adverso, foi grato exemplo da importância de

aprender a superar. Com os olhos fitos nos céus, sinto o calor

luminoso que rompe a barreira das nuvens que outrora foram

de tempestade. Me banho junto às águas de bonança que

seguem após a revolta das marés. Me conforto, ganho ânimo,

e um novo carnaval assim eu faço: tudo o que renasce com

maestria, todo aquele que enfrenta e vence o que lhe desafia,

faz crescer o que imagino, para construir um carnaval.

Na perda do amor que se foi, faço hora para o que virá. Se a

saúde fizer despedida, espero ela voltar. Não há medo, vício,

ou preconceito, que eu não possa enfrentar. Enfrento a perda

e a dor, venço o medo com sabedoria, rimo a piada com o que

não tem graça, lhe conto um conto, de sabedoria popular: Não

tema o que lhe parece “maior”, não te desespere diante ao

que lhe parece impossível. Precisamos, dia-a-dia, enfrentar e

derrubar nossos temidos gigantes!

Page 131: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio

131

Por isso vos digo como exemplo a lhe ofertar: Se o som for

sepultado em meus ouvidos, faço melodia e canção no

silêncio que habita a imaginação. Se na escuridão meus

olhos me lançarem, solto a voz para multidões, faço do

canto, luz para iluminar.

Quando a dor me castigar, faço dela o incentivo para o

entalhe mais perfeito da beleza de um altar. Se pobre eu

nascer, se a vida me bater, se a dor me esmagar; abro sorriso

ao adverso, luto de peito aberto, para as luzes da ribalta me

consagrar! Se a vida me testar, tirar-me o que julgo precisar,

se a firmeza das mãos me faltar, o dom de Deus

resplandecerá e uma orquestra surgirá.

Na busca por superar, topo aceitar o desafio: Vou suar a

camisa, correr distancias longas, meu corpo está posto à

prova; certamente, eu chego lá! Quero um lugar no pódio,

quero os louros da vitória, quero mérito por superar.

Cambaleei, enverguei, não desisti, e exemplo me tornei!

Na luta pela conquista, sou herói, sou atleta! Recebo sopro

divino, corro em linha reta, corro atrás de bola, um

fenômeno surgirá. Alço as velas do meu barco e lavo minhas dores nas águas do azul que tinge o mar. Em águas

cristalinas nado com a força de um tubarão, faço o mundo

avançar em braçadas. Saltando próximo as nuvens, com os pés

no chão, ou sobre rodas, o que me guia é a superação!

Na história do homem sobre a terra, exemplos ei de dar:

Quando um homem ajuda um homem, não há dor coletiva

que ele não possa curar. Avança o dia, avança a noite. Corre

o tempo, a tristeza fica pra trás. O que se expandiu junto a

uma manhã que explodiu, hoje é página virada, “rosa

desbotada,” que ninguém mais viu.

Page 132: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

Carnaval/2012

132

O que se destruiu, se reconstruiu. Onde o “preto” não era

“branco,” onde o “branco” não era “preto”, levantou-se a

voz da nova ordem a anunciar a união. Dando a mão a um

irmão, tijolo por tijolo, lágrima por lágrima, erguemos um

bem precioso, reconstruímos uma Nação.

O vento sopra a bandeira verde e amarela e faz o exemplo de

seus filhos brilharem em nossos olhos. São “Joãos” “Marias,”

“Silvas,” “moleques” que correm descalços, trabalhadores do

asfalto, gente que luta, gente que vence. São mulheres que

rompem as barreiras das limitações. São homens que vencem

a “seca” e o “pau de arara,”para ocupar, quem sabe, o mais

alto posto no comando da Nação. Jovens que ultrapassam os

barracos da cidade. Mães que fazem da luta prova de

superação. Homens e mulheres que levantam a poeira do

chão, guerreiros que batem samba na palma da mão; a

baiana que gira, o sorriso da velha-guarda, o passista que risca

o chão, a bateria que marca o pulsar do coração, gente que

“enverga mas não quebra”, gente que vem a ser o

significado mais claro e puro para o nome SUPERAÇÃO!

Cahê Rodrigues – Carnavalesco

Pesquisa e texto: Leandro Vieira, Lucas Pinto e Cahê

Rodrigues

Dedico este enredo a todos os profissionais, artistas e

voluntários que juntos reconstruíram o carnaval de 2011,

levando para o Sambódromo carioca um desfile de garra,

dedicação, amor, amizade, união e superação.

Page 133: Jorge Luiz Castanheira Alexandre Américo Siqueira Filho Dr. Nelson de ...liesa.globo.com/2013/por/03-carnaval13/manual/Livro - Carnaval... · E o povo na rua cantando. É feito uma

133

LIESA - Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro

Av. Rio Branco, no 04 - 2

o, 17

o, 18

o e 19

o andares – Centro

Rio de Janeiro – RJ CEP.: 20.090-000

Tel.: (21) 3213-5151 Fax.: (21) 3213-5152

Home Page: www.liesa.com.br E-mail: [email protected]

Digitação e Diagramação:

Fernando Benvindo Neto e Mauro Antonio da Silva