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Reportagem do diário "Correio Braziliense" sobre o Islam na Capital Federal.

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Page 1: Islamismo

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CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, quinta-feira, 26 de dezembro de 2013 • Cidades • 27

FÉ / Diferentemente de outros países, os adeptos do islã na capital federal e no Entorno não esbarramna intolerância religiosa

» THIAGO SOARES

ODistrito Federal e o En-torno devem abrigarmais de 3,5 mil seguido-res do islamismo, excluí-

do corpo diplomático. A reli-gião, supostamente uma dasprimeiras a surgir no mundo,cresce rapidamente. Há 40 anos,15% da população do planetaera seguidora de Alá. Atualmen-te, são mais de 20%, conformedados das Organizações das Na-ções Unidas. Embora a religiãoesteja historicamente ligada aosárabes, o Islamismo não confi-gura uma raça ou uma etnia. Nacapital federal, por exemplo, oCentro Islâmico de Brasília indi-ca que mais de 100 brasileiros jáse converteram à religião.

O advogado Marcelo Salahu-ddin, 31 anos, natural do Rio deJaneiro, mora em Brasília desdede 2003. Ele era católico, porém,sempre questionou o conceitodo “ente divino”. A entrada nauniversidade possibilitou que,dentro da disciplina de culturareligiosa, as dúvidas fossem sa-nadas. Há mais de oito anos,Marcelo resolveu se converter àfé islâmica. “Comecei a sentir alógica aos meus questionamen-tos e me interessei bastante pe-la crença monoteísta”, explicouSalahuddin, que já peregrinoupela cidade sagradas (leia paraSaber mais).

Ele se casou também comuma brasileira, que já era con-vertida à religião, há cerca dequatro anos. De acordo com osprincípios do islamismo, não éobrigatório que o homem se ca-se com uma mulher muçulma-na, basta que, alternativamen-te, ela seja judia ou cristã. Já nocaso da mulher, ela deve consti-tuir matrimônio com um ho-mem seguidor do Islã.

Recentemente, Marcelo Sa-lahuddin esteve na Argentina enotou que, lá, as pessoas têmolhar diferente em relação ao is-lamismo, algo que não costumater em Brasília. “Aqui, a convi-vência é muito boa”, afirma oadvogado. A mesma opiniãotem o médico Ahmed El Tassi,50 anos: “Brasília, assim como orestante do país, é receptiva atodas as eligiões”, comentou.Natural do Brasil, o médico é fi-lho de um libanês com a mãe sí-ria. Os pais já seguiam a religiãoe repassaram a crença para ele.

Ahmed viveu no exterior du-rante 21 anos, e retornou hámenos de um da China, ondeestima-se que o número de mu-çulmanos corresponde ao dapopulação brasileira. “Mesmocom esse grande número de se-guidores do islã, percebi que opaís ainda tem certa intolerân-cia à religião, isso também pelaquestão de governança da Chi-na”, explicou.

No Distrito Federal, os fiéisse reúnem na Mesquita do Cen-tro Islâmico de Brasília, locali-zada na 912 da Asa Norte. Elesse encontram no local para aoração das sextas-feira, quandoo sheik Mohamad Zidan, líderreligioso, apresenta um ensina-mento aos fiéis. Segundo ele, osseguidores estão concentradosnas cidades de Taguatinga, Ga-ma e Sobradinho, porém, emoutras regiões administrativas,como também no Entorno, exis-tem fiéis.

CrençaFundada pelo profeta Moha-

med (578-632 d.C.), em Meca, naatual Arábia Saudita, no ano de622, a religião islâmica tem co-mo base os preceitos do Alcorão,cujo conteúdo teria sido revela-do por Deus (Alá) ao profeta Mo-hamed e, também, na SunnahProfética, que se constitui noconjunto de atos, de ditos e deabstenções praticados por aque-le que os muçulmanos creem tersido o último enviado de Deus(Alá) para a humanidade.

A religião segue cinco princí-pios: o primeiro é de que Deusfoi o criador único do céu e daterra e que o profeta Mohamedfoi mensageiro de Alá; o segun-do são as orações feitas cincovezes ao dias em horários de-terminados, que, em Brasília,

devem ocorrer às 5h30, 13h,16h30, 19h30 e 21h. Às sextas-feiras, a oração é válida somen-te na mesquita, a partir das 13h,e o seguidor deve estar voltadopara Caaba, cidade sagrada quefica em Meca. O terceiro pilar éo mês de jejum no calendárioislâmico, o Ramadã. Nele, osmuçulmanos jejuam de 5h damanhã (horário local) até o pôrdo sol; o quarto é o Zakat, quesignifica a caridade do povo is-lâmico. Uma vez por ano, elesrealizam um levantamento darenda e retiram 2,5% dela paradoação aos muçulmanos ne-

cessitados. O último princípio éa peregrinação anual, umaobrigação para todos os muçul-manos, pelo menos uma vez navida, caso sejam capazes de fa-zê-la.

Segundo o líder religioso,aquele que tiver interesse emseguir a religião deve procurarsaber sobre o islamismo, parti-cipar da oração até crer e fazerdeclaração de fé. A partir dessemomento, a pessoa se tornamuçulmana. A mesquita doCentro Islâmico está aberta du-rante todos os dias para recebervisitas.

Islâmicos longe do preconceito

Em relação ao catolicismo, oislamismo já superou a quanti-dade de seguidores há váriosanos. A estimativa é de que umquarto da população do planetaseja muçulmano. No Brasil, as-sim como em outros países doocidente, a entrada da religiãoestá associada aos fluxo migrató-rios, motivados por guerras e no-vas oportunidades. Nos casa-mentos, na maioria das vezes, asmulheres, seguidoras de outra re-ligião, tendem a se converter aoislamismo. Chama a atenção aadesão de jovens aos princípiosda fé muçulmana. Atribuiu-seessa opção à possibilidade deleadquirir nova identidade e escre-ver uma outra biografia a partirmudança de prática religiosa.

Para saber mais

Islã soma 25%da população

Quinto pilar

Na peregrinação anual, o Hajj,os homens usam amplas túnicas

brancas e asmulheres vãocobertas da cabeça aos pés, àexceção do rosto e dasmãos.

O ponto alto da caminhada é agrandemesquita de Meca. Ela,um dos pilares do islamismo, étida como amaior peregrinação

mundial no universodas religiões

O livro

O Alcorão é dividido em 114capítulos subdivididos emversículos. O preceito “Alá é oúnico Deus e Maomé é seuprofeta” é um dos cinco pilaresdo Islã, ao lado da oração, dadoação, do jejum e daperegrinação aMeca. Comotodas as grandes religiões domundo, pregaa paz e o amor ao próximo.

Brasília, assimcomoo restantedo país, éreceptiva atodas asreligiões"

Ahmed El Tassi,50 anos, médico

Comecei a sentir alógica aosmeusquestionamentoseme interesseibastante pelacrençamonoteísta"

Marcelo Salahuddin,31 anos, advogado, há maisde 8 anos convertido ao islã

Centro Islâmico de Brasília, localizado na 912 Norte

Fotos: Carlos Vieira/CB/D.A Press

Adauto Cruz/CB/D.A Press - 7/2/12

Seguidores do islamismonoDF enas cidades do Entorno se encontram, às sextas-feiras, noCentro Islâmico deBrasília. Rezar cinco vezes por dia, voltados paraMeca, faz parte da rotina