islamismo e a trindade

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    ISLAMISMOE A TRINDADE

    Silas Tostes

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    1. INTRODUO Nosso propsito ao longo deste trabalho demonstrar, primeiro, qual a doutrina

    islmica de Deus. A idia estabelecer que o Islamismo se ope ao entendimento cristo de

    que h um nico triuno Deus. Como resultado, h uma tenso no relacionamento entrecristos e muulmanos por divergirem tambm neste assunto. Em seguida, mostraremos emque base se apoia o Cristianismo para sustentar sua crena em um triuno Deus.

    Nossa abordagem ser objetiva. No temos a inteno de denegrir o Islamismo, masexpor seu entendimento de Deus, e a base sobre a qual o Cristianismo ensina e cr em umnico triuno Deus.

    Nosso assunto muito relevante devido a vrios fatores. H um avano numrico

    islmico, h um ardor missionrio islmico em ao, h um ataque do Islamismo contra asdoutrinas crists, h um avano do movimento missionrio evanglico entre os muulmanos.1

    Tem sido noticiado pela imprensa que o Islamismo possui muitos seguidores. SegundoJaime Klintowitz, jornalista da Revista Veja, o Islamismo tem hoje 1,2 bilhes de adeptos.2 Isto representa um quinto da populao mundial. O mesmo artigo informa que o Islamismogoverna cinqenta pases do mundo.3

    Sabemos que o Islamismo tambm possui ardor missionrio, esforando-se por

    difundir-se em todo o mundo livre. Isto facilmente visto por suas mesquitas construdas einmeros livros escritos e publicados ao redor do mundo. H nas ltimas pginas do livro Islamismo Mandamentos Fundamentais por Mohammad Ahmad Abou Fares, publicado porMS Indstria Grfica e Editora Monte Santo Ltda, vinte e cinco fotos de mesquitasconstrudas no Brasil. Tem sido observado por ns, que onde h uma mesquita, h tambmum esforo de proselitizao, o qual se d atravs de distribuio de livros religiososislmicos, doaes do Alcoro, e s vezes, h tambm distribuio de cestas bsicas para a

    comunidade carente local.O Islamismo tem se esmerado em atacar as doutrinas crists atravs de regulares

    publicaes. Entre os vrios livros cujo propsito descreditar as doutrinas crists, temosconosco alguns publicados em portugus no Brasil com este propsito. Entre eles destaco A Bblia, o Alcoro e a Cincia por Dr. Maurice Bucaille. H outros livros que se opem asdoutrinas crists comoO Islam e o Mundo por Abul Hassam Annaduy e Islam e Cristianismo

    1 Apesar de termos em mente a capacitao de obreiros cristos na evangelizao de muulmanos, ressaltamosque o presente trabalho, tambm ajuda na evangelizao de Testemunhas de Jeov. Uma vez que esta seita crist publica regularmente informaes que tentam descreditar a doutrina da Trindade, Divindade e Filiao de Jesus. 2 Klintowitz, J. Isl a Derrota do Fanatismo.Revista Veja, So Paulo, Editora Abril, 1 de Maro de 2000. p. 46. 3 Ibid. p. 46.

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    por Ulfat Aziz Assamad e Islamismo Mandamentos Fundamentais por Mohamad AhmadAbou Fares. So apenas alguns exemplos do que j h em portugus publicado peloIslamismo para atacar e descreditar o Cristianismo.

    Nosso assunto igualmente relevante no contexto da igreja brasileira. Esta tem seesforado em fazer misses no mundo todo, inclusive em pases islmicos. Torna-se, portanto,necessrio entender qual a posio islmica quanto a doutrina crist de Deus. Desta maneira,o missionrio poder ir ao mundo islmico melhor preparado e equipado, entendendo em que p esto quanto a isto.

    Percebemos ento, que tanto pelo desafio teolgico e populacional, que o Islamismorepresenta ao Cristianismo, que se faz necessrio entender o que muulmanos dizem sobre a

    doutrina de Deus. Desta maneira, teremos condies de apresentar o ensino cristo em nossoesforo de evangelizao de muulmanos, estando bem alicerados para isto.

    O assunto da veracidade das Escrituras importante, porm no faz parte do propsitodeste trabalho. Partimos do pressuposto que a Bblia a Palavra de Deus, e como tal dignade toda aceitao, sendo neste status infalvel em sua revelao de Deus, e em suas doutrinase informaes. Esta ser muito usada para comprovao da verdade crist quanto a doutrinade Deus.

    Como texto bblico inspirado, aceitamos os livros do Velho Testamento reconhecidos pelos judeus com este status. J nos tempos de Jesus estavam divididos em trs grupos: Lei,Profetas e os Escritos, sendo no total 39. Assim como os vinte e sete livros do NovoTestamento listados no Snodo de Hippo A.D. 393. Na ocasio, estavam apenas reconhecendoque estes livros possuam autoridade apostlica, como registrado nos escritos de Atansio deAlexandria, Policarpo, Justino o Mrtir, Irineu e Incio. A deciso deste conclio foi promulgada quatro anos mais tarde pelo 3 Snodo de Cartage.4

    Utilizaremos textos escritos por muulmanos e cristos, que representam de maneiraacurada ambas as posies. Estes textos sero devidamente mencionados ao longo doscaptulos. Representam fontes de respeito que demonstram tanto a posio islmica, como acrist. Os textos islmicos foram publicados pelo Centro de Divulgao do Isl Para AmricaLatina e pelo Movimento da Juventude Islmica Abu Bakr Assidik. Ambas organizaesendossam o valor da informao contida em seus livros, por isso, esta comunica corretamenteo entendimento islmico sobre o assunto.

    Entre as vrias fontes islmicas pesquisadas, ressaltamos a importncia de A. YusufAli, The Holy Quran,Samir El Hayek,O Significado dos Versos do Alcoro Sagrado,Ulfat

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    Aziz Assamad,O Islam e o Cristianismoe a Ahmed Deedat,Christ in Islam. Parece-nosmuito relevante as opinies de Hayek, pois em suas prprias palavras disse que:

    Na maioria dos casos seguimos as exegeses do Conselho Superior dos

    Assuntos Islmicos e do professor Mohammad Mahmud Hijazi, por sesituarem entre as que mais se coadunavam com os requisitosnecessrios. Por fim, quando ainda na permanncia da dvida arespeito do significado de algum termo, recorremos ajudainestimvel de S. E. Dr. Abdalla Abdel Chakur Kamel, Diretor doCentro Islmico do Brasil e Coordenador dos Assuntos Islmicos daAmrica Latina, que muito nos auxiliou neste sentido; a ele vo osnossos agradecimentos.5

    Todos os versos do Alcoro citados, o foram segundo a verso para o portugus feita

    pelo Prof. Samir El Hayek,O Significado dos Versculos do Alcoro Sagrado.6

    Com a inteno de evitarmos problema de comunicao, importante esclarecer emque sentido usaremos a palavra Al ou Alah. Esta usada para Deus na lngua rabe, tanto noAlcoro, como na Bblia. Se fssemos ler em rabe o famoso verso do Evangelho de Joo, Jo.3:16: Deus amou o mundo de tal maneira, leramos Al amou o mundo de tal maneira. Nosso problema no est no uso da palavra Al, mas em entendermos se o Al do Alcoro oAl da Bblia.

    Se faz necessrio uma breve definio do que queremos dizer por Deus, como umaunidade absoluta no Islamismo, e como uma unidade composta no Cristianismo. Sem isto, oentendimento do texto para quem no est familiarizado com a doutrina da Trindade, ficardifcil. Por ora, basta afirmar que segundo autores islmicos, e o Alcoro, Deus no Islamismo uma unidade absoluta, ou seja, h um nico ser divino, em uma nica essncia divina. Poroutro lado, Deus no Cristianismo, uma unidade composta, ou seja, h s um Deus, mas trs pessoas distintas, Pai, Filho e Esprito Santo, em uma nica essncia divina. Neste caso, asPessoas so inseparveis e indivisveis, por isso, que h um nico triuno Deus. NoCristianismo tambm se condena veementemente o politesmo e a idolatria. De forma, algumase concebe a existncia de trs deuses, mas sim um Deus triuno. A doutrina crist serexplanada em ocasio oportuna.

    Seguiremos o seguinte esboo, captulo um, introduo. No segundo captulo, mostraremos como que muulmanos entendem que Al o

    mesmo Deus da Bblia. Contudo, este Deus no triuno, e no tem um filho, isto segundo o

    4 McDowell, J. Evidence That Demands a Verdict . UK, Alpha, 1993. p. 37-38. 5 Hayek, S. El.O Significado dos Versculos do Alcoro Sagrado.Brasil, MarsaM Editora Jornalstica, 1994, p.XVIII. 6 Ibid.

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    Alcoro. Por conseqncia, muulmanos atacam as doutrinas da Trindade, Divindade eFiliao de Jesus.

    A doutrina da Divindade do Esprito Santo recebe oposio como resultado da

    alegao islmica contra a Trindade. Contudo, isto no to enftico quanto as demaisdoutrinas mencionadas. Por isso, no abordaremos este assunto neste captulo.

    No processo de desenvolvermos o captulo dois, perceberemos que h certosentendimentos islmicos quanto as doutrinas crists da Trindade, Divindade e Filiao deJesus, que no possuem razo de ser. As devidas explicaes so dadas automaticamente nodesenvolver do terceiro captulo. Contudo, quando se fizer necessrio, faremos umaobservao aqui ou ali no captulo dois. Todavia, no item: Mal Entendidos Islmicos Quanto

    As Doutrinas Crists,estes sero alistados antes de iniciarmos o prximo captulo. No terceiro captulo, mostraremos em que base o Cristianismo cr que h um nico

    triuno Deus. Em outras palavras, o Cristianismo tambm monotesta, porm Deus tem s erevelado como uma unidade composta, uma unidade trina. Consideraremos a base bblica paraa Divindade do Pai, do Filho e do Esprito Santo, e base bblica para a pluralidade de Pessoasna divindade. Perceber-se- que Deus revelou-se como triuno. Neste contexto, perceberemosque os mal entendidos islmicos quanto as doutrinas crists no captulo anterior, no

    procedem. No quarto captulo, faremos a concluso do que foi apresentado.Passemos ento, a explanao de como o Islamismo cr que Deus .2. A CRENA ISLMICA EM DEUSO Islamismo estabelece sua crena em Deus, em seus moldes, no contexto que o

    Alcoro aceito por eles como Palavra de Deus. Em nosso livro,O Islamismo e a Cruz deCristo, expomos como o Alcoro aceito como Palavra de Deus por muulmanos. No nos

    repetiremos aqui, mas inclumos este importante captulo como apndice no. 1 neste livro.Desta forma, os interessados podem perceber a importncia do Alcoro para os muulmanos,na formao de qualquer crena islmica.

    Nossa inteno neste captulo mostrar primeiro, que muulmanos crem que o Aldo Alcoro o mesmo Deus da Bblia. Veremos ento, qual a crena islmica em Deus,segundo autores muulmanos, e versos do Alcoro devidamente comentados por autoridadesislmicas. Neste processo, ficar claro que o Islamismo nega e ataca as doutrinas bblicas daTrindade, Divindade e Filiao de Jesus.7

    7 De fato o Islamismo nega cada uma das importantes doutrinas crists, como por exemplo, a doutrina daexpiao vicria de Jesus.

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    Issac, Jac e as tribos eram judeus ou cristos? Dize: Acaso, sois maissbios do que Deus o ?

    Vemos que nesta passagem alcornica est escrito:apesar de ser o nosso e o vosso

    Senhor , ou seja, cristos, judeus e muulmanos servem o mesmo Deus, assim Abrao, Jac,no eram judeusou cristos.

    O verso 136 do Sura 2, somente dois versos antes do Sura 2:138-140, contm a mesmaidia quanto a cristos e muulmanos servirem o mesmo Deus:

    Dizei: Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foirevelado a Abrao, a Ismael, a Isaac, a Jac e s tribos; no que foiconcedido a Moiss e a Jesus e no que foi dado aos profetas por seuSenhor; no fazemos distino alguma entre eles (distino entre os

    profetas, como se um fosse mais importante que o outro), e nossubmetemos a Ele. Parntesis acrescentado por mim.

    A expresso do verso 136 do Sura 2:Cremos em Deus,seguida da meno de personagens bblicos como Abrao, Jac, Moiss e Jesus, faz com que muulmanos entendamque adoram o mesmo Deus da Bblia. Neste contexto, pensam que a revelao que obtiveram,teria sido sem dvida nenhuma, segundo os muulmanos, a revelao islmica como dada aMohammad. Em outras palavras, numa perspectiva islmica, segundo o Sura 2:136, esteshomens da Bblia eram muulmanos, criam no Al do Alcoro e pregavam uma mensagemalcornica. Vemos isto no comentrio de Hayek sobre este verso:

    Eis aqui o verdadeiro credo do Islam: acreditar no nico DeusUniversal, na mensagem que nos chegou atravs de Mohammad..., namensagem revelada a outros profetas do passado, (referindo-se aos personagens bblicos mencionados no Sura 2:136 como Abrao,Isaque, Jac, Jesus e Moiss, que teriam recebido a mesma mensagemque Mohammad).9 Parntesis adicionado por mim.

    Muulmanos portanto, ensinam que eles e os cristos servem o mesmo Deus. Contudo,

    porque h inmeras diferenas doutrinrias entre a Bblia e o Alcoro, incluindo a crena emDeus, ensinam que os textos bblicos teriam sido alterados. Hayek prossegue expressando estaidia de que cada profeta possua um livro, mas que as Escrituras bblicas, como aconhecemos foi alterada:

    Abrao, Ismael, Isaac, Jac e as tribos (destes, Abrao tinhaaparentemente um livro versculo 19 da 87 Surata - e outrosseguiam sua tradio); Moiss e Jesus, deixando cada um deles umaescritura (tais Escrituras existem at hoje, no obstante no seapresentarem na sua prstina forma.... No fazemos distino entre

    9 Hayek, S. El.O Significado dos Versculos do Alcoro Sagrado.Brasil, MarsaM Editora Jornalstica, 1994, p.21.

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    qualquer um desses (profetas). Sua mensagem (no essencial) foi umas (ou seja, Abrao, Ismael, Isaac, Jac, Moiss e Jesus, pregaramuma nica mensagem, que era a islmica), e isso constitui a base doIslam.10 O ltimo parntesis foi adicionado por mim.

    Hayek portanto, nos ensina numa perspectiva islmica, que todos os profetas,incluindo personagens bblicos, eram muulmanos e anunciavam o mesmo Deus do Alcoro, por isso, crem que o Deus deste livro, o mesmo que o da Bblia. Se um triuno e o outrono, porque as Escrituras crists foram alteradas, ou seja, no se encontram na sua prstina forma.

    O Sura 4:150-152, tambm expressa esta mesma idia, ou seja, os profetas anterioresat Mohammad (entre eles vrios personagens bblicos como Abrao, Moiss e Jesus), pregaram a mesma mensagem alcornica que ele, por isso, segundo os muulmanos, desdeesses tempos que os homens de Deus serviam o mesmo Deus do Alcoro. Veja a seguir oSura 4:150-152 e os subseqentes comentrios de Mohamad Ahmad Abou Fares:

    Aqueles que no crem em Deus e em seus mensageiros, pretendendocortar os vnculos entre Deus e seus mensageiros, e dizem: Cremos emalguns e negamos outros, intentando com isto achar uma sada. Estesso os verdadeiros incrdulos; porm, preparamos para eles umcastigo ignominioso. Quanto queles que crem em Deus e em seusmensageiros, e no fazem distino entre nenhum deles, Deus lhesconceder as suas devidas recompensas, porque Deus Indulgente,Misericordiosssimo.

    Mohamad Ahmad Abou Fares interpreta estes versos expressando este conceito:O fato importantssimo que o Islamismo no permite que osmuulmanos deixem de crer em alguns Profetas quando crem emoutros. A f do muulmano que Deus aceita tem que ser total semdiscriminao em todos os Apstolos11 e em todas as religiesanteriores, conforme versculos 150, 151, 152 da Surata 4 do Alcoro.(Isto s possvel por assumirem que os personagens bblicos erammuulmanos).12 Parntesis acrescentado por mim.

    Prossegue ento, referindo-se ao Isl segundo uma perspectiva islmica, que este omesmo desde o incio: Estes versculos e muitos outros contidos no Alcoro nos ensinam agrande religio: a religio de Deus uma s... desde de o incio da criao at hoje... e at ofim!.13

    10 Ibid. p. 21. 11 No sentido islmico, apstolo significa um profeta de Al que recebeu um livro, como Mohammad recebeu oAlcoro. Contudo, a maior parte destes livros se extraviaram ou se corromperam, por isso, Mohammad veio como Alcoro, que a revelao final e imutvel. 12 Fares, M. A. Islamismo Mandamentos Fundamentais.Brasil, Editora Grfica e Editora Monte Santo, p. 151. 13 Ibid. p. 152.

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    A idia que Fares procura provar, que cristos e muulmanos servem o mesmo Deus.Contudo, se no momento os cristos no o fazem, por que suas Escrituras foram alteradas,veja a seguir. Assim mostramos mais uma vez a opinio islmica de que a Bblia est

    corrompida, como j expressa por Hayek, agora por Fares:A Alcoro veio corrigir e aperfeioar as crenas religiosas que devidoa distoro que sofreram por culpa de homens que as interpretarammal e erroneamente, e outros homens tendenciosos, casusticos ecriminosos que falsificaram e adulteraram textos bblicos, causando odesvirtuamento e o afastamento dos homens da verdadeira senda (oIsl). O Alcoro ento, veio para restituir a verdadeira lei de Deus naterra. O Islamismo nos ensina que todas as religies so verdadeiras,desde que estejam conforme as Escrituras originais.14

    Fares estava na ocasio expressando uma idia comum aos muulmanos, ou seja, os personagens bblicos eram muulmanos e serviam o mesmo Deus do Alcoro. Neste contexto,citou o Sura 2:136 e 285 para embasar sua opinio.15 Segundo Fares, se no est claro nasEscrituras crists, que o Al do Alcoro o mesmo Deus da Bblia, ou que os personagens bblicos eram muulmanos, porque os textos foram alterados por pessoas mal intencionadasou criminosas. Todavia, Fares no ofereceu as provas para que creiamos em sua opinio. Poroutro lado, a abundncia dos testemunhos de inmeros manuscritos bblicos, nos assegura que

    a mensagem bblica foi ao longo dos sculos preservada:H agora mais de 5.300 manuscritos do Novo Testamento em grego.Aos quais acrescentamos 10.000 cpias da Vulgata Latina e pelomenos mais 9300 outros manuscritos em outras verses, assim temosmais de 24.000 cpias de pores do Novo Testamento em existnciahoje.16

    Ahmed Deedat tambm tenta provar que o Alcoro est certo, quanto ao seu Al ser omesmo Deus da Bblia. Faz isto citando uma nota de rodap da BbliaThe New Scofield

    Reference Bible. Seu alvo mostrar que o Al do Alcoro mencionado na Bblia, portanto,esta se refere ao mesmo Deus do Alcoro: Por favor, note que em seu comentrio no. 1, pg.28, Eloim (as vezes El ou Elah, significando Deus) e alternativamente soletrado comoAlah.17 Deedat ento, publicou a primeira pgina daThe New Scofield Reference Bible, ondeencontra-se a nota de rodap no. 1:

    Eloim (as vezes El ou Elah), na forma inglesa Deus (God), o primeirodos trs nomes primrios da divindade, um substantivo uni-pluralformado por El =forte, e Alah = jurar, se obrigar por voto, implicando

    14 Ibid. p. 150-152. 15 Ibid. p. 151. 16 McDowell, J.Evidencies That Demands a Verdict.UK, Alpha, 1993, pg. 39. 17 Deedat, A.What Is His Name.RSA, Islamic Propagation Centre International, 1997, p. 27.

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    em fidelidade. Esta uni-pluralidade implcita no nome diretamenteafirmada em Gn. 1:26 (pluralidade), e no verso 27 (unidade); vejatambm Gn. 3:22. Assim a Trindade latente em Eloim.18

    Deedat utiliza-se desta nota de rodap como um argumento para sustentar, o que seencontra no Sura 2:136, 138-140; 4:150-152 e 29:46, ou seja, cristos e muulmanos adoramo mesmo Deus. Faz isto devido a ter sido mencionado a Palavra Alah na nota.

    A nota da BbliaThe New Scofield Reference Bible,faz bem ao mencionar a palavraAlah, pois Elohim o plural de Eloah, que vem do verbo al em hebraico, que significa seradorado, ser excelente, temido e reverenciado.19 Se Eloim, plural de Eloah, que vem do verboal, uma evidncia de que cristos e muulmanos servem o mesmo Deus, segundo Deedat.

    O Deus alcornico ento, deveria ser uma unidade composta, como indica a palavra Eloim, plural de Eloah, e como explicou Scofield em sua nota de rodap, como j vimos, citada porDeedat. Contudo, ele ignorou o fato que a nota claramente ensina que o Deus verdadeiro, uma unidade composta, o que bem anti-islmico. Quanto a evidncia da Trindade, ou pelomenos uma indicao de que Deus uma unidade composta, no uso da palavra Eloim nasEscrituras, consideraremos no prximo captulo.

    Vimos que pelo que se encontra no Sura 2:136, 138-140; 4:150-152 e 29:46, assimcomo pelos comentrios de Fares, Hayek e Deedat, que o Alcoro define que seu Al, omesmo Deus dos cristos. Se isto no est claro na Bblia, pois nesta Deus triuno, presume-se que esta foi corrompida, veja anexo dois quanto a isto.

    Veremos no prximo qual o entendimento islmico de Deus, e como neste contexto,muulmanos negam as doutrinas crists da Trindade, Filiao e a Divindade de Jesus.

    2.2 O entendimento islmico de DeusFaz sentido antes de considerarmos o entendimento islmico de Deus, primeiro,

    definir shirk. Isto necessrio, pois em seguida veremos como que os rabes pr-islmicoseram idlatras e cometiam shirk. Foi neste contexto que Mohammad pregou o monotesmo.Em terceiro lugar, mostraremos que no monotesmo de Mohammad, Deus no triuno. Comoresultado o Islamismo nega importantes doutrinas crists, como da Trindade, Divindade eFiliao de Jesus.

    2.2.1 Como shirk definidoShirk atribuir associado ou parceiro a Al, ou seja, considerar algo ou algum que

    no tem natureza divina como Deus, adorando o como tal. Este o nico pecado no

    18 Ibid. p. 28. 19 Silva, E. S.Testemunhas e Jeov.Brasil, Editora Candeia 1993, p. 103.

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    Islamismo que no tem perdo, denominado shirk: o homem se tornou culpado de shirk,adorador de dolos.20 Em outras palavras, adorao a dolos (politesmo) shirk, pois omesmo que associar ou atribuir um parceiro a Al, considerando-o Deus, quando este no o .

    John Gilchrist define shirk assim: O Alcoro declara que h somente um pecado que no tem perdo, a saber, o associar ou atribuir parceiros a Al. Shirk ento, associando, o pecadoimperdovel no Isl.21

    No Alcoro est claro que shirk imperdovel, veja os Suras 4:48, 116 e 5:72: Deus jamais perdoar a quem lhe atribuir parceiros (associados); porm, fora disso, perdoa a quem lhe apraz. Quem atribuir parceiros aDeus comete um pecado ignominioso, (Sura 4:48). Itlicoacrescentado por mim.

    Deus jamais perdoar quem lhe atribuir parceiros (associados),conquanto perdoe os outros pecados, a quem lhe apraz. Quem atribuir parceiros a Deus desviar-se- profundamente, (Sura 4:116). Itlicoacrescentado por mim.

    So blasfemos aqueles que dizem: Deus o Messias, filho de Maria,ainda quando o mesmo Messias disse: israelitas, adorai a Deus, que meu Senhor e vosso. A quem atribuir parceiros a Deus, ser-lhe-vedada a entrada no Paraso e sua morada ser o fogo infernal! Osinquos jamais tero socorredores, (Sura 5:72). Itlico acrescentado

    por mim.Est claro por estas trs passagens, Sura 4:48, 116 e 5:72, que cometer shirk associar

    algum; ou algo, no caso de um objeto utilizado como um dolo; como parceiro junto a Al,considerando este ser como Deus. Contudo, isto cometer o nico pecado que no tem perdo. Al perdoa os demais a quem lhe apraz, mais o pecado de associar algum a Ele notem perdo, pois o nico Deus Al: israelitas, adorai a Deus, que meu Senhor e vosso,(mas quem lhe atribui parceiros vai para o inferno). A quem atribuir parceiros a Deus, ser-

    lhe- vedada a entrada no Paraso e sua morada ser o fogo infernal, pois Deus jamais perdoar quem lhe atribuir parceiros(Sura 5:72).

    John Gilchrist entende que a maior barreira entre cristos e muulmanos, o fato que para o Islamismo, os cristos cometem shirk ao adorarem Jesus. Pois no entendimentoislmico, Jesus apenas um profeta e no Deus encarnado (Como veremos no item 2.3.2).Sendo assim, numa perspectiva islmica, os cristos estariam cometendo shirk ao adoraremJesus. Caso Ele fosse somente um homem, isto seria associar algum, uma criatura de Al, a

    20 Maududi, A. A.Para Compreender o Islamismo.Brasil, Centro de Divulgao do Isl Para Amrica Latina,1989, p. 96. 21 Gilchrist, J.The Christian Witness To The Muslim. RSA, Roodepoort Mission Press, 1988, p. 326.

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    Al, adorando-o como Deus, quando Ele no seria. Gilchrist citou o Sura 10:66 e 68 para provar seu ponto: No certo que de Deus aquilo que est nos cus e na terra? Que pretendem, pois, aqueles que adoram os dolos (associados no original) em vez de Deus? No

    seguem mais do que a dvida e no fazem mais do que inventar mentiras!, (Sura 10:66).Segundo a verso deste verso por A. Yusuf Ali, fica claro que a expressoos dolos,

    no Sura 10:66, pode ser traduzida como parceiros (partners), (What do they follow whoworship as His partners Other than God).22 Gilchrist explica que a raiz da palavra parceiro, a mesma da palavra shirk, a saber yushraku.23 Segundo Gilchrist, os cristos cometem shirknuma perspectiva islmica, pois no verso 68 do Sura 10, dois versos depois do 66, foicondenado o fato que cristos dizem que Jesus o Filho de Deus. Vemos isto atravs da

    expresso: Dizem: Deus teve um Filho!, neste verso.24 Est claro para Gilchrist que nas passagens, Sura 10:66 e 68, os cristos so condenados como culpados de shirk, pois Jesuscomo Filho nico e singular de Deus, Deus, o que o Islamismo no aceita e considera shirk.Pensam que os cristos associaram ou atriburam Jesus a Al, quando Ele era um meromensageiro de Al, isto segundo o Islamismo. Na verdade, Jesus eterno e nunca foiassociado a Al. Deus triuno de eternidade a eternidade.

    Parece-nos que a idia dos cristos cometerem shirk ao aceitarem Jesus como Deus,

    fica mais evidente por meio da expresso:So blasfemos aqueles que dizem: Deus o Messias, filho de Maria, no Sura 5:72. Esta expresso seguida da informao: israelitas,adorai a Deus, que meu Senhor e vosso. A quem atribuir parceiros a Deus, ser-lhe- vedadaa entrada no Paraso e sua morada ser o fogo infernal! Em outras palavras, crer que Jesus Deus, segundo o Sura 5:72, blasfmia e atribuir parceiros a Al, ou seja, cometer shirk eser digno do inferno (fogo infernal), pois shirk no tem perdo, como j vimos nos Suras 4:48e 4:116.

    Quanto a Divindade de Jesus, e porque os cristos no cometem shirk ao crerem emJesus, leia o prximo captulo. L veremos que Jesus no foi associado ou atribudo como parceiro de Al. Deus triuno desde de a eternidade, e assim se revelou ao homem.

    2.2.2 Os rabes pr-islmicos eram idlatrasOs rabes pr-islmicos criam que Al tinha filhos e filhas. Estes eram os deuses e

    deusas, ou os gnios e gnias, que descendiam de Al. Como seus descendentes, numa perspectiva pr-islmica, possuam natureza divina, por isso, eram adorados como divindades

    22 Ali, A. Y.The Holy Quran.RSA, Islamic Propagation Centre International, 1946, p. 501. 23 Gilchrist, J.The Christian Witness To The Muslim. RSA, Roodepoort Mission Press, 1988, p. 326-327. 24 Ibid. p. 327.

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    por eles. Contudo, numa perspectiva islmica, isto era o mesmo que associar ou atribuir parceiros a Al, ou seja, considerar algum ou algo que no tem natureza divina, como se otivesse, adorando-o como Deus, o que idolatria, ou politesmo. Temos suficiente informao

    no Alcoro, sobre os rabes pr-islmicos nestes termos, ou seja, eram idlatras e cometiamshirk. Veja os Suras 53:19-23; 6:100-102; 29:65 e 30:33-34. Sero considerados nesta ordem.So suficientes para os nossos propsitos.

    No Sura 53:19-23, temos a meno de trs deusas adoradas no perodo pr-islmico:Al- Lt, Al-Uzza e Manata. Pensavam que estas eram filhas de Al.

    Considerai Al-Lt e Al-Uzza. E a outra, a terceira deusa, Manata.Porventura, pertence-vos o sexo masculino e a Ele o feminino? Tal,ento, seria uma partilha injusta. Tais (divindades) no so mais doque nomes, com que as denominastes, vs e vossos antepassados.... No seguem seno as suas prprias conjecturas e as luxurias das suasalmas, no obstante ter-lhes chegado a orientao do seu Senhor!(Mohammad teria, ento, trazido aorientao do seu Senhorcontra oentendimento errado da idolatria). Parntesis acrescentado por mim.

    O ensino alcornico mostra que este tipo de mentalidade, a qual via Al como algumque tivesse filhos, filhas ou mesmo um nico Filho, como algo muito errado. O entendimentoislmico presume que Deus no tem nenhum Filho, por que Al no faz sexo, ou seja,

    pertence-vos o sexo masculino e a Ele o feminino? Ressaltamos que como cristosveementemente repudiamos qualquer idia errnea sobre os filhos e filhas de Al, pois nscristos tambm no cremos que Deus tenha descendentes. No momento oportuno,evidenciaremos mais no item 2.3.2, a idia islmica de que Jesus no o Filho de Deus, poisDeus no faz sexo. Ali veremos vrios versos no Alcoro e comentrios de Hayek sobre oassunto. Contudo isto bem errada luz do entendimento cristo, veremos isto no captulo 3.

    A. Yusuf Ali ao comentar o Sura 53:21:Porventura, pertence-vos o sexo masculino e

    a Ele o feminino, diz: Mostrar Deus em formas humanas, ou imaginar que tenha filhos efilhas, como se Deus fosse carne, era de qualquer maneira uma derrogao da suprema glriade Deus, que est acima de todas as criaturas.25 Hayek, por sua vez, ao comentar o Sura53:21 sugere que se refira ao Sura 52:39, onde se percebe que foi condenado a idia de Al terfilhos e filhas:Ou pertencem a ele as filhas e a vs os filhos? Pede ento, que se comparecom o Sura 16:57-59.26 O verso 57 em especial diz:E atribuem filhas a Deus. Tanto Ali comoHayek, condenam a idia que Al tivesse filhos e filhas, se opondo a idia pr-islmica,

    25 Ali, A. Y.The Holy Quran.RSA, Islamic Propagation Centre International, 1946, p. 1445. 26 Hayek, S. El.O Significado dos Versculos do Alcoro Sagrado.Brasil, MarsaM editora Jornalstica, 1994, p.619.

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    quando se cria que Deus tivesse descendentes.Entre os filhos de Al, havia os gnios, pois criam que estes seres (gnios e gnias- so

    espritos, que no entendimento popular possuem forma semelhante dos seres que aparecem no

    conto Mil e Uma Noites27) tambm eram filhos e filhas de Al. Como tais eram parceiros dedele, o que shirk na perspectiva islmica, e errado de qualquer maneira, pois h somente umDeus verdadeiro. Veja o Sura 6:100-102:

    Mesmo assim atribuem como parceiros a Deus, os gnios, emborafosse Ele quem os criasse; e, nesciamente, inventarem-lhe filhos efilhas.... Originador dos cus e da terra! Como poderia ter prole,quando nunca teve uma esposa, e foi Ele que criou tudo o que existe, e Onisciente? Tal o vosso Deus, vosso Senhor! No h maisdivindade alm dele, Criador de tudo! Adorai-o, pois, porque oguardio de todas as coisas.

    Na prtica, segundo o Sura 6:100-102, estes seres (gnios), seriam deuses parceiros deAl, atribuem como parceiros a Deus, os gnios, por serem seus descendentes, isto segundoum entendimento pr-islmico. Os rabes pr-islmicos por isso, foram condenados porMohammad como idlatras: No h mais divindade alm dele(Al, Sura 6:102).

    Os rabes todavia, tinham um certo conhecimento de Al, o invocavam na hora danecessidade, mas em seguida, voltavam-se para os dolos, ou seja, para as divindades

    erroneamente associadas a Al, Sura 29:65: Quando embarcam nos navios, invocam Deussinceramente; porm quando, a salvo, chegam terra, eis que lhe atribuem parceiros. Estamesma idia aparece no Sura 30:33-34: Quando a adversidade aoita os humanos, suplicamcontritos ao seu Senhor; mas, quando os agracia com a sua misericrdia, eis que alguns delesatribuem parceiros ao seu Senhor, para desagradarem o que lhes concedemos. Vemos peloSura 29:65 e 30:33-34, que haviam um certo conhecimento de Al, mas logo os rabes pr-islmicos voltavam para a idolatria.28 Talvez, este Al fosse o Deus triuno e verdadeiro,

    porm discusses acadmicas quanto a isto no finalizaram a questo ainda.Ao citarmos os Sura 53:23; 6:102 e 30:34, vemos que Mohammad estaria no processo

    de reverter este quadro, ou seja, tir-los da idolatria e fazer dos rabes pr-islmicosmonotestas. H trs expresses nestas passagens que sugerem isto, por exemplo, no Sura53:23: No obstante ter-lhes chegado a orientao do seu Senhor!; no Sura 6:102:Tal o

    27 Ibid. p. 163, nota 477. 28 O assunto sobre se Al era o mesmo Deus da Bblia, antes dos dias de Mohammad, ou o mesmo em seus dias,sendo depois definido por ele como um Deus no triuno, interessante, mas no faz parte de nosso assunto.Talvez, houvesse um conhecimento do Deus verdadeiro, caso os rabes pr-islmicos o tivessem invocando,mesmo que com sincretismo, como mostra os Suras 29:65 e 30:33-34. Contudo, para nossos propsitos, bastaentendermos o conceito islmico de Deus, o qual est em contraposio com a revelao bblica.

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    vosso Deus, vosso Senhor! No h mais divindade alm dele, Criador de tudo! Adorai-o, pois, porque o guardio de todas as coisas, e no Sura 30:34: para desagradarem o que lhesconcedemos. Vemos ento, que Mohammad segundo estas frases nos versos, teria vindo para

    dar-lhes a instruo correta, ou seja, no deveriam ser idlatras, mas sim servir o verdadeiroDeus, Al.

    Como o entendimento pr-islmico pensava em Deus como algum que tinha filhos efilhas, ento, conforme Mohammad anunciava o monotesmo, pensavam que ele tivessesugerindo que todos os deuses formassem um s, como se fosse possvel som-los em um,Sura 38:5: Pretende, acaso, fazer de todos os deuses um s Deus? Em verdade, isto algoassombroso. Contudo, Mohammad anunciava-lhes que havia somente um Deus. Neste

    sentido, o Islamismo semelhante ao Cristianismo, pois prega a existncia de um nico Deuse condena a idolatria. Torna-se evidente porm, que Mohammad ensinou que Deus no triuno e por isso, h tenso entre o Islamismo e o Cristianismo, tambm neste pontodoutrinrio.

    Vimos ento, que os rabes pr-islmicos eram idlatras e cometiam shirk, associavamseus dolos a Al, pensando que eram filhos e filhas dele. Neste contexto, Mohammad pregouo monotesmo, combatendo a idolatria como vimos no Suras 53:23; 6:102 e 30:34. Todavia,

    seu Al no triuno. o que veremos a seguir.Vimos tambm infelizmente, a idia de que cristos cometem shirk ao adorarem Jesus,

    isto estaria claro nos Suras 10:66 e 68, segundo John Gilchrist. Pensamos porm, que o Sura5:72, no nos deixa sombra de dvida quanto a isto. Contudo, ns cristos nunca associamosJesus a Al. Ele eternamente Deus.

    Passemos agora, a definir qual a crena islmica em Deus, segundo autores islmicose versos do Alcoro.

    2.2.3 Deus segundo uma perspectiva islmicaVeremos neste item primeiro, que no Islamismo Deus uma unidade absoluta, isto

    segundo autores islmicos e o Alcoro.2.2.3.1 Deus segundo autores islmicosPercebemos pelo que tem sido publicado em vrios livros escritos por autores

    muulmanos, que o Islamismo ensina que Deus um ser absoluto e nico, ou seja, umaunidade absoluta. Primeiro, veremos como Al definido como um nico Deus, e a seguir,como Ele no uma unidade composta. Alimam Abul Ala Maududi diz que:

    O ensino fundamental e mais importante do Profeta Mohammad af na unidade de Deus. Isto expresso na primeira Kalima do

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    Islamismo, isto profisso de f, como La Llha il Allah: no houtra divindade seno Deus (Al do Alcoro). Parntesisacrescentado por mim.29

    Maududi prossegue explicando o que Ilha e Allah significam:Ilah significa aquele que adorado.... A palavra Ilah tambmsignifica segredo e mistrio, isto , um ser invisvel e imperceptvel....A palavra rabe Allah, por outro lado, essencialmente o nome pessoal de Deus; La Ilha ilallah, significaria, traduzindo letra, noh outra divindade seno o Grande Ser Deus. Isto quer dizer queno existe em todo o universo nenhum ser merecedor de ser adoradoseno Deus. 30

    Maududi diz, portanto, que o mais fundamental e importante ensino de Mohammad a

    f na unidade de Deus. Nas palavras de Dr. Mohammad Hamidullah: Neste campo (doutrinade Deus), o Isl tem a sua particularidade. Ele acredita na absoluta Unicidade de Deus.31

    Outro autor muulmano, Ali Attantawy, define e explica o entendimento islmico deDeus assim: Foi criado tudo no universo do nada por um s Deus, que nico, que ressuscitae faz morrer. Ele quem criou tudo e se quiser pode aniquil-lo (o universo) e faz-lodesaparecer, pois..., este o Deus que no tem principio e nem fim, eterno, Todo poderoso.32

    Como j dissemos, a doutrina islmica de Deus em princpio, muito parecida com a

    crist, pois ambas religies pregam que h um s Deus, e combatem a idolatria. Ambasressaltam praticamente os mesmos atributos divinos. A partir de agora, porm, comear aficar claro que para os autores islmicos, Al no triuno, mesmo que numa definioislmica possua os mesmos atributos do Deus da Bblia.

    Hammudah Abdalati disse o seguinte sobre Al:Para sintetizarmos, o crente (a palavra crente usada nas verses doAlcoro e na literatura islmica, referindo-se a um muulmano) deversaber e crer nos seguintes artigos:

    1.

    Deus s Um; Deus, o absoluto, Ser que no gerou nem foigerado. E nada h que se lhe assemelhe (Alcoro cp. 112).2. Ele clemente, misericordioso, o protetor, o verdadeiro guia, oSenhor justo, supremo, criador, vigilante, o primeiro e o ltimo,conhecedor, sbio, atento, consciente..., capaz, poderoso (Alcoro57:1-6; 59:22-24).3. Ele ama e d, generoso e benevolente, rico, independente,redentor, clemente, paciente e apreciador; Ele o nico e o Protetor, o

    29 Maududi, A. A.Para Compreender o Islamismo.Brasil, Centro de Divulgao do Isl Para Amrica Latina,1989, p. 89. 30 Ibid. p. 91. 31 Hamidullah, M. Introduo ao Isl.Brasil, SP, Editora Alvorada, p. 70. 32 Attantawy, A. Apresentao Geral da Religio do Isl.Brasil, Centro de Divulgao do Isl Para AmricaLatina, p. 43.

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    Juiz e a Paz (Alcoro Sura 3:31; 11:6; 35:15; 65:2-3).33 O primeiro parntesis nesta nota foi acrescentado por mim.

    Percebemos nesta explicao de Abdalati, que ao mesmo tempo que o Islamismo

    prega que h somente um Deus, possuidor de atributos a semelhana do Deus bblico, nega aidia de Jesus ser Filho de Deus. Isto fica claro pela expresso:Ser que no gerou e no foigerado. Aqui j temos uma indicao, de que apesar que h semelhana entre o Deus doAlcoro, e o da Bblia, no podem ser o mesmo Deus, pois um triuno, possui um Filho, e ooutro no.

    Nos escritos destes autores j citados, um a um expressa o entendimento islmico,como de se esperar, que diz que Deus no triuno, por exemplo, Attantawy diz: Este o

    Deus nico. No tem associado a quem se pode adorar junto com Ele, nem mediador que se possa interceder junto a Ele.34 No isto uma indicao de que a Divindade de Jesus no aceita? Apesar de que como cristos, no pensamos em Jesus como algum que foi associadoa Al, como se no fosse Deus e tivesse sido associado a Ele, mas como eterno Deus, uma dasPessoas da divindade. Contudo, certamente que para ns cristos Ele o nico mediador eintercessor junto a Deus (Jo. 14:6; At. 4: 12; Rm. 8:34; Hb. 4:14-16, 7:25 e 1Jo. 2:1-2).

    Por sua vez, tendo Maududi definido o entendimento islmico de Deus, como vimos

    acima, mais especfico neste assunto ao explicar o conceito Tawheed, ou seja, Deus comouma unidade absoluta. Segundo Maududi, Deus se revelou assim desde de Ado a Jesus:Tawheed a mais alta concepo de divindade, segundo a qual Deus foi enviado humanidade em todas pocas atravs dos seus Profetas. Era este conhecimento com o qual noincio, Ado foi enviado terra; o mesmo conhecimento que foi revelado a No, Abrao,Moiss e Jesus.35

    Prossegue dizendo que foi isto que Mohammad trouxe a humanidade, mas

    infelizmente o homem se tornou idlatra: Foi este conhecimento que Mohammad trouxe humanidade. o conhecimento, puro e absoluto, sem a mais pequena sombra de ignorncia.O homem tornou-se culpado de shirk, adorador de dolos e kufr(apstata).36 Parntesisacrescentado por mim.

    Certamente que o conceito islmico que condena a idolatria e ensina a existncia deum nico Deus, compartilhado por ns cristos, pois s h um Deus verdadeiro. Contudo, o

    33 Abadaliti, H.O Islo em Foco.Brasil, International Islamic Federation of Student Organizations, 1981, p. 22. 34 Attantawy, A. Apresentao Geral da Religio do Isl.Brasil, Centro de Divulgao do Isl Para AmricaLatina, 1991, p. 44. 35 Maududi, A. A.Para Compreender o Islamismo.Brasil, Centro de Divulgao do Isl Para Amrica Latina,1989, p. 96.

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    entendimento islmico como nos mostra Maududi a seguir, exclu a idia de que Deus possaser triuno:

    Aquele que infinito e eterno; Aquele que todo-poderoso,

    onipotente e onisciente; Aquele que tudo sabe e tudo v. Ele tem queter autoridade mxima sobre tudo que existe no Universo. Ele deve possuir poderes ilimitados, tem de ser o Senhor do Universo e de tudoo que Ele tem.... S um ser assim pode ser o Criador, o Controlador eo Senhor.... essencial que todos estes atributos divinos e poderesestejam includos num s ser virtualmente impossvel que duas outrs personalidades tendo todos poderes e atributos iguais, coexistam.Eles colidiriam.37

    O conceito de Tawheed exclui portanto, segundo Maududi, qualquer possibilidade de

    pluralidade na divindade: virtualmente impossvel que duas ou trs personalidades tendotodos poderes e atributos iguais, coexistam. Eles colidiriam.Em seguida ratificou: Este osignificado de La Ilha, isto , no h outra divindade, nenhum ser humano ou objetomaterial que possua o poder e a autoridade divinas que meream adorao e obedincia, senoDeus.38 Vemos nesta sua declarao, a idia de que no possvel, numa perspectivaislmica, uma das pessoas da divindade ter se encarnado. Isto est claro por meio daexpresso:no h outra divindade, nenhum ser humano..., que possua o poder e a autoridadedivinas.

    Uma vez que Deus no triuno no Islamismo ento, autores islmicos como UlfatAziz Assamad, desenvolve toda uma argumentao contra a doutrina da Trindade. Nestemomento somente expomos seu pensamento. Contudo, no prximo captulo abordaremos adoutrina crist de Deus. Na ocasio responderemos automaticamente as alegaes islmicas,inclusive as de Assamad.

    Ao longo de suas observaes, Assamad explica como Deus no Cristianismo, comoos cristos estariam errados, e como Deus no Islamismo. As vezes suas afirmaes someros mal entendidos. Estes sero no final deste captulo listados, e respondidos ao longo eno final do prximo captulo.

    Assamad disse:O Cristianismo, como compreendido e professado pelos cristostanto das correntes catlico-romana como das protestantes, abrange osTrs Credos, como seja, o dos Apstolos, o Nicno e dos Atanasianos.As doutrinas cardiais do Cristianismo so (1) a Trindade, (2) aDivindade de Jesus Cristo, (3) a condio de Filho de Deus de Jesus

    36 Ibid. p. 96. 37 Ibid. p. 97-98. 38 Ibid. p. 99.

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    Cristo...39

    Neste contexto, deixou claro que o Islamismo no aceita a Trindade, e nem aDivindade e Filiao de Jesus:

    Na religio do Islam no tem lugar para nenhum desses dogmas. Elacr na Unicidade de Deus em contraposio ao Deus triuno doCristianismo. Ela considera a deificao crist de Jesus como umareverso ao paganismo. De acordo com o Sagrado Alcoro, Jesus noera uma encarnao de Deus e sim um profeta... ele era integralmentehumano. O Isl tambm rejeita a condio de Filho Divino de Jesus.Ele pode ser chamado filho de Deus no mesmo sentido que todos osseres humanos probos podem ser chamados filhos de Deus.40

    Assamad ento, claramente definiu Al como uma unidade absoluta, ou seja, uma s pessoa, em uma s essncia, assim Deus no seria triuno, segundo ele:

    O Isl ensina a pura e simples Unicidade de Deus. Ele apresenta umaconcepo de Deus que est liberta de fantasias antropomrficas oumitolgicas. Ele afirma a unicidade de Deus e diz que Ele no tem parceiros na sua Deidade. Ele s uma pessoa e s uma essncia osdois sendo inseparveis e indistintos.41

    Em sua argumentao contra a doutrina da Trindade, diz que: A doutrina da Trindadedivide a deidade em trs Pessoas Divinas, separadas e distintas Deus o Pai, Deus o Filho e

    Deus o Esprito Santo.42 Claro que no verdade que cristos separam as Pessoas daTrindade. Veremos isto no prximo captulo. Prossegue citando o credo de Atansio:

    H uma pessoa que o Pai, outra que o Filho, e outra que oEsprito Santo. Mas a Deidade do Pai, do Filho e do Esprito Santo uma s; a Glria igual, a Majestade co-eterna... O Pai Deus, oFilho Deus e o Esprito Santo Deus. E no entanto, eles no so trsDeuses, mas um s Deus.43

    Afirmou em seguida que: Isto obviamente uma auto contradio. o mesmo que

    dizer que um mais um, mais um so trs, mas que so ao mesmo tempo um. Se existem trs pessoas divinas separadas e distintas e cada uma delas Deus, ento, porque h trsdeuses.44 Procura reforar seu argumento demonstrando que comum cristos afirmaremque a Trindade um mistrio, e assim a Igreja Crist estaria se esquivando de reconhecer que impossvel crer na Trindade:

    39 Assamad, U. A.O Islam e o Cristianismo. Brasil, Editora Makka, 1991, p. 31 40 Ibid. p. 31. 41 Ibid. p. 36. 42 Ibid, 1991, p. 32. 43 Ibid. p. 32 44 Ibid. p. 32-33.

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    A igreja Crist reconhece a impossibilidade de conciliar a crena emtrs seres Divinos, com a unicidade de Deus, e consequentementedeclara que a doutrina da Trindade um mistrio, no qual a pessoadeve acreditar cegamente. Eis o que escreve o Rev. J. F. DeGroot no

    seu livroCatholic Teaching: A mais Sagrada Trindade um mistriono sentido mais estrito da palavra. A razo sozinha no pode provar aexistncia de um Deus Triuno, a revelao que o ensina. E mesmodepois que a existncia do mistrio nos foi revelada, permaneceimpossvel para o intelecto humano entender como trs seres tm suma nica Natureza Divina.45

    Assamad parece estar convencido de que a posio islmica est correta, pois em seu ponto de vista, Jesus nunca teria ensinado a doutrina da Trindade:

    bastante estranho que o prprio Jesus Cristo jamais sequermencionou a Trindade. Ele ou no sabia ou nada disse sobre existiremtrs Pessoas Divinas na Deidade. A concepo dele de Deus no eraem nada diferente dos profetas israelitas anteriores, que semprehaviam pregado a Unicidade e nunca a Trindade (Mc. 12:29-30). Eleacreditava em Um Ser Divino.46

    Sua convico que a doutrina da Trindade foi inventada por homens:A doutrina da Trindade foi cunhada pelos cristos cerca de trezentosanos depois de Jesus. Os quatro Evangelhos cannicos, escritos entreos anos 70 e 115 da era Crist, no contm qualquer referncias

    Trindade. Nem So Paulo, que introduziu muitas idias estrangeirasno Cristianismo, sabia de qualquer coisa sobre o Deus Triuno. A NewCatholic Enciclopdia(Nova Enciclopdia Catlica, que ostenta o Nihil Obstrat e o Imprimturque indicam a aprovao oficial daIgreja)..., admite que a doutrina da Trindade era desconhecida aos primeiros cristos, e de que ela foi formulada no final do quartosculo.47

    Sendo assim, Assamad chega a concluso que a Trindade no foi ensinada por Jesus, enem se encontra nas Escrituras, segundo ele, teria sido inventada pelos homens:

    Portanto, a doutrina da Trindade no foi ensinada por Jesus, no encontrada em lugar algum da Bblia (quer no Antigo ou NovoTestamento), era completamente estranha ao pensamento e perspectiva dos primeiros cristos; tendo-se tornado parte da f cristmais para o final do quarto sculo.48

    Assamad pensa que no racional crer na Trindade:Considerando tambm racionalmente, o dogma da Trindade insustentvel. Ele no apenas algo alm da razo, como tambm

    45 Ibid. p. 33. 46 Ibid. p. 33. 47 Ibid. p. 34. 48 Ibid. p. 35

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    repugnante a esta. Como dissemos antes, a crena nos trs seresdivinos incompatvel com a unicidade de Deus. Se existem trs seresdistintos e separados, ento, devem existir trs essncias distintas eseparadas, j que cada pessoa inseparvel de sua essncia. Portanto,

    se o Pai Deus, o Filho Deus, e o Esprito Santo Deus, ento, ano ser que o Pai, o Filho e o Esprito Santo sejam trs declinaes,eles devem ser trs Essncias distintas, e consequentemente trsDeuses distintos.49

    Assamad procurou demonstrar, portanto, que os cristos crem que h trs pessoasdistintas na divindade, que por sua vez so separadas, e assim seriam trs deuses. Procuroureforar seu argumento, afirmando que Jesus, as Escrituras e os primeiros cristos,desconheciam a doutrina da Trindade. A Igreja Crist neste contexto, segundo Assamad,

    procura se esquivar de uma possvel inconsistncia na crena da doutrina da Trindade,reconhecendo que esta um mistrio. Em nosso prximo captulo, veremos se procedem asafirmaes e concluses de Assamad.

    No h dvidas portanto, de qual o entendimento islmico sobre Deus, segundo osautores islmicos, Ulfat Aziz Assamad, Alimam Abul Ala Maududi, Hammudah Abdalati,Ali Attantawy e Dr. Mohammad Hamidullah, Ele no triuno.

    Passemos agora, a mostrar como no Alcoro h versos que definem a unicidade de

    Deus, em termos islmicos. Versos portanto, que condenam a Trindade, e por conseqncia asdoutrinas crists da Divindade e Filiao de Jesus.

    2.2.3.2 Deus segundo o AlcoroVeremos pelo Alcoro a base para a doutrina islmica de Deus. Ficar claro tambm

    segundo este livro, que Deus numa perspectiva islmica, no triuno. Veremos que o Alcorono se limita a definir como Deus , mas o faz, atacando as doutrinas da Trindade, Divindadee Filiao de Jesus. Citaremos primeiro, versos do Alcoro que definem a unicidade de Al

    em termos islmicos, ento, os que negam a Trindade, e por fim, os que negam a Divindade eFiliao de Jesus.

    O ideal no s citarmos os versos, mas quando for possvel, demonstrar qual osignificado dos mesmos por meio das explicaes de Hayek, como uma reconhecidaautoridade islmica. Outras autoridades de respeito no meio islmico tambm sero citadas.As vezes no verso alcornico h mais de uma idia, por exemplo, um verso que defini Deuscomo uma unidade absoluta, pode ao mesmo tempo negar a Divindade e Filiao de Jesus.Quando este for o caso, veremos como estas idias aparecem no texto, mesmo que para isto,estejamos quebrando a ordem proposta no pargrafo anterior.

    49 Ibid. p. 35-36. 21

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    Como uma forma de entendermos a unicidade de Al do ponto de vista islmico,consideraremos os Suras 112; 2:163; 6:19; 12:40; 16:22, 51 e 38:65.

    Ao considerarmos o Sura 112, faremos uma breve pausa para citar e entender os Suras

    19:35; 6:101; 2:116 e 72:3. Isto se faz necessrio, pois o comentrio de Hayek sobre o Sura112, abre o leque para se discutir o assunto de que Jesus no seria o Filho de Deus, pois Deusno faz sexo. Claro que como cristos repudiamos pensar em Deus como algum que precisafazer sexo para ter um Filho. Esperamos mostrar por estes versos porm, que esta uma idiacomum no Alcoro, mesmo que isso nunca tenha sido o entendimento cristo sobre a Filiaode Jesus.

    Veja agora os versos do Alcoro que definem Al como uma unidade absoluta.

    Comeamos pelo Sura 112: Dize: Ele Deus, o nico. Deus! O Absoluto! Jamais gerou oufoi gerado! E ningum comparvel a Ele!. Hayek diz o seguinte sobre esta passagemalcornica:

    A natureza de Deus nos aqui, indicada em poucas palavras, demaneira que possamos entender.... Ademais, Ele Uno e nico, oUno e nico, a quem devemos adorar; todas as outras coisas ouentidades em que ou em quem pudermos pensar so as suas criaturas,de maneira alguma comparveis a Ele.... Ainda mais, no devemos pensar que Ele teve um filho ou um pai, porquanto isso seria querer

    imputar-lhe qualidades materiais, ao formarmos um juzo dele.50

    Entendemos pelo comentrio de Hayek, numa perspectiva islmica, que Al uma

    pessoa em uma nica essncia divina, pois usou a expressoUno e nico.Sendo assim,segundo ele, Deus no triuno e no teria um filho:.... Ainda mais, no devemos pensar queEle teve um filho. Contudo, para que no haja dvidas quanto a oposio a doutrina crist deDeus, Hayek diz na nota seguinte, a de no. 1931: Isto nega a idia do Cristianismo quanto divindade do Pai, o Filho unignito etc.51 No h dvida, portanto, numa perspectiva

    islmica, o que significa o Sura 112, ou seja, Al um, uma unidade absoluta, por isso, no triuno, e no tem um Filho.

    Vale ressaltar, que no entendimento islmico, Al no pode ter um filho, pois no fariasexo. Isto visto nas palavras de Hayek: No devemos pensar que Ele teve um filho ou um pai, porquanto isso seria querer imputar-lhe qualidades materiais, ao formarmos um juzodele. uma abominao e blasfmia para os cristos tambm, imaginar que Jesus Filho deDeus em termos carnais. No deveria haver esta barreira entre o Cristianismo e o Islamismo,

    50 Hayek, S. El.O Significado dos Versculos do Alcoro Sagrado.Brasil, MarsaM Editora Jornalstica, 1994, p.757. 51 Ibid. p. 757.

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    pois este no o ensino cristo sobre a Filiao de Jesus. De fato, o cristos no ensinam queDeus precisa fazer sexo para ter um filho, assim como no precisa respirar para existir.

    A idia alcornica e islmica, que define que Al no tem um filho, pois no faz sexo,

    vista em outros versos e comentrios de Hayek, como nos Suras 19:35; 6:101, 2:116 e 72:3.Veremos as passagens nesta ordem.

    No Sura 19:35 diz o seguinte: inadmissvel que Deus tenha tido um filho.Glorificado seja! Quando decide uma coisa, basta-lhe dizer: Seja!, e . Hayek ao comentareste verso, mais uma vez explicou que Deus no pode ter um filho, porque no faz sexo:Gerar um filho um ato fisiolgico que depende das necessidades da natureza animal dohomem. Deus, o altssimo, independente de todas as necessidades, e derrogatrio atribuir-

    lhe tal ato.52Outrora j vimos no Sura 6:101, que Al no tem filhos ou um filho, pois no tem uma

    esposa para ter uma prole: Como poderia ter uma prole, quando nunca teve uma esposa. Vemos novamente esta mesma idia no Sura 2:116, e no comentrio de Hayek:

    Dizem (os cristos): Deus adotou um filho! Glorificado seja! Pois a Deus pertence tudoquanto existe nos cus e na terra, e tudo est consagrado a Ele, (Sura 2:116). Hayek aocomentar este verso, explicou outra vez, que o Islamismo entende que Jesus no poder ser o

    Filho de Deus, pois Deus no faz sexo: uma derrogao da glria de Deus de fato uma blasfmia dizer que Ele gera filhos, como um homem ou um animal. A doutrina crist aquienfaticamente repudiada.... Num sentido mais espiritual, ns todos somos filhos de Deus.Contudo, perguntamos: quem afirmou que Jesus Filho de Deus em termos carnais? Como jdissemos, os cristos no ensinam isto de forma alguma.

    No Sura 72:3 repete-se o mesmo conceito: Cremos em que exaltada seja aMajestade do nosso Senhor ele jamais teve cnjuge ou prole.

    Vimos ento, nos Suras 19:35; 6:101; 2:116 e 72:3, juntamente com os comentrios deHayek, incluindo seu comentrio do Sura 112, que numa perspectiva islmica, Jesus no Filho de Deus, pois Deus no faz sexo. Concordamos como cristos, sem nenhum problemacom a declarao que Deus no faz sexo. Contudo, este entendimento errado sobre a Filiaode Jesus, fruto de desconhecimento da doutrina crist. No prximo captulo, veremos o queos cristos querem dizer sobre Jesus como Filho de Deus.

    H outros versos no Alcoro que ensinam o monotesmo em termos islmicos, porexemplo:

    Vosso Deus Um s. No h mais divindades alm dele, o52 Ibid. p. 351.

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    Clemente, o Misericordiosssimo (Sura 2:163).

    Ousareis admitir que existem outras divindades conjuntamente comDeus? Dize: Eu no as reconheo. Dize ainda: Ele um s Deus e eu

    estou inocente quanto aos parceiros que lhes atribuis (Sura 6:19). No adorais a Ele, mas a nomes que inventastes, vs e vossos pais, para o que Deus no vos investiu de autoridade alguma. O juzosomente pertence a Deus, que vos ordenou no adorsseis seno a Ele.Tal a verdadeira religio; porm, a maioria dos humanos o ignora(Sura 12:40).

    Vosso Deus um Deus nico!... (Sura 16:22).

    Deus disse: No adoteis dois deuses posto que somos um nicoDeus! Temei, pois, a Mim somente (Sura 16:51).

    Dize-lhes: Sou to somente um admoestador, no h mais divindadesalm do nico Deus, o Irresistvel (Sura 38:65).

    Uma vez que Al no Alcoro uma unidade absoluta, de se esperar que a doutrinada Trindade fosse claramente condenada no Alcoro, e no s por autores islmicos comoAssamad. H dois versos no Alcoro que claramente se opem a Trindade, o Sura 5:73 e4:171. Consideramos primeiro o Sura 5:73: So blasfemos aqueles que dizem: Deus o um

    da Trindade! Porquanto no existe divindade alm do Deus nico.... Veja que segundo esta passagem, os cristos so definidos como blasfemos por crerem na doutrina da Trindade.Contudo, o Alcoro se expressa mal quando se refere a Trindade no Sura 5:73, pois oscristos no crem que Deus seja o um de uma Trindade, como se duas outras Pessoastivessem sido associadas a Deus, mas que o Deus verdadeiro triuno e tem sido assim desde aeternidade.

    Hayek ao comentar o Sura 2:135: Disseram: Sede judeus ou cristos, que estareis

    bem iluminados. Responde-lhes: Qual! Seguimos o credo de Abrao, o monotesta, que jamais se contou entre os idlatras, disse o seguinte sobre a Trindade: Os judeus, emboraorientados quanto Unicidade, procuraram falsos deuses, e os cristos inventaram a Trindadeou a copiaram da idolatria.53 Vemos pelo comentrio de Hayek do Sura 2:135, que oIslamismo condena a Trindade, pensando ser ela o mesmo que idolatria. Percebemos que ossentimos islmicos so profundos e antagnicos ao Cristianismo, pois no Alcoro os cristosso blasfemos, segundo o (Sura 5:73), e idlatras, ou inventores da Trindade, segundo Hayek.

    O outro verso alcornico que condena a Trindade o 171 do Sura 4:171:

    53 Ibid. p. 20.

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    adeptos do livro, no exagerais em vossa religio e no digais deDeus seno a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, foi tosomente um mensageiro de Deus (somente um profeta de Al, comoos demais, um homem sem natureza divina) e seu Verbo (no sentido

    que recebia revelaes como Mohammad).... Crede, pois em Deus eem seus mensageiros e no digais Trindade! Abstende-vos disso, queser melhor para vs; sabei que Deus Uno! Longe est a hiptese deter tido um filho. Os dois parntesis foram acrescentados por mim.

    O Sura 4:171 claramente define Al como uma unidade absoluta, e se ope semsombra de dvida a doutrina crist da Trindade,e no digais Trindade.Por sua vez, combatetambm a doutrina da Divindade e Filiao de Jesus, pois o define como sendo somente um profeta,somente um mensageiro de Al,e no como Filho Divino de Deus,longe est a

    hiptese de ter tido um filho.O comentrio de Hayek confirma o que est claro no Sura 4:171, segundo sua

    perspectiva islmica. Diz pois, que Jesus era somente um homem (no era Deus), ummensageiro (profeta), um ser criado por Al. Sendo assim, a Trindade uma blasfmia paraos muulmanos:

    Os atributos de Cristo so mencionados: que ele era filho de umamulher e, portanto, era um homem; porm era um mensageiro..., oresultado de um verbo, outorgado a Maria, pois ele foi criado pela

    palavra de Deus..., um esprito procedente de Deus, mas no Deus....As doutrinas da Trindade (igualdade com Deus) e da (unigenicidade,filho nico de Deus) so repudiadas como blasfmias. Deus independede toda a necessidade, e no necessita de filhos para gerir os seusassuntos.54

    A idia de que Jesus era um mero homem, um mensageiro (profeta), um ser criado, e por isso, no era Deus, bem comum nos escritos islmicos, por exemplo: Ahmed Deedat citaos Suras 3:47 e 3:59, para assim embasar sua opinio como muulmano, de que Jesus foi

    criado: Este o conceito islmico do nascimento de Jesus. Pois para Deus criar um Jesus,sem um pai, basta simplesmente desejar. Se ele quiser criar um milho de Jesus, sem pais, basta Al desejar.55

    J vimos que o Alcoro, e numa perspectiva do significado dos versos, comocomentados por Hayek e Deedat, claramente condena por meio dos Suras 4:171; 5:73; 3:47 e59, as doutrinas crists da Trindade, Divindade e Filiao de Jesus.56 H outros versos noAlcoro, que tambm condenam essas doutrinas. Os veremos mais adiante.

    54 Ibid. p. 120. 55 Deedat, A.Christ in Islam, RSA, Islamic Propagation Centre International, 1983, p. 24-25. 56 Mesmo que nestas passagens no a nfase, mas se no h Trindade, ento, o Esprito Santo tambm no Deus. No Islamismo o Esprito o anjo Gabriel (Sura 97:4 e 26:193).

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    Ahmed Deedat parece estar convencido que Jesus no Deus, pois entende que Elenunca se declarou como tal.57 Procurou provar sua opinio citando Jo. 10:23-36, para explicarque Jesus um com o Pai (Jo. 10:30), mas segundo seu entendimento, somente em propsito.

    Ele no seria Filho de Deus de uma maneira especial, como se fosse Deus, ou tivessereivindicado s-lo.58 Contudo, Deedat caiu em contradio quando reconheceu que oentendimento de cristos e judeus, quanto ao episdio da passagem claro, ou seja, Jesusreivindicou ser Deus ao dizer que era um com o Pai, com a diferena que judeus noaceitaram isto e cristos sim: Os cristos concordam com os judeus, Jesus realmente fez talreivindicao (ser Deus); mas diferem nisto, no era blasfmia para os cristos, porque cremque Ele Deus.59 A contradio de Deedat demonstra que no fundo sabe que Jesus realmente

    se declarou Deus em Jo. 10:30, e em outras passagens.O outro argumento de Deedat se limita a uma interpretao de Jo. 1:1, a semelhana

    de Testemunhas de Jeov, ou seja, o verbo no era Deus e sim um deus.60 Quanto asevidncias bblicas para a Divindade de Jesus, nesta passagem e em outras, veja o prximocaptulo.

    Segundo Hayek e Deedat, fica claro que para os muulmanos as doutrinas crists daTrindade, Divindade e Filiao de Jesus, so muito erradas. Percebemos isto segundo o que

    Hayek comentou sobre o Sura 112; 2:135 e 4:171, e pelo comentrio de Deedat sobre os 3:47,59, e segundo seu entendimento de passagens bblicas como Jo. 1:1 e 10:23-36. Jesus seria para eles somente um mensageiro de Al, que foi criado, por isso, no Deus.

    O Alcoro porm, no se limita s aos Suras 3: 47 e 59; 4:171 e 5:73 em suacondenao as doutrinas crists:

    Dizei: Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foirevelado a Abrao, a Ismael, a Issac, a Jac e as tribo; no que foiconcedido a Moiss e a Jesus e no que foi dado aos profetas por seu

    Senhor; no fazemos distino alguma entre eles, e nos submetemos aEle (Sura 2:136). (Veja que Jesus alistado como apenas um profeta).Parntesis acrescentado por mim.

    So blasfemos aqueles que dizem: Deus o Messias, filho de Maria,ainda quando o mesmo Messias disse. israelitas, adorai a Deus, quemeu Senhor e vosso. A quem atribuir parceiros a Deus, ser-lhe-vedada a entrada no paraso e sua morada ser o fogo infernal! Osinquos jamais tero socorredores (Sura 5:72). (Veja que segundo esteverso Jesus no Deus, os cristos so blasfemos por crerem em sua

    57 Deedat, A.Christ in Islam, RSA, Islamic Propagation Centre International, 1983, p. 35. 58 Ibid. p. 37. 59 Ibid. p. 38. 60 Ibid. p. 40-41.

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    Divindade e cometem shirk ao crerem nele como Deus). Parntesisacrescentado por mim.

    H outros versos no Alcoro que negam a doutrina crist da Filiao de Jesus:

    Os judeus dizem: Ezra filho de Deus (de fato os judeus nuncafalaram isto sobre Esdras); os cristos dizem: O Messias filho deDeus. Tais so as palavras de suas bocas; repetem, com isso, as deseus antepassados incrdulos. Que Deus os combata!61 Como sedesviam! (Sura 9:30). Parntesis acrescentado por mim.

    Dize-lhes: se o Clemente houvesse tido um filho, seria eu o primeiroentre seus adoradores (Sura 43:81).

    Percebemos pelas evidncias apresentadas, que o Alcoro no s define Al como

    uma unidade absoluta, mas o faz repudiando veementemente as doutrinas crists da Trindade,e por conseqncia, da Divindade e Filiao de Jesus.

    difcil imaginar pela fora das evidncias, que Mohammad no tinha conhecimentodo Evangelho, como pregado pelos apstolos. Parece que ao t-lo o repudiou. Ou ele teriasimplesmente obtido um entendimento equivocado, como possivelmente foi o caso dadoutrina da Trindade, como veremos no item 2.4. Como resultado disto, seus seguidores tendo por base o que est revelado no livro sagrado para os muulmanos, o Alcoro, tambm se

    opem as doutrinas crists, como j vimos Assamad e outros fazendo.Assamad contudo, no se limitou a repudiar a doutrina da Trindade, mas tambm as

    doutrinas da Divindade e Filiao de Jesus:Os cristos (tanto catlicos-romanos como os protestantes) acreditamque Jesus Cristo Deus por toda a eternidade, a Segunda PessoaDivina da Trindade; de que h quase dois mil anos atrs resolveuaparecer em um corpo humano e foi gerado da Virgem Maria...,(Citou mais uma vez o livroCatholic Teaching, escrito por Rev. J. f.DeGroot, para assim provar seu ponto):Este ensinamento sobre a

    Divindade de Cristo, encontrada em tantos lugares da Escritura,sempre foi proclamada pela Igreja como uma das verdades maisimportantes da f catlica. O Conclio de Nicia, que foi o primeiroConclio Geral depois do fim das perseguies, solenementecondenou Arius, que havia contestado que Cristo no era Deus e simuma criatura (humana).62

    Prossegue citando o W. H. Thurton, autor da obraThe Truth of Christianity, pg. 507, o

    61 Infelizmente alguns muulmanos em seu zelo em defender e propagar o ponto de vista islmica, tem levado ao p da letra a informao,que Deus os combata, e por isso, agridem os cristos como regularmente tem sido

    noticiado na revista da Misso Portas Abertas. Ressaltamos que fazem parte de uma minoria, que em muitasvezes claramente recriminada por autoridades islmicas. Infelizmente estes no possuem o monoplio daviolncia, alguns chamados cristos ao longo da histria, tem sido muito violentos para com os muulmanos,como durante as Cruzadas.

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    qual expressa corretamente o ponto de vista cristo sobre a Divindade de Jesus, tendo como base o fato que Ele era o Filho singular de Deus:

    Evidentemente, esta expresso, o Filho de Deus, significou para ele

    (i.e. Joo) e presumivelmente tambm para os outros escritores do Novo Testamento, que a usam com freqncia, que Cristo eraveramente Deus Deus o Filho no sentido mais amplo e maiscompleto.63

    Contudo, tendo Assamad entendido e expressado qual o pensamento cristo quanto a

    Divindade e Filiao de Jesus, discorda deste. Parece convencido de que Jesus no Deus, pois Ele orava a Deus Pai, e neste sentido, era como qualquer outro homem, como qualquercriatura de Deus, por isso conclui que Jesus no podia ser Deus encarnado:

    Ele falava de Deus como Meu Pai e o vosso Pai, e meu Deus e ovosso Deus (Jo. 22:17). Estas palavras de Jesus relatadas na Bbliademonstram que Jesus tinha a mesma relao com Deus que qualqueroutro homem. Ele era uma criatura de Deus.... Em sua agonia na cruz,Jesus exclamou:Eloi, Eloi, lamma sabachthani?Que quer dizer:Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mc. 15:34).

    Segundo Assamad, jamais tais palavras proferidas na cruz por Jesus, poderiam ser pronunciadas por Deus, por isso, diz: O que temos a (se referindo a passagem de Mc.15:34), o grito de um homem indefeso e agonizante dirigido ao seu Criador e Senhor.64 Citou ento, mais duas passagens bblicas (Mc. 1:35; Lc. 5:16), onde vemos pela Bblia queJesus orava. Conclui ento, que Jesus no podia ser Deus, por ter sido sua prtica a orao.65 Prosseguiu citando Jo. 17:3, um trecho de mais uma orao de Jesus, e baseado neste verso,afirmou que s h um Ser Divino, e que Jesus nada sabia da Trindade, e por isso, no eraDeus:

    Ora a vida eterna esta: Que te conheam a ti como um s Deusverdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.Estas palavras de Jesus

    provam, primeiro, que s h um Ser Divino e que Jesus nada sabia daTrindade (a ti, como um s Deus verdadeiro); segundo, que Jesusno tinha pretenso de ser Divino, pois ele se referia a um ser outroque no ele prprio Ti como o nico Deus; terceiro, que Jesus safirmava ser um mensageiro de Deus (a Jesus Cristo a quemenviaste).66

    O chamado grande problema que prova que Jesus no era divino, pois orava a DeusPai, de fato no o , pois em havendo trs pessoas na Divindade, uma fala com a outra, no s

    62 Assamad, U. A.O Islam e o Cristianismo. Brasil, Editora Makka, 1991, p 38. 63 Ibid. p. 39. 64 Ibid. p. 39. 65 Ibid. p. 39

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    durante a encarnao, como tambm antes e depois da mesma.Assamad procurou tambm atacar a Divindade de Jesus luz das limitaes

    decorrentes de sua encarnao:

    A razo recusa-se a aceitar um homem nascido de uma mulher, quetenha passado por todas as vicissitudes, desconhecimentos elimitaes humanas, e que s gradativamente cresceu em estatura, poder e sabedoria, como todos os outros seres humanos, como Deus.Impor as limitaes humanas a Deus e crer na Sua encarnao numcorpo humano negar a perfeio de Deus.67

    Apesar que a argumentao parece nova, porm no passa de mais uma maneira deAssamad negar a Divindade de Jesus, tendo como base sua humanidade. Pensa que porque

    Jesus era homem, no podia ser Deus encarnado. Claro que um ser humano se alimenta e passa por todas as chamadasvicissitudes. Como homem Jesus era to humano, como umoutro ser humano. Todavia, isto no consiste em prova de que no podia ser uma das pessoasda Divindade, que se encarnou. No prximo captulo, veremos como Jesus voluntariamente selimitou na manifestao plena de seus atributos divinos, pela encarnao. Fez isto por umcerto tempo, para que assim se cumprisse toda Escritura e pudesse haver salvao para ohomem. Contudo, possua natureza divina, mesmo que voluntariamente tinha se limitado namanifestao de seus atributos divinos. No h no entendimento cristo, conflito entre o fatoque Jesus sendo Deus, tornou-se homem, mesmo que para isto tenha se limitado por um certotempo, como veremos no prximo captulo.

    A observao de Assamad quanto a encarnao de Jesus, apenas um exemplo entremuitas tentativas do Islamismo em negar a Divindade de Jesus, procurando question-la luzda sua humanidade. Citamos mais dois exemplos:

    1. O folhetoThe God That Never Was, impresso e distribudo pelo Islamic PropagationCentre International, Durban, RSA, se prope a isto. Vemos pelos seus subttulos, que suainteno, atravs de citaes bblicas que mostram a humanidade de Jesus, tentar provar queEle no era Deus encarnado. Os subttulos so os seguintes: The birth of God (O nascimentode Deus); The Family of God A famlia de Deus); The development of God (Odesenvolvimento de Deus)..., The capture of God (A captura de Deus), assim como outros.Todo cristo sabe que Jesus era Deus, que se fez carne, por isso, era to humano comoqualquer outra pessoa. Os pais da Igreja veementemente se opuseram a qualquer idia

    66 Ibid. p. 40. 67 Ibid. p. 41.

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    doctica, que negasse a encarnao de Jesus.68 2. Um outro exemplo de como na literatura islmica, procura-se descreditar a Divindade

    de Jesus, por meio de suas limitaes humanas, o livro de Dr. Muhammad Ali Alkhuli,The

    Truth About Jesus Christ , citamos somente dois exemplos: Chorando. Quando Jesus viu Lzaro morto, Jesus chorou (Jo. 11:35). Como pode Jesus

    ser Deus e chorar? Chorar algo humano e no divino.69 Lavando os ps. Jesus comeou a lavar os ps dos discpulos e sec-los como uma toalha

    (Jo. 13:5). Como pode Jesus ser Deus e lavar os ps dos discpulos?70 Alkhuli d inmeros exemplos em seu livro,The Truth About Jesus Christ, dentro

    desta linha de raciocnio, os quais no fazem sentido, pois tendo Jesus se encarnado,

    normalmente faria o que qualquer homem podia fazer. No que justifique, mas talvez explique o raciocnio islmico, saber que no Alcoro h

    um verso que ensina que Jesus no Deus, porque tinha limitaes humanas. Em outras palavras, como Jesus podia ser Deus se Ele era humano? Sura 5:75: O Messias, filho deMaria, no mais do que um mensageiro (Jesus era s um profeta, no Deus), do nvel dosmensageiros que o precederam; e sua me era sincerssima. Ambos se sustentavam dealimentos terrenos, como todos, (Parntesis acrescentado por mim).

    Percebemos que no entender do verso 75 do Sura 5, Jesus no era Deus, somente um profeta de Al, e de forma alguma maior entre os profetas, pois tinha o mesmonvel dosdemais. Como qualquer humano, assim como os demais profetas, e Maria, Jesus alimentou-sede produtos terrenos. Parece-nos que este o verso que faz muulmanos terem tanta barreiracontra a Divindade de Jesus, luz de sua humanidade, mesmo que sua natureza humana, noelimine sua Divindade. Veja isto no prximo captulo.

    A despeito deste verso do Alcoro ter influenciado Assamad ou no. Todavia, ele est

    convencido que Jesus no Deus, devido a revelao alcornica sobre isto, por isso citou doisversos deste livro que negam a Divindade de Jesus, o Sura 5:72, que define como blasfemosos que crem na Divindade de Jesus, e o Sura 3:59, o qual afirma que Jesus foi criado:

    So blasfemos aqueles que dizem: Deus o Messias, filho de Maria,ainda quando o mesmo Messias disse: israelitas, adorai a Deus, que meu Senhor e vosso. A quem atribuir parceiros a Deus, ser-lhe-vedada a entrada no Paraso e sua morada ser o fogo infernal! Os

    68 68 Irineus, Against Heresies,de The Ante-Nicene Fathers, eds. Alexander Roberts e James Donaldson(Edinburgh: T&T Clark, sem data; reimpresso. Grand Rapids, Michigan: Wm. B. Eerdmans publishingcompany, sem data; reimpr. http:ccel.wheaton.edu: Christian Classics Ethereal Library 1999), Book 3. 69 Alkhuli, M. A.The Truth About Jesus Christ.Jordan, Alfalah House For Publication & Distribution, 1996, p.16. 70 Ibid. p. 17.

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    inquos jamais tero socorredores, (Sura 5:72).O exemplo de Jesus, ante Deus, idntico ao de Ado, que Ele crioudo p; ento lhe disse: Seja! E foi, (Sura 3:59).71

    Assamad passa ento, a argumentar contra a doutrina crist da Filiao de Jesus.Veremos no prximo captulo, como que no entendimento cristo, segundo as EscriturasSagradas, Jesus Filho de Deus de uma maneira especial, pois o nico que compartilha amesma natureza que o Pai e o Esprito Santo. Os demais pessoas so filhos por adoo.

    Assamad pensa que Jesus Filho de Deus num sentido genrico, assim como Israel(x. 4:22), Davi (Sl. 2:7) e Salomo (1 Cr. 22:10) foram chamados filhos de Deus.72

    Aps Assamad ter citado as passagens de x. 4:22; Sl. 2:7 e 1Cr. 22:10, afirmou que

    Jesus era Filho de Deus, no sentido que era prximo de Deus pelo amor, assim como qualquerhomem pode ser filho de Deus nesses termos:

    Esta frase (referindo-se a expresso Filho de Deus) no significounada mais que a proximidade a Deus pelo amor. O prprio fundadordo Cristianismo disse que todo aquele que cumprisse a vontade do PaiCeleste era um filho de Deus. Era o realizar uma vida de devoo e decomportamento bondoso e misericordioso que tornava um homemdigno de ser chamado de filho de Deus. No isso que Jesus diz nosseguintes ditos: Amai os vossos inimigos... para que sejais filhos dovosso Pai que est nos cus, (Mt. 5:44-45). Bem aventurados so os

    pacificadores; pois eles sero chamados filhos de Deus, (Mt. 5;9). Estes ditos (referindo-se aos versos bblicos citados) no deixamdvida em nossa mente quanto ao que essa frase representava paraJesus. Em vista disso, no h justificativa para se ver Jesus como Filhode Deus em um sentido exclusivo ou distinto.73

    Assamad entende que Jesus nunca pensou sobre si de forma especial, como se fosseFilho de Deus num sentido nico e singular. Pensa que a passagem de Jo. 10:34-36, prova queJesus no utilizava a expresso Filho de Deus, pensando ser divino, mas como uma metfora:

    Jesus respondeu-lhes: No est escrito na vossa lei Eu disse: Vssois deuses? Se Ele chamou de deuses aqueles a quem fora revelada a palavra de Deus, e a Escritura no pode ser renegada; dizeis a quemo Pai santificou e enviou ao mundo, Blasfemas, por eu ter dito quesou filho de Deus, (Jo. 10:34-36). Jesus estava evidentemente sereferindo ao Sl. 81:6-7 (Assamad usou a Bblia catlica para fazer acitao, por isso, a passagem Sl. 81:6-7 e no 82:6-7)..., como os juizes da antigidade eram chamados deuses somente em sentidometafrico, tambm assim se chamava de filho de Deus.74

    71 Assamad, U. A.O Islam e o Cristianismo. Brasil, Editora Makka, 1991, p. 41-42. 72 Ibid. p. 43. 73 Ibid. p. 43-44. 74 Ibid. p. 44-45.

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    Ahmed Deedat argumenta nos mesmos termos que Assamad em seu livroChrist in Islam.Ali alistou vrias passagens, tais como: Gn. 6:2 e 4 (os filhos de Deus casaram-se comas filhas dos homens); x. 4:22 (Israel filho de Deus); Sl. 2:7 (Davi como filho de Deus) e

    Rm. 8:14 (os filhos de Deus so guiados pelo Esprito Santo).75 Deedat concluiu que Jesus filho de Deus de uma maneira metafrica, como Israel, Davi e outros na Bblia.76 De fato, suaargumentao s prova que h mais de um uso para a expresso filho de Deus, na Bblia. Semter considerado as passagens que definem Jesus como Filho de forma especial e nica, comoveremos no captulo seguinte. Logo se percebe que Assamad, como Deedat, nocompreendem os vrios significados bblicos da expresso Filho Deus.

    Pelos versos do Alcoro citados por Assamad, vemos em que base se sustenta para

    negar a doutrina da Filiao de Jesus. Citou os Suras 2:116 e 19:35:Dizem (os cristos): Deus adotou um filho! Glorificado seja! Pois aDeus pertence tudo quanto existe nos cus e na terra, e tudo estconsagrado a Ele, (Sura 2:116). inadmissvel que Deus tenha tido um filho. Glorificado seja!Quando decide uma coisa, basta-lhe dizer: Seja!, e , (Sura 19:35).77

    Vimos, portanto, que Assamad, Alkhuli e Deedat, segundo suas perspectivasislmicas, negam a doutrina da Divindade e Filiao de Jesus. Vimos que as passagens

    alcornicas que do base para isto so: 2:116; 19:35A seguir consideraremos mal entendidos islmicos que impedem muulmanos de

    perceber qual o pensamento cristo quanto a doutrina da Trindade.2.3 Mal entendidos islmicos quanto as doutrinas cristsPrimeiro, veremos os mal entendidos como se apresentaram no captulo at o

    momento. Depois o possvel mal entendido de Mohammad ter pensado que a Trindade eracomposta do Pai, Maria e Jesus. Os mal entendidos que se apresentam at agora so os

    seguintes:1. Imaginar que a Trindade foi retirada da idolatria, ou inventada pelo homem

    como afirmou Hayek, ao comentar o Sura 2:135. De fato como mostra o prximo captulo,esta doutrina totalmente baseada nas Escrituras Sagradas, que to claramente condenam aidolatria.

    2. Imaginar que os cristos so blasfemos por crerem na divindade de Jesus (Sura5:72), e blasfemos por crerem na doutrina da Trindade (Sura 5:73). Claro que no, pois no

    75 Deedat, A.Christ in Islam, RSA, Islamic Propagation Centre International, 1983, p. 28-29. 76 Ibid. p. 29. 77 Ibid. p. 45.

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    blasfmias crer nas doutrinas bblicas.3. Imaginar que Jesus foi associado a Al, sem perceberem que isto no

    possvel, pois Ele Deus eterno. No cremos de forma nenhuma em Deuscomo o um de uma

    Trindade, mas sim em um eterno triuno Deus.4. Pensar que cristos inventaram a doutrina da Trindade no quarto sculo,

    quando na verdade s sistematizaram o que estava nas Escrituras, j era aceito comodoutrina correta entre os cristos. Isto desde os primrdios do Cristianismo.

    5. Imaginar que os cristos ao afirmarem que a Trindade um mistrio, queremdizer com isto, que a doutrina no pode ser entendida racionalmente. Claro que sim, pormno se tem a pretenso de se explicar na sua plenitude a natureza divina, pois Deus esprito,

    infinito e eterno, Qual humano pode em s conscincia dizer que sabe tudo sobre Deus?Contudo, a doutrina da Trindade pode ser entendida racionalmente sem sombra de dvidas.

    6. Atacar a Divindade de Jesus, tendo como base sua encarnao. Se est reveladoque o Messias seria Deus em carne, quem somos ns para negarmos isto? Ou limitarmos Deusnaquilo que Ele quer fazer. Certamente que para o Deus do impossvel, possvelvoluntariamente se limitar em um corpo humano, se assim o desejar. A encarnao de Jesus,no prova que Ele no Deus, e no nos d base para rejeitarmos a Trindade. S mostra que

    Deus usou seu poder, limitando-se voluntariamente por um tempo, para assim poder morrer pelo homem.

    7. Ignorar todos os sentidos da expresso filho de Deus na Bblia, por causa distocrem que Jesus no o Filho de Deus, pois Deus no faz sexo. No isto que os cristosensinam.

    8. Confundir Trindade com tritesmo do Pai, do Filho e do Esprito Santo, comoAssamad o fez: Ele disse que os cristos crem que h trs pessoas distintas e separadas na

    divindade: A doutrina da Trindade divide a deidade em trs Pessoas Divinas, separadas edistintas Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Esprito Santo. Isto seria tritesmo, trs Pessoasdistintas e separadas em trs essncias, ou trs Pessoas distintas e separadas em uma nicaessncia divina. Ns cristos porm, no cremos assim. Veremos no prximo captulo, que asPessoas so distintas, mas inseparveis e indivisveis.

    Fora estes mal entendidos h tambm a possibilidade de Mohammad ter confundido oensino cristo da Trindade, com tritesmo do Pai, Maria e Jesus. Se isto ocorreu, h a possibilidade de Mohammad ter condenado a Trindade, por causa de um entendimento errado.At mesmo os cristos condenariam veementemente a Trindade nestes termos. Como teriaocorrido isto? H dois versos que indicam que Mohammad pensava que Maria tambm tinha

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    natureza divina, Sura 5:75 e 5:116. No Sura 5;75 l-se que: O Messias, filho de Maria, no mais do que um

    mensageiro, do nvel dos mensageiros que o precederam; e sua me era sincerssima. Ambos

    se sustentaram de alimentos terrenos. Vemos aqui que h uma condenao da crena naDivindade de Jesus, como de Maria, pois ambos eram humanos.

    Esta condenao tambm se v no Sura 5:116: E recorda-te de que quando Deusdisse: Jesus, filho de Maria! Fosse tu quem disseste aos homens: Tomai a mim e minha me por duas divindades, em vez de Deus? Vemos ento, que havia a crena, ou o entendimentode que cristos adoravam Jesus e Maria, como pessoas da Trindade.

    H duas possibilidades de como Mohammad se convenceu que a crena da Divindade

    de Maria era aceita por cristos. Talvez obteve este conhecimento atravs de uma obscuraseita crist chamada Collyridians. Estes adoravam Maria e lhe ofereciam um bolo emadorao, chamado Collyris.78 Ou simplesmente o obteve por meio do que pensou serverdade, segundo as aparncias, pois alguns cristos veneram Maria em suas expresses populares de f, de tal maneira, que poderia ter lhe parecido que era uma doutrina crist, adivindade de Maria. Sendo assim, Mohammad poderia ter concludo que Maria era parte daTrindade, o que contrrio ao ensino bblico sobre ela.79

    De qualquer maneira, o entendimento islmico inicial quanto a Trindade, segundoantigos comentaristas islmicos, supunha que esta fosse composta de Deus, Maria e Jesus:Estes versos (Sura 5:75 e 5:116) so explicados pelo comentarista Jalaludin e Yahya, comosendo a resposta de Mohammad a declarao de que ouviu de certos cristos de que h trsdeuses, a saber Pai, Maria e Jesus (Tisdall,The Original sources of the Quran).80

    Um outro grande comentador Zamakhshari disse o seguinte sobre o Sura 4:171:De acordo com as evidncias do Alcoro, os cristos mantm queDeus, Cristo e Maria so trs deuses, e que Cristo o filho de Deus por Maria, como Deus diz (no Alcoro):E recorda-te de que quando Deus disse: Jesus, filho de Maria! Fosse tu quem disseste aoshomens: Tomai a mim e minha mo por duas divindades, em vez de Deus?81

    Certamente que este no o ensino cristo sobre a Trindade. Contudo, segundo

    comentaristas islmicos, como Jalaludin, Yahya e Zamakhshari, era isto que Mohammadcondenava, e no a doutrina como a conhecemos. O fato de Deus ser uma unidade composta,

    78 Gilchrist, J.The Christian Witness To The Muslim. RSA, Roodepoort Mission Press, 1988, p. 318. 79 Ibid. p. 319. 80 Ibid. p. 318. 81 Ibid. p. 318.

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    no faz dele trs deuses. Se pudssemos remover estes mal entendidos, ento o Islamismoveria que o Cristianismo tambm prega o monotesmo.

    Vimos neste captulo que pelo que se encontra no Sura 2:136, 138-140; 4:150-152 e

    29:46, assim como pelos comentrios de Fares, Hayek e Deedat, que o Alcoro define que seuAl, o mesmo Deus dos cristos. Se isto no est claro na Bblia, presume-se que esta foicorrompida.

    Em seguida, vimos que os rabes pr-islmicos eram idlatras e cometiam shirk,associavam seus dolos, que pensavam que eram filhos e filhas de Al, a Al. Neste contexto,Mohammad pregou o monotesmo combatendo a idolatria, como vimos nos Suras 53:23;6:102 e 30:34, porm seu Al no triuno.

    Infelizmente, a idia de que cristos cometem shirk ao adorarem Jesus, estaria claranos Suras 10:66 e 68, segundo John Gilchrist. Pensamos porm, que o Sura 5:72 no nosdeixa sombra de dvida quanto a isto. Contudo, ns cristos nunca associamos Jesus a Al,Ele eternamente Deus.

    Depois vimos que segundo autores islmicos, e o Alcoro, Deus no triuno.Escritores renomados expressaram isto, como Ulfat Aziz Assamad, Alimam Abul AlaMaududi, Hammudah Abdalati, Ali Attantawy e Dr. Mohammad Hamidullah.

    Os versos alcornicos que do base aos autores muulmanos terem suas convices,so os Suras: 2:136; 3:47, 59; 4:171; 5:72, 73, 75; 6:19; 9:30; 16:22, 51; 38:65; 43:81 e 112.Comentrios de Hayek e outras autoridades islmicas, nos derem a garantia que oentendimento islmico quanto a estes versos estava sendo assimilado, ou seja, Al no triuno, no tem um filho, foi somente um profeta de Al, que como qualquer ser humano, foicriado.

    Mostramos por fim, que h no entendimento islmico vrios mal entendidos quanto as

    doutrinas crists da Trindade, Divindade e Filiao de Jesus. Sem os quais ficaria mais fcil para muulmanos entenderem que o Cristianismo tambm ensina o monotesmo. H uma possibilidade e Mohammad ter confundido o verdadeiro ensino cristo sobre a Trindade.Parece que pensou se tratar da divindade do Pai, Maria e Jesus. Claro que no isto demaneira alguma.

    Passemos agora para o nosso captulo, quando apresentaremos a evidncia bblica paraa doutrina da Trindade, por conseqncia para a Divindade e Filiao de Jesus, como doEsprito Santo. Neste processo, esclarecemos vrias dificuldades islmicas com a doutrinacrist de Deus. Perceberemos que a despeito das convices islmicas, quanto as doutrinascrists, estas no procedem, assim como no procede imaginar que o Deus do Alcoro o

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    mesmo Deus da Bblia, pois um triuno e o outro no.3. A DOUTRINA CRIST DE DEUS Nossa inteno neste captulo explanar a doutrina crist de Deus. Mostraremos que o

    Cristianismo ensina o monotesmo, porm Deus tem se revelado como uma unidadecomposta, assim o aceitamos, pois Ele , como Ele . Conhecemos a Deus, segundo o que Elese fez conhecer, pois no h como o homem em sua humanidade conhec-lo, a menos que Elese revele as suas criaturas.

    Ajudar muito se acompanhar lendo em sua Bblia, os versos citados ao longo destetexto. Certamente que a leitura ser mais lenta, mais enriquecer o estudo sobre o assunto. Osversos bblicos citados, o sero segundo a traduo de Joo Ferreira de Almeida, edio

    revista e atualizada. Quando este no for o caso, a devida traduo ser mencionada em notade rodap.

    Explanaremos o assunto desta maneira: Primeiro, definiremos o significado de palavras teolgicas, que sero usadas em nossa exposio. Disto depende nossa compreensodo texto. Em seguida no mesmo item, definiremos a doutrina da Trindade. Segundo,mostraremos como est revelado nas Escrituras bblicas, que h somente um Deus. Terceiro,consideraremos exemplos de unidade composta, demonstrando que este conceito no

    anormal. A seguir neste mesmo item, veremos que na revelao bblica est demonstrado queDeus uma trina unidade composta. Quarto, relataremos as provas bblicas para a divindadedas trs Pessoas, Pai, Filho e Esprito Santo. Quinto, responderemos os ataques a divindade deJesus, por ter Ele se limitado nas manifestaes dos atributos divinos, pela encarnao. Suaslimitaes foram voluntrias e necessrias por um tempo, pois Ele tinha que se tornar homem, para como homem, morrer pela humanidade. Uma vez exaltado, Jesus no possui aslimitaes da encarnao. Contudo, em nenhum momento deixou de ter natureza divina, ou de

    ser Deus, por cauda da encarnao do Verbo (Jo. 1:1, 14). Sexto, aps a explanao destesitens, teremos condio de mostrar que o