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Interpretação textual e literatura

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  • PROFESSORA VIVIANE FARIA Interpretao textual e literatura

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    CRONOGRAMA: 1 Encontro - Teoria literria: conceito de literatura; teoria dos gneros literrios; estilos de poca. A literatura colonial e o Barroco. 2 Encontro - Linguagem. Funes da linguagem. Noes de estilstica. Arcadismo. 3 Encontro - Nveis de linguagem. Romantismo. 4 Encontro - Semntica. Sinonmia. Antonmia. Homonmia. Paronmia. Polissemia. Realismo e Parnasianismo. 5 Encontro - Denotao e conotao. Figuras de linguagem. Naturalismo e Simbolismo. 6 Encontro - Figuras de linguagem(continuao). Pr-Modernismo. 7 Encontro - Coeso e coerncia. Ambiguidade. Modernismo: 1 e 2 geraes. 8 Encontro - Tipologia textual e gnero textual: narrao, descrio, dissertao, carta (argumentativa, familiar, comercial, convite Modernismo: 3 gerao e Tendncias Contemporneas.

    SIGNIFICADO DAS PALAVRAS

    - Semntica: estuda o significado e a interpretao do significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expresso em um determinado contexto. Nesse campo de estudo se analisa, tambm, as mudanas de sentido que ocorrem nas formas lingusticas devido a alguns fatores, tais como tempo e espao geogrfico. - Sinonmia a relao que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes, ou seja, os sinnimos. - Antonmia a relao que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrrios, isto , os antnimos. - Homonmia a relao entre duas ou mais palavras que, apesar de possurem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonolgica, ou seja, os homnimos. As homnimas podem ser:

    . Homgrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na pronncia. Exemplos: gosto (substantivo) - gosto / (1 pessoa singular presente indicativo do verbo gostar) / conserto (substantivo) - conserto (1 pessoa singular presente indicativo do verbo consertar);

    . Homfonas: palavras iguais na pronncia e diferentes na escrita. Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cesso (substantivo) - sesso (substantivo) / cerrar (verbo) - serrar (verbo);

    . Perfeitas: palavras iguais na pronncia e na escrita. Exemplos: cura (verbo) - cura (substantivo) / vero (verbo) - vero (substantivo) / cedo (verbo) - cedo (advrbio); - Paronmia: a relao que se estabelece entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, mas so muito parecidas na pronncia e na escrita, isto , os parnimos: Exemplos: cavaleiro - cavalheiro / absolver - absorver / comprimento - cumprimento/ aura (atmosfera) - urea (dourada) / conjectura (suposio) - conjuntura (situao decorrente dos acontecimentos) / descriminar (desculpabilizar - discriminar (diferenciar) / desfolhar (tirar ou perder as folhas) - folhear (passar as folhas de uma publicao) /

    despercebido (no notado) - desapercebido (desacautelado) / geminada (duplicada) - germinada (que germinou) / mugir (soltar mugidos) - mungir (ordenhar) / percursor (que percorre) - precursor (que antecipa os outros) / sobrescrever (enderear) - subscrever (aprovar, assinar) / veicular (transmitir) - vincular (ligar) / descrio - discrio / onicolor - unicolor. - Polissemia: a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vrios significados. Exemplos: Ele ocupa um alto posto na empresa. / Abasteci meu carro no posto da esquina. / Os convites eram de graa. / Os fiis agradecem a graa recebida.

    - Semntica: estuda o significado e a interpretao do significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expresso em um determinado contexto. Nesse campo de estudo se analisa, tambm, as mudanas de sentido que ocorrem nas formas lingusticas devido a alguns fatores, tais como tempo e espao geogrfico.

    REALISMO

    http://marista.edu.br/bibliotecas/

    Na segunda metade do sculo XIX, o Brasil passou por

    mudanas polticas e sociais marcantes. O trfico de escravos foi extinto e a abolio da escravatura

    ocorreu em 1888. A falta da mo-de-obra escrava foi substituda pelo trabalho dos imigrantes europeus.

    Por causa do preconceito e da qualificao europia para o trabalho assalariado, o negro foi marginalizado socialmente.

    A economia aucareira estava em decadncia, enquanto o eixo econmico deslocava-se para o Rio de Janeiro, devido ao crescimento do comrcio cafeeiro nessa regio.

    A evoluo na indstria trouxe tecnologia s empreitadas do governo: a primeira estrada de ferro foi construda em 1954 (ligava o Porto de Mau raiz da Serra da Estrela) e logo depois, a Estrada de Ferro Central do Brasil.

    Em 1889 foi proclamada a Repblica pelo partido burgus Republicano Paulista (PRP), com a posse do primeiro presidente, o marechal Deodoro da Fonseca.

    Em meio s questes sociais, econmicas e polticas pelas quais o Brasil passava, a literatura reagia contra as propostas romnticas com o surgimento do Realismo sob influncia do positivismo.

    O positivismo, chegado da Frana, era uma corrente filosfica que tinha como fundamento analisar a realidade. Logo, as produes literrias do Realismo no Brasil, como o prprio nome j diz, esto voltadas realidade brasileira.

    Podemos apontar algumas caractersticas da literatura realista em oposio romntica: os cenrios (focados em centros urbanos); a natureza no mais vista como reflexo dos sentimentos, mas dando vazo ao ambiente social; o amor visto de maneira irnica, sem exaltaes, o

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    casamento realizado para fins de ascenso social; o trabalho como parte da vida cotidiana das personagens.

    http://www.brasilescola.com/

    Joaquim Maria Machado de Assis considerado um dos mais importantes escritores da literatura brasileira. Nasceu no Rio de Janeiro em 21/6/1839, filho de uma famlia muito pobre. Mulato e vtima de preconceito, perdeu na infncia sua me e foi criado pela madrasta. Superou todas as dificuldades da poca e tornou-se um grande escritor.

    Na infncia, estudou numa escola pblica durante o primrio e aprendeu francs e latim. Trabalhou como aprendiz de tipgrafo, foi revisor e funcionrio pblico. Publicou seu primeiro poema intitulado Ela, na revista Marmota Fluminense. Trabalhou como colaborador de algumas revistas e jornais do Rio de Janeiro. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de letras e seu primeiro presidente.

    Podemos dividir as obras de Machado de Assis em duas fases: Na primeira fase (fase romntica) os personagens de suas obras possuem caractersticas romnticas, sendo o amor e os relacionamentos amorosos os principais temas de seus livros. Desta fase podemos destacar as seguintes obras: Ressurreio (1872), seu primeiro livro, A Mo e a Luva (1874), Helena (1876) e Iai Garcia (1878).

    Na Segunda Fase ( fase realista ), Machado de Assis abre espaos para as questes psicolgicas dos personagens. a fase em que o autor retrata muito bem as caractersticas do realismo literrio. Machado de Assis faz uma anlise profunda e realista do ser humano, destacando suas vontades, necessidades, defeitos e qualidades. Nesta fase destaca-se as seguintes obras: Memrias Pstumas de Brs Cubas (1881), Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900) e Memorial de Aires (1908).

    Machado de Assis tambm escreveu contos, tais como: Missa do Galo, O Espelho e O Alienista. Escreveu diversos poemas, crnicas sobre o cotidiano, peas de teatro, crticas literrias e teatrais.

    Machado de Assis morreu de cncer, em sua cidade natal, no ano de 1908.

    Relao das obras: - Romances Ressurreio - 1872 A mo e a luva - 1874 Helena - 1876 Iai Garcia - 1878 Memrias Pstumas de Brs Cubas - 1881 Quincas Borba - 1891 Dom Casmurro - 1899 Esa e Jac - 1904 Memorial de Aires - 1908

    www.literaturaemfoco.com

    - Poesia Crislidas Falenas Americanas Ocidentais Poesias completas - Contos A Carteira Miss Dollar O Alienista Noite de Almirante O Homem Clebre Conto da Escola Uns Braos A Cartomante O Enfermeiro Trio em L Menor Missa do Galo - Teatro Hoje avental, amanh luva - 1860 Desencantos - 1861 O caminho da porta, 1863 Quase ministro - 1864 Os deuses de casaca - 1866 Tu, s tu, puro amor - 1880 Lio de botnica - 1906

    http://www.suapesquisa.com/machadodeassis/

    PARNASIANISMO

    www.slideshare.net

    Nas ltimas dcadas do sculo XIX, a literatura brasileira abandonou o sentimentalismo dos romnticos e percorreu novos caminhos.

    Na prosa, surgiu o Realismo/Naturalismo e na poesia, o Parnasianismo e Simbolismo.

    Os poetas parnasianos achavam que alguns princpios adotados pelos romnticos (linguagem simples, emprego da sintaxe e vocabulrio brasileiros, sentimentalismo, etc) esconderam as verdadeiras qualidades da poesia. Ento, propuseram uma literatura mais objetiva, com um vocabulrio elaborado (s vezes, incompreensvel por ser to culto), racionalista e voltada para temas universais.

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    A inspirao nos modelos clssicos, ajudaria a combater as emoes e fantasias exageradas dos romnticos, garantindo o equilbrio que desejavam.

    Desde a dcada de 1870, as idias parnasianas j estavam sendo divulgadas.

    No final dessa dcada, o jornal carioca Dirio do Rio de Janeiro publicou uma polmica em versos que ficou conhecida como Batalha do Parnaso. De um lado, os adeptos do Realismo e Parnasianismo, e, de outro os seguidores do Romantismo.

    Como conseqncia, as idias parnasianas e realistas foram amplamente divulgadas nos meios artsticos e intelectuais do pas. O marco inicial do Parnasianismo brasileiro foi em 1882 com a publicao de Fanfarras de Tefilo Dias.

    Principais autores e obras do Parnasianismo OLAVO BILAC (16/12/1865 28/12/1918)

    Tentou estudar medicina e advocacia, porm abandonou as duas carreiras por gostar mais de artes plsticas.

    Alm de poesias, ele tambm escreveu crnicas e comentrios, inicialmente publicados em jornais e revistas.

    Foi inspetor escolar, secretrio da Liga de Defesa Nacional, jornalista, tomou parte na fundao da Academia de Letras e foi scio correspondente da Academia das Cincias de Lisboa.

    Trabalhou muito pelo ensino cvico e pela defesa do pas. Expressou seu mundo interior atravs de uma poesia lrica,

    amorosa e sensual, abandonando o tom comedido do Parnasianismo. Olavo Bilac criou uma linguagem pessoal e comunicativa,

    no ficando limitado s idias parnasianas. Por causa disso, ele considerado um dos mais populares

    escritores de sua poca. Escreveu: A sesta de Nero, O incndio de Roma, O

    Caador de Esmeraldas Panplias, Via Lctea, Saras de fogo, As viagens, Alma inquieta, Tarde (publicada aps a sua morte, em 1919), etc.

    pt.dreamstime.com

    ALBERTO DE OLIVEIRA (1857 1937)

    Um dos mais tpicos poetas parnasianos. Suas poesias se caracterizam por um grande preciosismo

    vocabular. Possui caractersticas romnticas, porm mais contido e no to sentimental como os romnticos.

    Obras: Canes Romnticas, Meridionais, Sonetos e Poemas, Versos e Rimas. RAIMUNDO CORREIA (1860 1911)

    A viso negativa e subjetiva que tinha do mundo deu um certo tom filosfico sua poesia, embora apenas superficialmente.

    Poemas: Plenilnio, Banzo, A cavalgada, Plena Nudez, As pombas.

    Livros: Primeiros Sonhos, Sinfonias, Versos e Verses, Aleluias, Poesias. VICENTE DE CARVALHO (1866 1924)

    Apesar do rigor com a forma, ele no possui caractersticas parnasianas, pois no abandonou a expresso lrica e sentimental do romantismo.

    Obras: Ardentias, Relicrio, Rosa, rosa de amor, Poemas e canes.

    www.brasilescola.com

    Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia formavam a Trade Parnasiana.

    Caractersticas do Parnasianismo

    Preocupao formal

    Comparao da poesia com as artes plsticas, principalmente com a escultura

    Referncias a elementos da mitologia grega e latina

    Preferncia por temas descritivos (cenas histricas, paisagens)

    Enfoque sensual da mulher (davam nfase na descrio de suas caractersticas fsicas)

    Habilidade na criao dos versos

    Vocabulrio culto

    Objetivismo

    Universalismo Apego tradio clssica

    http://www.infoescola.com/literatura/parnasianismo/

    EXERCCIOS

    Questo 01 (IBFC)

    Chapeuzinho Vermelho foi seguida pelo lobo ______. O Apocalipse ser a batalha entre o Bem e o ______. Assinale abaixo a alternativa que preenche corretamente as lacunas.

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    a) Mau/Mau. b) Mau/Mal. c) Mal/Mau. d) Mal/Mal.

    (FUNASA)

    O menino doente

    O menino dorme. Para que o menino Durma sossegado,

    Sentada ao seu lado A mezinha canta:

    Dodi, vai-te embora! Deixa o meu filhinho,

    Dorme... dorme... meu... Morta de fadiga, Ela adormeceu.

    Ento, no ombro dela, Um vulto de santa, Na mesma cantiga, Na mesma voz dela, Se debrua e canta:

    Dorme, meu amor. Dorme, meu benzinho...

    E o menino dorme.

    BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.

    www.portalecclesia.com

    Tendo por referncia o texto acima, responda s questes 02, 03 e 04.

    Questo 02

    Em dois versos do poema h a ocorrncia do sufixo inho. Nos dois casos, esse elemento assume um valor de:

    (a) intensidade. (b) tamanho. (c) ironia. (d) afeto. (e) desrespeito. GABARITO: d)

    Questo 03

    As reticncias podem ser usadas com diferentes finalidades. No trecho Dorme... dorme... meu..., encontrado no texto, as reticncias foram usadas para:

    (a) marcar um aumento de emoo. (b) apontar maior tenso nos fatos apresentados. (c) indicar traos que so suprimidos do texto. (d) deixar uma fala em aberto. (e) assinalar a interrupo do pensamento. GABARITO: e)

    Questo 04

    A palavra debrua (v. 15), presente no texto, pode ser substituda, sem alterao de sentido, por:

    (a) recolhe. (b) inclina. (c) derrama. (d) descobre. (e) ajoelha. GABARITO: b)

    (Imagem disponvel http://www.fun-stuff-to-do.com/picture_jokes.html ,

    acesso dia 17/07/2013)

    Questo 05

    As representaes da mulher na Arte sofreram mudanas ao longo do tempo, acompanhando as transformaes pelas quais passavam a sociedade. No texto acima, essa evoluo representada pelos marcadores temporais Before e After, respectivamente, antes e depois. Assim, tendo em vista a ideia veiculada e os significados dos vocbulos apresentados, s NO possvel afirmar que: a) As informaes verbais so irrelevantes j que, por estarem em outro idioma, em nada contribuem para o sentido do texto. b) Alm das marcas lingusticas, as especificidades das representaes no-verbais tambm funcionam como marcadores temporais. c) Tendo em vista os cdigos utilizados, o texto III pode ser classificado como hbrido. d) Apesar das semelhanas na caracterizao, entre as mulheres representadas, h uma relao antagnica. e) A utilizao de marcadores temporais, ao invs de nomes, para identificar as mulheres, universaliza a crtica.

    Questo 06

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    A representao da Monalisa identificada como after mantm com a obra fonte, uma relao de: a) parfrase b) literalidade c) complementariedade d) hiperonmia e) pardia

    Questo 07

    contosdeumdiario.blogspot.com

    Se te lembras bem da Capitu menina, hs de reconhecer

    que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca(...) criatura de 14 anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranas, com as pontas atadas uma outra, moda do tempo,... morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo... calava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos.(...)Fiquei aturdido. Capitu gostava tanto de minha me, e minha me dela, que eu no podia entender tamanha exploso. (...) Traziam no sei que fluido misterioso e energtico, uma fora que arrastava para dentro, com a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca.

    ASSIS, Machado de. Dom Casmurro.

    Tendo por referncia o excerto acima, julgue os itens

    seguintes. 1. Dom Casmurro obra do Realismo brasileiro. Nela, nota-se o saudosismo nacionalista to inerente aos escritores desse estilo, bem como o sentimentalismo exacerbado que envolve a narrativa de todo e qualquer autor dessa escola literria. 2. Saber as razes do autor romntico auxilia na compreenso mais profunda de sua obra. Isso primordial para se entender no somente os escritores do incio do sculo XIX, mas os de qualquer poca literria, j que o contexto histrico est diretamente ligado ao tipo de produo resultante de uma poca qualquer. 3. Os personagens de Dom Casmurro so misteriosos e complexos, geralmente envolvidos em tramas insolveis ao leitor e carregados de um suspense frio, como se no se importassem com o desenrolar de seu prprio dilema. Tais fatores contribuem para a fama inigualvel do famoso escritor que, antes de tudo, mostrava a constante preocupao em denunciar as desigualdades sociais de sua poca e o preconceito vigente, tornando a temtica de suas obras to atuais. 4. Preocupados em denunciar as problemticas sociais, realistas e naturalistas procuram produzir uma literatura engajada, com uma viso jornalstica dos fatos. Isso se contraps ao sentimentalismo e idealizao romnticos, que ao invs de enxergar a realidade difcil que se apresentava diante de seus olhos, preferiram

    mascar-las com tenras paisagens, ricas donzelas e casamentos de contos de fadas. 5. Quanto forma, o romance Dom Casmurro apresenta descrio minuciosa, narrativa detalhada e impessoalidade. Quanto ao contedo, faz anlise objetiva e cientfica da realidade, tem uma viso determinista do comportamento humano, mostra o ser descrito sob a tica do animalesco e do sensual, d preferncia ao retrato de agrupamentos coletivos, possui uma riqueza de sugestes sensoriais e denuncia os problemas sociais. 6. Mesmo sendo denominado um romance, nota-se que Dom Casmurro foi escrito como um dirio de confisso. Isso refora o sentimentalismo da obra bem como o subjetivismo, to forte e claramente presente. 7. O fato de o narrador de Dom Casmurro ser um homem marca uma tendncia dos livros do Romantismo em sua predominncia, de subjetivismo masculino que revela o sentimento de homens por mulheres inacessveis, e no o oposto. 8. Bento Santiago o narrador do romance Dom Casmurro, o que auxilia ao leitor compreender sua viso de mundo enquanto homem que pertence a uma sociedade machista. 9. As obras do Realismo brasileiro so de carter engajador, preocupadas em abrir os olhos da populao aos erros polticos e mostrar que certas problemticas sociais so vividas at o presente sculo, revelando uma viso crtica da realidade da poca e tendo a inteno, sempre, de denunciar questes religiosas e culturais, no importando a quem isso ferir. 10. Mesmo sendo o narrador-personagem da obra Dom Casmurro, Bento Santiago uma personagem tipicamente romntica. Isso se verifica em seu comportamento, carter e pensamentos, explicitados por ele mesmo no decorrer da narrativa. 11. Verifica-se, no romance Dom Casmurro, que Bentinho descreve Escobar com sutil ironia, j que o enredo da narrativa psicolgico e ele a escreve embasado em seu ressentimento angustiado. 12. Um dos mais fortes episdios do romance Dom Casmurro o momento em que o narrador revela a Ezequiel que no seu pai. Aps essa descoberta, o menino fica desnorteado, j que Bentinho acaba expulsando Capitu e seu filho de casa. 13. Alternando a narrao dos fatos passados com a reflexo sobre os mesmos, no presente, o protagonista/narrador de Dom Casmurro, Bento de Albuquerque Santiago, com cerca de 54 anos e conhecido pela alcunha de Dom Casmurro por seu gosto pelo isolamento, decide escrever sua vida. 14. Em Dom Casmurro, a narrativa discute o prprio ato e modo de narrar. H, portanto, a funo metalingstica, em que a narrativa esclarece a prpria narrativa. Logo no incio, nota-se a preocupao do personagem-narrador em explicar o ttulo do livro e os motivos que o impulsionaram a confeccionar tal livro. 15. Quanto ao contedo, o romance de Machado faz anlise objetiva e cientfica da realidade, tem uma viso determinista do comportamento humano, mostra o ser descrito sob a tica do animalesco e do sensual, d preferncia ao retrato de agrupamentos coletivos, possui uma riqueza de sugestes sensoriais e denuncia os problemas sociais. 16. A tentativa do autor com o romance Dom Casmurro mostrar que as pessoas com menor nvel cultural, por mais que tenham oportunidades de melhorar a vida, nunca o conseguiro, por no serem capazes de dar valor ao que recebem dos mais favorecidos. 17. Dom Casmurro uma obra em que Machado de Assis utiliza a anlise psicolgica dos personagens para montar seu enredo. Isso a faz uma exceo s demais produes realistas, que esto enfocadas na anlise comportamental e no determinismo biolgico dos personagens.

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    Questo 08 (CESPE)

    Deu por si na calada, ao p da porta: disse ao cocheiro

    que esperasse, e rpido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos ps, o corrimo pegajoso; mas ele no, viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. No aparecendo ningum, teve idia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, trs pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consult-la, ela f-lo entrar. Dali subiram ao sto, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destrua o prestgio.

    A cartomante f-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, no de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou trs cartas sobre a mesa, e disse-lhe:

    - Vejamos primeiro o que que o traz aqui. O senhor tem um grande susto... Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.

    - E quer saber, continuou ela, se lhe acontecer alguma cousa ou no...

    - A mim e a ela, explicou vivamente ele. A cartomante no sorriu: disse-lhe s que esperasse.

    Rpido pegou outra vez das cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transps os maos, uma, duas. trs vezes; depois comeou a estend-las. Camilo tinha os olhos nela, curioso e ansioso.

    - As cartas dizem-me... Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras.

    Ento ela declarou-lhe que no tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. No obstante, era indispensvel muita cautela: ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita. . . Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.

    - A senhora restituiu-me a paz ao esprito, disse ele estendendo a mo por cima da mesa e apertando a da cartomante.

    Machado de Assis. A cartomante. In: Obra completa, v. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1974, p. 481-2 (com adaptaes)

    Considerando o fragmento de texto de Machado de Assis mostrado acima e sua contextualizao histrica, julgue os itens subsequentes. 1. O acentuado contraste entre o deslumbramento cego de Camilo, as atitudes e os gestos da cartomante e a descrio do ambiente

    decadente e degradado tem como efeito reforar no leitor a confiabilidade dos prognsticos dela. 2. O emprego do pretrito perfeito na maioria dos verbos refora a caracterizao do trecho como predominantemente narrativo, embora entremeado por segmentos descritivos e dilogos. 3. As vrgulas que antecedem a conjuno e, na linha 2, so, de acordo com a gramtica, facultativas; mas seu emprego confere ao texto um ritmo, continuado no emprego das vrgulas no perodo seguinte, que sugere o ritmo dos movimentos de Camilo. 4. Os pronomes si, ele e -lo estabelecem relaes de coeso no texto, remetendo ao mesmo referente: Camilo. 5. A relao entre a palavra alumiada, hoje menos utilizada, e a forma iluminada, preferida contemporaneamente, exemplifica caso em que palavras sinnimas tm valor social diferente. 6. A preposio antes ope-se idia de depois, que fica subentendida na orao inicial do pargrafo seguinte. 7. Na lngua portuguesa contempornea, coexistem formas sinnimas igualmente aceitas como norma padro, como o caso de baralhava e embaralhava. 8. O emprego do masculino em Rpido indica que se trata a de um advrbio que modifica a ao de pegar; e no de um adjetivo que qualifica a cartomante. 9. O uso da preposio de regendo o complemento de pegar na expresso pegou outra vez das cartas indica que o verbo est empregado como intransitivo e deve ser a compreendido com o sentido de apegar-se, agarrar-se. 10. Infere-se das informaes do texto que a expresso unhas descuradas contrasta com o aspecto geral da personagem, pois tem o sentido de unhas bem cuidadas. 11. No trecho Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras (R.39-40), a construo metafrica contribui para conferir ao texto um tom irnico, prprio do estilo de Machado, que costuma ridicularizar as fraquezas de suas personagens. 12. Machado de Assis produziu, alm de romances, contos e crnicas, uma vasta obra em versos de um nacionalismo exaltado, voltada para temas sociais e polticos, formulada em uma retrica exagerada, excessiva, inflamada. 13. Em oposio aos exageros da subjetividade e do individualismo dos representantes romnticos, o Realismo prope a observao objetiva da realidade, o materialismo, que, em sua manifestao mais radical, influenciada pelo determinismo biolgico e social, d origem ao Naturalismo. 14. Paralelamente ao Realismo, desenvolveu-se no Brasil uma corrente potica, a que se deu o nome de Parnasianismo, na qual se destacaram Vicente de Carvalho e Olavo Bilac, com versos perfeccionistas e formalmente elaborados, mais preocupados com a forma que com a expresso emotiva ou existencial. 15. Nas trs ltimas dcadas do sculo XIX, quando Machado de Assis produziu boa parte de sua obra, o regime monrquico brasileiro conheceu seu plano inclinado, ou seja, a trajetria de crises que o levou ao fim. Entre essas crises, a partir da Guerra contra o Paraguai, inscreveu-se aquela que, gradativamente, colocou o exrcito em rota de coliso com o governo imperial, culminando com a instaurao da Repblica.

    Questo 09

    TEXTO I Vai-se a primeira pomba despertada... Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas De pombas vo-se dos pombais, apenas Raia sangunea e fresca a madrugada...

    CORREIA, Raimundo.

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    muitofofo.blogspot.com

    TEXTO II E conversamos toda a noite, enquanto A via Lctea, como um plio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo cu deserto.

    BILAC, Olavo.

    Com base na leitura e interpretao dos textos acima, julgue os itens seguintes segundo os aspectos lingsticos e literrios. 1. Em ambos os trechos encontra-se um pouco da filosofia do estilo Parnasiano, ou seja, sem nenhuma inteno alm de entreter. 2. Os dois autores acima lanam mo, durante toda a carreira, do estilo Parnasiano de escrever. 3. Parnasianismo, principalmente na pessoa de Bilac, utiliza-se do famoso lema A arte pela arte, ou como preferem muitos Arte sobre a arte. 4. A predileo de Bilac e Correia pelos sonetos pode ser explicada pelo fato dessa forma de poema ter surgido na Grcia Antiga. 5. O verso: Raia sangunea a madrugada... parece ser uma aluso ao pr do sol, quando o cu adquire colorao avermelhada.

    GABARITO 1) B 2) D 3) E 4) B 5) A 6) E 7) E, C, E, C, E, C, E, C, E, C, C, E, C, C, E, E, E 8) E, C, C, C, C, E, C, C, E, E, C, E, C, C, C 9) C, C, C, E, E