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A Redação da UFRGS (2)

A progressão

DefiniçãoA progressão semântica é uma das características mais relevantes de um bom texto: representa desenvolver o assunto, manter e acrescentar elementos ao ponto de vista escolhido. Tal procedimento exige simultaneamente o planeja-mento, atenção e domínio do conteúdo.

ObjetivoUtilizar essa ferramenta resulta em aprofundar o conteúdo, analisar, e não sim-plesmente jogar informações. Para tanto, é importante escolher diferentes as-pectos para comprovar um ponto de vista.

A estruturaO planejamento é simples: apresenta-se um exemplo, resposta objetiva ou pon-to-de-vista na introdução e distribuem-se dois enfoques, de preferência em cres-cente importância, entre o D1 e o D2. Na conclusão, será necessário harmonizá-los.

ImplicaçõesDois erros são freqüentes: essa estrutura exclui o tradicional “positivo” e “negati-vo”. Também nos desenvolvimentos, deve-se evitar enfoques de muito discre-pante importância. Já na conclusão, não se pode esquecer de recuperar todos os enfoques.

UFRGS 1989

Como sabemos, o raciocínio a partir de hipóteses é muito produtivo, porque nos induz a estabelecer paralelos, traçar planos, prever desdobramentos. Para o caso da Universidade, ele é particularmente importante: sem dúvida, o espírito constitui a base da vida científica.

Sua redação partirá de uma hipótese: suponha que a Universidade, constatando que um número relativamente alto de alunos troca de curso devido ao desco-nhecimento da realidade do curso escolhido, tenha deliberado oferecer a todos os alunos aprovados neste vestibular de agora a oportunidade de viverem uma experiência de um ano - antes de começarem seus estudos regulares -, ao longo do qual eles mesmos decidirão o que fazer (estágios, viagens, estudos específicos, vivências, etc.), segundo seu interesse pessoal de acordo com o curso e a profissão escolhidos.

Para trabalhar sobre essa hipótese, parta do pressuposto de que qualquer expe-riência que você eleger pode ser realizada, sem limite de custo, de abrangência, de implicação política, de localização geográfica, etc. Para tanto, imagine qual a experiência (ou o conjunto de experiências) mais interessante, tendo em vista a hipótese de que ela deve propiciar maior conhecimento a respeito do curso a que você se destina; a seguir, demonstre as relações entre ela e suas aspirações pessoais; por fim, reflita sobre tais relações e discuta as implicações de suas idéias.

Para executar essa tarefa, lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por apresentar um esforço de raciona-lização, de objetivação das idéias do autor, as quais devem ser sustentadas por argumentos plausíveis.

Fique claro que não estará em questão o tipo de experiência que você considerar mais apropriado, nem o curso a que você se destina, tampouco as relações que forem estabelecidas, sob qualquer ponto de vista moral, político ou ideológico, mas sim sua capacidade de elaborar um texto dissertativo claro, coerente e bem estruturado, que atenda à solicitação feita.

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Mesmo com todas as dicas ainda está difícil decidir pelo curso que vai fazer sua cabeça pelos próximos 4 ou 5 anos? Quem sabe se fizermos uma espécie de en-trevista ping-pong com um leitor imaginário fique mais fácil identificar suas maio-res dúvidas - e encontrar uma resposta para elas. Abaixo seguem as 12 principais dúvidas que tomam o sono de 8 entre 10 estudantes do Ensino Médio.

1 - Como faço pra me decidir sobre qual faculdade cursar?

Primeiramente não existe uma fórmula mágica, isso é uma questão de autoco-nhecimento e pesquisa. Você deve pensar que, a princípio, é esta profissão que vai lhe sustentar para o resto da vida (claro que você poderá mudar o rumo de sua vida profissional ao longo do tempo, mas este é o primeiro ponto a ser analisado). É uma espécie de aposta no futuro, onde devem ser pesados seus interesses nesta carreira, se as atividades desta profissão vão lhe dar satisfação e se se enquadram no seu estilo de vida. Por exemplo, não dá pra escolher o Direito se você gosta mesmo é de praticar exercícios e esportes radicais... O ideal é se inteirar sobre as diferentes carreiras e o que elas esperam deste profissional. Você poderá obter bastante informação em nosso Guia de Profissões e tam-bém em Profissões do Futuro.

2 - Será que a carreira que eu escolhi vai me trazer retorno no futuro?

Qual retorno você procura? Financeiro? Reconhecimento? Fama? Profissionais afirmam que a melhor escolha é a escolha que te faz feliz e que na maioria das vezes está associada ao prazer de se fazer o que gosta. Este é o maior incentivo para continuar se aperfeiçoando, se

As 12 principais dúvidas sobre a escolha da profissão

Dúvida sobre profissão atinge 80% dos jovens

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atualizando e estudando. O profissional que tem reconhecimento e retorno financeiro é aquele que consegue enxergar novas oportuni-dades e se destacar dentre os outros e para isso é preciso ficar atento às chances de estágio e emprego.

3 - Tenho algumas opções de curso em mente. Opto por aquela que me identifico ou por aquela outra que trará maior retor-no financeiro?

A resposta da pergunta anterior já pode dar uma norteada nesses pensamentos. Qual o padrão de vida que você deseja levar na sua vida adulta? Simples ou luxuosa? Isso deve ser pesado se o aspecto financeiro é muito importante para você, no entanto, especialistas recomendam que a escolha por um curso não seja feita com base na moda ou no momento atual do mercado de trabalho, pois este está em constante mudança e aquela carreira que você gostava, e que decidiu abandonar, pode ser uma boa opção para daqui 5 ou 10 anos.

4 - Me interesso por diversas áreas do conhecimento. Como me decidir?

Conhecendo o dia a dia do profissional. As atividades que ele exerce em seu cotidiano se encaixam em seu estilo de vida? Isto lhe faria feliz e rea-lizado como profissional? É preciso pesar os prós e os contras. Por exemplo: se você adora ajudar as pessoas, mas tem medo de sangue, Medicina não é o caminho. Para conhecer melhor as profissões e as atividades realizadas, consulte nosso Guia de Profissões. A seção Vida de Profissional também é uma boa para você ouvir da boca do próprio profissional aquilo que ele vê de melhor e de pior na carreira que escolheu.

5 – Nenhuma área me atrai. Como posso escolher?

Não conseguir identificar o que mais gosta não significa necessariamente não ter interesse por nenhuma área do conhecimento. Por esta razão o trabalho do estudante em se descobrir será maior. Aqueles velhos testes psicológicos podem te ajudar a direcionar seus pensa-mentos. Alguns deles você pode encontrar na nossa seção Orientação Vocacional.

6 – Como posso ter certeza de que fiz a escolha certa?

Não existe decisão 100% certa, existe decisão acertada para o momento. Isso não quer dizer que a sua escolha deva ser feita como um

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tiro no escuro. Quanto mais você se conhecer e conhecer a profissão e as atividades que envolvem essa carreira, mais chances você tem de escolher um bom caminho. Na nossa seção Diário de Universitário você pode ter ideia de como são alguns cursos de faculdades re-conhecidas internacionalmente.

7 – E se eu tomar a decisão errada?

Errar é natural e nenhuma escolha é definitiva. Optar por uma profissão agora não significa que ela vá fazer parte da sua realidade para o resto de sua vida. O importante é não pensar que essa vai ser a única e última decisão que você vai tomar. Pessoas mudam de opinião e você também pode entrar nessa estatística. O importante é descobrir por que você acha que não tomou a decisão certa. O curso não é o que você pensava? A universidade não lhe agrada? A saudade da família – que pode estar longe – está pesando muito? Se o problema for mesmo não se identificar com a profissão, o ideal é desistir e tentar encontrar outro curso que te deixe realizado. Para saber lidar melhor com essa situação não deixe de ver nosso artigo sobre Mudança de Curso.

8 – Creio que não tenho habilidade para o curso que escolhi. Que devo fazer?

Antes de tudo: você tem certeza do que está dizendo? Habilidades são desenvolvidas ao longo do curso e ao longo da vida. Quer estudar música e não é muito bom com instrumentos ou canto? Quer fazer design, mas não leva jeito para desenhar? Quer ser jornalista e tem dificuldade em escrever? Procure se avaliar para encontrar essas respostas antes de desistir do curso que sempre sonhou em fazer. Dê uma olhada em nosso artigo sobre Habilidades Específicas.

9 – E se eu quiser fazer dois cursos ao mesmo tempo? Vale a pena?

Vale a pena se os dois cursos se complementarem, como Administração e Hotelaria ou Jornalismo e Economia, por exemplo. Possuir duas graduações é um diferencial no currículo que pode abrir portas no mercado de trabalho. Ou fechá-las, já que um contratador tam-bém pode ver dois cursos muito diferentes como um ponto negativo: isto pode indicar que você tem dificuldade para tomar decisões. É importante lembrar que ao se dedicar a duas faculdades você terá o dobro do trabalho e metade do tempo, o que pode prejudicar o aproveitamento dos cursos. Além disso, se ocupando em período integral você não terá tempo para fazer um estágio, que é bastante

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valorizado pelo mercado de trabalho. Uma opção é fazer um curso que permita que você se especialize em outra área, como se graduar em História e fazer pós em História da Arte. Saiba mais sobre os cursos de pós-graduação clicando aqui.

10 – Meus pais acreditam que eu deva seguir uma carreira quando na verdade quero outra completamente diferente. O que fazer?

Escute os argumentos de seus pais. Se depois de ouvir tudo o que eles têm pra dizer você continuar acreditando que o seu caminho é outro, faça prevalecer a sua vontade. Pode parecer cômodo seguir a tradição da família escolhendo a mesma profissão do pai e trabalhar em seu escritório/consultório, mas se você não for feliz, nada disso terá valor.

11 – O que devo considerar para escolher a universidade onde estudar?

Pra começar você deve se certificar de que o curso é autorizado pelo Ministério da Educação. Para isso, consulte o site do MEC. Depois disso é bom conferir a qualidade do ensino desta faculdade, que é aferida pela nota do Enade (faça uma consulta). Se você optar por uma universidade particular, deve se inteirar sobre o preço das mensalidades e a possibilidade de fazer um financiamento estudantil ou de conseguir uma bolsa de estudos. A localização da instituição também deve ser levada em conta, já que é preciso calcular o tempo que se gastará para chegar e ainda os custos com gasolina e transporte público. Quer mais dicas para escolher uma faculdade sob medida? Então clique aqui.

12 – Será que consigo passar no vestibular para o curso que quero?

Nesta fase da vida pode parecer tentador desistir do que é difícil para garantir aquilo que é mais fácil. De que adianta prestar para Biome-dicina – porque a concorrência é menor – se o que você quer mesmo é fazer Medicina? Será que você não vai se sentir frustrado daqui alguns anos? Às vezes vale a pena se preparar por mais tempo com a ajuda de um cursinho do que desistir da faculdade antes mesmo de tentar.

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Profissionais de diversas áreas falam sobre sua carreira

Para ajudar a resolver o dilema sobre qual carreira seguir, abaixo estão entrevistas com 10 profissionais, com o objetivo de esclarecer como é o dia-a-dia de suas áreas, quais as habilidades requeridas por suas atividades e as perspectivas de mercado para os próximos anos, entre outros temas.

Confira abaixo as respostas de profissionais das seguintes carreiras: engenharia civil, design de games, direito (advocacia), engenharia elétrica, letras, medicina, nutrição, publicidade, relações públicas e turismo.

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ENGENHARIA CIVIL

Nome / idade: Amir Beber Gualda, 38 anos

Formação / ano: Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Camp), em 1995

Ocupação atual: Gerente de projetos da construtora Camargo Corrêa

Destaques da carreira: atuou na construtora Mendes Júnior

Descreva um dia da sua rotina profissional

Um engenheiro civil trabalha, em média, de 10 a 12 horas por dia (pelo menos os que são voltados a grandes obras, grandes proje-tos). Geralmente, o profissional recém-formado inicia sua carreira na área da produção, na qual aprenderá na prática “o jeito” de se fazer uma obra, seja ela uma estrada, uma hidrelétrica ou uma simples edificação, como uma casa, por exemplo. A vivência na produ-ção é, sem dúvida, o passaporte para este profissional galgar os maiores patamares em sua carreia – é a partir dela também que ele terá a base para se dirigir às áreas com as quais mais se identifica, como gerencias de produção, comerciais/contratos, planejamen-to, entre outros. O dia-a-dia deste profissional nunca é o mesmo – os problemas acontecem, como em toda obra, e o profissional deverá “engenhar” dentro das normas e, principalmente, com muito bom senso, as mais rápidas, seguras e baratas soluções para o perfeito andamento deste projeto. No princípio, sua atuação é muito maior na área externa (nas obras) e, adquirindo experiência (ge-ralmente depois de 5 a 8 anos ), ele passa a ter funções de coordenação ou gerência, passando a atuar em escritórios. A coordenação de produção e custos (metas estipuladas), controle de equipamentos, mão-de-obra direta (histogramas), manutenção e controle da qualidade nos serviços são as principais tarefas de um engenheiro quando no início da carreira. E, é evidente, o computador sempre auxiliará no desenvolvimento e acompanhamento destes trabalhos.

Assim que se forma, quais são os caminhos que o recém-formado pode seguir na profissão?

Acredito que o melhor para o profissional recém-formado seja a vivência na área de produção. Dessa forma, ele poderá conhecer a

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fundo a essência de um profissional da engenharia civil, a forma de se construir, a logística que se emprega em cada campo ou área de trabalho, como o planejamento, produção, controle (riscos de engenharia). Após esse período (de 5 a 7 anos), ele terá o embasa-mento necessário para escolher o melhor caminho a seguir, podendo se voltar à própria área de produção, qualidade, planejamento, gerenciamento de projetos (neste caso, aconselha-se MBA em gestão de projetos), ou seja, diversas áreas nas quais este profissional poderá atuar – dependendo apenas da área que ele mais gosta, em que deve desempenhar sua melhor performance.

Em que medida você interage com outras pessoas durante o seu trabalho?

Um engenheiro deve interagir o dia inteiro com pessoas de diferentes tipos. Trabalhamos com os “doutores” de área (diretores e su-perintendentes) e também, como na grande maioria das vezes, com os operários.

Você pode fazer o seu próprio horário de trabalho?

Não, ou melhor, isto é muito difícil de acontecer. Geralmente, o dia do engenheiro inicia-se às 7h e prolonga-se até às 17h, 18h ou 19h. Isso varia com o prazo do contrato.

Você trabalha nos fins de semanas? Com que frequência?

Sim, na grande maioria das vezes, os contratos firmados com clientes sinalizam que os trabalhos serão realizados nos fins de sema-na, principalmente aos sábados. Em casos em que, por situações adversas, o prazo contratual é posto em dúvida pelo cliente e/ou pela própria contratada, podendo gerar atraso na entrega deste projeto, daí então torna-se necessário a realização de trabalho aos sábados, domingos e até feriados.

O que mais o decepcionou no exercício da profissão?

A falta de investimento, principalmente em obras de infra-estrutura, em nosso país. Temos hoje milhares de quilômetros de rodovias

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a serem feitas e/ou recuperadas, escassez de usinas geradoras de energia (hidrelétricas, termoelétricas), deficiência em hospitais, escolas. Enfim, o país precisa gerar mais investimentos no setor, buscando considerável acréscimo no número de empregos registra-dos e com expressiva melhora na vida do cidadão.

É necessário se atualizar de forma permanente na sua profissão?

É extremamente necessário estar “up to date” com novos métodos e formatos, que aparecem constantemente. Isso pode ser feito por meio de qualificações profissionais, ou com novos equipamentos e softwares. Por isso, é sempre bom estar “ligado”. Quanto a cursos de línguas, por exemplo, o inglês não é nem questionado por muitos profissionais de RH, pois eles já pressupõem que o pro-fissional domina completamente o inglês. Aconselha-se também, principalmente aos projetos voltados ao Mercosul, que o espanhol seja também outra língua fluente.

Ao entrar no mercado de trabalho, é melhor experimentar várias empresas de início ou já se estabelecer em um único emprego?

Acredito que, a princípio, o melhor seja se firmar em uma única empresa. Existem pontos positivo e negativos. Na mesma empresa, com o passar dos tempos e demonstrando bom trabalho, a tendência é a ascensão profissional. Por outro lado, a linha de pensa-mento e de trabalho que esta empresa exerce terá sempre o mesmo formato e, mudando de empresa, você irá encontrar novas maneiras, jeitos e até linguagens diferentes de trabalho. É interessante também viver este lado, é um novo desafio.

E o que mais o agradou/surpreendeu de forma positiva?

A engenharia, por si só, já encanta. A realização pessoal, a consciência de saber sua contribuição para um projeto, não tem preço. Pude fazer parte de projetos importantes, como o prolongamento da Rodovia dos Bandeirantes e o Rodoanel (SP): sempre que pas-so por lá, paro e fico lembrando dos bons (e complicados) momentos que passei. E o meu orgulho é poder mostrar para os meus filhos a obra que ajudei a construir.

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Qual habilidade é a mais útil e necessária para o exercício da profissão?

Na engenharia, o profissional deve ter a capacidade de saber “engenhar” – este , como já dito , será o diferencial no mercado para este profissional. É evidente que, por melhor que este profissional seja, a humildade e o bom-senso deverão ser sempre adjetivos utilizados durante o seu trabalho.

Como você decidiu embarcar nessa área?

No meu caso, foi motivo familiar. Meu pai é engenheiro. Tenho tios e primos engenheiros. Assim, decidi seguir a carreira.

O curso exige muitos cálculos. Então qual é a maior dificuldade para um engenheiro civil?

Depende muito. Na faculdade, as disciplinas de cálculo, mecânica dos fluidos e resistência dos materiais foram pra mim as mais ter-ríveis. Na vida profissional, foi escolher a modalidade que mais me dá prazer: a vconstrução de rodovias.

É possível trabalhar como autônomo ou empresário na sua profissão, ou a tendência é continuar sempre como em-pregado?

Indiferente. No nosso mercado, todas as modalidades são aceitas.

Quanto tempo leva até você conseguir alcançar certa “estabilidade” na sua carreira?

Isso depende muito, mas acredita-se que com 5 anos vivenciando uma área específica, este profissional obtenha estabilidade.

Na sua opinião, qual é o perfil ideal para um profissional dessa área?

O profissional deve estar inteiramente comprometido com o seu papel e suas funções. E me lembro de um ensinamento de um

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antigo chefe (e grande empresário da construção): na engenharia, você deve ter 10% de matemática – os outros 90% serão de bom--senso.

Qual é a perspectiva para esse mercado daqui a 5 ou 10 anos?

Vejo como promissor. O país vive uma época de crescimento, e, para daqui a 5 anos, teremos a realização da Copa do Mundo do Brasil. Esse evento fatalmente gerará investimentos diretos na construção de nosso país.

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DESIGN DE GAMES

Nome / idade: Thiago Guarino Appella, 23 anos

Formação / ano: Universidade Anhembi Morumbi, em 2006

Ocupação atual: Gerente de produtos da Electronic Arts (EA), produtora e distribuidora de jogos de computador

Destaques da carreira: especialização em gerenciamento de projetos

Descreva um dia da sua rotina profissional

Por conta de oportunidades no mercado de trabalho brasileiro, hoje atuo como gerente de produtos, no departamento de marketing da Electronic Arts. É sempre bom dizer que, por conta da pirataria, há muitas limitações em ações e campanhas para os lançamentos, já que a verba é definida de acordo com o volume de vendas projetado. Meu trabalho é baseado em um escritório, mas não se restringe somente a este local. Além de muitos encontros sobre parcerias, visitas a clientes-chave e ações de relações públicas, quem trabalha com marketing deve sempre estar em alerta para toda e qualquer oportunidade que aparecer. Ou seja, mesmo aos finais de semana, quando estou passeando e, teoricamente, não deveria pensar em trabalho, acabo sempre avaliando as possibilidades de atividades que se encaixam com a estratégia para os produtos que gerencio. Sendo o “embaixador” de um produto/franquia dentro da empresa, pre-ciso estar disponível no período comercial para todo e qualquer suporte para outros setores - que sempre precisam de detalhes sobre os produtos e do plano de marketing destes. Mesmo utilizando o computador em quase 100% do tempo, ainda há espaço para muitas apresentações, nas quais é preciso uma habilidade extra para transmitir sua comunicação da melhor forma possível. E, sem dúvida, o que consome mais tempo é o e-mail – a melhor e mais barata forma de comunicação em uma empresa global.

É necessário se atualizar de forma permanente na sua profissão?

Sem dúvida alguma deve-se estar sempre atualizado sobre o mundo dos games. Esta indústria, apesar de estar muito baseada em

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criatividade e comunicação, tem como fundação a tecnologia. Portanto, nesta área é preciso estar atualizado não só nos games que revolucionam no roteiro, na direção de arte ou na tecnologia, mas é muito importante também saber como está o modelo de negócio, ações virais e correlatos do mundo corporativo. Há um erro gravíssimo na concepção dos cur-sos de games hoje, sem exceção: games não é uma formação ou disciplina, na verdade é um conglomerado de disciplinas. Em outras palavras, os cursos oferecem uma formação em games com diversas matérias, desde matemática até animação 3D, passando por marketing e inteligência artificial, que no final de quatro anos formam um profissional genérico. Mas o mercado não é composto dessa forma e muito menos sua formação acadêmica. O correto seria estudar a fundo o que você quer fazer dentro da indústria de games e escolher seu curso universitário: fazer ciências da computação, caso você queira programar, fazer design, caso você queira ser artista/designer e assim por diante. Portanto, para quem se forma nos cursos de games disponíveis atualmente, faz-se extremamente necessário uma pós-graduação para especialização em sua área e evitar que o profissional seja mais um genérico no mercado. Não tente fazer tudo. Escolha uma área e seja o melhor nela. E, claro: inglês é fundamental. Qualquer kit de desenvolvimento, manual de software, literatura da área e possíveis investi-dores exigirão inglês.

Você trabalha nos fins de semanas? Com que frequência?

Não trabalho aos fins de semana. Tento deixar tudo em dia durante a semana. Entretanto, como ofereço um alto comprometimen-to com a empresa, quando é extremamente necessário ter que trabalhar nos fins de semana para cumprir uma data, trabalho sem nenhum problema.

Você pode fazer o seu próprio horário de trabalho?

Não posso fazer meu próprio horário de trabalho, pois há outros departamentos e outras empresas que dependem de informações que eu devo fornecer; e como eles trabalham somente em horário comercial, é este o horário que devo estar disponível.

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Assim que se forma, quais são os caminhos que o recém-formado pode seguir na profissão?

Existem diversos caminhos depois que você pode seguir quando se forma, mas isso não é exclusivo para games. Assim como em qualquer área, você pode seguir a área acadêmica e de pesquisa (que considero a mesma) ou ir para o mercado de trabalho, tanto em uma empresa de terceiros como abrindo a sua própria. Como o mercado de games no Brasil ainda é muito pequeno, a alterna-tiva mais vista é a abertura do próprio negócio. Lembrando que isso não é conselho algum, somente um retrato do que acontece no mercado.

Ao entrar no mercado de trabalho, é melhor experimentar várias empresas de início ou já se estabelecer em um único emprego?

Nenhuma empresa e nenhum emprego é igual ao outro. Por experiência própria, aprendi muito passando por várias empresas e a experiência adquirida em empregos anteriores e diversificados compõe minha caixa de ferramentas de conhecimento e habilida-des. Mudar de emprego é bom, mas chega um momento em que as opções se esgotam, já que temos poucas empresas de games no Brasil, com forte concentração em São Paulo. Há até mesmo carência de algumas carreiras dentro da área de games no Brasil, nas quais a única alternativa é trabalhar no exterior.

Em que medida você interage com outras pessoas durante o seu trabalho?

O tempo todo é preciso estar em contato com outras pessoas e outros setores, principalmente quando a data de lançamento do jogo está chegando e é preciso ter respostas e informações rápidas para que você prossiga com seu trabalho. Cada departamento tem seu planejamento e é preciso trabalhar o seu produto de acordo com as limitações que outros setores terão, principalmente para não acontecer retrabalho e atrasar um lançamento.

O que mais o decepcionou no exercício da profissão?

Me decepciona o amadorismo que ainda temos no Brasil e a falta de apoio do governo com nossa categoria, que poderia dar um

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grande boom em terras tupiniquins. Assim como divulgado por toda mídia, nossa categoria fatura mais que Hollywood, nos EUA, já faz um tempo.

E o que mais o agradou/surpreendeu de forma positiva?

Ultimamente tem me surpreendido como este mundinho, antes considerado nerd, está se massificando. Muito pelo leque de pro-dutos oferecidos, mas também por conta da geração que já nasce conectada e high tech. Quem não conhece o Nintendo Wii ou mesmo nunca perdeu umas horas em um jogo de internet.

Qual é o maior desafio para o exercício da sua profissão?

A tentação em mudar de área. Definitivamente, games não é uma área onde se ganha muito bem no Brasil. Mas trabalhar com algo que você ama, não tem preço. Ainda mais depois que você se envolve com os bastidores - você não quer largar nunca.

Na sua opinião, qual é o perfil ideal para um profissional dessa área?

Sem entrar nos quesitos técnicos, o profissional na área de games – principalmente no Brasil – precisa ter em mente que ele deve fazer mais que o combinado. Essa é a principal característica que vejo nas pessoas ao meu lado. Além disso, o pensamento coletivo é muito bem vindo, visto o cenário brasileiro e o quanto podemos contribuir para o nosso próprio crescimento. Esta é uma idéia que venho praticando com o IGDA (uma associação internacional de desenvolvedores de games, na qual represento o capítulo Paulista).

É possível trabalhar como autônomo ou empresário na sua profissão, ou a tendência é continuar sempre como empre-gado?

Como a indústria brasileira de games é muito pequena, a tendência é que as pessoas comecem a abrir o próprio negócio. Isso já está acontecendo aos poucos, e tende a aumentar, já que a cada ano muitos profissionais entram no mercado oriundos dos diversos

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cursos de games, mas as empresas não podem absorvê-los.

Qual habilidade é a mais útil e necessária para o exercício da profissão?

Isto é muito pessoal e cada um deve se conhecer primeiramente. Como em qualquer área, o profissional tem qualidades e fraquezas. No meu caso, como tenho muitos títulos sob meu gerenciamento, a organização e atenção aos detalhes são habilidades que estão em meu radar em todo período de trabalho.

Quanto tempo leva até você conseguir alcançar certa “estabilidade” na sua carreira?

Infelizmente nossa carreira não é uma ciência exata, ou seja, depende muito de nosso empenho e das oportunidades de mercado. Comecei a trabalhar com games em 2003, quando iniciei a faculdade, e creio que somente hoje tenho certa estabilidade. Entretanto, o período que nos deixa mais inseguro é logo após nos formarmos. Correr atrás do primeiro emprego sob CLT e assumir mais res-ponsabilidades são os primeiros passos para esta estabilidade.

Quais tipos de cursos livres eu poderia fazer para conseguir trabalhar nesta profissão?

Complementando o que disse anteriormente, games não é uma disciplina por si só. Você pode fazer vários tipos de cursos livres, mas antes de tudo você precisa decidir o que quer fazer. Um exemplo da área de design: você pode fazer alguns treinamentos em animação e 3D, desde estudos sobre anatomia humana, como silhuetas (posições-chave), e timing. Esse processo de escolha da sua área de atuação é difícil, já que o mundo de desenvolvimento de games não é muito difundido e você acaba optando por fazer uma faculdade de games somente para descobrir sua vocação.

Uma pessoa que não tem dom para fazer desenho pode fazer o curso de design de games?

Com certeza. O nome design foi erroneamente traduzido e reconhecido como “desenho”, o que não é verdade. Melhor seria falar

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em “planejamento”, “projeto”. O designer de games é o responsável pela diversão, mecânicas de jogo e a forma como o jogo deve ser jogado. Este profissional precisa ter uma bagagem de jogo incrível e o processo de criação de jogos é um aprendizado. Ao passo que você vai criando jogos, seu conhecimento vai aumentando e seu trabalho se aprimora.

Qual seria a expectativa para o profissional desta área aqui no Brasil? Realmente existe mercado de trabalho e o profis-sional brasileiro é bem visto pelas grandes empresas?

Espero não estar sendo a pessoa que o faça desistir dos seus sonhos, espero que pondere meus comentários e que tome a melhor direção baseado neles. A minha impressão é que curso de games virou a “bola da vez”, toda universidade vai ter o seu, já que o in-teresse está aumentando cada vez mais. Entretanto, não há nada fomentando o desenvolvimento do mercado, nem universidades, nem o governo. E tenho certeza de que o mercado brasileiro não tem capacidade de absorver os profissionais recém-formados. Como citado acima, o que tem acontecido muito é a abertura de novos negócios pelos recém-formados. No mercado internacional de desenvolvimento de games, não conta muito sua nacionalidade. Conta sua experiência e casos de sucesso. É muito comum ver em descrições de empregos o requisito: ter trabalhado no processo de desenvolvimento de, no mínimo, dois jogos lançados.

Esse curso é mais voltado para programação?

Para trabalhar com games, não é preciso um curso de games. Escolha uma disciplina e siga em frente. Games não é uma disciplina, é um conglomerado delas. Será importante conhecer como funciona e como se integram as disciplinas que compõem a indústria, mas isso é facilmente obtido em sites, revistas especializadas, fóruns de discussão e palestras. Infelizmente, os cursos de games no Brasil são bem genéricos e acabam abordando as diversas disciplinas da área de forma superficial, alguns se aprofundam mais do que outros em alguns conhecimentos – uns em design, outros em programação. Não tenho dúvida de que, se fizer um curso pro-fundo na área de conhecimento almejada, poderá trabalhar na área de games com um conhecimento maior ao obtido em um curso de games.

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Qual seria a diferença entre um curso técnico em design de games e o bacharelado oferecido nas faculdades?

A diferença é a bagagem cultural que você terá a oportunidade de adquirir em uma universidade. Sendo que a criação de um game é baseada muito em inspiração, conhecimento e cultura, a universidade se torna essencial para sua formação. Mas caso você opte por fazer outro curso universitário, já adquirindo a bagagem importante para você, não vejo nenhum problema em fazer um curso técnico em games para conhecer mais sobre este mundo. Como o nome do curso diz, é técnico e, normalmente, vai te ensinar como fazer, mas não o que fazer.

É muito complicado montar sua própria empresa de animações e jogos digitais? Como dar o primeiro passo?

Esta é uma visão muito particular: eu não abriria minha empresa sem antes ter conhecimento e experiência de mercado que me dessem um bom destaque e reconhecimento na área. Abrir empresa é fácil, o difícil é você fazer a empresa girar com o que se propôs a fazer. Conheço pessoas que abriram empresas de jogos logo depois de terminarem a faculdade e acabaram por serem especialistas em desenvolver sites. Quando se tem uma empresa, você tem necessidades primárias a serem cumpridas, e a principal é fazer dinheiro.

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DIREITO (ADVOCACIA)

Nome / idade: Luiz Fernando Martins Castro, 47 anos

Formação / ano: Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP), 1984

Ocupação atual: Advogado e vice-presidente da Comissão Especial de Informática da Ordem dos Advoga-dos do Brasil, em São Paulo

Destaques da carreira: mestre em direito civil pela USP | doutor em direito e informática pela Faculdade de Direito de Montpellier, na França

Descreva um dia da sua rotina profissional.

Os advogados trabalham pelo menos 8 horas por dia. Normalmente, começam mais tarde do que as empresas (por volta das 9h) e também terminam mais tarde (após as 18h). As atividades são variadas e dependem do tipo de trabalho que eles fazem, e também do local onde trabalham. Estamos sempre trabalhando no computador, seja para realizar um trabalho (petições, contratos, memo-randos), seja para receber e mandar e-mails profissionais, além de pesquisa de textos (leis e julgados), e também para acompanhar o andamento de processos. Geralmente, temos horário de almoço, mas não raras vezes somos chamados para reuniões ou audiências que nos obrigam a fazer um lanche rápido.

Em que medida você interage com outras pessoas durante o seu trabalho?

O advogado interage com muita gente, raramente trabalhando sozinho. Tem que receber o cliente, que o procura com alguma demanda, precisa interagir com a sua equipe jurídica dentro do escritório ou empresa, além do pessoal de apoio (secretária, biblio-tecária e estagiários – que dão uma grande ajuda nas tarefas diárias). E, externamente, isso também acontece muito, pois estamos em constante contato com juízes, funcionários de cartórios judiciais (nos fóruns), delegados de polícia, escrivãos e funcionários de outros órgãos da administração pública, junto aos quais realizamos algum tipo de serviço. Eu diria que o advogado tem de interagir

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sempre, e que o resultado de seu trabalho depende em grande parte dessa habilidade de se relacionar com pessoas, pois sempre estamos “advogando” e não “impondo” o interesse de nossos clientes.

Você trabalha nos fins de semanas? Com que frequência?

Um advogado que organiza o seu tempo de maneira produtiva consegue, na maioria das vezes, não levar trabalho para casa, à noi-te, ou nos fins de semana. Mas é inevitável que em momentos de maior demanda, ou urgência, isso ocorra. E se você atuar na área criminal, saiba que essas urgências sempre surgem nesses horários.

Você pode fazer o seu próprio horário de trabalho?

Eu diria que o advogado mais experiente, e que tenha uma equipe, tem maior flexibilidade de horário, mas isso não se aplica aos profissionais que estão começando, pois senão cada um desejaria fazer o seu horário. Mas não se esqueça de que o advogado acaba tendo de se sujeitar a horários de reuniões marcados por clientes e de audiências designadas pelo juiz, cujo horário pode atrasar bastante.

É necessário se atualizar de forma permanente na sua profissão?

O advogado tem de estudar sempre, em toda a sua vida profissional. Durante a faculdade, deve buscar frequentar os vários cursos e atividades extracurriculares que são oferecidos, o que, além de enriquecer a sua formação, lhe permitem ter uma ideia mais clara dos diferentes ramos do direito. Hoje, vemos muitos cursos de pós-graduação (latu sensu ou de “especialização”) impropriamente procurados por alunos que tiveram uma formação deficiente na graduação. Mas isso lhes permite rever muita matéria que não foi aprendida na graduação, e se aprofundar em outras mais específicas e focadas, objetivo principal desses cursos. Quanto a línguas estrangeiras, acho fundamental e mesmo imprescindível que o advogado saiba se comunicar, ler e escrever em inglês, e preferen-cialmente em uma outra língua (como o espanhol, em primeiro lugar, ou outras línguas mais usuais como francês, alemão e italia-no). Atualmente, é comum vermos alunos estudando línguas como japonês e chinês. Na prática, não acredito que um advogado

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brasileiro (sem ascendentes dessas nacionalidades) possa dominar amplamente uma dessas línguas, a ponto de trabalhar efetiva e autonomamente numa delas, mas conhecê-las será sempre um facilitador de relações pessoais, se você for lidar com pessoas, advo-gados e empresas que sejam desses países.

Ao entrar no mercado de trabalho, é melhor experimentar várias empresas de início ou já se estabelecer em um único emprego?

Por um lado, como os jovens ingressam muito cedo na faculdade, com pouco conhecimento da profissão, seria útil e recomendável que pudessem conhecer diferentes atividades da advocacia (escritório pequenos, especializados em matérias específicas ou mais generalizadas, ou em escritório grandes, com dezenas, ou mesmo centenas de advogados), e mesmo das demais profissões jurídi-cas, como a de juiz e promotor de Justiça, além da advocacia em defesa dos entes públicos (procuradorias). Mas hoje em dia, com a grande concorrência na profissão, existe uma tendência de se efetivarem estagiários mais antigos, que já estejam integrados na “cultura” do escritório ou empresa. Em resumo, eu diria que o aluno pode e deve testar diferentes trabalhos nos dois primeiros anos da faculdade e já tentar focar em algo mais preciso e com que mais se identifique, a partir do terceiro ano.

E o que mais o agradou/surpreendeu de forma positiva?

A profissão de advogado nos obriga a buscar uma evolução constante, seja através dos estudos, seja no campo do relacionamento humano. Lembre-se que o advogado é sempre procurado para resolver um problema concreto do cliente, que normalmente lhe traz graves preocupações (questões de família, empresariais, desafios econômicos), assumindo assim grande responsabilidade, pois passa a fazer parte de sua vidas. Tudo isso permite um enriquecimento de suas relações humanas, e costumo dizer que o advogado aprende com os erros dos clientes.

Quanto tempo leva até você conseguir alcançar certa “estabilidade” na sua carreira?

No início da carreira os advogados não costumam ser bem remunerados, o que leva muitos bacharéis a preferirem as carreiras pú-

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blicas, com um bom salário inicial e estabilidade. Porém eu diria que em cinco anos de profissão um advogado bem sucedido já consegue equiparar seus rendimentos ao de um profissional de carreira pública. E a partir daí, cada caso é um caso, intimamente ligado ao desenvolvimento das aptidões anteriormente referidas, com especial relevância à sua capacidade de captar clientes. O crescimento profissional do advogado é constante, enquanto nas carreiras públicas é mais lento.

Qual é o maior desafio para o exercício da sua profissão?

Não conseguiria indicar um único, mas vários desafios, permanentes, como: necessidade de constante atualização técnica; captação de clientes com bom perfil; gestão do escritório, com custos crescentes; morosidade dos processos e dificuldade de sua gestão nos fóruns; grande oferta de serviços, pelos concorrentes, levando, muitas vezes, ao aviltamento dos honorários.

O que mais o decepcionou no exercício da profissão?

Não acho que a profissão tenha me trazido grandes decepções. Posso, contudo, qualificar de frustrante o fato de a advocacia não ser devidamente valorizada, existindo uma certa prevenção, ou má-vontade, por parte de alguns juízes, promotores, delegados de polí-cia e funcionários em geral, que não raras vezes possuem uma ideia preconceituosa face aos advogados, ignorando as dificuldades permanentes no exercício da advocacia.

É possível trabalhar como autônomo ou empresário na sua profissão, ou a tendência é continuar sempre como empre-gado?

O modelo da advocacia autônoma, do profissional generalista, que era comum há 20 ou 30 anos, vem sendo substituído pelo mo-delo de escritórios maiores, com equipes especializadas em determinados temas, sobretudo nas grandes cidades. Mesmo nesse modelo, a tendência do advogado bem sucedido é se tornar sócio do escritório, mas para isso deverá evoluir na profissão, conse-guindo reunir aptidões técnicas (conhecendo bem a matéria a que se dedica) e conseguindo angariar clientes para o escritório, o que entendo relevante para o crescimento do profissional.

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Na sua opinião, qual é o perfil ideal para um profissional dessa área?

O primeiro e fundamental requisito é a adequada capacidade de expressão, verbal e escrita. E isso não quer dizer saber “falar difícil”. Muito pelo contrário, a advocacia atual exige a capacidade de redação simples, direta, precisa e correta. Para isso, o aluno deve ler e escrever muito, inclusive para o uso adequado da linguagem jurídica. A advocacia pressupõe um bom raciocínio lógico e uma capacidade extrema de negociar, de saber ceder para também ganhar. Lembre-se que a sobrecarga da Justiça tem dificultado a vida do profissional que atua no fórum, obrigando-o a desenvolver a capacidade de encontrar soluções para o seu cliente, fora dos processos judiciais.

Vale a pena iniciar uma faculdade de direito após os 30 anos? Conhece algum advogado bem sucedido que iniciou nes-ta idade?

O exercício da advocacia pode se dar após os 30 anos. Porém, o início da profissão é penoso sob muitos aspectos, o que não chega a ser um impeditivo. Lembre-se que a carreira de advogado pode ser longa, sendo muito comum ver advogados com 45 ou 50 anos de formado, em plena atividade, pois todos os conhecimentos acumulados valorizam o profissional. Para aquele profissional que inicia a carreira em idade mais madura, eu sugeriria tentar advogar em área mais ligada às suas experiências anteriores (como por exemplo: em assuntos comerciais, ou mesmo técnicos como ligados à área da saúde, engenharia etc).

Quais são as principais especializações para um profissional de Direito e quais estão mais em falta no mercado de tra-balho?

Posso listar algumas especializações em voga, como: direito processual, direito dos contratos, direito do consumidor, direito do trabalho, direito do comércio internacional. Não vejo com clareza a “falta” de nenhum especialista no mercado, mas constato a va-lorização no mercado para jovens estudantes e recém-formados que saibam escrever bem, que tenham uma atitude pró-ativa na busca de soluções para o cliente e para o escritório e, sobretudo, que tenham uma visão de médio e longo prazo, que se traduza em dedicação à profissão e compromisso com o escritório ou órgão que o contrata.

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Qual habilidade é a mais útil e necessária para o exercício da profissão?

Como já me referi, acredito que o profissional deve ter grande aptidão de comunicação (verbal e escrita), sólidos conhecimentos teóricos, boa capacidade de relacionamento interpessoal, e mesmo comercial, para saber se valorizar e ter o seu serviço valorizado pelos clientes. E jamais deve perder a humildade, pois os nossos desafios se renovam diariamente, e nunca se deve menosprezar um caso, e menos ainda os colegas de profissão.

Em que áreas um advogado pode trabalhar?

Em todas as áreas acima referidas. Logicamente que são distintas as rotinas e atividades, devendo o estudante identificar as suas características pessoais que mais se encaixam com cada uma dessas atividades, isto é, se ele gosta de estudar e ensinar (área aca-dêmica), se tem maior aptidão prática de se relacionar e resolver questões práticas (advocacia), se tem perfil para um trabalho mais rotineiro e estável (serviço público).

Qual é a perspectiva para esse mercado daqui a 5 ou 10 anos?

Com o aumento brutal do número de faculdades e de formandos, o mercado está muito concorrido. Todavia, existe um crescimento na demanda de profissionais em função do crescimento do número de ações, sendo relevante o crescimento de ações envolvendo consumidores e fornecedores e das chamadas “pequenas causas”, além do surgimento de novas áreas da profissão, ligadas às novas tecnologias, desporto e entretenimento, propriedade intelectual etc.

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ENGENHARIA ELÉTRICA

Nome / idade: Alberto Furtado Scodiero Júnior, 37 anos

Formação / ano: Escola Politécnica da USP (Poli-USP), em 1996

Ocupação atual: Especialista em telecomunicações da empresa de telefonia Claro

Destaques da carreira: desenvolveu redes de celulares no Brasil e no México | atuou em empresas como Ericsson e TIM

Ao entrar no mercado de trabalho, é melhor experimentar várias empresas de início ou já se estabelecer em um único emprego?

Essa estratégia depende muito das oportunidades que surgirem. Mas é importante ter paciência no início da carreira e não esperar ascensões meteóricas, porque isso não é a regra e, sim, a exceção. Não acho que se deva trocar de empresa apenas para experimen-tar uma nova, mas, sim, quando as perspectivas forem realmente melhores do que a atual. Uma mudança de emprego implica em sair da sua zona de conforto, restabelecer-se na nova organização, integrar-se à nova equipe e construir novamente sua imagem no novo ambiente. Há que se pesar sempre todos esses aspectos.

Em que medida você interage com outras pessoas durante o seu trabalho?

O meu trabalho, como em outras áreas da engenharia, faz parte de um processo. Neste sentido, mesmo quando executo ativida-des isoladamente, interajo com meus predecessores, clientes internos ou prestadores de serviço que executam meus projetos ou as ações resultantes das minhas análises. Mas é natural na área de engenharia de rádio frequência que muitas atividades típicas do engenheiro sejam realizadas através de um grupo de profissionais com o mesmo tipo de especialidade ou com capacitações ligei-ramente diferentes, ou seja, a interação pessoal é diária e constante.

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Você trabalha nos fins de semanas? Com que frequência?

Isto depende da etapa de projeto em que a atividade do engenheiro de rádio frequência esteja inserida. Em situações de “startup” de novas redes celulares, por exemplo, é muito comum um nível de atividade muito intenso e fins de semana ocupados com o tra-balho. Mas isso não é a regra e, em geral, não é necessário trabalhar nos fins de semana. Entretanto, o mercado de telefonia celular no Brasil é bastante competitivo e o profissional que pretende ingressar nesta área deve estar preparado para responder a altas de-mandas e trabalhar sob pressão.

Você pode fazer o seu próprio horário de trabalho?

O engenheiro, embora seja considerado um profissional liberal, normalmente executa sua função trabalhando em empresas, seja como funcionário cujo contrato é regido pela CLT ou como consultor autônomo. Portanto, deve seguir a diretriz de dedicação ho-rária especificada em seu contrato. Algumas empresas permitem flexibilidade de horários e até atuação em “home office”. No meu caso, especificamente, tenho horário flexível.

É necessário se atualizar de forma permanente na sua profissão?

Manter-se atualizado é importante em qualquer área do conhecimento. A atuação na área de tecnologia exige não apenas estar atualizado, mas também estar preparado para reciclar quase que totalmente o conhecimento acumulado em tecnologias em cons-tante substituição. Existem cursos de especialização voltados para esse tipo reciclagem tecnológica. Treinamentos são oferecidos pelas empresas desenvolvedoras de tecnologia, mas é importante ser bastante autodidata para se manter atualizado. Com respeito a línguas estrangeiras, obviamente que o domínio do inglês é fundamental. As empresas que atuam globalmente utilizam o inglês como língua oficial internamente. Muitas consideram o mercado brasileiro inserido dentro de unidades de negócio da América La-tina, portanto se comunicar em espanhol também é importante.

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Para algumas pessoas, alguns cursos como mecatrônica, engenharia eletrônica, engenharia elétrica, engenharia de te-leinformática etc. são a mesma coisa. Quais as diferenças principais entre esses cursos e outros que possam ter alguma relação com essa área?

Normalmente, os cursos de engenharia contemplam um ciclo básico de formação em exatas com disciplinas de cálculo e física. Di-ferenciam-se depois pela finalidade das áreas. A engenharia elétrica destina-se ao desenvolvimento de sistemas que se utilizam da transformação de energia elétrica para cumprir suas finalidades. Já a engenharia mecatrônica, como habilitação específica da enge-nharia mecânica, destina-se ao desenvolvimento de sistemas mecânicos controlados eletronicamente, destinados aos mais diversos fins, mas principalmente industriais.

O que mais o decepcionou no exercício da profissão?

Não guardo decepções na minha profissão. A gama de possibilidades que se abre ao engenheiro ao longo de sua carreira é bastante grande, dando pouco espaço para decepções.

Qual é o maior desafio para o exercício da sua profissão?

Creio que o maior desafio seja ser eficiente nas soluções demandadas ao engenheiro. Eficiência implica obter soluções de execução viável, de baixo custo e com a urgência necessária.

Como engenheiro elétrico, posso me especializar em alguma área de energia, como por exemplo a energia solar?

Sim. Geração e distribuição de energia elétrica estão entre as atribuições do engenheiro elétrico. Energia solar é um das áreas de pesquisa em geração de energia na qual este profissional pode se especializar.

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É possível trabalhar como autônomo ou empresário na sua profissão, ou a tendência é continuar sempre como empre-gado?

Sim, é possível trabalhar como autônomo, atuando como consultor ou empreender seu próprio negócio, seja como desenvolvedor de tecnologia ou como prestador de serviços de engenharia.

O que mais o agradou/surpreendeu de forma positiva em sua profissão?

A diversidade de campos de atuação é bastante grande, o que possibilita ao engenheiro elétrico escolher aquilo que mais lhe agrada.

Qual habilidade é a mais útil e necessária para o exercício da profissão?

O engenheiro deve utilizar seu conhecimento técnico em algo prático e viável. Considero essa a principal habilidade ao exercício da profissão.

Quais campos se pode atuar e como é o dia-a-dia de um engenheiro elétrico?

A engenharia elétrica compreende as áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, microeletrônica, computação, telecomunicações e automação elétrica. O seu dia-a-dia pode ser consideravelmente diferente nessas áreas, sobretudo porque o campo de atuação é vasto, com espaço para áreas típicas de engenharia como desenvolvimento de produtos ou projetos e outras como pré-vendas, pós-vendas, qualidade, operações etc.

Quanto tempo leva até você conseguir alcançar certa “estabilidade” na sua carreira?

Assim como em outras carreiras, na engenharia não se alcança estabilidade, pois a evolução é constante e até necessária. Há sempre algo novo a ser desenvolvido, estudado, aprendido e executado.

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Qual é a perspectiva para esse mercado daqui a 5 ou 10 anos?

Ainda existe muito espaço para o setor de telecomunicações crescer no Brasil. A consolidação do mercado de telefonia móvel e fixa ainda está em evolução após apenas 10 anos da privatização do sistema Telebrás. Considerando a telefonia móvel, os avanços tecnológicos têm aberto novas formas de exploração do mercado e a banda larga móvel deverá crescer muito nos próximos anos, trazendo oportunidades para o engenheiro elétrico em toda a cadeia produtiva do setor.

Na sua opinião, qual é o perfil ideal para um profissional dessa área?

O engenheiro deve ser bastante analítico e pragmático. É necessário ser curioso e observador. Deve ter conhecimento técnico pro-fundo e saber aplicá-lo com criatividade para desenvolver as melhores soluções aos desafios que lhe são impostos. Deve ter método em suas ações, porém, sem excessos para manter-se eficiente. Deve estar sempre disposto ao estudo para se manter atualizado.

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LETRAS

Nome / idade: Marcos de Moraes, 42 anosFormação / ano: Universidade de São Paulo (USP), em 1991

Ocupação atual: Professor de literatura brasileira na Universidade de São Paulo (USP)

Destaques da carreira: doutorado em literatura brasileira pela USP | organizador da Correspondência Má-rio de Andrade & Manuel Bandeira | desenvolve pesquisas sobre memorialismo a partir da correspondência de escritores no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP)

Descreva um dia da sua rotina profissional

O professor de letras, em uma universidade pública, cumpre, em geral, contrato de dedicação exclusiva, ou seja, ministra aulas, reali-za pesquisas e orienta trabalhos de iniciação científica e de pós-graduação, na área específica de seu conhecimento. Isso quer dizer uma dedicação de 40 horas semanais às tarefas acadêmicas. Atividades de docência e de pesquisa definem uma agenda ao mesmo tempo prevista (sala de aula) e flexível (desenvolvimento de projetos em arquivos, consulta a bibliotecas, participação em bancas, reuniões de trabalho etc). Livros, teses, periódicos, documentação de fonte primária (manuscritos, correspondência de escritores etc), computador (acesso a programas de textos, a bases de dados e à internet) são objetos cotidianos de um estudioso da área de letras. Espaço de produção do conhecimento e de diálogo intelectual, as pesquisas universitárias almejam o desenvolvimento peda-gógico e científico de largo alcance social. No campo dos estudos literários, especificamente, a organização de acervos de escritores, tendo em vista a sua democrática difusão, bem como a preparação de edições fidedignas de obras, por exemplo, ecoam no espaço escolar e na imprensa, favorecendo reflexões que possam ampliar o conhecimento sobre determinado assunto.

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Em que medida você interage com outras pessoas durante o seu trabalho?

As pesquisas universitárias na área de Letras são realizadas individualmente, levando em consideração, sempre, os diálogos que envolvem colegas da própria universidade e de outras instituições. Configuram-se estudos de aspectos literários (interpretação de obras, de autores, de períodos literários, brasileiros e estrangeiros), bem como linguísticos. Essas pesquisas são frequentemente di-vulgadas em congressos nacionais e internacionais, suscitando o apuro crítico-reflexivo do pesquisador. Muitos professores formam grupos de pesquisa que se reúnem periodicamente, ou equipes de trabalho, em atividade conjunta mais cotidiana, em projetos temáticos de grande envergadura e caráter multidisciplinar, congregando estudiosos de várias instituições universitárias. Assim, no meu caso, além do projeto individual que prevê a edição da correspondência reunida do escritor Mário de Andrade, participo do projeto temático subvencionado pela Fapesp, processo de criação de Mário de Andrade, sob a coordenação, no Instituto de Estudos Brasileiros da USP, de minha colega, a professora Telê Ancona Lopez, pesquisa que, aproximando estudiosos de diferentes áreas das artes e humanidades, deseja compreender os meandros da produção literária do criador de Macunaíma, a partir de seus manus-critos, cartas e biblioteca. Vale assinalar, contudo, que tanto projetos individuais ou coletivos visam também a formação de jovens pesquisadores, alunos de graduação e de pós-graduação.

Você trabalha nos fins de semanas? Com que freqüência?

Leitura de dissertação.

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Introdução

Conclusão

D1

D2

O contexto da desistência universitária no Brasil

Evitando a desistência

Primeira experiência de conhecimento

Segunda experiência de conhecimento