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INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS ALTERAÇÕES HISTOQUÍMICAS EM GENÓTIPOS RESISTENTES E SUSCETÍVEIS AO BICHO-MINEIRO-DO-CAFEEIRO. DANIEL ALVES RAMIRO Campinas Estado de São Paulo Outubro de 2003

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INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS

ALTERAÇÕES HISTOQUÍMICAS EM GENÓTIPOS RESISTENTES E

SUSCETÍVEIS AO BICHO-MINEIRO-DO-CAFEEIRO.

DANIEL ALVES RAMIRO

Campinas

Estado de São Paulo Outubro de 2003

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ALTERAÇÕES HISTOQUÍMICAS EM GENÓTIPOS

RESISTENTES E SUSCETÍVEIS AO BICHO-MINEIRO-DO-

CAFEEIRO

DANIEL ALVES RAMIRO

Engenheiro Agrônomo

Orientador: Prof. Dr. Oliveiro Guerreiro Filho

Dissertação apresentada ao Instituto Agronômico para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical – Área de Concentração em Melhoramento Genético Vegetal.

Campinas Estado de São Paulo

Outubro-2003

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Ramiro, Daniel Alves

Alterações histoquímicas em genótipos resistentes e suscetíveis ao bicho-mineiro-do-cafeeiro / Daniel Alves Ramiro. - Campinas, 2003.

x, 73 f. : il. color.

Orientador: Oliveiro Guerreiro Filho Dissertação (mestrado em agricultura tropical e subtropical) – Instituto

Agronômico.

1. Café. 2. Leucoptera coffeella. 3. parênquima. 4. polifenol-oxidase. 5. peroxidase. 6. resistência. I. Título.

CDD: 632.7

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ALTERAÇÕES HISTOQUÍMICAS EM GENÓTIPOS RESISTENTES E SUSCETÍVEIS AO BICHO-MINEIRO-DO-

CAFEEIRO

Daniel Alves Ramiro Engenheiro Agrônomo

Aprovada em: Comissão julgadora: Assinatura: Prof. Dr. Oliveiro Guerreiro Filho (orientador) ........... ........................................ Dra. Mirian Perez Maluf .................................................... Dr. Carlos Henrique Siqueira de Carvalho .................................................... Campinas, de de

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Dedico este trabalho ao Engenheiro Agrônomo

Dr. Cleufas Ramiro, meu pai

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iv

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Agronômico, pela oportunidade de realização do Curso de Mestrado.

À CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pela

concessão de bolsa de estudo.

Ao Dr. Oliveiro Guerreiro Filho, pela amizade, dedicação, paciência e orientação

profissional.

Ao Dr. Paulo Mazzafera e à Dra Rachel Benetti Queiroz Voltan, pela orientação

profissional e pela disponibilização dos laboratórios para a realização deste trabalho.

À gloriosa Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", em especial à Prof. Dra

Beatriz Appezzato da Gloria.

Aos pesquisadores e funcionários do Centro de Café "Alcides Carvalho".

Aos professores do Curso de Mestrado.

A todos os meus colegas de curso, e em especial à MS Cristiana de Gaspari Pezzopane.

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À minha mãe Zuleide, ao meu irmão Davi, à minha irmã Pati, ao meu cunhado Gustavo

e minha sobrinha Clarice.

Aos meus sogros Silvio e Antonieta, ao cunhado Henrique e à cunhada Ruth.

À minha querida esposa Silvia, pela inestimável ajuda e pelo carinho constante.

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SUMÁRIO PáginaRESUMO................................................................................................................ ABSTRACT........................................................................................................... 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................

2.1 Interação cafeeiro x bicho-mineiro.............................................................2.2 Aspectos bioquímicos da resistência..........................................................2.3 Compostos fenólicos e enzimas oxidativas................................................ 2.4 A anatomia foliar e o bicho-mineiro...........................................................

3 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................

3.1 Material Vegetal......................................................................................... 3.2 Criação de insetos em laboratório.............................................................

3.2.1 Técnicas de criação.....................................................................3.2.2 Material de criação e condições ambientais do insetário...........

3.3 Infestação das plantas e avaliação do nível de resistência em laboratório.3.4 Caracterização anatômica das folhas..........................................................3.5 Análises bioquímicas..................................................................................

3.5.1 Fenóis totais................................................................................ 3.5.2 Cromatografia líquida de alta eficiência.................................... 3.5.3 Ácido clorogênico........................................................................3.5.4 Enzimas oxidativas foliares.........................................................

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................

4.1 Expressão de resistência pelo tipo de reação observada nos discos...........4.2 Avaliação anatômica das folhas................................................................. 4.3 Caracterização das lesões provocadas pelas lagartas................................. 4.4 Análises bioquímicas..................................................................................

4.4.1 Fenóis totais................................................................................ 4.4.2 Comparação qualitativa de compostos fenólicos........................4.4.3 Quantificação de ácido clorogênico............................................4.4.4. Enzimas oxidativas foliares........................................................

4.5 Discussão final............................................................................................ 5 CONCLUSÕES...................................................................................................6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................

vii

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ALTERAÇÕES HISTOQUÍMICAS EM GENÓTIPOS RESISTENTES

E SUSCETÍVEIS AO BICHO-MINEIRO-DO-CAFEEIRO

Autor: Daniel Alves Ramiro

Orientador: Oliveiro Guerreiro Filho

RESUMO

O bicho-mineiro, Leucoptera coffeella (Guérin-Méneville, 1842) (Lepidoptera:

Lyonetiidae), é a principal praga da cultura cafeeira, chegando a causar prejuízos

superiores a 50% na produção devido à queda prematura das folhas e redução da área

fotossintética. O programa de melhoramento genético do cafeeiro do Instituto

Agronômico (IAC) utiliza a espécie Coffea racemosa como doadora de genes de

resistência ao inseto que são transferidos de maneira convencional para C. arabica. O

objetivo deste trabalho foi realizar uma caracterização comparativa do tecido foliar e

identificar possíveis alterações bioquímicas relacionadas ao ataque de L. coffeella nas

espécies parentais C. arabica e C. racemosa e em plantas híbridas derivadas do

cruzamento entre elas, com diferentes níveis de resistência. Os estudos anatômicos

foram efetuados em cortes transversais de folhas e consistiram em medições da

espessura das cutículas adaxial e abaxial, epiderme adaxial e abaxial, parênquimas

paliçádico e lacunoso, espessura total da folha e porcentagem do mesófilo foliar

representada pelo parênquima paliçádico. As lesões provocadas pelo inseto foram

medidas um e quatro dias após a eclosão das lagartas, em cada material genético. Os

resultados revelaram que existem diferenças na espessura dos tecidos foliares entre as

espécies parentais C. arabica e C. racemosa. Entretanto, nenhum dos tecidos

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avaliados diferiu entre plantas híbridas resistentes e suscetíveis, sugerindo que as

características anatômicas avaliadas não devem estar relacionadas com o mecanismo

de resistência a L. coffeella. Nas avaliações das lesões, observou-se o crescimento

retardado dos insetos em plantas resistentes, relacionando a resistência das plantas à

presença de químicos no parênquima paliçádico. As análises bioquímicas revelaram

que, à exceção da atividade de peroxidase (PER), não existe resposta diferencial para

o ataque do bicho-mineiro entre plantas híbridas resistentes e suscetíveis. A indução

de atividade de PER foi relacionada ao dano provocado pelo inseto e não com a

resistência. As concentrações de fenóis e ácidos clorogênicos foram

significantemente maiores em C. arabica e nas plantas híbridas, e decresceram com a

infestação. Em C. racemosa houve acréscimo do teor de ácidos clorogênicos na

presença das lagartas com quatro dias após a eclosão. A atividade de polifenoloxidase

(PFO) foi superior em C. racemosa e ocorreu indução devido ao ataque do inseto.

Entretanto, as médias de plantas híbridas resistentes e suscetíveis foram

estatisticamente iguais para fenóis totais e teores de ácidos clorogênicos, além de

apresentarem exatamente o mesmo teor médio de proteínas e possuírem o mesmo

padrão de atividade de PFO. Os resultados obtidos sugerem que a oxidação fenólica

catalisada pelas enzimas PFO e PER não exerce função central no mecanismo de

defesa do cafeeiro contra L. coffeella.

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HISTOCHEMICAL DIFFERENCES IN COFFEA GENOTYPES

RESISTANT AND SUSCEPTIBLE TO THE COFFEE LEAF MINER

Author: Daniel Alves Ramiro

Advisor: Oliveiro Guerreiro Filho

ABSTRACT

The leaf miner Leucoptera coffeella (Guérin-Méneville, 1842) (Lepidoptera:

Lyonetiidae) is the major pest of coffee culture, being responsible for significant

production losses as the result of premature leaves fall, and consequent reduction of

the photosynthetic area. The Coffee Breeding Program of the Agronomic Institute

(IAC) has been transferring, through traditional crossings, genes that confers the

resistance to the leaf-miner from the species C. racemosa to the susceptible species C.

arabica. The main objective of this study was to characterize leaf tissues, at

histological and biochemical level, from the parental species C. racemosa and C.

arabica, and also from their hybrids exhibiting different resistance levels.

Comparisons of those analyses could identify possible alterations related to the leaf-

miner attack. Histological analysis were performed in leaf transverse cuts, and

included measurements of superior and inferior cuticles thickness, total palisade and

spongy parenchyma, total leaf thickness, and percentage of the palisade parenchyma

in total leaf mesophyll. Results reveal that there are significant differences in leaf

tissue thickness between parental species C. arabica and C. racemosa. However, in

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hybrids analysis no such difference could be observed between resistant and

susceptible progenies, suggesting that the anatomical differences of parental

genotypes may not be related to coffee resistance mechanisms to L. coffeella. Leaf

lesions developed upon insect attack were measured in each genotype, at one and four

days after larvae eclosion. In these evaluations, a slow insect development was

observed in resistant plants, which could be related to the presence of specific

chemicals in the palisade parenchyma. Results of biochemical analysis demonstrated

that the activity of peroxidase (POD) was the only one affected by the attack of the

leaf miner, and no other differential response was observed between resistant and

susceptible hybrid progenies. In this case, the activation of POD was related to the

insect damage rather than to resistance mechanisms. The activity of polyphenol

oxidase (PPO) was increased in C. racemosa leaves upon leaf-miner attack.

Concentration of phenols and clorogenic acid were significantly higher in leaves of C.

arabica and hybrid progenies, but were reduced after insect infestation. In the other

hand, in C. racemosa leaves an increase of clorogenic acid levels was observed in the

presence of larvae, at four days after eclosion. However, average concentration of

phenols and clorogenic acid was similar among resistant and susceptible hybrid

progenies. Also, all hybrid progenies showed similar protein levels and same pattern

of PPO activity. The results obtained in this work suggest that the phenolic oxidation

catalyzed by PPO and POD is not directly related to coffee defense mechanisms

against L. coffeella.

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1 INTRODUÇÃO

A agricultura brasileira se consolidou nas últimas décadas como uma das mais

competitivas do planeta, alcançando índices de produtividade e desenvolvimento

tecnológico comparáveis àqueles dos principais países produtores. Seguindo este

paradigma, a cafeicultura nacional permanece como a mais importante do mundo, sendo

responsável por 35% do total de sacas de café colhidas anualmente. No Brasil, o

agronegócio café responde por 6% do produto interno bruto (MEIRELLES, s.d.), e gera

dois milhões de empregos diretos (CONSÓRCIO, 2003). O Estado de São Paulo, que

atualmente ocupa o terceiro lugar entre os estados produtores, atrás de Minas Gerais e

Espírito Santo, produz cerca de quatro milhões de sacas por ano, gerando um movimento

de 2.5 bilhões de dólares e 500 mil empregos diretos ou indiretos (THOMAZIELLO et al.,

2000), concentra a maior parte de todos os segmentos da cadeia produtiva, da produção

de insumos ao mercado consumidor.

São conhecidas atualmente mais de cem espécies do gênero Coffea, sendo apenas

duas comercialmente importantes: Coffea arabica L., originária da Etiópia, Sudão e

Quênia, e Coffea canephora Pierre, oriunda de regiões tropicais e subtropicais do

continente africano, onde hoje se situam Nigéria e Camarões (CHEVALIER, 1947). Os

cafés do tipo Arábica correspondem a 70% dos plantios comerciais do mundo,

principalmente pela qualidade superior de sua bebida. No Brasil, cerca de 30% da

produção é proveniente de Coffea canephora, também conhecido como café Robusta, e

o restante é da espécie C. arabica. Embora não tenham importância comercial, as

demais espécies são fornecedoras em potencial de genes relacionados com a resistência

a pragas, doenças e condições ambientais adversas (MEDINA-FILHO et al., 1984;

CARVALHO E FAZUOLI, 1993) e, portanto, compõem uma importante reserva para

programas de melhoramento genético do cafeeiro.

O desenvolvimento da cafeicultura brasileira se deve grandemente ao trabalho

realizado pelo Instituto Agronômico (IAC), desde sua fundação em 1887, e a um extenso

programa melhoramento genético do cafeeiro, iniciado em 1932, que deu origem a um

expressivo número de cultivares recomendados para as mais variadas regiões do país.

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Estima-se que mais de 90% dos cafeeiros do Brasil tenham sido originados de cultivares

desenvolvidos pelo IAC. Dentre as pesquisas realizadas destacam-se o desenvolvimento

de cultivares até 240% mais produtivos que a cultivar Nacional, introduzida no país,

cultivares resistentes ao fungo da ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix) e de

cultivares porta-enxerto resistentes aos nematóides Meloidogyne exigua, M. incognita e

M. paranaensis, a principal praga de raiz do cafeeiro.

Paralelamente ao desenvolvimento de cultivares com alta produtividade e

resistência à ferrugem e nematóides, o IAC tem se destacado na obtenção de variedades

de café tolerantes a insetos. Dentre as pragas de importância primária destaca-se o

bicho-mineiro, Leucoptera coffeella (Guérin-Méneville, 1842)

(Lepidoptera:Lyonetiidae), um micro-lepidóptero - 6,5mm de envergadura - cujas

lagartas, ao se alimentarem das folhas do cafeeiro, chegam a causar prejuízos superiores

a 50% na produção (PAULINI et al., 1976; THOMAZIELLO et al., 1979) devido à queda

prematura das folhas (CROWE, 1964) e redução da área fotossintética (MAGALHÃES,

1964; WALKER E QUINTANA, 1969). Este inseto era considerado problema apenas no

período seco do ano, mas a aplicação ostensiva de defensivos agrícolas nas lavouras

cafeeiras, principalmente de produtos com largo espectro de ação, a utilização de

espaçamentos maiores visando a mecanização e as extensas áreas de plantio contínuo

favoreceram a sua proliferação, e atualmente a infestação atinge níveis de dano

significativo em qualquer época do ano (PARRA, 1975).

Para o desenvolvimento de cultivares resistentes ao bicho-mineiro, o programa

de melhoramento genético do cafeeiro do IAC utiliza a espécie C. racemosa como

doadora de genes de resistência ao inseto, em função de sua floração abundante e da

facilidade de cruzamentos com C. arabica (CARVALHO e MONACO, 1968). As pesquisas

foram iniciadas a partir de dois indivíduos pertencentes à segunda geração de

retrocruzamentos (RC2) com C. arabica (MEDINA-FILHO et al., 1977b), e atualmente

uma população de plantas pertencentes à quinta geração de retrocruzamentos (RC5) vem

sendo avaliada em condições de campo.

Embora a seleção de plantas melhoradas esteja em um nível avançado, e já tenha

sido possível relacionar a resistência ao inseto a dois genes complementares e

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dominantes (GUERREIRO-FILHO et al., 1999), pouco se sabe sobre a natureza bioquímica

desta característica, bem como do papel desempenhado por importantes enzimas no

metabolismo do cafeeiro. Também não são conhecidos marcadores fenotípicos

associados à resistência, os quais poderiam acelerar o processo de seleção das plantas

superiores.

Apesar de significativos avanços na seleção de plantas de café resistentes, com a

obtenção efetiva de progênies com características desejadas, como boa produção e

qualidade de bebida, o desenvolvimento de uma nova variedade ainda mostra-se

distante. A utilização de métodos convencionais de melhoramento genético em plantas

perenes e de ciclo vegetativo longo torna o trabalho bastante oneroso, dispendendo,

muitas vezes, décadas para serem concluídos.

Técnicas de biologia molecular vêm se mostrando nos últimos anos como um

potencial instrumento para o desenvolvimento de plantas, aumentando significantemente

a obtenção de produtos melhorados através da utilização de marcadores moleculares e da

inserção de genes desejáveis em espécies agrícolas.

Embora a cafeicultura tenha grande importância econômica, os estudos da

biologia molecular do cafeeiro ainda estão em fase inicial e muito pouco foi descoberto

sobre os genes que codificam características como resistência a pragas e doenças.

O objetivo deste projeto foi realizar uma caracterização comparativa do tecido

foliar e identificar possíveis alterações bioquímicas relacionadas ao ataque de

Leucoptera coffeella nas espécies parentais C. arabica e C. racemosa, e em plantas

híbridas deste cruzamento com diferentes níveis de resistência, com a finalidade de

fornecer ferramentas para uma futura identificação dos genes que codificam para

resistência da planta de café ao bicho-mineiro.

.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Interação cafeeiro x bicho-mineiro

O bicho-mineiro na fase adulta tem hábito crepuscular noturno, coloração geral

prateada, apresentando em cada ponta das asas anteriores uma mancha circular preta e

de halo amarelo. Durante o dia, as mariposas permanecem na região inferior das folhas,

de onde saem no final da tarde para iniciarem suas atividades (SOUZA et al., 1998). As

fêmeas fazem a postura sempre na face adaxial das folhas e, após a eclosão, as lagartas

penetram diretamente no mesofilo foliar, não havendo contato com o meio externo, onde

iniciam a alimentação e conseqüentemente o dano.

A praga é específica do gênero Coffea e todas as variedades de C. arabica são

suscetíveis ao inseto (MEDINA-FILHO et al., 1977a). Até o momento, a aplicação de

produtos químicos é o método de controle mais eficiente, o que eleva os custos de

produção e causa prejuízos ao meio ambiente e ao próprio homem. O desenvolvimento

de variedades resistentes ao bicho mineiro é uma alternativa para reduzir estes

problemas.

No gênero Coffea têm sido identificados diferentes níveis de resistência ao bicho-

mineiro entre as espécies. GUERREIRO-FILHO et al. (1991) sugeriu o agrupamento das

espécies em altamente resistentes (C. stenophylla, C. brevipes, C. salvatrix e C.

liberica), moderadamente resistentes (C. racemosa, C. kapakata, C. dewevrei e C.

eugenioides), suscetíveis (C. congensis e C. canephora) e altamente suscetíveis (C.

arabica).

Outras espécies oriundas da África Continental, como C. humilis, C. sp

moloundou, C. jasminoides, ou da ilha de Madagascar, como C. perrieri e C. resinosa,

também apresentaram níveis elevados de resistência ao inseto (GUERREIRO-FILHO,

1994).

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2.2 Aspectos bioquímicos da resistência

De maneira geral, os mecanismos bioquímicos de defesa das plantas contra

insetos podem ser divididos em resistência estática ou constitutiva, que é definida como

o efeito combinado de todas as barreiras constitutivas presentes na planta antes do

ataque, e resistência ativa ou induzida, que é desenvolvida via mecanismos de proteção

ativados durante o contato com o predador (GATEHOUSE, 2002). A resistência

constitutiva é baseada na produção e estocagem de compostos durante o curso normal de

desenvolvimento e crescimento da planta que, quando atacada, fornece prontamente

estes químicos com a função de deter ou eliminar o herbívoro. A defesa pode atuar como

barreira física, como no caso de lignificação ou produção de resinas, ou pode atuar como

um sinal bioquímico percebido pelo inseto, bloqueando a alimentação e/ou oviposição,

ou como toxina. A resistência induzida está vinculada à síntese de proteínas, as quais

atuariam como toxinas, ou como interruptores do metabolismo da praga (RYAN E

PEARCE, 1998).

Os processos biossintéticos envolvidos nos mecanismos de defesa ativa e estática

são fundamentalmente os mesmos, e envolvem a expressão dos mesmos genes, diferindo

entre si só quando da expressão do gene. Em um a expressão gênica é resultado do

processo normal de desenvolvimento da planta, enquanto que no outro a expressão é

regulada por sinal causado por estímulo externo (GATEHOUSE, 2002).

O principal provedor dos compostos que fazem parte de ambos os mecanismos

de defesa é o metabolismo secundário das plantas. O termo metabolismo secundário se

refere a uma grande e diversa gama de compostos orgânicos que aparentemente não tem

função direta em processos que influenciam no crescimento e desenvolvimento da

planta, como fotossíntese, respiração, transporte de solutos, translocação e assimilação

de nutrientes, e diferenciação celular. Diferentemente dos produtos finais e

intermediários do metabolismo primário, como clorofila, aminoácidos, nucleotídeos,

carboidratos e lipídeos, os produtos secundários têm distribuição restrita no reino

vegetal, isto é, determinados compostos são freqüentemente encontrados em somente

uma determinada espécie de planta, ou em grupos de espécies relacionadas, fator este

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que os capacita a serem utilizados como marcadores taxonômicos. Entretanto, em alguns

casos a distribuição é quase universal, e talvez nem devessem ser considerados produtos

secundários, como jasmonatos e alguns compostos fenólicos (BENNETT E WALLSGROVE,

1994).

Em um passado recente acreditava-se que estas substâncias eram apenas resíduos

que se acumulavam ao fim do metabolismo primário, e por esta razão seriam de menor

importância funcional, ou seja, seriam componentes secundários do ciclo de vida das

plantas. Entretanto, esta hipótese não era verdadeira e nas últimas décadas comprovou-se

que os metabólicos secundários exercem importantes funções ecológicas nas plantas,

entre as quais proteção contra herbivoria e infecção por microorganismos patógenos,

armazenamento de reservas nutricionais, proteção contra raios ultravioleta, proteção

contra osmose e outros estresses ambientais, atração de organismos polinizadores,

interações alelopáticas com outras plantas, e provavelmente muitas outras funções, nem

todas estudadas ou conhecidas (BENNETT E WALLSGROVE, 1994).

2.3 Compostos fenólicos e enzimas oxidativas

Uma classe de substâncias produzidas pelo metabolismo secundário de todas as

plantas vasculares é a dos compostos fenólicos (HARBONE, 1982, citado por APPEL,

1993). Os compostos fenólicos são caracterizados pela presença de um anel aromático

portando uma ou mais hidroxilas. Os fenóis podem ser simples, formados por uma

unidade fenólica chamada de fenilpropanóide, como o ácido clorogênico e as cumarinas,

ou compostos, formados pela união entre unidades fenilpropanóides, de flavonóides

como antocianinas e fitoalexinas, até polímeros complexos como taninos e ligninas. Em

plantas superiores, as reações que envolvem a síntese de compostos fenólicos são

catalisadas pela enzima fenilalanina amônia-liase (TAIZ E ZEIGER, 1998).

Os compostos fenólicos foram identificados inicialmente como integrantes de

mecanismos de defesa das plantas contra patógenos e herbívoros (KOSUGE, 1969;

FEENY, 1969), mas suas atividades são muito mais diversas e podem ocorrer tanto ao

nível de ecossistema quanto de organismo (APPEL, 1993). Entre os processos

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fisiológicos das plantas influenciados por fenóis estão: proteção contra estresse

ambiental, síntese de moléculas sinalizadoras em interações planta-patógeno,

constituição estrutural de parede celular e pigmentação floral (HARBONE, 1985, citado

por BI et al., 1997; HAHLBROCK E SCHEEL, 1989). Seus efeitos em interações de plantas

com detrívoros, herbívoros e patógenos incluem obstrução de alimentação, estímulo de

alimentação, inibição de digestão, estímulo de digestão, toxicidade, redução de

toxicidade, resistência a doenças, inibição e transdução de sinais e regulação do ciclo de

nutrientes (BERNAYS E WOODHEAD, 1982; BERNAYS et al., 1989; FRIEND, 1981).

Segundo APPEL (1993), a atividade ecológica dos fenóis depende das condições

físico-químicas nas quais eles ocorrem, porque estas determinam modificações químicas

e modos de ação. As condições de pH, o potencial redutor (Eh) e a concentração de

enzimas oxidativas, não-oxidativas e redutores irão determinar a ionização dos fenóis

para íons fenolato ou a oxidação para quinonas (Figura1). Todas as três formas podem

participar em reações com outras moléculas através de quatro tipos principais de

ligações: hidrofóbica, de hidrogênio, iônica e covalente, em ordem crescente de força

(PIERPOINT, 1983, citado por FELTON et al., 1992) (Figura 2).

Adaptado de APPEL, 1993. 1

Figuras 1-2. Tipos de oxidação e os modos po

As interações covalentes entre fenólic

são especialmente deletérias para os insetos (

a biodisponibilidade dos aminoácidos e são ir

freqüentemente essenciais, resulta em uma

2

tenci

os ox

FELT

rever

reduç

ais de ligações fenólicas.

idados (quinonas) e proteínas da dieta

ON et al., 1989a), uma vez que alteram

síveis. A alquilatação de aminoácidos,

ão da digestibilidade, assimilação e,

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finalmente, no valor nutricional das proteínas da planta (FELTON et al., 1989b; 1992a;

DUFFEY E FELTON, 1991, citados por STOUT et al., 1998).

As quinonas também podem ser diretamente tóxicas aos herbívoros (DUFFEY E

STOUT, 1996; STOUT et al., 1998) e a redução cíclica dos fenólicos oxidados podem

formar espécies reativas de oxigênio (-OH, H2O2 e O2¯) que danificam nutrientes

essenciais ou moléculas integrais como lipídeos, proteínas e ácidos nucléicos (BI E

FELTON, 1995).

Diversos trabalhos têm relacionado a oxidação fenólica com a resistência de

plantas a herbivoria. FELTON et al. (1992b), relataram que a oxidação do ácido

clorogênico reduziu significantemente a qualidade da proteína para a lagarta Spodoptera

exigua em dietas artificiais. A redução do crescimento larval foi correlacionada

significantemente com o nível total na dieta dos aminoácidos lisina, histidina, cisteína e

metionina, sabidamente serem suscetíveis a reações com quinonas.

LUCZYNSKI et al. (1990), descreveu o desenvolvimento retardado do ácaro

Tetrancychus urticae em folhas de morangueiros. Em cultivares contendo altas

concentrações de compostos fenólicos o crescimento deste ácaro foi claramente

suprimido, supostamente pela inativação de suas enzimas digestivas via ligações

covalentes. Outros trabalhos mostraram que o dano causado por T. urticae induziu uma

nova síntese de fenóis na planta (KIELKIEWICZ E VAN DE VRIE, 1982, citados por

BENNETT E WALLSGROVE, 1994; INOE et al., 1985). Existem também exemplos de

resistência a este ácaro envolvendo fenóis em outras culturas como hortelã (LARSON E

BERRY, 1984) e crisântemo (KIELKIEWICZ E VAN DE VRIE, 1990).

Em plantas de Betula pendula Roth, o ataque da lagarta Apocheima pilosaria

(Lepidoptera, Geometridae) produziu um maior aumento de fenóis quando comparada a

folhas danificadas artificialmente (HARTLEY E FIRN, 1989), reduzindo a palatabilidade

para os insetos. A redução da palatabilidade foi correlacionada significantemente com o

aumento de compostos fenólicos.

Ácido clorogênico e rutina, quando inseridos em dietas artificiais, retardaram o

crescimento larval dos lepidópteros Helicoverpa zea, Heliothis virescens, Pectinophora

gossypiella, Manduca sexta, Spodoptera eridania e Spodoptera exigua (DUFFEY E

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9

ISMAN, 1981; ELLIGER et al., 1981; LINDROTH E PETERSON, 1988; STAMP, 1990;

HORWATH E STAMP, 1993; STAMP E YANG, 1996).

A oxidação fenólica pode ocorrer rapidamente no ambiente catalisada por

enzimas e oxidantes de plantas, solo, sedimentos, água e trato digestivo de herbívoros e

detrívoros (APPEL, 1993). Existem numerosas enzimas produzidas por plantas e

micróbios que oxidam fenóis, incluindo monofenoloxidases, lacases, polifenoloxidases

(PFO) e peroxidases (PER) (MAYER,1987).

As enzimas foliares oxidativas PFO e PER são armazenadas à parte de seus

substratos fenólicos in situ, mas têm habilidade para oxidar rapidamente o-

diidroxifenóis, como por exemplo, o ácido clorogênico, para a correspondente o-quinona

quando o tecido é danificado (FELTON et al, 1989a).

As PFOs (EC 1.14.18.1 ou EC 1.10.3.2) têm sido estudadas em várias espécies

de plantas e são essencialmente constitutivas em plantas superiores (SHERMAN et al.,

1991). Esta enzima é responsável por catalisar a hidroxilação de monofenóis para o-

difenóis, e posterior oxidação de compostos o-difenólicos para o-quinonas. A atividade

das PFOs no período pós-colheita é de grande importância, uma vez que as reações

secundárias das quinonas levam a formação de pigmentos poliméricos marrons ou

pretos, causando escurecimento típico de extratos de plantas e tecidos danificados, os

quais são responsáveis por perdas significativas de frutas e vegetais (BACHEM et al.,

1994; TOMAS-BARBERAN E ESPÍN, 2001). As quinonas derivadas das oxidações fenólicas

também causam alterações nas características organolépticas e no valor nutricional dos

alimentos durante o processamento industrial (DICKO et al., 2002). Nas plantas, o papel

fisiológico das PFOs ainda é desconhecido, embora a função mais provável seja o

envolvimento em mecanismos de defesa contra predadores e patógenos (CONSTABEL et

al., 2000). Vários autores têm relatado a indução de atividade de PFO como resposta a

fatores bióticos e abióticos, incluindo danos causados por herbívoros, infecções por

fungos e bactérias, ferimentos, aplicação de regurgitantes de insetos, tratamento com o

elicitor sistemina e exposição ao composto sinalizador da via metabólica octadecanóide

metil jasmonato (MeJA) (BOSS et al., 1995; THIPYAPONG et al., 1995, 1997; CONSTABEL

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et al., 1995, 2000; CONSTABEL E RYAN, 1998; STOUT et al., 1998; KRUZMANE et al.,

2002).

Entretanto, outros trabalhos não encontraram relação entre esta enzima e a

resistência das plantas em interações com predadores e patógenos. FELTON et al. (1994)

reportaram que o ataque do coleóptero Ceratoma trifurcata não afetou as atividades de

PFO e PER em soja. BI E FELTON (1995) avaliaram o efeito da herbivoria por

Helicoverpa zea na indução de atividade de onze enzimas foliares em soja. Somente

PFO não foi induzida em níveis significantes. Em outro experimento, não foi observada

correlação entre a taxa de crescimento da lagarta especialista Manduca sexta e da lagarta

generalista Heliothis virescens e os níveis foliares de PFO e PER em plantas

transgênicas de tabaco (BI et al., 1997). Pesquisas realizadas com cinqüenta variedades

de sorgo não detectaram qualquer relação entre quantidade de fenóis, PFO e PER nos

grãos e a suscetibilidade ou resistência de plantas individuais a doenças. Também não

houve relação com fatores abióticos como seca e fotoperíodo (DICKO et al., 2002). Em

um amplo estudo, CONSTABEL E RYAN (1998) avaliaram a atividade de PFO constitutiva

e induzida por ferimentos e metil jasmonato (MeJA) em dezessete espécies e um híbrido

de álamo agronomicamente importantes. Todas as plantas testadas apresentaram

atividade de PFO constitutiva, mas em níveis muito variáveis, mesmo em plantas

pertencentes à mesma família. As espécies pesquisadas responderam aos tratamentos

ferimento e aplicação de MeJA de forma muito diversificada, variando de nenhum a até

50 vezes o aumento da atividade enzimática. Os autores sugerem que em plantas que

apresentaram alta inducibilidade, tomate (Lycopersicon esculentum), tabaco (Nicotiana

tabacum) e álamo híbrido (Populus trichocarpa x P. deltoides), e em plantas com altos

teores de PFO constitutiva (Salix sp e Glycine max) a enzima tenha provavelmente uma

função antinutritiva, e atue na defesa contra insetos. Nas demais espécies a função é

desconhecida.

Em plantas de café, os níveis de PFO constitutiva são relativamente altos quando

comparados a outras espécies, mas a indução por ferimento mecânico e MeJA se

mostrou limitada (MAZZAFERA E ROBINSON, 2000). A relação entre a enzima e estresse

biótico foi pouco documentada. MAZZAFERA et al. (1989) sugerem haver uma relação

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entre a atividade de PFO e a resistência do cultivar Apoatã de Coffea canephora ao

nematóide Meloidogyne incognita. Em outra pesquisa, MAXEMIUC-NACACHE E

DIETRICH (1985) verificaram atividade da enzima em interações incompatíveis entre

genótipos de café e o agente causal da ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix). Na

literatura nada foi encontrado sobre atividade da enzima polifenoloxidase relacionada à

herbivoria em cafeeiros.

A outra enzima envolvida na oxidação de compostos fenólicos é a peroxidase

(EC. 1.11.1.7). A PER catalisa a conversão de peróxidos de hidrogênio (H2O2) em água

usando fenóis como doadores de hidrogênio. Concomitante a PFO, tem efeito negativo

na digestibilidade e na disponibilização de proteínas para insetos herbívoros (DUFFEY E

STOUT, 1996). Entretanto suas funções fisiológicas nas plantas são mais conhecidas e

estão relacionadas ao espessamento de parede celular e cicatrização de ferimentos,

incluindo lignificação (GOLDBERG et al., 1985) e suberização (ESPELIE E KOLATTUKUDY,

1985; ESPELIE et al., 1986).

A indução de atividade de peroxidase em resposta a aplicação de elicitores de

vias metabólicas (INBAR et al., 1998), ferimentos (HIRAGA et al., 2000, KATO et al.,

2000) e infecção é um fenômeno conhecido (HAMMERSCHMIDT et al., 1982). Vários

estudos também reportaram aumento de PER por herbivoria (STOUT et al.,1994; BI E

FELTON, 1995; VAN DER WESTHUIZEN et al., 1998; FORSLUND et al., 2000).

A ação antinutritiva da peroxidase, além da formação de quinonas, pode incluir

lignificação e ligações entre proteínas ricas em hidroxiprolina da parede celular, com

conseqüente decréscimo da digestibilidade dos tecidos da planta (BI E FELTON, 1995).

Entretanto, a base bioquímica da resistência contra herbívoros relacionada à indução da

atividade de PER não pôde ser comprovada (VAN DER WESTHUIZEN et al., 1998). O

aumento na atividade enzimática pode estar relacionado ao processo de cicatrização do

tecido danificado, ou refletir a capacidade dos tecidos em destruir espécies reativas de

oxigênio, principalmente H2O2, durante o estresse oxidativo induzido pelo ferimento

(OROZCO-CARDENAS E RYAN, 1999).

Em cafeeiros, as informações sobre o modo de ação da peroxidase são quase

inexistentes. As exceções são os relatos sobre a atividade da enzima em interações com

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nematóides (MAZZAFERA et al.1989) e com o fungo da ferrugem (MAXEMIUC-NACACHE

E DIETRICH, 1985). Até o momento, os supostos efeitos antinutritivos da enzima para

insetos são desconhecidos nesta cultura.

2.4 A anatomia foliar e o bicho-mineiro

A resistência ao bicho mineiro é determinada pela expressão de dois genes

complementares e dominantes, identificados como Lm1, lm1, Lm2 e lm2 (GUERREIRO-

FILHO et al., 1999). O efeito destes genes sobre a praga ainda é desconhecido.

Segundo a classificação triangular de Painter, descrita por ROSSETO (1969), os

casos de resistências de plantas contra insetos podem ser agrupados em: a) não

preferência, quando uma planta é menos utilizada pelo inseto para alimentação ou

oviposição que outra em igualdade de condições, b) antibiose, quando o inseto predador

sofre alguma influência adversa em seu desenvolvimento normal devido a características

intrínsecas da planta hospedeira e, c) tolerância, quando uma planta sofre igual

infestação comparada a uma planta suscetível, mas tem capacidade de suportar a

infestação, ou de regenerar os tecidos destruídos ou crescer.

No caso da interação bicho-mineiro x cafeeiro, ainda não foi possível a

identificação do tipo de resistência apresentada pelas plantas. MEDINA-FILHO et

al.(1977), observando lagartas mortas no interior de minas em folhas de C. stenophylla,

sugeriram que a resistência nessa espécie se relaciona com o desenvolvimento do inseto,

e não com sua penetração nos tecidos, evidenciando uma relação tipo antibiose. No

entanto, CARDENAS (1981) sugere que a resistência se deva à falta de alimentação da

lagarta e não à antibiose.

No mesofilo foliar, as minas provocadas como resultado da alimentação do

inseto estão exclusivamente no parênquima paliçádico (CARDENAS, 1981). Assim como

em todos os outros órgãos vegetais, o parênquima é o representante do tecido

fundamental e é nele que se realizam as atividades metabólicas da planta. São células

caracterizadas com freqüência como potencialmente meristemáticas, sendo responsáveis

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pelos fenômenos de cicatrização de lesões, regeneração, formação de raízes e caules

adventícios e a união de enxertos (ESAU, 1973).

No gênero Coffea este tecido é constituído por uma única camada de células,

localizada logo abaixo da epiderme superior das folhas, dispostas com seu eixo maior

perpendicular à epiderme. Subseqüente ao paliçádico, e entre este e a epiderme inferior,

se encontra o parênquima esponjoso ou lacunoso, que é composto por 10-12 camadas de

células dispostas irregularmente, com enormes vazios entre si (DEDDECA, 1957).

Na maioria das plantas, incluindo café, o conteúdo de clorofila e a densidade de

cloroplastos do mesofilo paliçádico são substancialmente maiores que no mesofilo

esponjoso (BARBER E BAKER, 1985, citados por KIMMERER E POTTER, 1987; DEDDECA,

1957). Desta maneira, o conteúdo protéico do parênquima paliçádico deve ser muito

maior que do esponjoso. Além disso, a maioria das toxinas e outros compostos de defesa

são armazenados nos vacúolos das células do parênquima e epiderme (ROSENHEIM et al.,

1996). Na literatura existem poucos trabalhos relacionando aspectos anatômicos das

folhas e herbivoria por insetos minadores.

FEENY (1970) observou que minadores de folhas de carvalho (Quercus robur L.)

se alimentam seletivamente sobre o mesofilo esponjoso, talvez para evitar o paliçádico

rico em tanino.

MINKENBERG E OTTENHEIM (1990) e INBAR et al.(1998) relataram que existe uma

relação entre os teores de proteína no parênquima paliçádico e o ataque da mosca

minadora de folhas, Liriomyza trifolli, em tomate.

Em cafeeiros, CARDENAS (1981) descreveu anatomicamente as espécies C.

arabica, C. canephora, C. stenophylla, um híbrido triplóide entre C. arabica e C.

canephora, e um híbrido do Timor também derivado de um cruzamento natural entre

estas espécies, não encontrando correlação estatística entre resistência ao bicho-mineiro

e características botânicas das folhas. Entretanto, a distância genética entre o

germoplasma avaliado parece ser um viés nos estudos realizados pelo autor.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Material Vegetal As análises foram realizadas em folhas de cafeeiros adultos mantidos em

condição de campo, e pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma do Instituto

Agronômico de Campinas, situado no Centro Experimental Central, na Fazenda Santa

Elisa, Campinas-SP. As plantas utilizadas nos experimentos pertencem às espécies C.

arabica e C. racemosa, e progênies oriundas das gerações RC4, F2RC4 e RC5 do

cruzamento entre estas espécies (Quadro 2), pertencentes ao programa de melhoramento

genético visando resistência ao bicho-mineiro do cafeeiro desenvolvido pelo IAC.

Foram escolhidos cinco indivíduos de cada material genético utilizando como

parâmetro de amostragem o vigor da planta e a relação de resistência ou suscetibilidade

ao inseto. As plantas de C. arabica selecionadas para os ensaios foram do cultivar Obatã

(IAC1669-20), suscetível ao bicho-mineiro. Os indivíduos da espécie C. racemosa

apresentaram, em avaliações anteriores à dissertação, resistência moderada e variável.

Entre uma grande população de híbridos foram escolhidas cinco plantas altamente

resistentes ao inseto e cinco plantas suscetíveis, porém com níveis menores de

suscetibilidade quando comparadas às variedades de C. arabica. A identificação das

plantas pode ser vista no quadro 1.

Quadro 1. Identificação dos indivíduos pertencentes às espécies Coffea arabica e Coffea

racemosa e de progênies resistentes e suscetíveis derivadas deste cruzamento.

Material Genético Planta C. arabica

(Obatã IAC1669-20) C. racemosa C. arabica x C. racemosa

(Resistentes) C. arabica x C. racemosa

(Suscetíveis)

1 C 400 - Lote 100 H6608-1 H14954-7 H13685-1-10 2 C 215 - Lote 100 H6611-1 H14954-29 H13685-1-2 3 C 393 - Lote 100 H6593-1 H14954-37 H14949-14 4 C 576 - Lote 100 H6593-3 H14954-45 H13376-8 5 C 569 - Lote 100 IAC 5057 H14954-46 H13685-1-26

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Quadro 2. Progênies e plantas selecionadas em diferentes gerações do programa de

melhoramento genético visando resistência ao bicho-mineiro-do-cafeeiro

desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas.

Geração

População

Parental

C. racemosa C1195 (R) x C. arabica cv Blue Mountain (S)

F1

C1195-5 (R)

(C. racemosa x C. arabica)

RC1

C1195-5-6 (R)

(C. arabica x C1195-5)

RC2

C1195-5-6-1(R)

(C. arabica x C1195-5-6)

C1195-5-6-2(R)

(C. arabica x C1195-5-6)

RC3

H12092-5 (R)

(IAC 81 x C1195-5-6-2)

H11877-4 (R) (IAC 24 x C1195-5-6-2)

H11877-11 (R)

(IAC 24 x C1195-5-6-2)

H11421 (R)

(H4782-7-882 x 1195-5-6-2)

H13684-7-

H13684-7 [PA]

H11877-4-

H11877-4 [PA]

H11877-11-

H11877-11 [PA] RC3F2

H11421-17-23 (R) H11421-17 [PA]

H11536-3-49 (R)

H11536-3 [PA]

H11877-11-18 (R)

H11877-11 [PA]

H11877-11-9 (R)

H11877-11 [PA]

RC3F3

H11877-11-9-

H11877-11-9 [PA]

H11877-11-18-

H11877-11-18 [PA]

H11421-17-23-

H11421-17-23 [PA]

H11536-3-49-

H11536-3-49 [PA]

H13685-1* (R)

(IAC 81 x H11421-11)

H13685-2 (S) (IAC 81 x H11421-11)

H13465-5 (S)

(IAC 62 x H11877-)

H13465-7 (R) (IAC 62 x H11877-)

H14066-11 (S)

(IAC 62 x H12114-1)

H14060-7 (R) (IAC 62 x H12092- )

H14060-10 (S) (IAC 62 x H12092-)

H14136-5 (R)

(IAC-100 x H11421-17)

H14066-12 (R) (IAC 62 x H12114-1)

H13376 (R)

(H11421- x IAC 81 x H12114-1)

H14940- (IAC 62 x H12037-1)

H14941-

(IAC 62 x H11877-11)

RC4

H14949-

(IAC 62 x H12092-5)

H14950-

(IAC 62 x H11877-11)

H14961- (IAC 62 x H11421-17)

H14963-

(IAC 62 x H11421-11)

H13685-1-**

(IAC 81 x H11421-11) [PA]

H13685-2-

(IAC 81 x H11421-11) [PA]

H13465-5-

(IAC 62 x H11877-) [PA]

H13465-7-

(IAC 62 x H11877-) [PA]

H14066-11- (IAC 62 x H12114-1) [PA]

H14060-7-

(IAC 62 x H12092- ) [PA]

H14060-10-

(IAC 62 x H12092- ) [PA]

H14136-5-

(IAC-100 x H11421-17) [PA]

RC4F2

H14066-12- (IAC 62 x H12114-1) [PA]

H14066-13-

(IAC 62 x H12114-1) [PA]

H14066-4-

(IAC 62 x H12114-1) [PA]

H14104-4-

(IAC-72 x H12074- ) [PA]

H14955- (IAC 62 x H13376-8)

H14926-

(Pacas x H13685-1)

H14998- (IAC 62 x H14096-2)

H14954-

(IAC 62 x H13685-1) RC5

H14942-

(IAC 62 x H13465-7)

H14964-

(IAC 62 x H13660-6)

Adaptado de GUERREIRO-FILHO et al., 1999. * planta; ** progênie; (R) = resistentes; (S) = suscetíveis; (RC) = retrocruzamentos; (PA) = polinização aberta; IAC 24, IAC 62, IAC 72, IAC 81 e IAC 100 são linhagens de Coffea arabica cv. Catuaí; Pacas é um cv. de Coffea arabica; negrito = ascendência das plantas utilizadas nos experimentos.

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3.2 Criação de insetos em laboratório

A produção dos insetos utilizados nos experimentos foi realizada segundo a

metodologia descrita por KATIYAR E FERRER (1968), adaptada por PARRA (1985).

3.2.1 Técnicas de criação

Mudas de cafeeiros suscetíveis são colocadas em gaiolas de infestação, mantidas

em insetário, para a oviposição. O número de plantas, assim como a permanência das

mesmas nas gaiolas, variam com o tamanho da população de insetos em seu interior.

Uma vez infestadas, as mudas são retiradas das gaiolas e colocadas em caixas plásticas

datadas, organizadas em prateleiras dentro do insetário até que os insetos atinjam a fase

de crisálida. Para empupar, as lagartas abandonam as folhas lesionadas (Figura 4) e

descem pôr meio de um fio de seda por elas produzido até folhas mais baixas, onde

tecem um casulo também de seda em forma de X, geralmente na face inferior das folhas

(Figura 5). Em condições de laboratório, uma quantidade importante de lagartas

empupam nas laterais dos sacos de acondicionamento das mudas e nas caixas plásticas.

Para evitar perda substancial de insetos, ramos de cafeeiros suscetíveis são colocados na

região do colo das mudas. Desta maneira, as lagartas que não encontraram folhas no

caminho do fio de seda, empupam nas folhas dos ramos. Esta etapa, da retirada das

mudas da gaiola até o abandono das folhas pelas lagartas, dura em média quinze dias nas

condições do insetário.

A maioria das lagartas abandona as folhas simultaneamente em mudas que foram

infestadas no mesmo dia, e a formação dos casulos acontece em poucas horas. Após esta

ocasião, as folhas contendo crisálidas são destacadas e colocadas no interior das gaiolas

de criação previamente limpas, onde ocorre a emergência dos adultos e o conseqüente

fechamento do ciclo biológico dos insetos. Esta fase, do empupamento à eclosão do

adulto dentro das gaiolas, dura aproximadamente cinco dias. As mariposas sobrevivem

pôr cerca de seis dias nas condições ambientais do insetário.

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3.2.2 Material de criação e condições ambientais do insetário

As mudas utilizadas na criação são de variedades de C. arabica, cultivadas no

viveiro de mudas do Centro de Café Alcides Carvalho (IAC). Foram utilizadas técnicas

agronômicas normais para mudas de cafeeiros.

As três gaiolas para a manutenção dos insetos adultos foram construídas com

estrutura e fundo de madeira, sendo as paredes laterais e a parede superior revestidas pôr

tecido branco de algodão (voil). As gaiolas são quadradas com base de 60 x 60 cm,

mantidas a uma distância de 70 cm em relação ao chão (Figura 3).

A sala do insetário foi mantida em temperatura de 27 ± 2oC, fotofase de 14 horas

e umidade relativa de 70 ± 10%, condições estas que permitem a obtenção de insetos em

maior número e ciclos mais curtos (PARRA, 1985). As mariposas foram alimentadas com

solução de sacarose a 10% (NANTES E PARRA, 1978), fornecida em papel de filtro

mantido sobre as gaiolas e renovado periodicamente para evitar a fermentação da

solução açucarada e o desenvolvimento de fungos. Segundo PARRA (1985), a

alimentação dos adultos prolonga sua longevidade e aumenta o número de ovos postos

pôr fêmea.

Figura 3. Gaiola de criação

3.3 Infestação das pla

laboratório

O nível de resistência d

acordo com metodologia descr

Figura 4. Lagarta. Figura 5. Folhas com pupas.

ntas e avaliação do nível de resistência em condições de

as 20 plantas que compõe os experimentos foi avaliado de

ita por GUERREIRO-FILHO (1994), que consiste na utilização

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de um suporte de isopor medindo 2 x 10 x 30 cm, vasado por tubos Eppendorfs

distanciados 3 cm um do outro (Figura 6). Nestes tubos, previamente completados com

água, três folhas de cada uma das plantas a serem avaliadas foram fixadas pelo pecíolo com

a ajuda de uma pequena espuma hidratada. Foram coletadas folhas bem desenvolvidas,

oriundas do terceiro ou quarto par de folhas, em ramos situados no terço médio das plantas.

Após a fixação, o suporte contendo as folhas foi inserido na gaiola de criação, expondo as

folhas à oviposição pelo período de uma noite. Na manhã seguinte, com o auxílio de uma

vazador de rolhas com 1 cm de diâmetro (Figura 7), foram cortados três discos de cada

folha nos locais onde havia posturas, totalizando nove discos por planta. Para a

padronização da infestação o excedente de ovos foi eliminado com estilete, deixando-se

três ovos por disco. Após a eliminação dos ovos, os discos foram mantidos em câmara

úmida - caixas plásticas com espuma umedecida (Figura 8) - por cerca de doze dias,

tempo necessário para o desenvolvimento das lesões em plantas de C. arabica, tomada

como padrão de suscetibilidade.

Figura 6. Suporte de isopor. Figura 7. Vasador de rolhas. Figura 8. Câmaras úmidas.

A avaliação do nível de resistência foi feita mediante escala de 1 a 4 pontos,

estabelecida por GUERREIRO-FILHO et al.(1999), que consiste na classificação das plantas

quanto à resistência ao bicho-mineiro em função do tipo de lesão apresentada após

infestação artificial em laboratório (Quadro 3) (Figura 9). O modelo experimental

adotado para a análise dos dados foi o delineamento inteiramente casualizado, com nove

repetições, sendo os fatores ‘população’ e ‘plantas’ arranjados de forma hierárquica. As

análises de variância foram realizadas manualmente e as médias foram comparadas pelo

teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

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19

Quadro 3. Escala de pontos para a classificação de plantas em função da análise do tipo de

lesão desenvolvida em discos foliares.

Pontos Classificação Descrição

1

2

3

4

Resistente

Moderadamente Resistente

Moderadamente Suscetível

Suscetível

Lesões pontuais

Lesões filiformes pequenas

Lesões grandes irregulares

Lesões grandes arredondadas

A B C D

Figura 9. Tipos de lesões produzidas por Leucoptera coffeella em folhas de cafeei

com diferentes níveis de resistência. A) Lesões pontuais; B) Lesões filiform

pequenas; C) Lesões grandes irregulares; D) Lesões grandes arredondadas.

3.4 Caracterização anatômica das folhas

Os estudos anatômicos foram efetuados em folhas do terceiro e quarto pares

contar do ápice caulinar, coletadas em toda a circunferência da planta na altu

equivalente à 2/3 do total. Em cada planta foram coletadas cinco folhas das quais for

recortados, na região mediana do limbo foliar, segmentos de aproximadamente 0

cm2/folha, que foram posteriormente fixados em solução de formaldeído-ácido acétic

álcool etílico 50% (F.A.A.) (JOHANSEN, 1940) e mantidos sob vácuo por 48h. E

seguida, o material foi desidratado em série alcoólica-etílica para inclusão em parafi

Do material incluído em parafina foram feitas secções transversais de 15µm

espessura em micrótomo rotativo manual. O material seccionado passou por etapas

distensão, colagem em lâminas com adesivo Haupt (JOHANSEN, 1940), coloração p

ros

es

, a

ra

am

,25

o-

m

na.

de

de

ela

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combinação safranina – azul-de-alciã e montagem em Permount. A avaliação dos cortes

transversais foi efetuada em microscópio ótico, e consistiu em trinta mensurações de

cada indivíduo, da espessura das cutículas adaxial (superior) e abaxial (inferior),

epiderme adaxial e abaxial, parênquimas paliçádico e lacunoso, espessura total da folha

e porcentagem do mesófilo foliar representada pelo parênquima paliçádico, num total de

150 medições pôr material genético. O modelo experimental adotado para a análise dos

dados foi o delineamento inteiramente casualizado, com trinta repetições, sendo os

fatores ‘população’ e ‘plantas’ arranjados de forma hierárquica. As análises de variância

foram realizadas com o auxílio do programa estatístico MINITAB (2000), versão 13, e

as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Para a avaliação do dano causado por L. coffeella, as folhas das plantas estudadas

foram infestadas nas gaiolas descritas no item 3.2. Cortes histológicos foram realizados

em folhas com lesões desenvolvidas um e quatro dias após a eclosão das lagartas,

utilizando-se a metodologia descrita por JOHANSEN (1940). As avaliações das lesões

causadas pelo bicho-mineiro foram realizadas com o auxílio de microscópio ótico

utilizando-se uma régua micrométrica, sendo mensurada a maior extensão da lesão. Os

dados foram analisados mediante utilização de um modelo misto - hierárquico

(populações-plantas) e fatorial (dias após eclosão-populações) em delineamento

inteiramente casualizado, com número de repetições variável. As análises de variância

foram realizadas manualmente e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao

nível de 5% de probabilidade.

3.5 Análises bioquímicas

As análises bioquímicas consistiram em avaliações comparativas entre folhas não

infestadas e infestadas com lagartas em diferentes estágios de desenvolvimento, das

concentrações de compostos fenólicos e das atividades das enzimas oxidativas PER e

PFO.

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21

3.5.1 Fenóis totais

Extração

Para a extração de fenóis totais foram coletadas vinte folhas de cada uma das

plantas estudadas. Destas vinte folhas, dez foram infestadas nas gaiolas de criação e dez

permaneceram não infestadas. Nas folhas que foram expostas ao bicho-mineiro, os ovos

colocados em um dos lados da folha foram eliminados. Todas as folhas foram mantidas

nas mesmas condições, porém em caixas úmidas separadas, até dois dias após a eclosão

das lagartas nas folhas infestadas. Nesta ocasião, foi retirado um segmento de tecido

foliar de aproximadamente 25 mm2 de cada uma das folhas não infestadas e um

segmento de cada um dos lados das folhas com lagartas, o lado com lesão e o lado sem

lesão (Figura 10).

A

Figura 10. Segmentos amostrados em folhas não

das folhas infestadas (B).

No lado danificado destas folhas, os cor

porém próximos das lesões. Após os cortes, cada

de tecido foliar foi rapidamente identificado, pes

extração de fenóis foi realizada com 3 ml de

rosqueada mantidos em banho-maria a 50oC at

folhas. Em seguida o extrato etanólico foi usado

o método de SWAIN E HILLIS (1959). Este me

B

i

te

t

ad

é

p

sm

nfestadas (A) e em cada um dos lados

s foram realizados em tecidos sadios,

ratamento composto por 10 segmentos

o e mantido em gelo até a extração. A

etanol absoluto, em tubos de tampa

completa descoloração dos cortes de

ara dosagem de fenóis totais seguindo

o extrato foi usado para as análises

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qualitativas em cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), conforme descrito em

seguida. Os dados foram analisados mediante utilização de um modelo fatorial

(infestação-populações) em delineamento inteiramente casualizado, com cinco

repetições (plantas). As análises de variância foram realizadas com o auxílio do

programa estatístico SANEST (ZONTA E MACHADO, 1992), e as médias foram

comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

3.5.2 Cromatografia líquida de alta eficiência

A separação de compostos fenólicos por CLAE foi realizada em um equipamento

Shimadzu, equipado com bomba modelo FVC10ALVp/LC10Ai, detetor de diodo

modelo SPDM10AVp, auto-injetor modelo SIL-10Ai. Este conjunto é controlado por

um sistema controlador modelo SCL10AVp. A detecção dos compostos evoluindo da

coluna foi feita entre 190 e 400 nm e o sinal do detetor foi adquirido por uma estação de

trabalho, usando-se o sistema ClassVP da Shimadzu. A coluna usada para a separação

foi de fase reversa LC18 – Supelco. O gradiente de separação foi de 0 a 70% de metanol

em acetato de sódio 0,5% em 25 minutos, indo de 70 a 100% entre 25 e 26 minutos e

depois mantendo em 100% de metanol até 35 minutos. O fluxo do solvente foi de 1

ml/min.

3.5.3 Ácido clorogênico

Para a quantificação de ácido clorogênico em cada tratamento utilizou-se a área

dos gráficos fornecidos pela cromatografia líquida em 326 nm. Os dados foram

analisados mediante utilização de um modelo fatorial (infestação-populações) em

delineamento inteiramente casualizado, com cinco repetições (plantas). Os índices

referentes às concentrações de ácido clorogênico foram transformados utilizando-se a

equação y = log(x + 1). As análises de variância foram realizadas com o auxílio do

programa estatístico SANEST (ZONTA E MACHADO, 1992), e as médias foram

comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

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23

3.5.4 Enzimas oxidativas foliares

Extração e dosagem

A quantificação de proteína total e da atividade das enzimas peroxidase e

polifenoloxidase foram realizadas em extratos obtidos de folhas não infestadas e

infestadas contendo lagartas com um e quatro dias de idade, em todas as plantas

participantes do experimento. Foi retirada uma amostra de tecido foliar, semelhante ao

descrito na extração de fenóis, de vinte folhas de cada uma das plantas nas seguintes

condições: a) folhas recém destacadas não infestadas; b) folhas infestadas mantidas em

câmaras úmidas até 1 dia após a eclosão da lagarta; c) folhas não infestadas mantidas

sob as mesmas condições das folhas com lagartas de 1 dia; d) folhas infestadas mantidas

em câmaras úmidas até 4 dias após a eclosão da lagarta; e) folhas não infestadas sob as

mesmas condições destas últimas.

A extração para dosagens de enzimas foi feita com tampão fosfato de sódio 100

mM, pH 7, contendo 5 mM ditiotreitol (DTT) e polivinilpolipirrolidona (PVPP insolúvel

- 1/10 volume) em Politron. Foi dado um pulso de 10 segundos e depois mais 20

segundos em rotação nível 5. Parte dos extratos foi transferido para tubos Eppendorfs e

estes centrifugados em centrífuga de bancada Eppendorf a 14.000 rpm por 15 minutos.

O sobrenadante foi coletado e a concentração de proteínas foi determinada usando-se o

reagente pronto da BioRad, baseado no método de BRADFORD (1976). Os extratos foram

reservados em freezer -20oC para posterior dosagens das atividades. As dosagens de

PER e PFO seguiram os métodos usados por MAZZAFERA et al. (1989). Os dados foram

analisados mediante utilização de um modelo fatorial (dias após eclosão-populações) em

delineamento inteiramente casualizado, com cinco repetições (plantas). Os índices de

atividade enzimática foram transformados utilizando-se a equação y = log(x + 1). As

análises de variância foram realizadas com o auxílio do programa estatístico SANEST

(ZONTA E MACHADO, 1992), e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao

nível de 5% de probabilidade.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Expressão de resistência pelo tipo de reação desenvolvida. Os resultados relacionados às avaliações da expressão de resistência das plantas

selecionadas para os experimentos estão expressos no quadro 4. A análise de variância

dos valores designados aos discos foliares de acordo com o tipo de lesão desenvolvida

revelou que existem diferenças altamente significativas entre as populações quanto à

expressão de resistência ao bicho-mineiro.

Existe alguma variação no nível de resistência de plantas dentro de populações,

em função de sua composição genética. As plantas de C. racemosa são alógamas e

possuem um sistema de auto-incompatibilidade promovendo grande variabilidade

genética entre indivíduos da espécie (MONACO et al., 1972; SIENTVASAN et al., 1978).

Como conseqüência desta variabilidade, os discos foliares apresentaram lesões dos tipos

1, 2 e 3 (Figura 9). Também era esperada variabilidade entre indivíduos provenientes do

cruzamento interespecífico, uma vez que ainda existe segregação para resistência ao

bicho-mineiro nas progênies. As plantas híbridas foram selecionadas utilizando-se como

padrão de escolha o grau de suscetibilidade ao inseto. Os indivíduos selecionados,

apesar de serem suscetíveis, apresentam uma ligeira expressão de resistência. Contudo,

os insetos são plenamente capazes de completar seu desenvolvimento quando se

alimentam nas folhas destas plantas. Com a exceção da planta H13685-1-2, que

apresentou lesões do tipo 4 em todos os discos foliares, as demais plantas

desenvolveram lesões dos tipos 2, 3 e 4 (Figura 9).

As populações de C. arabica e de plantas híbridas resistentes se mostraram bem

homogêneas quanto à expressão da resistência ao bicho-mineiro, sendo que todos os

discos foliares da espécie apresentaram grau máximo de suscetibilidade desenvolvendo

lesões arredondadas (tipo 4), e a grande maioria dos discos de folhas das plantas híbridas

desenvolveram lesões pontuais (tipo 1), a nota mínima na escala adotada (Quadro 3).

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25

Entretanto, apesar destas variações entre os discos avaliados, não foram

detectadas diferenças estatísticas entre plantas dentro de população, enfatizando a

uniformidade dos tratamentos.

A comparação das médias do nível de resistência ao bicho-mineiro-do-cafeeiro

pelo teste de Tukey, à 5% de probabilidade, não revelou diferença estatística entre a

espécie C. arabica e os híbridos suscetíveis, e entre C. racemosa e os híbridos

resistentes, demonstrando a adequação do material genético selecionado aos

experimentos propostos.

Quadro 4. Nível de resistência ao bicho-mineiro em plantas selecionadas de quatro

populações de Coffea.

Populações Indivíduos avaliados* 1 2 3 4 5 média C. arabica 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 a C. racemosa 1,75 2,44 1,22 2,11 2,44 1,99 b Híbridos suscetíveis 2,67 4,00 2,89 3,22 2,67 3,04 a Híbridos resistentes 1,56 1,00 1,11 1,00 1,00 1,13 b F População = 49,41 ** F Planta(População) = 0,37 ns

* média de nove discos avaliados em laboratório. **significativo ao nível de 1% de probabilidade n.s. não significativo ao nível de 5% de probabilidade

4.2 Avaliação anatômica das folhas

As populações de cafeeiros estudadas não apresentaram diferenças estruturais

foliares, sendo todas as folhas avaliadas dorsiventrais, anfiestomáticas, com cutícula

superior mais espessa que a inferior, epiderme adaxial e abaxial unisseriadas, sendo as

células da epiderme adaxial maiores. O mesofilo é composto por uma só camada de

parênquima paliçádico, localizado logo abaixo da epiderme adaxial, formado por células

contíguas e com o seu maior eixo perpendicular à epiderme. Subjacente ao paliçádico se

encontra o parênquima lacunoso, também conhecido por parênquima esponjoso,

formado por camadas de células irregulares, espaçadas entre si. Os feixes vasculares das

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nervuras secundárias das folhas permeiam as células da parte superior do parênquima

esponjoso, imediatamente abaixo do parênquima paliçádico (Figura 11).

EI

ES

EI

Figura 11(ES) epiderme

En

tecidos f

cruzamen

N

da cutícu

espessura

alimentam

sido obse

espessura

pelo parê

(1957) em

relatou qu

o que co

racemosa

foliar. Na

as epider

PP

PL

NS

. Cortes transversais de folhas de C. arabic superior; (PP) parênquima paliçádico; (PL) parênquima lacunos

tretanto, existem diferenças significativa

oliares nas espécies C. arabica e C. rac

to entre estas espécies.

o quadro 5 verifica-se que à exceção da es

la inferior, as espécies C. arabica e C. r

das demais estruturas. É importante salien

exclusivamente das células do parênquim

rvadas diferenças estatísticas entre as esp

deste tecido, observou-se que a porcentag

nquima paliçádico (PPA) é bastante su

estudos anatômicos em folhas de plantas

e o parênquima paliçádico representa apro

rrobora com os resultados obtidos neste

o parênquima paliçádico representa, em

s avaliações dos demais tecidos das folhas

mes adaxial e abaxial são significativame

PP

PL

ES

a o; (EI) epiderme inferior; (NS) nervuras secundárias.

s entre a espessura dos diferentes

emosa e nos grupos derivados do

pessura do parênquima paliçádico e

acemosa apresentam diferenças na

tar que as lagartas de L. coffeella se

a paliçádico e embora não tenham

écies parentais, no que concerne a

em do mesofilo foliar representada

perior em C. racemosa. DEDDECA

da variedade Typica de C. arabica,

ximadamente 1/5 do mesofilo foliar,

trabalho (22,99 %). Na espécie C.

média, cerca de 2/5 do mesofilo

destas espécies, a cutícula superior e

nte mais espessas em C. racemosa,

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enquanto o parênquima lacunoso é maior em folhas de C. arabica. Estas diferenças entre

as espécies C. arabica e C. racemosa têm uma importante componente genética,

podendo ser consideradas como características dessas espécies parentais (Figuras 12).

EI

PL

ES

PP

A

(ES) epiderme superior; (PP) parênquima paliçádico; (PL) parênquima

Figura 12. Cortes transversais de folhas: A) C.

As avaliações realizadas em plantas

selecionadas nas gerações RC4, F2RC4 e

desenvolvido pelo IAC revelaram que nenhum

dois grupos, e, com exceção do parênquima

apresentaram valores médios em relação a C. a

observado nas espécies parentais, estes

caracterizados pelo nível de resistência ao bich

características anatômicas avaliadas não devem

resistência a L. coffeella. Estas informações

resistência do cafeeiro parece ser de natureza

GUERREIRO-FILHO E MAZZAFERA, 2000).

EI

PLES

PP

B

lacunoso; (EI) epiderme inferior arabica; B) C. racemosa.

resistentes e suscetíveis (Figura 13)

RC5 do programa de melhoramento

dos tecidos avaliados difere entre estes

paliçádico e da cutícula inferior, todos

rabica e C. racemosa. No entanto, como

grupos de plantas são distintamente

o mineiro (Quadro 4), o que sugere que as

estar relacionadas com o mecanismo de

vêm corroborar as suposições de que a

bioquímica (MEDINA-FILHO et al., 1977a;

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Quadro 5. Espessura média da estrutura foliar das espécies C. arabica e C. racemosa e

de dois grupos derivados do cruzamento entre estas espécies.

Populações CS ES PP PL EI CI PPA* EPS µm µm µm µm µm µm % µm

C. arabica 2,65 b 19,97 c 48,43 a 162,48 a 13,43 c 2,11a 22,99 c 249,06 a

C. racemosa 3,93 a 36,42 a 57,14 a 91,71 c 22,13 a 2,24 a 38,45 a 213,57 bc

C. arabica x C. racemosa (R)

2,89 b 23,68 b 47,18 a 109,26 bc 17,79 b 2,11 a 30,10 b 202,91 c

C. arabica x C. racemosa (S)

3,35 ab 24,29 b 59,28 a 129,77 b 17,35 b 2,19 a 31,37 b 236,23 ab

Cutícula superior (CS), epiderme superior (ES), parênquima paliçádico (PP), parênquima lacunoso (PL), epiderme inferior (EI), cutícula inferior (CI) e espessura total do limbo foliar (EPS). (S) Suscetível; (R) Resistente. * porcentagem do mesofilo foliar representada pelo parênquima paliçádico.

EI

PL

PP

A ES

(ES) epiderme superior; (PP) parênquima paliçádico; (PL) parênqui

Figura 13. Cortes transversais de folhas: A) H

O quadro 6 apresenta os valores méd

adaxial e abaxial, parênquimas paliçádico

porcentagem do mesofilo foliar representad

individuais. Por esses dados contidos neste

estatística nas medidas de espessura da epide

parênquima lacunoso entre plantas de C. ara

padronizada - folhas do terceiro e quarto pa

toda a circunferência da planta na altura eq

EIPL

ES

PP

Bma lacunoso; (EI) epiderme inferior

íbrido resistente; B) Híbrido suscetível.

ios da espessura das cutículas e epidermes

e esponjoso, espessura total da folha e

a pelo parênquima paliçádico de plantas

quadro, observa-se que houve diferença

rme adaxial, do parênquima paliçádico e do

bica. Embora a coleta de folhas tenha sido

r, a contar do ápice caulinar, coletadas em

uivalente à 2/3 do total - estas diferenças

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29

refletem a influência de fatores ambientais sobre os tecidos avaliados, uma vez que as

plantas utilizadas pertencem a uma cultivar comercial e, portanto, são geneticamente

homogêneas. Em estudos similares conduzidos com outras espécies botânicas foram

observadas variações anatômicas associadas à intensidade luminosa irradiada sobre as

folhas (BOYER, 1968, 1970; ACEVEDO et al., 1971; RAHIM E FORDHAM, 1991). Em

cafeeiros, FAHL (1989) relatou acréscimo de aproximadamente 11% na espessura total

de folhas de C. arabica cultivadas a pleno sol, quando comparadas a folhas de plantas

cultivadas na sombra. Este aumento foi relacionado às maiores dimensões dos

parênquimas paliçádico e lacunoso, uma vez que não foi observada variação entre a

espessura das cutículas e epidermes. VOLTAN et al. (1992), verificaram decréscimo na

espessura do mesofilo em folhas de plantas de C. arabica, C. canephora e de um híbrido

entre estas espécies quando expostas a menores níveis de irradiância. Nas cinco

variedades de cafeeiro estudadas neste trabalho, os decréscimos na espessura do

paliçádico foram acompanhados por reduções proporcionais do parênquima lacunoso.

Desta maneira, a relação entre a espessura dos parênquimas paliçádico e

lacunoso permanece até certo ponto constante, e pode ser utilizada para identificar a

variação ambiental entre as plantas dentro de cada material genético. Devido a esta

variação, não serão discutidas as diferenças entre plantas na espessura das epidermes e

na espessura total da folha. As variações na espessura da cutícula superior, e a ausência

de diferenças significativas entre a espessura das cutículas inferiores, podem não refletir

as reais diferenças entre plantas dentro de cada população. Para uma caracterização mais

precisa das cutículas seria necessária a utilização de um microscópio eletrônico, em

aumento superior ao empregado nestas análises.

Os dados apresentados no quadro 6 revelam que em relação à porcentagem do

mesofilo foliar representada pelo parênquima paliçádico (PPA), as plantas da espécie C.

arabica não diferem significativamente entre si, confirmando a uniformidade genética

deste material. Era esperada alguma variação genética entre as plantas híbridas uma vez

que são provenientes de cruzamentos interespecíficos mas, à exceção da planta resistente

H14954-29, este material apresentou boa homogeneidade quanto a esta característica,

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Quadro 6. Espessura média de diferentes tecidos de folhas em diferentes plantas das espécies C. arabica e C. racemosa e de

dois grupos derivados do cruzamento entre estas espécies.

Populações Plantas CS ES PP PL EI CI PPA* EPS

µm µm µm µm µm µm % µm

C 400 - Lote 100 2,33 a 21,63 a 44,00 b 157,40 b 13,83 a 2,00 a 21,91 a 241,20 b C 215 - Lote 100 2,83 a 19,73 ab 49,60 ab 174,87 a 12,80 a 2,27 a 22,16 a 262,10 a C 393 - Lote 100 2,60 a 19,93 ab 52,67 a 161,40 b 13,20 a 2,10 a 24,59 a 251,90 ab C 576 - Lote 100 2,57 a 19,97 ab 48,20 ab 164,07 ab 13,87 a 2,13 a 22,70 a 250,80 ab

C. arabica

C 569 - Lote 100 2,90 a 18,57 b 47,67 ab 154,67 b 13,43 a 2,07 a 23,58 a 239,30 b C.V (%) 7,7 4,9 5,8 4,3 3,0 4,2 4,3 3,3

H6608-1 3,73 b 36,93 b 60,73 b 98,00 b 21,73 b 2,17 a 38,41 ab 223,30 b H6611-1 4,57 a 40,17 a 53,90 bc 99,20 b 25,57 a 2,37 a 35,35 c 225,77 b H6593-1 3,77 b 34,62 bc 50,83 cd 73,27 c 20,90 b 2,17 a 41,04 a 185,53 c H6593-3 2,87 c 36,23 bc 44,53 d 75,33 c 22,23 b 2,10 a 37,25 bc 185,30 c

C.racemosa

IAC 5057 4,70 a 34,17 c 75,73 a 112,73 a 20,23 b 2,40 a 40,21 a 249,97 a C.V (%) 16,9 5,8 18,6 16,5 8,4 5,3 5,3 11,7

H14954-7 3,23 ab 22,90 b 47,93 b 110,80 a 17,23 a 2,23 a 30,17 b 204,33 ab H14954-29 3,60 a 24,13 ab 57,00 a 105,90 a 18,23 a 2,27 a 34,99 a 211,13 a H14954-37 2,53 c 25,80 a 41,73 b 108,00 a 18,33 a 2,00 a 27,91 b 198,40 ab H14954-45 2,30 c 23,70 ab 47,40 b 113,73 a 17,50 a 2,00 a 29,47 b 206,63 ab

Híbridos resistentes

H14954-46 2,80 bc 21,87 b 41,83 b 107,87 a 17,63 a 2,07 a 27,97 b 194,07 b C.V (%) 16,3 5,5 11,8 2,5 2,4 5,4 8,6 3,0

H13685-1-10 3,37 ab 22,27 b 52,30 c 117,27 b 17,70 ab 2,27 a 30,79 a 215,17 b H13685-1-2 2,80 b 25,43 a 61,47 ab 142,47 a 16,53 bc 2,10 a 30,14 a 250,80 a H14949-14 3,97 a 25,40 a 57,00 bc 119,87 b 17,93 ab 2,40 a 32,24 a 226,57 b H13376-8 3,33 ab 25,47 a 57,27 bc 118,27 b 19,37 a 2,07 a 32,55 a 225,77 b

Híbridos suscetíveis

H13685-1-26 3,27 b 22,90 ab 68,37 a 151,00 a 15,23 c 2,10 a 31,14 a 262,87 a C.V (%) 11,1 5,8 9,1 10,9 8,0 5,8 2,9 7,5

*(PPA) Porcentagem do mesófilo foliar representada pelo parênquima paliçádico; Cutícula superior (CS) e inferior (CI), epiderme superior (ES) e inferior (EI), parênquima paliçádico (PP), lacunoso (PL) e espessura total do limbo foliar (EPS); (C. V) coeficiente de variação.

30

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31

fato este que reflete o avançado estágio no qual se encontra o programa de

melhoramento genético do cafeeiro visando a resistência ao bicho-mineiro. As

diferenças entre plantas da espécie C. racemosa para PPA foram altamente

significativas, o que pode ser explicado pela característica alógama da espécie. Um

sistema de auto-incompatibilidade encontra-se presente em C. racemosa (MONACO et

al., 1972; SIENTVASAN et al., 1978) promovendo a alogamia que resulta em grande

variabilidade genética entre indivíduos da espécie.

4.3 Caracterização das lesões provocadas pelas lagartas

Entre as espécies C. arabica e C. racemosa, assim como entre as populações

resistentes e suscetíveis (Quadro 7), o dano médio provocado pelas lagartas de L.

coffeella foi significativamente diferente. O diâmetro médio das lesões foi cerca de duas

vezes superior na espécie C. arabica em relação a C. racemosa, e três vezes superior na

população C. arabica x C. racemosa (S) em relação à população C. arabica x C.

racemosa (R). De modo semelhante, o dano médio, mensurado quatro dias após eclosão

das lagartas (1,033) foi estatisticamente superior ao observado um dia após a eclosão

(0,358), evidenciando o desenvolvimento larval (Quadro 7) e a destruição gradual do

parênquima paliçádico.

Quadro 7. Dano médio (mm) e maior comprimento (mm) da lagarta de Leucoptera

coffeella mensurados em folhas de diferentes populações do germoplasma de

cafeeiros a um e quatro dias após eclosão das lagartas.

Dias após eclosão das lagartas 1 4 Populações

DM CL DM CL

Médias de dano total*

C. arabica x C. racemosa (S) 0,565 d 0,47 1,663 a 0,94 0,892 A C. arabica 0,523 d 0,49 1,477 b 0,92 1,035 A C. racemosa 0,178 f 0,16 0,687 c 0,48 0,424 B C. arabica x C. racemosa (R) 0,168 f 0,22 0,305 e 0,35 0,248 B Média** 0,358 A 1,033 B

Valores médios de dano total de populações (*) e de dias após eclosão das lagartas (**) quando seguidos por uma mesma letra maiúscula, não diferem entre si estatisticamente (Tukey 5%). Valores médios da interação entre populações e dias após eclosão das lagartas quando seguidos por uma mesma letra minúscula, não diferem entre si estatisticamente (Tukey 5%); (S) Suscetível; (R) Resistente; (DM) Dano médio; (CL) maior comprimento da lagarta.

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32

Os resultados relacionados à interação dias após eclosão x população (Quadro 7),

ilustram as diferenças significativas observadas no tempo – um e quatro dias após

eclosão das lagartas – dentro de cada população avaliada, assim como as diferenças

entre populações em cada uma das avaliações realizadas. Assim, observa-se que o dano

verificado um dia após eclosão em C. racemosa e C. arabica x C. racemosa (R) foi

significativamente inferior ao verificado em C. arabica e C. arabica x C. racemosa (S),

no mesmo período (Figura 14).

BM

A PP

B

PP

C

(BM) Bicho-mineiro; (PP) Parênquima paliçádico

Figura 14. Cortes transversais de folhas de C

a eclosão da lagarta. A) C. arabica em au

em aumento de 300 vezes; C) C. racemo

resistente em aumento de 200 vezes.

BM

PP

D

offea sp, com o bicho-mineiro um dia após

mento de 300 vezes; B) Híbrido suscetível

sa em aumento de 200 vezes; D) Híbrido

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33

Nas avaliações realizadas quatro dias após eclosão das lagartas (Figura 15), o

nível de resistência da população C. arabica x C. racemosa (R), foi superior ao

apresentado pelo parental resistente, refletindo a homogeneidade do grupo de híbridos

quanto ao nível de resistência quando comparado àqueles obtidos para a espécie C.

racemosa (Quadro 4). Também nesta avaliação, a população C. arabica x C. racemosa

(S), revelou-se mais suscetível que a espécie C. arabica, usada como padrão de

suscetibilidade ao inseto. Este último resultado parece ser paradoxal à avaliação de

resistência realizada em laboratório (Quadro 4), porém ele revela o caráter subjetivo dos

cortes anatômicos. No material que expressa resistência, e em folhas com lagartas de 1

dia, resistentes e suscetíveis, as lesões são pontuais e a escolha para o procedimento

anatômico é aleatória. Já nas plantas suscetíveis com lagartas de 4 dias, as lesões são

maiores (cerca de 1,5 mm), e a escolha dos melhores segmentos para a realização dos

cortes pode influenciar o resultado final. Entretanto, a julgar pelos resultados

relacionados ao dano total médio expresso em milímetros, obtidos na análise de

variância, não existem diferenças médias significativas entre plantas dentro de cada uma

das populações amostradas (Quadro 8), e os resultados expressam o nível de resistência

observados na avaliação em laboratório.

Quadro 8. Dano médio provocado por lagartas de Leucoptera coffeella em folhas de C.

arabica e C. racemosa e em dois grupos de plantas derivadas do cruzamento entre

estas espécies.

Plantas Populações 1 2 3 4 5 Média*

mm mm mm mm mm mm

C. arabica 1,070 0,960 0,910 0,863 1,373 1,035A C. racemosa 0,446 0,620 0,290 0,439 0,325 0,424B C. arabica x C. racemosa (R) 0,243 0,328 0,175 0,184 0,308 0,248B C. arabica x C. racemosa (S) 0,953 0,945 0,928 0,801 0,832 0,892A F Planta(População) = 0,03 ns

Valores médios de populações (*) quando seguidos por uma mesma letra não diferem entre si estatisticamente (Tukey 5%); (S) Suscetível; (R) Resistente.

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34

C

BA

Figura 15. Cortes transversais de folhas de

bicho-mineiro quatro dias após a eclosã

C) Híbrido resistente; D) Híbrido suscetí

A julgar pelo dano causado pelas

populações com diferentes níveis de resistê

em plantas resistentes, existe a possibilidad

à presença de químicos no parênquima p

conseqüente desenvolvimento do bicho-mi

bioquímicas apresentadas na seqüência.

D

Coffea

o da lag

vel.

lagarta

ncia, e

e da re

aliçádic

neiro. E

0,94 mm

sp, em aumento de 100 vezes, com o

arta. A) C. arabica; B) C. racemosa;

s um e quatro dias após eclosão em

pelo crescimento reduzido dos insetos

sistência das plantas estar relacionada

o que interfeririam na alimentação e

sta hipótese foi avaliada em análises

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35

4.4 Análises bioquímicas.

4.4.1 Fenóis totais

Observou-se que a presença da lagarta não alterou significantemente o teor de

fenóis nas folhas dentro de cada material genético avaliado, tanto ao lado da lesão como

no lado da folha onde os insetos foram eliminados. Entretanto, verificou-se um

decréscimo na quantidade de compostos fenólicos, ainda que não significativo, em todas

as populações estudadas, quando estas foram expostas ao bicho-mineiro. O efeito

acumulativo dos decréscimos na concentração fenólica pode ser observado nas médias

totais dos tratamentos (Quadro 9), as quais demonstram que estas plantas, de um modo

geral, respondem ao ataque do minador com uma redução na composição de fenóis da

folha. Estes resultados são um tanto quanto surpreendentes uma vez que diversos

estudos relataram um aumento na concentração de fenóis após herbivoria via indução de

atividade de fenilalanine-amônia-liase (PAL), enzima precursora dos compostos

fenólicos (GOLDBERG et al., 1985; HARTLEY E LAWTON, 1987; HARTLEY E FIRN, 1989;

BI E FELTON, 1995).

Quadro 9. Teores médios de compostos fenólicos (mg.g-1 folha fresca) em folhas de C.

arabica e C. racemosa e de dois grupos derivados do cruzamento entre estas

espécies

Populações NI LNI LI Média* C. arabica 60,85 a 49,22 a 48,81 a 52,94 A C. arabica x C. racemosa (S) 53,15 a 45,71 a 45,05 a 47,97 A C. arabica x C. racemosa (R) 52,53 a 49,94 a 50,98 a 51,15 A C. racemosa 24,87 b 24,18 b 20,63 b 23,01 B Média** 47,85 A 42,16 AB 41,47 B

Valores médios de populações (*) e de tratamentos (**) quando seguidos por uma mesma letra não diferem entre si estatisticamente (Tukey 5%); (S) Suscetível; (R) Resistente; (NI) folhas não infestadas; (LNI) lado da folha não infestado; (LI) lado da folha infestado.

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36

Os compostos fenólicos representaram, em média, 5,3% do peso fresco de folhas

em C. arabica, 4.8% em folhas dos híbridos suscetíveis, 5.1% nos híbridos resistentes e

2,3% do peso fresco nas plantas da espécie C. racemosa. Estes teores podem ser

considerados relativamente altos quando comparados a teores de fenóis presentes em

outras espécies, como tomate (0.3%) e sorgo (1.0%) (FELTON et al., 1989; DICKO et al.,

2002). Entretanto, a expressão da resistência ao bicho-mineiro parece não estar

correlacionada a concentração fenólica, uma vez que não foram encontradas diferenças

estatísticas significativas entre as médias de fenóis totais dos híbridos resistentes e das

plantas suscetíveis ao ataque do inseto. O alto teor fenólico parece ser uma característica

da espécie C. arabica, uma vez que a espécie C. racemosa, parental doador dos genes de

resistência, possui teores significantemente inferiores aos encontrados nos demais

grupos estudados (Quadro 9).

4.4.2 Comparação qualitativa de compostos fenólicos.

Os resultados gráficos obtidos na separação de compostos fenólicos por

cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) não revelaram alterações qualitativas

entre os compostos fenólicos em folhas infestadas com L. coffeella (Figuras 16-27). As

plantas híbridas apresentaram o mesmo perfil gráfico da espécie C. arabica, enquanto a

espécie C. racemosa diferiu consideravelmente das demais em relação ao padrão de

eluição dos compostos obtido na análise (Figura 28). Os gráficos da cromatografia em

254nm e 326nm revelam que, quanto à composição fenólica, não existem diferenças

qualitativas entre plantas dentro de populações (Figuras 29-36). Estes resultados

demonstram que as plantas estudadas não respondem ao ataque do bicho-mineiro com

alterações no metabolismo de compostos fenólicos. Também não foram detectadas

diferenças no padrão de eluição dos compostos entre as plantas híbridas resistentes e

suscetíveis, evidenciando que os fenóis não têm função central na expressão da

resistência ao inseto.

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37

F

Figura 16. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de C. arabica –folhas não infestadas.

igura 17. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de C. arabica – folhas infestadas.

Figura 18. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de C. arabica –

lado da folha não infestado.

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38

Figura 19. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de plantas híbridas

suscetíveis ao bicho-mineiro – folhas não infestadas.

Figura 20. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de plantas híbridas

suscetíveis ao bicho-mineiro – folhas infestadas.

Figura 21. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de plantas

híbridas suscetíveis ao bicho-mineiro – lado da folha não infestado.

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39

Figura 22. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de plantas híbridas resistentes ao bicho-mineiro – folhas não infestadas.

Figura 23. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de plantas híbridas resistentes ao bicho-mineiro – folhas infestadas.

Figura 24. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de plantas híbridas resistentes ao bicho-mineiro – lado da folha não infestado.

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40

Figura 25. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de C. racemosa – folhas não infestadas.

Figura 26. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de C. racemosa – folhas infestadas.

Figura 27. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de C. racemosa - lado da folha não infestado.

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41

C. arabica

Híbrido suscetível

Híbrido resistente

Fi

C. racemosa

-

gura 28. Separação de compostos fenólicos por CLAE em folhas de plantas expressando diferentes níveis de resistência ao bicho-mineirodo-cafeeiro.
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50

2 5

5 01

50

2 5

5 0

50

2 5

5 0

50

2 5

5 0

50

2 5

5 0

Figura 29. Perf

compriment

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

2

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

3

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

4

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

5

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

is de compostos fenólicos por CLAE em folhas de C. arabica, em o de onda de 254 nm.

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43

50

2 5

5 0 1

50

2 5

5 0

50

2 5

5 0

50

2 5

5 0

50

2 5

5 0

Figura 30. Perfis de

suscetíveis, em

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

2

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

3

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

4

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

5

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

compostos fenólicos por CLAE em folhas de plantas híbridas comprimento de onda de 254 nm.

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44

50

2 5

5 0 1

50

2 5

5 0

50

2 5

5 0

50

2 5

5 0

50

2 5

5 0

Figura 31. Perfis de

resistentes, em c

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

2

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

3

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

4

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

5

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

compostos fenólicos por CLAE em folhas de plantas híbridas omprimento de onda de 254 nm.

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45

50

5 0

1 0 01

50

5 0

1 0 0

50

5 0

1 0 0

50

5 0

1 0 0

50

5 0

1 0 0

Figura 32. Perfis de com

comprimento de onda

Planta

M in u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

2

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

3

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

4

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

5

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

postos fenólicos por CLAE em folhas de C. racemosa, em de 254 nm.

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46

5

mAU

0

2 0

4 0

6 0

5

mAU

0

2 0

4 0

6 0

5

mAU

0

2 0

4 0

6 0

5

mAU

0

2 0

4 0

6 0

5

mAU

0

2 0

4 0

6 0

1

Figura 33. Perfis de cocomprimento de ond

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

2

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

3

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

4

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

5

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

mpostos fenólicos por CLAE em folhas de C. arabica, em a de 326 nm.

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47

5

mAU

0

2 0

4 0

6 0

5

mAU

0

2 0

4 0

6 0

5

mAU

0

2 0

4 0

6 0

5

mAU

0

2 0

4 0

6 0

5

mAU

0

2 0

4 0

6 0

Figura 34. Perfis de c

em comprimento

Planta 1

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

Planta 2

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

Planta 3

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

Planta 4

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

5

Planta

M i n u t e s1 0 1 5 2 0 2 5

ompostos fenólicos por CLAE em folhas de híbridos suscetíveis, de onda de 326 nm.

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48

M i n u t e s5 1 0 1 5 2 0

mA

U

0

2 0

4 0

6 0 1

M i n u t e s5 1 0 1 5 2 0

mAU

0

2 0

4 0

6 0

M i n u t e s5 1 0 1 5 2 0

mA

U

0

2 0

4 0

6 0

M i n u t e s5 1 0 1 5 2 0

mA

U

0

2 0

4 0

6 0

M i n u t e s5 1 0 1 5 2 0

mAU

0

2 0

4 0

6 0

Figura 35. Perfis de compostos fenólicos por CLAE em folh

em comprimento de onda de 326 nm.

Planta

2 5

2

as

Planta

2 5

3

Planta

2 5

4

Planta

2 5

5

Planta

2 5

de híbridos resistentes,

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49

M i n u t e s5 1 0 1 5 2 0 2 5

mA

U

0

2 0

4 0

Planta 1

M i n u t e s5 1 0 1 5 2 0 2 5

mAU

0

2 0

4 0

Planta 2

M i n u t e s5 1 0 1 5 2 0 2 5

mA

U

0

2 0

4 0

Planta 3

M i n u t e s5 1 0 1 5 2 0 2 5

mA

U

0

2 0

4 0

Planta 4

M i n u t e s5 1 0 1 5 2 0 2 5

mAU

0

2 0

4 0

Planta 5

Figura 36. Perfis de compostos fenólicos por CLAE em folhas de C. racemosa, em

comprimento de onda 326 nm.

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50

4.4.3 Quantificação de ácido clorogênico.

Os dados do quadro 10 revelam que, em relação aos teores de ácido clorogênico,

existem diferenças significativas entre as espécies estudadas em todos os tratamentos.

Nas avaliações em folhas não-infestadas, as concentrações de ácido clorogênico foram

estatisticamente inferiores nas plantas da espécie C. racemosa quando comparadas aos

teores encontrados em folhas da espécie C. arabica e nas folhas das populações híbridas.

Não foram detectadas diferenças entre as concentrações médias do fenol nas plantas

suscetíveis e nas plantas híbridas resistentes.

Nas avaliações realizadas em folhas infestadas – ao lado da lesão causada pela

alimentação da lagarta e do lado oposto da folha, onde os ovos do inseto foram

eliminados – observou-se um decréscimo altamente significativo na quantidade de ácido

clorogênico em C. arabica e, de forma menos acentuada, nas plantas pertencentes às

progênies segregantes para resistência. As análises estatísticas não revelaram diferenças

entre as populações híbridas, resistentes e suscetíveis, quando se avaliou as

concentrações médias de ácido clorogênico observadas em folhas infestadas com o

bicho-mineiro. Estes resultados indicam que a oxidação fenólica pode não ter papel

central na resistência de café ao bicho-mineiro.

Os dados apresentados neste trabalho são compatíveis com os resultados obtidos

por BI et al. (1997), em ensaios com plantas transgênicas de tabaco e expressão

diferencial da enzima PAL. O fornecimento de folhas com diferentes teores de ácido

clorogênico não resultou em alterações significativas no desenvolvimento de uma

lagarta especialista, Manduca sexta, e uma generalista, Heliothis virescens. As

concentrações do fenol detectadas em folhas de tabaco que sobre-expressavam a enzima

foram similares aos encontrados em C. arabica e nas plantas híbridas, de

aproximadamente 2000 µg.g-1 de folha fresca, enquanto que as folhas sub-expressando

PAL apresentaram teores de ácido clorogênico semelhantes aos de C. racemosa, cerca

de 300 µg.g-1 de folha fresca.

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51

Quadro 10. Teores médios de ácido clorogênico, expressos em µg.g-1 de folha fresca, em

plantas das espécies C. arabica e C. racemosa, e em populações derivadas deste

cruzamento expressando diferentes níveis de resistência ao bicho-mineiro-do-

cafeeiro (Leucoptera coffeella).

População NI LNI LI C. arabica 2091,91 a 1522,15 dg 943,97 e C. arabica x C. racemosa (S) 1949,15 a 1674,12 dg 1408,72 d C. arabica x C. racemosa (R) 1934,89 af 1832,75 afg 1558,62 df C. racemosa 354,84 b 431,44 b 591,16 c

Os valores de população e de tratamentos quando seguidos por uma mesma letra não diferem entre si estatisticamente (Tukey 5%); (S) Suscetível; (R) Resistente; (NI) folhas não infestadas; (LNI) lado da folha não infestado; (LI) lado da folha infestado

A apresentação dos dados na figura 37 revela que existe uma resposta diferencial

para infestação entre as populações estudas. As plantas da espécie C. racemosa, apesar

de apresentarem uma redução na composição de fenóis totais quando infestadas (Quadro

9), responderam ao ataque do bicho-mineiro com um acréscimo significativo nos teores

de ácido clorogênico. Entretanto, esta resposta parece não estar relacionada à resistência

ao inseto uma vez que as plantas híbridas resistentes derivadas do cruzamento com esta

espécie possuem um padrão semelhante ao exibido pelas populações suscetíveis.

Figura 37. Concentração de ácido clorogênico expressa em µg.g-1 de folha fresca, em

folhas de plantas pertencentes a populações expressando diferentes níveis de

resistência.

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52

4.4.4 Enzimas oxidativas foliares.

Avaliação da atividade de peroxidase.

Nos ensaios para a avaliação enzimática observou-se atividade de peroxidase em

folhas recém coletadas nas quatro populações estudadas (Quadro 11). As plantas de C.

arabica e as plantas da progênie resistente apresentaram índices superiores às plantas

híbridas suscetíveis, e todas diferiram de C. racemosa. Os índices obtidos na espécie C.

arabica e nas plantas híbridas resistentes e suscetíveis são, em média, semelhantes aos

encontrados em folhas de tomateiro (0,448 ∆A470.hora-1.µg proteína-1) (FELTON et al.,

1992).

Quando submetidas à infestação, as populações responderam de maneira

diferenciada aos tratamentos um e quatro dias após a eclosão da lagarta (DAE). É

importante salientar que 1 DAE representa seis dias após a coleta das folhas, uma vez

que, nas condições do laboratório, o período de incubação dos ovos do inseto dura cerca

de cinco dias. Portanto, as folhas dos tratamentos 1 DAE e 4 DAE, infestadas e não-

infestadas, foram avaliadas seis e dez dias após a coleta no campo, respectivamente.

Os dados apresentados no quadro 11 demonstram que não ocorreu indução de

atividade de peroxidase devido ao ataque do bicho-mineiro em nenhuma das populações

estudadas, nas avaliações realizadas em 1 DAE. Apesar de haver variação na resposta ao

tratamento, com acréscimos e decréscimos de atividade da enzima dependendo do

material genético, não foi verificada diferença significativa entre as atividades médias de

PER em folhas infestadas e não-infestadas pertencentes a uma mesma população. As

médias obtidas por tratamento em cada material genético, e seus respectivos desvios

padrões, estão representadas nas figuras 38 - 41.

Nas avaliações realizadas quatro dias após a eclosão da lagarta, à exceção dos

híbridos resistentes, o restante das plantas avaliadas apresentou níveis de atividade

significantemente acrescidos quando comparados aos encontrados nas folhas recém

coletadas.

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53

FRC NI - 1 DAE I - 1 DAE NI - 4 DAE I - 4 DAE0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2A

tivid

ade

de P

ER

Figura 38 - C. arabica

B

FR C N I - 1 D A E I - 1 D AE N I - 4 D AE I - 4 D AE0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

Ativ

idad

e de

PE

R

Figura 39 - C . racem osa

B

F R C N I - 1 D A E I - 1 D A E N I - 4 D A E I - 4 D A E0 .0

0 .2

0 .4

0 .6

0 .8

1 .0

1 .2

Ativ

idad

e de

PE

R

F ig u ra 4 1 - H íb r id o s su sc e tíve is

B

F R C N I - 1 D A E I - 1D A E N I - 4 D A E I - 4 D AE0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

Ativ

idad

e de

PE

R

F igura 40 - H íbrido res istente

B

Figuras 38 – 41. Variação da atividade média de peroxidase (∆A470/hora/µg proteína) entre tratamentos, e desvios padrões das médias de plantas dentro de cada tratamento. (FRC) folhas recém coletadas; (DAE) dias após eclosão da lagarta; (NI) folhas não infestadas; (I) folhas infestadas.

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54

Este aumento nos teores de peroxidase foliar deve-se em parte ao estresse

provocado pelo procedimento ao qual as folhas foram submetidas antes da extração

protéica, uma vez que as alterações também ocorreram em folhas que não foram

expostas ao bicho-mineiro. Entretanto, as plantas suscetíveis responderam ao ataque do

inseto com uma elevação significativa na atividade de peroxidase, visto que as médias

entre as folhas não-infestadas e infestadas diferiram estatisticamente nas plantas da

espécie C. arabica e de híbridos suscetíveis em 4 DAE (Quadro 11).

Quadro 11. Atividade média de peroxidase (∆A470.hora-1.µg proteína-1) em folhas de cafeeiro

recém coletadas e em folhas infestadas e não infestadas, um e quatro dias após

eclosão da lagarta do bicho-mineiro.

1 DAE 4 DAE População FRC

NI I NI I

C. arabica 0.569 a 0.363 f 0.397 f 0.566 a 0.976 h

Híbridos suscetíveis 0.212 b 0.457 af 0.432 f 0.355 f 0.673 g

Híbridos resistentes 0.676 a 0.591 a 0.627a 0.550 a 0.720 ag

C. racemosa 0.047 c 0.065 dc 0.097 d 0.155 e 0.168 e

Os valores de população e de tratamentos quando seguidos por uma mesma letra não diferem entre si estatisticamente (Tukey 5%); (DAE) dias após eclosão da lagarta; (FRC) folhas recém coletadas; (NI) folhas não infestadas; (I) folhas infestadas.

No entanto, esta indução diferencial de peroxidase nas plantas suscetíveis pode

não traduzir uma reação ao desenvolvimento do inseto, mas sim um esforço para a

recomposição do tecido danificado, uma vez que esta enzima é responsável pelos

processos de lignificação e suberização dos tecidos vegetais (GOLDBERG ET AL., 1985).

Outra hipótese possível para esta atividade é a relação entre a enzima e o tamanho das

lesões nas folhas. Comparando os dados referentes ao nível de resistência ao bicho-

mineiro (Quadro 4), com as atividades enzimáticas encontradas nas plantas híbridas

suscetíveis, percebe-se que a indução de peroxidase está correlacionada ao

desenvolvimento das lesões (r = 0.96) (Quadro 12).

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Quadro 12. Atividade de peroxidase (∆A470.hora-1.µg proteína-1) em folhas no quarto dia

após a eclosão da lagarta e níveis de resistência ao bicho-mineiro-do-cafeeiro em

plantas híbridas suscetíveis.

Planta 1 Planta 2 Planta 3 Planta 4 Planta 5 Média Atividade enzimática 0,563 1,009 0,537 0,670 0,585 0,673

Nível de resistência 2,67 4,00 2,89 3,22 2,67 3,04

Essa relação entre atividade enzimática e o tamanho da lesão produzida pode ser

decorrente do estresse oxidativo ao qual as folhas são submetidas durante a herbivoria.

BI E FELTON (1995), relataram que, em folhas de soja, a alimentação da lagarta

Helicoverpa zea resultou em um acréscimo significativo de espécies reativas de

oxigênio, entre as quais peróxidos de hidrogênio (H2O2), o principal substrato das

peroxidases. Desta maneira, a elevada atividade de peroxidase observada em folhas

infestadas, nas plantas mais suscetíveis, pode ser reflexo da maior disponibilidade de

substrato, fornecido pela maior amplitude do ataque. É importante ressaltar que

Leucoptera coffeella é um herbívoro específico do gênero Coffea, principalmente da

espécie C. arabica, e qualquer efeito negativo destas moléculas (H2O2) sobre os insetos

deve ter sido devidamente contornado durante a coevolução das espécies.

Em relação às populações resistentes, a infestação das folhas não induziu

atividade de PER. Entretanto, as plantas híbridas resistentes possuem altos teores de

peroxidase constitutiva, não sendo possível descartar alguma função complementar desta

enzima na expressão da resistência.

Avaliação da atividade da polifenoloxidase.

Nos ensaios para a avaliação da polifenoloxidase (Quadro 13) observou-se que

existem diferenças significativas entre as populações estudadas quanto à atividade da

enzima em folhas recém coletadas. As plantas da espécie C. racemosa apresentaram

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índices superiores de atividade enzimática quando comparados às plantas de C. arabica

e às plantas híbridas. Os teores de PFO constitutiva nas populações híbridas resistentes e

suscetíveis são estatisticamente mais baixos que os teores encontrados nas espécies.

Estes resultados são inesperados uma vez que, em todas as avaliações realizadas neste

trabalho, anatômicas e químicas, os resultados obtidos para as plantas híbridas foram ou

intermediários em relação às espécies parentais, ou iguais aos encontrados nas plantas de

C. arabica.

Os dados apresentados no quadro 13 demonstram que não ocorreu indução de

atividade de PFO devido ao ataque do bicho-mineiro em nenhuma das populações

estudadas, nas avaliações realizadas em 1 DAE. Também não houve diferença

significativa entre as médias de atividade em folhas recém coletadas e folhas expostas ao

tratamento. Os desvios das médias estão identificados nas figuras 42 - 45.

Quadro 13. Atividade média de polifenoloxidase (∆A470.hora-1.µg proteína-1) em folhas de

cafeeiro recém coletadas e em folhas infestadas e não infestadas, um e quatro dias

após eclosão da lagarta do bicho-mineiro.

1 DAE 4 DAE Populações FRC

NI I NI I

C. arabica 0,155 b 0,128 b 0,132 b 0,155 b 0,153 b

Híbridos suscetíveis 0,075 c 0,055 c 0,070 c 0,080 c 0,106 c

Híbridos resistentes 0,068 c 0,057 c 0,074 c 0,048 c 0,095 c

C. racemosa 0,303 a 0,350 a 0,366 a 0,336 a 0,521 d

Os valores de populações e de tratamentos quando seguidos por uma mesma letra não diferem entre si estatisticamente (Tukey 5%); (DAE) dias após eclosão da lagarta; (FRC) folhas recém coletadas; (NI) folhas não infestadas; (I) folhas infestadas.

Nas avaliações realizadas em 4 DAE constatou-se que os teores de PFO em

folhas não infestadas não diferiram daqueles encontrados nas folhas recém coletadas,

apesar destas folhas terem sido destacadas 10 dias antes das análises (Quadro 13).

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0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

Ativ

idad

e de

PFO

B

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

Ativ

idad

e de

PFO

B

FRC NI - 1 DAE I - 1 DAE NI - 4 DAE I - 4 DAE0.0

Figura 42 - C. arabica

FRC NI - 1 DAE I - 1 DAE NI - 4 DAE I - 4 DAE0.0

Figura 43 - C. racemosa

FRC NI - 1 DAE I - 1 DAE NI - 4 DAE I - 4 DAE0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

Ativ

idad

e de

PFO

Figura 44 - Híbridos suscetíveis

B

FRC NI - 1 DAE I - 1 DAE NI - 4 DAE I - 4 DAE0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

Ativ

idad

e de

PFO

Figura 45 - Híbridos resistentes

B

Figuras 42 - 45. Variação da atividade média de polifenoloxidase (∆A470/hora/µg proteína) entre tratamentos, e desvios padrões das médias de plantas dentro de cada tratamento. (FRC) folhas recém coletadas; (DAE) dias após eclosão da lagarta; (NI) folhas não infestadas; (I) folhas infestadas.

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58

Estes dados indicam que as PFOs armazenadas nas células permanecem estáveis por um

longo período. Nas folhas infestadas foi observada expressão induzida de

polifenoloxidase pela alimentação do bicho-mineiro, em níveis estatisticamente

significativos, apenas nas plantas da espécie C. racemosa. Entretanto, ocorreram

aumentos na atividade enzimática nas folhas de plantas híbridas resistentes e suscetíveis,

os quais não foram detectados na análise de variância, apesar de serem percentualmente

maiores, como no caso das plantas resistentes, do que os verificados em C. racemosa. A

associação destes acréscimos de atividade de PFO com a expressão de resistência ao

inseto, e a possível indução de atividade nas plantas híbridas suscetíveis em função de

um certo grau de resistência, devem ser analisadas com ressalvas.

A polifenoloxidase tem sido relacionada a reações de defesa das plantas contra

herbivoria em diversas espécies (FELTON et al., 1989a; CONSTABEL et al., 2000). A

atividade defensiva é baseada na capacidade desta enzima em oxidar rapidamente o-

diidroxifenóis para a correspondente o-quinona quando o tecido é danificado. As

quinonas se ligam covalentemente a aminoácidos alquilatáveis – lisina, histidina,

cisteína e metionina - das proteínas, tornando-os indisponíveis para os insetos (FELTON

et al., 1989a). Desta maneira, a qualidade e a quantidade protéica das folhas estão

diretamente relacionadas com a toxicidade das quinonas para os insetos. Plantas com

altos teores de proteínas necessitam de maior disponibilidade de substratos fenólicos e

maior atividade de polifenoloxidase para que as quinonas derivadas possam reduzir a

disponibilidade destes aminoácidos efetivamente (FELTON et al., 1992).

Na quantificação de proteína para a avaliação enzimática realizada neste

experimento, as folhas de C. racemosa apresentaram, em média, os teores mais baixos

de proteína (0,041 µg proteína/µl de extrato foliar), enquanto que as folhas de C. arabica

e das plantas híbridas, resistentes e suscetíveis, apresentaram, respectivamente, 0,075 e

0,068 µg proteína/µl de extrato foliar. Portanto, as atividades de PFO nas plantas

híbridas não estão relacionados aos teores protéicos obtidos nas análises.

FELTON et al. (1989a) relataram que a biodisponibilidade de aminoácidos pode

ser severamente reduzida para herbívoros se alimentando em folhas ricas em PFO e

substratos difenólicos. Os autores sugerem que a co-ocorrência de PFO e difenóis, como

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o ácido clorogênico, em diversas espécies de plantas é um indício de que a oxidação

fenólica é um mecanismo em potencial de defesa contra insetos herbívoros.

O ácido clorogênico representa aproximadamente 70% do teor total de

compostos fenólicos em C. arabica, e é o principal substrato para PFO em café.

(MAZZAFERA E ROBINSON, 2000). Neste trabalho, os autores definem os níveis de PFO

constitutiva em C. arabica como relativamente altos quando comparados a outras

espécies.

Nas avaliações realizadas para esta dissertação, as populações de plantas híbridas

apresentaram decréscimos na concentração de ácido clorogênico quando infestadas com

o bicho-mineiro, enquanto que a espécie C. racemosa respondeu ao ataque do inseto

com um acréscimo significativo nos teores deste fenol (Quadro 10). O aumento

significativo da atividade de polifenoloxidase em folhas infestadas de plantas desta

espécie (Quadro 13) é, provavelmente, reflexo do aumento na concentração de ácido

clorogênico. Outras correlações entre atividade da enzima e teores do ácido não foram

possíveis.

Em um estudo com plantas híbridas de álamo (Populus trichocarpa x P.

deltoides), CONSTABEL et al. (2000) descreveram uma ampla indução da atividade de

PFO em resposta a ferimento mecânico e herbivoria, precedida por uma elevação nos

níveis de transcritos de PFO, e que o composto sinalizador metil jasmonato (MeJA) foi

um indutor efetivo desta resposta. Existem diversos trabalhos relacionando este

composto e a indução de respostas de defesa contra pragas e patógenos em diferentes

espécies (CREELMAN E MULLET, 1997; KRUZMANE et al., 2002). Em outro trabalho,

CONSTABEL E RYAN (1998) caracterizaram a indução de PFO por ferimento mecânico e

por tratamento com MeJA em plantas cultivadas. As espécies pesquisadas responderam

aos tratamentos de forma muito diversificada, variando de nenhum a até 50 vezes o

aumento da atividade enzimática. Os autores sugerem que em plantas que apresentaram

alta inducibilidade, tomate (Lycopersicon esculentum), tabaco (Nicotiana tabacum) e

álamo híbrido (Populus trichocarpa x Populus deltoides), e em plantas com altos teores

de PFO constitutiva (Salix sp e Glycine max) a enzima tenha provavelmente uma função

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antinutritiva, e atue na defesa contra insetos. Nas demais espécies a função é

desconhecida.

Em plantas de café, a indução de PFO em resposta ao tratamento com MeJA foi

variável e limitada (MAZZAFERA E ROBINSON, 2000). Para averiguar uma possível

indução de resistência ao bicho-mineiro, folhas das plantas componentes deste

experimento foram expostas aos vapores de MeJA, em diferentes concentrações, e

posteriormente infestadas (dados não mostrados). Os resultados não demonstraram

alterações nos padrões de expressão de resistência em nenhuma planta avaliada.

Nos experimentos desenvolvidos, observa-se que as médias de plantas híbridas

resistentes e suscetíveis foram estatisticamente iguais para fenóis totais (Quadro 9), e

teores de ácido clorogênico (Quadro 10), além de apresentarem exatamente o mesmo

teor médio de proteínas e possuírem o mesmo padrão de atividade de PFO (Quadro 13).

No entanto, como observado nas espécies parentais, estes grupos de plantas são

distintamente caracterizados pelo nível de resistência ao bicho mineiro (Quadro 4), o que

sugere que a atividade de polifenoloxidase não deve estar relacionada com o mecanismo

de resistência a L. coffeella.

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61

4.5 Discussão final

Nos experimentos realizados nesta dissertação não foi possível relacionar a

expressão da resistência ao bicho-mineiro a nenhuma das características avaliadas. As

análises anatômicas das folhas demonstraram que os tecidos das plantas híbridas

possuem espessuras similares entre si e intermediária em relação aos parentais. Nenhum

dos tecidos avaliados pode ser utilizado como marcador fenotípico para resistência na

seleção de plantas superiores.

A julgar pelo dano causado pelas lagartas um e quatro dias após eclosão em

populações com diferentes níveis de resistência, pode-se considerar que a resistência das

plantas estaria relacionada à presença de substâncias no parênquima paliçádico que

interfeririam na alimentação e conseqüente desenvolvimento do inseto, o que

caracterizaria a resistência como sendo do tipo antibiose. Entretanto, as análises

bioquímicas realizadas neste trabalho não foram suficientes para confirmar esta hipótese,

e não é possível descartar a existência de uma resistência do tipo não preferência.

Nos ensaios para a avaliação bioquímica das plantas não se constatou qualquer

relação entre a composição fenólica e a atividade das enzimas oxidativas com a

expressão da resistência ao inseto.

Os genes de resistência a L. coffeella foram transferidos da espécie C. racemosa

para C. arabica através de retrocruzamentos sucessivos. Portanto, é esperada alguma

similaridade entre o padrão de expressão destes genes em C. racemosa e nas plantas

híbridas resistentes. Entretanto, as análises dos dados revelaram que as plantas híbridas

resistentes não diferem das plantas suscetíveis, C. arabica ou da população de plantas

híbridas, nas características avaliadas nestes experimentos.

Também não há evidência de que a oxidação difenólica catalisada por enzimas

oxidativas seja um mecanismo importante na defesa de plantas de café contra o bicho-

mineiro. Alguns autores sugerem que a co-ocorrência de atividade fenólica e da enzima

polifenoloxidase em plantas atacadas por insetos seja um indício da função desta enzima

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na defesa de plantas contra herbivoria. Entretanto, os acréscimos na atividade de PFO e

de ácido clorogênico induzidos pela infestação em C. racemosa não foram observados

nas plantas híbridas resistentes quando submetidas ao inseto. Estes resultados indicam

que, se a polifenoloxidase estiver envolvida na defesa contra o bicho-mineiro em C.

racemosa, sua função deva ser apenas complementar a outros mecanismos de defesa.

Nas plantas híbridas resistentes aparentemente a oxidação fenólica não exerce função de

defesa contra L. coffeella.

É importante salientar que o cafeeiro é atacado por um número pequeno de

insetos, em sua maioria especialistas, quando comparado a outras culturas. Portanto, o

fato de a polifenoloxidase não exercer um papel central na defesa contra o bicho-mineiro

não exclui a possibilidade desta enzima em atuar na defesa de plantas de café contra

outros insetos.

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63

5 CONCLUSÕES

Com base nos resultados apresentados pode-se concluir que:

1. Não há relação entre as características anatômicas foliares avaliadas e

a resistência ao bicho mineiro, que parece ser de natureza bioquímica.

2. A oxidação fenólica catalisada pelas enzimas polifenoloxidase e

peroxidase não exerce função central na expressão da resistência de

cafeeiros à L. coffeella.

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