recap diag agronômico copy

20
Introdução ao Diagnóstico Agronômico Iran Veiga Janeiro de 2001

Upload: luizfelipe

Post on 06-Nov-2015

230 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Recap Diag Agronômico Copy

TRANSCRIPT

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    Iran VeigaJaneiro de 2001

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    2

    ndice

    Introduo: o diagnstico agronmico _______________________________________________3

    I/ Bases tericas _________________________________________________________________4A/ Introduo____________________________________________________________________4B/ Um modelo simplificado de funcionamento das plantas cultivadas : da planta ao agro-ecossistema 4

    1) O funcionamento de uma planta_________________________________________________________________42) A planta no agro-ecossistema___________________________________________________________________6

    C/ Metodologia___________________________________________________________________71) As etapas do diagnstico agronmico ____________________________________________________________72) A anlise da elaborao do rendimento atravs de seus componentes____________________________________8

    II/ Exemplo de um dispositivo de estudo na regio de Marab ___________________________13A/ Objetivo_____________________________________________________________________13B/ Hipteses de trabalho___________________________________________________________13C/ O roteiro de estudo ____________________________________________________________15

    1) Zoneamento e escolha das reas a estudar dentro de uma roa ________________________________________152) O exemplo do arroz : dados a serem recolhidos (componentes do rendimento x variveis explicativas) e seusmodos de coleta ______________________________________________________________________________17

    Bibliografia____________________________________________________________________20

    ndice de figuras e tabelas

    Figura 1: o campo de estudo da Agronomia (segundo GRAS et al., 1989) ____________________________________3Figura 2: modelo de funcionamento de uma planta (segundo MEYNARD, 1982)_______________________________5

    Tabela 1: modo de coleta dos dados referentes aos componentes do rendimento do arroz_______________________18Tabela 2: variveis complementares usadas na anlise dos dados _________________________________________19

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    3

    .m.Introduo: o diagnstico agronmico

    O estudo do estabelecimento agrcola, tal qual proposto aqui, se articula em torno dasprticas do agricultor, ou seja, sua ao concreta sobre a natureza para extrair umaproduo (vide figura abaixo). O seu objetivo identificar entraves e propor mudanasque permitam super-los.

    situao scio-econmica doestabelecimentoagr cola

    meio social eeconmico

    local izao geogr fica(car acter sticas do meioecolgico)

    decises doagr icultor

    pr ticasagr colas

    agr o- ecossistema(estado das plantase do meio natur al)

    pr oduo

    efeito dir eto

    r etr oal imentao

    Figura 1: o campo de estudo da Agronomia (segundo GRAS et al.,1989)

    Para alcanar este objetivo no que diz respeito produo vegetal do estabelecimentoagrcola (o que chamamos de sub-sistema de cultura) devemos :

    - considerar o contexto no qual se inserem as prticas do agricultorrelacionadas s produes vegetais;

    - estudar as interaes destas prticas com o meio ecolgico e com as plantascultivadas e seu efeito sobre a produo.

    O Diagnstico Agronmico uma metodologia que se ocupa deste segundo ponto. Nadisciplina Diagnstico Agronmico tratamos dos efeitos das prticas dos agricultoressobre o meio e sobre a produo (parte direita da figura acima). Os fatores queinfluenciam a implementao destas prticas sero tratados em outras disciplinas,principalmente no Funcionamento do Estabelecimento Agrcola.

    O princpio de base do Diagnstico Agronmico que os efeitos das prticas doagricultor sobre a produo de uma cultura no so diretos, mas dependem de suasinteraes com o meio ecolgico e com as plantas cultivadas ao longo de todo o ciclodestas. O Rendimento de qualquer cultura no "aparece" colheita, ele se elabora aolongo de todo o seu ciclo.

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    4

    .m.I/ Bases tericas

    .m.A/ Introduo

    O objetivo do diagnstico agronmico explicar as variaes dos rendimentos deuma cultura dada, no tempo e no espao. Para tanto ele identifica e hierarquiza osprincipais entraves agronmicos ao "funcionamento" desta cultura. Se foram bons osrendimentos estudados queremos poder repet-los. Se eles foram considerados ruins,devemos entender o porqu para poder evit-los.

    Para alcanar estes objetivos o diagnstico agronmico mobiliza conhecimentosde diversas disciplinas (cincia dos solos, bioclimatologia, ecofisiologia, fitopatologia,estatstica, etc.), atuando como um momento de sntese, onde os estes conhecimentosso utilizados para analisar e agir sobre situaes reais.

    .m.B/ Um modelo simplificado de funcionamento das plantas cultivadas : da plantaao agro-ecossistema

    1) .m.O funcionamento de uma planta

    Uma planta em funcionamento normal (vide esquema abaixo) produz biomassaque vai constituir os rgos vegetativos, e os reprodutivos ou de acumulao. Ocrescimento ento uma mudana quantitativa nas plantas e se deve a dois tipos defenmenos : o crescimento de cada um dos rgos depois de sua apario (ouiniciao) e a multiplicao do nmero destes rgos.

    Para que se d o crescimento necessrio que ocorra a absoro de fatores decrescimento (luz, gua, elementos minerais e CO2) pela planta atravs de seus captores(normalmente folhas e razes), os quais sero transformados em biomassa. Ofuncionamento destes captores depende do que denominamos condies docrescimento. Elas so as condies do meio ecolgico que afetam diretamente aquantidade de fatores de crescimento disponveis aos captores (pluviometria, estruturado solo, competio com invasoras, etc.) ou o funcionamento mesmo destes captores(ataque de pragas e parasitas, etc.).

    O desenvolvimento uma mudana qualitativa do vegetal. Ele pode ser definidocomo o conjunto de modificaes qualitativas correspondendo iniciao de novosrgos Estas mudanas caracterizam as diferentes fases do ciclo de uma dada cultura.No arroz, por exemplo, h uma fase de formao de rgos vegetativos, as folha,colmo e razes (fase vegetativa), e uma fase de formao de rgos reprodutivos, assementes (fase reprodutiva e de maturao dos gros).

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    5

    O desenvolvimento das plantas comandado pelo seu cdigo gentico, mas influenciado por variveis do meio que denominamos condies de desenvolvimento(por exemplo fotoperodo e temperatura).

    ciclo de desenvolvimento

    estgios de desenvolvimento (que definem as fases do cicloda cultura)

    condies dedesenvolvimento(temperatura,fotoperodo)

    estgios de crescimento(acumulao de matria seca)

    Captao de fatores de crescimento

    fatores de crescimento(gua, elementos minerais,energia luminosa, CO2)

    funcionamento dos captores

    estado dos captores(folhas e razes)

    condies de crescimento(pragas, doenas, estrutura eumidade do solo, umidade do ar,etc.)

    Figura 2: modelo de funcionamento de uma planta (segundo MEYNARD,1982)

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    6

    2) .m.A planta no agro-ecossistema

    O modelo visto acima trata de maneira sucinta do funcionamento das plantas emgeral. No entanto as plantas cultivadas que constituem o agro-ecossistema apresentamduas caractersticas que influenciam no seu funcionamento :

    (a) a ao do agricultor artificializando o meio ecolgico atravs de suasprticas;

    (b) o fato das plantas cultivadas no o serem isoladamente mas regrupadasno que chamamos povoamento vegetal, o que uma conseqncia de (a).

    Analisando o modelo de funcionamento de uma planta verificamos que oagricultor pode agir :

    * diretamente sobre o nvel dos fatores de crescimento (irrigao, fertilizao,etc.);

    * e/ou sobre as condies de crescimento (diminuindo a concorrncia deinvasoras, realizando tratamentos fitossanitrios, etc.). Em agriculturas maisartificializadas (cultivos em estufa, por exemplo), pode-se chegar a controlar mesmo ascondies de desenvolvimento (fotoperodo, temperatura).

    Estas intervenes do agricultor de maneira a assegurar uma produo favorvelpodem se dar em diferentes momentos do ciclo da cultura, e em funo disso terinfluncias totalmente diferentes. Assim, a influncia das prticas do agricultor sobre aproduo no direta :

    prticas rendimentofinal

    mas depende do efeito destas prticas sobre as plantas e o meio ao longo d o cicloda cultura :

    pr ti cas

    estadosdo mei o

    estadodas pl antas r endimentofi nal

    cl ima

    Alm de suas intervenes durante o ciclo da cultura, o agricultor tambminfluencia o rendimento final atravs de suas prticas de instalao da cultura, ouseja, escolhendo o material vegetal que ser plantado e sua disposio no terreno.

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    7

    As plantas cultivadas so geralmente regrupadas pelos agricultores no quechamamos aqui de povoamento vegetal, que pode ser formado por uma ou vriasespcies (e variedades). O fato de muitas plantas estarem juntas sobre uma mesmasuperfcie cria relaes entre elas, principalmente de competio pelos fatores decrescimento, que afetam o funcionamento de cada planta tal qual ele foi descrito maisacima. O estudo da competio (e das outras relaes) entre plantas de umpovoamento vegetal interessante para caracterizar a idia de potencial de produo.Este a quantidade mxima de matria seca total que pode ser produzida quandotodos os fatores e condies de crescimento e de desenvolvimento esto no seu timo esomente a energia luminosa eventualmente limitante.

    Cada planta tem um potencial de produo que determinado geneticamente.No entanto, em condies reais, sempre h entraves ao funcionamento da planta que aimpedem de expressar este potencial determinado geneticamente. O fato de estar emcompetio com outras plantas no povoamento vegetal influencia tambm o potencialde produo de cada planta. Este depende ento do gentipo das plantas, do meio e dacompetio das plantas no povoamento (que ligada densidade de ocupao da reapelas plantas). Nota-se que o que interessa ao agricultor no o potencial (e orendimento) de cada planta isoladamente, mas o do povoamento vegetal como umtodo.

    O potencial de produo de uma cultura ento resultante da interao gentipox meio fsico x povoamento vegetal. Como o meio fsico varia no espao (terrenos,clima) e no tempo (clima), importante, se pretendemos caracterizar os potenciais derendimento das culturas, estabelecer referncias em regies diferentes (espao) e emanos diferentes (tempo), para diferentes variedades (gentipo) e povoamentos vegetais(densidade de plantas e disposio no terreno).

    Assim podemos reformular com mais preciso os objetivos do diagnsticoagronmico. Ele procura ento explicar as variaes no rendimento de uma cultura (notempo e/ou no espao) pela identificao e hierarquizao da(s) condio(es) decrescimento e/ou de desenvolvimento e/ou do(s) fator(es) de crescimento que foi(foram) limitante(s) ao funcionamento desta cultura.

    As referncias de que falamos mais acima nos servem justamente paracaracterizar se, nas condies onde foi instalada a cultura (variedade, meio fsico,povoamento), houve ou no uma limitao ao rendimento final desta (em funo doseu potencial nesta situao). Estas referncias tambm nos permitem estimar asmargens de progresso para cada situao.

    .m.C/ Metodologia

    1) .m.As etapas do diagnstico agronmico

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    8

    Como saber se houve limitaes ao rendimento de uma cultura, e comoidentificar e hierarquizar estas limitaes?

    O ponto de partida para o diagnstico agronmico a constatao de variaesnos rendimentos desta cultura. Estas variaes podem se referir :

    - ao tempo : diferenas de rendimento em uma mesma rea em ciclos culturaisdiferentes;

    - ao espao : diferenas de rendimento:

    * na rea de um mesmo agricultor;

    * entre reas de agricultores diferentes em uma mesma regio (comcondies do meio fsico semelhantes);

    * entre reas de agricultores de regies diferentes;

    * entre a rea de um agricultor e um referencial regional.

    A partir destas variaes de rendimento deduz-se que houve uma limitao aorendimento de uma ou mais das reas estudadas (ou que houve limitaes em todas,mas relativamente mais importante em uma delas).

    O primeiro passo descobrir em que momento do ciclo da cultura ocorreramestas limitaes.

    Em seguida identifica-se (e tenta-se hierarquizar) estas limitaes (que podem sereferir, como vimos, a fatores e condies de crescimento e a condies dedesenvolvimento das plantas) e explicar porque elas ocorreram. Pode-se ento agirsobre suas causas, visando o melhoramento do rendimento da cultura.

    Uma exigncia de um diagnstico agronmico, quando aplicado ao conjunto deuma regio, a sua realizao em diversas condies de meio fsico (clima, solos,relevo) e em vrios anos (para estudar o efeito das variaes climticas sobre orendimento). Isto nos permite julgar a pertinncia, no tempo e no espao, daslimitaes identificadas num caso particular.

    2) .m.A anlise da elaborao do rendimento atravs de seus componentes

    A anlise da elaborao do rendimento de uma cultura uma ferramentautilizada no diagnstico agronmico desta cultura para identificar as limitaesocorridas ao rendimento da mesma. Ela parte do princpio de que o rendimento final

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    9

    de uma cultura1, expresso por exemplo em kg/ha ou sacos/linha, um indicadormuito geral para se chegar a uma limitao que pode ter ocorrido durante qualquermomento de seu ciclo.

    O rendimento final de uma cultura no formado na colheita como por um passede mgica. Ele elaborado ao longo do ciclo desta cultura : pela acumulao debiomassa, formao dos rgos reprodutivos ou de acumulao e translocao dabiomassa formada a estes rgos.

    Existem diferentes maneiras de se realizar a anlise da elaborao do rendimento.Esta pode ser feita :

    - pela anlise da acumulao de biomassa do povoamento vegetal;

    - pela anlise da produo de rgos vegetativos e reprodutivos.

    Aqui apresentaremos uma metodologia que se apia na segunda possibilidade.

    Ela se baseia na anlise da elaborao do rendimento final de uma cultura atravsde seus componentes (que chamaremos daqui em diante simplesmente anlise daelaborao do rendimento). Ela lana mo de um expediente que o de dividir orendimento final em seus componentes, como podemos ver no esquema simplificadoabaixo (exemplo do arroz) :

    Rendimento (kg/m2) = n de gros/m2 x peso mdio de 1 gro (kg)

    n de covas/m2 x n de ps/cova x n de panculas/p x n de gros/pancula

    Este expediente nos til para identificar quando (em que fase do ciclo cultural)ocorreu a limitao ao rendimento final, pois cada componente do rendimento formado durante uma fase bem delimitada do ciclo cultural e desta maneira nosinforma sobre as condies de crescimento/desenvolvimento nesta fase. Alm disto, jque cada fase de menor durao do que o ciclo total, h menos fatores que intervmna formao do componente em questo, tornando menos rdua a tarefa de identificaras relaes entre os fatores e condies de crescimento e o funcionamento dopovoamento vegetal.

    No lugar de compararmos simplesmente dois rendimentos finais de duasparcelas, comparamos os seus respectivos componentes do rendimento. Um valorrelativamente baixo de um componente da parcela "A" em relao ao mesmocomponente da parcela "B" (ou a um referencial) nos indica que durante a fase de

    1Para maior convenincia na exposio faremos sempre referncia neste texto ao exemplo do arroz. Noentanto a anlise da elaborao do rendimento pode se aplicar a qualquer cultura (mesmo a culturas nasquais se colhe rgos vegetativos).

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    10

    formao deste componente houve uma limitao ao bom funcionamento das plantasda parcela "A".

    Assim, passamos da relao

    pr ti cas

    estadosdo mei o

    estadodas pl antas r endimentofi nal

    cl ima

    a (no caso do arroz)

    hi str i coda par cel a

    estados domei o aopl anti o

    estados domei o e daspl antasdur ante afasevegetati va

    estados domei o e daspl antasdur ante afaser epr oduti va

    estados domei o e daspl antasdur ante amatur aodo gr os

    pr ti cas pr ti cas pr ti cas pr ti cas

    cl ima cl imacl ima

    el abor ao don de ps/ha

    el abor ao do nde pan cul as(per fi l hosfr tei s) /p

    el abor ao don degr os/pan cul a

    el abor ao dopeso de 1 gr o

    el abor ao do r endimento fi nal da cul tur a

    cl ima

    Poderamos resumir um dispositivo de diagnstico agronmico baseado naanlise da elaborao do rendimento atravs de seus componentes da seguintemaneira (vide anexo 1) :

    1- registrar e comparar os componentes do rendimento das diferentes parcelassobre as quais se faz o diagnstico. - as variveis dependentes.

    O objetivo desta etapa de identificar a fase do ciclo em que ocorreu uma limitao aorendimento da cultura (pela identificao do componente do rendimento que teve seu valorlimitado);

    2- paralelamente registrar, para todas as fases do ciclo da cultura, as condies domeio e das plantas (quer dizer as condies de crescimento) que so suscetveis de

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    11

    influenciar o funcionamento da cultura. - elas constituem o que chamamos variveisexplicativas ou complementares.

    De posse destes dados, e sabendo em qual fase ocorreu a limitao, podemos identificar,posteriormente, qual destas variveis foi responsvel pela limitao no rendimento final dacultura.

    Uma etapa posterior descobrir por que essas limitaes estavam presentes emuma das parcelas e no na outra. Esta questo, como veremos mais tarde, integradanas hipteses que fazemos para definir as parcelas a estudar nas roas dos agricultores.

    Para se poder implementar este dispositivo de pesquisa h pelo menos doisrequisitos :

    - que a ecofisiologia da cultura em questo tenha sido suficientemente estudadapara que se possa ter uma idia relativamente clara de quais componentes dorendimento se formam em quais fases do ciclo cultural e influenciados principalmentepor quais fatores e condies de crescimento2. O conjunto destas relaes pode serrepresentado pelo que chamamos esquema de elaborao do rendimento, que ummodelo de funcionamento das plantas especfico a uma cultura3, a uma regio e a umsistema de cultura. Ele tambm integra a dimenso temporal pela diviso do ciclo daplanta nas suas diferentes fases;

    - que se faa hipteses (baseadas no conhecimento prvio da rea de estudo)sobre quais condies e fatores de crescimento, assim como as condies dedesenvolvimento, entre todas as identificadas no esquema de elaborao derendimento, so realmente suscetveis de influenciar significativamente ofuncionamento das plantas na regio onde se realiza o diagnstico. Trata-se aqui deconstruir um esquema de elaborao do rendimento adaptado regio que sepretende estudar. Ele nos orientar na coleta das variveis explicativas (fatores econdies de crescimento, assim como condies de desenvolvimento).

    Este ltimo requisito decorre da impossibilidade de se apreciar todos estesfatores e condies de crescimento, em cada fase do ciclo cultural. Por exemplo,conhecendo a Amaznia no priorizaremos a medida da temperatura do ar comocondio de crescimento podendo causar, devido a seus valores baixos, uma grandeesterilidade das espiguetas do arroz durante a fase reprodutiva.

    Finalmente importante notar que a anlise da elaborao do rendimento deuma cultura atravs de seus componentes se adapta melhor a situaes nas quaisdurante uma dada fase do ciclo da cultura somente um componente do rendimento formado. Isto ocorre no caso do arroz e do milho, mas geralmente no o caso deespcies com crescimento indeterminado, como o caupi (nesta espcie ao mesmo

    2Os diferentes fatores e condies de crescimento tm influncia diferente segundo a fase do ciclo cultural.Por exemplo, os dficits hdricos influenciam negativamente o rendimento de uma maneira mais marcada nafase reprodutiva do arroz do que durante o perfilhamento (fase vegetativa).

    3Estes modelos so, ao menos por enquanto, sobretudo qualitativos : eles mostram a possvel existncia ouno de relao entre uma varivel explicativa (uma condio de crescimento, por exemplo,) e uma variveldependente (um componente do rendimento) ou eles hierarquizam a importncia das diversas relaesnuma dada situao.

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    12

    tempo em que ocorre a maturao dos gros pode tambm ocorrer a formao deflores, por exemplo).

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    13

    .m.II/ Exemplo de um dispositivo de estudo na regio de Marab

    .m.A/ Objetivo

    Este exemplo trata de um dispositivo de estudo que tem como objetivo principalrealizar um diagnstico agronmico simplificado da principal cultura da regio deestgio (no caso de Marab, o arroz) utilizando para tanto a anlise da elaborao dorendimento atravs de seus componentes. Isto ser feito inicialmente ao nvel da roa,e em seguida a nvel da localidade de estgio. A seguir detalhamos o procedimentopara a realizao deste estudo a nvel da roa.

    .m.B/ Hipteses de trabalho

    Basta uma olhada rpida, logo antes do plantio, numa roa de corte e queima deuma regio de fronteira agrcola amaznica para se constatar sua extremaheterogeneidade.

    Se voltamos mesma roa s vsperas da colheita do arroz uma outra olhada suficiente para verificar que o rendimento varia de uma rea para outra dentro daroa. Zonas inteiras e/ou alguns pontos da roa normalmente mostram-se mais oumenos vigorosos. O rendimento final desta roa assim a soma dos rendimentosdestas diversas zonas.

    Esta heterogeneidade caracterstica de uma agricultura pouco artificializadora,que controla pouco o meio onde se desenvolvem as plantas. Do ponto de vista dequem realiza um trabalho de diagnstico agronmico ela leva a duas conclusesprincipais :

    - a primeira, e esta nossa hiptese geral de trabalho a nvel das roas, deque h uma relao entre a heterogeneidade da roa e as diferenas derendimento que observamos em seu interior. Esclarecer esta relao realizar o diagnstico das limitaes agindo sobre o rendimento desta roa;

    - a segunda de que comparar, para fins de realizao do diagnstico, orendimento "mdio" de duas roas diferentes no tem muito significado,tantas so as diferenas existentes no interior destas roas. Da a necessidadede se dividir a roa em zonas menores que supomos relativamentehomogneas (e com um rendimento que supomos relativamentehomogneo) onde possamos estabelecer uma correspondncia entre umrendimento medido (e seus componentes) e um conjunto de fatoresobjetivamente conhecidos (MILLEVILLE, 1972) (os fatores e condies decrescimento que podem afetar este rendimento e seus componentes).

    Realizar este zoneamento da roa significa detalhar nossa hiptese geral (dainfluncia da heterogeneidade sobre o rendimento), mostrando quais os diferenteselementos que formam esta heterogeneidade e que pensamos ser as fontes de variao

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    14

    do rendimento dentro de uma roa. O passo seguinte do diagnstico tentar mostrarque estes elementos de heterogeneidade, estas caractersticas da roa agem, atravs desua influncia sobre os fatores e condies de crescimento, sobre o rendimento (e seuscomponentes) do arroz, alm de tentar esboar explicaes sobre o porqu destainfluncia (como "funciona" esta relao elementos de heterogeneidade da roa -fatores e condies de crescimento).

    Para chegar a estes elementos ou caractersticas que formam a heterogeneidadede uma roa4 primeiro os dividiremos segundo a sua origem :

    (a) - eles podem ser um produto do meio ecolgico da roa;

    (b) - ou criados pelo agricultor, atravs de suas prticas.

    (a) meio ecolgico :

    A principal caracterstica do meio fsico causadora de heterogeneidade numa roaso o que chamamos de terrenos. Este termo regrupa os solos (fertilidade qumica,fsica e biolgica) e a topografia (normalmente as caractersticas do solo variamconforme sua posio : alto, baixo, encosta, assim como a posio do lenol fretico).

    Alm dos terrenos, podemos citar o antecedente da rea plantada que pode sermata primria (com diversos tipos), juquira (ou capoeira) de diversas idades, epalhada (restos da roa do ano anterior). Os diferentes antecedentes podem estarpresentes em uma mesma roa.

    H tambm a exposio das diversas partes da roa aos ventos e ao sol.

    (b) prticas do agricultor :

    * queimada : o agricultor escolhe o momento de queimar, mas o resultado desta bastante incerto, funo do clima, do tipo e estado do material vegetal e do terreno daroa. Assim, dentro de uma roa, pode haver uma heterogeneidade zonal de queimada(grandes zonas que queimaram bem ou no) e tambm pontual (locais onde seacumulam muitas cinzas por exemplo). Junto com a queimada inclumos a realizaoou no de encoivaramento;

    * variedade, data, e densidade de plantio, bem como as prticas de purificao eproteo das sementes;

    * tipo e disposio das espcies cultivadas associadas;

    * outras prticas agrcolas, principalmente o nmero de capinas maseventualmente aplicao de produtos fitossanitrios e outros.

    Desnecessrio dizer que estas duas ltimas caractersticas podem mudar ao longodo ciclo cultural, criando heterogeneidades que no existiam quando realizamos ozoneamento da roa.

    importante insistir que supor que estas caractersticas da roa influenciam orendimento no quer dizer que sabemos exatamente como elas influenciam os fatores econdies de crescimento. Podemos supor, por exemplo, que uma queimada bem 4 Aqui estaremos nos referindo a roas de corte e queima em terra firme da Amaznia Oriental.

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    15

    realizada pode liberar mais nutrientes minerais e diminuir o potencial de infestaopor invasoras. No entanto sabemos bem menos sobre a influncia desta queimadasobre as pragas ou sobre a germinao das sementes de arroz, ou ainda sobre a relaoentre antecedente e data de plantio com o nvel de ataque de pragas e parasitas.

    .m.C/ O roteiro de estudo

    1) .m.Zoneamento e escolha das reas a estudar dentro de uma roa

    Em funo das hipteses vistas mais acima realiza-se um zoneamento daheterogeneidade de cada roa5 cujo objetivo definir zonas homogneas onde ascaractersticas (terreno, antecedente, data de plantio, etc) que supomos explicativasdo rendimento esto no mesmo nvel (como estas so variveis sobretudo qualitativas,podemos dizer que se trata de uma zona onde s uma modalidade da varivel estpresente). Para realizar este zoneamento utilizamos as noes de parcela e sub-parcela(vide anexo 2).

    parcela : rea homognea no que diz respeito s caractersticas do meioecolgico :

    - o antecedente (mata, capoeira, outra roa/"palhada");

    - solos/topografia;

    - a exposio em relao ao sol e aos ventos.

    sub-parcela : rea dentro da parcela, homognea no que diz respeito s intervenesdo agricultor (as prticas agrcolas) :

    - qualidade da queimada e a presena de tocos, galhadas, razes(freqentemente este tipo de heterogeneidade pontual, tornando-se difcil seuzoneamento) e a realizao ou no de encoivaramento;

    - a variedade plantada, a data e a densidade de plantio;

    - o tipo e a disposio das espcies cultivadas associadas;

    - outras prticas agrcolas (por exemplo as capinas).

    A sub-parcela ento a rea homognea (segundo todos os elementos deheterogeneidade da roa mencionados acima) dentro da qual, como foi dito acima, asvariveis que supomos influenciar o rendimento esto em um mesmo nvel. Orendimento, segundo nossas hipteses, deveria ser homogneo no seu interior. Narealidade isto no acontece, pois sempre h outras caractersticas da roa queinfluenciam o rendimento que no so conhecidas ou que no se prestam facilmente a

    5Uma roa uma rea contnua cultivada por um agricultor em um mesmo ano.

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    16

    um zoneamento (mesmo se podemos supor que elas variam menos dentro de umamesma sub-parcela que entre sub-parcelas diferentes).

    Estas ltimas so o que chamamos de heterogeneidade pontual : pequenosacmulos de cinza da queimada, variaes na profundidade do solo (que nopodemos identificar), galhos, sombreamentos, ou mesmo fortes variaes dedensidade de plantio em pequenos espaos, etc., caractersticas que, pela suadistribuio espacial, no podemos usar para formar zonas homogneas (sub-parcelas), mas que influenciam o rendimento do arroz. Para resolver este problemadelimitamos no interior da sub-parcela zonas ainda menores que chamamos deestaes de observao. A sua delimitao depende obviamente da sensibilidade doobservador para avaliar estas heterogeneidades pontuais.

    na estao de observao que estabeleceremos, como foi dito acima, umacorrespondncia entre um rendimento medido (e seus componentes) e um conjunto defatores objetivamente conhecidos (MILLEVILLE, 1972) (os fatores e condies decrescimento que podem afetar este rendimento e seus componentes). Em outraspalavras a que realizaremos as medidas dos componentes do rendimento e dosfatores e condies de crescimento das plantas.

    A estao de observao tem que ser pequena o suficiente para evitar o maispossvel as heterogeneidades pontuais (e para que a quantidade de medidas a fazerno seja muito grande), mas grande o suficiente para ter um nmero de covas com oqual seja possvel trabalhar estatisticamente.

    Elas so instaladas dentro e entre sub-parcelas de uma mesma roa (mas nonecessariamente de uma mesma parcela). Isto decorre da necessidade de criar termosde comparao entre as estaes de observao.

    De fato, se constatamos diferenas de rendimento final entre duas estaes deobservao com caractersticas (solos/topografia, qualidade da queimada,antecedente, prticas agrcolas, culturas associadas) completamente diferentes,poderemos talvez dizer qual o componente do rendimento que foi limitante, assimcomo o fator ou condio de crescimento que agiu sobre ele. Entretanto dificilmentepoderemos tentar estabelecer uma relao6 entre os elementos de heterogeneidade daroa e os fatores e/ou condies limitantes ao componente do rendimento em questo.Em outras palavras, no traremos elementos para a verificao de nossa hiptese deque h uma relao entre os elementos de heterogeneidade da roa e os fatores econdies de crescimento das plantas e no avanaremos na explicao de comofunciona esta relao. Isto mostra uma das utilidades do diagnstico agronmico deuma cultura, que o de direcionar pesquisas sobre os problemas desta cultura.

    Na prtica uma estao de observao uma rea de poucos metros quadradosdentro da qual se coleta a maior parte das variveis do meio e das plantas. Ela tem aforma de um quadrado cuja rea depende da cultura e da densidade de plantio.

    Neste exemplo de dispositivo cada estudante escolhe para estudo um elementode heterogeneidade da roa que julgar, com a ajuda do agricultor, pertinente: terreno,qualidade da queimada, antecedente, espcies associadas, ou outro. Em funo destacaracterstica implantar-se- trs estaes em uma situao e outras trs estaes emuma situao a mais contrastada possvel em relao primeira (se o elemento de

    6 O que no quer dizer obrigatoriamente uma relao causal, pois as relaes elementos de heterogeneidadeda roa x fatores e condies de crescimento so complexas, e no lineares e diretas.

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    17

    heterogeneidade estudado solos/topografia, uma estao deve ser implantada naparte alta e outra na parte baixa do terreno). Assim cada um instalar 6 estaes nototal.

    Como estaes sero implantadas de preferncia aps a emergncia da culturaestudada, deve-se escolher situaes bem constrastadas em relao ao elemento deheterogeneidade escolhido para o estudo e o mais homogneas possveis em relaoaos outros elementos de heterogeneidade da roa (alm dos citados acima podemosacrescentar densidade de plantio, tocos e razes). Para permitir comparaes todas asestaes devem ter sido plantadas na mesma poca (poucos dias de diferena nomximo) e com a mesma variedade (e se possvel com a mesma densidade de plantio). importante repetir que somente a caracterstica escolhida deve variar entre os doisconjuntos de estaes comparados.

    Estas estaes de observao no tm o objetivo de ser representativas da roa(em termos da sua heterogeneidade e/ou com fins de estimao de rendimento, porexemplo), mas da sub-parcela. Elas buscam simplesmente estudar uma situao bemdeterminada onde pensamos que a variao de um s elemento de heterogeneidadedesta roa pode levar a diferenas importantes de rendimento.

    2) .m.O exemplo do arroz : dados a serem recolhidos (componentes do rendimento x variveisexplicativas) e seus modos de coleta

    As duas tabelas abaixo mostram os componentes do rendimento (e dadoscorrelatos) e as variveis complementares ou explicativas (referentes s condies efatores de crescimento durante o ciclo do arroz) que devem ser coletados para arealizao da anlise da elaborao do rendimento atravs de seus componentes.

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    18

    Tabela 1: modo de coleta dos dados referentes aos componentes dorendimento do arroz

    COM P ONENTE DO DADO M ODO DE OBTENOR ENDI M ENTO medi do es t i mado

    FASE VEGETATIVA n de covas / m2 * contagem exaustiva na estaox n de sementes / cova * contagem em 5 covas for a da estaox % ger minao * teste de labor atr io com 100 sementesx % emer gncia = n ps/cova * contagem exaustiva na estaoxn mx . per f. / px % per f. fr teis= n pan./p * (n pan./cova) / (n p/cova) = PAN. / M2 * contagem exaustiva na estaoxFASE REPRODUTIVAespiguetas difer enciadas / pan.x % no degener escncia = n espiguetas / pan. * contagem em 20 a 30 panculasx % fer t. de espiguetasx % fecund. de espiguetas =% espiguetas fecundadas * contagem dos gr os e espiguetas vazias

    em 20 a 30 panculas = N GROS / PAN. * contagem dento da estao em 20 a 30 panculasxFASE DE MATURAOPESO DE 1 GRO * pesagem de 300 gr os

    RENDIMENTO FINAL = n covas/m2 x n ps/cova x n pan./p x n gr os/pan. x peso de 1 gr o

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    19

    Tabela 2: variveis complementares usadas na anlise dos dados

    N vel de i nter veno Var i vei s M odo de obteno poca de obteno

    P ovoamento estado fi tossani tr i o escal a de notas 3 vezes dur antevegetal r ecobr imento do ter r eno estimati va da por centagem de o ci cl o cul tur al

    por i nvasor as r ecobr imento (a cada estgi o)

    Cl i ma Pl uvi ometr i a e ETP di r i as pl uvi metr o de cada comuni dade ao fi nal do acom-(par a o bal ano h dr i co) ETP na estao meteor ol gi ca panhamento das

    l ocal r oas

    (anl i se qumi ca e gr anul o- r eti r ada de amostr as de sol o da quando da r eal i zao damtr i ca do sol o) camada super fi ci al (0 a 20 cm toposeqnci a

    de pr ofundi dade)Sol o

    densi dade apar ente r eti r ada de amostr as com quando da r eal i zao dasonda de Uhl and toposeqnci a

    enr ai zamento, estr utur a per fi l cul tur al na col hei tado sol o

    Sucesso de . hi str i co das par cel as j unto ao agr i cul tor dur ante e aps otcni cas cu l tur ai s . sucesso de pr ti cas " acompanhamento

    das r oas". r endimento das par cel as "estudadas. pr ofundi dade de pl anti o medi da no campo por amostr agem l ogo aps o pl anti o

    for a da "estao"

    No estritamente necessrio recolher todas estes dados para a realizao daanlise da elaborao do rendimento atravs de seus componentes. Por outro lado estano precisa se limitar a eles. Outros dados podem ser colhidos para aumentar apreciso do trabalho. Na verdade os dados a serem recolhidos so um compromissoentre os objetivos do trabalho de diagnstico agronmico (no nosso caso estes soprincipalmente didticos) e os meios disposio do estudante.

  • Introduo ao Diagnstico Agronmico

    20

    Bibliografia

    FABRI, C.; VEIGA, I.; OZIER-LAFONTAINE, H. Diagnstico Agronmico do arroz namicro-regio de Marab (Par-Brasil). Marab-PA: LASAT (mimeo.); 1991.

    FABRI, C.; VEIGA Jr., I.; OZIER-LAFONTAINE, H. Diagnstico Agronmico do arrozna Micro-regio de Marab (Par - Brasil): primeiros resultados e metodologia.in Actes du Sminaire Agriculture Familiale et Dveloppement Rural enAmazonie Orientale - n. hors srie d'Agricultures Paysannes etDveloppement: Carabe - Amrique Tropicale, p. 143 -157. Pointe--Pitre(Guadeloupe): SACAD-DAC; 1992.

    GRAS, R.; BENOIT, M.; DEFFONTAINES, J. P.; DURU, M.; LAFARGE, M.; LANGLET, A.;OSTY, P. L. Le Fait Technique en Agronomie - Activit agricole, concepts etmthodes d'tude. Paris: L'Harmattan/INRA; 1989.

    GRET; FAMV. Manuel d'agronomie tropicale applique l'agriculture hatienne.Cahors, Frana: Facult d'Agronomie et de Mdecine Vtrinaire d'Hati eGroupe de Recherche et d'Echanges Technologiques; 1990.

    IRAT. Amlioration varitale du riz pluvial au Brsil. Rgion du Cocais : tat duMaranho. Rgion du Cerrado : Centre-ouest Brsilien. : IRAT.

    MEYNARD, J. M. Introduction aux mthodes d'enqutes agronomiques. Les cahiersde la formation profssionnelle la recherche en milieu rural des rgionschaudes (CIRAD/CNEARC). 1982; fascicule 3, volume 2.

    MEYNARD, J. M.; SEBILLOTTE, M. Diagnostic sur les causes de variation durendement du bl dans une petite rgion. in La fatigue des sols, 23mecolloque SFP, Versailles, 21-22 octobre 1982 (les Colloques de l'INRA, n17); p. 157-168. Versailles: Ed. INRA; 1983.

    MILLEVILLE, P. Approche Agronomique de la notion de parcelle en milieutraditionnel africain : la parcelle d'arachide en moyenne-Casamance. in Cah.ORSTOM, sr. Biol., n 17 : 23-37. : ORSTOM; 1972.

    MILLEVILLE, P. Comportement technique sur une parcelle de cotonnier au Sngal.in Cah. ORSTOM, sr. Biol., vol. XI, n 4, 1976 : 263-275. : ORSTOM; 1976.

    MILLEVILLE, P. Recherches sur les pratiques des agriculteurs. in Runion du CGIAR,Sminaire Systmes Agraires. Montpellier; 1987.