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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Instituição Credenciada pelo MEC – Portaria 4.385/05

Unis - MG

Centro Universitário do Sul de Minas

Unidade de Gestão de Pós-graduação – GEPÓS

Av. Cel. José Alves, 256 - Vila Pinto

Varginha - MG - 37010-540

Mantida pela

Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas – FEPESMIG

Varginha/MG

Todos os direitos desta edição reservados ao Unis-MG.

É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou parte do mesmo, sob qualquer meio, sem

autorização expressa do Unis-MG.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

SOUZA, Gleicione Aparecida Dias Bagne de.

Guia de Estudo – Didática e Metodologia no

Ensino Superior. Gleicione Aparecida Dias Bagne de

Souza. Varginha: GEaD-Unis-MG, 2010.

99p.

1. Didática. 2. Métodos 3. Técnicas I. Título

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Reitor

Prof. Ms. Stefano Barra Gazzola

Gestão de Pós-graduação

Prof. Ms. Guaracy Silva

Design Instrucional e Diagramação

Prof. Celso Augusto dos Santos Gomes

Jacqueline Aparecida Silva

Núcleo Pedagógico

Profª. Ms. Terezinha Nunes Gomes Garcia

Profª. Drª. Gleicione Aparecida Dias Bagne de Souza

Revisão Ortográfica / Gramatical

Gisele Silva Ferreira

Autora

Gleicione Aparecida Dias Bagne de Souza

Graduada em Pedagogia com Habilitação em Orientação Educacional; Supervisão

Pedagógica; Inspeção Educacional e Direção Educacional. Possui Pós-graduação Lato

Sensu em Docência no Ensino Superior, Pós-graduação em Educação Infantil e Pós-

graduação em Psicopedagogia. É mestre em Engenharia de Produção ênfase em Mídia e

Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC. Possui doutorado em

Educação e Psicologia pela Universidade do Minho, Braga-Portugal. É supervisora

Pedagógica do Unis-MG, coordena a Pós-graduação em Psicopedagogia Institucional e

Clínica numa perspectiva Inclusiva, é professora no curso de Educação Física e Pedagogia.

Acesso aos

dados

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

ÍCONES

REALIZE. Determina a existência de atividade a ser realizada.

Este ícone indica que há um exercício, uma tarefa ou uma prática para ser

realizada. Fique atento a ele.

PESQUISE. Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na busca por mais

informação.

PENSE. Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a

um questionamento.

CONCLUSÃO. Todas as conclusões, sejam de ideias, partes ou unidades do curso

virão precedidas desse ícone.

IMPORTANTE. Aponta uma observação significativa. Pode ser encarado como

um sinal de alerta que o orienta para prestar atenção à informação indicada.

HIPERLINK. Indica um link (ligação), seja ele para outra página do módulo

impresso ou endereço de Internet.

EXEMPLO. Esse ícone será usado sempre que houver necessidade de exemplificar

um caso, uma situação ou conceito que está sendo descrito ou estudado.

SUGESTÃO DE LEITURA. Indica textos de referência utilizados no curso e

também faz sugestões para leitura complementar.

APLICAÇÃO PROFISSIONAL. Indica uma aplicação prática de uso profissional

ligada ao que está sendo estudado.

CHECKLIST ou PROCEDIMENTO. Indica um conjunto de ações para fins de

verificação de uma rotina ou um procedimento (passo a passo) para a realização de

uma tarefa.

SAIBA MAIS. Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado de forma

a possibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado.

REVENDO. Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Sumário

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................... 7

EMENTA ................................................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 9

1 RELAÇÕES ENTRE VISÕES DETERMINANTES DA POSTURA DO PROFESSOR

E CONCEPÇÕES BÁSICAS DO ENSINO......................................................................... 10

1.1 Principais Eixos Epistemológicos ...................................................................................... 11

1.1.1 Racionalismo .................................................................................................................. 12

1.1.2 Empirismo ...................................................................................................................... 14

1.1.3 Interacionismo ............................................................................................................... 16

2 A DIDÁTICA ATRAVÉS DOS TEMPOS ....................................................................... 25

2.2 Aprender a aprender .......................................................................................................... 32

2.3 Estudo Comparativo dos Paradigmas de Ensino............................................................... 34

2.4 A Educação numa perspectiva Construtivista ................................................................... 37

3 SER PROFESSOR UNIVERSITÁRIO ............................................................................ 43

3.1 PLANEJAMENTO DE ENSINO ..................................................................................... 51

3.2 DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS: geral e específicos ............................................ 58

3.3 AVALIAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ............................ 61

3.4 INTERDISCIPLINARIDADE.......................................................................................... 67

3.5 PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS ............................................................................. 71

4 CRITÉRIOS BÁSICOS PARA A ESCOLHA DOS MÉTODOS DE ENSINO............ 75

4.1 Aula expositiva ................................................................................................................. 79

4.2 Estudo dirigido .................................................................................................................. 80

4.3 O uso de jogos .................................................................................................................. 82

4.4 Trabalho em grupo ............................................................................................................ 82

4.4.1 A técnica de painel ......................................................................................................... 83

4.4.2 Técnica de Seminário ..................................................................................................... 84

4.4.3 Brainstirming ou tempestade cerebral ............................................................................ 84

4.4.4 Simpósio......................................................................................................................... 86

4.4.5 Discussão 66 ou Phillips 66 ........................................................................................... 86

4.4.6 Grupos de cochicho ........................................................................................................ 87

4.4.7 Estudo de Casos ............................................................................................................. 88

4.4.8 Estudo do meio............................................................................................................... 88

4.4.9 Método da descoberta .................................................................................................... 91

4.4.10 Método de solução de problemas ................................................................................. 92

4.4.11 Métodos de projetos .................................................................................................... 92

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 97

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

APRESENTAÇÃO

Prezado (a) aluno (a)

Este manual será o nosso Guia de Estudo da disciplina Didática e Metodologia no

Ensino Superior, que será ministrada aos cursos de Pós-graduação Lato Sensu, do Centro

Universitário do Sul de Minas- UNIS-MG.

Este Guia abrirá espaço para a reflexão sobre a importância de se constituir um

professor universitário, assim você terá espaço para pensar, escolher e adotar diferentes

procedimentos de ensino que lhe ajudará e apoiará o fazer pedagógico.

O Guia está constituído em quatro unidades. Na primeira, iremos conhecer as

diferentes visões que determinam a postura metodológica docente, os principais eixos

epistemológicos, as tendências pedagógicas e suas implicações nas relações professor/aluno,

aprendizagem, métodos e conteúdos.

Já na segunda unidade, iremos estudar como estabelecer relações entre metodologia e

as concepções de educação. Veremos também sobre a Didática e suas relações entre o

professor e as concepções básicas.

A unidade três nos dará a oportunidade de refletirmos sobre a relação entre pedagogia

e ensino. Iremos aprender sobre planejamento que é um instrumento da ação educativa além

de analisarmos quais os melhores procedimentos para avaliar os alunos.

Na quarta e última unidade abordaremos sobre os métodos de conhecimento e ensino e

as práticas metodológicas realizadas em atividades docentes.

Espero que essas unidades do guia tornem-se um refencial de apoio, consulta e

reflexão para você que se tornará futuro docente, tendo em vista a necessidade de planejar e

construir sua própria prática.

Lembre-se que sou sua parceira nesta caminhada, porém desejo que você construa

suas próprias reflexões e experimente novas experiências pedagógicas.

Um abraço

Profa. Dra. Gleicione Apa. Dias Bagne de Souza

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

EMENTA

Estabelecimento de Relações entre visões determinantes da postura didática do professor e

concepções básicas, técnicas do ensino superior, o trabalho docente, a pedagogia e o ensino,

planejamento, avaliação relação professor-aluno. Método do conhecimento X Método de

ensino; Método de ensino – sob a visão da ótica teórico-metodológico e técnico-

metodológico; Método de ensino na visão da Didática Teórica e Prática; Método de Ensino –

da proposição formal à prática social; Método dialético; Escolhas de procedimentos de

ensino; dimensão política da prática pedagógica.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

INTRODUÇÃO

Querido (a) aluno (a),

Este Guia nos dará suporte para entender um pouco mais o que significa ser professor,

que é uma profissão que requer reflexões, leituras, discussões, ideias e muitos outros saberes

que você terá a opotunidade de ver no decorrer deste.

Ser professor não é apenas querer ensinar os alunos, é muito mais que isso. Iremos

assim, caminhar por este guia descobrindo como levar os alunos a interessarem pelas aulas e

pelo conhecimento, tornando o aprendizado significativo.

Um galo sozinho não tece

uma manhã:

Ele precisará sempre

de outros galos.

De um que apanhe esse grito

que ele e o lance a outro;

de um outro galo

que apanhe o grito que

um galo antes

e o lance a outro;

e de outros galos

que com muitos outros

galos se cruzem os fios de sol

de seus gritos de galo,

para que a manhã,

desde uma teia tênnue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

João Cabral de Melo Neto

........ Que possamos dar nosso grito, sendo a favor da liberdade de expressão de nossos alunos,

da inclusão, da esperança, da educação para todos, da justiça, do respeito as diferenças, da

sensibilidade, da iguldade social e muitos outros gritos, só assim valerá a pena ser

PROFESSOR!

Um abraço esperançoso

Profa. Dra. Gleicione Apa. Dias Bagne de Souza

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

META

Demonstrar ao aluno como as relações entre visões determinantes da postura do

professor e as concepções básicas do ensino poderão evitar o simplismo na docência

universitária e criar possibilidades.

OBJETIVOS

Objetivo geral

Conhecer as visões determinantes da postura metodológica, auxiliando o professor

para análise de sua prática pedagógica.

Objetivos específicos

Esperamos que, ao término desta unidade, você possa:

Reconhecer as diferentes visões que determinam a postura metodológica docente: epistemológica, psicológica, ontológica e social.

Conhecer os principais eixos epistemológicos.

Refletir sobre as tendências pedagógicas e suas implicações nas relações professor/aluno, aprendizagem, métodos e conteúdos.

RELAÇÕES ENTRE VISÕES DETERMINANTES DA

POSTURA DO PROFESSOR E CONCEPÇÕES

BÁSICAS DO ENSINO

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Neste primeiro capítulo do nosso Guia, vamos iniciá-lo refletindo sobre os eixos

epistemológicos, com a finalidade de lhe oferecer subsídios para análise de sua prática

pedagógica.

Você já deve estar perguntando... mas o que é epistemologia? Pois bem, nada

complicado.

Na enciclopédia Larousse Cultural encontramos a definição de epistemologia:

―Filosofia da ciência e, num sentido mais geral, o estudo das teorias do conhecimento

(segundo vários registros e diversas concepções de conhecimento)‖. (v. 9, 1995, p. 2135).

Através da citação anterior, você pode verificar que epistemologia é um ramo da

Filosofia onde se realiza um estudo reflexivo e crítico, ou seja, que trata de problemas

relacionados à crença e ao conhecimento. Percebeu como não é nada complicado?

Podemos concluir que epistemologia é a ciência que procura desvendar as questões

relativas ao conhecimento. Para Aranha, epistemologia é a teoria do conhecimento, uma parte

da Filosofia que investiga as relações do sujeito cognoscente (sujeito aprendente) e o objeto

conhecido (1997).

Vários pesquisadores da Educação e da Psicologia há muitos anos dedicam ao estudo

do desenvolvimento e da aprendizagem, considerando o ser humano a partir de diferentes

pontos de vista. É nesse sentido que iremos estudar um pouco sobre as diferentes teorias em

relação ao desenvolvimento e o processo de ensino/aprendizagem. Cada teoria tem uma visão

diferenciada de ser humano, isto é, vêem nos alunos considerações diferentes.

É muito importante você conhecer cada teoria, pois de acordo com cada uma delas que

irá diferenciar sua atuação docente.

1.1 Principais Eixos Epistemológicos

O ser humano tem necessidade de entender questões relativas a construção do

conhecimento, daí foram elaboradas três grandes eixos (visões, posturas), que podemos

afirmar que são as três formas que o homem utiliza para pensar e construir o conhecimento.

Cada uma dessas formas interpreta o momento histórico-social em que a teoria foi

estabelecida. Você terá a oportunidade de ver o quanto são distintas e configuram as ideias

predominantes com relação às teorias de construção do conhecimento.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

1.1.1 Racionalismo

O Racionalismo tem esse nome porque valoriza a razão ou o pensamento como fonte

do conhecimento. Ele surgiu na última década do século XVI e teve o seu ápice no século

XVII. Quem criou o Racionalismo foi o filósofo René Descartes, onde foi uma versão

moderna do antigo idealismo grego, criado por Platão.

O Racionismo considera que existe ideias inatas, ou seja, um realismo das ideias é

uma coisificação das ideias. ―Se podemos pensar clara e logicamente em um objeto é porque

ele existe, assim como se pode pensar em Deus clara e perfeitamente, porque Ele existe‖.

(MATUI, 1995, p.37). Essa visão é bem interessante! Daí, podemos formalizar essa ideia

como:

No Racionalismo, conferimos ao objeto o conhecimento que já trazemos conosco, ou

seja, o conhecimento prévio. São racionalistas as atitudes teóricas e práticas de raciocinar a

partir da natureza, da hereditariedade, das raças, dos dons, dos instintos e outros. (Id. Ibid).

É importante que você saiba que no racionalismo há um equívoco quando consideram

a razão e o pensamento como as únicas fontes do conhecimento. Esse reducionismo induz

seus adeptos ao dogmatismo e ao autoritarismo.

O Racionalismo é conhecido também por outros nomes: idealismo, inatismo, pré-

formismo, apriorismo, todas, porém, traduzem o mesmo conceito. Assim iremos trabalhar

um pouco mais mostrando qual a postura do professor apriorista.

O papel do professor apriorista é muito limitado, restringindo apenas a facilitar a

aprendizagem e despertando o conhecimento pré-existente no indivíduo, assim, o professor

apenas auxilia o aluno nas atividades. Podemos então afirmar, que essa concepção de

aprendizagem dá origem a uma pedagogia centrada no aluno.

Vamos esclarecer mais um pouco... a pedagogia baseada nesta epistemologia é a não-

diretiva tem as seguintes características, conforme Guia Curricular da SEE-MG, 1997.

Sujeito Objeto

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Você conhece algum professor que para ele é mais importante permitir o

desenvolvimento do que ensinar?

Aquele professor que dá importância às diferenças individuais de

inteligência, aptidões, etc., criando preconceitos prejudiciais ao trabalho em

sala de aula, este é o professor apriorista.

• Os comportamentos e experiências não são fracionáveis em termos de estímulo/resposta.

A mente do aluno é considerada como uma fita pré-gravada,

porque o indivíduo, ao nascer, já traz prontas as estruturas do

conhecimento.

• Não há método de ensino: o aluno é capaz de encontrar seu próprio caminho.

O indivíduo reage a configurações perceptuais e não a estímulos específicos, tal como afirma a

corrente da Gestalt e a aprendizagem se reduz à resolução de problemas mediante “insight”.

• O comportamento resulta do amadurecimento progressivo das estruturas mentais, sendo nula a ação do meio.

O clima da sala de aula é do tipo “laissez-faire”- qualquer ação que

o aluno decida fazer é, a priori, boa.

• As concepções aprioristas negligenciam o papel do objeto do conhecimento na medida em que defendem o fatalismo biológico na concepção da inteligência.

A avaliação considera de maneira radical a problemática das

diferenças individuais

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

1.1.2 Empirismo

Com certeza você já ouviu falar na palavra empírica, pois bem, essa palavra é usada

como uma prática ou ação sem base científica ou sem planejamento. Empirismo é teoria

epistemológica que considera o conhecimento como algo que vem de fora, através dos

sentidos ou das experiências. Ele reconhece a experiência como única fonte válida de

conhecimento, em oposição ao raciocínio que se baseia, em grande medida, na razão.

No Empirismo consideram a mente da criança como uma tabula rasa, ou seja, algo em

branco que ainda não recebeu informações, vazia, assim no dia a dia, o meio, a experiência, os

estímulos vão depositando os conhenimentos na mente.

No desenho abaixo você vai perceber que no Empirismo o conhecimento vem do

objeto, que o sujeito recebe passivamente através das sensações ou experiência.

O filósofo inglês John Locke (1632-1704) foi o iniciador desse modo de pensar. A

influência do seu modo de pensar, ou seja, das suas ideias empiristas, persiste até nossos dias.

Você sabia que psicólogos da corrente ambientalista podem ser encontrados

principalmente nos Estados Unidos? ―São muito famosos os trabalhos dos

psicólogos J.B.Watson (1878-1958) e B.F. Skinner (1904-1990), representantes,

respectivamente, das teorias behaviorista e neobehaviorista [...]‖ (BARROS,

1996, p.08).

As concepções sobre aprendizagem, entre as quais o behaviorismo, que priorizam o

objeto, dá origem a uma pedagogia centrada no professor.

É importante você saber que esta é a pedagogia diretiva resultante destas concepções

e apresenta, entre outros, os seguintes pressupostos segundo o Guia Curricular da SEE-MG,

1997.

Sujeito Objeto

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Irei te explicar melhor esta linha de raciocínio. Ainda hoje encontramos professor que

trabalha nessa concepção de aprendizagem, que dá origem a pedagogia diretiva. Você já

deve ter deparado com professor que considera o aluno como aquele que nada sabe que vê o

aluno como um receptáculo.

Você já teve professor que explicava o conteúdo e esperava que os alunos

repetissem?

Lembra daquele professor autoritário, que dava ordens e instruções aos alunos?

E na aula somente o professor falava, os alunos eram meros ouvintes?

Se você identificou algum professor com este posicionamento, tenha certeza

que ele estava numa concepção behaviorista.

A mente do aluno é considerada como “tabula

rasa”, como uma fita virgem na qual serão

impressos os modelos de comportamento

desejáveis.

O comportamento é resultante da

relação

e, como tal, pode ser medido.

A aprendizagem é considerada como uma

mudança de comportamento e é

decorrente do treino ou de experiência.

O método de ensino valoriza a transmissão de

conhecimento e a repetição do que já

está pronto: o professor ensina e o

aluno aprende.

O ensino privilegia: especificação minuciosa

de objetivos comportamentais,

definição precisa de estratégias e

estabelecimento de seqüências e etapas

A avaliação ocorre, sobretudo, após o

transcorrer do processo e para

verificar o grau de retenção do que foi

transmitido.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

1.1.3 Interacionismo

O Interacionismo é o terceiro modo de entender o ser humano, de acordo com essa

teoria, tanto fatores subjetivos quanto fatores objetivos são importantes na determinação do

desenvolvimento do aluno.

Como representantes da corrente interacionista temos o teórico suíço Jean Piaget

(1896-1980) e o russo Lev S. Vygotsky (1896-1934).

Preste bem atenção! No Interacionismo a aprendizagem não procede só do sujeito,

nem só do objeto, mas da interação de ambos.

Essa visão permite ao construtivismo focalizar a interação sujeito-objeto como uma

estrutura ou bipolar, cujos elementos são inseparáveis. Não há sujeito sem objeto e

não há objeto sem sujeito que o construa. O sujeito não está simplesmente situado

no mundo, mas no meio (o objeto) entra como parte integrante do próprio sujeito,

como matéria e contudo cognitivo e histórico. (MATUI, 1995, p. 45).

Matui evidenciou que a interação social é uma forma privilegiada de acesso à

informação, de acesso ao objeto de conhecimento. Podemos então falar que o construtivismo

é interacionista.

Analise o desenho a seguir:

O desenho evidencia que no construtivismo o sujeito e o objeto não são estruturas separadas,

mas constituem em uma única estrutura pela interação. Sujeito e objeto se complementam,

assim, o conceito de conhecimento-construção expressa o movimento do pensamento em cada

Sujeito Objeto

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

indivíduo. Podemos afirmar que o sujeito se desenolve em interação com o meio. Veja a

seguir:

Podemos afirmar que a pedagogia relacional está embutida na epistemologia

interacionista que também é construtivista. Na pedagogia relacional o professor passa a ser

o mediador da relação sujeito/objeto, ajudando o discente a construir o conhecimento, a

reflexão, a organização, desafiando-os e estimulando-os.

O conhecimento não nasce

nem do sujeito em si

mesmo, nem do objeto, mas

provém da interação-ação

entre ambos.

A polarização

é substituída

pela interação

Nesta nova concepção da

relação sujeito objeto,

os termos se solidarizaram

ao invés de se oporem.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Irei apresentar as características essenciais a esta pedagogia relacional, de acordo com

o Guia Curricular do SEE-MG, 1997.

Você terá a oportunidade de estudar mais um pouco na unidade posterior sobre o

Construtivismo; isso porque sabemos da importância dessa epistemologia no processo ensino-

aprendizagem, uma vez que embasado nesta epistemologia temos como significado educativo

que o professor necessita saber que o conhecimento se constrói pela interação do indivíduo

com o meio físico e social; com o simbolismo humano; com o mundo das relações sociais.

Você já teve professor que propôs nas aulas debates e discussões?

Que te instigou e desafiou para a aprendizagem?

Que quando foi questionado pelo aluno foi leal em dizer que não

sabia, que iria pesquisar, e pediu ajuda aos alunos também?

Pois bem, este é o perfil de um professor construtivista.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Na Pedagogia diretiva:

O professor: é autoritário, monopoliza a palavra

O ambiente de sala de aula: as carteiras são enfileiradas, há muito

silêncio.

A aula: o aluno fica somente escutando o que o professor está

explicando; o professor manda e o aluno acata; o professor ―acha‖que

o aluno está aprendendo e o aluno ―nem sempre consegue aprender‖.

Na Pedagogia não-diretiva

O professor: auxilia o aluno, porém o aluno aprende por si mesmo, já

traz um saber a priori.

O ambiente de sala de aula: muita conversa, o aluno que toma a

iniciativa é um laissez-faire.

A aula: o aluno que irá decidir o que fazer e o professor simplesmente

acata.

Na Pedagogia relacional

O professor: irá propor, instigar e desafiar o aluno para que ele age,

problematiza e constua o conhecimento.

O ambiente de sala de aula: as aulas são interativas e

interdisciplinares, há interação entre o professor e aluno.

A aula: há situações problematizadas, pesquisas, conhecimento

circulante em situações sociais, reais e interacionais.

Caso queira aprofundar mais os estudos você pode recorrer a obra de Matui.

MATUI, Jiron. Construtivismo: Teoria construtivista sócio-histórica

aplicada ao ensino. São Paulo: Moderna, 1995.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Agora que você já conhece os eixos epistemológicos, vamos conhecer a seguir o quadro

síntese das tendências pedagógicas no decorrer da história:

Fonte: Home Page do Professor p:01 Vitor Figueiredo acessado 09/10/1999

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Como você pôde ver, o quadro anterior sintetiza as tendências pedagógicas no

decorrer da história. Antes de você assumir uma postura pedagógica frente a escola, o aluno e

a metodologia, você deverá possuir um conhecimento global das diferentes teorias. Assim,

poderá refletir sobre sua prática e, se necessário, procurar nas várias teorias os pontos

convergentes e complementares. Lembre-se que deve ter cuidado na escolha da teoria para

que essa não seja simplesmente utilizada como modismo passageiro.

Vamos estudar um pouco mais sobre essas tendências?

A MULTIEDUCAÇÃO relata que:

Não existe uma única teoria que, sozinha, responda a todas as questões que se

colocam no interior da escola. Isoladamente, cada teoria procura responder a

determinadas questões, abordando alguns aspectos do ato de educar. Há teorias que

discutem como crianças e adolescentes constituem conhecimentos, algumas

abordam aspectos voltados para o papel do sujeito nesta constituição, outras

discutem o papel da interação entre sujeitos, da mediação da linguagem, da

importância de diferentes estruturas como a percepção, a memória. (SECRETARIA

MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO RJ 2000, p.01).

Vamos juntos analisarmos a afirmação anterior; percebemos que existem na escola

diferentes formas de compreender o mundo, e nenhuma teoria sozinha poderá dar respostas à

diversidade de questões que se apresentam no ato de educar. Assim, desde o final do século

passado, John Dewey e seus seguidores afirmaram que ―educação é um processo de vida e

não preparação para a vida‖. Se educação é um processo de vida, porque não ensinar o aluno

a aprender pesquisar o meio, a aprender fazendo, tendo um trabalho cooperativo, relacionando

a prática com a teoria? É justamente esse ensino que almejamos.

A Secretaria de Educação de Minas Gerais relata:

Ora, o mundo tem extrema mutabilidade e, nele, a única certeza é a incerteza, a

única constância é a inconstância e a única permanência é a impermanência. Isto

significa que é impossível prever em que tipo de mundo o aluno viverá. Sendo

assim, não é insanidade oferecer-lhe respostas de ontem para o mundo de amanhã?

Além disso, não seria insanidade maior condicioná-lo nestas respostas? Na verdade,

para se sobreviver neste mundo, parece ser necessário uma certa dose de

flexibilidade. (SEE-MG, 1993, p. 19).

Visando a esta mutabilidade do mundo, é que os professores universitários deverão

propor, instigar e desafiar o aluno na aprendizagem. Esse, por sua vez, deve, agir,

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

problematizar e construir seu próprio caminho com a mediação do professor. Com essa

mediação ambos saem privilegiados, pois o professor, além de ensinar, aprende, e o aluno,

além de aprender, ensina.

Vale lembrar que o professor também deve estar atento ao ambiente de

aprendizagem e como irá fluir essa interação entre ambiente/aluno, pois deverá proporcionar

ao aluno a interatividade e interdisciplinaridade ocasionando situações problemas, atitudes de

busca por parte do aluno, conhecimento circulante em situações sociais, reais e interacionais.

Zabalza afirma que:

Ensinar é uma tarefa complexa na medida em que exige um conhecimento

consistente acerca da disciplina ou das suas atividades, acerca da maneira como os

estudantes aprendem, acerca do modo como serão conduzidos os recursos de ensino

a fim de que se ajustem melhor às condições em que será realizado o trabalho, etc.

(2004, p.111).

A profissão docente realmente não é nada fácil, pois conhecer muito bem a

disciplina que iremos ministrar, é o mínimo que se exige, devemos ir muito, além disso,

devemos montar as estratégias para que os alunos aprendam, daí que entra as competências

que o docente deve ter, como: saber identificar o conhecimento prévio do aluno e o que ele

não sabe e deveria saber; ter uma boa comunicação com os discentes, seja individual ou

coletiva, mantendo um diálogo claro e uma relação afetuosa; é importante estimular os alunos

para a aprendizagem, instigando-os a pensar, a trabalhar coletivamente, a refletir e a

questionar.

Vamos refletir sobre um ponto que está sendo muito discutido pelos

pesquisadores?

―Ensinar é uma arte que se aprende com a prática?‖

Você concorda com essa afirmativa? Por quê?

Espero que sua resposta seja negativa, pois no decorrer do texto fui abordando

justamente sobre a necessidade de o professor conhecer o processo de ensino- aprendizagem

do aluno. Em todas as profissões a prática se constitui um laboratório de aprendizagem, de

conhecimento, porém só a prática é insuficiente. Devemos lembrar que ensinar consiste em

várias habilidades básicas que podem ser adquiridas, melhoradas e ampliadas no decorrer dos

anos, mas para isso é importante o processo contínuo de formação.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Para ser professor há uma lista de exigências intelectuais e habilidades práticas que

não devem ser engavetadas, é uma atividade de grande relevância social, o que impõe um alto

grau de conhecimento da disciplina a ser ministrada; clareza ao mediar esse conhecimento

com os alunos; compromissar com os alunos em relação ao seu conhecimento, motivando-os

ao aprendizado; ter atitude e sensibilidade para entender os diferentes tipos e necessidades dos

alunos e outros. Percebeu que ensinar não se aprende ensinando? Há necessidade do professor

já possuir as habilidades e competências para tal ação.

Vamos complementar essa afirmação com uma analogia.

Imaginemos uma magnífica cozinheira, com grande conhecimentos (o saber teórico

sobre os alimentos e o saber prático de cozinha) na arte culinária, encarregada de

atender às creches de uma cidade: talvez, para ela, a natureza de eu trabalho seja

alterada de maneira substancial, pois já não se trata apenas de lidar com os

alimentos da maneira que cada um deles exige, mas de ―prepará-los para servir de

refeição a certas crianças‖. Na verdade, ela não deixa de ser cozinheira, mas é certo

que apenas o seu conhecimento culinário será insuficiente para atender

adequadamente às condições de tal atividade. Se é responsável, o que supomos que

seja, precisará completar sua formação com elementos relativos às características e

às necessidades de seus novos clientes. Além disso, deverá estar ciente sobre os

possíveis problemas oriundos de alguns produtos ou de algumas formas de

cozimento, sobre tipo de dieta adequada para cada idade, sobre as preferências de

certas crianças, etc. Isto é, não se trata de preparar refeições para que cada um

selecione o que quer comer, mas de adequar o trabalho às condições que o novo

contexto e que os novos clientes lhe apresentam. (ZABALZA, 2004, p. 113).

Vamos nos colocar na posição da cozinheira. A disciplina que iremos ensinar aos

alunos é a mesma relação entre a cozinheira e os alimentos, temos um profundo conhecimento

sobre cada conteúdo que iremos abordar, assim como a cozinheira conhece também muito

bem como preparar cada alimento, porém, somente o conhecimento não me oportunizará a ser

um bom docente. Iremos deparar com diferentes alunos, assim como a cozinheira deparou

com diferentes tipos de crianças; alguns alunos aprendem mais depressa, outros mais

lentamente e ainda alguns com dificuldades em aprender. O que fazer para que todos os

alunos aprendam os conteúdos que iremos trabalhar? Nosso compromisso é oportunizar aos

alunos o aprendizado daquilo que estamos propondo ensinar-lhes. Portanto, é imprescindível

que conheçamos metodologias, didática, técnicas de ensino, enfim, os mecanismos que

podemos utilizar para facilitar o processo de aprendizagem pelos alunos.

Agora você entendeu o porquê dominar os conhecimentos dos conteúdos não é

suficiente para ser um professor? ―A profissionalização docente refere-se aos alunos e ao

modo como podemos agir para que aprendam, de fato, o que pretendemos ensinar-lhes‖

(ZABALZA, 2004, p. 113).

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Concluindo essa unidade, podemos perceber as mudanças que a

educação atravessou desde séculos passados até a atual data. Porém,

estamos cientes de que o educador deve ainda lutar pela competência dos

conteúdos, lutar por uma instiruição de ensino mais justa, sem exclusões,

lutar por um ensino e uma escola onde o aluno possa sentir prazer em

estudar e alegria na convivência.

Você evidenciou os vários momentos que mencionei sobre a importância do professor

estar munido de várias estratégias pedagógicas para facilitar a relação entre professor/aluno,

ensino/aprendizagem e outros. Todo conhecimento pedagógico está elaborado no campo

teórico da Didática, desta forma, ela se torna o principal ramo de estudos da Pedagogia. É esse

estudo que iremos abordar na unidade seguinte, mãos a obra e muita disposição.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

A DIDÁTICA ATRAVÉS DOS TEMPOS

METAS

Mostrar ao aluno a construção do caminho percorrido pela didática e sua contribuição

ao desenvolvimento profissional ao professor universitário.

OBJETIVOS

Objetivo geral

Ampliar os conhecimentos sobre a origem da Didática.

Objetivos específicos

Esperamos que, ao término desta unidade, você possa:

Pré-requisitos

Para se ter um bom aproveitamento desta unidade, é importante você relembrar o que

estudamos na unidade anterior, ou seja, você deverá saber reconhecer as diferentes visões que

determinam a postura metodológica docente: epistemológica, psicológica, ontológica e social, assim

você terá condições de fazer a ligação das tendências pedagógicas com a Didática.

Estabelecer relações entre metodologia e as concepções de educação

Identificar o papel unificador do método na instrumentação didática

Reconhecer que as técnicas de ensino devem ser usadas tendo em vista o caráter definidor da metodologia adotada

Estabelecer as relações entre didática do professor e concepções básicas

A DIDÁTICA ATRAVÉS DOS TEMPOS

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Querido (a) aluno (a) nesta unidade iremos conhecer o desenvolvimento da Didática

através dos tempos até chegarmos aos dias atuais, o que irá nos oportunizar uma visão da

progressão da mesma, assim, vamos juntos caminhar por este estudo. Mas antes, é necessário

você conhecer o significado da palavra ―didática‖.

É uma palavra que provem do grego, derivada do verbo didasko, que tem como

significado ―ensinar, formar, doutrinar, demonstrar, educar‖, assim podemos definir a palavra

didática como a arte do ensino.

As definições de didática na visão dos diferentes autores como, por

exemplo, Titone, Stöcker, Nerici, Mattos, Fernández, Huerta, Ferrández,

Pérez, Plá e outros.

a. a didática é: ciência; teoria. Tecnologia; técnica; arte.

b. O conceito semântico da didática é: ensino; aprendizagem;

instrução; comunicação de conhecimentos; sistema de comunicação;

processos de ensino e aprendizagem.

c. A finalidade da didática é: formação; instrução; instrução formativa;

desenvolvimento das faculdades; criação de cultura. (FAZENDA,

2005, p.83).

Agora que já sabemos a terminologia da palavra didática, vamos conhecer o

desenvolvimento de sua história.

Desde a Antiguidade até o início do século XIX, predominou na prática escolar uma

aprendizagem de tipo passivo e receptivo. Aprender era quase exclusivamente memorizar.

Com essa teoria, o aluno era considerado como uma massa de modelar, e era moldado

conforme o gosto do professor.

Na Grécia, Aristóteles já passava essa teoria que, ao longo dos séculos, reapareceu

sob novas formas e imagens. No século XVII, defendia-se a ideia de que o pensamento

humano era considerado como folha em branco apta a receber anotações. Com isso, era

desconsiderado o conhecimento humano anterior. Porém, essa ideia era apenas uma variação

da antiga teoria.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

De acordo com Haidt:

Ensinava-se a ler e a escrever da mesma forma que se ensinava um ofício ou a tocar

um instrumento musical. Por meio da repetição de exercícios graduados, ou seja,

cada vez mais difíceis, o discípulo passava a executar certos atos complexos, que

aos poucos iam se tornando hábitos. O estudo dos textos literários, da gramática, da

História, da Geografia, dos teoremas e das ciências físicas e biológicas

caracterizou-se, durante séculos, pela recitação de cor. (1995, p. 14-15).

O que Haidt quer nos dizer é que os alunos aprendiam com a memorização. Os

exercícios eram elaborados através de perguntas e respostas, tanto orais como escritas. Esse

tipo de procedimento, nem de longe, estimulava o aluno a refletir sobre o assunto estudado.

Mais tarde, surgiram filósofos e educadores que refletiram sobre o conhecimento e

elaboraram teorias que foram se modificando com o passar do tempo.

Sócrates (século V a.C.) afirmava que o saber e o conhecimento não eram

transmissíveis, a função do mestre era apenas ajudar o discípulo a descobrir por si só.

Veja sabia que no período de 1549/1930, os jesuítas foram os principais educadores?

Já naquela época no Código pedagógico dos jesuítas, eles destacavam a Metodologia de

Ensino, que era centrada no caráter formal do educando e marcado pela visão essencialista do

homem. Privilegiavam as formas dogmáticas de pensamento e não era desenvolvido o

pensamento crítico.

Hoje sabemos que desenvolver no discente o pensamento crítico é de extrema

importância. Mas vamos continuar nosso estudo.

João Amos Comenius (1592-1670) afirmava que o professor deveria ensinar ao

aluno somente aquilo que ele realmente precisava aprender. O ensino deveria ser direto,

partindo do geral para o específico. O professor, segundo Comenius, deveria fazer referência

à natureza e às suas causas, para que o conhecimento pudesse ser aplicado na vida diária.

Você pode perceber que esta afirmação de Comenius ainda hoje é discutida e defendida por

muitos autores.

Como podemos ver, em pleno século XVII, Comenius já se preocupava com o

ensino voltado para o cotidiano do aluno. Hoje, mantém-se a mesma preocupação.

Heinrich Pestalozzi (1746–1827) dizia que a educação era um instrumento de

reforma social e defendia a necessidade da educação das massas, proclamando que as crianças

pobres e com condições limitadas também deveriam ter acesso à educação. Em sua teoria

educacional, encontramos as sementes da Pedagogia moderna. Pestalozzi foi o primeiro a

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

formular o princípio de que a educação deveria respeitar o desenvolvimento infantil. Dedicou-

se também à preparação dos professores.

Pestalozzi preocupava-se com o relacionamento entre o professor e o aluno,

afirmando que a base dessa relação deveria ser o amor, o respeito mútuo e o respeito à

individualidade e ao desenvolvimento infantil, favorecendo o desenvolvimento físico, mental

e moral de cada aluno. O professor, segundo Pestalozzi, deveria respeitar o ritmo de cada

aluno, dedicando ao conteúdo ministrado o tempo necessário para sua aprendizagem.

Os princípios educacionais de Pestalozzi foram formulados no final do século XVIII

e começo do século XIX, porém ainda hoje, debatem-se esses mesmos princípios, sendo que

muitos os apontam como positivos e necessários à educação.

Para você os princípios de Pestalozzi favorecem o processo ensino-

aprendizagem?

Reflita sobre isso.

Dando continuidade ao nosso estudo, no período de 1776-1841, John Frederick

Herbart baseou seu trabalho nos princípios de Pestalozzi. Mais tarde, elaborou seu próprio

princípio.

Para ele, a educação era a responsável pela formação das representações e pela forma

como essas representações eram combinadas nos mais elevados processos mentais.

A função da escola era ajudar o aluno a se desenvolver e integrar essas

representações mentais, que provinham de duas fontes principais:

a) do contato com a natureza, através da experiência, e

b) do contato com a sociedade, através do convívio social. (HAIDT 1995, p.20).

A educação moral para Herbart era decorrente da educação intelectual, pois através

da aprendizagem e das ideias, formar-se-ia o caráter do educando. Acreditava também que o

interesse do aluno garantiria sua atenção às aulas, e assegurava a estas novas ideias e

representações, agrupando-as com as já existentes. O interesse do aluno estava baseado

também na seleção e organização de materiais pelo professor.

Você pode perceber que são atuais os princípios de Herbart, apesar de formulados

em 1776-1841. Ainda hoje, trabalha-se para que o ensino não seja compartimentalizado e sim

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

contextualizado. Quando afirmava que o professor deveria organizar e apresentar os materiais

de instruções aos alunos, para que esses percebessem a relação existente entre as várias

matérias de estudo e a unidade do conhecimento, Herbart já estava induzindo o ensino

contextualizado.

Ensino contextualizado significa trabalhar na prática, conhecendo as

demandas dos alunos, o que oportunizará um diálogo que cause interação

entre alunos e professores, desta forma, o aprendizado ocorrerá mais

significativo.

Dando sequência ao nosso estudo, o pesquisador John Dewey (1859-1952) afirmava

que o conhecimento e o ensino deveriam estar relacionados à ação, à vida prática e à

experiência, pois o homem, antes de ser pensante, é um ser que age. ―A criança deve adquirir

o saber pela experiência e pela experimentação própria. O papel da escola não é comunicar o

saber pronto e acabado, mas ensinar as crianças a adquiri-lo, quando lhes for necessário‖.

(HAIDT 1995, p.22 ). Assim, a escola poderá desenvolver nos alunos o pensamento reflexivo,

a atenção e a capacidade de estabelecer relações entre fatos e objetos, formulando assim, as

hipóteses.

É possível você perceber o quanto os educadores mencionados foram de grande

valor no campo educacional, pois suas teorias e práticas repercutiram de forma considerável

na educação. Para eles, a reforma educacional deveria ser feita para todos, não ficando restrita

somente à elite.

No final do século XX, Alves et al dizia que

A educação tem a função de habilitar os indivíduos para renovar continuamente a

sua compreensão de um mundo em mudança. Não é mais suficiente apenas

aprender fatos; é necessário aprender a lidar com os fatos, interpretá-los,

compreendê-los; aprender a aprender; dominar o pensamento, a representação do

conhecimento e o raciocínio, resolver problemas e criar soluções. (1998, p.111).

Com tantas evoluções, cada vez mais, temos a função de habilitar os alunos para

serem críticos, tanto dos acontecimentos do dia a dia como também da tecnologia existente.

Não basta ao aluno adquirir a pluralidade de conhecimentos, valores e interpretações. Ele

necessita ser crítico, saber interagir com a tecnologia e ser participativo.

Paulo Freire sugere que:

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Não pode haver uma teoria pedagógica, que implica em fins e meios da ação

educativa, que esteja isenta de um conceito de homem e de mundo. Não há, nesse

sentido, uma educação neutra. Se, para uns, o homem é um ser da adaptação ao

mundo (tomando-se o mundo não apenas em sentido natural, mas estrutural,

histórico-cultural), sua ação educativa, seus métodos, seus objetivos, adequar-se-ão

a essa concepção. (1998, p.123).

O que Paulo Freire nos afirma é que, não existe educação neutra. Ao trabalhar na

área da educação, é sempre necessário tomar partido, assumir posições. E toda escolha de uma

concepção de educação é, fundamentalmente, o reflexo da escolha de uma filosofia de vida.

Alguns dos pressupostos didáticos atualmente adotados não são construções inteiramente

recentes, mas foram elaborados pelos educadores ao longo do tempo, e reformulados a partir

de um processo contínuo de reflexão-ação-reflexão.

O processo ensino-aprendizagem sempre foi motivo de ampla e profunda discussão.

Hoje, esse termo ―ensino-aprendizagem‖, também é questionado por Pedro Demo

No caso da didática ―ensino/aprendizagem‖, trata-se de repassar lotes de

conhecimento (ensinar) e de apropriar deles pela via da adequação funcional

(aprender). No caso da didática ―aprender a aprender‖, trata-se menos de produtos a

serem dominados, do que de metodologia emancipatória, traduzida em

competências e habilidades. A pessoa torna-se capaz de saber pensar, de avaliar

processos, de criticar e criar. (1996, p.212).

Diante da citação anterior, fica claro para nós que os professores devem construir a

didática do aprender a aprender, no contexto globalizado do conhecimento, trazendo-o para a

prática didática.

Vamos refletir.

Você deve estar perguntando: o que a Didática tem a ver com a Pós

graduação ―Lato Sensu‖que escolhi?

Pois bem, a Didática como vimos até aqui, trata de temas voltados

para o trabalho pedagógico de sala de aula, focando em seus

múltiplos aspectos, assim, para ser um docente no Ensino Superior,

não basta você ter a formação de uma Pós-graduação, é também

necessário ter os conhecimentos e as habilidades exigidas a docência,

a fim de poder desempenhar adequadamente as suas funções.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

E desempenhar adequadamente as funções da docência requer alguns cuidados e

conhecimentos. Várias foram as mudanças ocorridas no âmbito universitário, assim a

docência sofreu também muitas transformações.

Você deve lembrar que anos atrás o professor era aquele profissional com a missão de

transmitir conhecimentos, essa função já não se aplica atualmente. O papel do professor é ser

facilitador da aprendizagem de seus alunos. É justamente por este motivo que hoje a docência

requer conhecimentos específicos, uma vez que ensinar consiste em uma série de habilidades

básicas que podem ser melhoradas e ampliadas por meio do conhecimento didático.

Para Libâneo

A didática tem como objeto de estudo o processo de ensino na sua globalidade, isto

é, suas finalidades sociopedagógicas, princípios condições e meios de direção e

organização do ensino e da aprendizagem, pelos quais se assegura a mediação

docente de objetivos, conteúdos, métodos, em vista da efetivação da assimilação

consciente de conhecimentos. (2002, p.144).

Através da citação, percebemos que na Didática é definida a direção do processo de

ensinar, embasados em procedimentos adequados ao ensino e à aprendizagem, unificando a

atividade teórica e prática na práxis de quem ensina. O que podemos afirmar que a Didática

implica processos de relação e comunicação intencional, assim, interação de sentidos que

caracterizam a relação entre docentes e discentes e destes entre si.

Através do histórico da Didática podemos entender que alguns

pressupostos didáticos elaborados pelos educadores ao longo do tempo, são

atualmente adotados e reformulados a partir de um processo contínuo de

reflexão-ação-reflexão.

O texto ampliou nossos conhecimentos sobre a origem da Didática, você pôde ler a

contribuição de vários autores numa breve exposição sobre suas ideias pedagógicas, onde

mostrou como suas teorias educacionais foram influenciadas por suas concepções do homem

e do mundo. Agora é a sua vez de trabalhar...

Escolha um dos educadores citados no texto (e apresentados a seguir)

e faça uma pesquisa sobre seu trabalho pedagógico, tentando vincular

suas ideias acerca da educação e da didática.

a) João Amos Comenius

b) Heinrich Pestalozzi

c) John Dewey

d) Herbart

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Podemos concluir que é a Didática que concretiza as relações entre

educação escolar, Pedagogia e ensino. São os processos didático-

metodológicos que irão, concretamente, favorecer o processo ensino-

aprendizagem.

É importante você lembrar que a Didática trata da teoria geral do ensino,

é através dela que você poderá buscar orientações para lhe ajudar a

desenvolver seu trabalho docente de forma efetiva.

Para você ministrar aulas, é necessário que tenha em mente qual o objetivo que

pretende alcançar, o que o aluno deverá aprender após a aula, qual a importânicia do

conhecimento adquirido naquela aula, qual a relação daquele conteúdo que você trabalhou

com o dia a dia do aluno e/ou profissão, como desenvolver o conhecimento adquirido e que

postura pedagógica você teve frente ao aluno.

Vale lembrar que todas essas orientações deverão ser sistematizadas em um

planejamento prévio que é elaborado através da Didática, neste sentido, iremos aprofundar

algumas questões nos itens a seguir.

Na seção seguinte, veremos a importância do ensino como produção de conhecimento.

2.2 Aprender a aprender

Vamos começar a seção com uma citação do Pedro Demo, onde ele afirma que ―A

didática do aprender a aprender é hoje a competência própria do educador moderno, de quem

se espera principalmente que consiga motivar o aluno para o mesmo desafio‖. (1996, p. 217).

Demo quer nos dizer que motivar o aluno para o aprender a aprender é tarefa do

professor consciente e preparado para a busca contínua da qualidade e do prazer no

aprendizado.

Nós sabemos através das várias informações que no setor educacional, a sociedade

vive um novo paradigma. Há exigência de novos ambientes de aprendizagem e constante

atualização de professores/educadores. Isso tem ocorrido cada vez mais, pois a revolução

tecnológica e o desenvolvimento da informática apresentam novos cenários à sociedade. As

mudanças organizacionais, tecnológicas, econômicas, culturais e sociais sugerem, por

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

conseguinte, que a educação também se transforme e se adeqüe ao modo de pensar e

apreender o mundo. A tecnologia é um fator de transformação consciente e intencional da

ordem social vigente; ela é um fator de mudança social, deriva de um processo da construção

social e é socialmente amoldada. Esse processo de amoldamento afeta o modo como nós

vivemos e organizamos nossa sociedade e usamos a tecnologia. Esse amoldamento

tecnológico sofre alterações no social, político, econômico, psicológico e histórico.

Você já parou para pensar se conseguiria viver bem, com conforto,

sem o uso da tecnologia?

Vejamos o que Niskier apud Napoleão, nos aponta sobre a tecnologia educacional,

onde sabiamente, não se reduz à utilização de partes. Ela diz que:

Ela precisa necessariamente ser um instrumento mediador entre o homem e o

mundo, o homem e a educação, servindo de mecanismo pelo qual o educando se

apropria de um saber, redescobrindo o conhecimento. (1993, p. 11).

Podemos notar que o sistema educacional tem se transformado com as novas

tecnologias. Alguns professores estão trocando informações, participando de projetos de

pesquisa, buscando adquirir novos conhecimentos para maior integração das mídias em suas

aulas. Porém essa mudança do comportamento dos professores tem demandado tempo e

consenso, sendo que muitos ainda estão em busca da mudança que não pode ocorrer somente

no nome, e sim na ação do professor em sua prática pedagógica. É importante que o professor

esteja ciente de que as novas tecnologias somente serão implantadas se ele romper com as

velhas práticas. O professor que não tem medo de desafios e procura vencê-los, mostra o

quanto é consciente da necessidade de mudanças.

Percebe o quanto as mudanças são necessárias? Os tempos mudaram e a educação está

sendo constantemente repensada,

por isso, na luta para mudar, não podemos ser nem só pacientes, nem só

impacientes, mas pacientemente impacientes. A paciência ilimitada, que jamais se

inquieta, termina por imobilizar a prática transformadora. O mesmo ocorre com a

impaciência voluntarista, que exige o resultado imediato da ação, enquanto ainda a

planeja. (FREIRE 1995, p. 48).

Vejamos o quadro seguinte, onde será apresentado um estudo comparativo dos

paradigmas de ensino, e nos mostrará as mudanças acontecendo, passando da reprodução de

conhecimento para a produção do conhecimento, por favor, leia com atenção e se não

entender, volte e faça uma nova leitura.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

2.3 Estudo Comparativo dos Paradigmas de Ensino

Ensino como reprodução do Conhecimento Ensino como produção do Conhecimento

Enfoca o conhecimento ―sem raízes e dá como

pronto, acabado e inquestionável;

enfoca o conhecimento a partir da localização

histórica de sua produção e entende como

provisório e relativo;

Valoriza o imobilismo e a disciplina intelectual

tomada como reprodução das palavras, textos e

experiências do professor e do livro;

Valoriza a ação reflexiva e a disciplina tomada

como a capacidade de estudar, refletir e

sistematizar conhecimento;

Privilegia a memória e a repetição do

conhecimento socialmente acumulado;

Privilegia a intervenção no conhecimento

socialmente acumulado;

Usa a síntese já elaborada para melhor passar

informações aos estudantes, muitas vezes

reproduzidas de outras fontes;

Estimula a análise, a capacidade de compor e

recompor dados, informações, argumentos e

ideias;

Valoriza a precisão, a segurança, a certeza e o não-

questionamento;

Valoriza a ação, a reflexão crítica, a curiosidade,

o questionamento exigente, a inquietação e a

incerteza, características básicas do sujeito

cognoscente;

Premia o pensamento convergente, a resposta única

e verdadeira e o sentimento de certeza;

Valoriza o pensamento divergente e/ou provoca

incerteza e inquietação;

Concebe cada disciplina curricular como um espaço

próprio de domínio de conteúdo e em geral, dá a

cada uma o status de mais significativa do currículo

acadêmico;

Percebe o conhecimento de forma

interdisciplinar, propondo pontes de relação entre

eles e atribuindo significados próprios aos

conteúdos, em função dos objetivos acadêmicos;

Valoriza a quantidade de espaços de aula que ocupa

para poder ―ter a matéria dada‖ em toda a sua

extensão;

Valoriza a qualidade dos encontros com os

alunos e deixa a estes tempo

disponível para o estudo sistemático e

investigação orientada;

Concebe a pesquisa como atividade exclusiva de

iniciados, onde o aparato metodológico e os

instrumentos de certeza sobrepõe à capacidade

intelectiva de trabalhar com a dúvida

Concebe a pesquisa como atividade inerente ao

ser humano, um de modo aprender o mundo,

acessível a todos e qualquer nível de ensino,

guardadas as devidas proporções;

Incompatibiliza o ensino com a pesquisa e com a

extensão, dicotomizando o processo de aprender;

Entende a pesquisa como instrumento de

ensino e a extensão como ponto de partida e de

chegada da apreensão da realidade;

Requer um professor ―erudito‖ que pensa ter, com

segurança, os conteúdos de sua matéria de ensino;

Requer um professor inteligente e responsável,

capaz de estimular a dúvida e orientar o estudo

para a emancipação;

Coloca o professor como a principal fonte de

informação que, pela palavra, repassa ao aluno o

estoque que acumulou.

Entende o professor como mediador entre o

conhecimento, a cultura sistematizada e a

condição de aprendizado do aluno.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Como você fez a leitura com atenção, entendeu que no quadro anterior, é enfocada a

reprodução do conhecimento, que valoriza a transmissão de conhecimento e a repetição do

que já está pronto: o professor ensina e o aluno aprende. Esse é o método tradicional. Lembra

que já estudamos sobre esse assunto na unidade anterior? O segundo refere-se ao ensino como

produção de conhecimento, que não apresenta uma qualidade estática, mas uma relação

dinâmica; é construído pelo indivíduo em interação com seu ambiente. O professor é o

mediador da relação sujeito/objeto, sinalizando que o aluno só constrói um conhecimento

novo se agir e problematizar a ação. Isso é um ensino Construtivista. Está lembrado do

assunto estudado anteriormente?

Vale você voltar na unidade anterior e rever sobre:

Pedagogia não-diretiva

Pedagogia diretiva e

Pedagogia relacional

Tenho certeza que você está acompanhando o raciocínio do texto, daí percebeu que

este estudo comparativo dos paradigmas de ensino, estão ligadas as concepções de alguns

autores citados anteriormente. Notamos que Freire, Piaget e Vygotsky, em suas obras,

preocupavam com o aluno, apontando caminhos para que ele fosse seu próprio construtor do

saber, preparando-o para a autonomia intelectual, para a compreensão e intervenção da

realidade. Uma realidade refletida no cotidiano da sala de aula.

É justamente sobre esse paradigma de ensino que tanto se fala, mas sobre o qual

quase nada se faz. É justamente nesse ponto que nasce a necessidade de o educador descobrir

novos paradigmas tecnológicos e aplicá-los ao conhecimento no interior da sala de aula.

Vejamos uma pesquisa realizada nos Estados Unidos com 55 entidades

educacionais, na qual foram levantados os principais aspectos que poderiam garantir, no

século XXI, o sucesso dos alunos de hoje.

Entre esses aspectos, foram citados:

Habilidade em leitura básica, escrita e habilidades matemáticas.

Bons hábitos profissionais, como ser responsável, pontual e disciplinado.

Habilidades em computação e tecnologia de mídia.

Valorização do trabalho.

Honestidade e tolerância para com os outros.

Hábitos de cidadania.

Tais aspectos estão dispostos de acordo com o grau de importância, conforme a

pesquisa realizada. (TAJRA 1998, p. 04).

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Nesses aspectos, podemos perceber o quanto as habilidades matemáticas, o domínio

do computador e a inteligência emocional podem ser grandes aliados para garantir o sucesso

no século XXI.

Cabe a cada um de nós, futuros professores, inserirmos em nossas aulas uma

pedagogia aberta para os acontecimentos atuais, formando indivíduos pró-ativos para

atuarem não só no mercado de trabalho, mas também para saberem conviver em grupo.

Segundo Gardner (1995), o nosso conhecimento se dá através de um sistema de

inteligências interconectadas e, em parte, independentes, localizadas em regiões diferentes do

nosso cérebro, com pesos diferentes para cada indivíduo e para cada cultura.

Essa grande variedade de inteligências nos leva a ter uma nova visão de educação,

que ele chama de ―educação centrada no indivíduo‖. Através dessa perspectiva de educação,

descobrimos que as pessoas têm forças cognitivas diferenciadas, por causa do pluralismo

mental que nos é apresentado sob a forma das ―inteligências múltiplas,‖ as quais afirmam que

todos nós possuímos inteligências ou habilidades, porém com pesos diferentes. O ensino

baseado no computador converge para esse pensamento, pois a descoberta faz parte desse

aprendizado.

Veja que interessante o posicionamento de Gardner quando ele prova que todo ser

humano é capaz de chegar ao conhecimento, porém com intensidades diferentes, já que a

aprendizagem muda de pessoa para pessoa. Cada pessoa tem facilidade para aprender de

formas variadas. Os meios de informação e comunicação combinam vários elementos que

podem favorecer a aprendizagem, como a fala, a imagem, o som, o sensorial, incluindo a TV,

vídeo, material impresso, computador e recursos audiovisuais. Mesmo com todas essas

tecnologias, elas não são soluções para os problemas crônicos do ensino-aprendizagem.

Pretto nos mostra seu posicionamento que é bem interessante, veja-o: ―Não podemos

pensar que a pura e simples incorporação destes novos recursos na educação seja garantia

imediata de que se está fazendo uma nova educação, uma nova escola, para o futuro‖. (1996,

p. 45).

Você também achou interessante a afirmação anterior? A citação é pertinente, pois

o professor poderá usar os recursos em suas aulas de forma errada, permitindo ao aluno

adquirir um conhecimento fragmentado, sem compreensão e sem construção de significado.

Os recursos tecnológicos combinados com os aspectos pedagógicos são capazes de

desencadear um novo processo de ensino-aprendizagem, possibilitando que o dia a dia de uma

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

sala de aula, seja envolvido pela realidade cultural e social do aluno. Porém, desde que sejam

adequados a vários fatores, sendo um deles, o comprometimento do professor. Nesse sentido,

a escola deixa de ser um espaço onde a aprendizagem acontece de forma morosa.

Podemos concluir essa seção ciente de que o ensino necessita de

professor preocupado com a produção do conhecimento, que

valorizem a ação do aluno, sua criatividade, seu interesse,

despertando neles a vontade de adquirir o conhecimento.

Na seção seguinte iremos estudar sobre o Construtivismo como favorecedor de uma

nova forma de aprender e de se apropriar desse aprendizado.

Você está lembrado a qual Pedagogia o Construtivismo está ligado? Já estudamos

sobre isso... Caso você tenha esquecido vale voltar na unidade anterior.

2.4 A Educação numa perspectiva Construtivista

Já vimos anteriormente sobre a epistemologia interacionista/construtivista, porém

agora iremos aprofundar mais um pouco, uma vez que é de muita importância este tema na

área educacional.

Nas últimas décadas, a instituição de ensino tem mostrado que as teorias trabalhadas

não têm sido satisfatórias, permanecendo as questões de evasão e excesso de dependências.

Com a procura de melhoria da qualidade do ensino surge o construtivismo, como alternativa

capaz de revolucionar o clima da sala de aula.

Veja que citação interessante que encontramos no Guia Curricular, SEE-MG

Para que ocorra esta transformação, o professor precisa despojar-se de seus

preconceitos, questionar valores, apropriar-se dos conhecimentos científicos e

pedagógicos, saber articulá-los e estruturá-los; só assim, ele atingirá a competência

indispensável a uma ação pedagógica relevante e significativa. (1997, p. 27).

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Analisando a citação anterior, entendemos que o construtivismo é mudança de

postura e não considera o conhecimento só pela visão do sujeito, nem só pelo prisma do

objeto, mas pela interação e intervenção sujeito-objeto.

Acredito que você deve estar pensando...Como isso é possível no Ensino Superior?

Fique tranqüilo, nada é complicado, Becker nos explica um pouco mais sobre o

construtivismo, pois ele significa que a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de

que, especialmente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado.

Daí que o professor deve ministrar suas aulas possibilitando a interação do indivíduo com o

meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais. (1993)

Percebeu o quanto a exposição de Becker é pertinente, pois é justamente por isso

que o construtivismo é tão importante para no ensino. O professor não pode passar um

conteúdo pronto aos alunos, nem exigir somente a repetição dos mesmos; tampouco, pode

exigir que memorizem fatos, regras, conceitos.

Para que suas aulas sejam voltadas numa perspectiva construtivista você deverá

trabalhar:

um ensino onde o conteúdo não seja fragmentado, mas integrado de forma interdisciplinar

e contextualizado com outras disciplinas;

ensino valorizando o desenvolvimento das capacidades lógicas do aluno, seus

conhecimentos, utilizando a resolução de problemas e a criação de estratégias para

resolvê-los;

respeito à forma como o aluno constrói seu pensamento, valorizando seus erros como

suportes para a construção da apreensão e compreensão da realidade em que está inserida;

realização de atividades desafiadoras que possibilitem ao aluno a construção do

conhecimento e o desenvolvimento da lógica do pensamento através da interação em uma

realidade social e cultural, conjuntamente com as demais áreas do conhecimento;

atentar sempre para sua postura enquanto professor.

Se você utilizar essas ―regrinhas‖ ao ministrar suas aulas, você passa a promover

atividades e a realizar intervenções, orientando, estimulando, desafiando um conflito

cognoscitivo que provoca a atividade mental do aluno. Nas aulas o professor deve estimular o

aluno em suas atividades, seja na ação mental ou física e mental, através de conteúdos nos

quais o mesmo irá utilizar situações-problema, criar formas próprias para chegar ao resultado

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

dessas situações desafiadoras envolvendo-se com registros, regras, formas, algoritmos

espontâneos. O aluno não será cobrado pelos ―erros‖, mas aprenderá a considerá-los como

hipóteses e aprender a crescer com eles, construindo seu saber a partir dos mesmos e

caminhando para a apropriação do conhecimento.

Voltando aos Parâmetros Curriculares encontramos:

O papel do professor no construtivismo é amplo e cauteloso.

Organizador da aprendizagem, precisando, para isso, conhecer o conteúdo, os

alunos e a sua realidade;

Consultor que oferece as informações que o aluno não tem como obter sozinho;

Mediador, no sentido de promover a troca de ideias, confrontar as propostas dos

alunos, organizar suas intervenções, decidir o momento de continuar na exploração

de uma atividade e o momento de sistematizá-la;

Controlador, ao estabelecer as condições para a realização das atividades e fixar

prazos, sem esquecer de dar o tempo necessário aos alunos;

Incentivador da aprendizagem. (SEE-MG, 1997, p. 40-41)

Vamos comparar o construtivismo como um microscópio, a partir do qual se têm

visões novas e claras, desde que seja bem focado, bem trabalhado e analisado.

Você lembra o que é Pedagogia relacional?

Veja como é interessante. Na Pedagogia relacional o professor problematiza e o aluno

age, estabelecendo em sala de aula, um ambiente de discussão e construção de um novo

conhecimento, em que a interação aluno-professor é a base do processo de aprendizagem. A

epistemologia subjacente denominada construtivista relaciona aprendizagem à construção de

conhecimento, tarefa compartilhada entre professor e aluno.

O conhecimento está na relação do sujeito com o objeto e a ênfase do professor está

no aspecto pessoal e dinâmico do processo de conhecer.

Veja como deve ser a postura do professor na Pedagogia relacional.

Ao professor cabe desestabilizar cognitivamente o aluno através da novidade. Deve

ser um intelectual desenvolvendo seus saberes (de experiência, do campo específico e

pedagógico) e sua criatividade para fazer frente às situações de sala de aula.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Para Pimenta, os professores devem ser capazes de construir um tipo especial de

profissionalismo, no qual:

a) promovam um aprendizado cognitivo profundo;

b) sejam comprometidos com uma aprendizagem profissional contínua;

c) aprendam a ensinar de modo diferente de como foram ensinados por seus

antigos mestres;

d) trabalhem e aprendam com seus pares (grupos);

e) desenvolvam a capacidade de mudar, arriscar e pesquisar;

f) construam, nas escolas, organizações de aprendizagem. (2002, p. 188).

.

Podemos notar que a citação anterior destaca o componente cognitivo e intelectual,

incluindo fortemente os aspectos sociais, emocionais e afetivos, visando a formação integral

do aluno, ou seja, ―[...] que se estabelece um agrupamento em capacidades cognitivas ou

intelectuais, motoras, de equilíbrio e autonomia pessoal (afetiva), de relação interpessoal e de

inserção e atuação social [...]‖. (ZABALA, 1998, p. 28).

Neste sentido que devemos promover a aprendizagem integral, fomentando no

discente o desenvolvimento profissional e pessoal. Enquanto professores, devemos

oportunizar aos alunos, trabalhar e aprender em grupos cooperativos, fortalecendo o

relacionamento com pessoas.

O professor que trabalha com a epistemologia construtivista deve considerar

os diferentes momentos da construção do conhecimento, como:

a) mobilização do conhecimento em que irá propor atividades ao aluno,

de modo a instigá-lo, desafiá-lo e sensibilizá-lo para o objeto de conhecimento;

b) construção do conhecimento em que mobiliza o aluno para a

problematização, através de atividades operacionais, tais como a pesquisa,

estudo individual, seminários, exercícios e desenvolvimento de projetos;

c) síntese do conhecimento, compreende que o professor trabalhe

nas aulas a problematização, a ação do aluno sobre o objeto a ser

conhecido, a articulação do conhecimento com a prática social, a visão

crítica da realidade, o debate, a reflexão e a exposição interativa dialogada.

O que levará o discente a compreensão da realidade e de seu campo

profissional, elaborando uma síntese nova e uma prática transformadora.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Você conseguiu perceber que os docentes que estão situados na pedagogia relacional,

que é a epistemologia construtivista, trabalham com os conhecimentos científicos de forma

que são compreendidos e entendidos dentro de uma totalidade social dinâmica e ampla.

A postura do aluno na Pedagogia relacional.

Ao aluno cabe passar de um patamar de conhecimento para outro, superior, através de

assimilações e subseqüentes acomodações, num processo que finda temporariamente a cada

acomodação, mas que frente a novos desafios se repete permitindo que o sujeito cognitivo

atinja patamares cada vez mais elevados de conhecimento.

Gasparin nos afirma que:

os educandos [...] efetivam, aos poucos, o processo dialético de construção do

conhecimento escolar que vai do empírico ao concreto pela mediação do abstrato,

realizando as operações mentais de analisar, comparar, criticar, levantar hipóteses,

julgar, classificar, deduzir, explicar, generalizar, conceituar etc. (2005, p.54).

Você entendeu como é importante a Pedagogia relacional para a construção do

conhecimento ao aluno? Ele terá uma visão mais global da realidade, vinculando a

aprendizagem a situações e problemas reais, além de trabalhar a partir da pluralidade e da

diversidade.

Quais as vantagens de se trabalhar com o construtivismo sobre as

outras linhas de ensino?

No construtivismo é possível formar pessoas de espírito inquisitivo, participativo e

cooperativo, o que acarretará maior desembaraço na elaboração do seu próprio conhecimento,

além de tornar mais prazeroso e intenso o contato do aluno com o universo acadêmico. Com

isso se obtém um conhecimento de melhor qualidade.

Mas será que existem outras vantagens ao trabalhar o Construtivismo em relação a

outras linhas de ensino? Agora é com você!

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Faça uma relação das vantagens do ensino voltado para a Pedagogia

relacional em detrimento as demais linhas de ensino (Pedagogia

diretiva e Pedagogia não-diretiva).

Concluindo a seção, percebemos que a vida, como diz Rubem

Alves, é relação e experiência. E é nessa relação de experiência que o

construtivismo oportuniza o trabalho dos alunos, através de trocas, de

abertura para aprender com os próprios erros e crescer através dos

mesmos, promovendo assim, a interação aluno/conteúdo, numa

aprendizagem autônoma e democrática.

Na unidade a seguir, trabalharemos sobre a importância de aprender a ser professor.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

METAS

Mostrar a importância do professor nesta sociedade intensiva de conhecimento,

apontando seu papel como figura estratégica no processo de ensino.

Apontar a necessidade de o professor estar sempre renovando, construindo, refazendo

a profissão, de forma a cuidar da aprendizagem dos alunos e não o de ―dar aula‖.

OBJETIVOS

Objetivo geral

Discutir a formação docente em nível superior e as exigências e tendências do

contexto educacional brasileiro.

Objetivos específicos

- refletir sobre a relação entre pedagogia e ensino;

- aprofundar conhecimentos sobre planejamento como instrumento da ação educativa;

- analisar quais os melhores procedimentos para avaliar no Ensino Superior;

- examinar a relação professor-aluno e saberes docentes no Ensino Superior.

Pré-requisitos

Para que você tenha um ótimo aproveitamento desta unidade, é importante que você tenha

construído o conhecimento em relação aos eixos epistemológicos e a Didática. Assim você

poderá estabelecer uma relação coerente entre a prática docente e sua fundamentação

pedagógica.

SER PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Neste item iremos discutir sobre a formação do professor universitário, seu papel na educação

e na sociedade.

Com a modernização econômica, com o desenvolvimento dos direitos dos cidadãos e com a

velocidade das tecnologias da informação, a educação também necessita mudar e acompanhar

essas evoluções, com isso, o professor passa a ter um papel mais amplo e complexo do que

teve até agora. Esse cenário nos mostra que o professor tem um papel importante no contexto

da instituição escolar, mas para isso precisamos conhecer o que determina a atual legislação

educacional brasileira, ou seja, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -LDB– Lei

n°9.394/96.

No Art. 13- Os docentes incumbir-se-ão de:

I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do

estabelecimento de ensino;

III - zelar pela aprendizagem dos alunos;

IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;

V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar

integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao

desenvolvimento profissional;

VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a

comunidade.

Vimos que no Art. 13 é apresentado seis incisos nos quais explicitam os deveres e funções

fundamentais referentes ao exercício da docência, seja pelas escolas públicas ou privadas.

Conheça um pouco mais sobre:

Inciso é quando o artigo é subdividido, é indicado por algarismos romanos

ou arábicos, porém apresentados em parágrafos.

Encontramos também nas legislações, resoluções, pareceres, o símbolo §

representando parágrafo, e, ao utilizarem letras do alfabeto, estas são

denominadas alíneas.

Agora que você já pode indentificar esses pontos trabalhados nas legislações, vamos dar

continuidade ao nosso estudo.

Você percebeu através do Art. 13 que a legislação explicita os deveres e funções

fundamentais a serem desenvolvidas pelos docentes, independetemente se este atua em

escolas privadas ou públicas.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Vamos analisar o inciso I, ―participar da elaboração da proposta pedagógica do

estabelecimento de ensino‖, é dever do docente participar de reuniões de colegiado onde se

reúnem todos os professores do curso para discutirem, analisarem, elaborarem as propostas

pedagógicas do curso. Para cada curso existe as Diretrizes Curiculares elaboradas pelo

CNE/MEC1, onde consta a habilidade e competência desejável aos futuros profissionais, o

perfil do egresso, a carga horária mínima do curso, a integralização do mesmo, enfim são

orientações que o coordenador do curso deverá segui-las.

Mesmo com toda essa diretriz, o coordenador necessita contar com o apoio dos professores

para elaborarem a matriz curricular do curso, assim as reuniões de colegiado são discutidos

assuntos sobre ementário, carga horária da disciplina, estágio, trabalho de conclusão de curso,

atividades complementares, atividades extraclasse, enfim são abordados assuntos referentes

ao curso, desta forma se constrói coletivamente o Projeto Pedagógico do Curso. No decorrer

do ano letivo, outras reuniões são realizadas e as discussões são referentes ao andamento das

atividades pedagógicas, discussões sobre o desenvolvimento dos alunos em sala de aula, as

metodologias utilizadas e outros.

Através do inciso II – ―elaborar e cumprir plano de trabalho [...]‖ fica claro que o

professor necessita planejar sua proposta de trabalho para cumprí-la, desta forma, evidencia a

importância do planejamento na área educacional, iremos ainda nesta unidade aprender a

elaborar o Plano de Ensino.

Veja a seriedade do artigo III ―zelar pela aprendizagem dos alunos‖, neste inciso

resgatamos a seção onde trabalhamos sobre a Pedagogia relacional. Lembre-se que é função

do professor cuidar da organização do conteúdo com base nos processos pedagógicos, para

que o aluno, interagindo com o conteúdo concretize sua aprendizagem. Vale reforçar que todo

docente deve se preocupar com a aprendizagem de seus alunos, o contrário seria negligência.

―Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento‖ consta

no inciso IV, isto implica na necessidade de estabelecermos competências de recuperação dos

alunos, a nota é apenas uma conseqüência da avaliação, o mais importante é possibilitar ao

aluno adquirir o conhecimento, a aprendizagem. Neste ponto, devemos orientar e desafiar os

1 Conselho Nacional de Educação e Ministério da Educação e Cultura

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

alunos para buscarem frente a novos desafios, patamares cada vez mais elevados de

conhecimento.

Prezado (a) colega (a), enquanto docentes é imprescindível que façamos que o nosso

aluno seja capaz de realizar as operações mentais, como: analisar, comparar, criticar, levantar

hipóteses, deduzir e outros.

No inciso V deparamos com a seguinte orientação: ―ministrar os dias letivos e horas-

aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento,

à avaliação e ao desenvolvimento profissional‖. Logicamente que o docente deve planejar

suas aulas, ministrá-las bem de acordo com uma didática adequada aos alunos, saber avaliar,

não somente os alunos, mas também fazer uma auto-avaliação e até mesmo no âmbito da

instituição e finalmente investir em seu desenvolvimento profissional, ou seja, a formação

continuada, assim, será digno de receber essa denominação.

Analisando ainda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996)

encontramos, no Art. 63, ―Os institutos superiores de educação manterão: [...] inciso III-

programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis‖, já

no Art. 67 inciso II é abordado ―aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com

licenciamento periódico remunerado para esse fim‖.

A própria LDB está em consonância com essa nova realidade educacional, ou seja,

exigindo um novo perfil para o professor, onde atualizar-se passa a ser um dos pontos cruciais

da docência, envolvendo assim a formação continuada.

Veja a contribuição de Fernandes e Rodrigues: ―a formação contínua de professores

tem sido apontada, entre outros aspectos, como meio capaz de gerar novas reflexões e de

produzir novos sentidos para a profissionalidade docente‖. (2005, p.188). Diante desse

depoimento fica a clareza de que ser professor não é uma tarefa simples e não implica

somente conhecer o conteúdo a ser trabalhado em sala de aula, é uma profissão que precisa de

investimento desde o início do curso e perpassa por toda a carreira.

Podemos concluir o Artigo V com a citação de Brandão, ―além do dever de planejar,

ministrar aulas e avaliar o processo educativo, e não somente o aluno, é importante frisar que

[...] participar de cursos e treinamentos, não é apenas uma opção pessoal, mas sim um dever

legal do docente‖ (2005, p. 55).

Vamos para o último inciso o VI, do art. 13 da LDB, ao afirmar que os docentes

devem ―colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

comunidade‖, se a articulação for realizada de forma efetiva e coordenada poderá determinar

sucesso no processo educativo. Um dos fatores que a instituição de esnino superior pode

trabalhar é oferecendo cursos de extensão, atendimento a comunidade através de clínicas

como fisioterapia, nutrição, enfermagem, apoio pedagógico aos alunos da comunidade através

dos alunos do curso de Pedagogia, trabalhar com a terceira idade e outros.

Fazendo um fechamento deste artigo, podemos frisar que é obrigação do docente

estabelecer estratégias de recuperação dos alunos, assim como planejar suas aulas, avaliar

corretamente os alunos e investir em sua formação continuada. Teremos a oportunidade de

discutirmos posteriromente sobre esses itens.

Vejamos o capítulo IV- Da Educação Superior

Art. 43 – A educação superior tem por finalidade:

I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do

pensamento reflexivo; II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção

em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade

brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o

desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e,

desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que

constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de

publicações ou de outras formas de comunicação; V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e

possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que

vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento

de cada geração; VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os

nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer

com esta uma relação de reciprocidade;

VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão

das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica

e tecnológica geradas na instituição.

Através dos sete incisos refentes ao artigo 43, podemos verificar que eles descrevem

os objetivos a serem alcançados na educação superior. Esses são abrangentes, e dignifica a

instituição que o traçarão como objetivos. Você deve ter notado que esses incisos são bem

abrangentes, objetivos e claros, mas só assim poderão contemplar todas as finalidades da

educação superior. E por falar em Educação superior, no Art. 45 da LDB, é apontado que ―a

educação superior será ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou privadas,

com variados graus de abrangência ou especialização‖. Esse artigo possibilita a oferta de

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

educação superior tanto pelas instituições públicas quanto pelas instituições privadas, desta

forma, ficou garantido a coexistência de ambas.

Você deve estar se questionando, qual o motivo de estarmos trabalhando com

legislação. Não se aflija, as disciplinas Didática e Metodologia no Ensino Superior irá lhe

habilitar a ministrar aulas no ensino superior, desta forma, é importante você conhecer um

pouco mais sobre esse assunto.

E por falar em conhecer mais sobre o ensino superior, veja como a educação brasileira

vem se inovando. O MEC, em 2005 criou o programa ―Sistema Universidade Aberta do

Brasil- UAB‖ com objetivo de estimular a articulação e integração de um sistema nacional

de educação superior. São parceiras nesse projeto as instituições públicas (nas esferas

federais, estaduais e municipais do governo) de ensino superior, as quais se comprometem a

levar ensino superior público de qualidade aos municípios brasileiros. Com a UAB expandiu a

oferta de cursos e programas de educação superior, assim, oferta de cursos de licenciatura e de

formação continuada além de disponibilizar vários outros cursos superiores nas mais diversas

áreas do saber.

Para você conhecer um pouco mais sobre a educação a distância acesse o

site do MEC diponível em: <http://www.uab.mec.gov.br>.

No art. 3° da LDB estão relacionados os princípios que norteiam o

ensino no Brasil. Esses princípios englobam diversas ideias, conceitos e

concepções, direcionando-nos a conhecê-los, analisá-los e discuti-los,

assim, você irá escolher um inciso e dissertar sobre ele.

Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o

pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;

IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

VII - valorização do profissional da educação escolar;

VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da

legislação dos sistemas de ensino;

IX - garantia de padrão de qualidade;

X - valorização da experiência extra-escolar;

XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas

sociais

No Art. 3°, inciso VII da LDB encontramos, sobre a ―valorização do

profissional da educação escolar‖ e deparamos também na Constituição

Federal, Art. 206, inciso V esse mesmo princípio: ―valorização dos

profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para

o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso

exclusivamente por concurso público de provas e títulos‖.

Há confronto entre a legislação e a realidade vivenciada pelos

professores? Como tem sido a realidade do profissional da educação em

relação a sua valorização?

Prezado (a) aluno (a), vimos anteriormente as inovações do ensino superior, pois bem,

além da UAB, a Educação a Distância -EAD está crescendo sob o paradigma de capilarizar o

ensino universitário no Brasil. Ela possibilita uma educação superior mais democrática do que

a de hoje, permitindo a inserção social, a propagação do conhecimento individual e coletivo,

desta forma, ajuda na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Mas não podemos

ignorar que os desafios são ilimitados.

Este módulo você está fazendo-o na modalidade a distância, deve estar percebendo

que o EaD é caracterizado pelo estabelecimento de uma comunicação de múltiplas vias,

ampliando possibilidades em meio às mudanças tecnológicas, assim como uma modalidade

alternativa para superar limites de tempo e espaço.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Eu enquanto professora do EaD atuo como "mediadora", isto é, estabeleço uma rede

de comunicação e aprendizagem multidirecional, através de diferentes meios e recursos da

tecnologia da comunicação, não posso deixar de cumprir as funções pedagógicas no que se

refere à construção da ambiência de aprendizagem. Desta forma, podemos ter como referência

os quatro pilares da Educação do Século XXI publicados pela UNESCO, que são: aprender a

conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

Agora você deve ter entendido o por que você está sendo o tempo todo desafiado a

pesquisar e entender o conteúdo, de forma a participar da disciplina, isso mostra que a

educação não pode ser concebida como mera transferência de informações, pois ela deve ser

norteada pela contextualização de conhecimentos úteis a cada um de vocês.

Contextualizar é problematizar. É uma forma de abordar o conteúdo.

Você como futuro professor deverá atentar para que em suas aulas você

apresente o conteúdo não apenas de forma expositiva e descritiva. Mas

introduzir o conteúdo por alguma atividade em que se resgatem os

conhecimentos prévios e as informações do aluno. Desta forma, você está

criando um contexto que irá dar um "significado" ao conteúdo trabalhado.

Pois bem querido (a) aluno (a), as inovações do ensino superior não param por aí, você

com certeza conhece alguém que teve a oportunidade de fazer um curso Tecnológico, é uma

tendência bastante interessante do ensino superior. Vamos conhecer um pouco mais sobre ele?

O curso Tecnológico é um curso superior, é feito em dois ou três anos e, não é menos

valorizado que uma graduação convencional, isto ocorre por que foram elaborados pensando

na demanda ininterrupta do mercado de trabalho. Ele é um curso essencialmente técnico,

desta forma, a carga horária teórica é bem menor do que nos outros tipos de graduação, por

esse motivo, o aluno consegue fazê-lo entre dois a três anos, sendo este tempo suficiente para

formar estes profissionais.

Veja que interessante! Quando certo tipo de profissional é requisitado, o curso

Tecnológico elabora o projeto pedagógico que venha formar esse profissional para incerir os

alunos de acordo com as exigências mercadológicas, capacitado-os para atuarem em áreas

específicas de diferentes negócios e, por este motivo, ele, por si só, é um excelente

empregador.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Após conhecermos um pouco mais sobre alguns apontamentos da LDB e as inovações

do ensino superior, é hora de sabermos como iremos fazer o planejamento de nossas aulas,

assim na seção a seguir abordaremos esse assunto. Mãos a obra! Tenho certeza que você irá

gostar desse conteúdo, afinal, na vida há de se ter planejamento diário, não é mesmo?

3.1 PLANEJAMENTO DE ENSINO

Planejar as aulas é de suma importância para o ensino, porém, não constitui uma

fórmula mágica para resolver todos os problemas, mas garante ao professor a previsão das

ações, procedimentos e organização junto aos alunos.

Querido (a) aluno (a), quando o professor faz um planejamento ele antecipa de forma

elaborada, todas as atividades pedagógicas; identificando os objetivos que pretende atingir,

indicando os conteúdos que serão trabalhados, selecionando os procedimentos didáticos e

metodológicos.

Veja a contribuição de Haidt (1995), em relação ao planejamento didático:

Analisar as características da clientela.

Refletir sobre os recursos que serão disponibilizados.

Definir os objetivos educacionais mais adequados a turma/clientela escolar.

Selecionar e estruturar os conteúdos a serem trabalhados, distribuindo-os ao

longo do semestre e/ou ano letivo.

Prever e organizar os procedimentos do professor, visando adequá-las para a

consecução dos objetivos estabelecidos.

Prever e escolher os recursos de ensino mais adequados para estimular a

participação dos discentes nas atividades de aprendizagem.

Prever os procedimentos de avaliação mais condizentes com os objetivos

propostos.

Vale ressaltar que ao elaboramos o planejamento, atentando aos itens anteriores, esse

favorecerá o sucesso das ações didático-pedagógicas. Veja as fases de elaboração de um

planejamento:

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

a) Preparação

Quando você for elaborar o planejamento, deverá prever todos os passos que esse

percorrerá, assim, assegurará a sistematização, o desenvolvimento e a concretização dos

objetivos que foram previstos.

b) Desenvolvimento

Essa fase é evidenciada pela ação do discente e do docente; onde acontece

gradativamente as atividades pedagógicas, desencadeando o desenvolvimento e

aprimoramento dos níveis de desempenho.

c) Aperfeiçoamento

Na fase de aperfeiçoamento o professor irá avaliar se os objetivos foram atingidos. É

um processo avaliativo onde é possível fazer os ajustes necessários, visando conseguir

contemplar os objetivos propostos.

SUGESTÃO DE LEITURA.

Para acrescentar seus conhecimentos é importante você buscar outras

fontes de informações. Indico um artigo da autora Ilma Veiga, muito conhecida

na área da Educação, você poderá acessar pelo site:

<http://www.race.nuca.ie.ufrj.br/ceae/m2/text2.htm.>

Dando continuidade, você sabia que existem três tipos de planejamento de ensino?

Veja a seguir:

a) planejamento de curso ou Plano de Ensino;

b) planejamento de unidade didática ou de ensino;

c) planejamento de aula.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Agora que você conhece mais sobre a importância do planejamento escolar, vamos

aprender a elaborar um Plano de Ensino. O primeiro passo é saber que este deve ter uma

articulação com o Projeto Pedagógico do Curso.

Projeto Pedagógico de Curso-PPC: é elaborado mediante as Diretrizes Curriculares

Nacionais, representação de classe, Projeto Pedagógico Institucional e não menos importante

o Projeto de Desenvolvimento Institucional. Desta forma, no PPC é definida a identidade

científica, profissional e humana, as concepções pedagógica, as orientações metodológicas,

estratégias para o ensino, aprendizagem, avaliação, currículo e a matriz curricular do curso.

Para você que ainda não está trabalhando como docente isso tudo deve parecer muito

estranho, mas você verá que são conhecimentos importantes para sua futura atuação como

professor (a).

Irei explicar cada item, assim você verá que não é nada estranho e complicado, certo?

Diretrizes Curriculares Nacionais- DCNs: são conjuntos de definições onde são

apontados os princípios, fundamentos e procedimentos que orientarão o currículo de um

determinado curso, seja na sua organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas

propostas pedagógicas.

As normas constantes nas DCNs são obrigatórias e são fixadas pelo Conselho

Nacional de Educação por meio da Câmara de Educação Superior.

No Parecer, aprovado em 3 de dezembro de 1997, sob n° 776, encontramos:

As diretrizes curriculares constituem no entender do Conselho Nacional de

Educação-CNE e Câmara de Educação Superior- CES, orientações para a elaboração

dos currículos que devem ser necessariamente respeitadas por todas as instituições

de ensino superior. Visando assegurar a flexibilidade e a qualidade da formação

oferecida aos estudantes, as diretrizes curriculares devem observar os seguintes

princípios:

1) Assegurar às instituições de ensino superior ampla liberdade na composição da

carga horária a ser cumprida para a integralização dos currículos, assim como na

especificação das unidades de estudos a serem ministradas.

2) Indicar os tópicos ou campos de estudo e demais experiências de ensino-

aprendizagem que comporão os currículos, evitando ao máximo a fixação de

conteúdos específicos comcargas horárias pré-determinadas, as quais não poderão

exceder 50% da carga horária total dos cursos.

3) Evitar o prolongamento desnecessário da duração dos cursos de graduação;

4) Incentivar uma sólida formação geral, n ecessária para que o futuro graduado

possa vir a superar os desafios de renovadas condições de exercício profissional e de

produção do conhecimento, permitindo variados tipos de formação e habilitações

diferenciadas em um mesmo programa.

5) Estimular práticas de estudo independente, visando uma progressiva autonomia

profissional e intelectual do aluno.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

6) Encorajar o reconhecimento de conhecimentos, habilidades e competências

adquiridas fora do ambiente escolar, inclusive as que se referiram à experiência

profissional julgada relevante para a área de formação considerada.

7) Fortalecer a articulação da teoria com a prática, valorizando a pesquisa individual

e coletiva, assim como os estágios e a participação em atividades de extenção.

8) Incluir orientações para a condução de avaliações periódicas que utilizem

instrumentos variados e sirvam para informar a docentes e a discentes acerca do

desenvolvimento das atividades didáticas.

De acordo com a citação anterior, percebemos que todo curso de graduação deve

embasar seu Projeto Pedagógico diante das DCNs.

Projeto Pedagógico Institucional–PPI: toda instituição de ensino superior possui estatutos,

regimentos, que normatizam os procedimentos pedagógicos e administrativos. O PPI é um

desses instrumentos, que visa a questão política, filosófica e teórico-metodológico/didático-

pedagógico que nortea as práticas acadêmicas da instituição. Nesse é inserido as políticas de

ensino, atividades práticas, estágio, extensão, pesquisa, responsabilidade social e outros.

Plano de Desenvolvimento Institucional–PDI: é elaborado para um determinado período,

sendo um instrumento de gestão que dá identidade a instituição de ensino, no que diz respeito

à sua filosofia de trabalho, missão institucional, diretrizes pedagógicas, estrutura

organizacional e às atividades acadêmicas e científicas que desenvolve ou que pretende

desenvolver. É um instrumento flexível, pautado por objetivos e metas, sua elaboração tem a

participação dos membros da instituição.

Esse instrumento tem articulação com o PPI e deve conter os seguintes eixos

temáticos: perfil institucional; gestão institucional (organização administrativa, organização e

gestão de pessoal, política de atendimento ao discente); organização acadêmica (organização

didático-pedagógica, oferta de cursos e programas — presenciais e a distância); infra-

estrutura; aspectos financeiros e orçamentários, sustentabilidade econômica; avaliação e

acompanhamento do desempenho institucional e cronograma de execução. O PDI é avaliado

pela comissão do MEC.

Ufa!!! Quanta informação! Você deve estar com a cabeça cheia! Levante, tome uma

água, descanse um pouco para darmos continuidade ao nosso estudo.

Vamos voltar para a elaboração do Plano de Ensino?

No ensino superior trabalhamos com o Plano de Ensino, este é elaborado de acordo

com Projeto Pedagógico do Curso. Cada disciplina tem sua carga horária de aula,

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

ementário, referência bibliográfica básica e complementar, esses itens são alocados ao

Plano de Ensino. Assim, o professor irá planejar suas aulas semestralmente e/ou

anualmente (encontramos instituições de ensino superior que trabalham distribuindo as

aulas semestralmente e outras anualmente) tendo como base esses dados, onde terá que

contemplá-los fielmente.

Diante do exposto, o Plano de Ensino é um planejamento das atividades de uma única

disciplina que será trabalhado com os alunos no decorrer do período letivo. Esse é um

instrumento que deverá ser consultado pelo professor durante todo o período das

atividades.

O Plano de Ensino é um documento que não é padronizado, desta forma, cada

instituição de ensino tem a liberdade de construí-lo de acordo com suas reais necessidades.

Cada instituição escolar tem autonomia de elaborar seu Plano de Ensino, porém,

alguns itens perpassam por todos os Planos de Ensino, no Unis-MG trabalhamos da

seguinte forma:

1- Cabeçalho: é o local onde é registrada a identificação da instituição, nome do curso e

da disciplina, carga horário da disciplina, nome do professor, semestre e ano.

2- Ementa: corresponde aos conteúdos que serão trabalhados na disciplina. Esses dados

são retirados do Projeto Pedagógico do Curso-PPC.

3- Objetivo Geral: deverá ser elaborado pensando em todo o conteúdo a ser trabalhado,

ou seja, engloba todo o ementário.

4- Objetivo Específico: é o desdobramento do objetivo geral. É voltado para o

aprendizado do aluno, quando vamos elaborá-lo devemos pensar ―no final da aula o

aluno será capaz de‖, com este pensamento você elabora o objetivo específico.

5- Metodologia/atividade Didática: é nesse item que você mostrará o caminho que irá

utilizar para alcançar os objetivos propostos, com relação à forma de ensino.

Serão adotados os princípios e as normas do método científico e as técnicas

propostas pela pedagogia envolvendo:

Aulas expositivas e interativas.

Seminários.

Dinâmicas de grupo e debates.

Resolução de exercícios.

Trabalhos em grupos.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Trabalhos de pesquisa.

Avaliações de aprendizagem.

6- Recursos didáticos: estão diretamente ligados aos materiais que você necessitará para

desenvolver suas atividades pedagógicas.

VISUAIS:

Quadro de giz, textos de revistas e de jornais, livros didáticos, gravuras e

retroprojetor.

AUDITIVOS:

Aparelho de som (gravador e sistema de CD‘s).

AUDIO-VISUAIS:

TV, Vídeo e datashow.

Diversos materiais de apoio para aulas práticas.

7- Avaliação: você irá descrever todos os instrumentos e critérios que utilizará.

8- Conteúdo Programático: é o desdobramento do ementário, nesse momento você

distribuirá os conteúdos da disciplina por todo semestre e/ou ano letivo. Atenção! Você

terá que contemplar todo o conteúdo do ementário.

9- Referências bibliográficas: você necessitará conhecer as referências que a

coordenação do curso elegeu como básicas e complementares. Essas deverão estar

também de acordo com o Projeto Pedagógico do Curso, pois a instituição de ensino

investe nesse acervo uma vez que é exigência do MEC.

Já que você acabou de conhecer os passos para a elaboração de um Plano de Ensino, a

seguir irei apresentá-lo.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

CURSO:

PERÍODO:

SEMESTRE:

ANO:

DISCIPLINA CARGA HORÁRIA TOTAL

EMENTA

OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Objetivo Específico:

METODOLOGIA/ATIVIDADE DIDÁTICA

ESTRUTURA DE APOIO/RECURSOS DIDÁTICOS

AVALIAÇÃO

CRONOGRAMA UNIDADE CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

Varginha, ___ de __________de 2010

Coordenador

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Como vimos, os objetivos são um dos itens que consta no Plano de Ensino, dessa

forma iremos aprender como elaborá-los, veja como é fácil!

3.2 DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS: geral e específicos

A elaboração de objetivos é de extrema importância na área educacional, pois dará ao

professor a descrição do que se pretende alcançar, onde se quer chegar para obter resultado

positivo de sua atitude. Podemos assim afirmar que os objetivos educacionais são os

resultados esperados, desejados, previstos e imaginados para a ação educativa. Esses podem

ser expressos em dois níveis:

a) objetivo geral é a demonstração geral do que se pretende alcançar, tem uma visão

mais global, mais geral.

b) objetivo específico é a demonstração mais detalhada do que se pretende alcançar, é o

desdobramento e a operacionalização do objetivo geral. Ele é também chamado de

comportamental ou instrumental, isso se dá pelo fato de ser formulado de modo a indicar os

comportamentos observáveis no aluno. Na elaboração do objetivo específico normalmente

fazemos o seguinte questionamento ―no final deste conteúdo trabalhado o aluno será capaz

de:‖, desta forma elaboramos o objetivo específico já direcionando na ação do aluno.

Não é tão complicado assim, veja, os objetivos informarão quais os resultados que

pretende alcançar ou qual a contribuição que o conteúdo irá efetivamente proporcionar.

Você não deve esquecer de que os enunciados dos objetivos começam com um verbo

no infinitivo e este verbo deve indicar uma ação passível de mensuração, assim na elaboração

dos objetivos não devemos colocar dois verbos em um único objetivo, pois demonstrará duas

ações em uma mesma ação. Apresentaremos a seguir as funções mentais e os verbos

sugestivos que podem ser usados em cada nível do domínio cognitivo, segundo Johnson, Rite

B. And Johnson, Stuart R. seis são as funções mentais:

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Retirado do site <www.unis.edu.br/arquivos/documentos/pdd.doc>.

Como conhecer as habilidades a serem avaliadas?

A) Conhecimento: o aprendizado do aluno é enfatizado na memorização de teorias, onde

deve decorar fatos, datas e outros e repeti-las fielmente.

B) Compreensão: o aluno através de seu raciocínio, irá representar a lógica para sua língua o

seu entendimento/conhecimento, ou seja, irá utilizar seu vocabulário decodificando seu

conhecimento, apreendendo a ideia e explicando-a de sua maneira.

C) Aplicação: o discente saberá utilizar a abstração e regras científicas aplicando-as em

situações concretas. Irá empregar os conceitos usados em um trabalho, aproveitando também

em outras situações novas.

D) Análise: o aluno será capaz de explicitar uma teoria em partes para compreendê-la, e

depois saberá elaborar novas pesquisas sobre aqueles dados esmiuçados, mostrando

habilidades em distinguir fatos e ideias.

E) Síntese: esta é uma função mental muito importante, aonde o aluno irá analisar os fatos e

formar outro conceito, tendo facilidade em organizar as ideias de forma clara e objetiva.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

F) Avaliação: o aluno terá habilidade em julgar algum objeto a partir de critérios próprios ou

fornecidos.

Querido (a) aluno (a) aprendemos a importância de sabermos elaborar os objetivos.

Vimos que os objetivos específicos ajudam o professor no estabelecimento dos procedimentos

de ensino e atividades de aprendizagem, vimos também que o objetivo geral é de maior

amplitude.

HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. São Paulo:

Ática, 1995.

Podemos concluir essa seção lembrando que os objetivos

específicos irão nortear de forma direta o processo ensino-aprendizagem,

como também é a operacionalização dos objetivos gerais; enquanto o

objetivo geral irá apontar diretrizes de forma global.

Você necessitará de uma atenção especial quando for elaborar os

objetivos, assim, você não deverá formular apenas os objetivos referentes a

conhecimentos, levando o aluno a decorar, mas sim elaborar objetivos que

valorizem os processos mentais superiores (compreensão, aplicação, análise,

síntese e julgamento).

Lembre-se que é através da definição dos objetivos que você irá

direcionar as atividades.

Para completar nosso aprendizado em relação ao Plano de Ensino, vimos que no item

sete consta: ―Avaliação: você irá descrever todos os instrumentos e critérios que utilizará‖,

para que você possa elaborar este item, iremos a seguir conhecer um pouco mais do

processo avaliativo.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

3.3 AVALIAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Desde que nascemos somos a todo o momento avaliado, na educação não é diferente, a

avaliação da aprendizagem tem um peso muito grande e constitui um processo circular que se

desenvolve durante todo o processo de ensino-aprendizagem. Veja o posicionamento sobre

avaliação segundo os autores Sacristán e Pérez Gómez.

A prática da avaliação é explicada pela forma como são realizadas as funções que a

instituição escolar desempenha e, por isso, sua realização vem condicionada por

inúmeros aspectos e elementos pessoais, sociais e institucionais; ao mesmo tempo,

ela incide sobre todos os demais elementos envolvidos na escolarização: transmissão

do conhecimento, relações entre professores/as e alunos/as, interações no grupo,

métodos que se praticam, disciplina, expectativas de alunos/as, professores/as e pais,

valorização do indivíduo na sociedade, etc. (2000, p. 295).

Você deve ter percebido que a avaliação escolar passou por um processo de

reconstrução, não se pode avaliar o aluno como fomos avaliados, ou seja, sendo classificados

conforme os resultados, a avaliação atualmente ganhou espaço amplo nos processos de

ensino. Para se avaliar é necessário preparo técnico e capacidade de observação do professor,

sendo essa uma tarefa didática necessária; porém, complexa que não se resume a realização

de provas e atribuições de notas.

Querido (a) aluno (a), hoje a avaliação deve ser concebida como um elemento

integrador entre a aprendizagem do discente e a atuação do docente no processo de construção

do conhecimento e envolve vários aspectos. A avaliação do ensino e aprendizagem precisa

acontecer num processo sistemático e contínuo, transcorrendo todo o período da (s) aula (s),

onde o professor irá obter informações e atribuir valores.

Vários autores que têm pesquisado sobre avaliação afirmam que ela pode exercer duas

funções: a classificatória e a diagnóstico.

A Avaliação classificatória seleciona, classifica e hierarquiza os discentes,

reforçando o lado desumano da escola, pois, é uma ferramenta para aprovação ou

reprovação. O aluno é visto somente pela nota que ele obtem.

Dessa maneira, tudo é feito para melhorar a nota. Estas são utilizadas pelo professor

para reprimir e controlar o aluno, revelando total ausência de reflexão sobre o

desenvolvimento da aprendizagem e o significado da avaliação.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Na avaliação classificatória há grande possibilidade do aluno ser reprovado e,

conseqüentemente, a evadir da escola, além de discriminá-lo e excluí-lo, valorizando a

submissão e a obediência absoluta.

A Avaliação Diagnóstica é sucessiva e acontece no dia a dia da sala de aula,

permitindo que ao docente fazer intervenções privilegiando a aprendizagem dos alunos.

Quando o professor trabalha com avaliação contínua, ela possibilita a identificação das

conquistas e os problemas dos alunos.

Para Souza (2008, p. 171), ―avaliação diagnóstica não ocorre somente no início do ano

letivo, ou do semestre, mas poderá ser utilizada no início de uma unidade de ensino, sempre

que se pretende introduzir uma nova aprendizagem, pois ela fornece informação de orientação

do processo formativo‖. Desta forma, este tipo de avaliação permite o discente a crescer e a

se desenvolver tanto cognitiva quanto emocionalmente. O que o auxiliará em sua formação

tendo a possibilidade de ser um cidadão crítico, autônomo, reflexivo, capaz de viver e

conviver, compartilhando e interagindo em uma sociedade em permanente mudança e

evolução.

Avaliação Formativa: geralmente é trabalhada durante todo o processo de ensino-

aprendizagem, oportunizando ao aluno a corrigir eventuais erros de interpretação do conteúdo

ensinado, assim o aluno poderá recuperar o conhecimento, isso será possível através do

feedback do professor, esta modalidade de avaliação é orientadora, tendo como ênfase a

aprendizagem do aluno.

Podemos afirmar que a avaliação formativa proporciona informações acerca do

desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem, é o termômetro do professor,

tendo a função de inventariar, harmonizar, tranquilizar, apoiar, orientar, reforçar, corrigir e

reinventar metas. Neste sentido, ela assume a função reguladora, permitindo alunos e

professores ajustarem estratégias e dispositivos, contribuindo para a melhoria da

aprendizagem do aluno.

Veja que interessante, a avaliação formativa possibilita ao docente identificar e

detectar as deficiências em sua didática, assim ele poderá reformular a forma como tem

trabalhado, aperfeiçoando e inovando a forma de ensinar.

Avaliação somativa: é normalmente uma avaliação pontual, pois acontece no final do

curso, da unidade de ensino, do bimestre letivo, da disciplina e outros, tendo como objetivo

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

classificar o aluno, avaliando seu avanço e verificando a operacionalização do que foi

trabalhado.

Prezado (a) aluno (a), essa modalidade de avaliação tem como característica o

julgamento que se alcança do discente, docente e currículo sob o ponto de vista da eficácia do

ensino-aprendizagem, após o desenvolvimento deste processo.

É importante frisarmos que o professor não deverá tomar decisões em relação aos

alunos, tendo como base um simples número (ou letra) que muitas vezes é falho na

verificação do desempenho do discente. Como também, o docente deverá ter cautela, pois a

avaliação somativa ocorre apenas no final do processo, sendo tarde para recuperar o aluno que

evidenciou dificuldades no alcance de determinados objetivos.

Para Bloom (1971), a avaliação somativa ―objetiva avaliar de maneira geral o grau em

que os resultados mais amplos têm sido alcançados ao longo e final de um curso‖.

Você conheceu as três formas de avaliação (diagnóstica, formativa e somativa) você

deverá trabalhá-las de forma vinculadas ou conjugadas com objetivo de garantir a eficiência

do sistema de avaliação e a excelência do processo ensino-aprendizagem

A forma como o professor avalia sinaliza aos discentes o que ele e a instituição de

ensino valorizam e priorizam a nível educacional. Luckesi (2002), faz uma comparação entre a

concepção tradicional de avaliação com uma mais adequada, relacionando-as com as consequências de

sua adoção.

Veja tabela com a adaptação de Kraemer (2010).

Tabela 1 – Comparação entre a concepção tradicional de avaliação com uma mais adequada

Modelo tradicional de avaliação Modelo adequado

Foco na promoção – o alvo dos alunos é a

promoção. Nas primeiras aulas, se discutem as

regras e os modos pelos quais as notas serão

obtidas para a promoção de uma série para

outra.

Implicação – as notas vão sendo observadas e

registradas. Não importa como elas foram

obtidas, nem por qual processo o aluno passou.

Foco na aprendizagem - o alvo do aluno deve

ser a aprendizagem e o que de proveitoso e

prazeroso dela obtém.

Implicação - neste contexto, a avaliação deve

ser um auxílio para se saber quais objetivos

foram atingidos, quais ainda faltam e quais as

interferências do professor que podem ajudar o

aluno.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Modelo tradicional de avaliação Modelo adequado

Foco nas provas - são utilizadas como objeto

de pressão psicológica, sob pretexto de serem

um 'elemento motivador da aprendizagem',

seguindo ainda a sugestão de Comenius em sua

Didática Magna criada no século XVII. É

comum ver professores utilizando ameaças

como "Estudem! Caso contrário, vocês poderão

se dar mal no dia da prova!" ou "Fiquem

quietos! Prestem atenção! O dia da prova vem

aí e vocês verão o que vai acontecer [...]".

Implicação - as provas são utilizadas como um

fator negativo de motivação. Os alunos estudam

pela ameaça da prova, não pelo que a

aprendizagem pode lhes trazer de proveitoso e

prazeroso. Estimula o desenvolvimento da

submissão e de hábitos de comportamento

físico tenso (estresse).

Foco nas competências - o desenvolvimento

das competências previstas no projeto

educacional devem ser a meta em comum dos

professores.

Implicação - a avaliação deixa de ser somente

um objeto de certificação da consecução de

objetivos, mas também se torna necessária

como instrumento de diagnóstico e

acompanhamento do processo de

aprendizagem. Neste ponto, modelos que

indicam passos para a progressão na

aprendizagem, como a Taxionomia dos

Objetivos Educacionais de Benjamin Bloom,

auxiliam muito a prática da avaliação e a

orientação dos alunos.

Os estabelecimentos de ensino estão

centrados nos resultados das provas e

exames - eles se preocupam com as notas que

demonstram o quadro global dos alunos, para a

promoção ou reprovação.

Implicação - o processo educativo permanece

oculto. A leitura das médias tende a ser ingênua

(não se buscam os reais motivos para

discrepâncias em determinadas disciplinas).

Estabelecimentos de ensino centrados na

qualidade - os estabelecimentos de ensino

devem preocupar-se com o presente e o futuro

do aluno, especialmente com relação à sua

inclusão social (percepção do mundo,

criatividade, empregabilidade, interação,

posicionamento, criticidade).

Implicação - o foco da escola passa a ser o

resultado de seu ensino para o aluno e não mais

a média do aluno na escola.

O sistema social se contenta com as notas - as

notas são suficientes para os quadros

estatísticos. Resultados dentro da normalidade

são bem vistos, não importando a qualidade e

os parâmetros para sua obtenção (salvo nos

casos de exames como o ENEM que, de certa

forma, avaliam e "certificam" os diferentes

grupos de práticas educacionais e

estabelecimentos de ensino).

Implicação - não há garantia sobre a

qualidade, somente os resultados interessam,

mas estes são relativos. Sistemas educacionais

que rompem com esse tipo de procedimento

tornam-se incompatíveis com os demais, são

marginalizados e, por isso, automaticamente

pressionados a agir da forma tradicional.

Sistema social preocupado com o futuro -

já alertava o ex-ministro da Educação,

Cristóvam Buarque: "Para saber como será um

país daqui há 20 anos, é preciso olhar como

está sua escola pública no presente". Esse é um

sinal de que a sociedade já começa a se

preocupar com o distanciamento educacional

do Brasil com o dos demais países. É esse o

caminho para revertermos o quadro de uma

educação "domesticadora" para

"humanizadora".

Implicação - valorização da educação de

resultados efetivos para o indivíduo.

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65

Didática e Metodologia no Ensino Superior

Kraemer (2010) afirma que mudando de paradigma, cria-se uma nova cultura

avaliativa, implicando na participação de todos os envolvidos no processo educativo.

Prezado (a) aluno (a) na avaliação é importante você enquanto docente saber o que irá

avaliar, como irá eleger os critérios e as condições para avaliar, como selecionará as técnicas,

os instrumentos avaliativos e realizará a verificação dos resultados.

Pois bem, aprendemos anteriormente sobre objetivos, agora iremos fazer a ligação

desses objetivos com a avaliação. Você deve estar pensando...Como assim? Veja, se

elaboramos os objetivos quando vamos trabalhar os conteúdos disciplinares, agora é o

momento de verificarmos se nossos objetivos foram atingidos. Você está lembrado (a) que

expliquei anteriormente que no objetivo específico devemos fazer mentalmente o seguinte

questionamento ―no final do conteúdo o aluno será capaz de...‖, é através da avaliação dos

alunos que iremos verificar o resultado da aprendizagem. Nos objetivos aprendemos quais são

as habilidades que devemos avaliadar, agora iremos aprender como elaborar os exercícios

avaliativos de acordo com as habilidades. Veja quadro a seguir.

Profª. Vera Lúcia Resende Cunha exemplifica através de exercícios todas as

habilidades trabalhadas anteriormente.

a) Conhecimento

Exemplo: Em todos os animais complexos, o esqueleto e os músculos se

desenvolvem a partir da camada primária do germe conhecido como:

a) ectoderma b) célula neurológica c) epitélio

d) edodermo e) mesodermo

b) Compreensão

Exemplo: - alunos de camadas trabalhadoras buscam a escola pública e

as de classe média superior estão nas particulares;

- nos vestibulares das Federais os alunos de escolas

particulares têm mais facilidade de ingresso.

As duas colocações levam à conclusão que _________________________

c) Aplicação

Exemplo: Se uma pessoa está tomando banho se sol, a que horas do dia é

mais provável que tenha uma insolação?

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

a) entre 09 e 10 horas b) entre 11 e 13 horas c) entre 17 e 18 horas

Isto ocorre por quê? _________________________________________

d) Análise

Exemplo: Dois professores discutem sobre a necessidade de formular

objetivos para sua disciplina. (A) afirma que é melhor estabelecer desafios

comportamentais que são mais fáceis de serem trabalhados e medidos. (B),

já prevê que os abertos provocativos são mais válidos para o ensino na

Universidade, embora dêem trabalho para serem desencadeados e medidos.

Qual das formulações abaixo melhor expressam a conclusão dos argumentos

do professor (A).

a) o ensino diretivo é mais fácil e o produto é melhor garantido e

quantificado

b) objetivos comportamentais são nocivos ao ensino

c) objetivos de ensino devem ser pré-definidos

Explique sua resposta _________________________________________

e) Síntese

Exemplo: Nas aulas de Metodologia do Ensino Superior a professora

trabalha a filosofia do curso ou disciplina, objetivos, conteúdo, estratégia e

avaliação. Para cada tema ele deu um grupo de aulas com textos

específicos e metodologia diferenciadas.

Isto significa que:

a) os componentes de um planejamento didático são:

Filosofia, Objetivos contendo estratégias e avaliação

b) isso era o que interessava ao professor ensinar

c) os componentes de uma Plano de Ensino são os mesmos

de um Plano de Currículo, não há diferença entre

currículo e ensino.

Vamos conhecer um pouco mais sobre o processo avaliativo?

Para você aprofundar mais seus estudos sobre os processos avaliativos e

tipos de avaliação você poderá consultar na biblioteca do Unis-MG e ou

site http://www.iep.uminho.pt/teses/teses/teses_iep.asp a tese de

doutorado. SOUZA, Gleicione Ap. D. Bagne. Contributo para o estudo

da formação inicial do professor: Um estudo comparativo em torno da

inovação curricular.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

A forma como o professor avalia os alunos reflete sua postura

filosófica?

A avaliação tem sido um instrumento que estimula o interesse e

motiva o aluno para a aprendizagem?

Qual a relação funcional entre objetivos e avaliação?

Prezado (a) aluno (a) há uma ligação entre a avaliação e os objetivos, porque avaliar é

basicamente constatar se os resultados desejados foram alcançados. É através da elaboração

do Plano de Ensino a partir dos objetivos que orientaremos o processo ensino-aprendizagem,

determinando também o que e como avaliar. É por este motivo que vários autores alegam que

―o processo de avaliação começa na definição dos objetivos‖.

É através da avaliação que o professor poderá dar feedback ao aluno

mostrando-o seus avanços e dificuldades, assim poderá indicar as

intervenções mais adequadas no ensino e planejar atividades que os

ajudem a efetivar o processo de aprendizagem.

Quantos conteúdos trabalhamos, será que estou conseguindo atingir meus objetivos?

Tomara que sim!

É muito importante que o professor no ensino superior saiba trabalhar de forma

interdisciplinar, é pela importância do conteúdo que iremos a seguir conhecer o que isto

significa na educação. Vamos lá? Temo certeza que você irá gostar desse conteúdo.

3.4 INTERDISCIPLINARIDADE

A tendência no ensino superior é cada professor ministrar isoladamente a sua

disciplina, ou seja, o conteúdo curricular, enquanto isso os alunos ―tentam‖ fazer a ligação

entre elas, há fragmentação disciplinar, daí que surge o termo interdisciplinar com a finalidade

de não compartimentar as disciplinas.

Você com certeza já teve a oportunidade enquanto aluno de vivenciar a cada cinqüenta

minutos professores ministrarem aulas dissociadas umas das outras. É nesse contexto que se

faz necessário pensar em uma prática pedagógica interdisciplinar. Lógico que sabemos que no

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

ensino superior essa prática não é fácil, mas podem reduzir essa fragmentação dos conteúdos

trabalhando com projetos. Com isso, os alunos se beneficiam da oportunidade de apreender

um tema sob várias perspectivas, fazendo uma conexão entre os conteúdos.

Silva apud Fazenda contribui dizendo que

A interdisciplinaridade pressupõe basicamente uma intersubjetividade, não pretende

a construção de uma superciência, mas uma mudança de atitude frente ao problema

do conhecimento, uma substituição da concepção fragmentária para a unitária do

ser humano. (1999, p. 25).

Isso evidencia a necessidade do professor romper o trabalho com disciplinas

isoladas, buscando o trabalho interdisciplinar, essa atitude irá redimensionar o saber teórico

repassado aos alunos e construirá um fazer prático.

Na figura a seguir, veremos uma matriz usada para organizar o planejamento do

currículo interdisciplinar do distrito escolar de Seattle – EUA.

Figura nº 01

Fonte: Ensino e Aprendizagem por Meio das Inteligências Múltiplas, 2000 p.237

Podemos verificar na figura anterior, que as disciplinas estão tendo uma interrelação e

influência entre elas, dessa forma acontece o intercâmbio entre as mesmas.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Prezado (a) aluno (a), a interdisciplinaridade é uma filosofia na qual o docente precisa

acreditar e, o que é mais importante, precisa haver colaboração, diálogo, troca de ideias, entre

eles. Não é um trabalho fácil, como também nunca completamente alcançado, temos

consciência disso, mas deve ser permanentemente buscado.

Santomé (1998) elegeu uma hierarquia de níveis de colaboração e integração entre as

disciplinas, veja a seguir:

1- Multidisciplinaridade: é um nível inferior de integração entre as disciplinas. Seria

a justaposição de conteúdos diferentes, porém oferecidas de maneira simultânea, com o

objetivo de esclarecer alguns dos seus elementos comuns, mas não é explicitado as relações

entre esses conteúdos, ou seja, não existe nenhuma relação entre as disciplinas.

2- Pluridisciplinaridade: é um caminho percorrido a mais da multi, pois existem

pequenas evidências de cooperação entre as diferentes disciplinas, mas ainda os objetivos são

distintos. É a justaposição de disciplinas mais ou menos próximas, dentro de um mesmo setor

de conhecimento.

3- Interdisciplinaridade: é uma proposta de ensino que leva em consideração a

construção do conhecimento pelo aluno, visando a integração dos conteúdos disciplinares,

aproximando e articulando as atividades docentes numa ação coordenada e orientada para

atingir os objetivos determinados. A interdisicplinaridade não é uma proposta teórica, mas

sobretudo uma prática.

4- Transdisciplinaridade: Conceito que aceita a prioridade de uma transcendência,

de uma modalidade de relação entre as disciplinas que as supere. É um nível acima da

interdisciplinaridade onde não existem limites entre as diversas disciplinas e se constitui um

sistema total que excede o plano das relações e interações entre tais disciplinas.

É importante você saber que quando se trabalha com projetos na educação, a questão

interdisciplinar tem mais possibilidade de acontecer, pois um dos objetivos que o determina é

a integração dos diferentes conteúdos e saberes das várias áreas do conhecimento; essa

integração deve acontecer também com todos os participantes, docentes e discentes.

O trabalho com projetos interdisciplinares

é a possibilidade de acesso à pesquisa. Espera-se que o aluno, percebendo as

relações existentes entre as disciplinas, motive-se em buscar novos conhecimentos

sobre o tema, problema em questão, pois agora o projeto apresenta perspectivas

múltiplas, sendo que todas as disciplinas contribuem de certa forma e, por

conseqüência, ele pode receber orientações e desafios para a pesquisa de vários

professores em prol de um tema único. (NOGUERIA, 2001, p.149).

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Diante do exposto, vale atentarmos para que os projetos interdisciplinares não fiquem

apenas no processo de integração das disciplinas, mas também na possibilidade de incentivar

os alunos para a pesquisa. A vantagem de se trabalhar com projetos em relação aos conteúdos

trabalhados isoladamente é que esses possibilitam um ensino onde os alunos transcendem os

limites curriculares. No trabalho com projetos, os alunos realizam atividades práticas,

possibilitando a relação entre a teoria e prática, os próprios alunos que elegem os temas dos

projetos, desta forma, os interesses partem deles, aprendem a trabalhar em grupos, a aceitar as

opiniões dos colegas, a buscar saídas para possíveis conflitos, a pesquisar, a eleger estratégias

de busca, ordenação e estudo de diferentes fontes de informações.

Como vimos, trabalhar com projetos ―constituem um planejamento de ensino e

aprendizagem vinculado a uma concepção da escolaridade em que se dá importância não só à

aquisição de estratégias cognitivas de ordem superior, mas também ao papel do estudante

como responsável por sua própria aprendizagem‖.(HERNÁNDEZ, 1998, p.88-89).

Ao trabalhar com projetos, o docente passa a ter um olhar diferenciado sobre os

discentes, consegue conectar com o mundo lá fora relacionando-o ao conteúdo, as aulas e as

atividades práticas.

Podemos afirmar que os projetos direcionam para outra maneira de conceber o

conhecimento escolar, favorecendo o desenvolvimento de estratégias de investigar, interpretar

e apresentar o processo de estudar um tema. Porém, não se pode perder de vista a questão de

se trabalhar com os alunos as diferentes atividades propostas no processo ensino-

aprendizagem, mesmo trabalhando com projetos é importante que o professor possibilite aos

alunos a aprendizagem dos conteúdos:

a) Factuais e Conceituais - que correspondem ao compromisso científico da escola:

transmitir o conhecimento socialmente produzido. Irá oportunizar ao aluno a abordagem de

conceitos, fatos e princípios, operando através de símbolos, ideias, signos e imagens, onde o

mesmo irá adquirir informações e vivenciar situações-problema. Os conteúdos factuais e

conceituais são mais abstratos, eles demandam compreensão, reflexão, análise e comparação.

b) Procedimentais – que são os objetivos, resultados e meios para alcançá-los,

articulados por ações, passos ou procedimentos a serem implementados e aprendidos. Inclui

atividades como regras, técnicas, métodos, destrezas e habilidades. São conteúdos

procedimentais (aplicações e exercícios) como: ler, desenhar, observar, calcular, classificar,

traduzir, recortar, saltar, inferir e outros.

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71

Didática e Metodologia no Ensino Superior

c) Atitudinais – (normas e valores), que correspondem ao compromisso filosófico da

instituição escolar: promover aspectos que nos completam como seres humanos, que dão

razão e sentido para o conhecimento científico. O professor deverá trabalhar com valores,

atitudes ou normas, como: cooperação, solidariedade, trabalho em grupo, respeito, ética e

outros.

Podemos concluir essa seção afirmando que no trabalho com projetos o professor é

visto como facilitador, problematizador, ele passa a ter uma atitude de escuta, e ao mesmo

tempo oportuniza o diálogo pedagógico da relação dos alunos com o conhecimento. Neste

contexto é que veremos a seguir quais são os saberes necessários aos professores.

3.5 PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS

O professor é uma figura de extrema importância numa instituição de ensino e são

muitos os fatores que definem a ação do docente, e quase todas há uma interrelação.

Quando se fala em professor universitário, você deve ter pensado num primeiro saber

necessário a ele, que é conhecer muito bem o conteúdo disciplinar que irá trabalhar. Mas sabia

que isso não é o suficiente? Ensinar é uma tarefa complexa, pois conhecer a disciplina é

apenas mais uma necessidade, mas há de se conhecer a maneira como os alunos aprendem,

saber selecionar as estratégias metodológicas adequadas, elaborar um bom planejamento,

avaliar de forma coerente, relacionar-se bem com os alunos, estabelecendo uma boa

comunicação, saber administrativo (preenchimentos de diários, horários e outras obrigações),

apontei somente alguns saberes, logicamente que existem muitos outros.

O livro Pedagogia dos Projetos o autor trabalha alguns conceitua e

discute sobre interdisciplinaridade, transdidiplinaridade,

multidisciplinaridade e pluridisciplinaridade, destancando os principais

fatores e forma de trabalhar com projetos. Vale a pena conferir.

NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos Projetos: uma jornada

interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências.

São Paulo: Érica, 2001.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Vamos refletir um pouco sobre os saberes docentes?

Os professores sabem decerto alguma coisa, mas o que, exatamente?

Que saber é esse? São eles apenas ―transmissores‖de saberes

produzidos por outros grupos? Produzem eles um ou mais saberes, no

âmbito de sua profissão? Qual é o seu papel na definição e na seleção

dos saberes transmitidos pela instituição escolar? Qual a sua função

na produção dos saberes pedagógicos? (TARDIF, 2002, p. 32).

Ufa! Foram muitos os questionamentos, não é verdade? Mas como poderemos

respondê-los se as respostas não são evidentes? Lógicamente que nesta seção não iremos

responter aos questionamentos, mas iremos identificar os saberes docentes.

Todo saber pressupõe um processo de aprendizagem e de formação.

a) O saber pedagógico aponta para a necessidade do professor saber refletir sobre

sua prática educativa.

b) Saber investir em sua formação continuada. É evidente que a formação não se

constrói por acumulação de cursos, conhecimentos e técnicas, mas através da reflexão crítica

sobre a prática docente, assim o professor irá investir de acordo com suas necessidades

pedagógica e pessoal.

c) Saber orientar os alunos, ―trata-se, de alguma maneira, do ‗amor exigente‘: ao

mesmo tempo em que cabe apoiar o aluno do modo mais envolvente possível, e isto

pressupomos no conceito forte de ‗cuidar‘ [...] estabelecendo com o aluno relação política ao

mesmo tempo pedagógica e desafiadora‖. ( DEMO, 2004, p. 20). Deve levar o aluno a

raciocinar, esforçar, estimular, questionar etc. possibilitando ao aluno a construção do

conhecimento.

d) Saber estabelecer uma boa comunicação com os alunos, mantendo uma relação

cordial, atendendo seus questionamentos com explicações claras, direcionadas e objetivas.

e) Saber incentivar os alunos, aproveitando a curiosidade, interesse e empenho

para despertar nesses a mobilização de seus esquemas cognitivos, ou seja, ajudando-os a

construírem seus próprios conhecimentos.

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73

Didática e Metodologia no Ensino Superior

f) Saber identificar as características de uma determinada sala de aula (grupos de

alunos); de forma a avaliar seus progressos, mostrando seus avanços e dificuldades,

organizando atividades individuais e grupais interessantes e bem dosadas.

g) Saber pesquisar. A pesquisa é um ambiente de aprendizagem de formação

continuada. Inicia-se quando o professor analisa os livros, textos, artigos que irá trabalhar

com os alunos, de forma a questionar cada material, construindo, descontruindo e

reconstruindo seu conhecimento. O próprio professor poderá elaborar seu material (como

estou fazendo agora), assim ele deixa de ser somente um porta-voz e passa a ser autor e

formulador de proposta própria.

h) Saber planejar as atividades pedagógicas, fazendo uma previsão dos conteúdos

a serem desenvolvidos, tendo como direcionamento os objetivos a serem atingidos, os

interesses, as necessidades e desenvolvimento dos alunos.

i) Saber trabalhar em equipe, pois a escola caminha para a cooperação

profissional. É através do trabalho em equipe que os professores poderão desenvolver projetos

interdisciplinares. Assim, ―trabalhar em equipe é, portanto, uma questão de competencia e

pressupõe igualmente a convicção de que a cooperação é um valor profissional‖.

(PERRENOUD, 2000, p. 81).

j) Saber confrontar os deveres e as questões éticas da profissão, previnindo que

aconteça a violência na escola, seja ela pelo preconceito, discriminações sexuais, étnicas e

sociais.

k) Saber utilizar novas tecnologias de comunicação e informação para melhoria

da qualidade das aulas, criando oportunidades para que professores e alunos vivenciem

experiência de construir conhecimento e organizá-lo de modo inovador, ―expandindo as

fronterias disciplinares; estabeleçam relações de aprendizagem colaborada; adquiram hábitos

de acessar; processar, arquivar e organizar dados; mobilizem esses saberes em situações

práticas de ensino e aprendizagem nas respectivas áreas de conhecimento‖. (MELLO, 2004,

p.139).

São muitos os saberes que o professor precisa obter, não é mesmo? Ficaram muitos

saberes sem discutirmos. Se eu elencasse todos os saberes dos professores, com certeza daria

um livro com várias páginas. Cada professor constrói seus saberes em razão de sua

experência, sua história de vida, sua pertença a uma instituição de ensino, com seus pares, em

sua formação inicial e continuada, através de suas reflexões e outros.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Vamos plagiar Tardif (2002) quando o autor questiona: quais são os saberes que

servem de base ao ofício de professor? Qual é a natureza desses saberes? Como esses saberes

são adquiridos?

É importante ressaltar que os saberes dos professores são combinações entre o fazer e

o agir, entre a realidade individual e social, entre a cognição e emoção. Como vimos

anteriormente, é nas experiências diárias que também se constroem os saberes.

Podemos concluir esse capítulo apontando a importância do professor

apropriar dos conhecimentos trabalhados anteriormente, para a

melhoria de sua prática. É impossível transformar uma prática sem

uma base teórica, assim, esperamos que através das leituras e

reflexões você entendesse um pouco mais o que significa ser

professor, qual o saber necessário para a atuação na docência.

. O capítulo três nos trouxe muitas informações importantes. Vamos voltar no início do

capítulo e verificar se os objetivos propostos foram atingidos. Enquanto isso, ficarei aqui

torcendo para que a resposta seja positiva.

No próximo capítulo trabalharemos sobre os critérios básicos para a escolha dos

métodos de ensino.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

META

Analisar a escolha dos procedimentos de ensino e organização das experiências de

aprendizagem dos alunos.

OBJETIVOS

Objetivo geral

Identificar os métodos e procedimentos de ensino.

Objetivos específicos

Esperamos que, ao término desta unidade, você possa:

- Ampliar seu conhecimento a respeito dos métodos de conhecimento e ensino,

favorecendo a reflexão sobre a postura docente em nível superior.

- Compreender as práticas metodológicas realizadas em atividades docentes,

promovendo uma revitalização dos métodos de ensino.

- Reconhecer suportes teóricos e técnicos disponíveis nos meios de publicação

científicos a fim de garantir procedimentos assertivos para a atuação docente em nível

superior.

PRÉ-REQUISITOS

Para você aproveitar bem esta unidade é importante que você tenha construído o

conhecimento em relação à contribuição da Didática no processo ensino-aprendizagem e a

relação professor-aluno.

Você deverá também entender que a docência universitária é uma profissão e requer

uma preparação específica para seu exercício.

CRITÉRIOS BÁSICOS PARA A ESCOLHA DOS

MÉTODOS DE ENSINO

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76

Didática e Metodologia no Ensino Superior

Irei apresentar-lhe um referencial básico para que possa analisar e escolher os

procedimentos de ensino. Mas o que é procedimento de ensino?

Quando elaboramos os objetivos propostos a cada conteúdo que será trabalhado com

os alunos, precisamos pensar em nossas ações, processos e comportamentos, para que

possamos proporcionar ao aluno o contato direto com os fatos, fenômenos e as coisas, isso

mostra o procedimento de ensino que nos norteará o como e a forma que iremos trabalhar.

Você sabe que a aprendizagem é um processo dinâmico, ativo e vivo, ela só ocorre

quando o aluno desempenha algum tipo de atividade. Por isso, devemos escolher muito bem

os procedimentos de ensino para que os alunos tenham atividades que os possibilitem a

ocorrência da aprendizagem como um processo ativo.

―A aprendizagem ocorre através do comportamento ativo do estudante: este aprende o

que ele mesmo faz, não o que faz o professor‖. (TYLER 1974 apud HAIDT, 1995, p.140).

Através da interação do aluno com o objeto do conhecimento ele se tornará um participante

ativo na construção de sua aprendizagem. Assim:

Os procedimentos de ensino devem, portanto, contribuir para que o aluno mobilize

seus esquemas operatórios de pensamento e participe ativamente das experiências de

aprendizagem, observando, lendo, escrevendo, experimentando, propondo hipóteses,

solucionando problemas, comparando, classificando, ordenando, analisando,

sintetizando etc. (HAIDT, 1995, p.144).

Para que consigamos atingir toda a proposta de Haidt, logicamente precisaremos

conhecer quais serão os métodos de ensino que poderemos trabalhar. Mas você sabe o que

significa método?

Escreva o que você entende por método.

Independentemente de sua resposta (seja ela baseada no senso comum ou alguma

definição que tenha pesquisado) vamos iniciar pela origem da palavra.

Vamos recorrer ao dicionário.

Na enciclopédia Larousse, encontrei a seguinte definição: método do grego methodos,

caminho para chegar a um fim. Assim, método na educação é um processo didático

caracterizado por etapas e intervenções em busca de um objetivo prévio.

Veja os tipos de métodos:

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

O método dedutivo vai do "macro" para o "micro", veja o exemplo: todos os homens

aprendem; Nilton é homem, logo Nilton aprende.

O método indutivo tem uma lógica diferente, indo do "micro" para o "macro": Nilton é

homem e aprende; Donizeti é homem e aprende; Lúcio é homem e aprende ... Logo, todos os

homens aprendem.

Portando o método indutivo, é caracterizado pelo processo pelo qual, o professor por

meio de um levantamento particular, chega a determinadas conclusões gerais, ou seja, parte

do específico para o geral.

Veja outro exemplo:

O aluno 1 é disciplinado.

O aluno 2 é disciplinado.

O aluno 3 é disciplinado.

O aluno ―X‖ é disciplinado.

De acordo com o exemplo anterior, vale ressaltar que a indução, antes de mais nada, é

uma forma de raciocínio ou argumentação; onde o sujeito construirá uma reflexão e não

simplesmente um pensamento.

Já no método dedutivo acontece o contrário do método indutivo, o método dedutivo

tem como objetivo explicitar o conteúdo das premissas, uma vez que parte do geral para se

atingir às particularidades.

Você sabia que há outros métodos? Pois bem, existe o indutivo/dedutivo e o dialético,

mas todos esses são métodos de pesquisa da realidade. Agora, o que nos importa são os que

chamamos de métodos de ensino. Portanto, métodos de ensino é a trajetória que o professor

irá percorrer com seus alunos, para que estes se apossem do conhecimento que a Humanidade

já acumulou.

O que seria técnica?

Técnica é a operacionalização do método. É o como fazer. Portanto, a escolha da

técnica dependerá do planejamento do professor, dos objetivos a serem alcançados, do perfil

da turma, do conteúdo a ser trabalhado, enfim, do momento a ser aplicado; assim, os métodos

e técnicas não são neutros.

Prezado (a) aluno (a), as técnicas de ensino são, portanto, escolhidas em função do

método(s) e do (s) objetivo (s), definido pelo professor. Veja os exemplos de técnicas de

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78

Didática e Metodologia no Ensino Superior

ensino: aula expositiva dialogada, estudo dirigido, trabalho em grupo, entrevista, estudo de

caso e outros.

Vimos anteriormente que o processo de aprendizagem é sempre

produzido pelo aluno; a produção de conhecimento do aluno é que irá

comandar o seu avanço nas diferentes etapas. Portanto, o professor deve

respeitar o tempo de aprendizagem do aluno.

Veja como Carvalho (1973) apud Haidt (1995) classificam os métodos de ensino:

a) Métodos individualizados de ensino: São aqueles que valorizam as diferenças

individuais dos alunos e fazem a adequação do conteúdo de acordo com a necessidade da

turma, à capacidade intelectual e ritmo de aprendizagem de cada aluno. Nesse método o

professor trabalha com fichas, estudo dirigido e o ensino programado.

b) Métodos socializados de ensino: valorizam a interação social, fazendo a

aprendizagem efetivar-se em grupo. O professor poderá trabalhar com as seguintes técnicas,

trabalho em grupo, seminários e estudo de casos.

c) Método sócio-individualizados: Ele combina as duas atividades, a

individualizada e a socializada, alteranando em suas fases os aspectos individuais e sociais.

Assim, podemos afirmar que este método abrange também o método de problemas, as

unidades: de trabalho, didáticas e de experiência.

Você está achando complicado estudarmos sobre métodos e técnicas? Vamos

combinar uma coisa...levante, tome uma água e/ou café, descanse um pouquinho que irei te

esperar para prosseguirmos em nosso estudo, combinado?

É muito importante você sempre lembrar que o procedimento

didático ideal para trabalharmos com os alunos é aquele que

oportuniza os mesmos a incorporam os novos conhecimentos de

forma ativa, construtiva e compreensiva, sendo capaz de estimular o

pensamento operatório do aluno.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Você deve estar se indagando, mas como irei conseguir trabalhar assim? Pois bem,

nada complicado, apenas terá que substituir nas aulas aqueles exercícios que trabalham

somente a memorização, que são atividades mecânicas, por exercícios que exijam dos alunos

à execução de operações mentais. Lembra do trabalho com projetos? Essa é uma das saídas.

Analise e justifique a afirmativa: ―Os métodos e técnicas não são

neutros‖.

Veja as técnicas que poderemos utilizar no ensino-aprendizagem individualizados.

4.1 Aula expositiva

Começaremos pela aula expositiva por ser um procedimento de ensino mais comum e

tradicional; com certeza muitos de nós já assistimos muitas aulas expositivas, mas há uma

grande diferença entre a aula expositiva dogmática e a aula expositiva dialogada.

a) Na exposição dogmática o professor assume uma postura de acordo com a

pedagogia diretiva. Está lembrado? Aquele professor que é autoritátio, que monopoliza a

palavra, e o coitado do aluno fica somente escutando, obedecendo, acatando as ordens do

professor. Na exposição dogmática o professor transmite a mensagem e o aluno não pode

contestar.

b) Na exposição dialogada o professor assume uma postura da pedagogia

relacional. Se você esqueceu o que é pedagogia relacional faça uma breve leitura da unidade

I. O professor irá instigar a participação e discussão do aluno, esse poderá contrapor a

mensagem do professor, fazer comentários, relatar fatos, argumentar e expor suas dúvidas.

Portanto, na exposição dialogada o aluno desempenha um papel mais ativo.

Para que o professor consiga ministrar uma boa aula é necessário haver uma

preparação da mesma, levando como ponto de partida as características da turma, a forma

como irá abordar o conteúdo e fazer levantamento do que os alunos já conhecem daquele

determinado assunto. Vale lembrar que isso é planejar, assim não se deve esquecer de definir

os objetivos da aula, selecionar o assunto pelo grau de importância; organizando a seqüência

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das ideias, exemplificar sempre que possível para que o aluno possa fazer a ligação entre a

teoria e a prática, escolher os recursos audiovisuais que mais se adéqua ao conteúdo que será

abordado, estabelecer um clima adequado, mantendo a atenção dos alunos, destacar as ideias

mais importantes e organizar o tempo da aula.

Para Haidt, o professor poderá estimular a participação dos alunos

nas aulas e mantê-los em atitude reflexiva:

- fazendo perguntas para que eles respondam;

- dialogando com eles;

- propondo questões para debate;

- deixando que eles exponham suas dúvidas;

- esclarecendo as dúvidas;

- solicitando exemplos;

- pedindo para que os alunos apresentem conjecturas sobre a continuação

de uma explicação;

- ou pedindo para que façam oralmente uma breve síntese do que foi até

então exposto. (1995, p. 157).

É importante também que o professor após ministrar a aula expositiva dialogada faça

uma pequena conclusão, enfatizando os assuntos que foram essenciais, oportunizando ao

aluno relacionar o novo conteúdo com os conhecimentos anteriores.

4.2 Estudo dirigido

O professor poderá selecionar um bom texto e fornecê-lo aos alunos e após a leitura

(individual) em sala de aula fazer perguntas sobre o mesmo. Os alunos deverão marcar no

texto os pontos que consideram mais importantes e sintetizar os parágrafos que são também

relevantes. Assim estaremos trabalhando a aprendizagem efetiva, onde exige atividade do

aluno.

O estudo dirigido é uma técnica de ensino individualizado, pois é respeitado o ritmo

de aprendizagem de cada discente. Haidt (1995) apresenta algumas sugestões que podem

ajudar o professor no planejamento, elaboração e aplicação do estudo dirigido:

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

a) Organize o estudo dirigido considerando os objetivos educacionais propostos e deve

estar adequado ao tempo disponível para cada aula.

b) Verifique quais são os conhecimentos e habilidades que os alunos devem adquirir

em determinado conteúdo.

c) Elabore, de forma clara e objetiva, as instruções escritas do roteiro para o estudo

dirigido, explicando as tarefas operatórias que o aluno vai executar.

d) Distribua o roteiro ou guia de estudo para os alunos, deixando-os trabalhar com

uma margem de tempo sufuciente.

e) Solicite que os alunos, terminando o tempo de estudo, apresentem o resultado do

seu trabalho para a classe. A apresentação deve ser seguida da análise e discussão por parte

dos demais alunos e de comentários feitos pelo professor.

O professor também poderá elaborar algumas perguntas de maneira que leve o aluno a

desenvolver suas habilidades intelectuais e estimule a compreensão do conteúdo. Outra

possibilidade de trabalhar com estudo dirigido é após a leitura do texto (individualmente) o

professor poderá reunir os alunos em pequenos grupos e possibilitar o debate das questões

mais polêmicas.

Vimos que o estudo dirigido é uma técnica de ensino individualizado,

porém ele é realizado em situação social de sala de aula. Explique o

por que é considerado uma técnica individualizado.

A aula expositiva dialogada tem sido uma técnica muito

utilizada por oportunizar o aluno a participar dela mais ativamente,

podendo expor suas ideias, questionar, argumentar, formular dúvidas

e tecer comentários.

O estudo dirigido promove a aquisição de novos

conhecimentos e habilidades, oportunizando o aluno no processo de

construção do conhecimento.

A seguir iremos estudar as técnicas de ensino socializantes.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

4.3 O uso de jogos

O jogo é uma atividade física e mental organizada por um sistema de regras. Eles

podem ser empregados em uma variedade de objetivos dentro do contexto educacional. É uma

técnica eficaz que possibilita uma prática significativa daquilo que o aluno deverá aprender,

motivando-os, estimulando-os, despertando-os para a aprendizagem. Através dos jogos os

alunos constroem seus conhecimentos de maneira prazeirosa, criativa e lúdica.

Para Martins (2002, p.1):

[...]em nosso cotidiano utilizamos várias formas de jogo: o dos sentidos, em que a

curiosidade nos leva ao conhecimento; os jogos corporais expressos na dança nas

cerimônias e rituais de certos povos; o jogo das cores, da forma e dos sons, presente

na arte dos imortais; o jogo do olhar. Enfim, ele está aí, fazendo arte de nossas vidas.

A intensidade do poder do jogo é tão grande que nenhuma ciência conseguiu

explicar a fascinação que ele exerce sobre as pessoas.

O professor utilizando jogos em suas aulas melhorará seu modo de ensinar, avaliar e

também o modo dos alunos aprenderem, pois servem de motivação uma vez que os alunos

participam ativamente no processo ensino-aprendizagem.

Os jogos também proporcionam um ambiente descontraído, propiciando uma maior

interação entre os alunos, desenvolvendo assim o comportamento social. Porém é importante

que o professor prepare os alunos para uma competição saudável, na qual imperam o respeito

e a consideração pelo adversário.

4.4 Trabalho em grupo

São várias as técnicas de trabalho em grupo, como painel, simpósio, seminário,

Brainstorming, grupos de cochicho e outros. Essas atividades têm como objetivo permitir aos

alunos a troca de ideias e experiências, cooperação, debate e construção do conhecimento.

Você sabia que a aprendizagem é um fenômeno social e é enriquecida através da

experiência coletivamente compartilhada?

O trabalho em grupo ajuda o aluno a adquirir hábitos e atitudes de convívio social de

forma a ouvi e respeitar a opinião do colega, esperar sua vez de se posicionar, acatar a opinião

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

da maioria, respeitar a divisão das tarefas, responsabilizar-se diante da equipe em cumprir as

atividades, colaborar com os colegas e unir esforços para atingir os objetivos propostos.

Vejamos como trabalhar com cada técnica:

4.4.1 A técnica de painel

Essa técnica visa maior integração entre os alunos, permitindo a miscigenação dos grupos,

assim, permite um estudo simultâneo de vários itens de um tema. Tem como objetivos:

a) promover a participação de todos os alunos, possibilitando um maior convívio

entre eles;

b) estudar os diversos itens de um tema, num espaço de tempo curto;

c) envolver todos os membros dos grupos, pois serão relatores;

d) oportunizar aos alunos tímidos a participação e envolvimento, superando a inibição;

e) desenvolver a capacidade de síntese, argumentação, disciplina e planejamento.

O Painel passa por várias fases, como:

1ª Fase: O professor organiza os grupos, de acordo com os itens que serão

trabalhados, atribuindo um número a cada participante.

Grupo A Participantes 1, 2, 3, 4 e 5;

Grupo B Participantes 1, 2, 3, 4 e 5;

Grupo C Participantes 1, 2, 3, 4 e 5;

2ª. Fase: Os grupos discutirão sobre os itens A - B - C. Todos os componentes dos

grupos serão relatores nos novos grupos. Cada grupo elabora ideias, conclusões ou soluções

para o ítem proposto.

3ª. Fase: O professor organiza novos grupos com os integrantes que receberam os

mesmos números.

Grupo 1 A1, B1, C1.

Grupo 2 A2, B2, C2.

Grupo 3 A3, B3, C3.

Grupo 4 A4, B4, C4.

Grupo 5 A5, B5, C5.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

4ª. Fase: Os grupos apresentarão os itens estudados: A, B, C.

É o momento onde todos os membros irão relatar. Cada um apresenta as conclusões

do seu grupo inicial. Os demais grupos anotam as dúvidas e questionamentos para o debate na

fase posterior. Nesta fase não há debates.

5ª Fase: Painel aberto para debates com cada um dos grupos inicialmente constituídos.

Prezado (a) aluno (a) vale lembrar que esta técnica exige um determinado número de

alunos na turma, para permitir a miscigenação nos grupos.

4.4.2 Técnica de Seminário

É uma técnica de trabalho em grupo que tem como objetivo estudar um ou mais temas

ou assuntos. Nesta técnica o aluno ou grupo de alunos são encarregados de fazer uma

pesquisa sobre o assunto ou tema proposto pelo professor, os participantes discutem,

analisam, questionam e aprofundam o tema ou assunto em pequenos grupos.

Esta técnica instiga o aluno ao espírito de pesquisa, levando-o a escolher materiais de

fontes diversificadas para análise e interpretação, além de fazê-lo sistematizar as informações

coletadas para posteriormente apresentá-las. O trabalho com esta técnica é muito válida

quando se pretende envolver alunos e professores na análise de um determinado tema ou

assunto.

4.4.3 Brainstirming ou tempestade cerebral

É uma técnica desenvolvida para ser utilizada nas empresas e seu autor foi o

publicitário Alex Osborn nos anos 40, porém, passou também a ser trabalhada no ambiente

escolar. Ela é conhecida como uma técnica que gera ideias ou de alternativas de solução para

um determinado problema, levando o participante a ser criativo e imaginativo sem se

restringir aos esquemas lógicos de pensamento.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

O Brainstorming ou tempestade cerebral possui duas etapas- a divergente e a

convergente. A primeira dá ênfase na proposta de produzir várias ideias, já a segunda

oportuniza o participante a selecionar, agrupar e avaliar sugestões.

A etapa convergente não é muito diferente do que fazemos no nosso cotidiano:

somos todos experts em fazer julgamentos, aprovar, vetar… Já a etapa divergente

pode parecer mais difícil: ela exige ousadia, capacidade de combinar soluções e até

Um certo esforço mental para direcionar o pensamento para além do trivial.

As regras do Brainstorming – adiar o julgamento, visar à quantidade, combinar e

aperfeiçoar ideias alheias – têm sua razão de ser: quando direcionamos o

pensamento num determinado sentido, potencializamos nossa capacidade mental.

Por exemplo, quanto mais observamos detalhes, maior a nossa capacidade de

percebê-los. Da mesma forma, quanto mais ideias temos, maior a nossa capacidade

de produzi-las. (KASSOY, 2010, p.1).

Celso

Go

mes - U

nis - 2

01

0

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Saiba que nesta etapa não importa se os participantes elaboraram sugestões

interessantes ou não, o que interessa é a influência de ideias, para não perdê-las é importante

registrá-las, seja no papel ou computador.

4.4.4 Simpósio

É uma técnica derivada da mesa-redonda, com apresentações de diversas pessoas

sobre diferentes aspectos de um mesmo tema. Sua característica é o fato de ser de alto nível e

conta com a presença de um coordenador. Ele pode ser apresentado durante um mesmo dia ou

durante muitos dias.

A diferença do simpósito com a mesa-redonda é que o primeiro os expositores não

debatem entre si os temas apresentados, assim os expositores que normalmente são os alunos

se preparam, sob a orientação do professor e depois apresentam os vários aspectos do tema.

No dia da apresentação o aluno poderá fazer uma exposição do tema de 10 a 20

minutos aproximadamente, no final os demais alunos que estão na platéia poderão fazer as

perguntas. É importante o professor escolher um elemento para ser o mediador, assim poderá

controlar o tempo e encaminhar as perguntas aos expositores. O objetivo do simpósio é

realizar um intercâmbio de informações.

4.4.5 Discussão 66 ou Phillips 66

Esta técnica permite a discussão de pequenos grupos, o que facilita a discussão. Esta

técnica é assim chamada por ter sido criada por J.D. Phillips, e por serem os pequenos grupos

formados por seis pessoas que discutem o assunto durante seis minutos.

Ela é muito utilizada na educação quando o professor não se dispoõe de muito tempo e

necessita que os alunos se posicionem em relação a algumas informações, ideias, sugestões e

dúvidas a respeito de um assunto.

A técnica de discussão 66 ou Phillips 66 permite a participação de todos os alunos

num ambiente informal; estimulando a troca de ideias, encorajando a divisão de trabalho e a

responsabilidade no cumprimento deste; ajudando os alunos tímidos a se libertarem de suas

inibições.

É viável trabalhar com esta técnica quando o professor precisa obter informações dos

alunos sobre seus interesses, oportunizar um clima de acolhida, facilitando o aprendizado,

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

maior participação e colaboração dos alunos na busca de soluções para os eventuais

problemas.

O CRE-SUL2 orienta como o professor deverá usar a técnica:

a. Planejar, com antecedência, as perguntas, problemas ou roteiro de discussão que

serão colocados aos subgrupos.

b. Explicar ao grupo o funcionamento da técnica, sua finalidade, o papel e as

atitudes esperadas de cada membro e o tempo disponível para a discussão.

c. Dividir o grupo em subgrupos, aproveitando para colocar juntos os membros

que ainda não se conheçam e evitar as "panelinhas".

d. Solicitar aos membros dos pequenos grupos que se apresentem, escolham um

coordenador para os debates e um relator ou secretário para fazer as anotações.

e. Cada grupo deve ser montado com um número de membros igual ao número de

subgrupos. Isto possibilitará a rotação dos grupos como indicado em "h".

f. Distribuir cópias escritas dos assuntos a serem discutidos.

g. Esclarecer qual o tempo disponível. O tempo pode ser prorrogado, se

conveniente.

h. Terminado o tempo, cada elemento de cada subgrupo receberá um número.

i. Agora os subgrupos tornam a se reunir, mas todos os "1" num grupo; todos os

"2" noutros; e assim por diante.

j. Cada um apresentará para o subgrupo as conclusões do seu antigo subgrupo.

k. Os relatores dos subgrupos (os dois) reunir-se-ão para elaborar um único

relatório, que poderá ser oral ou escrito, para apresentá-lo ao grupão. (2010,

p.4).

Como você percebeu esta técnica é muito interessante, mas requer cuidados como

todas as outras, vale você lembrar que ela também oportuniza ao professor verificar o nível de

participação dos alunos, se esses têm maturidade para promover discussões e chegar ao

consenso.

4.4.6 Grupos de cochicho

Nesta técnica o professor divide a classe em grupos com dois elementos cada. As

duplas se dialogam, em voz baixa, durante um determinado tempo, sobre um tema ou para

responder uma pergunta. Depois, cada dupla apresenta os resultados para os demais grupos. É

uma técnica que garante a participação de todos os alunos e de fácil organização.

Na técnica de grupos de cochico o professor terá a oportunidade de verificar o

desempenho dos alunos a partir da observação de seus comentários, sondagem da reação dos

grupos, integração entre as duplas, respeito no posicionamento do colega e outros.

2 Conselho Regional Espírita do Sul de Minas

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Antes de iniciar a técnica o professor deverá orientar os alunos para o tempo que terão

para a discussão e apresentação do assunto, indicar a ordem da apresentação, tendo esta que

ser clara, concisa e objetiva.

4.4.7 Estudo de Casos

O estudo de casos é uma técnica que possibilita ao aluno estudar uma situação real,

dentro do assunto abordado pelo professor. Nesta técnica o aluno irá analisar, discutir e se for

o caso propor alternativas de solução.

Você está lembrado que anteriormente foi abordada a necessidade do professor unir a

teoria com a prática em suas aulas? Nesta técnica é oportunizada esta junção, pois o aluno

aplicará os conhecimentos teóricos a situações práticas. É por este motivo que o professor

deverá levar para a sala de aula casos reais ou baseados na realidade, tendo o cuidado ético de

não mencionar o nome dos envolvidos. O professor poderá também elaborar alguns casos

hipotéticos, tendo como norteador a realidade vivenciada.

Os casos poderão ser aprensentados aos alunos por meio de um filme, artigo

jornalístico, por escrito, em forma de descrição, narração e diálogo.

Esta técnica tem como objetivos: oportunizar o aluno para aplicar os conhecimentos

assimilados a situações reais e exercitar no aluno a atitude analítica, praticando a capacidade

de tomar decisões.

Para Carvalho (1973) apud Haidt (1995), ―o estudo de caso favorece a participação

ativa, é muito dinâmico e estabelece excelentes correlações com o real, sendo, portanto

altamente motivador‖. (p.196).

Os alunos poderão resolver os casos individualmente ou em grupos, porém o professor

deverá prever o tempo necessário para o trabalho, pois é importante a apresentação da síntese

final.

4.4.8 Estudo do meio

O estudo do meio é uma técnica que oportuniza ao discente estudar de forma direta o

meio natural e social. É uma atividade ampla, porém deve começar e ser encerrada na sala de

aula, embora seja extraclasse.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

O estudo do meio inicia na sala de aula para a elaboração do planejamento e encerra

na sala de aula para expor os resuldados das visitas, entrevistas, excursões e outros, assim

professor e aluno poderão fazer o fechamento e avaliar. Tem como objetivos criar

oportunidades para que o aluno tenha contato com a realidade; propiciar a aquisição de

conhecimentos de várias áreas do conhecimento, por meio da experiência vivida e

desenvolver as habilidades de observar, descobrir, analisar, avaliar e concluir.

Esta técnica educativa se utiliza de entrevistas, excursões e visitas, iremos a seguir

estudar cada uma dessas.

a) Entrevista

Para a entrevista é necessário o aluno elaborar perguntas, este representa o grupo

diante do entrevistador. Este não deve pertencer ao grupo, deverá ser algum estudioso ou que

tenha vivenciado ou conhcimento maior relacionado a um tema. Os objetivos da entrevista

são obter informações; maior conhecimento sobre assuntos de relevância para o grupo e

estimular o aluno para que aprofunde os conhecimentos sobre o tema.

É interessante o professor ou algum aluno convidar um especialista naquele

determinado assunto que está sendo estudado; a entrevista deverá acontecer em tom de

conversa e os questionamentos devem ser formulados de forma a evitar respostas incisivas

(sim, não); as perguntas deverão ser elaboradas ao nível de entendimento dos alunos, assim o

entrevistado evitará utilizar terminologia técnica que não esteja ao alcance dos alunos.

Ao término da entrevista é viável que seja produzido um relatório com a síntese da

atividade, na qual os pontos mais importantes sejam ressaltados.

b) Excursões

A técnica de excursão é uma atividade pedagógica que permite a ligação entre os

conteúdos teóricos e sua vivência na prática, desta forma, contribui para a assimilação dos

conhecimentos através da análise, observação e identificação, proporcionando momentos de

aproximação da realidade do dia a dia, como o social do aluno e o ensino-aprendizagem.

Na excursão o aluno irá fazer a observação direta e os dados obtidos lhe proporcionará

uma aprendizagem melhor e mais significativa, comparando a realidade vivenciada com os

conteúdos já abordados.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

O planejamento para se efetivar a excursão é de extrema importância e após a mesma

há de se fazer a avaliação do que foi realmente apreendido e alcançado. Esta atividade deverá

estar relacionada aos conteúdos das disciplinas trabalhadas em sala de aula, assim o aluno

poderá desenvolver relações e interações com o meio estudado.

Ao organizar a excursão o professor deverá envolver os alunos, dialogando e

articulando as contribuições trazidas pelos mesmos atrelando aos conteúdos

programáticos. Este deverá também prever: reconhecimento do local; elaboração do

roteiro do trabalho e identificação de problemas; trabalho em campo; exame dos dados

coletados; discussão dos dados e elaboração de uma síntese.

c) Visitas

É uma das técnicas que contribui para o ambiente de aprendizagem. Ela oportuniza

o aluno a diferenciar uma situação que acontece em tempo real de outra que fica

apenas no teórico.

Mas como estruturar uma visita técnica? Primeiramente você deverá relacionar a visita

com o objetivo da aula e/ou conteúdo, assim você facilitará o aprendizado do aluno,

despertando a relação teoria e prática.

Esta técnica é uma atividade extraclasse e o professor deverá instigar no aluno a

curiosidade, interesse e participação. Ela oportuniza ao discente a observação de situações que

acontecem no âmbito profissional, fazendo uma ligação entre a situação em tempo real com a

situação aprendida em sala de aula, havendo um confronto entre a teoria e prática.

Na visita técnica o aluno não realiza intervenções, mas registra, descreve, ilustra,

observa e analisa através de roteiro discriminando o que precisa ser conhecido e aprendido,

para isso ele pode conversar entrevistar, fotografar e filmar.

Explique, com suas próprias palavras, em que consiste a técnica de

estudo de caso, salientando sua importância para a ação didática e

processo educativo.

Você imaginava que na educação o professor pode lançar mão de tantas técnicas para

melhorar suas aulas e oportunizar aos alunos a construção de conhecimentos de forma mais

prazerosa? Vimos muitas técnicas, mas elas não param por aí...

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

A seguir iremos estudar as técnicas de ensino sócio-individualizantes.

4.4.9 Método da descoberta

Neste método, os alunos são levados a participarem de forma ativa em seu

processo de conhecimento, assim eles enfrentam situações de experiência e observação,

formulando seus próprios conceitos e princípios, utilizando o procedimento indutivo. Com

isso o aluno desenvolverá habilidades cognitivas como as de selecionar, propor, acompanhar

hipóteses e solucionar problemas, ele aprenderá a descobrir.

A postura do professor neste método é instigar o aluno na descoberta, com isto ele

não transmite conceitos prontos e acabados, ele cria situações de ensino onde os alunos são

levados a buscar novos conhecimentos através da observação, manipulação de materiais,

experimentação, coleta dados e informações, para mais tarde analisar e sintetizar, só depois

ele é capaz de fazer suas generalizações e conclusões. Com isso, ele também aprende

formular seus próprios conceitos, criando/recriando e descobrindo/redescobrindo o

conhecimento de forma reflexiva.

Para Haidt

No método da descoberta, o papel do professor é o de facilitador do processo de

descoberta e aprendizagem. Sua presença é fundamental, pois ele presta assistência

contínua a seus alunos, emite instruções claras e precisas, porpõe novas situações

para a retomada do trabalho, e ajuda os alunos na genera;lização e sistematização

dos novos conhecimentos adquiridos. (1995, p. 207).

Conforme pudemos verificar na citação anterior, o método da descoberta apresenta

muitas vantagens, pois desenvolve nos alunos o gosto pela pesquisa e experimentação; o

raciocínio lógico; a capacidade de observação, análise e reflexão e auxilia na autonomia do

aluno.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

4.4.10 Método de solução de problemas

Este método é bem interessante, pois apresenta ao discente uma situação problemática

para que ele organize a solução aceitável. Para isto, ele deverá utilizar os conhecimentos

prévios de que já dispõe, além de buscar novos conhecimentos através da pesquisa.

O método de solução de problemas visa ressaltar o raciocínio lógico do aluno e a

reflexão.

Você percebeu que este método é muito parecido com o método da descoberta? Você

tem raz parecido mesmo, pois foi inspirado nas ideias e no trabalho de John Dewey e o

método da descoberta o principal expoente também foi John Dewey. Podemos então afirmar

que esses métodos estão diretamente voltados ao construtivismo.

Se você esqueceu o que é Construtivismo, qual a postura do professor e

aluno nesta epistemologia volte ao capítulo dois e consulte-o.

O método de solução de problemas tem como objetivos: instigar a participação do

aluno na construção do conhecimento, ampliar o raciocínio através da investigação e reflexão,

facilitar a transposição da aprendizagem através da aplicação do conhecimento acumulado a

situações novas e desafiadoras.

Para você que será futuro professor universitário, é muito importante saber que este

método tem vantagens significativas, pois motiva os alunos para buscarem novos caminhos

para a aprendizagem, a desenvolver o hábito de planejar, pensar, esquematizar, propor,

analisar e levantar hipóteses, assim o aluno passa a ser também mais capaz de tomar decisões.

4.4.11 Métodos de projetos

O trablaho com projetos também está diretamente relacionado ao construtivismo, foi

sistematizado por William Kilpatrick, discípulo de John Dewey.

Trabalhar com projetos já é uma realidade a muitas instituições de ensino, pois

favorece a pesquisa e o trabalho ativo do aluno.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Hernández (1998, p.81).caracteriza um projeto de trabalho diante dos seguintes itens:

- Parte-se de um tema ou de um problema negociado com a turma.

- Inicia-se um processo de pesquisa.

- Buscam-se e selecionam-se fontes de informações.

- Estabelecem-se critérios de ordenação e de interpretação das fontes.

- Recolhem-se novas dúvidas e perguntas.

- Estabelecem-se relações com outros problemas.

- Representa-se o processo de elaboração do conhecimento que foi seguido.

- Recapitula-se (avalia-se) o que aprendeeu.

- Conecta-se com um novo tema ou problema

Podemos concluir a citação, afirmando que o ensino e a aprendizagem se constituem

numa seqüência que não é fixa, mas que serve como um fio condutor nesse processo,

possibilitando ao professor um direcionamento pedagógico.

Para os alunos, trabalhar com projetos além de facilitar o aprendizado, promovem a

compreensão dos problemas que investigam. É possível trabalhar com projetos em todos os

níveis de ensino: Fundamental, Médio e Ensino Superior3.

Estudamos anteriormente sobre os conteúdos factuais, conceituais, procedimentais e

atitudinais, está lembrado? No trabalho com projetos você terá a possibilidade de trabalhar

com esses conteúdos, os projetos apontam maneira diferente de representar o conhecimento, o

aluno estabelece relações, desenvolve estratégias de indagação, interpretação e apresentação

ao estudar e pesquisar um tema.

Para Nogueira (2001) o trabalho com projetos impulsiona professor e aluno para

iniciarem a busca, pequisa, caminhada para a descoberta e suas ações de investigação, dando

espaço para o surgimento do novo. Assim, faz-se necessário o professor caracterizar as ações

para o projeto, como: objetivos, metas, planejamento, rotas, investigações, levantamento de

hipótese, execução, replanejamento, depurações, apresentações e avaliações intermediárias e

finais e outros.

O autor ainda destaca a importância da postura do professor em todas as etapas de um

projeto, pois tanto melhor será o planejamento dos alunos quanto mais o professor questioná-

los. Para isso ele elaborou os passos que serão descritos em seguida, ou seja, o aluno deverá

ter em mente as respostas aos seguintes questionamentos pelo professor:

3 No Unis-MG a cada semestre letivo os professores trabalham com projetos. Veja no site www.unis.edu.br no

Portal do Professor.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

O quê? Sobre o que falaremos/pesquisaremos?

O que faremos neste projeto?

Por quê? Por quê estaremos tratando deste tema?

Quais são os objetivos?

Como? Como realizaremos este Projeto?

Como operacionalizaremos?

Como poderemos dividir as atividades entre os membros do grupo?

Como apresentaremos o Projeto?

Quando? Quando realizaremos as etapas planejadas?

Quem? Quem realizará cada uma das atividades?

Quem responsabilizará pelo que?

Recursos? Quais serão os recursos – materiais e humanos- necessários para

perfeita realização do Projeto? (NOGUEIRA, 2001, p. 99).

Podemos concluir esta seção afirmando que o projeto propicia diferentes mecanismos

de trabalhar o processo de aprendizagem não somente visando a área cognitiva, mas também

as áreas afetiva, social, emocional, motora e outras, buscando o equilíbrio do sujeito.

Quais ações serão executadas para envolver, motivar e desafiar o

corpo discente na realização de um projeto?

Será possível o envolvimento da comunidade no projeto? No

caso positivo, como, quando e onde envolvê-la?

Como envolver no projeto a maioria dos professores de uma

turma?

Quais ações serão executadas para envolver no projeto algumas

possíveis disciplinas?

Caro (a) aluno (a) estamos no final do nosso guia, espero que você tenha construído

bastante conhecimento em relação as unidades de estudo. Para concluirmos esta unidade de

estudo iremos plagiar Vilarinho (1985, p.52) retomando as três modalidades básicas dos

métodos de ensino apresentam:

Métodos de ensino individualizado: a ênfase está na necessidade de se atender

às diferenças individuais, como por exemplo: ritmo de trabalho, interesses,

necessidades, aptidões, etc., predominando o estudo e a pesquisa, o contato

entre os alunos é acidental.

Métodos de ensino socializado: o objetivo principal é o trabalho de grupo, com

vistas à interação social e mental proveniente dessa modalidade de tarefa. A

preocupação máxima é a integração do educando ao meio social e a troca de

experiências significativas em níveis cognitivos e afetivos.

Métodos de ensino sócio-individualizado: procura equilibrar a ação grupal e o

esforço individual, no sentido de promover a adaptação2 do ensino ao educando

e o ajustamento deste ao meio social.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

O quadro a seguir faz o fechamento das três modalidades básicas dos métodos e nos

aponta a escolha das técnicas em função dos objetivos a atingir, desta forma podemos concluir

Modalidades

Básicas Técnicas Aplicações

Individualizado

Estudo Dirigido

Estimular método de estudo e pensamento reflexivo.

Levar a autonomia intelectual.

Atender a recuperação de estudos.

Ensino por

fichas Revisão e enriquecimento de conteúdos

Instrução

programada

Apresentação de informações em pequenas etapas e

seqüência lógica.

Fornece recompensa imediata e reforço.

Permite que o aluno caminhe no seu ritmo próprio.

Ensino por

módulos

Leva o estudante a responsabilidade no desempenho das

tarefas propostas.

Propõe ao aluno os objetivos a serem atingidos e variadas

atividades para alcançar esses objetivos.

Modalidades

Básicas Técnicas Aplicações

Socializado

Discussão em pequenos

grupos

Estudo de casos

Troca de ideias e opiniões face a face.

Resolução de problemas.

Busca de informações.

Tomada de decisões.

Discussão 66 ou

Phillips 66

Revisão de assuntos.

Estímulo à ação.

Troca de ideias e conclusão

Painel

Definir pontos de acordo e desacordo.

Debate, consenso e atitudes diferentes (assuntos

polêmicos)

Painel Integrado

Troca de informações.

Integração total (das partes num todo).

Novas oportunidades de relacionamento.

Grupo de cochicho

Máximo de participação individual.

Troca de informações.

Funciona como meio de incentivação.

Facilita a reflexão.

Discussão dirigida Solução conjunta de problemas.

Participação de todos os

Brainstorming Criatividade (Ideias originais).

Participação total e livre.

Seminário

Estudo aprofundado de um tema.

Coleta de informações e experiências.

Pesquisa, conhecimento global do tema.

Reflexão crítica.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

Modalidades

Básicas Técnicas Aplicações

Socializado

Simpósio

Divisão de um assunto em partes para estudo.

Apresentação de ideias de modo fidedigno.

O grupão faz a conferência do que foi apresentado.

GVGO ou Grupo na

Berlinda

Verbalização.

Objetividade na discussão de ideias.

Capacidade de análise e síntese.

Entrevista

Troca de informações.

Apresentação de fatos, opiniões e

pronunciamentos importantes.

Diálogo

Intercomunicação direta.

Exploração, em detalhe, de diferentes pontos de

vista.

Palestra

Exposição menos formal de ideias relevantes.

Sistematização do conteúdo.

Comunicação direta com o grupão.

Dramatização Representação de situações da vida real.

Melhor rendimento e compreensão dos elementos.

Modalidades

Básicas Técnicas Aplicações

Sócio-

individualizante

Método de Projetos

Realiza algo de concreto.

Incentiva a resolução de problemas sugeridos

pelos alunos.

Exige trabalho em grupo e atividades individuais.

Método de problemas Desenvolve o pensamento reflexivo.

Desenvolve o pensamento científico.

Unidades didáticas

Compreensão do ―todo‖ a ser estudado.

Incentivo ao aluno e a criatividade, flexibilidade

nas atividades.

Permite organização do conteúdo aprendido.

Unidades de Experiências

Aplicação do conceitos teóricos na prática.

Permite ao aluno uma análise crítica e a

reconstrução da experiência social.

Pesquisa como atividade

discente

Desenvolve o gosto pelo estudo científico.

Leva o aluno a distinguir a pesquisa pura da

aplicada.

Utiliza-se de diversas técnicas de coleta de dados.

Utiliza-se do método científico.

Para você aprofundar mais os estudos, leia a seguinte obra:

ANTUNES, Celso. Trabalhando habilidades: construindo ideias. São

Paulo: Scipione, 2001.

É um livro muito bom onde o autor trabalha a escolha de procedimentos

adequados a cada nível de ensino.

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Didática e Metodologia no Ensino Superior

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