informes - janeiro 2014

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1 Temário 1. Escola de Quadros.............. pág 1 2. Greve dos rodoviários - RS......... pág 2 1. Informe da Escola Nacional de Quadros do MES – O Capital, a Crise e Conceitos Políticos Nos dias 22 a 26 de janeiro de 2014 aconteceu em São Paulo a Escola de Quadros do MES. Conforme encami- nhamento da IV Conferência Nacional do MES, essa Escola foi organizada não apenas com o objetivo de formar um gru- po de quadros, mas também para que os mesmos pudessem retornar às regionais e organizar localmente outras Escolas de formação. O tema da crise e do capital foi um grande desa- fio, porém fundamental para a formação marxista de quadros revolucionários e mais do que atual no momento que viven- ciamos de crise internacional. Compreender seus fundamen- tos é, portanto, extremamente necessário, e a escola foi um importante passo no sentido de aprofundamento dos estudos do tema pelos quadros da corrente. Totalizando 38 militantes, participaram delegações de grande parte das regionais do MES: além de São Paulo (Capital, São Carlos, Campinas e Itapevi), participaram as re- gionais Pará (Belém, Santarém e Marabá), Distrito Federal, Rio de Janeiro, Minas Gerais (Belo Horizonte e Uberlândia), Rio Grande do Norte e Bahia. As atividades tiveram início no dia 22 de janeiro, ainda na Capital, com o Lançamento do Livro “Marx e o nú- cleo racional da dialética de Hegel”, de Roberto Robaina, bi- bliografia obrigatória inicial do curso. Na primeira atividade pública da corrente em São Paulo em 2014 contamos com cerca de 70 pessoas, entre militantes e simpatizantes da cor- rente e convidados, com destaque para o Deputado Estadual Carlos Giannazi, a Direção Estadual do PSTU e as correntes do PSOL Insurgência, APS-Nova Era, LSR, APS, e intelectu- ais como Damião Trindade e alunos do Prof. Alysson Masca- ro da Faculdade de Direito da USP. Foi um êxito também da política financeira, com a venda de mais de 30 livros, conta- bilizados também os exemplares do “Falência do PT”. Ainda no dia 22 seguimos para Bertioga, no litoral norte de São Paulo, onde se localizou a Escola. Na quinta- -feira pela manhã iniciaram-se os trabalhos com uma breve abertura de Maurício Costa e Roberto Robaina, para organi- zação dos grupos e das leituras. O dia começou com a leitura de capítulos do segundo livro indicado: “Para Entender o Ca- pital”, de David Harvey. Na primeira mesa da escola, Robaina retomou o tema do dia anterior e, partiu da dialética em Hegel e Marx, para explicar porque Marx inicia sua exposição no Capital através da mercadoria, o conceito mais simples, cujos desdo- bramentos vão levar à determinação do Capital como todo. Da importância do conceito para se compreender a realidade, seguiu a discussão em plenário para a definição das demais categorias centrais do Capital, partindo do Livro de Harvey mas também do próprio Marx e de Moreno, para a definição de trabalho, tempo de trabalho socialmente necessário, feti- chismo da mercadoria, mais-valia e alienação, entre outros. No segundo dia, após a leitura em grupo dos capítu- los seguintes, o fechamento se deu com Gilberto Cunha, an- tigo militante da regional São Paulo e professor da UFSCar. Geógrafo e estudioso de Harvey, Gilberto tratou centralmente do papel da tecnologia no processo de produção, e quais os pontos de confluência e de divergência entre Harvey e Marx na análise da relação entre a tecnologia e os demais elementos constitutivos das relações capitalistas. Em seguida, mais leitura e discussão em grupo, acompanhada por fechamento de Maurício Costa, que en- cerrou a Parte I do curso com a definição dos elementos que compõem a Lei geral da acumulação capitalista: composição técnica, orgânica e de valor do capital; a dinâmica de centrali- zação do capital; taxa de lucro; relação entre capital exceden- te e exército industrial de reserva e a acumulação primitiva. Elementos que prepararam para a discussão do segundo tema do curso, a crise. Para o segundo tema, já no dia 25 de janeiro, tive- mos como bibliografia obrigatória capítulos do livro, tam- bém de Harvey, “O Enigma do Capital”. Após leitura em grupo, fechamento e discussão dos conceitos em plenário com Robaina, que tratou de como a teoria do valor de Marx desconstruiu as explicações da economia política clássica para as crises do sistema capitalista. A partir da análise his- tórica da crise e da revelação dos aspectos fundamentais da atual crise econômica mundial descritos por Harvey, e com a ajuda de clássicos como Mandel e Keynes, realizou-se um importante debate sobre os fundamentos e consequências das crises no capitalismo. A terceira e última parte, que teve início com expo- sição de Pedro Fuentes, fez o elo entre a discussão da crise e a necessidade de uma saída política para ela através da luta de classes. Nesse sentido a importância de, em um momen- to em que a regulação caótica da economia provoca também uma crise de dominação do Estado imperialista, sabermos

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Circular do Movimento Esquerda Socialista (MES)

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Temário1. Escola de Quadros. . . . . . . . . . . . . . pág 12. Greve dos rodoviários - RS. . . . . . . . . pág 2

1. Informe da Escola Nacional de Quadros do MES – O Capital, a Crise e Conceitos Políticos

Nos dias 22 a 26 de janeiro de 2014 aconteceu em São Paulo a Escola de Quadros do MES. Conforme encami-nhamento da IV Conferência Nacional do MES, essa Escola foi organizada não apenas com o objetivo de formar um gru-po de quadros, mas também para que os mesmos pudessem retornar às regionais e organizar localmente outras Escolas de formação. O tema da crise e do capital foi um grande desa-fio, porém fundamental para a formação marxista de quadros revolucionários e mais do que atual no momento que viven-ciamos de crise internacional. Compreender seus fundamen-tos é, portanto, extremamente necessário, e a escola foi um importante passo no sentido de aprofundamento dos estudos do tema pelos quadros da corrente. Totalizando 38 militantes, participaram delegações de grande parte das regionais do MES: além de São Paulo (Capital, São Carlos, Campinas e Itapevi), participaram as re-gionais Pará (Belém, Santarém e Marabá), Distrito Federal, Rio de Janeiro, Minas Gerais (Belo Horizonte e Uberlândia), Rio Grande do Norte e Bahia. As atividades tiveram início no dia 22 de janeiro, ainda na Capital, com o Lançamento do Livro “Marx e o nú-cleo racional da dialética de Hegel”, de Roberto Robaina, bi-bliografia obrigatória inicial do curso. Na primeira atividade pública da corrente em São Paulo em 2014 contamos com cerca de 70 pessoas, entre militantes e simpatizantes da cor-rente e convidados, com destaque para o Deputado Estadual Carlos Giannazi, a Direção Estadual do PSTU e as correntes do PSOL Insurgência, APS-Nova Era, LSR, APS, e intelectu-ais como Damião Trindade e alunos do Prof. Alysson Masca-ro da Faculdade de Direito da USP. Foi um êxito também da política financeira, com a venda de mais de 30 livros, conta-bilizados também os exemplares do “Falência do PT”. Ainda no dia 22 seguimos para Bertioga, no litoral norte de São Paulo, onde se localizou a Escola. Na quinta--feira pela manhã iniciaram-se os trabalhos com uma breve abertura de Maurício Costa e Roberto Robaina, para organi-zação dos grupos e das leituras. O dia começou com a leitura de capítulos do segundo livro indicado: “Para Entender o Ca-pital”, de David Harvey.

Na primeira mesa da escola, Robaina retomou o tema do dia anterior e, partiu da dialética em Hegel e Marx, para explicar porque Marx inicia sua exposição no Capital através da mercadoria, o conceito mais simples, cujos desdo-bramentos vão levar à determinação do Capital como todo. Da importância do conceito para se compreender a realidade, seguiu a discussão em plenário para a definição das demais categorias centrais do Capital, partindo do Livro de Harvey mas também do próprio Marx e de Moreno, para a definição de trabalho, tempo de trabalho socialmente necessário, feti-chismo da mercadoria, mais-valia e alienação, entre outros. No segundo dia, após a leitura em grupo dos capítu-los seguintes, o fechamento se deu com Gilberto Cunha, an-tigo militante da regional São Paulo e professor da UFSCar. Geógrafo e estudioso de Harvey, Gilberto tratou centralmente do papel da tecnologia no processo de produção, e quais os pontos de confluência e de divergência entre Harvey e Marx na análise da relação entre a tecnologia e os demais elementos constitutivos das relações capitalistas. Em seguida, mais leitura e discussão em grupo, acompanhada por fechamento de Maurício Costa, que en-cerrou a Parte I do curso com a definição dos elementos que compõem a Lei geral da acumulação capitalista: composição técnica, orgânica e de valor do capital; a dinâmica de centrali-zação do capital; taxa de lucro; relação entre capital exceden-te e exército industrial de reserva e a acumulação primitiva. Elementos que prepararam para a discussão do segundo tema do curso, a crise. Para o segundo tema, já no dia 25 de janeiro, tive-mos como bibliografia obrigatória capítulos do livro, tam-bém de Harvey, “O Enigma do Capital”. Após leitura em grupo, fechamento e discussão dos conceitos em plenário com Robaina, que tratou de como a teoria do valor de Marx desconstruiu as explicações da economia política clássica para as crises do sistema capitalista. A partir da análise his-tórica da crise e da revelação dos aspectos fundamentais da atual crise econômica mundial descritos por Harvey, e com a ajuda de clássicos como Mandel e Keynes, realizou-se um importante debate sobre os fundamentos e consequências das crises no capitalismo. A terceira e última parte, que teve início com expo-sição de Pedro Fuentes, fez o elo entre a discussão da crise e a necessidade de uma saída política para ela através da luta de classes. Nesse sentido a importância de, em um momen-to em que a regulação caótica da economia provoca também uma crise de dominação do Estado imperialista, sabermos

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eloquentes são Alceu Weber e Luís Afonso Martins, funcio-nários da Carris e ligados à CUT. Weber é de perfil mais inde-pendente, embora próximo de Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS, enquanto Afonso tem relação estreita com o Bloco de Luta pelo Transporte Público e pertence à corrente sindical chamada A CUT Pode Mais, formada por militantes que estão em litígio com a direção da entidade e com o PT. Se juntam aos oposicionistas o sindicato Conlutas e militantes de par-tidos como PSTU. Pelo lado do PSOL, o cérebro é Antônio Neto, da corrente dirigida por Pedro Ruas, Roberto Robaina e Luciana Genro. O grupo de oposição — alinhado com o discurso da esquerda radical — acredita que atingiu um nível de proximi-dade com a categoria capaz de lhe garantir o comando da enti-dade. O sindicato é comandado pela Força Sindical, entidade que agora é ligada ao recém-fundado partido Solidariedade. Presidente das duas instituições no Estado, o vereador de Por-to Alegre Cláudio Janta circulou entre os trabalhadores e con-cedeu entrevistas nos últimos dias. Assumiu uma postura de líder ao lado de Júlio “Bala” Gamaliel, presidente do sindica-to e também ligado à Força. Para a oposição, eles pretendem manter o aparente controle da greve para não se afastarem da base. Na terça-feira, Bala, que alterna declarações comedidas e mais radicais, passou em algumas garagens para conven-cer os rodoviários a manter os 30% da frota em circulação. Apelou ao lembrar a imposição de multa por descumprimen-to das normas judiciais. Os trabalhadores, influenciados pela oposição de esquerda, não aceitaram. A greve migrou para a paralisação completa. — O comando da greve está nas mãos do sindicato, dirigido pela Força. A oposição tenta destruir a entidade. Jun-to com o patrão, faz oposição à contribuição do trabalhador ao sindicato, derruba a sustentação financeira da instituição, faz campanha de desfiliação — diz Cláudio Corrêa, diretor de relações sindicais da Força. Com a disputa em níveis exacerbados e o sindica-to falido — a sede já foi penhorada —, os opositores pouco estão preocupados com as multas impostas pela Justiça. No momento, cresce a ideia de colocar a totalidade dos ônibus nas ruas, mas com as catracas liberadas. Isso evitaria o des-gaste deles com a população e pressionaria os patrões por um acordo. Nos bastidores, a oposição fala em levar a mobiliza-ção até as últimas consequências para forçar a intervenção da prefeitura no sistema de ônibus. A crença é de que isso obri-garia a aceleração de lançamento de licitação para reformar o transporte público. — Só se elege uma comissão de negociação do dissí-dio quando não existe confiança na direção do sindicato. Eles estão há 30 anos à frente da categoria e, nos últimos 20, tive-mos prejuízos — diz Weber. Para ele, as acusações de que a oposição tem interes-ses políticos ao influenciar a greve é uma estratégia da Força para “desviar o foco” dos problemas do sindicato.

aproveitar a nova situação na luta de classes internacional e fortalecermos a construção de ferramentas como o PSOL, com potencial para alcançar influência de massas, e ao mes-mo tempo trabalharmos para ampliarmos nosso enraizamento social, sobretudo na classe trabalhadora. O último trabalho em grupos foi para a leitura de “Conceitos Políticos Básicos”, de Moreno e Mercedes Petit. No fechamento, com Israel Dutra, a definição dos conceitos fundamentais de estratégia e tática; propaganda e agitação; programa e palavras de ordem; análise, caracterização e polí-tica; frentes e unidade de ação, à luz de nossa realidade atual e das tarefas colocadas diante da situação política mundial. Nas falas de balanço se refletiu a importância da rea-lização do espaço, que foi resultado de grande esforço da di-reção e das regionais que se organizaram para estar presentes. Sob um ritmo intenso de trabalho e dedicação, quase 12 horas por dia (25 horas de trabalho em grupo) sob o forte calor do li-toral paulista, representou mais um passo no sentido da maior formalização do MES e do amadurecimento dos quadros e da direção, no terreno teórico e organizativo. Como encami-nhamento, a continuidade da formação política e dos estudos para que todos, individual e coletivamente, sejam capazes de dar o salto necessário para responder aos atuais desafios da corrente. Esse encaminhamento se concretiza nas regionais a partir de uma agenda de atividades de formação, cujo esforço de toda a militância para leitura e participação é fundamental:Regional Data LocalNE 31 de janeiro a 2 de fevereiro NatalDF 08 e 09 de fevereiro BrasíliaRS 14 a 16 de fevereiro Porto AlegreMG 15 e 16 de fevereiro UberlândiaSP 15 e 16 de março (a confirmar) São PauloPA 31 de janeiro a 2 de fevereiro Belém

A bibliografia obrigatória da Escola Nacional de Quadros está disponível para download em: http://escolade-quadrosmes.wordpress.com/

2. Os bastidores da luta interna no sindicato dos rodoviários

Do Jornal Zero Hora Travada nos bastidores da greve dos rodoviários em Porto Alegre, a intensa luta sindical entre lideranças da cate-goria acabou criando uma espécie de poder paralelo na con-dução do movimento. A direção do sindicato tenta manter as rédeas, mas o grupo de oposição se avolumou na comissão de negociação do dissídio, também conhecida como “comando de greve”. Estão em jogo o futuro da categoria, a disputa pelo poder no sindicato e o fortalecimento de novas lideranças. A oposição, empoderada no “comando”, passou a in-fluenciar os rumos da greve. Neste grupo, as lideranças mais