influÊncia da antissepsia no crescimento …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_lindsay.pdf ·...

71
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LINDSAY LOCKS INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO BACTERIANO NAS MÃOS DURANTE O USO DE LUVAS CIRÚRGICAS Tubarão 2012

Upload: lambao

Post on 30-Nov-2018

222 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

LINDSAY LOCKS

INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO BACTERIANO NAS MÃOS

DURANTE O USO DE LUVAS CIRÚRGICAS

Tubarão

2012

Page 2: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

LINDSAY LOCKS

INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO BACTERIANO NAS MÃOS

DURANTE O USO DE LUVAS CIRÚRGICAS

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Ciências da Saúde, da

Universidade do Sul de Santa Catarina, como

requisito para obtenção do título de Mestre em

Ciências da Saúde.

Orientadora: Profa. Ana Claudina Prudêncio Serratine, Dra.

Co-Orientador: Luiz Kanis, Dr.

Tubarão

2012

Page 3: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

LINDSAY LOCKS

INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO BACTERIANO NAS MÃOS

DURANTE O USO DE LUVAS CIRÚRGICAS

Esta dissertação foi julgada adequada à

obtenção do título de Mestra em Ciências da

Saúde e aprovada em sua forma final pelo

Programa de Mestrado em Ciências da Saúde,

da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 28 de maio de 2012.

__________________________________________________________________

Professora e Orientadora: Ana Claudina Prudêncio Serratine, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

__________________________________________________________________

Profa. Dayani Galato, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

__________________________________________________________________

Profa. Inês Beatriz Rath, Dra.

Universidade Federal de Santa Catarina

Page 4: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

Aos meus pais maravilhosos, Gregório e

Ivonete.

Aos meus irmãos amados, Adriano e Eduardo.

A meu namorado pela paciência e

compreensão de minha ausência durante a

construção deste trabalho.

A Profa Ana Claudina pela amizade e por toda

orientação para a elaboração deste estudo.

Page 5: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

AGRADECIMENTOS

Foram muitas as pessoas que se envolveram na elaboração, execução e conclusão

deste trabalho, apoiando, auxiliando e orientando. Meus agradecimentos especiais a:

Deus, pela vida, pelo amor, por toda força nos momentos de fraquezas e por estar

presente em todas as etapas desse estudo.

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde:

A Profa Dr

a Ana Claudina Prudêncio Serratine, pelo seu apoio, sua paciência,

compreensão e disponibilidade na orientação do trabalho.

Ao Profº Dro Luiz Alberto Kanis pela orientação e contribuição para meus

conhecimentos.

A Profa Dr

a Daiane Galato pela colaboração na análise estatística, correções e

sugestões do trabalho.

Demais professores que compõem o Programa que contribuíram para os meus

conhecimentos.

À coordenação do Programa Saúde pela colaboração.

Aos colegas de turmas que dividiram comigo momentos de emoção e alegria.

Ao curso de Odontologia da UNISUL:

Ao coordenador Profo Naudy Brodbeck May pela colaboração.

Ao coordenador da disciplina de clínica cirúrgica, Profº. Eron José Baroni e aos

demais professores pela disponibilidade em realizar a pesquisa em suas aulas.

Aos alunos da quinta fase do curso de odontologia (2011/A), que foram os

voluntários, agradeço pela paciência e colaboração.

Aos funcionários das clínicas cirúrgicas que auxiliaram na execução do estudo de

campo.

Ao Laboratório de microbiologia da UNISUL:

Ao Rodrigo Souza - coordenador do laboratório de microbiologia - pela ajuda

sempre presente.

À Adriana, responsável na organização do laboratório, pela ajuda na higienização

e esterilização dos materiais.

As monitoras Laís e Luiza que auxiliaram na preparação dos materiais da

pesquisa.

Amigos:

Page 6: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

À minha amiga, Carine Lima da Rosa, pelo apoio e companheirismo, pelos

momentos de descontração, e principalmente pela ajuda nos momentos difíceis.

Aos colegas de trabalhos da empresa CEDUP, que me auxiliaram nos dias em que

precisei faltar.

Aos alunos, a quem leciono que me ouviram diversas vezes falar deste estudo.

Por fim, deixo meu agradecimento a todos vocês!

Page 7: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

RESUMO

A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório. Este

estudo avaliou o desempenho de três produtos para antissepsia cirúrgica, quanto a sua eficácia

imediata e sua influência no crescimento bacteriano das mãos durante o uso de luvas

cirúrgicas por 20, 40 e 60 minutos. Após a degermação das mãos de 21 acadêmicos de

Odontologia, foi utilizado o álcool etílico a 70%, o PVP-I a 10% e a clorexidina a 2%, durante

um minuto sob a forma de imersão. Cada sujeito da amostra participou de nove testes. Os

antissépticos foram testados três vezes, de acordo com o tempo de uso das luvas cirúrgicas. A

microbiota das mãos dos sujeitos foi avaliada antes da higienização das mãos, após o uso

imediato do antisséptico e das luvas cirúrgicas para determinar as mudanças na qualidade e

quantidade das bactérias presentes nas mãos. Antes da antissepsia cirúrgica foram encontradas

as bactérias residentes Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus saprofíticos,

Staphylococcus aureus e as bactérias transitórias Escherichia coli. O uso dos antissépticos

eliminou as bactérias transitórias e reduziu a quantidade de bactérias residentes presentes nas

mãos de forma significativa (p<0,01), tanto após o uso imediato quanto após a utilização das

luvas cirúrgicas. Em períodos de 20 minutos de cirurgia a clorexidina a 2% mostrou-se mais

eficaz, seguida do PVP-I a 10% e por último do álcool etílico a 70%. Nas cirurgias que

levaram 40 minutos e 60 minutos a clorexidina manteve o melhor desempenho, enquanto o

PVP-I e o álcool não apresentaram diferenças (p>0,05). Conclui-se que todos os antissépticos

testados podem ser utilizados na higienização pré cirúrgica das mãos.

Descritores: antissepsia, higienização de mãos pré cirúrgica, álcool etílico, clorexidina, PVP-I.

Page 8: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

ABSTRACT

The surgical antisepsis is important in maintaining the sterile surgical field. The present study

examined of three products for surgical antisepsis, as its immediate effectiveness and its

influence on bacteria growth of the hands while wearing surgical gloves for 20, 40 and 60

minutes. After degermation the hands of dental students 21 was used 70% ethanol, Povidone-

Iodine to 10% and 2% chlorhexidine, for one minute in the form of immersion. Each subject

participated in the sample of nine tests. Antiseptics were tested three times, according to the

usage time of the surgical gloves. The microbiota of the hands of the subjects was assessed

beforehand hygiene, after the immediate use of antiseptic and surgical gloves to determine

changes in quality and quantity of bacteria on the hands. Prior to surgical antiseptic were

found resident bacteria Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus saprophyticus,

Staphylococcus aureus and Escherichia coli, bacteria transient. The use of antiseptics

eliminated transient bacteria and reduced the amount of bacteria present in the hands of

residents significantly (p <0.01), both immediately after use and after use of surgical gloves.

In periods of 20 minutes of surgery to 2% chlorhexidine was more effective then the

Povidone-Iodine and finally 10% ethanol 70%. In surgeries that took 40 minutes and 60

minutes chlorhexidine remained the best performance, while the Povidone-Iodine and ethanol

did not differ (p> 0.05). It follows that all tested antiseptics may be used in pre surgical hand

hygiene

Keywords: antisepsis, handwashing, ethanol, chlorhexidine, Povidone-Iodine.

Page 9: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Imagem do caldo de luva. .................................................................................... 31

Figura 2 - Dispositivo de transporte...................................................................................... 32

Figura 3 - Exemplificação para identificação de bactérias Gram – negativas, oxidase

negativas, utilizando o Kit da NEWPROV. .......................................................................... 34

Figura 4 - Fluxograma para identificação de bactérias Gram positivas. ................................. 35

Page 10: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, quando as luvas cirúrgicas foram usadas por 20 minutos. .......................................... 49

Gráfico 2 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, quando as luvas cirúrgicas foram usadas por 40 minutos. .......................................... 50

Gráfico 3 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, quando as luvas cirúrgicas foram usadas por 60 minutos. .......................................... 51

Page 11: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Definições de termos relacionados à higienização das mãos ................................ 16

Quadro 2 - Características da microbiota da pele das mãos de acordo com diversos estudos . 20

Quadro 3 - Classificação, morfologia e identificação das bactérias presentes nas mãos dos

sujeitos que compunham a amostra. ..................................................................................... 38

Page 12: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Espécies de Bactérias presentes nas mãos antes e depois da antissepsia com álccol

70%, e uso de luvas cirúrgicas por 20, 40 e 60 minutos. ....................................................... 40

Tabela 2 - Espécies de bactérias presentes nas mãos antes e depois da antissepsia com PVP-I a

10%, e uso de luvas cirúrgicas por 20, 40 e 60 minutos. ....................................................... 41

Tabela 3 - Espécies de Bactérias presentes nas mãos antes e depois da antissepsia com

clorexidina a 2%, e uso de luvas cirúrgicas por 20, 40 e 60 minutos. .................................... 42

Tabela 4 - Valores iniciais de UFC por mL, em log10, da mão direita por sujeito de pesquisa

antes da higienização das mãos. ........................................................................................... 44

Tabela 5 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, nos grupos experimentais AL 20, AL 40 e AL 60. ..................................................... 45

Tabela 6 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, nos grupos experimentais PV 20, PV 40 e PV 60. ..................................................... 46

Tabela 7 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, nos grupos experimentais CL 20, CL 40 e CL 60. ..................................................... 47

Tabela 8 - Influência imediata do uso de antissépticos na quantidade das bactérias presentes

nas mãos. ............................................................................................................................. 52

Tabela 9 - Influência residual do uso de antissépticos na quantidade das bactérias presentes

nas mãos. ............................................................................................................................. 53

Tabela 10 - Comparação entre o desempenho dos antissépticos no efeito imediato e após a

utilização de luvas cirúrgicas. ............................................................................................... 54

Page 13: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CDC – Centers for Disease Control

HM – Higienização das mãos

IRAS – Infecções relacionadas à assistência em saúde

LOG – Logaritmo

mL – mililitros

PCA – Plate Count Agar

PVP-I – Polivinilpirrolidona-Iodo

UFC – Unidade formadora de colônia

UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina

UTI – Unidade de Terapia Intensiva

WHO – World Health Organization

Page 14: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15

2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 18

2.1 INFECÇÕES EM SERVIÇOS DE SAÚDE ................................................................... 18

2.2 ANATOMIA, FISIOLOGIA E MICROBIOTA DA PELE DAS MÃOS ........................ 19

2.3 HIGIENIZAÇÕES DAS MÃOS .................................................................................... 21

2.3.1 Alcoóis ........................................................................................................................ 22

2.3.2 Clorexidina ................................................................................................................ 23

2.3.3 Polivinilpirrolidona-iodo – PVP-I ............................................................................. 24

3 OBJETIVOS ................................................................................................................... 26

3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 26

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 26

4 METODOLOGIA ........................................................................................................... 27

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................. 27

4.2 LOCAL DA PESQUISA ................................................................................................ 27

4.3 AMOSTRA .................................................................................................................... 27

4.3.1 Critérios de inclusão: ................................................................................................ 28

4.3.2 Critérios de exclusão: ................................................................................................ 28

4.4 GRUPOS EXPERIMENTAIS ........................................................................................ 28

4.5 PRODUTOS TESTADOS:............................................................................................. 29

4.6 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS ................................................... 29

4.6.1 Coleta da microbiota das mãos através da técnica padronizada “caldo de luva”... 30

4.6.2 Semeaduras................................................................................................................ 32

4.6.3 Triagem e identificação ............................................................................................. 33

4.7 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................... 35

4.8 ASPECTOS ÉTICOS ..................................................................................................... 36

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 37

5.1 ANÁLISE QUALITATIVA ........................................................................................... 37

5.2 ANÁLISE QUANTITATIVA ........................................................................................ 43

6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 56

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 57

APÊNDICES ...................................................................................................................... 60

APÊNDICE A – Quadro de distribuição das espécies bacterianas antes da higienização

das mãos ............................................................................................................................. 61

APÊNDICE B – Quadro de distribuição das espécies bacterianas após o uso de

antissépticos ........................................................................................................................ 63

Page 15: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

APÊNDICE C – Quadro de distribuição das espécies bacterianas após o uso de luvas

cirúrgicas ............................................................................................................................ 64

ANEXO .............................................................................................................................. 66

ANEXO A – Técnica da degermação das mãos ................................................................ 67

ANEXO B – Parecer do Comitê de ética em pesquisa ...................................................... 68

Page 16: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

15

1 INTRODUÇÃO

As Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde – IRAS ocorrem em todos os

níveis de atenção à saúde segundo World Health Organization - WHO (WHO, 2009).

Os patógenos são transmitidos ao indivíduo pela via endógena, a partir da

microbiota própria do paciente, e pela via exógena, que inclui veículos como: mãos, secreção

salivar, fluidos corpóreos, ar e materiais contaminados.

A aquisição de uma doença infecciosa depende do estado imunológico do

paciente, de sua idade e de sua exposição prévia aos antimicrobianos. Os mecanismos

imunológicos são parcialmente incompetentes em indivíduos muito jovens e em idosos.

Pacientes com imunossupressão e imunodepressão, também, estão mais vulneráveis a este

tipo de patogenia, pois doses menores de microrganismos já são capazes de desencadear a

doença. O uso indiscriminado de antimicrobianos provoca o desenvolvimento de mecanismos

de resistência nos microrganismos, dificultando uma posterior terapia medicamentosa

(COUTO et al., 2009).

Durante procedimentos médicos e /ou odontológicos invasivos há um risco maior

do paciente contrair este tipo de infecção. Equipamentos e instrumentos que não foram

devidamente processados para eliminação de contaminação e higiene das mãos inadequada

são os fatores causais mais frequentes (BRASIL, 2007).

Os agentes mais comuns das feridas cirúrgicas e septicemia são bactérias Gram-

negativas: Escherichia coli, Klebsiella sp, Proteus sp, Enterobacter sp, Serratia sp, e

bactérias Gram-positivas: Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis (BRASIL,

2007).

Para prevenir a transmissão das infecções durante as atividades de assistência à

saúde deve-se agir nos elos da cadeia de transmissão, evitando contato com a fonte de

infecção com o uso de barreiras, como por exemplo, os equipamentos de proteção individual

(EPI); realizando medidas preventivas como a imunização; atuando para evitar a transmissão

de patógenos com a realização de limpeza, desinfecção, esterilização e higienização das mãos

- HM adequadas (COUTO et al., 2009).

Nos ambientes de saúde, a HM é validada como procedimento obrigatório em

todos os tipos de atendimentos. A realização dessa medida pelos profissionais de saúde

implica em uma redução de 50% sobre as infecções relacionadas com assistência em saúde

(SAMPAIO; RIVITTI, 2007).

Page 17: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

16

A HM é uma medida de controle que visa à diminuição do número e a

proliferação dos microrganismos, sendo considerada uma alternativa primária de baixo custo

e com bom desempenho.

O termo HM, engloba a higienização simples, a higienização antisséptica, a

fricção antisséptica e a antissepsia cirúrgica das mãos (Quadro 1).

Quadro 1- Definições de termos relacionados à higienização das mãos

Termo Definição

Higienização simples Remove os microrganismos que colonizam as camadas

superficiais da pele, com auxílio de um sabão neutro.

Higienização antisséptica Promove a remoção de sujidades e de microrganismos,

reduzindo a carga microbiana das mãos, com auxílio de um

sabão antisséptico.

Fricção antisséptica Reduz a carga microbiana das mãos (não há remoção de

sujidades) com o uso de um antisséptico.

Antissepsia cirúrgica Elimina a microbiota transitória da pele e reduz a microbiota

residente, além de proporcionar efeito residual na pele do

profissional.

Fonte: BRASIL, 2007.

Com a preocupação de evitar IRAS, em procedimentos cirúrgicos são utilizadas

medidas de barreiras, como a utilização de luvas de látex estéreis, e antissepsia cirúrgica das

mãos dos profissionais.

A utilização da luva cirúrgica evita a contaminação do campo operatório.

Entretanto, durante a execução de atividade com as mãos enluvadas, cria-se no interior da

luva um ambiente, com calor umidade e nutrientes, favorável à proliferação das bactérias na

pele das mãos (HUBNER et. al., 2010).

A antissepsia cirúrgica é necessária para a remoção da microbiota transitória

(bactérias presentes na camada superior da pele) e diminuição da microbiota residente

(bactérias presentes nas camadas mais profundas da pele) (COUTO et al., 2009).

Um antisséptico ideal deve ser capaz de destruir a forma vegetativa de todos os

microrganismos patogênicos, requerer tempo limitado de exposição, ser eficaz em

temperatura ambiente, não corrosivo e atóxico para seres humanos. Devido às semelhanças na

composição química e metabolismo entre os seres humanos e microrganismos, é pouco

provável alcançar este ideal (CHUNDAMALA; WRIGHT, 2007; MULLANY et al., 2008;

COUTO et al., 2009).

Page 18: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

17

Um agente antimicrobiano para antissepsia cirúrgica das mãos deve possuir uma

ação bactericida rápida e persistente. Entre os antissépticos, o Ministério da Saúde indica o

álcool a 70%, a clorexidina 2% ou 4%, compostos de iodo como o polivinilpirrolidona iodo -

PVP-I a 10% e outros Iodóforos para a HM antes de procedimentos odontológicos cirúrgicos

(BRASIL, 2007).

A presença de micro furos nas luvas cirúrgicas pode passar despercebida, mesmo

quando são decorrentes de perfurações realizadas durante o ato cirúrgico, e permitirem o

aporte de bactérias das mãos dos cirurgiões para o campo operatório (SERRATINE;

PACHECO; MIERO, 2007). Este fato associado à possibilidade de um crescimento

bacteriano intenso na pele das mãos enluvadas, devido às condições favoráveis no local, leva

à preocupação com possível transmissão de patógenos do operador para o paciente durante os

atos cirúrgicos (HUBNER et. al., 2010).

Como poucos estudos demonstraram a influência da antissepsia no crescimento

bacteriano das mãos durante o uso de luvas cirúrgicas (MAGRO-FILHO et al., 2000;

FILGUEIRAS et al., 2004; FURUKAWA et al., 2004; SILVA et al., 2011), novas

investigações se fazem necessárias para que possa ser indicado o produto mais adequado de

acordo com o tempo que as mãos devam permanecer enluvadas.

Por isso, este estudo se propôs a investigar a influência, no crescimento bacteriano

nas mãos durante o uso de luvas de látex estéreis, dos seguintes antissépticos: digluconato de

clorexidina na concentração de 2%, álcool etílico na concentração de 70% e PVP-I na

concentração de 10%, utilizados na antissepsia cirúrgica.

Page 19: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

18

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 INFECÇÕES EM SERVIÇOS DE SAÚDE

A infecção está constantemente associada com as mãos dos profissionais de

saúde, este fato foi confirmado por Waters et al. (2004), que encontraram em uma Unidade de

Terapia Intensiva - UTI neonatal, a presença de bactérias Gram-negativas nas mãos dos

profissionais de saúde associadas às infecções nos recém-nascidos internados.

Além disso, com o crescimento acelerado de novas formas e tipos de

microrganismos, a transmissão de patógenos tornou-se uma preocupação em todos os locais

que dispõe de assistência à saúde (BRASIL, 2007).

Uma infecção em serviços de saúde implica em uma série de problemas como:

aumento da resistência dos microrganismos aos antimicrobianos, uma sobrecarga financeira

maciça, um o alto custo para os pacientes e suas famílias, bem como as mortes em excesso

(WHO, 2009).

Segundo a WHO (2009) as estimativas globais indicam que 8,7% dos doentes em

hospitais sofrem de infecções nosocomiais. Na Europa, a prevalência do acometido é de 4,6%

a 9,3%, sendo que as mortes atribuídas à infecção hospitalar correspondem a 1%, o

equivalente a 50.000 óbitos/anuais.

Nos Estados Unidos, a taxa de prevalência de infecção hospitalar - IH no ano de

2006 foi de 4,5 %, sendo que em 20% dos casos, foram acometidos os sítios cirúrgicos

(WHO, 2009).

Em um estudo realizado pela WHO (2009), com o intuito de determinar a

prevalência da infecção em hospitais públicos de países subdesenvolvidos, o resultado variou

de 13% a 20% de casos.

Em países onde as situações de saúde são precárias e há escassez de recursos

humanos e técnicos, os índices de infecção se agravam, como por exemplo, no México, onde

a prevalência de IH ultrapassou 40% de casos. As infecções relacionadas à assistência são a

terceira causa mais comum de morte em toda a população (WHO, 2009).

Recentemente, no Brasil, estudos desenvolvidos em UTIS pediátricas

demonstraram a ocorrência de 30% de casos de IRAS, sendo que mais da metade dos recém-

nascidos internados nestas Unidades adquiriu-a, destes 12 % foram a óbito (WHO, 2009).

Page 20: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

19

2.2 ANATOMIA, FISIOLOGIA E MICROBIOTA DA PELE DAS MÃOS

A pele tem como função reduzir a perda de água, fornecer proteção contra a ação

de microrganismos e agir como uma barreira de permeabilidade para o ambiente. Quando a

pele for agredida, o retorno da função de barreira normal é bifásica: 50% - 60% de

recuperação da barreira normalmente ocorre dentro de 6 horas, mas a normalização completa

da função de barreira exige 5 - 6 dias (BOYCE; PITTET, 2002).

A pele do ser humano é composta de três grandes camadas de tecido: a camada

superior, denominada epiderme, a camada intermediária, chamada derme e uma camada

profunda, a hipoderme (SAMPAIO; RIVITTI, 2007).

A epiderme e hipoderme são colonizada por microrganismos (bactérias), que

apresentam uma contagem total de 1 x 104.a 1 x 10

6 unidades formadoras de colônias por cm

2

(UFC/cm2). A contagem total de bactérias presente nas mãos dos profissionais de saúde varia

de 3,9 x 104 a 4,6 x 10

6 UFC/cm

2 (COUTO et al., 2009).

A descoberta dos microrganismos presentes na pele se deu em 1938, por Price,

que os classificou em microbiota transitória e microbiota residente.

A microbiota transitória localiza-se na camada epiderme, sendo formada por

micro-organismos facilmente removíveis na HM, entre eles: bactérias Gram-negativas, como

enterobactérias e Pseudomonas, fungos e vírus, possuindo maior poder patogênico (COUTO

et al., 2009).

A microbiota residente está nas camadas da hipoderme, sendo constituída por

bactérias do tipo Staphylococcus coagulase negativo, Staphylococcus aureus,

Proprionibacterium e Corynebacterium (Quadro 2).

Page 21: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

20

Quadro 2 - Características da microbiota da pele das mãos de acordo com diversos estudos

Características dos estudos

Autor, ano Tipo de estudo Tamanho

da amostra

Amostra Microrganismos

COOK et al.,

2007.

Ensaio clínico

119 Mãos de

profissionais

de saúde

Staphylococcus

epidermidis e

Staphylococcus

warneri.

HORN;

HOUENBORG;

BRANDSLUN

D,

2007.

Observacional 20 Mãos de

profissionais

de saúde

Staphylococcus

epidermidis,

Staphylococcus

Aureus

FIERER et al.,

2008.

Observacional 51 Mãos de

acompanhantes

em ambiente

hospitalar

Propionibacterium,

Streptococcus,

Staphylococcus,

Corynebacterium, e

Lactobacillus.

ROCHA;

BORGES;

GONTIJO

FILHO,

2009.

Ensaio clínico 60 Mãos de

profissionais

da saúde

Staphylococcus

coagulase negativa,

Staphylococcus

epidermidis.

CUSTÓDIO et

al., 2009.

Observacional 48 Mãos de

profissionais

da saúde

Stapylococcus

aureus e

Staphylococcus

coagulase negativa.

PALOS et al.,

2009.

Observacional 16 Mãos de

profissionais

da saúde

Cocos Gram-

positivos; Bastonetes

Gram-negativos;

ULGER et al.,

2009.

Observacional 200 Mãos de

profissionais

da saúde

Stapylococcus

aureus;

Page 22: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

21

Fonte: Elaborado pela autora a partir de artigos científicos, 2011.

2.3 HIGIENIZAÇÕES DAS MÃOS

Uma vez que quanto maior e diversificada for à carga microbiana maior a chance

de ocorrer a infecção, é fundamental a HM para contribuir na redução da microbiota da pele

das mãos dos profissionais de saúde e, por conseguinte, evitar a disseminação de patógenos.

Segundo o Manual da ANVISA (BRASIL, 2007), a HM é classificada em:

simples (degermação das mãos com água e sabão), higienização antisséptica, fricção

antisséptica e antissepsia cirúrgica (degermação das mãos completada com o antisséptico).

A degermação é uma técnica de HM que envolve vários passos como: esfregar a

palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa;

entrelaçar os dedos e friccionar os espaços interdigitais; esfregar o dorso dos dedos de uma

mão com a palma da mão oposta, segurando os dedos; esfregar o polegar direito, com o

auxílio da palma da mão esquerda. A técnica ainda continua com outros passos: utilizar

movimentos circulares e vice-versa; friccionar as polpas digitais e unhas da mão esquerda

contra a palma da mão direita, fechada em concha, fazendo movimento circular e vice-versa

(BRASIL, 2007).

Cabe salientar que na degermação das mãos pode se acrescentar algum objeto,

como a escova, para facilitar o trabalho. A utilização de utensílios para facilitar a limpeza não

é aconselhável, pois não traz nenhum beneficio na diminuição de microrganismos. Além

disso, pode ser transformada em um ato prejudicial, facilitando a agressão da pele das mãos

(CUNHA, 2001).

Na antissepsia cirúrgica, o uso do antisséptico tem por finalidade ampliar a

redução da microbiota das mãos, iniciado com a degermação.

A antissepsia cirúrgica é indicada em alguns momentos, como em casos de

precaução de contato recomendados para pacientes portadores de microrganismos muito

resistentes e em casos de surtos. Deve também, ser realizada como procedimento pré-

operatório nos atos cirúrgicos e antes de técnicas invasivas, tais como: inserção de cateter

RUDRAJIT et

al., 2011.

Observacional 44 Mãos de

profissionais

da saúde

Staphylococcus

coagulase negativa,

Staphylococcus

aureus,

Page 23: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

22

intravascular central, punções, drenagens de cavidades, instalação de diálise, pequenas

suturas, endoscopias e outros (BRASIL, 2007).

O cuidado com as mãos antes da utilização de luvas cirúrgicas é uma etapa

fundamental que está relacionada ao crescimento de microrganismos, devido à criação de

condições ambientais favoráveis, como: calor e umidade na pele das mãos durante o uso das

luvas (HUBNER et al., 2010).

Este problema se agrava com a migração de microrganismos de luvas de

profissionais de saúde para sítios cirúrgicos através da existência de micro furos em luvas que

vão sendo provocados no decorrer do procedimento cirúrgico (SERRATINE; PACHECO;

MIERO, 2007; HUBNER et al., 2010).

Os agentes antissépticos utilizados para HM devem ter ação antimicrobiana

imediata e efeito persistente, não devem ser tóxicos, alergênicos ou irritantes para pele. É

recomendado que sejam agradáveis de utilizar, suaves e ainda, custo-efetivo (BOYCE;

PITTET, 2002).

Segundo o manual da ANVISA (BRASIL, 2007), os produtos recomendados para

antissepsia cirúrgica das mãos são: álcool a 70%, clorexidina a 2% ou 4%, Iodóforos – PVP-I

a 10%.

2.3.1 Alcoóis

As soluções para a antissepsia de mãos a base de álcool contém etanol, (álcool

etílico), ou isopropanol (álcool isopropilico) ou n-propanol. Tradicionalmente no Brasil, o

álcool etílico é o mais utilizado. O etanol é comumente usado na diluição de 70% (ANVISA,

2007).

A atividade antimicrobiana dos alcoóis pode ser atribuída a sua capacidade de

desnaturar proteínas bacterianas. Este antisséptico possui excelente atividade contra bactérias

Gram-positivas e Gram-negativas. É rapidamente germicida quando aplicado à pele, mas não

têm nenhuma atividade residual apreciável (BOYCE; PITTET, 2002).

O etanol a 70% foi comparado nas formas liquidas e gel, friccionando 3 mL do

produto em mãos contaminadas artificialmente com E. coli: a redução deste bacilo Gram-

negativo foi significativamente maior quando utilizado álcool líquido (PIETSCH, 2001).

O etanol na utilização imediata elimina bactérias como: Staphylococcus aureus e

bactérias Gram-negativas (CABRERA; CABALLERO; ACENERÕ, 2001).

Page 24: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

23

A aplicação da técnica de antissepsia na pele com álcool etílico 70%, antes de

procedimentos invasivos, provocou a redução do número de colônias de microrganismos,

correspondendo a uma eficácia de 70,5% (PAIVA; MURAI, 2005).

Bryce, Spence e Roberts (2001) apresentaram uma redução significativa de

microrganismos presentes nas mãos após utilizar o álcool isopropanol a 70%.

2.3.2 Clorexidina

O digluconato de clorexidina, uma bisbiguanidacatônica, possui uma atividade

antimicrobiana devido à sua ligação e subsequentemente ruptura da membrana citoplasmática

das bactérias, resultando em uma precipitação do conteúdo plasmático das mesmas. Além

disso, um dos componentes do digluconato de clorexidina, a lactona, confere a aderência da

substância às superfícies e mantém sua atividade residual por período prolongado, não

permitindo sua volatilização (COUTO et al., 2009).

Um estudo, avaliando o impacto da clorexidina sobre a colonização bacteriana na

limpeza da pele de recém-nascidos, mostrou que houve uma diminuição de colônias de

bactérias no momento imediato com todas as concentrações avaliadas, 0,25%, 0,50% e 1%.

No entanto, o maior efeito residual se deu na concentração de 1% (MULLANY et al., 2008).

Segundo Pereira et al. (1990) compararam o uso da clorexidina em tempos de 1, 2

e 3 minutos, quanto maior o tempo de contato do digluconato de clorexidina, maior foi a

redução de UFC, resultando em maior atividade residual.

Magro-Filho et al. (2000) chegaram a conclusão que a clorexidina possui um

efeito inibitório para o crescimento de bactérias staphylococcus sp. no uso imediato e após o

uso de luvas cirúrgicas por uma hora. Sendo recomendada para a higienização das mãos antes

de procedimentos cirúrgicos na cavidade oral.

A clorexidina na concentração de 2% impediu o crescimento de Staphylococcus

sp. Streptococcus sp., Serratia sp. e enterobacter sp. no ato de seu uso e após uma hora de

utilização de luvas cirúrgicas (FILGUEIRAS et al., 2004).

Em procedimentos cirúrgicos de longa duração (três horas), a clorexidina (4%) foi

recomendada como antisséptico antes da utilização das luvas por Furukawa et al. (2004). Os

autores fizeram esta recomendação após investigar um total de 180 profissionais da saúde

atuantes em um centro cirúrgico. Dividiram os profissionais em dois grupos experimentais:

um grupo realizava a antissepsia cirúrgica com clorexidina (4%), e o outro com PVP-I (7,5%).

Page 25: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

24

Foi realizada a coleta de material da microbiota das mãos após o uso imediato do antisséptico

e após três horas de utilização de luvas cirúrgicas.

Uma avaliação do efeito imediato da clorexidina a 2% na antissepsia das mãos

antes de procedimentos odontológicos apresentou uma redução de 100% na quantidade de

UFC. E após a utilização de luvas cirúrgicas apresentou uma redução de 97% de UFC,

comparado com a mão antes da utilização do antisséptico (SILVA et al., 2011).

Choi (2008) realizou um estudo na Coréia, comparando o efeito residual e as

condições da pele das mãos de profissionais de saúde, frente à clorexidina a 1% e o PVP-I a

7,5%. Os resultados do estudo demonstraram que o efeito antimicrobiano de ambos os

produtos utilizados eram os mesmos. A manutenção de boas condições da pele, a satisfação

dos profissionais e a diminuição de reação alérgica foram obtidas com o uso da clorhexidina a

1%, sendo este o antisséptico recomendado naquele país.

Tapia-Jurado et al. (2011) corroboram com essas conclusões, salientando que a

clorexidina após 30 minutos de procedimentos cirúrgicos provou ser o antisséptico superior

em termos de custo e eficácia, em relação ao PVP-I.

2.3.3 Polivinilpirrolidona-iodo – PVP-I

O PVP-I é caracterizado em iodóforo, devido ao aumento da solubilidade de iodo,

promovendo uma liberação sustentada e uma redução na irritação da pele. Ele penetra

rapidamente na parede celular dos microrganismos inativando suas células através da

formação de complexos entre aminoácidos e ácidos graxos insaturados, que provocam a

síntese de proteínas deficientes e alteração das membranas celulares (COUTO et al., 2009).

Ignatova et al. (2008) avaliaram a atividade antimicrobiana do complexo de iodo.

As análises microbiológicas demonstraram uma eficácia contra bactérias das espécies S.

aureus e E. coli e o fungo Candida albicans.

Filgueiras et al. (2004) realizaram uma avaliação do efeito imediato e residual do

sabão antisséptico, PVP-I degermante, do PVP-I tópico e da clorexidina na degermação das

mãos, concluindo que o PVP-I (degermante e tópico) impediu o crescimento de

Staphylococcus sp. Streptococcus sp., Serratia sp. e enterobacter sp. no ato de seu uso e após

uma hora de utilização de luvas cirúrgica.

Uma revisão de literatura realizada por Chundamala e Wright (2007),

investigando a utilização do PVP-I em sítios cirúrgicos, permitiu aos pesquisadores concluir

que é uma solução simples e barata com potencial para prevenir a infecção em sítio cirúrgico.

Page 26: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

25

Magro-Filho et al. 2000, chegaram a conclusão que o PVP-I possui um efeito

inibitório para o crescimento de bactérias staphylococcus sp. No uso imediato e após o uso de

luvas cirúrgicas por uma hora. Sendo recomendado para a higienização das mãos antes de

procedimentos cirúrgicos na cavidade oral.

Page 27: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

26

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a influência dos antissépticos digluconato de clorexidina, álcool etílico e

PVP-I na inibição do crescimento bacteriano nas mãos imediatamente após a antissepsia

cirúrgica e durante o uso de luvas cirúrgicas.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar e quantificar a microbiota bacteriana da pele das mãos antes de realizar a

lavagem das mãos;

Identificar e quantificar a microbiota bacteriana da pele das mãos após realizar a

antissepsia das mãos utilizando: digluconato de clorexidina na concentração de 2%,

álcool etílico na concentração de 70% e PVP-I na concentração de 10%;

Identificar e quantificar a microbiota bacteriana presente nas mãos após utilização de

luvas cirúrgicas por 20, 40 e 60 minutos;

Comparar a influencia dos antissépticos no crescimento bacteriano nas mãos durante

o uso de luvas cirúrgicas por 20, 40 e 60 minutos.

Page 28: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

27

4 METODOLOGIA

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

Esta investigação caracterizou-se como um ensaio clínico que avaliou a

influência, no crescimento bacteriano nas mãos durante o uso de luvas cirúrgicas, dos

antissépticos: álcool etílico a 70%, PVP-I a 10% e clorexidina a 2% utilizados na higienização

pré-cirúrgica das mãos. Foi investigado o crescimento bacteriano imediatamente após o uso

dos antissépticos e após o uso de luvas cirúrgicas por períodos de 20, 40 e 60 minutos.

4.2 LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL),

campus Tubarão, localizada ao Sul do estado de Santa Catarina.

Os procedimentos para coleta das amostras foram executados no ambulatório de

clínica cirúrgica do Curso de Odontologia, entre maio e julho de 2011.

Os procedimentos de processamento de cultura e contagem bacteriana foram

realizados no laboratório de microbiologia da UNISUL.

4.3 AMOSTRA

Para o cálculo amostral utilizou-se como parâmetro um erro α de 5%, um poder

do teste de 80% e uma variabilidade entre as médias dos grupos, igual a um desvio padrão.

(TAYLOR, 1988). Por este cálculo cada grupo deveria ser composto por 19 participantes.

Para minimizar possíveis perdas durante o estudo foram selecionados 21 participantes.

Conforme o manual do Centers for Disease Control – CDC, elaborado por Boyce

e Pittet (2002), o número ideal para avaliar a eficácia de produtos antissépticos varia de 12 a

18 participantes por grupo experimental.

A amostra foi composta por 21 acadêmicos dentre os 30 que cursavam a

Disciplina de Cirurgia da quinta fase do Curso de Odontologia da UNISUL. Nesta disciplina

os alunos iniciam as atividades clínicas, realizando-as uma vez por semana. Desta forma

utilizam o antisséptico somente uma vez por semana.

Os partcipantes atenderam aos seguintes critérios de inclusão e exclusão.

Page 29: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

28

4.3.1 Critérios de inclusão:

a) idade entre 18 e 30 anos;

b) estar matriculado regularmente nas disciplinas de cirurgia da quinta fase do

curso de odontologia;

c) estar gozando de boa saúde (ausência de problemas de saúde diagnosticados

relacionados à resistência imunológica);

d) participar do treinamento da técnica da higienização das mãos;

e) ter unhas curtas e limpas;

f) assinar o termo de consentimento livre e esclarecido.

4.3.2 Critérios de exclusão:

a) sensibilidade previamente conhecida aos produtos a serem utilizados;

b) presença de sinais de ressecamentos e ou lesões de pele das mãos e antebraço;

c) não conseguir reproduzir a técnica do procedimento padronizado, realizado

através da observação da pesquisadora;

d) utilizar rotineiramente antisséptico nas mãos;

e) ausência no dia da coleta.

4.4 GRUPOS EXPERIMENTAIS

Foram repetidos os mesmos indivíduos nos nove grupos experimentais (amostra

pareada), nomeados na seguinte ordem:

o Grupo AL 20 (realizada a antissepsia com álcool e utilizadas luvas cirúrgicas em um

período de 20 minutos);

o Grupo AL 40 (realizada a antissepsia com álcool e utilizadas luvas cirúrgicas em um

período de 40 minutos);

o Grupo AL 60 (realizada a antissepsia com álcool e utilizadas luvas cirúrgicas em um

período de 60 minutos);

o Grupo PV 20 (realizada a antissepsia com PVP-I e utilizadas luvas cirúrgicas em um

período de 20 minutos);

o Grupo PV 40 (realizada a antissepsia com PVP-I e utilizadas luvas cirúrgicas em um

período de 40 minutos);

Page 30: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

29

o Grupo PV 60 (realizada a antissepsia com PVP-I e utilizadas luvas cirúrgicas em um

período de 60 minutos);

o Grupo CL 20 (realizada a antissepsia com clorexidina e utilizadas luvas cirúrgicas em

um período de 20 minutos);

o Grupo CL 40 (realizada a antissepsia com clorexidina e utilizadas luvas cirúrgicas em

um período de 40 minutos);

o Grupo CL 60 (realizada a antissepsia com clorexidina e utilizadas luvas cirúrgicas em

um período de 60 minutos).

Respeitou-se um período de no mínimo sete dias para a avaliação entre um grupo

e outro, para recomposição da microbiota das mãos (BOYCE; PITTET, 2002).

4.5 PRODUTOS TESTADOS:

a) álcool etílico na concentração de 70%, produzido pela empresa Maria Rocha

farmácia de manipulação, farmacêutico responsável: CRF-SC 1787. Lote do

produto referente ao número 10602980/1, e a data de validade: 09/05/2012.

b) digluconato de clorexidina na concentração de 2%, produzido pela Indústria

farmacêutica Rioquimica LTDA, farmacêutico responsável: CRF-SP: 25.364.

Lote do produto é referente ao número R1000449, e a data de validade:

05/2013.

c) polivinilpirrolidona-iodo na concentração de 10%, produzido pela Indústria

FarmaceúticaRioquimica LTDA, farmacêutico responsável: CRF-SP: 25.364.

Lote do produto referente ao número 0911129, e a data de validade: 11/2011.

4.6 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS

A técnica foi padronizada para os nove testes a serem realizados em cada

participante.

Inicialmente os 21 voluntários que atenderam aos critérios de participação,

receberam um treinamento da técnica padronizada de antissepsia cirúrgica das mãos.

(ANEXO A)

O participante antes de iniciar o procedimento de higienização das mãos, retirou

os adornos e foi realizada uma avaliação das mãos pela pesquisadora para identificação de

alguma lesão e/ou sinais que impossibilitassem o voluntário de participar da coleta.

Page 31: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

30

Após, foi realizada a primeira coleta de material para a cultura da mão dominante,

seguindo a técnica padronizada “caldo de luva”, descrita no item 4.6.1.

Em seguida o participante realizou a degermação das mãos e utilizou um dos

antissépticos (álcool etílico a 70%, digluconato de clorexidina a 2%, PVP-I a 10%), durante

um minuto sob a forma de imersão, sendo então as mãos secas com apósitos estéreis

(CUNHA, 2001).

Após a utilização do antisséptico foi realizada a segunda coleta de material,

seguindo a técnica padronizada “caldo de luva” (COOK et al., 2007; ROCHA et al., 2009;

CUSTÓDIO et al., 2009).

O participante retirou a mão do saco de coleta, secou com um apósitos estéril e

calçou o par de luvas cirúrgicas. Iniciou o procedimento cirúrgico que teve duração de 20, 40

ou 60 minutos. Ao término dos procedimentos cirúrgicos retirou a luva e foi realizada a

terceira coleta de material utilizando a mesma técnica de coleta. Assim, cada grupo

experimental realizou 3 coletas da microbiota das mãos em cada dia. Sendo nomeado em:

momento A (coleta antes da higienização das mãos), momento B (coleta após o uso do

antisséptico), momento C (coleta de pós-uso da luva cirúrgica).

A coleta dos materiais foi realizada uma vez por semana. Desta maneira, foram

utilizadas nove semanas para execução de todos os testes.

4.6.1 Coleta da microbiota das mãos através da técnica padronizada “caldo de luva”

Para a realização da técnica padronizada de “caldo de luva” foi obedecido os

passos, descritos a seguir:

A pesquisadora preparou as luvas de polietileno estéril para coleta, despejando 50

mL do meio de cultura de caldo triptico de soja (HIMEDIA, Índia) fluido, acrescido de 0,1%

de Tween 80 (VETEC, Brasil), sendo a primeira solução de escolha como meio enriquecido

para transporte de amostras e a segunda para neutralizar o efeito dos resíduos dos

antissépticos (LARSON et al., 1998).

O voluntário introduziu a mão dominante na luva, que deveria ser, no mínimo,

dois números acima do tamanho ideal para cada um dos voluntários, contendo a solução de

coleta.

Após, o participante massageou a luva para promover um contato direto do meio

com a superfície das mãos, Figura 1.

Page 32: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

31

Figura 1 - Imagem do caldo de luva.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Em seguida a pesquisadora lacrou as luvas com o material coletado e as colocou

em um dispositivo especial para transporte até o laboratório de microbiologia, onde as

amostras foram processadas, Figura 2.

Page 33: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

32

Figura 2 - Dispositivo de transporte.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

4.6.2 Semeaduras

No laboratório de microbiologia as amostras foram processadas no interior de

uma capela de fluxo laminar (VECO®), sendo homogeneizadas, diluídas (quando necessário)

e semeadas quantitativamente em placas contendo “Plate Count Agar”- PCA (HIMEDIA,

India). Após a semeadura, as placas foram incubadas em estufa bacteriológica (SP LABOR®)

a 36˚C por 24 horas, para promover o crescimento de UFC. Quando não houve o crescimento

neste período foram incubadas novamente por um período de 48 horas.

Após o período de incubação, foi realizada contagem das colônias presentes nas

placas com o auxílio de um aparelho contador de colônias (PHOENIX®).

Nas amostras que corresponderam à coleta de material do período anterior a

higienização das mãos e do período posterior a utilização de luvas, foi realizada uma diluição

do material (1:100) antes das semeaduras (COUTO et al., 2009).

Page 34: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

33

Após a contagem o número total de colônias foi multiplicado pelo fator de

diluição para definir o total de unidades formadoras de colônias por mililitro da solução de

coleta (UFC/mL).

4.6.3 Triagem e identificação

Após a contagem, foi realizada a triagem das colônias para a identificação do

microrganismo isolado quanto ao grupo a que pertencia de acordo com a análise sob

microscópios ópticos (NIKON®), utilizando-se lâminas coradas pela técnica de coloração de

Gram (NEW PROV, Brasil), para a definição de bactérias Gram-negativas e bactérias Gram-

positivas (VERMELHO, 2006).

As colônias de bactérias Gram-negativas foram semeadas em Ágar Macconkey

(BECTON DICKINSON, Brasil). Após o crescimento neste meio de cultura foi realizado o

teste da oxidade (NEW PROV, Brasil). As colônias oxidase negativas foram repicadas no kit

de provas bioquímicas (NEW PROV, Brasil), (Figura 3). A partir dos resultados destas provas

o manual de identificação do próprio kit permitia identificar a espécie bacteriana presente na

pele das mãos.

Page 35: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

34

Figura 3 - Exemplificação para identificação de bactérias Gram – negativas, oxidase

negativas, utilizando o Kit da NEWPROV.

- (+) - (+) - + (+) - (+) + + (+) + (+) - - (+) +

Exemplo: 0 (+) 0 (+) 0 6 (+) 0 (+) 1 6 (+) 2 (+) 0 0 (+) 1

0 7 8 1

* 0781 – 99,9 % Escherichia Coli;

* Manual para identificação de enterobactérias New Prov;

Fonte: Elaborado pela autora (2011), baseada em VERMELHO, 2006.

Gás

Glicose

Citrato

H2S

LTD

Motilidade

Indol

Rhamnose

Tubo 1

Tubo 2

Tubo 3

Tubo 4

Tubo 5

Lisina

Ornitina

6

6

2

2

1

+

_

_

1

2

6

2

1

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

LTD(+)LAC(+)H2S GLI(+)GÁS(+)LIS IND(+)ORN(+)MOT CIT(+)RHA

Page 36: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

35

As colônias de bactérias Gram-positivas foram semeadas em Agar sangue e após

o crescimento neste meio de cultivo, foram realizadas provas bioquímicas para identificação

das espécies bacterianas (Figura 4).

Figura 4 - Fluxograma para identificação de bactérias Gram positivas.

Fonte: Elaborado pela autora (2011), baseada em VERMELHO, 2006.

4.7 ANÁLISE DOS DADOS

Inicialmente, foram feitos os registros da microbiota bacteriana das mãos de cada

sujeito componente da amostra, em planilha eletrônica Microsoft Office Excel. Foi contada a

quantidade de bactérias antes e após a utilização dos antissépticos e após o uso das luvas

cirúrgicas nos tempos previstos no estudo. Para análise dos dados, a contagem bacteriana foi

expressa como número de UFC, por mL de solução de coleta.

Bactérias Gram-positivas

Catalase Esporos

Staphylococcus Streptococcus

Coagulase

S. Aureus S. coagulase Negativo

Novabiocina

S. Saprofiticos S. Epidermides

+

+

R

-

_

_

-

_

_

S

_

_

Cocos Bacilos

S/esporos

Aerobiose

Bacillus Clostridium

Provas

Bioquimicas

+ -

Legenda:

- Negativo

+Positivo

RResistente

SSensível

Page 37: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

36

Registrou-se, também, em quadros, a qualidade da microbiota presente nas mãos

avaliadas nas diversas situações do estudo (APÊNDICES C, D, E).

A partir dos dados registrados, foram elaboradas tabelas que compuseram a

estatística descritiva. Como os dados obtidos em cada grupo experimental não apresentaram

distribuição normal, as análises comparativas entre eles foram realizadas através de testes não

paramétricos. Para os testes utilizou-se o banco de dados original, no qual as UFC foram

contadas em números absolutos.

Os dados foram analisados no Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)

19.0. Foram utilizados testes estatísticos de análise de variância não paramétrica “Análise de

variância por postos – Friedman’s Two – Way”, para verificar se havia diferença na ação

imediata e do álcool 70%, da clorexidina a 2% e do PVPI a 10% na redução das bactérias

presentes nas mãos e na influência desses produtos no crescimento bacteriano durante o uso

de luvas cirúrgicas por 20, 40 e 60 minutos. As situações nas quais a diferença ficou

evidenciada foram realizadas o teste de Wilcoxon para verificar qual produto apresentava

melhor desempenho, respeitando um valor de p < 0,05.

Para a apresentação das tabelas os dados originais foram transformados em

logaritmos na base dez (log10), pois esta é a forma comumente empregada na literatura. Assim

as médias dos grupos, que aparece nas tabelas, são o log10 do valor absoluto das mesmas.

4.8 ASPECTOS ÉTICOS

Este projeto foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade do Sul de Santa Catarina. Número do protocolo: 11.044.4.02 III (ANEXO B).

Page 38: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

37

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os acadêmicos de odontologia que participaram da pesquisa, doze mulheres

(57,15%) e nove homens (42,85%), com idade média de 24,2 anos, foram submetidos aos três

antissépticos em teste.

Entre os voluntários participantes: dois não participaram na segunda coleta, grupo

AL 40, devido à ausência no dia. Um não participou na terceira coleta, grupo AL 60, por

ausência no dia de coleta. Nos grupos CL 20, CL 40, CL 60, dois participantes desistiram da

pesquisa. Sendo assim a coleta de material do grupo AL 20 foi realizada com 21 participantes,

no grupo AL 40 com 19 participantes, no grupo AL 60 com 20 participantes, nos grupos PV

20, PV 40 e PV 60 com 21 participantes, no grupo CL 20, CL40 e CL 60 com 19

participantes.

5.1 ANÁLISE QUALITATIVA

As colônias distintas, que cresceram nas 540 placas de PCA semeadas

inicialmente, foram submetidas à análise sob microscopia óptica e repicadas em Ágar sangue

e em Ágar MacConkey.

Realizou-se aproximadamente 1620 culturas em cada meio de cultura, pois

cresceram em média três tipos distintos de colônias bacterianas por placa de PCA. A seguir

foram realizadas provas bioquímicas para identificar as bactérias formadoras de colônias que

cresceram no Ágar MacConkey e no Ágar Sangue. Cresceram quatro espécies bacterianas

distintas nas mãos avaliadas (Quadro 3).

Page 39: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

38

Quadro 3 - Classificação, morfologia e identificação das bactérias presentes nas mãos dos sujeitos que compunham a amostra.

IMAGEM EM PCA CLASSIFICAÇÃO MORFOLOGIA ASPECTO DAS

COLÔNIAS

IDENTIFICAÇÃO

Microbiota residente Cocos gram positivos Colônias brancas,

pequenas convexas,

circulares, brancas

cremosas com bordos

lisos.

Staphyloccocus

epidermidis

Microbiota residente

Cocos gram positivos Colônias brancas,

pequenas convexas,

circulares, branco

cremosas com bordos

lisos.

Staphylococcus

Saprophyticus

Microbiota residente Cocos gram positivos Colônia amarela forte

(ouro), opacas

pequenas, convexas,

circulares, superfície

lisa e brilhante com

bordos lisos.

Staphyloccocus aureus

Microbiota transitória Bacilos Gram-negativos Colônias de tamanho

médio com bordos lisos

regulares e elevação

convexa.

Escherichia coli

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Page 40: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

39

A distribuição das bactérias na pele das mãos dos participantes dos nove grupos

experimentais -180 amostras- no momento anterior à higienização foi: 95 % de

Staphylococcus epidermidis (Gram- positiva), 6,66% de Staphylococcus saprophyticus

(Gram- positiva), que fazem parte do grupo dos Staphylococcus coagulase negativos, 2,22%

de Staphylococcus aureus (Gram- positiva) e 5 % de Escherichia coli (Gram- negativa).

Esses resultados foram semelhantes ao estudo de Cook et al. (2007). Eles

investigaram a microbiota das mãos de enfermeiras atuantes em uma UTI. Concluíram que

88,8 % das enfermeiras apresentavam bactérias Gram-positivas, 6,6% bactérias Gram-

negativas (HORN; SCHOUENBORG; BRANDSLUN, 2007; ULJER et al., 2009;

RUDRAJIT et al., 2011).

Bactérias gram-negativas do tipo E. coli foram encontradas nas mãos dos

profissionais da saúde uma UTI neonatal. Essa bactéria estava associada à infecção em

neonatos (WATERS et al., 2004).

Já nos estudos de Fierer et al. (2008) e Rocha, Borges e Gontijo Filho (2009) nos

quais foi avaliada a qualidade da microbiota das mãos de profissionais de saúde que

trabalhavam em ambiente hospitalar, ficou demonstrada uma maior variedade de espécies:

Staphylococcus coagulase negativo, que não foram identificados quanto à espécie,

Staphylococcus aureus, Serratia spp. Enterobacter sp. Enterococci, Streptococcus sp. No

entanto, não houve crescimento de Escherichia coli.

Custódio et al. (2009), também avaliando profissionais de um ambiente hospitalar,

encontraram 44,4 % de Staphylococcus coagulase negativo, 40% de Staphylococcus aureus,

13,3% de Enterococcus e 1% de Bacillus sp.

Nos estudos de Fierer et al. (2008) e Rocha, Borges e Gontijo Filho (2009)

utilizaram para amostra profissionais que atuavam diariamente em ambientes de assistência a

saúde, realizando rotineiramente a antissepsia. No entanto, o estudo em discussão, foi

realizado com graduandos de odontologia, que utilizavam o ambiente de clínica cirúrgica

somente uma vez por semana e realizavam atividades clínicas há apenas um ano, justificando-

se as diferenças encontradas.

Palos et al. (2009) avaliaram 15 profissionais da saúde (atuavam diariamente em

ambientes de assistência a saúde) e 15 mães de recém-nascidos (acompanhante). Somente

25% dos profissionais de saúde apresentaram Staphylococcus epidermidis, enquanto nas mães

este percentual aumentou para 73,3%. Outra diferenciação se deu em relação à bactéria

Escherichia coli. nas mãos dos profissionais esta espécie bacteriana estava ausente, enquanto

que 6,7% das mães de recém-nascidos apresentavam-na. Comparando estas informações com

Page 41: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

40

os dados levantados no presente estudo, verifica-se que a qualidade da microbiota das mãos

dos estudantes de odontologia assemelhou-se à encontrada nas mães. Portanto, as espécies

encontradas foram parecidas com as de uma população que não utilizava antissepsia das mãos

rotineiramente.

As bactérias presentes na composição da microbiota das mãos, nos diferentes

momentos da investigação (anterior a higienização, após o uso imediato do antisséptico e após

o uso de luvas cirúrgicas) estão apresentadas nas Tabelas 1 a 3.

Na Tabela 1, observam-se as variações nos grupos experimentais AL 20, AL 40 e

AL 60.

Tabela 1 - Espécies de Bactérias presentes nas mãos antes e depois da antissepsia com álccol

70%, e uso de luvas cirúrgicas por 20, 40 e 60 minutos.

Indivíduos da amostra Grupo S.epidermidis S.saprophyticus S.aureus E.coli

N= 21 % (n) % (n) % (n) % (n)

Antes da higienização das mãos AL 95,2 (20) 0 (0) 0 (0) 14,3(3)

Após o uso imediato do álcool 20 100 (21) 0 (0) 4,8 (1) 0 (0)

Após o uso de luvas por 20 min. 95,2 (20) 9,6 (2) 9,6 (2) 0 (0)

Antes da higienização das mãos AL 89,5 (17) 31,6 (6) 0 (0) 0 (0)

Após o uso imediato do álcool 40* 94,7 (18) 10,5 (2) 0 (0) 0 (0)

Após o uso de luvas por 40 min. 79 (15) 21 (4) 5,3 (1) 0 (0)

Antes da higienização das mãos AL 95 (19) 0 (0) 0 (0) 5 (1)

Após o uso imediato do álcool 60** 100 (20) 10 (2) 0 (0) 0 (0)

Após o uso de luvas por 60 min. 90 (18) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

* Amostras com 19 indivíduos.

** Amostras com 20 indivíduos.

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Os resultados (Tabela 1) demonstram que independente da HM e após a utilização

de luvas cirúrgicas os sujeitos da pesquisa apresentaram a bactéria Staphylococcus

epidermidis. As bactérias Staphylococcus saprophyticus e Staphylococcus aureus

apresentaram-se em maior proporção após a utilização de luvas cirúrgicas. A bactéria

Escherichia coli foi eliminada após o uso do antisséptico.

Page 42: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

41

Estes resultados confirmam as orientações que o álcool é um excelente inibidor

para atividade de bactérias Gram-positivas e bactérias Gram-negativas (CABRERA;

CABALLERO; ACENERÕ, 2001; PIETSCH, 2001; BOYCE; PITTET, 2002; BRASIL,

2007; COUTO et al., 2009).

Na Tabela 2 estão expostas as mudanças na qualidade da microbiota das mãos dos

grupos experimentais PV 20, PV 40 e PV 60.

Tabela 2 - Espécies de bactérias presentes nas mãos antes e depois da antissepsia com PVP-I a

10%, e uso de luvas cirúrgicas por 20, 40 e 60 minutos.

Iindivíduos da amostra Grupo S. epidermidis S.saprophyticus S.aureus E.coli

N= 21 % (n) % (n) % (n) % (n)

Antes da higienização das mãos 90,5 (19) 14,3 (3) 9,5 (2) 9,5(2)

Após o uso imediato do PVP-I PV 20 90,5 (19) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Após uso de luvas por 20 min. 100 (21) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Antes da higienização das mãos 95,2 (20) 9,5 (2) 0 (0) 0 (0)

Após o uso imediato do PVP-I PV 40 90,5 (19) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Após uso de luvas por 40 min. 81 (17) 9,5 (2) 0 (0) 0 (0)

Antes da higienização das mãos 85,7 (18) 14,3 (3) 0 (0) 9,5(2)

Após o uso imediato do PVP-I PV 60 90,5 (19) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Após uso de luvas por 60 min. 85,7 (18) 0 (0) 4,8 (1) 0 (0)

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Os resultados demonstrados na Tabela 2 indicam que a bactéria Staphylococcus

epidermidis predominou na microbiota da pele das mãos, independente do uso de antisséptico

e uso de luvas cirúrgicas. Os Staphylococcus saprophyticus, Staphylococcus aureus e

Escherichia coli foram encontrados antes da higienização das mãos, sendo que após o uso

imediato do PVP-I foram eliminados. Com o uso de luvas cirúrgicas, houve o aparecimento

de Staphylococcus saprophyticus somente em dois indivíduos e do Staphylococcus aureus em

um deles.

Resultados semelhantes foram encontrados por Magro-Filho et al. (2000), que

compararam o efeito imediato e residual de quatro grupos de higienização das mãos. No

Page 43: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

42

grupo I (água e sabão), houve a presença de Staphylococcus sp. após a higienização imediata

e após uma hora de utilização de luvas cirúrgicas. No grupo II (PVP-I degermante), grupo III

(PVP-I degermante + PVP-I tópico) e grupo IV (clorexidina) inibiu a presença do

Staphylococcus sp. no uso imediato e após uma hora de luvas cirúrgicas.

O PVP-I na concentração de 10% e a clorexidina a 2% após o uso do antisséptico

e posteriormente do uso de luvas cirúrgicas por uma hora, impediram o crescimento de

Staphylococcus sp., streptococcus sp., Serratia sp. e enterobacter sp. em pesquisa realizada

por Filgueiras et al. (2004).

Os resultados do estudo corrobora com os achados de Ignatova et al. (2008), que

concluíram ser o iodo altamente eficaz contra bactérias Staphylococcus aureus e Escherichia

coli.

A Tabela 3 demonstra a variação na microbiota das mãos dos grupos

experimentais CL 20, CL 40 e CL 60.

Tabela 3 - Espécies de Bactérias presentes nas mãos antes e depois da antissepsia com

clorexidina a 2%, e uso de luvas cirúrgicas por 20, 40 e 60 minutos,.

Indivíduos da amostra Grupo S. epidermidis S.saprophyticus S.aureus E.coli

N = 19 % (n) % (n) % (n) % (n)

Antes da higienização das mãos CL 94,8 (18) 5,3 (1) 10,6 (2) 0 (0)

Após uso imediato Clorexidina 20 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Após uso de luvas por 20 min. 21,1 (4) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Antes da higienização das mãos CL 100 (19) 0 (0) 5,3 (1) 0 (0)

Após uso imediato Clorexidina 40 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Após uso de luvas por 40 min. 36,8 (7) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Antes da higienização das mãos CL 94,8 (18) 0 (0) 0 (0) 5,3 (1)

Após uso imediato Clorexidina 60 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Após uso de luvas por 60 min. 26,3 (5) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

As espécies presentes antes da higienização foram: Staphylococcus epidermidis,

Staphylococcus saprophyticus, Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Após o uso da

Page 44: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

43

clorexidina a 2% não houve a formação de colônias. No terceiro momento de coleta, após a

colocação de luvas cirúrgicas, houve somente o crescimento do Staphylococcus epidermidis

em alguns indivíduos. Quatro indivíduos após 20 minutos de cirurgia, sete após 40 minutos de

cirurgia e cinco indivíduos após 60 minutos de cirurgia.

A clorexidina a 2% se mostrou eficiente na destruição da microbiota transitória,

inibindo o crescimento de Escherichia coli e da microbiota residente após a sua utilização

imediata em todos os indivíduos da amostra. Mesmo após a utilização das luvas por até uma

hora, em apenas cinco indivíduos houve crescimento da microbiota residente.

Os achados do presente estudo concordam com os autores que indicaram a

excelente atividade da clorexidina contra bactérias da microbiota residente, sua boa atividade

contra bactérias da microbiota transitória e seu efeito residual significativo (PEREIRA et al.,

1990; BRASIL, 2007; COUTO et al., 2009).

5.2 ANÁLISE QUANTITATIVA

Foram colhidas 540 amostras, que foram semeadas em PCA. A contagem das

UFC por mL de solução de coleta foi realizada nos nove grupos experimentais.

A contagem de UFC no primeiro momento da coleta (antes da higienização das

mãos) de todos os grupos experimentais variou de 34 UFC a 140.000 UFC. No segundo

momento da coleta (após o uso imediato) variou de 0 a 5.000 UFC. No terceiro momento da

coleta (após a utilização de luvas cirúrgicas) variou de 0 a 88.000 UFC.

Os valores coletados antes da higienização das mãos dos noves grupos

experimentais estão expostos na Tabela 4.

Page 45: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

44

Tabela 4 - Valores iniciais de UFC por mL, em log10, da mão direita por sujeito de pesquisa

antes da higienização das mãos.

Indivíduo AL 20 AL 40 AL 60 PV 20 PV 40 PV 60 CL 20 CL 40 CL 60

1 5,02 4,57 4,81 3,81 5,15 3,88 3,6 3,95 2

2 3,23 3,6 3,15 3,32 4,3 3,23 3,6 4,9 3,3

3 4,27 3,97 3,61 3,52 4,3 3,95 4,04 3,85 4,56

4 4,3 4,68 3,59 3,76 4,71 4,24 3,78 3,64 3,6

5 3,98 3,34 5,06 2,78 4,38 4,05 3,7 3,9 4,08

6 4,56 4,64 4,48 3,78 4,71 4,65 4,46 3,48 4,7

7 4,04 4,76 4,18 4,2 4,67 4,9 3,78 4,8 4,08

8 4,77 4,51 * 4,26 3,41 4,59 1,53 4,64 4,38

9 3,34 2,6 4 4,38 4,27 4,66 4,3 4,15 3,7

10 4,33 3,69 2,48 3,45 2,9 2,9 2,12 3,3 3,3

11 4,24 4,28 3,75 3,41 4,81 4,4 1,7 2,3 4,15

12 2,48 3,51 3,69 3,85 3,95 4,04 1,99 4,11 3,48

13 3,65 3,18 4,4 4,3 3,38 4,58 * * *

14 4,66 * 4,45 4,11 4,66 4,56 4,45 4,79 3,3

15 3,6 4,21 3,85 4 5,08 4,38 3,7 4,76 3,9

16 3,63 4,58 * 3,45 4,6 4 4,18 4,18 4,05

17 3,96 3,99 * 4,08 3,88 4,42 4,15 3,85 4,3

18 3,95 * 3 4,3 4 4,56 3,3 2,08 4,18

19 3 4,3 3,77 4,23 4,08 4 3,7 4,41 4,3

20 4,17 3,85 4,35 4,53 5,02 4,11 * * *

21 4,08 3,2 4,45 3,95 3,66 2,7 3,6 3,9 5,3

Log da Média 4,29 4,27 4,32 4,04 4,58 4,37 3,92 4,35 4,37

* Não realizado coleta de material.

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Foi realizada uma análise estatística para verificar se os números de UFC

quantificados em todos os grupos antes da higienização das mãos apresentavam diferenças

significativas. Analisado com o teste de variância não paramétrica “Análise de variância por

postos – Friedman’sTwo – Way”. Não houve diferença significativa entre os grupos AL20,

PV20 e Cl20 (p=0,268); entre os grupos AL40, PV40 e CL40 ( p= 0,291), nem entre AL60,

PV 60 e CL60 ( p=0,068). Dessa a forma, a quantidade de bactérias presentes nas mãos dos

Page 46: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

45

componentes da amostra antes do uso dos antissépticos era semelhante, não interferindo na

avaliação do desempenho dos mesmos. Entretanto, ao serem comparados os antissépticos dois

a dois, através do teste de Wilcoxon, verificou-se que havia uma diferença significativa apenas

entre os grupos AL40 e PV40 (p=0,03). Este fato destaca que a quantidade de bactérias

presentes no grupo PV 40 antes da higienização das mãos era maior do que no grupo AL40,

podendo influenciar nos resultados obtidos quando estes grupos foram comparados (Gráfico 2

e Tabela 10).

Os valores coletados por indivíduo estão apresentados nas tabelas 5, 6 e 7.

Tabela 5 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, nos grupos experimentais AL 20, AL 40 e AL 60.

Individuo Sexo Grupos experimentais

AL 20 AL 40 AL 60

A B C A B C A B C

1 F 5,02 3,29 3,23 4,57 4,07 4,45 4,81 3,26 3,6

2 M 3,23 2,97 3,11 3,6 2,57 3 3,15 3,15 3,34

3 M 4,27 2,58 2,43 3,97 3,16 3,43 3,61 3,13 3,32

4 F 4,3 3,2 3,15 4,68 2,89 3,18 3,59 3,16 2,95

5 M 3,98 2,45 3,68 3,34 0 2,78 5,06 3,35 3,8

6 F 4,56 2,49 3,83 4,64 3,5 2,6 4,48 3,99 3,99

7 F 4,04 3,58 4 4,76 4,07 3,92 4,18 3,22 3,61

8 M 4,77 2,95 2,91 4,51 3,51 4,94 * * *

9 F 3,34 1,43 2,62 2,6 1,85 2,85 4 2,08 2,48

10 F 4,33 2,36 2,92 3,69 1,78 3,15 2,48 1,48 2

11 F 4,24 3,6 4,68 4,28 2,83 4,02 3,75 3,66 2,9

12 F 2,48 1,15 2,4 3,51 1,78 3,26 3,69 2,69 0

13 M 3,65 2,68 2,76 3,18 3,24 2,78 4,4 3,54 3,46

14 F 4,66 3,57 3,59 * * * 4,45 2,83 3,81

15 F 3,6 3,51 3,54 4,21 3,56 4,28 3,85 3,39 3,63

16 F 3,63 3,56 4,6 4,58 3,95 3,89 * * *

17 M 3,96 3,54 3,49 3,99 3,25 3,32 * * *

18 M 3,95 2,2 3,28 * * * 3 3,34 3,04

19 M 3 1,59 3,4 4,3 4,14 4,21 3,77 3,26 3,6

Page 47: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

46

Tabela 5 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, nos grupos experimentais AL 20, AL 40 e AL 60.

(conclusão)

Individuo Sexo Grupos experimentais

AL 20 AL 40 AL 60

A B C A B C A B C

20 M 4,17 3,58 3,48 3,85 3,23 3,58 4,35 3,36 3,57

21 F 4,08 3,7 4,27 3,2 2,92 3,32 4,45 3,24 3,98

LOG DA MÉDIA 4,29 3,26 3,86 4,27 3,54 4,01 4,32 3,34 3,54

* Não realizado coleta;

A – Antes da higienização das mãos;

B – Após o uso imediato do antisséptico;

C – Após o uso de luvas cirúrgicas;

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Tabela 6 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, nos grupos experimentais PV 20, PV 40 e PV 60.

Individuo Sexo Grupos Experimentais

PV 20 PV 40 PV 60

A B C A B C A B C

1 F 3,81 2,42 3,56 5,15 2,81 0 3,88 1,95 2,87

2 M 3,32 0 1 4,3 0 1,48 3,23 0 2,64

3 M 3,52 0,48 2,23 4,3 0 1 3,95 1,85 2,6

4 F 3,76 1,92 3,09 4,71 1,3 3,9 4,24 2,38 3,28

5 M 2,78 1,04 2,86 4,38 2,2 3,64 4,05 2,97 3,72

6 F 3,78 2,11 2,76 4,71 3,09 3,96 4,65 3,09 3,68

7 F 4,2 2,04 3,64 4,67 2,28 4,31 4,9 3,68 4

8 M 4,26 2,68 3,72 3,41 2,3 2,48 4,59 2,36 4,1

9 F 4,38 0 2,7 4,27 2,48 3,79 4,66 2,38 3,59

10 F 3,45 0 1,48 2,9 0 0 2,9 2,72 3,89

11 F 3,41 2,56 3,26 4,81 3,6 3,38 4,4 3,18 3,26

12 F 3,85 2,26 3,15 3,95 1 2,64 4,04 3,36 3,31

13 M 4,3 3,33 2,62 3,38 1,11 2,94 4,58 2,3 2,45

14 F 4,11 2,38 3,28 4,66 3,64 4,04 4,56 2,6 2,26

Page 48: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

47

Tabela 6 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, nos grupos experimentais PV 20, PV 40 e PV 60.

(conclusão)

Individuo Sexo Grupos Experimentais

PV 20 PV 40 PV 60

A B C A B C A B C

15 F 4 2,75 3,9 5,08 3,39 3,75 4,38 2,63 3,42

16 F 3,45 2,26 3,4 4,6 2,75 3,08 4 2,51 3,11

17 M 4,08 0,6 3,16 3,88 0 1,6 4,42 2,11 3,57

18 M 4,3 0,6 1,7 4 0 0 4,56 1,6 3,49

19 M 4,23 1,61 3,4 4,08 1,6 2,96 4 3,94 3,13

20 M 4,53 0,85 3,05 5,02 2,9 4,01 4,11 0 2,78

21 F 3,95 3,06 3,46 3,66 1,95 3,3 2,7 1,3 3,02

LOG DA MÉDIA 4,04 2,45 3,28 4,58 2,86 3,60 4,37 3,03 3,50

A – Antes da higienização das mãos;

B – Após o uso imediato do antisséptico;

C – Após o uso de luvas cirúrgicas;

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Tabela 7 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, nos grupos experimentais CL 20, CL 40 e CL 60.

Individuo Sexo Grupos Experimentais

CL 20 CL 40 CL 60

A B C A B C A B C

1 F 3,6 0 2,15 3,95 0 0 2 0 0

2 M 3,6 0 0 4,9 0 0 3,3 0 0

3 M 4,04 0 0 3,85 0 0 4,56 0 0

4 F 3,78 0 0 3,64 0 0 3,6 0 0

5 M 3,7 0 0 3,9 0 0 4,08 0 2,88

6 F 4,46 0 0 3,48 0 0 4,7 0 0

7 F 3,78 0 0 4,8 0 1,7 4,08 0 0

8 M 1,53 0 0 4,64 0 0 4,38 0 0

9 F 4,3 0 2,04 4,15 0 1,78 3,7 0 0

10 F 2,12 0 0 3,3 0 2,83 3,3 0 2,9

11 F 1,7 0 0 2,3 0 0 4,15 0 1,78

Page 49: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

48

Tabela 7 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, nos grupos experimentais CL 20, CL 40 e CL 60.

(conclusão)

Individuo Sexo Grupos Experimentais

CL 20 CL 40 CL 60

A B C A B C A B C

12 F 1,99 0 0 4,11 0 0 3,48 0 0

13 M * * * * * * * * *

14 F 4,45 0 0 4,79 0 3,6 3,3 0 0

15 F 3,7 0 0 4,76 0 1,6 3,9 0 0

16 F 4,18 0 1,83 4,18 0 1,66 4,05 0 0

17 M 4,15 0 0 3,85 0 0,85 4,3 0 0

18 M 3,3 0 0 2,08 0 0 4,18 0 0

19 M * * * * * * * * *

20 M 3,7 0 1,15 4,41 0 0 4,3 0 2,18

21 F 3,6 0 0 3,9 0 0 5,3 0 2,08

LOG DA MÉDIA: 3,92 0 1,24 4,35 0 2,41 4,37 0 2,00

* Não realizado coleta;

A – Antes da higienização das mãos;

B – Após o uso imediato do antisséptico;

C – Após o uso de luvas cirúrgicas;

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Page 50: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

49

Os Gráficos 1, 2 e 3 demonstram as variações de quantidade de bactérias

presentes nas mãos nas nove situações testadas.

Gráfico 1 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, quando as luvas cirúrgicas foram usadas por 20 minutos.

Os resultados demonstram que o álcool etílico a 70% promoveu o menor efeito

inibitório do crescimento bacteriano imediatamente após o uso do antisséptico seguido do

PVP-I. A clorexidina inibiu totalmente o crescimento neste período. Após a utilização da luva

cirúrgica por 20 min. a clorexidina foi o antisséptico que permitiu o menor crescimento

bacteriano.

Todos os produtos testados reduziram significativamente a microbiota das mãos

p<0,01 após o uso imediato do antisséptico (Tabela 8) e após o uso de luva cirúrgica por 20

minutos p<0,05 (Tabela 9).

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

ALCOOL PVPI CLOREXIDINA

antes da HM após antisséptico após 20' de luva

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Page 51: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

50

Gráfico 2 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, quando as luvas cirúrgicas foram usadas por 40 minutos.

Os dados do Gráfico 2 demonstram que todos os antissépticos testados reduziram

a quantidade de UFC no uso imediato. Ressalta-se que a clorexidina foi o único antisséptico

que após a sua utilização imediata não houve formação de colônias.

O crescimento de colônias após a utilização de luvas cirúrgicas por um período de

40 min. comparado com o valor de bactérias presentes antes da higienização das mãos foi

significativamente menor após o uso de todos os antissépticos (Gráfico 2, Tabelas 8 e 9).

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

ALCOOL PVPI CLOREXIDINA

antes da HM após antisséptico após 40' de luva

Fonte: elaborado pela autora, 2012.

Page 52: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

51

Gráfico 3 - Quantidade de bactérias presentes nas mãos em log10 das UFC/mL de solução de

coleta, quando as luvas cirúrgicas foram usadas por 60 minutos.

Ao se analisar o gráfico 3, verifica-se que o álcool etílico a 70% promoveu o

menor efeito inibitório do crescimento bacteriano, imediatamente após seu uso seguido do

PVP-I, enquanto a clorexidina inibiu totalmente o crescimento bacteriano. Após a

utilização da luva cirúrgica por 60 minutos a clorexidina foi, também, o antisséptico que

apresentou o melhor desempenho. Apesar deste fato, todos os produtos testados no período

de 60 minutos inibiram significativamente o crescimento bacteriano na pele das mãos tanto

após o uso imediato do antisséptico (Tabela 8) quanto após o uso de luva cirúrgica (Tabela 9).

Resultados semelhantes na redução bacteriana foram encontrados por Bryce,

Spence e Roberts (2001) que compararam dois métodos de antissepsia das mãos. O método

tradicional com os antissépticos clorexidina a 4% ou PVP-I a 7,5%. O método em teste

utilizava o álcool isopropanol a 70%. Era realizada uma coleta antes da higienização e outra

após os períodos de utilização de luvas cirúrgicas que variaram em abaixo de 2 horas e até 4

horas. Os resultados demonstraram que no método tradicional no momento pré-cirúrgico a

média em log10 de UFC era 4,50 após 50 min. de cirurgia possuía 3,14 log10 de UFC. O

produto em teste nas mãos antissepsia cirúrgica apresentou 3,51 log10 de UFC e após a

cirurgia 4,70 log10 de UFC. Entretanto, os pesquisadores chegaram à conclusão que não houve

diferença estatística entre as contagens microbianas nas mãos utilizando álcool em

comparação com clorexidina ou PVP-I para os casos inferiores a duas horas de duração. Esta

conclusão difere da encontrada no presente estudo que demonstrou diferença significativa de

desempenho entre os antissépticos avaliados (Tabela 10).

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

ALCOOL PVPI CLOREXIDINA

antes da HM após antisséptico após 60' de luva

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Page 53: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

52

Inicialmente foi realizada a “Análise de variância por postos – Friedman’sTwo –

Way”, para verificar se havia diferença entre a quantidade de UFC/mL na solução de coleta

das situações: antes da higienização das mãos, depois do uso dos antissépticos e após o uso

das luvas cirúrgicas. A hipótese nula foi rejeitada, indicando que havia uma variação entre os

valores nas situações testadas, independentemente do tipo do antisséptico e do tempo de

utilização das luvas cirúrgicas. A seguir foi realizado o “Teste de Wilcoxon”, para identificar

as diferenças entre as várias situações avaliadas.

A análise de estatística para verificar o efeito imediato dos antissépticos na

redução da quantidade de bactérias presentes nas mãos está apresentada na Tabela 8.

Tabela 8 - Influência imediata do uso de antissépticos na quantidade das bactérias presentes

nas mãos.

Log10 das UFC por mL de solução de coleta

Grupo

experimental Antisséptico

Antes da higienização

das mãos

Após o uso imediato do

antisséptico

Log10 da Média Log10 da Média p*

AL 20 Álcool 4,29 3,26 0.000

AL 40 Álcool 4,27 3,54 0.000

AL 60 Álcool 4,32 3,34 0.001

PV 20 PVP-I 4,04 2,45 0.000

PV 40 PVP-I 4,58 2,86 0.000

PV 60 PVP-I 4,37 3,03 0.000

CL 20 Clorexidina 3,92 0 0.000

CL 40 Clorexidina 4,35 0 0.000

CL 60 Clorexidina 4,37 0 0.000

* Valor de p significativo: p< 0.01.

Teste de Wilcoxon;

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Este teste estatístico demonstrou que todos os antissépticos provocaram uma

redução significativa na quantidade de bactérias presentes nas mãos, imediatamente após a

antissepsia cirúrgica.

O presente estudo concorda com os achados de Paiva e Murai (2005) que

verificaram uma redução de 70,5% no número de colônias de microrganismos na pele das

mãos após o uso de álcool etílico a 70%.

Page 54: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

53

Os estudos de Choi (2008) e Silva et al (2011) também demonstraram uma

redução significativa na quantidade de bactérias presentes nas mãos quando foi utilizada a

antissepsia com clorexidina e PVP-I, semelhante ao que ocorreu no presente estudo.

Para verificar o efeito residual dos antissépticos na redução da quantidade de

bactérias presentes nas mãos foi utilizado o teste não paramétrico “Teste de Wilcoxon”,

(Tabela 9).

Tabela 9 - Influência residual do uso de antissépticos na quantidade das bactérias presentes

nas mãos.

Log10 das UFC por mL de solução de coleta

Grupo

experimental Antisséptico

Tempo de

uso luvas

Antes da higienização

das mãos

Após o uso de luvas

cirúrgicas

Log10 das Médias Log10 das Médias p*

AL 20 Álcool 20 min. 4,29 3,86 0.023

AL 40 Álcool 40 min. 4,27 4,01 0.007

AL 60 Álcool 60 min. 4,32 3,54 0.001

PV 20 PVP-I 20 min. 4,04 3,28 0.000

PV 40 PVP-I 40 min. 4,58 3,60 0.000

PV 60 PVP-I 60 min. 4,37 3,50 0.000

CL 20 Clorexidina 20 min. 3,92 1,24 0.000

CL 40 Clorexidina 40 min. 4,35 2,41 0.018

CL 60 Clorexidina 60 min. 4,37 2,00 0.000

* Valor de p significativo: p< 0.05.

Teste de Wilcoxon;

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

O teste estatístico demonstrou que todos os antissépticos avaliados provocaram

uma redução significativa no crescimento bacteriano mesmo após o uso de luvas cirúrgicas

nos tempos de 20 min., 40 min. e 60 min (Tabela 9).

Entretanto a comparação entre o desempenho dos do álcool etílico a 70%, do

PVPI a 10% e da clorexidina a 2%, realizada através da análise de variância não paramétrica

“Friedman’s Two-Way Analise de variância por postos,” destacou haver uma diferença entre

o desempenho dos antissepticos (p=0,000). Assim o teste de Wilcoxon comparou o

desempenho entre os antissépticos (Tabela 10).

Page 55: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

54

Tabela 10 - Comparação entre o desempenho dos antissépticos no efeito imediato e após a

utilização de luvas cirúrgicas.

Comparação entre: Após uso imediato antisséptico Após utilização de luvas

Log10 da Média X Log10 da

Média P*

Log10 da Média X Log10

das Média P*

AL 20 X PV 20 3,86 X 2,45 0.001 3,86 X 3,28 0.027

AL 20 x CL 20 3,86 X 0 0.000 3,86 X 1,24 0.000

CL 20 X PV 20 0 X 2,45 0.000 1,24 X 3,28 0.000

AL 40 X PV 40 3,54 X 2,86 0.011 4,01 X 3,60 0.295

AL 40 X CL 40 3,54 X 0 0.000 4,01 X 2,41 0.000

CL 40 X PV 40 0 X 2,86 0.001 2,41 X 3,60 0.001

AL 60 X PV 60 3,34 X 3,03 0.085 3,54 X 3,50 0.256

AL 60 X CL 60 3,34 X 0 0.000 3,54 X 2,00 0.001

CL 60 X PV 60 0 X 3,03 0.000 0,62 X 3,50 0.000

* Valor de p significativo: p< 0.05.

Teste de Wilcoxon;

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Ao comparar os antissépticos em relação ao tempo de uso de luvas, nota-se que

em procedimentos cirúrgicos que utilizaram em torno de 20 minutos, houve diferença

significativa em utilizar o álcool e o PVP-I, sendo o PVP-I mais eficaz; a clorexidina teve um

desempenho superior ao álcool e o PVP-I (Tabela 10).

Em procedimento que possuem um tempo de 40 ou 60 minutos, quando

comparado o álcool e o PVP-I não houve diferença entre os dois (p= 0,295 e p=0,256,

respectivamente). Alerta-se que o resultado obtido na comparação do AL40 com o PV40 pode

ter sido influenciado pelo fato das mãos dos acadêmicos, no dia da avaliação do PVP-I com o

uso das luvas cirúrgicas por 40 minutos, estarem com uma maior quantidade de bactérias

antes da antissepsia (Tabela 1). A clorexidina manteve o melhor desempenho (Tabela 10).

Em suma, a clorexidina foi significativamente superior ao PVP-I e ao álcool,

independente do tempo de duração da cirurgia (20, 40 e 60 minutos).

No estudo de Tapia-Jurado et al (2011) ao ser comparado o efeito residual do

clorexidina em relação ao PVP-I em procedimentos cirúrgicos de 30 minutos a clorexidina,

também, provou ser o antisséptico superior em termos de custo e eficácia.

Page 56: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

55

Silva et al. (2011) corroboram com esses resultados, concluindo em seus achados

que a ação bactericida da clorexidina a 2% tem maior potencial de ação em relação ao PVP-I

a 10%, embora no estudo não tenha sido padronizado o tempo de utilização das luvas

cirúrgicas.

Este estudo apresentou uma limitação na metodologia utilizada na coleta. Após a

segunda coleta de amostra (antes dos indivíduos calçarem as luvas) a não lavagem das mãos

com água estéril para retirar o material de coleta (caldo de cultura) pode ter levado a uma

aderência do caldo nas mãos, o que poderia facilitar o crescimento de microrganismos durante

o uso de luvas cirúrgicas, no entanto as mãos foram secas com apósitos estéreis antes de

calçar as luvas e todos os grupos utilizaram a mesma técnica.

Outra observação interessante foi o aumento do percentual de indivíduos da

amostra com o Staphylococcus epidermidis após o uso dos antissépticos teste e uso de luvas

cirúrgicas (Tabelas 1, 2 e 3). Não foram encontrados na literatura trabalhos que relatassem

esta situação e não se tem uma explicação ao ocorrido. Dessa forma poderá ser realizado um

novo estudo explorando este fato.

Page 57: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

56

6 CONCLUSÃO

Dentro das condições experimentais deste trabalho, foi possível concluir que:

As bactérias presentes na microbiota das mãos antes da higienização das mãos foram:

Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus saprofíticos, Staphylococcus aureus e

Escherichia coli.

A microbiota das mãos após o uso dos antissépticos e luvas cirúrgicas foi

composta de: Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus saprofíticos e Staphylococcus

aureus

O uso dos antissépticos em testes reduziu significativamente a quantidade de

bactérias presentes nas mãos;

A clorexidina foi o único antisséptico que inibiu o crescimento total de bactérias

na superfície das mãos, após o seu uso imediato;

O uso de luva cirúrgica provocou um crescimento de bactérias nas mãos

enluvadas. No entanto, todos os antissépticos testados provocaram uma diminuição

significativa no crescimento da microbiota das mãos neste ambiente por períodos de 20, 40 e

60 minutos.

Em períodos de 20 minutos de cirurgia a clorexidina a 2% mostrou-se mais

eficiente, seguido do PVP-I a 10% e por último o álcool etílico a 70%.

Em cirurgias que levaram uma média de 40 minutos e 60 minutos a clorexidina

foi o antisséptico com o melhor desempenho. O PVP-I e o álcool não apresentaram diferenças

significativas.

Page 58: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

57

REFERÊNCIAS

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Segurança do paciente:

higienização das mãos. Brasília: 2007.

BRYCE, E.A.; SPENCE, D.; ROBERTS, F.J. An in-use evaluation of an alcohol-based pre-

surgical hand disinfectant. Infection Control Hospital Epidemioly, Chicago, v.22, n.10,

p.635-39, 2001.

BOYCE, J. M.; PITTET, D. Guideline for Hand Hygiene in Health-Care Settings. Centers

for Disease Control and Prevention, Atlanta, v.16, n.51, p.1-44, 2002.

CABRERA, R. H.; CABALLERO, J.C.; ACEÑERO, M.J.F. A new alcohol solution (N-

duopropenide) for hygienic (or routine) hand disinfection is more useful than classic

handwashing: in vitro and in vivo studies in burn and other intensive care units. Burns,

Guildford, v.27, p. 747-52, 2001.

CHOI, J.S. Evaluation of a Waterless, Scrubless Chlorhexidine Gluconate/Ethanol Surgical

Scrub and Povidone-Iodine for Antimicrobial Efficacy. Journal Korean Academy Nursing,

Korea, v.38, n.1, p.39-44, 2008.

CHUNDAMALA, J.; WRIGHT, J.G. The efficacy and risks of using povidone-iodine

irrigation to prevent surgical site infection: an evidence-based review. Canadian Journal of

Surgery, Canadá, v.50, n.6, p.473-481, 2007.

COUTO, R. C. et al. Infecção hospitalar e outras complicações não-infecciosas da doença:

epidemiologi, controle e tratamento. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.

COOK, H.A. et al., Antimicriobial resistance patterns of colonizing flora on nurses' hands in

the neonatal intensive care unit. American Journal Infection Control, St. Louis, v.35, n.4,

p.231-236, 2007.

CUNHA, É. R. Comparação da redução da carga microbiana da pele após três métodos

de degermação das mãos utilizando gluconato de clorexidina 2%: fricção com escova,

fricção com esponja, e fricção sem artefatos. 2001. 97 f. Dissertação (Pós Graduação da

Escola de Enfermagem)- Universidade de São Paulo. São Paulo, 2001.

CUSTÓDIO, J. et. al., Avaliação microbiológica das mãos de profissionais da saúde de um

hospital particular de Itumbiara, Goiás. Revista Ciências Médicas, Campinas, v.18, n.1, p.7-

11, 2009.

FIERER, N. et al., The influence of sex, handedness, and washing on the diversity of hand

surface bacteria. Proceedings of the National Academy of Siences, Washington, v.105,

n.46, p. 17994–17999, 2008.

FILGUEIRAS, J. L. et al., Avaliação do efeito imediato e residual do sabão anti-séptico, do

PVP-I tópico e da clorexidina na degermação das mãos. Revista Brasileria Odontologia, Rio

de Janeiro, v.61, n.3 e 4, 2004.

Page 59: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

58

FURUKAWA, K. et al,. A New Surgical Handwashing and Hand Antisepsis From Scrubbing

to Rubbing. Journal of Nippon Medical School, Tokyo, v.71,n.3, p. 190-7, 2004.

HORN, P.; SCHOUENBORG, O.; BRANDSLUN, I. Quantification of Staphylococcus

aureus and Staphylococcus epidermidis on the hands of health-care workers using a real-time

polymerase chain reaction method. Scandinavian Journal of Clinical Laboratory

Investigation, Oslo, v.165, p.165-177, 2007.

HUBNER, N.O. et al., Bacterial migration through punctured surgical gloves under real

surgical conditions. BMC Infectious Diseases, Londres, v.192, n.10, p.1-6, 2010.

IGNATOVA, N. et al, Antibacterial and antimycotic activity of a cross-linked electrospun

poly(vinyl pyrrolidone)–iodine complex and a poly(ethylene oxide)/poly(vinyl pyrrolidone)–

iodine complex. Journal Biomaterials Science Polymer Edition, v.19, n.3, p.373–86, 2008.

LARSON, E.L. et al., Changes in bacterial microbiota associated with skin damage on hands

of health care personnel. American Journal Infection Control, St. Louis, v.26, p.513-21,

1998.

MAGRO- FILHO, O. et al. Lavagem das mãos com soluções de PVP-I, clorexidina e sabão

líquido: estudo microbiológico. Revista da APCD, v.54, n.1, p.25-28, 2000.

MULANY, L.C. et al., A randomized controlled trial of the impact of chlorhexidine skin

cleansing on bacterial colonization of hospital-born infants in Nepal. Pediatric Infectious

Disease Journal, Baltimore, v.27, n.6, p.505-11, 2008.

PAIVA, S.E.; MURAI, H.C. Eficácia do uso do álcool etílico 70% na anti-sepsia da pele

antes da administração vacinal. Revista Enfermagem UNISA, São Paulo, v.6, p.85-88, 2005.

PALOS, M.A.P. et al., Microbiota das mãos de mães e de profissionais de saúde de uma

maternidade de Goiânia. Revista Eletrônica Enfermagem, Goiânia, v. 11, n. 3, p. 573-8,

2009. Disponível em: <http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n3/v11n3a14.htm>. Acesso em: 10

mai. 2010.

PEREIRA, L.J. et al. The effect of surgical hand-washing routines on the microbial counts of

operating room nurses. American Journal Infection Control, New York, v.18, p.354-364,

1990.

PIETSCH, H. Hand antiseptics: rubs versus scrubs, alcoholic solutions versus alcoholic gels.

Journal of Hospital Infection, Londres, v.48, n.A, p.33-36, 2001.

PRICE, P. B. Bacteriology of normal skin: a new quantitative test applied to a study of the

bacterial flora and the disinfectant action of mechanical cleansing. Journal infection

Diseases, Chicago, v. 3, p. 301-18, 1938.

ROCHA, L.A.; BORGES, L.F.A.; GONTIJO FILHO, P.P. Changes in hands microbiota

associated with skin damage because of hand hygiene procedures on the health care workers.

American Journal of Infection Control, St. Louis, v. 37, n. 2, p. 155-9, 2009.

Page 60: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

59

RUDRAJIT, P. et al., Bacterial contamination of the hands of doctors: a study in the medicine

and dermatology wards. Indian Journal of Dermatology, Venereology, and Leprology,

Vellore, v. 77, n.3, p. 307-13. 2011.

SAMPAIO, S. A.; RIVITTI, E. A. Dermatologia. 3. ed. São Paulo: Artes Médicas, 2007.

SERRATINE, A.C.P; PACHECO, E; MIERO, M. Avaliação da integridade das luvas

cirúrgicas após a utilização em cirurgias odontológicas. Arquivos Catarinenses de

Medicina, Florianópolis, v. 36, n. 1, p. 85-89, 2007.

SILVA, D.R. et al. Comparação de dois métodos de antissepsia pré-operatória de mãos em

cirurgia bucal. Revista Cirurgia Traumatolgua Buco-Maxilo-Facial, Camaragive, v.11,

n.2, p.45-54, 2011.

TAPIA-JURADO, J. et al. Comparison of cost/effectivity of surgical wash with various

antiseptics. Cir Cir, México, v.79, p-415-20, 2011.

TAYLOR, D.W., The calculations of sample size and power in the planning of

randomized clinical trials. Millcroft Seminar, 1988.

ULGER, F. et al., Are we aware how contaminated our mobile phones with nosocomial

pathogens? Annals of Clinical Microbiology and Antimicrobials, Londres, v.8, n.7, p.1-4,

2009.

VERMELHO, A.B. Práticas de microbiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

WATERS, V. et al., Molecular epidemiology of gram-negative bacilli from infected neonates

and health care workers hands in neonatal intensive care units. Clinical Infection Diseases,

Chicago, v. 38, p. 1682-7, 2004.

WHO. World Health Organization. WHO Guidelines on Hand Hygiene in Health Care: a

Summary. Geneva: 2009.

Page 61: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

60

APÊNDICES

Page 62: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

61

APÊNDICE A – Quadro de distribuição das espécies bacterianas antes da higienização das mãos

Individu

os

AL 20 AL 40 AL 60 PV 20 PV 40 PV 60 CL 20 CL 40 CL 60

1 S. epider S. epider.

S. sapro.

S. epider. S. epider. S. epider. S. sapro.

E. coli

S. epider. S. epider, S.epider.

2 S. epider S. epider.

S. sapro.

S. epider S. sapro. S. sapro. S. sapro. S. epider. S. epider. S.epider.

3 S. epider. S. epider.

S. sapro.

S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S.epider.

4 S. epider.

E. coli

S. epider.. S. epider.

S. sapro.

S. epider. S. epider. S. epider. S. epider.

S. epider. S.epider.

5 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider S. epider. S. epider. S. epider. S.epider.

6 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider S. epider. S. epider S. epider. S. epider. S.epider.

7 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider.

S. sapro.

S. epider. S. sapro. S. epider. S.epider.

8 S. epider. S. sapro. * S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S.epider.

9 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S.epider.

10 S. epider. S. epider. E. coli E. coli

S. epider.

S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S.epider.

11 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider S. epider.

E. coli

S. epider. S. epider. S.epider.

12 S. epider. S. epider.

S. sapro.

S. epider. S. aureus

S. sapro.

E. coli

S. epider. S. epider. S. epider.

S. epider. S.epider.

13 E. coli S. epider. S. epider.

S. sapro.

S. epider. S. epider. S. epider. * * *

14 S. epider.

E. coli

* S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. E. coli

15 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S.epider. S.epider.

16 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S.epider.

s. aureus

S.epider.

17 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S.epider. S.epider.

Page 63: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

62

* Não houve coleta;

** Não houve crescimento de colônias;

S. aureus

18 S. epider. * S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S.epider. S.epider. S.epider.

19 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider.

S. aureus

S.epider. S.epider.

20 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider.

S. sapro.

S. epider. S. epider. * * *

21 S. epider.

S. aureus

S. sapro. S. epider. S. epider.

S. aureus

S. epider. S. sapro. S. epider. S.epider. S.epider.

Page 64: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

63

APÊNDICE B – Quadro de distribuição das espécies bacterianas após o uso de antissépticos

* Não houve coleta;

** Não houve crescimento de colônias;

INDIVIDUO AL 20 AL 40 AL 60 PV 20 PV 40 PV 60 CL 20 CL 40 CL 60

1 S. epider. E. coli S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

2 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** ** ** **

3 S. epider. S. epider.

S. sapro.

S. epider. S. epider. ** S. epider. ** ** **

4 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

5 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

6 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

7 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

8 S. epider. S. epider. * S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

9 S. epider. S. epider. S. epider. ** S. epider. S. epider. ** ** **

10 S. epider. S. epider. S. epider. ** S. epider. S. epider. ** ** **

11 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

12 S. epider. S. epider.

s. sapro.

S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

13 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. * * *

14 S. epider. * S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

15 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

16 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

17 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

18 S. epider. * S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

19 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

20 S. epider. S. epider. S. epider.

E. coli

S. epider. S. epider. ** * * *

21 S. epider.

S. aureus

S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

Page 65: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

64

APÊNDICE C – Quadro de distribuição das espécies bacterianas após o uso de luvas cirúrgicas

INDIVIDUO ÁL 20 AL 40. AL 60 PV 20 PV 40 PV 60 CL 20 CL 40 CL 60

1 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** S. epider. ** **

2 S. epider.

S. sapro.

S. epider. S. epider. S. epider. S. epider.

S. sapro.

S. epider. ** ** **

3 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

4 S. epider. S. sapro. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

5 S. epider. S. sapro. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** S. epider.

6 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider.

S. sapro.

S. epider. ** ** **

7 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider.

S. aureus

** S. epider. **

8 S. epider.

S. aureus

S. epider. * S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

9 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. **

10 S. epider. S. epider.

S. aureus

S. epider. S. epider. S. epider. ** ** S. epider. S. epider.

11 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** S. epider.

12 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** ** **

13 S. epider.

S. sapro.

S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. * * *

14 S. epider. * S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** S. epider. **

15 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** S. epider. **

16 S. epider. S. sapro. ** S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. **

17 S. epider. S. epider. ** S. epider. ** S. epider. ** S. epider. **

18 S. epider. * S. epider. S. epider. ** ** ** **

19 S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. ** S. epider.

20 S. epider. S sapro. S. epider. S. epider. S. epider. S. epider. * * *

21 S. aureus S. epider. S. epider. S. epider.

S. aureus

S. epider. S. epider. ** ** S. epider.

Page 66: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

65

* Não houve coleta;

** Não houve crescimento de colônias;

Page 67: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

66

ANEXO

Page 68: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

67

ANEXO A – Técnica da degermação das mãos

Page 69: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

68

ANEXO B – Parecer do Comitê de ética em pesquisa

Page 70: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

69

Page 71: INFLUÊNCIA DA ANTISSEPSIA NO CRESCIMENTO …pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/107683_Lindsay.pdf · A antissepsia cirúrgica é importante na manutenção da assepsia do campo operatório

70