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23/10/2017
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Infecções de pele e de
tecidos moles
Priscila Dias Out. 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA, MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA
Imunidade Inata
Pele
Maior órgão do corpo humano;
Envolve o corpo e permite interações com meio ambiente.
Corresponde a 16% do peso corporal;
É formada por três camadas
Abaixo da pele Fáscia muscular e Músculo
Tecidos moles
Interligam, apoiam ou protegem outras estruturas e órgãos do corpo humano como músculos, tendões, gordura, vasos sanguíneos e nervos.
Infecções dos tecidos moles entende-se as que afetam as estruturas entre a pele e o osso.
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Infecções de pele e de tecidos moles Classificação
Primárias (sem porta de entrada aparente) X
Secundárias (complicações de lesões de pele);
Agudas (duram poucos dias) X Crônicas (duram
meses ou anos);
Monomicrobianas X Polimicrobianas.
Infecções de pele e de tecidos moles
Superficiais Circunscritas Abscesso
ou focais Foliculite Furunculo Carbunculo Impetigo Difusas ou Celulite disseminadas Erisipela
Profundas Fasciite necrotizante Miosite necrotizante
Outras Úlceras de pressão Úlceras de estase venosa Pé diabético
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Infecções de pele e de tecidos moles
Principais patógenos:
Aeróbios - Cocos Gram + Staphylococcus
Streptococcus pyogenes - Bastonetes Gram + Bacillus anthracis - Bastonetes Gram - Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Enterobactérias
Anaeróbios - Cocos Gram + Peptoestreptococcus
- Bastonetes Gram + Clostridium perfringens Propionibacterium acnes
- Bastonetes Gram - Bacteroides fragilis
Staphylo
coccus
Coagualse positivo
• S. aureus
• S. shleiferi
• S. intermedius
• S. hyicus
• S. delphini
Coagulase negativo Outras espécies do
gênero
Streptoc
occus
α- hemolítico
• Estreptococos do
Grupo Viridans
• S. pneumoniae
β-hemolítico
(Agrupados pela
sorologia de Lancefield)
• S. pyogenes (A)
• S. agalactiae (B)
• S.
dysgalactiae/equi
(C, F, G)
• S. bovis/equinus
(D)
Principais patógenos - Cocos
Gram-positivos
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Staphylococcus
Cocos Gram-positivos , anaeróbios facultativos, não formadores de esporos - agrupados em forma de cachos, em cadeias curtas, aos pares ou sozinhos; Podem apresentar cápsula polissacarídica (S. aureus) ou camada mucóide (filme frouxamente ligado que consiste em monossacarídeos e pequenos peptídeos) => inibe a fagocitose; Mesófilos => crescem em ampla variação de temperatura: 18 a 40oC.
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Epidemiologia
Componentes da microbiota residente anfibiôntica de seres humanos e outros animais:
=> Pele, axilas => Cavidade nasal
(nasofaringe) => Orofaringe => Trato gastrintestinal => Trato geniturinário Aproximadamente 15% dos adultos saudáveis são portadores
sãos de S. aureus na nasofaringe
Podem ser transmitidos por contato direto ou através de
fômites;
Importância na Odontologia: infecções oportunistas e
nosocomiais - biossegurança
Transmissão profissional/paciente
Transmissão paciente/paciente
Os S. aureus causam doenças através da produção de toxinas ou da invasão direta e proliferação dos microrganismos, que leva à destruição tecidual.
Os demais (coagulase negativos) causam doença pela invasão e destruição tecidual.
S. aureus
1 – Produção de toxinas e enzimas líticas 2 – Escape da fagocitose
3 – Aderência às células do hospedeiro
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S. aureus – Doenças mediadas por toxinas
Síndrome da pele escaldada estafilocócica
Caracterizada pelo aparecimento
abrupto de um eritema localizado, inicialmente ao redor da boca e que cobre o corpo inteiro em dois dias.
Ocorre descamação do epitélio, pois a toxina esfoliativa atua despolimerizando os desmossomos das células epiteliais.
Doença primariamente neonatal.
Pode ocorrer a formação de bolhas superficiais na pele => impetigo bolhoso
Manifestações clínicas: febre, hipotensão e erupção eritematosa macular difusa, e descamação da pele, palma das mãos e sola dos pés.
Pode haver envolvimento sistêmico (SNC, gastrointestinal, muscular, renal),
S. aureus – Doenças mediadas por toxinas
Risco da liberaçao de TSST-1 (toxina do choque tóxico) por linhagens de S. aureus. * TSS-1: superantígeno – ativa grande população de células T: ↑ liberação de citocinas
Sindrome do choque tóxico estafilocócico
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S. aureus – Doenças cutâneas causadas pela invasão e destruição tecidual
(piogênicas) Impetigo
Infecção superficial que acomete, principalmente, a face e os membros.
Caracterizada por vesículas cheias de pus que se desenvolvem em uma base eritematosa. Após o rompimento da vesícula, a lesão seca e formam-se crostas.
S. aureus – Doenças cutâneas causadas pela invasão e destruição tecidual
(piogênicas)
Foliculite, terçol, furúnculo, infecções em feridas
Infecção dos folículos pilosos, com formação de pus embaixo da superfície da epiderme.
Furúnculos (agravamento da foliculite) são nódulos grandes, dolorosos, que possuem tecido morto e necrótico => abscesso
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Doenças sistêmicas causadas por S. aureus
Bacteremias e endocardite aguda
Ou serem decorrentes de procedimento cirúrgico ou utilização de catéter contaminado ; Endocardite – grave, taxa
mortalidade em torno de 50%
Podem surgir a partir de uma infecção de pele aparentemente sem grande importância;
Staphylococcous coagulase (-) => Doenças causadas pela invasão e destruição tecidual
Mais de 50% de todas as infecções de catéter são causadas por estafilococos coagulase (-): a camada mucóide favorece a formação do biofilme nos catéteres e protege as bactérias dos antibióticos e da resposta imunológica.
Infecções em feridas cirúrgicas
Infecções oportunistas em qualquer parte do corpo
(oculares, cutâneas, etc)
Doenças sistêmicas causadas por S. aureus
Os Staphylococcus coagulase negativo podem causar, ainda, doenças sistêmicas ou infeções localizadas como
infeções urinárias
Bacteremias, endocardite aguda, pneumonia, artrite séptica, osteomielite
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Cocos Gram-positivos, anaeróbios facultativos, imóveis e dispostos em cadeias (às vezes aos pares). Apresentam metabolismo
fermentativo – utilizam carboidratos sem a produção de gás, liberando como produtos finais ácido lático, etanol ou acetato. Possuem uma cápsula de
polissacarídeo São catalase negativo => o que
permite a distinção de Staphylococcus (catalase +).
Streptococcus
Teste da Catalase
Classificação taxonômica: Três esquemas são utilizados para diferenciar as espécies do
gênero Streptococcus: 1. Padrões hemolíticos (hemólise - completa, - parcial ou -
sem hemólise)
2. Propriedades sorológicas: sorotipagem de Lancefild (grupos A até V)
3. Propriedades bioquímico-fisiológicas
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Rebecca Lancefield (1933) desenvolveu um sistema de sorotipagem para a classificação dos estreptococos β-
hemolíticos, baseado em antígenos específicos => carboidratos da parede celular
Classificação
Sorológica
Padrão de hemólise
S. pyogenes A
S.agalactiae B ; ocasionalmente
não hemolítico
S. equi,
dysgalactiae
C, F, G ; ocasionalmente
ou não hemolítico
S.
bovis/equinus
D ; ; ocasionalmente
não hemolítico
Grupo Viridans Não grupável ou não hemolítico
Classificação taxonômica: Três esquemas são utilizados para diferenciar as espécies do
gênero Streptococcus: 1. Padrões hemolíticos (hemólise - completa, - parcial ou -
sem hemólise)
2. Propriedades sorológicas: sorotipagem de Lancefild (grupos A até V)
3. Propriedades bioquímico-fisiológicas
Rebecca Lancefield (1933) desenvolveu um sistema de sorotipagem para a classificação dos estreptococos β-
hemolíticos, baseado em antígenos específicos => carboidratos da parede celular
Classificação
Sorológica
Padrão de hemólise
S. pyogenes A
S.agalactiae B ; ocasionalmente
não hemolítico
S. equi,
dysgalactiae
C, F, G ; ocasionalmente
ou não hemolítico
S.
bovis/equinus
D ; ; ocasionalmente
não hemolítico
Grupo Viridans Não grupável ou não hemolítico
Classificação taxonômica: Três esquemas são utilizados para diferenciar as espécies do
gênero Streptococcus: 1. Padrões hemolíticos (hemólise - completa, - parcial ou -
sem hemólise)
2. Propriedades sorológicas: sorotipagem de Lancefild (grupos A até V)
3. Propriedades bioquímico-fisiológicas
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Grupo A - Streptococcus pyogenes
Colonizam assintomaticamente o trato respiratório superior e colonização transitória na pele.
Associados a processos supurativos (com formação de pus) e processos não-supurativos.
Disseminação por perdigotos (faringite) ou através de abertura na pele após contato direto com o indivíduo infectado ou através de fômites;
Indivíduos com maior risco incluem crianças entre 2 e 15 anos com pouca higiene pessoal; crianças pequenas e idosos com infecções preexistentes do trato respiratório ou de pele.
Doenças supurativas (ou piogênicas)
•Faringite (tonsilite ou “dor de garganta”): inflamação da faringe. • Piodermite (impetigo): erupções purulentas e amareladas na pele. • Erisipela: Inflamação no tecido subcutâneo. Pode ocorrer na face e extremidades inferiores. • Celulite: Envolvimento dos tecidos subcutâneos mais profundos com invasão e acometimento sistêmico. Mais profunda do que a erisipela, associada a traumatismos ou evolução de feridas superficiais.
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Doenças mediadas por toxinas
Escarlatina: complicação da faringite estreptocócica - neste caso há a produção da toxina eritrogênica.
Síndrome do choque tóxico por estreptococos: Semelhante à toxina estafilocócica da síndrome do choque tóxico. Sintomas inespecíficos de dor, febre, calafrios, mal estar, e a medida que a doença progride pode evoluir para choque e falência dos órgãos.
Outras doenças:
Sepse puerperal, inflamação dos vasos linfáticos, pneumonia e bacteremia: ocorrência e disseminação de bactérias no sangue, sequelas não supurativas febre reumática e glomerulonefrite
• Fasciíte necrosante (“bactérias comedoras de carne”): Infecção nos tecidos subcutâneos profundos que pode se espalhar rapidamente pela fáscia muscular, comprometendo músculos e gordura.
Como resultado da alfa hemólise em ágar sangue exibem um halo de coloração esverdeada.
Colonizam a cavidade oral, a orofaringe, o TGI e o trato geniturinário, sendo raramente encontrados na pele, pois os ácidos graxos da superfície são tóxicos para eles.
Doenças clínicas: Formação de abscessos supurativos intra-abdominais, endocardite bacteriana sub-aguda
Estreptococos do Grupo Viridans
Habitante comum da orofaringe e da nasofaringe de indivíduos saudáveis.
A maioria das infecções é causada pela disseminação endógena a partir da nasofaringe ou orofaringe, para outros locais (pulmões, seios paranasais, ouvido, etc.).
Outras doenças: meningites (disseminação para o SNC), otites (infecção nos ouvidos), sinusites (infecção nos seios paranasais) e bacteremias.
Streptococcus pneumoniae
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Importantes causadores de infecções hospitalares Resistencia a antibióticos;
De perfil oportunista -
Particularmente para queimados - infecções podem gerar pus de coloração azul-esverdeada (piocianina);
Dermatite por Pseudomonas – erupção autolimitada - associada ao uso de piscinas, saunas e banheiras (salão de beleza – manicures);
Pseudomonas aeruginosa
Bastonetes Gram-negativos não-fermentadores
Bacillus anthrax
Bastonete Gram-positivo formador de esporo, encontrado principalmente no solo;
Carbúnculo ou anthrax é uma infecção que pode afetar a
pele, a região nasal e faringe, os pulmões, o mediastino (região central do tórax, incluindo o coração) e os intestinos.
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A maioria dos microrganismos encontrados em infecções anaeróbicas são de origem endógena (microbiota residente) - caráter anfibiôntico (exceção Clostridium).
São de natureza polimicrobiana (5-6 espécies ou mais).
Anaeróbios facultativos .
Geralmente existem fatores predisponentes: • Perda do suprimento sanguíneo. • Presença de lesão tecidual. • Sistema imune comprometido. • Anaeróbios facultativos podem auxiliar no
estabelecimento dos anaeróbios estritos - consumo inicial de pequenas concentrações de oxigênio naquele sítio.
Infecções por anaeróbios
As infecções anaeróbicas podem apresentar-se de três maneiras:
- Coleção de bactérias anaeróbias facultativas;
- Coleção de anaeróbios facultativos e anaeróbios obrigatórios;
- Coleção de uma ou mais espécies de anaeróbios obrigatórios.
Incapacidade de eliminação ou capacidade limitada de eliminar produtos do metabolismo do oxigênio
molecular.
Porque o oxigênio é letal para os
anaeróbios?
EROs em procariotos anaeróbios
MORTE CELULAR
Oxidação e lipídios, proteínas e DNA
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Propionibacterium acnes
Anaeróbio, bastonete Gram-positivo pleomórfico comumente encontrado na pele – muito associado à etiologia da acne inflamatória infecciosa.
Presença de nódulos ou cistos, que são lesões profundas, inflamadas e cheias de pus na pele.
Outras infeções de
pele e tecidos moles: contaminação de feridas pós-operatórias
Sinais clínicos sugestivos de infecções inespecíficas por anaeróbios
• Secreção de odor fétido (ácidos orgânicos e aminas) e
necrose tecidual intensa
• Formação de abscessos
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• Produção de gás (CO2 e H2) e coloração escura -
cianose
Sinais clínicos sugestivos de infecções inespecíficas por anaeróbios
Presentes nos solo, ambientes aquáticos e TGI (algumas espécies)
Anaeróbios estritos
Produção de diversas toxinas
C. tetani – tétano
C. botulinum – botulismo
C. perfringens - gangrena gasosa
C. difficile - diarreia associada a
antibióticos e colite pseudomembranosa
Bacilos Gram-positivos formadores de esporos
Clostridium
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Amplamente distribuído na natureza - solo, água e TGI
Gangrena gasosa ou mionecrose ou miosites.
Ocorre geralmente após trauma ou ferimento – rápida progressão e alta taxa de mortalidade
Destruição tecidual – decorrente da produção de metabólitos – dispersão da bactéria para outros sítios
Toxinas (α-toxina – mais importante)
Clostridium perfringes
Gangrena Gasosa (Mionecrose)
Infecção grave, atinge derme, tecido subcutâneo e músculo.
Progressão rápida, podendo ser fatal.
Excisão do tecido afetado.
Clostridium perfringes
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Colagenase - destrói o colágeno que sustenta os tecidos
Metabólitos - ácidos , proteases, gases
Tratamento - debridamento do tecido necrosado e antibioticoterapia dependendo das condições vasculares do paciente.
Clostridium perfringes