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INDICE

• MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

MATEMÁTICA 5• CIÊNCIAS DA NATUREZAFÍSICA 8QUÍMICA 11BIOLOGIA 13• CIÊNCIAS HUMANASFILOSOFIA 17HISTÓRIA 22SOCIOLOGIA 30GEOGRAFIA 35• CÓDIGOS E LINGUAGENSPORTUGUÊS 41LITERATURA 44REDAÇÃO 49

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Prefácio

Iniciamos o Pro Paz Enem em 2015 com o objetivo de preparar estudantes da redepública estadual de ensino para a prova do Enem, principal forma de ingresso nas universidades do país, além de oferecer a possibilidade de certicação do ensino médio. Atendemos em 2015 cerca de 12 mil estudantes com aulões nos municípios de Belém, Breves, Benevides, Abaetetuba, Santarém e Marabá. Como resultado aprovamos mais de mil alunos nas universidades do Estado, além de alunos em universidades particulares, uma conquista e tanto e que muito nos orgulhou. Mas o trabalho não pode parar e, este ano, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)registrou 9.276.328 inscritos no país, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Educação. Só na região Norte foram 3.077 inscritos. Com o sucesso do projeto em 2015 decidimos estende-lo, levando o projeto para os mesmos municípios do ano anterior e incluindo ainda, Castanhal, Capanema e Portel. Ou seja chegaremos a mais alunos. O Pro Paz Enem é um projeto do Governo do Estado que vem para cumprir as metas do pacto pela educação e ele só se tornoupossível com o apoio das Secretária Estadual de Educação (Seduc), Secretaria Estadualde Comunicação (Secom) e a Fundação Paraense de Radiodifusão (Funtelpa). Este ano o projeto contará com uma inovação, com as apostilas do conteúdo programáticosendo oferecidas para download online. Nossa intenção é que este material, feitos pelos nossos professores chegue ao máximo de alunos em todo o Estado.

Esperamos com este trabalho ajudar para que você, aluno, consiga o melhor resultado na prova do Enem e realize seu sonho de passar em uma universidade. Nós, da Fundação Pro Paz, estamos ao seu lado neste desao. Uma boa aula!

Jorge Bittencourt – Presidente da Fundação Pro Paz

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MATEMÁTICAPROBABILIDADE E ESTATÍSTICA

PROBABILIDADE

A palavra probabilidade deriva do Latim proba-re (provar ou testar). Informalmente, provável é uma das muitas palavras utilizadas para eventos incertos ou conhecidos, sendo também substituída por algumas palavras como “sorte”, “risco”, “azar”, “incerteza”, “du-vidoso”, dependendo do contexto.

A probabilidade é um número que varia de 0 (zero) a 1 (um) e que mede a chance de ocorrência de um determinado resultado. Quanto mais próxima de zero for a probabilidade, menores são as chances de ocorrer o resultado e quanto mais próxima de um for a probabilidade, maiores são as chances.

As probabilidades podem ser expressas de di-versas maneiras, inclusive decimais, frações e percen-tagens. Por exemplo, a chance de ocorrência de um determinado evento pode ser expressa como 10%; 5 em 10; 0,20 ou 1/7.

EXPERIMENTO ALEATÓRIOExperimento é qualquer atividade realizada que

pode apresentar diferentes resultados. Um experimen-to é dito aleatório quando não conseguimos afirmar o resultado que será obtido antes de realizar o experi-mento. Um experimento é dito equiprovável se todos os possíveis resultados possuem a mesma chance de ocorrer.

ESPAÇO AMOSTRAL E EVENTOEm uma tentativa com um número limitado de

resultados, todos com chances iguais, devemos consi-derar:

ESPAÇO AMOSTRAL (E)Espaço amostral é o conjunto E cujos elementos

são todos os possíveis resultados que podem ser obti-dos na realização de um experimento.

EVENTO (A)Evento é qualquer subconjunto de um espaço

amostral.

CÁLCULO DE PROBABILIDADESSeja um evento A de um espaço amostral refe-

rente a um experimento aleatório e equiprovável.A probabilidade P(A) de se obter o evento A é

dada por:

Onde:n(A) é o número de elementos do evento A;n(E) é o número de elementos do espaço amostral

ESTATÍSTICA

A Estatística está presente em todas as áreas da ciência que envolvam o planejamento do experimento, a construção de modelos, a coleta, o processamento e a análise de dados e sua consequente transformação em informação, para validar hipóteses científicas sobre um fenômeno observável. Desta forma, a Estatística pode ser pensada como a ciência de aprendizagem a partir de dados.

A aplicação de técnicas estatísticas a dados me-teorológicos tem a vantagem de compactar o enorme volume de dados, medidos, por exemplo, em uma es-tação, em uma simples tabela ou uma equação, capaz de sumariar todas as informações de modo a facilitar as inferências sobre os dados.

DEFINIÇÃO: A estatística é uma coleção de mé-todos para planejar experimentos, obter dados e orga-nizá-los, resumi-los, analisá-los, interpretá-los e deles extrair conclusões.

NOÇÕES DE ESTATÍSTICAAMOSTRASão elementos coletados dentro do vasto uni-

verso.

ROL: É toda sequência de dados numéricos.

Exemplo:Os cincos alunos de uma amostra apresentaram as seguintes notas na prova bimestral de matemática 6; 4; 8; 7; 8. Apresentando esses dados em rol, te-mos: (4; 6; 7; 8; 8) ou (8; 8; 7; 6; 4).

CLASSES: Qualquer intervalo real que contenha um rol da amostra.

MEDIDAS DE POSIÇÃOSão as estatísticas que representam uma série

de dados orientando-nos quanto à posição da distri-buição em relação ao eixo horizontal do gráfico da cur-va de frequência.

As medidas de posições mais importantes são as medidas de tendência central ou pro médias (verifi-ca-se uma tendência dos dados observados a se agru-parem em torno dos valores centrais).

As medidas de tendência central mais utilizadas são: média aritmética, moda e mediana.

MÉDIA ARITMÉTICAÉ igual ao quociente entre a soma dos valores

do conjunto e o número total dos valores.

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MÉDIA ARITMÉTICA PONDERADAConsideremos uma coleção formada por n nú-

meros, de forma que cada um esteja sujeito a um peso (valor que indica a quantidade de vezes em que cada número se repete).

A média aritmética ponderada desses n núme-ros é a soma dos produtos de cada um por seu peso, dividida pelos somatórios dos seus pesos, isto é:

Nota: “peso” é sinônimo de “ponderação

MODA(Mo): É o valor que ocorre com maior frequência.Quando dois valores ocorrem com a mesma fre-

quência, cada um deles é chamado de uma moda, e o

conjunto se diz BIMODAL.Se mais de dois valores ocorrem com a mesma

frequência máxima, cada um deles é uma moda e o conjunto é MULTIMODAL.

Quando nenhum valor é repetido o conjunto não tem moda

MEDIANA (Md)Valor do meio do conjunto de dados, quando

os valores estão dispostos em ordem crescente ou de-crescente; divide um conjunto de dados em duas par-tes iguais.

Para calcular:• Disponha os valores em ordem (crescente ou

decrescente)• Se o número de valores é ímpar, a mediana é o

número localizado no meio da lista.• Se o número é par, a mediana é a média aritmé-

tica dos dois valores do meio.

Competência de área 6:Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando previsão de tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.

Habilidade 24:Utilizar informações expressas em gráficos ou tabelas para fazer inferências.

Habilidade 25:Resolver problema com dados apresentados em tabe-las ou gráficos.

Habilidade 26:Analisar informações expressas em gráficos ou tabelas como recurso para a construção de argumentos.

Competência de área 7Compreender o caráter aleatório e não determinísti-co dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instru-mentos adequados para medidas, determinação de

amostras e cálculos de probabilidade para interpretar informações de variáveis apresentadas em uma distri-buição estatística.

Habilidade 27:Calcular medidas de tendência central ou de dispersão de um conjunto de dados expressos em uma tabela de frequências de dados agrupados (não em classes) ou em gráficos.

Habilidade 28Resolver situação-problema que envolva conhecimen-tos de estatística e probabilidade.

Habilidade 29:Utilizar conhecimentos de estatística e probabilidade como recurso para a construção de argumentação.

Habilidade 30:Avaliar propostas de intervenção na realidade utili-zando conhecimentos de estatística e probabilidade.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

01. (JUARY) A tabela abaixo mostra os resultados de uma pesquisa sobre a faixa salarial dos funcionários de uma empresa que usam bicicleta para ir ao trabalho.

Faixa salarial em R$ Nº de funcionários350 450 380450 550 260550 650 200650 750 180750 850 120850 950 60Total 1200

O salário médio desses trabalhadores éa) R$ 400,00. d) R$ 521,00.b) R$ 425,00. e) R$ 565,00.c) R$ 480,00.

02. (ENEM) A participação dos estudantes na Olimpía-da Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) aumenta a cada ano. O quadro indica o percentual de medalhistas de ouro, por região, nas edições da OBMEP de 2005 a 2009:

Disponível em: http://www.obmep.org.br. Acesso em: abr. 2010 (adaptado).

Região 2005 2006 2007 2008 2009

Norte 2% 2% 1% 2% 1%

Nordeste 18% 19% 21% 15% 19%

Centro-Oeste 5% 6% 7% 8% 9%

Sudeste 55% 61% 58% 66% 60%

Sul 21% 12% 13% 9% 11%

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Em relação às edições de 2005 a 2009 da OBMEP, qual o percentual médio de medalhistas de ouro da região Nordeste?a) 14,6% d) 19,0%b) 18,2% e) 21,0%c) 18,4%

03. (ENEM) A escolaridade dos jogadores de futebol nos grandes centros é maior do que se imagina, como mostra a pesquisa abaixo, realizada com os jogadores profissionais dos quatro principais clubes de futebol do Rio de Janeiro. De acordo com esses dados, o percentual dos jogadores dos quatro clu-bes que concluíram o Ensino Médio é de aproxima-damente:

a) 14%. d) 60%. b) 48%. e) 68%.c) 54%.

04. (ENEM) No gráfico abaixo, mostra-se como variou o valor do dólar, em relação ao real, entre o final de 2001 e o início de 2005.

Por exemplo, em janeiro de 2002, um dólar valia cerca de R$ 2,40.

Durante esse período, a época em que o real esteve mais desvalorizado em relação ao dólar foi no:a) final de 2001.b) final de 2002.c) início de 2003.d) final de 2004.e) início de 2005.

05. (ENEM) As 23 ex-alunas de uma turma que comple-tou o Ensino Médio há 10 anos se encontraram em uma reunião comemorativa. Várias delas haviam se casado e tido filhos. A distribuição das mulheres, de acordo com a quantidade de filhos, é mostrada no gráfico abaixo. Um prêmio foi sorteado entre todos os filhos dessas ex-alunas. A probabilidade de que a criança premiada tenha sido um(a) filho(a) único(a) é:

a) 1/3. d) 7/23. b) 1/4. e) 7/25.c) 7/15.

06. (ENEM) Um estudo caracterizou 5 ambientes aquá-ticos, nomeados de A a E, em uma região, medindo parâmetros físico químicos de cada um deles, in-cluindo o pH nos ambientes. O Gráfico I represen-ta os valores de pH dos 5 ambientes. Utilizando o gráfico II, que representa a distribuição estatística de espécies em diferentes faixas de pH, pode-se es-perar um maior número de espécies no ambiente:

Gráfico I

Gráfico II

a) A. d) D. b) B. e) E.c) C.

07. (ENEM) O gráfico apresenta o comportamento de emprego formal surgido, segundo o CAGED, no pe-ríodo de janeiro de 2010 a outubro de 2010.

Com base no gráfico, o valor da parte inteira da me-diana dos empregos formais surgidos no período éa) 212.952. b) 229.913. c) 240.621. d) 255.496. e) 298.041.

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FÍSICAONDAS E FENÔMENOS

1 – GRANDEZAS ASSOCIADAS AS ONDAS

a) Amplitude (A): maior valor da elongação

b) Crista ou pico de uma onda: é o ponto mais alto de uma onda.

c) Vale ou cavado de uma onda: é o ponto mais baixo de uma onda.

d) Comprimento de onda (λ): é a distância entre duas cristas ou dois vales consecutivos. Simpli-ficadamente costuma-se dizer que o comprimento de onda é o tamanho de duas perturbações.

2 cm

λ = 4 cm

9 cm

λ = 6 cm

e) Período (T): Tempo de 1(uma) oscilação completa.

T (período)

f) frequência (f): é a grandeza dada pela razão entre o número de vibrações (n) de um ponto da onda e o intervalo de tempo (∆t). A frequência é medida em Hertz (Hz) no sistema internacional de unidades

g) VELOCIDADE DE UMA ONDA (v)

2 – FENÔMENOS ONDULATÓRIOS

A) REFLEXÃOA figura representa a reflexão de ondas retas por

um obstáculo plano.

λ1λ2

v1 v2

• A velocidade é uma característica do meio de propagação, então a onda refletida tem a mesma velocidade da onda incidente.

• A frequência, por ser uma característica da fonte, permanece inalterada.

• O comprimento de onda permanece inalte-rado.

B) REFRAÇÃO

OBSERVAÇÕES:• A frequência das ondas é uma característica

da fonte e não se altera na refração.• Se a onda sofre redução de velocidade, o

raio desta onda se aproxima da normal, caso contrário afasta-se da normal.

• Se a onda sofre redução de velocidade é na-tural que sofra uma diminuição no seu com-primento de onda V↓ = λ↓. f

• Se uma onda na superfície da água passa de uma região rasa para uma região funda, ocorre uma redução de velocidade.

C) DIFRAÇÃO

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A difração ocorre quando uma onda encontra uma fenda ou obstáculo. As ondas conseguem contor-na os obstáculos e fendas.

Para que ocorra difração a dimensão da fenda ou obs-táculo deve ter uma menor dimensão ou pelo menos da mesma ordem de grandeza.

D) INTERFERÊNCIAO fenômeno da superposição dos efeitos das

ondas que se cruzam é denominado interferência.

● CONSTRUTIVA

a1a2

antes da superposição

a = a1 + a2

durante a superposição

a1a2

após a superposição

● DESTRUTIVA

a1

antes da superposição

a = a1 – a2

durante a superposição

a1

após a superposição

CONTEXTUALIZAÇÃO

A tecnologia do silêncio

A eliminação de ruídos indesejáveis pode ser feita utilizando-se o fenômeno da interferência. Micro-fones captam os ruídos do ambiente e os enviam a um computador. Este analisa o som recebido e emite outro, em oposição de fase relativamente ao captado. Da superposição das duas ondas resulta uma interferência destrutiva e conseqüentemente o silêncio.Essa técnica vem sendo pesquisada nos Estados Unidos com a finalidade de eliminar os elevados ruídos causa-dos pelas turbinas no interior de caças-bombardeiros e nos carros de combate.

E) POLARIZAÇÃOÉ o fenômeno que ocorre quando a onda é “fil-

trada”, permitindo apenas a passagem de vibrações que ocorrem em uma única direção previamente

estabelecida.

OBSERVAÇÃO 01

Colocando-se uma segun-da cerca, rotacionada de 90º em relação à primei-ra, a onda polarizada não conseguirá passar através dela. É assim que se expli-ca a polarização de ondas transversais.

OBSERVAÇÃO 02Os polaróides são utilizados em instrumentos de labo-ratório, e também para evitar o ofuscamento produzido pela incidência da luz solar nos vidros dos carros. Na praia, a utilização de lentes polarizadoras nos óculos de sol permite que parte da luz incidente sobre a lente seja absorvida, diminuindo o excesso de iluminação.

OBSERVAÇÃO 03

A luz natural pode ser pola-rizada quando refletida sob certo ângulo em superfícies brilhantes. Ob-serve, a redução no pára-brisa do carro na foto à foto esquerda, em que se utilização uma câmara que dispunha de um filtro polaróide.

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COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

01. A luz e som têm carácter ondulatório, mas a luz pode ser polarizada e o som não pode ser polari-zado, por que:

a) não existem aparelhos suficientemente precisos para polarizar o som.

b) a luz é uma onda transversal e o som, onda longi-tudinal

c) o som necessita de um meio para se propagar e a luz não.

d) a luz é formada por superposição de ondas de dife-rentes comprimentos de onda e o som não.

e) a afirmação é errada: o som pode ser polarizado.

02. Na escola ribeirinha em que João estudou, uma das tarefas mais difíceis para a professora era manter os alunos na sala, quando uma grande embarcação se aproximava. Os pequenos estudantes precipi-tavam-se em suas canoas para “pegar” o banzeiro - onda que se propaga na superfície da água, de-vido a perturbações produzidas pela embarcação em movimento. No ritmo do banzeiro, as canoas subiam e desciam enquanto a onda se propagava. A respeito do banzeiro, é correto afirmar que

a) se propaga por vibrações de partículas que se mo-vimenta na mesma direção de propagação da onda.

b) uma diferença entre os banzeiros produzidos por grandes e por pequenas embarcações é a amplitude da onda.

c) em pontos próximos à embarcação, a energia do banzeiro é menor do que em pontos mais distantes.

d) suas velocidades não dependem das propriedades físicas do meio no qual se propagam.

e) para um banzeiro com determinada velocidade, quanto maior a freqüência da onda, maior o com-primento de onda

03. Como tecnologia para armazenamento de infor-mações o DVD tem, em comparação com o CD comum, a vantagem de poder armazenar uma quantidade muito maior de dados. Em parte esta vantagem resulta de no DVD os sulcos microscó-picos terem tamanho ainda menor do que no CD, o que permite que mais sulcos sejam gravados em um disco com a mesma área. Entretanto, existem limites para quão pequenos podem ser esses sul-cos, impostos pelo comprimento de onda do laser usado na leitura. Baseando-se nessas informações, indique qual das cores listadas abaixo permitiria a leitura de um disco com a maior capacidade de ar-mazenamento.

a) Amarelo c) Verde b) Azul d) Vermelho

04. O caráter ondulatório do som pode ser utilizado para eliminação, total ou parcial, de ruídos indesejáveis. Para isso, microfones captam o ruído do ambiente e o enviam a um computador, programado para analisá-lo e para emitir uma onda que anule o ruído original indesejável. O fenômeno ondulatório no qual se fundamenta essa tec-nologia é a:a) polarização d) reflexãob) interferência e) refraçãoc) difração

05. O caráter ondulatório do som pode ser utilizado para eliminação, total ou parcial, de ruídos indesejáveis. Para isso, microfones captam o ruído do ambiente e o enviam a um computador, programado para analisá-lo e para emitir uma onda que anule o ruído original indesejável. O fenômeno ondulatório no qual se fundamenta essa tec-nologia é a:a) polarização d) reflexãob) interferência e) refraçãoc) difração

06.As fotografias 1 e 2, mostradas abaixo, foram tiradas da mesma cena. A fotografia 1 permite ver, além dos obje-tos dentro da vitrine, outros objetos que estão fora dela (como, por exemplo, os automóveis), que são vistos de-vido à luz proveniente destes refletida pelo vidro comum da vitrine. Na fotografia 2, a luz refletida foi eliminada por um filtro polarizador colocado na frente da lente da câmera fotográfica.

Comparando-se as duas fotos, pode-se afirmar quea) a luz proveniente dos objetos dentro da vitrine não está

polarizada e a luz refletida pelo vidro não está polarizada.b) a luz proveniente dos objetos dentro da vitrine está po-

larizada e a luz refletida pelo vidro não está polarizada.c) a luz proveniente dos objetos dentro da vitrine não está

polarizada e a luz refletida pelo vidro está polarizada.d) a luz proveniente dos objetos dentro da vitrine está polari-

zada e a luz refletida pelo vidro está polarizada.

Competência de área 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo

seus papéis nos processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.Habilidade 1– Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a

seus usos em diferentes contextos.

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QUÍMICAEQUILÍBRIO IÔNICO,

ESTEQUIOMETRIA E SOLUÇÕES

I. EQUILÍBRIO IÔNICO

As principais equações para calcu-lar o pH e pOH são:

[H+] . [OH-]= 10-14

pH + pOH = 14pH= - log [H+]pOH= -log [OH-][H+]= α . M (Quando a ionização

não é completa).[H+].Vi = [H+]. Vf (Diluição)

01. A vitamina C traz muitos benefícios para a saúde. Ela pode ser encontrada em frutas cítricas, como laranja, morango, e acerola, e alguns vegetais. Um dos papéis mais significativos da vitamina C está associado ao colágeno, proteína responsável por fornecer resistência aos ossos, dentes e paredes de vasos sanguíneos.

A vitamina C também aumenta a absorção orgânica de ferro de origem vegetal, ajudando a prevenir a anemia ferropriva e é um potente antioxidante, protegendo as moléculas do organismo. A quantidade de vitamina C necessária para prevenir a deficiência e suas doenças específicas em humanos, como o escorbuto, é em torno de 10 mg/dia. No entanto, algumas situações como gestação, lactação, pós-cirurgia e queimaduras graves, podem elevar esta necessidade. Fumantes também necessitam de uma quantidade mais elevada. Agora, você tem bons motivos para inserir a vitamina C no seu dia a dia.

Fonte: Ministério da Saúde

Para evitar uma gripe pode-se ingerir um comprimido de ácido ascórbico (vitamina C), C6H8O6. Sabe-se que o comprimido pesa 3,52 g dissolvido em 100 ml de água. O pH dessa solução, estando ela 5% ionizada é

a) 0,2 b) 1 c) 2 d) 3 e) 0,3

Competência de área 5:Entender métodos e procedimentos próprios das ciên-cias naturais e aplicá-los em diferentes contextos.Habilidade H17:Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ci-ências físicas, químicas ou biológicas, como texto dis-cursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou lin-guagem simbólica.Habilidade H18: Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológi-cas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológi-cos às finalidades a que se destinam.Habilidade H19: Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ci-ências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental.

Competência de área 7: Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar in-tervenções científico-tecnológicas.

Habilidade H24: Utilizar códigos e nomenclatura da química para ca-racterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.Habilidade H25:Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou pro-dução.Habilidade H26:Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômi-cas na produção ou no consumo de recursos energéti-cos ou minerais, identificando transformações quími-cas ou de energia envolvidas nesses processos.Habilidade H27:Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.

Comentário: Os conteúdos propostos neste fas-cículo relacionam-se a eixos temáticos que abor-dam problemáticas de ordem ambientais e sociais (saúde).

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

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II. ESTEQUIOMETRIA

• 1ª regra: Escreva corretamente a equação química mencionada no problema (caso ela não tenha sido fornecida);

• 2ª regra: As reações devem ser balanceadas corretamente (tentativa ou oxi-redução), lembrando que os coeficientes indicam as proporções em mols dos reagentes e produtos;

• 3ª regra: Caso o problema envolva pureza de reagentes, fazer a correção dos valores, trabalhando somente com a parte pura que efetivamente irá reagir;

• 4ª regra: Caso o problema envolva reagentes em excesso – e isso percebemos quando são citados dados relativos a mais de um reagente – devemos verificar qual deles está correto. O outro, que está em excesso, deve ser descartado para efeito de cálculos.

• 5ª regra: Relacione, por meio de uma regra de três, os dados e a pergunta do problema, escrevendo corretamente as informações em massa, volume, mols, moléculas, átomos, etc. Lembre-se de não po-demos esquecer a relação: 1 mol = ......g = 22,4 L (CNTP) = 6,02x1023

• 6ª regra: Se o problema citar o rendimento da reação, devemos proceder à correção dos valores ob-tidos.

01. Água do mar é matéria-prima importante na obtenção de muitos produtos, entre eles o bromo. Ao se bor-bulhar gás cloro (Cl2) na salmoura, que contém íons brometo (Br-), forma-se o bromo (Br2). A transformação química que ocorre é assim representada

Considerando que a salmoura contém 5,0×10-3 mol L-1 de íons brometo, a quantidade de matéria de bromo, expressa em mols, produzida a partir de 1L de salmoura é

a) 1,0 × 10-2 b) 2,5 c) 2,5 × 10-3

d) 1,5 × 10-2

e) 5,0 × 10-3

III. SOLUÇÕES

Concentração comum (C) Molaridade (M)

3. Na Copa do Mundo, a FIFA submete os atletas a rigoroso controle de dopagem. Entre as várias substâncias proibidas, está, na classe dos estimulantes, a cafeína, caso seja detectada, na urina, em con-centração superior a 12×10-6 g/L de urina (12 µg/L).

Essa concentração corresponde a uma solução de cafeína de, aproximadamente, (DADOS: C = 12; H = 1; O = 16; N = 14)

a) 6 × 10-8 mol/L b) 12 × 10-6 mol/L c) 1 × 10-8 mol/L d) 1,95 × 10-8 mol/L e) 1,95 × 10-6 mol/L

GABARITO: 1)C, 2)C, 3)A.

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BIOLOGIADST’S/ AIDS

Existem diferentes tipos de doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), causadas por diversos tipos de agentes infecciosos, entre eles vírus, bactérias, fungos, protozoários e artrópodes. Esses agentes são geralmente transmitidos de uma pessoa a outra pelo contato sexual e, exceto no caso da pediculose pubiana (popularmente conhecida por “chato”) e de algumas viroses, todas elas podem ser prevenidas pelo uso de camisinha durante a relação sexual.

Algumas DST’s são difíceis de curar, mas em todos os casos há tratamento que amenizam os sintomas ou podem evitar progressão da doença. Outras DSTs são curáveis, desde que se procure rapidamente ajuda médica.

A seguir, apresentamos um quadro resumido das principais DSTs, que constituem um dos grandes proble-mas da saúde pública mundial. É direito e dever de todo cidadão manter-se informado sobre doenças transmis-síveis e evitar sua transmissão, uma vez que sua disseminação afeta toda a sociedade.

AIDS.A mais temível das DSTs é a síndrome da imuno-

deficiência adquirida AIDS (do inglês, acquired immu-nodeficience syndrome), doença até o momento incu-rável, embora já existam alguma forma de tratamento que podem melhor a condição de vida dos doentes. A AIDS é causada por vírus da imunodeficiência humana ou HIV (do inglês, human immnunodeficience virus), que ataca células do sistema imunitário, entre elas o linfócito T auxiliador (o célula CD4). Os linfócitos T são os “comandantes” da defesa imunitária do organismo; são eles que estimulam os linfócitos B a produzir anti-corpos e os linfócitos T matadores (células CD8) a des-truir células infectadas por vírus.

O HIV ataca e destrói os linfócitos CD4, dimi-nuindo a capacidade do organismo de reagir às infec-ções mais comuns. Com isso, a pessoa infectada pelo HIV pode ser atacada por diversos tipos de microorga-nismo que, em condições normais, não representariam perigo.

Na fase inicial da infecção, a pessoa infectada não apresenta sintomas, mas a presença do HIV já pode ser detectada Poe exames de sangue, no qual

aparecem anticorpos contra o vírus. Pessoas com anticorpos contra o HIV são chamadas de soropositivas e pode disseminar o vírus pelo ato sexual, se não for usada a camisinha.

A evolução da doença leva a queda de produção de linfócitos CD4 e a pessoa começa a manifestar os primeiros sintomas da AIDS: inchaço dos linfonodos, fraqueza, febre, emagrecimento, suores noturnos diarréias infecciosas. No estágio avançado, aparecem problemas neurológicos e a pessoa é seriamente afetada pelas cha-madas “infecções oportunistas”, que levam a pneumonias (frequentemente causadas pelo fungo Pneumocystis carinii) e a câncer de pele (o mais comum e o sarcoma de kaposi, causado pelo vírus KSHV).

A AIDS é transmitida por contato sexual com pessoas infectadas e também pelo sangue, principalmente pelo compartilhamento de seringas no uso de drogas injetáveis ou por transfusão de sangue contaminado. Re-cém-nascidos filhos de mães portadoras de HIV podem adquirir o vírus durante o parto ou ao ser amamentados com o leite materno.

Embora ainda não haja cura para a AIDS, os tratamentos quimioterápicos, denominados terapias antire-trovirais, evoluíram muito. O uso combinado de diversas drogas antivirais, os chamados “coquetéis antivirais”, compostos por inibidores de síntese de ácidos nucléicos e de enzimas importantes para a formação das partículas virais, tem conseguido prolongara vida de muitos pacientes.

Cancro moleCancro mole (também chamado cancro venéreo simples ou “cavalo”) é uma doença causada pela bactérias

Hemophilus ducreyi, transmitida exclusivamente por via sexual. Caracteriza-se por lesões, geralmente dolorosas, nos órgãos genitais, sendo mais frequente no homem. O período de incubação da bactéria, durante o qual os sintomas ainda não se manifestaram, geralmente é de três a cinco dias, mas pode durar até duas semanas. O tratamento é feito com antibióticos e durante esse período a pessoa deve abster-se de relações sexuais, até a doença estar completamente curada.

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Condiloma acuminadoO condiloma acuminado (popularmente chamado de “crista de galo”) é uma DST causada pelo papilomaví-

rus humano ou HPV (do inglês, human papilloma virus), transmitido por via sexual ou adquirido da mãe durante a gestação. Caracteriza-se pelo aparecimento nos órgãos genitais, de lesões em forma de verrugas altas, que apresentam um “cume”, ou crista, bem pronunciado (daí o nome de condiloma acuminado). Um grande problema da aquisição do HPV é que ele pode causar também câncer nos órgãos genitais e no ânus.

O tratamento consiste em remover as lesões condilomatosas (com uso de substâncias químicas ou com cirurgia), mas ainda não se sabe como eliminar o vírus do organismo. Por causa disso, costuma haver recorrência depois da infecção primária.

GonorreiaTambém conhecida por (blenorragia) é uma DST causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae (gonococo),

transmitida exclusivamente por via sexual ou adquirida pelo recém-nascido na hora do parto. O diagnóstico da doença é fácil nos homens, que manifesta os sintomas como um ardor ao urinar e produção de uma secreção uretral de cor amarelada, poucos dias após a infecção. Nas mulheres, porém, os sintomas são poucos evidentes, o que representa um grande risco de a infecção evoluir para o que de denomina DIP (doença inflamatória pélvica), com o comprometimento das tubas uterinas. Em muitos casos, a inflamação das tubas pode levar á esterilidade. Nos bebês a infecção gonocócica pode levar à cegueira.

A gonorréia pode ser curada com antibióticos, que devem ser ingeridos, com acompanhamento médico, tão logo os sintomas se manifestem. É importante que um homem, ao perceber os sintomas iniciais da doença, abstenha-se imediatamente de relações sexuais e informe suas parceiras ou parceiros sobre o problema, para que eles também iniciem o tratamento com antibiótico. Esse alerta, aliás, é válido para qualquer tipo de DST.

Linfogranuloma venéreoConhecido popularmente por “mula” é uma DST causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, que se

transmite exclusivamente por via sexual. Os sintomas iniciais são pequenas bolhas ou feridas nos órgãos genitais, que geralmente desaparecem logo. Mais tarde, após um período de incubação entre 3 e 30 dias, ocorre grande inchaço nos linfonodos das virilhas (bubão inguinal), mas frequente nos homens.

Os principais sintomas dessa DST são: febre, indisposição, dores no corpo, suores noturno, perda de apetite e emagrecimento. Se não for tratada a tempo, a doença pode deixar sequelas como perfurações (fístulas) no reto e na vagina. O tratamento é feito é feito à base de antibióticos, que melhoram rapidamente os sintomas, embora não revertam as fístulas.

SífilisÉ uma DST causada pela bactéria Treponema

pallidum, transmitida exclusivamente por via sexual ou da mãe para o feto durante a gestação. A doença apresenta três estágios distintos separados por perío-dos “latentes”.

O primeiro estágio caracteriza-se pelo apareci-mento do “cancro duro”, uma lesão nos órgãos geni-tais de consistência endurecida e pouco dolorosa. A lesão cancróide manifesta-se, em média cerca de 20 dias após a contaminação. No homem, cancro duro aparece com maior freqeência na glande do pênis; na mulher, aparece nos lábios menores, nas paredes da vagina e no colo uterino.

No segundo estágio, que geralmente ocorre cerca de 6 a 8 semanas após o cancro duro, apare-cem lesões escamosas na pele nas mucosas. Lesão nas palmas das mãos e nas plantas dos pés são fortes indicativos de sífilis secundária. Outros sintomas são dores no corpo, febres, dores de cabeça e falta de dis-posição.

No terceiro estágio, a sífilis pode afetar o siste-ma nervoso, causando problemas mentais, dificuldades de coordenação motora e cegueira.

O tratamento é feito com antibiótico específico para cada estágio da doença. Naturalmente, quanto mais cedo a doença for diagnosticada maior o êxito do tratamento e menores a sequelas.

Herpes genitalA herpes genital é uma DST causada pelo herpes-virus tipo 2 ou HSV-2 (do inglês, Herpes simplex virus

type 2). Os sintomas são lesões nos órgãos genitais, no início caracterizadas por bolhas cheias de líquido que, depois, transformam-se em pequenas feridas. O período de incubação da doença é de 3 a 14 dias, no caso de ser a primeira infecção. Em muitos casos, o herpes é recorrente, isto é, volta a atacar a pessoa aparentemente curada.

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O tratamento consiste em limpar as lesões com solução fisiológica ou água boricada e aplicar pomadas antibióticas para evitar infecções secundárias, isto é, causadas por outros agentes infecciosos. A dor pode ser aliviada com analgésicos e anti inflamatórios. Embora alguns medicamentos possam reduzir a duração e a frequência das infecções recorrentes, ainda não há cura definitiva para o herpes genital. Um dos riscos dessa DST é a contaminação dos bebês ainda no período de gestação. O herpes pode ser grave nos recém-nascidos e nesses casos exige cuida-dos médicos especializados.

TricomoníaseA tricomoníase é uma infecção na vagina ou trato genital masculino causada

pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Pode ser assintomática ou causar uretrite e vaginite, ocasionalmente cis-tite, epididimite ou prostatite. O organismo pode persistir por longos períodos no trato urinário masculino sem causar sintomas, e pode ser transmitida involuntariamente aos parceiros e parceiras sexuais. É comum a tricomo-níase estar acompanhada de gonorreia e outras doenças sexualmente transmissíveis (DST).

Tricomoníase é causada por um protozoário unicelular chamado Trichomonas vaginalis ou T. vaginalis, um tipo de parasita minúsculo que se transmite entre as pessoas durante a relação sexual. O período de incubação entre a exposição e a infecção pode variar de cinco a 28 dias.

Sintomas de TricomoníaseMuitas mulheres e maioria dos

homens com tricomoníase não apre-sentam sintomas, pelo menos não no início. No entanto, os sintomas vagi-nais de tricomoníase incluem:

• Corrimento vaginal abun-dante e com mau cheiro, que pode ser branco, cinza, amarelo ou verde

• Vermelhidão genital• Coceira vaginal• Dor e ardor ao urinar ou na

relação sexual• Dor abdominal (raro).• Os sinais e sintomas po-

dem piorar durante a menstruação.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADESCompetência de área 4Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.

H14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilí-brio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

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01. A respeito das doenças sexualmente transmissíveis, marque a questão correta:

a) Todas as doenças sexualmente transmissíveis são caracterizadas pelo aparecimento de lesões.

b) A camisinha só é eficiente como método para pro-teger contra a gravidez.

c) Uma mulher grávida pode transmitir uma doença sexualmente transmissível ao seu filho.

d) Toda DST é transmitida exclusivamente por relação sexual.

e) A AIDS, a sífilis, a gonorreia e a anemia são doenças sexualmente transmissíveis.

02. O HIV é o vírus causador da AIDS. Essa doença ata-ca o sistema imunológico, deixando a pessoa mais suscetível a doenças chamadas de oportunistas. As células mais atingidas por esse vírus são:

a) Hemácias. b) Plaquetas.c) Linfócitos T. d) Linfócitos B.e) Macrófagos.

03. As DST são doenças causadas por vírus, bactérias ou outros micróbios. São transmitidas, principalmente, nas relações sexuais. A DST causada pela bactéria Treponema pallidum, adquirida por contato sexual com pessoa contaminada, por beijo ou por transfu-são de sangue chama-se:a) sífilisb) cancro mole (blenorragia)c) tricomoníased) herpes simples genitale) gonorreia

04. (UFSJ 2013) “Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a AIDS. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas podem transmitir o vírus a outros pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compar-tilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação. Por isso, é sempre importante fazer o teste e proteger--se em todas as situações.

a) O corpo reage diariamente aos ataques de bacté-rias, vírus e outros micróbios por meio do sistema imunológico. Muito complexa, essa barreira é com-posta por milhões de células de diferentes tipos e com diferentes funções, responsáveis por garantir a defesa do organismo e por manter o corpo funcio-nando livre de doenças.

b) O Sistema Imunológico: entre as células de defesa estão os linfócitos T CD4+, principais alvos do HIV, vírus causador da AIDS, e do HTLV, vírus causador de outro tipo de doença sexualmente transmissível. São esses glóbulos brancos que organizam e co-mandam a resposta diante dos agressores. Produ-zidos na glândula timo, aprendem a memorizar, re-conhecer e destruir os micro-organismos estranhos que entram no corpo humano.

c) O HIV liga-se a um componente da membrana des-sa célula, o CD4, penetrando no seu interior para se multiplicar. Com isso, o sistema de defesa vai pouco a pouco perdendo a capacidade de responder ade-

quadamente, tornando o corpo mais vulnerável a doenças. Quando o organismo não tem mais forças para combater esses agentes externos, a pessoa co-meça a ficar doente mais facilmente e então se diz que tem AIDS. Esse momento geralmente marca o início do tratamento com os medicamentos antir-retrovirais, que combatem a reprodução do vírus”. Disponível em www.aids.gov.br.

5. Sobre o sistema imunológico e a AIDS, é INCORRETO afirmar que

a) o vírus HIV enfraquece o sistema imunológico por utilizar a maquinaria genética do Linfócito T para se multiplicar.

b) os vírus HIV utilizam os componentes de membrana CD4 dos linfócitos T para duplicarem seu material genético.

c) o vírus HIV se ancora na membrana dos linfócitos T pelo reconhecimento do CD4 e introduz nesse lin-fócito seu material genético.

d) o vírus HIV e a doença AIDS não são sinônimos. A AIDS só se estabelece com a progressão das taxas de multiplicação dos vírus e a destruição dos lin-fócitos T, pela alteração do DNA desses linfócitos e sua destruição levando ao enfraquecimento do sistema imunológico do hospedeiro que passa a ter imunodeficiência.

06. (UEPB 2012) A prin-cipal atração dos festejos juninos em Campina Grande é o tradicional forró. Este ritmo encanta os brasileiros desde o início do século XX. A dança é realizada por casais, que dançam com os corpos bem colados, transmitindo sensualidade. Nesse ritmo de romantismo e sensualidade muitos casais são formados durante o São João, o que preo-cupa a organização do evento e os órgãos de saúde pública em relação à transmissão de Doenças Se-xualmente Transmissíveis (DSTs). Com o objetivo de alertar os forrozeiros de Campina Grande e de outras cidades sobre a importância do uso do preservativo como única forma de prevenção das Doenças Se-xualmente Transmissíveis, entre elas, a AIDS, foi lan-çada a campanha “Quem tem atitude usa camisinha”, que distribuiu mais de 100 mil preservativos durante o período da festa, e intensificou ações educativas e preventivas para orientar e informar a população quanto à prática do sexo seguro.

Sobre as DSTs assinale a alternativa CORRETA. a) As DSTs têm transmissão apenas por relação sexual. b) AIDS, Varíola, Gonorreia e Sífilis são viroses transmi-

tidas através do ato sexual. c) Métodos contraceptivos como tabelinha, coito in-

terrompido e uso de anticoncepcionais podem ser usadas para evitar DST.

d) As DSTs devem ser sempre tratadas com antibióticos. e) A sífilis caracteriza-se pelo aparecimento, próximo

aos órgãos sexuais, de uma ferida de bordas endu-recidas, indolor, o “cancro duro”.

GabaritoCCAABE

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FILOSOFIAÉTICA E CIDADANIA

ÉTICA E CIDADANIA

Ética é uma daquelas coisas que todo mundo sabe o que é, mas que não são fáceis de explicar, quan-do alguém pergunta. Normalmente ela é colocada como um estudo ou uma reflexão, científica ou filo-sófica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas. Mas também chamamos de ética a própria vida, quan-do conforme aos costumes considerados corretos.

A ética pode ser o estudo das ações ou dos cos-tumes, e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento. Portanto, existe um conjunto de re-gras que determina o comportamento dos indivíduos em um grupo social, e a isto chamamos de moral.

Para garantir a sobrevivência, o ser humano age sobre a natureza transformando-a em cultura. Para que a ação coletiva seja possível, são estabelecidas regras que organizam as relações entre os indivíduos.

DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL

MORAL: Um conjunto de normas e condutas reconhecidas como adequadas ao comportamento humano por uma dada comunidade humana. A mo-ral estabelece princípios de vida capazes de orientar o homem para uma ação moralmente correta. Com o as comunidades humanas são distintas entre si, tanto no espaço quanto no tempo, os valores podem ser dis-tintos de uma comunidade para outra, o que origina códigos morais diferentes.

ÉTICA: É um estudo sistematizado das diversas morais, no sentido de explicitar os seus pressupostos, ou seja, as concepções sobre o ser humano e a exis-tência humana que sustentam uma determinada mo-ral. Busca refletir sobre os sistemas morais elaborados pelos homens, buscando compreender a fundamenta-ção das normas e interdições próprias a cada sistema moral.

Se a moral é o conjunto de normas de conduta de uma so-ciedade, qual a diferença entre normas morais e normas jurí-dicas?

NORMAS MORAIS: São cumpridas a partir da convic-ção pessoal de cada indivíduo. A sansão eventual pode variar bastante, pois depende funda-mentalmente da consciência moral do sujeito que infringe a norma. A esfera da moral é ampla, atingindo diversos as-pectos da vida humana. A nor-ma moral não se traduz em um código formal.

NORMAS JURÍDICAS: São cumpridas sob pena de punição do Estado em caso de desobediência. A punição, no campo do direito, está prevista na legisla-ção. As normas jurídicas se restringem a questões es-pecíficas nascidas da interferência de condutas sociais.

A ÉTICA DE ARISTÓTELES

A ética de Aristóteles exerceu forte influência no pensamento ocidental. Segundo sua teoria, conhecida como eudaimonia, todas as atividades humanas aspi-ram a algum bem, dentre os quais o maior é a felici-dade.

A ética aristotélica é conhecida como “ética te-leológica”, “ética eudaimônica” ou “ética do equilíbrio”.

Para Aristóteles, a felicidade não se encontra nos prazeres nem na riqueza, mas na atividade racio-nal. Admitindo que o pensar é a principal característica humana, conclui que a felicidade consiste na ativida-de da alma segundo a razão. A felicidade é, portanto, conhecimento e ser racional. O comportamento moral dos indivíduos deve ser um comportamento racional, fazer o bem é uma atitude racional, pois traz benefí-cios para o todo, para a polis grega (cidade). O bem individual deve estar subordinado ao bem coletivo, o que é uma atitude racional, visto que irá proporcionar o crescimento de vários e não de apenas um.

Aristóteles distingue virtudes e vícios pelo cri-tério do excesso, da falta e da moderação: um vício é um sentimento ou má conduta excessivos, ou, ao con-trário, deficientes; a virtude é a justa medida entre o excesso e a falta, o equilíbrio e a moderação.

Aristóteles afirmava:

“A característica específica do homem em comparação com os outros animais é que somente ele tem o senti-mento do bem e do mal, do justo e do injusto e de outras qualidades morais”.

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Assim, o homem age no mundo de acordo com valores, isto é, as coisas do mundo e as ações sobre o mundo não são indiferentes, não se equivalem, mas são hierarquizadas de acordo com as noções de bem e de justo que os homens compartilham em um de-terminado momento. Em outras palavras, o homem é um ser moral, um ser que avalia sua ação a partir de valores.

Também devemos a Aristóteles a definição do campo das ações éticas. Estas não só são definidas pela virtude, pelo bem e pela obrigação, mas também pertencem aquela esfera da realidade na qual cabem a deliberação e a decisão ou escolha.

Devemos a Aristóteles a diferença entre o que é por natureza e o que é por vontade. O necessário é por natureza; o possível, por vontade. Eis por que, desde Aristóteles, afirma-se que a ética e a política se referem às coisas e às ações que estão em nosso poder.

A ÉTICA KANTIANA

Immanuel Kant defende uma lei moral universal, na qual se estabelecem universalmente as regras a se-rem seguidas por todos, da mesma forma, em todos os lugares e em todos os tempos.

Por sua vez, combate o Relativismo Moral, que consiste que, se as regras morais mudam, então o con-ceito do que é certo e errado também muda.

Para Kant, o respeito pelas leis, ou seja, o cum-primento dos deveres, o dever moral é o foco central no comportamento moral.

A ética kantiana é a ética do Dever. Daí ser co-nhecida como ética deontológica.

Com o conceito de heteronomia, Kant quer indi-car a situação de pessoas ou grupos que aceitam pron-tas as regras de conduta sem discussão, sem procurar entendê-las ou sem procurar entender as razões, os critérios, os princípios, as referências que as justificam.

O contrário da heteronomia é a autonomia, que é a capacidade das pessoas se darem, por si mesmas, as regras de conduta ou de aceitarem, a partir do seu próprio entendimento e convencimento, regras de conduta já existentes na sociedade.

A ideia de autonomia é a de que quando o indiví-duo atribui-se o seu próprio rumo, dirige-se a si próprio. O indivíduo moral resiste às paixões naturais e ao ins-tinto animal; sobretudo, ele não se deixa influenciar. As normas morais devem ser obedecidas com os deveres. A noção kantiana de dever se confunde com a própria noção de liberdade, ou seja, o indivíduo para seguir a lei moral deve fazer isto não de uma forma forçada e sim de uma forma livre, por querer. E isso é liberdade.

Para Kant, o indivíduo que obedece à uma nor-ma moral atende à liberdade da razão, isto é, àqui-lo que a razão, no uso de sua liberdade, determinou como correto. Ele reforça essa ideia ao dizer que só pode ser considerado um ato moral aquele ato prati-cado de forma autônoma, consciente e por dever. Com isso, acentua o reconhecimento do dever como uma expressão da racionalidade humana, da única fonte le-gítima da moralidade.

A VISÃO ÉTICA DE NIETZSCHE

Realizou uma crítica radical e impiedosa à tra-dição filosófica e aos valores fundamentais da civiliza-ção ocidental, construindo um pensamento diferente e original.

Seu pensamento orienta-se no sentido de recu-perar as forças vitais, instintivas, subjugadas pela razão durante séculos. Critica Sócrates por ter sido o primei-ro a encaminhar a reflexão moral em direção ao con-trole racional das paixões.

Faz uma análise histórica da moral e denuncia a incompatibilidade entre esta e a vida. Sob o domí-nio da moral o ser humano se enfraquece, tornando-se doentio e culpado. Para ele, se até agora não se pôs em causa o valor dos valores “bem” e “mal”, é porque se supôs que existiram desde sempre. No entanto, uma vez questionados, revelam-se apenas humanos, dema-siados humanos; ou seja, em algum momento e em algum lugar, simplesmente foram criados. Se os valores não existiram desde sempre, mas foram criados, Niet-zsche propõe a genealogia como método de investi-gação sobre a origem deles. Pela genealogia descobre que os instintos vitais foram submetidos e degenera-ram. Procura então ressaltar aqueles valores compro-metidos com o “querer viver”.

Denuncia a falsa moral, “decadente”, “de re-banho”, “de escravo”, cujos valores seriam a bonda-de, a humildade, a piedade e o amor ao próximo. A moral de escravos é herdeira do pensamento so-crático – platônico (que provocou a ruptura entre o trágico e o racional) e da tradição judaico – cristã, da qual deriva a moral decadente, porque é baseada na tentativa de subjugação dos instintos pela razão. O indivíduo se enfraquece e tem diminuído sua po-tência. As práticas do altruísmo destroem o amor de si, domesticando os instintos e produzindo gerações de fracos.

A “moral de senhores” é que é a moral positiva, que visa à conservação da vida e dos seus instintos fundamentais.

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É positiva porque é baseada no sim à vida e configura-se sob o signo da plenitude, do acréscimo. Funda-se na capacidade de criação, de invenção, cujo resultado é a alegria, consequência da afirmação da potência. O indivíduo que consegue se superar é o que atingiu o além – do – homem. É aquele que consegue reavaliar os valores, desprezar os que o diminuem e criar outros que estejam comprometidos com a vida.

Talvez se pense que Nietzsche chega ao extremo individualismo e amoralismo. Muitos inclusive o cha-maram de “niilista”, para acusá-lo de não acreditar em nada e negar os valores, o que não é verdade. Para ele, virtude é auto – realização. Se essa moral valoriza a in-dividualidade, o faz tanto para si como para os outros, pois cada um pode ser ele mesmo.

A ÉTICA COMUNICATIVA DE HABERMAS

Para Habermas, o mundo da vida é a esfera da reprodução simbólica, da linguagem, das redes de sig-nificados que compõem determinada visão de mundo, sejam eles referentes aos fatos objetivos, às normas so-ciais ou aos conteúdos subjetivos. Defende uma ética universalista, deontológica, formalista e cognitiva. Para ele, os princípios éticos não devem ter conteúdo, mas garantir a participação dos interessados nas decisões públicas através de discussões em que se avaliam os conteúdos normativos demandados naturalmente pelo mundo da vida.

Sua maior relevância está em pretender o fim da arbitrariedade e da coerção nas questões que circun-dam toda a comunidade, propondo uma participação mais ativa e igualitária de todos os cidadãos nos litígios que os envolvem e, concomitantemente, obter a tão almejada justiça. Essa forma é o “agir comunicativo”, que se ramifica no discurso.

O PROBLEMA DA LIBERDADE EM SARTRE

Para Sartre, o homem é liberdade. Para ele não há certezas e nem modelos que possam servir de re-ferência. Cabe ao homem inventar o próprio homem e jamais esquecer-se de que é sua responsabilidade o resultado de sua invenção. Pelo fato de ser livre, é o homem quem fax suas escolhas e que ao fazê-las, torna-se responsável por elas. Por isso ele declara fre-quentemente que o homem é angústia, ou seja, o ho-mem que se engaja é aquele que se dá conta de que ele não é apenas aquele que escolheu ser, mas também um legislador que escolhe simultaneamente a si mes-mo e a humanidade inteira, não consegue escapar ao sentimento de sua total e profunda responsabilidade.

Pelo fato de a realidade ir além, extrapolar os domínios da vontade e das ações, o reino das possibi-lidades passa a evidenciar que nossa ação deverá ocor-rer sem qualquer esperança. O desespero seria, por-tanto, o sentimento de que não há certezas e verdades profundas.

01. “A ética precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a ser constantemente retomado e rediscutido, porque o produto da relação interpessoal e social. A ética supõe ainda que cada grupo social se organize sentindo-se responsável por todos e que crie condições para um exercício de pensar e agir autôno-mos. A relação entre ética e política é uma questão de educação e luta pela soberania dos povos. É necessária uma ética renovada, que se construa a partir da natureza de valores para organizar também uma nova prática política.” CORDI. et al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2007 (adaptado)

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

COMPETÊNCIA ENEM Nº 02: Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e cultu-rais de poder.

HABILIDADE Nº 07: Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.

HABILIDADE Nº 08: Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.

HABILIDADE Nº 10: Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletivida-de na transformação da realidade histórico-geográfica.

HABILIDADES FILOSÓFICAS:1- Compreender as importâncias das reflexões éticas, estabelecendo a distinção entre ética e moral e entre nor-ma moral e norma jurídica. 2- Analisar os diferentes conceitos e teorias relativos à justiça, poder, democracia, dever, responsabilidade e cidadania, a partir das concepções éticas de Aristóteles, Kant e Nietzsche e Haber-mas. 3 – Entender o problema da liberdade, a partir das contribuições de Sartre.

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O século XX teve de repensar a ética para enfrentar novos problemas oriundos de diferentes crises so-ciais, conflitos ideológicos e contradições da realida-de. Sob este enfoque e a partir do texto, a ética pode ser compreendida como

a) Instrumento de garantia da cidadania, porque através delas os cidadãos passam a pensar e a agir de acor-do com valores coletivos.

b) Mecanismo de criação dos direitos humanos, porque é da natureza do homem ser ético e virtuoso.

c) Meio para resolver os conflitos sociais no cenário da globalização, pois a partir do entendimento do que e efetivamente a ética, a política internacional se rea-liza.

d) Parâmetro para assegurar o exercício político priman-do pelos interesses a ação privada dos cidadãos.

e) Aceitação de valores universais implícitos numa so-ciedade que busca dimensionar sua vinculação à ou-tras sociedades.

02. A excelência moral é (...) um meio-termo entre duas formas de deficiência moral, uma pressupondo ex-cesso e outra pressupondo falta (...). Sua característi-ca é visar às situações intermediárias nas emoções e nas ações. (Aristóteles. Ética a Nicômaco)

A partir do trecho acima, é INCORRETO afirmar:

a) A doutrina do meio-termo, ou justa medida, é um dos princípios fundamentais da ética aristotélica.

b) A ação correta do ponto de vista ético deve evitar os extremos, caracterizando-se pelo equilíbrio ou justa medida.

c) Um vício (ou deficiência moral) é um sentimento ou conduta excessiva ou deficiente.

d) A moderação (ou temperança) é a característica do indivíduo equilibrado no sentido ético.

e) A sabedoria prática, para Aristóteles, consiste em evitar o meio-termo em todas as nossas ações.

03. “Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pe-dir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não poderá pagar, mas vê também que não lhe em-prestarão nada se não prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem consciência para perguntar a si mesma: Não é proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo, sua máxima de ação seria: Quando julgo es-tar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca suce-derá. Este principio do amor de si mesmo ou da pró-pria conveniência pode talvez estar de acordo com todo meu bem-estar futuro; mas agora a questão é de saber se é justo.(...). Vejo imediatamente que ele nunca poderia valer como lei universal da natureza e concordar consigo mesmo, mas que, pelo contrário, ele se contradiria necessariamente.” (KANT, I. Fun-damentação da metafísica dos costumes. São Paulo, Abril Cultural, 1980, p.130)

De acordo com o texto, no que diz respeito ao dever necessário para com os outros, uma promessa men-tirosa deve ser entendida como uma ação

a) ética, pois foi praticada por dever, na medida em que visa a um fim justo, no caso, o bem-estar da pessoa que fez a promessa, considerando-se que os fins jus-tificam os meios.

b) contrária ao dever, pois a pessoa pratica um ato de violência, aproveitando-se da boa fé do outro, mas perfeitamente justificável na medida em que obede-ce a uma regra pragmática, a de que a mentira pode ser justificada em determinadas situações.

c) de acordo com o dever, pois, embora a pessoa que fez a promessa tenha agido por interesse, não se pode dizer que ela seja desonesta e injusta, por-quanto queria apenas suprir suas necessidades.

d) correta e justa, conforme ao dever, pois foi motivada por uma situação de extrema dificuldade e pode ser justificada do ponto de vista da máxima moral.

e) contrária ao dever, pois foi motivada por fins egoís-tas e desrespeita a máxima moral segundo a qual o motivo do agir deve tornar-se uma lei universal.

04. Na ética contemporânea, o sujeito é não é mais um sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética atinge um dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social coletiva. Desse modo, a ética se entrelaça, necessariamente com a política, entendi-da esta como a área de avaliação de valores que atravessas as relações sociais e que interliga os in-divíduos entre si.

O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo de formação da ética na sociedade contemporânea, ressalta:

a) Os conteúdos éticos decorrentes da ideologias polí-tico-partidárias.

b) O valor da ação humana derivada de preceitos meta-físicos.

c) A sistematização de valores desassociados da cultura.d) O sentido coletivo e político das ações humanas in-

dividuais.e) O julgamento da ação ética pelos políticos eleitos

politicamente.

05. A consciência moral exerce sua capacidade delibera-tiva diante de alternativas possíveis. Mas, a despeito do condicionamento histórico-social, a vontade deve ser livre para que o sujeito moral possa ser responsá-vel pelos seus próprios atos.

Com base na ética kantiana, o sujeito autônomo é aquele que:

a) deve agir de acordo com seu livre-arbítrio.b) age consoante as leis positivas tal como estas se

acham consignadas nos códigos civil e penal.c) procura agir respeitando sempre os preceitos religio-

sos e morais socialmente estabelecidos.d) age incondicionalmente de acordo com o dever que

ele mesmo se impõe, mas de modo que este possa ser reconhecido como lei universal.

e) age de pleno acordo com as condições necessárias para se atingir a felicidade e o bem-estar de todos os cidadãos.

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06. Para Kant, o juízo moral funda-se na autonomia da vontade. - De acordo com o filósofo, é correto afir-mar que o juízo moral:

a) se baseia no resultado final da ação praticada pela vontade do sujeito.

b) se caracteriza tão somente pelo querer em si mesmo, independente do resultado de sua realização.

c) resulta da ação socialmente reconhecida como boa.d) é motivado pela recompensa e pelo temor da even-

tual punição.e) se baseia na livre escolha, tendo em vista a felicidade

do corpo social.

07. Nada além da liberdade é necessário à ilustração; na verdade, o que se requer é a mais inofensiva de to-das as coisas às quais esse termo pode ser aplicado, ou seja, a liberdade de fazer uso público da própria razão a respeito de tudo. (Kant, I. O que ilustração?)

Baseando-se na citação acima, é correto afirmar que, para Kant, a vida social emancipada (isto é, a ilustra-ção) pressupõe

a) uma formação educacional ilustrada como condição de possibilidade da liberdade.

b) o livre uso público da razão entendida como proprie-dade de todo ser humano.

c) o caráter inofensivo e benevolente do uso público da razão.

d) a necessidade de que cada indivíduo se ilustre para poder opinar a respeito de tudo.

e) a necessidade de abandonar o uso privado da razão em favor do público.

08. “Toda cidade [polis], portanto, existe naturalmente, da mesma forma que as primeiras comunidades ; aquela é o estágio final destas, pois a natureza de uma coisa é seu estágio final (...) Estas considerações deixam claro que a cidade é uma criação natural, e que o homem é por natureza um animal social, e um homem que por natureza, e não por acidente, não fizesse parte de cidade alguma, seria desprezível ou estaria acima da humanidade”. (ARISTÓTELES. Polí-tica 3)

- De acorde com o texto de Aristóteles, é correto afirmar que a polis:

a) É instituída por uma convenção entre os homens.b) Existe por natureza e é da natureza humana buscar a

vida em sociedade.c) Passa a existir por um ato de vontade dos deuses,

alheia à vontade humana.d) É estabelecida pela vontade arbitrária de um déspo-

ta.e) É fundada na razão, que estabelece as leis que a ro-

deiam.

09. “A característica específica do homem em compara-ção com os outros animais é que somente ele tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto, e de outras qualidades morais”. ( Aristóteles)

- Com relação ao pensamento de Aristóteles e ao co-nhecimento ético, é correto afirmar que:

a) A vontade do homem é definida pela conveniência, onde ele age de acordo com seus interesses.

b) O homem é um ser livre e por isso diferente dos ou-tros animais.

c) A liberdade humana é fruto de uma vontade que pode ou não ser livre.

d) Para o homem as coisas do mundo e as ações sobre o mundo são diferentes.

e) Aristóteles afirma que o comportamento ético inde-pende da liberdade do sujeito.

10. Leia o texto a seguir: Estado violência “ Sinto no meu corpo a dor que angustia A lei ao meu redor, a lei que eu não queria Estado violência, Estado hipocrisia A lei que não é minha, a lei que eu não queria”. (TITÃS. Estado Violência)

- A letra da música “Estado violência”, dos Titãs, revela a percepção dos autores sobre a relação entre o indi-víduo e o poder do Estado. Sobre a canção, é correto afirmar:

a) Mostra um indivíduo satisfeito com a sua situação e que apoia o regime político instituído.

b) Representa um regime democrático em que o indiví-duo participa ativamente da elaboração das leis.

c) Descreve uma situação em que inexistem conflitos entre o Estado e o indivíduo.

d) Relata os sentimentos de um indivíduo alienado e indiferente à forma como o Estado elabora suas leis.

e) Apresenta um indivíduo para quem o Estado, autori-tário e violento, é indiferente a sua vontade.

11. “ Ser caritativo quando se pode sê-lo é um dever, e há além disso muitas almas de disposição tão com-passivas que, mesmo sem nenhum outro motivo de vaidade ou interesse, acham íntimo prazer em es-palhar alegria à sua volta, e se podem alegrar com o contentamento dos outros, enquanto este é obra sua. Eu afirmo porém que neste caso uma tal ação, por conforme ao dever, por amável que ela seja, não tem contudo nenhum verdadeiro valor moral, mas emparelhar com outras inclinações, por exemplo o amor das honrar que, quando por feliz acaso, topa aquilo que efetivamente é de interesse geral e con-forme ao dever, é consequentemente honroso e me-rece louvor e estímulo, mas não estima; pois à sua máxima falta o conteúdo moral que manda que tais ações se pratiquem não por inclinação, mas por de-ver”. (Immanuel Kant)

- Com base no texto e nos conhecimento sobre dever em Kant, é correto afirmar:

a) Ser compassivo é o que determina que uma ação te-nha valor moral

b) Numa ação por dever, as inclinações estão subordi-nadas ao principio moral

c) A ação por dever é determinada pela simpatia para com os seres humanos

d) O valor moral de uma ação é determinado pela pro-moção da felicidade humana

e) É no propósito visado que uma ação praticada por dever tem o seu valor moral.

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HISTÓRIASOCIEDADES AFRICANAS

Os reinos do Sudão ocidentalAntes de os europeus tomarem conhecimento da

África subsaariana, ou África negra, como também se diz, existiram nela algumas sociedades que merecem ser lembradas. As principais se localizavam na região que chamamos de delta interior do rio Niger. Como vimos, ali o sal do deserto era trocado pelo ouro que vinha do sul, ambas mercadorias muito valiosas. Os azenegues e tuaregues armavam seus acampamentos nas áreas mais férteis próximas aos rios; deixavam seus animais descansar e armazenar novas energias; teciam seus vín-culos com os povos que moravam naquelas paragens e comerciavam. Eram os intermediários entre o Mediter-râneo e o Sael. Em torno de seus acampamentos tem-porários formaram-se cidades, e algumas, como Tom-buctu, têm hoje mais de mil anos de existência.

As cidades ficavam em lugares onde as trocas se concentravam. Agricultores e pastores se instalavam perto desses mercados e abasteciam de alimentos os grupos nômades e comerciantes. Estes traziam pro-dutos de outros lugares: do norte vinham sal, tecidos, contas, utensílios e armas de metal. Do sul vinham ouro, noz-de-cola, marfim, peles, resinas, corantes, es-sências, que eram levados para o norte pelos comer-ciantes fulas, mandingas e hauçás. Estes eram guiados por tuaregues e outros povos do deserto que se isla-mizaram a partir da expansão árabe do século VII e difundiram o islã em todo o Sudão.

A cidade, ao abrigar uma população dedicada a atividades diversas e com interesses variados, preci-sou de sistemas de governo mais complexos. Na maior

parte das vezes havia centralização do poder em torno de um líder e seu corpo de auxiliares. Muito do suces-so de uma cidade ou de um reino podia estar ligado à ação de determinado governante, que expandia li-mites, acumulava riquezas e ampliava a sua influência sobre povos vizinhos.

O primeiro império da África subsaariana sobre o qual se tem notícias mais precisas é o Mali. Nele, Tom-buctu, Jené e Gaò foram importantes cidades, centros de troca e de concentração de pessoas, graças à rede de rios que fertilizava as terras e facilitava o transporte na região da curva do Niger. Vestígios arqueológicos apontam que desde cerca dos anos 800 da nossa era havia ali cidades e formas de comércio.

Antes do Mali, Gana, ao norte do rio Senegal, foi um reino poderoso, no qual se davam os negócios entre os comerciantes que traziam o ouro do sul e os caravaneiros que iam para os portos do norte da Áfri-ca. Sua posição de destaque durou mais ou menos do ano 500 ao 1000, quando o Mali começou a se forta-lecer com a mudança das rotas do deserto mais para leste, em direção ao delta interior do Niger. Em torno de 1230 Sundiata, mansa (como era chamado o chefe supremo) do Mali, estendeu o seu poderio em direção a leste e oeste, tornando o estado que comandava um verdadeiro império, com soberania sobre outros povos e vastas regiões.

A população do Mali era composta de várias et-nias1, sendo os mandingas a principal delas. No século XIV o império era composto de povos da região do rio Senegal, como jalofos, sereres, tucolores e fulas; das cabeceiras do Niger, como bambaras e soninquês; a leste subjugou os songais e aproximou-se da terra dos hauçás. Além disso, manteve relações com os povos da floresta, por meio do comércio feito pelos mercadores uângaras, ou diulas2, que viajavam até a terra dos acãs e de povos mais ao norte influenciados pelos mandin-gas, de onde vinha uma das mais importantes merca-dorias no comércio do Saara: a noz-de-cola.

No fim do século XV Songai passou a ser o prin-cipal estado do médio Niger. O império floresceu sob a liderança de um ásquia (como era chamado o chefe supremo) que por volta de 1470 conquistou Tombuctu e, depois, Jené. Nessa época, a maioria do ouro come-çou a vir de minas da região do rio Volta, em terra dos acãs. Mas desde o fim do século XV ele não era mais transportado apenas pelas rotas do Niger e do deser-to. Os portugueses haviam chegado à costa atlântica e comerciavam o ouro a partir de seus barcos e de entre-postos que iam criando.

Songai, que se expandiu para leste e dominou al-gumas cidades hauçás, se manteve como o estado mais forte do Sudão ocidental até 1591, quando foi invadido por exércitos vindos do Marrocos. O que havia de mais refinado nessa região, construído ao longo de séculos,

1 Etnias noção usada para distinguir um grupo de outro, a partir da língua e da história comuns a um mesmo grupo, da sua localização num determinado espaço, da idéia de origem comum que une todos, da adoção das mesmas crenças e modos de vida.

2 Diulas (ou uângaras) por esses nomes ficaram conhecidos grupos de mer-cadores que transitavam na Senegâmbia, nas savanas das cabeceiras do rio Volta e na bacia do rio Niger. A princípio constituídos de várias etnias, tornaram-se muçulmanos devotos a partir da influência irradiada do Sael e acabaram por ser considerados uma etnia particular.

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foi sufocado pelos invasores. Mesquitas, escolas e bi-bliotecas foram destruídas, os sábios foram deportados, as estruturas de mando e de justiça foram desmantela-das. A urbanização e o comércio cederam espaço para as atividades agrícolas e de pastoreio, as religiões tradi-cionais voltaram a florescer e o islã, que se alimentava das caravanas que atravessavam o deserto levando e trazendo, além de mercadorias, peregrinos e especialis-tas em teologia, passou para segundo plano.

floresta chegavam, depois de passarem por mui-tas mãos, aos mercados ligados às cidades do médio Niger e ao comércio saariano.

Alguns dos vestígios arqueológicos mais im-portantes dessa região estão em Ifê, terra de iorubás e ponto de ligação da zona da floresta com a bacia do rio Niger. Conforme relatos orais, um líder divinizado chamado Odudua foi o responsável pela prosperidade de Ilê Ifê, cidade onde vigorou um sistema político--religioso adotado depois por várias outras cidades e reinos dessa área. Acredita-se que Odudua tenha vi-vido em algum momento entre os séculos VIII e XIII de nossa era, mas a veracidade de sua existência não pode ser confirmada.

Em Ilê Ifê foi criada uma forma de monarquia divina, dirigida pelo oni, representante da divindade e também governante da comunidade, composta pelas várias aldeias, cada qual com seu chefe, que cuidava dos seus membros mas prestava obediência ao oni. Esse modelo de organização se espalhou por várias cidades da região habitada por povos iorubás, com-preendida pelos rios Volta e Niger, e também entre os edos, do Benin. Neste, um conjunto de aldeias pres-tava obediência ao obá, título do principal chefe do reino. Todos os obás dos reinos iorubás diziam que seus antepassados haviam saído de Ifê, sendo mem-bros de uma mesma família real. O oni, ou obá de Ifê, tinha ascendência espiritual sobre quase todos os rei-nos iorubás (Oió, por exemplo, não a aceitava) e era ele quem distribuía os símbolos reais. Os adés, coroas feitas de contas de coral, com fios cobrindo o rosto do oni, foram um dos principais símbolos do poder dis-seminados junto com o sistema de monarquia divina. Esta se caracterizava pela estreita ligação do oni com as divindades, sendo por elas escolhido e servindo de seu intermediário com a comunidade que governava.

Muito do que sabemos sobre Ifê e o reino do Benin nos foi contado por cabeças e placas esculpidas e moldadas em metal, que datam dos séculos XV e XVI, época em que os portugueses chegaram a essa região da África. Não se sabe como foram desenvolvidas as técnicas empregadas na feitura desses objetos – hoje em dia considerados obras de arte de rara qualidade - nem por que eles deixaram de ser feitos.

Além das placas, que retratam situações da vida desses povos e que decoravam os palácios reais, as histórias contadas de geração a geração falam do pa-pel de heróis fundadores de novas cidades e reinos, a partir de uma origem comum em Ifê, com Odudua, cujos descendentes teriam fundado outras cidades. Em Ifê o oni administrava o reino de sua capital, afastada do litoral, vivendo numa cidade de ruas largas e retas, sendo sua moradia uma construção enorme, fortifica-da, na qual morava com suas centenas de mulheres e filhos, seus conselheiros, os grandes do reino e os escravos.

No século XVI, enquanto outros reinos iorubás ascenderam, Ifê entrou em declínio. A presença de comerciantes na costa atlântica fortaleceu as cidades mais próximas dos lugares em que ancoravam, trazen-do em seus navios novas mercadorias, que passaram a ser desejadas pelos chefes africanos. Mas, mesmo com a ascensão de outros reinos e o seu empobre-cimento econômico, Ifê manteve a importância reli-giosa. Todos os chefes das várias cidades-estado que teriam sido fundadas por descendentes de Odudua iam até Ifê para terem seus poderes confirmados pelo oni.

regionais, geralmente nas capitais das provín-cias, eram trocados produtos de diferentes zonas, e a capital do reino, Banza Congo, se situava na confluên-cia de várias rotas comerciais. Ali o mani Congo, cerca-do de seus conselheiros, controlava o comércio, o trân-sito de pessoas, recebia os impostos, exercia a justiça, buscava garantir a harmonia da vida do reino e das pessoas que viviam nele. Os limites do reino eram tra-çados pelo conjunto de aldeias que pagavam tributos ao poder central, devendo fidelidade a ele e recebendo proteção, tanto para os assuntos deste mundo como para os assuntos do além, pois o mani Congo também era responsável pelas boas relações com os espíritos e os ancestrais.

Banza Congo, assim como a capital do Benin, era uma cidade do tamanho das capitais européias da época. O mani Congo vivia em construções que se des-tacavam das outras pelo tamanho, pelos muros que a cercavam, pelo labirinto de passagens que levavam de um edifício a outro e pelos aposentos reais que fica-vam no centro desse conjunto e eram decorados de tapetes e tecidos de ráfia. Ali o mani vivia com suas mulheres, filhos, parentes, conselheiros, escravos, e só recebia os que tivessem nobreza suficiente para gozar desse privilégio. Na praça é que participava das ceri-mônias públicas e fazia contato com seu povo. Além do mani Congo e sua corte, moravam na cidade ar-tesãos, comerciantes, soldados, agricultores e cativos.

Quando os portugueses conheceram esse reino, logo viram que seria um bom parceiro comercial, e tra-taram de manter relações amistosas com ele. O mani Congo e os chefes que o cercavam também percebe-ram que poderiam lucrar com a aproximação com os portugueses e a eles se associaram. Por mais de três séculos congoleses e portugueses mantiveram rela-ções comerciais e políticas pautadas pela independên-cia dos dois reinos, mas os portugueses acabaram por controlar a região, que hoje corresponde ao norte de Angola.

O Reino do Gana (séc. IV-XIII)

O reino de Gana é chamado assim por causa do título de seus soberanos, também chamado de Ugadu. Nessa época, o clima era bastante úmido, o que favorecia a criação de gado e a agricultura. Em 876, outro cronista muçulmano, Iacub, escreveu: “O rei de Gana é um grande rei. No seu território encon-tram-se minas de ouro e ele tem sob sua dominação um grande número de reinos” (citado por KI-ZERBO, s/d: 135). As abundantes jazidas de ouro caracteri-zam o reino, chegando a ser conhecido como o “país do ouro”.

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Boa parte das informações de que temos acesso hoje são relatos escritos por árabes, como é o caso de Al-Bakri que no século XI fizera uma descrição do reino e seus habitantes:

O reino de Gana está povoado pelos povos de Soninke, que chamam sua terra de Wagadugu ou Wagadu. O nome Gana é o título do rei que governa aquele império. O Estado de Soninke é forte, e seu rei controla 200.000 soldados, 40.000 dos quais arqueiros que protegem as rotas de comércio de Gan. O po-der do rei de Gana provém do monopólio da enorme quantidade de ouro produzida em seu reino. Esta ri-queza permite aos de Soninke construir e manter enor-mes cidades, além de uma capital com uma população estimada entre 15.000 e 20.000, os habitantes também usam sua riqueza para desenvolver outras atividades econômicas, tais como a tecelagem, a ferraria e a pro-dução agrícola. (extrato retirado do livro Description de l’afrique Septentrionale de Al-Bakri traduzido por Mac Guckin de Slane).

Segundo o mesmo relato desse árabe, o sobe-rano vestia uma ampla túnica e tinha na cabeça um turbante encimado por um gorro bordado com ouro. Também do mesmo material trazia colares e pulseiras. Atrás dele ficavam cerca de dez escravos, com espadas e escudos ornamentados de ouro. Conta ainda que o rei amarrava um de seus corcéis a uma pedra de ouro que pesava aproximadamente 14 quilos.

O rei e seus súditos seguiam as convicções re-ligiosas tradicionais, preservando os bosques, por exemplo, como lugares especiais que abrigavam os sacerdotes e os túmulos dos reis. Existem relatos de que o rei governava voltado tanto para adeptos das crenças tradicionais quanto para os islamitas”. (Mattos, Regiane Augusto de. História e cultura afro-brasileira. São Paulo: Contexto, 2007).

O Reino do Mali (séc. XIII-XV)

O viajante Ibn Batuta, que andou pelas terras do alto rio Níger entre 1352 e 1353, viu o rei da corte do Mali, que tinha o título de mansa dar audiências aos seus súditos, de manto vermelho e gorro bordado em ouro, sentado em almofadas. Estava cercado por seus chefes militares, com espadas e lanças de ouro. Este re-lato somente viria a confirmar o que era sabido desde o mundo árabe e até na Europa cristã: o reino do Mali era riquíssimo em ouro.

Na época de Sundiata, Mali era um reino es-sencialmente agrícola. Os malinqués desenvolveram a cultura do algodão, do amendoim e da papaia, além da criação de gado. Sundiata instituiu uma associação de trinta clãs (de artesãos, de guerreiros, de homens li-vres – que, no entanto, eram chamados de “escravos da coletividade”, os ton dyon). Com o crescimento do rei-no, a categoria dos escravos se multiplicou (“lembre-se que sempre os reinos negros praticaram a escravidão”)

Com o filho de Sundiata, Mansa Ulé (1255-1270) e seus sucessores – Abubakar I, Sakura, Abubakar II – até Mansa Mussa (ou Kandu Mussa, 1312-1332), o reino de Mali passou a ser conhecido no mundo oci-dental. Em 1324, Mansa Mussa realizou uma peregri-nação a Meca, passando pelo Egito e com a intenção de maravilhar os soberanos árabes.

Os sucessores de Mansa Mussa tiveram dificul-

dades de manter um território tão vasto. Depois de Maghan (1332-1336), até Mussa II (1374-1387), o reino de Mali viu Tumbuctu ser saqueada, além de sucessivos assassinatos palacianos que enfraqueceram o império. Lentamente a hegemonia passava para o reino de Gao, que anexava uma a uma as províncias do leste, além de tomar a cidade de Djene, metrópole comercial. No final do século XV o Tekrur passou para os domínios do estado volofo. Houve um curto período confuso entre a hegemonia do Mali e do Gao. Várias etnias foram arrastadas para o movimento dos peules do Bundu, conduzido por Tenguella I (“O Libertador”). O impe-rador do Mali tentou até uma aliança com D. João II de Portugal, mas nenhuma das missões portuguesas parece ter chegado a seu destino.

Como todos os reinos negros islamizados desse período, a religião em Mali era um misto de várias in-fluências, especialmente as pagãs. Por exemplo, Mus-sa desconhecia a interdição do Corão de ter mais de quatro mulheres, e os malinqués comiam carnes proi-bidas pelo Islão. Sacerdotes com máscaras de aves pra-ticavam ritos animistas na corte. Em contrapartida, as festas religiosas islâmicas eram celebradas com grande pompa. As crianças aprendiam o Alcorão (“lembre--se da oralidade, ela também fora importante para o aprendizado do alcorão”), às vezes com duros castigos – eram postas a ferro, por exemplo.

O Reino do Songai (séc. XV-XVI)

Os denominados Songais têm origem a deno-minação das comunidades de agricultores (dás) ou de caçadores (gôs) da margem do rio Níger pelos sorcos, vindos da região de Dendi, entre os atuais Nigéria e República do Benin. Cuquia era a capital do Songai no século VII e Gaô nos séculos VIII e IX, um importan-te ponto de comércio transaariano de escravos e ouro trocados por cobre, cavalos, tecidos, vidro, oriundos do Magrebe, do Egito, do Marrocos e da Europa.

Songai foi sucessor do reino do Mali, expandin-do-se 2.000 km ao longo do vale do Níger. Na segun-da metade do século XV, o chefe Soni Ali fez com que Songai atingisse o seu apogeu, explorando a agricultu-ra e o comércio com as cidades de Jenne e Tumbuctu. (...). No final do século XV com a morte de Soni Ali, seu filho Abu Bacre Dâo ou Baro, tornou-se rei de Songai, mas logo foi destituído por Muhamed Turê ou Mamari, um grande chefe militar. Com o título de ásquia, Muha-med governou com base no islamismo, embora grande parte da nobreza Songai e dos seus súditos se conser-vassem fiéis às crenças tradicionais. (Mattos, Regiane).

Segundo Ricardo da Costa, uma das caracterís-ticas mais duradouras das sociedades pré-industriais e iletradas (ou semiletradas) é a existência de mitos de origem relacionados à cultura e especialmente ao po-der monárquico, além de suas manifestações sociais, todos mitos originários das tradições orais africanas. Além disso, os homens das sociedades pré-industriais também tinham uma forma bastante distinta de se re-lacionar com o mundo (a natureza) e com seus animais.

Mais bem organizado e estruturado que o impé-rio de Mali, Songai estava fundado em torno da pessoa do imperador. No dia de sua entronização, ele recebia um selo, uma espada e um Corão, além de conservar dois atributos mágicos antigos: o tambor e o fogo sa-

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grado (dinturi). A corte obedecia a um rígido proto-colo: por exemplo, o cuspe do príncipe não podia cair no chão, sendo recolhido nas mangas de qualquer um dos setecentos homens vestidos de seda que o acom-panhavam.

O comércioAs sociedades haviam desenvolvido formas de

vida adequadas a cada região, vivendo do que conse-guiam retirar da natureza. As trocas permitiam que os grupos tivessem acesso a coisas que não produziam diretamente. Por exemplo, as populações costeiras e ribeirinhas trocavam peixe seco por grãos cultivados nas regiões de savanas; os produtores de tubérculos das áreas de floresta comerciavam com os pastores dos planaltos. Na África central eram trocados búzios por sal, tecidos de ráfia por barras de ferro ou cruze-tas de cobre. Na África ocidental, ouro, cauris, noz--de-cola, marfim e escravos eram trocados por sal, tecidos, grãos, contas. Os diferentes grupos trocavam seus produtos por meio do comércio de curta ou lon-ga distância, havendo uma complementaridade entre as produções típicas de cada lugar. As alianças mais sólidas entre os grupos eram feitas pelos casamentos, que uniam membros de linhagens diferentes e cria-vam novas solidariedades. O comércio era outra forma importante das sociedades se relacionarem, trocando não só mercadorias como idéias e comportamentos. O comércio é a atividade das mais presentes na história de várias regiões da África, e por meio dele as socieda-des mantinham contato umas com as outras. Os pro-dutos eram negociados por pessoas vindas de longe, com costumes e crenças diferentes que algumas vezes eram incorporados, misturando-se às tradições locais. O exemplo mais marcante desse tipo de situação foi a influência muçulmana exercida em todo o Sael a partir das caravanas e dos comerciantes das rotas do Saara.

Era com o comércio à longa distância que se conseguiam os maiores lucros, pois nele se trocavam mercadorias caras, de luxo, raras, que apenas os mais poderosos podiam pagar. Esse tipo de atividade exigia um grande investimento, pois era preciso comprar as mercadorias a ser negociadas; providenciar o transpor-te e a segurança das cargas; esperar o melhor momen-to para negociar. Em compensação, a margem de lucro era suficientemente grande para sustentar um grupo de comerciantes ricos, próximos aos círculos dos pode-res centrais das sociedades nas quais viviam.

Já o comércio a curta distância se articulava à vida da aldeia, das cidades próximas, das províncias, envolvendo quando muito regiões vizinhas. O exce-dente de um grupo era trocado pelo de outro, assim a dieta alimentar podia ser variada. Também se troca-vam tecidos por contas, potes por bolsas de couro, sal por conchas, ouro por cativos. Os dias de feira se alter-navam nos mercados da região, podendo haver uma circulação dos mesmos comerciantes entre as várias feiras. Nelas as mulheres negociavam os produtos que plantavam e alguns alimentos processados, participan-do de preferência das que eram próximas o suficiente para que não se afastassem muito de casa.

Além do comércio feito a pé, em algumas áreas de savana podiam ser usados burros, que no entanto não resistiam às doenças das zonas mais úmidas de

florestas, nas quais os cursos dos rios eram os melho-res meios para transportar as cargas. Estas iam de mer-cado a mercado, nos quais alguns produtos ficavam e outros eram adquiridos, entrando e saindo de canoas, subindo e descendo das costas de carregadores. As-sim, não só aldeias vizinhas, mas também as mais dis-tantes trocavam seus produtos. De mão em mão, esses produtos podiam percorrer grandes distâncias, cujo exemplo extremo é caso das contas indianas e cacos de porcelana chinesa encontrados em escavações na região dos zimbabués.

Se nem todos os povos africanos estavam envol-vidos com o comércio à longa distância, como o que estava presente nas cidades do Sael, nas cidades da costa oriental e na costa atlântica a partir do século XV, quase todos mantinham algum tipo de troca com seus vizinhos mais ou menos próximos. Rotas fluviais e ter-restres existiam nas bacias dos rios mais importantes e nas regiões entre eles. A vitalidade do comércio dentro do continente africano, de curta, média e longa distân-cia, põe por terra a idéia de sociedades isoladas umas das outras, vivendo voltadas apenas para si mesmas.

A Arte Africana

Arte negra, arte tribal, arte primitiva, arte primeira: muitos nomes foram dados à arte do continente africa-

no, mas sem nunca a conseguir definir.In L´art africain.

Captar a verda-deira essência da Arte Africana requer uma total desconexão com os cânones artísticos, culturais e religiosos do Ocidente. Sem essa tomada de consciência, torna-se impossível en-trar na verdadeira raiz desta arte «primeira» e conquistar a beleza que encerra dentro de si. Repleta de um profun-do simbolismo, a Arte Africana não se deixa desvelar aos olhos do profano estando des-tinada à compreensão daqueles que encon-tram a sua chave de in-terpretação. Fora dos conceitos artísticos Ocidentais, a Arte Negra sugere a quem a observa certa desarmonia interior devido às suas feições disformes e grotescas acentuadas pelos materiais utilizados. A madeira preta, as ráfias, as penas ou as cores garridas em estampados folclóricos unem-se à elaboração de artefatos com-postos por temas zoomórficos e antropomórficos que desconfortam o observador mais sensível. A posição agressiva dos dentes semicerrados, a constante pre-sença dos elementos fálicos ou a chocante observação de uma estátua humana cravada de pregos, em cujo rosto se sente a agonia de tal ação, não deixam trans-parecer nesta arte um possível propósito. Mas partir do

Máscara Baulé, Costa do Marfim.

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princípio que a Arte Africana está ausente de qualquer fim é seguir a direção oposta ao seu entendimento. A Arte Negra não é a criação da arte por si mesma, nem um conjunto de artefatos mal concebidos devido à rudeza e ignorância tribal. A verdade guardada nesta magnífica arte está presente no seu tesouro simbólico que nasce de um princípio base: a utilização da arte como forma de conexão metafísica e Divina. A liga-ção com o Cosmos, os Deuses, os espíritos ancestrais, os mistérios do Homem e da Natureza, a evocação à Grande Mãe e ao Uno, são a verdadeira essência da Arte Africana. A oposição entre o espírito e a matéria, o conceito de dualidade como algo a superar, a fim de alcançar a unidade primordial, está sempre presente na força que emana dos ritos que materializam o Sagra-do. O ressoar dos tambores, as danças que desenham na terra as formas do Cosmos, a luta entre o bem e o mal narrada nos confrontos teatrais, a imposição das flechas e outras armas de combate a fim de enfrentar a divindade inimiga e o som de campainhas, gritos e evocações humanas, causam uma sensação de terror, mas ao mesmo tempo de verdadeira conexão com algo superior.

Toda a arte africana está imbuída desta tónica ri-tual, religiosa e espiritual que marca todos os momen-tos do seu quotidiano. Benéficos ou maléficos, os es-píritos divinos acompanham o Homem na sua jornada terrena influenciando todos os seus atos e comporta-mentos. Os espíritos interferem, direta ou indiretamen-te, no plano material devendo o Homem demonstrar por meio de ritos, oferendas, preces e sacrifícios a sua devoção e respeito. Estas divindades intervenientes surgem como espíritos intermédios, que vivem entre o Deus Supremo e o Homem. Estes intermediários en-tre o Céu e a Terra são conhecidos como os Deuses no mundo Greco-Romanos ou como Devas entre os Hindus.

Nesta conexão com as Divindades intermédias, o Homem prepara os rituais terrenos a fim de receber os Deuses evocados. Tudo deve ser feito com o máxi-mo rigor para que o espírito possa descer e emanar a sua força a todos os presentes. No entanto, existe um elemento de suma importância sem o qual a divindade proclamada não poderá comparecer. Apesar de vários elementos como a música, as danças, cores, armas e acessórios de evocação, é a Máscara o verdadeiro ele-mento de conexão com o Divino.Fonte: África e Brasil Africano – Marina de Mello e Sou-za, Editora Ática, são Paulo, 2006,

A escravidão Africana

Quando, no século XV, os europeus desembar-caram na África eles se deram conta de que estavam diante de modos de vida bem distintos dos seus. Entre os africanos, a organização social e econômica girava em torno de vínculos de parentesco em famílias exten-sas, da coabitação de vários povos num mesmo terri-tório, da exploração tributária de um povo por outro. A vinculação por parentesco a um grupo era uma das mais recorrentes formas de se definir a identidade de alguém. Isto quer dizer que o lugar social das pessoas era dado pelo seu grau de parentesco em relação ao patriarca ou à matriarca da linhagem familiar. Nessas

sociedades a coesão dependia, em grande parte, da preservação da memória dos antepassados, da reve-rência e privilégios reservados aos mais velhos e da partilha da mesma fé religiosa.

Escravidão domésticaNesses confrontos era comum que os vitorio-

sos fizessem alguns escravos dentre os membros de um vilarejo vencido em luta armada. Era a chamada escravidão doméstica, que consistia em aprisionar al-guém para utilizar sua força de trabalho, em geral, na agricultura de pequena escala, familiar. Se a terra era abundante, mas rareava mão-de-obra, esse tipo de escravidão servia para aumentar o número de pes-soas a serem empregadas no sustento de uma famí-lia ou grupo. Afinal, a terra de nada valia sem que se tivesse gente empregada no cultivo de alimentos. Os escravos eram poucos por unidade familiar, mas a posse deles assegurava poder e prestígio para seus senhores, já que representavam a capacidade de auto sustentação da linhagem. Não por acaso, nesse tipo de cativeiro se preferia mulheres e crianças. A fertili-dade das mulheres garantia a ampliação do grupo. Daí que era legítimo as escravas se tornarem concu-binas e terem filhos com os seus senhores. Seguindo a mesma lógica, a incorporação dos escravos na fa-mília se dava de modo gradativo: os filhos de cativos, quando nascidos na casa do senhor, não podiam ser vendidos e seus descendentes iam, de geração em geração, perdendo a condição servil e sendo assimi-lados à linhagem. Assim, o grupo podia crescer com o nascimento de escravos, fortalecendo as relações de parentesco e aumentando o número de subordinados ao senhor. A integração dos cativos também explica a predileção pela escravização de crianças, visto que elas mais facilmente assimilavam regras e constituíam vínculos com a família do seu senhor.

Não era só na guerra que se corria o risco de ser escravizado. Em muitas sociedades africanas, o ca-tiveiro era a punição para quem fosse condenado por roubo, assassinato, feitiçaria e, às vezes, adultério. A penhora, o rapto individual, a troca e a compra eram outras maneiras de se tornar escravo. As pessoas po-diam ser penhoradas como garantia para o pagamento de dívidas. Nesta situação, caso seus parentes saldas-sem o débito, extinguia-se o cativeiro. Tais formas de aquisição de cativos foram mais ou menos comuns em diferentes períodos e lugares da África. O rapto e o ataque a vilas se tornaram mais frequentes quando o tráfico de escravos tomou grandes proporções.

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Em algumas sociedades, a exemplo do povo Sena de Moçambique, a escravidão também era uma estraté-gia de sobrevivência quando a fome e a seca se faziam desastrosas. A venda ou troca de um indivíduo da co-munidade podia garantir a sobrevivência do grupo, in-clusive de quem era escravizado. A troca de alguém por comida era uma forma de evitar a extinção do grupo.

Certamente estamos falando de um recurso ex-tremo, porque ser escravo naquelas sociedades tão fortemente estruturadas por laços de parentesco sig-nificava ser exilado, torna-se um estrangeiro, muitas vezes tendo que professar outra fé, se comunicar em outro idioma, estar alheio às suas tradições. Sentenciar alguém à escravidão era acima de tudo desenraizá-lo e desonrá-lo.

Desde que os árabes ocuparam o Egito e o norte da África, entre o fim do século VII e metade do século VIII, a escravidão doméstica, de pequena escala, pas-sou a conviver com o comércio mais intenso de escra-vos. A escravidão africana foi transformada significati-vamente com a ofensiva dos muçulmanos. Os árabes organizaram e desenvolveram o tráfico de escravos como empreendimento comercial de grande escala na África. Não se tratava mais de alguns poucos cativos, mas de centenas deles a serem trocados e vendidos, tanto dentro da própria África quanto no mundo ára-be e, posteriormente, no tráfico transatlântico para as Américas, inclusive para o Brasil.

A escravidão islâmicaCom a expansão islâmica a história da África

ganhou novos rumos. Desde os fins do século VIII, os árabes, partindo da região do Golfo Pérsico e da Ará-bia, disseminaram o islamismo pela força da palavra, dos acordos comerciais e, principalmente, das armas. Eram as guerras santas, as jihad, destinadas a islamizar populações, converter líderes políticos e escravizar os “infiéis”, ou seja, quem se recusasse a professar a fé em Alá. Um dos primeiros povos a se converter ao islamis-mo, na África do Norte, foi o povo berbere. As cáfilas, como ficaram conhecidas as grandes caravanas que percorriam o Saara, eram formadas principalmente por berberes islamizados. Foi assim, seguindo a trilha des-ses comerciantes, que o islamismo ganhou adeptos na região sudanesa, na savana africana ao sul do deserto do Saara.

A adoção do camelo como principal meio de transporte foi decisiva na expansão do islamismo na África, porque possibilitou aos berberes percorrer grandes distâncias e suportar as duras condições da vida no deserto. As caravanas pareciam cidades em marcha. Guias, soldados, mercadores e centenas de camelos e escravos percorriam as trilhas à mercê da pouca água disponível nos poços, do clima ameno dos oásis e da resistência dos animais.

Transitar no deserto era, além de exaustivo, uma peripécia perigosa: corria-se o risco de enfrentar tem-pestades de areia, de se perder entre dunas ou de so-frer ataques de assaltantes. Eram longas viagens por rotas que, no século IX, ligavam Marrocos, Argélia, Líbia, Tunísia e o Egito às margens dos rios Senegal e Níger, ao sul da Mauritânia e ao lago Chade. Já na metade daquele século, os escravos eram os principais produtos dos caravaneiros do Saara, que por ali trans-portaram cerca de 300 mil pessoas.

As cáfilas rumavam do Norte da África para as savanas sudanesas carregadas de espadas, tecidos, cavalos, cobre, contas de vidro e pedra, conchas, per-fumes e, principalmente, sal. No retorno, depois de meses, traziam ouro, peles, marfim e, cada vez mais, escravos. Calcula-se que, entre 650 e 1800, esse tráfico transaariano de escravos vitimou cerca de 7 milhões de pessoas, sendo que 20 por cento delas morreram no deserto.

Durante a viagem, os caravaneiros muçulmanos acampavam nas fronteiras das cidades ou aldeias su-danesas e não deixavam de cumprir os seus rituais re-ligiosos. Rezavam cinco vezes ao dia, mas também adi-vinhavam chuva, confeccionavam amuletos, previam o futuro, administravam remédios aos doentes locais e, é claro, faziam negócios. Tudo sempre de acordo com os preceitos islâmicos. Nessa interação, o Islã dos mer-cadores ia encontrando ora uma maior receptivida-de, ora a firme resistência das populações sudanesas adeptas de crenças tradicionais. Em muitos lugares a fé em Alá e o culto aos ancestrais conviveram, noutros a conversão ficou restrita ao soberano e à aristocracia, enquanto as pessoas comuns continuavam a professar as crenças herdadas dos antepassados. Mas também se viu a conversão de populações inteiras, fosse para escapar do risco do cativeiro, já que apenas os infiéis podiam ser escravizados, fosse por sincera convicção religiosa.

Segundo a historiadora Regiane Augusto de Matos, o Islamismo possuía preceitos atraentes e aceitáveis pelas concepções religiosas africanas. Incorporava amuletos, associava as histórias sagradas às genealogias, acredi-tava na revelação divina, na existência do criador e no destino. O que aconteceu de um modo geral na África Ocidental foi a harmonização das crenças, incluindo--se Alá no conjunto dos deuses ou associando-o ao Ser Supremo, e comparando as figuras de anjos e demô-nios ás forças sobrenaturais. Ibn Batuta relatou, no séc. XIV, que o rei do Mali, numa manhã comemorou a data islâmica do Ramadã e, à tarde, presenciou um ritual da religião tradicional realizado por trovadores com máscaras de aves. Demonstra-se a incorporação dessa crença e a convivência entre o islamismo e as religiões tradicionais.

O Corão não condenava o cativeiro. Para os se-guidores do profeta Maomé, a escravização era uma espécie de missão religiosa. O infiel, ao ser escravizado, “ganhava” a oportunidade da conversão e, depois de devidamente instruído nos preceitos islâmicos, tinha direito a voltar a ser livre. Entretanto, não bastava se converter para ter direito a alforria. Havia razões bem mais comerciais e bem menos altruístas a justificar o crescimento do número de escravos no mundo mu-çulmano. Primeiro, porque uma vez escravizado o in-divíduo nem sempre dispunha de tempo e condições para ser educado de acordo com as leis islâmicas, e segundo, porque o trabalhador escravo era fundamen-tal para a viabilidade do comércio dos mercadores mu-çulmanos.

A intensificação do comércio de longa distân-cia exigia o aumento do número de cativos. Além de produto de troca, o escravo era o carregador nas exaustivas viagens. Estava a seu encargo o transpor-

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te das barras de sal, dos fardos de tecidos, dos cestos de tâmaras, das armas, dos objetos de cobre. Na ou-tra ponta das rotas comerciais a procura por escravos só aumentava. Quanto mais escravos eram capturados outros tantos eram necessários para preencher várias ocupações no mundo árabe. Podiam ser concubinas, agricultores, artesãos, funcionários encarregados da burocracia, domésticas, tecelões, ceramistas. Mas era principalmente como soldados que os cativos passa-vam a ser indispensáveis.

A conquista de territórios e o domínio de líderes locais dispostos a interpretar à sua maneira a lei islâmi-ca, requeriam mais e mais soldados. Assim, à medida que aumentavam os territórios submetidos aos mu-çulmanos, crescia a necessidade de controlá-los, bem como de realizar novas conquistas.

Todo o mundo árabe foi se revelando um bom mercado para os cativos trazidos não só da África, mas também da Índia, China, Sudeste da Ásia e Europa Oci-dental. Viam-se, por isso, pessoas capturadas em di-versos lugares nos mercados de escravos do mundo muçulmano. Mas foi a África negra quem mais abas-teceu os mercados de escravos, principalmente depois da ocupação do Egito e do Norte da África pelos ára-bes. Ainda no século IX, o califado de Bagdá chegou a contar com 45 mil escravos negros trazidos pelos co-merciantes berberes. A partir do século X, o número de escravos provenientes da África subsaariana excedia em muito o de turcos e eslavos. E essa tendência só se acentuou ao longo do tempo, tanto que no século XVIII aproximadamente 715 mil pessoas foram captu-radas na África negra e escravizadas no Egito, Líbia, Tu-nísia, Argélia e Marrocos. Esse tráfico voraz de gente de cor preta explica a presença de negros nas populações árabes.

Desse modo, a escravidão doméstica africana foi dando lugar à escravização em larga escala. A partir do século XV, com a presença europeia na costa da África, esse processo ganhou dimensão intercontinen-tal e fez da África a principal região exportadora de mão-de-obra do mundo moderno. Todas as grandes nações europeias de então se envolveram no tráfico e disputaram acirradamente sua fatia nesse lucrativo negócio. Holandeses, franceses, ingleses, espanhóis e, principalmente, portugueses lançaram-se na conquista dos mercados africanos.

A escravidão cristãA procura por especiarias e ouro guiava os na-

vegadores portugueses. Das riquezas africanas eles tinham notícias desde 1415, quando conquistaram Ceuta, importante centro comercial no extremo norte da África. Contava-se que no interior do continente ha-via cidades de ouro e rios que transbordavam pedras preciosas. Desde então, os barcos lusitanos tomaram a direção dos ventos que pudessem levá-los à costa africana, aonde chegaram em meados do século XV.

E foi grande o assombro dos africanos que vi-viam em Arguim — região do atual Senegal ao sul do Cabo Branco —, ao notarem que barcos enormes e es-tranhos se aproximavam da costa. Embora já estives-sem acostumados com a presença estrangeira dos ára-bes, a visão dos europeus e de embarcação tão grande deve ter-lhes causado estranheza. Havia homens bran-cos na África, mas não como aqueles; existiam grandes

barcos usados para o transporte de pessoas e merca-dorias, mas nenhum com as dimensões das caravelas.

Os portugueses, desde que principiaram as grandes navegações, compreenderam a importância de ter intérpretes na tripulação. Os tripulantes mau-ritanos, os marujos mouros, malaios e indianos eram tão necessários numa viagem quanto os conhecedores da direção dos ventos, das correntes marinhas, da po-sição das estrelas e do litoral africano. É certo que os primeiros encontros entre portugueses e africanos não foram amistosos. Flechas envenenadas de um lado e mosquetes de outro fizeram algumas baixas, entretan-to, coube aos tradutores dos portugueses estabelece-rem contatos amistosos com a gente da terra. E, ali, nas proximidades do rio Senegal tratava-se de gente e terras que faziam parte do império jalofo.

Logo, os europeus mostraram interesse em con-seguir ouro, já os reis jalofos queriam os produtos que costumavam adquirir com os caravaneiros do deserto: armas, tecidos, manufaturas do Marrocos e do Egito, contas de vidro de Veneza e, sobretudo, bons cavalos já equipados para a montaria, fundamentais para ven-cer guerras e ostentar poder e riqueza. Os portugueses não conseguiram o ouro tão desejado, mas zarparam abastecidos de escravos, como faziam os mercadores do Saara. Realizados os primeiros negócios, a curiosi-dade acerca do destino dos cativos embarcados tomou conta dos africanos.

Já sabemos que o comércio de escravos na Áfri-ca existia antes da chegada dos europeus. Ali mesmo nas proximidades do rio Senegal, os reis jalofos há muito participavam do comércio transaariano forne-cendo escravos, ouro, malagueta, plumas e peles de animais. Mas então as coisas mudaram de rumo. O embarque dos cativos, naquele barco assombrosa-mente grande, trouxe inquietação aos africanos. Havia, por exemplo, uma crença entre os africanos de que os europeus eram ferozes canibais, capazes de devorar a carne negra e guardar o sangue para tingir tecidos ou preparar vinho.

Desconfiados de que os europeus podiam pre-judicar seus negócios, nada lhes foi facilitado. Nenhum chefe político franqueou-lhes o acesso às zonas au-ríferas no interior da África, nem os comerciantes os introduziram nas rotas transaarianas. Mas os europeus persistiram. Arguim foi escolhida para servir de en-treposto comercial. Lá, construíram a primeira feitoria portuguesa fortificada na África em 1445, para onde pretendiam desviar o comércio transaariano.

A persistência portuguesa foi bem recompensa-da. Aos poucos, foram sendo vencidas desconfianças, combinados preços satisfatórios, e foram crescendo os negócios com os africanos que viviam nas proximi-dades do rio Gâmbia, gente do poderoso Império do Mali. Tanto que, por volta de 1460, tinham com eles boas relações comerciais. Mas o principal objetivo dos portugueses, que era se apropriar do comércio tran-saariano, ainda não havia sido alcançado. Tão pouco tiveram acesso às minas de ouro, como sonhavam.

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COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

ITEM - 01 (J.CHARCHAR/2015) “A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabele-cimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino so-bre História e Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo programático incluirá o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos ne-gros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, eco-nômica e política pertinentes à História do Brasil, além de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do “Dia da Consciência Negra”.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).

A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade brasileira, porque:

a) Legitima o ensino das ciências humanas nas escolas.b) Divulga conhecimentos para a população afro-brasileira.c) Reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua cultura.d) Garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à educação.e) Impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do país.

Aula-02: Sociedades africanasCompetência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.

H1 – Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos dacultura.H2 – Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.H3 – Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.Comentario da habilidade 1:Esta habilidade tem por finalidade fazer o aluno compreender a cultura afri-cana como sendo diversificadaComentario da habilidade 2:Esta habilidade tem por finalidade a compreenção das manifestações cultu-rais africanas como forma de preservação da memóriaComentario da habilidade 3:Esta habilidade tem por finalidade fazer o aluno compreender o processo de formação do povo brasileiro como consequência do legado cultural deixado pelos africanos

ANOTAÇÕES

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COMPETÊNCIAS E HABILIDADESCompetência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.

H21 – Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.H22 – Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.H24 – Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.H25 – Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.

SOCIOLOGIAA FORMAÇÃO DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

1. O pensamento Weberiano:

O pensamen-to do sociólogo Max Weber (1864-1920), ao contrário de Durkheim e Comte, acreditou na possibilidade da inter-pretação da sociedade partindo não dos fatos sociais já consolidados e suas características ex-ternas (leis, instituições, normas, regras, etc). Propôs começar pelo indivíduo que nela vive,

ou melhor, pela verificação. Das intenções, motiva-ções, valores e expectativas que orientam as ações do indivíduo na sociedade. Sua proposta é a de que os indivíduos podem conviver relacionar-se e até mesmo constituir juntos algumas instituições (como a famí-lia, a igreja, a justiça), exatamente porque quando agem eles o fazem partilhando, comungando uma pauta bem parecida de valores, motivações e ex-pectativas quanto aos objetivos e resultados de suas ações. E mais, seriam as ações recíprocas (repe-tido e combinado) dos indivíduos que permitiriam a constituição daquelas formas duráveis (Estado, Igreja, casamento, etc.) de organização social.

2. A Sociologia compreensiva:

Weber desenvolve a teoria da Sociologia Com-preensiva, ou seja, uma teoria que vai [entender a so-ciedade a partir da compreensão dos motivos‘ visados subjetivamente pelas ações dos indivíduos. Uma crítica de Weber aos positivistas, entre os quais se encon-trariam Comte e Durkheim, deve-se ao fato de que eles pretendiam fazer da Sociologia uma ciência positi-va, isto é, baseada nos mesmos métodos de investiga-ção das ciências naturais. Segundo Weber, as ciências naturais conseguiriam explicar aquilo que estudam (a natureza) em termos de descobrir e revelar relações causais diretas e exclusivas, que permitiriam à formu-lação de leis de funcionamento de seus eventos, como as leis químicas e físicas que explicam o fenômeno da

chuva. Mas, a Ciência Social não poderia fazer exa-tamente o mesmo. Segundo Weber não haveria como garantir que uma ação ou fenômeno social ocorrerá sempre de determinada forma, como resposta direta a esta ou aquela causa exclusiva. No caso das Ciências Humanas, isso ocorre porque o ser humano possui subjetividade, que aparece na sua ação na forma de valores, motivações, intenções, interesses e ex-pectativas. E a essas qualidades inclusive, influenciam a forma como vivemos em nossa sociedade e como observamos o mundo (cultura, tradição, valores) nos levando a comportamentos peculiares que precisam então ser compreendidos e analisados pelas Ciências Sociais.

3. Ação social – Uma ação com sentido.

O ponto de partida da Sociologia de Weber não estava nas entidades coletivas, grupos ou instituições, seu objeto de investigação é a Ação Social, a conduta humana dotada de sentido, isto é, de uma justificativa subjetivamente elaborada. Assim, o homem passou a ter, enquanto individuo, na teoria weberiana, signifi-cado, qualidade e especificidade. Cada indivíduo age levado por um motivo que é dado pela tradição, por interesses racionais ou pela emotividade. O motivo que transparece na ação social permite desvendar o seu sentido, que é social na medida em que cada in-divíduo age levando em conta a resposta ou a reação de outros indivíduos. A essa resposta, quando o sen-tido da ação é compartilhado socialmente (as diversas motivações que fazem um grupo de alunos a prestar o vestibular para um determinado curso, por exemplo) se estabelece uma relação social

Segundo Weber, as pessoas atuam em socieda-

de, em geral, mesclando quatro (4) tipos ideais bá-sicos de ação social, de acordo com a situação, ins-tituição ou organização na qual estão representando (relação social). São eles:

A ação racional com relação a fins: Age para obter um fim objetivo previamente definido. E para tanto, seleciona e faz uso dos meios necessários e mais adequados do ponto de vista da avaliação. O que se destaca, aqui, são o esforço em adequar, racionalmen-te, os fins e os meios de atingir o objetivo.

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A ação racional com relação a valores: Ocor-reria porque, muitas vezes, os fins últimos de ação res-pondem a convicções, ao apego fiel a certos valores (honra justiça, honestidade...). Neste tipo, o sentido da ação está inscrito na própria conduta, nos valores que a motivaram e não na busca de algum resultado previa e racionalmente proposto. Por esse tipo de ação po-demos pensar as religiões. Ninguém vai a uma igreja ou pertence à determinada religião, de livre vontade, se não acredita nos valores que lá são pregados.

A ação afetiva: A pessoa age pelo afeto que possui por alguém ou algo. A compra de um produto motivado pela sua beleza por exemplo.

A ação social tradicional é um tipo de ação que nos leva a pensar na existência de um costume. O ato de tomar chimarrão ou pedir a benção dos pais na hora de dormir são ações que podem ser pensadas pela ação tradicional.

Lembrando que os tipos ideais também são

exemplos usados como forma de explicar condutas de indivíduos que atuam seguindo um nível mais “agu-çado” de ação (como a racionalidade pura burocráti-ca de um servidor público, ou a emotividade de um(a) parceiro(a) amoroso(a), a tradicionalidade exercida por um parente próximo ou o discurso valorativo de um pastor/padre/sacerdote) e que servem para exemplifi-car a força das ações nas relações sociais que influen-ciam a sociedade e que causam consequências diver-sas na mudança do comportamento social. A essas consequências, Weber apontava para o excesso de racionalidade que tomava conta das relações na so-ciedade contemporânea, substituindo gradativamente alguns comportamentos afetivos e tradicionais, por formas “frias” de ação e conduta entre nós. Destaca-se aí o avanço da autoridade científica sob as atitudes humanas (principalmente biológicas, exatas e econô-micas) na explicação e controle das ações humanas, o controle da burocracia sob a vida cotidiana (mol-dando a nosso entendimento e convivência entre ins-tituições).

4. Estratificação social:

Com o desenvolvimento do capitalismo indus-trial e na modernidade, a linguagem comum confunde com frequência o uso do termo classe social com es-trato social. Para Weber, a estratificação social é es-tabelecida conforme a distribuição de determinados valores (riqueza, prestígio, educação, etc.) numa sociedade.

As classes sociais constituem uma (1) forma de estratificação social, em que a diferenciação é feita a partir do agrupamento de indivíduos que apresentam características similares (parecidas), como por exem-plo: negros, brancos, católicos, protestantes, ho-mem, mulher, pobres, ricos, etc.

Agora, se tratando de dominação de classe, es-tabelecer estratos sociais conforme o grau de distribui-ção de poder numa sociedade é tarefa bastante árdua, porque o poder sendo exercido sobre os homens, em que uns são os que o detêm enquanto outros o supor-tam, torna difícil considerar que esse seja um recurso distribuído, mesmo que de forma desigual, para todos os cidadãos. Assim, as relações de classe são relações

de poder, e o conceito de poder representa, de modo simples e sintético, a estruturação das desigualdades sociais.

5. Política, instituições burocráticas e o Es-tado:

No livro Ciência e Política – Duas vocações, Weber descreve que há dois tipos de políticos que por nós são eleitos:

Atuando no Estado, os atores políticos precisam representar seus papéis em acordo com a determina-ção da racionalidade estabelecida pela Burocracia (ór-gãos públicos, ministérios, poder judiciário, legislativo e executivo) o que os normatiza em uma conduta liga-da as éticas: Das responsabilidades (serviço público) e convicções (Partido).

O Estado para a sociedade moderna, se torna então uma instituição que reivindica o uso exclusi-vo da força ou violência (racionalizada, organizada, normatizada e arbitrada pela burocracia) gerando uma dominação legitima (aceita e obedecida pela socie-dade) na qual os políticos, juízes e demais servidores públicos operam (direito conquistado pelo mérito atri-buído as eleições, nomeações ou concursos), atuando segundo as determinações e normas legais.

5.1 Tipos de dominação.No sentido da ação política, podemos atribuir

o poder de dominação como resultante nas relações sociais entre indivíduos (políticos) => Instituições go-vernamentais (Estado) => Sociedade. As relações le-vam em consideração o tipo de status que cada so-ciedade compreende como forma de delegar o poder aos indivíduos (no caso da nossa sociedade, podemos observar a grande influência econômica na composi-ção desse status). Segundo Weber, há três (3) tipos de dominação, que são resultantes desta relação e que compõem a forma como uma sociedade vivência o tipo de atuação política presente no Estado.

■ Dominação Carismática: a autoridade é su-portada, graças a uma devoção afetiva por parte dos dominados). Ela assenta sobre as “crenças” transmiti-das por profetas, sobre o “reconhecimento” que pes-soalmente alcançam os heróis e os demagogos, du-rante as guerras e revoluções, nas ruas e nas tribunas, convertendo a fé e o reconhecimento em deveres invioláveis que lhes são devidos pelos governados. A obediência a uma pessoa se dá devido às suas qualida-des pessoais (de liderança de comando ou nos discur-sos). Não apresenta nenhum procedimento ordenado para a nomeação e substituição. Não há carreiras e não é requerida formação profissional por parte do “por-tador” do carisma e de seus ajudantes. Weber coloca que a forma mais pura de dominação carismática é o caráter autoritário e imperativo (como é típico em Di-taduras por exemplo). Contudo, Weber classifica a Do-minação Carismática como sendo instável, pois nada há que assegure a perpetuidade da devoção afetiva ao dominador, por parte dos dominados.

■ Dominação Tradicional: A autoridade é, pura

e simplesmente, suportada pela existência de uma fi-delidade tradicional; o governante é o patriarca ou se-nhor, os dominados são os súditos e o funcionário é o

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servidor. O patriarcalismo é o tipo mais puro desta do-minação. Presta-se obediência à pessoa por respeito, em virtude da tradição de uma dignidade pessoal que se julga sagrada. Todo o comando se prende intrinse-camente a normas tradicionais (não legais). Seria um tipo de “lei moral”. A criação de um novo direito é, em princípio, impossível, em virtude das normas oriundas da tradição. Também é classificado, por Weber, como sendo uma dominação estável, devido à solidez e esta-bilidade do meio social, que se acha sob a dependên-cia direta e imediata do aprofundamento da tradição na consciência coletiva.

A religião católica e o poder dos Papas: Um exemplo de status do poder da tradição influenciando a sociedade contemporânea.

■ Dominação Legal: Qualquer direito pode ser criado e modificado através de um estatuto sanciona-do corretamente, tendo a “burocracia” como sendo o tipo mais puro desta dominação. Os princípios funda-mentais da burocracia, segundo o autor são a Hierar-quia Funcional, a Administração baseada em Docu-mentos, a Demanda pela Aprendizagem Profissional, as Atribuições são oficializadas e há uma Exigência de todo o Rendimento do Profissional. A obediência se presta não à pessoa, em virtude de direito próprio, mas à regra, que se conhece competente para designar a quem e em que extensão se há de obedecer. Weber classifica este tipo de dominação como sendo estável, uma vez que é baseada em normas que, como foi dito, são criadas e modificadas através de um estatuto san-cionado corretamente. Ou seja, o poder de autoridade é legalmente assegurado.

Serviço Público: Impessoalidade, cidadania, ju-risprudência e conduta ligadas a regras e normas. Na democracia representativa, o presidente é o servidor público nº1 do Estado.

O desafio da política contemporânea seria de identificar quais seriam os tipos de motivações que le-

variam os indivíduos participação da política (vocação ou profissão?). Se há harmonia entre a atuação de cada político (envolvendo os tipos de dominação) e as insti-tuições burocráticas que controlam o poder (igualdade de poder entre Executivo, Legislativo e Judiciário). É de responsabilidade e convicção do político e da socieda-de democrática manter a harmonia das instituições pú-blicas e praticar atuação como cidadãos e do status da Cidadania, amplamente na sociedade.

6. A Ética protestante e o espírito do Capi-talismo:

Usando como exemplo a analise compreensiva da sociedade, Weber utiliza a sua teoria (Ação social) para explicar como o fenômeno das motivações reli-giosas (do protestantismo ascético calvinista) influen-ciaram na qualidade do comportamento típico do capitalismo ocidental moderno.

Weber descobre que os valores do protestantis-mo calvinista – como disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho atuavam de maneira decisiva sobre os indiví-duos. Nas comunidades protestantes, nos países onde se tornou a religião predominante, verificamos uma postura diferente em relação ao trato dos chamados “Homens de negócios”. No seio das famílias protestan-tes, os filhos eram criados para o ensino especializado e para o trabalho fabril, optando sempre por ativida-des mais adequadas a obtenção do lucro, preferido o cálculo e os estudos técnicos ao estudo humanístico. Weber mostra a formação de uma nova mentalidade, um ethos – valores éticos – propício ao Capitalismo, em oposição ao “alheiamento” e a atitude contemplativa do catolicismo, voltados para a oração, sacrifício e re-núncia da vida prática.

Família Quaker americana: um exemplo da influência do protestantismo ascético na mentalidade do capita-lismo.

Assim é possível entender que a base do “Espí-rito capitalista” desenvolveu-se qualitativamente (não unicamente) através da contribuição de um compor-tamento religioso peculiar, de motivação racional valorativa (a ética protestante) que influenciou as relações sociais, ajudando na compreensão do novo sistema econômico (capitalista) e gerando novos ato-res sociais (Gerentes, banqueiros e bancários, traba-lhadores industriais, empregados, servidores públicos, grandes e pequenos empreendedores, autônomos e etc...) que atuam seguindo a lógica de um comporta-

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mento racional que leva ao acumulo de capital (pou-pança, responsabilidade econômica, investimentos em aplicações fixas, seguros e quitação de empréstimos) em sociedade.

Vale ressaltar que a análise do espírito capitalista toma formas diferentes em diversas sociedades, como nas sociedades orientais ou mesmo na América Latina,

Sociologia e Cidadania

Ser cidadão é ter a garantia de todos os direitos civis, políticos e sociais que asseguram a possibilida-de de uma vida plena. Esses direitos não foram confe-ridos, mas exigidos, integrados e assumidos pelas leis, pelas autoridades e pela população geral. A cidadania também não é dada, mas construída em um proces-so de organização, participação, representação e in-tervenção social de indivíduos ou de grupos sociais (sociedade civil organizada). Só na constante vigilân-cia dos atos cotidianos o cidadão pode apropriar-se desses direitos, fazendo-os valer de fato. Se não hou-ver essa exigência, eles ficarão só no papel. Segundo o sociólogo Herbert de Souza (Betinho),

Princípios Sociais: direitos e deveres

Os direitos existem para que cada um de nós te-nha uma vida digna e decente, ainda que nem sempre eles sejam respeitados. Como cidadão, todo ser huma-no já nasce com uma série de direitos: direito à vida, ao trabalho, à liberdade. Também as crianças têm direitos só para elas, assim como os consumidores, e até mes-mo os animais. Ser cidadão também é lutar para que os direitos não sejam só leis no papel.

Nos países ocidentais, a cidadania moderna se constituiu por etapas. T. H. Marshall afirma que a cida-dania só é plena se dotada de todos os três tipos de direito:

■ DIREITOS CIVIS: Foi formulado a partir dos séculos XVII e XVIII, procurando garantir a liberdade religiosa e de pensamento, o direito de ir e vir, o direi-to à propriedade, a liberdade contratual e a justiça que deveria salvaguardar todos os direitos anteriores.

O filósofo John Locke (1632–1704) argumentou que os direitos naturais da vida, liberdade e pro-priedade deveriam ser convertidos em direitos civis e protegidos pelo estado soberano como um aspecto do contrato social. Outros argumentaram que as pes-soas adquirem direitos como um presente inalienável da divindade ou em um tempo de natureza antes que os governos se formassem.

Declaração dos direitos do homem e do ci-dadão – Rev. Francesa.

Leis garantindo direitos civis podem ser escri-tas ou derivadas do costume. Nos Estados Unidos e na maioria dos países continentais europeus, as leis de di-reitos civis, em sua maior parte, são escritas. Exemplos de direitos civis e liberdades incluem: o direito de ser ressarcido em caso de danos por terceiros; o direito à privacidade; o direito ao protesto pacífico; o direito à in-

vestigação e julgamento justos em caso de sus-peição de crime; e direi-tos constitucionais mais generalistas, como o di-reito ao voto, o direito à liberdade pessoal, o direito à liberdade de ir e vir, o direito à proteção igualitária, o habeas corpus, o direi-to de permanecer em silêncio (isto é, de não responder a questiona-mento) e o direito a um advogado; estes últimos três visam a garantir que os acusados de algum crime tenham assegurados os seus direitos.

■ DIREITOS POLÍTICOS: É considerado um desdobramento dos direitos civis e começaram a ser reivindicados a partir do século XVIII, estão relaciona-dos com a formação do

Estado democrático representativo e envol-vem os direitos eleitorais – A possibilidade de eleger um representante e de ser eleito para cargos pú-blicos -, O direito de participar de associações po-líticas, como sindicatos e partidos, e o direito de protestar.

■ DIREITOS SOCIAIS: Foram postos em prática a partir do século XX, através das conquistas ligadas aos movimentos sociais (principalmente trabalhistas) e a transformações econômicas (vide crise econômica de 1929) como o “new deal” e o Keynesianismo norte americano. Ocorridas no seio dos Estados contempo-

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râneos incluíram em sua agenda, as políticas públicas de bem estar social. As pessoas passaram a ter direito a educação básica, programas habitacionais, assis-tência à saúde, transporte coletivo, sistema previ-denciário, programas de lazer, acesso ao sistema judiciário, etc.

■ Direitos e deveres não podem ser separados, pois, afinal, quando cumprimos nossos deveres (obri-gações), garantimos que os outros exercitem seus di-reitos (liberdades). A Constituição Federal Brasileira de 1988 reserva cinco capítulos aos direitos funda-mentais do cidadão, com várias categorias sobre os direitos individuais e coletivos.

Faz parte da cidadania o exercício de direitos, a participação na vida da comunidade, na sociedade, no país. Os graves problemas sociais, políticos, raciais, étnicos, de desemprego e de exclusão social podem ser superados com o pleno exercício da cidadania.

Embora o mundo ainda esteja repleto de muitas injustiças, a conscientização da existência da Declara-ção de Direitos Humanos, juntamente com a Consti-tuição Federal (leis básicas), é um sinal de crescimento cultural, democrático e ético de um povo. Saber que existem esses direitos e que eles devem ser respeita-dos é o primeiro passo para tornar o mundo mais justo e solidário. A Declaração Universal dos Direitos Huma-nos traz como princípios a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

Convivência Social: uma ação ética

Os seres humanos precisam de seus semelhan-tes para sobreviver, para se comunicar, criar símbolos, expressões culturais, perpetuar a espécie e se realizar plenamente como indivíduos. O ser humano possui a capacidade natural para viver em sociedade, isto é o que chamamos de sociabilidade que se desenvolve através do processo de socialização, é por meio des-se processo que o indivíduo se integra ao grupo onde nasceu, assimilando as regras, costumes e hábitos característicos do seu grupo.

A convivência social é bastante complexa, pois exige inúmeros requisitos como a tolerância, compreen-são, paciência, respeito, dessa maneira a relação entre as pessoas se dá de forma conjunta. Nos grandes cen-tros urbanos, as relações humanas tendem a ser mais fragmentadas e impessoais, caracterizadas por um forte individualismo, já que proximidade física não significa necessariamente proximidade afetiva, essa falta de afe-tividade reforça o individualismo e estimula os conflitos.

É necessário uma postura ética diante de confli-tos de convivência, na verdade, sem ética os seres hu-manos não conviveriam socialmente, pois a ética nos ajuda a perceber o que é correto ou não, o que é bom ou mau, justo e injusto, assim por diante. A ética busca deixar claras as regras da boa convivência do ser hu-mano junto à sociedade, isto é, a grande característica da ética é a reflexão sobre a ação e a conduta humana.

É claro que a perfeição não existe, mas como cidadãos conscientes devemos observar que as ‘crises existem’, mas não podemos esquecer da ética. Todos precisam acreditar que é possível conviver de forma harmônica e um caminho seguro para sua efetivação através de uma ação ética.

ANOTAÇÕES

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GEOGRAFIAA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA

1. A URBANIZAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

DEFINIÇÕES: A) Processo no qual a população urbana cresce percentualmente mais que a rural.B) Expansão da infraestrutura urbana,

A figura mostra a urbanização brasileira acelerada:

PRINCIPAIS CAUSAS:1. Concentração fundiária (grilagem de terras);2. Avanço da mecanização no campo;3. Desenvolvimento econômico urbano

CONSEQUENCIAS: Aumento:1. da população urbana; 2. da desigualdade social;3. da periferia e proliferação de favelas;4. da violência urbana;5. da deficiência de transporte público;6. da deficiência em infraestrutura, etc.

A urbanização da população brasileira começou na década de 30, atingindo seu ápice nos anos 70 e diminuindo já na década seguinte, mas sem perder a continuidade. Ela faz parte do processo de redistribui-ção da população pelo. espaço geográfico. Significa que, a partir de 70, o país deixou gradativamente de ter a população concentrada no campo; quer dizer, pas-sou de rural a urbano. Na década de 40, cerca de 69% da população brasileira era rural; 40 anos depois, esse contingente diminuiu para 32%.

Gráfico com taxa de urbanização (Foto: IBGE)

A proporção da população brasileira que vive nas metrópoles (principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro) passou a ser cada vez maior.

Em 1940, apenas 31% da população brasileira vivia em cidades. Foi a partir de 1950 que o processo de urba-nização se intensificou, pois com a industrialização pro-movida por Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek houve a formação de um mercado interno integrado que atraiu milhares de pessoas para o Sudeste do país, região que possuía a maior infraestrutura e, consequentemente, a que concentrava o maior número de indústrias.

A CONCENTRAÇÃO POPULACIONAL E UR-BANIZAÇÃO NO SUDESTE

Depois de 1950, com a internacionalização do mercado e o predomínio dos grandes grupos econô-micos (aprofundamento do caráter monopolista da economia), foi no Sudeste que ocorreu uma aplicação mais intensiva de capitais, porque nessa região loca-lizavam-se as melhores condições para esses investi-mentos. Ali estavam os principais elementos para uma lucratividade maior: concentração dos meios de pro-dução, da força de trabalho e dos serviços indispensá-veis para a melhor circulação da produção.

O processo de concentração populacional E ur-banização no estado de São Paulo começou a se mani-festar no século passado, na fase primário-exportadora (1808-1850), quando a cafeicultura começou a polari-zar a população em detrimento de outras regiões do país, especialmente o Nordeste, com a decadência da agroindústria canavieira.

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O CRESCIMENTO É MAIOR NA PERIFERIAReferente ao crescimento populacional nos núcleos (capitais) das regiões metropolitanas, você pode veri-

ficar que entre 1970 e 1980 esses núcleos absorveram cerca de 26% do crescimento populacional do país. Entre 1980 e 1991, o ritmo de crescimento diminuiu, absorvendo por volta de 13% do incremento populacional. Isso significa que as periferias das regiões metropolitanas também passaram a absorver os fluxos imigratórios, prin-cipalmente nas duas últimas décadas. Paralelamente a isso, não devemos esquecer que a queda no crescimento vegetativo da população também contribuiu para o declínio no ritmo de crescimento populacional em geral.

Atualmente, muitas outras cidades e regiões do país atraem importantes fluxos imigratórios, embora São Paulo e Rio de Janeiro continuem sendo as maiores cidades do país: São Paulo com 9 480 427 habitantes e Rio de Janeiro com 5 336 179. Esse crescimento, embora tenha diminuído de intensidade, permanece contínuo.

AS METRÓPOLES NÃO SÃO MAIS TÃO ATRATIVAS (DESMETROPILIZAÇÃO)De forma geral, podemos dizer que existe uma tendência de queda nas taxas de crescimento populacional

das capitais dos estados brasileiros. Mesmo aquelas com maiores taxas de crescimento como Boa Vista - que na década de 70 chegou a concentrar cerca de 84% da população do estado de Roraima -, durante o período com-preendido entre 1980 e 1991, registraram decréscimo, reduzindo essa proporção para 66%

Essa tendência também está presente nas regiões metropolitanas e não apenas no núcleo central (isto é, nas capitais do município mais importante da região), como você acabou de ver. O que ocorre nos núcleos é uma queda maior em relação às periferias das regiões metropolitanas.

URBANIZAÇÃO DIFERENCIADA EM CADA UMA DAS REGIÕES BRASILEIRAS.REGIÃO CENTRO-OESTE: o processo de urbanização teve como principal fator a construção de Brasília,

em 1960 e as politicas de ocupação regional no periodo militar, que atraiu milhares de trabalhadores, a maior parte deles vindos das regiões Norte e Nordeste. Desde o final da década de 1960 e início da década de 1970, o Centro-Oeste tornou-se a segunda região mais urbanizada do país.

Taxa de Urbanização das Regiões Brasileiras (IBGE)

■ REGIÃO SUL: foi lenta até a década de 1970, em razão de suas características econômi-cas de predomínio da propriedade familiar e da policultura, pois um nú-mero reduzido de traba-lhadores rurais acabava migrando para as áreas urbanas.

■ REGIÃO NORDESTE: é a que apresenta hoje a menor taxa de urbanização no Brasil. Essa fraca urbani-zação está apoiada no fato de que dessa região partiram várias correntes migratórias para o restante do país e, além disso, o pequeno desenvolvimento econômico das cidades nordestinas não era capaz de atrair a sua própria população rural.

REGIÃO 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2007 2010

Brasil 31,24 36,16 44,47 55,92 67,59 75,59 81,23 83,48 84,36

Norte 27,75 31,49 37,38 45,13 51,65 59,05 69,83 76,43 73,53

Nordeste 23,42 26,4 33,89 41,81 50,46 60,65 69,04 71,76 73,13

Sudeste 39,42 47,55 57 72,68 82,81 88,02 90,52 92,03 92,95

Sul 27,73 29,5 37,1 44,27 62,41 74,12 80,94 82,9 84,93

Centro-Oeste 21,52 24,38 34,22 48,04 67,79 81,28 86,73 86,81 88,8

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■ REGIÃO NORTE: era a segunda mais urbanizada do país até a década de 60, porém a concentração da economia do país no Sudeste e o fluxo de migrantes dessa para outras regiões, fez com que o crescimento rela-tivo da população urbana regional diminuísse.

AGLOMERAÇÕES URBANASConurbação, metrópole, região metropolitana

e megalópole são expressões que a cada dia se tor-nam mais familiares a milhões de pessoas em todo o mundo. Elas indicam aglomerações urbanas, as vezes gigantescas.

Conurbação é a superposição ou o encontro de duas ou mais cidades próximas em razão de seu crescimento. Pode ocorrer entre cidades do mesmo ta-manho ou de tamanhos diferentes. Exemplos: Belém--Ananindeua-Benevides(RMB), região do ABCD, em São Paulo; regiões como as de Nova York, da Grande São Paulo, do Grande Rio, entre outras.

b. Metrópole corresponde a cidade principal ou cidade-mãe, isto é, a que possui os melhores equipa-mentos urbanos do país (metrópole nacional) ou de uma grande região do país (metrópole regional). Nova York, Tóquio, Sydney, São Paulo e Rio de Janeiro são exemplos de metrópoles nacionais Lyon (sudeste da França), Vancouver (litoral do Pacífico canadense), Seattle (noroeste dos EUA) e Belém (norte do Brasil são exemplos de metrópoles regionais.

Observe no mapa a seguir o processo de urbanização em cada estado brasileiro, assim como a hie-rarquia urbana nacional

c. Região metropolitana é o conjunto de áreas (municípios, no Brasil) contíguas e integradas socioeconomicamente a uma cidade principal (metrópole), com serviços públicos de infraestrutura comuns.

d. Megalópole (mega, “gran-

de”; polis, “cidade”) é o encontro ou a conurbação de várias metrópoles ou de várias regiões metropolitanas, formando uma extensa e gigantesca área urbanizada. Corresponde as mais importantes e maiores aglomerações urbanas.

A maior megalópole é a chamada Boswash, no nordeste dos Estados Uni-dos. Estende-se desde Boston (Bos) até Washington (Wash), tendo como centro a metrópole de Nova York. Concentra cerca de 20%. da população total daquele país.

Para Milton Santos, a Megalópole

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Brasileira esta em processo de formação

e) Cidades Globais: Termo que designa, em geografia urbana, a grande cidade, de funções comple-xas, que exerce influência sobre a área contígua dentro da qual comanda toda uma rede de cidades menores.

f) Megacidades: é uma gigantesca aglomera-ção urbana com no mínimo 10 milhões de habitantes em sua região metropolitana, RJ, com 11,4 milhões/Hab. e SP, com aproximadamente 20 milhões/hab,

g)Tecnopólos ou Cidades ciência: São cidades onde estão presentes centros de pesquisas, universi-dades, centros de difusão de informações. Geralmente os tecnopólos estão alienados a universidades e indús-trias.

h) Rede Urbana: é a articulação entre cidades que se dá via os sistemas de transportes e de comu-nicações, pelos quais fluem pessoas, mercadorias, in-formações, etc., onde ora há hierarquia urbana (Rede Urbana Clássica) ora não há (Rede Urbana Atual)

i) Macrocefalia Urbana: Caracteriza-se pelo crescimento acelerado dos centros urbanos, princi-palmente nas metrópoles, provocando o processo de marginalização das pessoas que por falta de oportuni-dade e baixa renda residem em bairros que não pos-suem os serviços públicos básicos, e com isso enfatiza o desemprego, contribui para a formação de favelas, resultando na exclusão social de todas as formas.

Classificação das cidades: As cidades podem ser classificadas sob diferentes aspectos, por exemplo, quanto ao sítio, à situação, à função e à origem.

Sítio Urbano é o local (no sentido topográfico) onde a cidade nasceu, é o “assoalho” da cidade. Assim temos, por exemplo, cidades cujo sítio é uma acrópole ou colina (Atenas e São Paulo), uma planície (Manaus e Paris), um planalto (Brasília e Madri) ou uma montanha (Campos do Jordão e Serra Negra).

Situação urbana é a posição que a cidade ocupa em relação aos fatores naturais ou geográficos da sua região. A posição da cidade normalmente exer-ce grande influência no seu desenvolvimento. Consi-derando, então, esse aspecto, temos, por exemplo, cidades fluviais (Paris e Manaus), de entroncamento ferroviário (Chicago e Bauru), marítimas (Amsterdã e Rio de Janeiro).

A função de uma cidade e definida por sua ativi-dade básica ou principal. Sob esse aspecto, as cidades são classificadas em comerciais (Londres, São Paulo e Campina Grande), industriais (Detroit, Volta Redonda, São Bernardo do Campo), administrativas (Washington e Brasília), religiosas (Vaticano, Aparecida do Norte), militares (Pearl Harbor e Resende), turísticas (Las Vegas e Olinda) etc.

Quanto à origem, as cidades são classificadas em dois tipos. As espontâneas são aquelas que sur-giram naturalmente a partir de pequenos núcleos ou povoados. A quase totalidade das cidades pertence a essa categoria.

01. ENEM 2011O Centro-Oeste apresentou-se como extrema-

mente receptivo aos novos fenômenos da urbaniza-ção, já que era praticamente virgem, não possuindo in-fraestrutura de monta, nem outros investimentos fixos vindos do passado. Pôde, assim, receber uma infraes-trutura nova, totalmente a serviço de uma economia moderna. SANTOS, M. A Urbanização Brasileira. São Paulo:

EdUSP, 2005 (adaptado)

O texto trata da ocupação de uma parcela do território brasileiro. O processo econômico diretamen-te associado a essa ocupação foi o avanço da

a) industrialização voltada para o setor de base.b) economia da borracha no sul da Amazônia.c) fronteira agropecuária que degradou parte do cer-

rado.d) exploração mineral na Chapada dos Guimarães.e) extrativismo na região pantaneira.

02. (Enem 2003) O quadro abaixo mostra a taxa de crescimento natural da população brasileira no sé-culo XX.

Período Taxa anual média de crescimento natural (%)

1920 - 1940 1,901940 - 1950 2,401950 - 1960 2,991960 - 1970 2,891970 - 1980 2,481980 - 1991 1,931991 - 2000 1,64

Fonte: IBGE, Anuário Estatístico do Brasil

Analisando os dados podemos caracterizar o período entrea) 1920 e 1960, como de crescimento do planejamento

familiar.b) 1950 e 1970, como de nítida explosão demográfica. c) 1960 e 1980, como de crescimento da taxa de fer-

tilidade. d) 1970 e 1990, como de decréscimo da densidade de-

mográfica. e) 1980 e 2000, como de estabilização do crescimento

demográfico.

03. ENEM 2013

Embora haja dados comuns que dão unida-de ao fenômeno da urbanização na África, na Ásia e na América Latina, os impactos são distintos em cada continente e mesmo dentro de cada país, ainda que as modernizações se deem com o mesmo conjunto de inovações. ELIAS, D. Fim do século e urbanização no Brasil. Re-

vista Ciência Geográfica, ano IV, n. 11, set/dez. 1988.

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O texto aponta para a complexidade da urba-nização nos diferentes contextos socioespaciais. Com-parando a organização socioeconômica das regiões citadas, a unidade desse fenômeno é perceptível no aspecto

a) espacial, em função do sistema integrado que envol-ve as cidades locais e globais.

b) cultural, em função da semelhança histórica e da condição de modernização econômica e política.

c) demográfico, em função da localização das maio-res aglomerações urbanas e continuidade do fluxo campo-cidade.

d) territorial, em função da estrutura de organização e planejamento das cidades que atravessam as fron-teiras nacionais.

e) econômico, em função da revolução agrícola que transformou o campo e a cidade e contribuiu para fixação do homem ao lugar.

04. (Enem 2003)Um dos aspectos utilizados para avaliar a posição ocupada pela mulher na sociedade é a sua participação no mercado de trabalho. O grá-fico mostra a evolução da presença de homens e mulheres no mercado de trabalho entre os anos de 1940 e 2000.

Da leitura do gráfico, pode-se afirmar que a par-ticipação percentual do trabalho feminino no Brasil

a) teve valor máximo em 1950, o que não ocorreu com a participação masculina.

b) apresentou, tanto quanto a masculina, menor cresci-mento nas três últimas décadas.

c) apresentou o mesmo crescimento que a participa-ção masculina no período de 1960 a 1980.

d) teve valor mínimo em 1940, enquanto que a partici-pação masculina teve o menor valor em 1950.

e) apresentou-se crescente desde 1950 e, se mantida a tendência, alcançará, a curto prazo, a participação masculina.

05. (Enem 2003) -

O gráfico e a frase acima, tirados de um jornal, estão ambos relacionados à evolução média da violên-

cia no Estado de São Paulo. A associação entre estas duas linguagens – a gráfica e a escrita – permite con-cluir que, percentualmente,

a) a capital tornou-se mais rica.b) as cidades do interior enriqueceram e “atraíram”

roubos. c) a região metropolitana enriqueceu e o crime se es-

tabilizou. d) diminui, em geral, a criminalidade no Estado. e) diminui especialmente a incidência de roubos no

Estado.

06. (Enem 2004) Ao longo do século XX, as caracterís-ticas da população brasileira mudaram muito. Os gráficos mostram as alterações na distribuição da população da cidade e do campo e na taxa de fe-cundidade (número de filhos por mulher) no perío-do entre 1940 e 2000.

Comparando-se os dados dos gráficos, pode-se concluir que

a) o aumento relativo da população rural é acompa-nhado pela redução da taxa de fecundidade.

b) quando predominava a população rural, as mulheres tinham em média três vezes menos filhos do que hoje.

c) a diminuição relativa da população rural coincide com o aumento do número de filhos por mulher.

d) quanto mais aumenta o número de pessoas moran-do em cidades, maior passa a ser a taxa de fecun-didade.

e) com a intensificação do processo de urbanização, o número de filhos por mulher tende a ser menor.

07. (Enem 2004) O excesso de veículos e os conges-tionamentos em grandes cidades são temas de freqüentes reportagens. Os meios de transportes utilizados e a forma como são ocupados têm re-flexos nesses congestionamentos, além de proble-mas ambientais e econômicos. No gráfico a seguir, podem-se observar valores médios do consumo de energia por passageiro e por quilômetro rodado, em diferentes meios de transporte, para veículos em duas condições de ocupação (número de pas-sageiros): ocupação típica e ocupação máxima.

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Esses dados indicam que políticas de transporte urbano devem também levar em conta que a maior eficiência no uso de energia ocorre para os

a) ônibus, com ocupação típica.b) automóveis, com poucos passageiros.c) transportes coletivos, com ocupação máxima.d) automóveis, com ocupação máxima.e) trens, com poucos passageiros.

08. (Enem 2009) Populações inteiras, nas cidades e na zona rural, dispõem da parafernália digital global como fonte de educação e de formação cultural. Essa simultaneidade de cultura e informação ele-trônica com as formas tradicionais e orais é um de-safio que necessita ser discutido. A exposição, via mídia eletrônica, com estilos e valores culturais de outras sociedades, pode inspirar apreço, mas tam-bém distorções e ressentimentos. Tanto quanto há necessidade de uma cultura tradicional de posse da educação letrada, também é necessário criar estra-tégias de alfabetização eletrônica, que passam a ser o grande canal de informação das culturas seg-mentadas no interior dos grandes centros urbanos e das zonas rurais. Um novo modelo de educação.

BRIGAGÃO, C. E.; RODRIGUES, G. A globalização a olho nu: o mundo conectado. São Paulo: Moderna, 1998 (adaptado).

Com base no texto e considerando os impactos culturais da difusão das tecnologias de informação no marco da globalização, depreende-se que

a) a ampla difusão das tecnologias de informação nos centros urbanos e no meio rural suscita o contato entre diferentes culturas e, ao mesmo tempo, traz a necessidade de reformular as concepções tradicio-nais de educação.

b) a apropriação, por parte de um grupo social, de va-lores e ideias de outras culturas para benefício pró-prio é fonte de conflitos e ressentimentos.

c) as mudanças sociais e culturais que acompanham o processo de globalização, ao mesmo tempo em que refletem a preponderância da cultura urbana, tornam obsoletas as formas de educação tradicio-nais próprias do meio rural.

d) as populações nos grandes centros urbanos e no meio rural recorrem aos instrumentos e tecnologias de informação basicamente como meio de comuni-cação mútua, e não os veem como fontes de edu-cação e cultura.

e)a intensificação do fluxo de comunicação por meios eletrônicos, característica do processo de globali-zação, está dissociada do desenvolvimento social e cultural que ocorre no meio rural.

ANOTAÇÕES

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PORTUGUÊSNÍVEIS DE LINGUAGEM

Os níveis de linguagem dizem respeito ao uso da fala e escrita em uma determinada situação comu-nicativa. O emissor e o receptor devem estar em con-cordância para que haja entendimento. Assim sendo, cada ocasião exige uma linguagem diferente.

Linguagem Padrão, culta ou formal

É a linguagem que serve de veículo de infor-mação e comunicação entre pessoas com bom grau de instrução, independente da classe social, e procura seguir rigidamente os padrões gramaticais vigentes.

Ex: “Ainda não o vi”, “Passe me o arroz”

Linguagem Coloquial, popular ou informal

É a de uso comum e espontâneo do povo. Pode se apresentar carregada de vícios de linguagem, gírias e é, freqüentemente, distante das normas gramaticais.

Ex: “Ainda não vi ele”, “Me passe o arroz”

Linguagem Regional

É carregada de influências locais, do ponto de vista vocabu-lar, fonológico e cultural. Imagine um paraense conversando com um gaúcho e observe as di-ferenças de linguagem empregada.

Exemplo do falar gaúcho:Pues, diz que o divã no consultório do ana-

lista de Bagé é forrado com um pelego. Ele re-cebe os pacientes de bombacha e pé no chão. Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho.

— O senhor quer que eu deite logo no divã? — Bom, se o amigo quiser dançar uma marcha,

antes, esteja a gosto. Mas eu prefiro ver o vivente es-tendido e charlando que nem china da fronteira, pra não perder tempo nem dinheiro.

(Luís Fernando Veríssimo, O Analista de Bagé)

Exemplo do falar caipira:Aos dezoito anos pai Norato deu uma facada

num rapaz, num adjutório, e abriu o pé no mundo. Nunca mais ninguém botou os olhos em riba dele, afo-ra o afilhado.

— Padrinho, evim cá chamá o sinhô pra mode i morá mais eu.

— Quá,flo, esse caco de gente num sai daqui mais não.

— Bamo. Buli gente num bole, mais bicho... O sinhô anda perrengado...

(Bernardo Élis, Pai Norato)

Linguagem Literário ou Poética

Tem características próprias da linguagem e do sentimento expressado.

Ex: “De tudo ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento..”

Linguagem técnica ou científica

É mais usada entre membros de uma mesma área técnica ou científica.

Ex:

Linguagem chula ou vulgar

Carregada de expressões vulgares e de mau gosto.

Ex: “nóis vai, ele fica”, “eudi um beijo nela”, “Vamo i no mercado”.

Gíria

A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos gru-pos sociais “que vivem à margem das classes domi-nantes: os estudantes, esportistas, prostitutas, ladrões” Eles a usam como arma de defesa contra as classes do-minantes. Esses grupos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensagens sejam decodificadas apenas pelo próprio grupo.

Ex: Primeiro, ela pinta como quem não quer nada. Chega na moral, dando uma de Migué, e acaba caindo na boca do povo. Depois desba ratina, vira lero--lero, sai de fininho e some. Mas, às vêzes, volta arre-bentando, sem o menor aviso. Afinal, qual é a da gíria? (Cássio Schubsky, Superinteressante)

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43Observe o diálogo:

Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo? Cliente – Estou interessado em financiamento

para compra de veículo. Gerente – Nós dispomos de várias modalidades

de crédito. O senhor é nosso cliente? Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou

funcionário do banco. Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Hele-

na! Cê tá em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma.

01. Na representação escrita da conversa telefônica en-tre a gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira de falar da gerente foi alterada de repente devido

a) à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracterizada pela informalidade.

b) à iniciativa do cliente em se apresentar como funcio-nário do banco.

c) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia (Mi-nas Gerais).

d) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu nome completo.

e) ao seu interesse profissional em financiar o veículo de Júlio.

Para o Mano Caetano O que fazer do ouro de tolo Quando um doce bardo brada a toda brida, Em velas pandas, suas esquisitas rimas? Geografia de verdades, Guanabaras postiças Saudades banguelas, tropicais preguiças?

A boca cheia de dentes De um implacável sorriso Morre a cada instante Que devora a voz do morto, e com isso, Ressuscita vampira, sem o menor aviso [...] E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo Tipo pra rimar com ouro de tolo? Oh, Narciso Peixe Ornamental! Tease me, tease me outra vez

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

Competência: Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.

Habilidades:H26 - Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.H27 – Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.Comentário: Esse assunto costuma ser abordado pelos programas do primeiro ano do Ensino Médio. A ban-ca exige que o candidato reflita sobre os conceitos de erro e acerto sob o ponto de vista da Sociolinguística e o candidato deve lembrar-se do que aprendeu acerca de adequação linguística.

1 Ou em banto baiano Ou em português de Portugal Se quiser até mesmo em americano de De Natal [...] Tease me (caçoe de mim, importune-me).

02. Na letra da canção apresentada, o compositor Lo-bão explora vários recursos da língua portuguesa, a fim de conseguir efeitos estéticos ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o extrato sonoro do idioma e o uso de termos coloquiais na seguinte passagem:

a) “Quando um doce bardo brada a toda brida” (v. 2) b) “Em velas pandas, suas esquisitas rimas?” (v. 3) c) “Que devora a voz do morto” (v. 9) d) “lobo-bolo//Tipo pra rimar com ouro de tolo? (v. 11-

12) e) “Tease me, tease me outra vez” (v. 14)

03. Se Pedro Segundo Vier aqui Com história Eu boto ele na cadeia. Oswald de Andrade

No contexto, a expressão “com história”, significa

a) uma mentira b) uma conversa fiada. c) um comunicado urgente. d) uma prosa de amigos. e) um diálogo sério.

04. Considerando-se a variedade linguística que se pretendeu reproduzir nesta frase, é correto afir-mar que a expressão proveniente de variedade co-loquial é

a) “dar um rolê de bike”. b) “lapidar o estilo”. c) “a bordo de um skate”. d) “curtir o sol tropical”. e) “levar sua gata para surfar”.

05. (ENEM-2005) Tem gente que junta os trapos, ou-tros juntam os pedaços.

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No texto, a marca da coloquialidade apresenta-se como transgressão gramatical. Assinale a alternativa que corresponde ao fato:

a) Ausência do conectivo. d) Repetição do verbo juntar.b) Escolha das palavras. e) Emprego da vírgula.c) Emprego do verbo ter.

06. (ENEM- 2006)

Ao consultar o dicionário, percebe-se que a palavra pirambaba não existe. Mas, pelo contexto, é possível interpretá-la. Das opções abaixo, qual SUBSTITUI a palavra mencionada sem prejuízo de sentido?

a) Zeloso b) Perseverante c) Desaplicado d) Descuidado e) Desatento

Texto, Linguagem e discurso

O que é linguagem? É o uso da língua como forma de expressão e comunicação entre as pessoas. Agora, a linguagem não é somente um conjunto de palavras faladas ou escritas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade?

Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem verbal é que se utiliza de palavras quando se fala ou quando se escreve.

A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da verbal, não se utiliza do vocábulo, das palavras para se comunicar. O objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar de outros meios comunicativos, como: placas, figuras, gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais.

Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou televisionado, um bilhete? Linguagem verbal!

Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identificação de “feminino” e “masculino” através de figuras na porta do banheiro, as placas de trânsito? Linguagem não verbal!

A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e anúncios publicitários.

Eis a seguir alguns exemplos:

De modo a tornar efetiva a linguagem verbalizada, esta condiciona-se a dois fatores: à língua e à fala. A língua é fator resultante da organização de palavras, segundo regras específicas e utilizadas por uma coletividade.

Como código social, a língua não pode ser modificada arbitrariamente, em função destas regras preestabelecidas. Tal organização tende a corroborar para que o enunciado seja manifestado de forma clara, objetiva e precisa.

Esta organização básica do pensamento, opiniões e ideias subsistem em uma capacidade proferida por um modo mais individual. Tal afirmativa parte do pressuposto de que cada ser humano é único e que, para ser compreendido, não precisa se expressar igual aos outros. Cada um expõe seus sentimentos e revela sua ma-neira de ver o mundo de forma subjetiva, caracterizando, desta forma, a fala.

Enfim, todo este processo resulta no ato comunicativo como sendo uma experiência cotidiana, pois estamos a todo o momento remetendo e recebendo mensagens, as quais se limitam a infinitas finalidades: informar, aconselhar, persuadir, entreter, expor opiniões, dentre outras.

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LITERATURABARROCO, ARCADISMO E NEOCLASSICISMO

1. BARROCOComo representar artisticamente um mundo

instável?Essa pergunta que inspirou pintores, escultores,

arquitetos, músicos e escritores durante todo o sécu-lo XVII. Sua resposta definirá a estética barroca, mar-cada pelo excesso e pelo contraste e dará ao mundo algumas de suas mais impressionantes obras de arte. A partir de agora você descobrirá como a postura ra-cional do Renascimento deu lugar a uma existência hu-mana assombrada pela culpa religiosa.

PINTORES

A dúvida de Tomé,1599, de Caravaggio

O desafio do Barroco era representar um mundo instável.Por isso, a arte do período vive de contraste que traduzem a tensão entre a aspiração à harmonia e a felicidade eterna e a beleza que se vê na luta e no sofrimento humano.

ESCULTORES

Profeta Isaias

De Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Alei-jadinho, (Ouro Preto, ca. 29 de agosto de 1730 ou, mais provavelmente, 1738 — Ouro Preto, 18 de novembro de 1814) foi um importante es-cultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial.

ARQUITETOS

Praça de São Pedro (1656 – 1667) obra de Gian Lorenzo Bernini, no Vaticano (Roma), uma das princi-pais manifestações da arquitetura e do urbanismo bar-roco. Os braços da praça simbolizam a Igreja Católica, que abriga e abraça os fieis.

ESCRITORES

Bento Teixeira Pinto (Por-tuguês radicado no Brasil) é o autor de Prosopopeia, que foi a obra que propagou o estilo barroco no Brasil e é, também, a primeira obra literária que aconteceu en-tre nós, sendo, por isto, um marco da nossa literatura.

Gregório de Matos (1633-1696)

Padre Antônio Vieira (1608-1697)

“E na desigual ordem consiste a fermosura na desordem ”

Botelho de Oliveira.

O termo “barroco”,é usado na língua portu-guesa do século XVI para designar uma pérola de forma irregular.

“Não existe pecado do lado de baixo do Equador.Vamos fazer um pecado, safado, debaixo do meu co-bertor.(...)Quando é lição de esculacho, olhai, sai de baixo, que eu sou professor.”

Chico Buarque e Ruy Guerra

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Barroco - OUTROS NOMES

• Seiscentismo (1601)• Marinismo (Itália) Giombattista Marini (Poeta)• Gongorismo (Espanha) Luis de Gôngora y Argote

(Poeta)• Preciosismo (França) Requinte formal dos poemas• Eufuísmo (Inglaterra) Romance Euphues,or the

anatomy of wit (Euphues, ou a anatomia da sagacidade),John Lyly (Escritor)

A Arte Barroca vigora durante todo o século XVII ate as primeiras décadas do século XVIII é fruto de uma atitude espiritual complexa e contraditória de uma época que se divide entre as influências do Re-nascimento – Materialismo, o paganismo e o sensualis-mo e da onda de religiosidade trazida sobretudo pela Contra-Reforma.

O SURGIMENTO

O Barroco procura solucionar os dilemas de um homem que perdeu sua confiança ilimitada na razão e na harmonia, através da volta a uma intensa religiosidade me-dieval e da eliminação dos conceitos renascentistas de vida e arte. Em parte, isso não é atingido e as contradições pros-seguiriam.

Referências históricas

■ Renovações culturais trazidas pelo Renascimento;■ Fim do ciclo das navegações;■ A Reforma na Igreja Católica (1517) Reforma Pro-

testante .■ Concílio de Trento = Companhia de Jesus. (1540)■ A Contra-Reforma da igreja Católica (1563) Tentativa

de impedir a expansão Protestante■ Criação do Índex Librorum Proibitorum ■ Reaparecimento do Tribunal do Santo Oficio mais

conhecido como Santa Inquisição (controlar o com-portamento dos católicos que se desviavam das re-gras da igreja);

“Toda forma exige fechamento e fim, e o barroco se define pelo movimento e instabilidade; parece-nos,

pois, que ele se encontra ante um dilema: ou negar-se como barroco, para completar-se numa obra, ou resistir

à obra para persistir fiel a si mesmo” J. Rousset

CARACTERÍSTICAS■ Estética do conflito, pela confluência de valores me-

dievais (Teocentrismo) e os valores renascentistas (antropocentrismo);

■ Tensão e angustia existencial;■ Uso abundante de linguagem figurada: antítese,

paradoxo, metáfora, hipérbole, repetição, inversão sintática;

■ Estilo opulento, todo retorcido, feito de tensão e contraste;

■ Tematização da brevidade da vida e da efemerida-de de tudo: juventude, beleza, poder, riqueza.

A Linguagem Barroca

■ É caracterizada pela linguagem rebuscada, culta, ex-travagante; pela valorização do pormenor mediante jogos de palavras.

■ Visível influência do poeta espanhol Luís de Gôngo-ra; daí o estilo ser também conhecido como Gon-gorismo.

■ Arte sensorial■ O aspecto exterior imediatamente visível no Cultis-

mo ou Gongorismo é o abuso no emprego de figu-ras de linguagem.

■ Como as metáforas, antítese, hipérboles, hipérbatos, anáforas, paronomásias, sinestesias, etc...

■ Dimensão visual (delírio cromático)

Há um crescente pessimismo em face da vida (oposto à vontade de viver e vencer do Renascimento) e tudo lembra ao homem sua morte e aniquilamento.

“Ó não guardes, que a madura idade, / te converte essa flor, essa beleza, / em terra, em cinza, em pó, em som-bra, em nada.”

Gregório de Matos

É de se esperar que os recursos dessa visão de mundo sejam, na poesia, as figuras: sonoras (alitera-ção, assonância, eco, onomatopéia...), sintáticas (elipse, inversão, anacoluto, silepse...) e principalmente semân-ticas (metáfora, metonímia, sinédoque, antítese, para-doxo, clímax...).

■ Metáfora: Revolução da poética barroca com o surgimento das metáforas erótico-anatômicas que associavam o amor ao prazer e a natureza à mulher.

“Goza, goza da flor da mocidade. / Que o tempo trata a toda ligeireza / E imprime em toda a flor sua pisada.”

Gregório de Matos

■ Antítese: Reflete a contradição do homem barroco, seu dualismo.

“Ardem chamas n’água, e como / vivem as chamas, que apura, / são ditosas Salamandras / as que são nadan-tes turbas”

Botelho de Oliveira

CUIDADO COM AS GENERALIZAÇÕES!

Nem todo texto construído a partir de antíteses é barroco. Esse recurso de estilo pode ser utilizado em qualquer época e texto. A letra da música O quereres, de Caetano Veloso, por exemplo, é toda construída a partir de oposições de ideias e nem por isso é um texto barroco.

Onde queres o ato, eu sou o espíritoE onde queres ternura, eu sou tesãoOnde queres o livre, decassílaboE onde buscas o anjo, sou mulherOnde queres prazer, sou o que dóiE onde queres tortura, mansidãoOnde queres um lar, revoluçãoE onde queres bandido, sou heroi

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Como se observa, não há conflito espiritual no interior do eu lírico. A oposição ocorre apenas entre o modo de ser do eu lírico e o da pessoa amada

Cultismo x Conceptismo

Cultismo : Caracterizado pela linguagem rebus-cada, culta, extravagante; a valorização do pormenor mediante jogo de palavras é o culto da forma do texto e procura enfatizar a expressividade deste através do uso (e abuso) das figuras de linguagem. o cultismo va-loriza a forma e a imagem construída no texto através de jogos de palavras (uso de metáforas, metonímias, hipérboles - exageros - antíteses, paradoxos e compa-rações).

Conceptismo: Do espanhol concepto, “idéia”) é o jogo de idéias, constituído pelas sutilezas do ra-ciocínio e do pensamento lógico, por analogias, etc. Embora seja mais comum o cultismo manifestar-se na poesia e o conceptismo na prosa, é perfeitamente nor-mal aparecerem ambos em um mesmo texto.

“Se gostas de afetação e pompa de palavras e do esti-lo que chama culto, não me leias. Quando este estilo florescia, nasceram as primeiras verduras do meu; mas valeu-me tanto sempre a clareza, que só porque me entendiam comecei a ser ouvido.(...) Este desventurado estilo que hoje se usa, os que o querem honrar chamam--lhe culto, os que condenam chamam-se escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é escu-ro, é negro, e negro boçal e muito cerrado. É possível que somos portugueses, e havemos de ouvir um pregador em português, e não havemos de entender o que diz!”

Padre Antonio Vieira

Gregório de Matos Guerra

Poeta barroco brasileiro, nasceu em Salvador/BA, em 20/12/1623 e morreu em Recife/PE em 1696. Foi contemporâneo do Pe. Antônio Vieira. Amado e odiado, é conhecido por muitos como “Boca do Infer-no”, em função de suas poesias satíricas, muitas vezes trabalhando o chulo em violentos ataques pessoais. Influenciado pela estética, estilo e sintaxe de Gôngora e Quevedo, é considerado o verdadeiro iniciador da li-teratura brasileira.

A poesia de Gregório de Matos é Sacra (temática religiosa) e lírico-amorosa. Absolutamente conforme com a estética do Barroco, abusa de figuras de lingua-

gem; faz uso do estilo cultista e conceptista, através de jogos de palavras e raciocínios sutis. As contradi-ções, próprias, talvez, de sua personalidade instável, são uma constante em seus poemas, oscilando entre o sagrado e o profano, o sublime e o grotesco, o amor e o pecado, a busca de Deus e os apelos terrenos.

É mais conhecido por sua sátira ferina, azeda e mordaz, usando, às vezes, palavras de baixo calão, daí seu epíteto Boca do Inferno. Critica todos os aspectos da sociedade baiana, particularmente o clero e o por-tuguês. A atitude nativista que disso resulta é apenas consequência da situação na Colônia brasileira.

ARCADISMO – NEOCLASSICISMO

Pastor e pastora repousando,1761, de François Boucher.

Luz no Horizonte

A Luz da razão volta a brilhar a Europa no século XVIII. O Cientista olha para o céu e se pergunta sobre a configuração das estrelas; o filósofo questiona o direi-to da nobreza e uma vida privilegiada. Razão e ciência iluminam a trajetória humana, explicando fenômenos e propondo novas formas de organizar a sociedade.

Tanto a busca da simplicidade formal, quanto a da clareza e eficácia das ideias, se ligam, nos árcades, ao grande valor dado à natureza, como base da har-monia e da sabedoria. Daí o apreço pela convenção pastoral, isto é, pelos gêneros bucólicos, que visam re-presentar a inocência e a sadia rusticidade dos costu-mes rurais, sobretudo dos pastores.

CÂNDIDO, Antonio;CASTELO,José Aderaldo.Pre-sença da literatura brasileira:história e antologia

O Século das Luzes

A estética barroca sofreu forte influência da ten-são religiosa desencadeada pela Reforma protestante. Superando o momento da reação católica mais violen-ta, com o reaparecimento do Tribunal do Santo Ofí-cio (Inquisição) e da perseguição aos hereges, o fim do século XVII testemunha o inicio de uma importante mudança de mentalidade.

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A partir das desco-bertas do fí-sico inglês Isaac Newton (1643-1727) sobre a gravitação universal e o movi-mento dos corpos, a pesquisa científi-ca como forma de compreender e ex-plicar o funcionamen-to da natureza ganha forte impulso.

O ser humano recupe-ra, aos poucos, seu desejo de encontrar explicações racionais para os fenômenos que observa a sua volta. As ameaças de condenação eterna e a necessidade de subordinação absoluta ao poder divino perdem força.

No inicio do século XVIII,pensadores e cien-tistas já haviam determinado novos rumos para o pensamento humano e, com isso, começam a ques-tionar também os padrões da população cultural do século XVII.

O reinado da fé foi substituído pela crença na ra-cionalidade. Grandes filósofos franceses, como Descar-te, Voltaire, Diderot, Rousseau e Montesquieu, adotam a razão como parâmetros para analisar as crenças tra-dicionais, as opiniões políticas e a organização social.

Para eles, a razão e a ciência seriam os “farois” que guiariam o ser humano para longe do obscurismo e da ignorância que haviam predominado em séculos anteriores. Por esse motivo, a razão é metaforicamen-te apresentada nesse momento como a “luz interior”. Essa postura, que valoriza o conhecimento científico e racional, foi definida como iluminista.

Iluminismo: é a denominação dada ao conjunto das tendências ideológicas, filosóficas e científicas desen-volvidas no século XVIII, como consequência da recu-peração de um espírito experimental, racional, que buscava o saber enciclopédico.

Enciclopédia: O livro dos livros. A principal expressão do Iluminismo foi a Rn-

ciclopédia, obra em 28 volumes cujo objetivo principal era conter todos os cinhecimentos filosóficos e cientí-ficos da época. Sua publicação, coordenada pelos fi-lósofos franceses Diderot e D”Alembert, ocorreu entre 1751 e 1780.

ARCADISMO

Neoclassicismo / SetencentismoA Palavra Arcádia tem origem no nome de uma

província grega. Dia a tradição poética grega, a Arcá-dia, região montanhosa do Peloponeso, era habitada por pastores que, ao contato com a natureza, levavam uma vida familiar suave e tranqüila, uma espécie de paraíso bucólico.

O termo “Neoclassicismo” é empregado por ha-ver uma tentativa de imitação dos autores clássicos,

bem como, uma volta ás idéias imitativos da arte gre-co-romana e do Classicismo Quinhentistas

O Arcadismo, também conhecido como Sete-centismo ou Neoclacissismo, é o movimento que com-preende a produção literária brasileira na segunda me-tade do século XVIII. O nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e Ca-listo).

CARACTERÍSTICAS■ Inspiração nos modelos clássicos greco-lati-

nos e renascentistas, como por exemplo, em O Uraguai (gênero épico), em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas Chilenas (gênero satírico);

■ Mitologia pagã como elemento estético;■ O bom selvagem, expressão do filósofo Jean-

-Jacques Rousseau, denota a pureza dos nativos da terra fazem menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril;

■ Pastoralismo: poetas simples e humildes;■ Fugere Urbem, Locus Amoenus e Inutilia Trun-

cat; Carpe Diem; Aurea mediocrita. ■ Bucolismo: busca pelos valores da natureza;■ Simplicidade; Objetividade; pseudônimos;■ exaltação da pureza, da ingenuidade e da be-

leza.

O Resgate de temas clássicos

O desenvolvimento de alguns temas clássicos, referidos por expressões latinas, é facilmente identifi-cável na poesia árcade. Dentre os temas, destacam-se: Fugere urbem (fuga da cidade); Aurea mediocritas (vida medíocre materialmente mais rica em realizações espirituais); Locus amoenus (lugar tranquilo); Inutília truncat (cortar o inútil) e o Carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida enquanto é possível. Essa idéia é retomada pelos árcades e faz parte do convite amo-roso.

■ Fugere urbem (fuga da cidade): Os árcades defendiam o bucolismo como ideal de vida, isto é, uma vida simples e natural, junto ao campo, distante dos centros urbanos. Tal princípio era reforçado pelo pensamento do filósofo francês Jean Jacques Rousseau – “a civilização corrompe os costumes do homem, que nasce naturalmente bom.”

■ Aurea mediocritas (vida medíocre material-mente mais rica em realizações espirituais): A idealiza-ção de uma vida pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e triste na cidade.

■ Carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida enquanto é possível. Essa idéia é retomada pelos árcades e faz parte do convite amoroso.

IMITAÇÃO DOS CLÁSSICOS: Uma das carac-terísticas essenciais do Arcadismo é o regate da in-fluência Greco-latina na produção artística. Em grande parte, os poetas promovem a imitação dos antigos, principalmente nas referências à mitologia e na obser-vância das regras de composição. SONETO .

O USO DE UMA LINGUAGEM SEM REBUSCA-MENTO: Para fazer frente ao rebuscamento linguístico

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movido pelo Barroco cultista, os árcades adotam a simplicidade como um ideal poético. Essa simplicidade é alcançada, principalmente, com o uso menos freqüente de figuras de sintaxe.

O PASTORALISMO: Aparentemente um dos aspectos mais artificiais da estética árcade, consiste na identificação dos poetas e de suas musa/amadas como pastores e pastoras; que adotavam pseudônimos lati-nos.

QUADRO DE CARACTERÍSTICAS

QUANTO À FORMA• Vocabulário simples• Frases em ordem direta• Ausência quase total de figuras de linguagem• Manutenção do verso decassílabo, do soneto

e de outras formas clássicas

QUANTO AO CONTEÚDO • Pastoralismo• Bucolismo• Fugere urbem (fugir da cidade) • Áurea mediocritas (vida simples) • Elementos da cultura greco-latina (deuses

pagãos) • Convencionalismo amoroso (pseudônimos) • Idealização amorosa• Racionalismo • Idéias iluministas • Carpe diem (viver o presente)

AUTORES PRINCIPAIS: Tomás Antônio Gonzaga (DIRCEU), Claudio Manuel da Costa (GLAUCESTE SATÚR-NIO), Manuel Maria Du Bocage (ELMANO SADINO)

ANOTAÇÕES

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A REDAÇÃO NO ENEM

Como é realizada a Redação no Enem? Você co-nhece as propostas avaliativas? Como a sua redação é avaliada? Quais as dicas importantes para você se dar bem nessa avaliação? Nesta seção, iremos ajudá-lo a entender como é feita a correção da redação e os cri-térios utilizados nela.

A redação deverá ser estruturada na forma de texto em prosa do tipo dissertativo-argumentativo, a partir da proposta de um tema de ordem social, cientí-fica, cultural ou política.

Na redação, também serão avaliadas as cinco competências da Matriz do ENEM, referidas à produ-ção de um texto. Cada uma das competências será avaliada numa escala de 0 a 100 pontos.

Caso o participante não desenvolva o tema e a estrutura solicitados, será atribuída a nota ZERO à competência II da redação, o que anula a correção das demais competências da redação. A nota global da re-dação, neste caso, será ZERO.

A nota global da redação será dada pela média aritmética das notas atribuídas a cada uma das cinco competências específicas da redação.

As cinco competências avaliadas na redação são as mesmas avaliadas na parte objetiva da prova, tra-duzidas para uma situação específica de produção de texto, conforme especificado a seguir:

COMPETÊNCIAS AVALIADAS NA CORREÇÃO1 Demonstrar domínio da norma culta da língua

escrita.2 Compreender a proposta da redação e aplicar

conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

3 Selecionar, relacionar, organizar e interpretar in-formações, fatos, opiniões e argumentos em de-fesa de um ponto de vista.

4 Demonstrar conhecimento dos mecanismos lin-guísticos necessários para a construção da argu-mentação.

5 Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores huma-nos e considerando a diversidade sociocultural.

Na competência I, espera-se que o participante escolha o registro adequado a uma situação formal de produção de texto escrito. Na avaliação, serão consi-derados os fundamentos gramaticais do texto escrito, refletidos na utilização da norma culta em aspectos como: sintaxe de concordância, regência e colocação; pontuação; flexão; ortografia; e adequação de registro demonstrada, no desempenho lingüístico, de acordo com a situação formal de produção exigida.

O eixo da competência II reside na compreen-são do tema que instaura uma problemática a respeito da qual se pede um texto escrito, em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo. Por meio desse tipo de texto, analisam-se, interpretam-se e relacionam-se da-

dos, informações e conceitos amplos, tendo-se em vis-ta a construção de uma argumentação, em defesa de um ponto de vista.

Na competência III, procura-se avaliar como o participante, em uma situação formal de interlocução, seleciona, organiza, relaciona e interpreta os dados, in-formações e conceitos necessários para defender sua perspectiva sobre o tema proposto.

Na competência IV, avalia-se a utilização de recursos coesivos da modalidade escrita, com vistas à adequada articulação dos argumentos, fatos e opi-niões selecionados para a defesa de um ponto de vista sobre o tema proposto. Serão considerados os meca-nismos lingüísticos responsáveis pela construção da argumentação na superfície textual, tais como: coesão referencial; coesão lexical (sinônimos, hiperônimos, re-petição, reiteração); e coesão gramatical (uso de co-nectivos, tempos verbais, pontuação, seqüência tem-poral, relações anafóricas, conectores intervocabulares, intersentenciais, interparágrafos).

Na competência V, verifica-se como o participan-te indicará as possíveis variáveis para solucionar a pro-blemática desenvolvida, quais PR opostas de intervenção apresentou, qual a relação destas com o projeto desen-volvido sobre o tema proposto e a qualidade destas pro-postas, mais genéricas ou específicas, tendo por base a solidariedade humana e o respeito à diversidade de pon-tos de vista, eixos de uma sociedade democrática.

A matriz tem um aspecto inovador no que se refere ao texto dissertativo-argumentativo: além de solicitar um ponto de vista da parte do autor, prerro-gativa desse tipo textual, também requer a elaboração de uma proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos (competência V).

A partir do tema apresentado para a redação o participante do Exame deve demonstrar a sua capaci-dade de refletir sobre questões sociais, culturais e políticas atuais e de propor intervenções, de acor-do com argumentos que devem ser evidenciados ao longo do desenvolvimento do texto. O participante precisa saber ler em sentido amplo, pois é a partir da articulação das informações contextualizadas na proposta de redação que ele deverá construir um tex-to revelador de um autor crítico e propositivo.

Para a correção da Redação do ENEM serão con-siderados seis níveis de proficiência de produção es-crita, distribuídos nas cinco competências previstas na Matriz de Redação, a saber:

NÍVEL PROFICIÊNCIA PONTUAÇÃO DESCRIÇÃO

NIVEL 0 Muito baixa ou ausente 0

De acordo com cada competên-cia (I a V)

NIVEL I Baixa 200NIVEL II Mediana 400NIVEL III Boa 600NIVEL IV Muito boa 800NIVEL V Excelente 1000

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A redação é corrigida e avaliada por dois corre-tores, profissionais da área de Letras. Para o cálculo da nota, soma-se a pontuação atribuída pelo corretor em cada competência, e divide-se o total por 5. O mesmo é feito com referência ao segundo corretor. Cada cor-retor desconhece a nota atribuída pelo outro corretor, sendo a nota final a média aritmética das duas notas obtidas. No caso de discrepância igual ou maior do que 300 pontos, haverá outra correção por um profes-sor supervisor. Essa terceira nota é a que prevalecerá. A terceira correção configura-se como um recurso de ofício.

A nota zero na redação poderá ser atribuída ao participante nas seguintes situações:

• Apresenta texto em branco - B (em branco) • Apresenta texto com até 7 linhas (não incluindo tí-

tulo) - I (insuficiente) • Apresenta texto em que haja a intenção clara do

autor em anular a redação ou texto que desconsi-dera a competência V (fere explicitamente os direi-tos humanos) - N (nulo)

• Apresenta texto que não desenvolve a proposta de redação, considerando-se a competência II (de-senvolve outro tema e/ou elabora outra estrutura textual - F (fuga ao tema/ não atendimento ao tipo textual)

Tomemos por exemplo a competência VCompetência V: Elaborar proposta de interven-

ção para o problema abordado, respeitando os direi-tos humanos.

NÍVEL PROFICIÊNCIA PONTUAÇÃO DESCRIÇÃO

NIVEL 0 Muito baixa ou ausente 0

Não elabora pro-posta de interven-ção.

NIVEL I Baixa 200

Elabora proposta de intervenção tangen-cial ao tema ou a deixa subentendida no texto.

NIVEL II Mediana 400

Elabora proposta de intervenção de forma precária ou relacionada ao tema, mas não articulada com a discussão desenvol-vida no texto.

NIVEL III Boa 600

Elabora proposta de intervenção relacio-nada ao tema, mas pouco articulada à discussão desenvol-

vida no texto.

NIVEL IV Muito boa 800

Elabora proposta de intervenção re-lacionada ao tema e bem articulada à discussão desenvol-vida no texto.

NIVEL V Excelente 1000

Elabora proposta de intervenção ino-vadora relacionada ao tema e bem ar-ticulada à discussão desenvolvida em seu texto.

Por fim, vale lembrar: ■ Apenas as redações adequadamente transcritas na

Folha de Redação são corrigidas. ■ A redação deve ser transcrita para a Folha de Reda-

ção com caneta esferográfica de tinta preta. ■ Para ser corrigida, a redação deve ter o mínimo de

8 linhas. ■ O rascunho e as marcações assinaladas nos Cader-

nos de Questões não são considerados para fins de correção da redação.

■ Na redação corrigida, não há necessidade de títu-lo. Caso o participante inclua título, este não será computado como linha efetivamente escrita para o mínimo de 7 linhas.

■ As rasuras devem ser evitadas. Caso ocorram, basta passar um traço no trecho inadequado e dar conti-nuidade ao texto.

■ A proposta de redação apresenta textos motivadores que não devem ser copiados no texto produzido.

Existem receitas para fazer uma boa dis-sertação?

Não existem receitas, mas apenas métodos. A diferença capital: a receita é do padronizado, o méto-do é do sob medida. Todos gostariam de “macetes” (supostamente infalíveis); ora, não há macetes.

O conselho mais importante é o seguinte: para avançar, o único meio é fazer o máximo possível de planos. Pratique. Se você está terminando o ensino médio, faça planos uma hora por semana. Estude tam-bém os do professor, mas jamais para aprendê-los de cor; seria cair outra vez na mania da receita. E cumpre reconhecer que o estresse do vestibular, a perspectiva do exame, faz aumentar a tentação. Mas ela não for-talece a inteligência pois a receita jamais integra-se ao espírito: ela lhe é imposta de fora, não penetra, apenas veste o espírito.

Não é lendo um manual de natação que se aprende a nadar, é mergulhando na piscina. O mesmo vale para a dissertação.

Pascal Ide. A arte de pensar. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

*Proficiência s.f. 1.Capacidade para realizar algo, dominar certo assunto e ter aptidão em deter-minada área do conhecimento.2. Conhecimento com o qual se executa ou se discute alguma coisa: ele argu-mentou com muita proficiência.3. Qualidade de pro-ficiente, competente e que tem bom aproveitamento.

Dica importante sobre o vocabulário:

O vocabulário

Escreva com simplicidade. Não empregue pala-vras complicadas ou supostamente bonitas. Escrever bem não é escrever difícil. O vocabulário deve ade-quar-se ao tipo de texto que pretendemos redigir. No nosso caso, só trabalhamos com a linguagem padrão, aquela que a norma culta exige quando vamos tratar de algum problema de grande interesse para leitores de bom nível cultural. Dela deverão ser afastados erros gramaticais, ortográficos, termos chulos, gíria, que não condizem com a boa linguagem.

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Observe as inadequações neste exemplo.

Os grevistas refutaram o aumento proposto pelo governo. Enquanto o líder da situação fazia na Câmara os prolegômenos dos novos índices, os trabalhadores faziam do lado de fora o maior auê, achando que o governo não estava com nada.

É preciso ter muito cuidado com as palavras. Nem sempre elas se substituem com precisão. Empre-gar refutar por rejeitar, prolegômenos por exposição não torna o texto melhor. Não só palavras «bonitas» prejudicam um texto, mas também a gíria (auê) e ex-pressões coloquiais (não estava com nada).

O texto poderia ser escrito da seguinte forma:

Os grevistas rejeitaram o aumento proposto pelo governo. Enquanto o líder da situação fazia na Câ-mara a exposição dos novos índices, os trabalhadores faziam do lado de fora uma grande manifestação.

ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO

A INTRODUÇÃO

Produza um texto dissertativo argumentativo sobre o seguinte tema... “Não sei como começar!” Essa é uma das frases que os professores mais ouvem quan-do os alunos vão fazer uma redação. Hoje, aprende-remos que iniciar um texto dissertativo argumentativo não é tão complicado assim.

Primeiramente, temos de saber que existem muitas técnicas para escrever. Você irá escolher aque-la que o fizer sentir-se mais seguro. Não há problema algum em criar um modelo para o início do seu texto. O mais importante é você cumprir com os objetivos de um parágrafo de introdução.

Para que uma introdução funcione bem, é preci-so realizar dois procedimentos:

1º) Apresentar o tema. Esse é o momento em que contextualizamos o leitor a respeito do assunto que será abordado no texto.

2º) Formulação de uma TESE, ou seja, um ideia central sobre o tema. A tese compreende sua opi-nião acerca do tema.

Antes de trabalharmos as técnicas para constru-ção do primeiro parágrafo da redação, devemos nos atentar para alguns conceitos importantes.

Tese e argumentaçãoA tese é a ideia central, lançada na introdução.

É o ponto de vista definido acerca do tema proposto. Ela deverá ser sustentada ao longo do texto, através de uma argumentação forte e convincente.

Parágrafo e tópico frasalO parágrafo é uma unidade menor do texto,

com princípio, meio e fim, que delimita uma ideia. É marcado por um ligeiro afastamento com relação à margem esquerda da folha.

O tópico frasal corresponde à ideia-núcleo do parágrafo. Ele resume a ideia que será desenvolvida

posteriormente. Observe que, no exemplo a seguir, o parágrafo de introdução é iniciado por um período, que está em destaque, constituindo o tópico frasal:

Tema: A influência do tempo na vida do homem

Parágrafo de introdução:

Analisar a relação do tempo com o homem mo-derno é imprescindível. Nesse sentido, assuntos como o período destinado ao trabalho e a convivência fa-miliar devem ser aprofundados. É fundamental saber organizar as atividades para que as prioridades sejam efetivamente atendidas.

O tópico frasal apresenta a temática que será discutida posteriormente. É a partir dele que se desen-volve o raciocínio. Note que a tese (opinião) encontra--se mais precisamente no último período do parágrafo, quando se ressalta necessidade de se organizar o tem-po de uma forma melhor.

O DESENVOLVIMENTOVamos à parte que, talvez, tenha maior peso na

sua redação – o desenvolvimento.Como estudamos, no parágrafo de introdução,

formula-se uma tese - ponto de vista central. É com base nisso que desenvolvemos as ideias seguintes. Basicamente, os parágrafos de desenvolvimento têm por propósito confirmar, através de uma argumenta-ção contundente, o posicionamento lançado no início do seu texto.

Como distribuir os parágrafos?O ideal é termos dois ou três parágrafos de de-

senvolvimento. Cada um deve conter um argumento, uma ideia-núcleo. A partir de um tópico frasal (frase--síntese), devemos conduzir o discurso de uma maneira objetiva, clara e convincente.

ATENÇÃO!A escolha em relação à quantidade de parágrafos

deve ser feita de acordo com a sua aptidão em relação ao tema. Se tivermos apenas duas ideias fortes que

sustentem a tese, não há a menor necessidade de fazer um terceiro parágrafo de desenvolvimento. A decisão pelo terceiro parágrafo de desenvolvimento é particu-lar. Tudo vai depender de sua segurança para escrevê--lo. Lembrem-se de que um argumento superficial ou 

redundante prejudica a evolução do texto.

As estratégias argumentativasSão várias as estratégias às quais podemos re-

correr na hora de desenvolver as ideias. Podemos par-tir de comparações, de referências históricas, de exem-plificações, por exemplo.

A CONCLUSÃOChegamos à última parte da redação – o pará-

grafo de conclusão. É comum muitos alunos terem a sensação de que, ao chegar a esse ponto, as ideias já foram todas expostas.

“E agora? O que eu escrevo? Já falei tudo o que queria...” - É esse o pensamento de vários candidatos

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ao chegar ao último parágrafo da dissertação.Primeiro, é preciso entender o que exatamente

devemos fazer ao final do texto, evitando, assim, frases redundantes ou imprecisas.

A conclusão fecha a linha de raciocínio desen-volvida ao longo do texto dissertativo argumentativo. É fundamental, portanto, que o seu posicionamento fique bem claro ao final da redação. Para isso, aqui vão algumas dicas importantes:

A conclusão corresponde a um único parágrafo que finaliza a redação;

A conclusão deve ser sucinta sem, no entanto, destoar muito dos demais parágrafos. Lembrem-se de que os parágrafos devem ser simétricos, ou seja, de-vem ter – em média – mais ou menos o mesmo tama-nho – algo em torno de 04/06 linhas;

Não se esqueçam de retomar a ideia inicial - a tese. Esse procedimento é imprescindível para que não haja dúvidas quanto ao ponto de vista desenvolvido ao longo de todo o texto. É como se repetíssemos o que fora colocado na introdução, mas em um tom de fechamento;

Não acrescentem informações novas na conclu-são. As ideias devem ser expostas ao longo do desen-volvimento. O último parágrafo apenas finaliza a temá-tica em discussão;

Apresente possíveis soluções para os problemas expostos ao longo do texto. A elaboração de propos-tas de ação social é um item indispensável quando se trata da redação do ENEM;

O uso de conectivos de valor conclusivo tam-bém enriquece uma conclusão. Conjunções, como “portanto”, “então”, “logo”, por exemplo, são ferramen-tas importantes na hora de fechar o texto;

Evite construções do tipo “conclui-se que”, “po-de-se concluir”, “concluindo”, por exemplo. Isso torna seu discurso redundante;

Evite terminar com perguntas reflexivas ou re-ticências, ou seja, evite qualquer recurso que possa deixar o corretor em dúvida a respeito de seu posicio-namento crítico. A conclusão deve confirmar sua tese, sem margens para questionamento.

ATENÇÃO!Seu texto é uma unidade de sentido. As par-

tes que o compõem – introdução, desenvolvimento e conclusão – devem estar conectadas, ratificando uma clara progressão da ideia. O último parágrafo tem um importantíssimo papel nesse processo visto que é ele o responsável pelo fechamento do raciocínio. Logo, a conclusão deve confirmar sua estratégia de convenci-mento exposta ao longo da redação.

Em síntese...

ESTRUTURA DA REDAÇÃO● A prova de redação exigirá do candidato a produção

de uma texto em prosa, do tipo dissertativo argumenta-tivo, sobre um tema de ordem social, científica, cultural, política ou filosófica.

● Os aspectos a serem avaliados relacionam-se as competências que o candidato deve ter desenvolvido duran-te os anos de escolaridade.

● O candidato deverá defender uma tese, apoiada em argumentos e, finalmente, apresentar uma proposta de in-tervenção social que respeite os direitos humanos.

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