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Economia Irma Filomena Lobosco Adaptada por Irma Filomena Lobosco

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Economia

Irma Filomena Lobosco

Adaptada por Irma Filomena Lobosco

APRESENTAÇÃO

É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Economia, parte in-tegrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre-sentação do conteúdo básico da disciplina.

A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.

Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação.

Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.

A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!

Unisa Digital

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5

1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ....................................................................................................... 71.1 Conceitos de Economia .................................................................................................................................................81.2 Classificação dos Bens ...................................................................................................................................................91.3 A Economia como Ciência Social ...........................................................................................................................101.4 A Economia e suas Relações .....................................................................................................................................111.5 O Problema Econômico .............................................................................................................................................121.6 Sistemas Econômicos ..................................................................................................................................................131.7 Recursos ou Fatores (Meios) de Produção ..........................................................................................................161.8 O Princípio do Custo de Oportunidade ...............................................................................................................191.9 Riqueza, Utilidade e Valor ..........................................................................................................................................201.10 Bens e Serviços ............................................................................................................................................................201.11 Setores Econômicos ..................................................................................................................................................201.12 Divisão da Economia ................................................................................................................................................211.13 Método ...........................................................................................................................................................................211.14 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................221.15 Atividades Propostas ................................................................................................................................................22

2 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO .................................................................. 232.1 Antiguidade ....................................................................................................................................................................242.2 Mercantilismo ................................................................................................................................................................242.3 Fisiocracia ........................................................................................................................................................................252.4 Os Clássicos .....................................................................................................................................................................252.5 Teoria Neoclássica ........................................................................................................................................................272.6 A Era Keynesiana ...........................................................................................................................................................272.7 O Período Recente ........................................................................................................................................................282.8 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................292.9 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................29

3 MICROECONOMIA .............................................................................................................................. 313.1 Pressupostos Básicos da Análise Microeconômica ..........................................................................................323.2 As Tarefas do Sistema de Mercado .........................................................................................................................353.3 Como o Mercado Funciona.......................................................................................................................................363.4 Produção ..........................................................................................................................................................................363.5 Os Setores de Produção .............................................................................................................................................373.6 Possibilidade de Produção ........................................................................................................................................373.7 Os Fatores de Produção .............................................................................................................................................373.8 A Produção do Capital ................................................................................................................................................393.9 Os Dois Mercados .........................................................................................................................................................393.10 Demanda, Oferta e Equilíbrio ................................................................................................................................403.11 Oferta ..............................................................................................................................................................................443.12 Equilíbrio de Mercado ..............................................................................................................................................45

3.13 Elasticidades .................................................................................................................................................................463.14 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................473.15 Atividades Propostas ................................................................................................................................................47

4 TEORIA DA PRODUÇÃO .................................................................................................................. 494.1 O Modelo Básico ...........................................................................................................................................................504.2 A Lei dos Rendimentos Decrescentes ...................................................................................................................514.3 Os Rendimentos da Firma .........................................................................................................................................524.4 Produtividade ................................................................................................................................................................524.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................544.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................54

5 MERCADO DE TRABALHO ............................................................................................................. 555.1 História do Trabalho ....................................................................................................................................................555.2 Mercado de Trabalho ..................................................................................................................................................565.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................585.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................59

6 FUNDAMENTOS DA MACROECONOMIA ........................................................................... 616.1 Principais Índices que Acompanham os Preços ...............................................................................................686.2 O Balanço de Pagamentos ........................................................................................................................................696.3 Políticas Econômicas ...................................................................................................................................................716.4 A Inserção do Brasil na Economia Mundial .........................................................................................................736.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................736.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................74

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 75

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 77

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INTRODUÇÃO

A Economia cada vez mais vai se firmando como uma ciência imprescindível para o mundo dos ne-gócios, não só internamente em cada país, como externamente, pois os países, com a abertura econômi-ca do mundo em seguida à liberalização do movimento de capitais, ficam expostos a decisões tomadas por agentes econômicos internacionais.

A estrutura da apostila baseia-se no problema da escassez, a fim de estudar a oferta e a procura de produtos e, a partir desse instrumental, abordar a microeconomia ou teoria dos preços/economia da empresa, analisando a demanda, a oferta, as estruturas de mercado,a teoria da produção e fatores de produção .

A teoria macroeconômica, em âmbito nacional, propõe aos governos o estudo das variáveis ma-croeconômicas, e, ainda, fornece ferramentas para a análise do comportamento da Economia como um todo.

O presente material foi desenvolvido para a modalidade do Ensino a Distância (EaD) e seu uso será de grande valia no decorrer das aulas do curso.

Tem como objetivos gerais: propiciar a análise dos conceitos de oferta e demanda, entender a fun-cionalidade da atividade econômica, sua abrangência e limitações, entender a interação das complexas variáveis da atividade econômica, e identificar a economia no que tange ao mercado de trabalho e prin-cipais variáveis macroeconômicas.

Ao final de cada capítulo, leia com atenção os enunciados e responda às questões propostas. Essas questões objetivam auxiliá-lo na aprendizagem. Primeiramente, responda a todas as questões e somente ao final verifique as suas respostas, relacionando-as com as respostas e comentários do professor, ao final desta apostila.

Irma Filomena Lobosco

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1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, trataremos dos conceitos da ciência econômica. Vamos iniciar a discussão?

Analisando o cotidiano, facilmente você identificará inúmeras questões econômicas, como, os exemplos a seguir de autores da área:

�� aumentos de preços nos alimentos, planos de saúde, aluguel da casa etc.;

�� inflação e deflação;

�� anúncios de períodos de crise econô-mica ou de crescimento;

�� desemprego;

�� setores que crescem mais do que ou-tros, como a indústria automobilística e a indústria da construção civil;

�� diferenças salariais, dissídios coletivos, greves;

�� crises no balanço de pagamentos: dívi-da interna e dívida externa;

�� valorização ou desvalorização da taxa de câmbio: importação e exportação;

�� ociosidade em alguns setores de ativi-dade;

�� diferença de renda entre as várias re-giões do país: Norte, Nordeste, Sudeste etc.;

�� taxas de juros para financiamentos de capital;

�� déficit governamental;

�� elevação de impostos e tarifas públicas.

Os indivíduos discutem tais temas com em-pirismo, ou seja, pela experiência de cada um e

formam suas opiniões sobre como o Estado deve tomar medidas para resolvê-los. Um estudante de Economia, de Direito ou de outra área pode vir a ocupar cargo de responsabilidade em uma em-presa ou na própria administração pública e ne-cessitará de conhecimentos teóricos mais sólidos para poder analisar os problemas econômicos que nos rodeiam no dia a dia (VASCONCELLOS; GARCIA, 2003, p. 1).

Todo indivíduo tem algum conhecimento sobre Economia e este conhecimento pode ser útil, porém um conhecimento insuficiente pode ser perigoso.

Com a estabilidade da economia após o controle da inflação na década de 1990, o cená-rio empresarial brasileiro mudou. Os empresários que não atentaram para a modernização dos pro-cessos de produção e de seus produtos, controle de custos e maximização dos lucros foram pegos de surpresa.

Da mesma forma que um profissional que tenha realizado vários negócios envolvendo con-tratos trabalhistas, com sucesso, pode considerar--se um perito na economia dos salários ou que um administrador de empresa que tenha enfrentado o controle dos custos de sua empresa pode consi-derar que seu ponto de vista sobre o controle de preços é a última palavra, um profissional do mer-cado financeiro que negocia ações pode concluir que sabe tudo a respeito de economia financeira.

Nesse sentido, chamo a atenção sobre o fato de que os eventos econômicos estão presen-tes no nosso dia a dia, são divulgados na mídia: jornais, revistas, noticiário da televisão, rádio etc. e precisamos entender seus impactos para poder controlar as consequências.

Irma Filomena Lobosco

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A esse respeito, Guimarães e Gonçalves (2010, p. 1) argumentam que:

Entendendo o funcionamento da econo-mia, somos capazes de julgar se o gover-no deve intervir ou não nas mais variadas situações, e de compreender os princípios básicos que devem nortear as decisões sobre políticas públicas. Deve o governo interferir nos impactos sobre o preço do ouro de uma charge ofensiva a Maomé feita por um cartunista dinamarquês?

Deve o governo cobrar pedágio a fim de reduzir o congestionamento nas ruas das grandes cidades? Quais são exatamente os custos da intervenção do governo? O entendimento da economia nos auxilia a pensar sobre questões desse tipo.

Podemos, assim, concluir que cada pessoa tende, naturalmente, a julgar um fato econômico pelo seu efeito imediato sobre ela.

1.1 Conceitos de Economia

Podemos explicar o que é Economia anali-sando o significado do verbo ‘economizar’ ou da expressão ‘fazer economia’. Economizar significa evitar gastar inutilmente e guardar para futuras necessidades; sempre procuramos economizar o nosso dinheiro, reservando uma parte para uma situação de emergência.

Segundo Vasconcellos e Garcia (2003, p. 2): “A palavra economia deriva do grego oikosnomos (de oikos, casa, e nomos, lei), que significa a admi-nistração de uma casa, ou do Estado.”

Ainda segundo os autores, pode ser assim definida:

Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produti-vos escassos na produção de bens e ser-viços, de modo a distribuí-los entre as vá-rias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2003, p. 2).

Essa definição contém vários conceitos im-portantes, que são a base e o objeto do estudo da ciência econômica, que estuda a produção, a cir-culação, a distribuição e o consumo, quais sejam:

�� Escolha: decisões das pessoas sobre consumir, trabalhar, poupar, estudar; as decisões das empresas sobre produzir,

contratar trabalhadores, investir; e até as decisões dos nossos governantes. Afinal, por trás de tudo o que observa-mos na economia e na sociedade estão os atos e as escolhas individuais (GUI-MARÃES; GONÇALVES, 2010);

�� Bem: é tudo aquilo capaz de atender a uma necessidade humana. Pode ser material ou imaterial (PINHO; VASCON-CELLOS; TONETO JR., 2011);

�� Escassez: produzir o máximo de bens e serviços com os recursos escassos dis-poníveis a cada sociedade (PINHO; VAS-CONCELLOS; TONETO JR., 2011);

�� Necessidade humana: qualquer ma-nifestação de desejo que envolva a es-colha de um bem econômico capaz de contribuir para a sobrevivência ou para a realização social do indivíduo (PINHO; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2011);

�� Recursos: são os meios materiais ou imateriais que permitem satisfazer cer-tas necessidades. Mão de obra, recursos naturais/terra, capital, capacidade em-presarial (DICIONÁRIO DE ECONOMIA ON LINE);

�� Produção: criação de um bem ou de um serviço adequado para a satisfação de uma necessidade (DICIONÁRIO DE ECONOMIA ON LINE);

Economia

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�� Distribuição: é a maneira como a pro-dução ou a renda total é distribuída en-tre os indivíduos ou entre os fatores de produção (DICIONÁRIO DE ECONOMIA ON LINE).

Ainda está para ser elaborada uma defini-ção definitiva sobre Economia. Muitas têm sido propostas e discutidas. De acordo com Mochon (2004, p. 9), “a economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o ob-jetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da socieda-de” ou, então, “economia é a ciência que estuda a produção, a circulação, a distribuição e o consu-mo”.

Economia é o estudo das leis econômicas indicadoras do caminho que devemos seguir a fim de aumentarmos a produtividade, melhoran-do o padrão de vida das populações com o cor-reto emprego dos recursos (SAMUELSON, 1975).

A Economia só surgiu como ciência a partir do século XVIII, quando foram feitas grandes des-cobertas técnicas e científicas que modificaram radicalmente o modo de produzir dos povos (Re-

volução Industrial). Desde então, a Economia foi se tornando cada vez mais importante (GUIMA-RÃES, 1993).

Ela trata do bem-estar do homem e os ele-mentos-chave da atividade econômica são: (a) os recursos produtivos (R); (b) as técnicas de pro-dução (que transformam os recursos em bens e serviços – BS); (c) as necessidades humanas (NH) (MENDES, 2005).

Tem-se:

R → BS → NH.

Portanto, podemos afirmar que a função da Economia como um todo é descrever, analisar, ex-plicar e correlacionar o comportamento da pro-dução, do desemprego, dos preços e dos fenôme-nos semelhantes.

AtençãoAtenção

A Economia estuda a maneira como os homens e as sociedades decidem, com ou sem utilização do dinheiro, empregar re-cursos produtivos escassos!

1.2 Classificação dos Bens

Tudo que é raro em relação às necessidades individuais ou coletivas deve ser economizado. Assim, tudo aquilo que é raro é um bem econô-mico e tudo aquilo cuja abundância supera nos-sas necessidades não é um bem econômico. O ar que respiramos, a areia do deserto, a água do mar e muitos outros bens não podem ser classificados como bens econômicos. São classificados como bens livres. A principal característica dos bens econômicos é sua carência, isto é, existem em menor quantidade do que as necessidades.

Devido a essa característica, os bens econô-micos devem ser racionados. Isso pode ser feito através de um sistema de repartição autoritária

ou – o que é mais frequente – cobrando-se um preço daqueles que desejam tais bens.

Devido à sua carência, os bens econômicos devem, geralmente, ser produzidos, quando en-tão tomam a forma de serviços ou de bens ma-teriais: o vendedor que realiza a venda de um de-terminado produto (mercadoria) na loja participa na produção do bem econômico, assim como o operário que trabalhou na sua produção.

Fabricar algo, transpor e vendê-lo, ministrar uma aula, cortar o cabelo, entregar uma carta, tudo isso e mais uma infinidade de outras ativida-des são atos de produção. Quem realiza atos de produção realiza uma atividade econômica.

Irma Filomena Lobosco

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A Economia como ciência social trata dos diferentes aspectos do comportamento humano que são ocupados pelas ciências so-ciais, podendo ser caracterizados como ciên-cias do comportamento ou ciências humanas. Elas compreendem áreas distintas, diferenciando, por sua natureza, os vários aspectos da ação do homem com o qual cada uma delas se envolve.

Em qualquer sociedade, os recursos ou fa-tores de produção são escassos; contudo, as ne-cessidades humanas são ilimitadas e sempre se renovam. Isso obriga a sociedade a escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos re-sultados da atividade produtiva aos vários grupos da sociedade.

Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem empre-gar os recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, de forma a satisfazer as necessidades humanas.

Consideradas elementos-chave da ativida-de econômica, as necessidades humanas se cons-tituem na razão de ser (na força motivadora) da atividade econômica. Os desejos dos serem hu-manos são ilimitados.

As diferentes necessidades humanas são, geralmente, agrupadas da seguinte forma:

1. fisiológicas: são as necessidades bá-sicas da vida: água, comida, abrigo, ar, vestuário, descanso etc.;

2. segurança: as pessoas desejam estar, na medida do possível, seguras de que no futuro não lhes faltarão meios de sa-tisfazer suas necessidades básicas. Ne-cessitam, também, sentirem-se seguras quanto ao respeito e à estima dos de-mais. No trabalho, as pessoas sentem necessidade de segurança quanto ao seu emprego, isto é, desejam ter certa garantia de que não serão dispensadas a qualquer momento;

1.3 A Economia como Ciência Social

3. sociais: consistem no desejo, que to-dos sentem, de participar de vários grupos e de ser aceito por eles. Alguns desses grupos são: o familiar, grupos de escola, companheiros de trabalho;

4. estima: o indivíduo deseja ser mais do que um membro do seu grupo; neces-sita de estima, afeto, amor, valorização e reconhecimento. A satisfação das necessidades de estima provoca senti-mentos de autoconfiança;

5. autorrealização: está ligada ao desejo do ser humano de desenvolver e usar sua capacidade, suas aptidões e habili-dades, bem como de realizar seus pla-nos.

Pensando e observando a vida das pessoas, percebemos facilmente que as necessidades hu-manas são limitadas quanto ao número. Logo que alguém consegue dinheiro para saciar sua fome e para vestir-se, já pensa em adquirir sua casa pró-pria. Quando já tem a casa, quer decorá-la da me-lhor maneira possível. Depois, surge a necessida-de de convidar os amigos para conhecer a casa e ouvir os últimos CDs adquiridos.

À medida que vão se satisfazendo as ne-cessidades, outras vão surgindo: carros, viagens, cursos, roupas da moda, emprego melhor e assim por diante.

Economia Positiva e Economia Normativa

Toda ciência deve seguir critérios para que possa ser considerada aceitável na comunidade científica. Assim, a teoria econômica, que apre-senta um grande desenvolvimento nos últimos séculos, necessidade de ferramentas para sua análise.

Economia

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De acordo com Vasconcellos e Garcia (2002, p. 32):

a teoria econômica utiliza-se de argu-mentos positivos (economia positiva) e argumentos normativos (economia nor-mativa). A economia normativa contém um juízo de valor, subjetivo, e a economia positiva é o conjunto de conhecimentos objetivos, que respeita todos os cânones científicos.

Quando se diz que deveria ocorrer uma me-lhoria na distribuição de renda, expressa-se um juízo de valor, pois é uma crença que é uma coi-sa boa ou má. Esse exemplo é um argumento da economia normativa. Já a economia positiva au-xiliará a identificar o instrumento de política eco-nômica adequado à diminuição da concentração de renda, como, por exemplo, política salarial ou política tributária, que avaliará os aspectos positi-vos e negativos.

1.4 A Economia e suas Relações

A Economia faz fronteira com outras impor-tantes disciplinas, tais como: sociologia, psicolo-gia, antropologia, administração, contabilidade, estatística e matemática. Para a interpretação de registros históricos, são necessários os instrumen-tos analíticos, porque os fatos não “contam com sua própria história”, mas possuem grande impor-tância.

Caro(a) aluno(a), Vasconcellos e Garcia (2002, p. 33) procuraram estabelecer os pontos de contato entre a teoria econômica e outras áreas do conhecimento:

Na chamada pré-economia, antes da Re-volução Industrial do século XVIII, que corresponde ao período da Idade Média, a atividade econômica era vista como parte integrante da Filosofia, Moral e Éti-ca. A Economia era orientada por princí-pios morais e de justiça.

O início do estudo sistemático da Econo-mia coincidiu com os grandes avanços na área de Física e Biologia nos séculos XVIII e XIX.

Com o passar do tempo, predominou uma concepção humanística, que colo-ca em plano superior os móveis psicoló-gicos da atividade humana. A Economia é por excelência uma ciência social, pois objetiva a satisfação das necessidades humanas.

Muitos avanços obtidos na Teoria Econô-mica advieram da pesquisa histórica, pois

a História facilita a compreensão do pre-sente, e ajuda nas previsões para o futuro, com bases nos fatos do passado.

Há também uma grande conexão entre Economia e Geografia, pois esta permite avaliar também questões como as con-dições geoeconômicas dos mercados regionais, a concentração espacial dos fatores produtivos, a localização de em-presas, a composição setorial da ativida-de econômica, muito úteis à análise eco-nômica.

Aponta ainda a relação entre Economia e Política, pois, nesse sentido a atividade econômica subordina-se à estrutura ao regime político do país.

Como você sabe, e vimos na citação ante-rior, a esse respeito Vasconcellos e Garcia (2003, p. 10) afirmam que,

apesar de ser uma ciência social, a Eco-nomia é limitada pelo meio físico, dado que os recursos são escassos, e se ocu-pa de quantidades físicas e das relações entre essas quantidades. Daí surge a ne-cessidade da utilização da Matemática e da Estatística como ferramentas para estabelecer relações entre variáveis eco-nômicas. Por exemplo, a relação entre o consumo nacional está diretamente re-lacionada com a renda nacional e pode ser representada da seguinte forma: C = ƒ(RN) e ΔC / ΔRN > 0. Diz que o consumo (C) é uma função (ƒ) da renda nacional

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(RN) e dada uma variação da renda nacio-nal (ΔRN), terá uma variação diretamente proporcional (na mesma direção) do con-sumo agregado (ΔC).

Como as relações econômicas não são exatas, mas probabilísticas, recorre-se à

Estatística. Por exemplo: C = 2pr, onde C = comprimento da circunferência, p = le-tra grega PI e r = radianos, é uma relação matemática exata qualquer que seja o comprimento da circunferência. Em eco-nomia tratamos de leis probabilísticas.

1.5 O Problema Econômico

O problema econômico está centralizado no fato de que os recursos disponíveis ao homem para produzir bens e serviços são limitados, escas-sos, mas a necessidade ou desejo desses bens e serviços varia e é insaciável (MENDES, 2005, p. 3).

A ciência econômica procura resolver esse problema, atribuindo um grau de importância a cada necessidade e sugerindo a canalização dos recursos para a satisfação das necessidades mais urgentes. Um indivíduo deve satisfazer suas ne-cessidades, porém o alimento cotidiano e o lazer não têm a mesma importância. De que adianta o indivíduo andar vestido de acordo com a última moda se tem dificuldades em se alimentar? Tam-bém não têm a mesma importância a necessida-de de pagar a educação dos filhos e o desejo de comprar um carro.

O dinheiro que um indivíduo dispõe serve para muita coisa quando é abundante. Como, em geral, o dinheiro é escasso, é preciso utilizá-lo muito bem, para que seja suficiente para o mais importante, ao mesmo tempo em que se procura melhorar a situação.

Um país também tem muitas necessidades: estradas, represas, hospitais, escolas, fábricas etc. Diante da elevada quantidade de necessidades, o governo, geralmente, sente a falta de recursos. É preciso classificá-las segundo sua importância e, em seguida, canalizar para as prioritárias os recur-sos disponíveis.

AtençãoAtenção

A Economia é a ciência da escassez ou das escolhas.

Por escassez, entende-se a situação em que os recursos são limitados e podem ser utilizados de diferentes maneiras, de tal modo que devemos sacrificar uma coisa por outra. A seguir, apresen-tam-se situações de escassez comuns no dia a dia:

�� uma quantidade limitada de recursos (dinheiro) para consumir alimentos ofertados nos supermercados exige a escolha entre a compra de determina-das mercadorias (comprar unidades a mais de um produto e a menos de ou-tro);

�� tempo limitado para ler um livro que exige algumas horas de dedicação im-plica ter menos horas para se dedicar a outras atividades, como, por exemplo, assistir a um filme no cinema;

�� na empresa, uma máquina tem capaci-dade para produzir dois diferentes pro-dutos e exige decisão de qual deles irá produzir a mais ou a menos.

Para Vasconcellos e Garcia (2002, p. 22),

todas as sociedades, qualquer que seja seu tipo de organização econômica ou regime político, são obrigadas a fazer opções, escolhas entre alternativas, uma vez que os recursos não são abundantes. Elas são obrigadas a fazer escolhas sobre O QUE E QUANTO, COMO e PARA QUEM produzir.

O QUE E QUANTO PRODUZIR? A socieda-de é responsável por decidir se produz mais bens de consumo ou bens de capital, como, por exem-

Economia

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plo, se quer produzir mais armas de fogo ou mais manteiga? Em que quantidade? Os recursos de-vem ser dirigidos para a produção de mais bens de consumo ou bens de capital? Dada a escassez de recursos de produção, a sociedade escolhe-rá, dentro das possibilidades de produção, quais produtos serão produzidos e as respectivas quan-tidades a serem fabricadas.

COMO PRODUZIR? Essa questão é relacio-nada à eficiência produtiva. Serão utilizados mé-todos de produção de capital intensivos? Ou mão de obra intensiva? A sociedade escolherá quais recursos de produção serão utilizados para a pro-dução de bens e serviços, considerando o nível tecnológico existente. Isso depende da disponi-bilidade de recursos de cada país. Geralmente, a concorrência entre os diferentes produtores de-cide como vão ser produzidos os bens e serviços, considerando os métodos mais eficientes e que tiverem o menor custo de produção possível.

PARA QUEM PRODUZIR? A sociedade deve decidir quais os setores que participarão da distri-

buição dos resultados de sua produção: trabalhado-res, capitalistas ou proprietários de terra? Agricultura ou indústria? Mercado interno ou mercado externo? Região Norte ou Sul? É a distribuição da renda gera-da pela atividade econômica.

Por que são problemas? Porque decorrem de um problema fundamental, que é a escassez de recursos.

Como esses problemas são resolvidos? Isso depende de como a sociedade está organizada politicamente

Existem duas formas principais de organiza-ção econômica:

1. economia de mercado (ou descentrali-zada, tipo capitalista);

2. economia planificada (ou centralizada, tipo socialista).

1.6 Sistemas Econômicos

Segundo Vasconcellos e Garcia (2003, p. 2), um sistema econômico pode ser definido como

a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade. É um particular sistema de organização da produção, distribuição e consumo de to-dos os bens e serviços que as pessoas uti-lizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar.

As economias de mercado podem ser anali-sadas por dois sistemas:

�� sistema de concorrência pura (sem a interferência do governo): perfeita-mente competitivo, predomina o lais-sez-faire: milhares de produtores e mi-lhões de consumidores têm condições

de resolver os problemas econômicos fundamentais (o que e quanto, como e para quem produzir), guiados por uma “mão invisível”, mediante o mecanismo de preços que promove o equilíbrio nos vários mercados.

• Se houver excesso de oferta (ou escassez de demanda), as empresas formarão estoques e serão obrigadas a diminuir seus preços para vender a produção, até que se atinja um preço sa-tisfatório para os estoques;

• Se houver excesso de demanda (ou escassez de oferta), existirá concorrência entre os consu-midores pelos escassos bens disponíveis. O preço tende a aumentar, até que se atinja um nível de equilíbrio em que não

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Mercado de bens e serviços

Mercado de fatores de produçãoDemanda

Oferta

EmpresasFamílias

Demanda

Oferta

mais existirão consumidores em espera;

�� sistema de mercado misto: atuação do governo para eliminar as distorções alocativas e distributivas de recursos e promover a melhoria do padrão de vida de coletividade, das seguintes formas:

• atuação sobre a formação de preços via impostos, subsídios, tabelamentos, fixação de salá-rio-mínimo, preços mínimos, taxa de câmbio;

• compra de bens e serviços do setor privado;

• fornecimento de bens públicos que não são vendidos no mer-cado: educação, justiça, segu-rança. É aquele bem que não apresenta rivalidade em seu consumo;

• fornecimento de serviços pú-blicos: iluminação, água, sanea-mento básico, transporte etc.;

• investimento em infraestrutura básica (energia, estradas etc.), o qual a iniciativa privada não tem recursos financeiros de as-sumir.

No funcionamento de uma economia cen-tralizada ou planificada, a propriedade dos recur-sos é do Estado. Os meios de produção incluem máquinas, edifícios, residências, terra, matérias--primas. Os meios de sobrevivência pertencem aos indivíduos (roupas, carros, televisores etc.).

A forma de resolver os problemas econômicos fundamentais é decidida por uma agência ou ór-gão central de planejamento e não pelo mercado (VASCONCELLOS; GARCIA, 2002).

Os Agentes Econômicos

No funcionamento do sistema econômico de uma economia de mercado que não tenha interferência do governo e não tenha transações com o exterior (economia fechada), os agentes econômicos são as famílias (unidades familiares) e as empresas (unidades produtoras).

As famílias são as proprietárias dos fatores de produção e os fornecem às unidades de produ-ção (empresas), por meio do mercado dos fatores de produção. Consequentemente, as empresas, através da combinação dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famí-lias por meio do mercado de bens e serviços.

Observe caro(a) aluno(a) as figuras a seguir:

Esse fluxo é denominado de Fluxo Real da Economia, conforme apresentado na Figura 1.:

DicionárioDicionário

Agente Econômico: indivíduos, grupos de indiví-duos ou organismos que constituem, do ponto de vista dos movimentos econômicos, os centros de decisão e de ações fundamentais.

Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.

Figura 1 – Fluxo real da economia.

Fonte: Vasconcellos e Garcia (2003).

Economia

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No mercado de bens e serviços, as famílias demandam bens e serviços, enquanto as empre-sas os ofertam; no mercado de fatores de produ-ção, as famílias ofertam os serviços dos fatores de produção, que são de sua propriedade, enquanto as empresas os demandam.

Pagamentos dos bens e serviços

Remuneração dos fatores de produção

EmpresasFamílias

EmpresasFamílias

Mercado de bens e serviços

Mercado de fatores de produção

O que e quando produzir

Para quem produzir

Como produzir

Cabe ressaltar que o fluxo real da Economia só é possível com a moeda, que é utilizada para remunerar os fatores de produção e para o paga-mento dos bens e serviços.

Assim, paralelo ao fluxo real, temos um flu-xo monetário da Economia (Figura 2).

Figura 2 – Fluxo monetário da economia.

Finalmente, o fluxo circular de renda é a união dos fluxos real e monetário da Economia (Figura 3).

Fonte: Vasconcellos e Garcia (2003).

Figura 3 – Fluxo circular de renda.

Fonte: Vasconcellos e Garcia (2003). Fluxo monetário

Fluxo real (bens e serviços)

Irma Filomena Lobosco

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As forças de oferta e da demanda atuam em cada um dos mercados para determinar o preço. Portanto, no mercado de bens e serviços, formam--se os preços de bens e serviços; no mercado de

fatores de produção, formam-se os preços dos fa-tores de produção: salários, juros, aluguéis, lucros, royalties etc. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2003).

1.7 Recursos ou Fatores (Meios) de Produção

Os recursos econômicos, que constituem a base de qualquer economia, são os meios uti-lizados pela sociedade para a produção de bens e serviços que irão satisfazer as necessidades hu-manas.

São as três características dos recursos eco-nômicos:

a) escassos em sua quantidade (ou seja, limitados), representados por uma si-tuação na qual os recursos podem ser utilizados na produção de diferentes bens e serviços;

b) versáteis, pois podem ser aproveitados em diversos usos;

c) podem ser combinados em propor-ções variáveis na produção de bens e serviços.

Quanto à classificação, os recursos po-dem ser agrupados em:

a) recursos naturais: todos os bens eco-nômicos na produção e que são obti-dos diretamente da natureza;

b) recursos humanos: toda atividade hu-mana (esforço físico e/ou mental) utili-zada na produção de bens e serviços;

c) capital: todos os bens materiais produ-zidos pelo homem e que são utilizados na produção. O fator capital inclui o conjunto de riquezas acumuladas por uma sociedade e é com essas riquezas que um país desenvolve suas atividades de produção. Entre os principais grupos

de riquezas acumuladas por uma socie-dade, estão os seguintes:

• infraestrutura econômica: trans-portes; telecomunicações; energia;

• infraestrutura social: sistemas de água e saneamento, educação, cul-tura, segurança, saúde, lazer e es-portes;

• construções e edificações de modo geral, sejam públicas ou pri-vadas;

• equipamentos de transporte: caminhões, ônibus, utilitários, lo-comotivas, vagões, embarcações, aeronaves;

• máquinas e equipamentos: são utilizados nas atividades de extra-ção, transformação, prestação de serviços, na indústria de construção e nas atividades agrícolas;

• matérias-primas ou insumos: energia elétrica, óleo diesel, gás, co-rantes, matérias químicas para a in-dústria; ou sementes, fertilizantes, inseticidas, herbicidas, fungicidas, vacinas, rações e combustíveis na agricultura, entre outros.

Caro(a) aluno(a), informa-nos Mendes (2005, p. 5) que

alguns autores consideram também como mais um tipo de recurso o em-preendedorismo, que é o esforço uti-lizado para coordenar a produção, dis-tribuição e venda de bens e serviços, ou seja, para organizar os recursos naturais, humanos e o capital. Um empreendedor

Economia

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POSSIBILIDADESPRODUÇÃO DE GUARANÁ

(milhões de litros/mês)PRODUÇÃO DE CDs

(milhões de unidades/mês)ABCDEF

30282418100

012345

toma decisões de negócios, assume os riscos oriundos dessas decisões, compro-mete tempo e dinheiro com um negócio sem nenhuma garantia de lucro.

Curva de Possibilidades de Produção

Você sabia que levando em consideração que, em cada dia útil de trabalho, cerca de 80 mi-lhões de pessoas produzem uma variedade de bens e serviços avaliada em, aproximadamente, R$ 4 bilhões1?

A quantidade de bens e serviços que pode ser produzida é limitada por nossos recursos dis-poníveis e pela tecnologia que dominamos.

De acordo com Mendes (2005, p. 8),

na escolha dos bens e serviços que de-vem ser produzidos, a primeira provi-dência é determinar quais combinações de bens e serviços são possíveis, levando em consideração duas restrições: (a) que a quantidade de recursos produtivos é determinada (limitada); (b) que o nível de

1 Avaliada em aproximadamente 4 bilhões a quantidade de bens e serviços.

tecnologia disponível também é deter-minado, ou seja, naquele momento, não é possível fazer uma mudança tecnoló-gica. Esse limite é descrito pela curva ou fronteira de possibilidade de produção.

A decisão das empresas a princípio pode não estar relacionada com a maximização do lu-cro: algumas visam à reputação de longo prazo, ao aumento da participação no mercado. Entre-tanto, o meio para alcançar tais objetivos é fazê--lo vendendo o bem a um preço baixo por certo tempo. Nessa ação a empresa prejudica a lucrati-vidade no momento presente, mas contribui para obter maior lucro no futuro, atraindo um número maior de clientes.

Caro(a) aluno(a), a seguir, ilustra-se, na Ta-bela 1, a curva de possibilidade de produção de dois produtos num determinado momento, con-siderando, assim, que a quantidade produzida de todos os demais bens e serviços é mantida cons-tante; admitindo dois produtos que a maioria dos estudantes adquire: guaraná e CDs (MENDES, 2005).

Tabela 1 – Seis pontos hipotéticos sobre a fronteira de possibilidades de produção.

Fonte: Mendes (2005, p. 7).

Irma Filomena Lobosco

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Figura 4 – A curva de possibilidades de produção.

U

Carros

Camisas

Produção eficiente

Unindo-se os pontos, obtém-se a chama-da “curva das possibilidades de produ-ção” ou curva de transformação, à medi-da que se passa do ponto A para B, de B para C e assim por diante, até D, em que se estarão transformando carros em ca-misas. O pleno emprego é definido por uma situação em que os recursos dispo-níveis estão sendo plenamente utilizados na produção de bens e serviços, garantin-do o equilíbrio econômico das atividades produtivas. (PINHO; VASCONCELOS; TO-NETO JR., 2011, p. 13).

A eficiência de produção é alcançada se não pudermos produzir mais de um produto sem produzir menos de algum outro bem. Uma eco-nomia poderia estar produzindo abaixo da curva

AtençãoAtenção

A curva de transformação representa um impor-tante fato: “uma economia em pleno emprego precisa sempre, ao produzir um bem, desistir de produzir um tanto de outro bem”.

de possibilidade de produção por uma das duas seguintes razões:

a) os recursos não estão sendo emprega-dos plenamente;

b) os recursos estão sendo utilizados de maneira ineficiente.

Mudança na curva de possibilidade de produção

Considerando a necessidade de crescimen-to econômico de um país como o Brasil em vir-tude do crescimento populacional elevado, con-forme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)2, e admitindo-se que a produ-ção já seja eficiente, como seria possível produ-zir mais de ambos os produtos? Como é possível deslocar para a direita a curva de possibilidade de produção?

De acordo com a curva de possibilidade de produção, a opção de produção disponível com um dado conjunto de recursos produtivos deve deslocar a curva de possibilidade de produção para a direita (crescimento econômico). Se uma economia utilizar mais recursos naturais, huma-

2 Em comparação com o Censo 2000, ocorreu um aumento de 20.933.524 pessoas. Esse número demonstra que o crescimento da população brasileira no período foi de 12,3%, inferior ao observado na década anterior (15,6% entre 1991 e 2000). O Censo 2010 mostra também que a população é mais urbanizada que há 10 anos: em 2000, 81% dos brasileiros viviam em áreas urbanas, agora são 84% (IBGE, 2012).

Economia

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nos, capital e habilidades empreendedoras, ela poderá, como um todo, produzir mais de cada um dos bens e serviços. Esse mesmo resultado pode ser alcançado se novas tecnologias forem desen-volvidas, de tal modo que a produtividade dos fa-tores aumente.

O formato de curva é explicado pelo concei-to de custo de oportunidade, que é um dos prin-cípios fundamentais para a análise econômica. Por princípio, entende-se uma simples, mas evi-dente, verdade que a maioria das pessoas enten-de e aceita (MENDES, 2005).

Saiba maisSaiba mais

Análise econômica é a aplicação à realidade econô-mica do método científico de decomposição em ele-mentos mais facilmente compreensíveis que o todo, visando a inseri-los em um esquema explicativo.

Figura 5 – Crescimento econômico.

Alimentos

Máquinas (milhares) (toneladas)

1.8 O Princípio do Custo de Oportunidade

Incorpora a noção de que sempre enfren-tamos a situação de escolher entre duas ou mais opções e de que temos que optar por uma coisa (um produto, por exemplo) em detrimento de ou-tra, visto que os recursos são limitados e podem ser utilizados em diferentes alternativas.

Conforme Guimarães e Gonçalves (2010, p. 10) o custo de oportunidade é: “Para o econo-mista, é o valor do melhor uso alternativo dessa coisa.”

Saiba maisSaiba mais

O custo de estudar em tempo integralConsideremos um estudante de medicina de uma universidade pública que tem todo o seu tempo ocu-pado com os estudos. No Brasil, os alunos não pagam para estudar em universidades públicas. Dado que o estudante não paga, isso significa que estudar não im-plica custos para ele?Mesmo se os livros saíssem de graça, a resposta ainda seria não, pois se o jovem tivesse optado por trabalhar em vez de destinar todo seu tempo à faculdade de medicina, ele estaria recebendo algum salário. Esse sa-lário, multiplicado pelos anos na faculdade, é o custo de oportunidade total de estudar. Por sua vez, o be-nefício dessa escolha é que seu salário como médico, depois de formado, será provavelmente bem mais alto do que seria sem a formação. Outro benefício pessoal é o prazer de aprender medicina (GUIMARÃES; GON-ÇALVES, 2010).

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A palavra ‘riqueza’ lembra uma grande quantidade de bens econômicos ou dinheiro. Em Economia, qualquer bem útil, acessível e limita-do recebe o nome de riqueza.

Utilidade é a qualidade que possuem os bens econômicos de satisfazer as necessidades humanas. O bem, porém, só é útil quando de-sejado pelo homem. Utilidade, portanto, é um conceito mais subjetivo que objetivo. O grau de utilidade de um bem depende da necessidade de cada indivíduo. Um bem pode ser útil para al-guém e não o ser para outra pessoa.

Pinho, Vasconcelos e Toneto Jr, (2011, p. 11) definem utilidade como “a capacidade que tem um bem de satisfazer uma necessidade humana.”

Valor é a medida da utilidade econômica. Existem dois tipos:

1.9 Riqueza, Utilidade e Valor

�� valor de uso: é a utilidade que um bem tem para nós pessoalmente. É conheci-do também como valor de estima;

�� valor de troca: é o valor que um bem tem no sentido de poder ser trocado por outro. É o valor de mercado do bem.

Desse modo, um bem pode ser de grande

valor de uso e de nenhum valor de troca, como um álbum de fotos de família, por exemplo.

O valor das coisas é determinado por um conjunto de fatores; o trabalho e a utilidade são apenas dois dos fatores constitutivos desse valor. Além desses, existem outros elementos sociais, políticos, psicológicos, estéticos etc.

1.10 Bens e Serviços

1.11 Setores Econômicos

Os produtos devem ser classificados segun-do sua natureza e seu destino. Segundo a nature-za, os produtos gerados no processo produtivo se classificam em bens (B) e serviços (S).

Os bens são produtos tangíveis oriundos das atividades dos setores primário, secundário e terciário de produção. Já os serviços são os pro-dutos intangíveis, resultantes das atividades ter-ciárias de produção.

Segundo o destino, os produtos podem ser classificados em: bens e serviços de consumo du-ráveis ou de uso imediato; bens e serviços inter-mediários (matérias-primas ou insumos para se-rem transformados em bens de consumo); bens e serviços de produção (bens de capital).

Mendes (2005, p. 11) afirma que “de acordo com a intensidade de uso dos recursos, são classi-ficadas as atividades de produção”, os chamados setores da Economia, a seguir:

a) setor primário: agricultura, pecuária, extração vegetal;

b) setor secundário: indústria extrativa mineral, indústria de transformação, in-dústria da construção;

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c) setor terciário: comércio, comunica-ções, intermediação financeira, imo-biliárias, hospedagem e alimentação, reparação e manutenção, serviços pes-soais, outros serviços, como assistência à saúde, educação, cultura, lazer, culto religioso e governos federal, estaduais e municipais.

Mendes (2005) esclarece que, de modo ge-ral, o setor primário utiliza mais intensivamente o fator terra; o setor secundário ou setor industrial utiliza o fator capital; e o setor terciário, o fator tra-balho.

AtençãoAtenção

O problema fundamental de qualquer economia reside na seguinte questão: diante das necessi-dades humanas, que são variadas e insaciáveis, e os recursos, que são limitados e versáteis, como combiná-los para satisfazer ao máximo as neces-sidades da sociedade?

1.12 Divisão da Economia

1.13 Método

A bifurcação da ciência econômica nesses dois grandes ramos, isto é, a macroeconomia e a microeconomia, data dos primórdios da década de 1930. Ambas giram em torno do problema da limitação e do caráter finito dos recursos produti-vos em face das necessidades vitais e da civiliza-ção, infinitas e ilimitadas, subjacentes ao ser hu-mano, problemática essa que embasa e justifica a razão da existência da Economia como ciência.

a) Microeconomia ou teoria de forma-ção de preços: estuda os problemas econômicos do indivíduo, da família e da empresa;

b) Macroeconomia: se envolve com os grandes problemas, em seus setores, no aspecto global ou seus agregados.

a) Indutivo: partimos da análise, observa-ção e pesquisa de fatos individuais para obtermos uma conclusão, um ensina-mento, uma lei ou verdade universal;

b) Dedutivo: obtemos de leis e verdades universais experiências, ensinamentos, verdades ou leis de caráter particular, contidas naqueles princípios;

c) Psicológico: buscamos, na psicologia, a explicação sobre determinadas for-mas de comportamento da população. Exemplo: boatos (força dos comentá-rios).

Irma Filomena Lobosco

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo você estudou os conceitos fundamentais de Economia e foi levado(a) à reflexão sobre as questões econômicas cotidianas, tomando como base do objeto da ciência econômica: escolha, escassez, necessidades, recursos, produção e distribuição.

Desde os primeiros estudos, a Economia trata do bem-estar do homem, tendo como elementos--chave da atividade econômica os recursos produtivos e as técnicas de produção que transformam os recursos em bens e serviços para atender às necessidades humanas.

Aprendeu que tudo que é raro em relação às necessidades individuais ou coletivas deve ser econo-mizado. Portanto, tudo que é raro é um bem econômico.

Também pôde compreender a economia como uma Ciência Social que se relaciona com o com-portamento e as necessidades humanas, agrupadas em: fisiológicas, segurança, sociais, estima e autor-realização, sendo que o problema econômico fundamental está centralizado nos recursos limitados para atender às necessidades humanas ilimitadas. Assim, a Economia é a ciência da escassez ou das escolhas.

As sociedades são obrigadas a fazer as escolhas sobre o que e quanto, como e para quem produzir, e cabe aos sistemas econômicos organizar a produção, distribuição e consumo de todos os bens e servi-ços que as pessoas utilizam em busca do melhor padrão de vida e bem-estar.

Viu ainda relacionados os agentes econômicos que participam do Fluxo Real da Economia, que em paralelo impulsionam o Fluxo Monetário, resultando no Fluxo Real Monetário da Economia.

Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

1.14 Resumo do Capítulo

1.15 Atividades Propostas

1. Por que os problemas econômicos fundamentais (o que, como e para quem produzir) são originados da escassez de recursos produtivos?

2. Os problemas econômicos fundamentais (o que, como e para quem produzir) existem:

a) Somente nas sociedades de economia centralizada do tipo socialista.

b) Somente nas sociedades de “livre empresa” ou capitalista, nas quais o mercado é o único responsável para responder ao problema.

c) Em todas as sociedades, não importando seu grau de desenvolvimento ou sua forma de organização política.

d) Somente nas sociedades subdesenvolvidas.

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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO2

Neste capítulo da disciplina de Economia, você conhecerá a história da origem da Ciência Econômica.

Como podemos precisar, quando e onde essa importante ciência, que é a Economia, teve seu início?

Faremos um rápido resgate da origem do interesse pela Economia e os problemas dela de-correntes que sempre despertaram a atenção dos povos; mas o estudo sistemático da Economia é relativamente recente. Certamente, em todas as épocas da história universal, as pequenas comu-nidades e as grandes nações procuraram resol-ver eficientemente seus problemas de natureza econômica. Mas, só a partir do século XVIII é que a Economia despontou como ciência. No século XIX, seu progresso foi extraordinário e, nas últi-mas décadas do século XX, seu estudo ganhou novo e inesperado impulso (ROSSETTI, 1995).

Inicialmente, pode-se assinalar que esse crescente interesse tem muito a ver com a eclo-são das Grandes Guerras de 1914-1918 e de 1939-1945 e com a crise econômica que abalou o mundo ocidental na década de 1930. Muitos instrumentos de análise econômica foram de-senvolvidos durante as guerras, com o objetivo de se conhecer em profundidade a estrutura dos sistemas nacionais de produção, como apoio de retaguarda aos esforços da guerra. Depois, nos in-tervalos das guerras, as nações ocidentais, abala-das pela Grande Depressão, se voltaram para o es-tudo dos elementos determinantes do equilíbrio econômico, interessadas no restabelecimento da normalidade e na rápida reabsorção das massas desempregadas.

Keynes (1936), intitulado como notável economista inglês, a quem pode ser atribuída a

formulação teórica da moderna análise macroe-conômica, registrou que o mundo estava excep-cionalmente ansioso por um diagnóstico mais bem fundamentado, pronto a aceitá-lo e desejoso de experimentá-lo.

Assim, praticamente durante toda a pri-meira metade do século a Grande Depressão e as Grandes Guerras aproximariam as reflexões teóri-cas dos economistas às soluções práticas dos esta-distas. A Grande Depressão abalou todo o sistema econômico do Ocidente. Nos anos de 1929-1933, o desemprego se alastrara de forma incontrolável e, durante as Grandes Guerras, o esforço de mo-bilização tecnológica e industrial veio demonstrar a correlação definitiva entre o poder militar e o poder econômico. A depressão dos anos 1930 re-duziu drasticamente o Produto Nacional (PN) das economias atingidas, reduzindo-o pela metade: os Estados Unidos, que produziam mais de 115 bi-lhões de dólares em 1929, atingiram apenas 55 bi-lhões em 1933, época que cerca de ¼ de sua força de trabalho ficou desempregada. De outro lado, as Grandes Guerras também viriam comprometer a atividade econômica normal. Em 1945, no auge do esforço militar, cerca de 55% da capacidade in-dustrial do mundo estava destinada à produção de armamentos.

Saiba maisSaiba mais

Depressão de 1930: fase do Ciclo Econômico, ca-racterística das economias capitalistas, marcada pela diminuição da produção, uma tendência à baixa dos preços e ao aumento do desemprego.

Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.

Irma Filomena Lobosco

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Mas, além dessas causas do crescente in-teresse pela Economia, há uma terceira causa de alta significação, que se fez notar, sobretudo, no pós-guerra. Trata-se da preocupação básica do século XX em torno da ideia do desenvolvimento econômico. De fato, tão logo terminou a Segun-da Grande Guerra, o mundo todo se viu às voltas com um fenômeno de dimensões inesperadas – o grande despertar dos povos subdesenvolvi-dos. Esse despertar, motivado pela facilitação das comunicações internacionais, evidenciou os con-trastes do atraso e da afluência, transformando--se numa das mais notáveis características dos últimos anos da década de 1940 e, sobretudo, até os anos 1970. A perseguição obstinada do desenvolvimento econômico, por mais de 2/3 da população da Terra, passaria a ser fundamental da economia do pós-guerra.

Caro(a) aluno(a), Rossetti (1995, p. 73) infor-ma-nos a esse respeito que

no final do século XX, os habitantes do mundo subdesenvolvido empenharam--se numa mobilização sem precedentes, com vistas a um gigantesco alvo: a cons-trução de uma nova sociedade e de uma nova economia, para possibilitar a uni-versalização das condições do bem-estar, através da aceleração de seu progresso material.

Para Vasconcellos e Garcia (2003, p. 14), “en-contramos na evolução do pensamento econô-mico o consenso de que a Teoria Econômica, de forma sistematizada, iniciou-se quando foi publi-cada a obra de Adam Smith A riqueza das nações, em 1776.”

2.1 Antiguidade

2.2 Mercantilismo

Na Antiguidade, encontramos, na Grécia, as primeiras referências conhecidas de Economia no trabalho de Aristóteles (384-322 a.C.), em seus es-tudos sobre aspectos de administração privada e

finanças públicas. Também são encontradas algu-mas considerações de ordem econômica nos es-critos de Platão (427-347 a.C.) e Xenofonte (440-335 a.C.).

Foi a partir do século XVI que observamos o nascimento dessa primeira escola econômica: o mercantilismo. Mesmo sem representar um con-junto técnico homogêneo, são explícitas as preo-cupações sobre a acumulação de riquezas de uma nação. São presentes alguns princípios de como fomentar o comércio exterior e entesourar rique-zas, bem como o acúmulo de metais adquire uma grande importância, de acordo com os relatos so-

bre a moeda. O mercantilismo considerava que o governo de um país seria mais forte e poderoso quanto maior fosse seu estoque de metais precio-sos, estimulou guerras e praticou o nacionalismo, que manteve a poderosa e constante presença do Estado em assuntos econômicos.

Economia

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Uma escola de pensamento francesa, a fi-siocracia, do século XVIII, elaborou trabalhos importantes que sustentavam que a terra era a única fonte de riqueza e que havia uma ordem natural que fazia com que o universo fosse regido por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela Providência Divina para a felicida-de dos homens. O trabalho de maior destaque foi o do Dr. Fraçois Quesnay, autor da obra Tableau économique, o primeiro a dividir a Economia em setores, mostrando a inter-relação deles. Wassily Leontief (1940), economista russo, naturalizado norte-americano, da Universidade de Harvard, aperfeiçoando o trabalho de Quesnay, o transfor-mou no sistema de circulação monetária input--output.

A fisiocracia surgiu como reação ao mercan-tilismo, pois considerava desnecessária a regula-

2.3 Fisiocracia

mentação governamental, considerando a lei da natureza suprema e que tudo o que fosse contra ela seria derrotado, sendo que a função do sobe-rano era servir de intermediário para que as leis da natureza fossem cumpridas.

A riqueza consistia em bens produzidos com o auxílio da natureza (fisiocracia significa “regras da natureza”), em atividades econômicas como a lavoura, a pesca e a mineração. Portanto, estimulava-se a agricultura e exigia-se que as pes-soas empenhadas no comércio e nas finanças fos-sem reduzidas ao menor número possível. Em um mundo constantemente ameaçado pela falta de alimentos, com excesso de regulamentação e in-tervenção governamental, a situação não se ajus-tava às necessidades da expansão econômica. Só a terra tinha capacidade de multiplicar a riqueza.

2.4 Os Clássicos

Adam Smith (1723-1790)

Em sua visão harmônica do mundo real, acreditava que, se deixasse atuar a livre concor-rência, uma “mão invisível” levaria a sociedade à perfeição. Afirmou que todos os agentes, em sua busca de lucrar o máximo, acabam promovendo o bem-estar de toda a comunidade e que a defesa do mercado, como regulador das decisões econô-micas de uma nação, traria muitos benefícios para a coletividade, independentemente da ação do Estado. É o princípio do liberalismo.

Considerado o precursor da moderna teoria econômica, colocada como um conjunto científi-co sistematizado, com um corpo teórico próprio, já era um renomado professor quando publicou sua obra A riqueza das nações, em 1976. O livro é um tratado muito abrangente sobre questões econômicas, que vão desde as leis de mercado e aspectos monetários até a distribuição do rendi-mento da terra (VASCONCELLOS; GARCIA, 2003).

Para ele, a causa da riqueza das nações é o trabalho humano, a qual denominava teoria do valor-trabalho, que tem, como fator prepon-derante para aumentar a produção, a divisão do trabalho, ou seja, os trabalhadores deveriam se especializar em algumas tarefas. Atribui-se à aplicação desse princípio o aumento da destreza pessoal, economia de tempo e condições para o aperfeiçoamento e o invento de novas máquinas e técnicas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2003).

DicionárioDicionário

Liberalismo: doutrina que afirma que o melhor sis-tema econômico é o que garante o livre jogo das iniciativas individuais dos agentes econômicos.

Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.

Irma Filomena Lobosco

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David Ricardo (1772-1823)

Pode ser considerado outro expoente do período clássico, tendo desenvolvido alguns mo-delos econômicos com grande potencial analí-tico. Aprimora a tese de que todos os custos se reduzem a custos do trabalho e mostra como a acumulação do capital, acompanhada de aumen-tos populacionais, provoca uma elevação da ren-da da terra, até que os rendimentos decrescentes diminuam de tal forma os lucros que a poupança se torne nula, atingindo-se uma economia esta-cionária, com salários de subsistência e sem ne-nhum crescimento. Sua análise de distribuição do rendimento da terra foi um trabalho seminal de muitas ideias do chamado período neoclássico.

Discute a renda auferida pelos proprietá-rios de terras mais férteis. Em virtude de a terra ser limitada, quando a terra de menor qualidade é utilizada no cultivo, surge imediatamente a ren-da sobre aquela de primeira qualidade, ou seja, a renda da terra é determinada pela produtividade das terras mais pobres. Analisou, ainda, por que as nações comerciavam entre si, se é melhor para elas comerciarem e quais produtos devem ser co-merciados. A sua resposta constitui um importan-te item da teoria do comércio internacional, cha-mada de teoria das vantagens comparativas. O comércio entre países dependeria das dotações relativas de fatores de produção.

A maioria dos estudiosos considera que os estudos de Ricardo deram origem a duas corren-tes antagônicas: a neoclássica, por suas abstra-ções simplificadoras, e a marxista, pela ênfase dada à questão distributiva e aos aspectos sociais na repartição da renda da terra.

John Stuart Mill (1806-1873)

Seu trabalho foi o principal texto utilizado para o ensino de Economia no fim do período clássico e no início do período neoclássico. Sua obra consolidou o exposto por seus antecessores e avançou, por incorporar mais elementos institu-cionais, definindo melhor as restrições, vantagens e funcionamento de uma economia de mercado.

Jean Baptiste Say (1768-1834)

Retomou a obra de Adam Smith, amplian-do-a. Subordinou o problema das trocas de mer-cadorias à sua produção e popularizou a chama Lei de Say: “a oferta cria sua própria procura”, ou seja, o aumento da produção transformar-se-ia em renda dos trabalhadores e empresários, que seria gasta na compra de outras mercadorias e serviços.

Thomas Malthus (1766-1834)

Seu trabalho sistematizou uma teoria geral sobre a população, ao assinalar que o crescimen-to da população dependia rigidamente da oferta de alimentos, apoiando a teoria dos salários de subsistência.

AtençãoAtenção

Para Thomas Malthus, a causa de todos os males da sociedade residia no excesso populacional: enquanto a população crescia em Progressão Geométrica (PG), a produção de alimentos seguia uma Progressão Aritmética (PA).

População: PG = 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, 256...Produção: PA = 1, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16...

Para esse economista, o potencial da popu-lação excederia em muito o potencial da terra na produção de alimentos. Entretanto, Malthus não previu o ritmo e o impacto do progresso tecnoló-gico, nem as técnicas de limitação da fertilidade humana que se seguiram.

Economia

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Trata-se do período que teve início na dé-cada de 1870 e desenvolveu-se até as primeiras décadas do século XX.

Destacam-se os aspectos microeconômicos da teoria, pois a crença na economia de merca-do e em sua capacidade autorreguladora fez com que não se preocupassem tanto com a política e o planejamento macroeconômico.

Os neoclássicos sedimentaram o raciocínio matemático explícito inaugurado por David Ri-cardo, procurando isolar os fatos econômicos de outros aspectos da realidade social (VASCONCEL-LOS; GARCIA, 2003).

Alfred Marshall (1842-1924)

Autor do livro Princípios de economia, publi-cado em 1890, que serviu como livro-texto básico até a metade deste século. Nesse período, outros economistas se destacaram, como, por exemplo: William Jevons, Léon Walras, Eugene Böhm-Ba-werk, Joseph Alois Schumpeter, Vilfredo Pareto, Arthur Pigou e Francis Edgeworth.

Esse período marca a formalização da análi-se econômica, com destaque para a microecono-

2.5 Teoria Neoclássica

mia. O comportamento do consumidor é analisa-do em profundidade; o desejo do consumidor de maximizar sua utilidade (satisfação no consumo) e o do produtor de maximizar seu lucro são a base para a elaboração de um sofisticado aparato teó-rico. Por meio do estudo de funções ou curvas de utilidade (que pretendem medir o grau de satisfa-ção do consumidor) e de produção, considerando restrições de fatores e restrições orçamentárias, é possível deduzir o equilíbrio de mercado. Como o resultado depende, basicamente, dos conceitos marginais (receita marginal, custo marginal etc.), é também chamada teoria marginalista.

Segundo Vasconcellos e Garcia (2003, p. 18) “a análise marginalista é muito rica e variada”. Apesar de questões microeconômicas ocuparem o centro das atenções, houve uma produção rica em outros aspectos da teoria econômica, como a teoria do desenvolvimento econômico de Schumpeter e a teoria do capital e dos juros de Böhm-Bawerk. Ainda segundo o mesmo autor, deve-se destacar, também, a análise monetária, com a criação da teoria quantitativa da moeda, que relaciona a quantidade de dinheiro com os níveis gerais de atividade econômica e de preços.

2.6 A Era Keynesiana

Iniciou-se com a publicação da teoria geral do emprego, dos juros e da moeda, de John May-nard Keynes (1936). Para entender o impacto da obra de Keynes, é preciso considerar a economia mundial da década de 1930, em crise, que ficou conhecida como a Grande Depressão, conforme já descrito anteriormente. A realidade dos fatos relacionados à situação conjuntural da economia dos principais países capitalistas era crítica, rela-cionada com o número de desempregados.

A teoria econômica vigente acreditava que se tratava de um problema temporário. Já a teo-ria geral consegue mostrar que a combinação das políticas econômicas adotadas até então não fun-cionava adequadamente e aponta para soluções que poderiam tirar o mundo da recessão.

Seus argumentos influenciaram muito a po-lítica econômica dos países capitalistas. De modo geral, essas políticas revelaram-se eficientes e apresentaram resultados positivos no período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial.

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Seguiu-se um desenvolvimento expressivo da teoria econômica. Por um lado, incorporaram--se os modelos por meio do instrumental estatís-tico e matemático, que contribuiu para formalizar ainda mais a ciência econômica. Por outro, alguns economistas trabalharam na agenda de pesquisa aberta pela obra de Keynes.

Destacaram-se três grupos de economistas no debate sobre os aspectos do trabalho de Key-nes, que dura até hoje: os monetaristas, os fiscalis-tas e os pós-keynesianos. É possível fazer algumas generalizações, embora não exista entre os gru-pos um pensamento homogêneo.

Os monetaristas estão associados à Univer-sidade de Chicago e têm como economista de maior destaque Milton Friedman. De maneira ge-ral, privilegiam o controle da moeda e um baixo grau de intervenção do Estado.

Os fiscalistas têm seus maiores expoentes em James Tobin, da Universidade de Yale, e Paul Anthony Samuelson, de Harvard e do Massachu-setts Institute of Technology (MIT). Estes recomen-dam o uso de políticas fiscais ativas e um acentua-do grau de intervenção do Estado.

Os pós-keynesianos realizaram uma releitu-ra da obra de Keynes, visando a mostrar que ele não negligenciou o papel da moeda e da políti-ca monetária. Enfatizam o papel da especulação financeira e, como Keynes, defendem um papel ativo do Estado na condução da atividade econô-mica. Além da economista Joan Robinson, outros economistas desta corrente são Hyman Minsky, Paul Davison e Alessandro Vercelli.

É necessário ressaltar que, apesar das dife-renças entre as várias correntes, há consenso nos pontos fundamentais da teoria, já que são basea-dos no trabalho de Keynes.

2.7 O Período Recente

A partir dos anos 1970, a teoria econômica veio apresentando algumas transformações, após as duas crises do petróleo. Três características marcam esse período: uma consciência maior das limitações e possibilidades de aplicações da teo-ria; avanço no conteúdo empírico da economia; e o desenvolvimento da informática, que permitiu um processamento de informações em volume e precisão sem precedentes.

É possível que a análise econômica englobe quase todos os aspectos da vida humana, sendo que o impacto desses estudos na melhoria do pa-drão de vida e do bem-estar de nossa sociedade é considerável. O controle e o planejamento ma-croeconômico nos permitem antecipar muitos problemas e evitar algumas flutuações desneces-sárias.

Consequentemente, a teoria econômica caminha em muitas direções, a exemplo da área de finanças empresariais, que era basicamente descritiva, com um baixo conteúdo empírico. A incorporação de algumas técnicas, econometrias, conceitos de equilíbrio de mercados e hipóteses sobre o comportamento dos agentes econômi-cos revolucionou a teoria de finanças e essa revo-lução se fez sentir também nos mercados finan-ceiros, com a explosão recente dos chamados mercados futuros e de derivativos.

Economia

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2.8 Resumo do Capítulo

2.9 Atividades Propostas

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo você estudou sobre a origem do interesse na Economia e o seu surgimento como Ciência.

A Teoria Econômica iniciou-se, de forma sistematizada, pela obra de Adam Smith A riqueza das na-ções, em 1776.

Aprendeu sobre os precursores da teoria econômica por meio de uma breve retrospectiva da histó-ria, desde a Antiguidade até o período recente. Viu ainda a evolução do pensamento econômico, segundo os Clássicos: Adam Smith, David Ricardo, John Stuart Mill, Jean Baptiste Say e Thomas Malthus.

No período neoclássico sedimentou-se o raciocínio matemático iniciado por David Ricardo. Alfred Marshall foi o autor da obra intitulada Princípios de Economia, que formalizou a análise econômica, com destaque para a Microeconomia, a Teoria Marginalista e a criação da teoria quantitativa da moeda, que relaciona a quantidade de dinheiro com os níveis gerais de atividade econômica e de preços.

A publicação da Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda, de Keynes, estabeleceu a necessidade da intervenção do Estado através de uma política de gastos públicos.

No período recente a análise Macroeconômica permite antecipar os problemas econômicos por meio do controle e planejamento, sendo possível constatar novas direções, a exemplo da Teoria de Finanças.

1. Explique sucintamente em que consistia a riqueza para os mercantilistas e para os fisiocratas?

2. Após a leitura deste capítulo, você poderá responder quem foi o mais destacado dos economis-tas clássicos e explicar quais foram as suas principais ideias?

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MICROECONOMIA3

A microeconomia é conhecida como o ramo da ciência econômica voltado ao estudo do com-portamento das unidades de consumo represen-tadas pelos indivíduos e/ou famílias (estas desde que caracterizadas por um orçamento único), ao estudo das empresas, suas respectivas produções e custos e ao estudo da produção e preços dos diversos bens, serviços e fatores produtivos.

Efetivamente, a microeconomia, ao estabe-lecer princípios gerais, revela-se muito mais abs-trata do que a macroeconomia, a qual se encon-tra voltada ao exame de questões e de medidas peculiares a um dado lugar e instante do tempo.

A microeconomia apresenta uma visão mi-croscópica dos fenômenos econômicos. A título comparativo, se fosse considerada uma floresta, a microeconomia estudaria as espécies vegetais que a compõem individualmente, ou seja, estu-daria a composição dos itens da floresta; enquan-to a macroeconomia preocupar-se-ia com o pro-duto floresta como um todo.

Além disso, a microeconomia está voltada à apreciação das unidades individuais da Econo-mia. Outro modo de distinção entre microecono-mia e macroeconomia repousa no aspecto dos preços.

Como isso é concretizado? Na teoria do consumidor, a microeconomia

enaltece a intenção dos indivíduos, em face das respectivas rendas, de se apropriarem de uma combinação de quantidades de bens tal que lhes possibilite a maximização de suas satisfações. Em

AtençãoAtenção

A microeconomia é conhecida por teoria de preços.

outras palavras, originam-se aí as procuras (indivi-duais ou não), que se traduzirão em rendimentos para as firmas.

Já na teoria da firma, tem-se a figura do in-divíduo-empresário, esforçando-se para combinar os fatores de produção, em vista de sua limitação orçamentária, com a intenção de maximizar o nível de lucro de sua organização. Colocando de outra maneira, a partir da análise desses procedimentos, são obtidos os elementos necessários à derivação das ofertas individuais e de mercado.

A combinação das quantidades de fatores de produção, bens e/ou serviços que os consumi-dores estariam dispostos a adquirir impõe a deter-minação de um denominador comum, que nada mais será do que o preço. A determinação desse preço é tarefa que se propõe a microeconomia, ao estudar a questão tanto no âmbito dos fatores de produção quanto no caso dos bens e/ou serviços.

A microeconomia, ou teoria dos preços, analisa a formação de preços do mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e de-cidem qual o preço e a quantidade de um deter-minado bem ou serviço em mercados específicos (VASCONCELLOS; GARCIA, 2003).

A microeconomia estuda as unidades (con-sumidores, firmas, trabalhadores, proprietários dos recursos etc.) componentes da Economia e o modo como suas decisões e ações são inter--relacionadas. Portanto, é de responsabilidade da microeconomia cuidar, individualmente, do com-portamento dos consumidores e produtores, com vistas à compreensão do funcionamento geral do sistema econômico, ou seja, ela está ligada ao exa-me das ações dos agentes econômicos privados em suas atividades de produção e de consumo e, assim, procura investigar as possibilidades de efi-ciência e equilíbrio do sistema econômico como um todo. A análise microeconômica é também

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chamada teoria dos preços, visto que, nas econo-mias liberais, é o funcionamento do livre mecanis-mo do sistema de preços que articula e coordena as ações dos produtores e consumidores (MEN-DES, 2005).

3.1 Pressupostos Básicos da Análise Microeconômica

A Hipótese Coeteris Paribus

O foco de estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que a oferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco ou que não in-terfiram de maneira absoluta. Assim, torna-se possível o estudo de um determinado mercado selecionando-se apenas as variáveis que influen-ciam os agentes econômicos – consumidores e produtores – nesse particular mercado, indepen-dentemente de outros fatores, que estão em ou-tros mercados, poderem influenciá-los (VASCON-CELLOS; GARCIA, 2003).

Papel dos Preços Relativos

Na análise microeconômica, os preços rela-tivos, ou seja, os preços de um bem em relação aos demais, assumem destacada importância em relação aos preços absolutos (isolados) das mer-cadorias.

DicionárioDicionário

Coeteris paribus: do latim, tudo ou mais permanece constante.

Objetivos da Empresa

A grande questão na microeconomia, que é a origem das diferentes correntes de abordagem, reside na hipótese adotada quanto aos objetivos da empresa produtora de bens e serviços.

Segundo Vasconcellos e Garcia (2003, p. 32),

a análise tradicional supõe o Princípio da Racionalidade, segundo o qual o empre-sário sempre busca a maximização do lucro total, otimizando a utilização dos recursos de que dispõe3. Essa corrente enfatiza conceitos como receita marginal, custo marginal e produtividade marginal em lugar de conceitos de média (receita média, custo médio e produtividade mé-dia), daí ser chamada de marginalista.

Podemos entender que a decisão de uma empresa sobre o preço de venda e a quantidade produzida do produto é pautada no objetivo de obter maior ganho possível, sendo necessário co-nhecer que condições do ambiente afetam a rela-ção entre preço cobrado e lucro auferido.

3 O princípio da racionalidade (que supõe um homus economicus) é aplicado extensamente na teoria microeconômica tradicional. Por esse princípio, os empresários tentam sempre maximizar lucros condicionados pelos custos de produção, os consumidores procuram maximizar sua satisfação (ou utilidade) no consumo de bens e serviços (limitados por sua renda e pelos preços das mercadorias), os trabalhadores procuram maximizar lazer etc.

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Aplicações da Análise Microeconômica

A análise microeconômica, ou teoria dos preços, como parte da ciência econômica, preo-cupa-se em explicar como se determina os pre-ços dos bens e serviços, bem como dos fatores de produção. O instrumental microeconômico procura responder, também, a questões aparen-temente triviais; por exemplo: por que, quando o preço de um bem se eleva, a quantidade deman-dada desse bem deve cair, coeteris paribus.

A microeconomia representa uma ferra-menta útil para estabelecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto nas empresas quanto na política econômica.

Nas empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes decisões:

�� política de preços da empresa;

�� previsões de demanda e de faturamen-to;

�� previsões de custo de produção;

�� decisões ótimas de produção (escolha da melhor alternativa de produção, isto é, da melhor combinação de fatores de produção);

�� avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo-benefício para a compra de equipamentos, am-pliação da empresa etc.);

�� política de propaganda e publicidade (como as preferências dos consumido-res podem afetar a procura do produto);

�� localização da empresa (se a empresa deve situar-se próxima aos centros con-sumidores ou aos centros fornecedores de insumos);

�� diferenciação de mercados (possibili-dades de preços diferenciados, em di-ferentes mercados consumidores do mesmo produto).

Em relação à política econômica, a teoria microeconômica pode contribuir na análise e to-mada de decisões das seguintes questões:

�� efeitos dos impostos sobre mercados específicos;

�� política de subsídios (nos preços de produtos como trigo e leito ou na com-pra de insumos como máquinas, fertili-zantes etc.);

�� fixação de preços mínimos na agricul-tura;

�� controle de preços;�� política salarial;�� política de tarifas públicas (água, luz

etc.);�� política de preços públicos (petróleo,

aço etc.);�� leis antitrustes (controle de lucros de

monopólios e oligopólios).

Pode-se inferir, com essas observações, que são decisões necessárias ao planejamento estra-tégico das empresas e à política e programação econômica do setor público.

Divisão do Estudo Microeconômico

A teoria microeconômica consiste nos se-guintes tópicos:

a) análise da demanda: a teoria da de-manda ou procura de uma mercadoria ou serviço divide-se em teoria do con-sumidor (demanda individual) e teoria da demanda de mercado;

b) análise da oferta: a teoria da oferta de um bem ou serviço também se subdi-vide em oferta da firma individual e oferta de mercado. Dentro da análise da oferta da firma, são abordadas a teo-ria da produção, que analisa as relações entre quantidades físicas entre o produ-to e os fatores de produção, e a teoria dos custos de produção, que incorpora,

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além das quantidades físicas, os preços dos insumos;

c) análise das estruturas de mercado: a partir da demanda e da oferta de mer-cado, são determinados o preço e a quantidade de equilíbrio de um dado bem ou serviço. O preço e quantidade, entretanto, dependerão da particular forma ou estrutura desse mercado, ou seja, se ele é competitivo, com muitas empresas produzindo um dado produ-to, ou concentrado em poucas ou em uma única empresa.

Conforme Pinho, Vasconcelos e Toneto Jr. (2011), as estruturas de mercados de bens e serviços são:

• concorrência perfeita: muitos vendedores e muitos compradores num mercado em que nenhum de-les tem uma influência significativa no preço;

• concorrência imperfeita ou mo-nopolista: caracteriza-se pelo fato de que as empresas produzem pro-dutos diferenciados, embora subs-titutos próximos;

• monopólio: o setor é a própria fir-ma, porque existe um único produ-tor que realiza toda a produção ;

• oligopólio: estrutura de mercado que se caracteriza pela existência de reduzido número de produtores e vendedores fabricando bens que são substitutos próximos entre si;

Saiba maisSaiba mais

Monopólio e Concorrência Imperfeita: situação de um mercado em que não existe concorrência na ofer-ta. Só se apresenta um único vendedor. Sempre que existe um único comprador, a teoria econômica utiliza atualmente o termo ‘monopsônio’, ou ‘monopólio do comprador’.

Conforme Pinho, Vasconcelos e Toneto Jr. (2011) as estruturas do mercado de fatores de produção são:

• concorrência perfeita: muitos vendedores e muitos compradores num mercado em que nenhum de-les tem uma influência significativa no preço;

• concorrência imperfeita: apresen-ta um único vendedor;

• monopsônio: é caracterizado pela existência de muitos vendedores e um único comprador;

• oligopsônio: mercado no qual existem poucos compradores, que dominam o mercado, e muitos ven-dedores;

d) teoria do equilíbrio geral: considera as inter-relações entre todos os merca-dos, diferentemente da análise de equi-líbrio parcial, que analisa um mercado isoladamente, sem considerar suas in-ter-relações com os demais. A teoria do bem-estar, ou Welfare, estuda como al-cançar soluções socialmente eficientes para o problema da alocação e distri-buição dos recursos, ou seja, encontrar a “alocação ótima dos recursos”.

AtençãoAtenção

Um dos focos do estudo microeconômico con-siste na análise das imperfeições de mercado, na qual se analisam situações em que os preços não são determinados isoladamente em cada merca-do.

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Quais são as funções sociais que qualquer mecanismo econômico – seja ele regido pela tra-dição, imposição ou mercado – deve desempe-nhar?

Examinando o problema, vemos que exis-tem três tarefas a serem desempenhadas por to-dos esses mecanismos econômicos:

1. todos os sistemas econômicos devem direcionar esforços da sociedade para a produção dos bens e serviços que tal sociedade necessita, sejam elas regidas pela tradição, imposição ou mercado; todas as sociedades devem poder con-tar com a produção regular das provi-sões necessárias.

Exemplo: coexistem, no Brasil, dife-rentes sociedades no mesmo espaço, como algumas cidades do Nordeste e do interior de alguns Estados. Nessas sociedades muito simples, a necessida-de básica gira em torno da busca infin-dável de alimento, vestimenta e edu-cação. Em cidades mais “avançadas”, as “necessidades” vão muito além desse tripé.

Em princípio, as tarefas são as mesmas: todas as sociedades apoiam-se em or-ganização econômicas, que devem alo-car seus homens e materiais aos usos que a sociedade exige para se manter em funcionamento. Se o método de organização falha, a comunidade entra em colapso;

2. todos os sistemas econômicos devem também determinar os métodos de produção. A produção não é simples-mente a aplicação de esforço humano à natureza. Em todo sistema social, do mais rústico ao mais avançado, existe o problema da técnica a ser utilizada. Em

3.2 As Tarefas do Sistema de Mercado

todas as sociedades, acima do nível de subsistência existe sempre o problema de como produzir o que a sociedade deseja, bem como o que produzir.

Exemplo: se você fosse o prefeito de uma cidade do interior de qualquer Estado brasileiro, teria que decidir que tipo de transporte utilizar, que méto-dos agrícolas encorajar, que tipos de sistemas de distribuição estabelecer. A escolha da técnica errada pode não provocar colapso (apesar de isso ser possível), mas acarretará desperdício e um nível de bem-estar menor do que o que está ao alcance da cidade;

3. todos os sistemas econômicos devem resolver o problema de distribuição do produto entre seus membros.

Exemplo: sob muitos aspectos, este é o problema mais difícil. A escassez – importada pela natureza ou causada pelo homem – torna extremamente necessária a solução do problema da divisão de um produto. Entretanto, seja por costume, imposição ou outra maneira qualquer, para a sociedade so-breviver é necessário que a produção do sistema seja partilhada – e de modo aceitável.

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Assim, o que produzir, como produzir e a quem entregar o produto constituem os proble-mas básicos da Economia, os quais toda ordem social deve enfrentar de uma maneira ou de ou-tra.

Como o mercado enfrenta esses três pro-blemas?

O mercado não parece prestar atenção para isso. Quando olhamos para um sistema de merca-do, tudo o que vemos é um sistema de trocas, no qual cada um tem de se arranjar por si mesmo e ninguém é responsável pelo encargo de conferir se serão produzidos os bens adequados, se serão produzidos da maneira correta e entregues às pessoas certas.

Exemplo: vamos supor que vivemos isola-dos em uma ilha, na qual apenas dois produtos

3.3 Como o Mercado Funciona

poderão ser obtidos. Usamos os recursos: terra, trabalho e capital para plantar cereais ou pode-mos usá-los para criar gado e obter leite. Supo-nhamos que utilizamos todos os nossos recursos na produção de cereais e, após 6 meses, colhe-mos 500 sacas. No semestre seguinte, colocamos todos os nossos esforços na criação de gado lei-teiro e obtemos 250 litros de leite. Teríamos, en-tão, descoberto duas possibilidades extremas de produção para a alocação de nosso esforço social.

É mais provável, entretanto, preferirmos uma mistura de cereal e leite, e não tudo de um e nada de outro. Assim, teríamos de encontrar, atra-vés de tentativas, as combinações de cereal e leite que poderíamos ter, ao utilizar alguns de nossos recursos em cada operação.

3.4 Produção

Produzir é criar uma utilidade ou aumentar a utilidade dos bens econômicos. O homem não cria matéria; ele cria apenas utilidade, transfor-mando os bens e adaptando-os às suas necessi-dades.

DicionárioDicionário

Utilidade: a capacidade que tem um bem de satis-fazer uma necessidade humana.

Fonte: Manual de Economia (2011)

As riquezas naturais, por si só, não são su-ficientes para atender às necessidades humanas; por isso, são necessárias novas utilidades. A tudo que é transformado em utilidade pelo homem damos o nome de produto.

Economia

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3.5 Os Setores de Produção

3.6 Possibilidade de Produção

3.7 Os Fatores de Produção

Vimos que produzir significa criar meios para a satisfação das necessidades humanas; a plantação, o transporte, a tecelagem, a confecção, as lojas, a lavadeira, tudo isso faz parte do proces-so para satisfazer nossa necessidade de vestir.

Desde as primeiras torças, o comércio tem marcado sua presença na vida do ser humano, garantindo-lhe um modo de vida. A circulação de riquezas, viabilizada pelo comércio, trouxe, e ain-da traz, importantes consequências para as ativi-dades econômicas.

As atividades econômicas estão divididas em três setores:

�� setor primário: compreende as ativi-dades que se desenvolvem em contato direto com a natureza: agropecuária, pesca, extração de minérios, horticultu-ra, fruticultura etc.;

�� setor secundário: abrange todas as atividades industriais de elaboração de produtos: indústria, produção de ener-gia, obras públicas etc. Concentra-se em modificar os produtos que vêm do setor primário;

�� setor terciário: responsável pela distri-buição e venda dos produtos dos seto-res primário e secundário, bem como pela prestação de serviços.

O centro do problema da produção é a ne-cessidade de escolha que devemos fazer. Essa es-colha é inevitável, porque é imposta, naturalmen-te, pelos recursos existentes, por nossa técnica ou know-how conhecido.

As possibilidades são muitas e não são está-ticas. À medida que cresce o capital e a tecnolo-gia, a fronteira pode avançar, de modo que o im-possível no passado torna-se atingível no futuro.

Além disso, quando as técnicas mudam ou quan-do nossos recursos crescem ou diminuem, essa divisão também muda. Por exemplo, a invenção de uma nova forragem para o gado pode elevar a produção de leite em nossa ilha; então, podería-mos produzir mais sacas de cereais e mais litros de leite.

Como o mercado, essa imensa e confusa teia de indivíduos e empresas, determina a aloca-ção dos recursos da sociedade?

Para responder a esta pergunta, teremos de esclarecer as atividades do mercado e descobrir, em seu fluxo, um padrão qualquer que nos per-mita compreender como ele funciona.

Alguns elementos são necessários para que haja produção. Chamamos de fatores de produ-ção os seguintes elementos básicos: recursos na-turais, trabalho e capital.

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�� Recursos naturais: são os recursos ob-tidos da natureza e que vão ser trans-formados através da indústria: ferro, madeira, petróleo, terras etc.

�� Trabalho: é a colaboração da energia humana, manual ou intelectual, no pro-cesso de produção.

�� Capital: é tudo aquilo que é fruto de poupança e que vai aumentar a produ-ção.

Na verdade, existe um padrão. Se olharmos para o fluxo de mercado, observamos que os participantes não são iguais. Um grupo de par-ticipantes consiste de indivíduos, como nós, que entram no mercado como compradores, buscan-do os bens e serviços que desejam ou que podem comprar. Esses são os consumidores, que normal-mente pensamos ser o único – ou pelo menos, o mais importante – grupo do “mercado”. Mas, se olharmos outra vez, podemos ver que não são.

Existe um segundo grupo, tão grande e im-portante quanto o primeiro, cujo papel vamos examinar agora. São os indivíduos que já iden-tificamos como consumidores, dessa vez, entre-tanto, no mercado com um propósito diferente: ganhar a vida oferecendo seus serviços para a produção. Além disso, podemos distinguir pelo menos três tipos de serviços oferecidos por esses indivíduos:

�� o primeiro é o trabalho, oferecido pe-los indivíduos sob várias formas, desde as profissões não especializadas e de baixa remuneração, até as sofisticadas e altamente remuneradas;

�� o segundo é os serviços dos recursos naturais, como a terra, oferecidos pelos indivíduos que são seus proprietários;

�� o terceiro é os serviços de capital – ins-trumentos de produção feitos pelo ho-mem –, oferecidos no mercado pelas pessoas que os possuem.

Chamamos esses indivíduos, em seus pa-péis de produtores, de fatores de produção e vemos que eles constituem um grupo e uma ati-vidade, sob todos os aspectos, tão importantes quanto os dos consumidores.

O trabalho, os recursos naturais e o capital oferecidos pelos indivíduos donos de suas pró-prias habilidades, ou donos de recursos e equi-pamentos, constituem não apenas os agentes físicos da produção, que devem ser combinados de maneira a garantir a produção, como também classes sociais cujo comportamento deve ser coordenado na produção.

O mercado transforma-se, então, em algo mais que uma terrível confusão. É, agora, um local onde consumidores e fatores de produção bus-cam uma solução para seus problemas particu-lares e individuais, despendendo sua renda para satisfazer seus desejos próprios, por um lado, e ganhando dinheiro ao oferecer suas habilidades ou posses, por outro.

AtençãoAtenção

O mercado combina as realidades físicas de tra-balho, recursos e equipamentos, organizando as atividades apropriadas daqueles que possuem cada uma dessas entidades físicas.

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3.8 A Produção do Capital

Definimos capital como sendo o bem que se destina a produzir outros bens. Por isso, ele é muito importante no processo produtivo.

Compare o rendimento de um agricultor trabalhando com ferramentas agrícolas rudimen-tares e o de um agricultor que pode dispor de modernas máquinas e equipamentos agrícolas. Analise a importância do capital.

Como surge o capital? A produção gera re-ceitas (recursos financeiros), mas nem toda recei-

ta se destina ao consumo imediato de bens e ser-viços, sendo parte dela utilizada para aumentar a produção.

O ato de não consumir uma parte da renda denomina-se poupança, que, por sua vez, permi-te que se faça um investimento, ou seja, a despesa destinada a produzir novos bens.

Assim, temos o seguinte esquema:

Produção de Bens

Consumo

Poupança Investimento Produção

de Mais Bens

Produção de Mais

BensProdução de

Bens

O dinheiro que os indivíduos gastam como consumidores é ganho por eles próprios quando agem como fatores de produção. Essa conexão de consumidores e fatores de produção mostra-nos outro aspecto do mercado: é o fato de que duas atividades (a compra pelos indivíduos e a venda de fatores de produção) têm lugar no mercado e que essas atividades têm lugar em dois mercados.

O indivíduo, ao fazer compras visando a sa-tisfazer suas necessidades particulares, irá procu-rar um lugar no mercado em que as transações en-volvam bens e serviços. Os que buscam um lugar para ganhar dinheiro irão procurar um lugar no mercado em que as transações envolvem, exclusi-vamente, serviços de outros indivíduos como eles próprios.

Não se compra recursos naturais, trabalho ou capital num armazém, ou bens e serviços de

3.9 Os Dois Mercados

consumo numa agência de empregos, num escri-tório imobiliário ou num banco.

Falta esclarecer um aspecto do mercado: ele não engloba apenas participantes indivi-duais, sejam consumidores ou fatores de produ-ção, mas engloba também a instituição chamada empresa.

Qual é o papel desempenhado pelas em-presas?

Olhando o luxo, percebemos imediatamen-te que seu papel é central, pois, no mercado em que os indivíduos buscam bens e serviços, vemos que os vendedores são, em sua maior parte, em-presas. Na outra parte do mercado, na qual os fa-tores de produção oferecem seus serviços, vemos que os compradores desse mercado também são as empresas. Assim, as empresas funcionam como elos na cadeia circular já observada, adqui-

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rindo os recursos naturais, trabalho e capital e vendendo bens e serviços.

A próxima figura (Figura 6) nos ajuda a vi-sualizar esse fluxo de transações e nos diz como analisar a complexidade do processo e mercado.

Para solucionar o problema econômico, va-mos seguir o caminho mais fácil. Primeiramente, devemos estudar o mercado de bens e serviços, pois ele certamente está ligado à tarefa de ga-

rantir à sociedade a produção que ela necessita. Passamos, então, para o mercado de fatores, pois sem dúvida esse mercado aumentará nossa visão quanto ao problema de quem será capaz de pedir tais bens e serviços. Finalmente, vamos investigar a instituição central, que é a empresa, pois aí está o foco de energia e organização em que são de-terminadas as técnicas da sociedade.

Teoria Elementar da Demanda

É a procura, ou demanda individual, da quantidade de um determinado bem ou serviço que o consumidor deseja adquirir em certo perío-do de tempo, considerando-se que a demanda é um desejo de adquirir, é uma aspiração, um pla-no, e não sua realização. Demanda é o desejo de comprar.

Figura 6 – O fluxo circular numa visão microeconômica.

A família como consumidora

A família como fator de produção

O mercado de fatores

$$$$$$

$$$$$$ $$$$$$

$$$$

O mercado de bens e serviços

A empresa como vendedora de bens e serviços

A empresa como empregadora de fatores

Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2003).

3.10 Demanda, Oferta e Equilíbrio

A procura se expressa por uma dada quan-tidade em um dado período. Assim, deve-se dizer que: Dona Maria tem desejo de adquirir 5 quilos de feijão por semana e não, simplesmente, que Dona Maria deseja 5 quilos e que está à sua pro-cura.

Mas, do que depende essa procura ou esse desejo de adquirir? Quais são os fatores ou variá-veis que influenciam essa procura?

A teoria da demanda é derivada de hipóte-ses sobre a escolha do consumidor entre diversos bens que seu orçamento permite adquirir. O que se procura é explicar o processo de escolha do consumidor perante as diversas alternativas exis-tentes. Tendo um orçamento limitado, o que quer dizer, um dado nível de renda, o consumidor pro-curará distribuir esse seu orçamento (renda) entre

AtençãoAtenção

Não se deve confundir procura com compra, nem oferta com venda.

Economia

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os diversos bens e serviços de forma a alcançar a melhor combinação possível, ou seja, aquela que lhe trará o maior nível de satisfação.

Exemplo: supondo que um indivíduo vá almoçar num restaurante, vamos verificar o que influencia sua escolha. Recebendo o cardápio, a primeira coisa que ele olha é os preços. Assim, a escolha de um determinado prato, digamos um filé, depende não só do preço do filé, mas tam-bém do preço de outras carnes, do preço das massas etc.

Pode-se facilmente ver que, quanto maior for o preço do filé, menos propenso estaria o indi-víduo a pedir um. Da mesma forma, quanto me-nor o preço dos outros pratos principais (massas, carnes etc.), menor desejo ele terá de comer um filé. Isso se dá porque o filé, as outras carnes e a massa são substitutos. Ele escolhe ou um ou ou-tro. Dificilmente o consumidor pedirá um frango acompanhado de um peixe.

Caso o preço dos acompanhamentos seja alto, ele reduzirá sua vontade de pedir filé. Além dos preços, outra variável afeta essa escolha: a renda. Se o indivíduo não tiver dinheiro para pa-gar a conta, não irá pedir o filé com fritas. Tam-bém, o gosto do consumidor determina a esco-lha. Mesmo que o preço do bife de fígado e seus acompanhamentos seja baixo, o indivíduo não o pedirá caso não suporte fígado.

Vemos que a escolha do consumidor foi in-fluenciada por algumas variáveis, que, em geral, serão as mesmas que influenciarão sua escolha em outras ocasiões.

Para estudar a influência de cada fator so-bre a procura, é preciso fazer uma simplificação, pois estudar em conjunto é bastante complexo e exigiria um instrumento matemático mais ela-borado. A simplificação consistirá em considerar cada efeito, cada variável, separadamente, fazen-do a hipótese de que tudo o mais permaneça constante. Essa hipótese é também conhecida como a cláusula de ceteris paribus. Por exemplo, dizemos que, ceteris paribus4, a demanda é fun-ção do preço.

AtençãoAtenção

A demanda é também denominada teoria do consumidor.

4 Mediante essa condição, são selecionadas as variáveis relevantes de um determinado problema, supondo fixo tudo o mais, porque se estima que não seja essencial para a questão que se está estudando.

Como o preço e a quantidade demandada têm relação negativa, a curva de demanda se in-clina para baixo. Observe, caro(a) aluno(a), a Figu-ra 7 a seguir:

Figura 7 - Curva de demanda - função linear.

Preço do Livro (R$)

Qtd adquirida de livros

Fonte: Adaptado de Vasconcelos (2010).

Irma Filomena Lobosco

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A demanda, ou procura por certa merca-doria, mostra as quantidades máximas desta que o consumidor e/ou o mercado estão dispostos e podem comprar num dado espaço de tempo dos vários preços alternativos, coeteris paribus.

Determinantes da demanda do bem X:

�� Px – preço;

�� R – renda do consumidor;

�� G – gostos e preferências;

�� N – número de consumidores;

�� Py – preço dos bens substitutos ou com-plementares;

�� Fpsi – fatores psicológicos.

A Lei Geral da Demanda estabelece que há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada (demandada) e o preço do bem, coeteris paribus.

Assim:

Observe caro(a) aluno(a), na Tabela 2, a re-lação quantidade-preço procurada pode ser re-presentada por uma escala de procura, conforme segue:

Tabela 2 – Relação quantidade-preço.

Preço do bem ($) (P) Quantidade demandada do bem (Q)

1,003,006,008,00

10,00

12.0008.0004.0003.0002.000

Fonte: Vasconcellos e Garcia (2003).

A curva de demanda é negativamente incli-nada, devido ao efeito conjunto de dois fatores:

a) efeito substituição: quando um bem possui um bem substituto que satis-faz a mesma necessidade e seu preço aumenta, coeteris paribus, o consumi-dor passa a comprar o bem substituto, provocando a queda na quantidade demandada. Exemplo: se o preço da carne de vaca subir demasiadamente, os consumidores passarão a demandar a carne de frango, reduzindo, assim, sua demanda por carne de vaca;

b) efeito renda: quando aumenta o preço de um bem, tudo o mais constante (ren-da do consumidor e preços de outros bens constantes), o consumidor perde o poder aquisitivo e a demanda por esse produto diminui. Acontece que, apesar de seu salário monetário não ter sofrido nenhuma alteração, seu salário “real”, em termos de poder de compra, foi corroído. Conforme Guimarães e Gonçalves (2010, p. 17), “mudanças na restrição orçamentária, ou seja, mudan-ças na renda e nos preços alteram as es-colhas dos consumidores.”

Relação entre Quantidade Demandada e Preço do Bem

Podemos representar a relação entre quan-tidade demandada e preço do bem da seguinte maneira: Dn = f( Pn), tudo o mais permanece cons-tante.

Normalmente, teremos uma relação inversa entre o preço do bem e a quantidade demanda-da. Quando o preço do bem cai, o bem fica mais barato em relação aos seus concorrentes e, dessa forma, os consumidores deverão aumentar seu desejo de comprá-lo. De outra parte, quando o preço cai, o indivíduo fica mais rico em termos reais.

Exemplo: com R$ 100,00, eu posso comprar 1 (um) par de sapatos, se o preço for R$ 100,00; dois pares, se o preço cair pela metade; e quatro pares, se o preço for R$ 25,00.

Economia

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Quando o indivíduo fica mais rico, normal-mente aumenta as demandas. Por essas razões, o bem fica relativamente mais barato e o consumi-dor com maior poder de compra; deve-se espe-rar que, quando o preço de um bem ou serviço cai, a quantidade procurada aumente.

Assim, quando Pn ↓ ↔ Dn ↑ e Pn ↑ ↔ Dn↓ , ou seja, quando Pn cai, a demanda por esse bem au-menta. Quando o preço aumenta, a demanda cai. Esta é uma hipótese plausível e já testada várias vezes para diversos produtos, mas há uma limita-ção: tudo o mais permanecendo constante, é um efeito isolado. Na realidade, muitos efeitos apare-cem conjuntamente e é difícil fazer a separação de cada um (GUIMARÃES; GONÇALVES, 2010).

Relação entre a Procura de um Bem e o Preço dos outros Bens

Na definição de Pinho, Vasconcelos e Tone-to Jr. (2011):

Dn = f( Pi), tudo o mais permanecendo cons-tante.

Para essa função, não temos a relação geral: o aumento do preço do bem i poderá aumentar ou reduzir a demanda do bem n. A reação depen-de do tipo de relação existente entre os dois bens.

Caso o aumento do preço de i aumentar a demanda do bem n, os itens i e n são chamados substitutos ou concorrentes. No exemplo dado do restaurante, o filé e as massas são bens substi-tutos. Também são bens substitutos a manteiga e a margarina, o transporte por trem e por avião, o café e o chá etc.

Os bens concorrentes são aqueles que guardam relação de substituição, pois se conso-me um ou outro, dado que o consumo de um pode substituir o consumo do outro.

Se o aumento do preço do bem i ocasionar uma queda na demanda do bem x, serão chama-dos de bens complementares. Exemplo: pão e manteiga, leite e café. Os bens complementares são aqueles que são consumidos conjuntamente.

Relação entre a Procura de um Bem e a Renda do Consumidor

Na definição de Pinho, Vasconcelos e Tone-to Jr. (2011):

Existe uma relação crescente e direta en-tre a renda e a demanda de um bem ou serviço. Quando a renda cresce, a demanda do bem deve aumentar, pois o indivíduo, ficando mais rico, vai desejar aumentar seu padrão de consumo e, por-tanto, demandar maiores quantidades de bens e serviços.

Em relação à renda dos consumidores, há três situações distintas:

�� Bem Normal: tudo o mais constante, um aumento na renda provoca um au-mento na quantidade demandada do bem.

�� Bem Inferior: tudo o mais constante, um aumento na renda provoca uma diminuição na quantidade demandada do bem. Ex.: Passagem de ônibus, carne de segunda.

�� Bem de consumo saciado: se aumen-tar a renda do consumidor, não aumen-tará a demanda do bem. Ex.: demanda de alimentos básicos, como o açúcar, sal, arroz.

Essa é a regra e, como toda regra, ela ad-mite exceções. Em primeiro lugar, é pos-sível que o indivíduo esteja totalmente satisfeito com o consumo de um determi-nado bem e, portanto, não altere a quan-tidade procurada por unidade de tempo quando sua renda aumentar. É o caso do consumo saciado. (PINHO; VASCONCE-LOS; TONETO JR. 2011, p. 119).

Outra exceção encontra-se nos chamados bens inferiores. Estes são bens cuja demanda se reduz quando a renda aumenta. Por exemplo: a

Dn = f( R)

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demanda de carne de segunda reduz quando o indivíduo aumenta seus ganhos, pois aí ele pas-sará a demandar carne de primeira e não mais de segunda.

Relação entre a Procura de um Bem e o Gosto do Consumidor

Trata da influência do gosto ou da preferên-cia do consumidor sobre a demanda. Vamos estu-dar essa relação por meio de um exemplo.

Uma grande campanha publicitária incen-tivando a população a usar filtro solar mostra os efeitos nocivos do sol e os benefícios que o filtro solar traz à saúde. O povo é despertado por essa propaganda e resolve usar mais filtro solar. O que ocorrerá com a demanda do filtro solar? A de-manda aumentará.

DicionárioDicionário

Mercado: é qualquer situação, estrutura, contexto, lugar etc., em que a oferta e a demanda de um bem se encontram.

Sempre falamos sobre a procura individual. E a procura de mercado?

A procura de mercado é a soma das procu-ras individuais. Suponhamos que, a um dado pre-ço, o consumidor A deseja adquirir 10 caixas de bombons, o consumidor B deseja 7 e o C, 5 caixas. Sendo o mercado constituído por essas pessoas, a procura de mercado será de 22 caixas de bom-bons, ao preço dado.

3.11 Oferta

A oferta é toda a escala, ou toda a curva, en-quanto a quantidade ofertada é um ponto espe-cífico da curva de oferta. Assim, um aumento no preço do bem provoca um aumento da quantida-de ofertada, coeteris paribus.

Define-se oferta como a quantidade de um bem ou serviço que os produtores desejam ven-der por unidade de tempo. Novamente, é preciso destacar os dois elementos: a oferta é um desejo, um plano, uma aspiração, é um fluxo por unida-de de tempo; do mesmo modo que a demanda, a oferta de um bem depende de inúmeros fatores (PINHO; VASCONCELOS; TONETO JR., 2011).

A oferta de um bem depende de seu pró-prio preço, admitindo a hipótese coeteris paribus: quanto maior for o preço de um bem, mais inte-ressante se torna produzi-lo e, portanto, a oferta é maior. Em segundo lugar, a oferta do bem x depende dos preços dos fatores de produção. De fato, o preço dos fatores, juntamente à tecnologia empregada, determina o custo da produção. Ha-vendo aumento do preço de fator, aumentar-se--ia o custo da produção.

Os bens em cuja produção são emprega-das grandes quantidades desse fator sofrerão au-mentos de custo significativos, enquanto aque-les que o empregam pouco sofrerão menos.

Exemplo: aumentando o preço da terra, teremos um grande aumento no custo de pro-dução de soja, enquanto, em outros setores que utilizam em menor intensidade o fator terra, tere-mos menores aumentos de custos. Assim, a mu-dança no preço de um fator acarretará alterações na lucratividade relativa das produções.

O mesmo raciocínio se pode fazer em re-lação à mudança na tecnologia de produção. Os bens que mais se beneficiaram da mudança tec-nológica terão lucratividade aumentada e, assim, surgirão deslocamentos nas curvas de oferta de diversos bens e serviços.

Em terceiro lugar, a oferta de um bem pode ser alterada por mudança nos preços dos demais bens produzidos. Se os preços dos demais bens subirem e o preço do bem x permanecer idênti-co, a sua produção torna-se menos atraente em

Economia

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relação à produção dos outros bens, consequen-temente diminuindo sua oferta.

3.12 Equilíbrio de Mercado

O preço na economia de mercado é deter-minado tanto pela oferta quanto pela demanda.

Observe, caro(a) aluno(a), as figuras a seguir.

A curva de demanda (procura) mostra a re-lação entre a demanda e o preço do bem. Essa curva mostra a relação entre o preço do bem e

a quantidade desse bem que o consumidor está disposto a adquirir em certo período, tudo o mais permanecendo constante, ou seja, não variando o preço dos outros bens, a renda e o gosto do consumidor.

Figura 8 – Curvas da procura e da oferta.

Fonte: Adaptada de Rossetti (2000).

Curva da Procura Curva da Oferta

O preço, em uma economia de mercado, é determinado tanto pela oferta quanto pela pro-cura.

Figura 9 – Ponto de equilíbrio.

Irma Filomena Lobosco

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Você sabia que uma vez que o preço sofre influência para mais ou para menos em função das quantidades procuradas e ofertadas, há que se su-por um ponto de equilíbrio onde as pressões altis-tas, que interessam à oferta, sejam anuladas pelas pressões de baixa, exercidas pela procura?

Ponto de equilíbrio será aquela situação na qual tanto a oferta quanto a procura se satisfazem

com o preço estabelecido e os negócios fluem livre-mente.

O equilíbrio é o balanceamento de forças. Ao nível de um certo Mercado o Equilíbrio ocorre quan-do a Demanda e Oferta estão balanceadas, isto é, têm a mesma intensidade.

3.13 Elasticidades

Mudanças nos preços dos bens, coeteris pa-ribus, provocam mudanças nas quantidades de-mandadas. Portanto, para analisar o grau em que a quantidade demandada responde a uma varia-ção nos preços de forma correta e usada em Eco-nomia, utiliza-se a elasticidade-preço da deman-da, a partir da se relaciona a variação percentual da quantidade e a variação percentual do preço (PINHO; VASCONCELOS; TONETO JR., 2011).

AtençãoAtenção

Elasticidade da demanda mede a sensibilidade de resposta na Demanda de um bem resultante da mudança em qualquer determinante da De-manda.

Elasticidade – Preço da Demanda (Ep) mede a resposta relativa na quantidade demandada de um bem (Δ%Q), resultante da variação no preço desse bem (Δ%P), coeteris paribus.

Então:

ep = ≤ Δ%Q ÷ Δ%P) ou ep = ± (ΔQ÷ΔP × P÷Q)

Se:

ep > 1, a Demanda é dita elástica, quando a variação percentual da quantidade demandada é maior do que a variação percentual de preços.

ep = 1, a Demanda tem elasticidade unitá-ria, quando ocorre igualdade entre as variações percentuais.

ep < 1, a Demanda é dita inelástica, quando qualquer variação nos preços não provocará va-riação na quantidade demandada.

Como exemplos de demanda inelástica, po-demos citar os remédios e o sal, pois, indepen-dentemente da variação dos preços, a demanda não sofrerá alteração!

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3.14 Resumo do Capítulo

3.15 Atividades Propostas

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo você aprendeu que a Microeconomia, ou Teoria dos Preços, analisa a formação de preços no mercado, no qual a empresa e o consumidor interagem para decidir qual o preço e a quantida-de de um determinado bem ou serviço em um mercado específico.

Viu sobre a importância, no raciocínio econômico, da hipótese coeteris paribus, que para analisar um mercado específico deve “tudo o mais permanecer constante”.

Aprendeu o conceito de demanda, oferta e equilíbrio de um bem ou serviço e também pôde com-preender sobre as variáveis que influenciam no comportamento da demanda e da oferta.

Também aprendeu o conceito da elasticidade da demanda.

Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

1. Assinale os fatores mais importantes que afetam as quantidades procuradas:

a) Preço e durabilidade do bem.

b) Preço do bem, renda do consumidor e custos de produção.

c) Preço do bem, preços dos bens substitutos e complementares, renda e preferência do con-sumidor.

d) Renda do consumidor e custos de produção.

2. Assinale a alternativa correta, coeteris paribus:

a) Um aumento da oferta diminui o preço e aumenta a quantidade demandada do bem.

b) Uma diminuição da demanda aumenta o preço e diminui a quantidade ofertada e deman-dada do bem.

c) Um aumento da demanda aumenta o preço e diminui a oferta do bem.

d) Um aumento da demanda aumenta o preço, a quantidade demandada e a oferta do bem.

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TEORIA DA PRODUÇÃO4

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo você conhecerá os princípios gerais da teoria da produção que possibilitam as bases para a análise dos custos e da oferta dos bens produzidos.

Vamos iniciar o estudo da teoria da produ-ção apresentando alguns conceitos fundamen-tais!

De acordo com Pinho, Vasconcelos e Toneto Jr. (2011, p. 171), o primeiro conceito básico é o de empresa ou firma: “Unidade de produção que atua racionalmente, procurando maximizar seus resultados relativos à produção e lucro.”

O estudo da teoria da produção abarca prin-cípios que se constituem em peças fundamentais para a análise dos preços e do emprego dos fa-tores, bem como sua alocação entre os diversos usos alternativos.

A teoria da produção serve de base para a análise das relações existentes entre produção e custos de produção, que é importante na forma-ção dos preços, servindo também de apoio para a análise da demanda da firma com relação aos fatores de produção que utiliza.

A seguir alguns conceitos básicos!

Função de produção: identifica a forma de solucionar os problemas técnicos da produ-ção, pela apresentação das combinações de fa-tores que podem ser utilizados para o desenvol-vimento do processo produtivo. É a relação que demonstra qual a quantidade obtida do produto, com base na quantidade utilizada dos fatores de produção.

Processo de produção: técnica que permi-te que um ou mais produtos sejam obtidos pela utilização de determinadas quantidades de fato-

res de produção. Se o processo de produção for simples, ou seja, com a combinação dos fatores, obter-se-á um único produto. O processo de pro-dução múltiplo, ou produção múltipla, decorre da combinação dos fatores para a produção de mais de um produto.

Produto total: mostra a produção máxima com a aplicação de quantidades diferentes de fa-tores da produção (K = Capital e L = mão de obra).

A produção de curto prazo é aquela em que pelo menos um dos recursos (fatores de pro-dução) é fixo e os outros são aplicados em dife-rentes momentos da produção e em quantidades diferentes.

A produção total de longo prazo é aquela que ocorre com a combinação de diferentes re-cursos de produção, permanecendo com um de-les fixo.

Produto médio é a contribuição de cada fa-tor de produção, sendo dado pela fórmula:

PT ÷ q (L,K)

Sendo:

PT = Produto Total

q (L, K) fator de produção – mão de obra/capital

DicionárioDicionário

Fator de produção: bens ou serviços transformá-veis em produção.Produção: transformação, pela empresa, dos fato-res adquiridos em produtos para a venda no mer-cado.

Fonte: Manual de Economia (2011).

Irma Filomena Lobosco

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Fatores variáveis: aqueles cujas quantida-des utilizadas variam com a realização dos pro-cessos produtivos.

Fatores fixos: aqueles cujas quantidades utilizadas não variam com a realização do proces-so produtivo.

Num cenário microeconômico é importan-te o conhecimento dos custos da produção para se determinar com precisão o preço final da mer-cadoria e evitar a atuação da empresa com uma produção no nível de prejuízo, ou seja, abaixo do seu custo fixo, pelo menos.

Os custos totais são:

�� Custo fixo: é o custo que não muda com as mudanças na quantidade pro-duzida;

�� Custo variável: sofre mudanças com as alterações na quantidade produzida;

�� Custo total (custo operacional): é a soma do custo fixo e variável.

Quanto aos custos unitários, temos:

�� Custo fixo médio: é o custo fixo dividi-do pela quantidade produzida;

�� Custo variável médio: é o custo variá-vel dividido pela quantidade produzida;

�� Custo marginal: é a variação do custo total em relação à variação da quanti-dade produzida, ou a derivada do custo total em relação à derivada da quanti-dade. São os acréscimos dados ao cus-to total em relação aos acréscimos da quantidade produzida.

4.1 O Modelo Básico

É apresentado pelos autores Guimarães e Gonçalves (2010) o modelo em que a empresa es-colhe o preço (p) e a quantidade vendida (q), com a finalidade de maximizar seu lucro, ou seja, a em-presa não pode vender qualquer quantidade ao preço que desejar. Ela deve respeitar a condição de que no mesmo mercado, ao preço p*, os con-sumidores queiram comprar q*. De outra forma, os valores p* e q* devem estar sobre a curva de demanda do bem.

O lucro total de uma empresa (L) é igual à receita das vendas de seus produtos (R) menos o custo total de produzi-los (C). Tem-se então a se-guinte função:

L = R – C

O que é necessário entender é como o cus-to de produção das empresas se comporta.

Caro(a) aluno(a), Guimarães e Gonçalves (2010, p. 32) nos falam a respeito definindo como importantes três características da curva de cus-tos:

1) Produzir mais custa mais caro: para au-mentar a quantidade produzida é preci-so utilizar mais energia, mais gente, mais máquinas, mais matéria-prima etc, e tudo isso custa dinheiro.

2) Se a empresa está produzindo pouco, aumentar a produção é mais fácil, menos custoso, mas se a empresa está produzin-do a todo vapor, aumentar a produção é difícil.

3) O custo total de produção C(q) pode ser dividido em duas partes: (i) o custo fixo da produção CF, um custo que inde-pende de quanto se está produzindo; (ii) um custo variável CVar(q) que depende do montante total produzido.

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A função custo é assim representada:

C(q) = CF + CVar(q)

A curva do custo é Ilustrada a seguir:

Figura 10 – Curva de custo.

Fonte: Pinho, Vasconcelos e Toneto Jr. (2011).

Quando a produção é zero, o custo total é positivo devido ao custo fixo. À medida que a quantidade aumenta, os custos de produção acompanham a elevação. Quanto mais se produz, mais é encarecida a produção: a curva vai ficando mais e mais inclinada.

q

C

CV

CF

Esse mesmo raciocínio pode ser representa-do no conceito de custo marginal. O custo Margi-nal CMg(q) é o custo de se produzir uma unidade a mais, dado que já se decidiu produzir q unida-des. A função é:

CMg(a) = C(q + 1) – C(q)

A relação positiva entre o custo marginal e a quantidade q traduz a ideia de que o custo de se produzir uma unidade a mais aumenta à medida que a capacidade produtiva da empresa vai se es-gotando.

Figura 11 – Curva de custo marginal.

Fonte: Pinho, Vasconcelos e Toneto Jr. (2011).

q

CMg

4.2 A Lei dos Rendimentos Decrescentes

Um elemento importante no estudo da teo-ria da produção é a lei dos rendimentos decres-centes, que descreve o comportamento da taxa de variação da produção quando é possível variar apenas um dos fatores, permanecendo constan-tes os demais.

Aumentando-se a quantidade de um fator variável, permanecendo fixa a quantidade dos

demais fatores, a produção, inicialmente, cres-cerá a taxas crescentes; a seguir, depois de certa quantidade utilizada do fator variável, passará a crescer a taxas decrescentes, e continuando o in-cremento da utilização do fator variável, a produ-ção decrescerá (PINHO; VASCONCELOS; TONETO JR., 2011).

Irma Filomena Lobosco

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Todas as firmas ao realizarem o processo de produção de bens têm como objetivo obter uma compensação para a sua atividade geradora de riquezas. Os custos de produção têm uma contra-partida, que se constitui no rendimento ou recei-ta recebida pela venda da produção no mercado. Quanto maior for esse rendimento, maior incen-tivo terá a firma para continuar a sua produção e manter o suprimento do produto ao mercado consumidor.

O rendimento total ou receita total das ven-das de uma firma é o resultado da multiplicação da quantidade total do produto oferecida e ven-dida ao mercado pelo preço de venda. A função que representa o rendimento ou receita total é:

RT = p x q

Sendo:

P = preço de venda o produto

Q = quantidade vendida

RT = rendimento ou receita total das vendas

4.3 Os Rendimentos da Firma

Vamos definir outros dois tipos de receita que são muito importantes para a análise da fir-ma!

Receita média (RMe): resultado do quo-ciente entre a receita total e a quantidade vendi-da do produto.

RMe = RT (p x q) ÷ q

Receita marginal: resultado do quociente entre as variações da receita total decorrentes das variações da quantidade vendida do produto.

RMg = ΔRT ÷ Δq

4.4 Produtividade

Você sabia que a Produtividade é mais um problema administrativo do que econômico? Pense a respeito!

A maior ou menor produtividade é uma questão de organização do trabalho, de enge-nharia industrial (processos, logística etc.).

Depois da Segunda Guerra Mundial, muitos países passaram a se preocupar com a produtivi-dade. Por volta de 1950, sete trabalhadores japo-neses produziam o mesmo que um norte-ame-ricano. Em 1977, a produção de dois japoneses era igual à de um operário norte-americano. Em

1978, o índice de produtividade do Japão aumen-tou 8% e o dos Estados Unidos, 0,3%.

Produtividade é uma unidade de medida ou valor expresso pela relação entre o insumo e o produto (do inglês input-output).

DicionárioDicionário

Insumo: neologismo criado para traduzir a expres-são inglesa input, que abrange todos os recursos gastos ou investidos para a obtenção de determi-nado resultado (output) da produção.

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De acordo com a definição, temos:

A produtividade pode ser analisada sob os aspectos quantitativo e qualitativo. Por exemplo: uma empresa industrial cuja produção mensal atinja o valor de R$ 90.000,00, empregando insu-mos calculados em R$ 45.000,00, terá um índice de produtividade igual a 2:

R$ 90.000,00 R$ 45.000,00

Para uma análise mais precisa da produtivi-dade, podemos calculá-la considerando isolada-mente os três grupos de insumos: natureza, capi-tal e trabalho. As matérias-primas são insumos da natureza. Máquinas, equipamentos e instalações pertencem ao grupo de capital. A mão de obra direta e indireta representa o grupo de trabalho. A produtividade de cada um desses grupos pode ser calculada conforme segue:

= 2

Podemos, também, calcular a produtivida-de do trabalhador da seguinte forma:

Além das fórmulas mencionadas, a produ-tividade pode ser ainda calculada de várias ma-neiras. Um dos cálculos utilizado, principalmente pelas indústrias, e que permite uma análise mais detalhada da produtividade é o cálculo custo--minuto.

Podemos, também, calcular a produtividade do trabalhador da seguinte forma:

Além das fórmulas mencionadas, a produtividade pode ser ainda calculada de

várias maneiras. Um dos cálculos utilizado, principalmente pelas indústrias, e que permite

uma análise mais detalhada da produtividade é o cálculo custo-minuto.

Saiba mais:

Um índice de produtividade maior ou menor não corresponde necessariamente

à melhor ou pior produtividade; por isso, além da análise quantitativa, é preciso fazer a

análise qualitativa.

Verbete

Capacidade Instalada é o potencial de produção de determinado setor da economia. Dizer que a indústria está trabalhando com 79,04% da sua capacidade é o mesmo que dizer que está com 20,96% de sua capacidade de produção ociosa.

Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.

Produção: criação de um bem ou de um serviço adequado para a satisfação de uma necessidade.

Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.

Podemos, também, calcular a produtividade do trabalhador da seguinte forma:

Além das fórmulas mencionadas, a produtividade pode ser ainda calculada de

várias maneiras. Um dos cálculos utilizado, principalmente pelas indústrias, e que permite

uma análise mais detalhada da produtividade é o cálculo custo-minuto.

Saiba mais:

Um índice de produtividade maior ou menor não corresponde necessariamente

à melhor ou pior produtividade; por isso, além da análise quantitativa, é preciso fazer a

análise qualitativa.

Verbete

Capacidade Instalada é o potencial de produção de determinado setor da economia. Dizer que a indústria está trabalhando com 79,04% da sua capacidade é o mesmo que dizer que está com 20,96% de sua capacidade de produção ociosa.

Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.

Produção: criação de um bem ou de um serviço adequado para a satisfação de uma necessidade.

Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.

Saiba maisSaiba mais

Capacidade Instalada é o potencial de produção de determinado setor da economia. Dizer que a indústria está trabalhando com 79,04% da sua capacidade é o mesmo que dizer que está com 20,96% de sua capaci-dade de produção ociosa.

Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.

Um índice de produtividade maior ou me-nor não corresponde necessariamente à melhor ou pior produtividade; por isso, além da análise quantitativa, é preciso fazer a análise qualitativa.

DicionárioDicionário

Produção: criação de um bem ou de um serviço adequado para a satisfação de uma necessidade.

Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.

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Em épocas de crise, muitas empresas dimi-nuem quadros de pessoal, supondo que a dimi-nuição da mão de obra pode melhorar os índices de produtividade. Não podemos esquecer que os recursos humanos são os únicos que reagem, isto é, são os que têm condições de encontrar e viabi-lizar alternativas produtivas.

AtençãoAtenção

A produtividade empresarial é mais uma questão de organização e métodos.

4.5 Resumo do Capítulo

4.6 Atividades Propostas

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo você estudou sobre a Teoria da Produção e conheceu a relação existente entre pro-dução e custos de produção.

Viu que o estudo da teoria da produção e o desenvolvimento de sua análise exigem conhecimen-tos de alguns conceitos básicos: de empresa ou firma, de fator de produção e de produção.

Observou também que a Produtividade na Economia é uma unidade de medida ou valor expresso pela relação entre o insumo e o produto.

Ainda neste capítulo, apresentamos exemplos considerando isoladamente os três grupos de insu-mos: natureza, capital e trabalho.

Você aprendeu também que uma das análises realizadas pelas empresas é o custo operacional da empresa por minuto e conheceu a importância da utilização dos métodos que utilizam índices quantita-tivos e qualitativos para uma análise eficaz.

1. Qual é o índice de produtividade de uma empresa industrial com produção mensal de R$ 100.000,00, empregando insumos calculados em R$ 50.000,00?

a) 2.b) 4.c) 1.d) 0.

2. Sabendo-se que essa empresa tem 2.000 trabalhadores, que produziram 10.000 produtos, qual é a produtividade do trabalhador?

a) 5.b) 4.c) 0,5.d) 25.

As organizações mais eficazes e que utili-zam os métodos mais eficientes são aquelas cujos índices de produtividade são constituídos de va-lores quantitativos e qualitativos.

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MERCADO DE TRABALHO5

O trabalho é o mais importante fator de pro-dução e sem ele não existiriam os meios de produ-ção; consequentemente, não haveria geração de riquezas.

Embora seja o mais importante, a maior parte das riquezas por ele produzidas não vai para os tra-balhadores. Só recentemente os trabalhadores co-meçaram a adquirir consciência de sua importância e passaram a lutar para alcançar maior participação nos benefícios gerados pelo trabalho.

Na Antiguidade

De fato, o trabalho apresentou, durante muito tempo, um sentido de punição e de castigo. Para os hebreus, por exemplo, o homem havia sido simples-mente condenado ao trabalho.

Os gregos e os romanos só admitiam o tra-balho manual para os escravos. As elites só admi-tiam o trabalho intelectual, porque correspondia à parte nobre do corpo humano: o cérebro. O trabalho que exigisse força e destreza muscular e um contato direto com a matéria era desprezível.

5.1 História do Trabalho

Saiba maisSaiba mais

A palavra ‘trabalho’ deriva da palavra latina tripalium, que designa um tipo de instrumento de tortura.

Na Idade Média

Na Idade Média, existiam três classes de pes-soas: os sacerdotes, os nobres e os trabalhadores. Trabalhar significava cultivar a terra para produ-zir alimentos e cuidar do rebanho, que fornecia a lã para o vestuário. A maioria das terras agrícolas estava dividida em áreas chamadas feudos; um feudo abrangia uma aldeia e uma grande exten-são de terra arável que a circundava. A terra arável era dividida em duas partes: uma pertencia ao se-nhor e a outra ficava à disposição dos servos para produzirem seu sustento. O servo era obrigado a trabalhar dois ou três dias por semana nas terras do senhor, sem pagamento algum. Quando havia pressa, primeiramente devia colher os produtos das terras do senhor, não importando quantos dias fossem necessários para a colheita.

Durante a maior parte da Idade Média, pra-ticamente não existiu o comércio como conhece-mos hoje, apenas um intercâmbio de mercadorias. Alguém poderia não ter lã suficiente para fazer seu vestuário, mas ter vinho de sobra; então, trocava al-guns galões pela lã que precisava.

O comércio cresceu. Esse fato provocou pro-fundas mudanças na sociedade feudal. A riqueza, que era medida pela quantidade de terras que a pessoa possuía, passou, no final da Idade Média, a ser medida pelo dinheiro. Além disso, a expansão do comércio provocou também o crescimento das cidades.

Irma Filomena Lobosco

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Os Artesãos e suas Corporações

O progresso das cidades e o uso do dinheiro fizeram com que os camponeses, que tinham ha-bilidade para fabricar algum produto, pudessem abandonar a agricultura e viver de seu ofício. Se o artesão fosse bom trabalhador e se tornasse co-nhecido entre os moradores da cidade, seus pro-dutos seriam procurados e ele poderia aumentar a produção e contratar um ou dois ajudantes.

A Revolução Industrial

A invenção de máquinas para substituir o trabalho humano diminuiu ainda mais a impor-tância da função dos artesãos. Com as máquinas, vieram as fábricas, com sua organização eficiente e a divisão de trabalho. O sistema fabril provocou um grande aumento na produção.

Saiba maisSaiba mais

Corporativismo é um Sistema que confere papel de direção e poder regulamentador a sindicatos únicos (patronais ou de trabalhadores), constituídos por pro-fissão.

DicionárioDicionário

Trabalho: repartição diferenciada de tarefas entre os membros de uma comunidade. O trabalho é di-vidido pela sociologia em: como divisão biológica, divisão territorial e divisão social do trabalho.

Fonte: Wikipédia.

Com a Revolução Industrial e o surgimen-to das grandes fábricas, a partir do século XVIII, a exploração do trabalho humano atingiu limites inacreditáveis: os operários, inclusive mulheres e crianças, eram obrigados a trabalhar, em média, 85 horas por semana. Além do excessivo número de horas de trabalho, as condições eram precá-rias.

Em contrapartida à exploração do trabalho humano, surgiram novas ideias, principalmente com Karl Marx, que propunha que os meios de produção – fábricas, máquinas, matérias-primas – fossem de propriedade de todo o povo. Os traba-lhadores, por sua vez, passaram a se organizar em sindicatos para defender seus interesses e perce-beram que, embora fracos como indivíduos, po-deriam tornar-se fortes quando unidos.

A partir dessas novas ideias sobre o traba-lho e graças aos movimentos trabalhistas, a classe trabalhadora passou a ter maior importância so-cial e política.

5.2 Mercado de Trabalho

Segundo dados estatísticos do IBGE, publi-cados em março de 2012, analisando o contin-gente de ocupados, segundo os grupamentos de atividade econômica, de fevereiro para março de 2012, foi observada variação positiva apenas no grupamento da indústria extrativa, de transfor-mação e distribuição de eletricidade, gás e água (mais 108 mil pessoas, 3,0%). No confronto com março do ano anterior, ocorreu acréscimo na edu-cação, saúde e administração pública (mais 125 mil pessoas, 3,6%) e declínio nos serviços domés-ticos (menos 94 mil pessoas, 5,9%).

Observe, caro(a) aluno(a), o que nos fala a respeito Guimarães e Gonçalves (2010, p. 68):

São as empresas que demandam os ser-viços dos trabalhadores e, como não po-deria deixar de ser, a demanda delas por mão de obra é função do balanço entre custos e benefícios envolvidos na contra-tação de empregados, ou seja, do efeito líquido que a contratação exerce sobre o lucro da empresa.

Economia

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A curva de demanda de trabalho é a relação entre o custo de se ter um trabalhador e o núme-ro de trabalhadores demandados pela empresa. Nessa perspectiva, essa curva é negativamente inclinada, conforme mostra a Figura a seguir:

Figura 12 – Curva da demanda do trabalho.

n

Fonte: Guimarães e Gonçalves (2010).

O maior salário corresponde à menor de-manda por trabalhadores (n). O benefício margi-nal do trabalhador decresce para a empresa. Se o salário é muito alto, só valerá a pena contratar um funcionário, mas, se o salário é baixo, passa a valer a pena contratar vários trabalhadores.

Guimarães e Gonçalves (2010) apresentam o modelo de escolha das empresas, considerando um modelo simples de uma empresa que decide sobre o número de pessoas que irá empregar na produção, (n), considerando as seguintes hipóte-ses:

�� A empresa visa a maximizar o lucro;

�� Todos os potenciais trabalhadores são idênticos (ou seja, não há diferenças de produtividade entre os trabalhadores);

�� O custo de cada funcionário para a em-presa é w (incluindo tudo, desde os cus-tos de recrutamento até o salário);

�� Quanto mais trabalhadores, mais a em-presa produz.

Em consequência da última hipótese, sur-ge a produtividade marginal decrescente do trabalho, para a qual o benefício marginal de um funcionário decresce com o número de emprega-dos existentes na empresa.

Vamos ilustrar, caro(a) aluno(a), com o se-guinte exemplo:

Suponha que em uma determinada loja já trabalhem quatro funcionários. O quinto empre-gado poderia executar uma tarefa de carregar as compras de alguns clientes, limpar o chão com mais frequência para tornar a loja mais atrativa aos compradores, podendo ainda substituir um dos quatro funcionários que faltasse ao trabalho. Não mais que isso. Assim, o aumento da receita proveniente da contratação do quinto funcioná-rio seria muito pequeno, certamente bem menor que o aumento na receita derivado da contrata-ção do primeiro funcionário. A receita extra obti-da com a contratação de um funcionário se a loja já tem n funcionários é a receita marginal do tra-balho, dada por RMg(n) = R(n + 1) – R(n).

Então, com 0 funcionários, a receita do dono da loja é de R$ 60 mil por ano. Com um funcioná-rio, essa receita sobe para R$ 100 mil. Um acrésci-

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mo de 40 mil. Com quatro funcionários, a receita é de R$ 150 mil por ano e sobe para apenas R$ 155 mil com a contratação do quinto funcionário (GUIMARÃES; GONÇALVES, 2010).

A primeira linha da Tabela 3 mostra n, o nú-mero de funcionários; a segunda traz a receita da loja, R(n); e a terceira traz a receita marginal, RMg(n).

Tabela 3 – Relação entre número de funcionários, receita da loja e receita marginal.

n 0 1 2 3 4 5R(n) 60 100 125 140 150 155

RMg(n) 40 25 15 10 5

Fonte: Guimarães e Gonçalves (2010).

Analisando, vê-se que a receita é crescente em n, mas a receita marginal é decrescente em n, pois a produção da empresa cresce com a quanti-

Saiba maisSaiba mais

O custo de um trabalhador para uma dada empresa é o seu salário acrescido de todos os impostos atrelados ao paga-mento do funcionário e demais custos indiretos (custos de contratação, administrativos etc.). Já o benefício de um traba-lhador depende de quanto ele ajuda a empresa a produzir mais, a reduzir custos de produção, a melhorar a distribuição e o marketing etc.

Fonte: Guimarães e Gonçalves ( 2010).

dade de trabalhadores, mas a produtividade mar-ginal do trabalhador é decrescente na quantida-de de funcionários.

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo você conheceu a história do trabalho e aprendeu questões importantes do Mercado de Trabalho.

Aprendeu que na antiguidade os gregos e os romanos só admitiam o trabalho manual para os es-cravos. As elites só admitiam o trabalho intelectual.

Já, na Idade Média trabalhar significava cultivar a terra para produzir alimentos e cuidar do reba-nho, que fornecia a lã para o vestuário.

Conheceu os fatores que influenciaram o surgimento dos artesãos e suas corporações.

Viu, ainda, sobre a Revolução Industrial e a divisão do trabalho, que por seus movimentos trabalhis-tas propiciou à classe trabalhadora um novo status social e político.

E, por fim, entendeu os determinantes do preço de trabalho – o salário – ou qualquer outra forma de remuneração do trabalhador que resultam da interação entre empresas e trabalhadores.

5.3 Resumo do Capítulo

Economia

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5.4 Atividades Propostas

1. Qual o significado do trabalho na Idade Média?a) Era um tipo de instrumento de tortura.

b) A especialização e divisão do trabalho.

c) Trabalhar significava tratar da terra para produzir.

d) Organizado pelos sindicatos.

2. Qual foi o impacto da Revolução Industrial para o trabalho?

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Caro(a) aluno(a) faça uma reflexão sobre os assuntos corriqueiros que estão despertando o interesse da população, com o objetivo de enten-der melhor as manchetes dos jornais do dia!

A Macroeconomia estuda os fatores que de-terminam o nível da Renda e Produto.

Temos as seguintes definições de Macroe-conomia: “É o estudo do comportamento agrega-do de uma economia.” “Trata do funcionamento da Economia como um todo, inclusive como são determinados o produto e o emprego total de re-cursos da economia, e o que faz com que esses níveis flutuem, tentando responder às questões da vida econômica.”

Vamos entender as relações entre as dife-rentes variáveis macroeconômicas a partir dos principais agregados?

�� Renda;

�� Emprego;

�� Produto Nacional;

�� Desemprego;

�� Investimento;

�� Estoque de Moeda;

�� Poupança;

�� Taxa de Juros;

�� Consumo;

�� Nível Geral de Preços;

�� Taxa de Câmbio.

A macroeconomia desconsidera o compor-tamento das unidades econômicas individuais, porém permite estabelecer relações entre os

FUNDAMENTOS DA MACROECONOMIA6

agregados e melhor compreensão das interações entre estes (VASCONCELOS, 2010).

É de responsabilidade do Governo manter a estabilidade da economia, o desenvolvimento social e a diplomacia externa.

Vamos conceituar agora:

�� Oferta Agregada: representa o que as empresas, no seu conjunto, estão dis-postas a produzir e a vender para cada nível geral de preços, assumindo como constantes todas as restantes variáveis determinantes da oferta agregada, tais com as tecnologias disponíveis e as quantidades e preços dos fatores pro-dutivos;

�� Demanda Agregada: constitui-se nas despesas da coletividade em bens e serviços de consumo, investimento, despesas governamentais e exporta-ções;

�� Inflação: tendência contínua e susten-tada da elevação de todos os preços de bens e serviços da economia.

Observe, caro(a) aluno(a), no fluxo a seguir como ocorre a evolução da Macroeconomia na teoria econômica.

Irma Filomena Lobosco

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Produto Interno Bruto (PIB) / Produto Nacio-nal Bruto (PNB) / Produto Nacional Líquido (PNL)

Produto Interno Bruto (PIB): mede o valor total de bens e serviços numa economia, tendo em vista que mede a produção global dentro dos limites territoriais do país.

No cálculo do PIB entram os mais variados tipos de produtos e serviços (cimento, pão, gela-deira, carnes, sapatos, bananas, televisão, milho, soja, trigo etc.); mas seria muito difícil agregá-los, pois não tem sentido somar sapatos com carnes ou milho com soja. Para resolver esse problema de “juntar” tudo, de obter um único indicador que inclua todos os bens e serviços, os economistas criaram o conceito de “produto”.

Oferta Agregada: representa o que as empresas, no seu conjunto, estão

dispostas a produzir e a vender para cada nível geral de preços, assumindo

como constantes todas as restantes variáveis determinantes da oferta

agregada, tais com as tecnologias disponíveis e as quantidades e preços dos

fatores produtivos;

Demanda Agregada: constitui-se nas despesas da coletividade em bens e

serviços de consumo, investimento, despesas governamentais e exportações;

Inflação: tendência contínua e sustentada da elevação de todos os preços de

bens e serviços da economia.

Observe, caro(a) aluno(a), no fluxo a seguir como ocorre a evolução da

Macroeconomia na teoria econômica.

Observação Sistemática da Realidade

Teoria Econômica Princípios, leis, teorias e modelos.

Análise Macroeconômica Estudo agregador da atividade

econômica de magnitudes globais, com vistas ao crescimento e

equilíbrio do sistema econômico.

Teoria dos Agregados e Teoria do Equilíbrio e do Crescimento

Moeda, política fiscal, relações internacionais e desenvolvimento.

Política Econômica Aplicações desenvolvidas pela teoria

econômica com objetivos predeterminados.

Produto Nacional Bruto (PNB): mede a renda que pertence efetivamente aos nacionais, incluindo a renda recebida de nossas empresas no exterior, e excluindo a renda enviada para o exterior pelas empresas estrangeiras localizadas no Brasil.

Com o intuito de avaliar o nível de pro-dução de um país, se calcula o “produto”, o qual pode ser avaliado sob duas óticas: o PIB e o PNB. Ambos são representados por um único número, que procura expressar o nível de atividade eco-nômica em todos os setores, ou seja, a produção de todos os bens e serviços (BS) de um país num determinado ano.

Observe, caro(a) aluno(a), o que Guimarães e Gonçalves (2010) nos falam a respeito!

Há diversas maneiras de definir o produto, por exemplo:

�� O produto líquido desconta do pro-duto a depreciação das máquinas, en-quanto o produto bruto não desconta;

�� O produto nacional considera a renda dos habitantes do país, enquanto o pro-duto interno considera a renda referen-te ao que foi produzido.

A fórmula para o cálculo é a seguinte:

PIB = consumo privado + investimentos to-tais feitos na região + gastos do governo + exportações – importações

O valor do PIB é sempre expresso a preço de mercado, salvo se informado o contrário.

É importante também entender a diferença entre o PIB Real e o PIB Nominal: “O PIB nominal é valor calculado levando-se em conta os preços do ano corrente: ou seja, se houver inflação no período, ela será contabilizada no resultado final. Já o PIB real é medido com o preço fixado no ano anterior, tirando-se desse cálculo o efeito da in-flação.”5

5 Fonte: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/pib/produto-interno-bruto-pib.shtml#1.

Economia

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Produto Nacional

Para alcançar determinada receita ou ren-da, é preciso produzir. Produto nacional é preci-samente a soma de todos os bens e serviços finais vendidos no período de um ano.

Exemplo: imagine uma nação que só pro-duzisse café. Durante um ano, ela produz 1 milhão

Saiba maisSaiba mais

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE registrou que o PIB brasileiro se desacelerou a 2,7% em 2011 em relação ao ano anterior, quando registrou uma alta de 7,5%, em relação a 2010, totalizando 4,14 trilhões de reais (2,38 trilhões de dólares ao câmbio atual). O crescimento foi inferior aos 3% que esperava o governo devido aos efeitos da crise econômica mundial.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/crescimento-economico-do-brasil-desacelera-a-2-7-em-2011.

de sacas de café, vendidas a R$ 500,00 a saca. O valor do produto nacional dessa nação é: 1 milhão de sacas de café x R$ 500,00 = R$ 500.000.000,00. Isso significa que o valor do produto nacional é constituído pela soma paga aos que contribuíram para criá-lo.

Produto nacional Renda nacional R$1 milhão de sacas de café a R$ 500,00 a saca paga a:

operários/empregados 250.000.000,00donos de terras 125.000.000,00

prestamistas 65.000.000,00empresários 70.000.000,00

TOTAL R$ 500.000.000,00 TOTAL R$ 500.000.000,00

Renda Nacional

A renda nacional é a soma das rendas ou re-ceitas recebidas por todas as pessoas em um ano. É toda a composição que está ligada diretamente ao processo de produção a custo dos fatores: salá-rio, lucro, juro, aluguéis = Renda Nacional.

Todos os países procuram medir o resulta-do de suas atividades econômicas e essa medição pode ser feita através do cálculo da renda nacio-nal.

AtençãoAtenção

Renda nacional é a soma das rendas ou receitas recebidas por todas as pessoas em um ano, ou seja, é a soma total dos salários, juros, lucros, alu-guéis e renda da terra obtida pelos cidadãos de um país, durante o período de um ano.

A renda nacional depende da maior ou menor produtividade do trabalho e da maior ou menor rentabilidade de todos os fatores da pro-dução.

Irma Filomena Lobosco

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Renda Per Capita

Dividindo a renda nacional pelo número de habitantes, temos a renda per capita de um país, que é o que cada um ganharia se dividíssemos igualmente o valor da produção, em um ano, en-tre todas as pessoas do país.

A renda per capita é um dos critérios para se avaliar o desenvolvimento econômico de um país, mas não pode ser o único. Portanto, além da renda nacional, devemos levar em conta cer-tos dados indicativos do padrão de vida da po-pulação em geral: média de vida dos habitantes, mortalidade infantil, leitos de hospital, percentual de alfabetização, consumo de energia per capita, meios de transporte etc.

A renda per capita do Brasil é muito baixa em relação aos povos economicamente mais de-senvolvidos.

Renda Nacional de Equilíbrio

Vamos entender o conceito de renda nacio-nal de equilíbrio?

Conforme Pinho, Vasconcellos, Toneto Jr. (2011, p. 340), é preciso saber a distinção entre renda e despesa:

Enquanto a renda mede o fluxo de pa-gamento dos fatores de produção, isto é, salário, juros, lucro e aluguel, a despe-sa mede o fluxo dos gastos em bens e serviços de consumo e investimentos da economia. O fato de as despesas se tor-

Saiba maisSaiba mais

O Censo Demográfico 2010, do IBGE, mostra que a de-sigualdade de renda ainda é bastante acentuada no país. Embora a média nacional de rendimento domi-ciliar per capita fosse de R$ 668 em 2010, 25% da po-pulação recebia até R$ 188, e metade dos brasileiros recebia até R$ 375, menos do que o salário-mínimo naquele ano (R$ 510).

Fonte: http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idNoticia=201111161227_TRR_80491503.

narem pagamentos que remuneram os fatores que produzem os bens e serviços significa que a renda e despesa são duas medidas diferentes do mesmo fluxo con-tínuo. Se as despesas forem maiores ou menores que a remuneração dos fatores, é claro que a renda obtida não pode ser a renda nacional de equilíbrio.

A Renda Nacional de equilíbrio ocorre quan-do a remuneração dos fatores de produção (a ren-da nacional) iguala os gastos desejados em bens e serviços de consumo e investimento (a despesa nacional).

Portanto, entenda, caro(a) aluno(a), que a despesa corresponde à demanda agregada e a produção corresponde à oferta agregada, sendo que ambos são conceitos equivalentes da renda nacional.

Renda Pessoal Disponível

Além da Renda Nacional, temos os concei-tos de Renda Pessoal e Renda Pessoal Disponível, que são úteis para a análise macroeconômica, em-bora não sejam medidas de produção. Esses con-ceitos surgem ao considerarmos na Contabilida-de Nacional as transferências, os tributos diretos e outras receitas do Governo. As transferências são pagamentos que não decorrem de uma atividade produtiva corrente. Por exemplo: aposentadorias, pensões e auxílios diversos.

Assim, considerando as transferências, os tributos diretos e outras receitas do Governo, temos: renda pessoal disponível, que pode ser conceituada como o montante que os indivíduos têm à sua disposição para consumir ou poupar e é igual a:

Renda Nacional (PNL ao custo dos fatores)

+ transferências – aposentadorias, pensões e auxílios

- tributos diretos pagos pelas empresas

- outras receitas do Governo

= Renda Pessoal

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- tributos diretos pagos pelas famílias

= Renda Pessoal Disponível

Para que Serve o Cálculo da Renda

As principais vantagens são:

�� medir o crescimento econômico do país;

�� avaliar a contribuição dos diferentes setores da produção na atividade eco-nômica, tais como: agricultura, pesca, construção civil, comércio e indústria na produção de riquezas;

�� conhecer a distribuição da renda, isto é, o modo como é repartido o total que o país produz.

Lucro

Lucro é a remuneração do empresário, re-presentado por um ganho aleatório igual à dife-rença entre o preço de venda e o preço de custo dos produtos e serviços. Se não houvesse a pos-sibilidade de lucro, o empresário não correria o risco de aplicar seu capital em determinada ativi-dade produtiva.

O capital é formado da mais-valia, que con-siste no fato de que o trabalhador, em qualquer que seja o processo de produção, transforma matéria-prima em produtos, empregando deter-minados meios de produção.

O valor do produto é formado pelo valor dos meios de produção mais o novo valor que o operário, ao trabalhar, está criando. Do trabalho, portanto, sai o único valor que se cria em cada

DicionárioDicionário

Mais-valia: valor suplementar que o operário pro-duz durante todo o tempo em que continua a tra-balhar depois de produzir o valor de sua força de trabalho.

processo de produção. Dessa forma, o capitalista obtém os seus lucros apoderando-se de todo o trabalho que o operário continua a realizar após ter criado um valor igual ao seu salário.

Hoje, o que se discute não é a existência do lucro, mas a sua apropriação. Nas economias ca-pitalistas, ele vai para os detentores do capital das empresas. Nas economias socialistas, o lucro vai necessariamente para o Estado, embora uma fra-ção possa ser deixada à disposição das empresas. Um dos aspectos interessantes é o que diz respei-to à distribuição do lucro entre os empregados.

Juro

Juro é a remuneração do capital. Quando al-guém recebe um empréstimo em dinheiro, deve pagar ao credor, além do “principal”, uma soma determinada para compensar o lucro que o cre-dor deixou de ter ao emprestar o dinheiro.

Podemos justificar a cobrança dos juros da seguinte forma:

�� não são apenas os pobres que pedem empréstimos, mas também os comer-ciantes, os industriais e o governo, com o fim de aplicar esse capital na produ-ção;

�� o capital é, hoje, um fator de produção; sendo produtivo, ninguém o empresta sem receber uma retribuição;

�� apesar de a inflação ser baixa, de se ter uma moeda praticamente estável com o câmbio controlado, o próprio sistema comercial de financiamento e a cultura existente no mercado financeiro fazem com que os juros sejam cobrados.

Irma Filomena Lobosco

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Poupança e Investimento

A poupança nacional é a parcela da renda nacional não gasta em bens e serviços de consu-mo produzidos na economia, sendo que a renda é o fator que, isoladamente, tem maior influência no nível da poupança da coletividade. A função poupança pode ser obtida por meio da renda me-nos a função consumo, ou seja, é dada segundo hipóteses do modelo Keynesiano básico:

Função consumo (C): consumo em função da renda crescente do nível de renda nacional (Y). O modelo mais simples supõe o consumo como uma função linear.

C = a + by

Sendo:

a = consumo mínimo da coletividade

b = propensão marginal a consumir (PMgC)

A PMgC é a relação entre um acréscimo no consumo desejado devido a um acréscimo na renda da coletividade.

Observe, caro(a) aluno(a), a figura a seguir! Corresponde à função consumo da coletividade:

Figura 13 – Função consumo.

Fonte: Pinho, Vasconcellos e Toneto Jr. (2011).

C = a + by

Sendo:

a = consumo mínimo da coletividade

b = propensão marginal a consumir (PMgC)

A PMgC é a relação entre um acréscimo no consumo desejado devido a um

acréscimo na renda da coletividade.

Observe, caro(a) aluno(a), a figura a seguir! Corresponde à função consumo da

coletividade:

Figura 13 – Função consumo.

Fonte: Pinho, Vasconcellos e Toneto Jr. (2011).

Função poupança (S): é a parcela da renda nacional não consumida em dado

período de tempo.

S = – a + (1 – b)y

Sendo:

(1 – b) = a propensão marginal a poupar.

A figura a seguir ilustra a curva da função poupança.

y

C

a

C = a + by

Função poupança (S): é a parcela da ren-da nacional não consumida em dado período de tempo.

S = – a + (1 – b)y

Sendo:

(1 – b) = a propensão marginal a poupar.

A figura a seguir ilustra a curva da função poupança.

Figura 14 – Curva da função poupança.

Fonte: Pinho, Vasconcellos e Toneto Jr. (2011).

Agora que você já aprendeu como é forma-da a poupança nacional vamos entender a rela-ção entre poupança e investimento?

Considere uma economia em que as famí-lias podem poupar para consumir no futuro, na qual as empresas têm capital para investir em bens que serão utilizados na produção de bens de consumo.

Figura 14 – Curva da função poupança.

Fonte: Pinho, Vasconcellos e Toneto Jr. (2011).

Agora que você já aprendeu como é formada a poupança nacional vamos

entender a relação entre poupança e investimento?

VERBETE

Considere uma economia em que as famílias podem poupar para consumir no

futuro, na qual as empresas têm capital para investir em bens que serão utilizados na

produção de bens de consumo.

Para reflexão, imagine como o nível da renda gerado em uma economia (y2´), o

consumo desejado (C2) e o fluxo de renda não gasto em consumo, ou seja, a poupança

programada pela coletividade igual a S2. Essa economia produz somente e apenas a parcela

C2 que está sendo consumida, significando que a diferença da produção não consumida é

estocada. As empresas já assumiram todos os custos de produção, faltando-lhes recursos,

pois não houve a venda total da produção para cumprir com a liquidação das obrigações

firmadas. Nesse momento, os empresários irão recorrer aos empréstimos correspondentes

ao volume de poupança realizada pela coletividade, com o objetivo de financiar seus

- a

S

S = – a + (1 – b)y

DicionárioDicionário

Investimento: parcela do produto nacional não consumida.

Economia

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Para reflexão, imagine como o nível da ren-da gerado em uma economia (y2´), o consumo desejado (C2) e o fluxo de renda não gasto em consumo, ou seja, a poupança programada pela coletividade igual a S2. Essa economia produz somente e apenas a parcela C2 que está sendo consumida, significando que a diferença da pro-dução não consumida é estocada. As empresas já assumiram todos os custos de produção, faltan-do-lhes recursos, pois não houve a venda total da produção para cumprir com a liquidação das obrigações firmadas. Nesse momento, os empre-sários irão recorrer aos empréstimos correspon-dentes ao volume de poupança realizada pela coletividade, com o objetivo de financiar seus in-vestimentos em estoque pela produção não ven-dida (PINHO; VASCONCELLOS; TONETO Jr., 2011).

Inflação

Informa-nos o IBGE6 que, em 2010, a infla-ção registrada foi de 5,91%. No primeiro ano de governo de Dilma Rousseff, o Banco Central (BC) realizou um processo de redução dos juros para estimular o crescimento. Os juros atualmente es-tão altos, mas estavam ainda mais elevados no início do governo FHC. A inflação, que antes era de mais de 1.000% ao ano, agora está abaixo de 10% ao ano.

Quando os preços na economia sobem X%, há inflação de X%, ou seja, a inflação é um au-mento no índice de preços.

A esse respeito nos fala Pinho, Vasconcellos e Toneto Jr. (2011, p. 385):

DicionárioDicionário

Inflação: fenômeno geral de ajuste, por meio mo-netário, das tensões existentes em um conjunto socioeconômico. É caracterizada pela alta do nível geral dos preços e pela depreciação da moeda.

Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.

A inflação pode ser conceituada como um aumento contínuo e generalizado no nível de preços, ou seja, os movimen-tos inflacionários representam elevações em todos os bens produzidos pela eco-nomia e não meramente o aumento de um determinado preço. Outro aspecto fundamental refere-se ao fato de que o fenômeno inflacionário exige a elevação contínua dos preços durante um período de tempo, e não meramente uma eleva-ção esporádica dos preços.

Principais tipos de inflação:

�� Inflação de demanda: considerada o tipo mais clássico de inflação, diz res-peito ao excesso de demanda agrega-da, em relação à produção disponível de bens e serviços. Pode ser entendida como excesso de moeda em circulação em busca de poucos bens (PINHO; VAS-CONCELLOS; TONETO JR., 2011);

�� Inflação de custos: considerada uma inflação tipicamente de oferta. A de-manda permanece praticamente a mesma, entretanto os custos de deter-minados insumos necessários aumen-tam e são repassados aos preços dos produtos. Pode também estar asso-ciada ao fato de algumas firmas, com elevado poder de monopólio ou oligo-pólio, terem condições de elevar seus lucros acima do aumento dos custos de produção (PINHO; VASCONCELLOS; TO-NETO JR., 2011);

�� Inflação inercial: considerada decor-rente dos reajustes de preços e salários provocados pela indexação ou correção monetária.

Para medir a inflação, os números índices de preços são utilizados para transformar variá-veis nominais em reais. Um índice de preços ao

6 Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/ipca15/defaultipca15.shtm.

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consumidor é basicamente o preço de um con-junto de bens e serviços que sintetiza o consumo aproximado de um indivíduo com determinada faixa de renda. Os vários índices de preços são di-vulgados por meio das siglas: IPC, IGP, IGP-M, IPCA etc. O que eles apresentam de diferença relevante é que cada um considera um conjunto de bens diferente.

Existem índices de preços por atacado (in-dústria e agricultura) e de varejo (consumidor e

construção civil). Como principal base de referên-cia, podem-se considerar os Índices de Preços ao Consumidor (IPC), também denominados Índices de Custo de Vida (ICV).

Ilustra-se, na Tabela 4, a existência de três bens na Economia e a respectiva variação de pre-ços entre dois meses.

Variação de preços no período Participação no gasto total do consumidorCarne 10% 30%Arroz 10% 60%Fósforo 100% 10%Soma 100%

Tabela 4 – Comparativa do índice de preços.

Fonte: Vasconcellos e Garcia (2003).

Não se pode calcular uma média aritmética, pois os três bens têm pesos diferentes. Calcula-mos, então, uma média aritmética ponderada:

Média aritmética = 0,1 x 0,3 + 0,1 x 0,6 + 1 x 0,1 = 0,19 ou 19%.

6.1 Principais Índices que Acompanham os Preços

Prezado(a) aluno(a), você sabia que as ins-tituições de pesquisa determinam os componen-tes que provocam algumas diferenças entre os índices?

Desde sua criação em 1947, o IPA, inicial-mente batizado de Índice de Preços por Ata-cado e, a partir de abril de 2010, denominado Índice de Preços ao Produtor Amplo, registra variações de preços de produtos agropecuários e industriais nas transações interempresariais, isto é, nos estágios de comercialização anteriores ao consumo final.7

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) mede a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços componentes de despesas ha-bituais de famílias com nível de renda situado en-tre 1 e 33 salários-mínimos mensais. Sua pesquisa de preços se desenvolve diariamente, cobrindo sete das principais capitais do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília.8

O IPC-S integra o sistema de índices de preços ao consumidor da FGV, que inclui: IPC-DI, IPC-M, IPC-10, IPC-3i e IPC-C1. Apesar de a cole-

7 Disponível em: <http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumPageId=402880811D8E34B9011D984D9EE23590>.8 Disponível em: <http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92B7350710C7>.

Economia

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ta ser semanal, a apuração das taxas de variação leva em conta a média dos preços coletados nas quatro últimas semanas até a data de fechamen-to. O intervalo entre o fim da coleta e sua divul-gação é de um dia, sendo um dos mais curtos, in-clusive para padrões internacionais. Abrangência geográfica: Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre. Sua pesquisa de preços ocorre nos seguintes setores: Alimentação, Habitação, Vestuário, Saúde e Cui-dados Pessoais, Educação, Leitura e Recreação, Transportes e Despesas Diversas.9

O Índice Nacional da Construção Civil (INCC) é formado a partir de preços levantados em oito capitais estaduais. No processo de am-pliação de cobertura, o INCC chegou a pesquisar preços em 20 capitais. Atualmente a coleta é feita

em 7 capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Ho-rizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília). O índice é divulgado nas versões 10, M e DI. Apura a evolução dos custos no setor da construção, um dos termômetros do nível de atividade da econo-mia.10

9 Disponível em: < http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92B7993012F7>.10 Disponível em: <http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92B7684C11DF>.

Saiba maisSaiba mais

O IBGE é uma importante empresa pública brasileira criada com o propósito básico de apresentar estudos e acompanhar as variações de contas macroeconômi-cas, tais como: desemprego, custo de vida, inflação etc.

Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.

6.2 O Balanço de Pagamentos

O balanço de pagamentos é o registro con-tábil de todas as transações de um país com ou-tros países do mundo.

O Balanço de Pagamentos é composto por duas contas: a conta financeira e a conta de tran-sações correntes.

A conta de transações correntes é compos-ta por:

a) Balança comercial: exportações me-nos importações de bens e serviços. Corresponde ao termo X – M. Se X – M é positivo, convenciona-se dizer que te-mos um superávit na balança comercial (está entrando dinheiro no país). Se X – M é negativo, importamos mais que exportamos, temos um déficit, sendo que X – M representa as transações cor-rentes;

b) Remuneração de fatores de produ-ção externos: pagamentos de juros so-bre dívidas e lucros de empresas estão nessa conta. Observe que brasileiros têm ativos no exterior e estrangeiros têm ativos no Brasil. Os pagamentos recebidos menos os juros e lucros en-viados para o exterior correspondem rB. No caso do Brasil, rB é normalmen-te negativo, pois há mais estrangeiros com investimentos no Brasil do que brasileiros com investimentos no exte-rior. Então, B < 0 e assim rB < 0, sendo B representando conta financeira.

A conta financeira é dividida em duas par-tes:

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�� Fluxos de capital: investimentos dire-tos de empresas multinacionais, inves-timentos financeiros de brasileiros em outros países ou vice-versa; pagamen-tos de dívidas.

�� Variação nas reservas do Banco Cen-tral: refere-se à variação nos ativos es-trangeiros nas mãos do Banco Central (GUIMARÃES; GONÇALVES, 2010).

Assim, no balanço de pagamentos, estão registrados todas as importações e exportações brasileiras, os fretes que os navios pagam a navios estrangeiros, os empréstimos que o Brasil recebe em moeda estrangeira, o capital de firmas estran-geiras que abrem filiais no Brasil, o capital das fir-mas estrangeiras que saem do Brasil etc.

No balanço de pagamentos, estão registra-das todas as compras e vendas de moeda estran-geira. As compras são efetivadas para importar mercadorias de outros países ou para pagar ser-viços prestados por estrangeiros a brasileiros ou, ainda, para que as firmas estrangeiras possam en-viar seus lucros aos países de origem, para paga-mento de juros de empréstimos estrangeiros ou para pagamento de royalties e patentes a outras nações.

As vendas de moedas estrangeiras são efe-tivadas pelos exportadores que receberam suas receitas em dólares.

Todas as compras de moeda estrangeira são registradas no lado esquerdo da balança de pa-gamentos, isto é, são lançadas a débito. Por outro lado, todas as vendas de moeda estrangeira são registradas no lado direito da balança de paga-mentos, isto é, são lançadas a crédito.

Esquematicamente:

Débito DébitoCompra de moeda

estrangeiraVenda de moeda

estrangeira

O total de compras de moeda estrangeira deve ser sempre exatamente igual ao total de vendas de moeda estrangeira, pois, sempre que alguém está vendendo alguma coisa, outra pes-soa está comprando. O balanço de pagamentos precisa estar sempre em equilíbrio, ou seja, o montante de débitos deve sempre “bater” com o montante de crédito, da mesma forma que qual-quer registro contábil que registre lançamentos por partidas dobradas.

Geralmente, o balanço de pagamentos é dividido em três grandes categorias relativas a três tipos de transações, sendo representado da seguinte forma:

Balanço ComercialDébito CréditoImportações Exportações

Balanço de ServiçosDébito Crédito(pagamentos estrangeiros)

(recebimento estrangeiros)

Frete FretesPrêmios de seguros Prêmios de segurosTransporte TransporteTurismo e viagens Turismo e viagensJuros de empréstimos Juros de empréstimosLucros remetidos ao exterior

Lucros remetidos ao exterior

Outros pagamentos Outros pagamentos

A balança comercial e a balança de serviços, consideradas conjuntamente, formam a chama-da “balança de transações correntes”, a qual não registra os capitais das firmas estrangeiras que entram e saem do Brasil, os empréstimos que o Brasil recebe de entidades e nações internacio-nais etc. Todas essas transações que não se refe-rem à produção e venda de serviços ou bens são registradas na terceira divisão da balança de pa-gamentos, a balança de capitais.

Economia

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Balança de Capitais

Débito/Crédito

Capitais de empresas estrangeiras

Empréstimos estrangeiros

Investimentos diretos

Crédito de longo prazo

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A Balança de Capital é a Conta estatística que recapi-tula a movimentação do ativo e do passivo ocorrida entre um país e o resto do mundo, no decurso de um determinado período. O Balanço de Pagamentos do Brasil de abril/11 apresentou superávit de US$ 6,8 bi-lhões ante US$ 9,5 bilhões em março/11.

Fonte: Informativos Econômicos da Secretaria de Política Econômica (SPE), 26/05/2011.

Pense a respeito!

Apesar de havermos afirmado que o ba-lanço de pagamentos está sempre em equilíbrio, isso não significa de forma alguma que as diver-sas divisões do balanço de pagamentos também estejam em equilíbrio. Não é necessário que o montante de importações brasileiras seja igual ao montante de exportações e que o montante de renda de serviços pago aos brasileiros seja igual ao montante de capital que ingressou no país ou que abandonou o país. A soma dos débitos das três balanças, conjuntamente, deve ser igual à soma dos créditos.

6.3 Políticas Econômicas

Os instrumentos de política econômica são:

a) política fiscal: a atuação do governo no que diz respeito à arrecadação de impostos (as chamadas receitas públi-cas) e aos gastos públicos. O objetivo básico da política fiscal é conduzir, com eficiência, a área administrativa do go-verno, promovendo o bem-estar da po-pulação mediante a realização de obras de interesse da sociedade e a eficácia na arrecadação tributária, a fim de fazer frente às despesas orçamentárias;

b) política monetária: diz respeito às in-tervenções governamentais sobre o mercado financeiro, seja atuando ativa-mente ao controlar a oferta de moeda, seja atuando passivamente sobre as ta-xas de juros. Ela pode ser definida como o controle da oferta da moeda e das taxas de juros que garante a liquidez

ideal de cada momento econômico. Por controle da oferta de moeda, pode-se entender:

i. condições de crédito, ou seja, dis-ponibilidade ou não de emprésti-mos. O governo pode aumentar ou reduzir a capacidade dos bancos de emprestar por meio do depó-sito compulsório, isto é, ao obrigar os bancos a recolherem maiores ou menores volumes de seus recursos no Banco Central;

ii. aumento ou diminuição do dinhei-ro que circula na economia (por meio do volume de dinheiro que o governo emite);

c) política cambial: fundamenta-se na administração da taxa de câmbio e no controle das operações cambiais. Ela tem impacto direito sobre a política monetária;

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d) política de rendas: refere-se ao contro-le de preços e salários exercidos pelas autoridades econômicas e que podem ser considerados dentro do âmbito das políticas monetárias, fiscal ou cambial. Os controles sobre preços e salários si-tuam-se em categoria própria de políti-ca econômica. A característica especial é a de que, nesses controles, os agentes econômicos ficam proibidos de levar a cabo o que fariam em resposta a in-fluências econômicas normais do mer-cado.

Percebe-se que a existência do governo in-terferindo na economia é de vital importância. Quando o governo deseja cumprir as metas eco-nômicas de Crescimento Produtivo, Redução do Déficit Público e Aumento de Emprego, planeja um orçamento equilibrado igualando os tributos aos gastos orçamentais.

Atenção, caro(a) aluno(a) para a situação que será apresentada!

O Equilíbrio da Renda e Produto em econo-mia de três setores é dado pela função da deman-da agregada desses setores:

C = Ca + PMgC (Y – T) + I + G

OndeG = gastos do governo (subsídios, investi-mentos, empréstimos, obras de infraestru-tura)

T = tributos

Ta = tributos indiretos (são aqueles que não incidem diretamente no processo produti-vo da renda)

A política econômica de crescimento ou de retração é realizada através da política fiscal.

Saiba maisSaiba mais

• Economia a Dois Setores Sem Formação de Ca-pital

• Economia a Dois Setores Com Formação de Ca-pital

• Economia a Três Setores: O Setor Público• Economia a Quatro Setores: O Setor Externo

Para gerar crescimento: G ↑ ou T ↓, ou seja, aumentar os gastos do governo em subsídios, in-vestimentos, empréstimos e financiamento de obras de infraestrutura ou diminuir a cobrança dos tributos.

Para gerar retração: G ↓ou T ↑, ou seja, diminuir os gastos do governo em subsídios, in-vestimentos, empréstimos e financiamentos de obras de infraestrutura ou elevar a cobrança dos tributos.

O Governo pode desestimular um setor e estimular outro. A Política de Orçamento Equili-brado é representada pela função G = T, ou seja, quando os gastos do governo são equivalentes aos tributos cobrados, gera-se crescimento eco-nômico.

Economia

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6.4 A Inserção do Brasil na Economia Mundial

Você sabia que a inserção do Brasil na eco-nomia mundial ainda é pequena e alguns indica-dores podem dar uma ideia da trajetória que o país terá ainda que percorrer para participar mais ativamente da globalização?

Quanto mais um país está integrado na eco-nomia mundial, maior é a exposição à concorrên-cia internacional, maior a absorção de tecnologias modernas e maiores as opções de escolha para os consumidores finais e os produtores de obter recursos financeiros a custos menores no merca-do mundial; tudo isso contribui para melhorar a alocação de recursos da economia e para atingir padrões mundiais de eficiência.

Existem várias formas para expressar o grau de integração de um país na economia mundial. Aqui são utilizados:

�� o grau de abertura comercial;

�� a estabilidade da política de importa-ções;

�� a participação dos manufaturados no total das exportações.

Os dois primeiros apontam o grau de expo-sição do país à concorrência mundial e o terceiro é um indicador da capacidade do país produzir dentro dos padrões mundiais e absorver níveis mais sofisticados de tecnologia. Não são medidas perfeitas, mas dão uma ideia da posição do Brasil em relação a alguns fatos estilizados da economia mundial.

Mesmo assim, a política de abertura não tem sido linear nem consistente. Os retrocessos têm sido frequentes, particularmente depois do Plano Real, introduzindo grande instabilidade nas regras de importação e nos preços relativos, e dificultando o planejamento de longo prazo das empresas.

Restrições às importações são importantes barreiras à difusão de tecnologia e ao aumento da produtividade total dos fatores de produção, além de introduzirem distorções na alocação dos fatores de produção e no padrão de concorrência.

6.5 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo você estudou os Fundamentos da Macroeconomia e aprendeu que o seu principal objeto é estudar os elementos que determinam o nível de produção, do emprego e dos preços.

Compreendeu que os países procuram medir os resultados de suas atividades econômicas pelo cál-culo da Renda Nacional, que é a soma das rendas ou receitas recebidas por todas as pessoas em um ano.

Viu que o cálculo da Renda Nacional permite medir o crescimento econômico de um país, além de avaliar os setores que contribuíram, identificando a distribuição da renda.

Conheceu os conceitos de Lucro, Juro e Produto Nacional.

Foram explicadas as Políticas Econômicas e os seus principais instrumentos: política fiscal, política monetária, política cambial e a política de rendas.

Ainda, conheceu o conceito de Balanço de Pagamentos e as contas que o compõem.

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Conheceu a evolução do crescimento do PIB brasileiro e aprendeu sobre os principais índices que acompanham os preços no Brasil.

Agora vamos avaliar o seu aprendizado.

6.6 Atividades Propostas

1. Assinale a alternativa errada:a) A política de rendas corresponde, basicamente, aos controles de preços e salários.

b) A política monetária tem aplicação mais imediata do que a política fiscal.

c) A política cambial, no setor externo, refere-se a alterações na taxa de câmbio.

d) Todas as alternativas estão erradas.

2. O balanço de pagamentos é:a) O registro contábil de todas as transações de um país com outros países do mundo.

b) O saldo das importações e exportações.

c) A regulamentação das atividades bancárias e de crédito.

d) A regulamentação de impostos.

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RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS

CAPÍTULO 1

1. Após estudar os Conceitos Fundamentais da Ciência Economia e compreender o problema econômico, você chegará à resposta de que as necessidades humanas são ilimitadas frente aos recursos, que são escassos.

2. Após estudar os Sistemas Econômicos, compreenderá que em todas as sociedades, não impor-tando seu grau de desenvolvimento ou sua forma de organização política. Independentemen-te da organização econômica ou regime político, todas as sociedades são obrigadas a fazer escolhas entre as alternativas, pois os recursos produtivos são escassos.

CAPÍTULO 2

1. No mercantilismo, a riqueza consistia no acúmulo de metais. Um país seria mais forte e po-deroso quanto maior fosse seu estoque de metais precisos. Estimulou a guerra. A fisiocracia considerava a lei da natureza suprema e a terra era a única fonte de riqueza.

2. Adam Smith. A ideia de Smith era clara. A produtividade decorre da divisão do trabalho, sendo necessário ampliar os mercados e as iniciativas privadas para que a produtividade e a riqueza sejam aumentadas. Ainda, o papel do Estado (nação) na economia não deveria promover a intervenção nas leis de mercado e na prática econômica. Princípio do liberalismo.

CAPÍTULO 3

1. A alternativa C está correta, pois apresenta os determinantes da demanda de um bem.

2. A alternativa A está correta. Quando o preço do bem cai, o bem fica mais barato em relação aos seus concorrentes e, dessa forma, os consumidores deverão aumentar seu desejo de com-prá-lo. De outra parte, quando o preço cai, o indivíduo fica mais rico em termos reais.

CAPÍTULO 4

1. A alternativa correta é a A. Utilize a fórmula da Produtividade = Produto ÷ Insumo.

2. A alternativa correta é a C. Utilize a fórmula Quantidade Produzida ÷ Nº de trabalhadores.

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CAPÍTULO 5

1. A alternativa correta é a C. Na Idade Média, os nobres eram os senhores feudais, proprietários das terras agrícolas chamadas feudos, e permitiam que os servos produzissem para sustento e sobrevivência sem nenhum pagamento. Não existia comércio nessa época. A economia era de trocas (escambo).

2. A Revolução Industrial, com a invenção das máquinas, que substituíram o trabalho humano, afetou a importância da função dos artesãos e deu origem à divisão do trabalho.

CAPÍTULO 6

1. A alternativa correta é a D: todas estão erradas. Na alternativa A, a política de rendas é um conjunto de medidas para redistribuir a renda e promover a justiça social, sendo um dos ins-trumentos da política econômica. Na alternativa B, a política fiscal é de efeito imediato. Na alternativa C, a política cambial é responsável também pelas operações cambiais.

2. A alternativa correta é a A. É o registro contábil de todas as transações de um país com outros países do mundo, sendo um instrumento da contabilidade nacional para registrar todo o di-nheiro que entra e sai de um país.

CAPÍTULO 7

1. A alternativa correta é a B. Os índices de preços são também denominados Índices de Custo de Vida, pois se relacionam aos preços de produtos que interferem na sobrevivência da popu-lação.

2. A alternativa correta é a A. São indicadores que afetam tanto as empresas quanto os consumi-dores e diferenciam-se em internos (inflação, PIB) e externos (balança comercial, balança de pagamentos).

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REFERÊNCIAS

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