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Imunidades aplicáveis aos impostos German Alejandro San Martín Fernández Mestre em Direito do Estado (Direito Tributário) pela PUC/SP; Ex-Juiz do TIT; Ex-Conselheiro do CARF; professor da FAAP e professor palestrante da FGV Law e Instituto Brasileiro de Direito Tributário (IBDT). É membro do Conselho Científico e Editorial da APET (Associação Paulista de Estudos Tributários) e do IPT. Advogado em São Paulo. DIREITO TRIBUTÁRIO

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Imunidades aplicáveis aos impostos

German Alejandro San Martín Fernández

Mestre em Direito do Estado (Direito Tributário) pelaPUC/SP; Ex-Juiz do TIT; Ex-Conselheiro do CARF; professorda FAAP e professor palestrante da FGV Law e InstitutoBrasileiro de Direito Tributário (IBDT). É membro do ConselhoCientífico e Editorial da APET (Associação Paulista de EstudosTributários) e do IPT. Advogado em São Paulo.

DIREITO TRIBUTÁRIO

Competência Tributária

• “Competência tributária é a aptidão para criar, in abstracto, tributos (...) é a possibilidade de criar, in abstracto, tributos, descrevendo legislativamente, suas hipóteses de incidência, seus sujeitos ativos, seus sujeitos passivos, suas bases de cálculo e suas alíquotas. Como corolário disto, exercitar a competência tributária é dar nascimento, no plano abstrato, a tributos.” (Roque Antonio Carrazza, Curso de Direito Constitucional Tributário, p. 328/329).

• No mesmo sentido, José Eduardo Soares de Melo, Curso de Direito Tributário, p. 84, Eduardo Marcial Ferreira Jardim, Reflexões sobre a Arquitetura do Direito Tributário, p. 49. Cf. tese de concurso de Cátedra de Antônio Roberto Sampaio Dória, Discriminação de Competência Impositiva, 1972.

O papel da LC na regulação das imunidades

• Nos termos do art. 146 da CF/88, cabe à lei complementar:

• II – regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

Imunidades Tributárias

Imunidade Tributária: Impossibilidade daUnião, dos Estados-membros, do DistritoFederal e dos Municípios, exercerem suasrespectivas competências tributárias nosentido de criarem tributos (mormenteimpostos).

Imunidades: Espécies tributárias. (art. 150, IV)

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Doutrina

Souto Borges: hipótese de não incidênciaconstitucionalmente qualificada

Barros Carvalho: regras de incompetênciatributária

Aliomar Baleeiro: Limitações constitucionais aopoder de tributar

Conceito e classificação

Imunidade:

Regra desonerativa pela qual a qualidade do órgãoenunciador/emissor (Constituição) delimita oexercício da competência tributária pelo legislador(destinatário)

Objetivas ou subjetivas (e mistas); genéricas ouespecíficas; técnicas ou principiológicas

Imunidade Recíproca

• Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros (União, Estados-membros, DF e Municípios)

• Inclusive suas autarquias e fundações, no que se refere aopatrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidadesessenciais ou às delas decorrentes. (finalidades inerentes aosseus objetivos)

- Amílcar de Araújo Falcão: “visa resguardar a incolumidade do regime federativo, evitando que as unidades federadas interfiram, pela via da tributação, na área de competência e autonomia umas das outras” (RDA 66/369).

Imunidade recíproca

• Telos: Princípio Federativo

• Extensão: Tributos indiretos/Importação. Súm. 591, STF.• A IMUNIDADE OU A ISENÇÃO TRIBUTÁRIA DO COMPRADOR

NÃO SE ESTENDE AO PRODUTOR, CONTRIBUINTE DO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS. Nesse sentido, e baseados na interpretação formal da relação jurídica obrigacional tributária, Paulo de Barros Carvalho (Curso de direito tributário, p. 119-20) e Bilac Pinto, (Apud BALEEIRO, Aliomar. Op. cit., p. 184-88).

• Em sentido contrário: COSTA, Regina Helena. Princípio da capacidade contributiva, p. 153-4; ATALIBA, Geraldo. RDT 1/86-7; e BALEEIRO, Aliomar. Op. cit., p. 287.

Imunidade recíproca e tributos indiretos -STF - STF

• “A jurisprudência do Supremo firmou-se no sentido de que a imunidade de que trata o art. 150, VI, a, da CF/1988, somente se aplica a imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio Município. Esta Corte firmou entendimento no sentido de que o Município não é contribuinte de direito do ICMS, descabendo confundi-lo com a figura do contribuinte de fato e a imunidade recíproca não beneficia o contribuinte de fato.” (AI 671.412-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 1º-4-2008, Segunda Turma, DJE de 25-4-2008.)

Imunidade recíproca e tributos indiretos - STF

• No mesmo sentido: AI 736.607-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 16-8-2011, Segunda Turma, DJE de 19-10-2011; AI 518.325-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4-2010, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010; AI 574.042-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 6-10-2009, Segunda Turma, DJE de 29-10-2009; AI 634.050-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 23-6-2009, Primeira Turma, DJE de 14-8-2009. Vide: AI 518.405-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4-2010, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010.

Imunidade recíproca e a EC 3/93

• “A EC 3, de 17-3-1993, que, no art. 2º, autorizou a União a instituir o IPMF, incidiu em vício de inconstitucionalidade, ao dispor, no § 2º desse dispositivo, que, quanto a tal tributo, não se aplica ‘o art. 150, III, b, e VI, da Constituição, porque, desse modo, violou os seguintes princípios e normas imutáveis (somente eles, não outros): (...). O princípio da imunidade tributária recíproca (que veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a instituição de impostos sobre o patrimônio, rendas ou serviços uns "dos outros) e que é garantia da Federação (art. 60, § 4º, I,e art. 150, VI, a, da CF)." (ADI 939, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em 15-12-1993, Plenário, DJ de 18-3-1994.)

Imunidade recíproca (extensão. § 3º do artigo 150 da CF)

• § 3º. As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

Imunidade recíproca – STF. Prestadoras de serviço público

“As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso VI do art. 150 da CF.” (RE 580.264, Rel. p/ o ac. Min. Ayres Britto, julgamento em 16-12-2010, Plenário, DJE de 6-10-2011, com repercussão geral.)

Correios

“Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Imunidade recíproca. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. 3. Distinção, para fins de tratamento normativo, entre empresas públicas prestadoras de serviço público e empresas públicas exploradoras de atividade. Precedentes. 4. Exercício simultâneo de atividades em regime de exclusividade e em concorrência com a iniciativa privada. Irrelevância. Existência de peculiaridades no serviço postal. Incidência da imunidade prevista no art. 150, VI, ‘a’, da Constituição Federal. 5. Recurso extraordinário conhecido e provido” (RE 601.392, Redator para o acórdão o Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJe 5.6.2013).

Empresas públicas exploradoras de atividade econômica com fins lucrativos. Petrobrás.

• A imunidade tributária recíproca não se aplica à Petrobrás, pois: Trata-se de sociedade de economia mista destinada à exploração econômica em benefício de seus acionistas, pessoas de direito público e privado, e a salvaguarda não se presta a proteger aumento patrimonial dissociado de interesse público primário; A Petrobrás visa a distribuição de lucros, e, portanto, tem capacidade contributiva para participar do apoio econômico aos entes federados; A tributação de atividade econômica lucrativa não implica risco ao pacto federativo.” (RE 285.716-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 2-3-2010, Segunda Turma, DJE de 26-3-2010.)

ADI 3.089 – j. em 13/02/2008. Tribunal Pleno do STF

• As pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à tributação, porquanto a circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com intuito lucrativo invoca a exceção prevista no art. 150, § 3º da Constituição. O recebimento de remuneração pela prestação dos serviços confirma, ainda, capacidade contributiva. A imunidade recíproca é uma garantia ou prerrogativa imediata de entidades políticas federativas, e não de particulares que executem, com inequívoco intuito lucrativo, serviços públicos mediante concessão ou delegação, devidamente remunerados. Não há diferenciação que justifique a tributação dos serviços públicos concedidos e a não-tributação das atividades delegadas. Ação Direta de Inconstitucionalidade conhecida, mas julgada improcedente.

Tema 224 - Imunidade tributária recíproca do responsável tributário por sucessão

• EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. INAPLICABILIDADE À RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA POR SUCESSÃO. ART. 150, VI, A DA CONSTITUIÇÃO. A imunidade tributária recíproca não exonera o sucessor das obrigações tributárias relativas aos fatos jurídicos tributários ocorridos antes da sucessão (aplicação “retroativa” da imunidade tributária). Recurso Extraordinário ao qual se dá provimento. RE 599176 / PR - PARANÁ. Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA. Julgamento: 05/06/2014. Tribunal Pleno

Tema 685

• Extensão da imunidade tributária recíproca ao IPVA de veículos adquiridos por município no regime da alienação fiduciária

Imunidade dos Templos de Qualquer culto

• Telos: Liberdade de crença e livre exercício de cultos religiosos

• Regina Helena Costa, com base nas lições de AliomarBaleeiro, nos dá outros exemplos: “Seus bens imóveis e móveis, desde que afetados a essas finalidades (religiosas) –vale dizer, o prédio onde se realiza o culto, o lugar da liturgia, o convento, a casa do padre ou do ministro, o cemitério, os veículos utilizados como templos móveis” (Imunidades tributárias: teoria e análise da jurisprudência do STF. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 158).

Imóveis alugados. STF• Recurso extraordinário. 2. Imunidade tributária de templos de

qualquer culto. Vedação de instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades. Artigo 150, VI, b e § 4º, da Constituição. 3. Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. 4. A imunidade prevista no art. 150, VI, b, CF, deve abranger não somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços ‘relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas’. 5. O § 4º do dispositivo constitucional serve de vetor interpretativo das alíneas b e c do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas. 6. Recurso extraordinário provido” (RE 325.822/SP, rel. Min. Ilmar Galvão, rel. Min. Gilmar Mendes, 18.12.2002, Tribunal Pleno do STF, DJ14.5.2004, p. 33).

Súmula n.º 724 do STF

“Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades”.

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO nº 133, de 2015

• Acrescenta § 1º-A ao art. 156 da Constituição Federal para prever a não incidência sobre templos de qualquer culto do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), ainda que as entidades abrangidas pela imunidade tributária sejam apenas locatárias do bem imóvel.

• Aprovada pelo Senado e enviada à Câmara (29/03/2016)

Imunidade dos Templos de Qualquer culto. Cemitérios.

• “Recurso extraordinário. Constitucional. Imunidade Tributária. IPTU. Art. 150, VI, b, CF/1988. Cemitério. Extensão de entidade de cunho religioso. Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela garantia contemplada no art. 150 da Constituição do Brasil. Impossibilidade da incidência de IPTU em relação a eles. A imunidade aos tributos de que gozam os templos de qualquer culto é projetada a partir da interpretação da totalidade que o texto da Constituição é, sobretudo do disposto nos arts. 5º, VI, 19, I, e 150, VI, b. As áreas da incidência e da imunidade tributária são antípodas.” (RE 578.562, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 21-5-2008, Plenário, DJE de 12-9-2008)

Imunidade dos partidos políticos, inclusive suas fundações:

Telos : Estado Democrático do Direito (Pluralismo político/partidário)

• Abrangência: Relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.

RG no STF Tema 328

• Incidência do IOF sobre aplicações financeiras de curto prazo de partidos políticos, entidades sindicais, instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos beneficiários de imunidade tributária.

Imunidade das entidades sindicais dos trabalhadores

• Entidades sindicais, inclusive as centrais

• Telos: Liberdade de associação sindical. (art. 8º, CF)

• Sindicatos patronais: Não são imunes.

• Relacionados com as finalidades essenciais

Imunidade das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos

• Instituições de educação e de assistência social (art. 201 e

203, CF), sem fins lucrativos,

Súmula 724, STF: “Ainda quando alugado a terceiros, permanece imuneao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art.150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicadonas atividades de tais entidades.”RE 186.175- Imunidade nas vendas de mercadorias, inclusive quanto aoICMS.Súmula 730, STF - A imunidade tributária conferida a instituições deassistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição,somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada senão houver contribuição dos beneficiários.

• Requisitos – art. 14, CTN:

• Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título

• Aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;

• Manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão, sob pena de suspensão de tal benefício.

Imunidade das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos

LC x LO

• “Imunidade tributária (CF, art. 150, VI, c, e 146, II) (...) delimitação dos âmbitos da matéria reservada, no ponto, à intermediação da lei complementar e da lei ordinária: análise, a partir daí, dos preceitos impugnados (Lei 9.532/1997, arts. 12 a 14): cautelar parcialmente deferida. Conforme precedente no STF (RE 93.770, Muñoz, RTJ 102/304) e na linha da melhor doutrina, o que a Constituição remete à lei ordinária, no tocante à imunidade tributária considerada, é a fixação de normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou assistencial imune; não, o que diga respeito aos lindes da imunidade, que, quando susceptíveis de disciplina infraconstitucional, ficou reservado à lei complementar. À luz desse critério distintivo, parece ficarem incólumes à eiva da inconstitucionalidade formal arguida os arts. 12 e §2º (salvo a alínea f) e § 3º, assim como o parágrafo único do art. 13; ao contrário, é densa a plausibilidade da alegação de invalidez dos arts. 12, § 2º, f; 13, caput, e 14 e, finalmente, se afigura chapada a inconstitucionalidade não só formal mas também material do § 1º do art. 12, da lei questionada. (ADI 1.802-MC Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 27-8-1998, Plenário, DJ de 13-2-2004.) No mesmo sentido: RE 590.448-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 13-9-2011, Segunda Turma, DJE de 14-11-2011; RE 480.021-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 14-12-2010, Segunda Turma, DJE de 8-2-2011; RE 593.358-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 9-11-2010, Primeira Turma, DJE de 25-3-2011; AI 649.457-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 27-10-2009, Primeira Turma, DJE de 20-11-2009; AI 739.800-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 25-8-2009, Segunda Turma, DJE de 18-9-2009. Vide: AI 769.613-AgR, Rel. Eros Grau, julgamento em 9-3-2010, Segunda Turma, DJE de 9-4-2010.

Tema 032 – RG no STF

• Reserva de lei complementar para instituir requisitos à concessão de imunidade tributária às entidades beneficentes de assistência social.

Importação realizada por entidade de assistência social. ICMS

• “Tributário. ICMS. Imunidade. Operações de importação de mercadoria realizada por entidade de assistência social. (...) A jurisprudência da Corte é no sentido de que a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF, abrange o ICMS incidente sobre a importação de mercadorias utilizadas na prestação de seus serviços específicos.” (AI 669.257-AgR, Rel. Min Ricardo Lewandowski, julgamento em 17-3-2009, Primeira Turma, DJEde 17-4-2009.) No mesmo sentido: RE 377.024-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 22-9-2009, Primeira Turma, DJE de 23-10-2009. Vide: AI 476.664-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4-2010, Segunda Turma, DJE de 7-5-2010; RE 191.067, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 26-10-1999, Primeira Turma, DJ de 3-12-1999; RE 164.162, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 14-5-1996, Primeira Turma, DJ de 13-9-1996.

RG no STF - Tema 336

• Ementa: REPERCUSSÃO GERAL. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. ASSISTÊNCIA SOCIAL. ATIVIDADE FILANTRÓPICA EXECUTADA À LUZ DE PRECEITOS RELIGIOSOS. CARACTERIZAÇÃO COMO ATIVIDADE ASSISTENCIAL. APLICABILIDADE AO IMPOSTO SOBRE IMPORTAÇÃO. ARTS. 5º, LIV E LV (DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA IGNORADOS PELA EQUIVOCADA APRECIAÇÃO DO QUADRO), 19, II (VIOLAÇÃO DA REGRA DA LEGALIDADE POR DESRESPEITO À FÉ PÚBLICA GOZADA PELOS CERTIFICADOS FILANTRÓPICOS CONCEDIDOS), 150, VI, C E 203 (CONCEITO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL) DA CONSTITUIÇÃO. 1. Há repercussão geral da discussão acerca da caracterização de atividade filantrópica executada à luz de preceitos religiosos (ensino, caridade e divulgação dogmática) como assistência social, nos termos dos arts. 194 e 203 da Constituição. 2. Igualmente, há repercussão geral da discussão sobre a aplicabilidade da imunidade tributária ao Imposto de Importação, na medida em que o tributo não grava literalmente patrimônio, renda ou o resultado de serviços das entidades candidatas ao benefício.

Tema 342

• Imunidade de ICMS sobre produtos e serviços adquiridos por entidade filantrópica.

Imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão

• Telos: Livre manifestação do pensamento, liberdade aatividade intelectual e livre acesso a informação

• Imunidade objetiva

• Irrelevância das informações divulgadas.

• Encartes publicitários (RE 213.094)

• Livros eletrônicos

• Outros insumos: Súmula 657, STF - “A imunidadeprevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes epapéis fotográficos necessários à publicação de jornais eperiódicos.”

Insumos

• “A imunidade tributária relativa a livros, jornais e periódicos é ampla, total, apanhando produto, maquinário e insumos. A referência, no preceito, a papel é exemplificativa, e não exaustiva.” (RE 202.149, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento em 26-4-2011, Primeira Turma, DJE de 11-10-2011.).

• Em sentido contrário: RE 324.600-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 3-9-2002, Primeira Turma, DJ de 25-10-2002. Vide: RE 178.863, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 25-3-1997, Segunda Turma, DJ de 30-5-1997.

Serviços de composição gráfica

• "Não há de ser estendida a imunidade de impostos prevista no dispositivo constitucional sob referência, concedida ao papel destinado exclusivamente à impressão de livros, jornais e periódicos, aos serviços de composição gráfica necessários à confecção do produto final." (RE 230.782, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 13-6-2000, Primeira Turma, DJ de 10-11-2000.) No mesmo sentido: RE 435.978-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 8-2-2011, Primeira Turma, DJE de 3-3-2011.

ÁLBUM DE FIGURINHAS

• CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. ART. 150, VI, D, DA CF/88. ‘ÁLBUM DE FIGURINHAS’. ADMISSIBILIDADE. 1. A imunidade tributária sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão tem por escopo evitar embaraços ao exercício da liberdade de expressão intelectual, artística, científica e de comunicação, bem como facilitar o acesso da população à cultura, à informação e à educação. 2. O Constituinte, ao instituir esta benesse, não fez ressalvas quanto ao valor artístico ou didático, à relevância das informações divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação. 3. Não cabe ao aplicador da norma constitucional em tela afastar este benefício fiscal instituído para proteger direito tão importante ao exercício da democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma publicação destinada ao público infanto-juvenil. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido” (RE 221.239/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 25.5.2004, 2ª Turma, DJ 06.8.2004, p. 61)

RE 517077 / RJRelatora: Min. CÁRMEN LÚCIA

Julgamento: 09/06/2010 – (KITS EDUCATIVOS)

• "CONSTITUCIONAL - TRIBUTÁRIO - IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DO ART. 150, IN. VI, "D" DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA CR/88 - ALCANCE -PUBLICAÇÃO ACOMPANHADA DE MATERIAL EDUCATIVO A ELA CORRELATO. I. A imunidade tributária prevista no art. 150, inc. VI, ‘d’ da CR/88 destina-se a facilitar, através da redução do preço final do produto, o acesso da população à cultura, à informação e à educação, e, também que se cumpram, sem embaraços, o exercício da liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, como se consagra no inc. IX do art. 5º da CR/88. II. O material educativo que acompanha a publicação facilita o aprendizado, estimulando a divulgação do saber, ao se colocar em prática os conhecimentos obtidos na teoria. III. Por ter sido ajuizada na Justiça Federal a presente ação, apenas cabe apreciar os tributos de competência da União. IV. Apelação improvida.“ (TRF 2ª Região)

• Julgado reformado pelo STF

Tribunal Regional Federal da 3a Região. 200161000221230. Data da Publicação 27/10/2009

• AMS – 307236 Relator JUIZ NERY JUNIOR. TERCEIRA TURMA Fonte DJF3 CJ1 DATA:27/10/2009 PÁGINA: 58 Ementa CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO – IPI E II – IMUNIDADE TRIBUTÁRIA – ART. 150, VI, “D” DA CF/88 – MATERIAL DIDÁTICO DESTINADO AO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA EM FORMATO CD-ROM, CD ÁUDIO, FITAS DE VÍDEO, FITAS CASSETE – POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO. A imunidade, como regra de estrutura contida no texto da Constituição Federal, estabelece, de modo expresso, a incompetência das pessoas políticas de direito constitucional interno para expedir regras instituidoras de tributos que alcancem situações específicas e determinadas. O disposto no artigo 150, inciso VI, alínea “d”, da Constituição Federal se revela aplicável, uma vez que novos mecanismos de divulgação e propagação da cultura e informação de multimídia, como o CD-ROM, aos denominados livros, jornais e periódicos eletrônicos são alcançados pela imunidade. A norma que prevê a imunidade visa facilitar a difusão das informações e cultura, garantindo a liberdade de comunicação e pensamento, alcançando os vídeos, fitas cassetes, CD-ROM, aos denominados livros, jornais e periódicos eletrônicos, pois o legislador apresentou esta intenção na regra no dispositivo constitucional. Apelação provida.

KINDLE - 0025856-62.2009.4.03.6100 (CNJ)

“a atinente imunidade tributária deve ser interpretada de forma teleológica, visando aferir a finalidade da norma e se adequar à realidade e às inovações tecnológicas. Atualmente surgiram novos mecanismos de divulgação da cultura e informação, como os livros, jornais e periódicos eletrônicos, dentre eles o produto “Kindle”, que se refere a um leitor digital de livros, basicamente, que também devem ser alcançados pela imunidade tributária estabelecida no art. 150, inciso VI, alínea “d”, da Constituição Federal”.

Kindle – TRF da 3ª Região

• TRIBUÁRIO E PROCESSO CIVIL - MANDADO DE SEGURANÇA DESTINADO AO RECONHECIMENTO DE IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DE APARELHO SUPOSTAMENTE DESTINADO A LEITTURA DIGITAL DE LIVROS (KINDLE) -IMPOSSIBILIDADE DE DEFINIR A NATUREZA E AS FUNÇÕES DO APARELHO EM SEDE DE MANDAMUS, À LUZ SOMENTE DE REPORTAGEM DE REVISTA SEMANAL E UM DESCRITIVO DO APARELHO RETIRADO DA INTERNET, SEM TRADUÇÃO JURAMENTADA - SENTENÇA CONCESSIVA DO WRIT REFORMADA - ORDEM DENEGADA.

• 1. Trata-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, impetrado por MARCEL LEONARDI contra ato do INSPETOR DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM SÃO PAULO, objetivando afastar a incidência dos tributos aduaneiros sobre o leitor digital de livros denominado Kindle, que o impetrante pretende importar, em razão da imunidade prevista no artigo 150, inciso VI, alínea "d", da Constituição Federal

• 2. A discussão sobre a pretendida equiparação dos leitores eletrônicos de livros ao próprio livro, para fins de alcance da norma imunizadora, (incidente desde que tais equipamentos se prestem única e exclusivamente ao acesso a livros, revistas e jornais digitalizados) a fim de se apurar se eles podem ser compreendidos como instrumentos ou meios físicos de leitura, equiparável ao papel que recebe a estampa do livro, jornal ou revista, não pode se travar no ambiente restrito do mandado de segurança; seria necessário exame de provas - que a parte autora deveria promover - a fim de demonstrar cumpridamente que o aparelho de leitura eletrônico - no caso o de nome Kindle -, além de sua função primordial, não permite o armazenamento de outros conteúdos igualmente digitais, como músicas e vídeos, bem como efetivamente não permite acesso a páginas da internet e outras funcionalidades, pois se essas demais funções fossem operantes e eficazes estaria afastada a similaridade do aparelho com o objeto central da imunidade tributária.

• 3. Ausência nos autos de prova pré-constituída do direito invocado pelo apelado, razão pela qual foi errada a sentença que, sem maiores cuidados probatórios, optou pela imunidade; assim, ela merece ser reformada para se julgar improcedente o pedido e denegar a segurança pleiteada.

• APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 0025856-62.2009.4.03.6100/SP. J. em 12 de março de 2015

RG no STF - Tema 593

• Imunidade tributária de livro eletrônico (e-book) gravado em CD-ROM.

Imunidade musical (EC 75/2013)

• Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)

• VI – instituir impostos sobre:(...)

• e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.

Imunidade musical (EC 75/2013)

• Alcance: apenas a comercialização

• Não se aplica ao processo de fabricação

• ADI 5058 – O Gov. do Estado do Amazonas alega que a imunidade prevista na EC 75/13 provocaria drástico esvaziamento do modelo de estímulo regional representado pela Zona Franca de Manaus, violando os seguintes dispositivos constitucionais: (i) art. 150, I, da CF; (ii) arts. 40 e 92 do ADCT; e (ii) art. 5º, XXXVI, do texto permanente da CF. (sem liminar, aguarda julgamento).

Alcance da imunidade

• Produção dos CDs, DVDs e Blu-Rays - contratação de estúdio, músico, mixagem, produção fonográfica e videofonográfica –ISS (itens 13.02 e 13.03 – 13.02 – Fonografia ou gravação de sons, inclusive trucagem, dublagem, mixagem e congêneres. 13.03 – Fotografia e cinematografia, inclusive revelação, ampliação, cópia, reprodução, trucagem e congêneres)?

• Fabricação dos CDs, DVDs e Blu-Rays (fabricação) – ICMS e IPI?

• Venda dos CDs, DVDs e Blu-Rays – Sem ICMS?

Problema

Produtor americano (Jack Endino, Rick Rubin Ross Robinson etc.), produz banda no Brasil, cujos integrantes são de vária nacionalidades (e.g. Sepultura - Derrick, Megadeth – Kiko Loureiro, Strokes – John Casablancas), em CD de cover de vários autores internacionais

O download, comercializado a partir de um site no Panamá, é imune a impostos?

Outras Imunidades – Impostos

• IPI – art. 153, § 3º. III - não incidirá sobre produtos industrializadosdestinados ao exterior

• ITR – art. 153, § 4º, II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais,definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outroimóvel (art. 2º da Lei n.º 9.393/96)

• ICMS – art. 155, § 2º, X - não incidirá:• a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem

sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada amanutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nasoperações e prestações anteriores;

• b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusivelubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energiaelétrica;

• c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º (como ativofinanceiro ou instrumento cambial );

• d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades deradiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;

Operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia

elétrica

• "A imunidade ou hipótese de não incidência contemplada na alínea b do inciso X do § 2.º do art. 155, da CF, restringe-se ao Estado de origem, não abrangendo o Estado de destino da mercadoria, onde são tributadas todas as operações que compõem o ciclo econômico por que passam os produtos, independentemente de se tratar de consumidor final ou intermediário." (RE 190.992-AgR, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 12-11-2002, Primeira Turma, DJ de 19-12-2002.) No mesmo sentido: RE 338.681-AgR-ED, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 6-12-2005, Segunda Turma, DJ de 3-2-2006.

RE 748543 RG / DF - DISTRITO FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL NO RE. Rel.: Min. MARCO AURÉLIO. Julgamento: 24/10/2013

• IMUNIDADE TRIBUTÁRIA – ARTIGO 155, § 2º, INCISO X, ALÍNEA “B”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ALCANCE –INTERMEDIÁRIA NA AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA – RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL VERIFICADA. Possui repercussão geral a controvérsia acerca do alcance da imunidade tributária, prevista no artigo 155, § 2º, inciso X, alínea “b”, da Constituição Federal, à intermediária que adquire energia elétrica e a aliena a consumidores no mesmo estado.

Tema 689

• Possibilidade de o estado de origem cobrar ICMS sobre a operação interestadual de fornecimento de energia elétrica a consumidor final, para emprego em processo de industrialização.

Outras Imunidades – Impostos

• ICMS – art. 155, § 3º - À exceção dos impostos de que tratam o inciso II docaput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidirsobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações,derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.

• Art. 184, § 5º - são “isentas” de impostos federais, estaduais e municipaisas operações de transferência de imóveis desapropriados para fins dereforma agrária.

ITBI – art. 156, § 2º, I da CF/88

• Não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;

• Atividade preponderante: mais de 50% (cinqüenta por cento) da receita operacional da PJ adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subseqüentes à aquisição (§ 1º do art. 37 do CTN)

Tema 796 (RG no STF)

Alcance da imunidade tributária do ITBI, prevista no art. 156, § 2º, I, da Constituição, sobre imóveis incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica, quando o valor total desses bens excederem o limite do capital social a ser integralizado.

RG reconhecida em 11 de fevereiro de 2015

Boa noite!

• “Sentimos que, mesmo que todas as questões científicas possíveis tenham obtido resposta, nossos problemas de vida não terão sido sequer tocados.”(Wittgenstein, Tractatus... 1922)

• Lucas 3:12-14:

• “Alguns cobradores de impostos também chegaram e perguntaram a João: ‘Mestre, o que devemos fazer?’ ‘Não cobrem mais do que a lei manda’,

Bons estudos