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DIREITO PENAL I Prof. Dr. Urbano Félix Pugliese A norma penal em relação a certas pessoas: Imunidades

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Page 1: Direito penal i   imunidades

DIREITO PENAL IProf. Dr. Urbano Félix Pugliese

A norma penal em relação a certas pessoas:

Imunidades

Page 2: Direito penal i   imunidades

Que são imunidades? O direito penal não atinge as pessoas/Estados

da mesma maneira; e Algumas pessoas/Estados são imunes (não

são atingidas) ao direito penal brasileiro.

Page 3: Direito penal i   imunidades

Espécies de Imunidades:

1) Diplomáticas; 2) Parlamentares; e 3) Outras

(tributárias).

Page 4: Direito penal i   imunidades

Imunidades diplomáticas (Chefes de governo, representantes de governos alienígenas e diplomatas; Dir. Intl):1) Pessoal (pessoas) ou real (locais e objetos);2) Regidas pelo princípio da reciprocidade;3) A Convenção de Viena fala da obrigação dos

Estados de obedecer aos tratados firmados (Decretos n. 56.435/65 e n. 61.078/67); e

4) Irrenunciável, inviolabilidade pessoal funcional (teoria do interesse da função).

Page 5: Direito penal i   imunidades

Imunidades diplomáticas:5) Não se aplica aos funcionários particulares; 6) Embaixadas não são territórios do país

(apesar de invioláveis [busca e apreensão, penhora e medidas constritivas]);

7) Família e servidores da embaixada também têm imunidade;

8) Cônsules não são diplomatas (embaixadores). Mas, gozam de imunidade material relativa às infrações praticadas no exercício de suas funções; e9) Penal, civil, administrativa e trabalhista.

Page 6: Direito penal i   imunidades

Imunidades diplomáticas: a) Imunidade Material ou Inviolabilidade:

Nada de prisão (art. 29 da Convenção de Viena de 1961: "A pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão. O Estado acreditado tratá-lo-á com o devido respeito e adotará todas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa, liberdade ou dignidade“; e

Não há tipicidade penal da conduta realizada.

Page 7: Direito penal i   imunidades

Imunidades diplomáticas: b) Imunidade Processual/Formal/Jurisdição: Não

estão subordinadas à jurisdição penal brasileira (jurisdição do Estado acreditador), mas sim à jurisdição penal do Estado ao qual pertencem (jurisdição do Estado acreditante); e

Art. 31 da Convenção de Viena de 1961: "O agente goza de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditador. 2. O agente diplomático não é obrigado a prestar depoimento como testemunha. 4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditador não o isenta da jurisdição do Estado acreditante".

Page 8: Direito penal i   imunidades

Imunidades diplomáticas: O Estado acreditante pode renunciar

expressamente à imunidade dos seus agentes diplomáticos e das demais pessoas referidas no art. 37 (art. 32, § 1º, da Convenção de Viena de 1961); e

A inviolabilidade abrange: sede da Missão/ residências particulares dos diplomatas, os bens ali situados,s meios de locomoção, correspondência e comunicações diplomáticas.

Page 9: Direito penal i   imunidades

Imunidades parlamentares: Quem são os parlamentares? R: Senadores,

Deputados Federais/distritais, Deputados Estaduais e Vereadores;

Quais são as imunidades? R: Materiais e formais; Material (substantiva, absoluta, de conteúdo, inviolabilidade): Referem-se aos crimes em si; e Formal (adjetivas, relativa, processual, de rito, instrumental): Referem-se ao foro competente para julgamento, ao processo, à prisão processual.

Page 10: Direito penal i   imunidades

Imunidades parlamentares: Inicia-se com a diplomação (e não com a

posse) e termina com o fim do mandato (não se estendem aos suplentes);

Não são privilégios (pessoais); são prerrogativas do cargo/função;

Causa excludente de tipicidade; e Independência das atribuições e entre as

funções de poder.

Page 11: Direito penal i   imunidades

Imunidades parlamentares materiais: Senadores, Deputados Federais,

Deputados Estaduais, Deputados distritais e Vereadores não respondem por delitos de opinião (crimes contra a honra [calúnia, difamação e injúria], apologia ao crime ou qualquer outro cabível através de atos comunicativos).

Page 12: Direito penal i   imunidades

Normas cabíveis a respeito das imunidades parlamentares materiais: Art. 53: Os Deputados e Senadores são

invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos;

Art. 27 [...] § 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. (circunscritas aos Estado no âmbito local de atuação)

Page 13: Direito penal i   imunidades

Normas cabíveis a respeito das imunidades parlamentares materiais: Art. 29, VIII - inviolabilidade dos

Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município.

Page 14: Direito penal i   imunidades

Imunidades parlamentares materiais: Qualquer âmbito espacial (não precisa ser

somente na Casa Legislativa respectiva). Mas, Senadores e Deputados Federais (Brasil), Deputados Estaduais e Distritais (Estado/DF) e Vereadores (município);

Precisa ter conexão com o exercício do mandato (in officio); e

Precisa ter sido realizada em razão do mandato (proptem officio).

Page 15: Direito penal i   imunidades

Imunidades parlamentares materiais: Cespe/2013/Delegado da Bahia: C ou E: O

processo penal impetrado contra deputado federal será julgado no STF, enquanto durar seu mandato, ainda que o crime tenha sido cometido antes da eleição.

Cespe/2016/DPU (Técnico): C ou E: A imunidade material conferida aos parlamentares não alcança a área administrativa.

C

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Imunidades parlamentares formais: Formais (referem-se às condições da

punição): Tem modificadas as normas de perseguição judicial, julgamento (foro), formas de aprisioanamento e processo penal;

Senadores e deputados federais:1) Prisão: Art. 53, § 2º Desde a expedição do

diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

Page 17: Direito penal i   imunidades

Imunidades parlamentares formais:Senadores e deputados federais:2) Foro para julgamento: Art. 53, § 1º Os

Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.

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Imunidades parlamentares formais:Senadores e deputados federais:3) Processo: Art. 53, § 3º Recebida a denúncia

contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

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Resumo das imunidades parlamentares formais dos Senadores e Deputados Federais:

1) Prisão (civil e penal): Não poderão ser presos; Exceção: flagrante de crime inafiançável. (autos remetidos em 24h à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.) Podem ser presos por trânsito em julgado de crimes anteriores à diplomação;

2) Foro: STF (cessado o mandato perde a prerrogativa);

3) Processo: Voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (prescrição suspensa até o fim do mandato)

Page 20: Direito penal i   imunidades

Imunidades parlamentares formais dos Deputados Estaduais/Distritais:1) Prisão: Mesma sistemática dos Senadores e

Deputados Federais;2) Foro para julgamento: Tribunal de Justiça

do Estado de origem; e3) Processo: Mesma sistemática dos Senadores

e Deputados Federais. Súmula n. 721/STF: “A competência

constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.”

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Imunidades parlamentares formais dos Vereadores:1) Prisão: Não há nenhuma restrição.2) Foro para julgamento: Não há foro

privilegiado; e3) Processo: Igual a de qualquer outra pessoa. “Nos limites da circunscrição do município

e havendo pertinência com o exercício do mandato, garante-se a imunidade do vereador”. STF. Plenário. RE 600063, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 25/02/2015.

Page 22: Direito penal i   imunidades

Outras imunidades:Presidente da República: Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. § 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções: I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.

Page 23: Direito penal i   imunidades

Outras imunidades:

Presidente da República: § 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. § 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão. § 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

Page 24: Direito penal i   imunidades

Outras imunidades:Governador de Estado: Prévia licença

da assembleia legislativa estadual para o prosseguimento da ação penal; julgamento pelo STJ nos crimes comuns e nas Assembleias nos crimes de responsabilidade (cf. CE); e

Prefeito: Julgamento pelo Tribunal de Justiça do Estado de origem (única imunidade).

Page 25: Direito penal i   imunidades

Outras imunidades:Magistrados:   Art. 33 da lei complementar n. 35/79: São prerrogativas do magistrado: I - ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados com a autoridade ou Juiz de instância igual ou inferior; II - não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especial competente para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação e apresentação do magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado.

Page 26: Direito penal i   imunidades

Outras imunidades:Magistrados:   Art. 33 da lei complementar n. 35/79: III - ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial de Estado-Maior, por ordem e à disposição do Tribunal ou do órgão especial competente, quando sujeito a prisão antes do julgamento final; IV - não estar sujeito a notificação ou a intimação para comparecimento, salvo se expedida por autoridade judicial; V - portar arma de defesa pessoal. Parágrafo único - Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigação.

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Outras imunidades:Ministério Público: Art. 40. da lei 8.625/93: III - ser preso somente por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará, no prazo máximo de vinte e quatro horas, a comunicação e a apresentação do membro do Ministério Público ao Procurador-Geral de Justiça; IV - ser processado e julgado originariamente pelo Tribunal de Justiça de seu Estado, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada exceção de ordem constitucional; V - ser custodiado ou recolhido à prisão domiciliar ou à sala especial de Estado Maior, por ordem e à disposição do Tribunal competente, quando sujeito a prisão antes do julgamento final.

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Outras imunidades:Advogados: art. 7, da lei 8.906/94:   § 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. § 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo.

Page 29: Direito penal i   imunidades

Questões: Cespe/2013/Delegado de Polícia: C ou E:

Somente mediante expressa manifestação pode o agente diplomático renunciar à imunidade diplomática, porquanto o instituto constitui causa pessoal de exclusão da pena.

Cespe/2013/Engenheiro Eletricista: C ou E: O órgão responsável pelo julgamento de deputados e senadores, a partir do momento da expedição de seus diplomas, é o Superior Tribunal de Justiça.

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