cláudia maria borges costa pinto. o art. 150, vi, “c” da cf/88 trata de imunidades sobre quatro...

56
Cláudia Maria Borges Costa Pinto

Upload: vinicius-vilaverde-rios

Post on 07-Apr-2016

216 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Cláudia Maria Borges Costa Pinto

Page 2: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a)partidos políticos e suas fundações;b)entidades sindicais dos trabalhadores;c)instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos.

Page 3: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Tratam-se de imunidades de IMPOSTOS (ou seja, podem incidir outras espécies tributárias, com exceção às entidades beneficentes de assistência social, que também possuem imunidade das contribuições sociais-previdenciárias, prevista no § 2º do art. 195 da CF/88)

Page 4: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Tratam-se de imunidades não auto-aplicáveis, em razão da necessidade um incremento normativo, que é atendido pelo art. 14 do CTN, atrelando-se ao:

a) Patrimôniob) Renda vinculados às finalidades precípuas da

pessoa imune

c) Serviço

Page 5: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

A interpretação destas imunidades tem sido doutrinária e jurisprudencialmente ampliativa, ou seja, tende-se a desconsiderar a origem do patrimônio, renda ou serviço, prestigiando a atuação dessas entidades na persecução de suas atividades essenciais, observado que:a.Os recursos devem ser revertidos em favor e em consideração aos objetivos institucionais da entidade;b.Não deve existir prejuízo à livre concorrência.

Page 6: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Em outras palavras, o valor positivo auferido (superávit) ser revertido em investimento ou custeio da prestação dos serviços específicos, a fim de as entidades continuarem cumprindo os seus objetivos institucionais. Neste sentido:

Súmula STF - 724 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.

Page 7: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI - instituir impostos sobre:c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;§ 4º. As vedações expressas no inciso VI, alíneas b e c, compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.

Page 8: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

• Previsão constitucional: art. 150, VI, “c”, primeira parte.

• Imunidade subjetiva que alcança partidos políticos e suas fundações (ex. Fundação Pedroso Horta, PMDB).

Lei 9.096/95. Art. 53. A fundação ou instituto de direito privado, criado por partido político, destinado ao estudo e pesquisa, à doutrinação e à educação política, rege-se pelas normas da lei civil e tem autonomia para contratar com instituições públicas e privadas, prestar serviços e manter estabelecimentos de acordo com suas finalidades, podendo, ainda, manter intercâmbio com instituições não nacionais.

Page 9: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

• Historicamente consta nas Constituições brasileiras desde a Constituição de 1946 (art. 31, V, “b”).

CF/88. Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:(...) § 2º. Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

Page 10: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Lei 9.096/95. Art. 1º. O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. Art. 2º. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos cujos programas respeitem a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.

Page 11: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Lei 9.096/95. Art. 7º. O partido político, após adquirir personalidade jurídica na forma da lei civil, registra seu estatuo do Tribunal Superior Eleitoral.§ 1º. Só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha caráter nacional, considerando-se como tal aquele que comprove o apoiamento de eleitores correspondente a, pelo menos, meio por cento dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de um décimo por cento do eleitorado que haja votado em cada um deles.

Page 12: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Não estão albergados pela imunidade partidos políticos:a)não registrados no TSE, observados os preceitos do art. 17 da CF/88: I) caráter nacional; II) proibição de recebimento de recursos financeiros de entidades ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III) prestação de contas à Justiça Eleitoral; e funcionamento parlamentar de acordo com a lei. b)não registrados, estrangeiros ou clandestinos.c)partidos de origem oculta, criminosa, que apregoem finalidades dissonantes do regime democrático (ex. neonazismo, perseguição de minorias, violência, intolerâncias, etc).

Page 13: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Elemento teleológico:a)Democracia

Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição.a)Pluralismo político.

Art.1º. V - o pluralismo político;

Page 14: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Previsão constitucional: art. 150, VI, “c”, segunda parte.Imunidade subjetiva que alcança entidades sindicais dos trabalhadores/obreiras (ou seja, exclui-se entidades sindicais patronais/empregadores).Passou a integrar o rol de imunidades a partir da Constituição de 1988.

Page 15: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Elemento teleológico:Liberdade sindical, evitando que o Estado, por meio de tributos, inviabilize o funcionamento dessas entidades (art.5º, XVII, XXI e 8º, I, princípio da vedação à interferência e intervenção político-administrativa do Estado na sua estrutura).

Page 16: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

CF/88. Art. 8º. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical

b) Proteção à relação laboral (pólo considerado hipossuficiente.

Page 17: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Justifica-se a imunidade às entidades sindicais em função da relevante função exercida pelos mesmos, no que toca à defesa dos direitos e interesses, coletivos ou individuais, das categorias, inclusive em questões judiciais ou administrativas (art. 8º, III, CF), e na participação obrigatória nas negociações coletivas (art. 8º, VI, CF).

Page 18: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Sindicato dos trabalhadores é definido, por Maurício Godinho Delgado, como uma associação coletiva permanente, de natureza privada, voltada à defesa e incremento de interesses coletivos profissionais e materiais de trabalhadores, subordinados ou autônomos, com o objetivo de lhes alcançar melhores condições de labor e vida. (DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 3. ed. São Paulo, LTR, 2004. p. 1323).

Page 19: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

O dispositivo constitucional menciona a expressão “sindicato”, todavia, a doutrina é assente em definir que a imunidade abrange também as expressões “federação” e “confederação” sindicais e, segundo Roque Carrazza, também as “centrais sindicais”.

Page 20: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

“No sistema, há uma pirâmide, que se compõe do sindicato, em seu piso, da federação, em seu meio, e da confederação, em sua cúpula. As centrais sindicais não compõem o modelo corporativista, sendo, de certo modo, seu contraponto, a tentativa de sua superação. A jurisprudência não lhes tem reconhecido os poderes inerentes às entidades sindicais, mas atuam e influem em toda a pirâmide regulada pela ordem jurídica”. (DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 3. ed. São Paulo, LTR, 2004. p. 1335).

Page 21: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

a) Federações: pelo menos cinco sindicatos.CTL. Art. 534. É facultado aos sindicatos, quando em número não inferior a 5 (cinco), desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou de profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação.

Page 22: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

b) Confederações: conjunto de, no mínimo, 03 federações.

CLT. Art. 535. As confederações organizar-se-ão com o mínimo de três federações e terão sede na Capital da República.

Page 23: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

c) Centrais sindicais: Roque Carrazza entende ser extensível às Centrais Sindicais a imunidade em estudo.

“(...) ora, se as partes (as entidades sindicais de trabalhadores) são imunes a impostos, o todo (a central sindical) necessariamente o é. Chega-se a essa conclusão utilizando o postulado lógico pelo qual o todo segue a sorte das partes que o formam”. (CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 651. Em igual sentido vide: COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 305).

Page 24: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Previsão constitucional: art. 150, VI, “c”, última parte.Imunidade subjetiva que alcança instituições de educação e assistência social que não possuem finalidade lucrativa, prestam atividades próprias do Estado e de relevante interesse público, justificando o benefício constitucional.

Nota: a nota distintiva não é a ausência de atividade econômica, mas sim que não há distribuição/destinação de resultados positivos nem retorno de patrimônio às pessoas que a instituíram.

Page 25: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Consta no ordenamento constitucional desde a Constituição de 1946 (art. 31, V, “b”).

Page 26: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Elemento teleológico: visa proteger a assistência social (arts. 203 e 204, CF/88), no sentido da preservação, proteção e estímulo de suas atividades filantrópicas. As instituições de educação e assistência social (pessoas jurídicas de direito privado) complementam certas atividades que, originariamente, são cabentes ao Estado, por expressa autorização da Constituição (arts. 204 e 205).

Page 27: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Instituições de assistência social: são aquelas que auxiliam o Estado (art. 204, II, CF/88) no atendimento dos direitos sociais (art. 6º,CF/88), tais como saúde, segurança, maternidade, trabalho, moradia, assistência aos desamparados, etc. Estas entidades atuam de modo desinteressado e altruístico, como colaboradoras do Estado, na proteção das camadas desprivilegiadas da sociedade.

Page 28: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Instituições de assistência social (continuação): são instituições preocupadas com a benemerência, não possuindo fins lucrativos, gerando bens e serviços de caráter público.

Page 29: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Instituições de assistência social (continuação): em resumo, são entidades privadas da sociedade civil, na forma de entes “paraestatais” denominados entes do “terceiro setor” que, prestando atividade de interesse público, por iniciativa privada, não almejam lucro, mas a prática de uma política assistencialista, ao lado do primeiro setor (Estado) e do segundo setor (mercado).

Page 30: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Instituições de assistência social: no plano do Direito Administrativo, elas se configuram como entes criados, a partir de pessoas privadas, qualificadas, em regra, via convênio, e que colaboram com o Estado, posicionando-se “ao lado dele” (“para” + estatal = paraestatais), na consecução de atividades de fins públicos, não animadas pelo lucro.

Page 31: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Instituições de assistência social (continuação): incluem-se nesta expressão os serviços sociais autônomos (“Sistema S” – SESC, SESI, SENAI, SEBRAE, etc.), entidades de apoio (fundações, associações e cooperativas de servidores públicos), organizações sociais (“OS”) e a organização da sociedade civil de interesse público (“OSCIP”). Tais entidades são consideradas beneficentes, não perseguem o lucro, não são animadas ao mercantilismo, mas à atividades em prol do outro, à persecução do bem comum.

Page 32: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

As entidades integrantes do Sistema “S” (SESI, SENAI, SENAC, SEBRAE), também denominadas “serviços sociais autônomos”, possuem natureza pública e promovem a integração no mercado do trabalho, assim como cumprem objetivos educacionais, avocando, assim, a imunidade prevista no art. 150, VI, “c” da CF/88.

Page 33: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

No plano da jurisprudência, temos:•REO e AC 44.728/97, TJ/DF: reconheceu imunidade do IPVA sobre veículos da frota do SESC.•Não incidência de ISS sobre serviços do Hotel-Escola do SENAC.•RE 235.737/SP, 1ª T., Rel. Min. Moreira Alves, j. 13.11.2001 – imóvel locado a terceiro, com aplicação dos alugueres em finalidades institucionais.

Page 34: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

ISS - Ingressos em festa - Imunidade Tributária - Serviços de diversões públicas – SESC.Reconhecida a imunidade tributária resta saber se os serviços de diversões públicas prestadas a seus associados e ao público em geral mediante cobrança de ingressos, caracterizam os objetivos institucionais. O fato de cobrar ingresso por seus serviços de diversões públicas, não equipara a recorrente a empresa ou profissional autônomo, sujeitas ao ISS. É ela instituição de assistência social e entidade paraestatal de utilidade pública e sem fins lucrativos. Recurso Improvido. (STJ, 1ª Turma, REsp 26.424-1, Relator Ministro Garcia Vieira, julgado em 04.11.1992 e publicado no DJ de 07.12.1992)

Page 35: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

As entidades fechadas de previdência social e os fundos de pensão, são entidades nas quais os beneficiários são, via de regra, os empregados de uma empresa ou de um grupo de empresas. Tais entidades não tem fins lucrativos e visam complementar os proventos de aposentadoria que o regime geral pagará aos beneficiários.

Page 36: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

O conceito de Entidades Fechadas de Previdência Privada é extraído do artigo 31 da Lei Complementar 109/2001:

Art. 31. As entidades fechadas são aquelas acessíveis, na forma regulamentada pelo órgão regulador e fiscalizador, exclusivamente:I - aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entes denominados patrocinadores; eII - aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores.

Page 37: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Havia uma grande discussão doutrinária e jurisprudencial sobre a possibilidade de que tais entidades pudessem se beneficiar da imunidade prevista no art. 150, VI, “c” da CF/88. Após muitas discussões doutrinárias e jurisprudenciais, o STF pacificou a questão, entendendo em outorgar a benesse desde que não exista contraprestação dos beneficiários e seja mantido o caráter de universalidade e generalidade da assistência social (caráter filantrópico).

Page 38: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Súmula STF. 730 - A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.

Page 39: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Na prática poucas são as entidades cujo empregador ou patrocinador financiam as contribuições no lugar do empregado, ressalvas feitas à COMSHELL (Sociedade de Previdência Privada, fundo de pensão dos empregados da Shell do Brasil) e ICOLUB (fábrica de lubrificantes da Shell). Em resumo, portanto, só haverá imunidade se ficar provado que os beneficiários não contribuem e a mantenedora arca com todos os ônus.

Page 40: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

As imunidades previstas no art. 150, VI, “c” da CF/88 estão condicionadas a dois requisitos:a)Atendimento a requisitos previstos em leib)Ausência de fins lucrativos (*****).

Page 41: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Atendimento a requisitos previstos em lei:a) A imunidade não é auto-aplicávelb) Depende de lei complementar (art. 146, II,

CF/88).c) A lei complementar, no caso, é o próprio CTN,

que foi recepcionado pela CF/88 com “status” de Lei Complementar.

d) O dispositivo é regulamentado pelo art. 14, do CTN.

Page 42: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

CTN. Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:I - não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

Page 43: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Importa frisar que parte da doutrina entende que o art. 14 do CTN só se aplica às instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, não abrangendo partidos políticos e suas fundações, nem entidades sindicais dos trabalhadores, posto que, estes, por definição, não podem visar lucro.

Page 44: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Entretanto, é preciso depurar o raciocínio, a partir de duas importantes idéias:a)A expressão “sem fins lucrativos”, prevista no art. 150, VI, “c” da CF/88.b)A proibição de distribuição de qualquer parcela de seu patrimônio ou de sua rendas, a qualquer título, prevista no art. 14 do CTN.

Page 45: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

a) Art. 14, I, CTN. Vedação de distribuição de parcela do patrimônio e rendas: O inciso I, do art. 14 do CTN foi alterado pela LC 104/2001. Na redação anterior era “a título de lucro ou participação no seu resultado”.

Page 46: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

a) Art. 150, VI, “c”, “in fine”. Sem fins lucrativos: a exegese não é a vedação ao lucro. Permite-se que ocorra uma lucratividade, uma sobre financeira ou superávit. O que é vedado é a apropriação particular do lucro (animus distribuendi). Assim, todo o resultado financeiro deve reverter em investimento à entidade, para que cumpra o seu desiderato institucional.

Page 47: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Proibição de remessa de valores ao exterior. Para fruição da imunidade, o ente imune deve aplicar integralmente no Brasil os recursos financeiros e mais, na manutenção de seus objetivos institucionais. Todavia, há que se acautelar com a interpretação da norma. Se, por exemplo, o ente imune compra um medicamento importado, obviamente terá que remeter dinheiro ao exterior, em pagamento.

Page 48: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

O inciso III do art. 14 do CTN ordena que as entidades imunes devam manter sua escrituração contábil em dia, ou seja, mantenham escrituração de sua receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. O ente imune NÃO se exonera do cumprimento das obrigações tributárias acessórias. O parágrafo 1º do art. 14 do CTN prescreve a suspensão da imunidade acaso este preceito seja descumprido.

Page 49: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

O art. 14, do CTN foi complementado pelo art. 32 da Lei 9.430/96, que lhe conferiu operacionalidade, visto que até então o dispositivo não tinha resultados práticos.

Art. 14 (...) § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício.

Page 50: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Lei 9.430/96. Art. 32. A suspensão da imunidade tributária, em virtude de falta de observância de requisitos legais, deve ser procedida de conformidade com o disposto neste artigo.§ 1º. Constatado que entidade beneficiária de imunidade de tributos federais de que trata a alínea c do inciso VI do artigo 150, da Constituição Federal não está observando requisito ou condição previsto nos artigos 9º, § 1º, e 14 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a fiscalização tributária expedirá notificação fiscal, na qual relatará os fatos que determinam a suspensão do benefício, indicando inclusive a data da ocorrência da infração.§ 2º. A entidade poderá, no prazo de trinta dias da ciência da notificação, apresentar as alegações e provas que entender necessárias.§ 3º. O Delegado ou Inspetor da Receita Federal decidirá sobre a procedência das alegações, expedindo o ato declaratório suspensivo do benefício, no caso de improcedência, dando, de sua decisão, ciência à entidade.

Page 51: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

A Lei 9.532/97, a pretexto de regulamentar a imunidade em estudo, no seu art. 12, §§ 2º e 3º estabeleceu, respectivamente, a vedação de remuneração a dirigentes (vide ainda art. 13), assim como conceituou o que é “entidade sem fins lucrativos”.O STF, na ADI-MC 1802/DF suspendeu o art. 12, §§ 2º e 3º, assim como o art. 13, da Lei 9.532/97.

Page 52: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

No que concerne à remuneração dos funcionários da entidade, esta deverá ser equivalente à prestação do labor; não poderá ser exorbitante, sob pena de configurar disfarçada distribuição de lucros. (CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros, 20ª ed., 2004, p. 695)

Page 53: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

A imunidade das instituições (ou entidades beneficentes) de assistência social envolve dois tributos: os impostos sobre o patrimônio, renda e serviços (art. 150, VI, “c”, CF), e as contribuições para a seguridade social (art. 195, §7º, CF), desde que atendidos os requisitos (e exigências) legais.

Art. 195 (...) § 7º. São isentas [LEIA-SE “imunes”] de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

Page 54: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

O ente que pretenda beneficiar-se da imunidade constitucional deve requerer administrativamente a imunidade para cada um de seus imóveis, rendas e serviços, com o desiderato de demonstrar que estes estão relacionados com as finalidades essenciais, nos termos do artigo 150, §4º, da Constituição Federal. Em resumo, não há como o Fisco conceder a imunidade sem que haja provocação do interessado.

Page 55: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Recurso Extraordinário. Agravo Regimental. 2. Imunidade tributária. Art. 150, VI, c, da Constituição Federal. 3. Não impede o alcance do benefício a circunstância de o imóvel encontrar-se locado. 4. Impossibilidade de se discutir sobre a destinação da renda obtida com o aluguel. Inviabilidade de reexame de provas. Súmula 279. 5. Agravo regimental desprovido. (STF, 2ª T, RE-AgR 261335 / MG, AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a): Min. GILMAR MENDES. Julgamento: 20/08/2002. Publicação: DJ 13-09-2002 PP-00092 EMENT VOL-02082-03 PP-00513

Page 56: Cláudia Maria Borges Costa Pinto. O art. 150, VI, “c” da CF/88 trata de imunidades sobre quatro pessoas jurídicas (imunidades subjetivas): a) partidos

Recurso extraordinário. Agravo regimental. 2. Imunidade tributária. Art. 150, VI, "c", da CF. 3. IPTU. Imóvel de propriedade de entidade de assistência social objeto de contrato de locação. 4. Destinação da renda aos fins essenciais da instituição. Reexame de provas. Súmula 279. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF, 2ª T,RE-AgR 227078 / MG - AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a): Min. GILMAR MENDES. Julgamento: 13/08/2002. Publicação: DJ 06-09-2002 PP-00091 EMENT VOL-02081-02 PP-00284