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III SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES 15 a 17 de Maio de 2013 Universidade do Estado da Bahia – Campus I Salvador - BA OS CASAIS “MODERNOS” DE MODERN FAMILY Ivia Alves 1 Resumo Ganhadora de sete prêmios Emmys de televisão e sucesso de audiência também no Brasil, Modern family (2009) passa uma visão ambígua da cena social. O texto trata da reiteração dos papéis sociais da mulher em uma série considerada pela crítica como um novo formato de comédia e que tem por objetivo apenas o lazer e a diversão. Mas, ao mesmo tempo, se a narrativa é novidade, o enquadramento da família “moderna” não convencional está carregado de uma perspectiva conservadora. Embora o objetivo dos criadores seja o estímulo ao riso, ao desfrute imediato, um olhar mais observador irá detectar um posicionamento tradicional em relação à família, mesmo incluindo na trama um casal gay. O sucesso de Modern family, criada na segunda década do século XXI, se contrapõe ao avanço das comédias, que tratam dos mesmos elementos, do final do século XX. Palavras-chave: Papéis sociais. Representações de mulheres. Crítica feminista. Narrativas seriadas. Introdução Atualmente, não se pode pensar em negar a influência das mídias na formação de subjetividades, principalmente de determinadas programações da televisão como as narrativas ficcionais que, cada vez mais, tentam reproduzir “a vida social”. Comenta Rejane Messa, em seu artigo “A cultura desconectada”, ao analisar as comédias ou sit-coms produzidas pelos EEUU e veiculadas no país: Na sociedade contemporânea, a televisão é um artigo de consumo obrigatório. Tão obrigatório quanto a variedade de sua grade de programação, que deve estar sempre recheada de atrações para conquistar seu público. Televisão, no século XXI, é sinônimo de informação e lazer e os produtos que apresenta precisam cumprir funções: fazer rir, chorar, emocionar. Longe de um entretenimento descompromissado, sitcoms e séries são um fenômeno social, onde temas relevantes da sociedade são abordados, tornando mais permissivas questões que poderiam ser – em um outro contexto bastante polêmicas, quando não inaceitáveis (Berciano, 1999). (MESSA, 2006, p. 1). 1 Professora de Literatura Brasileira e pesquisadora do NEIM, UFBA. Pesquisadora do CNPq desenvolvendo o projeto “Imagens e representações de mulheres... fragmentadas (representações de mulheres através das imagens e discursos em séries televisivas)”.

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III SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES

15 a 17 de Maio de 2013 Universidade do Estado da Bahia – Campus I

Salvador - BA

OS CASAIS “MODERNOS” DE MODERN FAMILY

Ivia Alves1

Resumo Ganhadora de sete prêmios Emmys de televisão e sucesso de audiência também no Brasil, Modern family (2009) passa uma visão ambígua da cena social. O texto trata da reiteração dos papéis sociais da mulher em uma série considerada pela crítica como um novo formato de comédia e que tem por objetivo apenas o lazer e a diversão. Mas, ao mesmo tempo, se a narrativa é novidade, o enquadramento da família “moderna” não convencional está carregado de uma perspectiva conservadora. Embora o objetivo dos criadores seja o estímulo ao riso, ao desfrute imediato, um olhar mais observador irá detectar um posicionamento tradicional em relação à família, mesmo incluindo na trama um casal gay. O sucesso de Modern family, criada na segunda década do século XXI, se contrapõe ao avanço das comédias, que tratam dos mesmos elementos, do final do século XX. Palavras-chave: Papéis sociais. Representações de mulheres. Crítica feminista. Narrativas seriadas.

Introdução

Atualmente, não se pode pensar em negar a influência das mídias na formação de

subjetividades, principalmente de determinadas programações da televisão como as narrativas

ficcionais que, cada vez mais, tentam reproduzir “a vida social”. Comenta Rejane Messa, em seu

artigo “A cultura desconectada”, ao analisar as comédias ou sit-coms produzidas pelos EEUU e

veiculadas no país: Na sociedade contemporânea, a televisão é um artigo de consumo obrigatório. Tão obrigatório quanto a variedade de sua grade de programação, que deve estar sempre recheada de atrações para conquistar seu público. Televisão, no século XXI, é sinônimo de informação e lazer e os produtos que apresenta precisam cumprir funções: fazer rir, chorar, emocionar. Longe de um entretenimento descompromissado, sitcoms e séries são um fenômeno social, onde temas relevantes da sociedade são abordados, tornando mais permissivas questões que poderiam ser – em um outro contexto bastante polêmicas, quando não inaceitáveis (Berciano, 1999). (MESSA, 2006, p. 1).

1 Professora de Literatura Brasileira e pesquisadora do NEIM, UFBA. Pesquisadora do CNPq

desenvolvendo o projeto “Imagens e representações de mulheres... fragmentadas (representações de mulheres através das imagens e discursos em séries televisivas)”.

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Salvador - BA

Parece lógico que tais programações (novelas, séries e minisséries) não são isentas de

ideologia e de interesses mercadológicos. Sendo estes produtos financiados, antes e durante sua

veiculação, pelas propagandas, cada investidor tem seus próprios interesses, que nem sempre estão

em correspondência com o que acontece na vida da sociedade “real”. Diga-se de passagem, que os

seriados norte-americanos têm como fundamento de suas narrativas o realismo. Segundo H.

Buarque de Holanda2, ao entrevistar um produtor de programas, este, diante deste impasse entre os

programas televisivos e os financiadores, respondeu, sem embaraço, que a programação da TV não

tem interesse em “constranger” os seus espectadores, o que, diga-se de passagem, aqui quer

significar, colocar para refletir ou discutir. Em geral, a programação da televisão é tradicionalmente

conservadora diante dos costumes e hábitos, quando se trata de instituições, preocupando-se mais

com o avanço das aparências através das quais pode influenciar sua audiência ao consumo.

Na contemporaneidade, a globalização de programas veiculados pela televisão, produzidos

para o local, mas vendidos para emissoras de outros países e, portanto, com a circulação de séries e

novelas a percorrer países de culturas diferentes, “obriga” a necessidade de: “homogeneizar os

gostos, de modo a garantir a aceitação de tais produtos. [...] Essa mídia parec[e] feita de encomenda

para publicizar também produtos e estilos de vida em que esses produtos p[ossam] se encaixar”

(MORENO, 2012, p. 27).

Para fazer circular mais facilmente e passar a fazer sentido dentro das culturas, certos temas

são mais eleitos que outros. Assim, determinados seriados que trazem como temas a justiça, a lei e a

família são os mais escolhidos para circular pelo mundo, visto que, tendo os países as mesmas ou

semelhantes instituições, a sua veiculação é aceita. Como foi referido acima, o núcleo temático duro

destas séries não se modifica, porém toda a parte externa aparece homogeneizada, pois, embora

distante das práticas sociais, dá conta, nesse momento de grandes mudanças, de: “estilos de vida,

modelos de beleza, desejos de consumo e aspirações que se introjetam, contribuindo fortemente

para a formação de uma nova subjetividade” (MORENO, 2012, p. 27).3

Tratando-se de seriados produzidos nos Estados Unidos, uma fábrica bem sucedida de

contar estórias em menos de uma hora dando trato de situações possíveis, destaca-se o tema das

relações familiares, que se tornou uma tônica neste momento, talvez pela vulnerabilidade da

2 Vide: <http://www.heloisabuarquedehollanda.com.br/>. 3 Neste momento, não vamos discutir a desconexão entre essas comédias que se centram na família e o

contexto brasileiro, extremamente diferente em valores e costumes do norte-americano.

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Salvador - BA instituição ou, ainda, porque, o retorno a uma ideologia tradicional seja uma forma de abrandar as

rápidas mudanças que estão acontecendo nas várias formas de relações afetivas.

Esses seriados têm grande audiência fora do seu local de produção e são quase sempre

apresentados como comédias, o que pode trazer, nas situações apresentadas, vários sentidos ou

ambiguidade de sentidos para a sua audiência. Em geral, o traço que caracteriza estes enredos é

destinar-se ao riso, à busca de um entretenimento leve, sem se perceber se o produto faz uma crítica

à realidade ou se ele se coloca em uma área de conforto que não leve ao constrangimento ou debate.

Quero dizer, assim, que a série, convenientemente tratada como comédia, pode passar para a

audiência como apenas mais um programa de lazer e entretenimento, sem que seja levada em conta

uma observação ou crítica da realidade que apresenta.

Algumas vezes já aconteceu que, com esse tipo de formato, a audiência capte, de forma

diferente, o que vem sendo mostrado e, então, seus produtores e roteiristas modificam o caminho da

comédia em busca desta mesma audiência. Outras vezes, tais modificações são feitas a reboque da

audiência. Não por acaso, determinadas séries foram “reconstruídas” e ressignificadas, devido à

recepção da audiência. Tome-se como exemplo Nip/tuck (Puxa/estica), de 2003, ou Desperate

housewives (Mulheres desesperadas), de 2004, séries que não só modificaram a configuração dos

personagens bem como suas narrativas, passando de séries dramáticas e críticas da realidade para

comédias de entretenimento.

Temas de comédias: amigos e família

O caso mais elucidativo desse processo produção versus entretenimento aconteceu com a

série Sex and the city, baseada nas crônicas de Candice Bushnell, escritas para o jornal. No livro, a

autora mostrava e comentava o comportamento de mulheres livres e independentes, com carreiras

firmadas e com idade acima de trinta anos que, na série, se transformou na busca desesperada por

um marido, festas, restaurantes e boates badaladas e, ainda, em um desfile de moda. O livro

apresenta diversas mulheres entre as idades de 30 a 40 anos, que foram transformadas na série em

quatro mulheres com tipos de personalidades diversas, que permaneceram amigas, mas sem que

houvesse estreitos elos de afinidades. As tramas do livro deram conta da primeira temporada, mas,

devido ao sucesso e aos prêmios ganhos, teve mais quatro temporadas direcionadas, a partir da

segunda, para o que o público identificou como sendo a apresentação da nova mulher. Segundo o

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Salvador - BA comentário de Messa acerca dos deslocamentos que a indústria cultural pode causar na identidade

nacional, a série que, por um lado, “abre espaço para a questão da mulher contemporânea – e

solteira , pode ser ilustrativo [do sitcom]: o tema da ‘mulher solteira com mais de trinta anos’

passou a ser debatido com maior intensidade na mídia depois de seu surgimento”, por outro, [...] os estilistas usados por Carrie Bradshaw, personagem principal da sitcom, antes desconhecidos, viraram ícones; os sapatos Manolo Blahnik, sua grande paixão, idem; além disso, uma jornalista brasileira lançou um livro com um roteiro de Nova Iorque de acordo com os locais visitados pelas personagens. (2006, p. 13).

Dado ao grande sucesso, o canal que produziu a série passou a vender seu produto para

outras emissoras abertas, retirando todas as cenas de relações sexuais, transformando-a em produto

palatável para todos os gostos. Assim, Sex and the city pulou de um canal que se preocupa em

realizar produções adultas e críticas para outros, tornando-se uma comédia superficial que apresenta

quatro mulheres em busca de um homem ideal. Segundo Moreno:

Sex and the city tornou-se um marco da cultura massiva porque acabou atingindo a formação de subjetividades ‘de homens, mulheres e crianças, ajudando a compor a imagem introjetada dos papéis sociais, da aparência, dos sonhos e desejos’ (MORENO, 2012, p. 65).

Atualmente, vem crescendo o número de comédias sobre a família, que permanece, desde os

anos de 1980, sendo tratada como disfuncional. Se, nos primórdios das séries de televisão, em 1950,

as famílias eram harmônicas e “papai sabia tudo”, confirmando o protagonismo do patriarca da

família nuclear, atualmente, esta mesma família se ampliou e mais parece um clã, composta de

avós, pais, filhos adultos casados e netos.

Durante os anos 80 e 90, emergiram as comédias, tratando de laços de amizade entre jovens

ou já adultos que viviam juntos ou próximos. Muitas situações foram tiradas destes novos núcleos

de personagens diversas, a exemplo de Friends, Will and Grace, Seinfeld. No entanto, embora

poucas, nunca deixaram de existir tramas com famílias disfuncionais. Atualmente, voltaram as

tramas que focam nos pais e filhos ou adolescentes no colégio em transição para universidades ou

em famílias nucleares que se agregam em torno de um patriarca. Entre as várias existentes, destaca-

se Modern family, iniciada em 2009. Seguindo basicamente o rastro da “dramédia” Brothers and

sisters, a composição desta família é diferente e seu apelo para o sucesso já vem através do título

ambíguo. O que tem de novo nesta nova sit-com?

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Uma nova comédia?

Modern Family é uma comédia criada por Steven Levitan e Christopher Lloyd e produzida

por eles, que já têm vários títulos de sucesso. A série começou a ir ao ar em uma longa temporada

de outono, de 2009, com 25 minutos de duração e 24 episódios. Transmitida por canal aberto, logo

ganhou adeptos.

Este produto, ao mesmo tempo em que traz inovações quanto ao formato da narrativa, por

articular as cenas com um comentário dos mesmos personagens, como se fosse um documentário,

em sua trama e nos personagens construídos por clichês, aparecem discriminações sobre latinos,

negros, gays e lésbicas. Levando-se em conta que a série se propõe apenas ao divertimento, a

audiência não se dá conta da quantidade de falas e situações preconceituosas que estão inseridas em

várias cenas dos seus quatro anos de temporadas.

Combinando inovação (estrutura narrativa) e conservadorismo (diálogos e situações),

acompanha-se o cotidiano dos personagens em situações pinçadas para fazer rir. E nada melhor para

isto do que as relações dentro de um grupo familiar. No caso de Modern family, isto é elevado ao

cubo, porque os criadores preferiram representar a pirâmide patriarcal pai, filhos e netos

vivendo separados em suas casas, mas sempre convivendo juntos em reuniões informais, encontros

e festas.

Segundo a notícia de divulgação do jornal O Globo, Miller assim apresenta o produto: “Uma

das (boas) sacadas de Modern family é o formato: a série é um falso documentário

(“mockumentary”), tal como ‘The office’. Uma câmera acompanha os atores em cena, mas não

chega a interagir com eles”. Mas o crítico não deixa de chamar a atenção para o conteúdo:

Em um momento em que o ‘humor do bem’ está na moda, o programa é uma ótima válvula de escape para os fãs do politicamente incorreto. Os personagens são estereotipados e a série brinca com os diversos tipos de situações que existem no mundo globalizado de hoje sem medo de, às vezes, até soar preconceituosa. Todo tipo de piada clichê envolvendo imigrantes ilegais, homossexuais e pobreza de países subdesenvolvidos são expostos logo no episódio desta noite. Mas de maneira sutil, distribuída em pequenas situações do cotidiano que costumam passar despercebidas. (MILLER, 2010).

Concordando com a visão de Miller, é preciso detalhar mais esse paradoxo, de “colocar no

mesmo saco” tanto um patriarca quanto um casal gay. São três núcleos familiares que se encontram

ligados por laços familiares, formando uma pirâmide afetiva e trazendo os desencontros de

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Salvador - BA gerações. Identificando as funções no grupo social familiar temos: o mais velho, Jay Pritchett, pai

de Mitchel e Claire ambos já na faixa dos 40 anos. Interessante é Jay desempenhar a função de

aglutinador dos desejos e decisões da família, como um patriarca, quando este grupo familiar não

tem patrimônio nem herança para aglutinar os parentes em torno do fundador. A família de Jay e

seus filhos correspondem, em uma escala social, a uma família de classe média.

Percebo que é preciso contar a estória do grupo familiar rapidamente, para que se possa

caracterizar seus espaços e suas vidas pregressas (o conjunto de características que configuram cada

personagem em ação).

Jay se divorciou da primeira mulher e se casou, pela segunda vez, com uma jovem

colombiana, bonita e com metade de sua idade. Gloria, na verdade, está na mesma faixa etária dos

filhos de Jay. Como viúva, ela já traz para o novo casamento um filho, o Manny, que é bastante

maduro para os seus 10 anos de idade e que sofre discriminações na escola, por sua origem. Manny

toma conta de sua mãe, inclusive no que diz respeito a decisões, porque ela se comporta como

imatura e desajeitada.

Claire, filha de Jay, é casada, tem três filhos e é apenas dona de casa. Ela é construída como

a mãe tensa e estressada, superprotetora, que insiste em manter a família dentro do paradigma de

família feliz. Casada com Phil, este é o marido desatento, pouco maduro, mas amoroso, pai

“descolado” a quem nada afeta a não ser esportes. Procura sempre a aceitação do sogro, que o trata

mal. Por outro lado, o filho de Jay, Mitchell, é gay, sensível e tenso e, por ser advogado, está pronto

a discutir os seus direitos em qualquer situação em que se sinta discriminado. Ele forma o casal com

Cam, estereótipo de gay afeminado, bastante dramático, que deixou de trabalhar para tomar conta

da filha adotiva vietnamita de ambos.

Fechando o cenário dessa(s) família(s), os filhos de Claire e Phil também são estereotipados:

Haley, de 15 anos, é uma jovem popular que só pensa em namorados e festas; Alex, mais nova, é a

nerd estudiosa que usa óculos e tem inveja da beleza da irmã; o caçula, Luke, tem a mesma idade de

Manny (filho de Gloria) mas é desastrado e vive nas nuvens, no sonho.

É a partir das relações entre as três famílias que se desenvolvem os conflitos e, como o

gênero é comédia, não há tempo de desenvolver a configuração dos personagens logo, são todos

tipos estereotipados. Embora as situações levem os espectadores ao entretenimento puro e simples,

a série apresenta claros aspectos de retrocesso, assemelhando-se a sit-coms dos anos 70/80. Se,

naquela época, tais comédias já traziam um descompasso com relação à práxis social, agora, elas se

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Salvador - BA apresentam como um reforço subliminar de uma mesma forma de alinhar “como família

tradicional”. Isto quer dizer que nada mudou na família mesmo sendo ela formada por casais de

gays ou lésbicas ou casais cujos membros vêm de gerações diferentes, o que não quer dizer que suas

visões de mundo, suas afetividades sejam outras. Tirando o casal gay, as duas famílias formadas por

heterossexuais não têm amigos: o par de Claire para saídas é Gloria (sua madrasta!). Sobre a mãe,

excluída do clã pelo divórcio, nunca se fala; ela sequer é mencionada.

Na série, o poder do pai demanda da busca de aceitação ou do amor pelos filhos. Eles são

classe média, não dependem economicamente do pai como na visão de mundo tradicional, daí, qual

a intenção de criar o clã? seria apenas para deleite da plateia?

No caso de Modern family, a situação patriarcal vai ser modificada, embora ela exista e

muito forte, por parte do pai, com relação ao casal de filhos adultos, o que não implica nenhum

constrangimento ou ressentimento dos filhos pelo novo casamento. Agora, Jay continua o baluarte

da família, apesar da parceira ser uma imigrante colombiana bem mais nova, com quem ele terá

muitos conflitos semelhantes aos de seus filhos com seus parceiros. Também não aparece nenhuma

crítica, apenas se reitera que Gloria casou com ele, talvez, por interesse financeiro. Assim, ao

mesmo tempo em que ele exerce seu poder de patriarca sobre os filhos, rejeitando o genro, marido

de sua princesinha e desqualificando e ridicularizando o filho, desde a sua infância, por ser gay, Jay

Pritchett, o patriarca, se iguala a eles, por ter que lidar com uma família tão jovem quanto a dos

filhos. Não há iteração entre pai distante e os filhos, embora ele agora queira exercer a figura de pai

para o enteado. Gloria sempre é retratada pelo pior estereótipo, bonita, com formas pronunciadas e

provocativas, desligada, manhosa, espalhafatosa, desde as roupas até sua maneira de falar. Seu

filho, Manny, também se integra ao clã por ter a mesma idade do neto e ser mais moço que as netas

do patriarca.

Detalhando os tipos

O patriarca, Jay, segue o velho esquema de pai provedor do passado, sem tempo para os

filhos e a mulher, em casa, no papel de cuidadora. Agora, sem trabalhar (possivelmente,

aposentado), tem outra postura com o enteado, tentando participar de sua vida, o que o leva a muitas

embrulhadas, pois Manny se apresenta muito mais maduro para resolver as situações. No entanto,

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Salvador - BA os filhos do seu primeiro casamento não são tão maduros emocionalmente, pois, além de exigirem

sua aceitação, disputam seu amor e a aceitação para seus parceiros.

Não há nenhuma referência à mãe, mesmo ela estando ainda viva, nem uma fala de carinho,

visto que foi ela que os criou. O filho mais moço, Mitchell (quarentão), ainda traz as marcas das

humilhações não superadas da infância quando o pai, por qualquer situação, o chamava por nomes

femininos, mas, mesmo assim, busca a sua admiração. É característico da cultura norte-americana o

pai ter contato com o filho através dos esportes, o que não aconteceu, porque ele odiava esportes e,

nas suas breves tentativas, seu pai, decepcionado, sempre o humilhava, desqualificando-o.

Claire, a filha mais velha e a “princesinha” do pai, é o “modelito” de mãe e esposa. Cuida da

casa, controla a família e vive a vida de seus filhos e do marido, lutando e incentivando-os.

Controladora, ou como ela é chamada, detalhista, quer tudo arrumado e perfeito em volta dela.

Quase sempre suas situações se passam na cozinha aviando uma alimentação, o que quer dizer que

não exerce nenhuma profissão fora de casa. Ela, por sua vez, alimentada pelos erros e acertos das

filhas, suas projeções, uma, popular, a outra, inteligente, é tremendamente tensa e extremamente

superprotetora. Em algum episódio da série, revela-se que, em solteira, ela trabalhava fora, mas

desistiu para cuidar da casa, depois da gravidez da filha mais velha, mas não se mostra ressentida

nem demonstra desejo de voltar a trabalhar.

O marido, Phil, é um corretor de imóveis, provedor da casa e da família, uma repetição

melhorada do patriarca, por ser mais flexível e muito próximo aos filhos. É o que, na série, vai ser

um pai descolado. Daí, ele ser um pai compreensivo e benevolente enquanto a mãe Claire é que

toma conta das normas que devem conduzir os filhos. Quando jovem, ele era um popular atleta e

assim, muitas vezes, deixa os aparelhos e bolas pela casa, representando também a criança grande

voltada mais para ser o amigão do que a ter maiores responsabilidades. Jay o detesta e ele faz de

tudo para ser aceito pelo patriarca. Há, talvez, aí, uma comparação entre Jay e Mitchell, como se

pode notar em alguns episódios. Enquanto Mitchel luta para ser aceito pelo pai, Phil evidencia que

seu pai sempre o apoiou em suas competições esportivas.

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Mitchell é eventualmente o provedor, na medida em que Cam(eron) resolveu ficar em casa

para tomar conta da filha adotiva, Lilly. No decorrer das quatro temporadas, Cam tem ocupações

eventuais como ser ator substituto de cantores do musical Cats.4

Mitchel é caracterizado pela sensibilidade, por seu aspecto frágil e tenso. Ele sempre está

vigiando qualquer atitude dos outros de rejeição a sua escolha sexual e irrompe com discursos a

qualquer momento.5 No casal, há uma inversão dos estereótipos. O frágil, magro é aquele que é o

provedor e o mais racional e articulado. O gordo Cam, mais alto do que Mitchell, é dado a

comportamentos dramáticos e tem vários tiques, considerados comportamentos típicos de gays.

Talvez sua dramaticidade venha do palco, porque ele é um ator e cantor, e seus tiques possam ser

vistos pela maior liberdade da comunidade que frequenta, visto que Mitchell vive em um mundo de

executivos. Como casal, eles não têm papéis sociais diferentes de um casal heterossexual. E isto

passa batido, sem maiores problemas para uma audiência (brasileira), que é homofóbica na sua

maioria.

Comentando a série, um jornalista escreve na Folha de São Paulo: “É muito legal que haja

um casal gay com os mesmos problemas de um casal hétero, e os dois são adoráveis”

(ARANOVICH, 2012). Será que esta é a forma coerente de se colocar em tela as reivindicações de

casamento entre gays? Inserir-se na sociedade dentro do paradigma de família tem muito a ver com

os contratos matrimoniais, mas viver com a divisão sexual de trabalho se transforma em

interessante? Talvez tal domesticação seja uma forma de retirar o preconceito da sociedade, mas

não é, da mesma forma, preconceituoso?

Uma palavra sobre Gloria, a imigrante latino-americana que, nascida em um vilarejo cheio

de traficantes, apresenta uma configuração estereotipada por vários tiques e comportamento de

latinos, além do sotaque. Quase sempre ela se refere às suas origens, que são confundidas pelo

marido (que não consegue entender espanhol, além de misturar as nacionalidades e mesmo as

línguas espanhola e portuguesa). Um dos vários exemplos se faz sentir quando ele quer que ela

entenda a empregada portuguesa porque falam a mesma língua e ela retruca: eu não entendo 4 Sabe-se que foi longa a temporada de Cats, na Broadway (18 anos) e ela já foi muito citada em outras

séries. 5 Interessante que a personagem foi bem aceita pelo público, mas quando o ator se declarou gay houve

grande rejeição do mesmo público. O editor do site americano Fancest, especializado em séries, Todd Gold, disse que, na sociedade, “muitos discordam de questões como o casamento gay, mas os americanos já mostraram que, quando se trata de entretenimento, são incrivelmente tolerantes”, conforme publicado pela agência de notícias Reuters.

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Salvador - BA português. Gloria tem um corpo escultural, veste-se com roupas bem justas (com a reprovação de

Claire), fala muito alto (será um estigma dos latinos?) e diz o que vem à mente, passando por cima

de detalhes preconceituosos ou de rejeição da família. Gloria, em seu relacionamento com Jay, não

se complica, porque ele é apaixonado por ela e ela faz o que quer.

As crianças e adolescentes completam o quadro, mas também são estereotipadas: Manny, o

filho de Gloria, muito maduro para a idade, tem poucos amigos porque sempre é tratado como

mexicano. Suas falas são, muitas vezes, de adulto e se torna confidente de Claire, ouvindo suas

queixas familiares. O filho de Claire, da mesma idade, é um menino infantilizado.

As duas adolescentes se opõem, Haley é bonita, popular, festeira e namoradeira, enquanto

Alex é a feia, estudiosa e madura emocionalmente. Mas seus desejos se mostram misturados aos

anseios da mãe, que vive as dificuldades delas tentando resolvê-las mas quase sempre criando

situações desastrosas.

Os estereótipos são bem marcados e eles não saem do script traçado.

Os limites das minorias

A mídia optou pelo silêncio e invisibilidade seletiva de nossos avanços, demandas sociais e políticas. Nela, em âmbito internacional e, particularmente, nacional, faltam o espaço e as condições para se fazer

ver, ler e ouvir [as diversas vozes]. (MORENO, 2012, p. 220).

Embora a série demonstre a disfunção da família, chama muito a atenção o espaço dado às

esposas e mães.

Elas não trabalham fora, não têm profissão e são exclusivamente do lar. Acrescente-se que

Cam(eron) também desempenha esta mesma função. Além do mais, Cam está mais próximo do

papel de dona de casa semelhante ao desempenhado por Claire, do que mesmo Gloria, que mantém

uma empregada. Talvez haja uma mudança na configuração de Gloria, agora que ela está grávida.

Mas, se as situações criadas para Claire estão voltadas para o espaço da cozinha ou de alguma

arrumação, isto não acontece com relação a Gloria, mas sim no cuidado de Cam com sua filha

adotiva. É ele também que vai para a cozinha fazer pratos trabalhados.

Na verdade, no mundo contemporâneo e tratando-se de famílias de classe média não há mais

espaço para o conformismo de atuar apenas dentro dos papéis tradicionais. Com certeza, há um

descolamento da realidade social, pois, segundo comentários dos criadores, muitas destas situações

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Salvador - BA foram vistas ou vividas com suas famílias. Sendo já adultos, provavelmente, as situações familiares

correspondem a mais de vinte anos atrás. A novidade, embora estereotipada, é a inclusão de um

casal gay vivendo no clã familiar.

Mas a atividade de cuidador(a), às vezes, não fica bem resolvida em determinadas situações

de Cam e Mitchell, pois eles saem e não se sabe com quem fica a menina.

A exploração de preconceitos

Com o auxílio da Análise do Discurso Crítica (ADC), demonstrando o alto nível de

preconceitos, descrevo duas pequenas cenas, extraídas do Episódio 402, para se verificar o uso

reiterado de estereótipos com relação a gays e também étnico-racial:

O casal Mitchell e Cam leva Lilly para o primeiro dia de aula do jardim de infância. Após as

despedidas, eles ouvem a filha gritando, pois um menino, da mesma idade, está puxando suas

tranças. Ao fim e ao cabo, diante das ameaças que Cam faz à criança, o diretor os leva a sua sala e

chama os pais do menino. Ao chegarem os pais, eles veem que é um casal de lésbicas. Estabelece-se

o diálogo:

Quem fez nosso filho chorar, mexeu com as mães erradas.

Mitchel e Cam – São lésbicas... (ficam desolados).

Congela a cena para o comentário de ambos. Eles se apoiam ironicamente no diagrama

matemático de Venn para demonstrar a incompatibilidade. O diagrama é o seguinte:

Com os braços em círculos, ambos demonstram que há compatibilidade entre homens

héteros e gays, entre gays e mulheres héteros, porém não existe compatibilidade entre gays e

lésbicas. A demonstração é a seguinte:

Mitchel – Embora colocados no mesmo grupo, gays e lésbicas têm menos em comum do que

se imagina.

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Cam – No diagrama de Venn de identidade sexual, você tem homens gays e os héteros. Há

compatibilidade, pois, os dois círculos existe intersecção.6

Mitchel – Depois, tem os homens gays.

Cam E as mulheres héteros.

6 Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usados em matemática para simbolizar graficamente

propriedades, axiomas e problemas relativos aos conjuntos e sua teoria. Os respectivos diagramas consistem de curvas fechadas simples desenhadas sobre um plano, de forma a simbolizar os conjuntos e permitir a representação das relações de pertença entre conjuntos e seus elementos e relações de continência (inclusão) entre os conjuntos. Assim, duas curvas que não se tocam e estão uma no espaço interno da outra simbolizam conjuntos que possuem continência; já o ponto interno a uma curva representa um elemento pertencente ao conjunto. Do mesmo modo, espaços internos comuns a dois ou mais conjuntos representam a sua interseção, ao passo que a totalidade dos espaços pertencentes a um ou outro conjunto indistintamente representa sua união.

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Mas entre gays e lésbicas não há intersecção, são círculos que não têm elementos em

comum.

Gays e lésbicas...

Nada.

Para reafirmar os estereótipos, logo em seguida, vem o primeiro encontro deles e o

descompasso se agrava em atritos que vão ser dirimidos pela busca dos filhos que se esconderam.

A outra situação acontece com Gloria e Jay em uma escola de aprendizagem sobre

maternidade.

A professora entrega ao casal um boneco negro. A seu lado, está um casal de latinos, que

recebe um boneco branco.

Jay fala para o homem mostrando o boneco.

Não trocaram os bebês na maternidade?

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E assim, grande parte do roteiro desta comédia explora os discursos conservadores que

desqualificam os outros. E a audiência apenas ri, reduplicando e reiterando os preconceitos já

existentes. Estas e outras mensagens preconceituosas são passadas suavemente, para o desfrute da

audiência. No entanto, quando o ator que interpreta Micthell assumiu ser gay, a própria audiência o

recriminou e rejeitou a sua atitude. Será que a comédia está realmente tornando comum a

convivência com gays e latinos ou garantindo a expansão dos preconceitos?

Referências

HOLLANDA, H. Buarque. Disponível em: <http://www.heloisabuarquedehollanda.com.br/>. IMDB (Internet Movie Database). Disponível em: <http://www.imdb.com/title/tt1442437/.> ARANOVICH, Lola. Tem como não adorar Modern Family? Escreva Lola escreva. 11 dez. 2012. Disponível em: <http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2012/12/tem-como-nao-adorar-modern-family.html>. Acesso em: 17 fev. 2013. EMMY 2010 PRESTIGIA CULTURA GAY – Modern Family é a grande vencedora. Revista lado A. 30 ago. 2010. Disponível em: <http://revistaladoa.com.br/2010/08/noticias/emmy-2010-prestigia-cultura-gay-modern-family-grande-vencedora>. Acesso em: 17 fev. 2013. MESSA, Marcia Rejane. A cultura desconectada: sitcoms e séries norte-americanas no contexto brasileiro. UNIrevista , v. 1, n. 3, jul. 2006. 9p. Disponível em: http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_Messa.PDF. Acesso em: 20 fev. 2013. MILLER, Gustavo. ‘Modern family’ faz divertida crítica dos estereótipos da sociedade atual. O Globo, 3 maio 2010. Disponível em: <http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2010/05/modern-family-faz-divertida-critica-dos-estereotipos-da-sociedade-atual.html>. Acesso em: 17 fev. 2013. MORENO, Rachel. A imagem da mulher na mídia: controle social comparado. São Paulo: Publisher, 2012.