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Identificação e Avaliação de Riscos Psicossociais

Aveiro 15 de Maio de 2013

Lúcia Simões Costa Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, UP Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra

Seminário de Segurança e Saúde no Trabalho

Os Riscos Psicossociais

Lúcia Simões Costa


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• Mudanças significativas ocorridas no mundo do trabalho

resultaram em riscos, ditos, emergentes (riscos novos e em

crescimento). Entre eles, os riscos psicossociais têm sido

identificados como um dos grandes desafios para a saúde e

segurança no trabalho (Agência Europeia para a Segurança

e Saúde no Trabalho, 2010).

• Interesse, recente e crescente, pelos riscos psicossociais no

trabalho. Porquê?

‒ O seu aumento.

‒ O incremento da sua visibilidade.

As Razões do Aumento dos Riscos Psicossociais



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• Alterações do valor e significado do trabalho, as suas novas

formas de organização, as alterações socioeconómicas

(globalização, terciarização, feminização, envelhecimento), a

alteração dos espaços, do conteúdo e da natureza do trabalho

(Rantanen, 1995).

• Maior esforço mental, maior ritmo e sobrecarga de trabalho, altos

níveis de atenção e concentração, maior responsabilidade e

horários diferenciados (Muñoz, 2006).

• Aumento de lógicas gestionárias que se afastaram dos valores do

trabalho no seio de organizações, onde as condições de trabalho

se agravaram, inclusive no plano físico (Valléry & Leduc, 2012).

• Alterações no conceito de saúde como sendo algo global,

conquistável e dependente de todos os aspetos da vivência do ser

humano.

As Razões do Incremento da sua Visibilidade



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• A sua difusão maciça no domínio público, a partir da década

de 2000, através de campanhas, legislação e, também, pelos

efeitos mediáticos de suicídios em grandes empresas.

• Terem sido considerados riscos emergentes, ou seja, de

serem englobados numa classe de riscos novos e em

crescimento.

• Em parte considerável, pelo facto da expressão riscos

psicossociais ser vista, muitas vezes, como uma extensão do

vocábulo stress (Valléry & Leduc, 2012).

A Identificação dos Riscos Psicossociais



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• Nem a noção de risco psicossocial é sinónima da de stress,

nem os riscos psicossociais podem ser definidos ou

confundidos com as consequências a que dão origem.

• Reduzir estes riscos a um termo, como seja o de stress,

implica tomar o todo pela medida de um só dos seus,

possíveis, componentes.

• A sua identificação deve partir dos fatores que lhe estão a

montante e que são a razão do seu aparecimento.

• O risco psicossocial não o é em função da sua manifestação,

mas sim da sua origem.

• O que restringe o campo da definição do risco psicossocial,

não são as consequências em termos de saúde mental, física e

social, mas as condições de trabalho e os fatores

organizacionais e relacionais.

A Identificação dos Riscos Psicossociais



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• Não é o risco que traz a “marca psicossocial”, mas sim os

fatores suscetíveis de provocar as alterações de saúde.

Somente os fatores de risco são suscetíveis de transportar esse

traço psicossocial.

Os riscos psicossociais são os riscos para a saúde mental,

física e social, originados

pelas condições de trabalho e pelos fatores organizacionais e

relacionais suscetíveis de interagir com o funcionamento

mental (Gollac & Bodier, 2011).

Os Fatores Psicossociais de Risco no Trabalho



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• Intensidade do trabalho e tempo de trabalho (constrangimentos de

ritmo; responsabilidade; duração e organização do tempo de

trabalho, conciliação trabalho/vida fora do trabalho).

• Exigências emocionais (relação com o público; contacto com o

sofrimento; esconder emoções; a violência externa).

• Falta/insuficiência de autonomia (na tarefa; previsibilidade do

trabalho; a monotonia e tédio; satisfação no trabalho).

• Má qualidade das relações sociais no trabalho (reconhecimento;

apoio social; relações com os colegas e superiores; violência

interna-discriminações, assédio moral e assédio sexual).

• Conflitos de valores (conflitos éticos; trabalho inútil).

• Insegurança na situação de trabalho/emprego (segurança no

emprego, no salário e na carreira).

A Avaliação dos Riscos Psicossociais



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• O trabalho prescrito corresponde à função formalmente

reconhecida para um posto de trabalho determinado.

• A tarefa: descrição da função e das condições do seu

exercício.

• O trabalho real (efetuado, redefinido) corresponde ao que se

faz realmente para o cumprimento da função.

• A atividade: descrição das respostas do indivíduo ao conjunto

das características da tarefa.

Alguns pressupostos




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• Quer ao nível dos fatores de risco profissionais quer ao nível dos

problemas de saúde/segurança é a atividade de trabalho que está

em jogo - e não (somente) a tarefa.

• Caracterizar e compreender o contexto de trabalho (distinguir o

trabalho prescrito do trabalho real; o vivido pelo trabalhador; a

análise no “terreno”).

• Reconhecer os trabalhadores como atores da prevenção.

• Dimensão subjetiva dos efeitos do trabalho na saúde: integrar na

avaliação os efeitos patológicos da exposição, mas também os

efeitos menos visíveis (“infrapatológicos”).

Alguns pressupostos




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• As questões organizacionais, relacionais e as condições de

trabalho estão na origem dos riscos psicossociais.

• A análise dos riscos psicossociais deve ser feita a partir dos

fatores, que estão na sua origem, e que são suscetíveis de alterar

a saúde do trabalhador e não através das suas consequências.

• Uma abordagem eficaz dos riscos psicossociais necessita menos

de instrumentos específicos para a sua avaliação (e muito

menos para a avaliação das suas consequências, enquanto forma

de os medir) e mais de formas que permitam conhecer, em

profundidade, e assim avaliar, as condições em que,

concretamente se trabalha.

Alguns pressupostos




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• Agir sobre as causas e não sobre os sintomas.

• O foco de avaliação/intervenção deixa de ser o trabalhador

isolado, para se situar ao nível da atividade de trabalho.

• Avaliação de riscos: produção de um “encontro” e de um

espaço de debate entre diferentes interlocutores; diferentes

representações sobre os riscos e diferentes saberes sobre a

avaliação e intervenção.

Concretizando

Assumindo a atividade de trabalho como elemento integrador e estruturante da

avaliação de riscos psicossociais.




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• Estudos epidemiológicos

• Inquéritos às condições de trabalho

• Estudos de caso

• Entrevistas individuais

• Entrevistas coletivas

• Questionários aos trabalhadores.

Alguns instrumentos




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Alguns instrumentos

• Copenhagen Psychosocial Questionnaire (COPSOQ )

(Fernandes da Silva et al., 2012)

Versões:

• Longa (41 escalas, 128 questões)

• Média (28 escalas, 87 questões)

• Pequena (23 escalas, 40 questões)




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Alguns instrumentos

• Questionário FPSICO – Escala de valoración de los riesgos

psicosociales do Instituto Nacional de Seguridad e Higiene

en el Trabajo (INSHT) de Espanha (em processso de

adaptação)

(Silva & Marques, ISLA)




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Alguns instrumentos

• Inquérito Saúde e Trabalho (INSAT)

(Barros‐Duarte, Cunha & Lacomblez, 2010)

I eixo: O trabalho

II eixo: Condições e características do trabalho

III eixo: Condições de vida fora do trabalho

IV eixo: Formação e trabalho

V eixo: Saúde e trabalho

VI eixo: A minha saúde e o meu trabalho

VII eixo: A minha saúde e o meu bem‐estar




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Considerações finais

• A avaliação de riscos psicossociais deve ser feita em conjunto

com a avaliação dos outros tipos de riscos e integrada nos planos

de gestão de riscos.

• O envolvimento de todos (direção, chefias intermédias e

trabalhadores) é vital para o seu sucesso.

• Todos devem ter acesso aos resultados e estar envolvidos na

definição de medidas.

• Uma abordagem sem a participação dos trabalhadores leva a

fenómenos de resistência ao processo.

• Uma abordagem sem o envolvimento das chefias intermédias

pode levar ao insucesso (muitos dos problemas e soluções estão a

este nível de gestão)




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Considerações finais

• Nem tudo pode ser alterado!

• Mas muitas situações podem e devem ser mudadas.

• As más condições de trabalho não devem ser aceites

como parte do trabalho.

• Não há nenhum padrão de soluções para os problemas.

• As soluções devem ser desenvolvidas localmente e

integradas noutras atividades da organização.

• Não há receitas universais: cada caso é um caso.

Agradeço a vossa Atenção!

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