prevenção e controlo de riscos na manutenção – parcerias ... · identificação de perigos e...

17
Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias para Minimizar Riscos C.M.T. Neves ( 1 ), M.I.L. Pires ( 1 ) [email protected], [email protected] ( 1 ) Direcção da Qualidade, Ambiente e Segurança, Manvia – Manutenção e Exploração de Instalações e Construções, S.A., Portugal Resumo Na manutenção tal como em qualquer actividade é importante garantir uma correcta identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo eficazes e que proporcionem um adequado nível de protecção da saúde dos colaboradores, um dos maiores valores de qualquer organização. Os principais perigos associados às actividades de manutenção encontram-se sobretudo relacionados com adopção de posturas inadequadas e movimentação manual de cargas, quedas de objectos, trabalhos em altura, exposição a ruído, trabalhos com electricidade, entre outros e que podem produzir, consequências como lesões músculo-esqueléticas, lesões traumáticas graves e electrização ou electrocussão. O carácter de imprevisibilidade de algumas tarefas de manutenção, associado aos timings por vezes pequenos para resolução dos problemas, o desconhecimento dos locais de intervenção e as dificuldades inerentes a acesso a máquinas e instalações, aumentam consideravelmente o nível de risco associado às tarefas e torna necessário antever medidas preventivas que possam ser aplicadas rápida e eficazmente proporcionando o controlo da exposição e consequentemente diminuindo o risco de ocorrência de acidentes e/ou desenvolvimento de doenças profissionais. Este é o desafio colocado diariamente às empresas de prestação de serviços manutenção. Entre as várias formas de prevenção conta-se com a aquisição de equipamentos de protecção individual e equipamentos de trabalho que possam auxiliar na execução das tarefas e conferir um grau de protecção adequado mas é em factores como a formação dos colaboradores (criação de cultura de segurança) e o estabelecimento de parcerias com clientes para efectuar melhorias nas instalações através da antecipação de tarefas de risco elevado ou situações de resolução complexa, que muitas das vezes se poderão encontrar as soluções mais ajustadas. 1. Introdução A manutenção regular, em particular a manutenção preventiva, é indispensável na eliminação de potenciais perigos no local de trabalho e na garantia de condições de trabalho adequadas, seguras e saudáveis. A falta de manutenção ou a manutenção inadequada podem provocar acidentes graves e fatais ou doenças crónicas e outros problemas de saúde. Reconhecendo a importância desta temática, a Agência Europeia para Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-OSHA), lançou em 2010, a campanha Pan-europeia “Trabalhos de reparação e manutenção seguros” com o objectivo de: - sensibilizar para a importância da manutenção na segurança e saúde dos trabalhadores, para os riscos associados à manutenção e para a necessidade de efectuá-la em segurança; - sensibilizar para as responsabilidades legais e outras das entidades empregadoras com vista à execução de uma manutenção segura, bem como para os motivos que a justificam;

Upload: vuongkhuong

Post on 19-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias para Minimizar Riscos

C.M.T. Neves (1), M.I.L. Pires (1)

[email protected], [email protected]

(1) Direcção da Qualidade, Ambiente e Segurança, Manvia – Manutenção e Exploração de

Instalações e Construções, S.A., Portugal

Resumo

Na manutenção tal como em qualquer actividade é importante garantir uma correcta identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo eficazes e que proporcionem um adequado nível de protecção da saúde dos colaboradores, um dos maiores valores de qualquer organização. Os principais perigos associados às actividades de manutenção encontram-se sobretudo relacionados com adopção de posturas inadequadas e movimentação manual de cargas, quedas de objectos, trabalhos em altura, exposição a ruído, trabalhos com electricidade, entre outros e que podem produzir, consequências como lesões músculo-esqueléticas, lesões traumáticas graves e electrização ou electrocussão. O carácter de imprevisibilidade de algumas tarefas de manutenção, associado aos timings por vezes pequenos para resolução dos problemas, o desconhecimento dos locais de intervenção e as dificuldades inerentes a acesso a máquinas e instalações, aumentam consideravelmente o nível de risco associado às tarefas e torna necessário antever medidas preventivas que possam ser aplicadas rápida e eficazmente proporcionando o controlo da exposição e consequentemente diminuindo o risco de ocorrência de acidentes e/ou desenvolvimento de doenças profissionais. Este é o desafio colocado diariamente às empresas de prestação de serviços manutenção. Entre as várias formas de prevenção conta-se com a aquisição de equipamentos de protecção individual e equipamentos de trabalho que possam auxiliar na execução das tarefas e conferir um grau de protecção adequado mas é em factores como a formação dos colaboradores (criação de cultura de segurança) e o estabelecimento de parcerias com clientes para efectuar melhorias nas instalações através da antecipação de tarefas de risco elevado ou situações de resolução complexa, que muitas das vezes se poderão encontrar as soluções mais ajustadas.

1. Introdução

A manutenção regular, em particular a manutenção preventiva, é indispensável na eliminação de potenciais perigos no local de trabalho e na garantia de condições de trabalho adequadas, seguras e saudáveis. A falta de manutenção ou a manutenção inadequada podem provocar acidentes graves e fatais ou doenças crónicas e outros problemas de saúde.

Reconhecendo a importância desta temática, a Agência Europeia para Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-OSHA), lançou em 2010, a campanha Pan-europeia “Trabalhos de reparação e manutenção seguros” com o objectivo de:

− sensibilizar para a importância da manutenção na segurança e saúde dos trabalhadores, para os riscos associados à manutenção e para a necessidade de efectuá-la em segurança;

− sensibilizar para as responsabilidades legais e outras das entidades empregadoras com vista à execução de uma manutenção segura, bem como para os motivos que a justificam;

Page 2: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

− promover uma abordagem simples e estruturada da gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) no domínio da manutenção, com base numa avaliação de riscos adequada. [1]

A manutenção caracteriza-se por ser realizada de uma forma transversal, em todos os sectores de actividade e em diferentes locais de trabalho, abrangendo uma extensa variedade de tarefas que podem ser realizadas em diferentes tipos de instalações e/ou equipamentos e ambientes de trabalho.

Pode incluir uma grande diversidade de actividades, nomeadamente inspecção e ensaio, controlo de condição, manutenção de rotina, revisão, reconstrução, reparação, modificação, entre outros. [2]

A extensão das intervenções de manutenção poderá incluir sistemas de ventilação e climatização (UTA, UTAN, ventiladores, Chillers), instalações eléctricas (Por exemplo, quadros eléctricos, iluminação, postos de transformação), sistemas de segurança contra incêndio e de emergência (Por exemplo, centrais de bombagem, geradores, UPS, detectores de incêndio) e outras infra-estruturas presentes em diferentes tipologias de instalações.

É exemplo a manutenção e conservação de edifícios, designadamente edifícios de escritórios e de habitação, centros comerciais, auto-estradas, escolas, unidades de saúde, entre outros. Manutenção de sistemas ambientais, designadamente sistemas de distribuição de água e drenagem de águas residuais (Por exemplo, ETA, ETAR, EE, reservatórios, canais condutores de água, fontanários, entre outros) e manutenção em contextos industriais (Por exemplo, industria extractiva, portuária, alimentar, produção de energia, entre outros).

Pode ainda implicar diferentes níveis de complexidade e especialização técnica, quer pela especificidade dos equipamentos e instalações a intervencionar, quer por requisitos particulares que decorrem de legislação específica nesta matéria, e que se podem reflectir ao nível dos procedimentos de intervenção, das qualificações necessárias aos colaboradores que as executam e do eventual equipamento utilizado na própria manutenção, entre outros.

Por uma questão de optimização da gestão e da própria execução da manutenção, nomeadamente pela economia de investimentos especializados e de competências na organização, muitas empresas optam pela subcontratação, total ou parcial, da manutenção.

Ainda que a manutenção seja essencial para garantir condições de trabalho seguras e saudáveis e evitar potenciais danos, as próprias actividades de manutenção implicam riscos específicos e podem ter consequências gravosas para quem as executa.

Na prestação de serviços externos de manutenção, parte ou a totalidade das tarefas de manutenção, podem ser executadas nas instalações do cliente, cujo ambiente de trabalho pode não ser integralmente controlado pelo prestador de serviços.

Adicionalmente e tendo em conta o contexto sócio-económico, as empresas, procuram muitas vezes soluções integradas para a gestão de actividades de manutenção, passando essa responsabilidade aos seus subcontratados (empresas prestadoras de serviços de manutenção).

Estas, para poderem oferecer uma gama mais alargadas de serviços de manutenção, poderão elas próprias recorrer a subcontratados para executar parte das actividades e/ou tarefas de manutenção, o que se traduz no aumento da complexidade e extensão da cadeia de valor com implicações também a nível da garantia das condições de segurança na realização das actividades de manutenção.

A presente comunicação tem como enfoque o papel das empresas que prestam serviços de manutenção em instalações de terceiros e as implicações para a gestão da SST ao longo da cadeia de valor.

Nesta perspectiva, a abordagem à subcontratação da manutenção deve ser estruturada e articulada entre o cliente e o respectivo prestador de serviços, ao longo da cadeia de valor, para garantir que o trabalho é realizado com respeito pelas directrizes de segurança impostas, por via legal ou contratual e outras boas práticas aplicáveis às actividades.

Page 3: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

2. Gestão da SST na manutenção

O crescente papel das organizações na sociedade, cada vez mais, como parte activa na promoção da SST, a par com a evolução das obrigações legais e das diferentes expectativas das várias partes interessadas no seu desempenho, direccionam as empresas no seu alinhamento com princípios de desenvolvimento com enfoque na prevenção em SST e promoção da satisfação, motivação, valorização e bem-estar dos seus colaboradores, integrando uma dimensão social mais abrangente.

Muitas organizações, para responder aos novos desafios que se impõem e para assumir o seu compromisso para a criação de valor económico e social, implementam sistemas de gestão com base em referenciais normativos reconhecidos pelo mercado, optimizando recursos e potenciando resultados. Os sistemas de gestão SST visam assegurar, de forma sistemática, as competências, os recursos e as condições necessárias e adequadas ao cumprimento da legislação, identificando, avaliando e controlando os riscos que se colocam à saúde e segurança dos Colaboradores.

Estes sistemas de gestão têm por base o conceito PDCA, também designado por ciclo de melhoria contínua, e que assenta nas seguintes etapas [3]:

���� Plan - Planear

Estabelecer os objectivos e os processos necessários para atingir resultados de acordo com a política da organização.

���� Do - Executar

Implementar os processos.

���� Check - Verificar

Monitorizar e medir os processos face à política, objectivos, metas, requisitos legais e outros requisitos, e relatar os resultados.

���� Act - Agir

Empreender acções para melhorar continuamente o desempenho.

Fig. 1 – Esquema exemplificativo de aplicação do ciclo PDCA na gestão SST

Page 4: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

4. Principais Perigos da Actividade de Manutenção

Dado que a manutenção é realizada em diversos sectores e locais de trabalho e envolve uma grande diversidade de tarefas, está também associada a um elevado número e tipologia de perigos, cujas consequências para a saúde dos colaboradores podem ser muito variáveis em função do enquadramento de cada actividade e em cada local.

Para além dos riscos associados aos diferentes ambientes de trabalho, as operações de manutenção envolvem riscos específicos, que podem incluir o contacto com equipamentos ou instalações em funcionamento.

Têm impacte para a materialização destes perigos a forma e organização das tarefas pelas equipas de manutenção, bem como o tipo de instalação, equipamento e contexto de intervenção e condições de execução.

Assim, de uma forma genérica os principais perigos associados à actividade de manutenção, na perspectiva das empresas prestadoras de serviços desta natureza, encontram-se sumarizados por família conforme apresentado seguidamente.

Mecânicos

Principais perigos

Presença de peças ou componentes em movimento, recipientes e/ou elementos sob pressão, objectos cortantes, parte salientes, quedas de objectos, projecção de partículas e/ou acesso a zonas perigosas, potenciados por eventual inadequado estado de conservação ou conformidade com as normas aplicáveis à concepção segura relativas ao equipamento de equipamento a intervencionar, nomeadamente ausência de protecção regulamentar.

Potenciais consequências para a saúde dos colaboradores

Ocorrência de golpes ou cortes profundos/amputação, abrasão/queimadura, contusões ou fracturas e lesões diversas.

Exemplo de tarefas associadas

Lubrificação de equipamentos, montagem e desmontagem de equipamentos e peças, entre outros.

Ambiente de Trabalho / Físicos

Principais perigos

Pico/dose ruído, dose vibrações, odores nocivos, iluminação desadequada (reflexos, encadeamento, baixos níveis de iluminação, efeito estroboscópico), elementos climatéricos (frio, calor, radiação solar, intempéries), ausência de ventilação, ambientes com poeiras/partículas/fumos metálicos, radiações ionizantes, radiações não ionizantes.

Potenciais consequências para a saúde dos colaboradores

Ocorrência de perda instantânea de capacidade auditiva, mau estar, incomodidade (insolação/hipotermia), intoxicação aguda, estados febris e queimadura.

Pode ainda originar doenças profissionais com destaque para surdez profissional, doenças articulares/ lesões musculo-esqueléticas, doença vibroacústica, problemas respiratórios/ doenças pulmonares ou eventuais alterações genéticas.

Exemplo de tarefas

Page 5: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

Trabalhos de corte, rectificação e soldadura, trabalhos no exterior, entre outros. São de grande relevância as características da instalação onde se realiza o trabalho.

Biológicos

Principais perigos

Possibilidade de contacto com animais e/ou matérias animais ou com ar, água, superfícies e/ou com população potencialmente contaminada.

Potenciais consequências para a saúde dos colaboradores

Desenvolvimento de problemas respiratórios/alergias/asmas, doenças infecto-contagiosas diversas e outras doenças com origem em agentes biológicos como bactérias, parasitas e fungos.

Exemplo de tarefas

São exemplos de tarefas, onde se enquadram estes perigos, trabalhos ao nível de AVAC com possibilidade de contacto com condensados, tarefas de manutenção em unidades de saúde e intervenções em unidades de tratamento de águas residuais e/ou resíduos, entre outros.

Eléctricos

Principais perigos

Contacto directo/indirecto, electricidade estática, descargas energéticas, radiação de alta frequência.

Potenciais consequências para a saúde dos colaboradores

Electrocussão, Electrização, Tetanização e Queimaduras.

Exemplo de tarefas

São exemplos de tarefas, onde se enquadram estes perigos, manutenção de instalações eléctricas, nomeadamente quadros eléctricos e postos de transformação, iluminação.

Ergonómicos

Principais perigos

Movimentação manual de cargas, local de trabalho não adequado, equipamentos de trabalho desadequado, trabalho com ecrã de visualização e trabalho de pé.

Potenciais consequências para a saúde dos colaboradores

Ocorrência de contusão ou fractura, podendo ainda originar doença crónica circulatória (varizes) ou lesões músculo-esqueléticas de natureza variada.

Exemplo de tarefas

São exemplos de tarefas, onde se enquadram estes perigos, trabalhos oficinais e manuseamento de peças e componentes nomeadamente na sua substituição ou reparação. São de grande relevância as características da instalação onde se realiza o trabalho, que pode condicionar as posturas adoptadas pelos técnicos de manutenção na execução dos trabalhos.

Intervenções e acessos

Principais perigos

Superfícies aquecidas/geladas, trabalhos em espaços confinados (ausência oxigénio, atmosfera explosiva), trabalhos em altura/profundidade, trabalhos junto de estruturas de

Page 6: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

contenção de água ou similar, piso desadequados (irregular, instável, escorregadio…), passagens e/ou locais estreitos, obstáculos, movimentação de máquinas e veículos, condições de armazenamento desadequadas e deficiente organização dos espaços.

Potenciais consequências para a saúde dos colaboradores

Ocorrência de queimaduras, asfixia, lesão muito grave, atropelamento, afogamento, contusões ou fracturas graves, podendo ainda originar problemas respiratórios e/ou doenças pulmonares.

Exemplo de tarefas

Todas as tarefas realizadas nas instalações do cliente, podendo envolver um ou um conjunto de perigos desta natureza, e encontrando-se sobretudo associados às características da instalação onde se realiza o trabalho, que pode condicionar as práticas de trabalho.

Químicos

Principais perigos

Destacam-se contaminantes químicos, produtos instáveis ou incompatíveis e/ou contacto com preparações e substâncias perigosas (com diferentes características como tóxico, corrosivo, irritante, nocivo, inflamável, comburente e explosivo).

Potenciais consequências para a saúde dos colaboradores

Ocorrência de asfixia, intoxicação aguda, queimadura, entre outros, podendo ainda originar dermatoses, problemas respiratórios, alergias, asmas ou estados oncológicos diversos.

Exemplo de tarefas

Todas as tarefas em que se manipulem este tipo de produtos, como lubrificação e limpeza e/ou desinfecção de equipamentos ou circuitos, tarefas onde se produzam contaminantes químicos decorrentes do processo de trabalho, como soldaduras, e ainda qualquer tarefa realizada em ambientes de trabalho contaminados encontrando-se sobretudo associados às características da instalação onde se realiza o trabalho, que pode condicionar as práticas de trabalho.

Psicossociais

Principais perigos

Destacam-se trabalhos repetitivo e/ou monótono, ritmos de trabalho não adequados, carga física de trabalho, carga mental de trabalho e actos de violência/agressão.

Potenciais consequências para a saúde dos colaboradores

Ocorrência de mau estar, incomodidade, fadiga, stress e lesões diversas (ligeiras e graves, decorrentes de risco de acidente aumentado).

Exemplo de tarefas

Qualquer tipo de tarefa eventualmente realizada com carácter de urgência e de elevada importância para o adequado funcionamento da instalação do cliente, nomeadamente a intervenção em sistemas de apoio à gestão de emergência (Por exemplo, gerador, sistema de bombagem de incêndio, entre outros). Contacto com populações problemáticas, trabalhadoras e/ou habitantes/visitantes.

Trajecto

Principais perigos

Destacam-se condução de viaturas ligeiras/pesadas/outros veículos, utilização de transportes públicos e outros riscos de trajecto.

Potenciais consequências para a saúde dos colaboradores

Page 7: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

Ocorrência de lesões diversas, ligeiras a graves.

Exemplo de tarefas

Qualquer tipo de tarefa que implique deslocações, nomeadamente para equipas de manutenção não residentes ou que executem trabalhos em clientes com instalações dispersas geograficamente e ainda as deslocações de e para o local de trabalho.

Outros perigos

Principais perigos

Enquadram-se as catástrofes naturais (sismo, inundação…) e incêndio e outras situações de emergência inerentes às instalações e à execução das tarefas.

Potenciais consequências para a saúde dos colaboradores

As potenciais consequências para a saúde dos colaboradores poderão ser muito abrangentes, sendo as mais relevantes a ocorrência de lesões diversas (ligeiras a graves), queimaduras e asfixia.

Exemplo de tarefas

Todas as tarefas realizadas nas instalações do cliente, podendo envolver um ou um conjunto de perigos desta natureza, e encontrando-se sobretudo associados às características do local e da instalação onde se realiza o trabalho.

5. Identificação de Perigos e Avaliação de Riscos da Actividade de Manutenção

Na manutenção, tal como em qualquer actividade, é importante garantir uma correcta identificação de perigos e avaliação de riscos para definir metodologias de controlo eficazes e que proporcionem um adequado nível de protecção da saúde dos colaboradores, um dos maiores valores de qualquer organização. Adicionalmente esta avaliação constitui uma obrigação legal de qualquer empresa, suportada nas obrigações que a entidade patronal assume face aos seus colaboradores.

Os principais perigos associados às actividades de manutenção e potenciais consequências, como identificado anteriormente, são muito abrangentes e variam de acordo com cada contexto em que as tarefas são executadas. A manutenção envolve frequentemente trabalhos pouco habituais, tarefas não rotineiras e é frequentemente executada em condições excepcionais relativamente ao normal funcionamento das instalações.

Assim, as metodologias de identificação de perigos e avaliação de riscos na manutenção deverão responder a estas questões, integrado as seguintes preocupações:

− Identificar e tipificar todos os perigos, considerando as respectivas tarefas e procedimentos de manutenção, as características do equipamento ou sistemas a intervencionar e as características da instalação do cliente e sua envolvente;

− Considerar as potenciais consequências associadas aos perigos identificados e que concorrem para a avaliação do factor de gravidade na avaliação do risco, atendendo a que para o mesmo perigo podem assumir diferentes níveis de severidade

− Ponderar a contribuição para exposição ao perigo da frequência, duração e periodicidade expectável para a execução das tarefas de manutenção, devendo ser suficientemente flexível para possibilitar o enquadramento de rotinas, trabalhos pouco habituais, trabalhos de longa e curta duração, entre outros.

− Ponderar a contribuição para a exposição ao perigo das medidas de segurança adoptadas e ainda de factores humanos, nomeadamente competências, qualificação e formação dos técnicos de manutenção e dos restantes utilizadores do espaço.

Page 8: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

− Assegurar que o cálculopermite estabelecer prioridades de intervenção

As empresas deverão estabelecer riscos, que permitam quantificar o riscomaterialização desta avaliação deverá ser possível de perigo para cada actividadeconforme a metodologia adoptada.

Fig. 2 – Esquema exemplificativo simplificado de metodologia de identificação

A identificação de perigos e avaliação de riscos não é actualizada de forma contínua e

− Implementação de novas actividades

− Alterações nos processmanutenção;

− Introdução de novas matérias

− Alterações nos métodos de trabalho;

− Ocorrência de um acidente, cuja causa reflectido na Identificação de Perigos efectuada;

− Alterações nos requisitos legais

− Alteração das Política

Como boa prática, caso não se verifique nenhumprogramada revisão com base temporal (anual, semestral, trimestral, ou outra, conforme nível de risco).

A identificação de perigos e avaliação de riscos devequem executa as tarefas de manutenção, devendo ainda considerar to(responsável pela instalação) nomeadamente a respectiva identificação de perigos e avaliação de riscos das instalações com impacte para a manutenção, e outra informação disponível e relevante para a realização dos trabalhos (

Assegurar que o cálculo do nível do risco, com base na exposição e gravidade, estabelecer prioridades de intervenção para definição de medidas adequadas

deverão estabelecer procedimentos de identificação de perigos e avaliação de , que permitam quantificar o risco e documentar os respectivos resultados. Na

ção desta avaliação deverá ser possível associar, integrar e avaliar actividade, posto de trabalho, categoria profissional

conforme a metodologia adoptada.

Esquema exemplificativo simplificado de metodologia de identificação de perigos e dde riscos

A identificação de perigos e avaliação de riscos não é imutável, devendo ser revista e contínua e sistemática, constituindo entradas para esta revisão:

Implementação de novas actividades ou tarefas de manutenção;

Alterações nos processos, equipamentos ou instalações no âmbito das tarefas de

ntrodução de novas matérias-primas ou produtos;

Alterações nos métodos de trabalho;

corrência de um acidente, cuja causa ou nível de risco não esteja icação de Perigos efectuada;

Alterações nos requisitos legais ou contratuais;

Políticas de SST da empresa de manutenção e/ou do seu cliente

aso não se verifique nenhuma das situações anteriores, revisão com base temporal (anual, semestral, trimestral, ou outra, conforme nível

perigos e avaliação de riscos deverá ser realizada de forma participativa com quem executa as tarefas de manutenção, devendo ainda considerar todos os (responsável pela instalação) nomeadamente a respectiva identificação de perigos e avaliação

s com impacte para a manutenção, e outra informação disponível e relevante para a realização dos trabalhos (Por exemplo, manuais de equipamentos objecto de

com base na exposição e gravidade, para definição de medidas adequadas.

gos e avaliação de e documentar os respectivos resultados. Na

integrar e avaliar vários factores categoria profissional ou instalação,

de perigos e de avaliação

, devendo ser revista e sistemática, constituindo entradas para esta revisão:

no âmbito das tarefas de

não esteja adequadamente

s de SST da empresa de manutenção e/ou do seu cliente

das situações anteriores, deverá ser revisão com base temporal (anual, semestral, trimestral, ou outra, conforme nível

rá ser realizada de forma participativa com dos os inputs do cliente

(responsável pela instalação) nomeadamente a respectiva identificação de perigos e avaliação s com impacte para a manutenção, e outra informação disponível e

manuais de equipamentos objecto de

Page 9: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

manutenção e utilizados no apoio à manutenção, fichas técnicas e fichas de dados de segurança de eventuais produtos utilizados na manutenção ou presentes no espaço, entre outros).

A extensão e complexidade dos resultados desta avaliação, devem estar alinhados com a respectiva natureza e âmbito das tarefas de manutenção a realizar, assim como das características e organização da actividade, estrutura e instalações do cliente.

6. Mecanismos de prevenção e controlo

Face ao risco, os mecanismos de prevenção e controlo a implementar devem obedecer à seguinte hierarquia, conforme preconizado pela legislação vigente e pela norma de referência para gestão da SST - OHSAS 18001:2007 [3]:

− Eliminação do perigo na fonte

− Promoção da substituição de factores de perigo com vista à redução do nível de risco, i.e. substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou pelo que se assuma como menos perigoso

− Limitar o contacto com o perigo actuando na sua origem e promovendo a adaptação do trabalho ao homem, nomeadamente ao nível da concepção, organização e procedimentos de trabalho, tendo em conta o estado de evolução da técnica;

− Eliminar ou limitar contacto com o perigo reduzindo exposição do técnico de manutenção ou utilizadores do espaço, com implementação de medidas de protecção, com prioridade para as medidas de protecção colectiva e recorrendo às unicamente medidas de protecção individual no caso de a situação impossibilitar qualquer outra alternativa;

− Qualificar, formar e informar as equipas de manutenção e outros intervenientes e utilizadores do espaço.

As medidas de prevenção e controlo devem responder e estar alinhadas com os resultados de identificação de perigo e avaliação de riscos e com os níveis de responsabilidade e autoridade no âmbito dos termos da prestação de serviço, com base em obrigações legais e associadas à organização, instalações e espaços onde decorre a manutenção (Por exemplo, autorizações de trabalho, consignações, entre outros).

Das formas de prevenção e controlo facilmente asseguradas pela empresa prestadora de serviços de manutenção, conta-se com a adequação dos métodos de trabalho e a disponibilização de equipamentos de protecção individual e equipamentos de trabalho que possam auxiliar na execução das tarefas e conferir um grau de protecção adequado.

A formação dos colaboradores, com a promoção de uma cultura de segurança é ainda um factor crítico para a minimização do nível de risco.

No entanto, uma importante parte destas medidas, em particular para algumas tarefas de risco elevado ou situações de resolução complexa, estará dependente da necessária articulação e validação pelo cliente. As soluções a desenvolver podem conduzir a alterações das disposições construtivas e/ou técnicas nas instalações dos clientes (Por exemplo, montagem de guarda-corpos ou linhas de vida em locais com risco de queda).

Page 10: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

Fig. 3 – Esquema exemplificativo simplificado de metodologia de definição de medidas de prevenção e

controlo no seguimento da identificação de perigos e avaliação de riscos

7. Factores condicionantes para a implementação dos mecanismos de prevenção e controlo Dos principais factores de agravamento do nível de risco e condicionantes ao desenvolvimento e implementação dos mecanismos de prevenção e controlo, que as empresas prestadoras de serviços de manutenção podem confrontar-se na realização da actividade nas instalações dos seus clientes, destacam-se:

• Características das instalações

Algumas instalações podem apresentar características de organização de espaço ou concepção construtiva que dificultam o acesso aos locais e/ou equipamentos ou a realização das tarefas de manutenção em segurança.

São exemplos, equipamentos instalados em altura e sem acesso por escada ou outro; equipamentos instalados sem espaço livre no seu perímetro para a realização da tarefa, nomeadamente desmontagem de componentes ou do equipamento na íntegra, equipamentos instalados em local de passagem ou armazenagem impossibilitando o respectivo acesso, inexistência de estruturas fixas na instalação para a movimentação de equipamentos instalados de elevados peso e dimensão (Por exemplo, Pórticos), entre outros.

• Equipamentos

As operações de manutenção incluem normalmente a desmontagem e remontagem, muitas vezes de equipamentos complexos. As protecções e dispositivos de segurança instalados estão por vezes apenas focados na operação do equipamento durante o seu funcionamento normal, podendo não responder na totalidade à protecção necessária para os trabalhos de manutenção. Adicionalmente os equipamentos podem ser

Page 11: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

anteriores à regulamentação relativa à concepção e construção segura de máquinas e equipamentos, podendo não integrar dispositivos de protecção adequados.

São exemplos, equipamentos rotativos com partes móveis desprotegidas e equipamentos sem possibilidade de corte de alimentação local para realização de consignação eficaz.

• Informação técnica sobre equipamentos ou instalações

Ausência ou desactualização de informação técnica sobre equipamentos ou instalações

São exemplos, inexistência de manuais de equipamentos, esquemas desactualizados de instalações eléctricas, entre outros.

• Imprevisibilidade de algumas tarefas e ritmos de trabalho

O carácter de imprevisibilidade de algumas tarefas de manutenção, associado a timings por vezes reduzidos para resolução dos problemas, o desconhecimento dos locais de intervenção e as dificuldades inerentes a acesso a máquinas e instalações, aumentam consideravelmente o nível de risco. Trabalhar com pressão de tempo também é normal nas operações de manutenção, especialmente quando estão envolvidos paragens produtivas e reparações de alta prioridade.

• Cadeia de valor (subcontratação)

A subcontratação é um factor agravante em termos de segurança e saúde e vários acidentes e incidentes estão relacionados com manutenção subcontratada. Apesar do planeamento das actividades no local dever considerar as formas de comunicação, integração e articulação entre os diferentes intervenientes (Exemplo: equipa de manutenção, colaboradores que operam na instalação, visitantes ou outros utilizadores do espaço), a implementação dos mecanismos de controlo e prevenção podem ser condicionados pelas diferentes culturas SST e práticas e meios disponíveis na organização dos trabalhos. Adicionalmente, o ambiente de trabalho pode não ser integralmente controlado pelo prestador de serviços o que poderá igualmente limitar a aplicação de medidas de prevenção e controlo de riscos.

Face a este enquadramento, muitas vezes, as medidas a implementar não permitem a recorrer às soluções previstas nos primeiros níveis da hierarquia de prevenção, assentando grandemente na protecção individual dos colaboradores e treino, formação e informação, alinhados com os métodos de trabalho a adoptar em cada contexto.

8. Desenvolvimento de parcerias para minimizar riscos

A promoção de relações mutuamente benéficas entre o cliente e o prestador de serviços de manutenção potencia a criação de valor para ambas as partes, facilitando grandemente a eficácia de SST.

Desta forma, em matéria de SST, as empresas que prestam serviços de manutenção para além da incorporação dos requisitos dos seus clientes, devem ainda procurar influenciar positivamente os respectivos clientes onde desenvolvem a sua actividade, no sentido de promover a partilha e a adopção de boas práticas de SST.

Page 12: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

O desenvolvimento de soluções conjuntas, deve sobretudo procurar responder aos factores condicionantes para a implementação dos mecanismos de prevenção e controlo, em particular com incidência nos primeiros níveis da hierarquia de prevenção referida anteriormente.

O prestador de serviços de manutenção deverá, como boa prática, ter implementados mecanismos que permitam, em cada situação:

− Reavaliar os perigos e o nível de risco associados a cada tarefa de manutenção;

− Identificar os eventuais desvios e oportunidades de melhoria na organização, instalações e/ou equipamentos do cliente com impacte para a SST e na esfera de decisão exclusiva do respectivo cliente;

− Sempre que possível, suportar esta identificação em soluções operacionais, de forma documentada e orientada para a redução efectiva do nível de risco;

− Procurar soluções viáveis e de valor acrescentado quer para as equipas de manutenção durante a realização dos trabalhos, quer ainda para a própria gestão SST do cliente.

A resolução das dificuldades mais comuns e frequentes, que os prestadores de serviço de manutenção encontram na sua actividade em instalações de terceiros, podem materializar-se na implementação de melhorias da própria infra-estrutura e/ou equipamentos, nomadamente:

Alteração estrutural nas instalações

Perigo Condicionante Solução

! Trabalhos em altura

! Obstáculos à circulação

Inexistência de acesso aos locais e/ou equipamentos

Acessos existentes mas com necessidade de melhoria

− Criação de acesso com montagem de escadas e de plataformas de trabalho

− Criação de corrimão móvel no topo de escada de “homem”

− Criação de linhas de vida ou pontos de ancoragem

! Elementos climatéricos Inexistência de protecção contra intempéries em local de intervenção regular

− Criação de telheiro sobre local de intervenção

Tabela 1 – Exemplos de perigos, condicionantes e soluções com recurso a alteração estrutural nas instalações

Page 13: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

Fig. 4 – Exemplos de melhorias de instalações e acessos, nomeadamente criação de passadiço para passagem por cima de tubagem e sinalização de obstáculo e criação de acesso em altura com montagem

de escadas e sinalização de obstáculo

Fig. 5 – Exemplo de melhoria de acesso à cobertura de uma instalação, com colocação de corrimão amovível, fixo no topo de escada de “homem”

Fig. 6 – Exemplo de melhoria de instalação com colocação de telheiro sobre local de intervenção para protecção contra intempérie

Page 14: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

Alteração estrutural nos equipamentos

Perigo Condicionante Solução

! Locais de trabalho não adequados

Adopção de posturas desadequadas do ponto de vista ergonómico por inexistência de acessos adequados

− Alteração de portas de acesso a equipamentos

! Objectos cortantes

! Peças ou componentes em movimento

! Acesso a zonas perigosas

! Contacto eléctrico, directo ou indirecto

Impossibilidade de consignação de equipamento no local

Desvios de conformidade legal nos equipamentos (ausência de protecções)

− Relocalização de dispositivos de accionamento em equipamentos

− Separação de circuitos eléctricos para criação de paragens de emergência parciais (comando manual da instalação/ equipamento)

− Colocação de protecção mecânica em elementos móveis

! Movimentação manual de cargas

Inexistência de meios mecânicos para elevação de cargas pesadas

− Criação de pórtico para frequente movimentação de cargas

Tabela 2 – Exemplos de perigos, condicionantes e soluções com recurso a alteração estrutural nos equipamentos

Fig. 7 – Exemplo de melhoria ao nível de equipamentos de apoio à instalação, com criação de pórtico para frequente movimentação de cargas

Page 15: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

Fig. 8 – Exemplo de melhoria ao nível estrutural nos equipamentos, com alteração de botoneiras de emergência e sistema de bloqueio por chave

Alteração de lay-out ou organização

Perigo Condicionante Solução

! Piso desadequados (irregular, instável, escorregadio…)

! Obstáculos à circulação

! Condições de armazenamento desadequadas e deficiente organização do espaço

! Ritmos de trabalho não adequados

! Carga física de trabalho

! Produtos instáveis ou incompatíveis e/ ou contacto com preparações e substâncias perigosas

Inexistência de informação sobre perigos presentes no local de trabalho

Obstrução de espaços de intervenção

Obstrução de meios de auxilio e apoio à emergência e vias de circulação

Inexistência de organização e/ou meios para a adequada armazenamento de SPP

− Sinalização de espaços de trabalho (delimitação de zonas de não parqueamento de materiais, zonas de circulação e zonas de armazenagem)

− Sinalização de desníveis e obstáculos

− Sinalização de perigos, proibições, obrigações e informações

− Reorganização de zonas de armazenagem de SPP

Tabela 3 – Exemplos de perigos, condicionantes e soluções com recurso a alteração de lay-out ou organização

Page 16: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

Fig. 9 – Exemplo de melhorias de organização dos espaços na instalação com delimitação de zonas de não parqueamento de materiais, zonas de circulação e sinalização de obstáculos ao nível da cabeça e de

desníveis no pavimento

Fig. 10 – Exemplo de melhoria de organização de espaço com reorganização de zonas de armazenagem de SPP

Para além de contribuir para a redução do nível de risco e melhoria de desempenho SST, quer da empresa prestadora de serviços de manutenção quer para o cliente nas suas instalações, estas soluções permitem ainda, em particular ao facilitar o acesso aos equipamentos, reduzir o tempo necessário á intervenção pela equipa de manutenção e os recursos a utilizar, com impacte ao nível dos eventuais custos.

Em qualquer solução adoptada, o alinhamento de procedimentos SST entre o cliente e o prestador de serviços nomeadamente com recurso a acções de formação desenhadas em conjunto, é crítico para o sucesso destas iniciativas. Um processo de comunicação eficaz e a partilha de experiências e conhecimentos entre todos os intervenientes é fundamental.

Page 17: Prevenção e Controlo de Riscos na Manutenção – Parcerias ... · identificação de perigos e avaliação de riscos, para a definição de metodologias de controlo ... ETAR,

Seguindo a metodologia PDCA, a etapa seguinte após a implementação destas medidas passa pela necessária reavaliação da identificação dos perigos e avaliação dos riscos, confirmando a efectiva diminuição do nível de risco.

9. Conclusões

Atendendo à variabilidade dos principais perigos associados à manutenção e aos factores condicionantes para a implementação dos mecanismos de prevenção e controlo, a articulação entre as empresas prestadoras de serviços de manutenção e os seus clientes para adopção de medidas conjuntas de prevenção e controlo de riscos profissionais, permite actuar ao nível mais alto da hierarquia de prevenção, sendo uma medida eficaz na redução do nível de risco nas actividades de manutenção e na concretização de soluções mais robustas e duradouras.

Adicionalmente, as melhorias introduzidas nas instalações, equipamentos e organização dos espaços, contribuem para um aumento global do desempenho SST da instalação com benefícios, não só para as equipas de manutenção, como para o funcionamento das próprias instalações e para eventuais outros utilizadores dos espaços. Permitem ainda, em particular ao facilitar o acesso aos equipamentos, reduzir o tempo necessário á intervenção pela equipa de manutenção e dos eventuais recursos a utilizar, com impacte ao nível dos custos.

Desta forma, as empresas que prestam serviços de manutenção, para além da incorporação dos requisitos dos seus clientes e o seu desdobramento ao longo da cadeia de valor junto dos seus subcontratados, devem procurar ainda influenciar positivamente os clientes onde desenvolvem a sua actividade, no sentido de promover a partilha e a adopção de boas práticas de SST, que se podem materializar na implementação de melhorias da própria infra-estrutura, com impacte para a execução das tarefas de manutenção.

Siglas e abreviaturas

SST – Segurança e Saúde no Trabalho

PDCA – Plan, Do, Check e Act

Bibliografia

[1] Agência Europeia para Segurança e a Saúde no Trabalho. Locais de trabalho seguros e saudáveis. Campanha Europeia sobre trabalhos de reparação e manutenção seguros 2010-2011 — Guia da campanha.1ª ed. Ponto Focal de Portugal: Agência Europeia para Segurança e a Saúde no Trabalho, 2010 [consulta online].Janeiro 2011, Microsoft Internet Explorar Browser

[2] PORTUGAL – NP EN 13306:2007 – Terminologia da Manutenção. 1ª ed. Lisboa: 2007

[3] REINO UNIDO – OHSAS 18011:2007 – Occupational health and safety management systems – Requirements. 1ª ed. Londres: 2007