hoje macau 22 out 2012 #2719

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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 23 MAX 30 HUMIDADE 40-85% • CÂMBIOS EURO 9.4 BAHT 3.7 YUAN 0.7 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEGUNDA-FEIRA 22 DE OUTUBRO DE 2012 ANO XII Nº 2719 PUB CCAC DEIXA RECADO Serviços públicos fazem ouvidos moucos a queixas PÁGINA 3 SIN FONG GARDEN Terreno onde está o edifício pertence a tio de Chui Sai On PÁGINA 4 LEI DO PATRIMÓNIO Arquitecta deseja participação da população PÁGINA 15 BOLINHA FC Porto perde final para Sub-23 nos penáltis PÁGINA 16 Serviços de saúde públicos deixam utentes com os cabelos em pé e sem alternativas A eterna espera Já não é a primeira vez que as filas de espera no hospital público fazem capa nos jornais. Ao Hoje Macau, quatro utentes dos serviços públicos de saúde afirmaram que a espera por um exame pode durar uma eternidade. Uma ressonância magnética, por exemplo, só tem vaga daqui a dois anos. A alternativa, dizem, está no privado, e muitas vezes fora do território. Numa breve auscultação à saúde de Macau, os Serviços de Saúde preferiram ficar no silêncio. PÁGINA 5 FÓRUM MACAU PARCERIA COM SÃO JOÃO DA PESQUEIRA EM CIMA DA MESA PÁGINA 6 MANUEL ANTÓNIO PINA POETA SEM MEDO DO FIM PÁGINAS 10 A 13

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Edição do Hoje Macau de 22 de Outubro de 2012 • Ano X • N.º 2719

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Page 1: Hoje Macau 22 OUT 2012 #2719

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 23 MAX 30 HUMIDADE 40-85% • CÂMBIOS EURO 9.4 BAHT 3.7 YUAN 0.7

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEGUNDA-FEIRA 22 DE OUTUBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2719

PUB

CCAC DEIXA RECADO

Serviços públicos fazem ouvidos moucos a queixas

PÁGINA 3

SIN FONG GARDEN

Terreno onde estáo edifício pertence a tio de Chui Sai On

PÁGINA 4

LEI DO PATRIMÓNIO

Arquitecta deseja participaçãoda população

PÁGINA 15

BOLINHA

FC Porto perde final para Sub-23 nos penáltis

PÁGINA 16

Serviços de saúde públicos deixam utentescom os cabelos em pé e sem alternativas

A eterna esperaJá não é a primeira vez que as filas de espera no hospital público fazem capa nos jornais. Ao Hoje Macau, quatro utentes dos serviços públicos de saúde afirmaram que a

espera por um exame pode durar uma eternidade. Uma ressonância magnética, por exemplo, só tem

vaga daqui a dois anos. A alternativa, dizem, está no privado, e muitas vezes fora do território. Numa breve auscultação à saúde de Macau, os Serviços de Saúde preferiram ficar no silêncio. PÁGINA 5

FÓRUM MACAU

PARCERIA COM SÃO JOÃO DA PESQUEIRA EM CIMA DA MESA

PÁGINA 6

MANUEL ANTÓNIO PINA

POETA SEMMEDO DO FIM

PÁGINAS 10 A 13

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2 política segunda-feira 22.10.2012www.hojemacau.com.mo

Críticas ao Executivo em dias de visita à casa cor-de-rosa

11 mil visitaram sede do GovernoEste fim-de-semana foram muitos os que quiseram conhecer de perto as salas que servem de sede oficial ao Governo da RAEM. A visita agradou à maioria, mas os visitantes não deixaram de criticar o Executivo e pedir novas medidas para a habitação

Cecília Lincecí[email protected]

O edifício cor-de-rosa que serve de sede ao Executivo liderado por Chui Sai On abriu este

fim-de-semana as portas aos cida-dãos, dando-lhes a possibilidade de verem de perto as instalações onde se tomam algumas das prin-cipais decisões da RAEM. Ontem de manhã eram muitos os que esperavam na avenida da Praia Grande, mas o ambiente era calmo, apesar do maior número de visitas face a 2011. “Só hoje [domingo] recebemos 6982 pessoas, e nos

FOI em declarações aos jornalistas proferidas na

passada sexta-feira que Flo-rinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, deu a resposta que há muito tempo advogados, juízes e magistra-dos esperavam: os tribunais e o Ministério Público (MP) vão passar a contar com instalações próprias. Ainda que provisórias, tal medida vai permitir que abandonem os edifícios comerciais que actualmente ocupam.

“Há dias falei com o senhor engenheiro Lau Si Io (secretário para as Obras Pú-blicas) e tenho boas notícias. Tanto para as instalações do MP como dos tribunais já foi encontrado um sítio para

Florinda Chan confirmou que já falou com secretário Lau Si Io

Tribunais com instalações próprias, mas provisórias

dois dias de visita já recebemos 11474, mais 1109 do que no ano passado. A parte que mais atrai as pessoas é a exposição de fotogra-fias antigas, que mostra a velha Macau aos jovens e que também lembra as memórias dos mais ve-lhos”, explica ao Hoje Macau, Lao Kuan Lai, chefe do departamento de apoio técnico-administrativo dos serviços de apoio da sede do Governo.

À medida que iam descobrindo os mistérios da casa cor-de-rosa, os visitantes revelaram gostar do que viam. Para o senhor Leong, ontem foi a primeira vez que co-nheceu a casa dos governantes da RAEM e ficou satisfeito. Contudo, não deixou de apontar criticas às medidas politicas que têm vindo a ser tomadas. “O trabalho do Governo é vulgar. Não estou nada satisfeito com os altos preços das casas, e as políticas são muito lentas neste aspecto. Mas gosto da boa ordem pública. Espero que no próximo ano o Governo possa executar o que já planeou, que não lance coisas da boca para

baixe, ninguém tem capacidade para comprar uma casa própria com estes preços”, disse ao Hoje Macau. A senhora Iong espera ainda que sejam construídas mais habitações públicas, desejando também que sejam criadas “mais politicas benéficas à sociedade”.

No final do dia, Lao Kuan Lai, responsável pela boa ordem do espaço, estava satisfeito. “Em-bora tenhamos recebido menos pessoas o ano passado, tínhamos de deixar muita gente lá fora por-que o espaço não dá para todos. Mas este ano não precisámos de fazer isso, e as visitas foram mais calmas”.

Por ser um dia muito esperado pelos cidadãos, a intenção é abrir as portas da casa cor-de-rosa duas vezes por ano, mas a agenda ins-titucional não deixa.

“Como a sede tem de ser usada pelo Chefe do Executivo e outros governantes, é muito ocupada e isso traz dificuldades. Mas espero que um dia possamos ter condições para aumentar os dias de visitas”.

Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM) foi confrontado com estas declarações numa entrevista dada à TDM e garante estarmos perante “meias boas notícias”.

“É uma óptima notícia (os tribunais) saírem dos edifícios comerciais, que aliás custam uma fortuna em rendas. Mas infeliz-mente ficamos a saber que são temporárias, e que se vai estragar dinheiro. Mas haverá alguma razão para serem temporárias, deve-ria era haver instalações definitivas. Deve ser um edifício feito de raiz para todos os tribunais, e não se

esqueçam das instalações para os advogados que têm sido sistematicamente redu-zidas”, apontou.

OBRAS COM URGÊNCIANa cerimónia de abertura do novo ano judiciário, ocorrida na passada quarta--feira, as criticas quanto às instalações fizeram ouvir-se de todos os lados.

“Tenho receio que nos próximos dez anos muitos juízes do Tribunal de Primei-ra Instância (TPI) tenham que continuar a realizar as audiências de julgamento em edifícios comerciais”, criticou Sam Hou Fai. O presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) lem-

brou ser “preciso começar o quanto antes os trabalhos de construção de novas instala-ções dos tribunais das várias instâncias”.

Ainda durante a entrevis-ta à TDM, Jorge Neto Valente disse “não compreender o porquê” de ainda nada ter sido feito. “Não será com certeza por falta de dinheiros públicos, materiais, enge-nheiros ou arquitectos. Não sei qual é a razão que faz com que os tribunais estejam indignamente colocados em prédios de escritório e edifícios comerciais, porque é uma coisa horrível. Nos tribunais do TUI e Tribunal de Segunda Instância (TSI) também o espaço é pequeno.”

fora e que não volte a adiar os planos”, disse.

CASAS CARAS NÃOApesar de afirmarem compreen-der o trabalho da equipa gover-nativa, quem passou pelo edifício

pede que o Executivo faça mais pelo sector imobiliário.

É o caso da senhora Iong. “Dou apoio a estas actividades e entendo as dificuldades que existem em ser-se Chefe do Executivo. Mas espero que o preço das casas

poderem ter condições de deixar aquelas instalações comerciais. Dentro de dois ou três anos essas instalações podem estar feitas, embora possam ser temporárias num certo sentido”, disse à TDM. A secretária para a Administração e Justi-

ça acrescentou ainda que “vamos ter novos terrenos a conquistar ao mar” e que “futuramente (os tribunais) terão instalações próprias. Mas já temos condições para que esses órgãos judiciais possam deixar as instalações comerciais”.

GONÇ

ALO

LOBO

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NÚMEROS DO CCAC

3políticasegunda-feira 22.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

O Comissariado con-tra a Corrupção (CCAC) viu o número de casos

subir em 2011 para o segundo maior número em cinco anos. O ano passado, o CCAC investigou um total de 916 casos, sendo que 804 foram abertos durante 2011.

As queixas dos cidadãos têm sido o motor de arran-que para as investigações, enquanto o organismo se mantém como o que menos casos investiga por iniciativa própria. No ano passado, apenas cinco casos foram in-vestigados por opção do co-missariado e 13 por pedidos de autoridades do exterior.

Mas se o número de queixas aumentou de 681 para 804 – o segundo maior número depois de 2009 ter recebido mais de 900 queixas -, subiu também o número de queixas que chegam assinadas por baixo. Segundo o relatório anual do CCAC, 60% das reclamações vieram identificadas ou com informações para eventuais contactos, um aumento muito significativo quando se con-tabilizavam em 2010 – ano anterior ao da análise – 56,5% de queixas anónimas.

Para Vasco Fong, comis-sário do CCAC, o motivo prende-se com o facto de os cidadãos estarem mais “conscientes, sensibilizados e com mais interesse” sobre a aplicabilidade da lei anti--corrupção.

GOVERNO AVISADOAs queixas aumentaram tan-to no sector privado como no público, área onde o CCAC tem funções também desde a alteração à sua lei orgânica, em Julho do ano passado. As alterações principais fixaram prazos máximos para a inves-tigação levada a cabo pela entidade e para a emissão das respostas da parte dos serviços públicos que me-reçam recomendações, mas também deram ao organismo competência para investigar questões relacionadas com a provedoria de justiça.

O CCAC teve, por isso, mais trabalho e contabilizou 548 queixas neste âmbito da provedoria de justiça, sendo que 453 ficaram con-cluídas. As reclamações mais frequentes continuam a estar relacionados com o regime da função pública, as infracções à lei rodoviária – em especial atenção para os táxis –, às obras ilegais,

CCAC Número de queixas atinge segundo recordeem cinco anos e comissário deixa recado ao Governo

“Serviços públicos não dão importância suficiente às queixas”

• Instruídos 575 processos: 112 de natureza criminale 463 de natureza administrativa

• Concluídos 64 processos: encaminhadospara o Ministério Público ou arquivados

• 45 casos relacionados com corrupção no sector privado

• Mais de 1000 pedidos de consulta

aos conflitos laborais e aos assuntos municipais.

De entre os casos mais polémicos, destacam-se por exemplo a intervenção do CCAC no caso da atribuição

das dez sepulturas perpétuas e o parecer sobre a atribuição de subsídio de residência aos funcionários públicos aposen-tados que regressaram a Por-tugal depois da transferência.

Vasco Fong não foi meigo no relatório que entregou em Março deste ano ao Chefe do Executivo. O comissário deixou o alerta de que “al-guns serviços públicos não

deram importância suficiente às queixas recebidas e às respostas enviadas ao CCAC, demonstram falta de firme-za e de responsabilidade e esquivam-se ao ponto fulcral das queixas”. O CCAC alerta mesmo que isto possa fazer com que os problemas não se resolvam e quer levar a cabo estudos para implementar medidas que evitem estes comportamentos.

OBRAS PÚBLICASSÃO ALVOJá fora da estrutura do relatório anual do CCAC, publicado na sexta-feira em Boletim Oficial, Vasco Fong escreve outras críticas, desta vez no Boletim Informativo do organismo. O comissário frisa porque é que Macau não consegue ser uma so-ciedade totalmente íntegra: “há imperfeição dos regimes jurídicos, falta de consciência sobre a importância da opti-mização desses regimes por parte dos serviços competen-tes e dos seus trabalhadores, falta de criatividade e de capacidade para identificar os problemas fulcrais e esses motivos deram origem ao aumento de conflitos”, pode ler-se no boletim.

A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes foram identifi-cadas no relatório do CCAC como “ponto de risco” na provedoria de justiça pela falta de eficiência nas suas funções e, no boletim do organismo, Vasco Fong utilizou como mau exemplo

o serviço liderado pelo se-cretário Lau Si Io: o regime jurídico para a concessão de terrenos, a falta de impar-cialidade e integridade na adjudicação de obras e as políticas de habitação são alguns dos assuntos que, na opinião do comissário, merecem melhorias.

DEMASIADO PODERNa opinião do comissário, os problemas relacionados com o abuso de poder e corrupção devem-se fundamentalmente à centralização “demasiado acentuada do poder” e à falta de equilíbrio. Vasco Fong alerta que existe ausência de transparência no uso do po-der, bem como falta de formas eficazes de controlo e deixa, por isso, uma sugestão. “Para encontrar soluções mais apropriadas para a actual si-tuação, torna-se urgente criar um sistema de controlo de poderes, definir trâmites ad-ministrativos, criando regras mais sistemáticas, coerentes e uniformizadas e exigir uma maior cooperação entre os serviços competentes.”

O boletim faz ainda uma apresentação sobre o Shanghai Land Transaction Market, um sistema para recolher e divulgar as infor-mações sobre as transacções relativas à concessão de terrenos em Xangai, que poderão servir de referên-cia para Macau, onde “a concessão dos terrenos não corresponde às necessidades do seu actual estado de de-senvolvimento”.

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4 política segunda-feira 22.10.2012www.hojemacau.com.mo

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Cecília [email protected]

DEPOIS do relató-rio que confirma que o edifício Sin Fong Garden foi

construído com betão de má qualidade, eis que a Associa-ção de Beneficência Tung Sin Tong vem dizer que nada tem a ver com o mau estado do edifício.

Em declarações à TDM, Hoi Sai Iun, presidente da entidade, diz que apenas possuem 32 apartamentos porque fizeram um acordo com a Weng Fonk, empresa que realizou a empreitada, no inicio da década de 90. Hoi Sai Iun afirmou ainda que o terreno onde está cons-truído o Sin Fong Garden é pertença da associação, fundada por um tio do Chefe do Executivo, Chui

Terreno do Sin Fong Garden pertence ao tio de Chui Sai On

Responsabilidades para o lado

Sai On, e pai do deputado da Assembleia Legislativa Chui Sai Peng.

O mesmo acordo cele-

brado com a Weng Fonk previa ainda que os 32 apar-tamentos seriam arrendados a preços mais baixos, a pen-

sar nas famílias carenciadas. Também à TDM Hoi Sai Iun garantiu que tanto os valores das rendas como os contratos se vão manter inalterados nos próximos dois anos em que o edifício estiver vazio,

pelo perigo que comporta para os moradores.

CRITICAS NÃO PARAMEntretanto são muitas as crí-ticas que persistem. Citado pelos meios de comunicação

social chineses, o deputado Ung Choi Kun considera que o Governo tem de aprender com o caso Sin Fong e fazer alterações à lei de segurança dos prédios. Além disso, defende ainda que o orga-nismo responsável pelas análises dos edifícios tem de melhorar o seu trabalho. “Não apenas a lei da segu-rança, mas todas as leis que não são perfeitas têm que ser melhoradas com o avanço da sociedade. O caso do Sin Fong Garden é triste, e espero que tanto o Governo como a Assembleia Legisla-tiva considerem a hipótese de melhorar as leis.”

Os moradores que foram evacuados das suas casas estão preocupados com o alto valor das rendas na zona e acusam o Executi-vo de ainda não ter criado um grupo para resolver as duvidas sobre o caso. “O Governo disse-nos que ia criar um grupo de trabalho especial mas até agora não existe nada. Temos tantas perguntas e não sabemos a quem as colocar, não sabe-mos o ponto da situação”, disse um morador durante o Fórum do canal chinês da TDM.

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5sociedadesegunda-feira 22.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Longas listas de espera no São Januário levam pacientes a optar por hospitais privados

Esperas entre seis meses a dois anos

Joana [email protected]

SÃO todos doentes e portugueses, mas têm mais em comum do que estas duas carac-

terísticas: quatro residentes de Macau viram-se obrigados a optar pelo serviço hospitalar privado ou fora do território, depois de o Centro Hospitalar

China e Macau assinam acordoA Administração Geral das Alfândegas da China e a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos assinaram hoje um acordo de cooperação. O protocolo vai dar origem a um mecanismo de cooperação no âmbito das estatísticas do comércio externo, permitindo ainda promover a colaboração e desenvolvimento mútuos, explica nota oficial enviada à imprensa. O acordo contempla áreas como o reforço do intercâmbio do regime e da metodologia das estatísticas do comércio externo, partilha de experiências, estabelecimento de um mecanismo de permuta de dados, verificação regular e análise dos dados estatísticos, e também a organização de colóquios e de conferências.

Dicionário Temático de Macau na calhaNo próximo dia 26, será apresentado o Dicionário Temático de Macau. Trata-se de um projecto que começou há 13 anos, ainda antes da transferência de soberania, e que só agora ficou concluído, disse à Rádio Macau Maria Antónia Espadinha, uma das coordenadoras da obra que conta com mais de mil entradas. No Dicionário Temático, os temas abordados vão das personalidades importantes até à economia, passando pela arte ou a geografia.

SJM revela acordo com Governo para terreno no CotaiDepois de a MGM China ter anunciado acordo com o Governo para uma concessão de terreno no Cotai, agora é a vez da SJM anunciar que também já recebeu a luz verde do Executivo. Num comunicado enviado à bolsa de Hong Kong a operadora de Stanley Ho diz ter chegado a acordo com o Governo, a quem vai pagar 2,15 mil milhões de patacas por um terreno de 70 mil metros quadrados no Cotai. O objectivo, diz o comunicado, é construir um casino com 700 mesas de jogo, 1000 “slot-machines” e um hotel com dois mil quartos.

do Conde de São Januário lhes apresentar uma longa lista de espera.

A Sofia (nome fictício) foi--lhe diagnosticado um tumor e a portuguesa – residente no território há três anos e meio – precisava com urgência de fazer uma ressonância magnética. Depois de uma consulta, Sofia recebeu do médico uma notícia preocupante. “Ele fez uma cara

de espanto e começou a abanar a cabeça enquanto estava a tentar marcar-me o exame no compu-tador”, conta ao Hoje Macau. “Os médicos têm um sistema para verem quando há vagas, penso eu, e ele disse-me que só conseguiria que eu fizesse a ressonância em Julho de 2013.”

A consulta foi em Agosto de 2011, mas a portuguesa apenas conseguiria ter acesso

ao exame que precisava quase dois anos depois. Sofia conta que o médico escreveu uma carta ao superior hierárquico a pedir uma ressonância magnética no máximo em dois meses, visto que o caso deveria ser tratado como urgente. “Eu esperei e ninguém me contactou, como disseram que iriam fazer.”

Sofia acabou por optar pelo serviço hospitalar privado, no Kiang Wu, onde fez o exame que necessitava. O mesmo sucedeu a outros três portugueses, que contaram ao Hoje Macau as suas histórias.

Num dos casos, o paciente teria de fazer um “exame às veias” – o português não sabe especificar o nome -, e foi-lhe dito pelo médico que teria de esperar entre seis a oito meses para que pudesse ter lugar e uma pessoa que me fizesse o exame. O doente desistiu. “No dia a seguir, fiz logo o exame no privado.”

Outros dois casos, recordam mais dois portugueses ao jornal, prenderam-se com motivos bem mais alarmantes do que a longa lista de espera. Um deles é a falta de médicos: João tinha que fazer um exame neurológico, mas no São Januário foi-lhe dito que “havia a máquina” para o procedimento, mas não “alguém que soubesse trabalhar com ela”. O português acabou por fazer o exame numa viagem a Portugal e trazer de regresso os exames para Macau.

SS DE BOCA FECHADA As longas listas de espera no hospital público do território não são novidade, mas os Serviços de Saúde (SS) não conseguiram disponibilizar ao Hoje Macau nem dados nem justificações para as longas filas de espera para exames. Segundo dados deste ano, publicados pelo jornal Tribuna de Macau, em 2011 havia 2,6 médicos por cada mil habitantes, enquanto a média da OCDE aponta para 3,1 médicos por esse número de pessoas. O ano passado houve mais 2.090 doentes internados, mais 42.929 consultas de urgência, mais 383.740 exames de diagnóstico efectuados, mais 736 operações realizadas e mais 97.808 consul-tas externas.

O ano passado, Chan Wai Sin, director do Centro Hospi-talar Conde de São Januário, frisou numa conferência de imprensa que, pelo menos, 150 eram precisos no território nos próximos 10 anos. Até agora, contudo, não há informações mais concretas sobre quantos médicos precisa realmente o serviço público de saúde, ape-sar de estar a falar há já algum tempo de contratar médicos de Portugal.

Torna-se desesperante conseguir uma vaga a curto prazo para fazer um exame médico no Centro Hospitalar do Conde de São Januário. O Hoje Macau ouviu quatro residentes portugueses que optaram por recorrer ao privado para ter diagnósticos mais rápidos. Os Serviços de Saúde mantêm-se em silêncio

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6 sociedade segunda-feira 22.10.2012www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

TRÊS meses depois de alguns impor-tadores de vinho de Macau terem

estado presentes em São João da Pesqueira para mais uma edição da Vindouro, evento que reúne os maio-res produtores de vinho do porto da região, eis que o município pretende atingir “outro paradigma” numa tentativa de trazer os nécta-res vitivinícolas ao mercado asiático.

De acordo com Vítor Sobral, vereador da câmara municipal de São João da Pesqueira, está a ser estu-dada a assinatura de um protocolo de cooperação com o Fórum Macau, que ainda não tem uma data certa para acontecer. “As conversações têm apenas

Município de São João da Pesqueira e Fórum Macau analisam parceria

“Gostaria que este protocolo fosse indelével”

Certame termina com cerca de 90 protocolos assinados

Portugal “agressivo” na MIFNUNCA como este ano os

países de Língua Portuguesa tiveram tanta expressão na Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla inglesa). O evento, que chegou ontem ao fim, foi palco da celebração de cerca de 90 pro-tocolos e acordos de cooperação, mas não se conhecem os valores envolvidos.

Irene Lau, responsável pelo Instituto de Promoção do Co-mércio e Investimento (IPIM) disse apenas que se registou um aumento de 10% face ao ano passado. Entre Angola, Portugal e Timor-Leste foram assinados dez acordos.

Depois de quatro dias a mos-trar o que de melhor Portugal tem ao nível dos vinhos e produtos

alimentares, o optimismo impe-rava no pavilhão que juntou mais de 60 empresas lusas do sector. Alberto Neto, presidente da As-sociação de Jovens Empresários de Portugal-China (AJEPC), con-firmou ao Hoje Macau que foram assinados cinco protocolos e que se registaram algumas encomen-das. Mas a receita para a máquina dos negócios andar só resulta com uma dose de agressividade. “Fechámos alguns negócios e acordos de cooperação, e foi extremamente interessante. É de louvar a nossa atitude agressiva na feira. Aproveitamos os tempos mortos para realizar eventos de promoção dos produtos portu-gueses. Realizámos três festas onde convidámos empresários da

China, Hong Kong e também de Macau, o que deu algum dinamis-mo e criar empatia. Nesse âmbito acho que a feira correu muito bem, agora temos é de finalizar: pegar nesses contactos e não deixar arrefecer as coisas. Temos de tornar isto em negócios.”

Para o futuro, Alberto Neto garante que é importante que os empresários continuem a apostar na pró-actividade quando se des-locam a eventos como a MIF, mas não só. “Convidar empresários para estar connosco e organizar eventos é ter uma capacidade superior. Mas devemos apostar muito nas missões inversas, como convidar empresários chineses a irem visitar Portugal”, acrescen-tou. - A.S.S.

três meses. Gostaria imenso que fosse assinado aquan-do do Ano Novo Chinês, em 2013”, disse ao Hoje Macau. “Gostaria que este protocolo fosse indelével, enquanto houver interesse entre as partes”, acrescen-tou.

Rita Santos, secretária--geral adjunta do Fórum Macau, também não adian-tou qualquer data. “É uma iniciativa positiva e estão a fazer contactos futuros. Temos primeiro de auscul-tar as opiniões das restantes delegações dos países de língua portuguesa e da secretaria do Fórum”, ex-plicou ao Hoje Macau.

Para já, Vítor Sobral afirma que está garantida a participação dos empre-sários da região nas acções de formação do Fórum, mas não só. “Estamos a construir o projecto de

de Macau (MIF), onde os produtores do município fizeram parte do pavilhão de Portugal (ver texto se-cundário). Neste ponto, o vereador considerou que os primeiros contactos na Vin-douro, em Agosto último, já começaram a dar frutos, dado que muitos produtores já estavam representados na MIF por importadores de Macau.

O objectivo dos contac-tos com o Fórum Macau e o mercado chinês é tentar contornar a crise económi-ca. “Queremos continuar esse projecto e fomentá-lo, por forma a que a expor-tação seja cada vez mais evidente e que a valorização do nosso produto seja uma realidade. Isso fará com que a sustentabilidade do concelho seja garantida”. “Portugal está num período de crise e é neste momento que as instituições e os organismos públicos, no-meadamente as câmaras, têm de priorizar as acções”, acrescentou.

O investimento nessas acções vai sair dos bolsos da câmara e também do Fórum Macau, mas Vítor Sobral mostra-se confiante. “Certa-mente que o financiamento a ser canalizado não será tanto face aos resultados que esperamos vir a ter”.

geminação com algumas das comunidades asiáticas para um relacionamento mais próximo em termos comerciais. Falamos do interesse do concelho em ter uma geminação com

Macau, Zhuhai e a ilha de Hainão, porque temos um produto de qualidade para o turismo”, acrescentou o vereador do município. Quanto ao papel da câmara municipal, é apenas a de fa-

cilitadora de negócios entre produtores e importadores.

CONCELHO SUSTENTÁVELVítor Sobral falou com o Hoje Macau no último dia da Feira Internacional

A internacionalização do vinho na Ásia é o objectivo que levou a câmara municipal de São João da Pesqueira a estudar a assinatura de um protocolo com o Fórum Macau. Vítor Sobral, vereador da câmara, confirmou ao Hoje Macau que tal poderá ser uma realidade em 2013

HOJE

MAC

AU

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7sociedadesegunda-feira 22.10.2012 www.hojemacau.com.mo

EDITAL

Edital no :152/E/2012Processo no :827/BC/2012/FAssunto :Início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI)Local :Avenida do Nordeste n.º196, Edf. Tong Wa San Chun, fracção 2o andar G (CRP:G2), Bloco 12, Macau.

Chan Pou Ha, subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pela alínea 7) do no 1 do Despacho no 09/SOTDIR/2009, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) no 16, II Série, de 22 de Abril de 2009, faz saber por este meio ao dono da obra e ao proprietário, o seguinte:1. Em 03/09/2012, o agente de fiscalização desta DSSOPT constatou no local acima identificado a realização de obra sem licença, cuja descrição e situação é a seguinte:

Obra Situação da obra Infracção ao RSCI e motivo da demolição

1.1Instalação de gaiola metálica na fachada do edifício junto às janela e varanda da fracção.

ConcluídaInfracção ao no 12 do artigo 8o, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

2. Sendo as janelas e varandas acima referidas consideradas como pontos de penetração para realização de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podem ser obstrídos com elementos fixos (gaiolas, gradeamentos, etc.), de acordo com o disposto no nº 12 do artigo 8º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei no 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto pontos de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, a obra executada não é susceptível de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinada pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada.

3. Nos termos do no 7 do artigo 87o do RSCI, a infracção ao disposto no no 12 do artigo 8o é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas.4. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo,

pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no nº 1 do artigo 95o do RSCI.

5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, no 33, 15o andar, Macau (telefones nos 85977154 e 85977227).Aos 10 de Outubro de 2012 A Subdirectora dos Serviços Engª Chan Pou Ha

Cecília [email protected]

A fim de ajudar os cidadãos mais vulneráveis, o Rotary Club da

Guia de Macau (RCGM), uma associação de bene-ficência que desenvolveu um plano de apoio anual para melhorar os serviços prestados aos seniores, vai promover a oferta de implan-tes dentários para idosos. Tal projecto conta com a ajuda do Instituto de Acção Social (IAS), juntamente com seis associações.

Segundo a presidente do RCGM, Elaine Molk, cerca de 15 idosos poderão vir a usufruir desta ajuda para que possam ganhar novos dentes. “A saúde dos dentes influencia a qualidade de vida, e especialmente nos mais velhos. Normalmente os custos para implantes dentários situam-se entre

Associação local criou plano em parceria com o IAS

Idosos vão receber implantes dentários5 a 7 mil patacas para cada pessoa. Como nós temos um grupo de médicos voluntá-rios e uma parceria com o Governo, podemos ajudar cerca de 15 idosos com esta iniciativa. Espero que possamos chamar a atenção da sociedade e do Governo para juntar mais pessoas ao grupo.”

Quem também esteve presente na conferência de imprensa de apresentação da iniciativa foi Iong Kong Io, presidente do IAS, que garantiu que o Executivo não deixa de apoiar os mais velhos que necessitem deste tipo de serviço. “Concede-mos um subsídio aos ido-sos mais carenciados, que precisam de tratar dos seus dentes no hospital público. Espero que existam mais associações como o RCGM para ajudar as pessoas com mais necessidades, porque a procura é grande e as des-pesas são elevadas.”

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8 nacional segunda-feira 22.10.2012www.hojemacau.com.mo

O trio mais poderoso da China já definiu os seus candidatos preferidos para assumirem o co-

mando da nação, disseram algu-mas fontes. A futura liderança do gigante asiático inclui reformistas financeiros, mas não necessaria-mente reformistas políticos.

A lista de sete membros foi elaborada por um antigo, um actual

A China pediu este sábado que a Coreia do Sul e

a Coreia do Norte tenham moderação e preservem a paz na península, depois do norte comunista ameaçar atacar o sul. A empobrecida Coreia do Norte disse na sexta-feira que atacaria o sul caso Seul per-mitisse que alguns activistas lançassem folhetos anti-norte no seu território, naquela que foi a advertência mais forte dos últimos meses contra o seu inimigo de há longa data. O ministro da Defesa da Coreia do Sul disse ao Parlamento que o seu exército vai retaliar no caso de haver um ataque. “Como um vizinho próximo da península, a China pede que as duas Coreias resolvam o conflito através do

China apoia declaração conjunta da ONU e da Liga ÁrabeO porta-voz da chancelaria chinesa, Hong Lei, afirmou no sábado que a China apoia o pedido de cessar-fogo na Síria durante o Festival do Sacrifício, proposto pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o comandante da Liga Árabe, Nabil al Arabi, numa declaração conjunta. Ban Ki-moon e Arabi pediram no documento que as partes envolvidas do país apliquem o cessar-fogo, sugerido pelo representante especial das duas entidades para a Síria, Lakhdar Brahimi. Hong Lei disse que o cessar-fogo é a prioridade da questão síria. A China pede que as partes envolvidas tratem o assunto baseadas no interesse fundamental do povo e do país, realizem o cessar-fogo a fim de evitar mais sacrifícios e iniciem, o mais cedo possível, o diálogo político e o processo de transferência de poder.

Líderes chineses já definiram os preferidos para integrar o novo Politburo

Mudanças políticas mais lentas do que as económicas

Pequim pede moderação entre Coreia do Sul e Coreia do Norte

Sem acções provocatórias ou radicaisdiálogo e da consulta”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Hong Lei, em comunicado. “Esperamos que as duas partes possam manter a calma e não fazer quaisquer acções provo-catórias ou radicais.”

A Coreia do Norte, que depende fortemente da China para dar apoio à sua economia, bombardeou uma ilha sul--coreana há quase dois anos, causando baixas entre os civis. As eleições presidenciais estão a aproximar-se na Coreia do Sul e os planos para a implantação de mais mísseis de alcance por parte do governo de Seul têm irritado o norte e contribuído para uma escalada da retórica beligerante de Pyongyang.

e um futuro presidente, e deverá ser apresentada oficialmente du-rante o 18º. Congresso do Partido Comunista Chinês, em Novembro, segundo três fontes ligadas aos altos escalões partidários.

Estas fontes disseram que o ex-presidente Jiang Zemin, o pre-sidente Hu Jintao e o seu provável sucessor, Xi Jinping, chegaram a um consenso sobre os futuros

integrantes do Comité Permanente do Politburo, o principal órgão decisório do PCC. Após meses de tumultos políticos, isto poderia garantir uma transição mais suave.

A lista, ainda sujeita a enfrentar oposição e mudanças por outros pareceres partidários, prevê a redução do Comité Permanente do Politburo de nove para sete membros. O grupo seria chefiado

por Xi, de 69 anos, e pelo futuro primeiro-ministro Li Keqiang, de 57 anos, o único outro nome garantido.

A redução no número de inte-grantes faria com que fosse mais fácil Xi impor a sua autoridade e promover as reformas neces-sárias, segundo as fontes, que observaram também que a lista inclui o vice-primeiro-ministro

Wang Qishan, de 64 anos, actual ministro das Finanças que goza de grande estima entre os inves-tidores estrangeiros.

Mas a lista omite um dos mais inflamados reformistas políticos do partido, Wang Yang, de 57 anos, dirigente comunista da província de Cantão. Muitos no Ocidente vêem-no como um farol da reforma política, por causa da sua relativa tolerância à liberdade de expressão e à organização da sociedade civil.

Por outro lado, a lista inclui Liu Yunshan, de 65 anos, ministro da Propaganda do partido, responsá-vel por manter a imprensa sob rédea curta, e autor de várias tentativas de controlar mais rigidamente a Internet chinesa, que tem milhões de utilizadores. “Hu Jintao gostaria de excluir Wang Yang do Comité Permanente, porque ele é dema-siado reformista, e representa um grande risco de mudança”, disse o cientista político David Zweig, da Universidade de Ciência e Tecno-logia de Hong Kong.

Apesar disto, considerou a lista bem equilibrada, com candidatos conscientes da necessidade de reformas -ainda que quaisquer mudanças políticas devam ser mais lentas do que as económi-cas. “Acredito que este grupo irá avançar rapidamente para as mudanças”, acrescentou Zweig.

Os outros candidatos aparecem na lista mais pelas suas alianças dentro do partido do que pelas suas credenciais reformistas. A saber: Li Yuanchao, 61 anos, chefe do poderoso departamento de organi-zação partidária; Zhang Dejiang, 65 anos, que substituiu o deposto Bo Xilai como dirigente comunista em Chongqing (sudoeste); Zhang Gaoli, 65 anos, dirigente do partido em Tianjin.

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9regiãosegunda-feira 22.10.2012 www.hojemacau.com.mo

O governo do Ja-pão e a Agência Internacional de Energia Atômica

(AIEA) projectam criar um novo centro em Fukushi-ma para estudar modos de descontaminação e de manuseamento de resíduos radioactivos, informou este domingo a agência japonesa Kyodo.

Espera-se que o acordo para criar este centro seja

O exército americano im-pôs na sexta-feira um

toque de recolher por tempo indeterminado aos seus 47 mil soldados mobilizados no Japão, depois da suposta violação de uma japonesa por dois militares na ilha de Okinawa. “Emito uma ordem de recolher obrigatório com efeito imediato para os funcio-nários militares mobilizados no Japão, definitivamente ou

O governo de Myanmar vai ser convidado para um importante

exercício militar multinacional lide-rado pela Tailândia, num marco na reaproximação da antiga Birmânia com a comunidade internacional e num forte gesto simbólico para um país cujas Forças Armadas têm um sombrio histórico nas questões de direitos humanos.

As autoridades dos países par-ticipantes disseram à Reuters que o

O ministro japonês dos Negócios Estrangei-

ros, Koichiro Gemba, afirmou na sexta-feira, em Berlim, querer encon-trar uma solução pacífica baseada no direito inter-nacional para o conflito que seu país enfrenta com a China pelas ilhas Dia-oyu. “O que quero dizer é que aspiramos a uma solução pacífica baseada no direito internacional”, afirmou durante uma conferência de impren-sa conjunta com o seu colega alemão, Guido Westerwelle.

Koichi ro Gemba acrescentou que Tóquio não deseja uma escalada na tensão com Pequim depois da nacionaliza-ção que o Japão fez, no início de Setembro das ilhas Diaoyu, situadas no Mar da China Oriental e

Japão e AIEA projectam centro de pesquisa nuclear em Fukushima

Acelerar o regresso dos deslocados

Japão impõe recolher obrigatório para americanos

Desconforto e insegurança

Antiga Birmânia vai participar em exercício militar com EUA e Tailândia

Afastar Myanmar da dependência da China

Solução pacífica para ilhas disputadas

Intensificar o diálogo

China”, disse o analista Jan Za-lewski, que acompanha assuntos birmaneses na consultoria IHS Global Insight.

Myanmar passou quase cinco décadas sob um regime militar, mas recentemente deu início a uma reaproximação elogiada por Washington, e o convite para os exercícios militares é uma das maiores recompensas oferecidas ao país desde o início desse processo.

governo birmanês será convidado a enviar observadores para o “Co-bra Dourada”, um exercício anual que envolve milhares de soldados norte-americanos e tailandeses, para além de vários outros países asiáticos.

“Este parece ser o primeiro passo por parte dos Estados Unidos para voltar a envolver-se militar-mente com Myanmar e para afastar (Myanmar) da sua dependência da

assinado no dia 15 de De-zembro pelo director-geral da AIEA, Yukiya Amano, e pelo governador de Fukushi-ma, Yuhei Sato, durante uma conferência sobre segurança nuclear que irá acontecer naquela província.

O acidente de Março de 2011 na central de Fukushi-ma Daiichi, o mais grave desde o de Chernobyl em 1986, mantém cerca de 52 mil pessoas evacuadas da

zona de exclusão em torno da unidade, embora segundo os dados divulgados ontem pela Kyodo os deslocados em toda a província che-guem a cerca de 110 mil.

Através deste projecto de investigação com a AIEA, o governo japonês procura fazer testes no terreno para acelerar o re-gresso dos deslocados aos seus lares e evitar danos à saúde a longo prazo.

temporária”, declarou o chefe das forças armadas america-nas no Japão, general Sam Angelella.

O general acrescentou que será dada uma “formação so-bre os valores fundamentais” aos militares e aos integrantes civis do exército presentes no arquipélago.

Dois soldados ameri-canos, de 23 anos, foram detidos na terça-feira pela

A AIEA enviaria a Fukushima vários inves-tigadores da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia que parti-ciparam nos esforços de rea-bilitação depois do acidente nuclear de Chernobyl, a fim de aplicar a sua experiên-cia de então na província japonesa.

O governo japonês, em virtude do futuro acordo, facilitará aos investigadores internacionais as instalações e equipamento necessário, segundo a Kyodo, que detalha que no orçamento do Japão de 2011 já estão contemplados cerca de 90 milhões de patacas para projectos conjuntos com a AIEA.

suposta violação de uma jo-vem japonesa, que também teria sido ferida no pescoço, na madrugada de terça-feira.

“Devo pedir desculpas pessoalmente pela dor e pelo trauma sofridos pela vítima e pela dor causada ao povo de Okinawa”, destacou o general num comunicado.

Cerca de 22.000 dos 47.000 soldados americanos mobilizados no Japão estão em Okinawa, uma pequena ilha do extremo sul do ar-quipélago, cuja população se queixa regularmente do desconforto e da insegurança provocados por esta presença militar massiva.

O recolher obrigatório irá vigorar das 23h00 às 05h00, e todos os membros das forças armadas americanas mobilizados no país deverão permanecer nas bases ou em casa. O recolher teve início na noite de sexta-feira.

administradas por Tó-quio, mas reivindicadas por Pequim. Estas ilhas pertenciam até agora a um proprietário privado japonês. “Devemos in-

tensificar o diálogo nas relações sino-japonesas”, enfatizou o ministro, segundo declarações tra-duzidas do japonês para o alemão.

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10 segunda-feira 22.10.2012www.hojemacau.com.moentrevista

Manuel António Pina, poeta

“O amor através do sexo está ligado ao abismo”Tem um pensamento torrencial. É difícil não sucumbir ao encanto, ao humor, à inteligência e às histórias. Consegue defender o cepticismo da forma mais apaixonada, tornando-o quase o seu inverso. Não acredita em milagres, mas faz tudo para que eles aconteçam. A conversa começou pouco religiosa sobre a relação entre os intelectuais e os políticos. Já não me lembro da primeira pergunta, mas a primeira resposta foi a que se segue.

Nuno Ramos de Almeidain i

UM dia o Sócrates telefo-nou-me, eu tinha escrito uma crónica em que fa-lava das declarações do

então treinador do Benfica, Camacho, que garantia que o clube jogava bem mas não metia golos. Relembrei que o objectivo do futebol não era “jogar bem”, mas meter golos, nem que seja com a mão. Comparava a situação com a do governo, dizendo que estava tudo óptimo, com o pequeno problema de não funcionar. Estava em casa e o telefone tocou. Atendi – ainda bem que fui eu, a minha mulher teria decerto descomposto o tipo a pensar que era um brincalhão – e escutei uma voz: “Daqui José Sócrates.” Ainda na dúvida se não era alguém a gozar comigo, ouvi: “Venho protestar consigo na minha qualidade de benfiquista e já agora de socialista”, e convidou-me a ir al-moçar a S. Bento. Vou-lhe dizer uma coisa, ele surpreendeu-me. Olhe que a certa altura até me citou o Ruy Belo, e apropriadamente, com uma citação certa. Estava acompanhado daquele tipo que vinha do SIS, o Almeida Ribeiro, a partir daí telefonava---me muitas vezes. Eu sei que ele fazia isso a várias pessoas, porque quando morreu o Eduardo Prado Coelho li uma declaração em que ele dizia: “Era uma grande pessoa, uma grande figura, e até tinha um almoço marcado com ele.” Garanto-lhe que aquilo funcionava. Continuei a dizer o que pensava, mas durante uns tempos não escrevia “José Sócra-tes”, mas “primeiro-ministro”, para desfulanizar, como dizia o António Sérgio. Começámos a afastar-nos quando ele, num discurso que fez no Norte, em 2008, no início da crise do subprime, garantiu que os portu-gueses deviam estar seguros de que a Segurança Social não especulava com o dinheiro das pessoas como as economias de casino. Eu com aquele péssimo hábito que tenho de jornalista, fui confirmar as coisas, consultei o site da Segurança Social e vi que 80% dos fundos estavam aplicados em acções. Ele tinha dito expressamente que não se aplicava dinheiro em acções e não era verdade.

Os políticos, além de tentarem seduzir os intelectuais como o Manuel António Pina, também os castigam?

Vou dizer-lhe uma coisa: é mais comum a sedução. O único políti-co que me lembro de me mostrar algum desagrado foi o Sampaio. Senti isso depois de escrever uma crónica quando ele foi a Barrancos, durante a guerra sobre as touradas de morte. É preciso lembrar que foi a posição dele que ajudou muito a legalizar aquela excepção, dizendo, em Barrancos, que o povo quer as touradas de morte. E eu escrevi uma crónica citando o Mário Cesariny, dizendo: “Vem ver o povo que lin-do é/ vem ver o povo dá cá o pé.” Passado uns tempos atribuíram-me uma condecoração. Fui lá recebê-la, em Guimarães, pensei em não aceitar delicadamente, mas a minha mulher disse-me que fosse. A minha mulher é fantástica, deve ser a única pessoa que nunca escreveu um poema na vida, nunca tentou escrever “alma” a rimar com “calma” e “água” com “mágoa” e apesar de não gostar de poesia faz-me uma espécie de edição. Às vezes escrevo um poema e ela

Não acredito em milagres. Digo que aquilo é muito bonito, é belo. E senti a necessidade de pôr um parênteses: a beleza é o rosto mais jubiloso da verdade. Não da própria verdade, mas do seu rosto. Quanto à verdade, tenho dúvidas que exista

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11segunda-feira 22.10.2012 www.hojemacau.com.mo entrevista

Manuel António Pina, poeta

“O amor através do sexo está ligado ao abismo”Tem um pensamento torrencial. É difícil não sucumbir ao encanto, ao humor, à inteligência e às histórias. Consegue defender o cepticismo da forma mais apaixonada, tornando-o quase o seu inverso. Não acredita em milagres, mas faz tudo para que eles aconteçam. A conversa começou pouco religiosa sobre a relação entre os intelectuais e os políticos. Já não me lembro da primeira pergunta, mas a primeira resposta foi a que se segue.

diz-me o que acha, e normalmente tem razão. E sobre eu não querer aceitar a condecoração disse-me: “Lá estás tu a pôr-te em bicos dos pés.” E tinha razão. No dia aprazado, Sampaio pôs-me o penduricalho e eu agradeci. E ele disse-me assim, com aquela cara severa que o homem tem, “não me agradeça a mim, agradeça ao Estado”. E eu disse-lhe: “Ó senhor Presidente, mas como não tenho o Estado à mão, agradeço-lhe a si.”

Está um bocadinho desencantado?Estou muito. Eu não tenho nenhu-ma fé. Mas escrevi recentemente uma crónica chamada “O que fica depois do que se perde”, sobre o filme “A Palavra”, do Dreyer. É uma história sobre a fé. Conta a vida de um luterano que tem três filhos, o mais velho é ateu, o segundo tem uma loucura mística, convence-se que é a reencarnação de Cristo, e o terceiro, o pai tenta casá-lo com uma rapariga de outra seita protestante. Todos consideram louco aquele que

se julga Cristo, eu até escrevi na crónica loucura entre aspas, para acrescentar uma nota em que dizia que sou céptico, mas sou céptico em relação ao próprio cepticismo, mas depois acabei por tirar as aspas porque já não tinha espaço para as explicar. A certa altura do filme, a mulher do filho mais velho, ateu, morre, e as duas crianças pedem ao tio que ressuscite a mãe, porque têm aquela fé pura e sem limites acreditam nisso – é das cenas mais comoventes da história do cinema – e ele ressuscita-a. As únicas pessoas que não ficam surpreendidas são as duas crianças. É curioso que eu que não tenha fé nenhuma, mas quando vejo coisas daquelas sinto uma es-pécie de melancolia. É a sensação que têm os amputados que sentem a perna que já não têm.

Não acha que esse desencanta-mento é fruto de um sentimento de impotência? Muitos textos seus fazem esse contraponto entre as es-

peranças de uma geração dos anos 60 e o abastardamento da maioria dessas pessoas no presente...Isso não gera naturalmente impo-tência, a não ser nos impotentes. Eu cito muitas vezes uns versos do João Cabral Neto, na “Morte e Vida Severina”, que dizem assim: “Muita diferença faz entre lutar com as mãos e abandoná-las para trás.” E eu sou uma pessoa que atira as mãos para a frente. O meu cepticismo é mais em relação ao ser humano e sobre-tudo em relação a todos os tipos de optimismo. Às vezes inverto aquela máxima e digo que o optimista é um pessimista mal informado. Eu sujo as mãos, mas faço-o descom-prometidamente. Estávamos a falar da descrença, mas eu sinto--me completamente revoltado. Às vezes digo: a vontade que tenho era pôr um cinturão de bombas e explodir com essa malta toda. Quando vejo tratar mal alguém mais vulnerável, um velho, uma mulher, uma criança ou um animal, sou capaz de fazer mal…

Mas não acha que, como no filme, é preciso acreditar para que as coisas aconteçam?Não acredito em milagres. Digo que aquilo é muito bonito, é belo. E senti a necessidade de pôr um parênteses: a beleza é o rosto mais jubiloso da verdade. Não da própria verdade, mas do seu rosto. Quanto à verdade, tenho dúvidas que exista. Isso da beleza não é uma constatação minha. No outro dia estava a ver uma entrevista do Prémio Nobel da Física Steven Weinberg, em que ele dizia que a teoria das cordas era tão bonita que tinha de ser verdadeira. É um físico que diz isto, não é o místico. Sei que a literatura e a arte são formas e não a confundo com a realidade prática. Já tenho dito que sou um pouco religioso, no sentido mais estritamente literal da palavra.

A poesia não é uma forma de religião. Não é uma negação da realidade?Não necessariamente. No outro dia disse uma coisa com que concordo, nem sempre isso me acontece. Es-tive a reler uma entrevista minha à “Ler”, e exclamei: “Eu disse isso?” Fiquei contente. Achei que tinha dito uma coisa acertada. Nem pareço eu. A propósito do Joaquim Manuel Magalhães falar do regresso ao real, disse: “Mas há alguma coisa que não seja real? Tudo é real. O problema é que há muitas realidades. O sonho é tão real como estar acordado.” De facto, nós sentimos efeitos físicos dos sonhos, dos desejos, dos medos, das esperanças. É tudo real. Digo-lhe mais, os mitos – e não estou a falar dos mitos gregos, que são arquétipos da realidade humana – são forças reais: não há nada mais mobilizador que um mito. O mito da greve geral dos trabalhadores é mobilizador. O mito de uma sociedade sem classes também mobilizou milhões de pes-soas ao longo da história.

Nas suas crónicas fala repetida-mente da expulsão dos poetas da polis e opõe os economistas aos poetas. O que significa isso?O economista no sentido em que eu o trato são uma espécie de núncios e arautos dos mercados. Escrevi uma crónica contra esses economistas, os que em geral têm acesso às tele-visões. Não são todos. Eu frequento um blogue de economistas que se chama Ladrões de Bicicletas, em que se fala de outra forma. Curiosamente,

o título não remete para a economia, mas para a arte e o cinema. Não sou tão insano que não saiba que as realidades económicas existem, o que me parece é que lá por serem realidade não são necessariamente verdadeiras.

É possível fazer poesia nos tempos da troika?Acho que se calhar até é obrigatório. Tenho um amigo que está a fazer um livro de poemas sobre isso, o João Luís Barreto Guimarães. Por acaso a minha poesia não é muito desse género, mas no outro dia coloquei num poema, aqui nuns caderninhos [procura o dito], meti qualquer coisa sobre aquela frase do Passos Coelho sobre a democratização da econo-mia, a propósito da precariedade da existência e do absurdo. Compreen-do que os seres humanos procurem sempre um sentido ou um destino. É duro de mais saber que se existe para nada. São os grande problemas filosóficos. Aquelas perguntas que nos fazem os nossos filhos: onde estava eu antes de ter nascido? O que nos acontece depois de morrer? São esses os grandes problemas filosófi-cos a que todos procuram responder: de onde vimos e para onde vamos. Toda a arte e toda a literatura reflecte isso. O Borges diz que toda a arte se resume a dois temas: o amor e a morte... e o tempo. O amor através do sexo está ligado ao abismo antes e a morte ao abismo do ser do depois, ao seu desaparecimento. São uma espécie daquilo que os astrónomos chamam horizontes opacos, a partir dali não se pode ver o antes e o depois. É natural que os homens se interroguem. Toda a arte, como toda a filosofia, são interrogativas.

Manuel António Pina opõe o poeta ao economista, mas também a infância à idade adulta, em que a infância aparece como um sítio, quase um paraíso perdido...

Não acredito em milagres. Digo que aquilo é muito bonito, é belo. E senti a necessidade de pôr um parênteses: a beleza é o rosto mais jubiloso da verdade. Não da própria verdade, mas do seu rosto. Quanto à verdade, tenho dúvidas que exista

O mito da greve geral dos trabalhadores é mobilizador. O mito de uma sociedade sem classes também mobilizou milhões de pessoas ao longo da história

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12 entrevista segunda-feira 22.10.2012www.hojemacau.com.mo

Continuação da página anterior

Eu sei. Nós quando somos peque-nos queremos ser grandes rapida-mente. Mas na infância os poetas invejam a capacidade de ver pela primeira vez. A poesia é também uma forma de olhar de novo. A infância é mítica porque é a ca-pacidade de olhar profundamente pela primeira vez. Para mim, é a melancolia de um momento mítico – mítico até porque parece que já nascemos com a estrutura para a linguagem no cérebro – da relação com as coisas sem intermediação da linguagem. A linguagem afasta--nos do mundo. Nós já nascemos como seres condenados à lingua-gem, como provam os trabalhos do Chomsky, mas tenho um poema num livro, “Lugares da infância”, em que se fala daquela possibi-lidade de ter uma relação com o mundo sem essa intermediação. No meu caso a ideia de infância é uma busca desse momento inicial sem nenhuma palavra e nenhuma lembrança em que nós somos também mundo.

Há uma certa ironia em ser oficial de uma profissão, a de jornalista, em que se faz a mediação com os outros através da linguagem...Mas eu dou-me bem com as duas situações. Há uma coisa que me seduz muito, é o infinitamente grande e o infinitamente peque-no. Sou um leitor apaixonado de livros de divulgação, quer sejam sobre a astronomia, quer sejam sobre a física de partículas. Leio muitas coisas dessas. Sabe porquê? Porque são aqueles mo-mentos em que a nossa linguagem é posta em crise. Digo às vezes, simplificando, que, se a malta que anda a meter heroína lesse um livro de astronomia, sentiria uma pedrada muito mais forte. Imaginar uma distância daqui até Alfa do Centauro, vários anos-luz, é como calcular a nossa dívida pública, é difícil de abarcar. É curioso que estes livros de di-vulgação tenham a necessidade, para expressar esta realidade, de usar a linguagem poética. Há a célebre experiência do gato de Schrödinger, em que ele defende que um fenómeno só existe depois de ser observado. Só sabemos se o gato que está na caixa está vivo ou está morto quando a abrimos. Até esse momento há metade de probabilidades de que esteja vivo e metade de que esteja morto. Nós é que construímos de facto a rea-lidade através da observação, nós é que lhe damos sentido. Quando observamos não conseguimos tirar a nossa consciência como quem tira um sobretudo. Nunca saberemos como é o mundo real, e até que ponto ele coincide com aquele que construímos através da observação e com recurso à linguagem. Ao longo da história há muitos exemplos de que essa

observação não era correcta. A infância é para mim esse momento de coincidência de nós com o mundo. É o problema do amor: nunca conseguimos alcançar o outro. Damo-nos mais com as pes-soas com quem nos escapa sempre alguma coisa. Mas em relação ao jornalismo, quando observamos a nossa galáxia, percebemos que é uma entre milhões, que o nosso sistema está num braço modesto da galáxia e que o nosso planeta

se encontra entre biliões de outros. Esta normalidade dá-me uma sensação de imensa paz, porque me permite relativizar-me a mim e aos meus problemas. Aprendi com os grandes tipógrafos, às vezes estava na chefia de redac-ção cheio de problemas com os títulos e eles diziam--me: “Não se preocupe que amanhã isto é para embrulhar o peixe.” A dimensão do infinitamente grande e do infinitamente pequeno dá-nos a consciência de que tudo é para embrulhar peixe.

Mas isso remete para a questão clássica da filosofia, perante essa espécie de morte de Deus na

imensidão do cosmos: porque raio de razão faremos nós o que quer que seja?A grande dignidade da vida e do jornalismo está em ter a consci-ência plena de que aquilo acaba a embrulhar peixe, mas fazê-lo o melhor possível em cada momento. Fazer o mais honesto, empenhar--se ao máximo, sabendo que é completamente irrelevante. É essa a grandeza do ser humano.

Mas não há nenhuma forma humana de transcendência?Não acredito na transcendência, a não ser nessa: a consciência de ter uma pulsão para ir além de nós mesmos. No nosso caso concreto,

é fazer o melhor possível aquilo que sabemos que no dia seguinte desaparece. É a nossa forma de transcendência.

[Momento em que o fotógrafo Ricardo Castelo pergunta se é possível marcar fotografias para amanhã, com gatos.]

Vou dizer-lhe uma coisa. Se quiser tirar, eu vou. Costumo dizer que à primeira digo sempre que não, mesmo que queira, e à segunda digo sempre que sim, mesmo que não queira. Tenho o hímen com-placente. Estou tão farto de ver fotografias de gatos, é um cliché a meu respeito. Costumo dizer

O Prémio Camões de 2011 estava internado no Hospital de Santo António no Porto.

Morreu na tarde de sexta-feira. Tinha 68 anos. O velório foi no sábado na Igreja do Foco.

Quando, em 2011, Manuel António Pina soube que lhe tinha sido atribuído o Prémio Camões por toda a sua obra - que inclui poesia, crónica, ensaio, literatura infantil e peças de teatro – afirmou: “É a coisa mais inesperada que podia esperar”. O escritor que nasceu, em 1943, no Sabugal, na Beira Alta, vivia no Porto desde os 17 anos numa casa com muitos gatos, que lhe davam material de sobra para os poemas.

Tinha mais de 50 livros publicados e em 1988 recebeu o Prémio do Centro Português para o Teatro para a Infância e Juventude (CPTIJ) pelo conjunto da sua obra neste do-

mínio. Em 1993, recebeu o Prémio Nacional de Crónica, Press Club/ Clube de Jornalistas. Em 2002, com a publicação de “Atropelamento e Fuga”, recebeu o Prémio da Crítica, atribuído pela Secção Portuguesa da Associação Inter-nacional de Críticos Literários, ao conjunto da sua obra poética. Pelo livro de poesia “Os Livros”, editado pela Assírio & Alvim em 2003, recebeu o Prémio Luís Miguel Nava de Poesia e Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores/ CTT. E em 2004, foi-lhe atribuído o Prémio de Crónica da Casa da Imprensa, pelo seu conjunto de crónicas publicadas em jornais e revistas.

Nos anos 80 exerceu advocacia mas desistiu da carreira para ir “trabalhar com palavras”. Foi jornalista do “Jornal de Notícias” durante 30 anos, onde começou a trabalhar em 1971

quando ainda cumpria o serviço militar, através de um concurso.

Foi professor da Escola Superior de Jor-nalismo do Porto e membro do Conselho de Imprensa. Foi bolseiro do Centro Internacional de Teatro de Berlim junto do Grips Theater, na Alemanha, e poeta residente convidado da cidade de Villeneuve-sur-Lot, em França.

Gostava de jogar às cartas, de xadrez e do jogo oriental Go. Foi praticante da arte marcial vietnamita Viet Vo Dao (cinturão castanho) e foi chefe de redacção da revista de artes marciais “Shinkai”. Desde 2005 que era comendador da Ordem do Infante D. Hen-rique. Em 2001 recebeu a Medalha de Ouro de Mérito da Cidade do Porto e em 2005, um voto de louvor da Câmara Municipal do Porto pelo conjunto da sua obra literária.

O escritor que não tinha medo do fim

Os políticos tratam-me sempre bem. São umas putas velhas

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13entrevistasegunda-feira 22.10.2012 www.hojemacau.com.mo

O amor através do sexo está ligado ao abismo antes e a morte ao abismo do ser do depois, ao seu desaparecimento. São uma espécie daquilo que os astrónomos chamam horizontes opacos, a partir dali não se pode ver o antes e o depois. É natural que os homens se interroguem. Toda a arte, como toda a filosofia, são interrogativas

que há dois tipos de fotografias de escritores: ou com mão no queixo ou com livros atrás, e no meu caso é com gatos. Se puder evitar, peço---lhe que o faça.

Há a hipótese de tirarmos uma fotografia de um gato a ler um livro seu?[Risos.] Eu tenho uma fotografia com um gato do Manuel Resende a ler um livro meu. Tenho-a aí, ele estava a traduzir uma obra minha em francês, o Manuel Resende e não o gato, e o bicho adormeceu em cima dos meus poemas. Con-tinuando, isso da impotência não há. Eu não consigo deitar as mãos para trás, como se fala no poema do João Cabral Neto. Faço as coi-sas. É uma frase feita das minhas, daqueles bordões a que a gente se agarra, mas defendo que o mínimo que nos é exigível é o máximo que podemos fazer.

Há quem diga que o jornalismo tende a matar a inteligência. E a arte, não sente isso?Há bastante gente que diz isso. Também a propósito da infância vou citar-lhe um poema meu: “Um tempo houve em que,/de tão próxi-mo, quase podias ouvir/o silêncio do mundo pulsando/onde tu eras mundo, coisa pulsante.” Está a ver, isto é a minha ideia de infância. “Extinguiu--se esse canto/não na morte/mas na vida excluída/da clarividência da infância/e de tudo o que pulsa,/fins e começos,/e cor-rompida pela estridência/e pela he-terogeneidade”, aqui onde estava “heterogeneidade” eu tinha escrito “jornalismo”. Tinha: “corrompida pelo jornalismo”, mas acabei por não pôr, porque é limitativo. Mas é verdade que um dos limites do jornalismo está na estridência. Mas para um jornalista e um escritor (costumo dizer que é uma roupa que nunca me serve bem e poeta muito menos, jornalista acho que me serve melhor) a matéria-prima é a mesma: a palavra escrita. Estas duas formas de escrita: uma para comunicar e outra para criar rea-lidades, para convocar o mundo, têm muitos pontos de contacto. Uma coisa que eu aprendi no jor-nalismo é a humildade. Se conhece escritores, sabe que normalmente são tipos que acham que é funda-mental aquilo que escrevem. No caso do jornalismo, como sabemos que aquilo que escrevemos no dia seguinte está a embrulhar o peixe, não é assim. No jornalismo apren-di essa humildade fundamental. Tenho de escrever, nas minhas crónicas, 1400 caracteres, o morto à medida do caixão – agora tenho--lhes metido o IVA, como aumen-tou, escrevo 1420. E meti-lhe o IVA baixo. Depois de escrevermos uma coisa, o coordenador corta e altera o título. O jornalismo é um trabalho colectivo. Isso dá-nos uma grande modéstia. O Luiz Pacheco dizia que daqui a cem anos ninguém se

lembra. Qual daqui a cem anos... Mesmo na altura já ninguém se lembra. Os escritores têm muita dificuldade em aceitar que tudo acaba por se esquecer. Tudo tende para o esquecimento. Mas há mais relações, o jornalista aprende com o escritor o respeito pelas palavras, sabendo que há palavras que se dão com as outras, e outras não. Não calcula o tempo que demoro a es-crever aquela merda com 1400 ca-racteres. Leio aquilo tantas vezes... Volto atrás e vou para a frente. Só a trabalheira de arranjar assunto. Eu

espontaneamente só tenho opinião uma vez por ano, agora tenho de ter todos os dias porque ganho a vida assim. Nunca leio o que escrevi no dia seguinte, porque se o faço fico completamente frustrado.

Nas suas crónicas tem uma certa desconfiança em relação às ho-menagens e afirma que o inferno dos poetas é acabar nas lapelas dos políticos.Sabe uma coisa, agora que tive o Prémio Camões tenho homenagens em todo o país. E eu vou porque as pessoas são simpáticas. Se me estendem a mão, estendo sempre a mão. Não gosto de humilhar nin-guém. Mais depressa lhe dou uma chapada que a deixo pendurada, compreende? Se desse uma chapa-da ficava cansado para o resto dos dias. Por isso é que em entrevistas já tenho dito que apertei a mão a

muitos canalhas e continuarei a apertar. Ao contrário do Borges, que diz “compreendo o beijo ao leproso, mas não aceito o aperto de mão ao canalha”. De qualquer maneira são pessoas simpáticas. Não posso deixar de fazer isso quando as pessoas me convidam. As explicações que eu dou para tentar não ir por causa das crónicas, da diálise e da falta de tempo, tudo verdade, mas se as pessoas insistem eu vou. O dinheiro do Prémio Ca-mões não o dava a ninguém, mas o prémio partilhava-o com toda a gente, com quem quiser. Entrego já a glória daquela merda.

Gosta do secretário de Estado da Cultura?Sou amigo dele, mas não acho que ele esteja a fazer um grande traba-lho. Não gostei nada da história do Centro Cultural de Belém. Tive

uma crónica escrita sobre isso, mas depois não a publiquei.

Mas o Graça Moura é um bom poeta.Tenho dito isso. Costumo dizer-lhe que só por causa dos poemas dele perdoo-lhe tudo, até ser a favor da pena de morte. A propósito da sua pergunta inicial sobre os políticos, o Jardim sempre que cá vinha telefonava-me e queria almoçar comigo. Eu fiz a tropa com ele, sabe? Até dormíamos no mesmo beliche. A minha mãe costumava dizer que é na guerra e no jogo que se conhecem os homens…

E tem boa impressão dele?Até fico ofendido com essa pergunta [risos]. Tenho a pior possível. Vou--lhe contar um episódio que revela o comportamento daquele tipo, é o comportamento dos cobardes. Na guerra estávamos na Acção Psicológica. Éramos dez tipos e eram quase todos do piorio, só havia três tipos que não eram fachos. Nós dez contestámos uma prova física que contava para a classificação e combinámos chegar todos ao mes-mo tempo. Então fizemos a corrida em passo de cruzeiro, e 100 metros antes da meta o Jardim arranca a grande velocidade e rompe o acordo, o filho da puta, para ver se ganhava uns pontos extra. O azar dele é que arrancou a 100 metros e nós éramos todos mais ágeis que ele, está a ver a figura dele?, e ultrapassámo-lo todos e ele ficou em último lugar. Mas aquilo foi um acto de traição em relação a uma coisa que tínhamos acordado todos. Mas apesar de já lhe ter chamado Bokas-sa ele nunca me pôs um processo e sempre que vinha cá telefonava-me para almoçar comigo. Os políticos tratam-me sempre bem. São umas putas velhas.

Mas há alguma explicação do amor dos políticos pela poesia?Conhece “A Carta a Um Jovem Poeta”? É um diálogo entre Rilke e um jovem poeta que lhe tinha entregue uns poemas. O Rilke sim-paticamente disse que tinha gostado de alguns, a que o jovem terá aduzido esperançado: “Acha então que devo continuar a escrever?” Tendo Rilke respondido de pronto: “Ó homem, se pode parar de escrever, aproveite.” Eu acho até que é um dever cívico. Defendo a tese de que a poesia devia pagar imposto. Mesmo cair sob a alçada do Código Penal. Isso para evitar que, entre outras coisas, eu tenha de ler aqueles 400 livros [aponta para um molho de livros de um concurso de que é jurado]. Todos com “alma” a rimar com “calma” e “água” a combinar com “mágoa” e coisas do género. Poupava-se papel, árvores e muitas coisas. Só se publicavam livros daqueles que estavam dispostos a correr riscos. Voltando à vaca fria, isto visto, já não digo de Alfa do Centauro mas da Lua, é completamente risível.

Quando vejo tratar mal alguém mais vulnerável, um velho, uma mulher, uma criança ou um animal, sou capaz de fazer mal

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segunda-feira 22.10.2012www.hojemacau.com.mo14 vida

Foi ontem avistada,

pelas 14h, uma

mancha escura e longa

junto à ponte Nobre

de Carvalho. A foto,

enviada por um leitor

do Hoje Macau, mostra

aquilo que poderá ser

um pequeno derrame

de óleo nas águas que

separam a península

de Macau da Taipa.

PALMEIRAS e coquei-ros são marca registada dos países tropicais. Mas em Madagáscar,

estão em maus lençóis. Cerca de 83 por cento das espécies existentes na ilha estão em risco de extinção, segundo a União In-ternacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Esta avaliação é uma das novidades da nova edição da Lista Vermelha de espécies ame-açadas, que a UICN actualiza anualmente. Em todo o mundo, há 20.219 animais e plantas em risco de desaparecer do planeta. Até ao ano passado, a conta estava em 19.570.

Isto é, no entanto, apenas o que se sabe, pois dos cerca de 1,7 milhões de espécies vivas conhecidas, apenas 65.518 (4%) foram suficientemente avaliadas para se poder dizer qual é o seu estado actual. Na prática, três em cada dez espécies conhecidas está ameaçada de extinção.

Para as palmeiras de Mada-gáscar, a situação é bem pior. Das 192 espécies que ali exis-tem, 159 estão ameaçadas, víti-mas da destruição do seu habitat. “A maioria das palmeiras de Madagáscar cresce nas florestas tropicais do leste da ilha, que já foram reduzidas a menos de um quarto do seu tamanho original e continuam a desaparecer”, afir-ma William Baker, especialista do Jardim Botânico de Kew, no Reino Unido, e líder da equipa

HOJE NO PRATO

Castanha

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

Nome botânico: Castanea sativa Mill. = Castanea vulgaris Lam.Família: Fagaceae (Castaneáceas ou Fagáceas).

O castanheiro é uma árvore majestosa, de grande porte e longevidade que chega a atingir os 25 metros de altura e os mil anos de idade. Com a idade, o seu robusto tronco torna-se oco servindo muitas vezes de abrigo para os animais. É originário da Ásia Menor.A castanha é a semente do castanheiro e encontra-se dentro de um ouriço (o fruto). É consumida desde os tempos pré-históricos, tendo sido um importan-te contributo na alimentação de vários povos da Europa e norte de África, sobretudo em épocas de carência de cereais, como o comprovam os seus nomes pão-dos-pobres ou árvore-do--pão. Também serviu de alimento aos animais tornando a sua carne mais saborosa.Do castanheiro são ainda utilizadas as folhas, as cascas da árvore e as flores (amentilhos) em medicina popular.

COMPOSIÇÃOMuito rica em hidratos de carbono, sobretudo amido – um hidrato de carbono complexo, de degradação lenta –, conferindo poder saciante; proteínas de elevado valor biológico, fornecendo aminoácidos essenciais; fibras; vitaminas, sais minerais e oli-goelementos; compostos polifenólicos antioxidantes. A castanha é pobre em gordura, não obstante apresenta um teor energético considerável.

ACÇÃO TERAPÊUTICA / OUTRAS PRO-PRIEDADESA castanha é considerada um bom alimento, tem propriedades tónicas e antianémicas e é produtora de força muscular, o que a torna apropriada para anémicos, asténicos, crianças, convalescentes e idosos. Muito nu-tritiva, ajuda no controlo do apetite, fortalece a função do estômago, é adstringente e antissética, sendo útil em caso de náuseas e vómitos, diges-tões difíceis e diarreia, especialmente na das crianças.A sua atividade adstringente é igual-mente interessante para pessoas com tendência para hemorragias e propensão para varizes e hemorroi-das. Este fruto seco apresenta ainda efeitos diuréticos e alcalinizantes do sangue, contribuindo para o equilíbrio dos líquidos e do pH do organismo, beneficiando hipertensos, artríticos e

gotosos. A castanha favorece o funcio-namento do baço e estimula a lactação nas mulheres que amamentam.

COMO CONSUMIRTipicamente um fruto outonal, a casta-nha pode ser adquirida fresca – crua ou assada –, pilada e congelada. Fresca conserva-se uns dias à temperatura ambiente ou umas semanas no frigo-rífico. Outra forma de prolongar o seu tempo de conservação é colocá-la num recipiente de barro com areia seca. As castanhas piladas (secas ao fumo) ou congeladas podem ser consumidas ao longo de todo o ano.Deve retirar a casca e a película que reveste a castanha (muito amarga) antes de a consumir, o que se torna mais fácil depois de cozida ou assada e ainda quente. A castanha deve ser bem mastigada.Extremamente versátil, aqui ficam algumas sugestões:Cozidas em água com erva-doce, o que auxilia a digestão e combate a eventual flatulênciaAssadasEm sopas, em substituição da batataEm pratos de carne, aves ou caçaCom cogumelosArroz de castanhasEm pratos de legumes: Combina bem com couves-de-Bruxelas, brócolosEm recheiosEm saladas de vegetais ou de frutasNa forma de marron glacéPuré de castanhas: como acompanha-mento ou em bolos, pudins, bavaroises ou geladosFarinha de castanhas: Em papas nutriti-vas para os bebés e crianças pequenas, ou misturada com a farinha dos cereais na confeção de pães, bolos ou crepes.

RECEITA – Cogumelos Pleurotus com CastanhasNuma frigideira coloque o azeite, os cogumelos partidos às lascas e umas castanhas congeladas. Deixe a estufar, mexendo de vez em quando. Por fim, deite molho shoyu e sumo de limão a gosto. Fica uns minutos a apurar.

PRECAUÇÕESA castanha crua pode provocar alguma flatulência. Cozida ou assada aumenta a sua digestibilidade. Para os estômagos sensíveis é melhor tolerada quando cozida. Os alimentos ricos em hidratos de carbono (pão, batata, massa, etc.) podem tornar a sua digestão mais difícil. Os diabéticos devem abster-se do seu consumo.

Depois de problemas com os animais, a maioria das palmeiras de Madagáscar está em risco de extinção

Muito diferente dos desenhos animados

MANCHA SUSPEITA INDICIA POLUIÇÃO EM MACAU

da UICN que avaliou o estado daquelas espécies.

A situação em Madagáscar é descrita como “aterradora”. Todas as espécies analisadas só existem naquela ilha, e em mais nenhum outro lugar do mundo. Uma delas, a “palmeira suicida” (Tahina spectabilis) – que morre poucos meses depois de frutificar –, foi identificada apenas recentemente e entrou de imediato para a lista das espécies ameaçadas.

Espécies que ocorrem em ilhas são mais vulneráveis à extinção, devido às suas populações pequenas, à sua especificidade e à dificuldade em serem transportadas natu-ralmente para outros locais. A maior parte das extinções registadas nos últimos quatro séculos deu-se em ilhas.

Em Madagáscar, os dife-rentes tipos de palmeiras são essenciais para populações pobres – por exemplo, para a

construção de casas e para a alimentação. “Os números sobre as palmeiras de Madagáscar são aterradores, especialmente por-que o seu desaparecimento tem efeitos tanto sobre a biodiversi-dade única da ilha como sobre a sua população”, afirma Jane Smart, directora do Grupo de Conservação da Biodiversade da UICN, num comunicado da organização.

Os novos dados sobre as espécies ameaçadas surgem num momento em que as Nações Uni-das discutem, na 11ª conferência da Convenção da Diversidade Biológica, na Índia, novos passos para proteger a biodiversidade a nível mundial. Uma nova estra-tégia do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento nessa área foi revelada esta quinta-feira, preconizando mais apoios para a conservação da biodiversidade numa área total de 1,4 mil milhões de hectares em 100 países, até 2020.

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15culturasegunda-feira 22.10.2012 www.hojemacau.com.mo

FESTA DE NATAL DOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS DE 2012Comunica-se a todos os aposentados e pensionistas dos serviços públicos, que o tradicional jantar da Festa

de Natal deste ano, como habitual à moda chinesa, se realizará, respectivamente nos dias 3 de Dezembro (2a feira) e 4 de Dezembro (3a feira).

Data e hora de inscrição (Sem interrupção)

28 de Outubro (Domingo) Das 9:00 às 17:00 29 de Outubro (2ª feira)

Das 9:00 às 18:1530 de Outubro (3ª feira)

Local de inscrição: Fundo de Pensões Alameda Dr. Carlos d’Assumpção nos181-187 Centro Comercial Brilhantismo 20° andar

Obs: Favor seleccionar, entre as duas datas, a data do jantar que pretende participar, antes da sua inscrição. As vagas esgotam-se após preenchidas.

Os interessados devem apresentar cópia de um dos seguintes documentos pessoais para tratarem da sua inscrição:

• CartãodeIdentificaçãodeSubscritordoFundodePensões;• BilhetedeIdentidadedeResidentedeMacauenotadeabonos.Maissecomunicaquecadapessoa,paraalém da sua própria inscrição, poderá ainda proceder à inscrição,

no máximo, de mais 2 titulares de pensão. www.fp.gov.mo

Rita Marques [email protected]

A aprovação na generali-dade da Lei de Salva-guarda do Património na Assembleia Legislativa

(AL) foi considerada uma “vitória” por Maria José de Freitas. No entanto, a arquitecta salienta a ne-cessidade de se considerar a popu-lação nos objectivos da protecção e conservação do património.

O plano de gestão, por exemplo, é um dos instrumentos que deve ser clarificado para que a lei possa ser posta em prática. Incluído no artigo 51º do diploma, que contempla “medidas específicas” para “o uso sustentável do espaço em termos urbanos, culturais e ambientais”, para já não pesa as características da população que vive e trabalha nos sítios classificados, evidencia Maria José de Freitas.

“Tem de ser criado um espí-rito de afecto para a preservação do edifício. Não há protecção ao comércio que está associado a estas zonas. A população não se

Arquitecta espera que o IC envolva a comunidade no novo plano de gestão

Sentir afecto pelo patrimónioA aprovação da Lei de Salvaguarda do Património é vista como uma “vitória” por Maria José de Freitas. Mas, tal como os deputados que demonstram algumas preocupações, a arquitecta também encara a lei com algumas reservas, nomeadamente na questão do plano de gestão que deve ter em conta a vivência da comunidade

sente integrada, tem de englobar uma componente social”, explica a especialista. Por outro lado, tam-bém não são assumidos prazos de início e conclusão ou períodos de revisão, sublinha.

Elaborado pelo Instituto Cul-tural (IC), em conjunto com o Instituto para os Assuntos Cí-vicos e Municipais (IACM) e a Direcção de Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DS-SOPT), o plano de gestão, cujos princípios estão interligados com o plano director – consagrado na lei de planeamento urbanístico, que ainda não deu entrada na AL -, tem de ter uma definição muito clara das zonas classificadas e das zonas tampão, devendo espelhar no futuro a protecção do património e a ambiental, explica a arquitecta. Mas não deve ser feito sem con-siderar a população directamente ligada aos bens classificados.

“A lei não congrega um Conse-lho dos Cidadãos, do qual deviam fazer parte os moradores destes sítios. Não só os Kai Fong, mas ou-tros não pertencentes a este grupo como, por exemplo, os moradores da Rua da Felicidade ou os do Porto Interior. Grupos com sentimento”, analisa. Além do mais, “o monu-mento tem de ser visto de fora para dentro e de dentro para fora”, ou seja, “não se pode ter a sensação de que se está rodeado de prédios na envolvência”. “Tem de haver um plano estratégico”, completa Maria José de Freitas.

Sobre a lei, avisa ainda, não deveria ser tão punitiva mas mais didáctica, inspirada nos princípios defendidos pela UNESCO – edu-cação e conhecimento – de modo a integrar a população. “Tem de haver respeito pelo património, ao contrário de medo”, salienta.

Ainda assim, a lei assume a possibilidade de o plano de gestão ser sujeito a consulta pública, por decisão do Chefe do Executivo, mas este critério não satisfaz porque é indiscriminado, avalia a arquitecta.

UM ANO DE PRAZOO plano de gestão deverá ser equacionado o quanto antes e estar pronto daqui a ano e meio, sugere

Maria José de Freitas, já que o Se-cretário para os Assuntos Sociais e da Cultura, Cheong U, terá de dar conta do mesmo na apresentação da lei (incluída no relatório sobre o estado de conservação dos bens classificados) à UNESCO, agen-dada até 1 de Fevereiro de 2013.

Segundo a arquitecta, dado que já há “trabalho de casa feito” – como “levantamento sistematizado e computorizado” sobre o Centro

Histórico de Macau – o processo pode ser ainda mais rápido. Uma opinião que tem por base a sua participação no plano de gestão cultural e paisagístico de Sintra, também património da UNESCO.

Recorde-se que a Lei do Património de Macau está a ser preparada há sete anos, altura em que o Centro Histórico de Macau ingressou na lista do património mundial da UNESCO.

Niemeyer no hospital em estado estávelO arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer, de 104 anos, continua hospitalizado no Rio de Janeiro, vítima de desidratação. Segundo um comunicado dos médicos, Niemeyer está estável e come normalmente. O arquitecto “Niemeyer deu entrada no hospital no sábado devido a uma desidratação. Segundo o médico Fernandp Gjorup, depois da visita de quarta-feira, o estado clínico do paciente está estável”, pode ler-se num comunicado do hospital Samaritano. Niemeyer “está lúcido, respira sem ajuda de máquinas e alimenta-se normalmente”, esclarece o hospital, num boletim clínico que será depois actualizado. O arquitecto, que concebeu os edifícios na origem de Brasília, em 1960, trabalho pelo qual ganhou o Pritzker (o Nobel da Arquitectura) em 1988, já estivera hospitalizado durante três semanas em Maio devido a uma pneumonia e a desidratação.

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16 desporto segunda-feira 22.10.2012www.hojemacau.com.mo

Marco [email protected]

A heróica epopeia da Casa do Futebol Clube do Porto em Macau nas li-des da edição de 2012 do

Campeonato da Primeira Divisão de Futebol de Sete teve no fim-de--semana um desenlace amargo. O grupo de trabalho orientado por Daniel Pinto tinha beneficiado de um empate renhido frente ao Monte Carlo para carimbar a passagem aos mais apetecido dos encontros da temporada, mas a reedição da performance e do resultado, no sábado, frente à Selecção de Sub-23 acabou por comprometer as as-pirações dos dragões do território.

O Futebol Clube do Porto não esperava facilidades no frente--a-frente com o emblema da As-sociação de Futebol de Macau, mas com um ataque perdulário e pouco eficaz, o conjunto de matriz portuguesa só se pode queixar de si próprio. Num desafio muito equilibrado, o sete azul e branco pecou sobretudo por não conseguir criar oportunidades flagrantes de golo num desafio que exigia um apuro ofensivo reforçado. O grupo de trabalho orientado por Daniel

APORTOU a Macau como o grande favorito

ao triunfo na edição de 2012 do Campeonato do Mundo de Karting e despede-se da RAEM com o título asse-gurado, mas nas curvas e contra-curvas de Coloane o britânico Tom Joyner foi quem mais se destacou. O italiano Flavio Campones-chi festejou no Kartódromo do território o seu primeiro título mundial da moda-lidade, não obstante não ter conseguido repetir em Macau a performance que alcançou em Maio no Japão.

Há cinco meses, no circuito de Suzuka, Cam-poneschi não deu hipóteses à concorrência e venceu três das quatro corridas que integravam a primeira etapa da prova. No território, o piloto transalpino apenas conseguiu garantir por uma ocasião a presença no pódio, mas o segundo lugar obtido ao fim da tarde de sábado na sexta prova classificati-va do Mundial revelou-se suficiente para garantir a conquista do Campeonato do Mundo por parte do atleta da Tony Kart/Vortex.

Com 91 pontos assegu-

FC Porto derrotado na final da “Bolinha”

Sonho do dragão morre nas grandes penalidadesPinto nunca abdicou do ataque e nunca abriu verdadeiramente mão do domínio da partida, mas foram raras as ocasiões em que os dian-teiros da formação azul e branco espalharam temor na área à guarda de Ho Man Fai. Do outro lado do terreno, na baliza do Futebol Clube do Porto, Juninho teve de mostrar trabalho por algumas ocasiões e é sobretudo ao brasileiro que os dra-gões do território podem agradecer a igualdade sem golos que pautava o andamento do marcador ao fim dos 50 minutos regulamentares.

O nome do vencedor da edição de 2012 do principal Campeonato de “Bolinha” do território acabou por se decidir pelo expediente das grandes penalidades e a partir da marca de onze metros, a Selecção

de Sub-23 foi mais feliz. Daniel Pinto incumbiu duas das principais referências da equipa – o nigeriano Christopher Nwarou e o cabo--verdiano Alison Brito – de apontar as duas primeiras grandes penali-dades da formação azul e branca e nenhum dos dois conseguiu levar a missão a bom porto. Nwarou foi o primeiro a falhar, antes de Sio Ka Un adiantar no placard o emblema da Associação de Futebol de Macau. Alison Brito repetiu a performance do companheiro de equipa e nem o facto de Juninho ter conseguido defender a grande penalidade apontada por Choi Chan In acabou por alterar o rumo da partida. Depois de ter assinado uma campanha quase imaculada na prova, o Futebol Clube do Porto

não conseguiu evitar uma derrota por quatro bolas a três no encon-tro decisivo da edição de 2012 da “Bolinha”. A selecção de Sub-23 é a nova campeã do território nas lides de futebol de sete.

SPORTING E BENFICASALVAM HONRA LUSÓFONAO fim-de-semana que decretou o fim do sonho do FC Porto na “Bo-linha” teve contornos inéditos para o desporto de matriz portuguesa do território. As cinco formações lusófonas que evoluem nos Cam-peonatos da RAEM puderam mostrar o que valem no relvado do Campo Desportivo do Colégio D. Bosco, mas só o Sporting e o Benfica emergiram de um fim--de-semana frenético com razões

para sorrir. Num desafio de tudo ou nada, o Organismo Autónomo Desportivo da Casa de Portugal não conseguiu evitar uma derrota pela margem mínima frente ao Lai Chi e despediu-se sem glória do convívio dos grandes do futebol de sete do território.

Na segunda divisão da “Bo-linha”, emoções mistas para as formações de matriz portuguesa. Benfica e Sporting seguem em frente na prova depois de terem conseguido eliminar respectiva-mente Mou Chong e Seng Jai. As águias do território golearam o adversário por oito tentos sem resposta, numa partida em que o dianteiro Chan Pak Chun esteve em alta.

Nos trinta e dois avos de final do Campeonato de Futebol da 2ª da “Bolinha” está também o Spor-ting. Os leões bateram o Seng Jai por três bolas a zero, com golos de João Godinho, Pedro Maria e Pedro Maia. Pior sorte para o Sport Comércio e Bigodes. A mais jovem das formações lusófonas do terri-tório perdeu por três bolas a zero frente à Obra Social dos Serviços de Alfândega e despediu-se da competição na primeira das etapas a eliminar da prova.

Indiano Jehan Daruvala domina categoria KF3

Camponeschi triunfa mas Joyner é quem mais brilha

rados nas quatro primeiras provas da competição, Cam-poneschi parecia ter via aber-ta para o triunfo no território, mas uma falha mecânica logo na primeira corrida do fim-de-semana acabaram por criar dificuldades inesperadas ao piloto transalpino. Com o principal favorito à vitória fora de prova, o japonês Daiki Sasaki e o italiano Felice Tiene – que dispunham ainda de hipóteses matemáticas

de vencer o Mundial – pro-curaram exponenciar os proveitos, mas nem um nem outro conseguiram contrariar a fabulosa prestação de Tom Joyner. O piloto britânico, que havia assinado uma exi-bição modesta em Suzuka, revelou-se a grande figura da edição de 2012 do Grande Prémio de Karting de Macau, ao vencer as quatro corridas que integravam o cartaz da segunda etapa do Campe-

onato do Mundo. Em dois dias de prestações insuperá-veis, o piloto da LH Racing Team tornou-se a principal ameaça ao favoritismo de Flavio Camponeschi. Ao piloto italiano, e depois do início aziago no circuito de Coloane, valeu sobretudo a performance a todos os ní-veis exemplar alcançada na segunda das quatro corridas disputadas durante o fim--de-semana em Macau. O

transalpino largou da última linha da grelha de partida e foi dobrando adversários até alcançar a segunda posição, concluindo as 21 voltas ao circuito de Coloane atrás de Tom Joyner.

CAMPONESCHI PRUDENTEOntem, Camponeschi aca-bou por optar por uma abor-dagem prudente. O italiano partiu para a penúltima corri-da do mundial da primeira li-nha da grelha de partida, mas a estratégia concertada pelos pilotos da escuderia CRG roubou espaço de manobra ao líder do Campeonato e Camponeschi não conseguiu melhor do que uma pouco meritória sétima posição na prova. O piloto transalpino partia para a última manga da temporada com uma van-tagem segura sobre os mais directos adversários e com a certeza de que necessitava apenas de garantir a sexta posição para festejar a con-quista do título. Cauteloso, Camponeschi realizou uma prova inteligente e atacou no momento certo para garantir a quarta posição na corrida e a consequente conquista do seu primeiro título mundial

na categoria raínha da moda-lidade, a categoria de KF1. O italiano terminou a edição de 2012 do Campeonato do Mundo com 119 pontos e dezasseis pontos de vanta-gem sobre o surpreendente Tom Joyner.

Nas lides da categoria KF3, domínio absoluto por parte do indiano Jehan Da-ruwala. A etapa de Macau do Campeonato CIK-FIA da Ásia-Pacífico foi ganha pelo piloto da escuderia Rayo Racing. Daruwala não deu hipóteses à concorrência, foi o mais rápido nos treinos e nas provas de qualificação e na corrida decisiva da cate-goria levou a melhor sobre o japonês Marino Sato e sobre Amin Noorzilan, piloto de Singapura.

A terceira prova em car-taz no âmbito do Grande Pré-mio Internacional de Karting de Macau - a Macau Cup, para os pilotos da categoria Rotax Max Sr. – foi ganha pelo brasileiro Jorge Busato e contou com a presença de um piloto de Macau no pódio. Cheong Chi On foi terceiro no kartódromo de Coloane, atrás de Tsai Cheng Yeung, de Taiwan. – M.C.

Flavio Camponeschi

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17futilidadessegunda-feira 22.10.2012 www.hojemacau.com.mo

[Tele]visão

Aqui há gato

Sudoku [ ] Cruzadas

IMOBILIÁRIO ENTREGUE AOS BICHOSEm Macau só me apetece rir – ou miar. A semana que passou foi pródiga em acontecimentos caricatos, mas apenas me vou concentrar num: a votação da Lei da Actividade Imobiliária.Trata-se de uma lei que estava em banho-maria há quase dois anos e que acaba por ser aprovada na especialidade com muita reticências. Os deputados da Assembleia Legislativa deram carta branca à aprovação da lei mas, no fundo, não deram luz verde ao texto do articulado. Dois dias antes da aprovação, o plenário da AL foi ao rubro com tamanha discussão sobre esta lei. Deputados houve que afirmaram que seria melhor voltar a reescrever a lei, depois destes anos.Sabe-se que é premente que o Governo publique esta lei o mais rápido possível como forma de combater a especulação imobiliária instalada em Macau e que, aparentemente, veio para ficar.Contudo, o texto do articulado deixa muito a desejar de tão pouco clarificador que é. As duas versões da lei – chinesa e portuguesa – contradizem-se em alguns pontos e a “caducidade do contrato de mediação imobiliária” é um deles. Este ponto é muito importante para conhecer e perceber tudo o que anda à volta da actividade imobiliária.Outra questão que também não agrada a alguns deputados é o facto de a lei não proibir o trabalho de mediação imobiliária aos não-residentes, tal como acontece na China continental, Taiwan e Hong Kong. O Governo ainda apascentou as ovelha explicando que a licença sozinha não é sinónimo de trabalho garantido, até porque os não-residentes só podem trabalhar de acordo com a lei de contratação de não-residentes. Um rol de dúvidas, portanto.Seja como for, e apesar dos deputados acusarem o Governo de atropelos à Lei Básica, uma vez que não se sabe, no articulado, quem é que são as entidades competentes pela aplicabilidade do diploma, a lei acabou aprovada. No espaço de dois dias, as críticas voltaram a cair em saco roto e aprovou-se uma lei manca só porque sim. Miau...

Pu Yi

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Emblema da justiça; Fedor. 2-Aracnídeo de dimensões muito reduzidas; Cortar cerce. 3-Ruminante da América do Sul; Agulha de sapateiro. 4-Ice; Cério (s.q.); No ano do Senhor (abvev. lat.). 5-Nome científico do joio; Pequena argola. 6-Da natureza da aranha. 7-Anadava para lá; Desembaraçado. 8-Corpo Diplomático (abrev.); Inflamação do ouvido (pl.). 9-A eles; Espécie de calçado (ant.); Primeira mulher, Segundo a Bíblia. 10-Suspiro; Conter. 11-Insignificância; Abertura por onde o vulção expele a lava.

VERTICAIS: 1-Guitarra russa. 2-Entusiástico, exaltado. 3-Lâmina pequena; Que não está podre nem estragado. 4-Pedra de altar; Armadilha para apanhar coelhos. 5-Dificuldade; Acto ou efeito de premeditar um crime sem que este cheque a ser praticado. 6-Catedral; Espécie de cegonha pequena. 7-Jarro (planta); Acrescentara. 8-Salve! (interj.); Aquele de que se fala; Extraterrestre (abrev.). 9-Instante; União da preposição a com o artigo o; Carta de jogar. 10-Guardar silêncio; Assistir. 11-Charruas; Face.

HORIZONTAIS: 1-Balança; Aca. 2-Ácaro; Rapar. 3-Lama; Sovela. 4-Ale; Ce; AD. Lólio; Aro. 6-Aracnídeo. 7-Ia; Hábil. 8-CD; Otiles. 9-Aos; Osa; Eva. 10-Ai; Reter. 11-Avo; Cratera.VERTICAIS: 1-Balalaica. 2-Acalorado. 3-Lamela; São. 4-Ara; Ichó. 5-Nó; Conato. 6-Sé; Íbis. 7-Aro; Aditara. 8-Ave; Ele; ET> 9-Ape; Ao; Sete. 10-Calar; Ver. 11-Arados; Cara.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1AKKO-CHAN: THE MOVIE [A](falado em japonês e legendado em chinês/inglês)Um filme de: Yasuhiro KawamuraCom: Haruka Ayase, Masaki Okada14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 2FRANKENWEENIE [3D] [B]Um filme de: Tim Burton14.30, 16.15, 18.00, 19.45

UMIZARU 4: BRAVE HEARTS [C]Um filme de: Hasumi EiichiroCom: Hideaki Ito, Ryuta Sato, Ai Kato21.30

SALA 3STORAGE 24 [C]Um filme de: Johannes RobertsCom: Antonia Campbell Hughes, Noel Clarke, Laura Haddock14.30, 19.30

TED [C]Um filme de: Seth MacFarlaneCom: Mark Wahlberg, Mila Kunis, Glovanni Ribisi16.30, 21.30

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi14:45 RTPi Directo18:00 Música Movimento (Repetição)18:30 Contraponto (Repetição)19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:00 TDM Desporto22:00 A Febre do Ouro Negro23:00 TDM News23:30 Linha da Frente00:00 Telejornal - Repetição00:30 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Ingrediente Secreto - Caril15:00 Canadá Contacto - 2012 15:30 Obra de Arte16:00 Bom Dia Portugal17:00 Decisão Final18:00 Vingança18:30 Portugal Selvagem 19:00 Trio D’Ataque20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Portugal no Coração

30 - ESPN13:00 National League Championship Series 2012 (If Nec) St. Louis Cardinals vs. San Francisco Giants16:00 American League Championship Series 2012 (If Nec) Detroit Tigers vs. New York Yankees19:00 (Delay) Baseball Tonight International 201219:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201220:00 FINA Aquatics World 201220:30 Great North City Games21:00 Kolon Korea Open Day 4 Highlights22:00 Sportscenter Asia 201222:30 Engine Block 201223:00 MotoGP World Championship 2012 Malaysian Grand Prix

31 - STAR Sports12:30 WTA - Bgl Bnp Paribas Luxembourg Open Final14:00 World Celebrity Pro-AM 2012 Day 117:00 V8 Supercars Championship Series 201219:30 Game 201220:00 The Verdict20:30 FIM Supermoto Of Nations - Hls21:00 Engine Block 201221:30 (LIVE) Score Tonight 201222:00 FIFA Beach Soccer World Cup 2013 Qualifiers Czech Republic vs. Hungary23:00 The Verdict23:30 FINA Aquatics World 2012

40 - FOX Movies12:00 Underworld13:35 Drive Angry15:15 When A Stranger Calls16:55 Don’T Be Afraid Of The Dark18:35 The Ugly Truth20:10 The Walking Dead21:00 Transporter 222:30 Don’T Be Afraid Of The Dark00:10 Anacondas: Trail Of Blood

41 - HBO09:30 Harry Potter And The Deathly Hallows14:30 John Grisham’S The Rainmaker16:50 Blue Chips18:45 Roseanna’S Grave20:30 Back To The Future22:30 How To Make It In America23:00 Bored To Death23:30 The Adjustment Bureau

42 - Cinemax12:15 She’S Out Of My League14:05 Hanna16:00 The Ambushers17:35 All-Star Superman18:50 Superman/Batman20:10 The Other Guys22:00 The Karate Kid00:20 Nightmares

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O REI DO INVERNO • Bernard CornwellUther, Rei Supremo da Bretanha, morreu, deixando o seu filho Mor-dred como único herdeiro. Artur, o seu tio, um leal e dotado senhor de guerra, governa como regente numa nação que mergulhou no caos - ameaças surgem dentro das fronteiras dos reinos britânicos, enquanto exércitos saxões preparam-se para invadir o território. Na luta para unificar a ilha e deter o inimigo que avança contra os seus portões, Artur envolve-se com a bela Guinevere num romance destinado a fracassar. Poderá a magia do velho mundo de Merlim ser suficiente para virar a maré da guerra a seu favor? O primeiro livro da «Trilogia dos Senhores da Guerra» de Bernard Cornwell lança uma nova luz sobre a lenda arturiana, combinando mito com rigor histórico e as proezas brutais nos campos de batalha.

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18 opinião segunda-feira 22.10.2012www.hojemacau.com.mo

A SÍRIA E O LÍBANO

A quem serve o caos na Europa?Fernando SantoSin Jornal de Notícias

Europa tem-se agitado em su-cessivas cimeiras marcadas por promessas e mãos-cheias de nada. Agonizante, não obstante viver entre um círculo mais am-plo (o da desUnião) e outro ainda

pior e claustrofóbico (o da Zona Euro), o Velho Continente está em vias de deitar borda fora algumas das principais conquistas civili-zacionais de que é farol - o Estado Social, por exemplo. À mercê de directórios políticos montados sem a legitimação do voto popular, os pratos da balança do exercício estratégico parecem simples de se reconhecerem: de um lado pesa um certo romantismo dos povos economicamente mais débeis e do outro a avidez imperialista de rosto germânico para o esmagamento.

O dedo na ferida sobre as razões e o fito para o estado comatoso da actual Europa assinou-o há pouquíssimos dias Joseph Sti-

glitz, Prémio Nobel da Economia em 2001. Assessor económico de Bill Clinton entre 1995 e 1997 e distinguido pela Academia “por criar os fundamentos da teoria dos mercados por informações assimétricas”, Joseph Stiglitz considerou, em entrevista ao jornal financeiro “Haldesblatt”, que “o euro e as políticas destinadas a salvar o euro divi-dem os europeus. Trata-se de divisões entre estados, mas também no interior destes, onde os movimentos extremistas e nacionalistas se tornam cada vez mais fortes. E isto não é bom para a paz”.

Ora aí está um foco de clarividência avisada. A depauperada condição econó-mico-financeira de uma parte dos países integrantes da Zona Euro, sobretudo os do Sul, tende a gerar convulsões sociais cujas consequências será avisado travar quanto antes. De critério pouco ou nada explicado, o recente Prémio Nobel atribuído à União Europeia fundamenta-se, sobretudo, nas décadas de pacificação entretanto registadas.

Ao ter trocado o processo de união políti-

ca pelos ditames abastados das exigências da Alemanha para satisfazer padrões mínimos do estado de necessidade financeira de uma parte da Zona Euro - Grécia, Irlanda, Por-tugal, amanhã Espanha, Itália, França... - a Europa está num processo de degradação que não adivinha, de facto, nada de bom.

A cimeira de líderes (pomposa defini-ção...) europeus deu nota nas últimas horas de como se continua a cavar um caminho cada vez mais estreito para não apunhalar de vez os fundamentos da criação da União Europeia. Ao preconizar outra vez o poder de veto da Comissão Europeia sobre os orçamentos nacionais que excedam os 3% de défice e os 60% de dívida pública, a chan-celer alemã mostra como está obcecada na opressão de vários povos europeus. Angela Merkel quer a Europa de cócoras perante os seus desígnios e faz de conta que não percebe estar a agitar um barril de pólvora. Assim como assim, está por provar que o poderio económico-financeiro se substitua à força das armas na subjugação dos povos.

A Angela Merkel quer a Europa de

cócoras perante os seus desígnios e faz de conta que não percebe estar a agitar um barril de pólvora. Assim como assim, está por provar que o poderio económico-financeiro se substitua à força das armas na subjugação dos povos

cartoonpor Steff

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19opiniãosegunda-feira 22.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

O Estado de Direito e Elise Leung, antiga Secretária da Justiça da RAEHK

RIGINALMENTE o assunto de hoje era para ser o Direito Médico VII – os direitos dos pacientes II. Mas o discurso da anterior secretária da Justiça da RAEHK e directora representante da Lei

Básica do Comité Permanente do Congresso Nacional Popular, foi tão sério que vale a pena falarmos dele. Deixemos o Direito Médico para a semana que vem.

No passado dia 6, Elise Leung esteve num seminário organizado pela Federação dos Sindicatos de Hong Kong. O Tema do seminário era “O desafio jurídico após a reunificação”. Segundo o site “Hong Kong Reporter”, existem três pontos no seu dis-curso que valem a pena ser partilhados :

1 -A maioria das pessoas que trabalharam na área jurídica, juízes incluídos, não en-tenderam a “relação entre o poder Central e o da Região Administrativa Especial”. Os juízes da RAEHK apenas se serviram das leis comuns para interpretar a Lei Básica de Hong Kong;

2 - A decisão do Tribunal de Última Instância de que os tribunais da RAEHK tinham poder para declarar inválida a acção do Comité Permanente do Congresso Nacional Popular no caso Ng Ka Ling em 1999 foi incorrecta;

3 - Mais recentemente os tribunais da RA-EHK não averiguaram o equilíbrio entre os direitos individuais e o governo na maioria dos casos de recurso judicial. Há grandes discrepâncias entre as situações do passado e as do presente.

Em relação ao primeiro ponto não há dúvida de que a formação dos juízes de Hong Kong deveria ser pelo menos a formação do direito inglês. Quando interpretam as leis aplicam as regras do direito comum. É normal que assim seja. Se existem dúvidas ou dificuldades na interpretação da Lei Básica da RAEHK devido às suas características especiais; e.g. é legislação chinesa e é uma lei de natureza constitucional, então é outro assunto que vale a pena analisarmos. Temos de encontrar formas legais de resolver estes problemas e não apenas criticar sem apontar soluções.

O segundo e o terceiro pontos podem analisados em conjunto porque os argu-mentos centrais são os mesmos: os tribunais

O “Estado de Direito” é tão importante na China como em Hong Kong ou em Macau. Comparando as duas regiões administrativas, Macau é mais silencioso do que Hong Kong

macau v is to de hong kongDavid Chan*

tomaram decisões erradas quando julgaram casos. Não quero abordar a questão da competência dos tribunais para invalidar a acção do Comité Permanente do Congresso Nacional Popular no caso Ng Ka Ling em 1999 até porque houve uma grande discus-são sobre este assunto. Mas vale a pena ponderar sobre os efeitos profundos destes dois pontos.

Os tribunais são locais para resolver dis-putas entre as partes, incluindo com o nosso Governo. No entanto esta interpretação é limitada. Se alargarmos o nosso ponto vista os tribunais fazem parte do nosso sistema legal. Porque é que acreditamos que os tribunais são o sítio certo para resolver dis-putas? Porque é que acreditamos no nossos mecanismos legais? Porque no nosso sistema legal a maioria dos juízes são nomeados para toda a vida. Logo não têm medo de julgar o governo ou de fazer com que a parte mais forte perca os casos. Seja qual for a parte que perde, tem de obedecer à decisão do tribunal. Numa linguagem simples os cidadãos, o governo, as associações, etc., têm a convicção de que podem resolver as

suas disputas e alcançar a verdade e a justiça através do sistema jurídico. O tribunal ouve os argumentos, julga os casos e toma as suas decisões. Não há necessidade de usar armas ou bombas para forçar o outro lado a aceitar os nossos argumentos. A única arma é o nosso “depoimento” e a nossa “maneira de pensar”. É o resultado do progresso da civilização.

Se acreditamos que isto é racional, os cidadãos que criticam ferozmente as deci-sões dos tribunais não acreditam no nosso sistema legal. Por outras palavras o “estado de direito” deixa de existir. Se o estado de direito deixar de existir, o mais forte, aquele que possui as armas mais fortes fica com o poder de ter a última palavra. Se assim for

como em que situação é que a nossa socie-dade fica? Será pacífica? Continuaremos a poder usar a nossa maneira de pensar para nos protegermos?

Os tribunais são presididos por seres humanos; os juízes são seres humanos e os erros são inevitáveis. Mas só porque existem alguns erros não podemos criticar ferozmente os juízes e todo o sistema legal. Se estas atitudes forem aceites quem é que quer ser juiz? Como é que os tribunais vão julgar os casos? E não é só os tribunais que são afectados é também a legislação. Tenho a certeza de que não concordo com toda a legislação. Mas será que posso discordar ou desobedecer à legislação só porque não gosto dela?

Criticar as decisões dos tribunais é um fenómeno comum entre os académicos. Mas são apenas pontos de vista académicos. A critica pública é um constrangimento para os tribunais e para os juízes que afecta a nossa sociedade de forma irremediável. O Sr. Chu Kin, um dos antigos juízes do tribunal de Última Instância da RAEM era meu amigo. Ele sempre disse que se as pessoas criticarem constantemente as decisões dos tribunais, o sistema legal passará por graves dificuldades porque isso será um sinal de que os cidadãos já não acreditam nesse sistema. Quais seriam as consequências? Concordo absolutamente com estas declarações.

O antigo director da Justiça de Hong Kong, Sir Ti-Liang Yang tinha uma famosa máxima em relação ao “estado de direito”. Dizia ele: “Um estado de direito não se baseia no uso de nenhuma arma, baseia-se apenas no nosso depoimento”. Por outras palavras, se acreditamos que os tribunais são os locais certos para resolver disputas, então temos de respeitá-los. Nos casos em que são cometidos erros devemos pensar mais profundamente para evitar que esses erros se repitam. Aplicar medidas correctivas imediatamente é a melhor forma de reduzir o impacto do discurso de Elise Leung na sociedade da RAEHK.

O “Estado de Direito” é tão importante na China como em Hong Kong ou em Macau. Comparando as duas regiões ad-ministrativas, Macau é mais silencioso do que Hong Kong.

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

O

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segunda-feira 22.10.2012www.hojemacau.com.mo

ABANDONAR O NAVIO

“TENHO todo o prazer e todo o gosto que essas escutas sejam reveladas”,

disse o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho sobre a existência de escutas em que terá sido apanhado, no âmbito do caso “Monte Branco”.

O chefe do Governo falou aos jor-nalistas sobre o tema, no final do con-selho nacional do PSD, que decorreu no sábado em Lisboa.

A notícia avançada pelo jornal Ex-presso informa que uma escuta de um telefonema de Passos, feita no âmbito do processo “Monte Branco”, tinha sido enviada pela Procuradoria-Geral da República para validação no Supremo Tribunal de Justiça.

O primeiro-ministro ressalva não ter “receio” que o conteúdo da chamada venha a público, mas fez saber que, a ser verdade, “é preciso saber o que se passou para essa ilegalidade ter acon-tecido, quem é responsável por esse segredo de justiça ter sido quebrado.”

Pedro Passos Coelho assegurou es-tar disponível para que o conteúdo das alegadas escutas seja tornado público.

Troca de tiros em caserna militar fez seis mortosUma caserna de uma unidade de elite do Exército da Guiné-Bissau foi esta madrugada palco de um tiroteio, de acordo com testemunhas citadas pela AFP. Seis pessoas morreram. A agência noticiosa francesa revela que a troca de tiros durou cerca de uma hora e que teve início às 4h deste domingo (hora local), quando um grupo de homens armados invadiu a caserna militar, localizada junto ao aeroporto de Bissau. A tentativa de assalto à caserna falhou, culminando com a fuga dos homens armados. Inicialmente, fontes de segurança do país indicaram que momentos depois do assalto foi encontrado o corpo de um homem com uniforme militar em Safim, a cerca de 15 quilómetros de Bissau. Não foi confirmada a sua identidade, nem se fazia ou não parte dos atacantes. As razões para este assalto ainda não foram esclarecidas, mas a situação parecia calma esta manhã. O país continua numa situação de instabilidade política devido ao narcotráfico, um cenário que levou a um golpe de Estado a 12 de Abril.

Erro de tradutor põeDalai Lama a dizer “que se f...”O engano de um tradutor pôs o Dalai Lama a dizer “que se f...”, durante um discurso em Providence, nos EUA. O líder espiritual discursava na Universidade de Brown, quando o público que o ouvia olhou espantado para o monitor onde apareciam as suas palavras traduzidas. Isto porque onde se deveria ler “forget it” (esquece isso), surgia “f... it” (que se f...). Alguém na plateia fotografou a tela e a imagem divulgada no jornal “The Daily” acabou replicada nas redes sociais.

Passos Coelho quer revelação de escutas

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