hoje macau 17 out 2014 #3195

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O arranque oficial do Festival da Lusofonia estava agendado para hoje, mas devido à ausência da Secretária para Administração e Justiça, Florinda Chan, deu-se uma súbita mudança de planos. A inédita inauguração ocorreu ontem sem a presença das associações e enquanto ainda estavam a ser montadas os expositores. Para a presidente da Casa de Portugal, Amélia António, o acontecimento revela uma imensa falta de respeito por quem trabalha. Temores de contágio na AL OCCUPY DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 17 DE OUTUBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3195 hojemacau ANIMAIS NA MAO DOS DEPUTADOS POLÍTICA PÁGINA 4 O impasse jurídico foi finalmente ultrapassado e a proposta de Lei de Protecção aos Animais foi entregue na AL pelo Governo. AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB LUSOFONIA INAUGURAÇÃO DE ÚLTIMA HORA CALDO ENTORNADO ÚLTIMA FRONTEIRAS Crianças à solta REPORTAGEM PÁGINAS 2-3 POLÍTICA PÁGINA 5 PUB ˜

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Hoje Macau N.º3195 de 17 de Outubro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 17 OUT 2014 #3195

O arranque oficial do Festival da Lusofonia estava agendado para hoje, mas devido à ausênciada Secretária para Administração e Justiça, Florinda Chan, deu-se uma súbita mudança de planos.A inédita inauguração ocorreu ontem sem a presença das associações e enquanto ainda estavam

a ser montadas os expositores. Para a presidente da Casa de Portugal, Amélia António,o acontecimento revela uma imensa falta de respeito por quem trabalha.

Temoresde contágio

na AL

OCCUPY

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 1 7 D E O U T U B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 1 9 5

hojemacau

ANIMAISNA MAO DOS DEPUTADOS

POLÍTICA PÁGINA 4

O impasse jurídico foi finalmente ultrapassado e a proposta de Lei de Protecção aos Animais foi entregue na AL pelo Governo.

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

LUSOFONIA INAUGURAÇÃO DE ÚLTIMA HORA

CALDO ENTORNADO

ÚLTIMA

FRONTEIRAS

Crianças à solta REPORTAGEM PÁGINAS 2-3

POLÍTICA PÁGINA 5

PUB

˜

Page 2: Hoje Macau 17 OUT 2014 #3195

2 hoje macau sexta-feira 17.10.2014REPORTAGEM

FIL IPA ARAÚ[email protected]

S EM qualquer timidez, Catarina Silva, de 17 anos, conta-nos que “está farta de viajar” e nunca lhe foi

pedida qualquer autorização dos encarregados de educação para passar nas fronteiras. “Todos os anos vou a Portugal, de tempos em tempos vou a Zhuhai e a Hong Kong e nunca me pediram a autori-zação”, conta a jovem nascida em Macau. “Nem nos países que visitei na Ásia. Costumo ir com os meus pais à Tailândia e levamos sem-pre a autorização, mas nunca nos pediram. É estranho não é?”, diz.

Podíamos responder que é estranho, até porque a lei defende que os cidadãos de Macau são menores até atingirem 18 anos. Se a Catarina lhe falta apenas um ano para que isso aconteça, o mesmo não acontece com outras crianças, que passam nas fronteiras de Ma-cau sem que nada lhes seja pedido - basta terem consigo o passaporte.

Catarina Silva retornou ao terri-tório que a viu nascer há três anos e inscreveu-se na Escola Portuguesa de Macau, onde conheceu Sara. A amiga vive em Zhuhai com o pai e os irmãos e passa “todos os dias na posto fronteiriço de Zhuhai com os irmãos”, conta Catarina, “e não lhe pedem, nem a ela nem aos miúdos”.

De acordo com a lei, os menores precisariam de se fazer acompanhar por uma autorização de pais ou responsáveis legais, caso quisessem passar as fronteiras. Mas, na hora de entrar e sair do território, as coisas não funcionam como a lei manda. São os próprios pais que o confirmam: os miúdos nunca precisam de autorização para sair e entrardo território, seja quem for queos acompanhe

CRIANÇAS E JOVENS PASSAM FRONTEIRA SEM PRECISAR DE AUTORIZAÇÃO

VOU ALI E JA VENHOOs mais pequenos andam numa

escola diferente da irmã: têm três e cinco anos e já aconteceu terem que vir para Macau com a empregada doméstica, porque Sara não estava em Macau. “Nem assim lhes foi pedida a autorização”.

O mesmo acontece com Inês, de 12 anos, que vive apenas com a mãe no território. “A Inês, todos os anos, visita o pai que está no Dubai”, começa por explicar a mãe, indicando que muitas vezes nem sequer é a própria quem leva a filha a Hong Kong, onde esta costuma apanhar o voo.

“Se não é sempre, é quase sempre a nossa empregada que leva a Inês a Hong Kong e, apesar da minha filha andar sempre com a autorização assinada, nunca lhe pedem isso. É a nossa empregada que faz o despacho no aeroporto por ela ser menor e ela nem sequer é a responsável legal da miúda”, conta.

AFINAL É PRECISO?Em Macau, não são poucos os casos de crianças que desaparecem – nem que seja por pouco tempo –, sendo que algumas aparecem, por exemplo, na China continental. Mas, afinal, precisam as crianças de uma autorização assinada pelos seus encarregados de educação para saírem do território?

Dos Serviços de Migração poucos esclarecimentos consegui-mos obter. Uma das fontes do HM

entrou mesmo em contacto directo com os serviços e questionou a entidade sobre a questão, mas a resposta foi clara: “antigamente, era preciso preencher um papel para as crianças circularem, mas agora não”, contam à nossa fonte, adiantando que “não existe uma lei que regule esse assunto”.

Contudo, as coisas não parecem ser bem assim. Isto é, aliás, algo “completamente absurdo” para o advogado Miguel de Senna Fer-nandes, que explicou os contornos da lei ao HM.

“Não é preciso um regulamento ou uma lei específica que diga que qualquer criança que queira viajar tenha que ser portadora de uma autorização dos seus tutores”, começa por explicar, indicando que “basta pensar nos princípios gerais do [Código Civil], que indica que só a partir dos 18 anos é que o indivíduo, se estiver nas suas inteiras faculdades, se torna

portador de personalidade jurídica. Logo, até então, está dependente do seu tutor, que por norma são os progenitores”.

Posto isto, é de fácil entendi-mento que, até à maioridade, o menor tem uma “relação de de-pendência” e, por isso, necessita de autorização “caso passe as frontei-ras”. O advogado vai mais longe ainda e lança a questão: “imagine o que era uma criança viajar por esse mundo todo sem necessitar da autorização dos pais”.

ESTÁ NA LEI Não é mentira que a Lei Básica, no artigo 33º, indica que “aos residen-tes de Macau são reconhecidas a liberdade de se deslocarem e se fi-xarem em qualquer parte da RAEM e a liberdade de emigrarem para outros países ou regiões”. Tam-bém não é mentira, que a mesma lei permite que “os residentes de Macau tenham liberdade de viajar e deixar livremente a RAEM sem autorização especial, salvo em caso de impedimento legal”. Contudo, quando se trata de crianças, este impedimento está directamente ligado à maioridade.

“Não consigo perceber como é que as pessoas possam pensar

que não é preciso autorização. Claro que é preciso autoriza-ção”, defende Miguel de Senna Fernandes, adiantando que até considera bastante estranho o facto de as “crianças que vivem em Zhuhai e estudam em Macau nunca terem que mostrar a au-torização”. Para o profissional, só um entendimento “entre as autoridades” é que justificaria a ausência de fiscalização.

Miguel de Senna Fernandes não esconde que sempre soube que as

“Costumo ir com os meus pais à Tailândia e levamos sempre a autorização, mas nunca nos pediram. É estranho não é?”CATARINA SILVA, 17 ANOS

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3 reportagemhoje macau sexta-feira 17.10.2014

CENTENAS DE DESAPARECIMENTOS TODOS OS ANOS

Fugir sem barreiras

DESTINO DE TRÁFICO HUMANOSe é verdade que nem sempre o cenário é negro, verdade é também que Macau, conforme noticiou o HM em Junho deste ano, continua a ser um dos principais destinos da China para as vítimas de tráfico humano e, ainda que menos, uma fonte para encontrar vítimas entre “mulheres e crianças”. Segundo o Departamento de Estado norte-americano, no último relatório anual sobre tráfico humano, “Macau não cumpre totalmente os padrões mínimos para a eliminação do tráfico humano, ainda que esteja a fazer grandes esforços para tal”. Durante o ano passado, as autoridades investigaram 34 casos de tráfico para exploração sexual, o maior motivo apresentado pelo documento para o tráfico humano. Em 2012, foram apenas 15. O ano passado, de 38 vítimas de exploração, 24 tinham idades entre os 14 anos e os 17 anos.

“Apesar de eu nunca ter feito um estudo sobre este assunto, isto causa-me bastante incredulidade, quer dizer, como é queé possível queisto aconteça?”MIGUEL DE SENNA FERNANDES Advogado

CRIANÇAS E JOVENS PASSAM FRONTEIRA SEM PRECISAR DE AUTORIZAÇÃO

VOU ALI E JA VENHO´

autoridades não pedem o docu-mento em causa. Mas o advogado também não esconde a surpresa. “Apesar de eu nunca ter feito um estudo sobre este assunto, isto causa-me bastante incredulidade, quer dizer, como é que é possível que isto aconteça?”, conclui.

SEGURANÇA MÁXIMA? Se uma mãe ou um pai quiser sair do território com o filho não precisa de autorização do outro progenitor. O mesmo acontece com emprega-

“Se não é sempre, é quase sempre a nossa empregada que leva a Inês a Hong Kong e, apesar da minha filha andar sempre com a autorização assinada, nunca lhe pedem isso”MÃE DE INÊS, DE 12 ANOS

das domésticas que trazem crianças consigo. E o mesmo acontece com miúdos sozinhos. Porquê?

Talvez seja da segurança que se sente em Macau. Segundo Rita Serafim, mãe da Marta, de oito anos, é isso mesmo que pode estar a acontecer. “Aqui [em Macau], sempre nos foi transmitida segu-rança. Não sei se escondem os casos menos felizes ou não, mas o que nos passam é que, efectiva-mente, este é um espaço seguro e de confiança. E é”, começa por dizer Rita ao HM, explicando que, ape-sar de tomar todas as medidas de segurança quando se fala da filha, sente muita confiança em Macau.

No caso de Rita, são os avós os responsáveis legais pela criança, caso a mãe esteja ausente. E, apesar de Marta andar com um documento que prova isso, nunca foi preciso utilizá-lo. “Assinei uma declaração em como são os meus pais que assumem o papel de tutores, caso eu não esteja presente”, explica, afirmando ainda que “essa autori-zação anda sempre com a miúda, sempre que ela vai viajar”.

Facto é que sempre que a menor vai com a mãe ou com os avós à região vizinha, nunca lhe foi pedido qualquer documento. “[A Marta] vai imensas, mesmo muitas, vezes com os meus pais a Zhuhai e nunca lhe foi pedida a autorização. Só nas Filipinas é que aconteceu”, conta. Segundo Rita, sempre que o avô da criança vai para as Filipinas fazendo-se acompanhar pela neta é-lhe sempre pedido a autorização. “Sempre pediram, mas é o único país em que pedem”, remata.

HÁ RISCOS?Se Rita não esconde que “talvez por Macau ser um meio tão pequeno e todos se conhecerem” não sinta que haja motivo de alarme, o mesmo não pensa Sílvia Lam.

A tia de Ângela Hoi, de nove anos, defende que a falta de vi-gilância é bastante preocupante. Também no caso da sobrinha, natural do interior da China, tam-bém nunca lhe foi pedido qualquer documento, sendo que a menina circula pelas fronteiras livremente.

“A minha sobrinha anda sempre com os meus sogros e eles vão quase todos os dias ao mercado a Zhuhai. E a miúda vai sempre com eles”, começa por contar. “As autoridades não sabem se ela é neta deles ou não, mas mesmo assim deixam que a levem. Imagine que é um malfeitor e rapta uma criança?”, argumenta Sílvia, anotando que “o Governo deve estar atento a esta questão e garantir que haja segurança”.

Sílvia diz ainda que não esque-ce que é preciso também que haja necessidade de educar e prevenir as crianças, incutindo-lhes a ideia do “não ir com estranhos”. Apesar disso, a tia diz que, nos dias que correm, as crianças estão muito

mais preparadas para este tipo de situações. Ou seja, com a “internet e outros meios de comunicação – assim como o aumento da violên-cia – as crianças têm uma maior consciência de que não podem falar ou aceitar nada de pessoas que não conhecem”, diz.

A verdade, contudo, é que o HM sabe de inúmeros casos em que já aconteceu crianças pas-sarem nas fronteiras – tanto nas Portas do Cerco, como nos ferries que ligam Macau a Hong Kong e no aeroporto – sem que lhes seja pedido qualquer documento, além do passaporte. Situações que são, até, correntes, porque são muitos os que vivem em Zhuhai.

M UITOS são os casos noticiados de crianças e adolescentes que conhecem pessoas através das

aplicações de telemóvel e da internet. Há duas semanas, um novo caso aconteceu em Macau: uma adolescente deslumbrada por um homem que conheceu através da internet fugiu de casa para ir ao encontro do seu novo namorado. Durante quase sete dias ninguém soube da menina, que facil-mente saiu do território e esteve sempre 30 crianças e adolescentes

desaparecidas no primeirosemestre de 2014

em Zhuhai. Era uma adolescente, menor, sem personalidade jurídica e ninguém lhe pediu a autorização.

Em 2011, devido ao aumento de desaparecimentos, a Polícia Judiciária criou o perfil do potencial jovem que

foge de casa. O registo de desapareci-mentos só começou a ser feito em 2003 e reúne dados da Polícia Judiciária e da Polícia de Segurança Pública. Nesse ano, foram registados 666 casos de pessoas desaparecidas em Macau - 340 delas com idade igual ou inferior a 15 anos. Até então, o número tem vindo a decrescer, mas não muito. Foram regis-tados 182 casos de jovens que tinham desaparecido de casa em 2009, sendo que esse número desceu para 157 em 2010. Em 2012, até aos 17 anos, desa-pareceram 131 crianças - mais 24 do que no ano passado. Este ano, só nos primeiros seis meses do ano, desapa-receram 30 crianças e adolescentes.

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

4 hoje macau sexta-feira 17.10.2014POLÍTICA

LEONOR SÁ [email protected]

O S deputados estão preocupados com o facto de o movimento ‘Occupy Central’,

que continua a ter lugar em Hong Kong desde o mês passado, poder afectar os jovens de Macau. Por isso mesmo, pedem mais reforço no ensino da Lei Básica e mais patriotismo.

GABRIEL TONG PEDE REGRESSO DA FIGURA DE AUDITOR JUDICIAL

Reformar para singrar

AL APROVADO ORÇAMENTO DE 166 MILHÕES DE PATACASA Assembleia Legislativa aprovou o valor de 166, 7 milhões de patacas para o orçamento do próximo ano 2015, excedendo em quase 18 milhões o valor estabelecido para o ano vigente. O anúncio relativo aos custos do próximo ano legislativo havia já sido avançado há dias, voltando a referir-se que o aumento da despesa se deve, principalmente, a um maior custo com o vencimento de pessoal dos quadros e “gratificações certas e permanentes dos deputados”. Assim, as despesas com pessoal deverão chegar aos 15,6 milhões de patacas. O aumento das despesas na rubrica “aquisição de bens e serviços” é justificado pelo reforço monetário na aquisição de “serviços diversos”, em mais de 500 mil de patacas e também com o aumento das despesas com “condomínio e segurança” e do investimento na “locação de bem imóveis”.

COMISSÕES COM OSMESMOS PRESIDENTESOs deputados da Assembleia Legislativa foram a votos, mas tudo permanece inalterado. Assim, é Kwan Tsui Hang quem continua a dirigir os assuntos da 1ª Comissão Permanente da AL, com Melinda Chan como Secretária. Já no caso das 2ª e 3ª Comissões Permanentes, são Chan Chak Mo e Cheang Chi Keong quem preside. Também Mak Soi Kun foi novamente o escolhido para estar à frente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas. A Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas continua a ser presidida pelo deputado Ho Ion Sang, enquanto as matérias discutidas pela Comissão de Regimento e Mandatos permanecem sob alçada de Vong Hin Fai. Finalmente, é Chan Meng Kam que, durante mais uma sessão, fica à frente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública.

SESSÕES DE ESCLARECIMENTO A presidente da Associação da Educação Chinesa, Ho Sio Kam, referiu ontem que já foram emitidas instruções aos professores sobre como abordar e discutir a questão do ‘Occupy Central’. A presidente acrescenta ainda que não considera a criação desta medida tendenciosa. Antes, espera que possa ajudar a desenvolver um pensamento racional sobre o assunto. “Uma parte das escolas cujos professores já discutiram o movimento com os estudantes referiu que não sabiam como abordar o assunto ‘Occupy Central’ e foi por isso mesmo que foram criadas instruções, já aprovadas pelos reitores e professores”. Além disso, a também ex-deputada acrescentou ainda que respeita diferentes opiniões e que tudo tem aspectos negativos e positivos, salientando que as instruções referidas não são uma “lavagem cerebral”. - F.F.

“O amor pela Pátria e por Macau foram desde sempre a base social do sistema jurídico da RAEM. É preciso ponderar, portanto, a consolidação e o desenvolvimento dessa base social”SIO CHIO WAIDeputado nomeado

Zheng Anting, Sio Chio Wai e Mak Soi Kun foram os deputados que mais preocupação demonstraram com o movimento ‘Occupy Central’ de Hong Kong. Temem, acima de tudo, que a iniciativa contagie os jovens de Macau. Por isso mesmo, defendem o reforço dos ensinamentos patrióticos nas escolas e o respeito pela Lei Básica

‘OCCUPY CENTRAL’ DEPUTADOS PEDEM REFORÇO DO ENSINO DA LEI BÁSICA

Patriotismo a todo o gásSio Chio Wai, deputado no-

meado, escolheu fazer, numa interpelação oral, referência à necessidade do Governo local se esforçar para satisfazer as vontades da sociedade, receando a replica-ção das manifestações do território vizinho que têm já eco a nível in-ternacional. O deputado deu ainda a entender que o ‘Occupy Central’ está a “prejudicar gravemente” aspectos do quotidiano da cidade, como o trânsito, a harmonia social, ou a imagem internacional face ao território. “Consequentemente, a sociedade de Hong Kong terá que pagar caro por tudo isto”, frisou.

Assim, Sio pediu ao Executivo que fossem tomadas medidas de precaução para que o mesmo não acontecesse em Macau, justifi-cando isto com a necessidade de se amar o território. “O amor pela Pátria e por Macau foram desde sempre a base social do sistema jurídico da RAEM. É preciso ponderar, portanto, a consolidação e o desenvolvimento dessa base social”, avançou.

ARTIGO 23º A CONSIDERARNo entanto, Sio Chio Wai não foi o único deputado a mencionar a necessidade de reafirmar que é pre-ciso respeitar as leis do território. Também Zheng Anting pediu que o Governo continuasse a fazer os possíveis para que a Lei Básica

continuasse a ser empregue. Mas mais ainda: o deputado pediu que o Governo garanta que o artigo 23º da Lei Básica seja rigorosamente cumprido. Este, recorde-se, é o ar-tigo que regula as traições à pátria. “Solicito ao Governo da RAEM que cumpra rigorosamente a Lei de Defesa e Segurança do Estado, que promova melhor o Patriotismo nas escolas e previna a infiltração de forças do exterior, com vista a evitar que alguém por detrás da aparência financie actividades para provocar a desordem em Macau, interferindo com o Estado”, fez questão de frisar Zheng Anting, deputado escolhido directamente pela população.

Em referência ao movimento em moção na região vizinha, Zheng justificou que, de acordo com académicos, o ‘Occupy Cen-tral’ pode ter já criado prejuízos

G ABRIEL Tong sugeriu ontem que fosse ponderado o regresso da figura de “au-

ditor judicial”, que deixou de existir depois da transferência de soberania. “Perante esta nova conjuntura, consi-dero que deve ser repensada a figura do ‘auditor judicial’, sem estar em causa qualquer intenção de recuar até ao passado”, explicou Tong.

Antes da aprovação do orça-mento da Assembleia Legislativa para o próximo ano, o deputado sugeriu ainda que fosse permiti-do, a estes auditores, concorrer para o posto de magistrados. No entanto, disse, o grupo de profis-sionais deverá, antes de fazer o exame, passar por um período de experiência ou estágio na Função Pública, por exemplo.

REFORMA TOTALO deputado nomeado ressalvou ainda a necessidade de se proceder

à economia local na ordem dos 380 mil milhões de dólares de Hong Kong. “Quando alguém pretende atingir, ‘à força’, algum objectivo ‘pré-delineado’, só vai levar a sociedade à anarquia, onde os residentes nem no comer têm sossego, para além dos problemas nos negócios”, disse. “Nessa altu-ra, terá a ‘democracia via ‘Occupy Central’ algum significado?”, questionou o deputado.

RECONHECER OS FEITOSHouve ainda outros deputados que fizeram semelhante referência à ne-cessidade de implementar o ensino do patriotismo nas escolas locais. “O patriotismo é uma excelente tradição do povo chinês”, começou por interpelar Mak Soi Kun, ontem.

O deputado directo acredita que “depois de quinze anos de retorno à Pátria, em primeiro lugar devemos reconhecer os resultados atingidos, sobretudo ao nível da economia, que representam bem o sucesso do princípio ‘Um País, dois sistemas’”, frisou o deputado.

Também o jovem deputado Ma Chi Seng – também nomeado - afirmou que o actual “desenvol-vimento que aqui se vive” deve ser valorizado pela população, uma vez que não foi fácil atingir. “Espero que [o Governo] recorra a mecanismos para a formação de quadros e à cooperação regional para reforçar valores e difundir o patriotismo e amor a Macau junto de jovens e estudantes, para que estes aprendam a ser racionais e tolerantes”, constatou Ma. Mais uma vez, foi frisada a necessida-de de implementar ensinamentos patriotas nas escolas.

a uma alteração de todo o sistema judicial. “Espero que os serviços competentes assumam uma atitude séria em relação a estas questões, com vista à implementação duma verdadeira reforma do sistema judicial de Macau, envidando-se assim esforços para a construção dum sistema judicial imparcial e eficaz”, rematou.

Tong pediu ainda que ontem que fosse criado um exame igual para todo o universo de técnicos da área judicial. “Para garantir a justiça é necessário que o poder público crie um exame igual para todos os técnicos da área jurídica dos serviços públicos, advogados e magistrados”, disse, em interpe-lação oral. - L.S.M.

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5 políticahoje macau sexta-feira 17.10.2014

JOANA [email protected]

C HEGOU finalmente à Assembleia Legislati-va (AL) a proposta de Lei de Protecção dos

Animais. De acordo com infor-mações prestadas no site do he-miciclo, a proposta do Governo foi ontem admitida, mas não há ainda data para ser analisada pelos deputados.

A proposta, recorde-se, foi apresentada em Junho deste ano, depois de anos de auscultações e promessas de que iria ser im-plementada. O diploma chegou inclusive a estar suspenso, depois de apresentado, após o presidente da AL ter pedido uma análise jurídica para saber se a proposta poderia dar entrada oficial no hemiciclo. Isto, porque houve,

Gestão da Reolian custou 93 mil patacasO Executivo teve de pagar uma caução no valor de 93, 263 milhares de patacas pela continuação da gestão da Reolian, após a operadora de autocarros ter declarado falência. A informação consta nos relatórios de execução orçamental do ano de 2013 e do Comissariado de Auditoria. Segundo o relatório da execução orçamental, o pagamento dessa caução foi feito depois da assinatura do contrato entre o Governo e a Massa Falida da Sociedade, intitulado “Escritura da Prorrogação do Contrato de Locação de Empresa Comercial”. Tudo para “garantir o continuado funcionamento do serviço público de transportes colectivos”. Recorde-se que o Governo assumiu a gestão dos bens da Reolian durante seis meses, até que a Nova Era, com accionistas da Nam Kwong e TCM, assumiu a empresa, assinando novo contrato com o Governo.

Casas económicas renderam quase cinco milhõesO Governo arrecadou 4,6 milhões de patacas com a venda das casas económicas de habitação pública em 2013, sendo que em 2012 esse valor cifrou-se em 702 milhões de patacas. Os valores constam no relatório de execução orçamental da RAEM de 2013, bem como no relatório do Comissariado de Auditoria sobre o orçamento.

Governo gastou quase 300 milhões em medicamentosOs Serviços de Saúde gastaram um total de 245 milhões de patacas em medicamentos prescritos a doentes no hospital Conde de São Januário, valores esses que foram pagos a farmácias privadas. Em 2012, esse valor tinha sido de 296 milhões de patacas. Os dados constam no relatório de execução do orçamento da RAEM de 2013 e do Comissariado de Auditoria.

ANIMAIS GOVERNO ENTREGA PROPOSTA DE LEI DE PROTECÇÃO À AL

À espera de aprovação

O diploma prevê uma pena máxima de três anos de prisão para maus tratos, ainda que não classifique o abandono de animais como crime

anteriormente, um chumbo de um projecto com o mesmo tema apresentado pelo deputado José Pereira Coutinho. O Regimento da AL, recorde-se, determina que dois projectos de lei semelhantes não podem ser apresentados na mesma sessão legislativa.

O impasse parece ter terminado agora, com a AL a indicar que admitiu a proposta de lei.

ABANDONO COM CONDIÇÕESO diploma prevê uma pena máxima de três anos de prisão para maus tratos, ainda que não classifique o abandono de animais como crime. Mais do que isso, na proposta de lei analisada pelo HM, diz-se mesmo que é “proibi-do abandonar animais”, a menos que isso seja feito no canil ou nas associações de animais. “É proibido abandonar o animal que

cria, salvo para entrega e trata-mento no canil municipal (...) ou em centro de recolha de animais autorizado pelo IACM”, lê-se na lei. O artigo defende que isto pode ser feito se o dono “não tiver condições para criar o animal”, sendo que este “perde” todos os direitos sob o animal assim que o deixar no canil.

A proposta prevê ainda que quem maltrate animais seja imputado criminalmente, sendo que os valores das multas podem oscilar entre as duas mil e as cem mil patacas. Quem abandonar animais pode ser mesmo multado com uma sanção de até 40 mil patacas.

Ao abrigo do diploma, são também proibidos actos como o incitamento à luta, a exposição ou venda de animais recém-nascidos.

GALGOS PROTEGIDOS?Face aos problemas que têm sido discutidos quanto aos galgos do canídromo – animais que são abatidos se não conseguirem cor-rer mais, independentemente do ferimento ou idade – a proposta não prevê regras específicas para eles, excepto no que diz respeito ao facto de estes terem de estar li-cenciados para poderem competir. O IACM recorde-se, assegurou que os galgos iam estar incluídos nesta Lei de Protecção.

A proposta de lei permite ainda a utilização de animais para fins científicos, ainda que defina critérios a ser seguidos, como o infligir de dor mínima e uma limitação no número de animais a ser utilizados – não diz, contudo, o limite.

Uma outra regra prevista pela lei é que os animais em estaleiros de obras, como é comum existi-rem, têm de estar licenciados e castrados.

Após um impasse por questões jurídicas, eis que a proposta de Lei de Protecção aos Animais chega finalmente à AL. Resta saber se os deputados vão aprovar a lei - que prevê que o abandono pode ser feito no canil ou em associações de animais

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CECÍLIA L [email protected]

O deputado Lau Veng Seng, também presi-dente da Associação dos

Construtores Civis e de Empresas de Fomento Predial de Macau, disse ontem ao jornal Ou Mun que o Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) deveria reunir projectos imobiliários semelhantes para que a sua aprovação possa acelerar.

“De facto o CPU podia re-sumir projectos similares para acelerar a aprovação, mas claro que estou a falar de projectos mais simples”, apontou.

De acordo com o deputado à Assembleia Legislativa (AL), antes da execução das novas Lei de Terras, Lei de Salvaguarda do Património Cultural e Lei do Planeamento Urbanístico, o sector já estava preparado para os ajustamentos que iriam surgir da implementação dos diplomas.

“A entrada em vigor dos três diplomas ao mesmo tempo foi feita para existir uma maior coor-

denação a nível prático. Contudo, mesmo que o CPU tenha reu-niões frequentes, a procura no mercado imobiliário é grande, existindo muitos pedidos na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes”, defendeu Lau Veng Seng.

MAIOR CLAREZAO deputado defendeu ainda uma maior transparência face às in-formações que podem ser trans-mitidas ao público. “Poderiam ser publicadas as informações no website, seriam mais claras e os meios de comunicação social poderia monitorizar melhor as situações.

Lau Veng Seng defende ainda que é necessário melho-rar o processo de aprovação e emissão da Planta de Condições Urbanísticas (CPU), por forma a criar um mecanismo permanente que faça com que as fracções possam entrar no mercado mais rapidamente. O deputado consi-derou que essa é a medida mais importante para regular a oferta no sector.

IMOBILIÁRIO RAPIDEZ NA APROVAÇÃO

Dar vazão à procura

NOVO MACAU VOLTA A PEDIR SUFRÁGIO UNIVERSAL

• No dia em que o hemiciclo regressou ao trabalho, fez-se notar a presença de vários membros da Associação Novo Macau (ANM) à porta da Assembleia Legislativa (AL). A iniciativa serviu para a entrega de uma carta que chamou a atenção para a exigência da implementação da reforma política o mais depressa possível, pedindo ao Governo um calendário para o sufrágio universal. Sou Ka Hou, presidente da ANM, disse esperar que a reforma política avance já em 2015 e que o Chefe do Executivo possa ser eleito por sufrágio universal em 2019. Foi ainda pedido o aumento da proporção dos deputados eleitos pela via directa, eliminando progressivamente o sistema de deputados indirectos.

6 política hoje macau sexta-feira 17.10.2014

FLORA FONG [email protected]

E STANDO para breve a alteração dos Secretários do Governo, alguns acadé-micos manifestaram ontem

que vários problemas poderão acontecer no futuro trabalho do Executivo, sendo que não deixam de parte a hipótese de surgirem “lutas” e “tensões”.

Na 6ª Conferência Internacio-nal sobre a “Gestão Pública no Século XXI : Oportunidades e Desafios”, que decorreu no dia de ontem, José Chu, director dos Ser-

“Nos processosda reforma, devem existir diferentes abordagens aos funcionários públicos, devido às suas formas diferentes de pensar, assim como dar-lhes algum tempode adaptação”EILO YU Professordo Departamento de Governoe Administração Pública da UM

Liu Bolong e Eilo Yu falam em possíveis lutas por interesses na Função Públicaou até em tensões entre funcionárioscom pensamento mais moderno e mais conservador, assim que for feitaa reforma na Administração

REFORMA ADMINISTRATIVA ACADÉMICOS PREVÊEM “LUTAS” E “TENSÕES”

Interesses e mentalidades

viços de Administração e Função Pública (SAFP), referiu que espera que através desta actividade haja uma troca de experiências entre especialistas e académicos dos vários países, tais como, Estados Unidos, Inglaterra e Austrália, até porque, defende, há que melhorar os trabalhos da Função Pública.

Presente esteve também o professor do Departamento de Governo e Administração Pública da Universidade de Macau, Liu Bolong, que considerou que o novo mandato de Chui Sai On deve me-lhorar os trabalhos fundamentais do Governo. Como exemplo, o professor referiu a gestão de ava-liação de desempenho, que deverá ser desenvolvida gradualmente porque “pode trazer benefício ao desenvolvimento estável da sociedade”.

“A reforma da estrutura ad-ministrativa, a simplificação de procedimentos administrativos, a melhoria da cultura da governação do território e a criação do espírito de equipa de trabalho entre cada departamento são também impor-tantes, mas não são fáceis e devem ser feitos passo a passo.”

CONFLITOS NO HORIZONTEO também chefe do Centro de Investigação de Ciências Sociais Sobre a China Contemporânea acrescentou que acredita que Ma-cau irá ter uma reforma “profunda”, prevendo que existirão provavel-mente “lutas” de interesses na Função Pública.

Por outro lado, o professor associado ao mesmo departamento da UM, Eilo Yu, afirmou que não deverá ser um problema de “lutas”, mas sim de “tensão” e de hábitos.

“No que toca à reforma da Administração Pública, o Governo deve enfrentar duas tensões, uma interior, outra exterior. A primeira está relacionada com hábitos e maneiras de trabalho dos funcio-nários públicos, os quais podem não se habituar às novas maneiras e cultura de trabalho”, afirmou, acrescentando que pode acontecer uma divisão entre funcionários “inovadores” e “conservadores”, dentro do próprio Governo.

“Nos processos da reforma, devem existir diferentes aborda-gens aos funcionários públicos, devido às suas formas diferentes de pensar, assim como dar-lhes algum tempo de adaptação. Deve ser feita uma discussão simplifi-cada, para que durante o período sejam amortizados os diversos conceitos e assim a reforma seja implementada de forma mais suave”, afirmou.

Eilo Yu explicou que a se-gunda tensão está directamente relacionada com os processos de concessão que instituições ou associações recebem ou oferecem ao Governo. “Os modelos de tra-balho devem também mudar, esta sim, é a tensão exterior a que me referia”, concluiu.

“A reforma da estrutura administrativa, a simplificação de procedimentos administrativos, a melhoria da cultura da governação do território e a criação do espírito de equipa de trabalho entre cada departamento são também importantes, mas não são fáceis e devem ser feitos passo a passo” LIU BOLONG Professordo Departamento de Governoe Administração Pública da UM

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hoje macau sexta-feira 17.10.2014 7SOCIEDADE

Portas do Cerco Acidente com escadas rolantes Um acidente com as escadas rolantes do Posto Fronteiriço das Portas do Cerco fez, ontem à tarde, nove feridos ligeiros que, ainda assim, receberam tratamento no Centro Hospitalar Conde de São Januário, cita a rádio. Trata-se do segundo acidente em menos de seis meses, depois de, em Maio, uma avaria nas escadas rolantes das Portas do Cerco ter, também, provocado ferimentos em nove pessoas. De acordo com fonte do Corpo de Bombeiros, os feridos têm entre os 5 e os 72 anos de idade, são todos detentores de passaportes chineses e regressavam a casa na altura do acidente, que aconteceu por volta das 17h40.A rádio avança ainda que as causas do acidente ainda estão a ser investigadas.

Semana Dourada Vendade produtos de luxo caiu 20% Segundo o jornal Ou Mun, o negócio dos produtos de luxo caiu 20% durante a Semana Dourada, comparando com o mesmo período do ano passado. A presidente da Macao Internacional Brand Enterprise Commercial Association, Terry Sio, disse que o caso ‘Occupy Central’ não influenciou muito as lojas de Macau, porque Hong Kong é que é conhecida como o ‘paraíso’ de fazer compras.

FORÇAS DE SEGURANÇA PROFISSÃO NÃO ATRAI MULHERES

Só para homens?“Não têm um horário fixo e têm de trabalhar por turnos. Há ainda uma série de exigências legais, de aptidão física”ANTÓNIO KATCHI Jurista e docente do IPM

remuneração e o regime de reforma não são iguais às empresas privadas. Isso não atrai os jovens, que se calhar preferem trabalhar noutros sectores”, apontou ainda.

Leong Veng Chai lembra ainda que as mulheres têm “mais sentimento de perten-ça à família”, defendendo que, caso existam mudanças no regime de aposentação dos trabalhadores das For-ças de Segurança, “mais mulheres podem aceitar este trabalho”.

CONTRARIEDADESAntónio Katchi, jurista e docente no Instituto Poli-técnico de Macau (IPM), na área da Administração Pública, falou de alguns entraves que advêm da natureza da profissão. “Não têm um horário fixo e têm de trabalhar por turnos. Há ainda uma série de exi-gências legais, de aptidão física, não sei se acontecerá o caso de haver muitas candidatas e depois serem excluídas, ou se à partida há poucas candidatas. É possível que a carreira nas

Forças de Segurança não seja suficientemente atrac-tiva em relação a outras possibilidades de carreira e nomeadamente para as mulheres que, se forem trabalhar para as Forças de Segurança de Macau, ficam sujeitas a horários que não são fixos”, frisou o jurista.

O HM tentou obter mais esclarecimentos junto da PSP ou da Direcção dos Serviços das Forças de Segurança de Macau, mas até ao fecho da edição não foi obtido qualquer comentário a estes dados. - *com Flora Fong

ANDREIA SOFIA SILVA*[email protected]

U MA carreira nas Forças de Seguran-ça de Macau, quer seja na Polícia de

Segurança Pública (PSP) ou no Corpo de Bombeiros (CB), não é muito atractiva para o universo feminino. Prova disso são as poucas alunas que todos os anos entram para a Escola das Forças de Segurança de Macau (EFSM).

Dados revelados ao HM pela própria escola mos-tram que nenhuma mulher entrou no ano lectivo de 2014/2015, sendo que no ano anterior apenas en-traram nove novas alunas no curso de formação de instruendos. Desde 2011 que os números de novas es-

tudantes variam entre uma e duas. No ano lectivo de 2012/2013, a EFSM tinha 15 alunas, um universo de 20,55%, contra 58 homens, 79,45%.

Contactado pelo HM, o deputado directo Leong

Veng Chai, que fez carreira como funcionário no Esta-belecimento Prisional de Macau (EPM), considera que não são os perigos da profissão que afastam as mulheres da área da Se-gurança, mas sim o facto de terem acesso a uma educação superior, podendo optar por um emprego nos casinos, num “ambiente mais confortável”.

“Na escola têm de ter treino e depois têm de traba-lhar na rua por turnos. Isso faz com que muitas mulheres

KATCHI DEFENDE FIM DO ESTATUTO DOS MIL ITARIZADOSO jurista António Katchi apontou ainda que o Estatuto dos Militarizados das Forças de Segurança de Macau “impõe de facto algumas limitações às pessoas”, o que pode desmotivar novos interessados numa carreira na área. “O Estatuto dos Militarizados, no geral, parece-me desfavorável e, para mim, por exemplo, seria desmotivador e talvez o seja para muitas pessoas. Uma pessoa sujeita ao Estatuto sofre restrições em relação à liberdade de associação, política, na liberdade sindical e está sujeita a normas que interferem na sua vida privada, porque não podem ter amizade com pessoas que sejam suspeitas de ter actividade criminosa”, lembrou Katchi, que pede o fim desse Estatuto, em vigor desde 1994. “Não acho minimamente justificável aplicar-se um estatuto militar a polícias de segurança pública ou a bombeiros. Não se justificava existir em Macau qualquer Estatuto dos Militarizados, devia ser adoptado um estatuto o mais igual possível ao da Função Pública, com as devidas adaptações”, disse ainda o jurista.

Nenhuma mulher entrou este ano na Escola Superior das Forças de Segurança de Macau, sendo que no ano lectivo de 2012/2013 eram apenas 15 contra 58 homens. Leong Veng Chai e António Katchi falam dos poucos atractivos da profissão

pensem nesse problema e desistam, preferem ter um trabalho mais confortável”, admitiu o deputado.

Leong Veng Chai chama ainda a atenção para a exis-tência de menos regalias na profissão, motivo que pode até levar ao afastamento dos homens de uma carreira nas Forças de Segurança.

“Embora o nível de segurança em Macau seja bastante bom, o trabalho das Forças de Segurança implica, de certa forma, perigo e cansaço. Mas a

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8 publicidade hoje macau sexta-feira 17.10.2014

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9 sociedadehoje macau sexta-feira 17.10.2014

FIL IPA ARAÚ[email protected]

N UM estudo encabeça-do pela professora do Instituto Politécnico de Macau, Maria de

Lurdes Escaleira, é defendido que “é urgente e necessário mudar e adequar a formação” do ensino da tradução no território. Num artigo da académica publicado no último número da Revista da Administração, Maria de Lurdes Escaleira propõe a implementação de estágios profissionais.

Segundo a académica, “as exigências de tradução são hoje bem diferentes”, pois o “leque de candidatos é muito maior e engloba alunos que irão exercer a sua actividade fora de Macau e não apenas na Administração Pública, como acontecia anteriormente, na República Popular da China e no mundo lusófono”. Posto isto a docente considera que é obrigatória a mudança e adequação da forma-ção “às exigências actuais”, para ultrapassar os constrangimentos existentes e para preparar “os alu-nos para enfrentarem os desafios do presente e o futuro”.

No artigo, a académica admite que existe um fosso entre o que a escola ensina e as competências requeridas na prática e, por isso, o ensino e a aprendizagem da tradu-ção “devem harmonizar a vertente profissionalizante”, para satisfazer

A secretária-geral da Fore-front of Macau Gaming, Cloee Chao, publicou

uma fotografia no Facebook, alegadamente mostrando um jogador a fumar na zona de apos-tas elevadas do casino Sands. A imagem foi publicada na passada quarta-feira. No entanto, este é um dos locais onde deixou de ser permitido fumar, uma vez que se trata de uma zona situada na sala comum. Ontem, Chao explicou ao HM como tudo aconteceu: as mesas que permitem fumadores encontram-se na área designada, mas as fichas aí empregues per-tencem à sala comum. “As fichas das salas VIP e salas comuns são diferentes, mas a empresa permite que as fichas da sala VIP sejam jogadas nestas mesas, assim

aproveitando a zona cinzenta que a lei permite. No entanto, não são apenas as fichas que vêm das salas comuns. Também os clientes são de lá”, explicou a activista.

Ao HM, Chao disse ainda ter explicado a situação à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), mas não obteve resposta. Também o HM tentou contactar a DICJ, os Serviços de Saúde e a Sands China, mas não foi possível obter resposta até ao fecho desta edição.

MANIPULAÇÕESNo mesmo dia em que Chao publicou a fotografia na rede social Facebook, surgiu uma outra publicação, que será falsa, alegadamente feita pelo director da Sociedade de Jogos de Macau,

Ambrose So. Alguém que se terá feito passar por So escreveu que o despedimento seria a conse-quência para os funcionários da operadora que participassem em futuras manifestações. Contudo e após uma investigação sobre este assunto, foi confirmado que a publicação seria falsa, não tendo sequer havido qualquer notificação deste género ao nível interno. “Não queremos imaginar porque motivo surgiu esta mensagem, mas antes de Janeiro não será realizada ne-nhuma manifestação”, garantiu a representante do colectivo de activistas. “O CEO do MGM já respondeu às nossas exigências e acho que as outras operadoras vão fazer o mesmo. Vamos es-perar para ver”, frisou.

Instituto Camões Estado portuguêsrecebe 5,5 milhões de euros

“As entidades educativas responsáveis pela formação de tradutores não podem ignorar que se registam profundas alterações no universo da tradução e que estamos perante uma nova visão da tradução e do tradutor”MARIA DE LURDES ESCALEIRA Docente do IPM

TRADUÇÃO ESTUDO DEFENDE ALTERAÇÕES NO MÉTODO DE ENSINO

Teoria pouco prática

SANDS SUSPEITAS DE FUMADORES EM ZONA DE APOSTAS ELEVADAS

Sem manifestações até Janeiro O relatório do Orçamento de Estado português para 2015,

ontem entregue à Assembleia da República, determina uma fatia de 5,5 milhões de euros a ser atribuí-da ao Instituto Camões, accionista maioritário do Instituto Português do Oriente (IPOR).

Contactado pelo HM, João Lau-rentino Neves, presidente do IPOR, escusou-se a fazer comentários sobre os projectos que poderão advir dessa verba por ainda não ter sido realizada a assembleia-geral com os sócios do IPOR, encontro que deverá aconte-cer até ao final deste ano, mas para o qual ainda não existe data marcada.

Segundo a agência Lusa, espera--se para o Instituto Camões um aumento “dos valores inerentes a acções de cooperação delegada pela União Europeia, atingindo os 5,5 milhões de euros, destinadas, entre outras, ao desenvolvimento dos

PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), Timor-Leste e outros países, à rede dos centros culturais portugueses e ao ensino da língua e cultura portuguesas no estrangeiro”.

Em relação aos subsídios de natal pagos aos pensionistas e funcionários públicos, continuarão a ser pagos em duodécimos todos os meses. Os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações (CGA) terão ainda “direito a receber mensal-mente, no ano de 2015, a titulo do subsídio de Natal, um valor cor-respondente a 1/12 da pensão que lhe couber nesse mês”. Mantém-se ainda o pagamento da Contribuição Extraordinária de Solidariedade para pensões de mais de 4.611,42 euros mensais. Recorde-se que re-sidem em Macau entre dois a três mil reformados que recebem as suas pensões da CGA. - A.S.S.

O ensino de tradução necessita de uma reforma, segundo um estudo de uma docente do Instituto Politécnico de Macau. Alterações no currículo, implementação de estágios profissionais e maior cooperação entre entidades e alunos é o que a pesquisa defende

o “critério de empregabilidade dos alunos e a vertente académica”. Algo que, segundo a autora, só acontecerá com a participação de todos os intervenientes do processo ensino e aprendizagem.

“As entidades educativas responsáveis pela formação de tradutores não podem ignorar que se registam profundas alterações no universo da tradução e que es-

tamos perante uma nova visão da tradução e do tradutor”, defende.

ESTÁGIOS PARA MELHORARA solução apresentada no artigo é a implementação de estágios profissionais. “Esta cooperação deve alargar-se a definição de planos de estágio profissional e levar os agentes do mercado a se comprometerem a criar condições para aceitar e orientar estagiários e proporcionar-lhes uma verdadeira

experiência da realidade profis-sional”, defende Maria de Lurdes Escaleira.

A lentidão na mudança das instituições e das mentalidades é também análise de estudo da docente, que defende que este é um dos maiores problemas enfren-tados pelas entidades de ensino.

O currículo de ensino é um ponto negativo apresentado no artigo, pois, segundo Maria de Lurdes Escaleira, “já não corresponde às necessidades

actuais e exige mudanças estruturais e estruturantes”. Esse é, então, o maior desafio que enfrenta Macau, “visto ter de desenhar um novo currículo de ensino e implementar estratégias que terão de ir ao encontro das ne-cessidades e expectativas dos futuros profissionais que irão desenvolver a sua actividade em contextos diversi-ficados e diferenciados”, tais como, Macau, China, Angola, Moçambique e Brasil.

NOVOS ORGANISMOSA docente argumenta ainda que, em Macau, é necessário criar organis-mos e instrumentos de fiscalização e certificação da qualidade das traduções, nomeadamente, através da constituição de “uma associação de tradutores que tenham um papel activo, tanto na formação básica e contínua, como na certificação da qualidade das traduções”.

Ao longo do estudo, é possível perceber que a autora defende o papel da escola, pois, segundo a mesma, esta tem de facilitar o desenvolvi-mento da autonomia dos alunos. Ou seja, a escola deve permitir aos seus alunos uma aprendizagem constante.

“Para reduzir as situações de in-sucesso, a formação deverá ter por base o aluno e as suas motivações, sendo a disposição para aprender uma condição vital, sobretudo hoje em que precisamos de aprender e reaprender constantemente, as-sumindo o professor, o papel de facilitador”, conclui a docente.

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10 CHINA hoje macau sexta-feira 17.10.2014

M AIS de 60 pes-soas foram de-tidas na China até ontem por

apoiarem os protestos pró--democracia em Hong Kong, em curso há três semanas, confirmou a Chinese Human Rights Defenders (CHRD) à agência noticiosa Efe.

A maioria das detenções ocorreu em Pequim, mas também foram reportados casos nas províncias de Can-tão (sul), Gansu (noroeste) ou Hunan (centro), de acor-do com a lista actualizada da CHRD, que constata uma nova campanha de repressão na China.

Em concreto, a organiza-ção não-governamental chi-nesa confirma 23 detenções, por crimes, que duram há até 37 dias e podem termi-nar em julgamento, três de cariz administrativo, de um máximo de dez dias, e 35 de “outro tipo”.

Estes últimos casos in-cluem qualquer forma de privação de liberdade, como manter a pessoa num centro de detenção sem notificar a sua família, ou “provocar o seu desaparecimento”, explicou a coordenadora da CHRD, Wendy Lin, à agência noticiosa espanhola.

Além disso, a organiza-ção também confirmou um caso de tortura, citando o

O Governo chinês afirmou ontem que “nenhum

país estrangeiro tem di-reito a interferir” nos as-suntos internos da China, em resposta aos Estados Unidos que pediram uma investigação à agressão policial a um manifestante durante os protestos em Hong Kong.

“Como Região Admi-nistrativa Especial chine-sa, os assuntos de Hong Kong são internos e ne-nhum indivíduo ou país estrangeiro tem direito a interferir”, disse ontem o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangei-ros chinês, Hong Lei, em conferência de imprensa.

O mesmo responsável frisou também que Hong Kong está a investigar um vídeo que mostra vários polícias a agredirem um manifestante durante os

O chefe do Executivo de Hong Kong, Leung

Chun-ying, mostrou-se on-tem disponível para iniciar conversações com a Federação de Estudantes, uma das três organizações que lideram os protestos, na próxima semana.

“Ao longo dos últimos dias, incluindo esta manhã por via de terceiros, manifestamos aos estudantes o nosso desejo de iniciar um diálogo para discutir o sufrágio universal o mais rápido possível, espe-rando [que tal possa suceder] na próxima semana”, disse o chefe do Executivo aos jornalistas.

A oferta de diálogo surge depois de um pico de dois dias de violência entre a polícia e os manifestantes durante o qual foi divulgado um vídeo com imagens da agressão de um grupo de polícias a um manifestante nas ruas da antiga colónia britânica.

As imagens, gravadas pela estação TVB, que mostram

HONG KONG MAIS DE 60 PESSOAS DETIDAS NA CHINA POR APOIAR PROTESTOS

Controlar propagação

PEQUIM RESPONDE A WASHINGTON SOBRE AGRESSÃO POLICIAL

Aqui manda quem pode

“Têm medo, não querem que o espírito de Hong Kong se alastre. Não querem que se volte a repetir Tiananmen”HU JIA Activista

A Chinese Human Rights Defenders denuncia a detenção de 61 apoiantes dos protestos em Hong Kong, numa altura em que se aproxima a passos largos a reunião anual do Partido Comunista chinês

observou à Efe, Hu Jia, co-nhecido activista na China que se encontra em prisão domiciliária.

Para Hu Jia, a repres-são que se vive por estes dias é mais grave do que a ocorrida durante a época da “Revolução Jasmim”, em 2011, uma tentativa de imitação da “Primavera Árabe”, cortada pela raiz por Pequim.

Para a CHRD e outras organizações de defesa dos direitos humanos como a Human Rights Watch, a repressão vai continuar “enquanto as pessoas de Hong Kong continuarem com os protestos” e pode até intensificar-se por estes dias, uma vez que se aproxima a reunião anual do Partido Co-munista chinês, que arranca na próxima semana.

“Estão ansiosos por pôr--lhe um fim”, disse a mesma responsável da CHRD. Maya Wang, da Human Rights Watch, considera, porém, que acabar com ma-nifestações em Hong Kong “será um longo processo”.

“Não vai ser fácil acabar com os protestos, e mesmo que o consigam, o princi-pal problema – as fortes aspirações pela democra-cia – não vão desaparecer rapidamente”, concluiu Maya Wang.

advogado da vítima. Em causa, Xie Wenfei, detido no passado dia 03 num jardim em Cantão quando transportava cartazes de apoio aos protestos em Hong Kong.

CONTER DANOS“Têm medo, não querem que o espírito de Hong Kong se alastre. Não querem que se volte a repetir Tiananmen”,

Chefe do Executivo disponível a dialogar na próxima semana

intensos confrontos que ti-veram lugar na madrugada de quarta-feira, que termi-naram com 45 detidos.

Na mesma linha de há três semanas, quando se iniciaram os protestos, Hong Lei enfatizou que o movimento ‘Occupy’ “bloqueou as principais es-tradas e desafiou a polícia, perturbando gravemente a ordem social”.

“Estas actividades ile-gais seriam condenadas por qualquer país”, acrescentou.

PEDIDO AMERICANOO Governo dos Estados

Unidos exigiu quarta-feira às autoridades de Hong Kong uma “investigação rápida, transparente e completa” sobre a alegada agressão de polícias a um manifestante durante os

protestos pró-democracia na Região Administrativa Especial da China.

“Estamos profunda-mente preocupados pelas informações de que a polícia agrediu um mani-festante em Hong Kong e apelamos às autoridades de Hong Kong para que faça uma investigação rápida, transparente e com-pleta sobre o incidente”, disse a porta-voz do De-partamento de Estado, Jen Psaki, numa conferência de imprensa citada pelas agências internacionais. A mesma responsável referiu que a tradição de Hong Kong no “respeito pela legalidade e liberdades fundamentais reconheci-das internacionalmente, incluindo a liberdade de reunião, é crucial para a reputação e para o êxito de Hong Kong como centro de comércio global”.

um membro do Partido Cívico Ken Tsang a ser agredido, ge-raram uma onda generalizada de revolta sobretudo entre os manifestantes que tinha acu-sado anteriormente a polícia de excessivo uso de violência e de falhar em protegê-los dos repetidos ataques de grupos pró-Pequim.

“Não devemos politizar este incidente”, disse CY Leung, recusando tecer mais comentários sobre o caso.

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11 chinahoje macau sexta-feira 17.10.2014

A organização Centro de Justiça pretende alterar o sistema de apoio aos refugiados para dar melhor uso aos recursos e promover mais dignidade para quem luta diariamente pela sua subsistência

O Centro de Justiça de Hong Kong, uma or-ganização sem fins lu-crativos, lançou uma

campanha para pedir ao Governo que dê uma alimentação “digna” aos refugiados.

Segundo uma petição publi-cada no portal da organização de

HONG KONG CAMPANHA DE ALIMENTAÇÃO PARA DIGNIDADE DE REFUGIADOS

Sobreviventes da ‘escravatura moderna’“Ao dar aos refugiados pequenas quantidades de dinheiro para que possam adquirir a sua própria comida, quando e onde precisem, far-se-ia melhor uso dos recursos gastos no actual programa e devolver-se-ia aos refugiados a sua dignidade”COMUNICADO DO CENTRO DE JUSTIÇA

defesa dos direitos humanos que se foca em especial nos imigrantes forçados, refugiados ou sobrevi-ventes da ‘escravatura moderna’, o Executivo da antiga colónia britânica faculta-lhes sacos pré--embalados de alimentos, que têm de levantar a cada cinco ou dez dias numa loja, muitas vezes longe do local onde vivem.

“Diz-se que a comida avaliada em 40 dólares de Hong Kong por dia, supostamente deve cobrir três refeições diárias e durar até ao próximo levantamento. Mas, quando comparamos o preço da comida que eles recebem com o da venda nos supermercados, vemos que a que lhes é dada vale muito menos. Frequentemente, acaba muito antes da próxima data de levantamento, às vezes a validade expira; é sempre limitada em ter-mos de variedade e de quantidade”, lê-se no documento.

Neste sentido, a organização, o antigo Centro de Aconselhamento para Refugiados que, ao longo de sete anos, ajudou mais de 2.000 pessoas, apela ao apoio à petição.

Isto para que “o Governo de Hong Kong permita aos refugiados alimentarem-se com dignidade dando-lhes pequenas quantidades de dinheiro para que possam com-prar sua própria comida”.

SISTEMA CADUCOAo abrigo do actual programa alimentar, o Executivo da antiga colónia britânica contrata uma organização para providenciar a comida, a qual, por sua vez, adju-dica a uma terceira parte o abas-

tecimento em meia dúzia de lojas na cidade, as quais fornecem sacos com alimentos aos refugiados. Este sistema, defende a organização, “é complicado, dispendioso e ineficaz”.

“Ao dar aos refugiados pequenas quantidades de dinheiro para que possam adquirir a sua própria comi-da, quando e onde precisem, far-se-ia melhor uso dos recursos gastos no actual programa e devolver-se-ia aos refugiados a sua dignidade”, refere o Centro de Justiça.

“Infelizmente, também há mui-tos residentes de Hong Kong que não têm o suficiente para comer. Esta campanha não visa desviar a

atenção dessa realidade”, frisa a organização, cuja petição intitu-lada “Fome de Mudança”.

“É a capacidade de escolher que nos torna humanos”, escreve hoje Victoria Otero Wisniewski, do Centro de Justiça de Hong Kong, num artigo de opinião no jornal South China Morning Post, em que relata a forma como um universo de cerca de 8.000 refugiados se tem de alimentar na antiga colónia britânica.

Hoje celebra-se o Dia Mundial da Alimentação, instituído pela ONU em 1979, para elevar a cons-ciencialização para os problemas alimentares do planeta e promover a solidariedade na luta contra a fome.

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hoje macau sexta-feira 17.10.2014

O MAPA E O TERRITÓRIO • Michel Houellebecq Se a história deste romance nos fosse contada por Jed Martin, talvez ele começasse por falar da avaria da caldeira do seu apartamento, num dia 15 de Dezembro. Ou dos solitários Natais passados com o pai, um arquitecto famoso que sonha construir cidades fantásticas mas ganha a vida a projectar resorts de férias. Talvez não falasse do suicídio da mãe quando tinha apenas sete anos, porque são muito ténues as recordações que dela guarda. Mas mencionaria certamente Olga, uma lindíssima russa, que conheceu por ocasião da primeira exposição do seu trabalho fotográfico baseado nos mapas de estradas Michelin.

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AMERICANA • Don DeLillo Aos 28 anos, David Bell é o sonho americano tornado realidade. Lutou para chegar ao topo, sobreviveu às purgas do escritório e aos escândalos para se tornar num executivo televisivo. O mundo de David é feito de imagens que surgem nos ecrãs americanos, das fantasias que encantam a imaginação da América. E depois o sonho - e a fabricação do sonho - tornam-se pesadelo. No ponto mais alto do seu sucesso, David propõe-se a redescobrir a realidade. Com uma câmara nas mãos, viajar por todo o país numa tentativa louca e comovente de capturar, impor, um ideal para si e para o passado, presente e futuro da América.

12 EVENTOSDança, teatro, artes performativas. A edição deste ano do Festival Fringe acontece no território já no próximo mês e traz grupos de Portugal, Hong Kong, Taiwan, Israel, Espanha e Brasil, sem esquecer os grupos locais

ANDREIA SOFIA [email protected]

A praça Jorge Álvares, situ- ada no coração da penín-sula, será o palco para a cerimónia de abertura de

mais uma edição do Festival Fringe. São esperados um total de 37 even-tos espalhados pelos vários cantos de Macau e Taipa, onde o público poderá ver um leque variado de es-pectáculos e exposições, dedicados à dança, teatro e artes plásticas. Os

FRINGE FESTIVAL REGRESSA ENTRE 1 E 16 DE NOVEMBRO

Artes chegam à cidade

MIF IC COM PAVILHÃO PARA ARTISTAS LOCAIS

A criatividade que é nossa

preços prometem ser convidativos, variando entre a entrada gratuita e as 50 patacas.

Os dois primeiros dias do festi-val ficam preenchidos com o grupo composto por Lau Ming Hang, Man Lee, U Wing Chi e Mok Kuan

Chong. De Macau e Hong Kong, o grupo apresenta a actividade “Mercado de histórias – Um dia na vida, Ok la, E depois?”, cujo ponto de encontro se fará no Café Veng Hou.

Por apenas 50 patacas, o públi-

co poderá assistir a “três histórias diferentes de Macau e Hong Kong apresentadas em três diferentes espaços”, como espaços de arte, os chamados “coffee-shops” e “espaços antigos da cidade”, sendo que “encontrando o seu caminho

nas ruas e becos, o público terá a possibilidade de interpretar indivi-dualmente as histórias contadas”, explica o programa.

Entre os dias 6 e 8, o grupo de teatro de Long Fong apresenta, no espaço de lazer da Rua dos Merca-dores, a peça “Puxe”, com entrada gratuita. Segundo o programa, a peça baseia-se no nosso dia-a--dia e nas pressões sentidas pela sociedade actual. “Nascemos para sermos controlados, pelos pais, professores e pela sociedade. So-mos socializados e sistematizados. Os nossos dias são rotinas. Mas, e se lutarmos pela nossa liberdade?”, pode ler-se na apresentação.

O artista local Sérgio Rolo, em parceria com a Casa de Portugal em Macau (CPM), irá apresentar o espectáculo “O Astronauta” no dia 8, a ter lugar no pequeno auditório da CPM. Trata-se de um “espectá-culo de marionetas para crianças”, virado para escolas, onde “uma nave espacial viaja no universo da imaginação”.

PORTUGAL PRESENTEDe Portugal chegam vários artistas que irão participar no festival a solo ou em parceria com artistas de Macau. Francisco Camacho, do grupo EIRA, vai apresentar o espectáculo “Danças Privadas” nas Casas-Museu da Taipa entre os

O Instituto Cultural (IC) irá instalar um ‘Pavilhão de Cria-

tividade de Macau’ na 19.ª Feira Internacional de Macau (MIF), onde será organizada a participação de artistas da indústria musical local. Em articulação com o Programa de Subsídios à Produção de Álbuns de Canções Originais 2014, que se encontra presen-temente a aceitar candidatu-ras, o pavilhão irá centrar-se na mostra de música original de Macau e vários serviços de áudio.

O Pavilhão de Criativida-de de Macau - subordinado ao tema “Música Original de Macau”- ocupa uma área total de 270m2. Com um de-sign inspirado no conceito de “ondas sonoras”, o pavilhão

integra aspectos modernos metropolitanos de Macau com ondas sonoras e apre-senta uma estética irregular da música através do espaço físico e de efeitos visuais. O espaço físico do pavi-lhão apresenta movimentos rítmicos da música com secções de diferentes graus. O IC espera que através do design a música de Macau possa espalhar-se e que a mensagem “a música inspira a alma” possa ser transmitida.

MÚSICA PARA TODOSAtravés do Pavilhão de Cria-tividade de Macau na MIF, o IC pretende proporcionar uma plataforma de exposição para a indústria musical local, pro-mover o seu desenvolvimento comercial e facilitar bolsas de

contacto entre as indústrias culturais e criativas locais e estrangeiras. Para além de fortalecer a interacção com os visitantes, o IC e as entidades participantes organizarão conjuntamente um total de 19 seminários e espectáculos ao vivo sobre música, a fim de aprofundar os conhecimentos dos visitantes sobre os vários aspectos da música original de Macau. Todos os cidadãos interessados são convidados a participar nestas actividades.

A feira realiza-se de 23 a 26 de Outubro de 2014 no Centro de Convenções e Ex-posições do Venetian Macau.

Partindo da Base de Da-dos das Indústrias Culturais e Criativas de Macau, o IC convidou 14 entidades cultu-rais e criativas a participar.

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hoje macau sexta-feira 17.10.2014

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13 eventos

“E SCREVER Ma-cau em Português – Exposição de

Retratos” é a mais recente exposição do Instituto Cultural (IC) e da Casa de Portugal em Macau, com inauguração marcada para o dia 21 deste mês. A ac-tividade pretende mostrar a preservação da cultura oriental e ocidental.

Depois de, no ano passado, e com o objecti-vo de salvaguardar obras literárias e documentos históricos de Macau e promover e desenvolver a literatura sino-portu-guesa, o IC ter realizado a Exposição de Retratos Fotográficos “Caras da Literatura de Macau em

Língua Chinesa 2013”, este ano, “Escrever Macau em Português – Exposição de Retratos” retrata 34 escritores de língua portuguesa “vi-vos, com obra publicada, que escrevam textos sobre Macau ou que tomem a cidade como

cenário”. O fotógrafo António Mil-Homens foi o convidado para retratar os escritores.

“Cada escritor possui as suas próprias carac-terísticas, contribuindo para a literatura sino--portuguesa. Através des-ta exposição, o IC espera dar a conhecer ao público a cara e obras dos escrito-res de língua portuguesa de Macau e, ao mesmo tempo, lançar bases para a criação da Casa da Li-teratura de Macau e pro-mover a recolha de obras e documentos literários em língua portuguesa”, salienta o IC através de comunicado.

A exposição estará patente de 22 de Outubro a 23 de Novembro no Edi-fício do Antigo Tribunal, diariamente das 10h00 às 19h00 horas, sendo a entrada livre.

Venetian Alex To pela primeira vez em Macau O artista pop de Hong Kong, Alex To, pisa o palco da arena do Cotai, no Venetian, pela primeira vez, às 20h00 do próximo dia 15 de Novembro. Os bilhetes começaram a ser vendidos ontem. O concerto do conhecido artista da região vizinha acontece na mesma semana do Grande Prémio e promete ser um complemento a um dos eventos mais conhecidos do território. Nesta estreia, o artista confirma a presença de um colectivo de dançarinos em palco, para ajudar a materializar conhecidas melodias de To como “A dance of Shadow”, “Save Our Earth”, ou “Believe in Yourself”. Os bilhetes custam entre 280 e 880 patacas, dependendo do lugar.

37eventos espalhadospor Macau e Taipa

EXPOSIÇÃO “ESCREVER MACAU EM PORTUGUÊS” NO ANTIGO TRIBUNAL

Caras que representam a línguadias 5 e 7 de Novembro. Segundo o programa oficial do festival, “cada espectador é convidado a escolher o figurino e a própria musica, criando assim a base a partir do qual o artista, Francisco Camacho, criará um momento original de dança exclusivamente para esse espectador”.

Também de Portugal chega o espectáculo “UWAGA!”, que acontece dia 8 na zona de lazer da Rua dos Mercadores, protagoniza-do pelo grupo DEMO. Trata-se de um evento de artes performativas “que pretende, através da cénica em espaços públicos, envolver a comunidade. Os artistas abordam as pessoas na rua e convidam-nas a partilhar palavras ou aspirações com a cidade”. No dia 16 de No-vembro, haverá ainda a tradicional parada por Macau, por forma a marcar o encerramento do festival. O programa completo pode ser consultado em www.macaufringe.gov.mo.

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14 hoje macau sexta-feira 17.10.2014

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José simões moraisTEXTO E FOTOS

S ITUADO no Ramal dos Mou-ros, o cemitério e mesquita dos maometanos, local conhe-cido em chinês por Mou Lo un

e em português por Horta dos Mouros, encontra-se na freguesia de Nossa Se-nhora de Fátima.

O cemitério muçulmano foi fun-dado no início do século XIX, tendo a parte principal do terreno sido adqui-rida a Filipe António Osório no dia 23 de Março de 1855 por Jeraz Manjee, manejador da Casa dos Moiros Cojak na China.

O terreno vendido por mil pata-cas era uma horta pertencente a Filipe Osório que o aforara e antes de efec-tuar o contrato de venda, primeiro questionou o Governo de Macau para saber se este estava interessado no dito lugar.

Por despacho de 16 de Dezembro de 1854, o Governador Isidoro Guima-rães diz que pode vender-se. Assim Fi-lipe António Osório obteve o consen-timento do senhorio directo do terreno da dita horta, o Estado, como se pode comprovar pelo teor do seu requeri-mento e despacho nele proferido, que no acto da venda apresentou.

O contrato de venda vem nos se-guintes termos: “Em consequência do que me disse o dito Osório, que cedia todo o domínio, direito e acção que ele antes tinha na dita horta para os com-pradores a poderem possuir e lograr como sua legítima propriedade, dando--lhes a posse civil, corporal e natural e ainda sem ela pela clausula constitutiva lhe há por dada, obrigando-se ele ven-dedor por si e seus herdeiros a fazer boa dita venda, salva, livre e valiosa em juízo ou fora dele ficando os compra-dores obrigados aos foros e mais que ele vendedor antes pagava ao senhorio directo do dito terreno desde vinte do mês próximo findo. E sendo presente a sua mulher Dona Ana Maria Lopes Osório disse que dava a sua outorga e expresso consentimento para a dita venda que foi aceite por Mamot Goo-ver autorizado do dito Jeraz Mangee como consta da autorização que neste acto me apresentou. Neste mesmo acto me declarou o dito Osório que já tinha recebido a quantia pela qual ele vendeu a dita horta das mãos do morador Ma-

CEMITÉRIO E MESQUITAMUÇULMANA

ximiano António dos Remédios, agen-te da mencionada firma em boa moeda e peso em vinte do mês próximo findo.

E de como assim disseram e ou-torgaram dou fé e fiz este por me ser distribuído em que as partes contraen-tes se assinaram com as testemunhas presentes: Francisco de Paula e Zefe-rino António Vieira aqui moradores, empregados de Cartório, depois deste lhes ter lido e comigo dito escrivão que subscrevi. Em testemunho da verdade. Thomaz d’Aquino Migueis.” Vem a seguir as assinaturas. E à mar-gem, uma nota afirmando que Filipe Osório pagou ao Tesoureiro da Fazen-

da, Carlos Vicente da Rocha, “de sisa e laudémio pela venda da sua horta em Cacilhas a Jeraz Magnee, maneja-dor da Companhia dos Mouros Cojak na China, a quantia de setenta e cinco patacas.

A COMUNIDADE MAOMETANA COJAR

Nos primeiros anos do século XIX, já a comunidade dos mouros Cojar de Ma-cau tinha um lugar para sepultar os seus mortos, situado no lado Norte da horta de Filipe Osório, mas não existe docu-mento algum conhecido que dê provas disso. Esse terreno com 721,5 m² dava

para a Baía de Cacilhas e foi alcança-do gratuitamente em 22 de Janeiro de 1832.

Como vimos acima, a esse terreno do cemitério muçulmano juntou-se um outro a 23 de Março de 1855 adquiri-do a Filipe António Osório por Jeraz Manjee, manejador da Casa dos Moi-ros Cojak na China.

Em 1859, a comunidade muçulma-na Cojak doou à Santa Casa da Miseri-córdia duzentas patacas sob a condição desta instituição pagar todos os anos ao Estado o foro do terreno do cemitério e mesquita dos mouros. Tal deveu-se ao receio de na pequena comunidade muçulmana de Macau poder não haver quem pagasse o foro e assim, nas exe-cuções fiscais o terreno fosse sequestra-do pelo Estado.

Em 1888 ancorou na Baía de Caci-lhas o navio Índia, trazendo a bordo muitos soldados doentes com cólera, contaminados em Hong Kong. Logo aí foi estabelecido um cordão sanitário,

NOS PRIMEIROS ANOS DO SÉCULO XIX, JÁ A COMUNIDADE DOS MOUROS COJAR DE MACAU TINHA UM LUGAR PARA SEPULTAR OS SEUS MORTOS, SITUADO NO LADO NORTE DA HORTA DE FILIPE OSÓRIO, MAS NÃO EXISTE DOCUMENTO ALGUM CONHECIDO QUE DÊ PROVAS DISSO

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 17.10.2014

isolando a Praia de Cacilhas. Devido ao número de mortes provocado pelo sur-to, o governo usou a Horta dos Mouros para aí os enterrar e por isso, esse espaço ficou interdito. Para remediar a falta de local para o culto, o Governo concedeu aos muçulmanos um outro terreno junto à Capitania dos Portos e ofereceu qua-trocentas patacas para a construção de uma nova mesquita. Só passados cinco anos foram os cadáveres desenterrados e inumados na ponta Nordeste da Coli-na da Guia, sendo então de novo entre-gue o local à Comunidade Muçulmana Cojak. Esta vedou o terreno e aí cons-truiu casas para albergar alguns crentes inválidos e pobres.

ASSOCIAÇÃO DE BENEFICÊNCIA MAOMETANA

Como em Macau já não residia nenhum elemento da Comunidade Muçulmana de Cojar, houve necessidade de criar uma nova Associação para legalmente poder ser herdeira do cemitério e mes-quita existente na cidade. Assim, a 23 de Março de 1923, os senhores Rahin-tula Hagi Elias e S. M. Bachoo fizeram um requerimento ao Governador Ro-drigo José Rodrigues pedindo que fos-sem aprovados os Estatutos da Associa-ção de Beneficência Maometana, o que foi concedido a 12 de Junho do mesmo ano. Logo estes dois senhores convida-ram todos os muçulmanos de Macau a se tornarem membros da Associação. A este apelo responderam quarenta e cin-co muçulmanos que, juntamente com os dois signatários acima referenciados, se reuniram a 20 de Dezembro de 1923 e escolheram para Presidente, Rahintula Hagi Elias, para Secretário Sheik Yusuf, como Tesoureiro, S. M. Bachoo e vo-gais, Hakim Shermohomede e Alladad Kam. Entre os quarenta e nove muçul-manos, catorze eram comerciantes, dez eram soldados, dezoito eram polícias e sete eram guardas de barcos.

Houve quem pusesse o problema do terreno ter sido aforado à Comunidade Muçulmano Cojar e não existindo ago-ra nenhum elemento que residisse em Macau não deveria ser possível fazer a transferência para a nova Associação. Mas após várias diligências, concluiu--se ser a Associação de Beneficência Maometana legítima herdeira da Co-munidade Cojar, já que seguiam todos a mesma religião, a do Islão.

Tinha assim direito a Associação de Beneficência Maometana de poder dis-pensar a Santa Casa da Misericórdia de Macau da obrigação de pagar o foro do cemitério e mesquita dos mouros, que lhe fora imposta aquando da doação

AINDA NO SÉCULO XX FOI REQUERIDO AO GOVERNO DE MACAU A LICENÇA PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA MESQUITA, UM EDIFÍCIO E OUTROS ARRANJOS NO TERRENO DA ASSOCIAÇÃO ISLÂMICA. EM 2014, VOLTA-SE A FALAR NA CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA MESQUITA E PRETENDE-SE CONSTRUIR UM PRÉDIO COM 127 METROS DE ALTURA NOS REFERIDOS TERRENOS

de duzentas patacas no ano de 1859. Comprometia-se a Associação a partir daí a pagar ela mesmo o aludido foro.

O Boletim Oficial de 12 de Setem-bro de 1925 refere que o Governo da Província autorizou a ceder, para fins de beneficência, à Associação de Be-neficência Maometana de Macau, por arrendamento e mediante o pagamento adiantado da renda anual de 21 pata-cas, o terreno na Estrada de Cacilhas com a área de 4903 m².

A 29 de Maio de 1926, no cartório do Dr. Luís Nolasco, perante o prove-dor da Santa Casa, o general na refor-ma Fernando José Rodrigues e o pre-sidente da Associação de Beneficência Maometana, Ramtula Hajee Elias, fez--se a escritura da exoneração da obriga-ção do pagamento do foro do terreno referido e do trespasse do mesmo para a nova associação, sucessora da Comu-nidade dos Mouros Cojak.

A 25 de Novembro de 1929 entrou nas Obras Públicas um requerimento rogando o levantamento da planta do terreno com a área de 9962 m² e no dia seguinte, é pedido um novo aforamen-to do terreno.

A 25 de Maio de 1931, o Sr. R. H. Elias pagou três anos de foro, que des-de o ano anterior era de 10 patacas.

Na parte Norte do terreno existiu desde 1925 um campo de ténis, aluga-do pela Sociedade União Recreativa à Associação de Beneficência Maometa-na. Desde 1949, essa parte do terreno esteve ocupado pelo Exército portu-guês, que em 1958 passou para a Polí-cia de Segurança Pública e onde foram instaladas as suas oficinas.

O actual terreno, onde se encontra o cemitério e mesquita dos maometa-nos, vai desde o Ramal dos Mouros até ao Reservatório e da Estrada de D. Ma-ria II até à Estrada de Cacilhas, onde estão as oficinas da Polícia.

A Associação de Beneficência Mao-metana de Macau passou a Associação Islâmica de Macau e por escritura de 29 de Setembro de 1992 foram publi-cados os estatutos da nova Associação, que actualmente tem como presidente Ahmed Din Khan. Ainda no século XX foi requerido ao Governo de Macau a licença para a construção de uma nova mesquita, um edifício e outros arranjos no terreno da Associação Islâmica. Em 2014, volta-se a falar na construção de uma nova mesquita e pretende-se construir um prédio com 127 metros de altura nos referidos terrenos. Espe-ra-se agora o parecer do Conselho de Planeamento Urbanístico que sairá da reunião ainda por agendar.

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16 hoje macau sexta-feira 17.10.2014h

Um actor que consiga perseguir os seus sonhos já se pode considerar muito privilegiado, por isso deve dar sempre o máximo e gozar a experiência. Aquele que conseguir eventualmente atingir o sucesso certamente que nunca desistiu nem deixou de acreditar em si próprio

A carreira de um actor está re-pleta de rejeições, e é nor-mal que estes se sintam mal quando confrontados com

este tipo de obstáculos. Como são os corpos dos actores que estão a ser ava-liados nas audições, estes interpretam a rejeição como uma falha pessoal. Mas, conforme analisamos nos capítulos an-teriores, há inúmeros outros factores a ser considerados que nada têm a ver com a sua capacidade de interpretação ou o seu carácter pessoal.

Por isso, persista e nunca desista, nem perca a confiança e a esperança. Estas são as três coisas mais importan-tes para atingir o sucesso. Um actor que consiga perseguir os seus sonhos já se pode considerar muito privilegiado, por isso deve dar sempre o máximo e gozar a experiência. Aquele que con-seguir eventualmente atingir o sucesso certamente que nunca desistiu nem deixou de acreditar em si próprio.

É óbvio que todos os actores têm objectivos diferentes. Mas aqueles que decidirem obter o seu sustento apenas através das suas representações vão provavelmente ter de trabalhar em produções mais populares. Nestas situações, os que forem conhecidos, especialmente pelos profissionais da indústria, vão ter mais facilidade em arranjar emprego do que os outros. E os poucos que conseguirem atingir o estrelato vão ter acesso a níveis de fama, fortuna e poder a que poucos podem aceder.

Todavia, é importante ser realista. Existem muitas coisas que não podem ser controladas, por isso o simples fac-to de se trabalhar muito não garante o sucesso. Assim, a sorte acaba por ser muito importante para um actor. Co-nheço muitos artistas que se esforçam por menosprezar este factor, talvez por isto os fazer sentir vulneráveis. Com isto não quero dizer que o tra-balho árduo não seja importante. A verdade é que há milhões de actores que têm excelentes qualidades sociais, boa aparência e ética profissional mas que nunca chegam a ter sucesso por não terem sorte.

Na minha opinião pessoal, aqueles que quiserem vingar como actores têm de acreditar que vão ter boa sorte. Esta pode não surgir logo de início, mas há de aparecer mais tarde ou mais cedo. É por isso que considero que a persistên-cia é mais importante do que o próprio *actor e realizador

Thomas Lim*

PERSISTÊNCIA

carácter do actor. Também sou da opi-nião que, para encontrar a sorte, basta sermos consistente nas nossas acções. O importante é participar no máximo número de audições e produções possí-vel enquanto nos esforçamos por fazer novos contactos (o que acaba por ser o factor mais determinante).

Quando um actor enfrenta um mau período, é importante usar estas altu-ras para recarregar baterias, nunca se esquecendo que a sorte há-de mudar. Rodear-nos de pessoas positivas ajuda a alimentar a nossa mente, enquanto que o corpo deve ser rejuvenescido através do exercício e da prática daqueles ta-lentos que nos definem como actores, como uma dança ou arte marcial espe-cíficas. O corpo acaba por ser a nossa ferramenta, por isso temos sempre de

o manter num bom estado de conser-vação. A mente, por sua vez, é neces-sária para nos ajudar a ultrapassar os momentos difíceis das nossas carreiras, por isso há que mantê-la sempre saudá-vel e positiva, para que nunca se torne azeda.

O mais natural é um actor obter o sucesso por outra pessoa acreditar nele. Por isso, há alturas em que é mais im-portante ir à procura de oportunidades para mostrar o nosso talento do que continuar a praticar as nossas técnicas de representação. Isto pode parecer di-fícil, mas é essencial para quem quiser ter sucesso. Se porventura reparar que as coisas se estão a tornar mais difíceis, não desista, pois isso é sinal de que se está a aproximar dos seus objectivos. Se isto não se verificar, significa que os seus pés ainda não estão dentro do círculo. Mas acredite que a sorte lhe vai trazer as oportunidades que deseja, nunca se esquecendo de ser persistente e de apostar em ser activo.

O director Ang Lee, que agora tra-balha a partir de Holywood, é um bom exemplo disto mesmo. Quando com-pletou os seus estudos, passou seis anos sem trabalho. Durante esta altura, que os profissionais da indústria chamam de “inferno do desenvolvimento”, Ang Lee não conseguiu encontrar investido-res para nenhum dos seus filmes. Mas através da sua persistência acabou por fazer o seu primeiro filme quanto tinha 36 anos de idade. Quando lhe pergun-taram o que havia feito de diferente para conseguir esta oportunidade após

seis anos de tentativas falhadas, este confessou que nada havia mudado mas que o seu destino se havia finalmente manifestado, pois nunca havia deixado de acreditar que tal se iria verificar.

Já o actor de Hong Kong Aaron Kwok começou a sua carreira ao mais alto nível, tornando-se numa estrela em apenas poucos anos, estatuto que gozou por mais de uma década. Porém, a sua popularidade sofreu um declínio durante a década de 2000, chegando o público a acreditar que este nunca mais voltaria aos ecrãs. Mas quando Aaron regressou ao cinema parecia melhor do que nunca, nem aparentava os 40 anos que já tinha. Quando reflicto sobre es-tes artistas, nunca deixo de imaginar as dificuldades que tiveram de ultrapassar durante estes períodos tortuosos. No caso particular de Aaron, a sua queda deve ter sido particularmente difícil, mas este manteve-se sempre positivo. Como consequência da sua persistên-cia, continua a ser um dos actores mais populares da indústria, mesmo após dé-cadas de experiência.

Ang Lee também deve estar conten-te de nunca ter desistido, pois chegou mesmo a conquistar um Óscar, apesar de só ter começado a sua carreira quan-do já tinha mais de 30 anos de idade. Imagino que ambos devem ter necessi-tado de uma enorme força de vontade para conseguir o sucesso de que gozam correntemente.

Agora num tom mais ligeiro, gos-tava de vos agradecer a atenção dada à minha coluna semanal. Como uma prenda de despedida, gostava de vos oferecer uns últimos conselhos para au-mentar a vossa confiança durante as au-dições. Sabem quando acordamos com os olhos e a cara inchados e com mau aspecto (especialmente diante de uma câmara)? Eu tenho uma simples solução para este problema. Primeiro, parem de beber água uma hora antes de irem dormir na noite anterior. Se repararem neste problema quando acordarem na manhã seguinte, bebam um copo de café preto, sem açúcar nem leite. Quando o consumirem, vão reparar que a pele da vossa cara vai esticar em apenas 30 minutos. Para o pequeno--almoço de um dia de audições, nunca comam demasiado senão vão sentir-se pesados e sem energia. Pessoalmente, como apenas uma fatia de pão para en-ganar a fome.

Se adicionarem esta chávena de café preto a tudo o que foi discutido nos capítulos anteriores, acredito que estão preparados para impressionar o realizador e as audiências nos vossos próximos projectos. Boa sorte e nun-ca desistam dos vossos sonhos como actores!

AQUELES QUE QUISEREM VINGAR COMO ACTORES TÊM DE ACREDITAR QUE VÃO TER BOA SORTE. ESTA PODE NÃO SURGIR LOGO DE INÍCIO, MAS HÁ DE APARECER MAIS TARDE OU MAIS CEDO. É POR ISSO QUE CONSIDERO QUE A PERSISTÊNCIA É MAIS IMPORTANTE DO QUE O PRÓPRIO CARÁCTER DO ACTOR

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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 23 MAX 29 HUM 55-85% • EURO 10.1 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 17 DE OUTUBRO

hoje macau sexta-feira 17.10.2014 (F)UTILIDADES 17

João Corvo fonte da inveja

Dia Internacional paraa Erradicação da Pobreza

• Assinala-se hoje o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) a 22 de Dezembro de 1992. O objectivo é alertar consciências para defender um direito básico do ser humano.Apesar de só ter sido instituída naquele ano, uma efe-méride, em 1987, reforça a necessidade de combater a fome: a colocação de uma placa em homenagem às vitimas da miséria na Praça da Liberdade e dos Direitos Humanos, em Paris.O objectivo do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza é mobilizar esforços no combate à pobreza, que continua a provocar vítimas, não obstante a humanidade conseguir produzir a quantidade de alimento necessário para responder às necessidades de todas as pessoas do mundo.A pobreza e a fome assolam diversas regiões do mundo, com povos que vivem abaixo do limiar da pobreza e até países do primeiro mundo com a população a ser vítima deste problema.O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza permite-nos tomar consciência de que há um longo caminho a percorrer, na superação deste problema humanitário, que se transformou numa causa.Neste dia, em 1979, Madre Teresa de Calcutá é nomeada para o Prémio Nobel da Paz. Já em 1997, os restos mortais de Che Guevara são enterrados em Cuba. E no dia 17 de Outubro de 2006, os EUA atingem a marca histórica de 300 milhões de habitantes.

“OS MISERÁVEIS”(DE TOM HOOPER, 2012)

Um filme baseado no romance francês de 1862 escrito por Victor Hugo, “Les Misérables”, que conta a história de Jean Valjean (Hugh Jackman), um prisioneiro que chega a França nos tempos da Revo-lução de Julho, do século XIX. Valjean cuida de Cosette (Amanda Seyfried) depois da morte da sua mãe, Fantine (Anne Hathaway). Enquanto isso, contudo, é perseguido pelo inspector Javert (Russell Crowe). - Cecília Lin

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE GIVER [B]Um filme de: Phillip NoyceCom: Brenton Thwaites, Odeya Rush, Jeff Bridges14.15, 16.00, 17.45, 21.30

ANNABELLE [C]Um filme de: James WanCom: Annabelle Wallis, Ward Horton19.30

SALA 2LET’S BE COPS [C]Um filme de: Luke GreenfieldCom: Jake Johnson, Damon Wayans Jr.14.15, 16.05, 17.55, 21.30

JUON - THE BEGINNING OF THE END [C]FALADO EM JAPONÊS ELEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊSUm filme de: Masayuki OchiaiCom: Nozomi Sasaki, Sho Aoyagi, Reina Triendi19.45

SALA 3WHIPLASH [C]Um filme de: Damien ChazelleCom: Miles Teller, J. K. Simmons, Paul Reiser, Melissa Benoist14.30, 16.30, 19.30, 21.30

THE GIVER

O QUE FAZER ESTA SEMANA?• HojeFESTIVAL DA LUSOFONIA (ATÉ DOMINGO)Casas-museu da Taipa Entrada livre

• AmanhãLAURIE ANDERSON APRESENTA“A LINGUAGEM DO FUTURO” (FIMM)Fortaleza do Monte, 20h0080 patacas

ORQUESTRA DE MACAU APRESENTA “MEDITADOR”Centro Cultural de Macau, 20h0080 a 200 patacas

SECRET ISLAND PARTY 2014Hong Kong, sítio a designar após a compra de bilheteTodo o dia

• DomingoORQUESTRA CHINESA DE TAIPÉ APRESENTA“BRILHO DESLUMBRANTE”Centro Cultural de Macau, 20h0080 a 200 patacas

SECRET ISLAND PARTY 2014Hong Kong, sítio a designar após a compra de bilheteTodo o dia

• DiariamenteOKTOBERFEST (ATÉ DIA 25/10)MGM, 18h00 às 24h00120 patacas

FESTIVAL DE GASTRONOMIA MACAENSE (ATÉ 5 DE NOVEMBRO)Hotel Four Seasons, Cotai18h00 às 22h00498 patacas por adulto, 249 para crianças até aos 12 anos

EXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS” DE VICTOR MARREIROS(ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

“VIAGEM À TERRA DOS SONHOS” DE SU JIAN LIANG(ATÉ DIA 23/10)Galeria da Fundação Rui CunhaEntrada livre

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA DE CONCEIÇÃO JÚNIOR “TERRITÓRIOS”Clube Militar Entrada livre

WORLD PRESS PHOTO (ATÉ 2 DE NOVEMBRO)Casa GardenEntrada LivreNão insistas com um teimoso, a não ser que ele esteja no teu caminho.

H O J E H Á F I L M E

Page 18: Hoje Macau 17 OUT 2014 #3195

18 publicidade hoje macau sexta-feira 17.10.2014

Edital no : 34/E-BC/2014Processo no : 327/BC/2014/FAssunto :Início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do

Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI)Local : Rua da Ilha Verde S/N, Edf. Green Island – Tower 1, fracções 5.º andar C (CRP:

C5), 5.º andar D (CRP: D5), 5.º andar E (CRP: E5), 6.º andar B (CRP: B6), 9.º andar A (CRP: A9), 9.º andar D (CRP: D9), 9.º andar E (CRP: E9), 9.º andar F (CRP: F9), 10.º andar E (CRP: E10), 12.º andar A (CRP: A12), 12.º andar B (CRP: B12), 13.º andar A (CRP: A13), 17.º andar A (CRP: A17), 17.º andar E (CRP: E17), 18.º andar B (CRP: B18), 18.º andar D (CRP: D18), 20.º andar F (CRP: F20), 21.º andar A (CRP: A21), 24.º andar A (CRP: A24), 24.º andar E (CRP: E24), 24.º andar F (CRP: F24), 25.º andar B (CRP: B25), 27.º andar B (CRP: B27), 27.º andar E (CRP: E27), 27.º andar F (CRP: F27), 28.º andar B (CRP: B28), 28.º andar D (CRP: D28), 29.º andar A (CRP: A29), 29.º andar F (CRP: F29), 30.º andar C (CRP: C30), Macau.

Chan Pou Ha, subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pela alínea 7) do no 1 do Despacho no 003/SOTDIR/2013, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 46, II Série, de 13 de Novembro de 2013, faz saber por este meio aos donos da obra e aos proprietários, cujas identidades se desconhecem, da obra existente no local acima indicado, o seguinte:

1. OagentedefiscalizaçãodestaDSSOPTconstatounolocalacimaidentificadoarealizaçãode obra sem licença, cuja descrição e situação é a seguinte:

Fracção Andar Obra Situação da obra

Infracção ao RSCI e

motivo da demolição

1.1 C 5

Construção de um compartimento não autorizado com cobertura metálica no terraço de recuo em frente da varanda e da janela da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.2 D 5

Construção de um compartimento não autorizado com janela de vidro e cobertura metálica no terraço de recuo em frente da varanda e da janela da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.3 E 5

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício junto à varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.4 B 6

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.5 A 9

Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício em frente da varanda e da janela da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.6 D 9

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.7

E 9

Fechamento da varanda com gradeamento metálico e janela de vidro na parede exterior do edifício junto à varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.8

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da janela da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.9 F 9

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.10 E 10

Fechamento da varanda com janela de vidro na parede exterior do edifício junto à varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.11 A 12

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da varanda e da janela da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.12 B 12

Fechamento da varanda com janela de vidro na parede exterior do edifício junto à varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.13 A 13

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.14 A 17

Instalação de fiosdeaçodeprevenção de furtos na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

EDITAL

Page 19: Hoje Macau 17 OUT 2014 #3195

hoje macau sexta-feira 17.10.2014 19 publicidade

1.15 E 17

Fechamento da varanda com gradeamento metálico e janela de vidro na parede exterior do edifício junto à varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.16 B 18

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.17 D 18

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.18 F 20

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.19 A 21

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da vargnda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.20 A 24

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.21 E 24

Fechamento da varanda com gradeamento metálico e janela de vidro na parede exterior do edifício junto à varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.22 F 24

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.23 B 25

Instalação de fios de aço de prevenção de furtos na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.24 B 27

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.25 E 27

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício junto à varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.26 F 27

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.27 B 28

Fechamento da varanda com janela de vidro na parede exterior do edifício junto à varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.28 D 28

Fechamento da varanda com janela de vidro na parede exterior do edifício junto à varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.29 A 29

Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício em frente da varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.30 F 29

Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício em frente da varanda e da janela da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.31 C 30

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício junto à varanda da fracção.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

3. Sendo as varandas e janelas acima referidas são consideradas como ponto de penetração para realização de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podendo ser obstruídas com elementos fixos (gaiolas, gradeamentos, etc.) de acordo com o disposto no nº 12 do artigo 8º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei nº 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelo infractor nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto ponto(s) de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, a obra executada não é susceptível de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinada pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada.

4. Nos termos do no 7 do artigo 87o do RSCI, , a infracção ao disposto no no 12 do artigo 8o é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas.

5. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no nº 1 do artigo 95o do RSCI.

6. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, no 33, 15o andar, Macau (telefones nos 85977154 e 85977227).

Aos 30 de Setembro de 2014

Pelo Director dos ServiçosA Subdirectora

Enga Chan Pou Ha

Page 20: Hoje Macau 17 OUT 2014 #3195

20 DESPORTO hoje macau sexta-feira 17.10.2014

PUB

EDITALEdital nº : 3/E-OI/2014Processo nº : 358/OI/2014/FAssunto :Início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do Regulamento Geral da Construção Urbana (RGCU)Local :Rua da Ilha Verde S/N, Edf. Green Island – Tower 1, fracções 6.º andar B (CRP: B6), 9.º andar D (CRP: D9), 13.º andar F (CRP: F13), 17.º andar D (CRP: D17), 18.º andar B (CRP: B18), 25.º andar B (CRP: B25), 29.º andar B (CRP: B29), Macau.

Chan Pou Ha, Subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pela alínea 7) do no 1 do Despacho no 003/SOTDIR/2013, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 46, II Série, de 13 de Novembro de 2013, faz saber por este meio ao dono da obra ou seu mandatário, ao encarregado da obra, aos técnico responsável pela obra e executores da obra existente no local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, o seguinte:1. OagentedefiscalizaçãodestaDSSOPTdeslocou-seaolocalacimaindicadoeverificouarealizaçãodasobrasabaixaindicadasque

infringiram o disposto no nº 1 do artigo 3º do Decreto-Lei nº 79/85/M (RGCU) de 21 de Agosto, alterado pela Lei nº 6/99/M de 17 deDezembroepeloRegulamentoAdministrativonº24/2009de3deAgosto,peloqueasobrassão consideradas ilegais:

Fracção Andar Obra Situação da obra1.1 B 6 Demolição da parede exterior do edifício junto à varanda da fracção. Concluída1.2 D 9 Demolição da parede exterior do edifício junto à varanda da fracção. Concluída1.3 F 13 Demolição da parede exterior do edifício junto à varanda da fracção. Concluída1.4 D 17 Demolição da parede exterior do edifício junto à varanda da fracção. Concluída1.5 B 18 Demolição da parede exterior do edifício junto à varanda da fracção. Concluída1.6 B 25 Demolição da parede exterior do edifício junto à varanda da fracção. Concluída1.7 B 29 Demolição da parede exterior do edifício junto à varanda da fracção. Concluída

2. Nestascircunstânciasenostermosdosartigos52ºe65ºdoRGCU,podeserordenadoqueosinfractoresprocedamàdemoliçãodaobra ilegal referida no ponto 1, e à reposição da parte comum afectada do edifício (parede exterior do edifício) de acordo com o projectoaprovadoporestaDirecçãodeServiços,peloque,são sancionáveis com multa de $1 000,00 a $20 000,00 patacas.

3. Nos termos dos artigos 93º e 94º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 57/99/M, de 11 deOutubro,osinteressadospodemapresentarasuadefesaporescritoeasdemaisprovasparasepronunciarsobreasquestõesqueconstituemobjectodoprocedimento,bemcomorequererdiligênciascomplementaresnoponto4abaixoindicado,noprazode10(dez) dias contados a partir da data de publicação do presente edital.

4. No entanto, os interessados podem proceder à demolição das obras acima indicadas por iniciativa própria, devendo entregar previamente nestes Serviços a declaração de responsabilidade do construtor incumbido da obra de demolição e a apólice de seguro contraacidentesdetrabalhoedoençasprofissionais,noprazode10(dez)diascontadosapartirdadatadepublicaçãodopresenteedital.

5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, nº 33, 15º andar, Macau (telefones nos 85977154 e 85977227)

Aos 30 de Setembro de 2014

Pelo Director dos ServiçosA Subdirectora

Enga Chan Pou Ha

MARCO [email protected]

O S setes da Casa do Sport Lisboa e Ben-fica de Macau e do Futebol Clube do

Porto jogam ao final da tarde de hoje no relvado sintético do Colé-gio D. Bosco o futuro no principal Campeonato de “Bolinha” do ter-ritório. A formação orientada por Bruno Álvares entra em campo às dezanove horas para discutir frente ao campeão Windsor Arch Ka I o acesso ao encontro decisivo da prova.

O grupo de trabalho encarnado terminou a fase regular da compe-tição na liderança das contas do grupo A, à frente do sete do Taxi Chi Iao e quer dar continuidade à série de bons resultados alcançados nas últimas semanas, com um triunfo frente aos titulares do troféu. Os res-ponsáveis pela formação encarnada não esperam, no entanto, facilida-des. Duarte Alves, responsável pela direcção administrativa das águias do território, espera ver o Benfica

Esteban Ocon vai correr no Grande Prémio de Macau

ESTEBAN Ocon, piloto de fórmula 3, vai correr

na edição deste ano do Cam-peonato Mundial de Carros de Turismo (FIA), na corrida Theodore, da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). A confirmação foi avançada ontem pela operadora de jogo, que patrocina a corri-da. Esteban Ocon vai assim participar na 61ª edição do Grande Prémio de Macau, depois de ter vencido a corri-da do ano passado, com uma equipa composta por três carros, conduzidos também por Antonio Fuoco, de Itália, e Nicholas Latifi, do Canadá.

Esteban Ocon ganhou recentemente o campeonato europeu da FIA. Segundo um comunicado, o piloto considera que a “equipa Theodore já tem uma gran-de tradição nesta corrida e espero que possa continuar este ano. Vou fazer o meu melhor para ganhar”.

Antonio Fuoco, mem-bro da Academia de Con-dutores da Ferrari que está em quinto lugar no ranking europeu de fórmula 3, fri-sou ainda que “este grupo ganhou a última edição desta excepcional corrida na Ásia, então acredito

que temos de fazer um bom trabalho. Para mim será a primeira vez em que participo num dos circuitos mais fascinantes e difíceis do mundo, mas estou con-fiante de que vamos obter resultados positivos, à semelhança do que temos vindo a obter”, disse, se-gundo o comunicado.

Já Nicholas Latifi refe-riu que “o Grande Prémio de Macau é muito impor-tante e estou confiante de que, tendo em conta o sucesso da equipa, o fim--de-semana será muito especial”.

Antonio Fuoco Esteban Ocon Nicholas Latifi

FC PORTO E BENFICA DISCUTEM FUTURO NA “BOLINHA”

Águias tentam final, dragões manutenção

de Macau no encontro decisivo da prova, mas reconhece ainda assim que o Ka I não será osso fácil de roer: “A meu ver tanto o Ka I como o Monte Carlo são adversários de peso. São equipas com muita experiência e ter que defrontar qualquer uma delas nas meias-finais é um desafio de monta. Estamos conscientes de que a “Bolinha” é um campeonato muito competitivo, mas vamos lutar para garantir os nossos objectivos e eles passam por jogar a final e tentar juntar ao título de campeões no futebol de onze o

título no futebol de sete”, remata o dirigente encarnado.

Nas outra meia-final da “Bo-linha”, Clube Desportivo Monte Carlo e Taxi Chi Iao discutem entre si a presença no mais decisivo dos encontros da competição, com a formação “canarinha” apostada em manter incólume a invencibilidade na prova.

QUEM FICA?Depois de decididos os finalistas da competição, Futebol Clube do Porto e Ngan Ieng entram em campo para

decidir qual das duas formações se mantém entre os grandes do futebol de sete de Macau. Os dragões do território foram surpreendidos no início da semana com a incumbên-cia de terem de disputar a liguilha de manutenção no Campeonato da 1ª Divisão da “Bolinha”. Uma interpretação errónea dos regula-mentos da competição levou os responsáveis pelo clube a julgar que o critério de desempate com o Grupo Desportivo Lam Pak teria por base a diferença entre golos marcados e golos sofridos e não o número de triunfos obtidos por cada uma das formações. Lam Pak e Porto terminaram a fase de grupos da competição com sete pontos e o confronto directo entre ambas as equipas resultou num empate a zero, mas como os dragões so-maram apenas uma vitória (contra duas do Lam Pak), acabaram por se quedar abaixo do adversário na tabela classificativa.

Apesar de surpreendidos, os responsáveis pelo Futebol Clube do Porto decidiram não colocar a interpretação da Associação

de Futebol de Macau em causa, mas querem rectificar dentro das quatro linhas uma situação que consideram injusta: “É um tanto ou quanto difícil aceitar a ideia de que estivemos quase até ao fim a lutar pelas meias-finais e agora teremos de jogar mais um desafio para mostrar que merecemos continuar na primeira divisão. Queremos, ainda assim, resolver esta questão dentro de campo, que é onde temos de mostrar o nosso valor”,sustenta Pelé, o responsável pela preparação técnica da equipa. O treinador de origem são-tomense está confiante num triunfo frente ao Ngan Ieng, mas garante que um desaire não coloca em risco a continuidade do projecto azul e branco: “A subsistência do FC Porto não está dependente de um triunfo na ligui-lha. O clube vai continuar a existir, independentemente do que possa suceder frente ao Ngan Ieng, mas é óbvio que a vitória é o resultado que mais nos interessa”, remata o também treinador do Organismo Autónomo Desportivo da Casa de Portugal em Macau.

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21OPINIÃOhoje macau sexta-feira 17.10.2014

C OM a previsível aprovação do Orçamento de Estado para 2015 vamos iniciar o proces-so que nos vai levar às elei-ções legislativas do próximo ano. Os estados-maiores dos grandes partidos estão em grande azáfama. Pelo lado do PS após a retumbante vitória de António Costa prepara-se

o próximo congresso socialista que pode lançar a onda que leve o edil lisboeta a S. Bento. A demissão de Maria de Belém, há algum tempo previsível dada a resistência que opôs ao golpe estatutário que permitiu a eleição de Costa como candidato do par-tido a Primeiro-Ministro, aponta para uma mexida significativa nos cargos internos e na equipa. Entre socratistas e ferristas deve surgir o substituto que apesar de uma função meramente protocolar tem um sentido de ligação à história do partido.

Pelo lado do PSD afina-se a aliança com o PP depois do ensaio geral da negociação do OE, uma aliança que dizem os jornais visiona as legislativas de 2015 mas tam-bém as presidenciais de 2016. Um tempo de balanço e de pretendida correcção dos erros cometidos. Se a aliança é desejada pelo lado do PP que percebe o esvaimento se voltar a concorrer sozinho, pelo lado do PSD ela é aceite como forma de precaver uma severa punição eleitoral depois de 3 anos de ‘apertar do cinto’. Pelo lado dos pequenos partidos a questão que se coloca é saber se o Bloco de Esquerda vai resis-tir à emergência de grupos concorrentes formados por demissionários do Bloco ou se se pulverizará. Segundo a maioria dos observadores a fragmentação à esquerda acentuará o reforço da importância do PCP como partido histórico dos comunistas portuguesas.

Ainda que uma corrente opinião se en-tregue ao exercício ‘blasé’ de vergastar as limitações e a rotatividade da democracia representativa, ela é a solução possível para acomodar as expectativas dos eleitores, dos grupos económicos e dos parceiros sociais numa sociedade aberta como a portuguesa em que a satisfação dos in-teresses de uns se traduz no prejuízo dos interesses de outros. São conhecidas as disfuncionalidades do nosso sistema cons-titucional em matéria de balanceamento dos interesses políticos. Questiono-me, ao invés de entrevista recente de António Barreto ao Diário de Notícias, se os par-lamentares estarão disponíveis para uma revisão de fundo que impeça governos minoritários, inscreva limites máximos ao défice orçamental e reveja a relação entre o Presidente da República e o Parlamento. O quórum qualificado exigido para este tipo de revisão e o tempo de crise que o país vive levam-me a suspeitar que a vontade de inovação será escassa e os parlamentares, reflectindo o espírito do país, acolherão soluções muito conservadoras.

crepúsculo dos ídolosARNALDO GONÇALVES

A caminho das eleições

Quando a massa mais significativa dos votantes é formada pelos estratos da população mais punidos pelas opções controversas da política financeira do governo PSD-PP não é preciso ser bruxo para prognosticar que estamos na antecâmara de um governo de orientação políticaà esquerda

O país vai assim entrar num período de euforia e de confronto eleitoral que o fará esquecer as dificuldades do dia-a-dia. Os políticos afincar-se-ão em apontar soluções milagrosas que nos ponham em rota diver-gente do caminho de recessão na Europa, com a fuga de investimentos reprodutivos para outras zonas do globo. Fica para pro-var se os portugueses irão embarcar nessas viagens miríficas ou se preferirão uma política de contenção e de realismo como a que tem sido impulsionada pelo PSD e por Passos Coelho.

Sinto que o tempo é de rupturas, que as mazelas da acção draconiana da Troika estão expostas a olho nu. Os portugueses estão absolutamente fartos dos erros de cálculo e de governabilidade sectorial cometidos pelo executivo. Fica-me a dúvida se os mesmos se deveram à incompetência dos ministros ou à falta de coordenação do Primeiro-Ministro, pouco dado a reprimendas em público e a

reestruturações governativas cirúrgicas. É um estado acumulado de saturação que co-loca o sentido de voto no plano emocional e não no plano racional e do cálculo estrito.

Olhando para o tempo eleitoral que se aproxima recordo o fim do cavaquis-mo e do guterrismo quando sentimentos idênticos provocaram mudanças políticas significativas ainda que os imponderáveis fossem enormes. Quando a massa mais significativa dos votantes é formada pelos estratos da população mais punidos pelas opções controversas da política financeira do governo PSD-PP não é preciso ser bruxo para prognosticar que estamos na antecâ-mara de um governo de orientação política à esquerda. Mesmo que o PS não obtenha a maioria absoluta o tempo é de viragem. Pouco importa se os eleitores dentro de dois a três anos se vierem a dar conta que se equivocaram. Agora eles querem um vento novo e novos protagonistas.

FRED

NIB

LO, B

EN-H

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HOJE

MAC

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22 PERFIL hoje macau sexta-feira 17.10.2014

KUONG PAK HOU, IMIGRANTE E DENTISTA EM MACAU E ZHUHAI

“TEMOS DE MANTER UM PROCESSO DE APERFEIÇOAMENTO CONTÍNUO”

CECÍLIA L [email protected]

I MIGROU para Macau quando era criança. Kuong Pak Hou começou a sua carreira como dentista nos seus 20 anos. Agora com

57 anos, e dezenas de anos de experiência é um dos melhores na implantação de dentes.

“Não sou único dentista na minha família, por isso foi mais natural vir a trabalhar nesta área. Não me tornei dentista por brincadeira, mas sim para vir a ter uma carreira na vida. Contudo, nos anos 90 considerava que a minha educação não era suficiente, por isso fui aperfeiçoar-me na Universidade Jinan (na província Guangdong). Depois em 2004, fui para a Alemanha fazer mais formação, e aprender como realizar a melhor implantação de dentes.” Contou ao HM.

Apesar de agora ter uma carreira de su-cesso em Macau, a sua história nos primeiros anos de vida não foi fácil. Kuong Pak Hou relembrou que há dezenas anos ainda havia muito preconceito para com os imigrantes do continente, a vida era dura. “Hoje em dia,

Penso que vou trabalhar até à reforma, mas ainda não há uma data definida para isso

os jovens já não são tão trabalhadores como antes, os jovens às vezes não conseguem aguentar a pressão da clínica, a situação está a piorar devido à falta de mão de obra nesta área.”

Depois de ter participado em inúmeras actividades e associações profissionais de dentistas, Kuong Pak Hou é actualmente o presidente da Associação Comercial para Criação de Fortuna de Profissionais de Macau. A sua referência já não é apenas a de um imigrante recém-chegado. “Usamos uma marca alemã para fazer a implantação de dentes. Estive na Alemanha várias ve-zes a ter formação e, além disso, também fui a Inglaterra e Espanha, para aprender a tecnologia de ortopedia. Depois de dez anos de experiência, e a lidar também com a realidade da clínica de Macau, consegui baixar a dor dos pacientes, e assim obter a confiança dos clientes.”

Por isso está orgulhoso do seu trabalho. Embora a taxa de sucesso de implantação ainda não seja 100%, como é normal, uma taxa de mais de 90% é já um grande incen-

tivo para o dentista. Desde 2004, o dentista já conseguiu ajudar mais de mil pacientes com esta tecnologia, a fim de melhorar a qualidade de vida.

Segundo o Kuong, em Macau ainda faltam muitos dentistas, apesar de o nú-mero registado dos profissionais já tenha ultrapassado as 300 pessoas. O processo de consulta num hospital público leva várias semanas, por causa da falta de mão-de-obra. “Até agora ainda não há um sistema de reconhecimento dos dentistas, por isso concordo com o Governo quando diz que poderá criar um mecanismo de selecção dos graduados para servir melhor a sociedade. A qualidade dos dentistas também mostra a imagem de Macau como

uma cidade internacional.” Kuong revelou ainda que já existem seis associações de dentistas com várias funções e com am-bientes diferentes. “Enfim, para sermos dentistas temos sempre melhorar os nossos conhecimentos e manter um processo de aperfeiçoamento contínuo. Não é uma questão de obrigação,” frisou.

O dentista Kuong não tem apenas tem uma clínica em Macau, no Plaza Macau. Ao passar os exames nacionais em 1995, ficou qualificado para ter uma clínica em seu nome em Doumen, Zhuhai, onde o seu irmão mais novo opera. Aos domingos, é a vez do irmão mais velho a receber os pacien-tes. “A minha vida é sempre entre as duas cidades, nas noites de sábado conduzimos de Macau para Zhuhai, há sempre clientes marcados no domingo e não podemos des-cansar nesse dia.” Porém, trabalhar não é um assunto problemático para Kuong Pak Hou. Não trabalhar é que pode ser um problema. “Penso que vou trabalhar até à reforma, mas ainda não há uma data definida para isso,” concluiu com um sorriso.

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hoje macau sexta-feira 17.10.2014

‘‘édi to

É DE louvar a intervenção do Instituto Cultural (IC) no caso da Rua da Barca. E entende-se o quão difícil será parar os interes-ses dos homens do imobiliário que controlam a cidade. Por isso mesmo, está de parabéns o instituto dirigido por Ung Vai Meng quando consegue estas pequenas vitórias sobre os interesses instalados.Macau ainda é, do ponto de vista urbanístico, uma das cidades mais interessantes da Ásia. Pontilhada por bairros antigos, merecia uma intervenção lógi-ca, se quiserem, científica, mas não do ponto de vista de saber quanto poderia render para o bolso de alguns substituir os bairros antigos por mamarra-chos modernos, mas de como o desenvolvimento cultural destes espaços poderia trazer de valor acrescentado para a qualidade de vida dos cidadãos.Quantos empregos poderiam ser criados? Quantas famílias passariam ou continuariam a ter espaços para manter os seus negócios? Que outro tipo de turismo se poderia atrair? Etc., etc....A economia, caros leitores, não pode basear-se unicamente no número alcançado. Esse núme-ro implica a felicidade muito poucos. A economia implica o modo como se gere a casa (oikos), não unicamente com o objectivo de criar lucro mas, sobretudo, com o desiderato de harmonizar as relações e permitir um crescimento con-junto, que não deixe ninguém para trás.A RAEM tem uma oportunida-de de luxo chamada património cultural. Este não passa só pelos prédios, abrange muito mais áreas, algumas delas directa-mente relacionadas com aquilo que as pessoas são, o modo como levam a vida e aspiram pelo futuro. Mas tudo isto tem de ser percebido, analisado e sintetizado, de modo a serem tomadas decisões válidas.Já que o poder instalado gosta tanto de “decisões científicas”, atrever-me-ia a lembrar que existem ciências humanas chamadas História, Sociologia e Antropologia que poderiam dar um sério contributo.Tudo já deveria ter começado há muito tempo. É tarde, é certo, mas nunca é demasiado tarde.

Nunca é tardeon t emmacau

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hojeglobalw w w. h o j e m a c a u . c o m . m of a c e b o o k / h o j e m a c a ut w i t t e r / h o j e m a c a u

L I G U E - S E • PA R T I L H E • V I C I E - S E

POR CARLOS MORAIS JOSÉ

www.hojemacau.

com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

O ÉBOLA é “a mais grave urgência sanitária dos últimos anos”, dizem Obama e Merkel. Os líderes mundiais reconhecem a gravidade da febre hemorrágica que já matou mais de 4500 pessoas. Falta tomar as medidas que “acelerem de maneira espectacular” a ajuda aos países afectados.

DIÁRIO 23DE BORDO

“Não são só os magistrados do Ministério Público que estão cansados. Toda a gente está no limite de esforço para tratar dos processos. Os magistrados estão todos a rebentar pelas costuras, porquenão chegam”NETO VALENTE• PRESIDENTE DA AAM, SOBRE A FALTA DE RECURSOS HUMANOS NA JUSTIÇA

“Os agentes da polícia de Hong Kong envolvidos na agressão de um manifestante pró-democracia já detido têm de enfrentar a Justiça”AMNISTIA INTERNACIONAL SOBRE A AGRESSÃOA UM MANIFESTANTEEM HONG KONG

“Além da protecção do imóvel [da Rua da Barca], esta deve ser considerada integrada na malha urbanada zona em geral”CARLOS MARREIROS• PORTA-VOZ DO CONSELHO DO PATRIMÓNIO CULTURAL

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A banalidade do mal não nasceu em Auschwitz. Perguntem às vítimas de Gengis Khan, de Alexandre, Qin Huandi ou do augusto César. Só para começar. Que o mal tem sido uma constante banal ao longo da história da humanidade é, se quisermos sentir o Outro, um dado mais que adquirido. O século XX emprestou-lhe um carácter industrial, porque tal era possível. E pouco mais. Hoje o que sobretudo me aflige é a banalidade do amor, ou seja, o modo como os casais se resumem no banal, na atitude de grupo, ao invés de celebrarem, de seu modo próprio, a sua única história. Estão por todo lado, iguais uns aos outros: a colocarem cadeados em pontes, a postarem selfies nas redes sociais, a faze-rem o que é suposto fazerem em manada. O amor nunca foi tão banalizado, socializado, comercializado. O amor acabou, sobra uma multidão de marionetas.

mauspensamen t o s

“Apesar de eu nunca ter feito um estudo sobre este assunto,(passagem de menores na fronteira), isto causa-me bastante incredulidade,

quer dizer, como é que é possível que isto aconteça?”Miguel de Senna Fernandes, advogado | P.2-3

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cartoon por Stephff POLÍTICA ERRADA

hoje macau sexta-feira 17.10.2014

O investimento chinês no es-trangeiro qua-

se duplicou em Setem-bro, ao subir 90,5% em termos anuais, atingindo 9,79 mil milhões de dó-lares, indicam dados ofi-ciais ontem divulgados.

Já o investimento directo estrangeiro na China – que exclui os sectores financeiros – ascendeu a 9,01 mil milhões de dó-lares, traduzindo um aumento de apenas 1,9% face ao período homólogo do ano pas-sado, mas um avanço significativo face aos 7,20 mil milhões de dólares de Agosto, o valor mais baixo desde Julho de 2010, informou o Ministério do Comércio.

A China tem vindo a adquirir activamente activos estrangeiros, particularmente nos sectores de energia e recursos, a fim de re-forçar a sua economia, com as firmas a serem encorajadas a “irem” e a fazerem aquisições no estrangeiro para conquistarem acesso ao

ANDREIA SOFIA [email protected]

P ELA primeira vez na história do Festival da Lusofonia a inau-guração do evento

aconteceu um dia mais cedo e isso terá gerado desconten-tamento junto das associações que nele participam.

O arranque oficial estava marcado para hoje, mas a ausência do território de Flo-rinda Chan, Secretária para a Administração e Justiça, terá determinado que a inaugura-ção fosse feita ontem ao final da tarde, quando o espaço jun-to às Casas-Museu da Taipa estava por montar e decorar.

Amélia António, presi-dente da Casa de Portugal em Macau (CPM), garante que nenhuma associação estava presente quando os membros do Governo passaram pelas Casas-Museu. “Foi uma fantochada, porque as tendas estão a ser montadas, portanto não se inaugurou uma coisa que não está feita. Isto só demonstra uma total falta de

Clube Militar Festival de Gastronomia e Vinhos O Clube Militar irá organizar mais uma edição do Festival de Gastronomia e Vinhos de Portugal, momento já bem conhecido da entidade desde 1999. O evento decorrerá entre 18 a 27 de Outubro e no seu menu estão iguarias alentejanas. A lista de vinhos conta com a presença de mais de 50 diferentes bebidas espirituosas, sendo tintos, roses, moscatel, Portos e espumantes. Este ano o Festival contará com a presença dos Chefes portugueses José Júlio Vintém e Francisco Pires, e muitos já foram os nomes que por cá passaram, tais como, Vítor Sobral, Joaquim Figueiredo, Henrique Sá Pessoa, entre outros.

INVESTIMENTO DA CHINA NO ESTRANGEIRO A DUPLICAR

Necessidade quase vital

LUSOFONIA GOVERNO ALTERA INAUGURAÇÃO À ÚLTIMA DA HORA

“Foi uma fantochada”

respeito por quem trabalha. As pessoas estão a trabalhar e vão mostrar o quê? Um espaço vazio. Não tem explicação”, disse ao HM.

A presidente da CPM defende mesmo que Florinda

Chan deveria ter sido subs-tituída de forma oficial na inauguração. “Os Secretários, quando não podem estar pre-sentes, fazem-se substituir. A Secretária vir aqui e fingir que está a inaugurar uma coisa, não tem explicação. É bem mais grave do que delegar”, considerou.

Segundo Amélia António, foi feito um aviso não ofi-cial às associações de que a inauguração seria esta quinta--feira, mas a confirmação só chegou poucas horas antes do final da tarde de ontem.

Jane Martins, presidente da Casa do Brasil em Macau, também não esteve presente porque estava a trabalhar. “Era impossível ter tudo pronto para uma inauguração de última hora”, disse ao HM.

Segundo a TDM, Florinda Chan disse que “tem coração português” e que dá “todo o apoio a esta festa. Como tutela tenho de vir cá dar o apoio”, tendo referido que a iluminação já estava instalada no espaço, para além de negar as acusações da CPM. Alex Vong, presidente do IACM, disse que é importante a festa ser divulgada e ter mais público.

PARA TE VER MELHORA presidente da CPM disse mesmo que os funcionários do Instituto para os Assun-tos Cívicos e Municipais (IACM) não tiveram dispen-sa do serviço para estarem nos preparativos do festival, ao contrário do que fizeram outros departamentos pú-blicos.

Poucos jornalistas se des-locaram ontem ao local, até porque, ao que o HM apurou, nem todos foram os que receberam o anúncio da inauguração mais cedo. O HM, por exemplo, não foi informado pelo Governo que havia mudança de planos.

Amélia António garante que o Governo não quer acabar com o Festival da Lusofonia, mas não deixa de apontar diversos proble-mas que têm ocorrido. “Não tenho razão para duvidar da sinceridade dos desígnios que ouvimos do Governo e até do Governo Central. Mas que há muita gente a querer boicotar tudo isto, não tenho dúvidas. Isto tem sido sempre a piorar. Este ano atingiu o descalabro. Atingiu o descalabro quando eles não queriam fazer a festa como deve ser, quando não queriam os grupos aqui a actuar. É uma sequência, começou mal e continua mal”, defendeu ao HM.

A ausência de Florinda Chan de Macau determinou a inauguraçãodo Festival da Lusofonia um dia mais cedo, quando as barracas nas Casas Museu da Taipa ainda estavam por montar. Amélia António, presidenteda Casa de Portugal, preferia que a Secretária para a Administraçãoe Justiça tivesse sido substituída hoje

“Isto tem sido sempre a piorar. Este ano atingiu o descalabro”AMÉLIA ANTÓNIO Presidente da Casa de Portugal

mercado e experiência internacional.

SEMPRE A SUBIRNos primeiros nove meses do ano, o investi-mento directo da China no estrangeiro atingiu os 74,96 mil milhões de dólares – mais 21,6% –, enquanto o inves-timento no sentido contrário se fixou em 87,36 mil milhões de dólares, menos 1,4%.

Entre Janeiro e Se-tembro, o investimento chinês na União Euro-peia disparou – cres-cendo 218% para 9 mil milhões de dólares, de acordo com o ministé-rio chinês.

Já no Japão su-biu 150%, na Rússia 69,7% e em Hong Kong 19,5%, acrescentou o ministério chinês sem facultar os totais.Já nos Estados Unidos cresceu 28,2% para 3,95 mil milhões de dólares.

O porta-voz do mi-nistério Shen Danyang atribuiu o rápido cres-cimento do investi-mento directo da China “às fortes forças dos mercados” – à ne-cessidade de a China investir no estrangeiro e à procura por países de destino – e à política de apoio de Pequim aos governos estrangeiros.

“Acreditamos que o investimento da China no estrangeiro e a coo-peração vão manter este momento de rá-pido desenvolvimento no futuro”, afirmou.