hoje macau 21 out 2014 #3197

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB AMANHÃ SUBMERSO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 21 DE OUTUBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3197 hojemacau ANIMAIS LEI SEM DIREITOS MAS COM “INTERESSES” DSF Deixar correr o marfim São muitas as adversidades que as PME têm de enfrentar para conseguirem manter-se à tona de água. Multas, quotas, burocracias, salários e, acima de tudo, a falta de mão-de-obra provocada pelo gigante que tudo absorve à sua volta: o Jogo. PME SOBREVIVER NUM MAR DE DIFICULDADES MIF2014 PORTUGUESES MOSTRAM CREDENCIAIS ENTRE 260 PARTICIPANTES PUB POLÍTICA PÁGINA 4 SOCIEDADE PÁGINA 7 SOCIEDADE PÁGINA 8 REPORTAGEM PÁGINAS 2-3

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Hoje Macau N.º3197 de 21 de Outubro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 21 OUT 2014 #3197

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

AMANHÃSUBMERSO

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 2 1 D E O U T U B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 1 9 7

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ANIMAISLEI SEM DIREITOSMAS COM“INTERESSES”

DSF Deixarcorrero marfim

São muitas as adversidades que as PME têm de enfrentar para conseguirem manter-se à tona de água. Multas, quotas, burocracias, salários e, acima de tudo, a falta de mão-de-obra provocada pelo gigante que tudo absorve à sua volta: o Jogo.

PME SOBREVIVER NUM MAR DE DIFICULDADES

MIF2014PORTUGUESES MOSTRAM CREDENCIAIS ENTRE260 PARTICIPANTES

PUB

POLÍTICA PÁGINA 4 SOCIEDADE PÁGINA 7 SOCIEDADE PÁGINA 8

REPORTAGEM PÁGINAS 2-3

Page 2: Hoje Macau 21 OUT 2014 #3197

hoje macau terça-feira 21.10.20142 REPORTAGEM

CECÍLIA L [email protected]

S E num local onde o Jogo impera na eco-nomia, as pequenas e médias empresas

têm dificuldades em se manter abertas, os problemas são ainda maiores quando a média salarial mensal já ultrapassou as 13 mil patacas no segundo trimestre deste ano. Quem o diz são donos de empresas ouvidos pelo HM, que explicam que é cada vez mais difícil recrutar um empregado por menos de 13 mil patacas, mesmo havendo posições – como a de lavador de pratos – que “não merecem mais de dez mil patacas”.

Apesar de admitirem que o Governo até tem dado “al-gum apoio” às PMEs locais, os proprietários das PME,

PME ADVERSIDADES A MAIS PARA SE MANTEREM ABERTAS

A difícil arte de sobreviver

académicos e deputados dizem que há espaços para muitas melhorias. Os recur-sos humanos continuam a ser um dos maiores problemas.

“A instabilidade [ao ní-vel dos recursos humanos] é sempre uma questão a ter em conta para um restau-rante, porque o salário não

vai subir tanto quanto sobe na área do Jogo ou no Go-verno” começa por dizer o senhor Wong ao HM. Dono de um restaurante chinês que já opera há três anos na Rua Central, Wong assegura que há sempre funcionários a entrar e a sair, convidados por locais de trabalho com melhores condições.

Dados da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) adiantam que, no primeiro trimestre, havia um total de 22.782 tra-balhadores a tempo comple-to no sector da restauração, sendo que havia ainda 3016 vagas por preencher. “A taxa de vagas dos ‘restaurantes

e similares’ atingiu 11,7%, ou seja, subiu 2,2%, e, si-multaneamente, a taxa de rotatividade de trabalhado-res também aumentou 0,6% face ao mesmo trimestre do ano transacto”, indica a DSEC.

ANO NOVO, PORTA FECHADAWong diz mesmo que sofreu com este problema durante o ano novo chinês: o res-taurante que gere, diz, não abriu sequer por causa da falta de recursos humanos. Mesmo que houvesse mão--de-obra, contudo, a política de pagamento a triplicar aos funcionários também são pesadas para as PME.

“Considero que, pagar um salário a triplicar nas férias ou feriados é uma po-lítica muito ridícula, porque não há nenhum local com esta política e pagar três vezes mais por dia é muito para uma PME, porque não ganhamos tanto como as empresas grandes. Durante as férias, prefiro fechar o restaurante do que abrir, por-

que o lucro do negócio não vai ser suficiente para pagar salários a triplicar. Acho que esta é a primeira coisa que deveria ser alterada”, disse, acrescentando que podia também haver mais apoios.

Segundo a DSEC, a remuneração média dos restaurantes e similares foi apenas de 8510 patacas em Março, quando o mês homólogo foi de apenas 8090 patacas. O sector tem a remuneração média mais baixa entre hotéis, indústrias transformadoras, seguros, actividades de intermediação financeira, creches e serviços de idosos. A remuneração média por empregados de mesa em restaurantes e simi-lares é apenas 7080 patacas, quando o mês homólogo é apenas 6940.

BUROCRACIA NÃO AJUDA Para Wong, contudo, não são só os problemas financeiros

O Governo já criou algumas políticas de apoio às PME, mas para proprietários, especialistas e deputados, há sempre espaço para melhorar. O Jogo é um dos maiores causadores de dificuldades,diz quem sabe, mas há outros problemas

“Considero que, pagar um salárioa triplicar nas férias ou feriados é uma política muito ridícula, (...) e pagar três vezes mais por dia é muitopara uma PME”WONG Dono de um restaurante

“Há algumas coisas que não podemos mudar e nenhum restaurante aquiem Macau consegue atingir todosos requisitos das autoridades”WONG Dono de um restaurante

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3 reportagemhoje macau terça-feira 21.10.2014

S E a falta de mão-de-obra é um dos primeiros problemas de Macau no que às PME

diz respeito, o facto é que pedir quotas para ter trabalhadores não--residentes também é difícil.

Wong On, jovem de 31 anos que abriu uma empresa na área da Engenharia Informática há mais de 13 anos, diz que tem lutado muito para convencer as autoridades a permitir a contratação de TNR para a sua companhia. Wong debate-se, sobretudo, com a falta de recursos humanos locais na área da tecnolo-gia e, ao mesmo tempo, não conse-gue contratar profissionais de fora.

“Os nossos engenheiros têm sempre que sair do escritório para trabalhar fora. Por isso, quando os funcionários públicos chegam à empresa [para fiscalizar] há pou-ca gente no escritório. Assim, [o Governo] pensa que o enganei em relação ao número de funcionários total”, refere Wong, que aponta que é “mesmo difícil recrutar um empregado local”, devido ao salá-

L OU Shenghua, pro-fessor do curso de Administração Pública

do Instituto Politécnico de Macau (IPM), disse ao HM que “agora, o ambiente de negócios das PME é pior do que antes”. O académi-co diz que, anteriormente, havia apenas dificuldades no acesso aos recursos hu-manos, mas relembra que, agora, há ainda o problema das rendas, que é o princi-pal problema do sector, e a inflação que, diz, “vai fazer com que os produtos sejam mais caros e tragam mais dificuldades aos patrões”. Lou Shenghua afirma que o Governo deveria dar mais apoios às PME. E não está sozinho.

Si Ka Lon também con-sidera que as autoridades deveriam tentar perceber a situação real para dar mais quotas de trabalhadores não-residentes (TNR). “Se não, os restaurantes, por exemplo, não conseguem recrutar quase nenhum re-sidente local, ou pelo menos não têm recursos humanos suficientes, porque o res-taurante também precisa turnos”, exemplifica.

Lou Shenghua está de acordo que os funcionários recebam uma compensação monetária quando traba-lham nas férias e feriados, mas diz que este pagamen-

“Os patrões [das PME] não podem pagar mais alto do que as operadoras, mas, por outro lado, quando os jovens licenciados entram numa PME, também não conseguem ter o que sempre sonharam”SI KA LON Deputado

FALTA DE QUOTAS E DE RESIDENTES LOCAIS

O Jogo que come tudo

ESPECIALISTAS PEDEM MAIS APOIO DO GOVERNO

Dinheiro não é tudo

“É muito estranho ver que os restaurantes e lojas fecham nos domingos e nos feriados, porque os donos não conseguem pagar. As PME precisam de ter alguma ajuda para resolver este problema financeiro”LOU SHENGHUA Professor do IPM

que trazem dificuldades às PME. Além de, diz, terem de competir com o Jogo, as PME têm que passar por diversas fases para recebe-rem todas as aprovações necessárias para abrirem de forma legal. Principalmente, sublinha Wong, no caso dos restaurantes.

3016vagas por preencher

no sector da restauração,

no primeiro trimestre

Dados da DSEC

“Não vou dizer quais departamentos, mas quando pedimos aprovação para decoração, por exemplo, há muitas condições impostas pelos Serviços de Saúde a terem de ser respeitadas, que são muito difíceis de passar. Precisamos de arranjar um lugar maior, agora, porque já pagamos tantas multas por causa do exaustor, porque nunca conseguimos chegar aos requisitos das autoridades”, começa por explicar, adiantando ainda que há sempre problemas porque, para cumprir os critérios, teria de se alterar a estrutura do restaurante. “Há algumas coisas que não podemos mudar e nenhum restaurante aqui em Macau consegue atingir todos os requisitos das autoridades.”

LUTAR CONTRA O TEMPOWong diz que, além de demorarem muito a fazer todas as aprovações neces-sárias – já que são muitos os departamentos do Go-verno que têm de emitir autorizações -, há ainda o problema de as autoridades não darem tempo para as PME corrigirem e alterarem os problemas. “Não, a multa é sempre de sete mil, ou mais de dez mil patacas, o que é muito”, refere Wong. O mesmo, diz, não acontece com os casinos.

Quem concorda é Si Ka Lon. O deputado frisa que o Governo leva muito tempo a emitir licenças aos restau-rantes e, ao HM, diz que o Executivo deveria encurtar o processo.

“Há necessidade de se ouvir bombeiros, Obras Pú-blicas, Serviços de Saúde, etc. Contudo, poderia haver sempre um departamento para coordenar os outros. A eficácia poderia ser mais rápida.”

rio não conseguir competir com as empresas grandes.

“Cerca de 90% das empresas de Macau são PME, 40% das quais são geridas por empresários com mais de 40 anos. Muitos ainda fazem a sua contabilidade à mão”, contou Wong On ao HM, explicando que até fez um programa de computador para estes empresários no ano passado.

O GIGANTE QUE SECA TUDO À VOLTASi Ka Lon, deputado, explica que, por um lado, existe a dificuldade de recrutar pessoas, mas, por outro lado, “é o problema do sector único de Macau – o Jogo - que não deixa talentos profissionais trabalhar nas PME”.

“Fala-se sempre de diversifi-cação económica, mas de facto, apenas temos o sector do Jogo a liderar a economia. Os patrões [das PME] não podem pagar mais alto do que as operadoras, mas, por outro lado, quando os jovens licenciados entram numa PME, também não conseguem ter o que sempre so-

nharam. Às vezes, têm que desistir da sua licenciatura para integrar um cargo qualquer nos casinos ou hotéis, porque assim ganham mais do que nas PME. Mas isto é um ‘lose, lose’, porque eles perdem a oportunidade de carreira e as PME perdem a mão-de-obra.”

Uma jovem empresária, Dora Un, diz ao HM ser o exemplo perfeito deste problema. A jovem tem uma alfaiataria há mais de seis meses na zona da Praia Grande e conta ao HM que, quando voltou dos Estados Unidos para Macau, já não reconhecia esta terra onde nasceu. “Quando saí, há dez anos, o Jogo ainda não estava tão bem desenvolvido. Agora, quase todos os residentes são beneficiados por este sector. Contudo, a minha confusão é onde posso procurar a minha oportunidade numa carreira, porque a minha licenciatura é Arte e Beleza e é quase impossível ter um cargo ideal porque esta área está fora de âmbito do Jogo.”

O deputado Si Ka Lon consi-dera por isso que reconhecimento profissional – que ainda falta em muitas profissões - é urgente para o desenvolvimento económico de Macau, porque “quando toda a gente olha para o dinheiro, a direcção do desenvolvimento também se desvia da sua rota normal”. Si Ka Lon defende mesmo que “o sector do Jogo não pode suprimir sempre os outros sectores, se não, Macau não vai ter um desenvolvimento saudável na economia.” - C.L.

to – a triplicar – deveria ter apoio do Executivo. “É muito estranho ver que os restaurantes e lojas fecham nos domingos e nos feriados, porque os donos não con-seguem pagar. Se o preço [dos alimentos] ficar muito mais alto do que nos dias normais, é estranho para os turistas e moradores. Mas as PME precisam de ter algu-

ma ajuda para resolver este problema financeiro” refere, explicando que aumentar os preços ao consumidor, como é feito normalmente, não adianta e que criar políticas mais benéficas para as PME seria melhor.

OUTRAS POLÍTICASLam U Tou, vice-presidente da Choi In Tong Sam,

também concorda com a necessidade de mais políti-cas favoráveis às PME. Dar dinheiro não é uma medida que deva ser estendida a longo prazo, diz, sendo que é preciso considerar mais aspectos. “O aumento das rendas, por exemplo, acontece devido ao desen-volvimento económico. O Governo precisa de pensar bem esta questão. Ajustar adequadamente a estrutura económica é uma questão que o Governo deve pensar. Com a queda de quatro meses nas receitas do Jogo, é uma oportunidade para pensar nisto.”

Mas a ajuda do Execu-tivo pode chegar também via políticas e promoção. Lou Shenghua considera, por exemplo, que o Go-verno poderia criar uma listagem sobre a falta de mão-de-obra em Macau, para que os jovens não tirem cursos em áreas que “Macau ou não precisa, ou não tem”.

O académico diz mes-mo que “o Governo poderia fazer uma guia”, até porque “não pode sempre dar apoio a tudo”.

Lam U Tou considera, por exemplo, que o apoio financeiro no âmbito do Pla-no de Apoio aos Jovens Em-preendedores, por exemplo, precisa de ser mais amplo, fazendo com que os jovens, além de dinheiro, tenham conhecimentos sobre como operar negócios. Até porque muitas das PME são abertas por jovens.

“Eles podem ter cria-tividade, mas falta-lhes a experiência e conhecimento de outras áreas. Uma guia ou curso prático para a operação de negócios é mais útil para um empreendedor do que o empréstimo de 300 mil patacas, até porque isso é fácil de ser gasto na renda.”

Lou Shenghua admite que nas PME está o mote para a diversificação da indústria em Macau, mas o académico frisa que es-tas não estão a conseguir manter-se. Contudo, Lou deixa um aviso: “Quase toda a gente sabe que a causa é o Jogo. Agora, temos de pensar que não é realista desenvolver os sectores que não têm nada a ver com o Jogo. Temos de desenvolver os sectores relacionados, por exem-plo hotelaria ou sector de exposições, porque nestes ainda é possível haver mais desenvolvimento.” - C.L.

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4 POLÍTICA hoje macau terça-feira 21.10.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

A tão ansiada proposta de Lei da Protecção dos Animais já foi en-tregue pelo Governo

na Assembleia Legislativa (AL), mas as vozes contra o diploma já começaram a surgir. Albano Martins, presidente da Sociedade de Protecção dos Animais - ANI-MA, defende, por exemplo, que a lei não é clara em relação às corridas de galgos.

“A lei é clara ao permitir as corridas, mas a única dúvida que temos é, no caso dos ani-mais que são abatidos por não serem competitivos, se isso vai resultar numa penalização do Canídromo”, começa por dizer o também economista ao HM. “Não há dados sobre o número de animais abatidos. Sabemos quantos são fazendo os cálculos relativamente aos animais que

ANIMAIS LEI DE PROTECÇÃO COM “ZONA CINZENTA” SOBRE GALGOS

Direito ao abandonoANIMAIS SEM “DIREITOS”?O deputado José Pereira Coutinho acredita que o seu projecto de lei apresentava maior qualidade face à actual proposta do Executivo. “Em termos de consagração de direitos é muito melhor. Espero que seja debatida depois em sede de especialidade. É uma lei defeituosa, não consagra os mínimos direitos aos animais e é bastante vaga no aspecto da protecção efectiva dos animais”, apontou ao HM. Albano Martins também chama a atenção para o facto da palavra “direitos” estar ausente do diploma. “A lei tem muitos aspectos negativos e nunca, ao longo do texto, se fala dos direitos dos animais. É muito curioso. É uma cópia do projecto de lei de 2008, com algumas alterações e em alguns casos com alguns recuos. Tem aspectos positivos, como a questão das multas e da prisão para quem trate os animais de forma cruel, mas não tipifica muito bem o que são maus tratos. Por isso temos receio que as pessoas se escapem por aí”, explicou o presidente da ANIMA.

ABATE DE ANIMAIS PODE AUMENTARO facto da proposta de lei prever que o dono do animal o pode deixar num canil, sendo que isso não será considerado abandono, chama a atenção de Albano Martins. “O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, perante esta lei, está um pouco ‘entalado’, porque o prazo de abate passa para sete dias e eles abatem em quatro dias. Não sei se têm mais espaços para recolher os animais ou se os animais vão ficar todos em cima uns dos outros no actual canil de Macau. A não ser que activem outra zona do canil de Coloane. O que acontece é que o canil, em vez de matar 800 a 900 animais por ano, vai matar dois mil a três mil por ano, e esse é o nosso medo”, lembra o presidente da ANIMA.

“Vamos ver agora na AL qual o tratamento que [os deputados] vão dar a animais que têm de ser abatidos e não estão nas condições que a lei permite”ALBANO MARTINS Presidente da ANIMA

“A lei fica muito aquém do esperado quando não se consagram direitos aos animais. Se a lei for aprovada desta forma de nada serve”JOSÉ PEREIRA COUTINHO Deputado

Albano Martins, presidente da ANIMA, diz que a proposta de Lei de Protecção dos Animais recentemente entregue pelo Governo à AL permite as corridas de galgos e não especifica penalizações em relação ao abate dos animais. Já o deputado Pereira Coutinho fala de “interesses comerciais” e critica o diploma

por lesões não muito graves, mas que não lhes permitem continuar a competir.

O Governo assegurou que a lei iria proteger os galgos, mas, como avançado pelo HM, a lei não tem regras específicas para este tipo de animais.

LEI INÚTILJá o deputado José Pereira Coutinho, que apresentou um projecto de lei semelhante no hemiciclo - o qual foi chumbado duas vezes - também chama a atenção para a ausência de cri-térios para proteger os animais de competição.

“A lei fica muito aquém do esperado quando não se consa-gram direitos aos animais. Se a lei for aprovada desta forma de nada serve”, aponta o depu-tado ao HM. “O Governo sabe perfeitamente que há interesses comerciais fortes no âmbito dos galgos e cavalos, o que impede que os animais estejam perfei-tamente protegidos com direitos básicos”, disse o deputado ao HM.

Foi na sexta-feira que, como avançado pelo HM, a AL ad-mitiu a proposta do Governo, após um impasse por questões jurídicas. A lei prevê punições para os maus tratos a animais, mas admite que o abandono seja feito num canil ou em associa-ções de animais, já que permite que os donos “sem condições” para criar um animal o possam entregar a estas entidades, não havendo um limite para o nú-mero de animais que podem ser entregues.

variam de mês para mês. A média tem sido acima de 30 animais por mês.”

Albano Martins frisa ainda que a lei, ao permitir as cor-ridas de galgos, “parece estar de certo modo a branquear” o número de mortes desses animais. “Vamos ver agora na AL qual o tratamento que [os

deputados] vão dar a animais que têm de ser abatidos e não estão nas condições que a lei permite. É uma zona cinzenta”, disse ainda.

O caso dos galgos, recorde--se, é constantemente falado pelas associações de protecção animal, até porque são muitos os animais jovens que são abatidos

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5 políticahoje macau terça-feira 21.10.2014

LEONOR SÁ [email protected]

O académico Sun Tong Peng defende que a revisão da Lei Base do Orçamento – nor-

mas patentes na Lei Básica – deve ser executada quanto antes, uma vez que se revela “insuficiente” e obsoleta.

Tudo isto, explica Sun num artigo publicado recentemente na Revista da Administração, deve-se à falta de mecanismos de aplicação prática.

“A Lei Básica consagra um enquadramento jurídico que re-gula a alocação das competências orçamentais entre o Executivo e o Legislativo, enquadramento este que carece de institutos e práticas concretas para o seu desenvolvimento”, lê-se no es-tudo. Em jeito de conclusão, Sun afirma que as principais lacunas no diploma têm que ver com o curto espaço de tempo existente entre a aprovação dos valores orçamentais pelos deputados da Assembleia Legislativa (AL), e o momento em que estes são efec-tivados e publicados em Boletim Oficial. Para o académico, a Lei Base do Orçamento – criada há mais de 30 anos – está desac-tualizada e não vai ao encontro da realidade local. “Em virtude das múltiplas alterações e revo-gações, o decreto-Lei passou a ser deficitário em termos do seu teor e é defeituoso em termos da sua sistematização”. Além de académico, Sun Tong Peng foi, em 2010, assessor da AL.

MAIS TEMPO PARA PONDERARDando o exemplo da governação antes da transferência de soberania para a China – quando todos os trabalhos referentes ao orçamento tinham de ser completados até dia 15 de Dezembro –, o professor deixa a ideia de que um mês é pouco tempo para tratar de todos os assuntos relacionados com o orçamento do Executivo.

Lei da Sombra Ng Kuok Cheong contra retirada do diploma

“Em virtude das múltiplas alteraçõese revogações, o decreto-Lei passou a ser deficitário em termos do seu teor e é defeituoso em termosda sua sistematização”

“Neste enquadramento, merece de facto a nossa consideração se o prazo de um mero mês é suficiente para examinar uma proposta de orçamento que envolve a vida e o bem-estar da população”SUN TONG PENG Académico

Desta vez, é o académico Sun Tong Peng quem defende a revisão “premente” da Lei Base do Orçamento, argumentando que esta se encontra obsoleta e não vai ao encontro das necessidades actuais do território

ORÇAMENTO ACADÉMICO PEDE REVISÃO DA LEI DE BASE

“Insuficiente e obsoleta”

“Neste enquadramento, merece de facto a nossa consideração se o prazo de um mero mês é suficiente para examinar uma proposta de orçamento que envolve a vida e o bem-estar da população, as acções governativas e contas extraordinariamente complexas”, explica. Recorde-se que os valo-res orçamentais para um ano de governação são discutidos em Novembro, apenas restando o mês de Dezembro para efectivar as despesas governamentais do ano seguinte.

O artigo 71º do capítulo III da Lei Básica refere, com exactidão, as funções da AL. O mesmo texto exclui, por omissão, o direito dos deputados executa-rem alterações ao orçamento de Estado, bem como de impedirem eventuais derrapagens orçamen-tais. “Compete à Assembleia Legislativa da Região Adminis-trativa Especial de Macau: (...) Examinar e aprovar a proposta de orçamento apresentada pelo Governo, bem como apreciar o relatório sobre a execução do orçamento apresentado pelo Governo”, lê-se no documento regulamentador do território.

CHUVA DE CRÍTICASNão é a primeira vez que as nor-mas relativas ao orçamento são criticadas. Têm sido vários, os deputados que pressionaram o Governo para a revisão da Lei do Enquadramento Orçamental. De acordo com resposta da Direcção dos Serviços de Finanças a uma interpelação escrita de Si Ka Lon, a revisão do diploma poderá até estar concluída até final deste ano, ainda que faltem apenas menos de dois meses para 2015.

Segundo o artigo da Lei Bá-sica acima referido, a AL tem o dever de discutir o balanço dos gastos e receitas governamentais durante o ano transacto, mas não de controlar os valores que são, ou não, despendidos nos projectos ao longo desse tempo. Tal impedimento fez com que deputados como José Pereira Coutinho, Au Kam San ou Ng Kuok Cheong tenham pedido, em anos passados, satisfações ao Executivo sobre gastos em obras como o terminal marítimo do Pac On ou o metro ligeiro. Sabe-se agora que, tal como em outros projectos, também os orçamentos destes projectos foram excedidos em vários milhões de patacas.

O deputado Ng Kuok Cheong considera que

o Governo não deve retirar a Lei da Sombra, porque tal regra nunca impediu o desenvolvimento de Ma-cau. O também membro da Associação Novo Macau espera ainda aumentar a transparência dos pro-cessos do planeamento urbanístico.

Numa interpelação es-crita entregue ao Governo, Ng Kuok Cheong recorda que, no tempo da Admi-nistração portuguesa, o Governo considerava de forma integral a urbaniza-ção do território, isentando os limites impostos pela

Lei da Sombra. No entanto, aquando do desenvolvi-mento do sector do Jogo, o deputado viu muitos casinos e edifícios luxuosos serem construídos ultra-passando a Lei da Sombra, sendo que todos os edifícios ficaram isentos dessa regra pelas autoridades, o que resultou na existência de edifícios altos.

Ng Kuok Cheong ques-tiona ainda se o Governo vai eliminar os limites da lei e manter os interesses priva-dos, prejudicando o espaço público de Macau, bem como se vai evitar “actos adminis-trativos” que prejudicam os interesses gerais de Macau.

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6 política hoje macau terça-feira 21.10.2014

PUB

FLORA [email protected]

P ASSAR a fronteira das Portas do Cerco para entrar em Ma-cau pode também

significar a entrada no mun-do da publicidade ao jogo online através de mensagens de texto no telemóvel. Um especialista e uma deputa-da à Assembleia Legisla-tiva (AL) consideram que essas mensagens podem violar o Regime Geral da Actividade Publicitária e apelam à criação de um sistema que permita iden-tificar as mensagens como ‘spam’.

O Chefe do Exe-cutivo, Chui Sai On, esclareceu

ontem que o atraso na apresentação do relatório das Linhas de Acção Go-vernativa para 2015 acon-tece devido a mudanças na equipa governativa, tal como já tinham admitido académicos ao HM.

Chui Sai On assegura que vai haver alterações nos titulares dos princi-pais cargos do Governo, sendo que, por isso, os actuais cinco Secretários não vão debater o relatório das LAG na Assembleia Legislativa (AL) em No-vembro, altura normal em que se debate as LAG. Esse debate servirá de análise aos cinco anos passados. “Será feita uma retrospec-tiva dos últimos cinco anos e apresentado o orçamento para o primeiro trimestre do ano de 2015”, diz o líder do Governo. Apenas no mês de Março serão apresentadas as LAG.

“Espero que a nova equipa do Executivo pos-sa apresentar o relatório das LAG em Março do próximo ano, portanto o relatório só vai ser feito

Kwan Tsui Hang Mais protecção ao património A deputada Kwan Tsui Hang afirmou, numa interpelação escrita, que as autoridades deviam melhorar a protecção e gestão do património. Kwan exemplifica com o caso dos moradores junto das ruínas, vítimas de vários problemas de trânsito, para dizer que é necessário mais cuidado na gestão do património. A deputada apela que o Governo limite a entrada de autocarros de turistas nas zona do património.

GOVERNO MUDANÇA DE SECRETÁRIOS ADIA APRESENTAÇÃO DAS LAG

Balançose caras novas

no primeiro trimestre do próximo ano”, disse o Chefe do Executivo.

CRITÉRIOS DE ESCOLHAQuestionado pela imprensa chinesa sobre quais serão os critérios para a escolha da nova equipa, Chui Sai On referiu que vai ter em conta os conhecimentos sobre a Lei Básica, experiências pessoais, qualificação para o cargo e a aceitação por parte da sociedade. Em relação à abertura das fron-teiras nas Portas do Cerco durante 24 horas, Chui Sai On admitiu que ainda não há uma resposta por parte do Governo Central, estan-do confiante em relação à autorização para a medida, mas diz que fez questão de frisar que o Acordo--quadro de Cooperação entre Guangdong e Macau “estipula que a gestão dos postos fronteiriços tem de ser melhorada”.

Chui Sai On acredita que a pressão nas fron-teiras e trânsito nas horas de ponta ficará aliviada depois da abertura do posto fronteiriço da zona industrial transfronteiriça à população em geral. - F.F.

A deputada Song Pek Kei e o vice-presidente do Centro de Política de Sabedoria Colectiva, Loi Man Keong, pedem que se reveja o Regime Geral da Actividade Publicitária que, dizem, está a ser violado com as constantes mensagens para telemóveis de publicidade ao jogo online

JOGO ONLINE PEDIDA REVISÃO DE LEI DA ACTIVIDADE PUBLICITÁRIA

Ser ou não ser, spam

Loi Man Keong, vice--presidente do Centro de Política de Sabedoria Colectiva, pede que seja adoptado o sistema que já existe em Hong Kong. “Existe um sistema com-pleto que permite ao utili-zador do telemóvel recusar a recepção das mensagens, bem como faxes e emails. Os residentes podem fazer o registo numa plataforma do Governo e quando as empresas enviarem men-sagens, o Executivo deve examinar se os sistemas das empresas contém in-formações pessoais. Aí, as empresas não podem enviar mensagens para te-

lemóveis que já recusaram recebê-las, caso contrário, incorrem numa infracção administrativa”, explicou ao canal chinês da Rádio Macau.

No caso de Macau, as mensagens publicitárias são enviadas por via do acordo de cooperação que existe entre empresas de publicidade e operadoras de telecomunicações para car-tões utilizados por turistas.

Os residentes, com planos mensais, também as podem receber, apesar dos casos serem mais raros. Apesar disso, Loi Man Keong lembra que, nestes casos, deve prevalecer a

Lei de Protecção dos Da-dos Pessoais.

UMA NINHARIATambém a deputada Song Pek Kei, número três de Chan Meng Kam no he-miciclo, considera que, apesar de existir legislação e das mensagens poderem constituir uma violação ao regime, as multas a aplicar são demasiado pequenas.

“O valor da multa que consta nesse regime varia ape-nas entre mil a dez mil patacas, mas as receitas obtidas com o jogo online são muito maiores. As multas são apenas uma milésima parte das receitas, portanto a multa não tem um efeito dissuasor suficiente”, apontou Song Pek Kei.

Além disso, a deputada eleita pela via directa consi-dera que o envio de mensa-gens publicitárias contraria a ideia do “jogo distante da comunidade”. Por isso, pede a revisão do Regime Geral da Actividade Publicitária, por forma a proibir as actividades de jogo e entretenimento onli-ne e a sua propagação através de mensagens de telemóvel.

“O valor da multa que consta nesse regime varia apenas entre mil a dez mil patacas, mas as receitas obtidas com o jogo online são muito maiores”SONG PEK KEI Deputada

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hoje macau terça-feira 21.10.2014 7SOCIEDADE

ANDREIA SOFIA SILVA*[email protected]

N O ano que marca a 19ª edição da Fei-ra Internacional de Macau (MIF,

na sigla inglesa), Portugal e os países de língua portu-guesa fazem-se representar por um pavilhão de grandes dimensões onde o melhor do sector agro-alimentar estará em exposição. No total, cerca de 70 empresas e 260 participantes estarão presentes.

“Teremos um pavilhão com empresas portuguesas, que será um dos maiores. Vão estar novas empresas do sector agro-alimentar, algo importante uma vez que Macau é uma plata-forma de ligação entre os países de língua portuguesa e a China”, disse ontem o presidente do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento (IPIM), O vice-presidente da direcção

da Associação Comercial de Macau (ACM), Vong

Kok Seng, acredita que o Governo deveria promover um estudo que comprove a necessidade de importar motoristas na área do transporte de bens e serviços.

“Até agora, o Governo não tem permitido a importação. Espero que, num futuro próximo, as estatísticas e análises, com base num estudo feito por uma instituição académica, possam provar que realmente preci-samos de importar esta categoria de trabalhadores. Aí, o Governo poderia criar uma estratégia para resolver a severa falta de recursos humanos nesta área”, disse Vong Kok Seng aos

jornalistas à margem de um almoço de apresentação da 19ª edição da Feira Internacional de Macau (MIF).

EQUILÍBRIO ESTÁVELO vice-presidente da ACM defende, contudo, o equilíbrio entre trabalha-dores importados e locais, frisando que não vão haver problemas nos próximos anos a nível de recursos humanos.

“O Governo tem vindo a dar apoio permitindo alguns Trabalhadores Não Residentes (TNR) no mercado. Penso que isso vai continuar, porque é uma necessidade de Macau, pois existe a falta de recursos humanos. Acredito que a Administração está a dar atenção à falta de recursos humanos em Macau

e já tornou claro que Macau neces-sita de trabalhadores estrangeiros para manter a economia, mas dando sempre prioridade aos trabalhadores locais. Os TNR servem apenas como suplemento”, disse ainda Vong Kok Seng.

Sobre o próximo Governo, o vice-presidente da ACM disse espe-rar “que o Executivo continue a dar apoio ao crescimento da economia, à procura de recursos humanos, com as devidas autorizações de importação de trabalhadores, dando prioridade aos locais”. Vong Kok Send pede também que seja permitida uma “maior participação de empresários locais em feiras de comércio e expo-sições”. - A.S.S.

“Teremos um pavilhão com empresas portuguesas, que será um dos maiores. Vão estar novas empresas do sector agro-alimentar, algo importante uma vez que Macau é uma plataforma de ligação entre os países de língua portuguesa e a China”JACKSON CHANG Presidente do IPIM

É já esta quinta-feira que começa mais uma edição da Feira Internacional de Macau, que vai ter um pavilhão só com produtos portugueses do sector agro-alimentar. Este ano, contudo, há mais novidades: a presença de países como o Peru, Argentina e Madagáscar

MIF 70 EMPRESAS E 260 PARTICIPANTES DOS PALOP

De olhos e barriga cheia

MOTORISTAS ASSOCIAÇÃO COMERCIAL PEDE IMPORTAÇÃO

Mais um estudo a caminho

Jackson Chang, à margem de um almoço de promoção do evento.

O evento começa nesta quinta-feira no Venetian e prolonga-se até domingo. Em declarações à agência Lusa, Alberto Carvalho Neto, presidente da Associa-ção de Jovens Empresários Portugal-China, que tem a seu cargo a coordenação do pavilhão da lusofonia, sublinhou a “qualidade dos produtos e serviços portu-gueses presentes na Feira de Macau”.

Alberto Carvalho Neto salientou ainda que a MIF “permite estabelecer relações nos mais variados sectores, oferecendo a oportunidade de criar laços de continuidade”,

MIGUEL FRASQUILHOCOM FRANCIS TAMSegundo a agência Lusa, o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Miguel Frasquilho, chega hoje a Macau para contactos com investidores e para participar na MIF. Miguel Frasquilho vai encontrar-se com investidores de Hong Kong e Macau no Clube Lusitano onde vai apresentar o programa de ‘vistos gold’. Já em Macau e na quarta-feira, o presidente da AICEP participa num pequeno-almoço com empresários locais promovido pelo Banco Nacional Ultramarino, seguindo-se uma reunião com o Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam. Na quinta-feira, o presidente da AICEP participa na inauguração da MIF, deixando a RAEM na sexta-feira, sendo que antes irá encontrar-se com empresários de Hong Kong.

procurando a associação “apoiar os seus associados nas bolsas de contactos e no contacto com o mercado”.

LATINA AMÉRICAJackson Chang confirmou ainda a presença do Peru, Argentina e Madagáscar no evento, sendo que estes países ficarão inseridos no pavilhão dos países da Amé-

rica Latina, cuja organização está a cabo da Associação de Macau para a Promoção de Intercâmbio entre Ásia--Pacífico e América Latina (MAPEAL).

O Peru irá fazer-se re-presentar com um membro do Governo, algo que “será muito bom para Macau”, disse Jackson Chang aos jornalistas.

O presidente do IPIM referiu ainda que o mercado da América Latina também é importante para esta região do mundo. “São países que esperam usar esta platafor-ma para ter mais negócios e entrar no mercado chinês”, concluiu. - * com Lusa

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8 sociedade hoje macau terça-feira 21.10.2014

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FIL IPA ARAÚ[email protected]

O armazém da Direcção dos Serviços de Fi-nanças (DSF)

que acolhe os produtos con-fiscados pelos Serviços de Alfândega (SA) tem, neste momento, 1300 quilogramas de marfim em sua posse. O seu destino ainda é incerto, sendo que a única certeza é que o Governo não o pode vender.

O processo é simples: sempre que é detectado algum produto ilegal, ou sempre que os SA apreen-dem material, enviam-no “directamente para o arma-zém da DSF”. A partir daqui, segundo explicaram os SA ao HM, os materiais não podem ser vendidos.

No caso do marfim - ma-terial com a maior quantida-de apreendida nos últimos três anos - como este está regulamentado sob a Con-venção sobre o Comércio Internacional de Espécies ameaçadas de Fauna e Flo-

Aliança Internacional Macaense quer reunir com Governo

Não há uma aplicação específica para o marfim apreendido em Macau. Ou segue para organizações com fins de estudo, ou é destruído. Os SA garantem que nada pode ser vendido, mas também ainda não têm destino para mais de uma tonelada deste produto que está, actualmente, na DSF

MARFIM MAIS DE UMA TONELADA NA DSF

Destino incerto

ra, só pode ser utilizado para efeitos de pesquisa e educação.

“Por isso, quando a DSF e os SA recebem produtos de marfim, têm que consultar o público para perceber se existe alguma intenção em o receber”, explicam os serviços alfandegários.

O organismo indica ain-da que, no caso de não existir qualquer interesse por parte dos departamentos

competentes, “estes serão destruídos”.

SEM DESTINOContudo, ainda não há destino para os mais de mil quilogramas de marfim armazenados na DSF.

E, relativamente ao valor comercial dos 1300Kg que agora estão depositados no armazém da DSF, as autoridades dizem não ter “quaisquer dados sobre o seu

valor”, sendo que o seu futuro ainda é uma incógnita – para já é preciso perceber se algum departamento de educação irá precisar deste marfim. Caso isso não se verifique, a destruição será o seu des-tino, ainda que não haja um tempo limite para guardar os materiais apreendidos.

VITIMAS DE PESORecorde-se que, como noti-ciou em Dezembro passado o HM, a China é o maior comprador de marfim, situa-ção que é de tal dimensão, que várias entidades orga-nizaram um apelo mundial para salvar as maiores víti-mas: os elefantes.

“À medida que os elefan-tes perdem os seus dentes,

os tigres perdem os seus ossos e o homem perde a sua humanidade”, dizia uma mensagem escrita em várias estações de metro de Pequim.

Várias foram as campa-nhas de sensibilização para esta problemática, mas nem isso fez com que a procura de produtos de marfim dimi-nuísse. O ano 2011 foi um dos mais mortíferos para

estes animais e é na China que mais se compra marfim.

Estima-se que no con-tinente africano restem apenas 500 mil elefantes, sendo que mais de metade vive em parques. Na Ásia o número está abaixo dos 100 mil elefantes. Nas últimas décadas a procura de marfim aumentou tanto que colocou em risco a sobrevivência da espécie em alguns locais.

UM total de dez instituições de matriz macaense, oriundas não só da RAEM

mas também do Canadá, Estados Unidos e Portugal, resolveu juntar-se e criar a Alian-ça Internacional de Macau. Segundo um comunicado, o objectivo desta iniciativa é “melhorar a qualidade do serviço a Macau em várias áreas, nomeadamente na cultura, educação, turismo e economia”, sendo que “esta ideia tem vindo a ser aperfeiçoada e desenvolvida há mais de seis meses com base em troca de informações por via

electrónica”. O projecto Far East Currents, dedicado a estudos sobre portugueses e macaenses liderado pelo académico Roy Enric Xavier, da Califórnia, é uma das entidades que participa nesta iniciativa, tal como o clube “Amigu di Macau”, de Toronto, Canadá. A primeira reunião dos sócios aconteceu este domingo e, para já, o “contacto com o Governo da RAEM será o primeiro passo”, estando também a ser pensada a publicação dos respectivos estatutos na Califórnia e em Macau.

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HOJE

MAC

AU

9 sociedadehoje macau terça-feira 21.10.2014

ETAR Novo contrato com Instituto parao Desenvolvimentoe QualidadeO contrato de prestação dos serviços de supervisão de qualidade das instalações de Tratamento de Águas Residuais e de Resíduos Sólidos (ETAR) continuará sob a alçada do Instituto para o Desenvolvimento e Qualidade de Macau. O anúncio foi ontem publicado em Boletim Oficial, sendo que o instituto vai receber mais de quatro milhões de patacas. Num despacho assinado por Chui Sai On, o Governo garante uma vez mais a cobertura financeira, que dobrou comparativamente ao ano anterior. O montante será dividido em duas parcelas de 2,17 milhões de patacas cada, sendo que uma será atribuída no presente ano e a segunda em 2015.

Centaline Preçode habitação poderá aumentar O director-executivo da Centaline Property, Jacky Shek, afirmou aos jornalistas que o mercado imobiliário está numa fase de ajuste e que, por isso, o próximo ano será marcado pelo aumento dos preços ou, nas palavras de Shek, será “um ano de prosperidade”. Os juros bancários dos EUA eram tidos como um dos elementos que provocam a queda ou a subida do preço dos imóveis, devido à indexação do dólar de Hong Kong ao dólar americano, mas o CEO considera que, actualmente, mesmo que estes aumentem não provocam grande alteração nos preços. Na sua opinião, o que provoca o aumento é o número de casas, ou seja, a diferença entre a oferta e a procura, sendo que, para o ano, diz, haverá aumentos dos preços.

Peter Lam Caso Bill Chou já acabouO membro do Conselho Executivo e presidente da direcção da Universidade de Macau, Peter Lam, foi ontem questionado pelos jornalistas sobre o caso Bill Chou, mas o responsável afirmou que este é um caso terminado. Questionado sobre as constantes tentativas de contacto do académico, que não viu o seu contrato renovado devido ao seu activismo político, Peter Lam disse apenas que “já respondeu várias vezes às tentativas de contacto do académico e que este é um caso terminado. O presidente da direcção da UM reforçou ainda que Chou não será mais professor da universidade e que não mais acompanhará este caso.

P ANSY Ho, directora executiva da MGM, afirmou que Macau poderá aproveitar as

quebras recentes nas receitas do Jogo, como oportunidade para ajustar a indústria prin-cipal do território. Aquando da divulgação do programa do Fórum de Economia e do Turismo Global de Macau 2014, a também secretária--geral do Fórum, assume-se sem medos das recentes quedas.

“O Jogo ainda é sector principal em Macau. Claro, se todos os dias tivermos um aumento económico no Jogo, é algo positivo. Mas quando entramos num declínio desse aumento económico, é uma oportu-nidade para ajustarmos a nossa economia. Considero

que para os investigadores a longo prazo o mais im-portante é prever o futuro”, defendeu.

Pansy Ho não mostrou qualquer preocupação so-bre a queda das receitas do Jogo nos últimos quatro meses, afirmando que “é positivo ter um tempo de ajuste”.

“[A queda] não traz qualquer influência, antes pelo contrário, deixa-nos com mais confiança para

os próximos projectos no Cotai. De facto, um aumen-to na receita do Jogo sem uma razão aparente, não é uma coisa saudável”, disse.

Para uma das figuras principais da operadora do leão, as receitas vão voltar a aumentar com os novos projectos. - C.L.

África Fundo para Lusofonia financia dois projectos

[A queda] não traz qualquer influência, antes pelo contrário, deixa-nos com mais confiança para os próximos projectos no Cotai.De facto, um aumento na receitado Jogo sem uma razão aparente, não é uma coisa saudável

PANSY HO QUEBRAS NAS RECEITAS DE JOGO SERVEM PARA AJUSTAR ECONOMIA

Males que vêm por bemA directora executiva da MGM não vê qualquer problema na queda de receitasdo Jogo, salientando até que tal pode ser positivo para fazer acertos económicos

O Banco de Desenvol-vimento da China já

aprovou dois projectos lusófonos, no âmbito do Fundo de mil mi-lhões de dólares norte--americanos, anunciado em 2010, pelo então primeiro-ministro da China, Wen Jiabao.

De acordo com a rádio Macau, o fundo disponibiliza agora mais

de 10 milhões de dólares a cada projecto: um de Moçambique e outro de Angola. A revelação foi feita ontem de manhã, pelo secretário-geral do Secretariado Permanente do Fórum para a Coo-peração Económica e Comercial entre a China e os Países de Linga Por-tuguesa (Fórum Macau).

“O Banco de Desen-

volvimento da China já recebeu muitos projec-tos. Neste momento, já aprovou dois projectos, um deles em Moçambi-que, o outro está em pre-paração para aplicação”, afirmou Chang Hexi, citado pela rádio, que acrescenta que outras dez candidaturas estão ainda a ser avaliadas.

De acordo com o Fó-

rum Macau, o projecto de Moçambique está relacio-nado com a agricultura, já o projecto angolano vai ser

desenvolvido, em breve, na área da iluminação pública através de energia solar.

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hoje macau terça-feira 21.10.201410 EVENTOS

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A primeira biblioteca de língua inglesa da China foi criada em Macau, desco-

briu o investigador Rogério Puga que, em 2012, concluiu que a cidade albergou também o primeiro museu ocidental do país, ao contrário do que acreditavam os historiadores.

A descoberta da biblioteca surgiu através da leitura de diários de viajantes ingleses e americanos, a que Rogério Puga se dedica há mais de uma década.

“[Interesso-me] pela pre-sença anglófona em Macau e fui coleccionando vários relatos de viagem, diários de

O Hard Rock Café re-cebe, amanhã, uma

competição para bandas adolescentes, numa parceria com o Projecto Be Cool. O evento tem início às 18h30 e tem final marcada para as 20h00.

O Projecto Be Cool, recorde-se, funciona como um centro de actividades extra-curriculares dedicado à prevenção de drogas, sen-do que, para isso, “recorre a varias áreas de expressão do indivíduo”, como a música, as artes plásticas e performativas, a culinária, os desportos e os jogos, entre outras. “O objectivo é a facilitação da expressão de afectos, conflitos e até disseminação da mensagem entre os pares. É uma área importante da ARTM - As-sociação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau, que considera a prevenção de drogas como sendo uma temática trans-versal nas escolas, famílias

Sporting Clube de Macau festeja 88 anos com jantar no MGMO Sporting Clube de Macau celebra 88 anos e, para festejar, realiza um jantar no MGM, nesta sexta-feira. O jantar está aberto a quem queira associar-se, sendo que, para isso, basta contactar o Clube ([email protected]). O evento decorre no dia 22 no The Vista, pelas 19h00 e o preço é de 350 patacas.

CHINA PRIMEIRA BIBLIOTECA DE LÍNGUA INGLESA NASCEU EM MACAU

Livros no lugar do palácio

A primeira biblioteca com livros em inglês surgiu mesmo aqui, no território, assegura Rogério Puga. Onde fica agora a sede do Governo de Macau, estava erguida uma biblioteca que albergava não só livros científicos, como clássicos de renome

Be Cool Competição de bandas adolescentes no Hard Rock

e comunidades essen-cial para activar meca-nismos de protecção e promover famílias felizes e saudáveis”, realça o Be Cool em comunicado.

Com a dis-puta no Hard Rock, a ideia é precisamen-te promo-ver uma compe-t ição en t r e adoles-centes, como forma de valorizar e reconhecer as ha-bilidades importantes para a vida como a auto-estima, auto-confiança, a criativi-dade e a auto-expressão. “Pensamos que é essencial criar momentos positivos e incentivar a adopção de estilos / comportamentos de vida saudável.”

O evento é patrocinado pelo Instituto de Acção Social.

viajantes, e neles fui encon-trando referências, quer a um museu, quer a uma bibliote-ca”, explicou à agência Lusa o professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

A leitura intensa destes es-critos desvendou “referências espalhadas e muito pequenas” que, juntas, lhe revelaram a existência de uma instituição até hoje desconhecida entre os livros de história.

“Há uma linha aqui, uma linha ali e só juntando essas linhas todas é que se consegue ter uma imagem de conjunto”, explicou, ao salientar que talvez “por isso é que nunca chamaram à atenção de inves-tigadores”.

Esta biblioteca, que existiu em Macau e Cantão - os livros eram partilhados e circulavam entre as duas cidades - entre 1806 e 1834, era composta por 4300 exemplares, trazidos pelos oficiais da Companhia das Índias, numa altura em que Macau era a única porta do Ocidente para a China.

“Acho que foi um pro-cesso cumulativo de livros. As pessoas doavam quando acabavam de ler ou quando se iam embora”, descreve, explicando que a biblioteca se localizava na sede da Compa-nhia das Índias, onde é hoje a sede do Governo.

COLECÇÃO ÍMPAR Os livros viajavam entre Ma-cau e Cantão, já que na capital da província de Guangdong

estavam estabelecidas feito-rias estrangeiras, onde viviam mercadores.

Já em Macau, viviam também as famílias destes comerciantes, em que as mulheres eram ávidas leitoras.

A colecção era muito varia-da, desde livros sobre Direito, a religião, Filosofia, História, via-gens, artes, ciências, comércio, política, clássicos da literatura, antiguidades, Filologia, poesia, drama e romance, além de “ou-tras miscelâneas” como revistas inglesas e norte-americanas.

O conteúdo era também

“muito actualizado”, já que “liam Walter Scott quase quando saía na Europa”, contou Rogério Puga.

No entanto, eram livros maioritariamente utilizados pelos residentes de língua inglesa e outros estrangeiros, como suecos e dinamarque-ses. Isto porque, apesar do conteúdo rico, nesta época a China proibia os chineses de falarem línguas estran-geiras e os estrangeiros de aprenderem chinês, lembrou o investigador.

“Foi uma colecção ímpar,

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hoje macau terça-feira 21.10.2014

OS ALFERES • Mário de CarvalhoNuma distante picada de África, um jovem alferes vê-se confrontado com um dilema de vida ou de morte e com o absurdo da própria guerra. No Leste de Angola, urde-se uma trama de sedução, ciúme, traição e morte. Num Timor mítico, ecoam os feitos e os sofrimentos da saga universal dos portugueses. Três histórias onde um fio de humor, não raro amargo, percorre todas as cenas, mesmo as mais violentas ou sombrias. Três narrativas, três sobressaltos, três momentos ímpares da literatura portuguesa.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

A IRMÃ DE FREUD - LIVRO AUTOGRAFADO • Goce SmilevskiPrémio União Europeia de Literatura 2010. Em 1938, numa Áustria ocupada pelo regime nazi, Sigmund Freud recebe um visto para fugir para Londres e, assim, escapar à ameaça de terror. Da lista de 16 pessoas que pretende levar consigo fazem parte a cunhada, o médico, as criadas e até o seu pequeno cão, mas nenhuma das suas quatro irmãs. É pela voz de uma delas, Adolfine, que conhecemos esta história assombrosa sobre a família Freud. Deportada para o campo de concentração de Terezín, «a melhor e mais doce irmã» do psicanalista conhece Ottla, a irmã amnésica de Franz Kafka, a quem confidencia as suas memórias. Emerge o retrato de uma menina sensível e doente que vive a infância em simbiose com o irmão Sigmund, o mentor que a guiava na descoberta da vida. O retrato de uma jovem inconformada com o papel que a sociedade lhe impõe, amargurada pelo desprezo da mãe e pela partida do irmão. Por fim, o retrato de uma mulher só, que se sente apenas meia mulher por nunca ter sido mãe. O cenário da história da família é a Viena da viragem do século, uma época de incomparável esplendor artístico e intelectual, que serviu também, e ironicamente, de pano de fundo a alguns dos acontecimentos mais traumáticos do século XX.

11 eventos

M ACAU vai re-ceber a primei-ra mostra de

teatro de países de língua portuguesa, num evento incluído na 6ª Edição da Semana Cultural da China e dos PLP, que decorrerá entre 21 a 30 de Outubro.

Da responsabilidade do Fórum para a Coope-ração Económica entre a China e os PLP, a semana cultural tem sido um mo-mento que reúne várias áreas como a gastrono-mia, fotografia, música, entre outras. Desta vez Angola, Brasil, Cabo Verde e Guiné-Bissau são os países que terão oportunidade de se fazer mostrar na área do teatro, num evento coordena-do pelo Instituto Português do Oriente (IPOR).

Será a companhia do Brasil ‘EmCartaz e Júlio Adrião Produções’ que irá fazer as honras com a peça “A Descoberta das Améri-cas”, que mostra “uma visão diferente da descoberta da América, ainda que inspirada em factos reais narrados pelo navegador e cronista Álvaro Nunes Cabeza de Vaca”. O momento terá lugar no dia 24 e começa às 20h00.

USJ Conferência sobre a LusofoniaA Universidade de São José (USJ) vai organizar uma conferência sobre questões relacionadas com a Lusofonia. O evento tem lugar amanhã e quinta-feira, no auditório da instituição. Intitulada “Entre a desmistificação e a utopia: indagações sobre as Lusofonias”, a conferência deverá explorar as vertentes social, política e cultural da Lusofonia em Macau, incluindo uma palestra sobre a influência de Camões na cultura actual, bem como a exploração de questões como mitos, ideologias e imagens da lusofonia na literatura e em contextos pós-coloniais. Este projecto, financiado pela Fundação Macau, acontece durante todo o dia, das 9h30 às 18h30. Nele participarão académicos especializados em Literatura, Estudos Lusófonos, Estudos Coloniais, provenientes de Macau, Portugal, Coreia do Sul e Havai.

CHINA PRIMEIRA BIBLIOTECA DE LÍNGUA INGLESA NASCEU EM MACAU

Livros no lugar do palácio

“Foi uma colecção ímpar, pioneirae que surgedas vicissitudesda históriade Macau”ROGÉRIO PUGA Investigador

TEATRO MACAU RECEBE PRIMEIRA EDIÇÃO DE PLP

Noites de estreias

PARA ALÉM DO PALCOEm comunicado à imprensa, o IPOR explica que, além dos espectáculos previstos, será ainda estabelecido um programa de acção para as companhias, que contempla a realização de encontros com alunos em escolas e universidades de Macau nos dias 23, 24 e 27. Durante o fim-de-semana, decorrerão também, no auditório do Consulado-Geral de Portugal em Macau, duas oficinas abertas ao público, pelas 11h00.

No dia seguinte, será a companhia ‘HenriqueArtes’, de Luanda, com a peça “Órfã do Rei” a fazer-se mostrar. A peça conta a história do “anúncio da partida para Angola de uma das órfãs criadas em asilos reais, acom-panhando um marido para si escolhido, naquela que é uma

das estratégias régias para o povoamento e a admi-nistração em África”.

De Cabo Verde, vem a companhia ‘Sikinada’, nos dias 26 e 27, com a peça “Adão e Eva”, seguindo-se o ‘Grupo Teatro do Oprimido’, de Bissau, com a mostra “Sintadu”, que se foca na história de um homem que decide partilhar com um amigo a terra que tinha para que os dois pudessem viver bem. “Um gesto do qual todos beneficiaram. Anos mais tarde, porém, esta forma de viver anti-ga é posta em causa por

um bisneto e está instalado o conflito, pelo desrespeito pela amizade e pela memória dos antepassados”, frisa um comunicado do IPOR.

Os espectáculos aconte-cem no Auditório do Instituto Politécnico de Macau e a entrada é livre.

pioneira e que surge das vicis-situdes da história de Macau”, um território que só viria a perder o seu estatuto depois da criação de Hong Kong, em 1842.

DISPERSOSA biblioteca acabou por fechar com o fim do monopólio da Companhia das Índias e os livros foram distribuídos por outros espaços, estando hoje maioritariamente na Robert Morrison Library, em Hong Kong.

A investigação de Rogério

Puga vai agora ser publi-cada na revista “Notes and Queries”, da Universidade de Oxford, estando ainda este mês disponível online e em Dezembro na edição impressa.

O investigador acredita que a leitura extensiva dos escritos dos viajantes pode ainda revelar-lhe mais surpre-sas, já que “Macau é pioneiro em muitas instituições que surgem até essa data [1942]”, razão pela qual acredita ser “muito provável que ainda haja iniciativas que acentuem esse papel pioneiro nas rela-ções sino-ocidentais”.

Em 2012, Rogério Puga descobriu que foi em Macau que surgiu o primeiro museu ocidental da China e não em Xangai como acreditavam os historiadores. - Lusa

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12 CHINA hoje macau terça-feira 21.10.2014

O S líderes do movimen-to pró-democracia negaram ontem com veemência as declara-

ções do chefe do executivo de Hong Kong, que afirmou que “forças externas” estariam a orquestrar as manifestações em massa.

Num programa de televisão emitido no domingo à noite, o responsável pelo executivo de Hong Kong, CY Leung, culpou as forças estrangeiras pelos protestos em curso na cidade chinesa, mas recusou-se a identificá-los.

As declarações de Leung foram consideradas ridículas pelos líde-res do movimento, que insistiram que este foi criado pela necessidade

O S líderes do Partido Comunista Chinês deram ontem início a uma reunião de alto nível, em Pequim, numa altura

em que os meios de comunicação oficiais têm sublinhado a necessidade de reforçar o controlo sobre o sistema judicial do país.

O encontro junta 205 membros do Comité Central e cerca de 170 outros membros do par-tido, além de dirigentes de diferentes órgãos, como a temida Comissão Central de Disciplina.

As autoridades anunciaram em Julho que o tema para este encontro seria “O Estado de Direito”, apesar de alguns especialistas alertarem para o facto de o termo, na China, se referir a um

Supremo Tribunal proíbe manifestações O Supremo Tribunal da Região Administrativa Especial chinesa de Hong Kong emitiu ontem uma medida cautelar que proíbe a ocupação da zona de Mong Kok, local das concentrações pró-democracia, há 23 dias. A ordem judicial foi tomada na sequência de queixas interpostas por operadores de transportes públicos de Hong Kong para que as ruas, que foram tomadas pelos manifestantes, recuperem a normalidade. De acordo com a agência de notícias oficial da República Popular da China, Xinhua, o advogado que representa as empresas afirmou que as manifestações estão a provocar sérios prejuízos a companhias de táxis e de autocarros.

Pequim acusa Occupy Central de “pôr em perigo a ordem social”O governo da China acusou esta segunda-feira o movimento Occupy Central, que há mais de três semanas pede uma democratização real de Hong Kong através de protestos, de “pôr a ordem social em perigo”, um dia antes do início do esperado diálogo entre os manifestantes e as autoridades. “Há gente em Hong Kong que bloqueia ilegalmente as principais ruas, resiste à lei e põe a ordem social em perigo”, assinalou em conferência de imprensa a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, após um novo fim de semana de confrontos entre a polícia e activistas. Hua insistiu em que as actividades do movimento, que rejeita o sistema eleitoral recém estabelecido por Pequim para as eleições locais de Hong Kong em 2017, “é totalmente ilegal” e que o regime comunista “apoia plenamente o governo desse território” nas suas acções para “manter a lei e a ordem”.

“Os meusvínculos com os países estrangeiros estão limitados ao meu telemóvel coreano e ao meu Gundam (uma série animada com robôs) japonês. E claro todos estes são `Made in China´”JOSHUA WONG Um dos líderesdo movimento pró-democracia

Na quarta semana de protestos, os representantes do movimento pró-democracia que têm para hoje agendado um encontrocom as autoridades rejeitam veementemente as acusaçõesde manipulação estrangeira na luta pelo sufrágio

HONG KONG LÍDERES DE MOVIMENTO PRÓ-DEMOCRACIA NEGAM INTERFERÊNCIA ESTRANGEIRA

Braço de ferro persiste

LÍDERES DO PARTIDO COMUNISTA EM ENCONTRO DE ALTO NÍVEL

O Estado de Direitoaumento da centralização do controlo pelo parti-do no poder, ao invés da separação de poderes.

“Quando os líderes chineses falam de ‘Esta-do de Direito’ quase sempre estão a falar de um

reforço do controlo do partido sobre os dirigen-tes”, explicou à AFP o professor de Direito da Universidade de Hong Kong, Michael Davis.

MARCAR O TOMO jornal oficial China Daily publicou ontem um artigo em antecipação ao encontro onde indica que é esperado “que a sessão acelere a consolidação de uma governação orientada pela lei desde a cúpula do poder e, através do melhoramento do sistema, promova a justiça social no país”.

No editorial, o jornal apela aos governantes que reprimam os “abusos de poder” que “tornam impossível que a justiça prevaleça”.

Segundo a agência Xinhua, espera-se que o encontro “marque o tom para a promoção do Estado de Direito [pelo Partido Comunista] na China, de forma completa e tendo em conta as novas circunstâncias”.

dos habitantes locais por mais liberdades democráticas e pelo crescente descontentamento em relação à desigualdade.

“Os meus vínculos com os paí-ses estrangeiros estão limitados ao meu telemóvel coreano e ao meu Gundam (uma série animada com robôs) japonês. E claro todos estes são Made in China´”, disse no do-mingo, pela rede social Facebook, um dos líderes do movimento, o jovem Joshua Wong.

MANCHAS DE SUJIDADECláudia Mo, uma proeminente advogada pró-democracia, acu-sou o governo de tácticas de difamação.

“Não podem sucumbir aos manifestantes e dizer `nós talvez devêssemos fazer concessões?´, mas ao invés disso, tentam denegrir e manchar o movimento. Isto está tudo muito sujo”, disse Cláudia Mo à agência francesa AFP.

A imprensa estatal chinesa tem, repetidamente, alegado que “for-ças anti-China”, como os Estados Unidos, estão a manipular os mani-festantes, e Pequim já advertiu para não a não-ingerência estrangeira nas manifestações que considera um assunto interno.

CY Leung voltou também a sublinhar que o movimento pró--democracia está “fora de contro-lo” e pediu uma “solução sensata e pacífica”.

Milhares de pessoas em Hong Kong estão na rua pela quarta semana consecutiva, num protesto que visa conseguir o voto directo e universal dos eleitores na escolha do líder do Governo sem qualquer entrave ou pré-escolha por parte do comité eleitoral, um órgão em que a China acaba por conseguir o poder de selecção.

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13REGIÃOhoje macau terça-feira 21.10.2014

As duas ministras, da Indústria e da Justiça, demitiram-se por alegados gastos extravagantes em produtos de beleza e violação da lei eleitoral, respectivamente

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, pediu ontem desculpas publica-

mente pela escolha das duas mi-nistras que pediram a demissão, dois meses após as suas nomea-ções para o governo nipónico.

A Coreia do Norte tem um novo sub-

marino de 67 metros de comprimento na sua costa nordeste, segun-do imagens de satélite publicadas ontem por um instituto de investi-gação norte-americano, fazendo supor que as forças navais se estão a modernizar.

Os especialistas da 38north.org, uma página associada à Universida-de Johns Hopkins, nos

JAPÃO PM PEDE DESCULPAS APÓS DUPLA DEMISSÃO DE MINISTRAS

Fragilidades no feminino

“Fui eu que as nomeie.Enquanto primeiro-ministro assumo a responsabilidade e peço as mais profundas desculpas”SHINZO ABE Primeiro-ministro japonês

“Fui eu que as nomeie. Enquanto primeiro-ministro as-sumo a responsabilidade e peço as mais profundas desculpas”, disse Shinzo Abe.

A ministra da Indústria, primeira demissão tornada pública ontem, também pe-diu desculpas aos japoneses. “Apresento as minhas mais sinceras desculpas por não ter podido contribuir para a renovação económica, para a realização de uma sociedade onde as mulheres brilham”, afirmou Yuko Obuchi.

A demissionária titular da pasta da Indústria é suspeita de ter gasto mais de 10 milhões de ienes entre 2007 e 2012 em despesas não relacionadas com as suas actividades políticas, incluindo gastos em produtos de beleza.

Algumas horas mais tarde, a titular da pasta da Justiça, Midori Matsushima, de 58

anos, saía lívida do gabinete de Shinzo Abe.

LEQUE FATALA ministra da Justiça demitiu-se por alegada violação da lei elei-toral, por alegadamente ter dis-tribuído pequenos leques com o seu retrato e nome aos eleitores do seu círculo eleitoral.

Um desses leques foi coloca-do à venda num ‘site’ de leilões, com o preço a atingir os 2.100 ienes. As saídas do governo de Obuchi, estrela em ascensão do Partido Liberal Democrata (PLD, no poder) e filha de um antigo primeiro-ministro, e de

Matsushima, dois meses depois da sua nomeação, constituem as primeiras demissões de mem-bros da equipa de Shinzo Abe em quase dois anos.

Shinzo Abe assumiu o poder em Dezembro de 2012, colocan-do fim a uma série de governos frágeis que culminaram com a substituição de primeiros--ministros numa base anual.

Analistas citados pela AFP disseram que esta dupla de-missão não significa necessa-riamente o fim do governo de Shinzo Abe, mas advertiram para a vulnerabilidade política do actual primeiro-ministro.

EUA Coreia do norte tem novo submarino militarEstados Unidos, desco-nhecem a origem exacta do submarino, agora ancorado no estaleiro de Sinpo e com caracterís-

ticas semelhantes às dos submarinos russos e da antiga Jugoslávia.

Se este tipo de apa-relho começar a ser

“produzido em série como submarino de patrulha”, isso vai sig-nificar uma melhoria em termos de “autonomia e capacidade de ataque”, em comparação com as forças navais existentes do Exército Popular da Coreia do Norte, dizem os especialistas.

No entanto, os norte--americanos reconhe-cem que pode trata-se apenas de um “modelo experimental fabricado

para comprovar certos parâmetros de desenho e equipamento”, algo que a marinha norte-coreana já fez no passado.

Ainda assim, os ana-listas alertam que, pelas imagens captadas, pare-ce ser um protótipo “de um submarino para lan-çar mísseis balísticos”.

Recentemente, o exér-cito sul-coreano denun-ciou sinais de que a Coreia do Norte está a desenvol-ver um sistema para lançar mísseis balísticos a partir de submarinos modifica-dos da classe Golf.

Tailândia Naufrágio deixa dois turistas desaparecidosUm barco que transportava cerca de 40 turistas para uma ilha no sul da Tailândia naufragou na noite de domingo, e dois sul-coreanos continuavam desaparecidos na manhã de ontem. O naufrágio ocorreu devido a uma falta de atenção do condutor da lancha, numa altura em que estava ocupado a “retirar um saco de plástico dos pés”, disse à AFP o coronel Pruttipong Nuchnart, da polícia de Krabi. O condutor foi detido por condução perigosa, acrescentou. A lancha colidiu com um barco de pescadores quando se dirigia para a ilha de Koh Phi Phi, ao largo de Phuket. Os passageiros, incluindo turistas chineses e ocidentais, foram socorridos, à excepção de um homem e mulher sul-coreanos, que foram dados como desaparecidos. A Tailândia atrai mais de 20 milhões de turistas por ano, refere a AFP, ao acrescentar que nem sempre são cumpridas as normas de segurança nos barcos e ferries que fazem as ligações entre ilhas.

Coreia do Norte Mulher de líder reaparece após 46 dias de ausênciaRi Sol-Ju, mulher do líder norte-coreano Kim Jong-un, reapareceu em público após mês e meio de ausência, segundo fotos publicadas pelo diário Rodong, dias depois de o seu marido também ter reaparecido publicamente. Ambos felicitaram no domingo os medalhados dos Jogos Asiáticos que decorreram entre 19 de Setembro e 04 de Outubro em Incheon, na Coreia do Sul, assim como as autoridades desportivas da delegação norte-coreana que participaram no evento, segundo publicou ontem o diário do Partido dos Trabalhadores na sua página da Internet. Nas fotografias publicadas pelo Rodong, a primeira-dama mostra-se sorridente com um vestido azul atrás do líder, que caminha apoiado por uma bengala, tal como nas primeiras reaparições públicas que geraram grande atenção mediática. Deste modo, a primeira-dama de Pyongyang pôs fim a uma ausência pública de 46 dias depois de 03 de Setembro, dia em que foi a um concerto com o líder norte-coreano na capital do país.

Prisão para japonês que criou pistolas com impressora 3D Um japonês de 28 anos foi condenado ontem a dois anos de prisão por ter fabricado em casa duas pistolas com uma impressora tridimensional (3D). Quando foi detido em Maio passado, nos arredores de Tóquio, Yoshitomo Imura, empregado de uma universidade, reconheceu os factos mas garantiu ignorar que os seus actos infringiam a lei. Todavia, o tribunal de Yokohama considerou ontem que a sua “responsabilidade criminal era grave”.

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14 hoje macau terça-feira 21.10.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

N UM mês de Outono de 1987 decorreu em Lisboa, na sala Dr. Félix Ribeiro da Cinemateca Portugue-

sa, um ciclo dedicado ao cinema chi-nês. Isto passou-se um pouco antes da estreia comercial em Portugal de O Milho Vermelho, de Zhang Yimou, penso que o segundo filme chinês a receber esta distinção.

Uns anos antes, em 1975, quando o maoísmo era chique entre alguns, es-treara em Portugal um filme comunista pateta, uma das versões de O Destaca-mento Vermelho Feminino. Outros filmes chineses tinham sido mostrados no Festival de Cinema da Figueira da Foz, mas nunca se tinha ousado mostrar um conjunto tão alargado.

No resto da Europa foi também na década de 80 que se montaram as primeiras mostras consistentes de cinema chinês (o B.F.I. em 1980, uma mostra em Turim em 1982 com 120 filmes e uma em Paris em 1984-85 com 140 filmes). Foi a década em que, coincidentemente, na China, se permitiram alguns sinais de abertura ao mundo. O ciclo oferecido em Lis-boa, sendo mais tardio, permitiu já “sentir” alguns dos filmes apresenta-dos como parte de um “movimento”, aquele a que hoje chamamos a quinta geração.

Não sendo exaustivo, o ciclo teve um impacto significativo pela novida-de. Não tendo preocupações históricas profundas, mostrou filmes de todas as épocas importantes do cinema feito na China (exclui-se o período da guerra com o Japão e da Revolução Cultural).

O Senhor Embaixador da R.P.C. em Portugal, Chen Ziying, contribuiu com duas frases paradigmáticas para o catálogo que a Cinemateca Portugue-sa editou na altura: Desejo que o Ciclo de Cinema Chinês se realize com êxito. Espero que o intercâmbio cultural sino-luso se desenvolva sem cessar. Apenas isto.

De certo modo é o catálogo que aqui me traz, um livro útil, de mais de 300 páginas, muito ilustrado, com en-trevistas e artigos de vários articulistas portugueses e estrangeiros e que existia na Biblioteca Central de Macau.

A sua leitura não deixa de afectar uma certa disposição pioneira, uma que, no ano de 1987, já se não dispen-sava à cinematografia indiana ou japo-nesa, muito mais conhecidas por acção de festivais e ciclos e pela emergência

luz de inverno Boi Luxo

CATÁLOGO DE CICLO DE CINEMA CHINÊS

de nomes de ressonância internacional, como Mizoguchi, Kurosawa ou Satya-jit Ray.

Esta mostra, bastante decente, foi um sucedâneo de uma que se cumprira em Paris pouco tempo antes. Incluiu filmes de ficção dos anos 20 aos anos 80 num total de 37 e um documentário autoriza-do por Tony Rayns (Cinema in China).

Uma das estrelas do ciclo da Ci-nemateca foi Huang Tudi/Terra Amarela (1984), de Chen Kaige, um filme que figura, ainda hoje, no grupo dos meus 4 ou 5 filmes chineses preferidos.

A visionação deste filme de Chen

Kaige - numa altura em que a imensa ganga que depois veio a ser produzida sobre o que se veio a chamar a quinta geração e sobre a imersão obrigatória dos seus autores na ruralidade durante a Revolução Cultural, era ainda inexis-tente – deve ter causado um espanto primordial.

O mesmo provavelmente aconte-ceu quando se mostrou Daoma Zei/O Ladrão de Cavalos (1986), quase acabado de fazer, brutal e seco como poucos, num altura em que ainda se não vira muito deste cinema de personalidade documentarista e étnica.

NÃO SE PRETENDE AQUI FAZER

HISTÓRIA DO CINEMA CHINÊS,

ANTES LEMBRAR A QUALIDADE

POSTA NA ELABORAÇÃO

DO CATÁLOGO,

UM LIVRO UTILÍSSIMO,

E LEMBRAR O TIPO DE FILMES

QUE SE OFERECEU

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 21.10.2014

Boi Luxo

O CINEMA DE PROPAGANDA

QUE SE FAZ AGORA NA CHINA É,

ESTUPIDAMENTE, MUITO MAIS

SECTÁRIO, MANIQUEÍSTA E

CEGO, VISUALMENTE ATRAENTE,

TECNICAMENTE COMPETENTE,

MAS INSÍPIDO, PARVO E

EXCESSIVAMENTE IMITADOR DO

GOSTO INTERNACIONAL

Tal como aconteceu no Japão, a quantidade de filmes dos anos do cine-ma mudo que se perdeu é significativa. No caso do Japão por força do Grande Terramoto de Kanto e, no caso chinês, devido aos bombardeamentos japone-ses a Xangai em 1932 e a uma possível limpeza que terá sido feita durante a Revolução Cultural.

Dos anos 30 não resta espólio co-pioso mas é desta década que datam alguns dos filmes mais conhecidos do período clássico. O realismo poético que normalmente associamos ao cine-ma chinês antigo é desta altura.

Após a instauração da R.P.C., como é sabido, o cinema chinês teve sempre de se desenvolver dentro de um con-junto mais ou menos rígido de normas

(consoante as épocas) que não con-frontassem a ideologia dominante, um processo que, o que é menos sabido, começara nos anos 30 por imposição do Guomintang.

Não se pretende aqui fazer histó-ria do cinema chinês, antes lembrar a qualidade posta na elaboração do ca-tálogo, um livro utilíssimo, e lembrar o tipo de filmes que se ofereceu. E recor-dar, igualmente, como os festivais e os ciclos de cinema tiveram um papel ca-pital na divulgação de cinematografias mais escondidas. O caso da China, ain-da hoje um país elusivo, é paradigmá-tico. Além disso, um esforço que não tivesse contado com o envolvimento das autoridades chinesas dificilmente teria produzido ciclos (e catálogos) tão atraentes. Só através de redes de comu-nicação oficiais se conseguiria reunir e mostrar este conjunto de filmes.

Dos anos 20, uma década em que se alterna um cinema realista com um de intenção fantasiosa, mostrou-se apenas um filme, Xi Jiang Ji/A Rosa de Pushui/A Rosa do Ocidente, 1927, de Hou Yao.

Da década de 30 foram apresenta-dos 7 filmes, alguns dos quais hoje rela-tivamente famosos, como Shennu/A Di-vina, de Wu Yonggang ou Malu Tianshi/Os Anjos da Avenida, de Yuan Muzhi. É nesta altura que se desenvolve, como já acontecera em outros pontos do mun-do, um sistema de estrelato com divas adoradas e amadas, protagonistas de um cinema realista na escolha dos as-suntos e poético na sua apresentação - lê-se no extenso e muito informativo artigo de José Manuel Costa, o pri-meiro do catálogo. Nele encontramos muitas considerações contextuais: con-dições de produção, tensões políticas e militares entre o Guomintang e as for-ças comunistas.

Entre os 6 filmes dos anos 40 que a Cinemateca Portuguesa passou con-tam-se Wuya Yu Maque/Corvos e Pardais, de Zhen Junli e o pungente Xiaocheng Zhi Chun/A Primavera numa Pequena Ci-dade, de Fei Mu. Alguns noctívagos da cidade recordarão, com mais ou menos nostalgia (e esta é uma cinematogra-fia em torno da qual é fácil de imagi-nar ou inventar nostalgias) que alguns quadros com cenas de Wuya Yu Maque/Corvos e Pardais figuravam nas paredes de um bar frequentado pela intelligentsia local, o Casablanca.

José Manuel Costa elogia apaixona-damente Xiaocheng Zhi Chun/A Primavera numa Pequena Cidade, um filme, informe--se, relativamente fácil de encontrar. O articulista refere-se-lhe como “obra--prima absoluta” e nela admira, entre

outras seduções, uma característica muito própria ao cinema asiático: o de-senho de figuras femininas grandiosas (eu concordo). Os anos de 1947-1949, onde se enquadram estes dois exem-plos, são considerados como anos de produções de qualidade internacional.

A instauração oficial do comunismo não parece ter tido consequências ime-diatas profundas, uma vez que muitas das vozes do cinema já estavam activas no cinema anterior ao 10 de Outubro de 1949.

Desta data até ao começo da Revo-lução Cultural (“que no cinema come-çou mais cedo”) foram produzidas 673 longas-metragens. Continuo a socor-rer-me do artigo de José Manuel Costa.

Nele não se fala muito de alguns fil-mes dos inícios da década de 50 que hoje se conseguem visionar com algu-ma facilidade. São, surpreendentemen-te, filmes que exibem, paralelamente a uma inocência, uma imparcialidade e ausência de sectarismo notável. Além disso, são filmicamente muito aceitá-veis e a propaganda que facultam não é tão cega como se poderia pensar. Exemplos são New Heroes and Heroines, Liu Hulan, Fighting North and South ou Ingeniously Taking Mount Hua, todos eles produzidos entre 1950 e 1953.

O cinema de propaganda que se faz

UMA DAS ESTRELAS DO CICLO DA

CINEMATECA FOI HUANG TUDI/

TERRA AMARELA (1984), DE CHEN

KAIGE, UM FILME QUE FIGURA,

AINDA HOJE, NO GRUPO DOS MEUS 4

OU 5 FILMES CHINESES PREFERIDOS

agora na China é, estupidamente, muito mais sectário, maniqueísta e cego, visual-mente atraente, tecnicamente competen-te, mas insípido, parvo e excessivamente imitador do gosto internacional.

O corte é muito mais abrupto em 1966 do que em 1949. Durante 10 anos praticamente não há cinema. Pode até pensar-se que uma das razões que está por trás do novo vigor do cinema dos anos 80 é o vazio que o precede.

Parece haver um carinho menor pe-los filmes feitos nos anos 50 e 60 até à R.C., antes apontando-se elogios práti-cos a este ou aquele, a nível da realiza-ção, da técnica de adaptação literária, do trabalho dos actores ou da mistura do real e do estilizado. Destacam-se alguns que se conseguiram libertar do espartilho matricial e se erguem como obras pessoais. Entre as obras de “abso-luta excepção” contam-se Wutai Jiemei/Irmãs de Palco, de Xie Jin e, do mesmo realizador, Da Li Xiao Li He Lao Li/O Grande Li, o Pequeno Li e o Velho Li.

Os estúdios de cinema estiveram fechados entre 1966 e o fim da déca-da. Muitos filmes, realizadores, actores e historiadores do cinema, foram “de-nunciados”, perseguidos, anatemiza-dos, torturados e mortos. Muitos filmes foram destruídos. Um disparate pega-do. É, ainda hoje, difícil de encontrar alguma vontade em relativizar estes acontecimentos. A única actividade fílmica que persistiu resume-se aos mo-delares bailados-ópera revolucionários. Um aborrecimento.

Só a partir de finais dos anos 70 se atinge a normalidade, de par com uma tímida abertura ao cinema ocidental e a publicação de novas revistas da es-pecialidade. Em finais de 1978 abre o Instituto de Pequim, que admite 179 alunos para o seu curso de cinema (en-tre 13.000 candidatos). Daí sairão, nos inícios de oitenta, os nomes que iden-tificamos com o lançamento do novo cinema chinês no mundo: Chen Kaige, Zhang Yimou, Tian Zhuangzhuang, a par de outros mais velhos como Xie Jin (de quem o ciclo em questão mostrou 7 filmes). De qualquer modo, basta pen-sar em Mumaren/O Guardador de Cavalos, de 1982, para perceber como este é um filme mais tradicional, até na sua bon-dade natural e na sua inocência revolu-cionária.

Na cinemateca exibiram-se 9 filmes dos anos 80, ainda nenhum de Zhang Yimou e esta exibição foi banhada, certa-mente, de uma atmosfera de pioneirismo.

(Continua)

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16 DESPORTO hoje macau terça-feira 21.10.2014

SÉRGIO [email protected]

S EM surpresa, os pilotos portugueses de Macau André Couto e Rodolfo

Ávila estiveram em destaque no Circuito Internacional de Xangai, que no passado fim-de-semana foi palco do “Festival dos Campeões de Carros Desportivos”, um

Daniel Wass «Mónaco comete erros» Daniel Wass, internacional dinamarquês que passou pelo Benfica na temporada 2011/12 é agora uma das estrelas do campeonato francês e acaba de defrontar o Mónaco, adversário das águias na próxima quarta-feira. A convite de A BOLA, Wass, cujo nome tem sido associado a clubes mais influentes do futebol europeu, como Liverpool ou Chelsea, aceitou analisar o opositor das águias. «É uma boa equipa, mas também comete erros... sobretudo defensivos.» O internacional dinamarquês elogiou ainda a experiência e liderança de Ricardo Carvalho e a inteligência de João Moutinho, mas também alertou para Anthony Martial e Ferreira-Carrasco.

ANDRÉ COUTO E RODOLFO ÁVILA DEIXARAM BOA IMAGEM EM XANGAI

Portugueses em destaque

Ambos os pilotos portugueses vão correr em Novembro no Circuito da Guia na Taça GT Macau

LIGA DOS CAMPEÕES SPORTING MORALIZADO, FC PORTO RECEBE ATHLETIC BILBAU

Terça-feira gordaO Sporting visita

esta terça-fei-ra o Schalke

04, num jogo em que os “leões” defrontam o apontado teoricamente rival directo no grupo G da Liga dos Campeões de futebol e ao qual será fundamental ganhar pontos.

Os “leões”, com o estado de espírito em alta depois de eli-minarem o FC Porto na Taça de Portugal, com um incontestável triunfo no Estádio do Dragão (3-1), preci-sam de ganhar vanta-gem em relação aos alemães.

evento de grande dimensão organizado pelas marcas do Grupo Volkswagen Audi na República Popular da China.

André Couto aproxi-mou-se do comando da Taça Audi R8 LMS ao somar uma “pole-position”, uma vitória, a terceira da tempo-rada, e um segundo lugar. O piloto luso da RAEM está agora a apenas dois pontos do malaio Alex Yoong, que

venceu a segunda corrida, quando faltam disputar mais duas jornadas duplas, uma em Xangai, dentro de duas semanas, outra no Abu Dhabi, no mês de Dezembro. Mas Couto não se ficou por aqui. Fazendo equipa no Super Troféu Lamborghini Ásia com o japonês Akira Mizutani, o seu patrão do campeonato japonês Super GT este ano, o vencedor do

Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2000, a estrear--se no troféu monomaca do construtor italiano na Ásia, ainda subiu ao pódio por duas ocasiões na classe “Pro-Am”.

O compatriota Rodolfo Ávila também esteve em destaque, mas na Taça Porsche Carrera Ásia, com-petição onde o neo-zelandês Earl Bamber, recentemente

promovido a piloto oficial da Porsche Motorsport, se sagrou campeão. Na última prova da época o piloto do Team Jebsen, que tinha sido bastante infeliz na primeira passagem por Xangai no início do ano, esteve perto de também subir ao pódio, obtendo dois quartos lugares, o que lhe permitiu subir um lugar no campeonato, com troca com o chinês Ho Pin Tung, finalizando a época 2014 na quarta posição daquele que é ainda considerado o mais forte campeonato de

automobilismo do sudeste asiático. Ambos os pilotos portugueses vão correr em Novembro no Circuito da Guia na Taça GT Macau.

ALGURES NA EUROPAEntretanto, Andy Chang vai continuando a sua pre-paração para a Taça Inter-continental FIA de Fórmula 3 do 61º Grande Prémio de Macau na Europa. O piloto de Macau, que não completou o Campeonato Britânico de Fórmula 3, obteve um 18º lugar como melhor resultado no seu terceiro fim-de-semana a competir no Campeonato da Europa de Fórmula 3. Nas duas primeiras corridas do fim-de-semana, Chang desistiu e foi 22º e último classificado. De acordo com a imprensa inglesa especia-lizada, o jovem que defende as cores do território será um dos cabeças de cartaz no evento internacional de karting no Kartódromo de Coloane.

O Schalke 04, que soma dois pontos, tem o prejuízo de também ter empatado com o Maribor, em casa, mas acabou por conseguir um ponto na visita aos “blues” em Stamford Bridge, o que poderá ser precioso.

Para o Sporting, que deverá se apresen-tar na máxima força, a visita a Gelsenkirchen

poderá ser muito im-portante para as contas finais, sendo que os “leões” recebem logo na ronda imediata, a quarta, a formação germânica (a 05 de Novembro).

VANTAGEM DE CÁQuanto ao FC Porto, a Liga dos Campeões tem-lhe corrido de feição e não deverá ser

a eliminação de sábado da Taça que afectará a equipa de Julen Lope-tegui, que no grupo H da prova parece não ter adversários à altura.

Os “dragões”, que lideram o grupo H (com quatro pontos), recebem os espanhóis do Athletic Bilbau (um ponto).

É uma oportuni-dade para a equipa - num momento em que Lopetegui começa a ouvir as primeiras crí-ticas face à constante rotação da sua for-mação - dar um passo importante visando o apuramento.

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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 24 MAX 30 HUM 65-90% • EURO 10.2 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 21 DE OUTUBRO

hoje macau terça-feira 21.10.2014 (F)UTILIDADES 17

João Corvo fonte da inveja

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE GIVER [B]Um filme de: Phillip NoyceCom: Brenton Thwaites, Odeya Rush, Jeff Bridges14.15, 16.00, 17.45, 21.30

ANNABELLE [C]Um filme de: James WanCom: Annabelle Wallis, Ward Horton19.30

SALA 2LET’S BE COPS [C]Um filme de: Luke GreenfieldCom: Jake Johnson, Damon Wayans Jr.14.15, 16.05, 17.55, 21.30

JUON - THE BEGINNING OF THE END [C]FALADO EM JAPONÊS ELEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊSUm filme de: Masayuki OchiaiCom: Nozomi Sasaki, Sho Aoyagi, Reina Triendi19.45

SALA 3WHIPLASH [C]Um filme de: Damien ChazelleCom: Miles Teller, J. K. Simmons, Paul Reiser, Melissa Benoist14.30, 16.30, 19.30, 21.30

THE GIVER

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

Ainda não percebi que ratos vai parir a Ilha da Montanha.

U M L I V R O H O J E“PAPILLON”

(HENRI CHARRIÈRE, 1969)

Um livro escrito na primeira pessoa, que relata as fugas da prisão de um homem que foi erradamente acusado de homicídio. Henri Charrière, ou Papillon, como era apelidado, conseguiu escapar de um isolamento solitário na Ilha do Diabo, de onde nunca ninguém tinha conseguido sair. A partir daí, da segunda vez em que consegue ver a luz do dia, Papillon começa uma aventura que dá muito que falar... - Joana Freitas

• HojeVISOR DO CINEMA ASIÁTICO APRESENTA “MARIA ESTÁ FELIZ, MARIA ESTÁ FELIZ” (TAILÂNDIA)Centro Cultural de Macau, 19h3060 patacas

• AmanhãVISOR DO CINEMA ASIÁTICO APRESENTA “A FOTO QUE FALTAVA” (CAMBOJA)Centro Cultural de Macau, 19h3060 patacas

• Quinta-feira VISOR DO CINEMA ASIÁTICO APRESENTA “UMA VEZ EM QUCHI” (TAIWAN)Centro Cultural de Macau, 19h3060 patacas

“PINKTOBER” – CONCERTO DE ANGARIAÇÃO DE FUNDOS PARA VÍTIMAS DO CANCRO DA MAMA COM A BANDA CONCRETE/LOTUS Hard Rock Café Macau, 21h00150 patacas, com oferta de uma t-shirt

• Sexta-feiraI MUSICI APRESENTAM “ÓSCARES E FANTASIA DE DESENHOS ANIMADOS” (FIMM)Teatro D. Pedro V, 20h00200 a 250 patacas

VISOR DO CINEMA ASIÁTICO APRESENTA “A RAVINA DO ADEUS” (JAPÃO)Centro Cultural de Macau, 21h3060 patacas

• SábadoVISOR DO CINEMA ASIÁTICO APRESENTA “EM FLOR” (GEÓRGIA)Centro Cultural de Macau, 16h3060 patacas

I MUSICI APRESENTAM “AS QUATRO ESTAÇÕES” (FIMM)Teatro D. Pedro V, 20h00200 a 250 patacas

VISOR DO CINEMA ASIÁTICO APRESENTA “CARVÃO NEGRO, GELO FINO” (CHINA)Centro Cultural de Macau, 21h3060 patacas

• DiariamenteOKTOBERFEST (ATÉ DIA 25/10)MGM, 18h00 às 24h00120 patacas

FESTIVAL DE GASTRONOMIA MACAENSE (ATÉ 5 DE NOVEMBRO)Hotel Four Seasons, Cotai18h00 às 22h00498 patacas por adulto, 249 para crianças até aos 12 anos

EXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS” DE VICTOR MARREIROS (ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

“VIAGEM À TERRA DOS SONHOS” DE SU JIAN LIANG (ATÉ DIA 23/10)Galeria da Fundação Rui CunhaEntrada livre

WORLD PRESS PHOTO (ATÉ 2 DE NOVEMBRO)Casa GardenEntrada Livre

Nasce Alfred Nobel, o pacifista que criou a dinamite• Alfred Nobel nasceu em Estocolmo, a 21 de Outubro de 1833, foi um químico e inventor sueco, filho de um engenheiro civil, inventor e empresário, cuja empresa faliu. Alfred Nobel tinha então quatro anos e mudou-se, com a mãe, para a Finlândia, enquanto o pai tentava reerguer os seus negócios. Tal foi conseguido, com uma oficina de equipamento para o exército russo. A família volta a reunir-se e Alfred, a mãe e os irmãos juntam-se ao pai, em São Petersburgo, onde estuda e sente um apelo pela Literatura e pela Química. O pai, ao perceber esta paixão, decide investir na forma-ção do filho, que se forma em Engenharia Química. Em Paris, Alfred Nobel conheceu o jovem químico italiano, Ascanio Sobrero, que inventara a nitroglicerina.Essa invenção suscitou um grande interesse em Alfred Nobel, em virtude do seu potencial na engenharia civil. Em 1863, regressou à Suécia com o objectivo de desenvolver a nitroglicerina como explosivo.Tentou tornar a nitroglicerina num produto moldável, juntando-lhe vários compostos, até chegar à sua grande invenção: a dinamite, muito útil, então, em grandes construções como túneis e canais. A dinamite espalhou-se rapidamente pelo mundo, em virtude das suas potencialidades.Dentro dos laboratórios, Nobel desenvolveu outras ino-vações, como a borracha sintética, entre outros. A sua quase obsessão pela pesquisa e invenção deixou-lhe pouco tempo para a vida social. No entanto, conheceu uma pessoa que viria a marcar a sua vida.Bertha Kinsky, uma pacifista, conseguiu transmitir-lhe estes ideais, o que contribuiria para a criação de uma fundação com o seu nome, que promovesse o bem-estar da Humanidade. E esta foi a sua derradeira ‘invenção’.Alfred Nobel morreu de hemorragia cerebral, na sua casa em San Remo, Itália. No testamento determinou a criação de uma fundação que premiasse, todos os anos, as pessoas que mais tivessem contribuído para o desenvolvimento da Humanidade.E em 1900 foi criada a Fundação Nobel que atribuía cinco prémios em áreas distintas: Química, Física, Medicina, Literatura e Paz. Hoje, recordamos Nobel.

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18 OPINIÃO hoje macau terça-feira 21.10.2014

H Á poucos dias iniciei a lei-tura de um livro de Oliveira Martins, “A História da Civilização Ibérica”. Logo nas primeiras páginas o autor enunciava, como não podia deixar de ser, a(s) influência (s) dos romanos. E sublinhava a influência no Direito – que até hoje se

estrutura em princípios do direito romano. O mais básico desses princípios era o de que as leis não visavam indivíduos mas sim comportamentos – fosse qual fosse o agente. Não havia uma lei para o rei, outra para os nobres, outra para os citadinos da cidade A ou B...mas leis que todos deviam cumprir.

Aliás, recuando no tempo – recordemos que os “Dez Mandamentos” (passados a escrita no tempo de Moisés, isto é, cerca de 1500 antes de Cristo) estão elaborados com idênticos pressupostos – o preceito “Não matarás” refere-se a qualquer homem, inclusive ao rei (1).

Vem estas linhas a propósito da falta de coerência política - também chamada eufe-misticamente de “real politik” – um termo inventado pelo chanceler prussiano Bismarck - ou seja uma política “realista”- dos governos de numerosas nações. Essa política “realista” segundo a qual um mesmo acto é “bom” se fôr praticado por “países amigos”, mas “mau”se fôr praticado por “países inimigos”, acaba, não poucas vezes, por estalar na boca de quem a defende. Vejamos alguns exemplos:

OS ISLAMITASSenão vejamos: A América apoiou, directa-mente - e indirectamente através dos Estados do Golfo - grupos de rebeldes islamitas que travam desde 2011 uma sangrenta guerra civil contra o presidente sírio Assad e seus apoiantes. Esses rebeldes já haviam apare-cido em videos tornados públicos comendo corações de chefes rivais, e praticavam cru-cificações – mas estes actos eram referidos como pouco mais que “curiosidades”. Eis senão quando esses rebeldes, que tomaram como símbolo tenebrosas bandeiras negras, invadem o Iraque e aí conquistam vastos territórios. Aí “Ai Jesus meus Deus! Esses islamitas do ESIL são o Diabo em figura de gente!” E há que recomeçar uma guerra que tinha “acabado” precisamente no ano anterior!!!

OS CURDOSOs curdos eram um povo sem Nação, antes de 1918 integrados no Império Otomano. Ora os impérios – diferentemente dos rei-nos - eram caracterizados por englobarem variados povos. A situação complica-se quando, como resultado da derrota do Im-pério turco na 1ª Guerra Mundial este foi dividido supostamente em nações – pelo que se previa a criação, entre outras, de uma nação curda. Mas, logo poucos anos após o fim da guerra, os turcos, sobre o comando de Ataturk recuperaram algum

António SArAivA

Desconformidades ou a “Real Politik”

do perdido prestígio e força, e recusaram uma nação curda (que se traduziria numa amputação de um território que tinham como “seu”). Após 1945 a Turquia ficou como posto avançado do Ocidente contra a União Soviética – e para manter tal aliado havia que fechar os olhos ao problema curdo – e assim os Estados Unidos consideravam o principal Partido curdo, o PKK ou Partido dos Trabalhadores do Curdistão, como uma organização terrorista. A situação começou a mudar cerca de 1991 – mas só para os curdos do Iraque, por estes serem contra Sadam Hussein (nesse ano os Estados Unidos declararam que o Norte do Iraque era uma “no-fly zone” na qual os aviões do Iraque não podiam voar). Actualmente a situação melhorou ainda mais para os curdos – por estes estarem a combater os tais islamitas do ESIL – que passaram inclusive a receber armas das nações ocidentais.

A UCRÂNIAOutro caso curioso é o da Ucrânia. A Rússia é acusada pelo Ocidente de estar a intervir na Ucrânia (o que tem visos de verdade), por estar a apoiar as forces separatistas no leste do país e ter procedido à anexação da Crimeia. Mas acusar a Rússia de intervir num país, para mais vizinho e em que a maioria de população é russa - é pelo menos estranho vindo de quem não se cansa de intervir em países com os quais nada tem a ver (embora um erro não cubra outro).

A intervenção do governo de Kiev na zona separatista no Oriente do país provocou muitos milhares de refugiados. Entretanto estes não tiveram o apoio da comunidade internacional – ao contrário dos refugiados dao Kosovo, como recordaremos à frente.

Outra nota é que a intervenção da Rús-sia na Crimeia não causou mortos – mas provocou muito mais “alarido” que a inter-venção deste país na Tchéchénia – a qual, não contando as vítimas militares, causou 25 mil mortos entre a população civil, e a quase destruição da capital desse país, a cidade de Grozny.

O KOSOVOO Kosovo era um território tradicionalmente sérvio mas em que a população desta etnia (cristãos ortodoxos) havia sido substituída, progressivamente, por albanezes (muçulma-nos). Aproveitando o desmanlar da antiga Ju-goslávia os kosovares revoltaram-se contra o governo sérvio. Para proteger a população civil kosovar a Nato declarou em Março de 1999 guerra à Sérvia, bombardeando com ajuda da aviação massivamente o país, que se acabou por ter de se render em Junho desse ano. Estes refugiados tiveram assim mais sorte que os do leste da Ucrânia. Em 2007 os Kosovares proclamaram a independência.

AS ELEIÇÕESAs eleições são outro dos cavalos de batalha das nações ocidentais. Para cumprir – ex-cepto às vezes. Como quando foi o caso das eleições na Argélia, que em 1991 tinham dado, na primeira volta, a vitória a um Partido muçulmano, a FIS (Frente Islâmica de Salvação). O partido no poder (FLN), apoiado pelo Exército, cancelou a segunda volta das eleições, expulsou o presidente da República e prendeu milhares de apoiantes da Frente Islâmica; a situação complicou-se pois os islamitas reagiram, iniciando uma guerra civil da qual resultaram cerca de 100

mil mortos. Só que neste caso o governo “ti-nha razão”, ou os islamitas eram “maus”, e por isso os Estados Unidos não impuseram nenhuma “no-fly zone”.

Idêntica situação se verificou no Egipto, em que o Partido vencedor de umas eleições, a Irmandade Muçulmana, foi retirado do poder em 2013 por um golpe de Estado. Os membros desse partido foram mortos ou presos, e a Ir-mandade considerada também “organização terrorista” - sem nenhum sobressalto de maior da comunidade internacional.

A CARTA DAS NAÇÕES UNIDASCansados e feridos por 2 guerras sangrentas – a 1ª e a 2ª Guerras Mundiais – os homens resolveram, para evitar novas guerras, crier uma Organização das Nações Unidas. O nome já dizia muito; mas, como qualquer organização, esta só teria razão de ser se antes do mais fossem enunciados os seus princípios/finalidades, sendo estes:

- tomar medidas colectivas eficazes para prevenir e afastar ameaças à paz reprimir os actos de agressão, ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos, e em conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajustamento ou solução das controvérsias ou situações internacionais que possam levar a uma perturbação da paz;Estes desideratos deveriam ser as-sentos em princípios - o princípio da igualdade de direitos entre os Estados; O princípio da autodeterminação dos povos, O princípio do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades funda-mentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.Esta declaração foi assinada em São Francisco a 26 de Junho de 1945. To-das as nações do Mundo a assinaram.

Assim a real-politik constitui um retrocesso civilizacional, que pretende fazer regredir a uma era pré-lógica as relações entre Estados.

Mas mais do que isso – ao atacar as bases da lógica, ataca um dos esteios da Humanidade. De facto o homem procura em todos os casos investigar, perceber o mundo, estabelecer leis, causas e consequências - a melhor maneira de deseducar uma criança é expô-la a ordens contraditórias e erráticas. Ao adoptarmos a “real politik” estamos também a fazer (ou tentar) regredir a Humanidade.

1-Por isso o rei David, quando quis eliminar Urias, o esposo de uma mulher que cobiçava, não o matou, mas enviou-o, propositadamente, a uma zona de combates – onde Urias viria de facto a ser morto. Também José, que viria a ser primeiro-ministro do Egipto por ter sabido interpretar o célebre sonho das sete vacas gordos e das sete vacas magras, salvando assim os egípcios da fome, havia sido primeiro metido numa cova para morrer, tendo um irmão mais mesericordioso convencido os irmãos a vendê-lo como escravo; mas o certo é que os irmãos não se haviam atrevido a matá-lo.

Assim a real-politik constitui um retrocesso civilizacional, que pretende fazer regredir a uma era pré-lógica as relações entre Estados

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hoje macau terça-feira 21.10.2014

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O FESTIVAL da Lusofonia é uma vergonha para as comuni-dades lusófonas de Macau. Não condeno os que trabalham para o realizar, mas sim uma existência de arraial que mostra aos outros uma versão lúdica e pateta da vida. Ora, não foi isto que os lusos trouxeram até à China, nem é isso que somos. Contudo, dá muito jeito aos que denigrem a nossa presença na RAEM mostrarmo--nos desta maneira insignificante e palerma. Será que estes países represen-tados não podiam aproveitar a ocasião para uma demonstração de digna de cultura, ciência e diferença? De reflexão sobre a sua presença em Macau? Quem sabe para colocar um pouco os pontos nos is sobre o que aqui andamos a fazer e como aqui fazemos parte da identidade da RAEM?Não me lembro de uma exposição sobre outros valores que não sejam apanhar umas bebedeiras com caipirinhas (aliás com a pior cachaça do mundo, que no Brasil serve para alimentar automóveis – a 51), cumprimentar os mesmos e ver passar uns chineses. O mundo que fala português é muito mais do que isso. É Sa-ramago, António Damásio, Mia Couto e Jorge Amado. É Pessoa, Ondjaki, António Vieira e Chico Buarque. Como é o Direito que enforma esta terra e que muitos querem exterminar. Como é a língua que realmente exprime Macau internacionalmente e é aqui constantemente aviltada. São os valores como a abolição da pena de morte no século XIX e a democracia em 1974. Onde está tudo isto? No gargalo de uma Super Bock? No açúcar de uma caipirinha manhosa?Não brinquem e não deixem que brinquem convosco. O IACM adora festas sem significado, sem sentido. Muito barulho para nada, tipo desfile latino(!). E a gente come, come, a gente ri e ri, a gente dança e dança e esquece-se de quem aqui nos aguenta desde sempre e da seriedade da nossa posição que se esvai a cada gole.Fazemos de palhaços e ainda por cima gostamos. Depois, quando chega a hora de trabalhar, queixa-mo-nos de que não somos levados a sério. Pudera! Quem levaria a sério comunidades de foliões que não demonstram o mínimo respeito pela sua própria cultura no momento de a apresentar?

A perigosa brincadeira

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L I G U E - S E • PA R T I L H E • V I C I E - S E

POR CARLOS MORAIS JOSÉ

www.hojemacau.

com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

O NOVO presidente indonésio Joko Widodo (segundo à direita), desfila com o vice-presidente, Jusuf Kalla, acenando aos apoiantes numa das principais ruas de Jacarta. Widodo pediu aos cidadãos para se unirem e trabalharem juntos. Assegura que pretende tornar a Indonésia “política e economicamente independente”, mas admite que há um trabalho duro pela frente.

DIÁRIO 19DE BORDO

EPA/

ADI W

EDA

A vida não são dois dias. São três e o pior é não saber o que fazer com terceiro. Até o cristianismo ficou algo perturbado com o terceiro incluído. Não vá a gente começar a pensar e destruir a pomba altaneira nas Ruínas de São Paulo. Aliás, onde vivemos nós todos? Não será nas ruínas do que pregou São Paulo? Sairei para a rua, de lanterna alta, à procura de um cristão. Não encontro nenhum. Não faz mal, antes nada que um general, no sentido de generalista. Sobra a crista que anda murcha. Faz uma selfie, pequena, faz uma selfie, que nesse gesto matas um mundo e o mundo precisa de mortos para viver. Não vá realmente morrer de tédio nos pixéis das vossas fotografias.

mauspensamen t o s

“Concordo que seria bom que todos os assentos fossem eleitos directamente, mas, no contexto actual, temos assentos nomeados e não podemos ter sufrágio universal imediatamente.”HO IAT SENG• Presidente da Assembleia Legislativa sobre os deputados no hemiciclo

“Acho que ninguém vai aguentar mais dois anos de irregularidades nos serviços de táxis.”LENG SAAI VAI• Vice-presidente da AssociaçãoGeral dos Comerciantes de Trânsitoe Transporte de Macau

“A Universidade[de Macau] começou um processo com base numa carta anónima que me acusa de utilizar notas dos trabalhos académicos para atrair os alunos para actividades políticas. Também sou acusado de ter dados notas com base nas orientações políticas e essas acusações não são verdadeiras.”• BILL CHOUSobre a sua saída da UM

“Espero que, num futuro próximo, as estatísticas e análises,[...] possam provar que realmente precisamos de os importar [motoristas]. Aí, o Governo poderia

criar uma estratégia para resolver a severa falta de recursos humanos nesta área”Vong Kok Seng, vice-presidente da Associação Comercial de Macau | P. 7

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cartoonpor Stephff

LENTIDÃO

hoje macau terça-feira 21.10.2014

O negociante de jóias Savjibaha Dho-lakia, de Surat, na região oeste da Ín-

dia, presenteou no sábado 1.200 trabalhadores com apartamentos, carros e jóias como recompensa pelo trabalho na empresa, numa cerimónia pública.

“Nós recompensamos aque-les trabalhadores que contribuí-ram para o desenvolvimento da companhia ao longo dos anos”, disse ontem à AFP Dholakia, pre-sidente da empresa Hari Krishna Exportações.

Os presentes, que abrangeram as mulheres dos trabalhadores, fazem parte do programa de lealdade da empresa de Savjibhai Dholakia e valeram um total de 50 mil milhões de rupias (638,7 milhões de euros).

“Eles sacrificaram a vida das suas famílias pelo progresso da firma e portanto, merecem a recompensa”, disse Dholakia.

DIA DE FESTAAs recompensas foram entregues durante o festival das Luzes,

EPM Universidade dos Açores forma professores locais

U M grupo de professores da Escola Portuguesa de

Macau (EPM) candidatou-se à pós-graduação em Filosofia para crianças da Universida-de dos Açores, a única que actualmente é ministrada em Portugal, anunciou ontem a coordenadora do curso.

“Tanto quanto sei são pro-fessores de português. Não são todos do mesmo nível de ensino. Já desenvolvem algumas acti-vidades, mas que queriam ter uma formação mais específica na filosofia para crianças e, ao mesmo tempo, um acompanha-mento daquilo que vão fazen-do”, afirmou Magda Carvalho, em declarações à Lusa.

A Escola Portuguesa de Ma-cau (EPM), fundada em 1998, é actualmente o único estabe-lecimento de ensino na região administrativa sobre domínio chinês que ensina português a alunos do 1.º ao 12.º ano.

Segundo disse Magda Car-valho, quando o grupo de pro-fessores de Macau contactou a academia açoriana já tinham terminado a duas fases de can-didatura, mas dado o interesse, a reitoria decidiu abrir uma ter-ceira fase, cujo prazo terminou a 17 de Outubro.

Dos seis professores que manifestaram interesse por frequentar o curso, candida-taram-se cinco.

A coordenadora do curso explicou que as actividades lectivas decorrem “através de uma plataforma virtual”, o que permite que alunos de vários pontos do país e do mundo participem nas aulas, em tempo real, recorrendo apenas a um computador com internet.

Magda Carvalho disse que, neste momento, a Universidade dos Açores é a única instituição de ensino superior em Portugal que lecciona uma pós-gradua-ção em Filosofia para crianças, sendo igualmente pioneira na investigação científica nesta área de conhecimento.

Indonésia Joko Widodo toma posse como Presidente Joko Widodo, primeiro líder indonésio sem laços com o regime de Suharto, tomou ontem posse como Presidente da República, com uma agenda de reformas a realizar no maior país muçulmano do mundo. Jokowi, como é conhecido popularmente, assume a presidência da Indonésia depois de uma fulgurante carreira política iniciada em 2005 como governador e impulsionada pelo seu estilo próximo dos cidadãos, junto dos quais tem uma imagem de líder honesto e eficiente, escreve a agência Efe. O novo chefe de Estado vai enfrentar o desafio perante um Parlamento controlado maioritariamente pela oposição, agrupada numa coligação liderada pelo candidato vencido nas eleições presidenciais, Prabowo Subianto, antigo general e com ligações a Suharto.

Ébola Médica norueguesa infectada está curadaA médica norueguesa que ficou infectada com o vírus do Ébola numa missão na Serra Leoa está curada, anunciou ontem a Médicos Sem Fronteiras (MSF) da Noruega, organização para a qual a profissional de saúde trabalha. “Estamos muito felizes por saber que a nossa colega está curada”, declarou o porta-voz da MSF Noruega, Jonas Haagensen, à agência France Presse. Um pouco antes, o hospital universitário de Oslo tinha informado que a paciente ia sair de uma unidade especial de isolamento onde esteve confinada desde o seu repatriamento da Serra Leoa a 7 de Outubro. “É uma notícia muito boa”, indicou Haagensen, que disse falar com o acordo da médica, mas escusando-se a dar mais pormenores. A Serra Leoa, como a Guiné-Conacri e a Libéria, é um dos países mais afectados pelo Ébola, que matou desde o início do ano 4.500 pessoas entre mais de 9.200 infectados, segundo a Organização Mundial de Saúde.

ÍNDIA TRABALHADORES PREMIADOS COM CARROS, CASAS E JÓIAS

O bom patrão de Surat

Diwali, durante o qual a maior parte dos empregados recebe algum tipo de presente dos seus patrões, normalmente, caixas de doces indianos.

Os prémios do programa de lealdade de Dholakia, no qual os empregados ganham pontos em 25 critérios há cinco anos,

alcançaram, este ano, níveis mais altos.

“Demos apartamentos a 207 empregados, carros a 491 e jóias a 500”, anunciou Dholakia.

“Os apartamentos foram dados a quem não tinha casa pró-pria”, acrescentou o presidente da empresa, enquanto os carros foram dados aos trabalhadores que já tinham casa.

As jóias, no valor máximo de 4.588 euros, foram dadas a alguns empregados como presente para as suas esposas porque, como disse Dholakia, os cônjuges “também contribuíram, indirectamente, para o progresso da firma”.

Guarav Duggal, empregado, disse que os últimos dois anos na empresa foram “indescritíveis”.

“As jóias que me deram, não só são de valor incalculável, como mostram o sentimento que a empresa tem em relação a mim e aos outros empregados”, disse Duggal ao canal NDTV.

A empresa Hari Krishna Exportações exporta diamantes para 15 países.

Em vez dos habituais doces distribuídos duranteo Festival das Luzes, os trabalhadores da empresa Hari Krishna foram recompensados com bens mais valiosospelo seu desempenho e lealdade

“Eles sacrificaram a vida das suas famílias pelo progresso da firma e portanto, merecem a recompensa. (...) Demos apartamentos a 207 empregados, carros a 491 e jóias a 500”SAVJIBAHA DHOLAKIA Presidente da empresa Hari Krishna Exportações