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HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
As trajetórias das políticas públicas de saúde no Brasil começam ainda no
ano de 1900, quando a abolição dos escravos, ocorrida dois anos antes, serviu de
passaporte para a entrada dos imigrantes, que assumiam o papel dos escravos na
colheita do café, principal produto exportado pelo país, e assim, também a
principal fonte de renda do mesmo. As cidades de Santos/SP e Rio de Janeiro/RJ
eram as principais portas de entrada desses imigrantes e a de saída para o café
através de seus portos.
A chegada de novos povos, a migração dos escravos para as cidades e a
população que já residia nela compartilhavam agora organismos novos dos quais
ainda não possuíam resistência, e com isso, ocorreu o aparecimento das grandes
epidemias que assombravam a população da época e manchavam a imagem do
País lá fora.
Tentando minimizar os efeitos desse choque de culturas e assim garantir
uma boa imagem para o Café que era exportado, no Brasil, surge à primeira
política pública de saúde, O Sanitarista Campanhista, que como o nome já diz, era
uma política voltada à proteção do campos e portos para a garantia da exportação
de seu principal produto que era o café.
O Sanitarista Campanhista fica marcado na história por seu modelo
autoritário e militarista de suas ações como a fiscalização dos portos, o poder de
polícia dado aos agentes de saúde, que na maioria das vezes usava da força para
intervir no processo saúde-doença da população, e também, pelas campanhas de
vacinação em massa desenvolvidas por Oswaldo Cruz, que adotavam o modelo
autoritário das ações dos agentes de saúde para as campanhas de vacinação, o
que na época gerou o movimento denominado de Revolta da Vacina, ocorrido em
1904 (confronto entre populares que não queria tomar a vacina, versos os agentes
com poder de polícia que usavam da força para vacinar a população).
A partir dos anos 30, começa o processo de industrialização dos grandes
centros, a produção vai aos poucos deixando de ser exclusivamente agrícola e
passa a ser industrial, com isso, mais imigrantes chegam ao país além do crescente
êxodo rural. Na época os operários Brasileiros não tinham qualquer tipo de direito
trabalhista, o que só foi mudado graças à chegada dos imigrantes que vinham
trabalhar aqui, com uma história de conquistas no movimento Europeu, os
imigrantes (principalmente os Italianos) organizaram o movimento trabalhista no
país, desse movimento, sugiram conquistas como as Caixas de Aposentadoria e
Pensões (CAPs).
Com o aumento dos grandes centros industriais, para o Governo, não era
mais possível cuidar das massas, mas sim, manter a capacidade de produção dos
trabalhadores o que junto ao movimento trabalhista culminou com a criação do
Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS). Entra
em ação a segunda política de saúde pública do país, O Médico-Assistencial
Privatista, que se apresenta como uma assistência meramente curativa e voltada
apenas para os trabalhadores que pagavam por ela, caracterizando a
universalização excludente, também existente no período do Sanitarista
Campanhista.
Com o tempo, a ineficácia do atendimento voltado apenas à doença,
reabriu as discussões sobre a promoção da saúde que ganharam o reforço das
Universidades e conselhos formados por profissionais da saúde, as discussões
caminharam para a criação de uma nova política, essa voltada a atender de forma
Universal e levando em consideração o meio social do indivíduo como maneira de
se intervir no processo saúde-doença do mesmo.
Em 1986 com a 8º Conferência Nacional de Saúde, surge o movimento da
Reforma Sanitária que traz como principais propostas a unificação dos serviços de
saúde, o acesso universal, saúde como direito de todos e dever do estado e a
regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde. É desse processo
que nasce o SUS com as leis 8.080 e 8.141 de 1990 que visam implantar esse
modelo que abrange não só a visão biológica do ser, mas também a social e
cultural, propondo um acesso universal e participativo.
Hoje a saúde não é mais autoritária como era no Sanitarista Campanhista,
nem excludente como era no Médico-Assistencial Privatista. Saúde hoje deve ser
promovida com conscientização e participação popular.
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Questões de Saúde Pública
1) Complete a frase:
A _________________________________________ ocorrida em março de 1986, contou com a participação de diversos setores organizados da sociedade e, nela, houve um consenso de que, para o setor da saúde no Brasil, não era suficiente uma mera reforma administrativa e financeira, mas sim uma mudança em todo o arcabouço jurídico-institucional vigente, que contemplasse a ampliação do conceito de saúde segundo os preceitos da reforma sanitária.
2) Quais eram os dois primeiros períodos sanitaristas brasileiro?
3) O que caracterizou o período Sanitarista Campanhista?
3) No início do século XX, o sanitarismo campanhista visava, principalmente: (A) sanear os espaços de circulação das mercadorias exportáveis. (B) organizar os serviços públicos e descentralizar as ações de saúde coletiva. (C) implantar redes temáticas de atenção em saúde. (D) intensificar ações voltadas para a saúde do trabalhador. (E) monitorar a qualidade de bens de consumo de interesse à saúde.
4) O que é a Tripanossomíase americana?
5) Qual foi o médico brasileiro que se destacou pelos seus estudos sobre a
Tripanossomíase americana?
6) O Instituto soroterápico de Manguinhos foi construído com o propósito de
termos no Brasil uma casa de ciência que fosse capaz de produzir vacinas. Seu
idealizador foi o médico sanitarista:
7) No período da República Velha forma criadas as Caixas de Aposentadorias e
Pensão (CAPs) voltadas apenas para os _____________________________
enquanto o restante da população ficava dependente da filantropia.
8) Na Era Vargas as CAPs são transformadas em _________ administrados por
categorias profissionais e não mais por empresas.
9) INPS, INAMPS e DATAPREV foram criados durante o período do ____________.
10) Quais eram as funções do INPS e do INAMPS?
11) O Sistema Único de Saúde (SUS) surge em 1988 com a promulgação da:
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, também chamada de “Lei Orgânica da Saúde”, é a tradução prática do princípio constitucional da saúde como direito de todos e dever do Estado e estabelece, no seu artigo 7º, que “as ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal”, obedecendo ainda aos seguintes princípios:
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;
VIII - participação da comunidade;
IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;
X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população;
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.
O SUS é a expressão mais acabada do esforço do nosso país de garantir o acesso universal de seus cidadãos aos cuidados em saúde que necessitam para ter uma vida mais longa, produtiva e feliz. Embora saibamos que os bons indicadores de saúde dependem de um conjunto de políticas econômicas e sociais mais amplas (emprego, moradia, saneamento, boa alimentação, educação, segurança etc.), é inquestionável a importância de uma política de saúde que, para além da universalidade, garanta a equidade, a integralidade e a qualidade do cuidado em saúde prestado aos seus cidadãos. Todos os investimentos e esforços visando à implantação da Estratégia Saúde da Família (ESF) do nosso país – inclusive este curso do qual você está participando – só podem ser entendidos no contexto da consolidação do SUS e da extensão dos seus benefícios para milhões de brasileiros.
Apesar dos seus inegáveis avanços, a construção do SUS encontra vários entraves, entre os quais dois se destacam, porque eles impactam diretamente no trabalho dos membros de uma equipe de Saúde da Família: a) o subfinanciamento; b) as insuficiências da gestão local do SUS.
O subfinanciamento, isto é, os recursos destinados à operacionalização e ao financiamento do SUS, fica muito aquém de suas necessidades. Tal insuficiência é sentida, principalmente, quando há necessidade de se acessar os outros níveis de maior complexidade do sistema, cuja oferta parece sempre aquém das demandas.
A gestão municipal dos recursos do SUS vem funcionando apenas em parte – sem desconsiderar que os recursos para o SUS são insuficientes. A gestão municipal é idealizada pelo projeto da Reforma Sanitária Brasileira como mais eficaz, porque “estaria mais próxima dos cidadãos” e mais sensível aos seus anseios. O SUS denomina como “gestão local” o conjunto de atividades desenvolvidas pelos gestores municipais, visando à operacionalização, na prática e em seus contextos sociopolítico-institucionais singulares, das grandes diretrizes políticas do Sistema Único de Saúde.
Os principais problemas na gestão local do SUS são:
- A baixa resolutividade da rede básica de serviços - Deficiência na formação dos profissionais de saúde - Deficiência na gestão dos sistemas locorregionais de saúde.
O SUS depende da atuação concreta de milhares de trabalhadores das equipes da ESF espalhadas por todo o país, para que suas possibilidades de defesa da vida tornem-se realidade para milhões de brasileiros.
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Questões sobre o SUS
01. A Política de Saúde no Brasil foi profundamente alterada com a Reforma Sanitária e o advento da Nova República. A Constituição de 1988 assegura que existem diretrizes básicas de estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS), estando entre elas: A) Atendimento integral e descentralização; B) Rede regionalizada e atendimento individual; C) Centralização e participação da comunidade; D) Atendimento humanizado e departamentalização; E) Participação da comunidade e atendimento especializado.
02. O art. 198, § 3º, da Constituição vigente trata do financiamento da seguridade social, afirmando que uma lei complementar deverá ser reavaliada a cada 5 (cinco) anos, estabelecendo:
I. Os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;
II. As normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde, aplicadas somente às esferas estadual e municipal;
III. A inserção e atuação dos agentes de saúde no SUS.
Podemos afirmar que:
A) Apenas a I é verdadeira; B) Somente a II é verdadeira; C) As alternativas II e III são as únicas verdadeiras; D) Correspondem como verdadeiras as alternativas I e III; E) Todas são verdadeiras.
03. A Lei Orgânica da Saúde, lei 8080/1990, em seu artigo 7º estabelece quais são os princípios e diretrizes do SUS. Os incisos I ao XIII definem claramente quais são os pilares de sustentação da Política de Saúde Brasileira, NÃO incluindo entre esse conjunto de elementos constitutivos:
A) Ênfase na descentralização dos serviços para os municípios. B) Utilização de critérios demográficos para cálculo de valores do repasse
de recursos financeiros. C) Regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde na esfera
federal. D) Integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e
contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema
E) Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática.
04. De acordo com a Lei nº 8080/90 (LOS), analise as proposições abaixo.
I. Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.
II. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e assistencialistas que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso da população carente às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
III. Não é permitida a participação da iniciativa privada no SUS.
É CORRETO o que se afirma em:
A) I e II apenas B) II apenas C) I apenas D) III apenas E) I, II e III
05. No setor saúde, com o processo de Reforma Sanitária, foi garantida na legislação de base do SUS, uma série de regras que permitissem espaços de compartilhamento das decisões e de acompanhamento da Política de Saúde. Entende-se por controle social, a participação da sociedade civil no planejamento, programação, monitoramento, controle e avaliação das ações e serviços. Apesar de existirem interesses contrários a esse exercício de poder, é um princípio garantido pela Constituição Federal e regulamentado, especialmente, pela seguinte norma jurídica pós-constituição de 1988:
A) Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990, O Código de Defesa do Consumidor.
B) Lei nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990, que dispõe sobre as transferências financeiras e a participação na Gestão do SUS.
C) Lei nº 8.529 de 14 de dezembro de 1992, a Lei Orgânica da Previdência Social - LOPS.
D) Lei Complementar nº 101 de 04 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF).
E) Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, versando sobre a organização e
funcionam.
CONCEITOS BÁSICOS EM EPIDEMIOLOGIA
A epidemiologia é definida como “o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde” (LAST, 1998).
Assim, trata-se de uma disciplina fundamental no campo da saúde pública voltada para a compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações (sociedades, coletividades, comunidades, classes sociais, grupos específicos etc.). Sua abordagem voltada a populações a difere da clínica, que estuda o mesmo processo, entretanto, em indivíduos.
O conceito de epidemiologia evidencia sua abrangência e possibilidades de uso na saúde pública, sobretudo, no que se refere ao seu papel no desenvolvimento de estratégias de promoção e proteção à saúde, sendo fundamental para a formulação de políticas de saúde. Nesse contexto, a epidemiologia não é apenas uma disciplina teórica, mas também essencialmente prática. Sobre essas duas fases da epidemiologia e suas consequências, Barreto (2002, p.6) comenta: “Temos uma epidemiologia simultaneamente como disciplina científica (que estuda a saúde, a doença e os seus determinantes) e como campo profissional da saúde coletiva (que produz e analisa informações, desenvolve tecnologias e estratégias de prevenção).
No primeiro espaço, elaboram-se teorias, desenham-se estudos, dados são coletados e analisados, produzem-se conhecimentos. No segundo espaço, a partir do anterior, produzem-se informações e redefinem-se os conhecimentos, delineiam-se estratégias, concretizam-se ações. No primeiro, os erros são de ordem teórica e metodológica e a sua correção faz parte do processo normal da ciência. No segundo, os erros significam vidas, doenças, sofrimentos, ou ainda custos sociais, econômicos ou políticos.” Como ferramentas de atuação da epidemiologia daremos destaque nesse livro aos indicadores de saúde e sistemas de informação em saúde (SIS). Por meio dos indicadores de saúde a epidemiologia estuda e monitora aspectos relacionados à saúde, sobretudo, a partir da ausência de saúde na forma de doenças e agravos. Os sistemas de informação em saúde 14 reúnem um conjunto de dados e informações que serão fundamentais ao planejamento, aperfeiçoamento e tomada de decisão em toda a extensão do sistema de saúde.
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Questões sobre Epidemiologia
RISCO RELATIVO
O enfoque de risco se baseia na observação de que nem todos têm a mesma probabilidade (risco) de padecer um dano, mas que para alguns este risco (probabilidade) é maior do que para outros. Esta diferença gera um gradiente de necessidade de cuidados, que vai deste um mínimo para os indivíduos de baixo risco a um máximo para aqueles de alto risco (alta probabilidade de padecer o dano na sua saúde no futuro).
I - Conceito de Risco
Conceituamos risco como probabilidade que tem um indivíduo ou grupo de
indivíduos de apresentar no futuro um dano em sua saúde.
O conceito de risco é probabilístico e não determinista. A primeira característica
do risco é que é incerto. Veja: RN (Recém-nascido) com peso entre 500 - 1500g tem maior
probabilidade de morrer (na Unidade de Neonatologia do HRAS: 19,58 - ano 2000), mas muito
deles não morrem. Não se fala de risco de morrer nos que apresentam peso menor que 500g,
pois a mortalidade neste grupo é de 1000/mil nascidos vivos. Assim, risco é uma medida que
reflete a probabilidade de que ocorra um dano a saúde.
II - Grau de Risco
O grau de risco (alto, baixo) mede, antes da ocorrência do dano, a probabilidade
de que o dano ocorra no futuro. Dano aqui se refere a um resultado não desejando e não deve
ser confundido com o risco; enquanto o dano em um RN seria a sua morte no período neonatal
ou sequelas neurológicas consecutivas à asfixia, o risco é a probabilidade de que o dano venha
ocorrer neste RN, medindo-o como um gradiente que vai de risco alto a baixo risco de morte
neonatal ou de seqüelas neurológicas, neste exemplo.
O risco de que um evento ocorra (ou de que um resultado não desejado
aconteça, ou seja, o dano) varia de uma probabilidade zero (ou seja, de que nunca ocorra) a
uma probabilidade uma (ou seja, de ocorrem em todas as pessoas). Quanto mais se aproxima
do zero, se tratará de baixo risco de ocorrência do dano e tanto quanto se aproxima a um, se
tratará de alto risco para este dano.
Como já enfatizado inicialmente, o risco se refere a uma probabilidade: quando
se diz que uma gestante é de Alto Risco por apresentar desnutrição e anemia e além do mais, é
menor que 15 anos e é mãe solteira, estamos mencionando que ela tem uma probabilidade
maior que outras gestantes de ter problemas de saúde no futuro, seja para ela mesma, para o
feto ou para o RN. Não temos certeza de que isto vai ocorrer, mas sabemos que a probabilidade
(risco) de que venha a parecer algum determinado dano ou problema de saúde é maior para
ela (Alto Risco) do que seria para uma mulher grávida que não apresenta estas características
(baixo risco).
Assim, a importância de graduar o risco é para que se possa programar atenção
segundo o enfoque de risco, priorizando o grupo, dentro da população de maior necessidade.
O esquema abaixo resume.
Exemplo 1:
Dano
- Baixo peso
Fatores de Risco
- Pobreza, analfabetismo da mãe, desnutrição, baixa estatura e doenças intercorrentes
Exemplo 2:
Dano
- Morte Perinatal
Fatores de Risco
- Hipertensão, idade avançada da mãe, baixo peso, ausência de pré- natal
O mesmo fator de risco em um determinado caso, segundo seja o objetivo,
pode ser qualificado como dano por outro profissional de saúde com propósitos diferentes.
O Obstetra considera o baixo peso ao nascer como um dano que se pode
prevenir com o controle pré-natal e com o seguimento da gravidez de alto risco. Para o
Neonatologista, o baixo peso ao nascer é um fator de risco para a asfixia, desconforto
respiratório, hipoglicemia, hemorragia intracraniana, etc.
III - Risco Relativo
O fato de existir uma diferença de frequência do dano entre os expostos e os não
expostos ao fator de risco indica uma associação de fator, com o dano, sempre que esta
diferença não seja facilmente atribuível ao azar (significância estatística).
Risco Relativo (RR): é a relação do quociente entre o risco de ter um dano nos
que estão expostos ao(s) fator(es) de risco em estudo, comparado com o risco dos que não
estão. Mede o excesso de risco para um dado dano nos indivíduos expostos ao fator de risco,
comparado com os que não estão expostos.
Para facilitar o cálculo:
RR = a / a+b c /c+d
RR = Incidência do dano nos que tem o fator (p1 = a/a+b)
Incidência do dano entre os que não têm fator (p2 = c/c+d)
Cálculo do risco em estudo: baixo peso
→ população total estudada: 6.373 bebês → mortes perinatais observadas: 211 bebês → % da população com fator baixo peso: 11,36% (11,36% de 6.373 = 724 bebês) → % de mortes perinatais com o fator baixo peso: 71% (71% de 211 = 150 bebês) Hipótese a ser examinada: o risco de morte perinatal é maior nos produtos com peso menor
que 2500g de que nos produtos com peso maior que 2500g.
Apresentação dos dados:
Observem os quadrinhos a, b, c, d, a+b, a+c, b+d, c+d e n;
a: presença do fator e o dano: verdadeiros positivos → (150 produtos de baixo peso e com morte perinatal).
Fator
Patologia
Sim Não Total
Sim a b a+b
Não c d c+d
Total a+c b+d n = (a+b+c+d)
Fator
(Baixo Peso)
Patologia (Morte Perinatal)
(
Sim Não Total
Sim 150 (a) 574 (b) 724 (a+b)
Não 61 (c) 5588 (d) 5649 (c+d)
Total 211 (a+c) 6162 (b+d) 6373 (n)
b: presença do fator sem o dano: falsos positivos → (574 produtos de baixo peso sem morte perinatal).
c: ausência do fator com o dano: falsos negativos → (61 produtos com peso maior ou igual a 2500g com morte perinatal).
d: ausência do fator sem o dano: verdadeiros negativos → (5.588 produtos com peso maior ou igual a 2500g sem morte perinatal).
➔ a+b: total exposto ao fator de risco (724 produtos com baixo peso)
➔ c+d: total de não expostos ao fator de risco (5.649 produtos com peso maior ou igual a 2500g)
➔ a+c: total dos produtos com dano (211)
➔ b+d: total dos produtos sem dano (6.162)
➔ a+b+c+d (n): tamanho da amostra estudada (6.373)
Cálculo do Risco Relativo:
RR = a/a+b, ou seja, p1
c/c+d p2
RR = 150/724 = 19,18644145 vezes 61/5.649
Leitura dos resultados:
O risco de morte perinatal de um produto de baixo peso
excede 19,1864 vezes a de um produto de peso maior ou igual a 2500g.
DOENÇAS CAUSADAS POR CARÊNCIA DE VITAMINAS
As vitaminas são substâncias de natureza química variável que apresentam várias funções e são classificadas de acordo com a solubilidade em hidrossolúveis e lipossolúveis.
As primeiras quando ingeridas em altas doses não provocam distúrbios já que seu excesso é eliminado na urina. As lipossolúveis já são metabolizadas no fígado e quando ingeridas em altas doses ficam retidas no organismo podendo causar distúrbios.
Vitaminas Lipossolúveis
NOME CARÊNCIA
A Axeroftol Xeroftalmia, cegueira noturna
D Calciferol Raquitismo em criança
E Tocoferol Esterilidade
K Filoquinona Hemorragia
Vitaminas Hidrossolúveis
NOME CARÊNCIA
B1 Tiamina Beribéri
B2 Riboflavina Distúrbios no crescimento
B6 Piridoxina Acrodinia
B12 Cobalamina Anemia
H Biotina Dermatite
P Rutina Fragilidade capilar
PP Niacina Pelagra
C Ácido Ascórbico Escorbuto
Cálculo do Risco Relativo em Pesquisas Nutricionais
Enfermidade Coronária Sadios TOTAL
Alta Ingestão Calórica 21 6 27
Baixa Ingestão Calórica 22 51 73
TOTAL 43 57 100
Risco Relativo = 2,5808 vezes
Xeroftalmia Sadios TOTAL
Deficiência Vitamina A 288 350 638
Dieta Balanceada 145 780 925
TOTAL 433 1130 1563
Risco Relativo = 2,8796 vezes
Raquitismo Sadios TOTAL
Deficiência Calciferol 45 23 68
Dieta Balanceada 10 80 90
TOTAL 55 103 158
Risco Relativo = 5,955882 vezes
Distúrbio Crescimento Sadios TOTAL
Deficiência Riboflavina 147 34 181
Dieta Balanceada 64 222 286
TOTAL 211 256 467
Risco Relativo = 3,6293 vezes
Presença de Dermatites Sadios TOTAL
Deficiência Biotina 234 35 269
Dieta Balanceada 75 222 297
TOTAL 309 257 566
Risco Relativo = 3,444758 vezes
Pelagra Sadios TOTAL
Deficiência Niacina 89 94 183
Dieta Balanceada 24 229 253
TOTAL 113 323 436
Risco Relativo = 5,126821 vezes
Escorbuto Sadios TOTAL
Deficiência Vitamina C 33 44 77
Dieta Balanceada 3 88 91
TOTAL 36 132 168
Risco Relativo = 13 vezes
Anemia Sadios TOTAL
Deficiência Vitam. B12 253 255 508
Dieta Balanceada 33 983 1016
TOTAL 286 1238 1524
Risco Relativo = 15,3333 vezes
A EPIDEMIOLOGIA SOCIAL
Há 2.500 anos, o médico grego Hipócrates explicava o processo saúde-doença por meio do que ele chamou de Teoria dos Miasmas, que dizia que as doenças são transmitidas pelo ar, águas e outros locais insalubres. Hipócrates foi o primeiro a dar uma explicação racional para as doenças e não considerá-las como um fenômeno sobrenatural. Para se entender as doenças, deve-se considerar o modo de vida das populações. E foi o primeiro a usar a palavra epidemia para diferenciar as doenças epidêmicas, que nos visitam, das endêmicas, que têm um curso longo de duração.
Nos séculos 17 e 18, foram iniciados os primeiros estudos de epidemiologia na Inglaterra com John Graunt, que fez um estudo sobre a morte dos trabalhadores das minas. Esse trabalho ainda não tinha a intenção de reverter o processo social que colocava esses trabalhadores em desigualdade em relação aos outros, mas apenas de coletar dados estatísticos.
A partir do século 19, surgiu a Teoria Unicausal, pois os miasmas não explicavam mais a ocorrência de certas doenças. Os miasmas já não eram mais os responsáveis pela produção da doença, existia uma causa que estava presente na sociedade. Diversos pesquisadores fizeram estudos sobre a relação entre mortalidade e situação socioeconômica, pobreza e condições de saúde, além de ter sido criada a classificação de doenças e as leis epidemiológicas. Destaca-se que um dos estudos mais importantes da época foi do médico John Snow, considerado o pai da epidemiologia, que fez uma pesquisa de campo sobre a epidemia de cólera em Londres. Na mesma época, Louis Pasteur, considerado o pai da bacteriologia, identificou e isolou diversas bactérias, possibilitando o estudo de várias doenças.
No fim do século 19, foi realizada a I Conferência Sanitária Internacional (1851), na qual a Teoria da Unicausal, que defendia que cada doença tem um agente específico, venceu a Teoria Miasmática. A partir daí, foram estabelecidas estratégias de prevenção de doenças, como quarentena e controle de animais. Na Teoria Unicausal, os vírus e as bactérias passaram a ser as únicas causas das doenças, substituindo as explicações sobrenaturais.
Já na segunda metade do século 20, a Teoria Multicausal foi ganhando o espaço da Teoria Unicausal, que já não explicava mais algumas doenças como câncer, transtornos mentais e doenças cardiovasculares. Enquanto isso, a Multicausal defendia que as doenças eram causadas por diversos fatores que se relacionavam. Os pesquisadores ainda pensavam que achariam o micróbio da depressão e do câncer. Quando a Unicausal passou a não explicar mais a ocorrência e a distribuição de certas doenças, a Teoria Multicausal ganhou espaço, destacando que a Multicausal é a teoria hegemônica até hoje, pois considera que características individuais, comportamentais, fatores de risco, estilo de vida, entre outras coisas, influenciam no aparecimento das doenças.
Epidemiologia social
Na década de 1970, são realizados os primeiros estudos de epidemiologia social, que deu origem ao conceito de Determinação Social da Saúde, construído a partir da apropriação das ciências sociais em saúde e relacionando os conceitos de saúde aos modos de produção e a formação socioeconômica. Os pesquisadores começaram a relacionar que a saúde tem a ver com a forma de organização da sociedade e viram que o modelo baseado no paradigma do biológico (Multicausal) não vai responder a questões sociais.
A epidemiologia social considera que as doenças acontecem de acordo com a inserção das pessoas na sociedade, portanto, o modelo Multicausal já não explica mais todas as doenças. Mesmo os países com bons índices sociais têm curvas crescentes de doenças como obesidade, câncer e doenças cardiovasculares porque elas são explicadas pelas relações sociais, não são explicadas apenas pela biologia. Os problemas não estão apenas no indivíduo, estão na sociedade.
Também na década de 1970, os epidemiologistas Jaime Breilh e Asa Cristina Laurell propõem um paradigma alternativo: no lugar da história natural da doença, a história social da doença, abordando o processo saúde-doença em seu duplo caráter, o biológico e o social. Para a Multicausal, existem vários fatores que causam as doenças, mas as causas sociais e biológicas estão no mesmo nível. Para Breilh, o social determina a ocorrência do biológico, pois temos que ver o modo de vida das pessoas para explicar certas doenças. Além disso, a Multicausal trata os fatores isoladamente, vendo o fenômeno de forma parcial. Já Breilh diz que o fenômeno saúde-doença deve ser visto em sua totalidade, considerando os processos gerais, particulares e singulares de cada indivíduo.
Todas as teorias anteriores deram origem ao que hoje se chama de Determinantes Sociais de Saúde, que define que as condições de vida e trabalho das pessoas influenciam em sua situação de saúde. De acordo com ele, vários conceitos foram formulados para definir os DSS, mas alguns são muito próximos da Teoria Multicausal porque não relacionam as causas das doenças. A relação da determinação não é uma relação direta de causa e efeito. Há vários fatores que influenciam, mas incidem de formas diferentes entre os grupos sociais.
As áreas de pesquisa e ensino têm como principais desafios hoje estabelecer uma hierarquia dos DSS, entendendo que as relações entre os indicadores de riquezas e de saúde não são constantes, têm outras variáveis. Alguns fatores que explicam as diferenças no estado de saúde dos indivíduos não explicam as diferenças entre grupos de uma sociedade.
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Questionário:
1) O que é interação?
2) Complete a frase:
No fim do século 19, foi realizada a _____________________________ (1851), na qual a Teoria Unicausal, que defendia que cada doença tem um agente específico, venceu a Teoria Miasmática.
3) No que consistia a Teoria Miasmática?
4) Cite dois fatores Facilitadores ao surgimento de doenças.
5) Cite dois fatores Predisponentes ao surgimento de doenças.
6) Qual é a forma da Curva Nelson de Moraes em comunidades que apresentam maior grau de desenvolvimento?
7) Quais são os componentes da tríade básica da epidemiologia descritiva?
8) O que são os Determinantes Sociais de Saúde?
9) Assinale ( D) para Epidemiologia Descritiva e ( A ) para epidemiologia Analítica:
( ) Permite predições mais precisas. ( ) Relaciona fenômenos que antes não estavam conectados ( ) Observa e formula hipóteses ( ) Testa hipóteses ( ) Tempo, Pessoa e Lugar ( ) Hospedeiro, Agente e Ambiente ( ) Determina o período de tempo do fenômeno estudado
10) No que consiste a Epidemia Oculta?
TIPOS DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
ESTUDO DE CASOS E CONTROLES
Em epidemiologia, caso-controle é definido como uma forma de pesquisa observacional, longitudinal, em geral retrospectivo e analítico em que se compara dois grupos expostos a um determinado fator, o primeiro de indivíduos com determinada doença, e o segundo de indivíduos sem aquela doença.
Ex.: Alteração do nível de ansiedade em indivíduos portadores de asma quando expostos a situações estressantes, comparando com outro grupo de indivíduos expostos às mesmas situações entretanto não asmáticos.
Estudos de casos e controles são relativamente baratos, simples de realizar e úteis na investigação de causas da doenças, particularmente das doenças raras. Este tipo de estudo inclui pessoas com a doença (ou outra variável de desfecho) e um grupo controle (grupo de comparação ou de referência) composto de pessoas não afetadas pela doença ou variável de desfecho. A ocorrência de uma possível causa é comparada entre casos e controles. Dados a respeito de mais de um ponto no tempo são coletados. Os estudos de casos e controles são portanto longitudinais e retrospecticos, haja vista que o pesquisador busca, no passado, uma determinação para a doença ocorrida.
ESTUDO TRANSVERSAL
Os estudos transversais medem a prevalência das doenças e são frequentemente chamados de estudos
de prevalência. Em um estudo transversal a medida de exposição e da doença são feitas ao mesmo
tempo, fato que dificulta a interpretação das associações demonstradas nesses estudos.
Os estudos de prevalência são relativamente baratos, fáceis de realizar e úteis na investigação de
exposições que são características individuais fixas, tais como etnia, nível socioeconômico e grupo
sanguíneo. Esses estudos são caracterizados como sendo o primeiro passo para a investigação da causa
de uma doença.
ESTUDO DE COORTE
Em estatística, coorte é um conjunto de pessoas que tem em comum um evento que se deu no mesmo período; exemplo: coorte de pessoas que nasceram em 1960; coorte de mulheres casadas em 1999; etc.
Em epidemiologia é definida como uma forma de pesquisa, observacional, longitudinal, analítica que objetiva estabelecer um nexo causal entre os eventos a que o grupo foi exposto e o desfecho da saúde final dessas pessoas. A Coorte pode ser prospectiva ou retrospectiva.
Se caracteriza por um grupo de indivíduos acompanhado ao longo do tempo e que periodicamente é investigado por pesquisadores que vão agrupando dados sobre estas pessoas.
Os estudos de coorte, também chamados longitudinais ou estudo de incidência, iniciam com um grupo de pessoas (uma coorte) livre da doença, que são classificados em subgrupos, de acordo com a exposição a uma causa potencial de doença ou desfecho. As variáveis de interesse são especificadas e medidas e a coorte inteira é acompanhada, para ver se o desenvolvimento subsequente de novos casos da doença (ou outros desfechos) difere entre os grupos, conforme a presença ou não da exposição. Em virtude dos dados coletados fazerem referência a diferentes pontos no tempo, os estudos de coorte são longitudinais, fato que os torna semelhantes ao de casos e controles.
Também conhecidos como: estudos de incidência (incidence); longitudinais (longitudinal) ou de seguimento (follow-up). Este delineamento é utilizado para problemas comuns, como doenças cardiovasculares, acidentes de trânsito, infecções, mortes etc.
Figura 01: Tipos de Estudos Epidemiológicos Observacionais
ENSAIO CLÍNICO ALEATÓRIO
Um ensaio clínico ou estudo clínico é um teste de comparação de uma medicação ou outro tratamento médico versus um placebo, outras medicações/dispositivos, ou tratamento médico padrão para a condição do paciente.
É um experimento epidemiológico para estudar uma nova forma terapêutica ou preventiva. Os indivíduos de uma população são alocados aleatoriamente para os grupos usualmente chamados de grupos de tratamento e de controle, e os resultados avaliados comparando-se os desfechos entre os grupos (dois ou mais). O desfecho de interesse pode variar desde o desenvolvimento de uma nova doença até a cura para uma doença já estabelecida.
Para assegurar que os grupos comparados sejam equivalentes, os pacientes são alocados aleatoriamente, isto é, ao acaso. Dentro desses limites, o acaso garante a comparabilidade entre os grupos de tratamento e controle desde o início da investigação; quaisquer diferenças observadas entre eles serão decorrentes do azar, não sendo afetadas por viés do investigador.
Figura 02: Estudo Experimental do tipo Ensaio Clínico Aleatório
Também conhecidos como Estudo Duplo Cego, pois o paciente e o médico não sabem qual grupo esta com o placebo, qual esta com a medicação, somente o organizador do estudo sabe.
São o padrão ouro (melhor tipo) dos estudos de fatores porque diminuem muito o efeito de variáveis de confusão e permitem padronização da qualidade e quantidade dos fatores, tornando os resultados mais seguros.
Eles também permitem o uso de técnicas extras como o mascaramento.
• O mascaramento do paciente é o uso de metodologias que impeçam que os pacientes saibam se fazem parte de um ou outro grupo de intervenção.
• O mascaramento da intervenção é o uso de metodologias que impedem que a pessoa que está fazendo a intervenção saiba qual ela é.
• O mascaramento da análise é o uso de técnicas de codificação dos dados coletados para impedir que o responsável pela análise estatística crie tendências.
ENSAIO DE CAMPO
Os ensaios de campo, em contraste com os ensaios clínicos, envolvem pessoas que estão livres da
doença, mas sob risco de contraí-la; os dados são coletados “no campo”, usualmente entre pessoas da
população em geral. Considerando que estes indivíduos estão livres da doença, o objetivo do estudo é
evitar que a doença ocorra, mesmo que em freqüência relativamente baixa. Por isso, os ensaios de
campo são frequentemente grandes e envolvem dificuldades logísticas e elevados custos financeiros.
Figura 03: Estudo Experimental do tipo Ensaio de Campo
Glossário de Termos
Tipos de Estudos Epidemiológicos
• Populacional (ecológico) / individual
Quando obtemos dados aglomerados, ou seja, dados em que não sabemos as distribuições condicionais,
classificamos o estudo como ecológico, caso contrário o classificamos com sendo individual. Estudos
ecológicos costumam estar relacionados a ações públicas em massa. Por exemplo: se temos o total de
crianças com cárie antes e o total de crianças com cárie depois do programa de educação sobre higiene
nas escolas, não podemos saber se houve diminuição do número de casos apenas pela ação pública e nem
podemos resgatar o dado de uma criança específica (antes sem cárie e depois com, por exemplo). Temos
apenas indicadores.
• Longitudinal / transversal
Estudos longitudinais são aqueles cujo objetivo é estudar o efeito de um ou mais fatores. Nestes estudos
os dados estudados são coletados em dois momentos, no ponto inicial da exposição (o encontrado) e em
um momento posterior. Estudos transversais têm como objetivos procurar rapidamente associações
comuns entre fatores, o que é bom para a criação de métodos de diagnóstico rápido.
• Controlado / Não controlado
Em estudos longitudinais quando há formação de grupo para comparação - grupo controle - um estudo é
classificado como controlado. Por exemplo, para saber o efeito atribuindo a uma nova droga sobre uma
doença ela é administrada diferentemente entre os grupos, mostrando que não houve diferença significante
entre a evolução de quem a usou e de quem não a usou. Quando não há grupo para comparação a análise
não existe, como nos relatos de caso, inquéritos populacionais, estudos de intervenção não controlados e
estudos de incidência.
• Intervenção / Observação
Em estudos longitudinais controlados quando os fatores para um efeito estudado são impostos ou
quantificados pelo pesquisador temos uma intervenção, caso contrário apenas um estudo de observação.
• Alocação aleatória / Alocação com critério de seleção
Quando em um estudo de longitudinal de intervenção controlado o critério de seleção para quem irá fazer
parte de um ou outro grupo de intervenção diferente é feito ao acaso (por exemplo por sorteio) então
dizemos que houve alocação aleatória. Caso contrário dizemos que houve critério de seleção que implica
viés de seleção.
• Seleção de acordo com o efeito ou de acordo com a exposição
Em estudos longitudinais observacionais controlados quando selecionamos os grupos de estudo com
critério na exposição a um determinado fator podemos calcular a incidência dos diversos efeitos possíveis
e analisar se eles são significantemente diferentes se não houver essa exposição, o que define os estudos
de coorte. Quando investigamos a exposição no passado de determinados fatores em grupos com e sem o
efeito estudado fazemos um estudo de casos e controles.
QUESTIONÁRIO:
1) Defina o que é mascaramento em pesquisa epidemiológica?
2) O que significa padrão ouro em pesquisa?
3) Explique o Estudo de Caso Controle:
4) Explique o Estudo de Prevalência:
5) Explique o Estudo de Coorte:
6) Qual é o estudo observacional mais caro?
7) Defina o que é Placebo?
8) O que é um estudo Duplo cego?
9) Qual é o tipo de estudo experimental que pesquisa somente pessoas doentes?
10) Qual é o objetivo do ensaio de campo?
11) O que é um estudo ecológico?
12) Diferencie o estudo transversal do longitudinal.
13) O que é alocação aleatória?
PRINCÍPIOS DE GESTÃO
1) Dê a etimologia da palavra “administração”
2) Quais são as funções administrativas segundo Peter Drücker?
3) Qual é a diferença entre eficiência e eficácia?
Liderança centrada
no subordinado Liderança centrada
no chefe
Área de liberdade dos
subordinados
O administrador
toma a decisão e
a anuncia
O administrador
“vende” a
decisão
O administrador
apresenta ideias e
pede
questionamentos
O administrador
apresenta uma
decisão
provisória sujeita
à mudança
O administrador
apresenta o
problema,
recebe
sugestões e
toma a decisão
O administrador
define os limites
e pede ao grupo
que tome a
decisão
O administrador
permite que os
subordinados
atuem dentro
dos limites
definidos pelos
superiores
Uso da autoridade pelo
administrador
4) Explique a relação de dependência que existe entre um administrador e uma organização.
5) Qual é a diferença entre planejamento e plano?
6) Classifique os administradores pelos níveis que eles ocupam dentro de uma organização. Defina cada tipo.
7) Quais habilidades os administradores devem ter? Explique-as. 8) Quais habilidades são requeridas nos níveis mais baixos? E nos mais
altos? 9) Diferencie o estilo de liderança autocrática da democrática.
10) O que são pessoas do tipo Carpa? 11) O que são pessoas do tipo Tubarão?
12) O que são pessoas do tipo Golfinho?
13) Explique o conceito de Homo Economicus.
14) Cite o nome do autor da Teoria da Administração Científica?
15) Cite o nome do pai da Teoria Clássica da Administração?
AMOSTRAGEM EM EPIDEMIOLOGIA
1) O que é inferência em estatística?
2) Qual é a vantagem de se fazer pesquisas baseadas em amostras?
3) Qual é o principal aspecto a ser respeitado em um processo de amostragem
aleatória? 4) Explique como ocorre o processo de amostragem Bola de Neve.
5) Quais são os dois requisitos essenciais em uma amostra para que ela se torne representativa de uma população de estudo?
6) Determine a tamanho das seguintes amostras:
a) N = 100.000 habitantes e E0 = 2,5%
b) N = 5.000 escolares e E0 = 2,5%
c) N = 350.000 prontuários e E0 = 5%
d) N = 5.000 pacientes e E0 = 3%