histórico e perspectivas da pesquisa em gestão ambiental...

19
IV Encontro Nacional da Anppas 4,5 e 6 de junho de 2008 Brasília - DF – Brasil _______________________________________________________ Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental na Universidade de São Paulo Thiago Hector Kanashiro Uehara (USP) Bacharel em Gestão Ambiental, Mestrando em Ciência Ambiental - Procam [email protected] Gabriela Gomes Prol Otero (USP) Geógrafa, Mestranda em Ciência Ambiental - Procam [email protected] Euder Glendes Andrade Martins (USP) Biólogo, Mestrando em Ciências - IB [email protected] Arlindo Philippi Júnior (USP) Professor Titular da Faculdade de Saúde Pública [email protected] Resumo As pesquisas em gestão ambiental (GA) estão cada vez mais presentes na academia e, por se tratar de tema transversal e interdisciplinar, são trabalhados sob a ótica das diversas áreas do conhecimento. Diversas iniciativas para a produção de conhecimento e capacitação em GA, as quais podem ser concentradas em grupos de pesquisa. O presente trabalho identificou e qualificou grupos de pesquisas em gestão ambiental da USP, sob uma perspectiva histórica, a fim de identificar as tendências deste campo. Os resultados obtidos são representados por um banco de dados contendo informações qualitativas dos grupos, representados em três conjunturas: situação atual, evolução e participação. Os grupos de pesquisa em atividade criados na década de 1980 e início da década de 1990 são ligados, predominantemente, à zona rural e ao setor privado com enfoque em processos produtivos. Os períodos pós Eco-92 e Rio+10 coincidiram com a criação de novos grupos heterogêneos entre si, representando a atual situação, baseados em diversas áreas do conhecimento, predominantemente nas Ciências Sociais Aplicadas. Nota-se que a visão tecnicista da questão ambiental vem sendo complementada por pesquisas que integram a dimensão social. Entende-se que, apesar de ainda bastante fragmentado, o cenário melhorou, carecendo à instituição uma política que incentive pesquisas interdisciplinares em gestão ambiental. Palavras-chave: Gestão Ambiental; Universidade de São Paulo

Upload: phamkhanh

Post on 09-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

IV Encontro Nacional da Anppas 4,5 e 6 de junho de 2008 Brasília - DF – Brasil _______________________________________________________

Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental na Universidade de São Paulo

Thiago Hector Kanashiro Uehara (USP)

Bacharel em Gestão Ambiental, Mestrando em Ciência Ambiental - Procam [email protected]

Gabriela Gomes Prol Otero (USP)

Geógrafa, Mestranda em Ciência Ambiental - Procam [email protected]

Euder Glendes Andrade Martins (USP) Biólogo, Mestrando em Ciências - IB

[email protected]

Arlindo Philippi Júnior (USP) Professor Titular da Faculdade de Saúde Pública

[email protected] Resumo As pesquisas em gestão ambiental (GA) estão cada vez mais presentes na academia e, por se tratar de tema transversal e interdisciplinar, são trabalhados sob a ótica das diversas áreas do conhecimento. Diversas iniciativas para a produção de conhecimento e capacitação em GA, as quais podem ser concentradas em grupos de pesquisa. O presente trabalho identificou e qualificou grupos de pesquisas em gestão ambiental da USP, sob uma perspectiva histórica, a fim de identificar as tendências deste campo. Os resultados obtidos são representados por um banco de dados contendo informações qualitativas dos grupos, representados em três conjunturas: situação atual, evolução e participação. Os grupos de pesquisa em atividade criados na década de 1980 e início da década de 1990 são ligados, predominantemente, à zona rural e ao setor privado com enfoque em processos produtivos. Os períodos pós Eco-92 e Rio+10 coincidiram com a criação de novos grupos heterogêneos entre si, representando a atual situação, baseados em diversas áreas do conhecimento, predominantemente nas Ciências Sociais Aplicadas. Nota-se que a visão tecnicista da questão ambiental vem sendo complementada por pesquisas que integram a dimensão social. Entende-se que, apesar de ainda bastante fragmentado, o cenário melhorou, carecendo à instituição uma política que incentive pesquisas interdisciplinares em gestão ambiental. Palavras-chave: Gestão Ambiental; Universidade de São Paulo

Page 2: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

1. Introdução

Em um período de intensas transformações técnico-científicas e fenômenos de desequilíbrios

ecológicos, os modos de vida humano, individuais e coletivos, deflagram uma progressiva

deterioração. As novas problemáticas ecológicas surgem em um contexto de ruptura, de

descentralização, de multiplicação de antagonismos e de processos de singularização. A natureza

não pode ser separada da cultura, sendo necessário aprender a pensar “transversalmente” as

interações entre ecossistemas, mecanosfera e Universos de referência sociais e individuais

(GUATARRI 1995).

Tal situação pode ser observada nas intervenções de cunho socioambiental geridas por profissionais

que possuem formações cartesianas (FREIRE 1970); estas iniciativas acabam restritas a poucas

áreas do conhecimento, com baixa habilidade de compreender o meio natural em sua totalidade. No

entanto, há um aumento da percepção dos problemas socioambientais por parte das populações, e

as sociedades passam a exigir um novo posicionamento das corporações privadas e dos gestores

públicos; estas passam a se preocupar em amenizar, adequar e/ou reverter processos de

degradação verificada entre os resultados econômicos, sociais e ambientais dos empreendimentos.

O marketing ecológico passou a ser compromisso e obrigação das instituições que se pretendem

modernas e competitivas, e a inclusão da proteção ambiental entre os objetivos da administração

ampliou substancialmente todo o conceito de gestão (ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2002).

O resultado esperado é o equilíbrio entre as atividades humanas e a qualidade e preservação do

patrimônio ambiental, por meio da ação conjugada do poder público e da sociedade organizada,

mediante priorização das necessidades sociais e do mundo natural. Consiste, portanto, em um

processo de mediação de interesses e conflitos entre atores sociais que agem sobre o ambiente

(COIMBRA, 2002; QUINTAS, 2002; PHILIPPI JR.; ROMERO; BRUNA, 2004).

Além dos aspectos administrativos, a gestão ambiental deve compreender os elementos do meio

considerados como recursos, sua localização e demanda pela utilização, práticas de captação e

dejeção, de forma a reduzir os efeitos negativos da intervenção humana (GODARD, 2000), o que

implica na consciência das potencialidades naturais da localidade e seu uso racional preventivo e

corretivo: preventivo no sentido de parcimonioso e eficiente, e corretivo no sentido de minimizador

dos impactos já provocados.

Os estudos sobre a gestão ambiental estão cada vez mais presentes na academia e, por se tratar de

tema transversal e interdisciplinar, são trabalhados sob a ótica das diversas áreas do conhecimento.

Faz-se necessário que as IES pratiquem aquilo que ensinam, estimulando assim o aparecimento do

homem-cidadão e ambiental enquanto ator político, ou seja, um cidadão consciente de sua realidade

socioambiental mediante a obtenção de vários tipos de conhecimento (ZITZKE, 2002). De forma

Page 3: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

geral, o ensino superior assume responsabilidade específica na preparação das novas gerações para

um futuro viável, seja pela reflexão de seus trabalhos de pesquisa básica ou mesmo por seu

compromisso em advertir sobre os problemas ambientais. Devem também conceber soluções

racionais a estes problemas por meio de tomadas de iniciativas e indicação de possíveis alternativas,

elaborando propostas coerentes para o futuro.

1.2 Problema

Na Universidade de São Paulo (USP), existem diversas iniciativas na produção do conhecimento em

gestão ambiental e na capacitação de profissionais habilitados em atuar nos seus processos.

Entretanto, por ser organizada em unidades e departamentos especializados, corre-se o risco das

pesquisas serem executadas em um “paradigma de simplificação” (MORIN 1999), seja pela

superespecialização e/ou pela não constituição de grupos de pesquisa interdisciplinares, seja pelos

trabalhos que não consideram a complexidade da gestão do ambiente.

1.3 Objetivo

Identificar e qualificar as pesquisas em gestão ambiental nas diversas faculdades, escolas e institutos

da USP, sob uma perspectiva histórica, a fim de apontar as preocupações, áreas de interesse e

tendências desse campo de estudo.

2. Desenvolvimento

2.1. Procedimentos Metodológicos

2.1.1. Coleta de dados

Para efeito deste trabalho, considera-se o papel fundamental dos grupos na consolidação da

pesquisa em gestão ambiental, principalmente por contarem com equipes interdisciplinares com

linhas de pesquisas determinadas, além de terem política e organização direcionadas à produção

científica nesta área.

Os grupos foram encontrados por meio do catálogo dos grupos de pesquisa cadastrados na Pró-

Reitoria de Pesquisa (PRP) da USP e no Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil (CNPq). Essas

bases contêm informações sobre a composição dos recursos humanos dos grupos, linhas de

pesquisa em andamento, especialidades do conhecimento, setores de aplicação envolvidos,

produção científica e tecnológica e padrões de interação com o setor produtivo. Desta forma, foram

catalogados somente os grupos de pesquisa em atividade nesta instituição no mês de junho de 2007.

Os campos pesquisados foram: Denominação do grupo; Repercussão de seus trabalhos e Linhas de

pesquisa, conforme as seguintes combinações de termos: [Gestão ou Administração ou

Administrativo ou Político ou Política] e [Sustentabilidade ou Sustentável ou Sustentado ou Ambiental

ou Ambiente]. Por meio deste, um banco de dados foi constituído com as seguintes informações:

Page 4: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

Denominação do grupo de pesquisa; Ano de formação; Data da atualização; Área predominante e,

Linhas de pesquisa.

2.1.2 Forma de organização e análise dos dados

• Origem do grupo: os dados referentes aos anos de formação foram utilizados para analisar a

evolução do trabalho (divididos por qüinqüênios) dos pesquisadores e, em uma linha temporal,

mostrar este aspecto da história da pesquisa em gestão ambiental na USP;

• Atualidade dos dados: os dados sobre a última data de atualização foram coletados para aferir a

atualidade das informações contidas no cadastro do CNPq;

• Área predominante: se verificou o vínculo das pesquisas em gestão ambiental com os diferentes

campos do conhecimento, conforme o sistema de classificação adotado pelo CNPq;

• Linhas de pesquisa: demais informações, incluindo as referentes à repercussão dos trabalhos dos

grupos (que apresentavam grande variância na qualidade das informações, onde alguns

explicavam os objetivos do grupo, outros forneciam dados sobre artigos publicados, eventos

organizados, e alguns nada traziam). As pesquisas, então, foram qualificadas por:

1. Enfoque: Economia; Energia; Planejamento; Política; Produção; Saúde; Social;

2. Setor Institucional Predominante: Privado; Público; Não Há Predominância (NHP);

3. Zona Territorial Predominante: Rural; Urbana; NHP.

Os quais, para efeito desta pesquisa, são relacionados com os temas:

• Economia: comércio, investimento, finanças, economia (de recursos naturais, de transporte,

internacional, macro e micro-escalas etc.);

• Energia: setor energético, matrizes alternativas, distribuição, consumo e conservação de energia

etc.;

• Planejamento: habitação, distribuição territorial, demografia, ordenamento territorial etc.;

• Política: elaboração, análise, descrição, implantação de políticas públicas etc.;

• Produção: processos produtivos: propostas de otimização de tempo, recursos naturais e

financeiros, novas tecnologias e procedimentos para a indústria etc.;

• Saúde: melhoria dos ambientes públicos e hospitalares, promoção da qualidade de vida e

ambiental, saneamento básico etc.;

• Social: promoção da educação, cultura e cidadania.

Page 5: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

Para a análise da evolução e participação dos grupos, foram selecionados cinco períodos: até 1986;

1º qüinqüênio: de 1987 a 1991; 2º qüinqüênio: de 1992 a 1996; 3º qüinqüênio: de 1997 a 2001; 4º

qüinqüênio: de 2002 a 2006.

2.1.3. Questionário

Por meio de questionário aberto, foram solicitadas opiniões de todos os docentes líderes dos grupos

de pesquisas identificados segundo os critérios supracitados, visando à identificação do entendimento

dos mesmos quanto a atual situação e perspectivas da pesquisa em gestão ambiental na instituição.

O questionário foi enviado por meio eletrônico, acompanhado devidamente de uma carta de

apresentação, e as informações prestadas foram utilizadas para balizar a discussão dos resultados

desta pesquisa.

2.2. Resultados

O banco de dados gerado por meio da sistematização de todas as informações obtidas, é

representado pelas tabelas disponibilizadas ao final do presente trabalho.

Foram identificados 18 grupos de pesquisa em atividade, liderados pela USP. Como mostra a Figura

1, o primeiro grupo surgiu em 1983, e o segundo em 1984; esse número se manteve até o ano de

1992 quando então foi registrado, até o ano de 2000, oito grupos de pesquisa. O maior crescimento

ocorre no período de 2002 a 2006, quando a estes oito somaram-se dez novos grupos.

Figura 1. Quantidade de grupos ainda ativos de pesquisa em G.A. da USP (2006)

2.2.1. Situação em 2006

Área do conhecimento

São dez os grupos pertencentes às Ciências Sociais Aplicadas, três às Ciências Humanas, dois às

Ciências da Saúde, dois às Engenharias e um às Ciências Agrárias (Figura 2).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

1983 1987 1991 1995 1999 2003

Page 6: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

Agrárias (1)

Saúde (2)

Engenharias (2)

Humanas (3)

Sociais Aplicadas (10)

Figura 2. Grupos de pesquisa em G.A. na USP estratificados por áreas do conhecimento (2006).

A área das Ciências Sociais Aplicadas divide-se em cinco sub-áreas, sendo dois grupos da

Arquitetura e Urbanismo, três da Administração, dois da Economia, um do Planejamento Urbano e

Regional e um do Direito (Figura 3).

Direito (1)Planejamento Urbano e Regional (1)

Economia (2)

Arquitetura e Urbanismo (2)

Administração (3)

Figura 3. Divisão dos grupos de pesquisa em G.A. por sub-áreas das Ciências Sociais Aplicadas (2006).

Unidade

Quatro grupos são liderados pela ESALQ, três pela FAU, dois pela FEA, dois pela FSP e um pela

Reitoria, EESC, EP, FFLCH, IP, FEARP e FD (Figura 4).

FD (1)

FEARP (1)IP (1)FFLCH (1)EP (1)

EESC (1)

Reitoria (1)

FSP (2)

FEA (2)

FAU (3)

ESALQ (4)

Figura 4. Divisão dos grupos de pesquisa em G.A. por Unidade (2006).

Enfoque

Cinco grupos têm enfoque em Produção, quatro em planejamento, três em Economia, dois em

Política, dois em Social, um em Energia e um em Saúde (Figura 5).

Produção (5)

Planejamento (4)

Economia (3)

Social (2)

Política (2)

Energia (1)Saúde (1)

Figura 5. Divisão dos grupos de pesquisa em G.A. por enfoque (2006).

Page 7: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

Setor Predominante

Sete grupos foram identificados com predominância no setor público e seis no setor privado. Não se

identificou, nos demais grupos (cinco), predominância de setor (Figura 6).

Privado(6)Público

(7)

Figura 6. Divisão dos grupos de pesquisa em G.A. por predominância de setor (2006).

Zona Territorial Predominante

Cinco grupos foram identificados com predominância na zona urbana e três na zona rural. Não se

identificou, nos demais grupos (10), predominância de zona (Figura 7).

Rural(3)

Urbano(5)

Figura 7. Divisão dos grupos de pesquisa em G.A. por predominância de zona territorial

2.2.2. Evolução

Área do conhecimento

Até 1991 havia dois grupos de pesquisa, um deles das Ciências Agrárias e outro das Ciências Sociais

Aplicadas. Entre 1992-1996 surgiram mais dois grupos das Ciências Sociais Aplicadas e um das

Engenharias; de 1997-2001 surgiram grupos das Ciências Sociais Aplicadas, das Engenharias e das

Humanas, um por área. Nos últimos cinco anos surgiram dois grupos da Saúde, dois das Humanas e

dois das Ciências Sociais Aplicadas (Figura 8).

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

1986

1991

1996

2001

2006 Sociais Aplicadas

Humanas

Engenharias

Saúde

Agrárias

Figura 8. Evolução do número de grupos de pesquisa em G.A. na USP, por área do conhecimento

Dentro das Ciências Sociais Aplicadas, até 1991 havia um grupo de Administração. Entre 1992-1996

surgiram dois grupos da Arquitetura e Urbanismo e entre 1997-2001 um grupo de Planejamento

Page 8: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

Urbano e Regional. No último qüinqüênio surgiram dois grupos de Administração; dois de Economia e

um de Direito (Figura 9).

0 2 4 6 8 10

1986

1991

1996

2001

2006 Administração

Arquitetura eUrbanismoEconomia

PlanejamentoUrbano e RegionalDireito

Figura 9. Evolução histórica do número dos grupos de pesquisa em G.A. na USP, por sub-áreas das Ciências Sociais Aplicadas.

Unidade

Até 1991 havia dois grupos, um da ESALQ e outro da Reitoria; entre 1991-1996 surgiram três grupos:

dois ligados à FAU e um à EP e mais três grupos tiveram origem entre 1997-2001: um do IP, um da

EESC e outro da FAU. No último qüinqüênio, surgiram grupos da FD, FEARP, FFLCH, dois da FSP,

dois da FEA e três da ESALQ (Figura 10).

Evolução por Unidade

0 5 10 15 20

1986

1991

1996

2001

2006ESALQFAUFEAFSPReitoriaEESCEPFFLCHIPFEARPFD

Figura 10. Evolução histórica do número dos grupos de pesquisa em G.A. na USP, por Unidade

Enfoque Predominante

Até 1991 havia dois grupos relacionados à Produção. No qüinqüênio 1992-1996 surgiram grupos de

Energia, Planejamento e Produção; entre 1997-2001 surgiram grupos com enfoques em

Planejamento, Economia e Social. No último qüinqüênio surgiram dois grupos de Produção, dois de

Planejamento, dois de Economia, dois de Política, um Social e um de Política (Figura 11).

0 5 10 15 20

1986

1991

1996

2001

2006Produção

Planejamento

Economia

Social

Política

Energia

Saúde

Figura 11. Evolução histórica do número de grupos de pesquisa em G.A. na USP, por enfoque temático

Page 9: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

Setor Institucional Predominante

Havia até 1991 dois grupos voltados ao setor privado. Entre 1991-1996 surgiu um grupo voltado ao

setor público e outros dois entre 1997-2001. No último qüinqüênio surgiram quatro grupos voltados ao

setor público e outros quatro ao privado (Figura 12).

0 2 4 6 8 10 12 14

1986

1991

1996

2001

2006 Público

Privado

Figura 12. Evolução histórica do número de grupos de pesquisa em G.A., por setor predominante

Zona Territorial Predominante

Até 1991 havia apenas grupo voltado ao setor rural. Surgiram dois grupos voltados ao setor urbano

entre 1992-1996 e outros dois entre 1997-2001. No último qüinqüênio surgiram dois grupos voltados

ao rural e um ao urbano (Figura 13).

0 2 4 6 8 10

1986

1991

1996

2001

2006

Rural

Urbano

Figura 13. Evolução histórica dos grupos de pesquisa em G.A. por zona territorial predominante

2.2.3. Participação relativa

Área do conhecimento

De 1986 a 1991 as Ciências Sociais Aplicadas e as Ciências Agrárias correspondiam a 50% dos

grupos cada; em 1996 as Engenharias participam com 20% dos grupos, as Ciências Sociais

Aplicadas com 60% e a Ciências Agrárias com 20%. Em 2001, 50% dos grupos são das Ciências

Sociais Aplicadas, 12% das Ciências Humanas e 12% das Ciências Agrárias. O quadro atual é de

56% de participação das Ciências Sociais Aplicadas, 17% das Ciências Humanas, 11% da

Engenharias, 5% das Ciências Agrárias e 11% da Saúde (Figura 14).

Page 10: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

1986

1991

1996

2001

2006 Sociais Aplicadas

Humanas

Engenharias

Saúde

Agrárias

Figura 14. Histórico da participação relativa dos grupos de pesquisa em G.A. por Área do Conhecimento

Dentro das Ciências Sociais Aplicadas, até 1991 a Administração representava 100%. Em 1996

passou para 33,3%, enquanto Arquitetura e Urbanismo representavam 66,7%. Em 2001, Arquitetura

e Urbanismo representavam 50%, enquanto Planejamento Urbano e Regional representa 25%, assim

como a Administração. Atualmente 33% dos grupos são da Administração; 22,2% da Arquitetura e

Urbanismo; 22,2% da Economia; 11% do Planejamento Urbano e Regional; 11% do Direito (Figura

15).

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

1986

1991

1996

2001

2006Administração

Arquitetura eUrbanismoEconomia

PlanejamentoUrbano e RegionalDireito

Figura 15. Histórico da participação relativa dos grupos de pesquisa em G.A. por sub-área das Ciências Sociais Aplicadas

Unidade

Até 1991 a Reitoria e a ESALQ representavam, cada uma, 50% dos grupos ainda ativos. Em 1996 a

FAU respondia por 40% dos grupos, enquanto ESALQ, Reitoria e EP respondiam por 20% cada uma;

em 2001, a FAU respondia por 37,5 % dos grupos, enquanto ESALQ, Reitoria, EESC, EP e IP

respondiam por 12,5% cada uma. Atualmente, são 22,2% da ESALQ, 16,7% da FAU, 11% da FEA,

11% da FSP e 5,5% Reitoria, EESC, EP, FFLCH, IP, FEARP, FD, cada uma (Figura 16). Participação por Unidade

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

1986

1991

1996

2001

2006

ESALQFAUFEAFSPReitoriaEESCEPFFLCHIPFEARPFD

Figura 16. Histórico da participação relativa dos grupos de pesquisa em G.A., por Unidade

Enfoque

Até 1991 todos os grupos (100%) tinham ênfase na Produção. Em 1996, Produção passa a

representar 60%, enquanto Energia e Planejamento representam 20% cada. Em 2001, 37,5% dos

Page 11: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

grupos são ligados à Produção, 25% ao Planejamento, 25% à Economia, 12,5% ao Social e 12,5% à

Energia. Atualmente são 27,8% com ênfase em Produção, 22,2% em Planejamento, 16,7% em

Economia, 11% em Social, 11% em Política, 5,5% em Energia e 5,5% em Saúde (Figura 17).

0% 20% 40% 60% 80% 100%

1986

1991

1996

2001

2006 Produção

Planejamento

Economia

Social

Política

Energia

Saúde

Figura 17. Histórico da participação relativa dos grupos de pesquisa em G.A., por enfoque

Setor Institucional Predominante

Até 1991 os grupos eram voltados ao setor privado (100%). Sua participação caiu para 66,7% em

1996 e para 40% em 2001. Atualmente com 46% voltados ao setor privado, os grupos voltados ao

setor público correspondem a 54% (Figura 18).

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

1986

1991

1996

2001

2006

Público

Privado

Figura 18. Histórico da participação relativa dos grupos de pesquisa em G.A., por predominância do setor institucional

Zona Territorial Predominante

O setor rural respondia por 100% dos grupos até 1991. Sua participação caiu para 33% em 1996 e

para 25% em 2001. Atualmente 37,5% são voltados à zona rural, enquanto 62,5% são voltados à

zona urbana (Figura 19).

0% 20% 40% 60% 80% 100%

1986

1991

1996

2001

2006

Rural

Urbano

Figura 19. Histórico da participação relativa dos grupos de pesquisa em G.A., por predominância da zona territorial

2.3. Discussão

Os primeiros grupos de pesquisa em gestão ambiental da USP, ativos em junho de 2007, surgiram na

década de 80 e apresentavam baixa diversidade, concentrados na área das ciências agrárias

Page 12: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

(ESALQ) ou social-administrativas (Reitoria),

ambos com enfoque na produção e

pertencentes ao setor institucional privado com

predominância na zona rural.

Hoje, o panorama que se mostra é de uma

diversificação em todas as qualificações: área

do conhecimento, unidade, enfoque, setor

institucional, zona territorial. Há pesquisas na

área das engenharias, saúde, ciências

agrárias, mas a maior ocorrência se dá nas

ciências sociais aplicadas e ciências humanas,

com divisão entre as unidades ESALQ e FAU.

Ressalta-se o fato dos novos grupos da

ESALQ não serem de caráter agrário; no

enfoque, também variado, predominam a

produção, o planejamento e a economia.

Atualmente é bastante semelhante o número

de grupos de pesquisas no setor institucional

público e privado, assim como nas zonas

territoriais rural e urbano.

Em decorrência da constatação desses dois

quadros, foram levantados alguns marcos

históricos ambientais e seus reflexos nas

pesquisas em gestão ambiental da USP, como

apresentado no gráfico a seguir, que revela um

aumento expressivo no número de grupos de

pesquisas em GA da USP após a ECO-92,

bem como posterior à Rio +10 (Figura 20),

concomitante a um fenômeno de

diversificação.

Figura 20. Relação entre o surgimento dos grupos de pesquisa e a realização de eventos ambientais

2.3.1. Gestão Ambiental e as Humanidades

As Ciências Sociais Aplicadas possuem maior representação nos grupos de pesquisa em Gestão

Ambiental visto a alta aplicabilidade de seus estudos a sistemas administrativos, econômicos e

sociais públicos e privados.

Os grupos de pesquisa considerados no presente trabalho lidam com cenários reais, o que pode ser

claramente evidenciado pelo contexto do ano em que foram criados: reunião promovida pelo PNUMA

Page 13: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

para discussão do pós-Estocolmo (1983), II Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos

Humanos (HABITAT II, 1996), ECO 92 (1992), Rio+10 (2002), entre outros, principalmente os

relatórios emitidos por cientistas e acatados por algumas nações quanto ao aquecimento global.

Abaixo, alguns estudos que cada sub-área pode desenvolver visando uma gestão ambiental dentro

de seu escopo de atuação:

� Arquitetura e Urbanismo: estudos que resultem em projetos pautados na ecoeficiência (ventilação/

iluminação naturais, por exemplo), desenhos urbanísticos orgânicos que se integrem ao ecossistema

local de modo a impactá-lo minimamente (permacultura);

� Planejamento Urbano e Regional: planos, programas e projetos que viabilizem diretrizes ambientais,

efetivando-as nos espaços urbanos regionais por meio de equipamentos públicos. Promovem a

ocupação humana ordenada em áreas que não resultem em impactos ambientais definitivos,

protegendo mananciais, encostas, manguezais, entre outros;

� Administração: a matriz teórica da gestão ambiental insere em uma organização (pública ou privada)

premissas ambientais inerentes a sua atividade. A grande maioria dos grupos dessa sub-área

direciona seus estudos ao setor privado no qual se constata crescente estabelecimento de parcerias

com a Academia para consultorias e pesquisas aplicadas;

� Economia: objetiva a internalização do valor de um bem natural utilizado como recurso natural em

determinada atividade econômica, de forma a torná-lo parte da contabilidade da organização.

Procura a diferenciação entre dano ambiental e passivo ambiental para tornar a organização

responsável pelo ambiente do qual extrai seus insumos. Estudos de valoração ambiental, economia

ambiental e gestão dos recursos naturais são alguns de seus resultados;

� Direito: estudos e proposição de leis que regulamentem as atividades econômicas potencialmente

danosas ao meio ambiente; integra a gestão ambiental tanto pública quanto privada, pois fornece a

legislação que embasará as atividades de ambas, além de promover a justiça no caso de

reconhecimento e punição de responsáveis por desastres ambientais nas diversas escalas

(municipais, regionais, estaduais, nacionais e internacionais).

São denominadas Ciências Humanas porque consideram, sobretudo, o ser humano, seja indivíduo ou

coletivo; aí reside a subjetividade e a não aplicação de fórmulas ou padrões de pesquisa rígidos.

Considera-se a observação do comportamento humano como um método, e os resultados em grande

parte são contribuições teóricas, revisão bibliográfica ou somente estado da arte. Refletem a

realidade quando esse é seu objetivo e, dependendo da sub-área, fornecem subsídios à elaboração

de políticas públicas, ao planejamento urbano, ou seja, às ciências sociais aplicadas, que se

encarregam de adequar essas contribuições à realidade.

Page 14: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

2.3.2. Zona territorial: o agronegócio e a população brasileira

Segundo dados do IBGE1, entre a década de 1940 até meados de 1960, a população se concentrava

na zona rural, ocorrendo a partir de então a inversão dessa concentração e o aumento acentuado da

população urbana; seguindo este caminho, os primeiros grupos de pesquisas em gestão ambiental

ativos identificados iniciaram suas atividades na década de 1980, tendo caráter rural, situação que se

manteve até 1991. Em 1996 a participação da zona rural cai drasticamente (Figura 19), mudança que

acompanha a inclusão da concepção do meio urbano nas questões ambientais; estando a população

majoritariamente na zona urbana, as pesquisas em GA na USP seguem até 2001 em concordância

com tal balanço. Em 2006 há um aumento expressivo dos grupos de pesquisa na zona rural, em um

período em que o agronegócio apresentou grandes avanços e peso na economia nacional, bem como

foram ampliados os estudos sobre alternativas à agricultura moderna (como a agroecologia, a

agricultura campesina e familiar).

2.3.3. Zona territorial: marcos históricos ambientais e a formação de grupos de pesquisa

na FAU e na ESALQ

Conforme mostra a Figura 21, a predominância de grupos de pesquisas em GA voltados à zona rural

na década de 1980, acompanhado pela formação de um grupo de pesquisa da ESALQ, foi invertida

em meados da década de 1990 para a predominância do enfoque urbano, que ocorre paralelamente

à formação de grupos de pesquisa em GA da FAU ao longo dessa década, bem como a conferências

das Nações Unidas voltadas à temas que mais se relacionam com a zona urbana (Conferência das

Nações Unidas sobre População e Desenvolvimento, 1994; sobre Desenvolvimento Social, 1995;

sobre Assentamentos Humanos - Habitat II, 1996).

Em 2001 surge o curso de bacharelado em Gestão Ambiental na ESALQ e a partir de então se

formam grupos de pesquisa em GA que, diferentemente do conceito da unidade, não apresentam o

caráter agrário. Em 2005 surge curso homônimo na EACH, nova escola da USP onde os grupos de

pesquisa se encontram em fase de construção.

2.3.4. Enfoque versus setores institucionais

O enfoque que mais aparece dentre os grupos de pesquisa é a produção, e destes 80% se

enquadram no setor institucional privado. Planejamento, que segue em maioria, tem 75% de seus

grupos no setor público. Também é interessante ressaltar que 100% dos grupos com enfoque em

políticas é pertencente ao setor público.

1 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <www.ibge.com.br>. Acesso em 25 mai. 2007.

Page 15: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

Figura 21. Relação entre os principais eventos históricos ambientais e a predominância da zona territorial como foco dos grupos de pesquisa em GA na USP (2007).

2.3.5. Setores Institucionais: marcos históricos ambientais e a formação de grupos de

pesquisa na FSP

No período entre o início da década de 80 e o fim da década de 90, prevaleceram grupos de pesquisa

com predominância no setor privado, ocorrendo nessa época a Conferência Mundial da Indústria

sobre GA (1984) e a criação da ISO 14000, marcos históricos que condizem com tal predominância.

A partir de 1999 tal predominância é invertida para o setor público, concomitantemente ao surgimento

de Políticas Nacionais (Recursos Hídricos, 1997; Crimes Ambientais, 1998; Educação Ambiental,

1999; Unidades de Conservação, 2000; Desenvolvimento Urbano, 2001; Saneamento Ambiental,

2007) e a formação de grupos de pesquisa da FSP (2003 e 2004), majoritariamente voltados a esse

setor (Figura 22).

Nosso Futuro Comum

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

2006

2005

2004

2003

2002

2001

2000

1999

1998

1997

1996

1995

1994

1993

1992

1991

1990

1989

1988

1987

1986

1985

1984

1983

1982

RIO+10

ECO 92

Habitat II

População e Desenvolvimento

FAU

FAU

FAU

Política Nacional de Desenvolvimento Urbano

Desenvolvimento Social

URBANO

predomina

RURAL

predomina ESALQ

ESALQ

ESALQ

ESALQ

Curso de Gestão Ambiental

Page 16: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

Figura 22. Relação entre a formação de grupos de pesquisa em GA na Faculdade de Saúde Pública com predominância de foco em setores institucionais, e eventos ambientais históricos (2007).

2.3.6. Pesquisas em GA em outras unidades da USP

Pesquisas em gestão ambiental necessitam ser implementadas nas diversas áreas do conhecimento

de maneira que perpassem, em caráter de transversalidade e integração, diversas disciplinas e áreas

de geração de conhecimentos.

Entretanto, este caráter multidisciplinar dos estudos e pesquisas em G.A. não têm sido assimilado e

incorporado de maneira integrada e adequada por uma série de áreas e cursos de extrema

relevância; como exemplo de áreas que muito têm a contribuir para os estudos em GA, se destacam

os cursos das Ciências Biológicas, Física, Química, Geografia, que devem contribuir para a formação

do cidadão práxico, incluindo a dimensão socioambiental da natureza. Infere-se, por meio do

presente trabalho, que são poucos os grupos de pesquisas em GA na USP, e que os grupos gerarão

ainda mais resultados significativos se trabalharem de forma integrada.

Em uma escala temporal, a ausência dos grupos de pesquisas em G.A. nos cursos e unidades

supracitados pode ser resultado da formação disciplinar e unidirecional de boa parte das equipes

constituídas destes grupos de pesquisas e, de certa forma, da dificuldade de mudança perante um

Page 17: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

sistema consolidado de pesquisa disciplinar para um sistema inovador e multidisciplinar que exige

uma visão de um todo ou mesmo holístico.

A estrutura organizacional da USP, predominantemente dividida em unidades e departamentos

especializados, dificulta a integração necessária às pesquisas em GA. Para enfrentar estas

dificuldades, vale destacar duas iniciativas:

• A atuação de professores filiados ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM,

vinculado diretamente à Pró-Reitoria de Pós-Graduação): cinco docentes vinculados a este programa

lideram grupos de pesquisa analisados neste trabalho em áreas que integram as Ciências Sociais

Aplicadas e as Ciências Humanas. Por se tratar de um programa cujo objetivo é a promoção da

interdisciplinaridade nas pesquisas ambientais, seu quadro de pesquisadores docentes é

multidisciplinar, provenientes das diversas Unidades da USP, os quais desenvolvem pesquisas em

gestão ambiental em seus departamentos de origem (como pode ser observado no banco de dados

constituído para este trabalho) com contribuições do Programa, espaço propício para o intercâmbio

de informações, experiências e métodos entre as diversas áreas do conhecimento;

• A contribuição potencial da nova escola (EACH) da USP, uma unidade integrada que concentra

cursos das áreas das Artes, Ciências e Humanidades em uma estrutura organizacional diferenciada,

não apresentando departamentos ou unidades e cujos currículos foram planejados com base em

temas e atividades integrados.

3. Conclusão e considerações finais

As pesquisas em gestão ambiental se diversificaram e o farão ainda mais intensamente no futuro

devido ao crescente interesse pelo tema que se refletirá em todas as áreas do conhecimento;

percebe-se que a visão cartesiana/ tecnicista adotada no início do período compreendido na coleta de

dados, vêm sendo complementada por pesquisas que integram a dimensão social.

Cada órgão verificado na pesquisa, dentro de sua área de atuação, tem contribuído com pesquisas

em gestão ambiental geralmente circunscrita a seu escopo de atuação, mas estão pouco integradas

entre si. Ao não se registrar - nas características de cada grupo de pesquisa disponíveis no CNPq ou

nas respostas dos líderes dos grupos - qualquer tipo de intercâmbio de informações ou parceria em

projetos, infere-se a fragmentação das pesquisas em gestão ambiental na USP.

Essas contribuições departamentais forneceriam bases para a valorização da gestão ambiental

integrada, mas isso não ocorre atualmente devido à ausência de diretrizes ou política ambiental da

Universidade de São Paulo que visem à integração das pesquisas existentes e fomento ao

desenvolvimento de intercâmbio de conhecimentos entre Unidades de Ensino, Pesquisa e Extensão.

Outra razão para esta fragmentação é o não acompanhamento dos subsídios financeiros ao ritmo de

Page 18: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

desenvolvimento da interdisciplinaridade: o interesse pela temática restringe-se à atuação da Unidade

porque esta distribui sua verba internamente de acordo com a demanda vigente, onde o terreno

científico é conhecido e seguro. No caso de pesquisas interdisciplinares, estas ainda não possuem

métodos científicos consolidados especialmente na área ambiental e nem um cronograma de trabalho

que se encaixe na agenda dos pesquisadores envolvidos, o que dificulta o estabelecimento de prazos

e, por conseguinte, a captação de recursos financeiros.

Apresentado este panorama, se configura a necessidade de direcionar e gerir estes conhecimentos

preciosos à formação e consolidação da pesquisa interdisciplinar, caráter intrínseco da gestão

ambiental, de maneira que possa ser aplicada da melhor forma possível para a construção de

sociedades sustentáveis.

3.1 Sobre as limitações: tempo e método

Os autores deste estudo dispuseram de apenas 2,5 meses para a execução desta pesquisa.

Inicialmente a equipe pretendia levantar publicações (artigos em periódicos; livros publicados;

capítulos de livros publicados; orientações de mestrado e doutorado) em gestão ambiental, porém

optou por realizar o estudo por meio dos grupos de pesquisa. Durante a coleta de dados, foi

percebido algumas limitações do sítio do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil do Cnpq, visto

que sua ferramenta de busca não permitiu que esta fosse truncada de modo a capturar radicais como

admin, ambi ou sustenta, além de disponibilizar informações pouco precisas no que se refere às

grandes disparidades na qualidade das informações que constam no campo “repercussões dos

trabalhos do grupo”, visto que alguns dos grupos o utilizam para explicar seus objetivos, outros para

apresentar o número de publicações e parcerias e outros para descrever a composição da equipe.

Era pretensão da equipe realizar entrevistas semi-estruturadas pessoalmente com todos os líderes

dos grupos de pesquisa identificados e com as coordenadorias dos cursos de bacharelado em

Gestão Ambiental da USP, entretanto, visto as condições de tempo e espaço, o questionário foi

enviado via eletrônica (e-mail). Ainda assim, ciente da baixa intensidade de aproximação que a forma

eletrônica proporciona, foi conferido aos professores 15 dias para a resposta, sendo enviadas três

insistentes cartas eletrônicas contendo breve apresentação da pesquisa e o questionário no corpo do

texto e em arquivo em anexo. Desta forma, foram obtidas respostas de seis docentes de grupos

distintos, representando 33% do total.

Espera-se que essas informações possam contribuir com o delineamento de estudos posteriores para

o entendimento dos avanços das pesquisas em gestão ambiental.

Referências

ANDRADE, R. O. B.; TACHIZAWA, T.; CARVALHO, A. B. Gestão ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 2002.

Page 19: Histórico e Perspectivas da Pesquisa em Gestão Ambiental ...anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT15-483-208-20080519001645.pdf · de pesquisas em gestão ambiental da USP,

CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico]. Diretório de grupos de

pesquisa: busca textual de grupos certificados na base atual do diretório. Disponível em <http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional>. Acesso em mai. jun. 2007.

COIMBRA, J. A. A. O outro lado do meio ambiente. 2 ed. Campinas: Millenium, 2002. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970. GUATARRI, F. As três ecologias. 5º ed. Campinas: Papirus, 1995. MORIN, E. Articulando os saberes. In: ALVES, N. & GARCIA, R. (orgs.). O sentido da escola. Rio de

Janeiro: DP & A, 1999. PHILIPPI JR., A. O impacto da capacitação em gestão ambiental. Tese de livre-docência, Faculdade

de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. São Paulo: 2002. PHILIPPI JR., A. ROMERO, M. A.; BRUNA, G. C. Curso de gestão ambiental. Barueri, SP: Manole,

2004. QUINTAS, J. S. Introdução à gestão ambiental pública. Série Estudos Educação Ambiental. Brasília:

IBAMA, 2002. [USP, PRP] UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Pró-Reitoria de Pesquisa. Grupos de pesquisa.

Disponível em: <http://www.usp.br/prp/gruposdepesquisa.xls>. Acesso em: 01 mai. 2007. ZITZKE, V.A. A educação ambiental e o ecodesenvolvimento. Revista Eletrônica em Educação

Ambiental, v. 9, 2002.