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HISTÓRIA DOS DOCUMENTOS NORTEADORES DO PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM DA REDE MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE/MS Magali Luzio Ferreira Os documentos que regem uma sociedade estão ou estiveram formalmente reconhecidos nas instituições. Apresentam uma organização de caráter social, religioso e filantrópico Nestas existem um conjunto de leis, normas que regem uma sociedade política. As escolas não fogem dos perfis das demais, seus documentos normas e regras postulam também o ensinar e aprender contribuindo, assim com o desenvolvimento social. Isto é, as instituições escolares passaram a existir devido a necessidade de sistematização do processo ensino-aprendizagem que foi firmando sua utilidade com o passar do tempo. Ensinar e aprender não são capacidades unicamente humanas, todos os animais as possuem. Porém, existem grandes diferenças entre a maneira de aprender do ser humano para com o aprender dos animais. A mente humana, diversamente do que acontece com outras espécies constrói-se ou se desenvolve num contexto de acumulação cultural de conhecimentos, que permite o que Tomasello, Kruger e Ratner (1993) denominaram o efeito ratcher o efeito “engrenagem” de forma que os conhecimentos acumulados por uma geração se apóiam, como redes numa engrenagem, nos conhecimentos culturais anteriores produzindo um efeito multiplicador. (Pozo, 2004, p. 32) Esse efeito multiplicador cultural se processa na relação humana de gerações para gerações, e, assim também a aquisição de conhecimentos, ou seja, a cultura com sua dinamicidade faz parte do desenvolvimento unicamente humano. Porém, isso no mundo animal irracional não é processado desta maneira. Faz-se necessário tal comparação para que se torne compreensível a capacidade que o ser humano possui de ensinar e aprender, sendo que esse é um dos pontos que nos diferencia dos animais. Os animais herdam, individualmente, suas capacidades de aprendizagem; cada rato nasce sabendo roer, cada lhama nasce com seu casaco natural, cada peixe nasce sabendo procurar seu alimento. Mas nenhum homem nasce sabendo construir casa, fabricar armas ou utilizar o pêlo de outro animal. Só através do exemplo dos mais velhos, ou seja, por meio da aprendizagem, é que ele chega a receber sua herança. (PINSKY, 1994). Assim, o processo de aprendizagem é

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HISTÓRIA DOS DOCUMENTOS NORTEADORES DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA REDE MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE/MS

Magali Luzio Ferreira

Os documentos que regem uma sociedade estão ou estiveram formalmente

reconhecidos nas instituições. Apresentam uma organização de caráter social, religioso e

filantrópico Nestas existem um conjunto de leis, normas que regem uma sociedade política.

As escolas não fogem dos perfis das demais, seus documentos normas e regras postulam

também o ensinar e aprender contribuindo, assim com o desenvolvimento social. Isto é, as

instituições escolares passaram a existir devido a necessidade de sistematização do processo

ensino-aprendizagem que foi firmando sua utilidade com o passar do tempo.

Ensinar e aprender não são capacidades unicamente humanas, todos os animais as

possuem. Porém, existem grandes diferenças entre a maneira de aprender do ser humano para

com o aprender dos animais.

A mente humana, diversamente do que acontece com outras espécies constrói-se ou se desenvolve num contexto de acumulação cultural de conhecimentos, que permite o que Tomasello, Kruger e Ratner (1993) denominaram o efeito ratcher o efeito “engrenagem” de forma que os conhecimentos acumulados por uma geração se apóiam, como redes numa engrenagem, nos conhecimentos culturais anteriores produzindo um efeito multiplicador. (Pozo, 2004, p. 32)

Esse efeito multiplicador cultural se processa na relação humana de gerações para

gerações, e, assim também a aquisição de conhecimentos, ou seja, a cultura com sua

dinamicidade faz parte do desenvolvimento unicamente humano. Porém, isso no mundo

animal irracional não é processado desta maneira. Faz-se necessário tal comparação para que

se torne compreensível a capacidade que o ser humano possui de ensinar e aprender, sendo

que esse é um dos pontos que nos diferencia dos animais. Os animais herdam,

individualmente, suas capacidades de aprendizagem; cada rato nasce sabendo roer, cada

lhama nasce com seu casaco natural, cada peixe nasce sabendo procurar seu alimento. Mas

nenhum homem nasce sabendo construir casa, fabricar armas ou utilizar o pêlo de outro

animal. Só através do exemplo dos mais velhos, ou seja, por meio da aprendizagem, é que ele

chega a receber sua herança. (PINSKY, 1994). Assim, o processo de aprendizagem é

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diferenciado da ontogênese humana em relação ao animal, enquanto apropriação do

conhecimento e seu uso para aferição social.

O indivíduo humano se faz humano apropriando-se da humanidade produzida historicamente. O indivíduo se humaniza reproduzindo as características historicamente produzidas do gênero humano. Nesse sentido, reconhecer a historicidade do ser humano significa, em se tratando do trabalho educativo, valorizar a transmissão da experiência histórico-social, valorizar a transmissão do conhecimento socialmente existente. (Duarte, 2001, p.03)

A aprendizagem humana tem sua história, que vem a se configurar nas criações

das instituições escolares. Mas, configuramos de primeiro, nas formas de aprendizagem

apresentadas no decorrer da história, que serve como embasamento para explicar as origens

dos documentos norteadores da rede municipal de ensino de Campo Grande/MS.

As primeiras formas de ensinar e aprender podem ter acontecido na pré-história,

isto é, não podemos afirmar com verdadeira precisão, pois as pesquisas sobre a origem da

humanidade só tiveram seu começo nos primórdios do século XIX, e, apesar de tantas

pesquisas, até agora realizadas, por pesquisadores como Charles Darwin que defende a teoria

da evolução das espécies e outros, ainda há insipiência nestas e tais estudos nos remetem

somente ao campo da ambiência das hipóteses por não possuirmos nada comprovado

cientificamente.

Mas, no campo literário, contamos com uma vasta produção de texto que autores

das mais diversas áreas explicam o comportamento humano através de vestígios deixados

pelos nossos ancestrais (pré-histórico). Assim, PROENÇA (2000), em seu livro intitulado,

“História da Arte”, mostra que o homem cria objetos não apenas para se servir utilitariamente

deles, mas também para expressar seus sentimentos diante da vida e, mais ainda, para

expressar sua visão do momento histórico em que vive.

Figura 1. Pintura pré-histórica

3

Fonte: Livro História da Arte, Proença (2000, p.7)

A figura 1, representa de forma fiel a história dos homens pré-históricos. Deve ser

vista como algo profundamente integrado na cultura de um povo, pois retrata elemento do

meio natural e conseqüentemente a história do momento. Representava em suas pinturas

rupestres (gravado, traçado ou construído na rocha), o cotidiano de busca pela sobrevivência.

Acreditavam que, registrando nas paredes das cavernas seus objetivos se realizariam. E isto

serviu para que gerações futuras pudessem compreender as primeiras formas de construção

não só da escrita pictográfica, que consiste em representar seres e idéias pelo desenho, bem

como, a capacidade humana de planejar ações e desta para os primeiros passos da formação

histórico-social educacional.

As ações humanas históricas percorreram e percorrem o meio ambiente natural

(quer aqueles naturalmente virgens ou os modificados historicamente pelos homens) em que

vivem para a subsistência, construção socialmente efetivada no transcorrer da história

humana. Esses acontecimentos históricos e delimitados geograficamente de acordo com as

ações históricas, por estudiosos é que veio a colaborar para que melhor pudéssemos entender

o transcorrer histórico dos povos do passado, e assim planejarmos as futuras ações.

[...] o espaço tem sua monumentalidade que pode ser entendida como elemento revelador da história de um determinado lugar. Mas o que se revela no lugar não é apenas a história de um povo, mas o peso da história da humanidade. O lugar é também o espaço do vazio que se refere ao da monumentalidade do poder. (Carlos, 1996, p. 23).

O homem, sendo um agente social e agente histórico, ocupa o espaço geográfico

para construir sua história e assim de história em história fica construído a história do lugar e

explícito neste a sucessão de poderes do local. A história é edificada, assinalada e marcada

pelos feitos dos grandes homens pela classe social dominante. Isto é, a história oficial se

apresenta mundialmente desta maneira. Onde a participação da classe social menos

favorecida, ou seja, os dominados não são divulgados oficialmente. Sendo que, a educação

escolar institucionalmente, até bem pouco tempo era oferecida somente aos filhos de pessoas

ricas e estes só estudavam os feitos dos grandes homens que em sua maioria provinham desta

mesma classe social.

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Analisando a história educacional usaremos a divisão histórica tradicional,

delimitando o que nos conduz a uma maior compreensão da história, neste com ênfase maior

na história educacional através dos tempos.

Esta delimitação é pautada da seguinte maneira: os historiadores convencionaram

que a invenção da escrita, ocorrida por volta de 4000 a C., é o marco inicial da História. Todo

o período, anterior a este marco, denomina-se Pré-História. Já mencionado neste. Para

facilitar esse estudo, a história foi dividida em quatros grandes períodos. Como mostra o

quadro abaixo:

Quadro 01 – Divisão da história

HISTÓRIA

PRÉ-HISTÓRIA Antigüidade Idade Média Idade Moderna Idade Contemporânea

A educação, na Pré-história, já foi mencionada neste artigo, os comentários que se

seguem dizem respeito a educação da História propriamente dita. Começaremos pela

antiguidade, ressaltando, em primeiro, a educação da Grécia Antiga, por esta ser considerada

a origem cultural da civilização ocidental. Macdonald (1996, p. 6), em seus estudos, menciona

que os gregos, que podiam pagar pelos estudos, o valorizavam muito; os meninos eram

enviados à escola, enquanto as meninas aprendiam em casa. Todos os cidadãos comuns

apreciavam as peças e as histórias escritas pelos poetas, famosos no “mundo inteiro”. Muita

gente ainda admira.

Um detalhe curioso é que, durante muitos séculos, a língua grega não foi escrita:

poemas e canções eram memorizados e transmitidos oralmente. A escrita só aparece na

Grécia no século V a C., onde os escribas1 gregos inventaram um alfabeto de letras e sons a

partir da antiga língua fenícia2. Este fato comprova que nossa herança cultural e

provavelmente a educacional estão baseadas nas primeiras civilizações, usadas até os dias de

hoje, principalmente a grega que serviu de berço da cultura, da civilização e da educação

ocidental.

Dessa forma, todo o processo educacional, ao ser analisado, deve partir desta

premissa, preservando o patrimônio histórico-cultural educacional.

1 Escritores. 2 Atual Palestina.

5

De acordo com Dias (2006, p. 68):

O patrimônio constitui o testemunho da história, aquilo que restou de antigas sociedades e que nos possibilita compreender a relação entre esses bens - materiais ou não - e o contexto sociocultural em que foram criados, os valores simbólicos que tinham o modo de vida da comunidade.

Os bens patrimoniais constituem, portanto, uma ferramenta educacional

importante, pois permitem que os jovens professores conheçam seu passado como forma de

compreender melhor o presente e, ao mesmo tempo, consolidem-se valores e fortaleçam o

processo de construção de identidade educacional concretizando a origem histórica e as

respectivas instituições educacionais contemporâneas.

Os gregos passaram grande parte de sua cultura aos romanos, que também foram

alicerciadores na educação ocidental. Ganeri (1996, p. 26) em seus estudos afirma que,

somente os meninos de família rica, recebiam uma boa educação. As meninas tinham poucas

aulas e logo começavam a aprender com sua mãe os deveres de casa, pois eram preparadas

desde cedo para o casamento.

Nas escolas, as aulas duravam do amanhecer até ao meio-dia, onde era ensinado a

ler e escrever latim e grego, e a contar usando numerais romanos. Somente mais tarde,

estudaria as obras de dramaturgos, poetas e filósofos gregos e romanos.

Sob estas perspectivas, do ensino na Roma Antiga onde era ensinado a ler,

escrever e contar, mencionaremos o que está posto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional LDB nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Capítulo II da Educação Básica.

Seção III. Do Ensino Fundamental:

Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública iniciando-se 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:18 I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; (LDB, 2007, p.31)

A presente lei, que ampara a ação educacional, nos dias atuais, busca uma

educação de qualidade e proporciona ao cidadão brasileiro o aporte básico para viver o

exercício da cidadania. Bases essas lançadas nos primórdios da formação da civilização

ocidental e que na interação histórica foram construindo uma cultura letrada. Diante desta

18 Lei nº 11. 274/2006

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interação, Gadotti (1993, p. 34), afirma que durante o império romano a Grécia esteve sob o

domínio da filosofia da educação dos romanos.

Roma teve muitos teóricos da educação. CATÃO (234 –149 A c.), chamado “O Antigo”, distingui-se sobretudo pela importância que atribuía à formação do caráter; MARCO TERÊNCIO VARRAO (116 – 27 a C.), foi partidário de uma cultura romano-helênica, com base na “Virtus” romana: pietas, honestitas, austeristas; MARCO TÚLIO CÍCERO (106 – 43 a C.), senador proclamado pelo Senado Romano como “Pai da Pátria”, considerava o ideal da educação formar um orador que reunisse as qualidades do dialético, do filósofo, do poeta, do jurista e do ator. O orador encontrava sua base de sustentação na humanitas...(Gadotti, 1993, p.43).

A universalização da sustentação humanita era o projeto político do Império

Romano. O estudo, na Roma antiga, voltado ao humanismo culturalmente transcendia os

interesses locais e regionais levando-os a uma cultura geral. Porém, isso só veio a se

concretizar na expansão do cristianismo que atingiu seu ápice na Idade Média. Macdonald

(1996, p. 39), em suas pesquisas afirma que, no início da Idade Média, os mosteiros e os

conventos eram centros de aprendizagem, mas que aos poucos foram substituídos pelas

universidades e que todos os universitários estudavam um currículo, comum: filosofia,

gramática, lingüística, lógica, matemática, música e astronomia. Advocacia e medicina eram

disciplinas à parte.

Para Macdonald (1995):

As matérias principais eram gramática, aritmética, geometria, música e astronomia. Aprendiam também retórica e dialética – as artes da argumentação clara e vigorosa. A Igreja considerava todas essas matérias menos importantes do que a filosofia e a teologia, que os alunos deviam aprender, uma vez que revelavam muitas coisas sobre Deus e sobre o mundo criado por Ele. Com o tempo, foram introduzidas novas matérias, como geografia, zoologia, botânica e medicinas, mas a Igreja não confiava nelas. (Macdonald, 1995, p.48).

Na época medieval, a Igreja Católica tinha o domínio não somente na educação da

população, mas seu poder estava em todos os setores e estes ultrapassaram não somente a

época de sua expansão bem como atingiram lugares distantes da Europa.

Na época da Idade Moderna (já delimitado o período no quadro nº1 deste) os

europeus saíram mar adentro em busca de novas terras, sendo que, cada esquadra que saía

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levava em sua companhia um religioso com o objetivo de difundir o catolicismo e angariar

adeptos.

Podemos afirmar que, a presença religiosa católica no Brasil, entre tantas outras

influências também lançou as bases educacionais deste país e que o objetivo dos antigos

romanos de oferecer um ensino humanístico, já mencionado, após a dominação dos europeus

vem sendo edificado nas ações educacionais brasileiras durante vários anos.

Cabe, aqui, ressaltar que a Rede Municipal de Ensino iniciou suas atividades em

1934. Sendo que, desde 1969 a educação do Município de Campo Grande defende um

pensamento pedagógico liberal-tradicional. Em 1959, foi criada a Secretaria de Educação e

Saúde, sua função era a de planejar e executar os serviços municipais de educação e cultura,

saúde pública e assistência social.

Em 1964, a Secretaria de Educação deixa de ramificar-se à saúde e passa a cultura

– Secretaria de Educação e Cultura, com a competência de coordenar a Rede Escolar através

da lotação de funcionários e da assistência de material às escolas.

Em análise aos documentos norteadores da Rede Municipal de Ensino de Campo

Grande/MS, encontramos em seus escritos evidências de uma educação voltada também ao

ensino humanístico. A função das escolas municipais, até então, era oferecer um ensino

humanístico3, de cultura geral, no qual o aluno é educado para atingir, pelo próprio esforço,

sua plena realização como pessoa e se adaptar à sociedade. (Alternativa Curricular, 1992).

Percebe-se neste momento que, todo esse processo está totalmente desvinculado

da realidade e que os conteúdos, oferecidos pelo órgão central (SEMED), assim como as

orientações didáticas destoam do cotidiano do aluno e das realidades sociais.

Porém, em 1970 a REME passa a coordenar as ações educativas. Esta década é

marcada pela implantação da Supervisão (Orientação Pedagógica) que culminou com sua

rejeição pelos professores. Mesmo assim, as posturas pedagógicas começaram a modificar-

se, pois as idéias da escola novista passam a permear o ambiente educacional.

A idéia acima citada, preconizada por Carl Rogers, é acrescida às idéias de Anísio Teixeira: o conhecimento resulta da ação a partir dos interesses e necessidades; os conteúdos são estabelecidos em função de experiência que o sujeito vivencia frente a desafios cognitivos e situações problemas. Dá-se, portanto, muito mais valor aos processos mentais e habilidades cognitivas do que a conteúdos organizados racionalmente. Trata-se de “aprender a aprender”, ou seja, é mais importante o processo de aquisição do saber do que o saber propriamente dito. (Alternativa Curricular, 1992, p. 07).

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O papel do professor agora é mediar o desenvolvimento livre e espontâneo da

criança e o seu viver social, os conteúdos são ministrados de maneira significativa e não o

conteúdo pelo conteúdo, a disciplina surge na forma de consciência dos limites da vida

grupal. A escola passa a desenvolver trabalhos onde possibilita condição para que o aluno

aprenda a viver em grupo. Neste momento a sociedade busca o trabalho em grupo e para tal

necessita de pessoas que saibam conviver em equipes.

As escolas da REME preocupadas em formar o seu aluno para a vida passa a

desenvolver o trabalho pedagógico desta maneira.

Em 80/90 a elaboração do Plano Setorial de Educação indicava à Secretaria uma tomada de posição e construção de alternativas curriculares com o objetivo de iniciar uma caminhada pedagógica em busca de uma política educacional orientada para a qualidade do ensino, tendo em vista o homem para o século XXI. (Alternativa, 1992, p.4).

Até então, as escolas da Rede Municipal de Ensino, não tinham nenhuma proposta

pedagógica única. As 55 escolas da zona urbana e 31 escolas da zona rural caracterizavam-se

pela falta de afinidade pedagógica. Para melhor cuidar da ação pedagógica criou-se em 1990 o

Laboratório de Currículo, com professores de diferents áreas curriculares, encarregados de

discutir e construir as alternativas curriculares. Proposta de trabalho voltada para a teoria do

conhecimento, numa visão interacionista. Com os seguintes objetivos:

a) discutir uma política educacional orientada para a qualidade do ensino, passando, antes pela qualificação do profissional; b) provocar uma permanente reflexão da prática pedagógica escolar sob as três dimensões do exercício docente: o saber, o saber fazer, o saber ser; c) instrumentalizar o professor para a organização da sua prática docente num processo construtivo de apropriação e reinvenção do conhecimento. (Alternativa, 1992, p.5).

Nesta época, já eram realizadas reuniões pedagógicas ministradas pelos

professores do Laboratório de Currículo, estas aconteciam uma vez por mês ou por bimestre,

ficava nítida, nestas, como os professores de uma mesma área do conhecimento desenvolviam

suas práticas pedagógicas de maneira diferente. Pois, cada escola ensinava a sua maneira e o

conteúdo era ministrado de forma diferente.

3 Domínio do saber acumulado pelas gerações anteriores. 4 A mesma citação consta na Alternativa das diversas áreas em diferentes páginas. 5 A mesma citação consta na Alternativa das diversas áreas em diferentes páginas.

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Como por exemplo, a área de História, a qual em algumas escolas estudava-se na

5ª série, história do Brasil e em outras escolas, na mesma série, a pré-história geral e história

antiga. A história antiga em algumas escolas era estudada somente na 7ª série. Tal situação

apresentava vários problemas, tais como: o aluno quando era transferido para outra escola da

rede o conteúdo que ele estava estudando muitas vezes era bastante diferente, como o caso

citado na área de história, também durante as reuniões pedagógicas de professores ficava

muito difícil ter um diálogo partindo do princípio de que as linhas históricas para se ensinar

eram bastante desiguais.

A elaboração da Alternativa Curricular veio para delinear a concepção

educacional da Rede Municipal de Ensino. Cada área elaborou seu próprio documento, sendo

que estas apresentam também suas peculiaridades.

Figura – 2 Alternativas Curriculares

A figura número 2, apresenta as Alternativas Curriculares de Língua Portuguesa,

Matemática, História, Geografia, Ciências e Artes. São livros separados, analisando-os

verificaremos que existe parte comum a todas as áreas e o desenvolvimento da área

propriamente dita.

A apresentação foi escrita pela então Secretária Municipal de Educação Profª

Edelmira Toledo Cândido. Onde é relatada a preocupação da secretária com a prática

educacional dos professores e esclarece que a proposta foi escrita na linha do pensamento

construtivista. Documento que é produto do Plano Setorial de Educação, apresentado em 1989

e que norteou quanto à necessidade de suplementarmos as ações para um trabalho que procure

sempre uma melhor qualidade. E que o mesmo são linhas norteadoras, portanto não estão

prontas e acabadas, mas que para sua execução são necessários o engajamento de professores

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e comprometimento de diretores, supervisores e orientadores. Ressaltou ainda a autonomia

recebida do então Prefeito Lúdio Martins Coelho.

Todas as Alternativas Curriculares estão divididas em capítulos. Sendo que, no

capítulo I – Documento: trata da “Trajetória e Bases Conceituais da Educação na Rede

Municipal de Ensino”. Este capítulo é comum em todas as Alternativas e o subtítulo desta

aborda temas tais como: 1 – O papel da educação na trajetória da Rede Municipal de Ensino.

2- Uma Alternativa Curricular para quê? Explicando como surgiu a idéia de escrever o

documento e o auxilio que este daria ao professor em seu fazer pedagógico. 3- A busca do

conhecimento. Fundamentando a nova prática educativa. 4- A função da escola. Apresentando

a escola como instituição responsável pela propagação do conhecimento é o espaço onde há o

confronto do saber popular com o saber sistematizado, resultando na sua reconstrução,

reinvenção. 5- A função do educador. Faz com que o professor reflita sobre sua função e o

caracteriza como organizador do conhecimento. 6- O ser humano que pretendemos. Menciona

que o sujeito é capaz de construir sua história, como elemento participativo, capaz de emitir

opinião e contribuir para o bem comum. 7- Avaliar é diagnosticar a prática para transformá-la.

Esclarecendo que, a avaliação é fundamental para a continuidade e revisão do trabalho do

professor.

O capítulo II – trata de formar mais específica da área de conhecimento de 2ª a 8ª

série. Começaremos expondo a Alternativa Curricular de Língua Portuguesa. Essa começa

com uma justificativa esclarecendo que a proposta surgiu da necessidade de a Rede Municipal

de Ensino de Campo Grande ter um roteiro que norteasse o conteúdo programático da Língua

Portuguesa nas séries do primeiro grau. Logo em seguida vem as observações necessárias

explicando que a proposta encontra-se dividida em três segmentos: leitura, produção de texto

e gramática apenas para uma maior facilidade ou clareza na exposição dos pressupostos

teóricos de cada um deles. Os sub-itens estão divididos da seguinte maneira:

1- A Importância da Língua. 2- Objetivos Gerais e Princípios Metodológicos do Ensino da Língua

Portuguesa. 3- O que é leitura? 4- O Papel do Professor na Prática da Leitura. 5- Tipos de Leitura. 6- Objetivos da leitura em sala de aula. 7- Fases da leitura. 8- A Prática de Leitura em sala de aula 9- Texto 10- Produção de Texto 11- Gramática

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12- Anexo I – Conteúdo Programático e Alguns Procedimentos 13- Recomendações. 14- Anexo II – Tirando Dúvidas (Alternativa Curricular de Língua Portuguesa,

1992).

E finaliza o citado acima aconselhando para que o professor domine o conteúdo a

ser ministrado e que busque em outras fontes seus conhecimentos e que seu fazer pedagógico

não fique limitado no livro didático, pois este o limita fazendo com que o professor, muitas

vezes saiba pouco mais que seus alunos.

O capítulo II, da área de matemática, apresenta uma proposta curricular “O Ensino

da Matemática no Iº Grau” com considerações iniciais abordando a importância do ensino da

matemática. Logo a seguir a listagem de conteúdos sugerida nesta proposta para o ensino de

matemática de 1ª a 8ª série. Nas considerações metodológicas é abordado:

1- Histórico 2- Relações Comparativas e Posicionais 3- Construção do número 4- Operações com os números naturais 5- Números Racionais – Introduzindo frações 6- Números Inteiros 7- Cálculo Mental 8- Gráficos 9- Álgebra 10- Medidas 11- Geometria 12- Avaliação (Alternativa Curricular de Matemática, 1992)

O capítulo II, da área de História, inicia-se com um texto reflexivo sobre o ensino

da História. Trazendo como sub-iten. 1- A História da História. 2 – A História hoje no Brasil.

2.1 – O Positivismo. 2.2 – Materialismo Dialético. 2.3 – O historiador. O capítulo III –

Alternativa Curricular de História. !- Introdução. Critica a história positivista. 2- A História

tradicional. Relata que o ensino da história era tradicionalmente dividido de forma que o

aluno só estudava História do Brasil na 5ª e 6ª série, isto é, a História do Brasil era

desvinculada da História Geral. 3 – Nossa Proposta leva o aluno a conhecer a dinâmica e o

movimento das sociedades, de reconhecerem o Brasil como parte do contexto latino-

americano e do mundo capitalista. 4- Sugestões para atividades complementares tais como:

filmes e leituras complementares.

O capítulo II, da área de Geografia, consta o seguinte: 1- Mensagem ao professor.

2- Um texto para reflexão sobre o estudo da Geografia. 3- Planos de Ensino da Geografia nas

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últimas séries do 1º grau. Sendo que, cada série de 5ª a 8ª com os objetivos gerais, conteúdos

básicos, considerações metodológicas, metodologia e avaliação.

O capítulo II, da área de Ciências, consta o seguinte: Apresentação – justificativa,

evidenciando que o ensino de ciências tem se restringindo a abordar conteúdos de forma

fragmentada, acrítica e livresca levando o professor a refletir sua prática. Ciências –

Contextualização histórica – Importância do Ensino de Ciências – Considerações

Metodológicas – Considerações sobre a abordagem dos conteúdos. 1- Matéria-Viva. 2-

Matéria não-viva. 3- Energia e Transformação. 4 – Interações. %- Implicações Sociais. A

listagem de conteúdos está disposta em quadros de 1ª a 8ª série.

O capítulo II da área de Educação Artística consta o seguinte: Introdução Arte, Educação, Arte-educação, Educação Artística – Reflexões Um pouco de História Abordagens psicológicas sobre a criação Artística Fig. 1 – Personalidade e aprendizagem: Estruturação Personalidade e Desenvolvimento gráfico na criança Quadro de atividades criadoras Reflexões sobre a metodologia Sugestões de atividades Expressão Plástica – Pré a 4ª série Expressão Plástica – 5ª a 8ª série Expressão Musical – Pré a 4ª série Expressão Musical – 5ª a 8ª série Artes Cênicas (Expressão Corporal – Dança) – Pré a 4ª série Artes Cênicas (Expressão Corporal – Dança) – 5ª a 8ª série Expressão plástica e Gráfica – 2º Grau Expressão Musical – 2º Grau Artes Cênicas (Expressão Corporal – Dança) – 2º Grau (Alternativa Curricular de Educação Artística, 1992)

Os professores da área mencionaram, neste documento, que só através da

integração escola/comunidade e da integração de todas as linguagens artísticas, o educando

desenvolverá plena e satisfatoriamente o seu potencial artístico.

Este documento, na época, veio a estimular a discussão e a reflexão sobre os

princípios político-pedagógicos em cada componente curricular, resultando em uma

Alternativa Curricular para que professores pudessem ter apoio e respaldo de sua prática.

Depois de oito anos do lançamento e implantação da Alternativa Curricular, fez-se

necessário, como renovação das práticas pedagógicas, outro documento norteador na Rede

Municipal de Ensino de Campo Grande/MS, elaborado por técnicos da Secretaria (SEMED) e

um grupo de professores pertencentes às escolas municipais das respectivas áreas do

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conhecimento intitulado “Seqüência Didática”. Este documento apresenta uma capa

produzida por: Lenilde Teixeira Silva, na época aluna da Escola Municipal Profª Gonçalina

Faustina de Oliveira, participante do concurso referente ao Estatuto da Criança e Adolescente

– (ECA) – Que direito é esse? 1998, como mostra a figura 03.

Figura 03 – Seqüência Didática

A Seqüência Didática é um documento único, isto é, um só livro, porém dividido

em áreas do conhecimento tais como: na parte de Educação Infantil estão as áreas de: Língua

Portuguesa, Matemática, Natureza e Sociedade, Música, Artes Visuais e Movimento. As

partes que se referem ao Ensino Fundamental estão as áreas de: Língua Portuguesa, Língua

Estrangeira Moderna, Matemática, História, Geografia, Ciências, Educação Física, Educação

Artística, Ensino Religioso, Educação de Trânsito.

Observa-se uma grande diferença da Alternativa Curricular para a Seqüência

Didática, pois esta apresenta uma parte para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental

constando como novidade maior, a parte destinada apenas à Educação de Trânsito.

A apresentação deste documento foi realizada pela então secretária de educação,

professora Maria Nilena Badeca da Costa, onde esta assinalou os problemas, não da época,

mas que já existiam ao longo do tempo, e que vem se projetando de maneira mais acentuada

em nossos ambientes escolares, como a de estabelecer uma postura crítica, não só nos

educandos, bem como nos educadores, ambas as frentes preocupadas com as desigualdades

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sociais e ainda desenvolver nos alunos a capacidade necessária para a compreensão cientifica,

cultural e tecnológica para o exercício da cidadania e da ética. A secretária menciona que, este

documento vem para nortear as escolas da Rede Municipal de Ensino – REME, no fazer

diário em sala de aula, sem, no entanto, excluir as diferenças locais regionais de cada

estabelecimento, atendendo a direção, técnicos, docentes e discentes das escolas municipais

de Campo Grande/MS.

Além da capa, ilustrada e apresentação, o documento está estruturado da seguinte

maneira: introdução, agradecimentos, visão de área, eixos temáticos, noções e conceitos

divididos por bimestre e habilidades.

Na introdução do documento fica evidente que este vem com algumas afirmações

diferentes da Alternativa Curricular, quando faz a referência que este viabiliza a inclusão do

aluno portador de necessidades educativas especiais e que esta seqüência caracteriza-se por

estabelecer conteúdos mínimos possíveis de serem ampliados, de acordo com a Proposta

Curricular da escola.

Os agradecimentos aos elaboradores dividem-se em duas partes, uma para os

coordenadores (técnicos da SEMED) e outro aos colaboradores diretos (professores das

escolas), sendo que nas duas partes constam educadores de diversas áreas do conhecimento.

Na visão de área, ficam evidentes as peculiaridades. A alfabetização elenca-se um

ensino da língua portuguesa atrelada às regras fixas, mas com um processo de interação

verbal. No Ensino Fundamental, a Língua Portuguesa remete-nos a uma reflexão sobre a

linguagem e as articulações e relações que estabelecemos com o mundo. Na Língua

Estrangeira Moderna é possível perceber que a globalização favorece uma maior percepção de

culturas diversas. Na Matemática sua concepção é encarada como uma ciência que tem

relação com a vida, com as pessoas, com as coisas contribuindo com a construção humana. A

História é entendida, nesta, como a ciência em construção e deve ser estudada a partir de

problemáticas contemporâneas, presentes no contexto social e relacionadas a acontecimentos

de outros tempos e espaços, ou do mesmo espaço em outros tempos cronológico ou histórico.

Na Geografia, o objetivo maior é levar o aluno à compreensão de como acontece a

organização espacial, esclarecendo alguns conceitos como o de espaço, de tempo, de

produção de necessidade e de transformação, que por se relacionarem, estão ligados aos

conceitos de sociedade, trabalho, natureza e cultura. Na Ciência, situa o estudante em seu

mundo, enfatizando conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, as relações no âmbito da

vida, do universo, do ambiente e dos equipamentos tecnológicos. Na Educação Física

observa-se uma área comprometida com a história e a explicação crítica da realidade dando

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condições para que o aluno tome parte nos processos de produção da cultura corporal como

sujeito, agente ação. No Ensino Religioso, tem-se como referencial a capacidade de perceber

as diferenças das tradições religiosas, surgindo o diálogo; na convergência dá-se a construção

e a reconstrução do conhecimento do fenômeno religioso. Na Educação de Trânsito, remete-

se a princípios que permitem refletir sobre o homem e suas relações sociais. A locomoção, a

comunicação que orientam o trânsito e o homem.

Os Eixos Temáticos das diversas áreas apresentam-se como fio condutor do

processo de ensino-aprendizagem. Já, as “Noções e Conceitos”, contemplam o mencionado na

introdução do documento onde é afirmado que, esta seqüência caracteriza-se por estabelecer

conteúdos mínimos possíveis de serem ampliados, de acordo com a Proposta Pedagógica da

escola. No âmbito das Habilidades, cada área apresenta tudo àquilo que o aluno deve aprender

a fazer. Desenvolvendo suas capacidades intelectuais, afetivas, psicomotoras, sociais e

políticas. Por exemplo, pensar, relacionar informações, avaliar, comparar fatos e teorias,

descobrir, experimentar, criar, organizar, fundamentar suas opiniões, questionar, ser

participante, etc.

Finalizamos a análise do documento expondo que o mesmo não difere do já

mencionado aqui, quando nos referíamos a Alternativa Curricular afirmando que este também

veio a estimular a discussão e a reflexão sobre os princípios político-pedagógicos em cada

componente curricular, para que professores pudessem ter apoio e respaldo de sua prática.

Porém, a Alternativa Curricular apresenta-se como um embasamento teórico metodológico

bem mais fundamentado e crítico. Como por exemplo, onde está inserida a idéia de Carl

Rogers, psicólogo norte-americano que defende o ensino humanístico podemos dizer

renovado.

Sabemos (...) que a iniciação à aprendizagem não se baseia nas habilidades de ensinar de um líder, no seu conhecimento erudito do campo, no planejamento do currículo, no uso de subsídios audiovisuais, na programação do computador utilizado, nas palestras e aulas expositivas, na abundância de livros, embora tudo isso possa, uma vez ou outra, ser empregado como recurso importante. Não, a facilitação da aprendizagem significativa baseia-se em certas qualidades de comportamento que ocorrem no relacionamento pessoal entre o facilitador e o aprendiz. (Rogers, 1985, p.105-6).

Rogers aponta para o apreço ao aprendiz, a seus sentimentos, suas opiniões, sua

pessoa. Não fazendo deste uma Tabula Rasa. O professor deve ser em primeiríssimo lugar um

EDUCADOR, encontrar-se com o aluno na base de pessoa-a-pessoa, mostrar-se ao aluno

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como alguém que desempenha uma função de verdadeiro educador e não simplesmente como

um mero passador de conteúdos.

A abordagem parcialmente técnica da SEQUÊNCIA DIDÁTICA está nas

“entrelinhas” apresenta, sim, um relacionamento afetivo, explícito nas ALTERNATIVAS

CURRICULARES, entre educadores e educando. Sendo que após três anos em 2003, do

lançamento e implantação da Seqüência Didática, fez-se necessário, como renovação das

práticas pedagógicas e outro documento norteador na Rede Municipal de Ensino de Campo

Grande/MS foi elaborado por técnicos da Secretaria (SEMED) e um grupo de professores

pertencentes as escolas municipais das respectivas áreas do conhecimento, intitulado

“DIRETRIZES CURRICULARES DO ENSINO FUNDAMENTAL”, este apresenta uma

capa onde mostra figura nº. 04 o ambiente escolar com seus alunos.

Fig. 04 – Diretrizes Curriculares

O documento Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental é único, isto é, um

só livro, porém dividido em áreas do conhecimento tais como, Língua Portuguesa,

Matemática, História, Geografia, Ciências, Educação Artística, Educação Física, Língua

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Estrangeira – Moderna e Ensino Religioso. Saem do contexto dos documentos norteadores da

Rede Municipal de Ensino as partes referidas na seqüência didática, ensino infantil e

educação para o trânsito.

Observa-se uma grande diferença da Seqüência Didática para as Diretrizes

Curriculares, pois esta exclui a parte da a Educação Infantil e no Ensino Fundamental não

aparecem a Educação de Trânsito.

A apresentação deste documento foi realizada pela então secretária de educação,

professora Maria Nilena Badeca da Costa, onde assinalou que a escola não pode ser apenas

um local de transmissão de informações, onde a aprendizagem seja entendida como acumulo

de conteúdos. Mas sim voltada muito mais a para uma prática pedagógica.

Na introdução deste é afirmado que, os conteúdos são considerados como meio

para que o aluno por meio do professor abra as possibilidades de desenvolvimentos e

capacidades que permitem estabelecer habilidades e competências de acordo com a Proposta

Pedagógica de cada unidade escolar.

Os agradecimentos aos elaboradores se dividem em duas partes, uma para os

coordenadores (técnicos da SEMED) e outro aos colaboradores diretos (professores das

escolas). Sendo nas duas partes constam educadores de diversas áreas do conhecimento.

Igualmente como na Seqüência Didática.

A visão de área de cada disciplina permanece a mesma. Os Eixos Temáticos das

diversas áreas apresentam-se também como fio condutor do processo de ensino-

aprendizagem. As “Noções e Conceitos” era o que mais os professores reclamavam da

Seqüência Didática e por isso fizeram algumas mudanças como mostra o quadro abaixo na

área de História.

Quadro nº. 2. Exemplo de Diferenças de Noções e Conceitos.

6ª SÉRIE – PRIMEIRO BIMESTRE

SEQÜÊNCIA DIDÁTICA

6ª SÉRIE – PRIMEIRO BIMESTRE

DIRETRIZES CURRICULARES

As relações de suserania e vassalagem no

mundo medieval:

- relações entre nobres e servos

Absolutismo e mercantilismo na Idade

Moderna.

-características da monarquia absolutista;

Discutir as características sócio-culturais, as

relações sociais presentes no sistema feudal.

Conceituar o sistema feudal de produção

Compreender que a Inquisição foi um

instrumento de intolerância às diferenças de

credos religiosos.

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- teorias e praticas do mercantilismo.

Reconhecer as diferenças e semelhanças nas

relações de trabalho com o fim do feudalismo.

Caracterizar o feudalismo como modelo

político-econômico, resultante da fusão da

cultura romana e bárbara.

Cada série traz o parâmetro de desempenho como mostra o exemplo abaixo na

área de Educação Física:

PARÂMETRO DE DESEMPENHO PARA A 5ª SÉRIE

• Conhecer e dominar o manejo da bola, drible e passe da modalidade do handebol,

adaptando-se as regras simplificadas e assumindo variados papéis no campo esportivo;

• Participar na organização de campeonatos dentro do contexto escolar;

• Aplicar as noções de higiene corporal, mediante cuidados específicos a serem adotados na

infância e adolescência;

• Conhecer e dominar o manejo da bola, drible e passe no contexto da modalidade de

basquetebol, adaptando-se às regras simplificadas e assumindo variados papéis no campo

esportivo;

O documento Diretrizes Curriculares foi discutido, cobrado e usado nas escolas,

como mostraremos abaixo trechos de relatórios feitos por técnicos da SEMED, durante visitas

as escolas;

“a professora está seguindo as orientações da SEMED em todos os aspectos, tais

como: 04 eixos da LP, as habilidades, a situação didática, os recursos estão todos de acordo

com as orientações da SEMED, bem como das Diretrizes Curriculares”.

“A supervisora comentou que a preocupação dos professores é cumprir as

Diretrizes Curriculares”.

“O planejamento dos professores está conforme orientação da SEMED,

contemplando os quatro eixos e a proposta das Diretrizes Curriculares”.

“Em conversa com a professora observamos que está seguindo as Diretrizes

Curriculares...”.

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Os trechos dos relatos acima comprovam que o uso das Diretrizes abre

perspectivas para buscarmos diferentes propostas. O professor, tanto individualmente como

com seus companheiros, construiu seu caminho, seu conhecimento; ampliou sua vivência,

trocou suas experiências usando os documentos ou alguns mais jovens apenas um documento

norteador da rede municipal de ensino, mas como tratamos de educação, “coisa que caminha”,

cada época que passa necessitamos renovar nossas práticas, por isso estamos construindo mais

um documento norteador para que nossa prática pedagógica continue cada vez mais

comprometida com a história da educação, com nossa cabeça aberta para o novo na certeza de

que a educação da rede municipal de ensino terá condições de responder aos desafios do

próximo milênio.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTERNATIVA CURRICULAR. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. CAMPO

GRANDE/MS, 1992.

CARLOS, Ana Fani. O luar no mundo. São Paulo: Hucitec, 1996.

DIAS, Reinaldo. Turismo e patrimônio cultural – recursos que acompanham o crescimento

das cidades. São Paulo: Saraiva. 2006.

DUARTE, Newton. Educação escolar, teoria do cotidiano e a escola de Vigotsky. 3. ed. Ver.

E ampl. Campinas SP: Autores Associados, 2001. (Coleção polêmicas do nosso tempo: v. 55)

GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 1993.

GANERI, Anita. Como seria sua vida na Roma Antigas? Tradução Maria de Fátima S. M.

Marques. São Paulo: Scipione, 1996. – (Coleção como seria sua vida?).

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL – LDB nº9. 394 de 20 de

dezembro de 1996.

MACDONALD, Fiona. Como seria sua vida na Grécia Antiga; tradução Maria de Fátima S.

M. Marques. São Paulo: Scipione, 1996. – (Coleção como seria sua vida?).

MACDONALD, Fiona. Como seria sua vida na Idade Média.Ttradução Maria de Fátima S.

M. Marques. São Paulo: Scipione, 1996. – (Coleção como seria sua vida?).

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MACDONALD, Fiona. Cotidiano Europeu na Idade Média. Tradução Maria de Fátima S. M.

Marques. São Paulo: Melhoramentos 1995. Série: Povos do Passado.

PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. 13ª ed. São Paulo: Atual, 1994. – (Discutindo a

história)

POZO, Juan Ignácio. Aquisição de conhecimento: quando a carne se faz verbo. Trad. Antonio

Feltrin. Porto Alegre: Artmed, 2004.

PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Ática, 2000.

ROGERS, Carl. Liberdade de aprender em nossa década. Porto Alegre, Artes Médicas, 1985.