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História do Brasil II

Professor Cássio Albernaz

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HISTÓRIA DO BRASIL II

ERA DE VARGAS (1930 – 1945)

Este período da República conhecido como "Era de Vargas" divide-se em três fases:

• Governo Provisório (1930 – 1934);

• Governo Constitucional (1934 – 1937);

• Estado Novo (1937 – 1945).

GOVERNO PROVISÓRIO (1930 – 1934)Os principais fatos foram: Revolução Constitucionalista de 1932; a criação dos Ministérios da Educação e Saúde; Trabalho, Indústria e Comércio; a promulgação da Constituição de 1934.

Revolução Constitucionalista de 1932

Em São Paulo surgiram as primeiras manifestações pela reconstitucionalização do país.

As oligarquias paulistas não aceitaram a sua marginalização e, tentando retomar o poder, aproveitou-se do descontentamento da população diante das dificuldades econômicas, para iniciar o movimento.

O Partido Democrático e Partido Republicano Paulista uniram-se sob as palavras de ordem: "interventor civil e paulista", exigindo também uma nova Constituição para o país.

O governo central cedeu à primeira reivindicação, nomeando Pedro de Toledo como interventor. Em seguida, apesar da oposição tenentista, Getúlio mandou publicar o novo Código Eleitoral e o anteprojeto da Constituição de 1934.

A 09 de julho de 1932 explodiu a luta armada.

Embora a Revolução Constitucionalista de 1932 tivesse sido um fracasso do ponto de vista militar, no campo político seus reflexos foram positivos: em 1933, Vargas promoveu eleições para a Assembleia Constituinte e em novembro do mesmo ano tiveram início os trabalhos dos constituintes eleitos, os quais resultariam na Constituição promulgada em 1934.

A Constituição de 1934

Promulgada pela segunda Assembleia Constituinte, diminuiu bastante a autonomia dos Estados, facilitando a Intervenção federal; abria o direito de voto às mulheres e aos maiores de 18 anos.

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Incluía capítulos relativos à Ordem Econômica Social, Família, Educação e Cultura, instituindo as bases do que viria a ser legislação trabalhista: repouso remunerado, previdência social e a proteção ao trabalho da mulher e do menor.

A Carta de 1934 conservava os fundamentos republicanos do federalismo e do presidencialismo e marcava também o estabelecimento de um novo tipo de relação do Estado com o conjunto da classe operária.

Continuavam os três poderes independentes e harmônicos, tendo a Câmara, além dos deputados do povo, os que representavam as classes trabalhadoras.

Estabeleceu a justiça eleitoral, a justiça do trabalho e a militar.

GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934 – 1937)

Este período se caracterizou pelo desenvolvimento de duas políticas de orientação contrárias: Ação Integralista Brasileira e Aliança Nacional Libertadora (ANL).

A ANL foi colocada na ilegalidade e sua ala mais radical iniciou um movimento armado em novembro de 1935: foi a Revolta Vermelha ou Intentona Comunista, reprimida pelas forças do governo.

O movimento integralista de 1935, a descoberta do Plano Cohen (forjado pelos integralistas, que continha um plano comunista para a tomada do poder), a Intentona Comunista e o apoio dos chefes militares contribuíram decisivamente para que Getúlio Vargas desse o Golpe de Estado de 1937, instaurando no Brasil um regime de caráter autoritário ou ditatorial (Estado Novo). Getúlio decreta o "Estado de Guerra", fecha o Congresso Nacional e outorga, no dia 10 de novembro de 1937, a nova Constituição ("Polaca").

Na noite do mesmo dia 10 de novembro, Getúlio fazia uma proclamação ao povo, justificando a necessidade de um governo autoritário: nascia, assim, o Estado Novo.

ESTADO NOVO (1937 – 1945)

A crise capitalista internacional, a insegurança gerada pela burguesia e a ascensão das forças populares levaram as classes dominantes brasileiras a abdicar das liberdades políticas e a apoiar um regime ditatorial que garantisse seu interesse essencial: a manutenção do lucro. Nesse sentido e com total abolição das garantias individuais, o Estado Novo teve características semelhantes às do fascismo.

Constitui-se no período mais importante de Getúlio Vargas. Foi marcado pelos seguintes fatos:

• Centralização absoluta do poder nas mãos do Executivo, representado por Getúlio Vargas e seus auxiliares mais próximos, anulando a autonomia federalista dos Estados;

• Ação intervencionista do Estado no campo social e econômico, buscando diminuir as tensões sociais tanto no âmbito das classes dominantes como entre estas e as forças populares;

• Criação do Ministério da Aeronáutica (Clóvis Salgado foi o primeiro titular desta pasta);

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• Reuniu-se na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) toda a legislação trabalhista (1943);

• Criação da Companhia Siderúrgica (1941) (Usina de Volta Redonda) e a Companhia Vale do Rio Doce (1942) para extrair minérios;

• Surgimento de diversos territórios federais (Fernando de Noronha, Amapá, etc);

• Outorgou a Constituição de 1937, que instituiu um federalismo centralizado;

• Levante Integralista de 1938;

• Enviou a FEB para os campos da Europa (Itália);

• Nomeou novos interventores para os Estados;

• Proibiu greves;

• Extinguiu todos os partidos políticos;

• Regulamentou a pena de morte no Brasil;

• Criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que funcionava como elemento controlador da imprensa, determinando o que podia ou não ser publicado;

• Promoveu a diversificação agrária incentivando a policultura;

• Criou os Institutos do Açúcar e do Álcool (IAA), do Mate e do Pinho;

• Incrementou um Plano Quinquenal que apresentava os seguintes itens: usina de aço, fábrica de aviões, usina hidrelétrica em Paulo Afonso, estradas-de-ferro e de rodagem;

• Participação do Brasil na Segunda Guerra. Em janeiro de 1942, o governo rompeu relações diplomáticas com os países do "Eixo" e permitiu a instalação de bases navais e aéreas no Nordeste Brasileiro (Fernando de Noronha e Natal); a Marinha de Guerra cooperou no patrulhamento do Atlântico;

• Preocupado em centralizar o poder, o governo criou o DASP – Departamento de Administração do Serviço Público, que se tornou um órgão de consulta de Getúlio e seus ministros;

• Criou também o DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda, que ao lado da polícia secreta chefiada por Filinto Müller, tornou-se o mais importante órgão de sustentação da ditadura do Estado Novo.

O Brasil na Segunda Guerra Mundial

O Brasil inicialmente mantinha uma posição de neutralidade, porém, alguns personagens do Governo admitiam que o Brasil deveria apoiar a Alemanha.

O afundamento de navios mercantes brasileiros em pleno litoral, levou nosso país a declarar guerra aos países do "Eixo" (Alemanha, Itália e Japão), em agosto de 1942.

Participaram da guerra a Força Expedicionária Brasileira (FEB) cujo lema era "a cobra está fumando" e a Força Aérea Brasileira (FAB) cujo lema era "senta a pua".

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As tropas brasileiras, sob o comando do General Mascarenhas de Morais lutaram nos campos de batalha da Itália e obtiveram expressivas vitória em Montese, Monte Castelo, Castelnuevo e Fornovo.

O Monumento aos Mortos ou Monumentos dos "pracinhas" no Rio de Janeiro, abriga os restos mortais dos brasileiros que lutaram na 2ª Guerra Mundial.

O ano de 1943 marca o início das campanhas pela redemocratização do país. Neste ano, homens como Milton Campos, Afonso Arinos e Magalhães Pinto lançaram um documento ("Manifesto dos Mineiros") exigindo a redemocratização do Brasil.

Em 1945 em meio a pressões sociais, promulgou-se um ATO ADICIONAL, através do qual concedia-se liberdade para formação de partidos políticos e assegurava-se as eleições.

A 2ª Guerra Mundial foi fator de aceleração do processo econômico brasileiro, porque dificultou as importações e ampliou as possibilidades de exportação.

Término da 2ª Guerra trouxe reflexos para o Brasil tais como:

• Início da "decolagem industrial" com a indústria pesada ou de base graças a criação da Usina Siderúrgica de Volta Redonda;

• O surgimento de vários partidos políticos: PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), PSD (Partido Social Democrático) e UDN (União Democrática Nacional). Pela primeira vez o Brasil passou a ter partidos políticos de atuação nacional.

• A reconstitucionalização do país (deposição de Getúlio Vargas pelos chefes militares em 29 de outubro de 1945) após o regresso dos "pracinhas" da FEB da Europa.

• As Forças Armadas entregaram o governo ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, que realizou as eleições (O General Eurico Gaspar Dutra saiu vitorioso).

CONSTITUIÇÃO DE 1937 (10/11/1937)

O Presidente Getúlio Vargas, apoiado pelo Ministro da Guerra (Gaspar Dutra) e pelo chefe do Estado-Maior do Exército (Góis Monteiro) num Golpe de Estado, dissolveu o Congresso e as Assembleias Estaduais e outorgou ao País uma Constituição de caráter totalitário que vigorou durante todo o período do Estado Novo (1937-1945).

Esta constituição, quarta do Brasil e terceira da República, ficou conhecida como "Polaca", em virtude de haver sido inspirada nos regimes totalitários da Polônia, Itália, Alemanha e Portugal. Foi elaborada pelo jurista Francisco Campos que havia sido o primeiro a ocupar o cargo de Ministro da Educação do Brasil.

Foram transferidas para a competência do Governo Federal muitas das funções antes exercidas pelos Estados e Municípios.

Ao mesmo tempo, o Estado Novo tratava de patrocinar a organização dos sindicatos, com uma legislação inspirada no Fascismo Italiano. Por meio da criação do imposto sindical, taxa obrigatória paga por todos os operários, sindicalizados ou não, o governo garantia a sustentação financeira dos sindicatos, ao mesmo tempo que os atrelava ao seu controle.

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Além da centralização político-administrativa e do intervencionismo econômico o sindicalismo foi uma característica marcante do Estado Novo: os sindicatos, controlados pelo Ministério do Trabalho, tornaram-se instrumentos do governo, surgindo assim o trabalhismo, base política de Vargas. Foi promulgada a CLT e criada a Previdência Social.

Principais características:

• Federalismo altamente centralizado, limitando-se a autonomia dos Estados em favor do poder central. Amplos poderes eram concedidos ao Presidente da República. Assim, Getúlio Vargas tinha o poder de legislar por decretos, nomear funcionários e interventores estaduais sem recorrer ao Legislativo;

• Unificação do poder político: o Presidente passou a ser Chefe do Poder Executivo e supervisor de todos os demais;

• Extinção do cargo de Vice-presidente da República;

• Restrições à Liberal Democracia, tão defendida na Constituição de 1891. A restrição, também, à liberdade do cidadão brasileiro, em nomes de um suposto bem comum;

• Maior intervencionismo do Estado Novo, que passou a tomar medidas de diversificação da agricultura e incentivos à industrialização.

A Decadência do Estado Novo: Em 1945, o governo de Getúlio Vargas estava inserido em um grande problema político: o Brasil, que era comandado pelo ditador Vargas, entrava na Segunda Guerra Mundial ao lado dos aliados a fim de defender a luta antifascista e em favor do fim do autoritarismo. A partir dessa contradição, as mobilizações de cunho democrático não tardaram em se proliferar no cenário nacional.

Ainda em 1943, já era possível identificar manifestações populares exigindo a redemocratização do Brasil. O chamado Manifesto dos Mineiros era assinado por intelectuais (advogados, escritores, professores e jornalistas) como Milton Campos, Afonso Arinos e Magalhaes Pintos. Ainda que reconhecesse os avanços econômicos e sociais ocorridos ao longo do Estado Novo, o manifesto reivindicava, com urgência, o término do regime então vigente, bem como o estabelecimento da chamada “União Nacional sem Getúlio”. O Manifesto dos Mineiros seria apoiado, dois anos depois, pelo Primeiro Congresso Nacional de Escritores, o qual ampliaria as agitações populares contrárias ao regime.

A efervescência de 1945 seria marcada, ainda, pelas falas do general Gois Monteiro ao jornal Folha Carioca no qual esse militar colocava-se, publicamente, favorável à realização de eleições e pela oposição ao presidente Getúlio.

Nesse contexto, Vargas lançou o Decreto de Fevereiro de 1945 determinando a eleição (de forma direta) para 02 de dezembro daquele ano, na qual diferentes cargos eletivos seriam contemplados, incluindo o de presidente. Nesse decreto, Getúlio permitia, ainda, a criação ou reabertura de partidos políticos. Ao lado disso, presos políticos, inclusive o líder comunista Luís Carlos Prestes e Gregório Bezerra, foram anistiados e a censura à imprensa foi extinta. O clima de uma possível democratização pairava pelo ar.

Dentro dos novos partidos políticos surgidos nesse cenário, sendo todos eles identificados como partidos “nacionais”, destacaram-se, entre outros, a União Democrática Nacional (UDN), o Partido Social Democrata (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). O Partido Comunista

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Brasileiro (PCB) insere-se nessa seara partidária, ainda que criado em 1922, por ter saído da clandestinidade durante esse período.

A UDN foi resultado da formação de um grupo elitista e era duramente anti-getulista. O PSD era oriundo, de mesma forma, a partir de uma parte da elite, como os grandes proprietários rurais, entretanto, esse grupo era ligado a Getúlio e foi o partido mais forte durante a nova democracia, elegeria o próximo presidente, o general Eurico Gaspar Dutra. O PTB, por sua vez, originou-se de uma ampla camada de apoiadores a Getúlio, porém reunia muitos sindicalistas e simpatizantes da causa trabalhista, deflagrando uma composição mais popular.

No decorrer de 1945, um grupo de trabalhistas criou um movimento intitulado “Queremos Getúlio”, também chamado de “Queremismo”. Ao defender a continuidade de Vargas no poder, o movimento ganhava espaço entre os populares em âmbito nacional e, sobretudo, entre o PTB e o PCB. Esse último, tendo seu principal líder, Luís Carlos Prestes, como apoiador do movimento queremista e, em seguida, da chamada Constituinte com Getúlio. Uma das razões do apoio dos comunistas consistia na execução da Lei Malaia, a qual previa a combater os trustes e promover um caráter anti-imperialista na economia nacional. A proximidade com os comunistas teria prazo determinado, em fins de 1945, o PCB lançaria seu próprio candidato à presidência, Iedo Fiuza.

O transcorrer de 1945 também foi marcado por ações oposicionistas sistemáticas da UDN. Ao mesmo tempo que Vargas havia feito concessões de cunho democrático não ficava evidente qual seria sua postura em relação ao pleito eleitoral no final daquele ano. A possível permanência do ditador no poder ou de alguma manobra eleitoral de Vargas ampliou as manifestações da UDN contra o governo, as quais, muitas delas, eram realizadas a partir de passeatas.

Como exemplo de um dos argumentos utilizados pela UDN contra Getúlio é o caso da substituição de um chefe de polícia do Distrito Federal. Naquela ocasião, após ter proibido uma passeata dos queremistas, o então chefe de polícia foi substituído do cargo, a mando de Vargas, e sua vaga passou a ser ocupada pelo irmão do presidente, Benjamim Vargas.

O Exército e a oposição política ao presidente aliaram-se na tentativa de retirar Vargas da presidência. A conspiração contra Getúlio contou, ainda, com o apoio norteamericano na pessoa do embaixador Adolf Berle Jr.

O golpe desfechado pelos generais Gois Monteiro e Eurico Gaspar Dutra contra Vargas foi realizado em 29 de outubro de 1945. O poder Executivo foi entregue para o Presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, que, em ainda naquele ano, realizou as eleições que selaram o término do Estado Novo. O presidente eleito, General Eurico Gaspar Dutra, contou com o apoio do próprio Vargas na reta final da campanha. Após a deposição, Vargas refugiou-se em sua fazenda na cidade de São Borja. De lá, Getúlio, pouco tempo depois, articularia sua volta ao Palácio do Catete.

Os Governos Populistas no Brasil (1946-1964): o momento da chamada Terceira República

Introdução: As décadas de 1950 e 1960 foram marcadas pela intensa relação verificada entre os presidentes brasileiros e as massas populares. O estado ganhava, cada vez mais, o status paternalista, incorporando à máquina estatal uma gama de trabalhadores. A destacar, essa incorporação não representava uma participação direta da massa popular na administração. O

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que ganha destaque nesse contexto é a conquista de direitos sociais e trabalhistas adquiridos pela classe operária.

Para alguns autores, desde os anos de 1930, com Getúlio Vargas, as práticas populistas já eram utilizadas pelo então presidente, ainda que no regime do Estado Novo.

Para tal relação, o termo populismo, o qual não encontra consenso no debate historiográfico, surge como conceito no cenário brasileiro ainda nos anos 1950 e passa a ser reiteradamente utilizado pela historiografia na década seguinte.

Pesquisas mais recentes tendem a utilizar o termo “política de massas” ao invés de populismo para explicar a relação citada acima.

Ao lado disso, ao abordar a questão da relação “presidente” e “povo” pelo viés de uma política de massas, tais autores destacam que os novos estudos a esse respeito procuram investigar a forma de exercício do poder desses governantes, bem como os mecanismos aos quais recorreram para construir uma relação de maior proximidade com os trabalhadores (incluindo-se, aí, o uso de propagandas e de simbologias).

De todo modo, as referidas décadas de 50 e de 60 marcam uma série de transformações importantes no âmbito social brasileiro. A condição de sociedade agrária, enraizada nos valores tradicionais, passava a coexistir ao lado de um perfil social mais diversificado. O Brasil rumava aos “tempos modernos”, caracterizados pela presença da industrialização e isso refletiu em nossa composição social. Novas classes como, por exemplo, o operariado urbano ganhariam espaço na realidade brasileira.

As décadas seguintes à queda do Estado Novo seriam marcadas pela presença desses novos atores sociais no âmbito político os quais teriam não somente diálogo com as altas esferas do poder, como também “voz” no cinerário nacional.

Contexto da chegada de Dutra: Após a saída de Vargas da Presidência da República em 29 de outubro de 1945, assumiu, interinamente, José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal. Sua administração teve caráter transitório, devendo manter a ordem, convocar e presidir eleições. Essas últimas foram realizadas em 02 de dezembro daquele ano tendo como candidatos o general Eurico Gaspar Dutra (PSD), o brigadeiro Eduardo Gomes (UDN), o engenheiro Iedo Fiuza (PCB) e Álvaro Rolim Telles (PAN).

Com expressiva margem de votos o vencedor do pleito foi o general pessedista que havia, inclusive, atuado como Ministro da Guerra no governo de Getúlio Vargas.

O Governo Dutra (1946-1951): O general Dutra foi responsável por promulgar uma nova Constituição, a de 1946, com 222 artigos. Na elaboração dessa, em um total de 320 deputados, seria marcante a presença de políticos da ala conservadora (UDN e PSD). Além disso, o governo Dutra seria marcado, coincidentemente, pelos primeiros momentos da Guerra Fria e se guiaria pelas seguintes linhas de atuação:

• Redemocratização do país (funcionamento autônomo regular dos Três Poderes);

• Cassação do registro do Partido Comunista e de seus representantes eleitos (efeitos da Guerra Fria);

• Rompimento das relações diplomáticas com a URSS em 1947;

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• Proibição do jogo em território nacional;

• Início do aproveitamento elétrico da usina de Paulo Afonso;

• Investimentos na área petrolífera (incentivo às jazidas de petróleo da Bahia);

• Realização da Missão Abbimk (economistas brasileiros e norteamericanos, liderança de Otavio Gouvêa de Bulhões), proposta de caráter liberal para o Brasil e abertura ao capital estrangeiro (apoio udenista nessa questão);

• Maior número de licenças para importação (combustíveis, máquinas e equipamentos);

• Criação da Companhia Hidrelétrica do rio São Francisco (CHESF) e construção da usina de Paulo Afonso;

• Abertura da Estrada Rio-Bahia (Rodovia da Unidade Nacional) e asfaltamento da nova rodovia Rio-São Paulo ("Via Dutra");

• Inauguração da Usina de Volta Redonda (criada por Getúlio Vargas);

• Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte, Energia) em regime de cumprimento quinquenal;

• Participação no Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR): união dos exércitos dos países da América contra o avanço do Socialismo;

• Criação, em 1949, da Escola Superior de Guerra (ESG), a “Sorbonne Brasileira”.

Os efeitos do término da Segunda Guerra Mundial, ainda em 1945, foram positivos ao Brasil para o acumulo de suas divisas. Entretanto, o déficit durante a guerra, a inflação e a especulação imobiliária dificultaram a administração de Dutra sobretudo no âmbito econômico. Estima-se que a dívida contraída na gestão Dutra passou de 17 milhões para 21 milhões.

A Constituição de 1946: Compreender a promulgação da referida constituição é observar o contexto do pós-guerra e suas implicações na realidade brasileira:

• Caráter altamente democrático (igualdade de todos perante à lei) e liberal (inclusive no campo religioso);

• Abolição da Pena de morte;

• Manutenção do presidencialismo, divisão dos Poderes e caráter de Federação;

• Fortalecimento da União, mas não, necessariamente, do Poder Executivo;

• Fixação do mandato presidencial em 5 anos;

• Admissão do comparecimento de ministros, após convocação do Congresso, de forma compulsória para interpelações e informações;

• Previu a formações de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), segundo o modelo norteamericano;

• Formação do Legislativo a partir da Câmara dos Deputados (mandatos de 4 anos) e pelo Senado (mandatos de 8 anos). Número de deputados proporcionais ao número de habitantes e senadores totalizando três por Estado mais o Distrito Federal.

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Dutra seguiu, fielmente, o que determinava a Constituição de 1946. O PSD, partido ao qual pertencia, ao lado da UDN, eram partidos, em fins da década de 1940, com quase nenhuma base popular. Tal conjectura teriam dificuldades em articular possíveis candidatos para as próximas eleições. Nesse contexto, ressurgiria no cenário nacional a figura de Getúlio Vargas, o candidato do PTB, a ser eleito, dessa vez, pelo voto direto.

O Segundo Governo Vargas (1951-1954): No término de seu governo, o general Eurico Gaspar Dutra procurava um candidato para presidente que fosse unanimidade entre os partidos democráticos o que, na prática, não se realizou. As candidaturas giraram em torno de Eduardo Gomes (o brigadeiro da UDN), Cristiano Machado (PSD), João Mangabeira (PSB) e Getúlio Vargas (PTB). Sob o lema de campanha baseado no slogan “pai dos pobres”, Getúlio Vargas sairia eleito do pleito pelo voto direto e governaria de 1951 a 1954 sob um clima de agitação política e militar.

A postura imediata de Getúlio à frente do Poder Executivo seria marcada pela tentativa de formação de um governo de coalizão e pelo interesse na expansão da indústria brasileira. A respeito do primeiro aspecto, o presidente convidou membros de diferentes partidos para ocupar os cargos do Executivo, inclusive udenistas. A tentativa de reunir um aparato político de apoio logo se mostraria fracassada.

Já economicamente, a postura política de Vargas era a de enfrentar o capital estrangeiro por meio de medidas protecionistas e, além disso, investia na relação entre Estado e empresários. O pano de fundo do Segundo Governo era, portanto, permeado por um “elemento chave”, o nacionalismo.

As ações de âmbito econômico foram respaldadas pela chamada Assessoria Econômica da Presidência, a qual contava com técnicos tais como Jesus Pereira e Romulo de Almeida (“defensores do nacionalismo”).

Ainda em 1951, o presidente criou Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), o qual financiaria o chamado Plano Lafer. Criado pelo então Ministro da Fazenda, Sr. Horário Lafer, o plano previa o investimento do dinheiro público nas indústrias de base e nos setores da economia como o de transporte e o de energia. O projeto não foi aprovado pelo Congresso Nacional.

O segundo mandato varguista, portanto, era marcado pelo desenvolvimento capitalista e, ao mesmo tempo, pelo combate à inflação. Nessa conjuntura, por sua vez, o salário e o poder de compra das classes média e baixa ficavam em desvantagem. Para acirrar ainda mais os ânimos, já no âmbito do empresariado, Vargas decretava o aumento de 15% sobre o valor do Imposto de Renda. As tensões sociais não tardariam a surgir no cenário nacional.

Em janeiro de 1952, o presidente assinava um decreto pelo retorno do capital estrangeiro, novos empréstimos seriam realizados. Mas isso não acalmaria os ânimos das relações entre Estados Unidos e Brasil e, em janeiro de 1953, os norteamericanos cessariam a concessão de crédito.

Um dos maiores acontecimentos nesse sentido foi a criação da Petrobras, a qual desde 1951, era pauta de debate do governo. A criação oficial foi feita em 1953, instituída como uma sociedade de ações, a Petróleo Brasileiro S/A – PETROBRAS.

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As discussões em torno da construção da referida empresa petroleira puderam ser interpretadas a partir de dois pontos de vista diferentes, uma rivalidade de ideias sentida, sobretudo, no Exército.

De um lado, os chamados “nacionalistas”, os quais defendiam a criação da Petrobras como uma empresa genuinamente brasileira e contavam com apoio popular. E tendo a União Nacional dos Estudantes (UNE) como propulsora da campanha “O petróleo é nosso”. E, por outro lado, os chamados “entreguistas”, os quais a primazia do capital estrangeiro na elaboração da Petrobras.

A lei 2.004, que criava a empresa PETROBRAS de formato nacional, dispunha sobre a política nacional do petróleo e as atribuições referentes ao Congresso Nacional do Petróleo. A União passava a ter monopólio sobre a pesquisa e a lavra das jazidas, transporte marítimos e oleodutos, independe mente do petróleo bruto ou de seus derivados. Somente a distribuição dos derivados petróleo não seriam estritamente controlados pelo governo e, nesse ponto, a presença do capital estrangeiro seria verificada. Logo, a Petrobras nascia com um perfil genuinamente nacional, mas não estaria livre da interferência estrangeira em algumas tramitações dos derivados do petróleo.

Criação da Eletrobrás: ampla estatal no setor energético

Desmembramento do Ministério da Educação e Saúde em:

• Ministério da Educação e Cultura (MEC);

• Ministério da Saúde.

Vargas manteve uma política mais liberal em relação aos sindicatos e ao movimento operário.

Criou a Comissão de Desenvolvimento Industrial a qual, em curto espaço de tempo, alavancaria a indústria automobilística no país.

Responsabilidade para a SUMOC (criada em 1945) em fiscalizar as responsabilidades dos bancos e casas bancárias. Entretanto, uma grave crise atingiria esse órgão em outubro de 1953. O lançamento da Instrução 70, da SUMOC, determinava o encarecimento dos produtos importados e estimulava a produção dos similares em âmbito nacional.

Em 1953, lei que previa punições aos que cometessem crimes contra o Estado. Incluídos, aí, comícios, greves e manifestações sem a autorização da polícia.

Maiores problemas no segundo governo Vargas surgiram ainda em 1953. A greve dos 300 mil, em março, paralisou os operários paulistas. Há, nesse contexto, um forte indício de presença dos comunistas (ainda que na ilegalidade) em insuflar o movimento grevista. Ao lado disso, o índice inflacionário chegava aos 60% e a dívida brasileira já alcançava os 50 bilhões. Essa oposição ao presidente e a situação do país foi verificada nas ruas, o movimento do Panela Vazia, campanha que criticou o aumento abusivo do custo de vida do país.

A pressão externa, relativa à entrada do capital estrangeiro no país, encontrou como aliada a oposição política ao presidente Vargas. Na imprensa o jornal Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda contrapunha-se ao jornal Última Hora, de defesa do presidente. Esse último era de propriedade de Samuel Wainer.

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Vargas tentou, inutilmente, uma reforma ministerial para acalmar os ânimos do cenário político nacional ainda em meados de 1953: Osvaldo Aranha assumia a pasta da Fazenda e João Goulart a do Trabalho, esse último, que ocupava o cargo de Presidente do PTB e tinha um fluxo fácil com vários sindicatos, foi chamado para assumir a referida pasta como meio de promover uma relação mais próxima com a classe trabalhadora.

Em fevereiro de 1954, o ministro da Guerra de Vargas receberia o chamado Manifesto dos Coronéis, no qual 81 (coronéis e tenentes-coronéis) manifestavam seu protesto contra o governo.

O contra-ataque de Getúlio viria em maio, ao lançar o aumento de 100% do salário mínimo, a partir de um estudo proposto por seu Ministro do Trabalho, João Goulart (que havia pedido demissão do cargo ainda em fevereiro foi chamado, ao longo de toda sua gestão na pasta do Trabalho, de estar tramando a realização de um República Sindicalista no Brasil.).

Foi nesse contexto, que chegou a ser pedido o impeachment do presidente.

Outra forte oposição ao presidente vinha de um deputado específico, Carlos Lacerda, o qual, destacadamente, acusava o presidente de estar envolvo em casos de corrupção.

Naquela ocasião, o jornalista em questão sofreu uma tentativa de assassinato (Atentado na Rua Toneleiros), e o major-aviador que o acompanhava acabou alvejado pelos tiros. A culpa do ocorrido recaiu sobre as costas de Getúlio Vargas, após investigação conduzida pela Aeronáutica, que comprovou o envolvimento no atendado de homens ligados ao presidente, o presidente de sua guardo oficial, Gregório Fortunato.

Também conhecido por Anjo Negro, Gregório nunca admitiu que Vargas soubesse de suas intenções em eliminar Lacerda, porém, o disparo em direção ao jornalista, ainda que o tenha alvejado, foi certeiro para o desfecho dos acontecimentos políticos em agosto de 1954.

Cercado pela oposição, a qual já contava com o apoio do setor militar (Aeronáutica e Marinha), a renúncia do presidente era esperada. Getúlio Vargas sairia do poder, ainda naquele mês, cometendo suicídio.

Os primeiros momentos após a notícia do falecimento do presidente seriam marcados por forte comoção popular e atos de violência àqueles os quais eram publicamente contrários a Vargas.

Carlos Lacerda, sob proteção da Aeronáutica, ficou exilado, voluntariamente, na Europa.

Naquele contexto, assumiu o vice-presidente, Sr. Café Filho. Ainda que houvesse rompido com Vargas anteriormente, Café Filho prometeu manter a legalidade daquele mandato.

Os Governos Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos (1954-1956): Com o suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954, o então vice-presidente, Sr. João Café Filho, assumiu o governo e assegurou a realização das próximas eleições. O perfil de Café Filho não tinha as mesas determinações nacionalistas que Vargas e, ainda, ao longo de sua gestão manteve-se próximo ao contato com os udenistas. Maior realização do então presidente foi a Instrução 113 da SUMOC que facilitava a abertura ao capital estrangeiro em suas empresas instaladas no Brasil.

Pouco tempo depois, a chapa PSD-PTB, de Juscelino Kubistchek, derrotou os candidatos Juarez Távora (UDN), Ademar de Barros (PSP) e Plínio Salgado (coligações). Entretanto, gerou-se uma especulação de um possível golpe da UDN no resultado do pleito tendo em vista que o candidato vencedor não havia reunido maioria absoluta dos votos. Nesse sentido, alguns

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militares posicionaram-se contra a posse de Juscelino. Em defesa do presidente eleito, o ministro da Guerra, general Henrique Lott, ameaçava largar o cargo caso se não fosse cumprida a posse. Nesse ínterim, Café Filho precisou licenciar-se das atividades presidenciais por motivo de doença.

Ao mesmo tempo, o líder da UDN, Carlos Lacerda, publicou no seu jornal, o Tribuna da Imprensa, a chamada Carta Brandi. O conteúdo da carta referia-se a João Goulart, vice-presidente eleito de Juscelino, lá Jango era acusado de tentar criar uma República Sindicalista no Brasil sob um esquema arquitetado com o presidente argentino Juan Domingos Perón. A Carta Brandi foi considerada falsa e Lacerda declarou ter sido vítima de “vigaristas”.

Com a saída de Café Filho, assume Carlos Luz, o Presidente da Câmara dos Deputados. Luz também era ligado ao PSD como Juscelino, todavia era adversário político do presidente eleito. Luz, rapidamente, aliou-se à UDN e a alguns militares e tentou articular um golpe para impedir a posse de Kubistchek. Luz ficaria no poder apenas 48 horas, foi deposto pelo general Lott. Ocorria, ali, a garantia da legalidade e a posse futura de JK. Os opositores a posse de Juscelino refugiaram-se a bordo do navio de guerra Tamandaré.

O general Lott também foi responsável por impedir o retorno de Café Filho. Nesse contexto, é nomeado Nereu Ramos (Presidente do Senado) como presidente que governou até 31 de janeiro de 1956, quando JK assumiu.

O Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961): O governo JK foi marcado pelo caráter nacional-desenvolvimentista. O médico mineiro eleito presidente prometia "Cinquenta anos em cinco" para o crescimento brasileiro. Juscelino também ficaria conhecido pelo Plano de Metas, que abarcaria setores como energia, educação, transporte, alimentação, indústria, etc. Em contrapartida, o ambicioso projeto promoveria, no final de seu mandato, o endividamento interno e externo brasileiro, o crescimento da inflação e a concentração de renda.

É preciso destacar, ainda, que a referida política desenvolvimentista estava baseada na Teoria Econômica Desenvolvimentista, já defendida pelos economistas da CEPAL (ligado à ONU), a qual pregava o progresso econômico do país pelo seu aparelhamento industrial. Nessa perspectiva, houve a abertura do país ao capital estrangeiro e uma posterior desnacionalização da nossa economia.

Ainda em 1956, JK participou do Acordo Geral de Cooperação Técnica com a FAO (órgão da ONU) a fim de promover ações em prol da alimentação e agricultura nacionais. As normas para a implantação da indústria automobilística (GEIA) e construção naval (GEICON) ganharam espaço no governo JK. A destacar, a primeira empresa automobilística a ser instalada no Brasil foi a Volkswagen, seguida pela General Motors, Ford e Willys Overland. Em três anos (1957 a 1960), o Brasil produziria mais de 300 mil carros.

Ao lado isso, a construção de Usinas Hidrelétricas de Furnas e Três Marias e das siderúrgicas Cosipa e Usiminas também impulsionaram a industrialização do Brasil. Outras duas criações são relevantes em seu mandato, o Conselho Nacional de Energia Nuclear (1956), para integrar o Brasil na era atômica e a criação da SUDENE, a Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste. Por fim, a construção da rodovia Belém-Brasília (Bernardo Saião), permitiu a integração Norte/ Centro-Oeste do país.

A construção de Brasília, como ponto auge de sua gestão, possibilitou a transferência da capital do Rio de Janeiro para o Planalto Central (21 de abril de 1960). Os nomes do arquiteto Oscar

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Niemeyer e do urbanista Lucio Costa ficariam internacionalmente conhecidos por terem participado dos projetos de construção da cidade.

JK, ao longo de sua gestão, teria uma maior estabilidade política, a UDN assumiria uma posição de isolamento ao longo de seu mandato e o presidente iria contar com a maioria parlamentar. O general Lott assumiria o Ministério da Guerra e, pela primeira vez, o Brasil também iria adquirir seu porta-aviões. Nesse contexto, os militares seriam convidados a participar do governo. Já em relação à Aeronáutica, JK enfrentaria apenas dois levantes militares (também chamadas de revoltas ou insurreições): Aragarças (GO) e Jacareacanga (PA). Ao final dos dois conflitos, os envolvidos seriam anistiados.

Expressiva seria, também, a participação brasileira na política internacional. Houve o envio do “Batalhão Suez” na cooperação com as Nações Unidas, em 1957, para atuar no Oriente Médio (Faixa de Gaza, entre Israel e Egito). Bem como a Força Aérea brasileira concorreu em torno da paz no Congo, agitado com a sua independência. Kubistchek, juntamente com os Estados Unidos, criou a Operação Pan-Americana (OPA), a qual visava promover o desenvolvimento econômico da América Latina. As principais propostas não encontrariam seguimento, muitas delas foram substituídas pelas propostas da Aliança para o Progresso, justamente de origem norteamericana.

Novos problemas com os EUA seriam sentidos em 1958, quando foi negado pelos estadunidenses um novo empréstimo de 300 milhões de dólares. A negativa consistiu na possível incapacidade do pagamento por parte do Brasil. Com isso, JK rompeu relações com o Fundo Monetário Internacional e demitiu Lucas Lopes, Ministro da Fazenda, e Roberto Campos, diretor do BNDE, ambos acusados de submissão e “entreguismo” ao capital estrangeiro. Juscelino também determinou a emissão de papel moeda, aumentando a inflação e a desvalorização dos salários.

De qualquer forma, inegável foram os índices de crescimento econômico do Brasil, em torno de 7% ao ano, na gestão JK. Todavia, o crescimento econômico não representou, efetivamente, o desenvolvimento brasileiro, pois a melhoria de vida para a população como um todo não ocorreu de fato. Foi crescente a decepção popular com o presidente sobretudo pelas altas taxas inflacionárias que abarcaram o Brasil. Desse contexto, resultaria, na eleição seguinte, a chegada de um presidente de oposição, Jânio Quadros.

Governo Jânio Quadros (1961): Jânio assumiu a presidência do Brasil em janeiro de 1961. Sua campanha (união entre o PTN e a UDN) fora marcada pela imagem de um político que “lideraria a massa popular brasileira”. Era demagogo, populista e engraçado. Encontrou, ao longo da campanha, um país que vivia com taxas altíssimas de inflação devido ao governo anterior. Ao lado disso, havia uma dívida externa crescente e organização administrativa marcada pela corrupção. Sobre essa última, seu símbolo de campanha era, justamente, uma vassoura e a música “varre, varre, vassourinha”.

Jânio da Silva Quadros, que já havia sido professor, vereador, deputado estadual, prefeito e, até, governador de São Paulo, disputou o cargo presidencial ao lado do general Lott (PSD-PTB-PSB), Ademar de Barros (PSP) e Plinio Salgado (coligações). Jânio foi eleito com grande número de votos, a maior votação, até então, de toda história republicana. Seu vice-presidente era João Goulart, o mesmo que havia sido vice de JK, tendo em vista que naquela época os cargos eram eleitos separadamente.

Já em março, visitaria Cuba, a convite de Fidel Castro, assim, Jânio esperava legitimar, internacionalmente, seu governo. Em seu retorno, Jânio Quadros afirmou ser favorável

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à revolução Cubana. Aparentemente, o presidente desenvolvia uma política externa independente, negociava ora com países de ordem capitalista, ora socialista. Deve-se levar em conta a vigência da Guerra Fria e a validade da ordem bipolar mundial nesse contexto.

Em pouco tempo, seu comportamento impactou, destacadamente, os Estados Unidos. O ponto auge foi verificado em agosto de 1961 quando o presidente condecorou o líder revolucionário e então Ministro da Economia de Cuba, Ernesto Che Guevara, com a Medalha da Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.

No âmbito econômico, o presidente seguiu orientações do FMI, a fim de cortar gastos e conter a inflação, suas austeras medidas restringiram o crédito e congelaram os salários. A insatisfação popular foi imediata.

Medidas de caráter saneador e moralizador também foram alvo do excêntrico presidente: a proibição da rinha de galo, das corridas de cavalo em dias úteis e o uso de biquínis em desfiles. Decretou, ainda, novas regras para espetáculos públicos, qualidade dos programas de rádio, de televisão, de cinema, de teatro e de casas noturnas.

A própria UDN, na figura de Carlos Lacerda, que havia apoiado Jânio nas eleições, tornar-se-ia sua opositora política. O “estilo Jânio” também ficou marcado pelo “governo de bilhetinhos”, por meio desses o presidente enviava ordens administrativas. Estima-se que foram mais de dois mil bilhetes escritos.

Em sete meses de governo, renunciaria, em 25 de agosto de 1961, sob a alegação de estar sendo pressionado por “forças terríveis”, por meio de um possível complô contra seu governo. Há um debate em torno do seu pedido de renúncia: possivelmente, o presidente acreditava que aumentaria seu poder diante da decisão que tomava porque os demais políticos, em seu pensamento, não aceitariam a chegada de Jango, seu vice, para o seu lugar. O Congresso Nacional, entretanto, não questionou a decisão. Jânio ficaria em exílio até o fim do regime Civil-Militar.

Deveria assumir o posto presidencial, segundo a linha sucessória, João Goulart, que estava em viagem à China, um país comunista. No intervalo até seu retorno, de forma interina, assumiu o presidente da Câmara, deputado Ranieri Mazzili. A posse de Jango só seria realizada depois de ser sufocada uma tentativa de golpe contra sua chegada.

O Governo João Goulart (1961-1964): Quando soube da renúncia de Jânio Quadros, João Goulart estava em viagem à China. Enquanto realizava a viagem de volta era Ranieri Mazzili quem assumia, interinamente, o posto presidencial. Todavia, o general Odilo Denis, o almirante Silvio Heck e o brigadeiro Grun Moss, reuniram-se em nome das Forças Armadas e de parte da elite brasileira para vetar o nome de Jango à presidência. A imagem de Jango como Ministo do Trabalho ainda era presente na memória de determinado grupos. João Goulart, nesse sentido, antes de chegar ao Brasil, precisou ir à Europa e depois ao Uruguai, para só assim entrar no Brasil pelo Estado do Rio Grande do Sul. Em contrapartida, grupos de esquerda e políticos legalistas baseavam-se na Constituição Federal de 1946 para garantir a defesa de Jango e esse pudesse assumir o posto presidencial. O cunhado de Jango e governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, destacou-se nessa empreitada. Por meio dos rádios, Brizola tornou conhecida a Campanha da Legalidade e utilizou os porões do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, para fazer as transmissões para a região Sul. A empreitada de Brizola foi apoiada por populares e, inclusive, membros da milícia estadual. Quando foi ordenado ao general Machado Lopes, que

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comandava o III Exército, esse se negou a realizar a tarefa e se uniu ao governante gaúcho. A grave crise político-militar instaurada no Brasil por pouco não levou o país à guerra civil.

• A fase parlamentarista: O Congresso Nacional, nesta emergência, instituiu o Parlamentarismo através da Emenda Número 4, de autoria de Plinio Salgado. As Forças Armadas cederam mediante o novo tipo de regime e, assim, assumiu, então, o Vice-presidente João Goulart. Como primeiro-ministro assumiram, respectivamente, Tancredo Neves, Hermes Lima e Francisco Brochado da Rosa. O sistema parlamentarista cairia, em pouco tempo, em descrédito, foi restabelecido o presidencialismo em janeiro de 1963, após realização de um novo plebiscito. Em torno de 9 milhões votaram a favor pela vota do regime anterior.

• A fase presidencialista: Já atuando no sistema presidencialista, Jango tentou colocar em prática o chamado Plano Trienal. Esse plano previa medidas nacionalistas, as quais aumentavam a intervenção do Estado na vida econômica. Para combater a inflação, reduzir o déficit público e promover o crescimento econômico. Nesse sentido, desvalorizou-se a moeda e a redução das importações. Também era a intenção do presidente melhorar a distribuição de renda e encampar refinarias de petróleo. Como Ministro da Fazenda, Jango contou com San Tiago Dantas e Celso Furtado para o âmbito da Reforma Administrativa. O Plano Trienal exigia grande austeridade e, çpor isso, entrou em contradição com a política de mobilização popular em apoio ao governo. A tensão reinaria durante o período de governo presidencialista de João Goulart, exemplo disso, foi a execução da Lei de Remessa de Lucros ao estrangeiro. Já em março de 1964, Jango realizou o Comício na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. foram nacionalizadas refinarias estrangeiras e desapropriadas inúmeras propriedades. Ali, o presidente lançava as Reformas de Base. Dentre as ações dessa reforma eram previstas mudanças nos setores:

• Urbano: controle no valor dos aluguéis, criação de um fundo para o povo adquirir casas. Desagradou classe média que temia perder seus imóveis.

• Agrário: desapropriar grandes latifundiários mediante indenização. Grande pressão contrária da classe em questão.

• Tributário: reorganizar a cobrança dos impostos.

• Bancário: Diminuir lucros dos banqueiros.

• Educacional: Melhorar índices educacionais, ensino público de qualidade. Influência de Paulo Freire na implantação das medidas de ensino.

Jango ainda previa outras ações polêmicas, como voto aos analfabetos. De qualquer forma, o contexto político nacional estava polarizado entre os apoiadores e os opositores ao presidente. Dois institutos, que deveriam ser imparciais, colocaram-se contra João Goulart: O Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), que apoiava e patrocinava membros da UDN e o Instituto Brasileiro de Pesquisas Sociais (IPES) que fazia propaganda política contra o governo. Muito do dinheiro gasto por esses locais eram oriundos da CIA (EUA).

O apoio ao presidente vinha do PTB, seu partido e do PCB, que ainda estava na clandestinidade. Também a UNE dava apoio ao governo Jango e uma pequena parte da Igreja Católica. Do Nordeste, por meio do governador de Pernambuco, Miguel Arraes, vinham mensagens de apoio e de solidariedade ao presidente. As chamadas Ligas camponesas, que queriam reforma agraria, somaram-se aos defensores de Goulart. Outra organização nesse mesmo sentido foi

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a criação do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), a qual, mediante pressões, conseguiu junto ao presidente, a aprovação do 13º salário. Essa medida desagradaria o empresariado nacional. Finalmente, somou-se a esse cenário de radicalizações, o surgimento da Frente Parlamentar Nacionalista. Uma das agremiações oriundas desse contexto foi o Grupo dos Onze, pela liderança de Leonel Brizola.

Acontecimentos no mês de março de 1964:

• Comício na Central do Brasil em 13 de março.

• Dia 19 de março, Marcha da Família com Deus pela Liberdade em SP: financiada pelo IPES contra a possível infiltração comunista no Brasil. Contou com a participação da União Cívica Feminista e pela Campanha da Mulher pela Democracia.

• Dias 25, 26 e 27: Manifestação de Marinheiros, liderado por Anselmo Santos: interrompiam suas atividades enquanto não fosse exonerado o Sr. Silvio Frota, ministro da Marinha. Foi descoberto que Anselmo era um infiltrado da CIA. De qualquer forma, o pedido de exoneração de Frota foi aceito. A notícia foi entendia como quebra de hierarquia militar.

• Discurso no Automóvel Clube do Brasil, no RJ, em 30 de março: frente a inúmeros sargentos, o presidente tenta conseguir apoio. O contato com a baixa oficialidade transformou-se em afronta aos altos escalões militares.

• 31 de março: início da Operação Popeye. Era o início do golpe para retirar João Goulart do poder. Generais Luís Carlos Guedes e Olímpio Mourão Filho iniciam o movimento a partir de Minas Gerais rumando ao RJ. A movimentação seria seguida pela Operação Silêncio (controle dos meios de comunicação) e pela Operação Gaiola (prisão daqueles que reagissem ao movimento ainda em MG).

• O Golpe/ “Revolução” de 64: Apoio de Carlos Lacerda, governador do RJ, Ademar de Barros, de SP, Magalhaes Pinto, de MG e Ildo Meneghetti, do RS (inimigo de Brizola e de Jango). O presidente, por sua vez, viria para Porto Alegre, pois aqui, ainda teria mais apoio, sobretudo de parte das Forças Armadas gaúchas (Amaury Kruel, Morais Ancora, Ladário Teles). No dia 4 de abril, o presidente Jango deixava o posto presidencial e seguia em exílio no Uruguai. Retornaria ao Brasil em fins dos anos 70 para seu ritual fúnebre na cidade de São Borja.

Estava encerrada a fase populista no Brasil. Iniciou-se a repressão política e social. A economia foi aberta ao capital estrangeiro e o nacionalismo perdeu força e espaço. Por trás do golpe, havia a chamada Doutrina de Segurança Nacional (base da Escola das Américas no Panamá, feita por norteamericanos). No Brasil, a doutrina foi colocada em prática pela Escola Superior de Guerra (ESG), assim se afastaria o perigo socialista no Brasil.

Houve, em todo esse contexto, o apoio dos EUA, da CIA e das Forças Armadas estadunidenses. A Operação Brother Sam, organizada pelo embaixador dos EUA Lincoln Gordon, mandaria navios para a costa brasileira a fim de invadir o território brasileiro caso houvesse reação popular à saída do presidente. Essa operação não precisou ser colocada em prática. Os documentos relativos a ela só seriam descobertos em 1976.

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O Brasil em marcha → O Regime Militar (1964-1985)

Antecedentes: O regime instaurado no Brasil após a saída de João Goulart não pode ser entendido a partir de uma versão episódica, menos ainda, como fato isolado. Fora uma planejada campanha, uma resposta política dos grupos conservadores brasileiros ao modo de governo de Goulart. Refletiu, também, a conjuntura internacional da Guerra Fria, guerra total contra o comunismo. Os Estados Unidos queriam extinguir a possibilidade de “novas revoluções cubanas” na América Latina. Houve apoio por parte dos setores da opinião pública para a chegada dos militares ao poder.

Estrutura do regime militar: “de cima para baixo”

• Política baseada no autoritarismo e profunda centralização política.

• Atos Institucionais como formas jurídicas de controle da nação (decretos que iam contra a Constituição e necessidade de aprovação do Congresso Nacional).

• Forte intervenção do Estado na economia: desenvolvimento econômico no modelo tecnoburocrático, capitalista, dependente do capital internacional.

• Preceitos da Escola Monetarista/ “Industrialização Excludente”.

• Modernização dos setores da infraestrutura (energia, comunicação e transportes).

• Expansão da linha de crédito para classe média e elite.

Divisões entre os militares:

• Linha moderada/Castelanista/Sorbonne: oriundos da ESG (Escola Superior de Guerra – 1948), intelectuais, veteranos da 2ª Guerra, próximos da UDN, alinhados ideologicamente com os EUA, anticomunistas, partidários de um poder executivo forte e soluções econômicas técnicas.

• Linha Dura: também anticomunistas, sem ligações diretas com os EUA, nacionalistas, avessos a políticos e a qualquer tipo de democracia.

O Brasil após o golpe: assume Ranieri Mazzili (presidente da Câmara) interinamente. A Constituição de 1946 ainda existe e será mantida. O poder de fato é instituído por meio do Comando Supremo Revolucionário (Brigadeiro Correia de Mello, almirante Augusto Rademaker e o general Artur da Costa e Silva).

Em 09 de abril de 1964: lançado o Ato Institucional nº 1 (AI – 1), de autoria de Francisco Campos, mesmo autor da Carta de 1937, prevendo:

• Demissão de funcionários públicos (civis ou militares) leais ao antigo governo.

• Cassações de mandatos de opositores do golpe (Luís Carlos Prestes, João Goulart, Leonel Brizona, Juscelino Kubistchek, Jânio Quadros).

• Prisões de opositores.

• Eleições indiretas para presidente (Castello Branco).

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O governo Castello Branco (Sorbonne 1964 – 1967): pertencente à linha de caráter mais democrático, buscou acabar com a tortura, mas intensificou investigações (muitas vítimas no PTB). Criou, em junho de 1964, o Sistema Nacional de Informações (SNI, criado pelo General Golbery do Couto e Silva para espionagem e coleta de dados). Realizou corte de gastos, aumentou de tarifas e impostos. Já os salários foram reajustados uma vez ao ano, abaixo do nível da inflação. O arrocho salarial foi acompanhado pela restrição de crédito, recessão e desemprego, bem como a desvalorização monetária (o Cruzeiro Novo). Por trás desses acontecimentos na área econômica havia o PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo), sob direção do Ministro da Fazenda, Otávio Gouveia de Bulhões e do Ministro do Planejamento, Roberto Campos. Além disso, empresas nacionais foram compradas por estrangeiras. Houve renegociação da dívida externa e pedidos de novos empréstimos. Surge a nova Lei de Remessa de Lucros, terminando com aquela feita, em 1962, por Goulart. Bem como a criação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, a qual finalizava a Lei de Estabilidade no emprego); Banco Central; Banco Nacional de Habitação (BNH, o qual tinha relação com o FGTS para a construção de casas para a população). Também era evidente a aproximação do governo brasileiro cada vez maior com os EUA. A frase de Juracy Magalhães – Ministro das Relações Exteriores – é emblemática nesse sentido: “O que é bom para os EUA é bom para o Brasil”. Em julho de 64, houve a prorrogação do mandato presidencial até março de 67. Castello Branco também foi responsável pelos Atos Institucionais que seguem:

• Ato Institucional nº 2 (AI-2, de 27 de outubro de 1965): Eleições indiretas para presidente e vice-presidente. Entretanto, as eleições em 11 Estados deram a vitória da oposição em estados como Minas Gerais e Guanabara (RJ). Autorização para cassar mandatos e suspender direitos políticos por dez anos. Extinção dos partidos políticos. Criação do bipartidarismo (ARENA e MDB).

• Ato Institucional nº 3 (AI-3, de 13 de fevereiro de 1966): Eleições indiretas para governa-dores e vice-governadores, ambos de mesmo partido e na qual os governadores eleitos no-meariam prefeitos. Tentativa frustrada de formação de uma frente oposicionista composta por antigos rivais: Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart, a Frente Ampla.

• Ato Institucional nº 4 (AI-4, de 6 de dezembro de 1966): Incorporava o que já havia dito os atos 2, 3 e 4. Mantinha na orientação da Doutrina de Segurança Nacional. Congresso Nacional com poderes constitucionais para aprovar a Nova Constituição (1967), promulgada em janeiro de 1965 e que vigorou a partir de março daquele ano. Criou a Lei de Segurança Nacional, normas para a sociedade brasileira. Envio de tropas para apoio aos EUA na intervenção realizada na República Dominicana (acusada de ser Socialista, mas era nacionalista)

O governo Costa e Silva (1967-1969): Pertencente à Linha Dura. Seu governo seria conhecido como os Anos de Chumbo. Em 1968, o então presidente realizou o Acordo MEC-USAID (Ministério Brasileiro de Educação e United States Agency for Internacional Development), o qual previa apoio de especialistas vindos dos EUA para normatizar o ensino brasileiro. As reações estudantis frente ao presidente Costa e Silva foram imediatas: caso mais famoso o do estudando Edson Luís, assassinado pela repressão ao movimento estudantil no restaurante universitário Calabouço. Em maio de 1968, ocorreu a maior greve registrada no Brasil, desde 1964, entre operários de MG e SP. E, em junho, houve a Passeata dos Cem Mil organizada pela UNE. A pensa organização realizaria um Congresso na cidade de Ibiúna e seria repreendida pela polícia, 1240 estudantes foram fichados e liberados na ocasião.

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Outros mecanismos de repressão vinham da extrema direita, apoiadora do regime: o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e o Movimento Anticomunista (MAC). Diante da resistência populart, o governo lançou, desesperadamente, o Plano Para-Sar, a fim de sequestrar inimigos do regime e de jogá-los ao mar. Esse plano nunca foi colocado em prática: atribui-se a Sérgio Ribeiro de Miranda, o Sergio Macaco, capitão da Aeronáutica, ser o desarticulador do projeto por negar-se a realizá-lo.

A repressão do governo seria aumentada ainda em 1968 após o pronunciamento do Deputado Federal, Marcio Moreira Alves, do MDP, o qual sugeria, em discurso na tribuna da Câmara, que a população boicotasse o desfile do Dia da Independência, que as mulheres não namorassem os militares e, ainda, que houvesse greve de sexo entre as esposas de milites. Moreira Alves teve pedido de cassação, por parte do governo, o que não foi aceito pelo Congresso. Após o ocorrido foi lançado o Ato Institucional nº5:

• Ato Institucional nº5 (AI-5, de 13 de dezembro de 1968): foi o maior instrumento de repressão da ditadura militar de validade indeterminada. Escrito pelo Ministro da Justiça, baseou-se no discurso do deputado Márcio Moreira Alves (MDB) como pretexto para o fechamento do Poder Legislativo (presidente assume sua função). Suspendem-se os direitos políticos e individuais (como o recurso do Habeas Corpus). Intensifica-se a intervenção em Estados e municípios, a permissão para cassar mandatos, demitir, prender, editar leis.

Outras ações de Costa e Silva, antes de se ausentar do poder por problemas de saúde em agosto de 1969:

• Criação da Funrural (reforma agrária);

• Criação da Funai (proteção indígena);

• Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico (PED), seguia normas do PAEG.

O vice-presidente, Pedro Aleixo, havia sido contrário ao AI-5 e, contrariando a Constituição de 1967, foi impedido de assumir. Em 31 de agosto de 1969, foi lançado o AI-12, permitindo que ministros militares assumissem temporariamente a presidência do país. A Junta Militar (general Lyra Tavares, o almirante Augsuto Redemaker e o brigadeiro Marcio de Souza Mello) assume o poder e escolhe novo presidente. Antes disso, lançaram:

• Ato Institucional nº 14 (AI-14, de 5 de setembro de 1969): modifica a Constituição e aprova pena de morte para casos de subversão. Essa determinação era relacionada ao crescimento da oposição e dos movimentos revolucionários e guerrilheiros no país.

• Ato Institucional nº 16 (AI-16, de 14 de outubro de 1969): eleições indiretas para substituir Costa e Silva. Eleito → Emilio Garrastazu Médici, ex-chefe do SNI.

• Emenda Constitucional nº 1: “Constituição de 1969”, incorporou o AI-5 à Constituição de 1967 e na qual o presidente poderia criar decretos-leis a serem incorporados à Constituição livremente.

O governo E. G. Médici (1969 – 1974): Também pertencia à Linha Dura. A atuação do presidente seria por meio do binômio Segurança X Desenvolvimento. Poder do Exército no primeiro âmbito e a presença de tecnocratas no âmbito administrativo para o segundo. Foi também o período de maior repressão e tortura, havia os “desaparecidos” durante o regime. Médici manteve o AI-5 e a Emenda Constitucional nº1 de 1969. São destaque em seu governo o Milagre Econômico e as Guerrilhas. A respeito das guerrilhas, essas surgiram no Brasil já a partir de 1967, todavia

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ganharam força a partir da gestão Médici, pela vigência do AI-5. Essas guerrilhas também foram insufladas pelas vitórias da revolução Cubana de 1959 e pela Revolução Chinesa de 1949. Abaixo, movimentos guerrilheiros do período:

• Aliança Libertadora Nacional (ALN): Líder Carlos Marighella, ex-depurato comunista. Sequestro do embaixador norteamericano Charles Elbrinck em 4 de setembro de 1969. Pedido de liberdade aceito para 15 presos políticos. Posterior assassinato de Marighella em novembro daquele ano.

• Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8): Dissidência do PCB na cidade de Niteroi, RJ. Sequestro e assaltos a banco.

• Vanguarda Armada Revolucionária (VAR-Palmares): Líder capitão Carlos Lamarca, dissidente do Exército, atuou no interior de SP. Foi o “inimigo nº 1 dos militares”. Assassinado em 1971.

• Partido Comunista do Brasil (PC do B): Cisão interna do PCB em 1962. Interiorizou a guerrilha no país, Guerrilha do Araguaia, líder Oswaldo Orlando da Costa (seguidos da Teoria Maoísta, a revolução a partir do campo). Ajudaram famílias que eram expulsas por latifundiários. Membros foram exterminados em 1974.

Medida de repressão do governo:

• Operação Bandeirante (OBAN): A polícia (Del. Fleury) e Exército juntos em ações contra subversão.

• Centro de Operações de Defesa Interna (CODI).

• Destacamento de Operações Internas.

Ambos formavam o “DOI-CODI”

• Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).

• Centros de Informação das Forças Armadas: CENIMAR, CISA, CIEX.

• SNI, já existente.

Os capturados eram julgados pelos Inquéritos Policiais Militares (IPMs): prática de tortura. O governo utilizava-se da censura dos meios de comunicação para esconder muitas de suas ações com uso de violência extremado. Optavam, ainda, pela valorização de conquistas esportivas e associavam as vitórias com o sucesso do governo. No futebol, com o tricampeonato da Seleção Brasileira, por exemplo. E o governo também se beneficiou de uma condição econômica para ampliar sua popularidade: o Milagre Econômico.

• Milagre Econômico: Crescimento brasileiro em 10% ao ano. Ministro da Fazenda, Delfim Neto, e a utilização das práticas baseadas na Teoria Maoísta. Atração do capital estrangeiro, internacionalização da economia brasileira, renegociação da dívida externa, desenvolvimento de indústria de bens de consumo duráveis. Empresas estatais, estrangeiras e privadas. Alta oferta de emprego.

Realizaram-se obras “faraônicas” ao longo do país, como a Rodovia Transamazônica (jamais concluída), a Rodovia Rio-Santos, a Ponte Rio-Niterói, a Ponte Colombo-Salles (SC), as

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hidrelétricas de Solteira (SP) e Passo Fundo(RS). E a ampliação do mar territorial brasileiro de 12 para 200 milhas marítimas (aproximadamente 350 Km). Criou-se o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), a Telebrás, o INCRA (Instituto de Reforma Agrária) e, até, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). Em 1971, foi criada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei 5692), ao lado isso, surgiram as disciplinas de Educação Moral e Cívica e a Organização Social e Política do Brasil (OSPB). O sentimento ufanista permeava o Brasil. Slogans como “Ninguém segura mais esse país” e “Brasil, ame-o ou deixe-o”, eram constantemente veiculadas. Entretanto, a crise do petróleo a partir de 1973 e acirrada em 1974 abalaram o crescimento do “Milagre”.

O governo Ernesto Geisel (Sorbonne 1974 – 1979): Ainda que a Linha Dura tentasse se manter no poder, o general Ernesto Geisel, de orientação mais democrática, chegava, por indicação dos próprios militares, ao posto presidencial. Sua missão era realizar uma abertura política “lenta, gradual e segura”. Os generais Golbery do Couto e Silva e Orlando Geisel (seu irmão), ajudaram o então presidente nesse contexto. Órgãos de repressão começaram a ser desmantelados. Porém, isso não impediu o surgimento de novos casos de tortura e de novas vítimas fatais. Esse é o caso do jornalista Vladimir Herzog (TV Cultura), preso e torturado pelo DOI-CODI em outubro de 1975. Sua foto, representando um possível suicídio, era publicada pelo referido órgão para se eximir da culpa de sua morte. Um ato ecumênico para homenagear o jornalista foi realizado na Catedral da Sé, em SP, contando com a participação de bispos e rabinos. Em circunstâncias muito semelhantes ao assassinato de Herzog, em seguida ocorreu a morte do operário Manoel Fiel Filho, a qual também foi dada a versão de suicídio já em janeiro de 1976. A violenta repressão vivida no Brasil durante esse período começou a perder ainda mais força com a Emenda Constitucional nº 11, dando fim ao AI-5 e aos demais Atos Institucionais. Logo, surgiria no cenário político a Lei de Anistia, a qual só atuaria de fato na cena política brasileira no governo militar seguinte, de Figueiredo.

A realização da abertura política “lenta, gradual e segura” seguia ao longo da gestão Geisel, entretanto, o MDB ganhava espaço como maior partido do período. Disso, resultaram novas leis, por parte do governo, para barrar aquele crescimento político: surgia a chamada Lei Falcão, de 1976. A partir dela, era regulada a propaganda política. No ano seguinte, era lançado o Pacote de Abril, fechando o Congresso Nacional e aumentando o mandato presidencial para 6 anos. Além de criar os cargos de senadores biônicos (1/3 do Senado não era escolhido pelo povo). O partido que mais se beneficiava nesse contexto era a ARENA.

Externamente, Geisel desenvolvia o chamado pragmatismo responsável, não colocava o Brasil de forma exclusiva ao lado dos Estados Unidos, as relações diplomáticas entre os dois países estavam abaladas, sobretudo em relação à Política dos Direitos Humanas de origem norteamericada do presidente Jimmy Carter, a qual condenava governos ditatoriais.

Mesmo sob uma forte crise econômica, Geisel colocou em prática um novo Plano Nacional de Desenvolvimento. Baseado na manutenção de modelo anterior, realizou novos empréstimos, mais importações e buscou novos mercados para exportação. Além disso, mais obras foram realizadas, ainda que algumas delas tenham suas utilidades questionáveis:

• Usinas siderúrgicas de Tubarão (ES) e Açominas (MG).

• Ferrovia do Aço (MG) – interrompida em 1979.

• Usinas hidrelétricas de Itaipu (PR), Tucuruí (PA), e Sobradinho (BA).

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• Acordo nuclear com ALE para construção de 8 usinas nucleares (apenas uma realmente começou a funcionar – ANGRA I).

• Programa PROÁLCOOL (faliu pela falta de investimentos de tecnologia de ponta e superfaturamento dos usineiros de açúcar)

A partir de 1979, Geisel sairia do poder para que o último presidente militar assumisse o Brasil, o general João Baptista Figueiredo.

O governo João Baptista Figueiredo (1979 – 1985): Sua missão era a conclusão do processo de abertura política. Segundo previa o Pacote de Abril, governaria 6 anos. A crise econômica resultante do Milagre Econômico era permanente (inflação, desemprego, empréstimos com altos juros). Faltavam investimentos internacionais. Internamente, o número de desempregados crescia vertiginosamente. O desgaste do governo era iminente. A sociedade civil vinha dando sinais pedindo o fim do regime. Entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), associação de moradores, igrejas e etc., auxiliavam nesse processo. Desse período, destacam-se o Movimento do Custo de Vida, o Movimento Feminino pela Anistia (MFA) e as Comunidades Eclesiais de Base (CEBS). Pelo meio sindical também foram verificadas manifestações contrárias ao regime. Em 1978, ocorreu uma greve que paralisou a chamada região do ABC paulista. Luís Inácio Lula da Silva surge no cenário nacional nesse período. No ano seguinte, novas greves parariam o país. A Central Única dos Trabalhadores, a CUT, e a Central Geral do Trabalhadores (CGT) são criadas nesse contexto.

No plano econômico, Figueiredo lançou o terceiro Plano Nacional de Desenvolvimento. Ao lado disso, colocou em prática a Lei da Anistia, em agosto de 1979. Nela, estavam excluídos envolvidos com luta armada e atos terroristas. Retornam de seus exílios políticos: Brizola, Prestes, Miguel Arraes. Nesse mesmo ano, ficava decretava a volta do pluripartidarismo sendo os novos partidos:

• PDS: Partido Democrático Social, que absorveu grande parte dos políticos da ARENA e seria maioria política.

• PTB: Partido Trabalhista Brasileiro quase sem ligações com o antigo PTB. Esse foi fundado por Ivete Vargas.

• PDT: Partido Democrático Trabalhista: fundado por Leonel Brizola, reuniu grandes nome do antigo PTB.

• PP: Partido Popular de banqueiros e latifundiários.

• PT: Partido dos Trabalhadores, propostas de cunho socialista, presença de Lula.

• PMDB: Partido do Movimento Democrático Brasileiro, continuação do que fora o MDB.

Figueiredo lança o Pacote de Novembro de 1981, proibindo partidos de oposição a se coligarem. A reação da “Linha Dura” às ordens do então presidente que promovia, inevitavelmente, a abertura do regime não demorou a aparecer por meio de atentados terroristas em bancas de revistas, contra a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o mais famoso deles, Atentado do Riocentro (30/04/1981).

Em 1982, há o retorno das eleições diretas para governadores estaduais, nas quais muitos candidatos da oposição venceram, incluindo SP, RJ e MG. A partir de 1983, inicia-se o movimento chamado Campanha das Diretas-Já, sob liderança do PT e na qual os partidos de

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oposição aliaram-se ao movimento. Ulysses Guimaraes ficou conhecido como um dos maiores organizadores da campanha, o “Senhor das diretas”.

Em 25 de abril de 1985, foi votada e derrotada a Emenda Dante de Oliveira, que previa eleições diretas para aquele ano. Ainda que a maioria parlamentar fosse favorável, ela foi derrotada pelo número insuficiente de votos. Após eleições indiretas, sem a participação do PT, haviam dois candidatos: Paulo Maluf (PDS) e Tancredo Neves (Aliança Democrática, união entre PMDB, PDT). Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito como presidente pelo Colégio eleitoral com 480 votos, contra 180 de seu opositor. Um dia antes da posse, em março, foi internado e veio a falecer no mês seguinte. Seu vice, José Sarney, assumiu definitivamente a Presidência do Brasil.

O Governo José Sarney (1985-1989): A posse de José Sarney inaugura o que a historiografia vem chamando de Nova República (a qual dura até hoje). O político maranhense, que assumia a presidência após o falecimento de Tancredo Neves, representava as velhas oligarquias do país. Após a posse, Sarney manteve os ministros escolhidos por Tancredo. Seu novo partido de base passava a ser o PFL, de Antônio Carlos Magalhaes. De toda forma, sua chegada ao poder é interpretada como um período de transição democrática. Sarney herdou a realidade social e econômica provenientes dos tempos da ditadura. Estima-se que 65% da população brasileira estava subnutrida em meados dos anos 80. A dívida brasileira ultrapassava os 110 bilhões de dólares. Novos partidos surgiram durante seu governo: a referida PFL, Partido da Frente Liberal, a qual atendia aos interesses de grandes latifundiários e alta burguesia nacional, muitos deles já defensores da antiga ARENA; o Partido Social Democrático Brasileiro (PSDB), dissidentes, em parte, do PMDB, por serem acusados de corrupção. Seus maiores ícones foram Franco Montoro, Mario Covas e Fernando Henrique Cardoso. Vale lembrar que o partido mais expoente nas eleições estaduais realizadas, em 1986, foi o PMDB que, na ocasião, só não elegeu o representante de Sergipe. Já os partidos comunistas, PCB e PC do B foi concedida às suas respectivas legalizações. E ressurgiu, nesse contexto, o PSB, ainda ligado às raízes deixadas por Miguel Arraes.

Tempos depois de assumir o poder, o então presidente convidaria Dilson Funaro para assumir o Ministério da Fazenda. A equipe formada por ambos resultou na reunião de profissionais oriundos da Universidade de Campinas e da PUC do Rio de Janeiro. Disso, resultaria o Plano Cruzado. Esse plano previa a nova moeda, o Cruzado (mesmo valor que o cruzeiro, moeda então corrente), congelariam os preços a fim de conter a inflação e congelariam, também, os salários. O controle sobre os preços seria realizado pela SUNAB (Superintendência Nacional de Abastecimento e Preços), os quais ficaram conhecidos como “fiscais do Sarney”, tendo em vista que a fiscalização severa que promoveram era igualada a uma “caça às bruxas”. Já em relação aos salários, criou-se a expressão “gatilho salarial” estipulando que o aumento do salário ocorreria sempre que a inflação atingisse 20%. Finalmente, um corte de gastos do governo, também em 20%, foi realizado. Foram muito positivos os primeiros resultados da empreitada que representava o Plano Cruzado, todavia a falta de produtos para abastecimento modificou a situação. Ao mesmo tempo, a população passou a retirar seu dinheiro das cadernetas de poupança e colocar esse dinheiro em circulação para adquirir produtos. Novamente, a moeda entrava em ciclo de desvalorização e volta a “velha” inflação.

Pouco tempo depois, chegava no cenário nacional o chamado Plano Cruzado II. Ao tentar descongelar os preços o novo plano aumentou, novamente, a inflação. O novo Ministro da Fazenda, Luís Carlos Bresser Pereira, lança o Plano Bresser a fim de promover um “mini congelamento” de três meses, além de corte nos gastos públicos e a manutenção da moratória

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(estende-se pagamento) da dívida externa. A constar, novamente o Brasil tinha um plano econômico fracassado.

Depois disso, era lançado o Plano Verão, de autoria do novo Ministro da Fazenda, Maílson da Nobrega, novos cortes de gastos seriam realizados e mais uma moeda seria lançada. Dessa vez, chegava o Cruzado Novo. E, mais uma vez, o Brasil chegava a níveis inflacionários inimagináveis.

Acusações de corrupção contra Sarney pelo desvio de verbas públicas vieram do PFL-RS na voz de Carlos Chiareli. A defesa do governo veio por parte do Ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhaes. Magalhaes fez a auto concessão de emissoras de rádio e de televisão no Nordeste brasileiro, o que era proibido. Nada foi feito para reverter os fatos.

Do governo Sarney sairia a Constituição de 1988 válida até hoje na República brasileira. Ulysses Guimarães apelidou-a de Constituição Cidadã, pela extensão de seus direitos sociais. Alguns autores apontam que é importante analisar a formação da Assembleia Nacional que promulgaria aquela Constituição. Organizada a partir de 1986, ela contaria com a atuação de dois grupos na elaboração do referido documento: o Centrão”, na qual estavam os políticos conservadores, que votavam em troca de favores e os “Lobbies”, grupos particulares que pressionavam ou pagavam aos constituintes para atendimento de suas demandas. Os elementos principais da Constituição de 1988 foram, dentre eles:

• O Brasil passava a se intitular República Federativa do Brasil.

• Igualdade de todos perante à lei.

• Novos direitos trabalhistas e sindicais.

• Proteção ao índio e ao meio ambiente.

• Voto obrigatório entre 18 e 70 anos. Facultativo entre 16 anos a 18 anos e idosos acima de 70 anos e também facultativo para analfabetos.

• Eleição em dois turnos, exceto deputados, vereadores e senadores, nas cidades com mais de 200 mil eleitores.

• Garantia dos direitos humanos contra a arbitrariedade do Estado.

• Proibição da pena de morte e da tortura.

• Fim da censura prévia.

• Condenação do racismo.

Pontos não abordados/não executados pela Constituição:

• Não detalha a respeito das terras para reforma agrária (produtivas ou improdutivas).

• Deixou muitas leis transitórias, a serem votadas posteriormente.

• Previa novo plebiscito, em 1993, para a escolha do sistema e forma de governo, o que não ocorreu.

A campanha eleitoral de 1989: O final do governo de José Sarney foi marcado pelas eleições presidenciais. Passaram-se 29 anos desde que os brasileiros tinham ido às urnas pela última vez para escolher seu próprio presidente. Foram mais de 20 candidatos, dentre eles:

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• Ulysses Guimarães, PMDB

• Leonel Brizola, PDT

• Mario Covas, PSDB

• Paulo maluf, PSD

• Fernando Collor de Mello, PRN

• Luís Inácio Lula da Silva, Frente Popular (PT, PSB e PC do B)

• Roberto Freire, PCB

Brizola e Lula tinha ampla margem de aceitação no início da campanha. Foram ultrapassados pelo belo jovem Fernando Collor de Mello, que se apresentava como “caçador de marajás” e era apoiado pelos setores conservadores e empresários, os quais tinham medo da chegada ao poder de membros da esquerda política. A mídia (Rede Globo) também deu apoio decisivo para Collor de Mello. Com a saída de Sarney, chegava ao poder o jovem candidato que praticava “cooper” e, com essa imagem, “tentaria” conduzir o Brasil rumo ao primeiro mundo.

O Governo Fernando Collor de Mello (1990-1192): Com 42,74% dos votos, Fernando Collor de Mello venceu as eleições presidenciais em 17 de dezembro de 1989. O segundo colocado foi Lula, com 37,86%. Fernando Collor de Mello chegava ao poder sendo a maior esperança do povo brasileiro. Vale lembrar que, mediante a nova Constituição, o número de eleitores era muito maior, entretanto, cerca de 85% dos eleitores sequer tinham o primeiro grau completo (atual Ensino Fundamental II).

Na época, Leonel Brizola chamou Fernando Collor de Mello de “filhote da ditadura”. O avô do presidente eleito, Lindolfo Collor, fora ministro de Getúlio Vargas. Já seu pai, Armon Collor, havia sito deputado e, em uma ocasião, matou o próprio colega durante uma sessão na Câmara. Além disso, ainda que tivesse ganho a eleição filiado ao Partido da Reconstrução Nacional, o PRN, Collor havia feito sua carreira dentro da UDN. Foi por meio dela que fora indicado para ser prefeito de Maceió e depois deputado já pelo PDS.

Após sua posse, a nova composição dos membros do Poder Executivo fora intitulada de “República de Alagoas”, pelo chamamento de muitos amigos para ocuparem cargos públicos em seu governo. No dia seguinte a posse, chegavam as primeiras medidas: o Plano Brasil Novo/Plano Collor, era elaborado pela jovem economista Zélia Cardoso de Mello. Dentre as propostas era previsto:

• Congelamento de preços e de salários.

• Troca da moeda nacional. Era o início dos tempos do Cruzeiro.

• Retenção/bloqueio de 18 meses das contas bancárias que contavam com 50 mil cruzeiros.

• Confisco da poupança.

• Corte de gastos e vendas de imóveis do Estado.

Em seguida, Collor também iniciou práticas de caráter neoliberais no Brasil. O presidente passou a realizar processos de privatizações, bem como a demitir muitos funcionários públicos. Permitiu a entrada de inúmeras importações o que, posteriormente, levou à falência de muitas empresas brasileiras que não conseguiam concorrer com os produtos estrangeiros.

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Seu governo também foi responsável pelas primeiras articulações em torno do Mercosul. Foi ele que assinou o Tratado de Assunção em 26 de março de 1991.

Pouco antes disso, o presidente lançava, em fevereiro de 1991, o Plano Collor II, congelando os preços e salários mais uma vez. E a então jovem economista, Zélia Cardoso de Mello, que era ministra da Fazenda, foi substituída por Marcílio Marques Moreira, após acusação de envolvimento amoroso com Bernardo Cabral, ministro da Justiça.

Collor não tinha a maioria no Congresso Nacional. Nas eleições de 1990 para governadores os partidos vitoriosos eram aqueles que lhe faziam oposição: PDT, PT, PMDB, PSB e PSDB.

Seu governo passou a sofrer acusação de corrupção:

• O Ministro do Trabalho, Rogerio Magri, acusado de exigir suborno a diversas empresas.

• O Ministro da Saúde, Alceni Guerra, acusado de superfaturar a compra de produtos.

• O Presidente da Petrobras, Pedro Paulo, acusado de desvio de dinheiro.

• A esposa do Presidente Collor, Sra. Rosane Collor, acusada de desvio de verba da LBA, da qual era presidente.

• O irmão do Presidente Collor, Pedro Collor, denunciou à Revista Veja o então presidente acusando o tesoureiro da campanha de Collor, Paulo César Farias (o PC Farias), de pressionar estatais para realizações ações que iam contra o interessa da nação. E, além disso, que o referido tesoureiro tramava uma série de outras influencias dentro do governo, o chamado “Esquema PC”. Pouco tempo depois, PC farias foi encontrado morto. Acredita-se que ele foi vítima de uma “queima de arquivo”.

Em junho de 1992, foi instalada a Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI. Nela o presidente Fernando Collor de Mello seria investigado pelos possíveis crimes contra à nação. Ainda em junho, o motorista de Collor, Eriberto França, acusou (em uma reportagem da Revista Isto É) que o então presidente Fernando Collor estava envolvido no desvio de verbas públicas.

Em meio à crise que abalava seu governo, Fernando Collor de Mello sugeria que o povo fosse às ruas em protesto contra as “mentiras” sobre seu governo. O povo, de fato, foi às ruas em setembro de 1992, mas o que se viu foram “caras-pintadas” de jovens pedindo o fim da corrupção e o impeachment do presidente.

A Câmara dos Deputados aprovou a abertura do pedido de impeachment, Fernando Collor de Mello foi afastado por 180 dias. Em seu lugar assumiria, interinamente, o vice-presidente, Itamar Franco. Collor não retornaria ao poder pois, em dezembro de 1992, enviou sua carta de renúncia. Os direitos políticos de Collor foram, inevitavelmente, cassados pelo Senado por oito anos. Ironicamente, o mesmo órgão que o afastou do poder, o Senado, hoje o recebe como membro desde 2007.

O Governo Itamar Franco (1992-1994): Itamar Franco já estava à frente da Presidência da República desde o afastamento de Fernando Collor de Mello devido ao processo de impeachment. Em 1992, a inflação no brasil batia os 30%, ao lado de taxas altas de desemprego e de recessão. Dizia-se nacionalista, mas realizou um governo com muitas privatizações. Uma de suas intenções era a volta da fabricação do carro Fusca, um símbolo nacional. Suas conquistas amorosas também se tornaram notícias constantes na mídia.

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Em abril de 1993, realizou-se o Plebiscito, por voto facultativo, que fora previsto pela Constituição de 1988 e deveria ter ocorrido em 1993, para que o povo definisse a forma e o sistema de governo brasileiros. A forma republicana, com sistema presidencialista venceram com 66% dos votos.

Nesse mesmo ano foi aberta a CPI do Orçamento (“a CPI dos anões do orçamento”). Nela foi investigado o possível envolvimento dos ministros, funcionários públicos e políticos em uma manipulação criminosa do dinheiro público. Grande nome envolvido na acusação: o presidente do Senado, Humberto Lucena, foi cassado.

Novo programa econômico pelas mãos do político Fernando Henrique Cardoso (PSDB): o Plano Real (Plano FHC). Viabilizado pelos desdobramentos da dívida externa, foi possível pensar uma nova moeda para o Brasil. Os moldes para o Plano Real eram advindos da Argentina e do México desde o início da década de 90. Com o plano, estipulou-se, dentre outros:

• Criação da Unidade Real de Valor (URV): substituir o cruzeiro e equivale-lo ao valor do dólar por seis meses. Essa moeda tornar-se-ia o Real.

• Não congelou preços e salários

• Paridade entre o real e o dólar (a destacar, ao Banco Central caberia o controle da inflação da moeda recém criada).

• Abertura do Brasil aos produtos importados.

Nesse contexto, ocorria a campanha presidencial para o próximo mandato. Lula ganhava destaque nas pesquisas. Porém, os efeitos do Plano Real mudaram os rumos das urnas. FHC foi eleito em primeiro turno, com 55% dos votos.

O Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002): Eleito em primeiro turno, FHC assumiu o Brasil em um período economicamente estável devido à troca da moeda e politicamente apoiado pela maioria no Congresso Nacional. Seu partido, o PSDB fez uma aliança com o PFL (o vice, Marco Maciel, era desse partido) e contou, ainda com o apoio do PPB, de Paulo Maluf, PMDB, PTB e PL. O PT e o PDT ficaram como partidos de oposição. Mas de modo geral, Fernando Henrique Cardoso procurou governar sob uma política de conciliação com os diferentes partidos.

Tanto o primeiro, quanto o segundo mandato, entre 1999 até 2002, seriam permeados por problemas com o movimento Sem Terra, com o trabalho infantil, alto desemprego e criminalidade. FHC manteria ao longo das gestões com sua linha de atuação a partir das diretrizes do Neoliberalismo e da Globalização.

Quando assumiu pela primeira vez o país, ainda que o Plano Real controlasse nossa inflação e, ainda, melhorou um pouco a condição de vida de muitos brasileiros, nossas exportações estavam cada vez mais caras e isso representava uma “balança comercial externa negativa”. FHC, por sua vez, reduziu os gastos públicos, privatizou estatais, fez reformas constitucionais (Emenda da Reeleição), aumentou a postura do Estado como legislador, promoveu o ajuste fiscal, amplas reformas (administrativa/judiciário/tributário) e, ainda, viabilizou uma política de combate a corrupção. Foram marcantes em seu primeiro mandato:

• Reforma da Previdência: se gastava mais com aposentadorias e pensões do que o INSS arrecadava.

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• Criação do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM): envolto em escândalos de desvio de dinheiro, foi abafado pelo governo.

• CPI dos Precatórios: envolvendo capitais e algumas cidades do interior a respeito de corrupção.

• CPI dos Bingos: envolveu o deputado Marquinhos Chedid.

• Privatização da Cia Vale do Rio Doce

• Lei de Concessões Públicas: iniciativa privada assume serviços originalmente ofertados pelo Estado.

• Quebra do monopólio estatal das telecomunicações

• Quebra do monopólio estatal da Petrobras.

• Plano Nacional de Direitos Humanos: indenização às famílias de perseguidos durante o Regime Militar.

• Imposto do cheque: CPMF.

• Massacre de Eldorado dos Carajás: abril de 1996, 1500 sem terras foram confrontados pela polícia em uma estrada do Pará a mando do então governador daquele Estado, Sr. Almir Gabriel.

• Plano PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro): acabou por ajudar a reestruturar bancos falidos.

• Novo empréstimo junto ao FMI no final de 1998: em torno de 41 bilhões de dólares.

• Fim à estabilidade do funcionalismo público.

• Início ao desmonte da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas, criada na Era Vargas).

Segundo os teóricos neoliberais, essas duas últimas eram consideradas ultrapassadas no mundo do trabalho e precisavam ser eliminadas. Em relação ao plano externo, o presidente pleiteou uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.

No tocante à citada Reforma Tributária, FHC não deu seguimento a essa demanda. Ainda em 2001, FHC passaria pela Crise do Senado: acusação de desvio de dinheiro a partir de dois políticos, Jader Barbalho e Antônio Carlos Magalhaes. Novas CPIs marcariam sua segunda gestão no Poder Executivo:

• CPI do Judiciário no Senado: desvio de verbas em obra do TRT de São Paulo (caso do Juiz Lalau).

• Criação do Ministério da Defesa (substituindo pastas militares).

• Criação do Ministério da Integração Nacional e recriação da Secretaria-Geral da Previdência.

• Vexame da Festa dos 500 anos.

• Extinção da SUDAN e da SUDENE devido a fraudes.

• O apagão, em maio de 2001, racionamento de energia (Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste), prática mantida até novembro daquele ano.

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• 2002 é realizado novo empréstimo, 30 bilhões.

• Novo Código Civil Brasileiro.

• Limitação do número de medidas provisórias (fortalece o Congresso novamente).

Em uma análise mais superficial, é possível dizer que a Era FHC foi de relativa tranquilidade e estabilidade. As privatizações que realizou foram importantes para a arrecadação, mas serviu apenas para pagar as dívidas públicas. Já em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), houve avanços e recuos. A alfabetização quase não mudou, assim como a expectativa de vida. Em compensação, houve avanço em relação a tratamento de doenças como a AIDS. Foi estimulada a produção dos remédios genéricos. E, sem dúvida, a Lei de Responsabilidade Fiscal foi um grande salto em seu governo: obrigando governantes a prestarem contas dos recursos utilizados. Deixou a presidência com prestigio, inclusive no âmbito internacional, tendo em vista que somada todas suas viagens ao exterior em oito anos de governo, FHC teria ficado UM ano fora do país.

O primeiro governo de Luís Inácio Lula da Silva (2003-2006): Compreender a chegada de Lula à Presidência do Brasil requer, inegavelmente, observar sua trajetória política. A vida política de Lula foi marcada pelas grandes manifestações sindicais que participou. Sua área de atuação era a região do ABC paulista. Do discurso radical na época de sindicalistas, contrastaram com a serenidade do discurso de posse como presidente. Alguns autores defendem que a imagem mais tranquila de Lula foi decisiva para sua chegada ao poder despois de três tentativas fracassadas. Como vice, ele contou com José de Alencar, líder do PL e grande empresário. Seu principal opositor no pleito era José Serra do (PSDB), Lula o venceria apenas no segundo turno. Concorreram, ainda, Antony Garotinho (PDT), Ciro Gomes (PPS) e Zé Maria (PSTU).

Politicamente, Lula contou com a oposição do PFL. Já o PSDB realizou uma “oposição consciente” num primeiro momento. Armou-se de Henrique Meirelles para o Banco Central e de Antônio Pallocci para o Ministério da Fazenda.

Economicamente, o presidente atuou de forma conservadora. Manteve o Plano Real e garantiu a estabilidade da moeda e a relação com FMI. O superávit primário foi mantido na primeira fase do governo Lula, porém todo o dinheiro arrecado era utilizado para pagamentos de dívidas públicas e externas. A saída do presidente foi o lançado da Parceria Público Privada (PPP), que foi duramente criticado pela oposição pela facilidade de desvio do dinheiro público que essas parcerias poderiam resultar (e resultaram).

Na área social, destacaram-se programas de cunho assistencialistas iniciados, ainda, no primeiro mandato:

• Programa Fome Zero: Substituía o Programa Comunidade Solidária de Fernando Henrique Cardoso. Combate à fome e às suas necessidades estruturais, as quais geram a exclusão social. Segundo dados, quando foi iniciado, 44 milhões de no Brasil eram ameaçadas pela fome.

• Programa Bolsa Família: Transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o país.

• Programa Luz para todos: lançado em 2003 para acabar com a exclusão de energia elétrica em regiões rurais.

Page 32: História do Brasil II Professor Cássio Albernaz · o anteprojeto da Constituição de 1934. A 09 de julho de 1932 explodiu a luta armada. Embora a Revolução Constitucionalista

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• Programa Primeiro Emprego: criação de postos de trabalho para jovens ou prepará-los para o mercado de trabalho e ocupações alternativas, geradoras de renda, bem como a qualificação do jovem para o mercado de trabalho e inclusão social.

• Programa Universidade para Todos – Prouni: criado em 2004, tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de ensino superior privadas. Institucionalizado pela Lei nº 11.096, em 13 de janeiro de 2005 oferece, em contrapartida, isenção de tributos àquelas instituições que aderem ao Programa.

Já para o segundo mandato, o primeiro grande projeto de governo seria o PAC, Programa de Aceleração de Crescimento, 500 bilhões de reais investidos em infraestrutura pelos próximos três anos (saneamento, habitação, energia).