green supply chain e produção mais limpa: uma revisão em ... · e seus fornecedores (sarkis,...
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Green Supply Chain e Produção Mais Limpa: uma revisão em prol da aplicabilidade
destas abordagens ao setor sucroenergético
Livia R. Ignácioa, Guilherme F. Pescima
a Departamento de Engenharia de Produção, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo (USP), São Carlos-SP, Brasil
Resumo: A fim de melhorar a performance ambiental e diminuir os impactos ambientais de sistemas
produtivos, foram criadas as abordagens de Green Supply Chain Management e Produção Mais
Limpa. Mas qual seria a relação entre elas? A Green Supply Chain é uma abordagem que busca a
melhoria do desempenho ambiental em todos os elos de uma cadeia de suprimentos, desde a
extração da matéria-prima até o consumo e disposição final do produto, por meio de relações de
colaboração ou conformidade entre as partes. A abordagem da Produção Mais Limpa, por outro
lado, tem o foco em práticas de ecoeficiência em um sistema produtivo. Atualmente o setor
sucroenergético nacional vive um contexto de crise econômica forte concomitante com uma baixa
eficiência produtiva, além do grande impacto ambiental gerado por seus processos. Diante deste
cenário, é forte a pressão de investidores externos e outras partes interessadas no que tange à
conformidade legal, eficiência produtiva e performances econômica, ambiental e social do setor.
Esta proposta de trabalho visa apresentar os conceitos das duas abordagens citadas a fim de
explorar a aplicabilidade de suas ferramentas e práticas à cadeia de valor da indústria
sucroenergética, com vistas a contribuir para o aprimoramento da performance ambiental do setor.
Palavras-chave: Green Supply Chain, GSCM, Produção Mais Limpa, P+L, Cleaner Production,
setor sucroenergético, desempenho ambiental
1. Introdução
Todo produto provoca um impacto no meio
ambiente, seja em função das matérias-
primas que consome, de seu processo
produtivo, ou devido ao uso e disposição final
(CHEHEBE, 1997). Ao longo dos anos, a
postura das empresas perante a gestão
ambiental evoluiu continuamente de passiva
para reativa e, por fim, para preventiva
(HILSON, 2003). Esta evolução é decorrente
da percepção de que é possível gerar valor
econômico ao negócio ao mesmo tempo em
que se promove a melhoria das condições
ambientais para a sociedade. O fato, segundo
Yang et al. (2010), é que pode-se aumentar a
competitividade das empresas por meio de
práticas de gestão ambiental, que se refletem
em redução de custos e alto nível de
qualidade e confiança. Enquanto os sistemas
de produção tradicionais existem para
proporcionar apenas eficiência, precisão e
baixos custos, os novos modelos também
passaram a ser orientados para a sua
sustentabilidade (ARAUJO, 2010). Entretanto,
a forma pela qual os novos conceitos de
gestão ambiental são incorporados pelas
empresas, se são realmente aplicados de
forma consistente dentro e entre as
organizações, é uma questão a parte (EY e
GREENBIZ, 2013).
Apesar do contexto atual de crise
econômica mundial, mercados cada vez mais
competitivos e tomados por grandes grupos
corporativos, estudos têm apontado que a
aplicação de práticas da abordagem de Green
Supply Chain Management (GSCM), tais
como a Produção Mais Limpa (P+L),
contribuem positivamente para melhoria da
performance geral dos negócios em diversos
setores (Zeng et al., 2010; Cagno et al., 2005;
Stefanelli, 2014; Neto et al., 2015 apud Silva e
Medeiros, 2006).
No contexto brasileiro, o setor
sucroenergético tem se especializado e
buscado captar recursos necessários para
expansão dos negócios e melhoria da
eficiência produtiva e econômica. De acordo
com Esalq (2015), o setor está cada vez mais
competitivo por conta da representatividade
do açúcar e etanol no painel de exportação do
país, sendo de fundamental importância o
conhecimento dessa cadeia produtiva. Neste
contexto, investidores internacionais e
clientes estabelecem requisitos para melhoria
da eficiência ambiental e econômica do setor,
como premissas para se tornarem parceiros
do negócio. Ao mesmo tempo, a própria
sociedade e mídia têm pressionado pela
melhoria das condições ambientais onde as
usinas de cana de açúcar operam.
No caso de GSCM, apesar da crescente
evolução dos estudos sobre esta temática, os
principais trabalhos publicados ainda não
focaram o setor sucroenergético, e ainda mais
considerando-se a realidade brasileira
(STEFANELLI, 2014).
Faz-se, então, necessário investigar como
as empresas do setor sucroenergético podem
incorporar práticas de gestão ambiental a fim
de aprimorar seu desempenho ambiental e
atender aos requisitos cabíveis. Este artigo
visa revisar os principais conceitos e
aplicações de Green Supply Chain
Management (GSCM) e Produção Mais Limpa
(P+L) e identificar práticas destas duas
abordagens que podem gerar ganhos
ambientais ao setor sucroenergético.
2. Green Supply Chain Management
(GSCM)
A GSCM foi originada dos conceitos
tradicionais de gestão da cadeia de
suprimentos – supply chain management
(SCM) (FORTES, 2009), relacionados à
transformação de matérias-primas em
produtos finais com valor agregado.
Tradicionalmente, havia grande concentração
de esforços das empresas somente em
medidas internas para melhoria de sua
performance ambiental (CHEN et al., 2013),
tais como redução no consumo de resíduos,
controle de poluição, dentre outras. No
entanto, esta realidade mudou, sendo uma
das razões a percepção de que os clientes
não fazem distinção clara entre uma empresa
e seus fornecedores (SARKIS, 2006).
Ocorrendo qualquer tipo de não
conformidade, geralmente culpa-se a
empresa proprietária do produto ou serviço, e
não o fornecedor que vendeu componentes
defeituosos, ou que adotou práticas de
trabalho ilegais (CHEN et al., 2013).
Neste contexto, desde a década de 90,
foram cunhadas diversas definições teóricas
acerca de GSCM (STEFANELLI, 2014). No
entanto, os principais autores e trabalhos
(GREEN et al., 1996; MESSELBACK e
WHALEY, 1999; SARKIS, 2003; ZHU e
SARKIS, 2004; RAO e HOLT, 2005; ZHU,
SARKIS e GENG, 2005; ZHU e SARKIS,
2006; VACHON e KLASSEN, 2006;
SRIVASTAVA, 2007; AGERON et al., 2011;
SARKIS et al., 2011; MIN e KIN, 2012)
possuem um denominador comum entre as
definições que propõem para GSCM: a
necessidade de incorporar de forma integrada
a variável ambiental em todos os elos de uma
cadeia de valor a fim de melhorar a sua
performance ambiental e diminuir os impactos
ambientais gerados pela sua rede de players
(indústria, serviços, fornecedores,
compradores, distribuidores, consumidores,
etc).
A GSCM é um tema recente e
multidisciplinar, cujo conceito ainda não é um
consenso entre os pesquisadores (ZHU e
SARKIS, 2004). Existem diversas definições,
nomenclaturas e siglas, porém, segundo
Teixeira (2014), o foco é adaptar as atividades
operacionais e incorporar a filosofia de gestão
da cadeia de suprimentos para as
preocupações ambientais entre os elos da
cadeia. O mesmo autor também afirma que,
apesar de não haver um padrão de práticas
aplicáveis, existe uma maior concentração em
algumas práticas, por exemplo, as relações
com fornecedores e relações com clientes.
A abordagem é composta por uma série
de práticas ambientais (JABBOUR;
JABBOUR, 2012), que já foram agrupadas de
diferentes maneiras por alguns autores, tais
como Zhu e Sarkis (2004), Zhu e Sarkis
(2006), Zhu, Sarkis e Lai (2008), Vachon e
Klassen (2008), Chien e Shih (2007) e Zheng
(2010), conforme retratado na Figura 3.
Em termos práticos, é possível verificar
que as categorias de ferramentas de GSCM
são passíveis de aplicação em qualquer setor
econômico. Estudos têm avaliado a GSCM
pelo nível de implantação de práticas
ambientais nas empresas (ARIMURA et al.,
2011). É necessário, no entanto, haver o
entendimento claro do tipo de cadeia
considerada, os seus elos, as funções
desempenhadas por cada um e,
principalmente, os tipos de relações
estabelecidas entre os elos.
Segundo Stefanelli (2014) e seu estudo
sobre a relação entre práticas de GSCM e o
desempenho ambiental em uma amostra de
micro, pequenas e médias empresas
fornecedoras de usinas do setor
sucroenergético, é baixa a adoção de práticas
de GSCM neste segmento.
Quando se trata de estudos acadêmicos
acerca desta temática, foi verificado em um
artigo recente publicado por Sehnen et al.
(2015) sobre a produção científica em GSCM
de 2001 a 2012 que esta pesquisa tem se
intensificado nos últimos três anos. Este fato
também pode ser estendido ao contexto de
pesquisa do assunto no Brasil, conforme
gráfico gerado pela base Web of Science,
quando se faz uma busca simples pelo tópico
green supply chain em todos os anos. Nesta
busca, foi verificado que a produção de artigos
internacionais por brasileiros se intensificou
nos últimos três anos.
Figura 1: Número de publicações brasileiras na base Web of Science acerca do tópico "green supply chain".
(Fonte: Web of Science, 05/12/2015)
3. Produção Mais Limpa (P+L)
O conceito de Produção mais Limpa (P+L)
começou a ser difundido a partir dos
resultados do trabalho do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) e da Organização da Indústria e
Desenvolvimento das Nações Unidas
(UNIDO) (HILSON, 2003). A UNEP define a
P+L como “a aplicação contínua de
estratégias ambientais preventivas e
integradas aos processos, produtos e serviços
com o objetivo de aumentar a eficiência global
e reduzir riscos para o homem e o meio
ambiente”.
A P+L é uma abordagem de gestão
ambiental preventiva que busca reduzir a
poluição na fonte, enquanto as tecnologias de
fim de tubo restringem as emissões de
poluentes por meio da implementação de
equipamentos de controle (FRONDEL et al.,
2006).
Muitos pesquisadores consideram que a
P+L pode ter uma influência significativa como
ferramenta, programa ou filosofia para a
promoção de novas tecnologias ambientais,
catalisação da gestão ambiental associada ao
processo e produto final, reforma de
paradigmas relacionados ao retorno
financeiro de iniciativas ambientais e
promoção da conexão entre a industrialização
e a sustentabilidade (HILSON, 2003).
A P+L tem sido implantada com sucesso
ao redor do mundo, em diferentes setores da
indústria, tais como papel e celulose,
saneamento, fabricação de joias banhadas a
ouro, mineração, eletrônicos e metalúrgico,
gerando retorno financeiro às empresas.
(HILSON, 2003; ZENG et al., 2010; SILVA et
al., 2013). A P+L impacta de fato na
lucratividade dos negócios (CAGNO et al.,
2005), sendo que as práticas de baixo custo
apresentam uma contribuição maior para a
performance financeira se comparada com a
performance não financeira (ZENG et al.,
2010).
Os principais princípios de P+L, segundo
Neto et al. (2015), adotados pelas empresas
brasileiras foram agrupados em seis
categorias, a partir das práticas apresentadas
na Figura 4:
i) a adoção de P+L e ecologia industrial com
sistema de gestão ambiental baseada na ISO
14.001, visando o desenvolvimento de
projetos para o meio ambiente no produto,
processo produtivo e redes logísticas;
ii) a cocriação com os clientes no
desenvolvimento de produto ecológico com
foco na logística reversa de remanufatura;
iii) a adoção de planejamento e controle da
produção ambiental com investimento em
pesquisa e inovação e foco na redução de
riscos ambientais externos;
iv) a cocriação com os fornecedores para o
desenvolvimento de matérias-primas e
componentes ecológicos, além de promover
sistema de auditorias;
v) a adoção de gestão da cadeia de
suprimentos verde para selecionar
fornecedores sustentáveis e desdobrar os
indicadores ambientais; e, finalmente,
vi) a intensificação de treinamentos aos
fornecedores sobre educação ambiental para
auxiliar nas ações de logística reversa de pós-
consumo e pós-venda para reuso,
remanufatura e reciclagem.
Um estudo bibliométrico recente realizado
por Giacchetti e Aguiar (2015) demonstra que
a produção científica sobre o tema de P+L tem
apresentado uma tendência de aumento
gradual ao longo dos anos.
Especificamente para o Brasil, uma busca
simples realizada na base Web of Science
pelo tópico cleaner production também
demonstra uma evolução gradual no número
de publicações de autores brasileiros.
Figura 2: Número de publicações brasileiras na base Web of Science acerca do tópico "cleaner production" (Fonte: Web of
Science, 05/12/2015)
4. A cadeia de valor da indústria
sucroenergética
O setor de açúcar e álcool é um dos mais
dinâmicos e importantes do Brasil (PINTO,
2011). Na safra 2014/2015, a produção total
de açúcar e álcool no Brasil foi de,
respectivamente, 35,56 milhões de toneladas
e 28,66 bilhões de litros (CONAB, 2015).
O processo de produção de açúcar e
álcool conta resumidamente com as seguintes
etapas: Preparação do solo, Plantio, Manejo
de cultura, Colheita, Transporte da Cana de
Açúcar, Moagem, Produção de Açúcar,
Produção de Álcool, Vinhaça e Energia, e
Distribuição (OMETTO, 2005).
Segundo Semenzato (1995) e Pavia e
Morabito (2008) a gestão da cadeia de
suprimentos do açúcar e, em particular, da
colheita da cana de açúcar, é uma complexa
operação logística que envolve o corte,
carregamento de cana nos campos,
transporte e descarregamento nas moendas.
Esta operação envolve diversas empresas
que devem estar coordenados entre si e com
a moenda receptora.
A reutilização de subprodutos no setor de
açúcar e álcool é caracterizada pela aplicação
de vinhaça (fertirrigação) e torta de filtro no
cultivo da cana-de-açúcar (OMETTO, 2005).
Uma visão moderna do setor,
considerando as suas principais estruturas,
entradas e produtos encontra-se resumida na
Figura 5.
Figura 3: Práticas de GSCM (Fonte: Vários autores)
Código Práticas de Green Supply Chain Management
GSCM01 Comprometimento de GSCM de gestores seniores
GSCM02 Suporte para GSCM de gerentes de nível médio
GSCM03 Cooperação inter-funcional para melhorias ambientais
GSCM04 Gestão ambiental da qualidade total
GSCM05 Cumprimento da legislação ambiental e programas de auditoria
GSCM06 Certificação ISO 14.001
GSCM07 Existência de sistemas de gestão ambiental
GSCM08 Fornecer especificações de design para fornecedores que incluem exigências ambientais para o item comprador
GSCM09 Cooperação com os fornecedores para objetivos ambientais
GSCM10 Auditorias ambientais para a gestão interna de fornecedores
GSCM11 Certificação ISO 14.001 dos fornecedores
GSCM12 Avaliação de práticas ambientais de fornecedores de segunda camada
GSCM13 Cooperação com o cliente para o eco-design
GSCM14 Cooperação com os clientes para a produção mais limpa
GSCM15 Cooperação com os clientes para utilização de embalagens “verdes”
GSCM16 Recuperação do investimento (venda) do excesso de estoques / materiais
GSCM17 Venda de sucata e materiais usados
GSCM18 Venda de bens de capital em excesso
GSCM19 Projeto de produtos para reduzir o consumo de materiais / energia
GSCM20 Design de produtos para reutilização, reciclagem e recuperação de materiais
GSCM21 Design de produtos a fim de evitar ou reduzir a utilização de resíduos perigosos de produtos no seu processo de fabricação
GSCM27 Colaboração
GSCM28 Monitoramento ambiental
GSCM29 Compras verdes
GSCM30 Elaboração de lista de controle de substâncias potencialmente perigosas
GSCM31 Perfil das matérias primas com substâncias proibidas
GSCM32 Tabela para avaliar a gestão ambiental em fornecedores
GSCM33 Informações para a certificação de produtos verdes
GSCM34 Mecanismos de auditoria para a gestão verde
GSCM35 Práticas de produção verde
GSCM36 Design verde (eco-design)
GSCM37 Fabricação (produção) de produtos verdes
GSCM38 Recuperação e reutilização de produtos usados
GSCM39 Padronização de produtos verdes
GSCM40 Implementação ambiental
GSCM41 Direcionamento ambiental positivo
GSCM42 Gestão da informação ambiental
GSCM43 Gestão ambiental global
GSCM44 Gestão do ciclo de vida
GSCM45 Teste de eficácia ambiental
GSCM46 Competências ambientais dos fornecedores
GSCM47 Eco-design
GSCM48 Avaliação de risco ambiental
GSCM49 Cumprimento das leis ambientais
GSCM50 Auditoria ambiental
Vachon e Klassen (2008)
Chien e Shih (2007)
Zheng (2010)
Zhu e Sarkis (2006) & Zhu, Sarkis e Lai (2008)
Gestão ambiental interna
Compras verdes
Cooperação com consumidores
Eco-design
Recuperação do investimento
Zhu e Sarkis (2004)
Gestão ambiental interna
Práticas GSCM externas (Green Operations)
Recuperação do investimento
Eco-design (Green Design)
Figura 4: Práticas de P+L (Fonte: Neto et al., 2015)
Código Práticas de Produção Mais Limpa
PL01 Planejamento e controle da produção com educação ambiental
PL02 Cocriação com o cliente para conhecer os atributos ambientais para a concepção de produtos e/ou prover mudança incremental no existente
PL03 Projeto do produto ecoeficiente visando o uso de materiais ecológicos
PL04 Projeto do produto para remanufatura, reúso e reciclagem
PL05 Projeto do processo produtivo ecoeficiente
PL06 Auditoria e controle da poluição na manufatura
PL07 Investimento de pesquisa e inovação sobre práticas de sustentabilidade na produção
PL08 Cocriação com fornecedores para o desenvolvimento de matérias-primas e componentes ecológicos
PL09 Critérios qualificadores e ganhadores de pedidos ambientais para a compra e seleção de fornecedores sustentáveis
PL10 Auditoria ambiental nos fornecedores
PL11 Utilizar embalagens ecológicas nos produtos para a redução do impacto ambiental
PL12 Considerar questões ambientais no gerenciamento da cadeia de suprimentos
PL13 Logística Reversa de pós-consumo e pós venda para reuso, remanufatura e reciclagem
PL14 Redução de riscos ambientais externos à organização por meio de controle de resíduos e emissões na fabricação
PL15 Método de avaliação do fator de intensidade de material para minimizar e controlar a geração de resíduos e emissões na produção
PL16 Procedimento de avaliação do ciclo de vida na concepção do projeto do produto
PL17 Análise de risco ambiental do produto/produção
PL18 Prevenção à Poluição – P2
PL19 Projeto das redes logísticas especializadas
PL20 Ecologia Industrial
PL21 Indicador de investimento em treinamento sobre educação ambiental na produção
PL22 Indicador de custo operacional devido à compra de produtos com selo verde
PL23 Processo de avaliação do desempenho ambiental ampliado (ADAA)
PL24 O método Sellitto, Borchardt e Pereira
PL25 Implementação da P+L e auditorias para avaliar se o roteiro de ações está sendo cumprido
PL26 Tecnologia da informação na Cadeia de Suprimentos Verde
PL27 A existência de sistema de gestão ambiental com certificação ISO 14001 e Eco-Management Audit System (EMAS) no sistema produtivo
PL28 A existência de norma de rotulagem ambiental nos produtos fabricados
PL29 A existência de norma (AA1000) que trata aspectos da inclusividade dos stakeholders nas decisões operacionais
PL30 Implementar tecnologias mais limpas no sistema produtivo para prevenção da poluição
Neto et. al (2015)
Figura 5: Entradas e Saídas de uma unidade sucroenergética (Fonte: Esalq, 2015)
De um modo geral, a cadeia de valor do
setor de açúcar e álcool envolve fornecedores
de cana-de-açúcar, fertilizantes, defensivos
agrícolas, combustíveis, corretivos de solo,
insumos industriais, transportadoras,
equipamentos agrícolas e industriais, energia
e serviços. (OMETTO, 2005; CHAGAS et al.,
2015).
As atividades desenvolvidas pelo setor
apresentam potenciais impactos ambientais
que, se gerenciados de forma adequada,
podem ser mitigados e, ao mesmo tempo,
gerar ganhos ambientais e econômicos para o
negócio. De acordo com Alvarenga e Queiroz
(2009) apud Langowski (2007), os principais
impactos ambientais da cadeia de produção
de açúcar e álcool são:
Código Principais Impactos do Setor
Sucroenergético
I1 Perda de biodiversidade causada pelo desmatamento e pela implantação da monocultura
I2
Contaminação das águas superficiais e do solo devido à aplicação de fertilizantes, corretivos minerais e herbicidas
I3
Compactação do solo por conta do tráfego de maquinaria pesada durante o plantio, os tratos culturais e a colheita
I4 Assoreamento de corpos d’água devido à erosão do solo em áreas de renovação de lavoura
I5 Alteração da qualidade do ar devido à emissão de fuligem e contribuição para o efeito estufa devido à
emissão gases de efeito estufa na queima controlada ou incêndios
I6 Degradação da qualidade da água e solo devido à aplicação de vinhaça e torta de filtro
I7 Consumo intenso de água para o processamento industrial da cana de açúcar
Figura 6: Impactos ambientais causados pelo setor sucroenergético (Fonte: Alvarenga e Queiroz, 2009
apud Langowski, 2007)
Cetesb (2002) apresenta algumas
medidas de P+L específicas para aplicação no
setor de açúcar e álcool. Conforme Soares
(2004), o pleno aproveitamento energético da
cana-de-açúcar, para além do etanol e do
açúcar obtidos de forma convencional, está
ligado ao atual conceito de biorrefinaria, que
transformam estas matérias vegetais em
subprodutos para atender às necessidades do
consumo moderno, de forma sustentável e
com o mínimo de impacto ambiental.
5. Aplicação de práticas de GSCM e
P+L no setor sucroenergético
A análise de aplicação das práticas de
GSCM e P+L no setor sucroenergético teve
como referência a revisão bibliográfica de
conceitos e práticas realizada neste artigo.
Primeiramente, foi realizada análise
comparativa simples entre as práticas de
GSCM da Figura 3, provenientes de diversos
autores, com aquelas de P+L propostas por
Neto et al. (2015), retratadas na Figura 4.
Entre estas duas listas-mestras, foram
identificadas relações de conteúdo na Figura
8, conforme critérios descritos em formato de
legenda (Figura 7).
Figura 7: Critérios adotados para comparação entre práticas de GSCM e P+L (Fonte: os autores)
Após estabelecer os vínculos conceituais
entre as categorias de GSCM e P+L, propôs-
se uma tabela única (Figura 9) contendo
práticas de gestão ambiental que podem
contribuir para a melhoria na performance
ambiental de uma organização. Esta tabela
unificada é fruto da fusão das práticas de
GSCM e P+L encontradas na literatura e que
passaram pelo processo de análise
comparativa com base nos critérios da
legenda da Figura 7.
Stefanelli (2014) apontou que uma das
limitações de sua pesquisa foi justamente o
conjunto de práticas, no caso, de GSCM
existente, que foi originado de pesquisadores
internacionais. O autor alega que este
conjunto pode possuir práticas não aderentes
ao contexto brasileiro, e ressalta a
possibilidade de abertura para a proposição
de novos modelos adaptados à realidade
nacional.
Na sequência, foram avaliadas cada uma
das práticas propostas na lista unificada da
Figura 9 frente a alguns parâmetros acerca
das características da cadeia de valor do setor
sucroenergético. Para cada uma das práticas
foram avaliadas as seguintes perguntas:
Aplicável ao setor sucroenergético?
o Sim / Não
Em qual elo da cadeia de valor?
o Fornecimento agrícola
o Fornecimento industrial
o Usina
o Transporte e logística
o Comercialização
6. Discussão
A comparação realizada entre as práticas
de GSCM e P+L demonstrou a existência de
uma grande sinergia entre as duas
abordagens. De um total de 80 práticas
consideradas, apenas 20% foram
consideradas exclusivas, sendo 9% para
GSCM e 11% para P+L.
Um total de 18% das práticas analisadas
foram consideradas idênticas, 56% foram
consideradas complementares e 6%
unificadas por se tratarem do mesmo tema
dentro de uma mesma abordagem (GSCM ou
P+L).
Para a avaliação de unificação das
abordagens, cinco práticas foram
desconsideradas devido à falta de definições
claras sobre os seus conceitos, como foi o
caso de “Direcionamento ambiental positivo” e
“O método Sellitto, Borchardt e Pereira”;
devido ao alto grau de subjetividade, no caso
de “Considerar questões ambientais no
gerenciamento da cadeia de suprimentos”; e
devido à alta especificidade das práticas, no
caso de “Método de avaliação do fator de
intensidade de material para minimizar e
controlar a geração de resíduos e emissões
E
Prática exclusiva da respectiva
abordagem (GSCM ou P+L): não
há prática análoga no conjunto
da outra abordagem
I
Práticas idênticas: não há
nenhuma diferença entre elas
em termos teóricos e práticos
C
Práticas complementares: há
proximidade em termos
teóricos, mas cada uma tem
sua própria forma de
operacionalização
na produção” e “Indicador de investimento em
treinamento sobre educação ambiental na
produção”.
A unificação das abordagens de GSCM e
P+L resultou em um total de 27 práticas,
sendo que duas não são aplicáveis para o
setor sucroenergético. Essas práticas são
“Parceria com clientes para Eco-design” e
“Projeto do Produto para remanufatura, reuso
e reciclagem”. A não aplicabilidade destas
práticas ao setor analisado ocorre por conta
das características dos produtos
comercializados, como açúcar, etanol,
energia, dentre outros, pois não representam
uma categoria de bens duráveis para os quais
a aplicação de técnicas de Eco-design e
remanufatura, reuso e reciclagem são
importantes no aumento da eficiência
ambiental. Sendo assim, os resultados
mostraram que 25 das práticas unificadas
podem ser consideradas aplicáveis ao setor.
A avaliação das práticas para cada elo da
cadeia de valor do setor resultou no seguinte
percentual de aplicabilidade:
o Fornecimento agrícola: 32%
o Fornecimento industrial: 32%
o Usina: 80%
o Transporte e logística: 12%
o Comercialização: 24%
A distribuição em porcentagem demonstra
a abrangência para todos os elos da cadeia de
valor em relação aos temas considerados nas
abordagens de GSCM e P+L, sendo que a
maior aplicabilidade avaliada é referente à
Usina e a menor ao Transporte e Logística.
As práticas que englobam todos os cinco
elos da cadeia de valor são “Gestão do Ciclo
de Vida do Produto” e “Engajamento com
partes interessadas relacionadas a práticas
de gestão ambiental”. Em um cenário
competitivo no qual o setor está inserido, as
empresas têm sido cada vez mais
pressionadas para buscar uma relação
positiva com todas as suas partes
interessadas (clientes, acionistas, sociedade
e governo) de forma a atender as demandas
da sociedade, reduzir riscos para a operação
e gerar valor ao negócio. Nesta mesma linha,
a avaliação do ciclo de vida de produtos se
tornou um requisito importante de mercado
para o setor. Um exemplo disso são as
exigências e concessões de benefícios para a
exportação de etanol aos Estados Unidos com
níveis menores de intensidade carbônica na
cadeia de valor, conforme regulamentações
da Agência Ambiental Americana (EPA) e do
Órgão Regulamentador de Emissões
Atmosféricas da Califórnia (CARB). A
transversalidade em toda a cadeia de valor é
uma característica intrínseca às duas práticas
comentadas.
Para a Usina, as principais práticas
identificadas estão relacionadas com a gestão
ambiental interna, como o comprometimento
da liderança e cooperação inter-funcional para
melhorias ambientais, implementação de
sistema de gestão ambiental baseado na NBR
ISO 14.001, monitoramento, cumprimento da
legislação, auditoria ambiental interna,
acompanhamento de planos de ação, controle
de substâncias perigosas adquiridas,
avaliação de riscos e desempenho ambiental,
educação ambiental e investimentos em
inovação. O uso e controle de substâncias
perigosas é particularmente importante no
setor. A larga aplicação de defensivos
agrícolas como insumo dos processos possui
alta capacidade de geração de impactos
ambientais.
Em relação aos elos de fornecimento
agrícola e industrial, verifica-se que as
práticas podem ser inseridas tanto em uma
busca por conformidade quanto por meio de
relações de colaboração e parceria com os
fornecedores. Por exemplo, “Auditoria
ambiental nos fornecedores” e “Critérios de
meio ambiente para seleção de fornecedores”
consistem em práticas que estabelecem uma
relação de conformidade entre empresa e
fornecedor, ao passo em que as práticas de
“Parceria com fornecedores para melhorias
ambientais dos produtos fornecidos” e
“Parceria com cadeia de suprimentos para
implantação de práticas de Ecologia
Industrial” criam uma relação de colaboração
entre os elos. Como exemplos de uma relação
de colaboração, pode-se citar a busca de
fertilizantes orgânicos, as parcerias em
pesquisa e inovação e a aplicação controlada
de vinhaça como fertilizante em áreas de
fornecedores de cana.
O elo de Comercialização pode ter
aplicação de práticas que estabelecem
vínculos com os clientes, tais como “Parceria
com clientes para implementação de
tecnologias mais limpas”, “Parceria com
clientes para utilização de embalagens
verdes” e “Recuperação, reutilização, venda e
logística reversa de produtos e materiais
usados”. Como exemplos, podem ser citados
a destinação de resíduos ou subprodutos para
indústrias de outros segmentos,
benchmarkings para conhecimento de
tecnologias avançadas utilizadas por clientes,
parcerias para melhoria de processo a fim de
atender a exigências ambientais do cliente e
também agregar mais valor ao produto, dentre
outras práticas. Acerca da aplicação das
práticas neste elo, pode-se dizer que existe
grande potencial de desenvolvimento. No
caso do setor sucroenergético, entende-se
que há maiores dificuldades na aplicação
destas práticas, pois os produtos oferecidos
ao mercado caracterizam-se como bens de
consumo, o que limita inovações no produto
final.
Para o elo Transporte e logística, a prática
especificamente aplicável é o “Projeto de
redes logísticas otimizadas”. Esta prática
pode ser exemplificada pelo transporte da
cana-de-açúcar em raios menores entre a
área agrícola e a usina, o que promove, além
das melhorias operacionais e redução de
custos, uma performance ambiental mais
eficiente devido à redução no consumo de
combustíveis fósseis e consequentes
emissões de poluentes atmosféricos. Além
disso, a mesma rede logística utilizada para
transporte de produtos acabados pode ser
otimizada para retornar com insumos de
processo ou outros equipamentos.
Figura 8: Comparação entre práticas de GSCM e P+L (Fonte: os autores)
Código Prática GSCM Código Prática P+L Relação Código da Prática unificada
GSCM01 Comprometimento de GSCM de gestores seniores - -
GSCM02 Suporte para GSCM de gerentes de nível médio - -
GSCM03 Cooperação inter-funcional para melhorias ambientais - - E U02
GSCM04 Gestão ambiental da qualidade total
GSCM06 Certificação ISO 14.001
GSCM07 Existência de sistemas de gestão ambiental
GSCM42 Gestão da informação ambiental
GSCM43 Gestão ambiental global
GSCM05 Cumprimento da legislação ambiental e programas de auditoria
GSCM49 Cumprimento das leis ambientais
GSCM08Fornecer especificações de design para fornecedores que incluem
exigências ambientais para o item comprado
GSCM09 Cooperação com os fornecedores para objetivos ambientais
GSCM10 Auditorias ambientais para a gestão interna de fornecedores
GSCM12 Avaliação de práticas ambientais de fornecedores de segunda camada
GSCM34 Mecanismos de auditoria para a gestão verde
GSCM11 Certificação ISO 14.001 dos fornecedores C
GSCM29 Compras verdes I
GSCM32 Tabela para avaliar a gestão ambiental em fornecedores C
GSCM46 Competências ambientais dos fornecedores C
GSCM13 Cooperação com o cliente para o eco-design I
GSCM47 Eco-design C
GSCM21Design de produtos a fim de evitar ou reduzir a utilização de resíduos
perigosos de produtos no seu processo de fabricaçãoC
GSCM19 Projeto de produtos para reduzir o consumo de materiais / energia C
GSCM36 Design verde (eco-design) C
GSCM14 Cooperação com os clientes para a produção mais limpa PL30
Implementar tecnologias mais
limpas no sistema produtivo para
prevenção da poluição
C U09
GSCM15 Cooperação com os clientes para utilização de embalagens “verdes” PL11
Utilizar embalagens ecológicas
nos produtos para a redução do
impacto ambiental
C U10
GSCM16 Recuperação do investimento (venda) do excesso de estoques / materiais
GSCM17 Venda de sucata e materiais usados
GSCM18 Venda de bens de capital em excesso
GSCM38 Recuperação e reutilização de produtos usados
GSCM20Design de produtos para reutilização, reciclagem e recuperação de
materiaisPL04
Projeto do produto para
remanufatura, reúso e
reciclagem
I U12
GSCM27 Colaboração PL20 Ecologia Industrial C U13
GSCM28 Monitoramento ambiental - - E U14
C
E
C
U01
U03
U04
U05
U06
U07
U08
U11
PL09
Critérios qualificadores e
ganhadores de pedidos
ambientais para a compra e
seleção de fornecedores
PL02
Cocriação com o cliente para
conhecer os atributos ambientais
para a concepção de produtos
e/ou prover mudança
incremental no existente
PL13
Logística Reversa de pós-
consumo e pós venda para reuso,
remanufatura e reciclagem
PL27
A existência de sistema de
gestão ambiental com
certificação ISO 14001 e Eco-
Management Audit System
(EMAS) no sistema produtivo
PL10Auditoria ambiental nos
fornecedoresI
- - E
PL08
Cocriação com fornecedores para
o desenvolvimento de matérias-
primas e componentes
C
Figura 8: Comparação entre práticas de GSCM e P+L (Fonte: os autores) - Cont.
Código Prática GSCM Código Prática P+L Relação Código da Prática unificada
GSCM30 Elaboração de lista de controle de substâncias potencialmente perigosas
GSCM31 Perfil das matérias primas com substâncias proibidas
GSCM33 Informações para a certificação de produtos verdes PL22
Indicador de custo operacional
devido à compra de produtos
com selo verde
C U16
GSCM35 Práticas de produção verde PL05Projeto do processo produtivo
ecoeficienteI
GSCM37 Fabricação (produção) de produtos verdes PL03
Projeto do produto ecoeficiente
visando o uso de materiais
ecológicos
C
GSCM39 Padronização de produtos verdes PL28
A existência de norma de
rotulagem ambiental nos
produtos fabricados
C
GSCM40 Implementação ambiental PL25
Implementação da P+L e
auditorias para avaliar se o
roteiro de ações está sendo
cumprido
I U18
GSCM41 Direcionamento ambiental positivo - - E N/A
GSCM44 Gestão do ciclo de vida PL16
Procedimento de avaliação do
ciclo de vida na concepção do
projeto do produto
C U19
GSCM45 Teste de eficácia ambiental PL23
Processo de avaliação do
desempenho ambiental
ampliado (ADAA)
C U20
PL14
Redução de riscos ambientais
externos à organização por meio
de controle de resíduos e
emissões na fabricação
C
PL17Análise de risco ambiental do
produto/produçãoC
GSCM50 Auditoria ambiental PL06Auditoria e controle da poluição
na manufaturaC U22
U15
U17
U21GSCM48 Avaliação de risco ambiental
PL18 Prevenção à Poluição – P2 C
Figura 8: Comparação entre práticas de GSCM e P+L (Fonte: os autores) - Cont.
Código Prática GSCM Código Prática P+L Relação Código da Prática unificada
- - PL01
Planejamento e controle da
produção com educação
ambiental
E U23
- - PL07
Investimento de pesquisa e
inovação sobre práticas de
sustentabilidade na produção
E U24
- - PL12
Considerar questões ambientais
no gerenciamento da cadeia de
suprimentos
E N/A
- - PL15
Método de avaliação do fator de
intensidade de material para
minimizar e controlar a geração
de resíduos e emissões na
produção
E N/A
- - PL19Projeto das redes logísticas
especializadasE U25
- - PL21
Indicador de investimento em
treinamento sobre educação
ambiental na produção
E N/A
- - PL24O método Sellitto, Borchardt e
PereiraE N/A
- - PL26Tecnologia da informação na
Cadeia de Suprimentos VerdeE U26
- - PL29
A existência de norma (AA1000)
que trata aspectos da inclusão
dos stakeholders nas decisões
operacionais
E U27
Figura 9: Práticas unificadas de GSCM e P+L e análise de aplicabilidade ao setor sucroenergético (Fonte: os autores)
Código Práticas para Melhoria da Performance AmbientalAplicável ao setor
sucroenergético?
Em qual elo da cadeia de valor a
prática pode ser aplicada?
U01 Comprometimento da liderança em práticas de gestão ambiental Sim o Usina
U02 Cooperação inter-funcional para melhorias ambientais Sim o Usina
U03 Sistema de Gestão Ambiental baseado na NBR ISO 14.001 Sim o Usina
U04 Cumprimento de legislação ambiental Sim o Usina
U05 Parceria com fornecedores para melhorias ambientais dos produtos fornecidos Sim
o Fornecimento agrícola
o Fornecimento industrial
o Usina
U06 Auditoria ambiental nos fornecedores Simo Fornecimento agrícola
o Fornecimento industrial
U07 Critérios de meio ambiente para seleção de fornecedores Simo Fornecimento agrícola
o Fornecimento industrial
U08 Parceria com clientes para eco-design Não -
U09 Parceria com clientes para implementação de tecnologias mais limpas Sim o Comercialização
U10 Parceria com clientes para utilização de embalagens "verdes" Sim o Comercialização
U11 Recuperação, reutilização, venda e logística reversa de produtos e materiais usados Sim
o Fornecimento agrícola
o Fornecimento industrial
o Usina
o Comercialização
U12 Projeto do produto para remanufatura, reúso e reciclagem Não -
U13 Parceria com cadeia de suprimentos para implantação de práticas de Ecologia Industrial Sim
o Fornecimento agrícola
o Fornecimento industrial
o Usina
o Comercialização
U14 Monitoramento ambiental Sim o Usina
U15 Inventário e controle de substâncias perigosas Sim o Usina
U16 Certificação ambiental de produtos Sim o Usina
U17 Projeto de processo e produto ecoeficientes Sim o Usina
U18 Estabelecimento e acompanhamento de planos de ação para melhorias ambientais Sim o Usina
U19 Gestão do ciclo de vida do produto Sim
o Fornecimento agrícola
o Fornecimento industrial
o Usina
o Transporte e logística
o Comercialização
U20 Processo de avaliação do desempenho ambiental da companhia Sim o Usina
U21 Avaliação de risco ambiental Sim o Usina
U22 Auditoria ambiental interna Sim o Usina
U23 Planejamento e controle da produção com educação ambiental Sim o Usina
U24 Investimento de pesquisa e inovação para melhorias ambientais da companhia Sim o Usina
U25 Projeto de redes logísticas otimizadas Sim o Transporte e logística
U26 TI verde na cadeia de suprimentos Sim
o Fornecimento agrícola
o Fornecimento industrial
o Usina
U27 Engajamento com partes interessadas relacionadas a práticas de gestão ambiental Sim
o Fornecimento agrícola
o Fornecimento industrial
o Usina
o Transporte e logística
o Comercialização
7. Conclusões
O presente trabalho buscou,
primeiramente, compreender o grau de
semelhança entre as abordagens de Green
Supply Chain Management e Produção Mais
Limpa, tendo sido possível concluir que há
alto grau de sinergia entre elas. As práticas
levantadas na literatura e comparadas
conforme critérios de exclusividade,
complementaridade e semelhança,
permitiram apresentar uma lista de 27 práticas
unificadas.
Esta grande semelhança indica a
necessidade de se deixar mais clara a
distinção da terminologia destas abordagens
nas publicações científicas, já que existe
sobreposição de termos e práticas adotadas
em ambas. Diante do exposto, verificou-se
também certa confusão de conceitos, por
exemplo, a presença de eco-design como
prática de P+L, o que não faz sentido visto que
a P+L é uma abordagem de gestão do
processo produtivo, sendo o eco-design uma
ferramenta de projeto de produto. É possível,
então, levantar algumas questões. Quais são
as fronteiras de cada uma destas
abordagens? Visto que o GSCM é um
conceito que também trabalha a gestão
ambiental interna, qual a diferença com a
adoção de práticas de P+L?
Em uma análise das 27 práticas
unificadas, foi possível identificar 25
aplicáveis ao setor sucroenergético. Estas
estão distribuídas em todos os elos da cadeia
de valor, com maior aplicabilidade ao elo do
processo produtivo (Usina), e menor
aplicação ao elo de Transporte e logística.
Todas as práticas listadas têm o potencial
de aumentar a eficiência ambiental do setor e
atender a requisitos legais e de mercado. Por
conta do tipo de produto ofertado por este
segmento (commodities), a diferenciação de
uma empresa neste setor torna-se mais
limitada. Além de critérios de qualidade e
preço, a gestão ambiental tem potencial ou já
pode ser considerada fator de diferencial
competitivo para empresas do setor. Este
diferencial poderá ser alcançado conforme o
grau de aplicação das práticas de gestão
ambiental tratadas neste trabalho.
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